52
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM AS CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA NA IDENTIFICAÇÃO DO TRANSTORNO DA DEPRESSÃO INFANTIL NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL Por: Lilian Magalhães de Oliveira Orientadora Profª Marta Relvas Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · A depressão pode, sob esse viés, ser considerada uma ‘patologia das mudanças’, como afirma Peres (2006, p. 22)

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

AS CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA NA

IDENTIFICAÇÃO DO TRANSTORNO DA DEPRESSÃO INFANTIL

NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL

Por: Lilian Magalhães de Oliveira

Orientadora

Profª Marta Relvas

Rio de Janeiro

2012

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

AS CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA NA

IDENTFICAÇÃO DO TRANSTORNO DA DEPRESSÃO INFANTIL

NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Neurociência

Pedagógica

Por: Lilian Magalhães de Oliveira

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a minha

orientadora Marta Relvas por ter me

ajudado a elaborar esse trabalho, me

dando as orientações necessárias.

Agradeço aos meus amigos, por

estarem presentes em cada momento

da minha pós-graduação, pela força

que me deram e pelo apoio,

especialmente aqueles que

vivenciaram esse último ano comigo.

4

DEDICATÓRIA

Ao meu marido, que diariamente

me perguntou pela monografia,

demonstrando real interesse por ela e

por como eu me sentia em relação a

ela.

Ao meu filho, que ainda cresce

no meu ventre, mas que já me faz ver o

mundo de uma forma mágica.

Por fim, agradeço a todos os

alunos e professores, que passaram

pela minha vida profissional, pelo

aprendizado que me proporcionaram e

pelas questões que me suscitaram.

5

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo fazer uma análise da depressão

infantil, analisar o funcionamento do cérebro depressivo, conhecer os avanços

consideráveis na história da neurociência nessa área, explorar a ligação entre

os sintomas depressivos e o rendimento escolar e as mediações apropriadas

que podem tornar o trabalho do educador mais significativo e eficiente. Enfim,

pretende-se disponibilizar um maior conhecimento acerca da depressão infantil

para que pais e professores possam propiciar um olhar mais atento às crianças

que apresentam possíveis sintomas da depressão, permitindo um

encaminhamento oportuno e um diagnóstico mais rápido, o que conduzirá a

intervenção adequada, em tempo hábil.

Palavras-chave: depressão infantil, neurociência, rendimento escolar.

6

METODOLOGIA

Neste trabalho foi utilizado o método de pesquisa exploratório, com

análise da literatura sobre o tema. O ponto de partida foi uma revisão

bibliográfica, através de textos que tratam do assunto com apuro científico e

conceitual, sendo consultadas fontes bibliográficas: livros, sites de artigos

científicos, revistas da área neurocientífica, teses e publicações periódicas de

autores de renome, buscando a resposta para o presente estudo.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Depressão Infantil 10

CAPÍTULO II - Depressão Infantil – O cérebro e seu funcionamento 21

CAPÍTULO III - Depressão Infantil e Transtornos de Aprendizagem 35

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47

ÍNDICE 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

8

INTRODUÇÃO

O tema desta monografia é a depressão infantil em alunos do primeiro

segmento do Ensino Fundamental.

A questão central deste trabalho é até que ponto a depressão infantil

pode influenciar nas dificuldades de aprendizagem? O tema sugerido é de

fundamental relevância, pois com base em estudos anteriores sobre a

depressão e a melancolia numa visão psicanalítica (para a produção da

monografia da graduação em Psicologia) e por atuar como Coordenadora

Pedagógica em uma Escola Municipal no Complexo do Alemão, área marcada

por inúmeros conflitos de ordem moral, social, cultural e política, afetada pela

violência em seus mais diferentes aspectos, foi escolhido o tema da depressão

infantil e sua relação com as dificuldades de aprendizagem, procurando

compreender a relação de causa e conseqüência entre esses temas.

No primeiro capítulo da monografia, intitulado “Depressão Infantil”, será

feito um breve histórico das diversas visões sobre a depressão, será visto o

aumento do número de pessoas “depressivas” na atualidade. Como não

podemos pensar o sujeito independente do seu contexto social e histórico,

muitos autores falam que o individualismo enquanto um diferencial da

sociedade moderna provoca uma cultura da depressão. Outro ponto a ser

abordado será o que caracteriza a depressão infantil, a sintomatologia própria

dessa faixa etária.

No segundo capítulo, nomeado “Depressão Infantil – O cérebro e seu

funcionamento”, serão vistos o funcionamento do cérebro “depressivo”, os

neurotransmissores relacionados à depressão e os medicamentos mais

utilizados. É interessante salientar que nesse estudo também serão abordadas

9

as alterações químicas que ocorrem no cérebro do indivíduo deprimido,

principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina

e, em menor proporção, dopamina), provocando dificuldade de concentração,

raciocínio mais lento e esquecimento. Roudinesco (1999) fala da depressão

como uma epidemia psíquica das sociedades democráticas e da multiplicação

dos tratamentos para oferecer a cada consumidor uma solução honrosa.

No último capítulo, “Depressão Infantil e Transtornos de

Aprendizagem”, serão analisados estudos que revelam que existe uma estreita

ligação entre sintomas depressivos e rendimento escolar. Enfatizando-se,

ainda, a necessidade de se sistematizar conhecimentos sobre a natureza mais

específica dessa relação, pois tanto os sintomas da depressão podem

contribuir para prejudicar a aprendizagem do aluno, quanto o baixo rendimento

escolar pode também conduzir ao surgimento de sintomas depressivos.

A partir dessa sistematização, percebe-se a possibilidade de

disponibilizar um maior conhecimento acerca da depressão infantil para que

pais e professores possam propiciar um olhar mais atento às crianças que

apresentam possíveis sintomas da depressão, permitindo um encaminhamento

oportuno e um diagnóstico mais rápido, o que conduzirá a intervenção

adequada, em tempo hábil.

São, portanto, objetivos desta pesquisa descrever a relação de causa

e/ou consequência entre depressão infantil e desempenho escolar no primeiro

segmento do Ensino Fundamental; rever a literatura acerca da depressão

infantil, tendo em vista contribuir para uma melhor compreensão, por parte dos

educadores, no que concerne à identificação de sintomas depressivos para

encaminhamento do aluno ao Sistema de Saúde para um tratamento eficaz;

rever estudos que mostram as alterações químicas no cérebro do indivíduo

deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores.

10

Segundo a autora Miriam Cruvinel, uma criança deprimida pode

apresentar uma queda no rendimento acadêmico em função do prejuízo na

capacidade para pensar, além disso, alunos com sintomas de depressão

normalmente mostram-se desinteressados pelas atividades, apresentam

dificuldade em permanecer atentos nas tarefas e esse comportamento

interfere de forma negativa na aprendizagem dessas crianças.

11

CAPÍTULO I

DEPRESSÃO INFANTIL

Segundo Moreira (2002), a depressão vem se manifestando de forma

avançada nas sociedades do Ocidente devido ao individualismo, à solidão e à

perda de laços afetivos. Como não podemos pensar o sujeito independente do

seu contexto social e histórico, muitos autores falam que o individualismo,

enquanto um diferencial da sociedade moderna, provoca uma cultura da

depressão. A depressão como uma resposta ao mal-estar na cultura levou-a a

ser considerada o “mal do século”.

A tristeza faz parte da estrutura humana, acompanha o homem desde

a sua origem. O termo melancolia e suas diferentes formas de uso estão

relacionados com a história. Melancolia é o termo mais antigo para a patologia

dos humores tristes. Com o desenvolvimento científico, no século XIX,

começou-se uma preferência pelo termo depressão em detrimento do termo

melancolia. O termo depressão entrou em uso na psiquiatria européia por volta

do século XVIII, vindo do francês a partir do latim, depremere, que significa

pressionar para baixo. (Delouya, 2001).

A nossa civilização atual favorece a depressão. As grandes

modificações sociais, as alterações nas relações entre o homem e a

sociedade, sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial, provocam

sofrimentos. A depressão pode, sob esse viés, ser considerada uma ‘patologia

das mudanças’, como afirma Peres (2006, p. 22). Há uma infinidade de ofertas

de estilos de vida e de visões de mundo, mas o homem não sabe como

escolher. O sujeito acaba culpando-se pelo insucesso e o sentimento de culpa

é o ponto nuclear da depressão.

12

A depressão estaria ligada a uma perda de sentido da vida diante de

uma homogeneização da cultura, na qual a singularidade do sujeito encontra

pouco espaço de sobrevivência. O desemprego, a competitividade crescente,

as mudanças culturais e as crises econômicas contribuem para acentuar o

sentimento de desamparo, que seria responsável pela verdadeira epidemia de

depressão nesse tempo que pode ser definido como fortemente depressor.

O artigo “O preço da depressão”, da Revista Mente e Cérebro, nº 226,

revela que segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS),

atualmente há aproximadamente 121 milhões de pessoas no mundo sobre a

incidência da depressão. Fato que conferiu à depressão o segundo lugar entre

as doenças de maior AVAD (anos de vida perdidos por morte prematura e

"incapacidade"), perdendo em comprometimento funcional apenas para as

doenças cardiovasculares. E ainda de acordo com a OMS, menos de 25% das

pessoas com o problema recebem o tratamento adequado. Entre os países de

média e baixa renda, o Brasil é o que apresenta a maior incidência do

problema.

O termo depressão é empregado para designar tanto um estado

afetivo normal- a tristeza, quanto um sintoma, uma síndrome e uma doença. O

sentimento de tristeza faz parte da experiência normal da pessoa, porém vale

ressaltar que o conceito de depressão não é sinônimo de tristeza ou

infelicidade, apesar de a infelicidade ser um componente bastante encontrado

no humor depressivo associado a este transtorno.

