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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTANCIA DO PEDAGOGO EMPRESARIAL
Por: Alessandra Maria da Costa Favaro
Orientador
Prof. Mario Luiz
Rio de Janeiro
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTANCIA DO PEDAGOGO EMPRESARIAL
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Pedagogia Empresarial
Por: Alessandra Mª da Costa Favaro
3
AGRADECIMENTOS
Dedico este trabalho aos meus familiares
e amigos, que estiveram sempre ao meu
lado me dando apoio e incentivo.
4
DEDICATÓRIA
Agradeço a toda minha família, aos
professores que contribuíram para o
desenvolvimento do trabalho, aos meus
amigos(as) e aos companheiros(as) de
sala de aula.
5
RESUMO
A competição e a evolução tecnológica são os principais responsáveis
pela preocupação das empresas em investir no desenvolvimento de pessoas. O
homem deixa de ser visto como algo mecânico que só tem potencial para
produzir. A partir das inúmeras fontes de informação que tem acesso, ele
começa a questionar sua posição na empresa e esta é obrigada a repensar o
papel do treinamento que, ao invés de adestrar pessoas para o trabalho deve
desenvolver o indivíduo de forma integral, levando em consideração que ele
possui sentimentos e inteligência . E diante de toda essa mudança no meio
empresarial, surge a grande oportunidade de inclusão do profissional de
pedagogia nesse novo campo de atuação, haja vista que o processo de
aprendizagem requer pessoas habilitadas para desenvolver programas
eficientes.
6
METODOLOGIA
Para realização deste trabalho foram realizadas pesquisas em livros e
artigos. Foram consultadas bibliografias a respeito de educação, gestão de
pessoas, administração, etc, tendo em vista a resolução do problema proposto.
Tentamos através da pesquisa explicar a importância de ter um profissional
como o Pedagogo Empresarial nas organizações não escolares, mostrando o
quanto este pode ajudar no crescimento da empresa. Queremos também mostrar
que o pedagogo pode sim atuar em espaços não escolares e com sua atuação
junto aos funcionários poderá auxiliar no desenvolvimento de seu cognitivo, e com
isto este funcionário passa a se dedicar mais a empresa e a empresa se
desenvolve muito e mais rápido.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 08 CAPÍTULO I – O PEDAGOGO NA EMPRESA..................................................... 09 CAPÍTULO II – O TRABALHO DO PEDAGOGO................................................. 13 CAPÍTULO III – O PEDAGOGO EMPRESARIAL ............................................... 22 CONCLUSÃO........................................................................................................ 33 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 35 FOLHA DE AVALIAÇÃO ..................................................................................... 37
8
INTRODUÇÃO
A Pedagogia conta com o pedagogo empresarial dentro da empresa,
visando sempre melhorar a qualidade de prestação de serviços. Na atualidade,
a empresa tem aberto espaço para que este profissional possa, de maneira
consciente e competente, solucionar problemas, formular hipóteses, e elaborar
projetos, demonstrando que a sua atuação visa à melhoria dos processos
instituídos na empresa, como garantia da qualidade do atendimento aos seus
clientes e ao funcionário, contribuir para a instalação da cultura institucional,
orientar na gestão do melhoramento dos processos. De que maneira o
Pedagogo poderá trabalhar seus projetos numa empresa visando sempre a sua
melhoria? Esta pesquisa visa a compreender os novos rumos que a Pedagogia
Empresarial tem assumido frente aos novos cenários organizacionais
delimitados pela globalização.
A implementação de treinamentos e desenvolvimento de projetos
pressupõe uma nova base para a gestão de pessoas, desenvolvimento e
capacidade de renovação da empresa e dos funcionários, a busca do
conhecimento, de promover atitudes transformadoras e mobilizadoras, visando
direcionar os negócios da empresa para obtenção da excelência no
atendimento às exigências do mercado e da sociedade.
Para enfrentar os novos desafios impostos pelo mundo dos negócios
nesta virada do milênio, as empresas precisam gerar novas capacidades
organizacionais que devem ser decorrentes da redefinição e redistribuição das
práticas e funções. Gerentes de linha e profissionais precisam juntos, criar
essas novas capacidades, estabelecendo ligações com funcionários,
fornecedores e clientes, fortalecendo a capacidade de competir, tendo, como
objetivo, analisar a importância do pedagogo e que contribuições poderá
acrescentar dentro da empresa.
9
CAPÍTULO I
O PEDAGOGO NA EMPRESA
Em primeiro momento, algumas pessoas ainda acham que a Pedagogia
está estritamente relacionada à área educativa ou docente, contudo, sabe-se
que esta graduação habilita o profissional a atuar também me supervisão,
orientação e em projetos de recursos humanos.
Hoje, este conceito amplia-se mais ainda com a noção do pedagogo
empresarial. Segundo Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da
PUC-SP o pedagogo pode atuar em todas as áreas que requerem um trabalho
educativo, portanto, está habilitado a militar no campo da andragogia -
educação de adultos.
O curso de Pedagogia ainda não está devidamente voltado a educação
empresarial, pois atêm-se muito à escola, por isso é importante cursar uma pós-
graduação mais voltada para a empresa ou para os recursos humanos.
No ambiente empresarial, o pedagogo pode focar seu trabalho em duas
direções: no funcionário ou no produto/serviço. Atuando com o funcionário, o
pedagogo deve iniciar suas atividade conjuntamente com o departamento de
RH, criando projetos educacionais que visem facilitar o aprendizado por parte
dos funcionários. No segundo caso, este profissional atuará em empresas que
vendem serviço/produtos educacionais como editoras, sites, ONGs. Desta
forma, o pedagogo irá adequar a linguagem comercial ao tipo de produto
oferecido, para expor de maneira satisfatória.
Nas grandes organizações, o pedagogo é o responsável pela elaboração
de projetos de implantação de universidades corporativas, avaliando a
viabilidade de cursos e programas educacionais; contatando profissionais e
confeccionado material didático. Além disso, os pedagogos são os
responsáveis por treinamentos de comportamento para as lideranças. Eles são
os mais indicados para transmitir aos líderes, a maneira correta de como lidar
com subordinados e como ensiná-los a realizar tarefas.
10
Pode-se ainda, como em qualquer profissão, prestar consultoria ou
assessoria para organizações, em função de uma experiência adquirida em
outras instituições. É válido salientar que à medida que o profissional pretende
oferecer um serviço mais elaborado, é necessário especializar-se com cursos e
pós-graduações, desta forma, chega um momento em que a graduação inicial
foi apenas um ponto de partida.
De acordo com as reflexões acima tudo indica que há nos setores
produtivos que implementam as novas formas de organização do trabalho a
possibilidade de atuação do pedagogo. Por outro lado, pudemos constatar que
a maior parte dos dirigentes, sejam eles de recursos humanos ou
administrativos, manifestam desconhecimento do trabalho que o pedagogo
possa realizar dentro da indústria. A maior parte dos diretores e dirigentes
demonstra indicar o pedagogo como docente, restringindo seu trabalho à sala
de aula. Embora esses dirigentes alegassem haver possibilidade de
contratação de estagiários do curso de pedagogia, a concepção restrita do
trabalho do pedagogo dificulta o acesso desse profissional à industria, pois
dificilmente a empresa contratará um profissional desconhecendo sua área de
atuação, ou seja, sem saber que conhecimento técnico esse profissional possui
e em que ele poderia ser útil na empresa.
No entanto, para que os programas de qualificação profissional não
contemplem a separação entre planejamento e execução, como no modelo
taylorista - fordista, o pedagogo deve oferecer instrumentos que capacitem os
demais agentes do processo produtivo a discutir, questionar, pesquisar e propor
objetivos a serem alcançados, bem como auxiliar na escolha das metodologias
mais apropriadas e materiais a serem utilizados.
Assim, podemos dizer que a especificidade do trabalho do pedagogo
pode contribuir significativamente com os processos produtivos e a tendência é
ampliar-se à medida que se desenvolvam as transformações produtivas em
curso e se passe a requerer maior potencial intelectual.
A pedagogia hoje dispõe de uma vasta área de atuação, que inclui, além
de instituições de ensino, empresas dos mais diversos setores.
11
O pedagogo empresarial pode focar seus conhecimentos em duas
direções: no funcionário ou no produto da empresa. No primeiro caso, trata-se
da atuação no departamento de Recursos Humanos (RH), realizando atividades
relacionadas ao treinamento e desenvolvimento do trabalhador. É o
responsável pela criação de projetos educacionais que visam facilitar o
aprendizado dos funcionários. Para tanto, realiza pesquisas para verificar quais
as necessidades de aprimoramento de cada um e qual método pedagógico
mais adequado. A partir daí, trabalha em conjunto com outros profissionais de
RH na aplicação e coordenação desses projetos.
Já no segundo caso, o pedagogo irá atuar em empresas que trabalham
com educação, como editoras, sites e organizações não-governamentais
(ONGs).
Além do trabalho em corporações, os pedagogos empresariais podem
ampliar seus serviços prestando consultoria. Obter sucesso neste campo, no
entanto, não é tarefa fácil. É necessário ter experiência, conhecimento teórico e
manter uma ampla rede de contatos.
hoje há uma forte tendência para a terceirização dos serviços de
pedagogia empresarial. Por não estar envolvido no dia-a-dia da empresa, o
consultor avalia os problemas, a cultura e o desempenho da companhia com
mais isenção, com uma visão mais crítica. Além disso, geralmente o consultor é
um profissional mais experiente, com passagem por diversas empresas, o que
possibilita a ele trazer novas idéias, conceitos e soluções para a companhia.
Os consultores podem liderar projetos inovadores, atuar como
conselheiros de carreira de gerentes e executivos (coaching), representar a
empresa em negociações, aportar novas tecnologias e processos, avaliar
desempenho, treinar funcionários, entre outras funções. No entanto, os campos
que apresentam maior potencial de crescimento, são os que exigem assessoria
metodológica (didática, tecnologia e recursos instrucionais), planejamento e
administração educacional.
Segundo Marisa Éboli, professora de Educação Coorporativa da
Universidade de São Paulo (USP):
12
"As empresas passaram a se preocupar não só com treinamento, mas com educação também. Elas perceberam que a pedagogia aumenta a eficácia dos programas de treinamento porque as pessoas aprendem melhor. E, quanto maior a coerência entre a cultura da companhia e os princípios pedagógicos aplicados, maior será o sucesso da empresa no mercado.”
Hoje já são muitas as empresas que reconhecem a importância de se
ter um Pedagogo por ser uma formação com prática social da educação.
Percebeu-se também que é mais vantajoso e lucrativo manter um funcionário
melhor qualificado, pois assim, o motivará a crescer e a produzir mais dentro da
própria empresa e na vida pessoal. Podemos observar a diferença de uma
pessoa que possui um Pedagogo no setor de Recursos Humanos e das
empresas que ainda não possui, o progresso é muito maior, cresce o marketing,
a estabilidade da empresa e dos funcionários, porque essas empresas estão
investindo em conhecimento e acompanhando o avanço tecnológico que o
mercado tem exigido hoje.
13
CAPÍTULO II
O TRABALHO DO PEDAGOGO
Em um primeiro momento, o Pedagogo era contratado para atuar nos
famosos Centros de Treinamento das Empresas. Estes espaços eram
específicos em treinar o funcionário nas diversas tarefas que eles teriam de
realizar no seu trabalho, os cursos funcionavam quase como um adestramento.
Treinamento na empresa é a educação profissional que visa levar um
funcionário a fazer algo que nunca fez antes ou fazê-lo melhor do que antes.
Faz parte de uma estratégia de desenvolvimento da empresa.
Vale ressaltar que o mundo está em constantes mudanças, o ritmo de
mudança tecnológicas, sociais, econômicas e de natureza do trabalho nunca foi
tão intenso em toda a nossa história. Nesse contexto, não se deve cruzar os
braços, correndo o risco de ficar para traz. Ë necessário estarmos atualizados,
preparados para mudanças e, acima de tudo, sermos flexíveis. O treinamento
possibilita que a equipe dentro da empresa esteja sempre atualizada, ou seja,
possibilita reconhecer as necessidades que precisam ser desenvolvidas no
empregado.
Neste contexto os Pedagogos definiam horários, métodos de ensino e
avaliação, e orientavam os instrutores operacionais leigos em didática, como
"treinar". A eficácia era o quanto os funcionários sabiam fazer a tarefa, com
rapidez e qualidade.