Enquanto sintoma, a depressão é considerada como um estado de

ânimo caracterizado por sentimentos de tristeza, desencanto, disforia ou

desespero, já a síndrome está relacionada a alterações do humor como

tristeza, irritabilidade, incapacidade de sentir prazer, apatia, baixa autoestima,

e alterações cognitivas e vegetativas como o transtorno do sono, do apetite, e

dificuldade de concentração. A síndrome da depressão caracteriza-se como

um transtorno de humor, porém ela abrange fatores cognitivos,

13

comportamentais, fisiológicos, sociais, econômicos e religiosos, entre outros,

estando presente em diversos distúrbios emocionais.

De acordo com Coutinho (2005), a depressão pode ser vista como um

mal que se enraíza no "eu" do indivíduo, bloqueando suas vontades e dirigindo

de forma negativa o curso de seus pensamentos, interferindo no seu

autoconceito, prejudicando o sujeito tanto no contexto psicossocial como

individual.

Nas últimas décadas, segundo Mauro Maldonato, no artigo “Os

aposentos vazios da depressão”, os conhecimentos sobre etiologia,

diagnóstico e terapia das diversas formas de depressão progrediram

notavelmente. As ciências de base- da bioquímica à biologia molecular, da

neurofisiologia à psicofarmacologia- fornecem novos elementos, úteis para a

compreensão dos mecanismos patogenéticos, para a elaboração de modelos

sobre a transmissão genética, a identificação das áreas e dos circuitos

nervosos responsáveis pelas diversas manifestações da depressão. Além

disso, o renovado interesse pela observação do paciente e pela descrição dos

sintomas levou a uma atenção maior para o diagnóstico e a uma redefinição

dos distúrbios depressivos. Diante do agravamento das patologias psíquicas,

que podem provocar intenso sofrimento e desgaste, limitando

consideravelmente as possibilidades de vida, os avanços científicos obtidos

pelas neurociências e pela farmacologia são notáveis e trouxeram auxílio

efetivo.

Uma em dez pessoas tem um episódio de depressão pelo menos uma

vez na vida, em geral desencadeado por uma situação infeliz, pelo stress

constante ou, em alguns casos, por uma doença grave. De acordo com os

neurobiólogos, o distúrbio seria conseqüência da falta de certos

neurotransmissores (monoaminas) no cérebro: dopamina, noradrenalina e,

principalmente, a serotonina, que são hormônios reguladores de nossos

sentimentos. Quando essa economia doméstica dos neurotransmissores sai

14

dos eixos, antidepressivos como fluoxetina e sertralina podem intervir de forma

controlada e melhorar o humor. No entanto, esses aspectos serão mais

explorados no segundo capítulo.

Durante muito tempo a depressão era vista apenas como um problema

de adultos. Acreditava-se que a depressão em crianças não existia ou então

que seria muito rara nessa população. No campo da psiquiatria, a depressão

infantil despertou interesse somente a partir da década de 60. O Instituto

Nacional de Saúde Mental dos EUA (NIMH) oficialmente reconheceu a

existência da depressão em crianças e adolescentes a partir de 1975, e as

pesquisas sobre depressão nestes períodos da vida têm atraído um interesse

crescente durante as duas últimas décadas.

Atualmente é fato que a depressão atinge a infância. Um dos grandes

objetos de pesquisas na atualidade é se há ou não uma continuidade do

processo depressivo na idade adulta (Coutinho, 2005). Não existe um

consenso sobre a definição da depressão infantil, porém pode-se afirmar que

se trata de uma perturbação orgânica que envolve variáveis biológicas,

psicológicas e sociais. Considera-se que a depressão maior na infância e na

adolescência apresenta natureza duradoura, afeta múltiplas funções e causa

significativos danos psicossociais.

Os sistemas diagnósticos atuais definem que os sintomas básicos de

um episódio depressivo maior são os mesmos em crianças, adolescentes e

adultos; entretanto, os pesquisadores destacam a importância do processo de

maturação na apresentação sintomatológica da depressão, com características

predominantes em cada fase do desenvolvimento. A prevalência dos sintomas

depressivos é discutível, uma vez que existe uma grande diversidade, que vem

sendo explicada pela variação da população estudada, pelas diferenças na

metodologia utilizada e principalmente pela dificuldade de padronização dos

tipos de transtornos depressivos e a falta de um critério de diagnóstico comum

para a depressão.

15

Atualmente a depressão em crianças e adolescentes é considerada

comum, debilitante e recorrente, envolvendo um alto grau de morbidade e

mortalidade, representando um sério problema de saúde pública. Na criança,

os principais comportamentos que caracterizam a depressão infantil são: o

humor disfórico, autodepreciação, agressividade ou a irritação, distúrbio do

sono, queda do desempenho escolar, diminuição da socialização, perda da

energia habitual, do apetite ou peso. A presença dessa sintomatologia pode

interferir diretamente nas atividades associadas à cognição e à emoção. E,

quando essa criança não é tratada a tempo, poderá desenvolver modelos de

comportamento tais como: isolamento, retraimento, dificuldades em se

comunicar, entre outros, os quais podem se tornar resistentes a mudanças.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

(DSM-IV), manual frequentemente empregado no diagnóstico de transtornos

mentais, a depressão infantil é semelhante à depressão no adulto, de forma

que os mesmos critérios de diagnósticos de depressão no adulto podem ser

utilizados para avaliar a depressão na criança, ou seja, os sintomas básicos de

um episódio depressivo maior são os mesmos em adultos, adolescentes e

crianças (Tabela 1), embora existam dados sugerindo que a predominância de

sintomas característicos pode mudar com a idade, há sintomas muito comuns

em crianças (queixas somáticas, irritabilidade e retraimento social) e sintomas

menos comuns em crianças (retardo psicomotor, sonolência excessiva e

delírios).

De acordo com DSM IV (1994), para o diagnóstico de um episódio

depressivo maior é necessário que o indivíduo apresente pelo menos cinco dos

sintomas citados, sendo que um dos sintomas deve ser o humor deprimido em

grande parte do dia ou falta de interesse pela maioria das atividades e deve

ainda ocorrer em um período de pelo menos duas semanas. No entanto, o

DSM IV (1994) faz pequenas ressalvas considerando os níveis de

desenvolvimento, a fim de facilitar o diagnóstico de depressão na criança. Mais

precisamente, uma criança deprimida pode apresentar humor irritável ao invés

16

de tristeza; ou ainda revelar uma queda no rendimento acadêmico em função

do prejuízo na capacidade para pensar e concentrar.

Tabela 1 - Sintomas do episódio depressivo maior - DSM-IV

1. Humor deprimido ou irritável

2. Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos

3. Perda ou ganho significativo de peso, ou diminuição ou aumento de

apetite

4. Insônia ou hipersonia

5. Agitação ou retardo psicomotor

6. Fadiga ou perda de energia

7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada

8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecis ão

9. Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida, tentativa ou

plano suicida

Em crianças escolares, a manifestação clínica mais comum é

representada pelos sintomas físicos, tais como dores (principalmente de

cabeça e abdominais), fadiga e tontura. Cruvinel (2003) cita que

aproximadamente 70% dos casos de depressão maior em crianças

apresentam queixas físicas. As queixas de sintomas físicos são seguidas por

ansiedade (especialmente ansiedade de separação), fobias, agitação

psicomotora ou hiperatividade, irritabilidade, diminuição do apetite com falha

em alcançar o peso adequado, e alterações do sono. O prazer de brincar ou ir

para a escola diminui ou desaparece e as aquisições de habilidades sociais

próprias da idade não ocorrem naturalmente. A ideia suicida nesta faixa etária

é considerada de ocorrência rara, podendo aparecer em casos especiais. Nas

crianças, a depressão pode tornar-se clara através da observação dos temas

das fantasias, desejos, sonhos, brincadeiras e jogos, em que os conteúdos

17

predominantes são fracasso, frustração, destruição, ferimentos, perdas ou

abandonos, culpa, excesso de autocríticas e morte.

Cruvinel (2003) em sua tese de Mestrado, expõe ainda que incidência

de depressão infantil se acentua quando se trata de população específica,

normalmente com outras problemáticas associadas, situações de desordem

vivenciadas pela criança, como: separação dos pais, mudança da escola,

morte de um ente querido e estresse, violência familiar, problemas na estrutura

familiar, dificuldades escolares e história de fracasso escolar.

Dessa forma, os pais ou pessoas significativas têm grande parcela de

responsabilidade no aparecimento e na manutenção da depressão na criança

(Crunivel & Boruchovitch, 2004). Quanto às famílias, estudos realizados com

crianças escolares com depressão encontraram frequentemente pais

envolvidos em graves problemas sociais. Quanto aos fatores de risco para

depressão em crianças e adolescentes, o mais importante é a presença de

depressão em um dos pais, sendo que a existência de história familiar para

depressão aumenta o risco em pelo menos três vezes. A família exerce um

papel fundamental, pode-se citar as disputas familiares, as enfermidades

crônicas dos pais e a instabilidade da convivência família, tudo isso como

características que descrevem o insatisfatório ambiente familiar e como causas

geradoras da depressão infantil. Vivemos num momento em que as famílias

passam por momentos difíceis de reestruturação, caracterizados em sua

grande maioria pela privação psicossocial.

Miriam Cruvinel e Evely Boruchovitch, no artigo Depressão infantil: uma

contribuição para a prática educacional, tratam dos principais modelos de

depressão e assim como para se diagnosticar a depressão na criança são

utilizados os mesmos critérios para adultos, os modelos de depressão infantil

também são adaptações de modelos de depressão de adultos. Os principais

modelos de depressão são: modelo biológico, comportamental, cognitivo e

psicanalítico.