A preocupação da empresa naquele momento era ter um trabalhador que
tivesse uma escolaridade básica, o conhecimento técnico da atividade que iria
desenvolver e que não promovesse conflitos. Por isso, dentro da área de
treinamento, existia a preocupação com a adaptação pacífica do empregado ao
posto de trabalho. Dessa forma, dentro do processo de treinamento estavam os
cursos de relações humanas, que na maioria das vezes eram ministrados pelo
Pedagogo em parceria com o Psicólogo.
14
No primeiro momento da presença do Pedagogo na empresa a sua
atuação estava voltada para a coordenação de programas educativos, como a
viabilização de programas de ensino normal que proporcionassem a
escolaridade básica aos empregados que não tinham; a condução dos
programas de treinamentos, o planejamento, a organização, a avaliação dos
treinamentos, a formação de instrutores, e ainda ministrava cursos de relações
humanas, motivação, liderança etc.
A ênfase da sua prática estava no pedagógico, no sentido de trabalhar
com o processo de aprendizagem dentro dos programas de ensino formal e dos
treinamentos, para atender as necessidades que a empresa tinha de possuir
um trabalhador que soubesse ler, escrever, contar e ser especialista em
determinada função. Essa forma de atuação atendia aos interesses do modelo
produtivo, que centrava as suas ações de formação, na construção de um saber
técnico, no saber fazer.
Com o passar dos anos, com a própria automação industrial e
informatização dos processos, o manuseio operacional dos equipamentos
deixou de ser tão fundamental e com isso o Centro de Treinamento também.
Mas, em contrapartida, as empresas tomaram fortemente a
consciência de que seu sucesso não estava na utilização dos braços e mãos,
mas na capacidade inventiva e dedutiva dos seus funcionários. Os ambientes
em constantes mudanças exigiram dos homens uma grande habilidade de
aprender rapidamente e aplicar novos conceitos.
O modelo flexível atual paradigma do setor produtivo, exige um novo
perfil de trabalhador, no qual as capacidades subjetivas do indivíduo são
essenciais. Este modelo apresenta uma outra lógica de utilização da força de
trabalho: divisão menos acentuada do trabalho, integração mais pronunciada de
funções.
Um momento em que a capacidade manual não é mais imprescindível,
mas a capacidade cognitiva e emocional são os fatores de desenvolvimento e
produtividade a empresa reivindica a “mente e o coração” do indivíduo, e essa
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captura exige uma ação pedagógica muito contundente com vista no controle
do trabalhador e do processo de trabalho.
A formação de uma subjetividade abnegada, moldável, competitiva,
tendo como objetivo tornar eficiente e eficaz o processo de extração da mais-
valia é o principal requisito. Este modelo evoca uma construção ideológica com
objetivo de adequar produtividade e competitividade à lógica de produção e
reprodução do sistema.
Sob a lógica das competências, procura-se mobilizar o trabalhador em
todas as suas dimensões, intelecto, força física, emoções, atitudes, habilidades
etc., na produção. E procura fazer isso com muita sutileza, principalmente
porque usa do mecanismo do auto controle, em que o indivíduo faz um esforço
enorme e deve está em constante policiamento sobre si mesmo para atender às
exigências e não sair dos trilhos do mercado.
O modelo das competências é o principal parâmetro atual com relação
ao perfil de trabalhador almejado. Esse modelo valoriza além do conhecimento
técnico, o comportamento, as atitudes e as postura do trabalhador na solução
dos problemas do trabalho. Os elementos subjetivos são essenciais para a
adaptação do trabalhador às novas práticas produtivas.
Os desafios lançados sobre o Pedagogo são grandes, a empresa
flexível, não o quer o somente para coordenar os treinamentos, para elaborar
planos didáticos, avaliar, ministrar cursos de relações humanas. Ela quer muito
mais! Ela quer um aliado, um parceiro, um representante, alguém que lhe
entenda e ajude a alcançar os seus objetivos. Alguém que forme, que
“controle”, mas também que alivie as dores do trabalhador.
A empresa “humanizada” que não está mais interessada em robôs, em
músculos, mas ºno coração, nos pensamentos, na vontade, afirma que o
trabalhador é importante, que está preocupada com o bem-estar dele, que quer
estar próximo de seus familiares, que são parceiros, que todos ganham, e
alguém precisa convencer o trabalhador de tudo isso, um desafio difícil, porque
os fatos muitas vezes contradizem o discurso. A pressão por resultados, as
demissões, a queda dos salários, o controle, contradizem todo o “amor" que o
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patrão diz ter pelo trabalhador. O trabalhador é chamado de “colaborador”.
Tenta-se iludi-lo afirmando que não é um subalterno, um subserviente e sim
colaborador.
O desafio do Pedagogo é a atuação nesse campo ideológico. Ele precisa
convencer o trabalhador dos desígnios do mercado, que o desemprego é uma
realidade natural e, que se ele não se esforçar para se enquadrar, muitos
candidatos estão esperando para substituí-lo, que a política salarial é essa
mesma, os salários estão diminuindo, que todos precisam se adaptar ao perfil
caso não queiram ser excluídos do mercado.
Realmente parece que o encargo do Pedagogo na empresa é árduo,
pela responsabilidade em formar e desenvolver o trabalhador dentro das
perspectivas do mercado atual, de ser mediador, de minimizar conflitos, em um
momento extremamente complexo, em que agudas crises atingem o mundo do
trabalho.
Um momento em que o trabalhador se vê sendo substituído pela máquina,
tendo que mudar sua forma de ser, tendo que flexibilizar a sua vida, correr
riscos, tendo que lutar pela sobrevivência de forma solitária, pois como coloca
Antunes (1999), as transformações e a crise atingiram diretamente a
subjetividade do trabalhador, sua consciência de classe.
O desafio é muito maior para o Pedagogo consciente, aquele que
percebe a contradição, que enxerga as artimanhas do capital, o caráter
excludente e, às vezes, até cruel, das exigências lançadas sobre os
trabalhadores. E, na maioria das vezes, sua atuação precisa se restringir a
reforçar, acomodar e a solidificar as propostas do capital.
Acreditamos que, mais do que nunca, é importante pensar nesse
profissional, que a nosso ver, de certa forma, foi ignorado, poderíamos até
dizer, discriminado. A preocupação com o profissional Pedagogo, de uma forma
geral, sempre foram remetidas às questões de âmbito escolar, sejam elas
técnicas ou pedagógicas, mas a indiferença diante dessa prática, nos dias
atuais, é impossível. E o Pedagogo poderá ser cada vez mais requisitado para
17
atuar nas várias esferas do mundo empresarial, ainda que essa requisição vise
a conformação às novas exigências do capital.
Todos esses aspectos leva-nos a refletir sobre a possibilidade de um
novo campo de atuação para o pedagogo, até agora pouco explorado. Para
discutirmos a presença do pedagogo nos processos produtivos, elegemos três
aspectos constitutivos da especificidade do trabalho desse profissional que nos
parece interessante de serem aproveitados nos locais de produção, sendo eles:
a interação com o sujeito, a reflexão sobre a prática do trabalho e a elaboração
de programas instrucionais que priorizem a totalidade do processo de trabalho
O trabalho costumeiramente desenvolvido pelo profissional da educação (o
pedagogo) refere-se a oferecer instrumentos para que o sujeito aprenda a
desvendar a realidade. Para que o conhecimento aconteça por parte do sujeito,
o educador tem um papel fundamental que é o de oferecer subsídios de cunho
teórico-prático para que a partir da ação o sujeito interfira na realidade.
Nesse sentido, o educador não é um mero transmissor de conhecimento,
mesmo porque o processo pelo qual consolida-se o conhecimento pressupõe a
interação entre sujeito estruturante e objeto a ser estruturado, assim, faz-se
imprescindível notar que a função essencial do educador está em oferecer além
dos conteúdos, os instrumentos que possibilitem e estimulem a busca do
conhecimento por parte do sujeito.
Nos processos produtivos o não pretende ensinar a fazer o trabalho, mesmo
porque ele não possui competência técnica para esse tipo de conteúdo
específico e, ainda, essa concepção contradiz com a formação do sujeito
criativo e ativo,
Os meios de representação não podem ser ensinados, assim como
não se pode ensinar a forma ensinar e aprender significa ter
compreendido e compreender. A afirmação de que a forma pode
ser ensinada só pode parecer verdadeira a um intelecto grosseiro.
(CARISTI, 1999, p. 249).
18
Como mencionamos anteriormente, se há no mundo do trabalho a
necessidade de um conhecimento de caráter mais criativo e ativo, então a
interação entre os profissionais responsáveis pela produção demonstra ser
essencial. Essa interação conjuga a troca recíproca de conhecimento, de um
lado, os técnicos, com o saber adquirido pelos anos de experiência na profissão
e alguma formação institucional, de outro, os engenheiros e outros profissionais
com formação de nível mais elevado, mas que muitas vezes se encontram
desprovido de condições para socializar esse conhecimento com os demais.
Assim, esses últimos acabam por centralizar em si a escolha dos
procedimentos a serem utilizados na produção, perdendo a contribuição prática
dos trabalhadores e emperrando a organização da empresa de acordo com as
novas formas de organização do trabalho.
Pudemos observar que em uma das empresas pesquisadas utiliza como
estratégia para a qualificação de seus quadros profissionais o programa de
multiplicadores de treinamento, o qual requer do profissional maior
responsabilidade e conhecimento, já que terá de dominar além de seu trabalho
específico todo o processo de produção.
Esse tipo de programa requer do profissional outras habilidades como
capacidade de compreensão e exposição de idéias, utilização e seleção de
materiais didáticos para atingir fins determinados, capacidade de oratória entre
outros.
Tudo parece indicar que a necessidade do mercado não se encontra mais
fundamentada na divisão entre planejar e executar, por isso os treinamentos
realizados simplesmente com suporte técnico não são mais suficientes. Para
trabalhar nas novas formas de organização do trabalho, parece ser necessário
o desenvolvimento intelectual e comportamental visando o trabalho conjunto.
Para que se consiga avanço na formação do trabalhador, Therrien julga
oportuno,
As interações sociais como processo de socialização e de linguagem, proporcionam a
elaboração conjunta dos significados em situações, desvelando a natureza parcial e
completa do saber construído. (THERRIEN, 1996, p. 67).
19
Como parte de uma equipe interdisciplinar, o pedagogo por compreender o
processo cognoscente pode contribuir na aprendizagem do profissional
aguçando o desenvolvimento das potencialidades individuais através da
interação entre os profissionais na seleção de metodologias adequadas
proporcionando, assim, condições para que ocorra a aprendizagem por meio do
trabalho.
Um outro aspecto da formação do pedagogo refere-se à reflexão sobre a
prática, aliando teoria e prática. No âmbito da escola, a práxis é bastante
discutida como elemento essencial na prática cotidiana da sala de aula. Ao falar
sobre a valorização do saber produzido nas relações sociais, Therrien
menciona que o pedagogo como profissional que faz das situações concretas
que vive o seu instrumento de reflexão e elabora saber, esse mesmo saber faz
com que o docente se relacione mais profundamente com o conhecimento.
(THERRIEN, 1996, p. 67).
Nesse momento da sociedade capitalista tudo indica que seja oportuno para
os setores produtivos estreitarem as relações existentes entre teoria e prática,
canalizando essa união em benefício da qualificação profissional, ainda que,
contraditoriamente, o interesse das empresas capitalista com a formação
profissional seja a acumulação de capital.
Como mencionamos, juntamente com a tendência a uma maior proximidade
entre categorias profissionais na produção, parece possível dizer que o diálogo
visando a troca de experiência e, sobretudo, a capacidade de olhar para a
produção extraindo dessa mesma realidade as necessidades práticas para
encontrar novos caminhos constitui-se em um elemento importante para a
empresa, como também, para despertar a capacidade criativa e de
compreensão profissional.
Encontramos em Carvalho (1993), uma situação proveniente de
levantamento de dados empíricos bastante relevante para compreendermos a
importância da reflexão sobre a prática que quanto maior é a complexidade do
processo (planta) maior o período de experiência necessário para adquirir tais
20
qualificações de operações.
Esse trecho evidencia que o ato de executar encontra-se dissociado do ato
de planejar, alienando o trabalhador da compreensão do processo produtivo.