18

O modelo biológico estuda a depressão enquanto doença e enfatiza o

papel de fatores bioquímicos e genéticos no aparecimento de sintomas.

O modelo comportamental de depressão enfatiza o papel da

aprendizagem e das interações com o ambiente. A depressão é vista como

consequência da diminuição de comportamentos adaptados (contato social,

interesse pelas atividades e pelas pessoas) e um aumento na frequência de

comportamentos de fuga de estímulos tidos como aversivos (tristeza, choro).

De acordo com essa teoria, a aquisição de comportamentos depressivos

ocorreria mediante a aprendizagem, por meio de mecanismos de

condicionamento pavloviano, skinneriano ou aprendizagem social.

O modelo cognitivo atribui grande importância as cognições no

aparecimento e manutenção de condutas disfuncionais. A teoria cognitiva

revela que as distorções de pensamento são fatores mediadores da

depressão. A pessoa deprimida apresenta uma visão extremamente negativa e

deformante de si mesmo, do mundo e do futuro.

E por último o modelo psicanalítico, que ressalta a importância de

processos intrapsíquicos no desenvolvimento da depressão, onde esta poderia

ser considerada como uma falha na evolução do processo de elaboração

normal do luto e da perda.

Cabe ressaltar que dificilmente apenas um modelo ou uma única teoria

seria suficiente para explicar um fenômeno tão complexo como a depressão,

um transtorno que acarreta em inúmeras alterações ao indivíduo. A depressão,

sem dúvida, integra fatores sócio-familiares, psicológicos e biológicos, onde as

diferentes teorias não se excluem, mas se completam, contribuindo não

somente para uma maior compreensão da natureza deste transtorno, mas

também para a concepção do sujeito em sua totalidade bio-psico-social.

19

No Brasil, ainda são escassos os estudos sobre a depressão na

criança. Assim como na literatura internacional, os estudos epidemiológicos

brasileiros mostram que a incidência de depressão, na criança, tem se

revelado bastante variável. Todavia, apesar dessa diversidade, os estudos

confirmam a existência de depressão nessa população. Hallak (2001) avaliou

602 escolares de 7 a 12 anos de uma escola pública de Ribeirão Preto. A

incidência de depressão foi 6 % quando avaliada pelo Inventário de Depressão

Infantil (CDI). Nesse estudo, verificou-se que as meninas apresentavam

escores maiores, independente da faixa etária. Barbosa e Gaião (2001)

avaliaram 807 crianças de 7 a 17 anos do interior da Paraíba e a taxa de

prevalência de depressão encontrada foi alta (22 %), sendo mais elevada nas

faixas etárias de 13 e 14 anos de idade. Baptista e Golfeto (2000) encontraram

uma prevalência de 1,48 % em escolares de 7 a 14 anos de uma escola da

rede particular de Ribeirão Preto. Esses estudos revelam que na adolescência

essa porcentagem se eleva e as meninas parecem sofrer mais depressão do

que os meninos.

Apesar de extremamente importante do ponto de vista preventivo, os

estudos com crianças em idade pré-escolar são ainda mais escassos em

nossa realidade. Estudos em fases iniciais da infância são muito relevantes,

uma vez que se os sintomas depressivos não forem identificados podem

causar uma série de dificuldades como a baixa autoestima, queda no

rendimento escolar e problemas na interação social, no futuro. Dados revelam

que existe uma estreita relação entre sintomas depressivos e rendimento

escolar, mas permanece ainda a necessidade de se sistematizar

conhecimentos sobre a natureza mais específica dessa relação, pois tanto os

sintomas da depressão podem contribuir para prejudicar a aprendizagem do

aluno, quanto o baixo rendimento escolar pode também conduzir ao

surgimento de sintomas depressivos. Tem-se em vista contribuir para uma

melhor compreensão, por parte dos professores e educadores, no que

concerne à relação entre depressão infantil e desempenho escolar de crianças.

20

Esse fato será abordado mais detalhadamente no terceiro capítulo do presente

estudo.

Faz-se necessária atenção por parte dos familiares e equipe

pedagógica acerca dos sinais e sintomas, pois uma das dificuldades que

agrava os sintomas da depressão em crianças deve-se ao fato de que os pais

não reconhecem os sintomas observados em suas crianças. Outra dificuldade

é a diferenciação de comportamento apresentado pela criança quando se

refere ao contexto familiar e escolar (Coutinho, 2005). É necessário considerar

a importância da utilização de várias fontes de informações (pais, professores

e amigos) ao se estabelecer uma investigação clínica.

21

CAPÍTULO II

DEPRESSÃO INFANTIL – O CÉREBRO E SEU

FUNCIONAMENTO

A questão da depressão será aqui analisada sob a ótica da

neurociência e o estudo do cérebro humano. Segundo o neurocientista Miguel

Nicolelis, escolhido Personalidade 2011, em entrevista ao jornal O Globo

(14/01/2012), “A neurociência se transformou numa das áreas de maior

prestígio, concentração de pesquisadores e de recursos. Mas não é possível

dizer o quanto sabemos sobre o cérebro porque não sabemos qual é o total.

Aprendemos muito, mas ainda engatinhamos em processos fundamentais do

sistema nervoso”. Ao ser questionado sobre o fato de a “neurociência estar

roubando espaço da psiquiatria e da psicanálise”, Nicolelis responde “Não diria

roubando porque não há sobreposição. A neurociência é a ciência do cérebro

e ponto final. (...) Mas, sim, estamos encontrando mecanismos biológicos e

definições para coisas que antes eram consideradas inexplicáveis”. E, com

isso, “doenças ditas psiquiátricas poderiam ser abordadas do ponto de vista da

neurociência com terapias diferentes das clássicas.”

O sistema nervoso central é a parte do organismo de maior

importância se forem analisadas as complexas funções desempenhadas por

este sistema. Além da dificuldade de compreensão das funções

desempenhadas pelo cérebro, tem-se uma grande dificuldade de identificação

estrutural dentro deste órgão: é um órgão compacto com enormes variações e

classificações anatômicas e exige uma enorme dedicação quanto à

compreensão fisiológica, anatômica e farmacológica. As doenças envolvidas

no sistema nervoso central são numerosas e muitas delas ainda não têm

explicação fisiopatológica, sendo que as intervenções farmacológicas

22

(terapêuticas) ainda constituem um enorme desafio para o profissional da área

médica.

As principais células que compõem todo este sistema, conta-se aos

bilhões e recebem o nome de neurônios. Do corpo de cada neurônio saem

prolongamentos que são chamados dendritos, que são vários, e o axônio.

Esses prolongamentos funcionam como se fossem fios que levam os impulsos

nervosos captados pelos sentidos. Dessa forma, o neurônio ao receber um

determinado impulso pode transmitir um estímulo excitatório ou inibitório a

outro neurônio localizado à distância, um único neurônio pode enviar impulsos

nervosos a muitos outros, por meio de ramificações finais e de seu axônio.

Portanto, o cérebro humano vive constantemente uma fantástica

movimentação de impulsos nervosos em todas as direções, um mecanismo

complexo que tem como resultado o pensamento, a ação, a locomoção e as

emoções. Os impulsos nervosos passam de um neurônio para outro(sinapse),

num espaço existente entre eles, que é denominado fenda sináptica. Para que

isso ocorra, o primeiro neurônio, através dos impulsos que chegam a sua

terminação, libera substâncias químicas que estimulam ou inibem o neurônio

seguinte. Essas substâncias químicas, sintetizadas e liberadas pelos

neurônios, recebem o nome de neurotransmissores. Os quais têm um papel

fundamental no nosso sistema nervoso e no estudo das causas da depressão.

Muito se tem discutido sobre a possibilidade de se tratar,

cientificamente, as questões relativas à emoção. Com o desenvolvimento das

neurociências, postula-se que, assim como a percepção e os movimentos, a

emoção é relacionada a circuitos cerebrais distintos. Compreende-se também

que as emoções estão geralmente acompanhadas por respostas autonômicas,

endócrinas e motoras – que dependem de áreas subcorticais do sistema

nervoso – que preparam o corpo para ação. É cada vez mais frequente a

descrição da correlação entre disfunções emocionais e prejuízos das funções

neurocognitivas. De fato, a depressão associa-se a déficits em áreas

estratégicas do cérebro, incluindo regiões límbicas.

23

Depois de pesquisar o efeito do uso de drogas – mais especificamente

a cocaína em suas ações anestésicas – Freud chegou a afirmar que, no futuro,

substâncias químicas substituiriam o tratamento psicanalítico. Ele acreditava

que os fármacos poderiam provocar alterações significativas nos estados

psíquicos. A lógica da depressão se vale de noções das neurociências e das

concepções psicanalíticas. Desde o século XIX, com os avanços alcançados

pela medicina científica, a elaboração das classificações nosográficas da

psiquiatria e o surgimento da psicanálise, busca-se a compreensão dos

estados mentais do homem.

As neurociências nos remetem a temas distintos, porém

interdependentes, como memória, cognição, consciência (ligada ao

conhecimento) e comportamento, elementos que nos levam a discussões

sobre a concepção da mente e, consequentemente, dos seus distúrbios. É

importante apontar que o avanço da neurociência possibilita a melhoria da

qualidade de vida humana na sociedade atual, disponibilizando tratamentos

efetivos não somente para doenças degenerativas, como também em quadros

psiquiátricos graves, como depressão e psicose.

Os estudos da Neurociência demonstram que pacientes com

depressão clínica (tanto adultos quanto crianças) apresentam alterações

químicas no cérebro, principalmente com relação aos neurotransmissores.

Quimicamente, a depressão é causada por essas alterações nos

neurotransmissores responsáveis pela produção de hormônios como a

serotonina e endorfina, que dão a sensação de conforto, prazer e bem estar.

Quando existe algum problema nesses neurotransmissores, a pessoa começa

a apresentar sintomas como desânimo, tristeza, falta de energia para

atividades simples.

No estado normal, os neurônios liberam neurotransmissores, que são

capturados por outros neurônios por meio de seus receptores. Dentro da célula

nervosa, uma bomba de recaptação retira parte dos neurotransmissores da

24

sinapse e uma enzima específica metaboliza o resto das substâncias. No

sujeito depressivo, acontece uma diminuição na quantidade de

neurotransmissores liberados, mas a bomba de recaptação e a enzima

continuam trabalhando normalmente. Então, o neurônio receptor captura

menos neurotransmissores e o sistema nervoso funciona com menos

neurotransmissores do que normalmente seria preciso.

Adrenalina, acetilcolina e noradrenalina são neurotransmissores com

ação excitatória. Dopamina e ácido gama aminobutírico (GABA) possuem ação

inibitória, enquanto a serotonina pode determinar excitação ou inibição. Eles

são produzidos em nosso organismo por meio da alimentação ou das

atividades físicas, em momentos de prazer, dor, cansaço, alegria, estimulando-

nos ou inibindo-nos. Acredita-se que a depressão está relacionada ao

funcionamento bioquímico inadequado da atividade de neurotransmissores,

notadamente da serotonina, noradrenalina e dopamina.

A dopamina é um inibidor e, dependendo do local onde atua,

apresenta diferentes funções. Como por exemplo, a dopamina no gânglio basal

é essencial para execução de movimentos suaves e controlados - a falta de

dopamina é a causa da doença de Parkinson. A dopamina se move até o

lóbulo frontal regulando o grande número de informações que vem de outras

partes do cérebro. Portanto, comprometer as quantias do neurotransmissor

pode resultar em pensamentos incoerentes, como na esquizofrenia. Também é

responsável pelo sentimento de euforia, assim como a endorfina. É capaz de

acalmar a dor e aumentar o prazer se estiver em grande quantidade no lóbulo

frontal. A noradrenalina é usada no sistema que nos faz ficar alertas, e ter uma

boa memória. O desequilíbrio entre ela e outras substâncias pode causar

diversas doenças. A serotonina é o hormônio e o neurotransmissor envolvido

principalmente na excitação de órgãos e constrição de vasos sanguíneos.

Algumas funções da serotonina incluem o estímulo dos batimentos cardíacos,

o início do sono e a luta contra a depressão (as drogas que tratam de

depressão preocupam-se em elevar os níveis de serotonina no cérebro).

25

Entretanto, estas hipóteses não explicam a falta de eficácia imediata

do tratamento antidepressivo, apesar de esses medicamentos aumentarem as

concentrações sinápticas de serotonina e de noradrenalina quase

imediatamente. Realmente, hoje se aceita mais a ideia de que o aumento da

disponibilidade de neurotransmissores melhora o quadro depressivo, que é o

que fazem os antidepressivos. Isso parece indiscutível. Mas, cada vez mais, se

aceita a ideia de que a depressão não pode ser atribuída exclusivamente ao

mau funcionamento desses neurotransmissores ou à diminuição de seus níveis

no cérebro. Pode tratar-se de uma fisiopatologia multifatorial. A idéia de que

outros mecanismos podem estar envolvidos na origem da depressão começou

a ser melhor pensada depois de se constatar que os níveis dos

neurotransmissores aumentam três horas depois de tomados os

antidepressivos, mas a melhora da depressão só acontece de duas a 3 três

semanas depois.

O antidepressivo faz com que haja maior disponibilidade de

neurotransmissores na sinapse. Para isso, o remédio pode atuar de duas

formas: bloqueando a ação da bomba de recaptação ou bloqueando a ação da

enzima que degrada os neurotransmissores. A bioquímica tem sido um dos

campos mais frutíferos no estudo da fisiopatologia da depressão, ainda que os

achados não permitam grandes conclusões.

Existem dados sugestivos de que as alterações do sistema de

neurotransmissores podem ocorrer como conseqüência de mudanças no

número e/ou na sensibilidade dos neuroreceptores pré e pós-sinápticos no

Sistema Nervoso Central, sem que haja, obrigatoriamente, uma alteração na

quantidade do próprio neurotransmissor. As hipóteses baseadas na deficiência

de neurotransmissores têm sido, pois, substituídas por hipóteses mais

enfocadas nos neuroreceptores, que têm como missão receber mensagens

químicas específicas e traduzi-las nas correspondentes respostas neuronais

pós-sinápticas. Acredita-se que a superfície externa do neuroreceptor serve

para reconhecer e unir-se ao neurotransmissor, enquanto a superfície interna

26

efetua as alterações intracelulares esperadas. Ainda sobre neuroreceptores e

ação dos antidepressivos, tem-se suposto que os antidepressivos tricíclicos

inibem imediatamente o mecanismo de recaptação de noradrenalina e/ou de

serotonina pelo neurônio pré-sináptico, o que originaria um aumento da

disponibilidade desses neurotransmissores (noradrenalina e serotonina) para

serem captados pelos neuroreceptores pós-sinápticos. Como resposta, estes

neurônios pós-sinápticos acabam por reduzir o número de seus

neuroreceptores e, muito possivelmente, também da sensibilidade e atividade

deles.

Pensando no modelo neuroanatômico da depressão, que considera as

estruturas cerebrais envolvidas na depressão, teríamos a amígdala como uma

das regiões primárias para avaliação e processamento do estímulo emocional.

O envolvimento do córtex pré-frontal, que possui conexões abrangentes com

outras estruturas igualmente participantes do comportamento emocional e das

respostas a estressores tem sido constatado por recentes exames da função

cerebral. Essas estruturas incluem a amígdala, hipotálamo, núcleo accumbens,

e núcleos serotoninérgicos, noradrenérgicos e dopaminérgicos do tronco

cerebral. A Tomografia Computadorizada (TC), a Ressonância Magnética (RM)

e a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) deram grande impulso ao

estudo das doenças nervosas. Hoje muito se sabe sobre a função cerebral

através desses exames funcionais computadorizados do cérebro.

Segundo Geraldo Busatto Filho, no livro Neurociência Aplicada à

Prática Clínica, têm sido realizados estudos, utilizando a PET, em voluntários

normais durante várias situações emocionais, incluindo: imaginação ou

recordação de eventos pessoais que despertam tristeza e outros sentimentos,

indução de emoções por filme ou fotografias e reconhecimento de faces

expressando estados emocionais. Esses estudos têm demonstrado ativação

de áreas cerebrais tradicionalmente implicadas na regulação de afetos, como

por exemplo, o córtex pré-frontal, cíngulo e amígdala. Foram avaliados

pacientes com depressão e voluntários normais durante um estado de tristeza

27

induzido por filme de forte conteúdo emocional em comparação com filmes

sem conotação emotiva. Durante o filme indutor de tristeza, áreas cerebrais

envolvidas na mediação de afetos foram ativadas tanto em voluntários normais

como pacientes depressivos. No entanto, a ativação do córtex pré-frontal

medial e giro do cíngulo foi significativamente maior em pacientes deprimidos.

Esses achados sugerem o envolvimento dos mesmos circuitos cerebrais na

indução de tristeza tanto em pessoas normais como em pacientes com

transtornos do humor. Porém, por outro lado, as diferenças obtidas nos

padrões de ativação sugerem um possível componente quantitativo de

estimulação nessas áreas, na evocação emocional de pacientes deprimidos.

De acordo com novos estudos na Columbia University Medical Center

e do New York State Psychiatric Institute, há indícios que a depressão tem

diferenças estruturais no cérebro - um afinamento do hemisfério direito -

parece estar ligado a um maior risco de depressão. Os pesquisadores

descobriram que as pessoas com alto risco de desenvolver depressão tiveram

um desgaste de 28 por cento do córtex direito, da superfície externa do

cérebro, em comparação às pessoas com nenhum risco conhecido. A drástica

redução surpreendeu investigadores, que dizem que é compatível com a perda

da matéria do cérebro tipicamente observada em pessoas com doença de

Alzheimer e esquizofrenia. “A diferença foi tão grande que a princípio, nós

quase não acreditamos. Mas temos verificado e re-verificado todos os nossos

dados, e verificado por todas as possíveis explicações alternativas, e ainda a

diferença estava lá", disse o Dr. Peterson. O doutor ainda afirma que o córtex

mais fino pode aumentar o risco de desenvolver depressão por romper a

capacidade de a pessoa prestar atenção, e interpretar, dicas sociais e

emocionais de outras pessoas. Testes adicionais mediram o nível de cada

pessoa a desatenção e memória para esses sinais. Quanto menos tecido

cerebral uma pessoa tinha no córtex direito, pior se saiam, nos testes

realizados sobre a atenção e memória. O estudo comparou a espessura do

córtex pela imagem do cérebro de 131 indivíduos, com idades entre 6 a 54

anos de idade, com e sem uma história familiar de depressão.

28

O estudo constatou que o córtex mais fino do lado direito do cérebro não se

correlaciona com depressão na realidade, apenas um aumento de risco para a

doença. Disse Dr. Peterson, “Nossos achados sugerem fortemente que sim, se

tiver córtex mais fino do lado direito do cérebro, pode estar predispostos à

depressão e também pode ter alguns problemas cognitivos e desatenção”.