Nesse sentido, é oportuno que as experiências práticas estejam ligadas a
instrumentos educacionais que, além de proporcionarem a participação dos
trabalhadores no planejamento, execução e avaliação, levem o sujeito a
perceber as situações provenientes da prática e as alternativas cabíveis para
solucionar os problemas que surgem e propor inovações.
Para que se preconize inovações na produção, o componente intelectual
demonstra ser indispensável, pois tudo parece indicar que somente com uma
articulação de nível intelectual poderemos avançar no âmbito da qualificação
profissional. Essa articulação compreende a interação com a realidade através
do questionamento constante das práticas empregadas na produção, de modo
a incorporar ou rejeitar as experiências que surgem.
Podemos encontrar em estudos como o de Market (1999), a importância de
subsidiar as experiências provenientes da prática de suporte educacional, já
que os pedagogos do trabalho nas indústria metalmecânica na Alemanha têm
desenvolvido e aplicado o conceito de qualificação profissional com base na
capacidade e conhecimento para compreender o processo de produção,
aprendizagem direcionada às experiências surgidas no trabalho, objetivos que
são orientados no processo total da produção incluindo planejamento, execução
e controle do trabalho em cooperação, em seguida são desenvolvidas diretrizes
didáticas que contemplam esses conceitos. (MARKET, 1999, p.157).
Estudos como os de Market demonstram a necessidade de desenvolver um
conceito de qualificação profissional com base na nova forma e organizar a
produção, e também, os novos modelos organizacionais parecem requerer que
as experiências adquiridas na prática do trabalho estejam subsidiada de suporte
educacional a fim de traduzir o momento no qual o trabalhador despende sua
força de trabalho em ganhos individuais e que as equipes de trabalho inovem,
troquem experiências e interajam entre si, não apenas em uma perspectiva de
execução, mas de concepção do trabalho.
21
Um outro aspecto do trabalho que o pedagogo pode vir realizar na empresa
se refere à elaboração de programas instrucionais ou diretrizes didáticas. Nas
empresas podemos constatar que todas elas fazem um planejamento prévio
das etapas de treinamento contendo conteúdos, objetivos, técnicas (lê-se
metodologia) e avaliação, porém esse planejamento é realizado sem suporte
educacional, ainda que o objetivo seja a qualificação dos trabalhadores, que por
mais restrito que se entenda esse conceito, em geral, refere-se a aquisição de
conhecimentos do processo produtivo e desenvolvimento de capacidades
intelectuais e comportamentais no sujeito que aprende determinado conteúdo.
A organização sistemática das atividades a serem aplicadas no treinamento
demanda um tipo de conhecimento específico da prática educativa, como a
elaboração e seleção de materiais didáticos, instrumentalização didática dos
profissionais e, ainda, a seleção de metodologia apropriada para conduzir a
execução do treinamento.
A prática educativa pressupõe a superação dos elementos formais do
programa de aprendizagem, não os excluindo, mas ultrapassando a simples
organização formal para uma organização educativa, na qual o objetivo, o
conteúdo, a metodologia e a avaliação são vistos interligados, sofrendo
modificação, seleção e adaptação de modo a interferir na organização
intelectual do sujeito.
22
CAPÍTULO III
O PEDAGOGO EMPRESARIAL
Geralmente, o pedagogo tem-se caracterizado como profissional
responsável pela docência e especialidades da educação, como: Direção,
Coordenação e Orientação Educacional, entre outras atividades da escola.
Podemos dizer que, dificilmente, encontra-se o profissional da educação,
desvinculado da escola e inserido em outras atividades do mundo do trabalho,
como em empresas.
Qualificar Pedagogos e Administradores para atuarem no âmbito
empresarial, visando os processos de planejamento, capacitação, treinamento,
atualização e desenvolvimento do corpo funcional (humano) da empresa é o
foco da Pedagogia Empresarial.
Com isso, torna-se imprescindível que no interior das empresas, órgãos
públicos, instituições educativas e escolares de todos os níveis, a presença de
profissionais com conhecimentos especializados em educação, qualificados na
gestão, organização, planejamento, avaliação, seleção, treinamento e
desenvolvimento de funcionários.
A educação assume grande relevância perante essa reestruturação do
mundo do trabalho. No universo produtivo, portanto, faz-se necessário que o
profissional da educação, assuma um espaço de forma efetiva no interior das
organizações.
A atuação desse novo profissional precisa ocorrer de forma relacionada e
cooperativa com a dos demais profissionais de gestão. Assim será possível
elaborar e consolidar planos, projetos e ações que visem colaborar para a
melhoria da atuação dos funcionários, assim como para melhorar o
desempenho da empresa.
23
O pedagogo empresarial busca efetivar os saberes corporativos e como
seu domínio colaborará para a melhoria do clima organizacional, da qualidade
de vida e aumento da satisfação pessoal de todos.
A atuação do pedagogo empresarial está aberta. É ampla e extrapola a
aplicação de técnicas visando estabelecer políticas educacionais. Sua atuação
avança sobre as pessoas que fazem as instituições e empresas de todos os
tipos, portes e áreas.
O novo cenário da educação se abre no século XXI com novas
perspectivas para o profissional que se insere no mercado de trabalho, como
nos mostra a própria sociedade, que vive um momento particular de discussões
sobre globalização, terceiro setor, educação on-line, enfim, uma nova estrutura
se firma na sociedade, a qual exige um profissional cada vez mais qualificado e
preparado para atuar neste cenário tão competitivo.
Empresas, hospitais, ONGs, emissoras de transmissão (rádio e Tv),
entre outros formam hoje o novo cenário de atuação deste profissional, que
transpõe as limitações, para prestar seu serviço nestes locais. E esta realidade
vem quebrando preconceitos e idéias de que o pedagogo está apto apenas a
exercer suas funções na escola.
Convivemos até bem pouco tempo com a visão de uma pedagogia
inserida no ambiente escolar, do profissional da educação envolvido com os
problemas da educação formal, uma idéia falsa de que o pedagogo é o
profissional capacitado e devidamente treinado para atuar somente em espaços
escolares, é o responsável pela formação intelectual das crianças, sempre se
envolvendo no cotidiano escolar, com os problemas relacionados à educação
formal, propriamente dita. A educação formal, não deixa de ser um foco
importante para o Pedagogo, porém deixa de ser o único.
Diante da atual realidade, a educação tem se transformado na mola mestra,
para enfrentar os desafios que se articulam dentro dela e em todos os seus
24
segmentos, desafios esses gerados pela globalização e pelo avanço
tecnológico.
A educação é também a mola mestra para transformar a situação de
miséria, tanto intelectual quanto econômica, política e social do povo,
promovendo acesso à sociedade daqueles que são vistos como os excluídos.
Possibilitando assim a transformação desta sociedade, numa sociedade mais
justa e igualitária a todos.
Dessa forma a educação sofre mudanças em seu conceito, pois
deixa de ser restrita ao processo ensino-aprendizagem em espaços escolares
formais, se transpondo aos muros da escola, para diferentes e diversos
segmentos como: ONGs, família, trabalho, lazer, clubes etc. Abre-se ai um novo
espaço para a educação, dando uma estrutura interessante à educação não
formal.
Com toda esta nova proposta e possibilidade de atuação, o Pedagogo
também se transforma, se adequando a nova realidade, se posicionando como
profissional capacitado para caminhar junto a esta transformação da sociedade.
O Pedagogo deixa de ser, neste novo contexto, o mesmo Pedagogo do século
XVIII, XIX e até mesmo século XX. Apresentando-se agora como agente de
transformação para atuar nesta nova realidade. Hoje, o Pedagogo está sendo
inserido em um mercado de trabalho cada vez mais amplo e diversificado,
porque a sociedade atual, exige cada vez mais profissionais capacitados e
treinados para atuarem em diversas áreas. Não sendo comum um profissional
ser qualificado apenas para exercer uma determinada função, e sim para atuar
nas diferentes áreas existentes no mercado de trabalho, seja ele qual for.
As linhas de pensamento relacionadas ao Pedagogo possibilitam uma
reflexão mais profunda sobre sua atuação, pois hoje,pensa-se muito mais
detalhadamente a dinâmica do conhecimento e as novas funções do educador
como mediador deste processo. Assim, não podemos nos deter somente ao
universo da educação formal, mas sim buscar novas fontes de formação e de
informação para adequar este profissional ao mundo globalizado e competitivo.
Toda transformação relacionada à atuação do Pedagogo se dá ao fato de
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que, hoje vivemos o processo que reflete a transformação de valores e
pensamentos de uma sociedade voltada para valores mais específicos, como a
cultura de seu povo, valor diferente daquele que até pouco tempo se primava
pelo valor econômico. Ou seja, a cultura hoje tem o seu papel melhor definido e
mais importante para a sociedade do que situação econômica, propriamente
dita.
Nesta perspectiva de mudança e viabilizando uma atuação deste
profissional é que abrimos espaço para esta discussão, pautando nosso estudo
na atuação do Pedagogo em espaços não escolares, suas habilidades e
competências para atuação nestes espaços, as possibilidades que hoje se
abrem deixando para trás a idéia primária de que este profissional está
preparado somente para atuar em espaços escolares.
Assim, este profissional que atravessa séculos, executando o seu papel
de preceptor, de transformador do conhecimento e do comportamento humano,
chegando ao século XXI, com uma nova proposta, sua efetiva atuação em
espaços não escolares, e que, no entanto, visam a aprendizagem e a
transformação do comportamento humano, tanto quanto dentro da educação
formal.
Conforme Ribeiro (2003), este assunto tornou-se desafiador a partir do
momento em que verificamos através de discussões realizadas em sala de
aula, seminários, mesa redonda, leituras compartilhadas, visualizamos um
horizonte se abrindo para esta área do conhecimento, discussões que estão
fundamentadas em teóricos conceituados e pela própria sociedade que chega
ao século XXI com novas perspectivas para a educação formal e também para
a educação não formal, discussão que até bem pouco tempo era desconhecida
para a maioria de nossas escolas de formação, e também dos profissionais.
Hoje o Pedagogo está sendo inserido num mercado de trabalho cada vez
mais diversificado e amplo, o nosso estudo se justifica pela necessidade de
compreender a dinâmica, que levou a sociedade a chegar onde estamos hoje,
com um discurso voltado para a inclusão social, para o voluntariado, para
projetos de pesquisas, para educação formal, não formal e informal,
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observando o processo de ensino-aprendizagem não somente como processo
para dentro da escola, da sala de aula ou do cotidiano escolar, mas um
processo que acontece em todo e qualquer segmento da sociedade, seja ele
qual for. E também como o Pedagogo se insere neste novo contexto social,
percebendo a sua relação em diferentes espaços.
É importante ressaltar aqui como a educação formal e a não formal
caminham paralelamente e, portanto, a necessidade de agregar ao ensino
formal, ministrado nas escolas, conteúdos da educação não-formal, como os
conhecimentos relativos às motivações, à situação social, à origem cultural, etc.
Por isto, esta nova perspectiva de atuação do Pedagogo, sua qualificação vem
filtrando cada vez mais, buscando uma relação estreita entre as diferentes
propostas de educação existentes na sociedade.
Este assunto tornou-se relevante para este projeto, à medida que foi se
descortinando as grandes possibilidades de pesquisas durante as discussões
realizadas e também por apresentar um assunto que vem transformando a idéia
de uma educação restrita em uma educação ampla e sem fronteiras. Este tem
se tornado um assunto desafiador para tantos quanto se interam do mesmo.
O desenvolvimento científico e tecnológico das últimas décadas tem
marcado a sociedade contemporânea com muitas mudanças nas organizações,
no modo de produção e nas relações humanas.
Verdades e conceitos têm sido questionados, comportamentos e mitos
derrubados e o conhecimento tem ultrapassado os limites geográficos, sociais e
educacionais.
As novas tendências sociais e os novos rumos impostos pela “Era da
Informação” influenciam diretamente a educação e o conhecimento. Administrar
a quantidade de informações, e estar atualizado, atualmente, é uma tarefa difícil
e especializada.
O mundo transforma-se a cada momento e o resultado mais visível desse
processo é a obsolescência do conhecimento que impele-nos à atualização
constante e contínua. O MEC evidenciou a intensidade do impacto desse novo
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formato social ao publicar os Referenciais para Formação de Professores.
(GENTILI; BENCINI, 2000).
O documento descreve as novas competências do educador e as novas
características das suas aulas, que devem priorizar a formação do aluno
cidadão, capaz de estabelecer relações com o mundo, analisar, pesquisar,
estar atualizado e, sobretudo, aprender a aprender.
Os reflexos mutatórios na escola explicitam a exigência urgente do
mercado de trabalho que não abriga mais o trabalhador mecanizado. O
ambiente organizacional hoje requer um trabalhador pensante, criativo, pró-
ativo, analítico, com habilidade para resolução de problemas e tomada de
decisões, capacidade de trabalho em equipe e em total contato com a rapidez
de transformação e a flexibilização dos tempos atuais.
Mas como conseguir isso? Como conseguir desenvolver competências
nos alunos de nossas escolas atuais? Como contribuir para a construção de
colaboradores autônomos, e com espírito de aprendizes? Como manter as
organizações atualizadas no mundo que vive a transformação num ritmo
frenético? Como transformar o ambiente de trabalho em um ambiente de
aprendizagem permanente?
Diante dessas indagações surge a figura do Pedagogo Empresarial.
Cada vez mais as empresas descobrem a importância da educação no trabalho
e desvendam a influência da ação educativa do Pedagogo na empresa. O
Pedagogo não é mais só o profissional que atua no ambiente escolar. Ao
contrário, dispõe de uma imensa área de atuação, tais como: empresas de
diversos setores, ONGS, editoras, consultorias especializadas em T&D e em
todas as áreas que requeiram um trabalho educativo.
A tarefa do Pedagogo Empresarial é, entre outras, a de ser o mediador e
o articulador de ações educacionais na administração de informações dentro do
processo contínuo de mudanças e de gestão do conhecimento. Gerenciar
processos de mudança exige novas posturas e novos valores organizacionais,
características fundamentais para empresas que pretendem manter-se ativas e
competitivas no mercado.
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Dessa forma, o profissional da educação atua na área de Recursos
Humanos direcionando seus conhecimentos para os colaboradores da empresa
com o objetivo da melhoria de resultados coletivos, seleciona e planeja cursos
de aperfeiçoamento e capacitação, realiza palestras, pesquisa a utilização e a
implantação de novos processos, avalia desempenho e desenvolve projetos
para o treinamento dos funcionários.
Outra modalidade para a capacitação e treinamento dos recursos
humanos no mercado empresarial é a Universidade Corporativa. Essas
Universidades desenvolvem um sistema de aprendizado contínuo voltado para
as necessidades específicas das empresas e de seus colaboradores.
Contribuem para a aquisição dos conhecimentos dos novos processos de
produção e valores organizacionais consoantes com a missão da empresa.
Esse novo nicho educacional tem crescido e tende a intensificar-se nos
próximos anos gerando uma demanda social de Pedagogos Empresariais.
As organizações são formadas por pessoas: são elas que atendem ao
público, despacham documentos, fazem pagamentos, tomam decisões... Há
uma mútua dependência entre pessoas e organizações: pessoas dependem
das organizações e organizações dependem das pessoas. Dentro dessa
interdependência e do novo paradigma de competitividade em mercados
globais, o treinamento e o aprendizado são imprescindíveis para o
aproveitamento das oportunidades pessoais e organizacionais. Os indicadores
propulsores da aprendizagem organizacional são a criatividade e a inovação.
A aprendizagem e o treinamento nas empresas são os diferenciais de
competitividade, qualidade e lucratividade. Por esse motivo o investimento no
conhecimento contínuo e coletivo do capital intelectual das empresas tende ao
crescimento progressivo.
Esse conceito administrativo assemelha-se, ao novo conceito
educacional de escola e da sua função social: formar cidadãos autônomos.
Segundo a Pedagoga Maria Inês Fini coordenadora do Enem, a escola não é
mais o lugar de simples transmissão do conhecimento, é:
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(...) o espaço das relações humanas moldadas, deve ser usada
para aprimorar valores e atitudes, além de capacitar o indivíduo na
busca de informações, onde quer que elas estejam, para usá-las
no seu cotidiano. (Revista Nova Escola, 2000).
Torna-se evidente que a palavra de ordem hoje é Gestão do
Conhecimento. Escolas e empresas que não repensarem seus modelos e
agarrarem-se aos velhos paradigmas do aprendizado e das relações humanas,
estarão, fadadas ao fracasso ou ao desaparecimento. A inexorabilidade da
reestruturação sócio-econômica obriga que as escolas desenvolvam
competências nos alunos para atender às exigências do mercado de trabalho e
que as organizações reestruturem-se e transforme o ambiente de trabalho num
ambiente de aprendizagem, contribuindo para a construção de pessoas que se
antecipem aos acontecimentos, sejam atualizadas e saibam aprender a
aprender.
As empresas finalmente reconhecem que o ser humano é o seu grande
ativo tangível que poderá ser sua chave para o sucesso. O número de
empresas de grande porte interessado na aprendizagem contínuo de seus
empregados vem crescendo de forma notável.
As empresas de grande porte evidenciam seus interesses na
aprendizagem contínua que é o “traço marcante da chamada gestão por
competências, que tem por princípio o gerenciamento e desenvolvimento da
carreira a partir das habilidades adquiridas e aplicadas no dia-a-dia corporativo”.
Logo o empregado que não buscar seu autodesenvolvimento e aplicá-lo
na prática corre o risco de ficar para tráz, portanto é imprescindível que a
pessoa responsável pela aprendizagem na empresa desenvolva um programa
eficiente de conscientização para motivar os empregados nesse processo.
O autor acredita que a organização é um ambiente repleto de
conhecimento que servirá tanto para o desenvolvimento do público interno
como o externo, visando além da eficiência do trabalhador, desenvolver seus
fornecedores para a garantia de qualidade dos produtos.
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O processo de capacitação do empregado necessita da ação do
profissional de pedagogia, visto que ele tem uma fundamentação sobre as
correntes pedagógicas que orientam a prática educativa, uma vez que são elas
que irão dar sustentação teórico-metodológica neste processo de ensino-
aprendizagem.
A estruturação da questão metodológica necessita da atuação do
pedagogo devido ao fato das empresas não desenvolverem com foco no
objetivo principal que é a aprendizagem.
No novo formato de educação na empresa que se apresenta com o
nome de Universidade Corporativa a função de planejamento e administração
desse processo pode ser da competência do pedagogo, já que ele é o
profissional que também detém essas habilidades.
A empresa pode recorrer ao pedagogo no momento de conscientização
da linha gerencial sobre a implantação desse processo, haja vista que será
motivo de grandes mudanças principalmente no que se refere ao
comportamental, pois o gerente deixa de ser o ditador de ordens e passa ser o
líder educador, facilitador da aprendizagem na empresa, possibilitando aos
empregados o direito ao erro e acerto.
Diante das mudanças no meio empresarial sobre a educação de
pessoas, cabe ao pedagogo projetar os caminhos que os empregados deverão
percorrer enquanto estudantes e disseminadores do conhecimento.
Sua contribuição é imprescindível no processo de avaliação da
aprendizagem, pois ela será o meio para correção das falhas tanto do aprendiz
como do facilitador da aprendizagem, é o momento de questionar o porque que
os objetivos não foram atingidos, permitindo diagnosticar as novas
necessidades de desenvolvimento do empregado.
Nas campanhas feitas pelas empresas sobre um determinado tema ou
problema como, por exemplo, campanhas sobre a Dengue, o pedagogo poderá
capacitar grupos no sentido de desenvolverem um trabalho didaticamente
adequado à linguagem e às necessidades do público alvo.
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Todavia, vale ressaltar que a inclusão do pedagogo no mercado
empresarial necessita da atenção das universidades para as mudanças de
paradigmas no processo educativo na empresa.
O pedagogo por não ter uma formação específica para atuar no meio
empresarial, deve buscar algumas competências para melhor se adaptar nesse
campo.
Se criarmos uma organização com o valor daquela que aprende, onde as pessoas exercem o papel de dono do seu processo, todos assumirão o papel de líderes. Por dominar essa metodologia, a pedagogia transforma-se no combustível desse processo. CARVALHO et alli. (2002, p. 65-66)
Acredito que todo esse processo de mudanças que estão ocorrendo no
meio empresarial, em que pessoas são reconhecidas como ser que aprende e
que podem aplicar seu aprendizado na empresa, visando melhorias não apenas
nos resultados da empresa, mas também na vida do empregado, surge então
um repensar sobre o que a pedagogia poderia oferecer nesse novo contexto.
Há um gap entre o que se pratica e o que se prega nas empresas, e a
partir desse gap surge a oportunidade pedagógica no sentido de desenvolver
meios que facilite o processo de mudança.
Existe um processo de aprendizagem na empresa e o profissional
responsável em coordenar esse trabalho na empresa precisa ter conhecimento
sobre as técnicas pedagógicas.
É de fundamental importância que o profissional responsável por
educação na empresa conheça as correntes pedagógicas para que ele possa
ter fundamentação teórica-metodológiaca a fim de propor mudanças quando
necessário no processo de aprendizagem.
Embora a pedagogia tenha o vocábulo oriundo na educação infantil, ela
não se restringe apenas à criança, e muito menos só a escola. Com isso, fica
assegurado que a pedagogia tem no treinamento, influência e presença
necessárias.
Diante disso, acredito que o ser humano é o fator mais importante nas
organizações, e ter pessoas com conhecimento tanto da teoria como da prática
para orientar seu processo de aprendizagem é de fundamental importância,
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caso contrário corre-se o risco de ter pessoas trabalhando nesse processo
apenas com suas experiências do cotidiano e sem fundamentação teórica,
fazendo-se uso do senso comum.
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CONCLUSÃO
O motivo que impulsionou a mudança de paradigma de homem nas
empresas está claro é a produtividade. As empresas são obrigadas a
promoverem programas de capacitação do empregado, caso contrário estarão
fora do mercado competitivo. A visão de homem mecanicista que era
comparado a máquina, sem direito a contribuir outra coisa à empresa que não
fosse a força para produzir, está sendo superada.
Com a facilidade de acesso à informação, através da Internet e outros
meios de comunicação, as empresas sentem-se pressionadas a adotarem
programas eficientes de capacitação de pessoas, até porque ela precisa
mostrar aos seus clientes que valoriza o homem como ser humano.
Porém, existem empresas que ainda estão presas a paradigmas
ultrapassados acreditando que por ter o poder de estar ou não com o
empregado no quadro de pessoal (pois a crise de desemprego é grande em
nosso país), investir em desenvolvimento de pessoas não é prioritário dando
assim prosseguimento ao processo de adestramento para o trabalho com
ranços tayloristas.
Por outro lado existem empresas comprometidas em mudar paradigmas
desenvolver o homem de forma integral e não fragmentado, capacitando-o
apenas para executar tarefas que lhe convém.
Diante desse processo de mudança, surge a possibilidade de inclusão do
Pedagogo no meio empresarial, já que o processo requer pessoas habilitadas
para desenvolverem objetivos, conteúdos e métodos bem elaborados e
planejadas.
O pedagogo surge com o papel de facilitador, ajudando a humanizar a
empresa. Esse trabalho seria interdisciplinar, pois o pedagogo desenvolveria
junto com psicólogos, administradores, assistentes sociais e etc.
Para que a educação de homem integral na empresa se torne uma
realidade, seguem algumas propostas:
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Conscientizar os gerentes das empresas sobre a necessidade de
capacitar pessoas de forma integral, através de palestras com pessoas
competentes.
Visitar empresas que praticam o novo processo de educação na
empresas para ter como modelo, conhecendo todas as dificuldades.
Promover uma pesquisa de clima na empresa, detectando assim quais
pontos necessitam ser trabalhados, levando em consideração o grau de
satisfação e insatisfação do empregado na empresa.
Se o mundo está em constante mudança, porque não rever o curso de
pedagogia e incentivar os alunos a conhecerem o meio empresarial, ajudando
assim na diversificação do trabalho do profissional de Pedagogia.
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REFERÊNCIAS
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36
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
38
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O Pedagogo na Empresa 09
CAPÍTULO II
O trabalho do Pedagogo 13
CAPÍTULO III
O Pedagogo Empresarial 22
CONCLUSÃO 33
REFERÊNCIAS 35
FOLHA DE APROVAÇÃO 37
ÍNDICE 38