Outro estudo realizado, publicado artigo “A gênese da felicidade”, na

revista Mente e Cérebro (maio de 2006), também aponta para o fato de

depressão poder causar a diminuição de regiões específicas do cérebro. A

pesquisa foi realizada com tupaias (pequenos esquilos) e coordenada por

Eberhard Fuchs, do Centro de Primatas de Göttingen. Ele mostrou que em

animais “deprimidos” – ou seja, sem iniciativa, passivos e que pouco se

alimentavam – o hipocampo, centro de controle dos processos de

aprendizagem e da memória, apresentava tamanho reduzido. Contudo,

ministrando antidepressivos aos animais, os pesquisadores conseguiram deter

esse encolhimento progressivo. Recentemente, algo semelhante foi observado

também em seres humano, a psiquiatra Yvette Sheline, da Universidade de

Washington, analisou o hipocampo de 38 mulheres com depressão crônica. E

descobriu que, naquelas que já faziam uso prolongado de psicofármacos

contra depressão, essa região do cérebro – que também nos humanos

responde pelos processos da memória – apresentava diminuição menor que

nas pacientes que haviam iniciado o tratamento pouco tempo antes.

Marta Relvas, em Neurociência e Educação: potencialidades dos

gêneros humanos na sala de aula, fala sobre estudos da Neurociência que

“demonstram que a depressão clínica pode ser conseqüência da falha no

cérebro em relação à produção de novos neurônios, pois os indivíduos

deprimidos a longo tempo têm um hipocampo menor que os pacientes não

depressivos”. E esse fato ainda é agravado, pois a combinação do estresse

com fatores genéticos impede a produção de novos neurônios (neurogênese)

para a substituição dos que morreram no hipocampo.

29

Tudo indica, portanto, que os antidepressivos provêem o tecido

nervoso cerebral de um mecanismo de proteção. Mas, com base nesse

encolhimento do hipocampo, seria possível concluir que células isoladas

também morrem em conseqüência da depressão? E seriam os antidepressivos

capazes de estimular até a formação de células novas – isto é, teriam eles a

capacidade de pôr em marcha a chamada “neurogênese”? Pesquisas ainda

estão sendo realizadas para que se consigam responder a todas as duvidas

que o assunto ainda suscita.

Sabe-se que hoje é possível interferir na transmissão e na circulação

dos conteúdos mentais e neurológicos com substâncias específicas. Existem

variadas maneiras de modificar a bioquímica cerebral. De fato, desde o início

dos anos 50, os psicotrópicos constituem, de forma gradual e progressiva, a

principal opção de tratamento psiquiátrico. Embora os medicamentos

representem avanços e progressos inegáveis, eles passaram a ser utilizados

muitas vezes de maneira indiscriminada. Até o momento que surgiram os

primeiros antidepressivos, o único tratamento disponível contra o distúrbio era

a psicoterapia. Atualmente, existem mais de 60 medicamentos no mercado.

Eles estão na linha de frente no combate ao problema, já que a depressão

envolve alterações neuroquímicas. O tratamento da depressão é feito com

antidepressivos - classificados em monoaminaoxidase inibidores, tricíclicos ou

inibidores seletivos da recaptação de serotonina.

Ø Inibidores da monoaminaoxidase (IMAO) – Foram os primeiros

antidepressivos largamente usados. Eles inibem a ação de uma

enzima responsável pela degradação dos neurotransmissores.

Raramente são prescritos como tratamento de primeira linha

porque exigem uma dieta especial para evitar interações

potencialmente perigosas com certos alimentos. Contudo, ainda

são indicados como ultimo recurso.

Ø Antidepressivos tricíclicos (ADT) – Inibem a recaptação dos

neurotransmissores norepinefrina e serotonina. Os ADTs têm

30

efeitos colaterais desagradáveis como sonolência, boca seca e

visão embaçada; cerca de 30 % dos pacientes param de tomar o

medicamento por causa desses problemas. Eles são

potencialmente letais em altas doses.

Ø Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) - Inibidores

como Prozac e Paxil bloqueiam a recaptação da serotonina dos

neurônios pré-sinápticos. Eles substituíram os ADTs como

medicamento primário porque provocam menos efeitos colaterais e

apresentam menor probabilidade de morte em casos de overdose.

Mesmo assim, efeitos colaterais como problemas gastrointestinais e

sexuais podem ser observados.

Os antidepressivos são administrados em doses menores no início,

que são modificadas conforme o paciente melhora e passa a tolerar os efeitos

colaterais. O efeito inicial demora, em média, de dez a quinze dias. Uma vez

atingida a dosagem ideal, ela é mantida por pelo menos seis ou oito meses,

mesmo que o paciente tenha melhorado totalmente, a fim de se evitar

recaídas. Alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou

preventivo, que pode levar anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento

de novos episódios. Mas deve-se ressaltar que os tricíclicos geralmente são

usados a partir de três ou quatro anos, enquanto os ISRS somente a partir dos

sete anos. Efeitos colaterais em crianças que tomam antidepressivos têm sido

pouco descritos, até porque as doses empregadas são mínimas. Em termos

gerais tantos os ADTC como os ISRS não ocasionam efeitos colaterais

significativos em crianças, desde que a dose prescrita esteja correta.

Entretanto, é prudente que o médico alerte os familiares para que observem as

crianças que tomam antidepressivos, assim como outros tipos de

medicamentos, pois algumas delas podem apresentar reações colaterais mais

fortes e neste caso os pais devem suspender a administração das drogas e

procurar o médico. O médico também deve explicar aos familiares que com o

uso do antidepressivo, a criança apresentará melhora de alguns dos sintomas

no espaço de dez a vinte dias. Mas, o importante é que, mesmo com a

31

ausência dos sintomas, deve-se manter o tratamento medicamentoso, evitando

assim que haja uma recaída, o que pode levar no futuro a um quadro

depressivo crônico.

Na verdade em toda a história o homem teve de lidar com eventos

difíceis na sua vida, e a depressão é muitas vezes um mecanismo normal e

saudável que permite a modificação de comportamentos e estruturas mentais

quando a realidade não corresponde às expectativas. Um problema para o

psiquiatra é saber distinguir estados de depressão normal fisiológica que

apenas necessitam de demonstrações de apoio, de forma a incentivar o

paciente a resolver os seus problemas, de distúrbios mais graves

possivelmente originados por desequilíbrios bioquímicos.

No tratamento da depressão leve ou moderada, outras técnicas menos

invasivas têm eficácia atuando com os medicamentos. A psicoterapia ajuda o

paciente, mas não previne novos episódios, nem cura a depressão. A técnica

auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar sua

compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de resolver

conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse.

“Atividades, como correr, nadar, pedalar, andar ou qualquer outra que

exija um desempenho cardiovascular, alteram o padrão do

funcionamento das células cerebrais, pois os exercícios melhoram a

oxigenação, uma vez que o sangue passa a circular e levar mais

oxigênio às áreas menos irrigadas do cérebro, aumentando a

comunicação entre células nervosas, sinapses, melhorando, assim, a

memória e a capacidade de raciocínio. Isto, então, reafirma a fabricação

contínua de neurônios especiais por todas as células, o que favorece a

cura para doenças”. (Relvas, Neurociência e Educação, 2010)

A utilização ampliada do termo “depressão” se sustenta, portanto, na

ideologia. Com o aparecimento dos medicamentos antidepressivos,

32

neurolépticos e tranquilizantes no mercado,a psiquiatria viu-se obrigada a

ajustar a terminologia e a conceituação da síndrome. Em consequencia, deu-

se o acirramento da discussão e da investigação acerca da base

neurobiológica das doenças mentais. Houve também a disseminação

indiscriminada de explicações sobre as mais variadas reações humanas como

se tudo fosse depressão.

Apesar de os médicos preferirem não usar a palavra “cura” quando o

assunto é tratamento da doença (assim como acontece em outras

enfermidades crônicas, como diabetes e pressão alta), o termo-chave é

“controle”. Os diversos recursos da ciência e as terapias disponíveis permitem

que o paciente mantenha o controle dos sintomas e leve vida normal.

Segundo Jochen Paulus, no artigo “Antidepressivos são mesmo

eficazes?”, na Revista Mente e Cérebro, nº226, os antidepressivos foram o

oitavo tipo de droga mais prescrito em todo o mundo, em 2008,de acordo com

dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), gerando lucro de mais de

US$ 20 bilhões para as empresas. Porém, eles não funcionam tão bem quanto

os números levam a crer. Isso leva a crer que na percepção do público sua

eficácia tende a ser supervalorizada, devido ao fato de que o setor

farmacêutico sempre publicou principalmente estudos nos quais seus produtos

eram bem avaliados. Se o medicamento falhava, os dados não eram

revelados.

O remédio foi gradualmente se tornando símbolo da alegria que

promete restituir os sujeitos, que passarão a se reconhecer nos produtos que

podem adquirir. A psicofarmacologia colocou-se imperiosamente em campo,

determinando diagnósticos e tratamentos inquestionavelmente baseados em

substâncias químicas oferecidas no mercado. O medicamento antidepressivo

se transformou ruidosamente na pílula mágica, na alternativa de cura para os

mais diversos males.

33

Embora os medicamentos representem avanços e progressos

inegáveis, eles passaram a ser utilizados muitas vezes de maneira

indiscriminada. E, em muitas ocasiões, de forma tão violenta que se pode

pensar na “instalação de uma era da camisa-de-força medicamentosa”, como

observa Elisabeth Roudinesco. Os fármacos são ineficazes em cerca de 30%

dos casos de depressão. Nos estudos clínicos, uma grande porcentagem de

pacientes melhora apenas com incentivo do médico e placebo (comprimido de

açúcar sem ação farmacológica) administrado como se fosse antidepressor.

O uso de antidepressores clínicos em princípio deveria ser limitado aos

casos de depressão prolongada, risco de suicídio ou outro comportamento

violento, ou em casos de depressão profunda em que o paciente é incapaz de

viver a sua vida de forma razoavelmente normal. No tratamento da depressão

leve ou moderada, outras técnicas menos invasivas têm eficácia,

principalmente a psicoterapia, e são preferíveis aos fármacos (no entanto são

tratamentos muito mais caros). A técnica auxilia na reestruturação psicológica

do indivíduo, além de aumentar sua compreensão sobre o processo de

depressão e na resolução de resolver conflitos, o que diminui o impacto

provocado pelo estresse. Assistimos aos consumidores de drogas, à

compulsão alimentar, às crises de pânico, às fobias, à enurese e até mesmo à

angústia neurótica serem tratados com antidepressivos. “Tratado como

depressivo, o sujeito fica ‘viciado’ na ingestão de pílulas como objeto de

satisfação” (Peres, 2006).

O farmacologista Gerd Glaeske, citado por Jochen Paulus, no artigo

“Antidepressivos são mesmos eficazes?”, afirma que para chegar ao

tratamento ideal para a depressão, os psiquiatras e neurocientistas precisam

ainda compreender melhor o que ocorre no cérebro de pessoas depressivas e

qual o efeito exato dos diferentes fármacos. Para elaborar uma política de

saúde pública com estratégias de prevenção são necessárias informações

sobre a freqüência e a distribuição dos transtornos depressivos. Os estudos

epidemiológicos sobre depressão em vários países têm identificado maior

34

incidência do transtorno depressivo maior em mulheres com baixo nível de

escolaridade e de renda, o que muda a percepção equivocada de que esta

seria uma epidemia de nações ricas. Identificar grupos de risco pode tornar as

abordagens preventivas mais eficientes, reduzindo a morbidade e o alto custo

individual e social da doença.

Quando utilizados corretamente, os medicamentos antidepressivos

deveriam, em princípio, viabilizar o tratamento e não esconder o sintoma e

calar a dor. Esta é uma crítica dirigida ao excesso de medicalização,

principalmente no caso da indicação constituir uma solução para abafar o mal-

estar do sujeito, prometendo uma felicidade absoluta. O que se pretende é

curar a vida doente com a produção artificial do bem-estar. A questão da

depressão não é apenas alterar o humor e sim fazer com que o sujeito se

interrogue sobre a causa do seu sofrimento.

35

CAPÍTULO III

DEPRESSÃO INFANTIL E TRANSTORNOS DE

APRENDIZAGEM

Durante os primeiros anos de vida, a criança vivencia uma sequência

de experiências no seu ambiente que podem favorecer comportamentos pró ou

antissociais. As dificuldades interpessoais da primeira infância podem

repercutir acentuando as chances de ocorrência de problemas de conduta, o

que, por sua vez, pode levar à rejeição pelo grupo de pares e até mesmo pelos

pais e professores, assim como ao fracasso escolar e à depressão. A

depressão infantil muitas vezes passa despercebida em casa. A criança fica

isolada, muito quieta e às vezes os pais interpretam como "bom

comportamento". A situação agrava-se quando chega a informação da escola

de que a criança não está bem em termos de rendimento escolar. A partir

deste momento, a depressão infantil já pode estar instalada e os pais devem

imediatamente procurar ajuda profissional para iniciar o processo de

intervenção.

No entanto há o fato de que a maioria das crianças e adolescentes

deprimidos não é sequer identificada, e muito menos encaminhada a

tratamento. Muitos pais não aceitam o diagnóstico de depressão em seus

filhos. Para isso, os profissionais da saúde em muito contribuem,

principalmente pediatras e psicólogos mais despreparados quando dizem aos

pais que depressão na criança não existe. É preciso mudar essa idéia. É

necessário falar das depressões na infância e adolescência, para que não

sejam os próprios profissionais a fazerem afirmativas errôneas aos pais.

A escola é também para a criança um local de distração, um centro de

interesse onde ela se encontra com seus companheiros, mas também pode

36

transformar-se, em outros casos, em um local de competitividade, onde

facilmente surge o estresse. O comportamento depressivo na infância,

necessariamente, também ocorrerá na escola, pois escola e depressão infantil

estão relacionadas. Será no ambiente escolar que se cristalizarão as

alterações afetivas. Pesquisadores afirmam que na metade dos casos

observados por eles na escola encontraram a presença da inibição e que,

passivo ou defensivo, o pensamento intelectivo se rompe. Do ponto de vista

cognitivo, as crianças com depressão são as que, mais frequentemente, têm

dificuldades para ter atenção nas aulas e entender as explicações dos

professores.

O declínio no desempenho escolar pode dever-se à fraca concentração

ou interesse, próprios do quadro depressivo. É comum a criança não ter

amigos e dizer que os colegas não gostam dela. Inabilidade em se divertir

(anedonia), pobre relacionamento com seus pares e baixa autoestima também

podem estar presentes. É importante destacar que os professores são

frequentemente os primeiros a perceber as modificações decorrentes da

depressão nessas crianças.

Por outro lado, conhecer as atividades da criança na escola antes da

sintomatologia é muito importante. A escola vai exercer um papel importante

no diagnóstico, pois quando se instala uma depressão em uma criança, os

primeiros sinais são o baixo rendimento escolar e a dificuldade em realizar as

tarefas, devidos à falta de concentração. Deve-se salientar que o fracasso

escolar não será, necessariamente, causado pela depressão, mas também,

pode ser esta a causa. Portanto, o fracasso escolar, as dificuldades de

aprendizagem e a diminuição do rendimento escolar podem ser vistos como

causas e conseqüências da depressão infantil.

O rendimento escolar é um dos indicadores supervalorizados pelos

pais. Em alguns casos, o único a ser considerado, já que muitos pais não se

preocupam ou não acompanham a evolução escolar dos seus filhos.

37

Geralmente a baixa do rendimento escolar, perante os pais que acompanham

essa evolução, irá provocar sérios problemas para ambas as partes. Por outro

lado a criança que repete um curso, ou vai fracassando na escola vai sentir-se

responsável nas disputas familiares, percebendo-se como culpada por tudo

negativo que ocorre. Desta forma, apresenta um autoconceito negativo, diminui

seu nível de aspiração e aparece a dificuldade de relacionamento com outras

crianças. Esta é uma fase que requer muita atenção e dedicação por parte dos

pais. A ausência de uma intervenção eficaz poderá ainda mais agravar o

quadro. O que inicialmente pode ser um fracasso escolar ocasional, até

mesmo transitório, sem grandes complicações, poderá tornar-se um hábito

comportamental que modelará e configurará o surgimento de um estilo

cognitivo depressógeno.

As emoções são importantes para a saúde psíquica. Somos um ser

social e afetivo. Afetivo, principalmente, porque nos relacionamos uns com os

outros. A nossa primeira forma de aprendizagem vem pelas relações sociais,

que sempre estarão conosco. Todo e qualquer distúrbio que interfere em

nossas relações sociais é profundamente danoso à aprendizagem.

Segundo Antonio Damásio, neurocientista, em seu livro “O erro de

Descartes”, razão e emoção estão intimamente ligadas e na ausência de

sentimentos e de emoção, não se constrói a racionalidade. Biologicamente os

sistemas cerebrais tanto da emoção quanto da razão estão intrinsecamente

interligados. E, por mais que uma pessoa pense que sua mente estará sendo

treinada para a racionalidade, esta jamais deixará de ser influenciada pela

emoção.

Para Wallon (2007), é inevitável que as influências afetivas, que

rodeiam as crianças desde o berço, tenham sobre sua evolução mental uma

ação determinante. As emoções consistem essencialmente em sistema de

atitudes. A convivência social generaliza o conhecimento. Para o aluno, isto é

38

imprescindível, pois todo conhecimento deve ser remetido a um contexto de

vivências, para a promoção de habilidades socioafetivas.

O foco da educação tem sido o conhecimento a ser ensinado de

maneira mecânica e igual a todos os alunos, sem a devida atenção à

individualidade. Por sua vez os alunos, acostumados a perceberem o mundo a

partir da visão do professor, aceitam passivamente essa proposta pedagógica,

desempenhando um papel de receptor de informações, as quais nem sempre

são compreendidas e geram conhecimento.

A Neurociência Pedagógica traz para a sala de aula o conhecimento

sobre a memória, o esquecimento, o tempo, o sono, a atenção, o medo, o

humor, a afetividade, o movimento, os sentidos, a linguagem, as interpretações

das imagens que fazemos mentalmente, o "como" o conhecimento é

incorporado, as imagens que formam o pensamento, o próprio

desenvolvimento infantil e diferenças básicas nos processos cerebrais da

infância, e tudo isto se torna subsídio interessante e imprescindível para a

compreensão da ação pedagógica.

Entretanto, proporcionar uma boa aprendizagem para o aluno não

depende só do professor, pois é fundamental para uma educação que

pretende ajudar o aluno a perceber sua individualidade, tornando-o também

responsável pelo ato de aprender, proporcionar a otimização de suas

habilidades e facilitar o processo de aprendizagem. Nesse contexto, conhecer

o seu padrão de pensamento pessoal e saber como usá-lo é o primeiro passo

para ser um participante ativo no processo de aprender. A compreensão de

como lidar com certas características pessoais ajudará o aluno a identificar,

mobilizar e utilizar suas características, pois cada um aprende no seu próprio

ritmo e a sua maneira. E para isso, é imprescindível que os professores

conheçam os significativos estudos da neurociência, uma vez que esses, sem

dúvida, influenciam na compreensão dos processos de ensino e de

aprendizagem.

39

Por fim, a escola tem um importante desafio, que é o de aproveitar o

potencial de inteligência de seus alunos para conquista do sucesso no

processo de aprendizagem. Os professores são os principais agentes, por

meio do desenvolvimento de projetos de interesse para a realidade do ensino e

aprendizagem. Quando compreendem que aprendizagem envolve cérebro,

corpo e sentimentos, adotam uma ação mais competente, levando em conta a

influência das emoções para o desenvolvimento na construção do

conhecimento.

O aprender e o lembrar do estudante ocorrem no seu cérebro. A

aprendizagem e a educação estão intimamente ligadas ao desenvolvimento do

cérebro, que é moldável aos estímulos do ambiente. Os estímulos do ambiente

levam os neurônios a formar novas sinapses. Assim, a aprendizagem é o

processo pelo qual o cérebro reage aos estímulos do ambiente, ativando

sinapses, tornado-as mais intensas. Quando se trata de educação e de

aprendizagem, se fala em processos neurais, redes que se estabelecem,

neurônios que se ligam e fazem novas sinapses. Numa determinada idade, as

conexões entre os neurônios chegam ao seu número máximo, o que torna

qualquer aprendizagem muito mais fácil, rápida e duradoura. Se os estados

mentais são provenientes de padrões de atividade neural, então a

aprendizagem é alcançada através da estimulação das conexões neurais,

podendo ser fortalecida ou não, dependendo da qualidade da intervenção

pedagógica. Quanto mais a criança é estimulada, mais são produzidas reações

e respostas que se traduzem em sinapses.

A neurociência oferece um grande potencial para nortear a pesquisa

educacional e aplicação em sala de aula. Faz-se necessário construir pontes

entre a neurociência e a prática educacional. Apesar das dificuldades de

comunicação entre neurocientistas e educadores devido à linguagem diversa

empregada em suas terminologias específicas profissionais, bem como a

utilização de temas, métodos, lógicas e objetivos diferentes, novos desafios

40

históricos têm impulsionado a ciência e a todos aqueles que se preocupam

com a integridade humana, nos aspectos físico, emocional e, em particular,

sócio-cultural. Muitos neurocientistas trabalham para esclarecer e viabilizar

essa possibilidade, e já encontraram alguns resultados de pesquisa sobre

mecanismos cerebrais específicos envolvidos com os diversos aspectos

relevantes para a educação.

A história do cérebro de um ser humano começa pouco depois da

concepção. Com uns dezessete dias, uma parte da superfície começa a dobrar

até se fechar em um tubo. Esse tubo acabará se transformando no sistema

nervoso inteiro. De 5 a 6 meses depois, o crescimento cerebral atinge a

velocidade máxima de 250 mil novos neurônios por minuto. Antes mesmo de o

bebê nascer, o cérebro está praticamente formado. Daí em diante, segundo o

que se acreditava até há pouco tempo, ele poderia aprender coisas novas,

mas não ganharia novos neurônios. Mas, essa visão mudou na década de 90,

quando os cientistas provaram que o cérebro produz novas células ao longo da

vida – num processo chamado de neurogênese.

Desde então, descobrir como surgem novos neurônios e para que eles

servem se tornou um dos temas mais estudados da neurociência. É possível

que dessas pesquisas saiam formas de curar doenças como depressão e

Alzheimer, retardar o envelhecimento e até garantir um melhor funcionamento

do cérebro para pessoas saudáveis. Ainda há pesquisas que garantem que

remédios capazes de estimular o nascimento de neurônios em cobaias

conseguiram atenuar os sintomas de mal de Parkinson – uma abordagem que

pode se revelar promissora para humanos.

O grande sonho dos cientistas agora é controlar o processo e,

possivelmente, estimular o cérebro de pessoas saudáveis a fabricar neurônios.

Ainda se está distante desse sonho, mas já estão traçando um caminho.

Muitos fatores que incentivam o crescimento de novos neurônios já são

conhecidos. Um deles é evitar estresse, que bloqueia o crescimento de

41

neurônios. Outro é viver em um ambiente rico, com estímulos mentais e físicos

variados: basta colocar ratos em jaulas agradáveis e cheias de brinquedos

divertidos para que a neurogênese triplique neles. O mesmo para banhos de

sol – que fazem o corpo produzir vitamina D, essencial para o crescimento das

novas células – e para uma dieta rica em colina, substância presente em gema

de ovos e nutriente de grande importância para a formação dos neurônios.

Será possível aplicar os avanços da neurociência para melhorar o

sistema educacional? Em sua coluna Bilhões de Neurônios, na Ciência Hoje

On line, Roberto Lent discute essa questão a partir de resultados recentes que

mostraram a existência de mecanismos cerebrais envolvidos com a

aprendizagem num artigo chamado “A educação muda o cérebro”. Segundo o

autor, com a profunda transformação conceitual que ocorreu na neurociência,

com a descoberta de que o cérebro não é todo formado durante a vida

embrionária, muitos dos avanços da neurociência podem ser aplicados na

educação.

Lent esclarece que a concepção conservadora do cérebro como um

órgão rígido, pré-formado sob estrita ordenação genética, possivelmente se

cristalizou no século 20 pela grande influência de Santiago Ramón y Cajal,

pesquisador espanhol que estabeleceu a doutrina do neurônio como unidade

básica do sistema nervoso. No entanto, a segunda metade do século 20,

trouxe novas técnicas capazes de revelar não apenas o mapa dos circuitos

neurais, mas seu funcionamento dinâmico.

Daí surgiu o conceito de neuroplasticidade, que sintetiza essa

capacidade dinâmica, mutante e transformadora do cérebro. A

neuroplasticidade implica mudanças na transmissão de informações entre os

neurônios, tornando alguns mais ativos, outros menos, de acordo com as

necessidades impostas pelo ambiente externo e pelas próprias operações

mentais. Fenômenos neuroplásticos mais duradouros ocorrem com o

treinamento e a aprendizagem. Nesses casos, os circuitos neurais envolvidos

42

tornam-se fortes e permanentes. Se o cérebro é plástico, mutável, como

aplicar esse conceito na educação? Todas essas descobertas apontam para a

necessidade de os profissionais da educação e os currículos escolares

levarem em consideração esses avanços científicos para que se produzam

melhorias na eficácia do processo pedagógico.

Segundo Relvas (2010), “a aprendizagem é uma modificação biológica

na comunicação entre os neurônios, formando uma rede de interligações que

podem ser evocadas e retomadas com relativa facilidade e rapidez. Todas as

áreas cerebrais estão envolvidas no processo de m aprendizagem, inclusive a

emoção”.

Hoje se sabe o que acontece quando o cérebro está captando,

analisando e transformando estímulos em conhecimento e o que ocorre nas

células nervosas quando elas são requisitadas a se lembrar do que já foi

aprendido. Com isso o professor pode aprimorar suas estratégias de ensino.

Estão provadas, por exemplo, as vantagens de estabelecer ligações com o

conhecimento prévio do aluno ao introduzir um novo assunto e de trabalhar

também a emoção em sala de aula. O cérebro responde positivamente a essas

situações, ajudando a fixar não somente fatos, mas também conceitos e

procedimentos.

A memória necessita de dois mecanismos fundamentais (Relvas,

2007): a fixação, para o acréscimo de novas informações, e a evocação, para

a lembrança dos traços anteriormente assimilados. O afeto estimula esses dois

mecanismos. Por esta razão, muitos estudiosos da neurociência falam do

cérebro afetivo-emocional, onde as emoções são organizadas, em regiões que

se conectam, dando equilíbrio ao comportamento humano. Elas ajudam ao

aluno na concentração, no fluxo de atenção, no registro, na lembrança e,

fundamentalmente, no prazer de aprender e ensinar, estabelecendo vínculos

educativos entre professor e o aluno.

43

Então, o que vai dar qualidade ou modificar a qualidade do

aprendizado será o afeto. São as nossas emoções que nos ajudam a

interpretar os processos químicos, elétricos, biológicos e sociais que

passamos, e a vivência das experiências que amamos é que determinará a

nossa qualidade de vida.

É preciso observar as diferenças individuais. O currículo, o método de

ensino, a avaliação, os alunos e os professores não devem ser elementos

padronizados na educação, os resultados com qualidade surgem pelo estímulo

afetivo. Esse é o caminho que a escola deve traçar para alunos com baixa

autoestima, rejeitados, frustrados com tantas outras somatizações que os

aprisionam. Lares desestruturados não costumam a ser bons ambientes para

seus filhos. Normalmente, quando chegam à escola demonstram carência

afetiva e alguns problemas emocionais. Podem não possuir a noção de

trabalho em grupo nem os termos dos direitos e deveres. Apresentam

dificuldades de concentração, sentem-se rejeitados. A soma desses fatores

tem como resultado as dificuldades de aprendizagem. É também papel da

escola possibilitar ao educando o reencontro dos valores que ocasionalmente

ficaram suprimidos no seu ambiente familiar. A depressão na infância surge

como um dado do panorama atual.

O mundo atual comanda uma busca insaciável por consumo e

satisfação. Jovens, crianças e adolescentes são estimulados nas suas

emoções e sentimentos pelo sucesso imediato. Em razão disso, desejam

encontrar suas identidades mediante um modo de vida material. A identidade é

formada e transformada continuamente em relação aos sistemas culturais que

rodeiam as pessoas. Os jovens são direcionados para viverem

impreterivelmente os acertos, mas não os percalços ou os fracassos.

Promover o desenvolvimento de inteligências em indivíduos

naturalmente criativos não é a mesma coisa que promovê-las em um universo

de dificuldades de aprendizagem e em alunos com transtornos, como a

44

depressão. Porém, alguns educadores já fundamentam seus trabalhos em

alunos que representam desafios para o aprendizado. O amor é o grande

diferencial na educação, porque quem ama não teoriza somente, mas é

impelido a vivenciar suas experiências afetivas. “Sempre que comunicamos

alguma coisa a algum aluno devemos procurar atingir o seu sentimento”

(Vygotsky, 2004).

Os pais e professores podem ajudar no tratamento da depressão

estimulando a criança a brincar, participar de atividades recreativas e

esportivas para que possa melhorar seu humor e manter contato com outras

crianças. Na depressão infantil essas atividades não são contra-indicadas, pelo

contrário deve-se estimulá-las constantemente. A prevenção passa pelo

conhecimento da dinâmica familiar. A prevenção ideal seria orientar os pais

para estabelecerem laços mais afetivos com os filhos, estimulando-os em seu

desenvolvimento psicossocial. Se os pais observarem mais seus filhos em

casa poderão notar que algo de errado está ocorrendo com eles e nesse

momento buscar ajuda para solucionar os conflitos e a intervenção será muito

mais efetiva. Em muitas situações os pais devem, também, ser orientados a

uma terapia familiar.

Kashani (1986) conclui, em um estudo realizado sobre depressão

infantil, que sempre se devem incluir as informações de professores em

quaisquer estudos de depressão infantil. Deve-se lembrar que a criança nunca

vai dizer que está deprimida, por isso é necessário observar essa depressão

de forma mais clara através dos desenhos e atitudes das crianças.

Cunha (2010) afirma que “na educação, estamos em um processo de

constante construção, desconstrução e reconstrução, e isso se torna mais

evidente nas dificuldades de aprendizagem. Não importa o tempo em que

iremos semear a semente afetiva do aprendizado, ela será sempre uma

semente. Dará frutos a seu tempo, se verdadeiramente afetarmos nossos

alunos pelo amor e pelo prazer em educar”.

45

CONCLUSÃO

Os seres humanos se entristecem ou se alegram com facilidade, em

decorrência de acontecimentos da vida. Essa experiência, de flutuações

diárias no afeto, é universal e normal. Em algumas pessoas, no entanto, estas

flutuações se tornam excessivas em termos de intensidade e/ou duração,

passando a interferir de forma significativa em seu cotidiano. Apresenta-se,

nesse caso, a depressão.

A velocidade do mundo fragmentou o homem moderno. Uma mudança

estrutural está transformando as sociedades, mudando as identidades das

pessoas, internalizando nos indivíduos significados e valores externos, que

expressam as características deste tempo e os seus objetivos. Várias

hipóteses promissoras da depressão e ações de antidepressivos têm sido

formuladas recentemente, mesmo assim, as etiologias desta condição ainda

não são claras. Essas hipóteses têm sido baseadas na genética, meio-

ambiente, desequilíbrio hormonal, circuito neural e neuroanatomia.

O aporte de técnicas mais modernas de exames para investigação do

sistema nervoso central vem influenciando de forma contundente os estudos

dos transtornos mentais. Com o desenvolvimento das neurociências, postula-

se que, como a percepção e a ação, a emoção é relacionada a circuitos

cerebrais distintos. Muito se tem discutido sobre a possibilidade de se tratar,

cientificamente, as questões relativas à emoção, possibilitando a melhoria da

qualidade de vida humana na sociedade atual, disponibilizando tratamentos

efetivos.

46

No Brasil, ainda são escassos os estudos sobre a depressão,

especialmente quando se trata de crianças. Todavia, apesar de serem poucos,

os estudos confirmam a existência de depressão nessa população. Diante

desse quadro, faz-se necessário cada vez mais pesquisas que aumentem o

conhecimento acerca da incidência da depressão infantil no Brasil e

principalmente que dados provenientes de estudos mais sistemáticos sejam

traduzidos em informações úteis a serem compartilhadas com educadores,

pois somente assim estes terão as ferramentas necessárias para melhor

compreender a depressão e suas relações com a aprendizagem. Além disso,

acredita-se que o fato de se conhecer melhor a depressão infantil e suas

características, possibilita o encaminhamento precoce, bem como uma

atuação preventiva por parte daqueles envolvidos com a criança.

Os estudos dos aspectos neuropsicológicos dos transtornos mentais e,

no caso desse estudo, da depressão são de grande importância na medida em

que permitem a aproximação do campo das neurociências e da educação. Não

se pode perder a dimensão crítica dos achados encontrados, havendo várias

questões e controvérsias que ainda permanecem em aberto. Porém, sem

dúvida, vários aspectos vêm sendo melhor entendidos pelos pesquisadores,

abrindo caminhos para a busca de técnicas mais eficazes de diagnóstico,

tratamento e prevenção de eventuais sequelas cognitivas nos estudantes.

47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Andriola, W. B. & Cavalcante, L. R. Avaliação da depressão infantil em alunos

da pré-escola. Psicol. Reflex. Crit., 12, 419-428, 1999.

Bahls, S. C. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes.

Jornal de Pediatria , 78(5), 359-366, 2002.

Bahls S. C. Depressão: uma breve revisão dos fundamentos biológicos e

cognitivos. Interação 3:49-60, 1999.

Bandim JM, Roazzi A, Doménech E. Rendimento escolar em crianças com

sintomas depressivos. J Bras Psiquiatria. 47(7):353-60, 1998.

Baptista, C. A., & Golfeto, J. H. Prevalência de depressão em escolares de 7 a

14 anos. Revista de Psiquiatria Clínica, 27 (5), 2000.

Barbosa, G. A., & Gaião, A. A. Apontamentos em psicopatologia infantil. João

Pessoa: Idéia. 2001.

Bear, Mark F., Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 3ª edição,

2008.

Chabrol, H. A depressão do Adolescente. Campinas: Papirus, 1990.

Coutinho, M. da P. de L. Depressão Infantil e Representação Social. João

Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2005.

Cruvinel, M. Depressão Infantil, rendimento escolar e estratégias de

aprendizagem em alunos do ensino fundamental. Dissertação de Mestrado –

48

Faculdade de Educação. Universidade Estadual de Campinas. Campinas,

2003.

Cruvinel, M. & Boruchovich, E. Sintomas Depressivos, Estratégias de

Aprendizagem e Rendimento Escolar de Alunos do Ensino Fundamental 1.

Psicologia em Estudo, 9, 369-378, 2004.

Cruvinel, M. & Boruchovitch, E. Depressão infantil: uma contribuição para a

prática educacional. Psicologia escolar e educacional, 7(1), 77-84, 2004.

Cunha, Antônio Eugênio. Afeto e aprendizagem: relação de amorosidade e

saber na prática pedagógica. 2. Ed. Rio de Janeiro: Wak Ed. 2010.

Damasio, Antonio R. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano.

São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

Delouya, D. Depressão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

DSM-IV – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Artes

Médicas. Porto Alegre, 1994.

Duarte, Alberto J. S. & Filho, Geraldo B., Neurociência aplicada à prática

clínica. Rio de Janeiro: Editora Atheneu, 2010.

Hallak, L. R. L. Estimativa da prevalência de sintomas depressivos em

escolares da rede pública de Ribeirão Preto. Dissertação de Mestrado,

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2001.

Houzel, Susan Herculano. Océrebro nosso de cada dia: descobertas das

neurociências sobre a vida cotidiana. Rio de Janeiro: Editora Vieira & Lent,

2002.

49

Izquierdo, Ivan. Memória. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002.

Kashani, J. H., & Carlson, G. A. Seriously Depressed Preschoolers. American

Journal Psychiatry, 143 (3), 348- 350, 1986.

Lent, Roberto. Cem bilhões de neurônios: Conceitos Fundamentais da

Neurociência. Rio de Janeiro: Editora Atheneu, 2002.

Lima, D. Depressão e doença bipolar na infância e adolescência. Jornal de

Pediatria, 80, 11-20, 2004.

Machado, Ângelo. Neuroanatomia Funcional. Rio de Janeiro: Editora Atheneu,

2002.

Mendels, J. Conceitos de depressão. Trad. Claudia Moraes Rêgo. Rio de

Janeiro: Editora Livros técnicos e científicos, 1972.

Moreira, Ana Cleide Guedes. Clínica da melancolia. São Paulo: Escuta, 2002.

Peres, Urânia Tourinho. Depressão e Melancolia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,

2006.

Relvas, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação: Despertando

inteligência e afetividade no processo de aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak

Editora, 2007.

Relvas, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem: As

multiplas Eficiências para uma Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: Wak

Editora, 2007.

Relvas, Marta Pires. Neurociência e educação: potencialidades dos gêneros

humanos na sala de aula. 2. Ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2010.

50

Roudinesco, Elisabeth. Por que a psicanálise? Rio de Janeiro: Jorge Zahar,

1999.

Sommerhalder, A., & Stela. Depressão na infância e o papel do professor.

Arquivos de neuro-psiquiatria, 59, suplemento 1, 200, 2001.

Vygotsky, L. S. Psicologia Pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Wallon, Henri. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes,

2007.

Young, P. A.; Young P. H. Bases da Neuroanotomia Clínica. Ed. Guanabara.

1997.

Revista Mente e Cérebro, nº 226, novembro/2011. Ed. Duetto.

Revista Mente e Cérebro, nº 160, maio/2006. Ed. Duetto.

Revista Mente e Cérebro, nº 143, dezembro/2004. Ed. Duetto.

Jornal O Globo, 14/01/2012, Rio de Janeiro.

Websites:

www.scielo.com.br/ acessado em 27/12/2011.

www.cerebromente.org.br/ acessado em 03/01/2012.

www.psiquecienciaevida.uol.com.br/ acessado em 03/01/2012.

www.revistaneurociencias.com.br/ acessado em 11/01/2012.

http://cienciahoje.uol.com.br/ acessado em 07/01/2012.

51

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Depressão Infantil 10

CAPÍTULO II - Depressão Infantil – O cérebro e seu funcionamento 21

CAPÍTULO III - Depressão Infantil e Transtornos de Aprendizagem 35

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47

ÍNDICE 51

52

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Faculdade

Integrada A Vez do Mestre

Título da Monografia: As Contribuições da Neurociência Pedagógica na

Identificação do Transtorno da Depressão Infantil na Escola de Ensino

Fundamental

Autor: Lilian Magalhães de Oliveira

Data da entrega: 02/02/2012

Avaliado por: Marta Pires Relvas Conceito: