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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A DIDÁTICA E OS PROBLEMAS QUE OCORREM COM O DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR
Por ANGELA MARIA LIMA SALDANHA
Orientador Prof. M.S.NILSON GUEDES DE FREITAS
NITERÓI 2007
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A DIDÁTICA E OS PROBLEMAS QUE OCORREM COM O DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR
Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes com requisito parcial para a obtenção do título de especialista do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu em Docência do Ensino Superior”. Orientador: Prof. Nilson Guedes de Freitas Por:Angela Maria Lima Saldanha
NITERÓI 2007
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DEDICATÓRIA
Dedico a Deus e em memória dos meus Pais por acreditarem em meu potencial e de não desistirem da minha formação pessoal e profissional e também a minha família como incentivadora desta caminhada .
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AGRADECIMENTOS
Ao meu esposo Miguel Arcanjo Saldanha e aos meus filhos, Rafael Ernane Lima Saldanha e Thaís Lima Saldanha por compreenderem meus momentos de ausência, fazendo deles motivo de luta por dias melhores, a minha amiga Sônia Fernandes da Silva Teixeira pelo incentivo e a todos que colaboraram para que este sonho se tornasse realidade.
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EPÍGRAFE
Andar algum passo,a cada dia, na direção traçada é tão importante como debater o rumo e questionar se caminhamos nele.
(GANDIN,p.103,1994)
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RESUMO
Muitos professores universitários não reconhecem a importância da didática para sua formação,como também a maioria não dispõe de preparação pedagógica. Analisar a didática na docência do ensino superior, é compreender que a partir do momento que o docente não possui determinadas habilidades não conseguem planejar,formular objetivos, delimitar estratégias,definir conteúdos, enfim ministrar suas aulas de maneira que o aprendizado seja concretizado. Através de pesquisa bibliográfica, o presente estudo tem como objetivo mostrar qual é o lugar que a didática ocupa na formação do docente no ensino superior, até porque , não basta apenas que o docente domine o conteúdo é necessário também que saiba a melhor maneira de facilitar o aprendizado. Por essa razão fica evidente a necessidade do professor aprender a desenvolver uma aula de qualidade no ensino superior,porque a didática destina-se a capacitar e aperfeiçoar os professores a essa realidade. O trabalho tratará do problema da formação do professor universitário no Brasil,como podemos formar adultos através da Pedagogia que no caso o que teria ser utilizado seria a Andragogia e como fonte de pesquisa serão utilizadas obras de diversos autores como:Rogers (1986), Gil (2006), Carvalho (1995), Cunha (1989), Castro (1981), Mckeachie (1986), Godyear (2001), Freire (1996), Luckesi (1995), Santos (2003), Liedman (1926).
Palavras-chave: didática,ensino superior,andragogia,objetivos,docente
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ABSTRACT
Many university professors do not recognize the importance of the didactics for its formation, as well as the majority does not make use of pedagogical preparation. To analyze the didactics in the decency of superior education, he is to understand that from the moment that the professor does not possess definitive abilities they do not obtain to plan, to formulate objectives, to delimit strategies, to define contents, at last to give its lessons thus the learning is materialize. Through bibliographical research, the present study he has as objective to show which it is the place that the didactics occupies in the formation of the professor in superior education, even because, is not only enough that the professor dominates the content is necessary also that she knows the best way to facilitate the learning. Therefore the necessity of the professor is evident to learn to develop a lesson of quality in superior education, because the didactics is destined to enable it and to perfect the professors to this reality. The work will deal with the problem of the formation of the university professor in Brazil, as we can form adults through the Pedagogia that in the case what it would have to be used would be the Andragogia and as research source will be used workmanships of diverse authors as: Rogers (1986), Gil (2006), Oak (1995), Wedge (1989), Castro (1981), Mckeachie (1986), Godyear (2001), Freire (1996), Luckesi (1995), Saints (2003), Liedman (1926). Key-words: Didactic, Higher education, Andragogia, Objective, Prelecter
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................09
1. FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NO BRASIL........................11
2. PEDAGOGIA E ANDRAGOGIA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
UNIVERSITÁRIO................................................................................................20
3. A DIDÁTICA E A ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO DE ENSINO..............27
CONCLUSÃO.........................................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................43
ANEXOS ................................................................................................................45
ÍNDICE ...................................................................................................................46
FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................................49
9
INTRODUÇÃO
A preocupação fundamental a respeito da escolha do tema, prende-se a
destacar a importância da Didática no curso de Docência do Ensino Superior.
É importante que os professores desse nível e que buscam realizar esse tipo
de curso , tenham consciência que o docente no ensino superior no Brasil ainda
tem uma preparação muito precária.Muitos pensam ainda, que basta ter o domínio
do conteúdo para lecionar qualquer disciplina,ignorando assim a necessidade de
uma melhor formação pedagógica. No entanto podemos dizer que alguns
professores já tomaram consciência de que precisa haver uma reversão nesse
estágio da educação nacional.Nesse sentido, numerosos profissionais de diversas
áreas já estão procurando um aperfeiçoamento de seus conhecimentos e
habilidades pedagógicas e buscando através da didática elaborar aulas que
atendam as expectativas dos alunos,como também as exigências do ambiente,
podendo assim alcançar os objetivos traçados previamente.
Por essa razão, fica evidente a necessidade do professor aprender a
desenvolver aulas de qualidade garantindo um aprendizado agradável e
eficiente,compreendendo que é necessário analisar a didática no ensino superior
como também os seus fatores que são necessários para o desenvolvimento de um
bom trabalho.
Para isso se tornar realidade, é preciso que na sala de aula esteja presente
um profissional que saiba selecionar conteúdos, traçar objetivos de ensino e
escolher estratégias de acordo com a realidade que está vivendo, podendo assim
promover uma avaliação comprometida com aprendizagem . Não basta apenas o
professor dominar o programa a ser trabalhado, e preciso que se domine também
os métodos que serão utilizados, como também a melhor maneira de trabalhar
com diferentes grupos na sala de aula.
Partindo dos princípios mencionados, podemos dizer que o presente trabalho
delimita-se a pesquisar a didática no ensino superior no curso de Pedagogia em
10
uma Universidade Particular através de pesquisa bibliográfica. E através dessa
pesquisa bibliográfica alcançar o objetivo geral, que nada mais é que analisar a
Didática na Docência do Ensino Superior podendo assim compreender os fatores
que contribuem para este caso.
Portanto, no capítulo 1 será feita uma abordagem sobre o problema da
formação do professor universitário no Brasil, quem é este professor, qual a sua
qualificação e quais os papéis que ele pode desempenhar dentro de uma sala de
aula de uma Universidade. Os principais autores utilizados na pesquisa
bibliográfica foram Gil (2006), Goodyear (2001), Mckeachie (1986), Rogers (1986),
Santos (2003).
No capítulo 2 será apresentando um breve histórico sobre a andragogia e a
pedagogia e sua evolução na educação, os princípios da andragogia e qual o
objetivo da pedagogia na universidade e como referência para desenvolvimento
do estudo utilizamos a obra dos seguintes autores Gil (2006) e Rogers (1986).
O capítulo 3 foi dedicado especialmente a didática e o planejamento de
ensino, seu significado, os níveis do planejamento e como é feita a elaboração de
um plano de ensino, como fonte de pesquisa pesquisamos as obras dos
seguintes autores Freire (1996), Hoffmann (1996), Vasconcellos (1995) e Libâneo
(1992).
Nesse contexto, os educadores estão diante de um grande desafio como
também de uma grande responsabilidade. Este desafio está relacionado a sua
capacitação que deve ser contínua enquanto que a responsabilidade está ligada a
seu objetivo maior, orientar seus alunos de maneira que possam motivar
transformações na sociedade.
11
1. FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NO
BRASIL
Para compreendermos as tendências pedagógicas e consequentemente , a
didática no ensino superior, se faz necessário e é importante abordar os níveis
metodológicos, técnico,teórico, epistemológico, que todo trabalho acadêmico
apresenta. Pela abordagem destes níveis podemos aprender o lógico e o histórico
e as determinações tanto do ensino quanto da pesquisa. Podemos então dizer que
cabe a didática do ensino superior enquanto disciplina científica, enquanto
disciplina curricular, enquanto área de formação e intervenção profissional , uma
exigência histórica para a formação do docente,exigência radicada numa
compreensão do homem como ser ativo, criativo e prático que se transforma na
medida em que se transforma o mundo,ou seja: o docente do ensino superior não
pode ficar preso a conceitos antigos ele precisa desenvolver e evoluir fazendo
assim com que haja uma transformação radical na sociedade. Para tanto é
imprenscidível a leitura crítica do que vem sendo consolidado, desconstruído,
reconstruído, construído e reconceptualizado.
1.1 . O Professor Universitário
A eficácia do Ensino Superior, está ligada diretamente a três categorias de
variáveis, que estão relacionadas aos professores, aos alunos e a organização do
curso.
Com relação as variáveis relacionadas ao professor, costuma-se considerar
muito importante os conhecimentos de que o professor dispõe em relação à
matéria que vai ensinar. Isto porque o professor que conhece bem o conteúdo da
disciplina que está ministrando demonstra muito mais segurança ao ensinar,
porque expõe com mais propriedade e responde com mais segurança qualquer
12
pergunta que venha a ser feita pelos seus alunos, demonstrando assim
competência podendo manter os alunos atentos, expor conceitos mais complexos
e criar uma atmosfera mais agradável em sala de aula. Pode-se considerar então
que a prática do professor universitário está vinculada aos conhecimentos
específicos, relacionados à matéria, as suas habilidades pedagógicas e
principalmente a sua motivação. No entanto, podemos ressaltar ainda que as
habilidades do professor universitário não têm sido consideradas ao longo da
história, exige-se apenas dos professores de acordo com a Lei de Diretrizes e
Bases, formação em nível de pós – graduação, com prioridade em programas de
mestrado e doutorado, sendo que esses professores que participam desses
programas , concluem os cursos de mestrado e doutorado sem contemplarem
disciplinas de caráter didático – pedagógica. Isso então, exige a seguinte
pergunta. Como ocorre o desenvolvimento de tais habilidades? Por meio de
cursos específicos ou de leituras desenvolvidas individualmente. Já outros
professores conseguem obter essas habilidades por meio de instituições e de
experiências ( os mais interessados em obter níveis altos de capacitação ) e ainda
temos aqueles professores que tendem a permanecer sem essas habilidades
pedagógicas ao longo de toda sua vida acadêmica, prejudicando e
comprometendo assim a capacitação de seus alunos.
Quanto as variáveis relacionadas aos alunos, pode-se dizer que se deve
levar em conta o nível intelectual dos alunos, suas aptidões específicas e suas
habilidades desenvolvidas anteriormente. Por essa razão é que se propõe aos
professores que não apenas ensinem a matéria, mas que ensinem aos seus
alunos a aprender.
As variáveis relacionadas ao curso estão sobretudo ligadas aos objetivos e
sua organização.Convém considerar que hoje as instituições educacionais
dispõem de mais liberdade do que no passado para traçar esses objetivos. Isto
ocorre porque antes da vigência da Lei de Diretrizes e bases, o Conselho Nacional
de Educação fixava currículos mínimos para cada curso superior. Hoje, apresenta
apenas as diretrizes curriculares, o que faz com que as instituições tenha muito
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mais flexibilidade para definir seus currículos, bem como para estabelecer os
objetivos de seus cursos e disciplinas . Os objetivos específicos são definidos pelo
professor , precisam ser muito bem elaborados, pois eles é que vão influenciar ou
não na aprendizagem do aluno. Existem também os objetivos mais amplos que
são definidos pela instituição e se referem principalmente ao profissional que se
deseja formar. Nem sempre, porém, os objetivos são claramente formulados, o
que dificulta a elaboração de um plano de ensino adequado, favorecendo a
aquisição de um aprendizado que não corresponde ao que é desejado.
A organização do curso também exerce influência significativa sobre o
aprendizado.No entanto, temos algumas variáveis relativas a essa dimensão que
não podem deixar de serem analisadas, são elas: a carga horária destinada a
cada disciplina: o ano ou semestre em que vai ser ministrada: as disciplinas que já
foram e cursadas pelo estudante como também as que são cursadas
paralelamente, a qualidade dos recursos utilizados pelo professor para
ministrarem suas aulas e o número de alunos em classe.
Após a abordagem feita, seria quase que impossível dizer qual categoria é a
mais importante, pois uma depende da outra. Mais sabemos, que o professor no
passado, na maioria das vezes aparecia como figura principal, pois era visto
apenas como um transmissor de conhecimento, no entanto nas últimas décadas
esta situação vem se modificando, e o que se torna mais evidente é que o papel
do professor é outro principalmente quando ROGERS (1986, p.125) escreveu que
ensinar “é uma atividade relativamente sem importância e vastamente
supervalorizada” e propôs que o professor se transformasse em facilitador da
aprendizagem.
Quando ele fala em facilitador de aprendizagem nos faz entender que o
professor não é mais aquele que detêm todo o saber, ele compartilha e adquire
experiência com os seus alunos, até porque é ele quem vai orientar, motivar e
incentivar a pesquisa, a descoberta de novos caminhos de aprender. O professor
universitário ideal, é aquele que não deve mais conduzir o educando a uma
14
memorização mecânica, mais aquele que forma um indivíduo crítico, e tenha como
objetivo central mudar a realidade da sociedade atual.
Apesar de saber que o professor universitário recebe também muitas críticas
como os outros de outros segmentos, mesmo com a presença de novas
tecnologias como : computadores, videoconferências ou máquinas de ensinar, sua
presença na sala de aula é muito solicitada e a cada dia que passa cada vez mais
se clama pela sua qualificação profissional.
1.2 . Qualificação do professor universitário no Brasil
Durante muito tempo o Brasil não se manifestou e nem teve a preocupação
com a formação do professor para atuar no Ensino Superior. Na realidade nesse
tempo , a base para seleção de professores para cursos superiores era feita de
acordo com a competência que ele tinha no exercício de sua profissão. Assim
ocorreu com vários cursos , como o de Direito, Medicina e Engenharia instalada
durante o século XIX e início do século XX.
Em 1922, com a criação das primeiras universidades, verificou-se que para
ser um professor universitário não bastava apenas ser um bom profissional em
sua área, precisava também ter uma maior competência técnica e então foram
dados os primeiros passos da Pós- Graduação no Brasil. Sendo que ela não
seguiria moldes brasileiros mais sim como diz SANTOS (2003,p.627-641)
Assim foram dados os primeiros passos da pós-graduação no Brasil, com proposta do Estatuto das Universidades Brasileiras, em que o Ministro Francisco Campos , propunha a implantação de uma pós-graduação nos moldes moldes europeu.
A implantação da Pós Graduação no Brasil não foi logo de imediato ainda
demorou alguns anos. Só em 1965 o Conselho Federal de Educação com o
Parecer n°977, definiu dois sentidos para a pós-graduação: o Lato Sensu e o
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Stricto Sensu . No qual definimos da seguinte maneira ; Lato Sensu caracteriza os
cursos destinados ao domínio científico e técnico de uma área limitada do saber
ou de uma profissão. Stricto Senso caracteriza-se por sua natureza acadêmica e
de pesquisa, pois mesmo quando atua em setores profissionais tem objetivos
essencialmente científicos, concedendo ao aluno no final do curso os títulos de
mestre ou doutor. O curso de mestrado tem uma duração de 24 meses e no final
do curso, o candidato ao receber o título de mestre deve apresentar um trabalho
de investigação, uma proposta de ação e/ou uma intervenção, no estilo de
dissertação. O trabalho deve estar voltado para um tema aplicado ou solução de
problema. Todos os produtos finais de um Mestrado Profissional deverão passar
por avaliação de uma comissão com avaliador (es) interno (s) e externo(s) do
programa, necessariamente portadores de título de doutor.
O doutorado já é mais extenso, com uma duração de quatro a cinco anos , e
no final o candidato ao receber o título de doutor deve apresentar o resultado de
um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e
bem delimitado. Deve ser, necessariamente elaborado com base em investigação
original a área de especialidade em questão. A avaliação é feita através de uma
bancada formada por doutores.
Com o acesso a obtenção aos graus de mestrado e doutorado, não demorou
muito tempo para se tornar um requisito para acesso aos cargos de carreira nas
universidades públicas. Para complementar a situação, foi editada a Lei 5540 de
28 de novembro que instituiu a Reforma Universitária. Então o Conselho Federal
de Educação pela resolução n°20/77, estabeleceu em seu art.5° que para
aceitação de docentes além da qualificação básica seriam considerados os
seguintes fatores: “título de Doutor ou de Mestre obtido em curso credenciado no
país ou no exterior, a critério do Conselho, ou ainda título de Livre-docente obtido
conforme a legislação específica; aproveitamento em disciplinas
preponderantemente em área de concentração de curso de pós-graduação senso
strictu , no país, ou em instituição idônea no país ou no exterior, a critério do
Conselho, com carga horária comprovada de pelo menos trezentas e sessenta
(360) horas; aproveitamento baseado em freqüência e provas, em cursos de
16
especialização ou aperfeiçoamento, na forma definida em Resolução específica
deste Conselho; exercício efetivo de atividade técnico-profissional, ou de
atividade docente de nível superior comprovada, durante o mínimo de dois anos e
trabalhos publicados de real valor.”
O Conselho Federal de Educação em 1983 fixou as condições para validade
dos certificados desses cursos , através da Resolução 12/83. No qual se
estabeleceu que os cursos teriam a duração mínima de 360 horas e que pelo
menos 60 horas da carga horária seriam utilizadas com disciplinas de formação
didático – pedagógica. Dessa maneira a conclusão do curso de especialização
tornou-se o principal meio de preparação de docentes para o Ensino Superior,
notadamente nas instituições particulares. Mas esses dispositivos foram alterados
pela Resolução do CNE/CES N° 01 de 3 de abril de 2001, que suprimiu a
exigência de disciplinas pedagógicas. Seus concluintes no entanto continuam
habilitados para ministrar aulas em cursos superiores.
A Lei n°9394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e as
bases da educação nacional, ampliou as exigências para o exercício do magistério
superior, pois estabelece:
“Art.66”. A preparação para o exercício do magistério superior farse-á em
nível de pós–graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.
Parágrafo único. O “notório saber, reconhecido por faculdade com curso de
doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.”
A mesma lei estabelece que as universidades deverão apresentar um “um
terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou
doutorado” e “um terço do corpo docente em regime de tempo integral” (art.52,
incisos I e II).
Mesmo sabendo de todos os requisitos impostos pela lei, sabemos que
existe uma grande lacuna na formação de um mestre, pois não contemplam de
modo geral a formação pedagógica, as universidades alegam que a
Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal para o Ensino Superior (CAPES) ,
estabelece que o tempo para se concluir o curso de mestrado é de dois anos e
17
não seria cômodo para um candidato a mestre cursar disciplinas de caráter
didático-pedagógico, pois o mais importante, e o interesse em desenvolver suas
atividades necessárias para a conclusão de sua pesquisa . O que se faz entender
é que seria uma perca de tempo colocar determinadas disciplinas e que na
realidade são de extrema importância para um futuro mestre.
Mas em algumas instituições universitárias já estão tentando suprir esta
lacuna , oferecendo cursos de Metodologia do Ensino Superior e Didática do
Ensino Superior. Geralmente a carga horária desses cursos é de pelo menos 360
horas, incluem disciplinas como Psicologia da Aprendizagem, Planejamento de
Ensino, Didática e Metodologia de Ensino. Pensando assim já naqueles que
queiram fazer mestrado logo após a conclusão da pós-graduação, como também
já existem casos de instituições que já oferecem esse tipo de curso para seus
professores com o objetivo de qualificação, procurando buscar resultados
satisfatórios.
1.3 .Quais são os papéis que o Professor Universitário pode
desempenhar
Durante muito tempo , admitiu-se que o papel principal que um professor
tinha que desempenhar era só o de ensinar. E provavelmente ainda
existam pessoas que pensem e concorde com isso. Para os educadores que são
influenciados pelas idéias de Carl Rogers, o principal papel do professor não é
apenas ensinar, mais ajudar o aluno a aprender.
Alguns autores têm se dedicado ao estudo dos papéis que os professores
desempenham nas universidades. Dentre os autores podemos citar Mckeachie
(1986) conhecido no campo da Didática do Ensino Superior, o qual define seis
papéis para o professor na oitava edição do seu livro Teaching Tips, que são:
especialista, autoridade formal, agente de socialização, pessoa, ego-ideal e
facilitador.
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Já Goodyear (2001) e seus colaboradores , já definem sete papéis para os
professores, pois teve o cuidado de verificar que houve várias mudanças no
âmbito da tecnologia da educação, os papéis são: facilitador do conteúdo,
pesquisador, assessor, tecnólogo, consultor, designer, facilitador do processo. No
entanto, como o Ensino Superior é muito dinâmico , segundo apontamentos feitos
por Gil (2006), foram identificados vinte e sete papéis diferentes que podemos
agrupá-los de acordo com suas características.
Administrador, participante, assessor e elaborador: suas atividades estão
voltadas para o planejamento, organização, monitoração, avaliação, elaboração
de guias de estudo e objetivos, estabelecimento de metas e analisam como o
ensino está sendo ministrado.
Já o especialista, diagnosticador, pesquisador e o professor são aqueles que
fornecem informações além dos conteúdos propostos. São eles que possuem
crenças e valores que interessam aos estudantes, identificando as necessidades
dos estudantes através de conteúdos, produzindo assim novos conhecimentos
para serem utilizados em sala de aula.
O professor membro de equipe, é aquele que precisa estar dentro de uma
equipe,pois precisa da colaboração dos colegas.
No entanto o professor didata, profissional e preparador, vêem a didática
como ciência e técnica . Ele incrementa suas aulas com recursos modernos,pois
entende que o aprendizado só acontece quando o aluno exibe e pratica suas
atitudes e habilidades.
O professor conferencista, líder, avaliador pode ser considerado como
tradicional. Ele só utiliza aulas expositivas,determina todos os objetivos e como se
deve fazer para alcançá-los e desempenha um papel muito crítico,pois
constantemente está avaliando.
O instrutor e animador, se preocupa com habilidades motoras, desenvolve
técnicas de dinâmica de grupo através da utilização de jogos.
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O professor coach (treinador) e o conselheiro, apóiam e ajudam aos alunos a
descobrir o seu potencial de trabalho, superando obstáculos, como também
fazendo com que os alunos identifiquem causas de problemas e que identifiquem
e reconheçam a hora que eles precisam mudar
Através dos papéis que o professor desempenha mencionados acima,
podemos observar que eles estão ligados de uma maneira muito forte, pois todos
levam ao mesmo objetivo que é de formar um cidadão que seja dinâmico, saiba
conviver em grupo, tenha iniciativa de pesquisa e saiba resolver e superar
obstáculos que apareçam no decorrer de sua vida profissional. E a partir do
momento que o professor assume um desses papéis, ele está preparado para
suprir qualquer situação dentro de uma sala de aula em uma instituição
universitária. Mesmo sabendo que precisa usar uma técnica ou uma ciência
diferente da pedagogia para ensinar adultos.
20
2. PEDAGOGIA E ANDRAGOGIA NA FORMAÇÃO DO
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
Um importante aspecto a ser considerado na análise da Pedagogia e da
Andragogia, é que estamos trabalhando em terreno limítrofe, ou seja; nos cursos
universitários geralmente recebemos adolescentes como calouros e liberamos
após alguns anos adultos como bacharelados. Assim então precisamos encontrar
um meio onde as características da Pedagogia sejam preservadas e as inovações
eficientes da Andragogia sejam introduzidas para melhorar o processo
educacional.
2.1. Andragogia e Pedagogia sua evolução histórica na educação
A educação de adultos é uma prática muito antiga que podemos compará-la
até com a história humana, mesmo sabendo que só recentemente se tornou
objeto de pesquisa científica, devido a evolução da história da educação.
Podemos exemplificar esta situação quando falamos da nossa herança cristã
apresentada no Livro Sagrado, quando Jesus fala aos seus apóstolos.por
excelência considerado o maior educador de adultos de todos os tempos, pois a
sua clientela era mista, ou seja; tinha pessoas analfabetas, como também
doutores e patriarcas, e até hoje conseguiu alcançar seus objetivos porque
continua transformando pessoas no mundo inteiro com sua mensagem de dois
mil anos atrás.
Confúcio, Lao Tse na China, Aristóteles, Sócrates e Platão na Grécia Antiga,
Cícero, Evelid e Quintilianna antiga Roma, foram também exclusivos educadores
de adultos, pois mesmo naquela época já tinham percepção que a aprendizagem
era um processo de ativa indagação e não apenas uma passiva recepção e
acúmulo de conteúdos transmitidos.
21
Apesar dos referenciais históricos mencionados acima, a história explícita da
Andragogia tem suas raízes na Pedagogia, pois a mesma tem como objetivo
ensinar, e que não podemos deixar de fazer um breve histórico.
No começo do século XVII na Europa, surgiram escolas para o ensino de
crianças com o objetivo de preparar rapazes para ingressar no serviço religioso.
Essas escolas eram conhecidas como Escolas Monásticas ou Catedrais e o
objetivo principal dos professores era doutrinação de jovens, a fé e rituais da
igreja. E com esse objetivo acumularam uma série de pressupostos sobre
aprendizagem ao que dominaram de “Pedagogia” . A palavra pedagogia significa
literalmente “a arte de ensinar criança”. A palavra de origem grega “paido” que
significa criança e “agogus” que significa educar.
Esse modelo de Educação Monástica ficou sendo o único até o século
XX,vindo a ser a base organizacional de todo o nosso sistema educacional. No
entanto, depois da Primeira Guerra Mundial nos Estados Unidos e na Europa
novas idéias e concepções começaram a surgir com relação a aprendizagem e o
aprendiz adulto. Vinte anos depois, pensadores desenvolveram essas concepções
e assumiram uma nova posição com relação a aprendizagem de adultos, como
((LINDEMAN, C. Eduard ) considerado um dos maiores contribuidores na
pesquisa de educação de adultos, menciona em seu trabalho “ The Meanig of
Adult Education” publicado em 1926.
a educação de adulto será através de situações e não de disciplinas.Nosso sistema acadêmico cresce em ordem inversa:disciplinas e professores constituem o centro educacional. Na educação convencional é exigido do estudante ajustar-se ao currículo estabelecido, na educação de adulto o currículo é construído em função da necessidade do estudante. Todo adulto se vê envolvido com situações específicas de trabalho, de lazer, de família da comunidade etc..., situações essas que exigem ajustamentos. O adulto começa nesse ponto. As matérias (disciplinas) só devem ser introduzidas quando necessárias. Textos e professores têm um papel secundário, nesse tipo de educação, eles devem dar a máxima importância ao aprendiz. (LINDEMAN, 1926,p.8-9)
Mesmo tendo sido publicado no início do século passado , a visão de
aprendizagem mencionada pelo autor acima referido, é que o aluno adulto já
22
estava preso as disciplinas, professores e currículos pré- estabelecidos, não
levando em conta as experiências específicas de família comunidade e trabalho
do mesmo. O que não mudou muito até hoje: apesar de estarmos no século XXI.
Na década de 40, apesar de já ter elementos suficientes para elaboração de
uma teoria de fácil compreensão sobre aprendizagem de adultos, existia um
grande problema que esses elementos estavam muito dispersos e necessitavam
de uma unificação. Nos anos de 1940 e 1950 a Psicoterapia colaborou muito com
a andragogia com a unificação e esclarecimento desses elementos, isto porque os
estudos dos psicoterapeutas estavam voltados para uma reeducação da
população adulta, quando (ROGERS), o psicoterapeuta mais específico na
educação de adultos, enfatiza que em geral a terapia é um processo de
aprendizagem.
Muitos outros pesquisadores deram suporte para a andragogia como ciência
da educação de adultos, devido as publicações à partir de 1949 dos seguintes
autores ( HARRY Overstreet’s The Mature Mind, Malcon Knowes Informal Adult
Education, em 1950, Edmund Brunner’s Overview of Research in Adult Education
1950, J R Kidd’s How Gdults Learn, 1959, J.R. Gibb’s, Handbook of Adult
Education in the U.S, 1960 e Harry L. Miller’s Teaching and Leaning in Adult
Education, 1964 ).
Em 1960, Malcon Knowles teve contato pela primeira vez com a palavra
andragogia e começou a construir um modelo andragógico de educação, no qual
fez uma antítese entre a Pedagogia e a Andragogia segundo ele o modelo
pedagógico transfere total responsabilidade ao professor sobre tudo o que vai ser
decidido,ensinado, como será ensinado e se foi aprendido. Tudo é feito pelo
professor e o aluno assume um lugar de submisso ou seja, ele não tem a
oportunidade de falar e nem expor suas experiências e dúvidas. No modelo
andragológico o professor aparece como um elemento facilitador, proporcionando
orientação, aconselhamento para que sejam atingidas as mentas desejadas pelo
grupo, o professor não assume aquela posição de falar “Vou lhes explicar o que
considero ser importante que saibam”.
23
Em 1973 Malcom Knowes define o termo Andragogia como “a ciência de
orientar adultos a aprender “, ou seja; não é só transmitir o conhecimento e o
aluno assimilar, mais sim incentivar o aluno através da sua orientação a
pesquisar e descobrir desenvolvendo assim o entusiasmo pelo aprendizado e a
sensação de que aquele conhecimento fará diferença em suas vidas e que aquilo
que ele está aprendendo não está apenas simplesmente preenchendo espaços
em seus cérebros.
2.2. Os Princípios da Andragogia
Nunca foi tão necessário aplicar a andragogia em sala como hoje, isso devido
a quantidade de pessoas adultas que estão freqüentando as instituições
universitárias, ou seja ; são as pessoas que terminaram o ensino médio a algum
tempo e estão retornando devido à uma série de fatores como: estão querendo
uma graduação para melhorar seu nível profissional ou até mesmo para se
manterem atualizados. Devido a esse assunto em questão, a andragogia que é a
ciência de orientar os adultos a aprender, fundamenta-se em alguns princípios que
são primordiais para o desenvolvimento e aprendizado, como podemos ver à
seguir:
O aprendente, ou aquele que aprende é autodirigido, o que significa que é
responsável pela sua aprendizagem, ele delimita o seu percurso educacional.Por
isso é importante que o professor esteja capacitado ao ponto de aplicar técnicas
de fácil compreensão e que esteja em constante sintonia com seus alunos, num
processo de mútua investigação e pesquisa e não apenas assumir uma posição
de transmitir conhecimentos e conceitos pré-fabricados e depois simplesmente
avaliá-los.
Dentro do modelo andragógico no processo de ensino e aprendizagem,
existem dois tipos de motivação externa e a motivação interna. Na motivação
externa o adulto sente necessidade e sabe o que quer aprender, porque este
aprendizado está ligado a melhorias em seu trabalho como: melhoria de cargo ou
24
posição dentro da empresa onde trabalha e melhoria em seu salário.Enquanto a
motivação interna já está mais relacionada ao seu crescimento cultural,
atualização e mais autoconfiança.
A experiência que o aluno tem é muito importante, pois é à partir dela que ele
vai ou não se dispor a participar de algum programa educacional. Partindo desse
princípio podemos dizer que todas as experiências devem ser aceitas e
valorizadas, isto porque elas podem servir de base para a formação dos alunos.
Outro princípio muito importante para aprendizagem de alunos adultos é o
conhecimento e as fontes de pesquisa que são apresentadas pelo professor, pois
nem sempre garantem o interesse dos alunos em aprender determinado
conteúdo.Essas fontes devem ser colocadas como opções que devem ficar a
disposição e livre escolha do aprendiz. Até porque, o adulto está pronto para
aprender, ele tem uma orientação mais pragmática do que a criança, ele sabe o
que quer e sua seleção de aprendizagem é mais natural, realista e ele não aceita
o que é imposto.
Sua retenção de conhecimento tende a decrescer, quando percebe que o
conhecimento que adquiriu não pode ser aplicado imediatamente. No entanto é
conveniente que o professor organize as experiências de aprendizagem de acordo
com as unidades temáticas que tenham sentido e sejam adequadas as tarefas que
os alunos realizarão nos diversos contextos de sua vida.
De acordo com os princípios e análise feita, a educação no contexto
andragógico requer pesquisa e diagnóstico que deve ser feita pelo professor com
relação às necessidades e interesses dos alunos. Os alunos devem ter uma
participação mais direta no planejamento de tarefas e objetivos, fazendo assim
com que se forme um clima informal e de cooperação, deixando o aluno a vontade
para retirar qualquer dúvida que apareça.
O conteúdo selecionado deve ser significativo para o aluno, pois é através
dele que todo o processo de ensino aprendizagem vai ser desenvolvido como
também a avaliação.
25
Apesar do conceito de Andragogia não ser consensual, afirma-se que a
prática docente do professor universitário pode ser significativamente melhorada
com adoção dos seus princípios.
2.3. Pedagogia Universitária
O curso de Pedagogia propõe-se a formar o professor enquanto profissional
do ensino ou seja, formar o profissional que exerce e responde pela educação
desenvolvida no âmbito da escola . Propõe-se igualmente a formar especialistas
nas várias áreas da atividade educativa.
Por formação entende-se o desenvolvimento total, completo e harmonioso
que envolve a aquisição de conhecimentos, atitudes e habilidades, no caso
referentes à educação em geral e ao processo de ensino aprendizagem que
acontece na escola, na sala de aula em particular. A técnica, a criatividade o
comprometimento com a educação enquanto prática social, são alvos
perseguidos. Se “saber fazer” no ensino é necessário imprescindível se faz saber
“por que”, “para que” e a “quem” ensinar. Isto requer aprendizado lento e contínuo,
a médio e a longo prazo, com vista a um aprofundamento crescente do significado
da prática e dos modos alternativos de fazê-la.Busca-se uma ação pedagógica
tecnicamente competente e que, politicamente, garanta o acesso e a permanência
na escola, principalmente na Educação básica para toda população brasileira.
Pedagogia como teoria crítica ou como arte e ofício pressupõem a
construção de um saber fazer pedagógico e saber ser professor é passar por uma
revisão permanente desta construção, pois bem sabemos que esse tipo de
construção nunca termina para um professor.
A universidade tem sido objeto de crítica praticamente desde que foi
inaugurada. E isto já faz quase um milênio. A crítica mais enfática teria sido a de
Max Weber no início do século XX quando ele se referiu aos feudos criados em
tornos de áreas do conhecimento, as relações de poder provenientes destes
aglomerados que poderiam barrar pessoas e idéias que não fossem convenientes
26
ele compara essa situação a posição de um reitor dentro de uma universidade.
Esta crítica tem se considerado atual, na medida em que ainda mantemos
aglomerados em torno de áreas de conhecimento e a conseqüente competição
entre elas, que era para alguns parece ser salutar e para outros não. No Brasil,
tivemos críticas do professor Luiz Arthur Giannotti da USP, resgatando a crítica de
Max Weber e cunhando o termo “faz de conta”, quando se refere ao ensino
superior. Esta crítica veio causar grande reboliço na universidade, já que era feito
de dentro da universidade. Depois desta crítica tivemos alguns teóricos, também
professores universitários , como é o caso de Pedro Demo, Cipriano Luckesi que
vão apresentar a crítica ao mesmo tempo em que apresenta uma proposta
metodológica de como fazer universidade, partindo do pressuposto de produção
textual e defesa das idéias pelos acadêmicos. São boas sugestões, por que
partem da idéia da boa vontade de todos os envolvidos para que funcione.
Sabemos que a realidade é outra, e existem outras razões. Que razões seriam
essas? Essas razões estão no cotidiano universitário e fora dele. É preciso haver
uma sintonia no tempo e no diálogo com os envolvido que no caso são os
universitários e professores, lembrando que o agir solidários não pode ficar restrito
a uma discussão sobre dimensão política da prática pedagógica, mas deve
envolver as outras dimensões, como a técnica e a étnica. No entanto, devem ser
criadas metodologias e tecnologias de ensino superior que visem principalmente o
desenvolvimento do pensamento complexo, da comunicação dialógica e de uma
ética solidária para a construção de uma sociedade mais justa, empreendedora de
projetos identificados como modo de produção alternativo, criador de outra
mentalidade. O fazer social de cada um e a relação com a competência
profissional em construção permanente, precisam se compatíveis com a
construção da cidadania plena e absolutamente interdependente.
27
3. A DIDÁTICA E A ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO
DE ENSINO
Durante muito tempo os manuais de Didática apresentavam um conjunto de
métodos e técnicas, as quais eram de tal eficiência, que ensinavam tudo a
todos.Com tal praticidade, poucos eram os professores que sentiam necessidade
de considerar as características pessoais dos estudantes, seus interesses e
motivação antes de planejar seus objetivos. Hoje no entanto, ao contrário das
concepções tradicionais, novos modelos educacionais apoiados em pesquisas
científicas, vêm contribuindo para mudar essa visão dos educadores, os quais
não admitem que em uma situação de aprendizagem o centro essencial da
atividade não está naquele que ensinamos mas naquele que aprende. Assim, não
há como deixar de considerar que o aprendizado dos estudantes é influenciado e
está intimamente ligado a maneira de como o professor vai planejar as atividades,
estratégias e adequá-las as necessidades e expectativas dos estudantes.
3.1. O Planejamento de ensino e o seu significado
O Planejamento requer do professor algumas habilidades distintas que estão
relacionadas a prática docente, pois como foi mencionado no capítulo anterior o
professor desempenha vários papéis, e um deles é o de planejador o qual
reconhece a importância do planejamento, sendo que nem todos planejam seus
cursos de maneira criativa, seguem simplesmente os capítulos de um livro texto
ou então utilizam o mesmo planejamento do ano anterior não tendo interesse de
pesquisar , se tem algo novo a ser acrescentado sobre o assunto que está sendo
transmitido ou pesquisado ou então apenas seleciona o material ( artigos,
resumos de monografias, resenhas e etc...) e coloca na xerox, o qual fica à
disposição do aluno.
28
Contudo, planejar faz parte do dia a dia do ser humano, pois estamos
constantemente enfrentando e participando de situações que não pertencem ao
contexto de nossa rotina. E essas situações precisam ser enfrentadas mediante a
utilização de procedimentos racionais para que suas conseqüências não sejam
insatisfatórias.
A partir do pressuposto básico, podemos dizer que existem várias definições
de planejamento, mas quase todas se referem a busca do equilíbrio entre meios e
fins , recursos e objetivos, construir desestruturar e reconstruir, mas se diferem
entre si em decorrência do quadro de referência teórico adotado por seus autores
ou seja os professores. Até mesmo porque , estudos sobre planejamento já
possibilitam a identificação de diferentes teorias de planejamento. Uma delas é a
que se vincula a Teoria Geral dos Sistemas, segundo (CARVALHO,1976,p.14) “o
planejamento envolve quatro elementos necessários para sua compreensão:
processo , eficiência, prazos e metas”.
Com estrutura nesses elementos mencionados, podemos aplicar o conceito
de planejamento as mais diversas atividades humanas. Então, planejamento
educacional pode ser definido como um processo sistematizado mediante o qual
se pode conferir maior eficiência as atividades educacionais para em determinado
prazo se alcançar objetivos estabelecidos, requerendo o conhecimento da
realidade. Por isso é necessário sondar o que os estudantes conhecem à respeito
do que vai ser ministrado, qual é o seu interesse nesse aprendizado e qual a real
necessidade desse conhecimento. A partir desse diagnóstico e que o professor vai
encontrar condições de elaborar um plano de ensino apoiado na realidade. E ai
então se inicia o processo de planejamento, que envolve a formulação de
objetivos, o conteúdo a ser ministrado e as estratégias que serão adotadas para
motivar e facilitar a aprendizagem.
Após a consolidação do plano, o professor executa as atividades necessárias
para o alcance dos objetivos pretendidos. Nessa etapa é que se desenvolvem as
ações didáticas (exposição, orientação de leituras e trabalhos em grupo).
Entretanto o processo de planejamento não termina com as atividades, é
indispensável verificar se as ações didáticas aplicadas foram suficientes para o
29
alcance dos objetivos. Chega então a vez da avaliação educacional, que tem
como objetivo interpretar através de coleta de dados o que foi assimilado pelo
aluno. Não podemos nos esquecer que essa avaliação não ocorre apenas no final
das ações educacionais mais ao longo de todo processo é por isso que podemos
falar que a avaliação pode ser Diagnóstica ocorre no início do processo quando
identificamos os conhecimentos e habilidades, a Formativa realiza-se ao longo do
processo e fornece dados necessários para aperfeiçoar o processo de ensino e
aprendizagem , Somativa é aquela que classifica os resultados de aprendizagem
de acordo com o aproveitamento do aluno, proporcionando assim no final da
unidade ou do curso a verificação se os objetivos que foram propostos foram
alcançados , a avaliação Emancipadora tem como requisitos básicos a análise, a
crítica e a transformação. Esse tipo de avaliação tem como propósito a
modificação e a melhora contínua do educando, fazendo assim que ele se
emancipe, tenha um senso de autocrítica e auto desenvolvimento.
No entanto, é necessário percebermos que são vários instrumentos
disponíveis para avaliação, independentes do tipo a ser utilizado, por exemplo:
num processo diagnóstico podemos utilizar o pré-teste e a observação, já na
avaliação somativa temos a prova e o questionário; no caso de uma avaliação
formativa já utilizamos o acompanhamento,a discussão em grupo, relatório, fichas
de avaliação de problemas e finalmente na avaliação emancipadora podemos
utilizar a figura do tutor como relator do processo evolutivo, auto-avaliação e
discussões dos pares.
A avaliação feita entre os pares, é um processo simultaneamente externo e
interno. Os alunos são colocados em situações de confronto,troca, interação,
decisão, que os levem a explicar, justificar e argumentar, podendo assim expor
idéias, dar ou receber informações para tomar decisões, planejar e dividir tarefas.
Ou seja, como podemos ver é um processo que induz ao apoio mútuo.
Ao diversificarmos os métodos utilizados, permitimos que os alunos apliquem
os conhecimentos que vão adquirindo, exercitem e controlem suas aprendizagens
e competências a desenvolver, necessitando para que isso aconteça de um
30
feedback constante do professor, o qual deve ser descritivo, específico, relevante,
periódico e encorajador.
O alcance dos objetivos, por parte dos alunos, é uma meta que exige
conhecer os resultados da avaliação pois o mesmo fica curioso e ansioso para
saber se tirou uma nota boa, se conseguiu aprovação no que ele foi avaliado.
Agora não podemos esquecer que por parte dos professores a avaliação faz com
que através de seu resultado haja uma melhora na qualidade do ensino.
A avaliação deve ser um espelho de todo o processo de aprendizagem, e não
resta-nos outra consideração se não a de que há uma profunda necessidade de
transformação de todo o sistema educativo, das instituições, da preparação do
docente, das estruturas curriculares e sobre tudo dos objetivos educacionais.
Vivemos em um momento de revolução de idéias, onde os indivíduos mesmo
que não tenham conhecimento teórico, apresentam conhecimento sobre os
requisitos da transformação social. E para que mudemos o rumo das escolhas de
prioridades, temos que desmencartilizar para humanizar, isso porque segundo
(FREIRE,1996)
O sistema de avaliação pedagógica de alunos e professores vêm se assumindo, cada vez mais, como discursos verticais, de cima para baixo, mais insistindo em passar por democrático. A questão que se coloca a nós enquanto professores e alunos críticos e amorosos da liberdade, não é , naturalmente ficar contra a avaliação enquanto instrumento de apreciação do que fazer de sujeitos críticos a serviço,por isso mesmo, da libertação e não da domesticação. Avaliação em que se estimule o falar a como caminho do falar com.
A educação de resultados como podemos ver, não tem mais espaço, as
necessidades do mundo e até do próprio mercado exigem profissionais mais
humanizados e humanizadores, que tenham uma visão crítica do mundo, que
possam enfrentar desafios constantes e que sejam criativos.
Para que o processo de avaliação assuma um novo rumo, é necessário o
resgate de sua função diagnóstica ou seja, a avaliação deverá ser um instrumento
dialético do avanço, um instrumento de identificação de novos rumos como
menciona (LUCKESI, 1995,p.43) “Enfim terá de ser o instrumento de
31
reconhecimento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a
serem perseguidos”
Isto significa, que diante dos grandes desafios que nos são impostos,
devemos buscar medidas que nos levem a reformular a nossa prática avaliativa.
Mesmo assim, ainda constatamos , que algumas instituições ainda existem
professores que utilizam as provas como ameaça e tortura prévia, fazendo com
que a avaliação seja vista como um fator negativo de motivação. Os alunos são
conduzidos a estudar, pensar e agir em função de uma nota para ser promovido,
causando muitas das vezes problemas pedagógicos e stress.
A aprendizagem nesse contexto, deixa de ser algo prazeroso e solidário para
o aluno, passando assim, a ser um processo solitário e desmotivador, contribuindo
para a seletividade social,ou seja, para atender as exigências do sistema
econômico vigente. Segundo (HOFFMANN,1996,p.66)
quando a finalidade e seletiva, o instrumento de avaliação é constatativo, prova é irrevogável. Mas as tarefas deveriam ter o caráter problematizador e dialógico, momentos de trocas de idéias entre educadores e educandos na busca de um conhecimento gradativamente aprofundado.
Analisando a avaliação por esse lado, entendemos que quando esta havendo um processo classificatório, não há outra maneira a não ser a prova para se tornar o processo de seleção mais eficaz. Agora se tratando de outras tarefas, essas sim podem ter momentos de trocas de idéias entre professores e alunos. No entanto, podemos dizer que dentro de um processo de avaliação encontramos divergências, contradições, discrepâncias e todos esses problemas são originados e conseqüentes da inexistência de um Projeto Político e Pedagógico que contemple o processo de avaliação de aprendizagem.
3.2 Os níveis do Planejamento
Até agora tivemos uma visão bem ampla do planejamento educacional. No
entanto, alguns autores em Educação tratam o planejamento em diferentes níveis,
como é o caso de (VASCONCELLOS,1995,p.53) “o planejamento do Sistema de
Educação é o de maior abrangência, corresponde ao planejamento que é feito em
32
nível nacional, estadual e municipal”, para (LIBÂNEO,1992,p.221) “ É um processo
de racionalização,organização e coordenação da ação docente,articulando a
atividade escolar e a problemática do contexto social”. Assim então, procura-se a
seguir caracterizar quatro níveis de planejamento. O planejamento educacional
está sob responsabilidade das autoridades educacionais no âmbito do Ministério
da Educação, do Conselho Nacional de Educação e dos órgãos estaduais e
municipais, refere-se diretamente à ação governamental,pois vincula o sistema
educacional ao desenvolvimento socioeconômico do país, do estado ou do
município. Trata-se de um planejamento a médio e longo prazo, pois o diagnóstico
tem que ser claro e preciso da situação educacional do país, a definição das
bases filosóficas que darão suporte a ação governamental, a avaliação dos
recursos humanos, materiais e financeiros requeridos e os fatores também que
podem interferir em seu desenvolvimento.
Os produtos do planejamento educacional são constituídos na maioria das
vezes por documentos, política de planos e projetos capazes de orientar e
fornecer os meios necessários ao alcance dos objetivos da Educação.
Quanto ao planejamento institucional, podemos caracterizá-lo de duas
maneiras como político,porque estabelece o compromisso com a formação do
cidadão para conviver em sociedade e pedagógico porque define os propósitos e
a forma de efetivação das ações educativas.
O planejamento institucional , que é uma exigência do Ministério da
Educação, é desenvolvido pelas Instituições de Ensino Superior (IES), as quais
elaboram a cada cinco anos o seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI).
O teor desse documento é muito importante, pois é nele que vai constar a
identificação da instituição, a sua filosofia de trabalho, a missão que propõe
realizar, o que pretende desenvolver, a sua estrutura organizacional e quais são
as diretrizes que orientam suas ações.
Para elaborar o planejamento institucional, antes de mais nada a instituição
precisa definir qual vai ser a sua missão institucional e os seus objetivos gerais;
como também descrever quais são suas metas, a organização didático
33
pedagógica, acadêmica e administrativa, quais os cursos e programas que serão
oferecidos nesse período, e de tudo que foi mencionado não podemos esquecer
que é necessário também o projeto de acompanhamento e avaliação do
desempenho da instituição
A elaboração desse projeto (PDI) é de suma importância, porque é através
dele que a instituição vai poder refletir sobre o seu presente,passado e futuro. Os
pontos positivos e negativos, as ameaças e quais oportunidades que pode ter, de
acordo com o desempenho de sua avaliação. Quando a avaliação da instituição é
positiva , podemos dizer que o PDI foi elaborado através de uma equipe muito
bem organizada, a qual envolveu toda parte técnico-administrativa em conjunto
com professores e alunos. Quando ocorre esse trabalho em conjunto, onde todos
expõem suas idéias e chegam a um denominador comum, o PDI passa a ser visto
como uma carta de compromissos em que a instituição com toda a sua equipe
(dirigentes,docentes,discentes , técnico administrativo e o MEC) estão trabalhando
juntos para atingirem as metas da instituição.
O Planejamento Curricular, é uma tarefa multidisciplinar que orienta a ação
educativa na instituição universitária e tem por objeto, a organização de um
sistema de relações que podem ser lógicos como também psicológicos dentro de
um ou vários campos do conhecimento, no qual sempre favoreça o processo de
ensino aprendizagem.
A preocupação básica do planejamento curricular é com a previsão das
atividades que o estudante realiza sob orientação da instituição com objetivo de
atingir fins pretendidos.
O Planejamento Curricular desenvolve-se em harmonia com o planejamento
institucional. Isto porque durante alguns anos, as instituições superiores tinham
pouca margem de liberdade para realizar o seu planejamento curricular, devido a
rigidez característica da legislação anterior que tinha uma fixação detalhada no
currículos mínimos. Contudo, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394
de 20 de dezembro de 1996, que vigora atualmente essa situação mudou pois
34
agora esta lei já confere as instituições de ensino superior de fixarem seus cursos,
desde que sejam observadas pelas diretrizes curriculares gerais.
As diretrizes curriculares gerais que são definidas pelo Conselho Nacional de
Educação para os diferentes cursos e asseguram as instituições de ensino
superior ampla liberdade para composição da carga horária a ser cumprida para a
integralização dos currículos, assim como na especificação das unidades de
estudo a serem ministradas, os tópicos ou campos de estudo e demais
experiências de ensino-aprendizagem que irão fazer parte dos currículos, mas
evitam ao máximo a fixação de conteúdos específicos com cargas horárias
predeterminadas, que não poderão exceder 50% da carga horária total dos
cursos.
Quando são estabelecidas dessa forma,as Diretrizes Curriculares asseguram
ampla flexibilidade às diferentes instituições de ensino superior na elaboração de
seus currículos que dessa forma, passam a dispor de melhores condições para
atender as diversas necessidades de sua clientela como também às
peculiaridades das regiões nas quais estão inseridas. Por outro lado essas
diretrizes necessitam ser mais criativas e responsáveis.
O Planejamento do Ensino é o que se desenvolve em nível mais concreto e
ele está sob responsabilidade dos professores. Ele é estruturado no planejamento
curricular, e visa o direcionamento sistemático de atividades a serem
desenvolvidas dentro e fora da sala de aula com vistas a facilitar o aprendizado
dos estudantes.
Esse tipo de planejamento na maioria das vezes é planejado somente pelo
professor responsável pela disciplina, mas recomenda-se que mais professores
compartilhem a responsabilidade de sua elaboração. Quando isso ocorre, o
planejamento recebe o nome de cooperativo, o qual favorece crescimento
profissional , o respeito à diversidade, o ajustamento a mudanças, o exercício da
autodisciplina e da democracia.
Para o planejamento do ensino, o professor procede inicialmente do
diagnóstico da realidade em que se insere a disciplina Essa realidade que
35
mencionamos envolve as necessidades e as expectativas dos alunos com relação
a essa disciplina, como também a importância do status da mesma no contexto do
curso e os recursos disponíveis para o seu desenvolvimento.
Com base desse diagnóstico, o professor define os objetivos da disciplina ,
determina o seu conteúdo programático, selecionam as estratégias , os recursos
de ensino e define os procedimentos que serão adotados para a avaliação.
A medida que o curso vai se desenvolvendo ele tem oportunidade de receber
feedback dos estudantes e dessa maneira analisar se ele precisa fazer alguma
mudança. Se o feedback não for muito satisfatório, ele pode proceder alterações
no planejamento pois o mesmo é flexível, favorecendo melhoria de qualidade do
curso. Dessa forma , os estudantes tornam-se co-participantes desse processo,
caracterizando-o assim como planejamento participativo.
Como podemos analisar até agora, todas essas ações desenvolvidas durante
o curso, podem indicar a necessidade de mudanças. Assim o professor pode
proceder ao replanejamento do seu curso, redefinindo seus objetivos,
acrescentando conteúdo ou mudando suas estratégias sempre visando a melhor
aprendizagem.
3.3 Elaboração de um plano de ensino
Todas as decisões tomadas na realização do planejamento, dão origem a
documentos que habitualmente são chamados de planos . Dessa forma , o
planejamento educacional que é desenvolvido pelas autoridades governamentais,
dá origem aos planos nacionais, estaduais ou municipais de educação. Esses
planos são abrangentes e costumam se subdividir em projetos ou programas.
Podemos então definir projetos como descrições detalhadas de determinados
empreendimentos a serem realizados, com o esclarecimento dos recursos
necessários para o seu alcance. Os programas é o conjunto de projetos com
objetivos desenvolvidos em um determinado âmbito.
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Quanto ao Planejamento Institucional, podemos dizer que ele está ligado
mais a instituição, pois é ele que conduz a elaboração do Projeto Político
Pedagógico como também o Plano de Desenvolvimento Institucional.
O Planejamento Curricular que é elaborado no âmbito da instituição, fica
responsável pelos planos de curso, objetivos dos cursos que a instituição oferece,
da clientela que ele quer atingir, da estrutura curricular, das condições para
procedimento de inscrição e de como será a avaliação.
As decisões decorrentes do planejamento em planos de ensino estão sob a
responsabilidade dos professores. São os professores que elaboram o plano da
disciplina, que envolve de forma global as ações a serem desenvolvidas durante o
ano ou durante o semestre. Depois dessa parte definida, eles elaboram os planos
de unidade, orientam sua ação em relação a cada uma das partes do plano da
disciplina. Cada uma dessas partes ou unidades corresponde às ações a serem
desenvolvidas no decorrem de um determinado número de aulas. A partir daí, à
medida que se especificam as atividades a serem desenvolvidas em cada uma
das aulas , é que o professor elabora também os seus planos de aula.
O Plano de disciplina constitui uma previsão das atividades a serem
desenvolvidas ao longo do semestre ou do ano letivo, como também esclarecer
sobre os objetivos gerais,conteúdo programático,estratégias de ensino, recursos
didáticos e procedimentos de avaliação.
Ele pode ser considerado também apenas como um roteiro abreviado e
esquemático, onde seu valor principal está inserido no caráter pessoal de quem o
executa. Porém, ele deve ser lido e analisado por outras pessoas na
instituição,como: coordenadores de curso, professores responsáveis por outras
disciplinas e assessores pedagógicos.
Na elaboração de um plano de disciplina, não podemos deixar de nortear
alguns princípios que são importantíssimos para que os objetivos sejam
alcançados. Devido a esses princípios, o plano de disciplina deve estar
intimamente relacionado ao plano curricular para garantir a coerência do curso.
37
O Plano de Disciplina deve ser elaborado com uma linguagem clara, precisa
e concisa, isto é, para que todos que tiverem acesso ao mesmo entendam o que
ele quer dizer. Precisa ter como base objetiva realistas,levando em consideração
os meios que são disponíveis dentro da instituição para alcançá-los. Como
também, ele tem que prever o tempo suficiente para garantir que os alunos
assimilem o conteúdo. E a partir do momento que os alunos assimilaram o
conteúdo, a avaliação torna-se mais objetiva transparecendo sua eficiência e
eficácia.
Outro fator muito importante dentro da elaboração de um plano de disciplina
é a sua flexibilidade, pois através dessa flexibilidade o professor terá possibilidade
de ajustar situações que não foram previstas.
Na realidade não existe um modelo rígido de plano a ser seguido. Isto porque
deve apresentar numa seqüência coerente os elementos que são considerados
essenciais para que o professor elabore seu plano de disciplina visando a eficácia
do processo de ensino-aprendizagem, como vamos relatar a seguir.
Na Identificação do Plano, há uma apresentação de dados como:data,nome
da instituição, curso, disciplina, nome do professor período ou
semestre,turno,carga horária,classes em que é aplicado,número de alunos em
cada classe e monitores. A inclusão desse elemento no plano é importante o
plano de disciplina pode ser consultado por outras pessoas dentro da instituição
além do professor que o elaborou
Os Objetivos constituem o elemento central do plano, como também em
qualquer atividade educacional. São geralmente expressos em termos de
comportamento esperado pelos estudantes. Os professores ao elaborá-los, devem
fazê-los na perspectiva da formação de habilidades a serem desenvolvidas pelos
alunos. Essas habilidades são classificadas em cognitivas, sociais e atitudinais
Há níveis diferenciados de objetivos, e eles podem ser classificados em
objetivo geral que são aqueles alcançados a longo prazo, como também ele pode
ser específico, o qual expressa uma habilidade específica a ser pretendida ou
alcançada.
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No entanto e preciso destacar, que os objetivos de uma maneira geral,
quando deseja deixar clara uma ação pretendida, o professor ao elaborá-lo deve
sempre inicia-lo com o verbo no infinitivo, porque indicará a habilidade desejada.
Contudo, se o professor desejar indicar outra habilidade no mesmo objetivo, deve
usar o verbo no gerúndio.
A formulação dos objetivos está diretamente relacionada à seleção de
conteúdos. O Conteúdo, corresponde aos temas e assuntos que serão estudados
em determinada disciplina com o alcance dos objetivos formulados e pretendidos
pelo professor. Esses temas podem ser divididos e organizados em unidades de
ensino. É recomendável que não ultrapasse de cinco unidades por semestre, as
quais devem ter duração de três ou quatro semanas no máximo.
Desde que houve a implantação das diretrizes curriculares, o conteúdo
deixou de ser visto como orientador de planejamento e passou a ser um meio de
concretização de objetivos.
A Ementa é um resumo dos conteúdos que irão ser trabalhados no plano de
ensino, como podemos observar no exemplo à seguir:
Exemplo:
Disciplina: Metodologia Científica
Ementa: A lógica dos procedimentos científicos. Planejamento de
pesquisa,coleta, análise e interpretação de dados . Redação de trabalhos
científicos.
Na seqüência dos elementos que são importantes para elaboração de um
plano de ensino, não podemos deixar de falar da Bibliografia, nessa parte o
professor apresentará sugestões de leituras para melhor compreensão do
conteúdo. O professor deve ser bem claro em relação ao livro ou ao artigo a ser
consultado, como também tomar cuidado com as listas muito extensas de material
a ser lido, consultado e obras de difícil acesso. Seria ideal que essa bibliografia
seja subdividida em duas partes (bibliografia básica e complementar) . É
necessária esta divisão até mesmo porque o responsável pela biblioteca da
instituição defina a quantidade de material a ser adquirido.
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O plano de disciplina não pode deixar de conter os recursos que serão
utilizados. Com o avanço das novas tecnologias da informação e comunicação, o
professor passou a dispor de uma grande variedade de recursos que vais desde o
mais simples quadro de giz, álbum seriado,cartazes, a mais sofisticada tecnologia
como data show transparências coloridas,hipertextos,vídeos e outras, a fim de
organizarem situações didáticas para planejar sua aula.
O Cronograma faz parte também da elaboração do plano de disciplina, pois
nele constarão as datas de início e término das unidades.
Complementando esses elementos , não podia faltar a avaliação. É ela que
vai verificar se os objetivos do plano de ensino foram alcançados ou não.
Plano da Unidade é um documento mais pormenorizado que o plano de
disciplina. Nesta parte os objetivos são mais operacionais, pois designam clara e
precisamente os comportamentos esperados pelos alunos; nele os conteúdos são
apresentados de maneira mais discriminada, assim como as estratégias de
ensino, os recursos e procedimentos para avaliação.
Os elementos que compõem os planos de unidade são praticamente os
mesmos utilizados na elaboração dos planos de disciplina.
Depois da elaboração do plano de disciplina e plano de unidade o professor
pode elaborar o seu plano de aula . No Ensino Superior existem até professores
que elaboram plano de aula sem que tenham realizado planos de unidade,nem
mesmo plano de disciplina. A rigor o que vai prevalecer é o que ele falar, já que o
conteúdo ministrado não decorre de objetivos formulados.
Quando o professor elabora cuidadosamente o plano de disciplina e o plano
de unidade, com objetivos claros,especificação de conteúdos, determinação de
estratégias e recursos mais eficazes, bem como os procedimentos de avaliação, a
elaboração do plano de aula se torna bastante simples.
O que é importante do ponto de vista do ensino, é deixar claro que o
professor necessita planejar,refletir sobre sua ação, pensar sobre o que faz
antes,durante e depois.
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O ensino superior tem características muito próprias porque objetiva a
formação do cidadão, do profissional, do ensinar e aprender saberes e pesquisas,
do sujeito enquanto pessoa, enfim uma formação que habilite o sujeito em todos
os sentidos sempre visando mudanças na sociedade.
41
CONCLUSÃO
O presente estudo teve início a partir do problema em que é colocada em
questão a formação do professor universitário no Brasil, a importância da didática
na formação do docente que atua no Ensino Superior e a busca daqueles
profissionais que são graduados em outras áreas por um pós-graduação em
docência do ensino superior.
Após a análise do material bibliográfico , podemos validar a hipótese, mais
não deixando de acrescentar que a didática aplicada no ensino superior está
interligada com técnicas e métodos, as quais colaboram na formação do
professor, mais não tem força de criá-lo. Isto porque a arte de ensinar passa do
aprendizado ao conhecimento, da formação ao desejo de modificar.
O professor é visto como um elo entre o aprender e o ensinar, mais na
verdade ele tem que ser considerado também como um mediador pois não
transmiti só conhecimento ele também troca experiências como também incentiva
a pesquisa e elaboração de projetos. Até porque ele dentro de uma sala de aula
em qualquer instituição de ensino ele pode desempenhar vários papéis
Não podemos afirmar que após de graduados ou pós-graduados, o professor
se torna um sujeito acabado, pronto. Isto porque ele tem que está reconstruindo o
que está construído, pois assim ele será capaz de formar indivíduos capazes de
provocar profundas modificações sociais.Indivíduos com princípios éticos,
cidadãos para exercer a cidadania. Porém o professor para formar cidadãos , ele
não pode ficar preso só a Pedagogia ele precisa aplicar a Andragogia pois ele
está trabalhando com adultos.
Para contribuir com esse estudo realizado pode-se sugerir novas pesquisas
sobre como está sendo aplicada a didática no ensino superior nas instituições
públicas e privadas, pois até recentemente não se verificava preocupação
explícita das autoridades políticas.
42
Outra sugestão, seria uma pesquisa mais profunda com relação ao que foi
mencionado no capítulo 2 sobre a andragogia, pois até então só se fala em
pedagogia. Mesmo sabendo que o termo pedagogia tem sua origem relacionada a
crianças. Sendo que nas universidades o corpo discente é constituído por adultos.
Não poderíamos também deixar de mencionar sobre a didática que está
sendo aplicada na graduação e pós-graduação a distância, partindo do princípio
que o professor praticamente só encontra com seu aluno no período de avaliação.
Apesar de ser um tema polêmico e novo, podemos dizer que existe um número
não muito considerável de professores com habilidades em tecnologias
educacionais para exercer tal função.
Concluindo, podemos dizer que cabe a didática do ensino superior,enquanto
disciplina curricular, enquanto área de formação e intervenção refletir sobre a
realidade e possibilidades de mudanças visando sempre organização do trabalho
pedagógico frente às necessidades históricas de formação humana para a
transformação da sociedade.
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CARVALHO, Horácio Martins de. Introdução a Teoria do
Planejamento. São Paulo: Brasiliense,1976.
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2006.
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HOFFMANN,Jussara. Avaliação Mediadora uma prática em
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44
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graduação no Brasil . São Paulo: Libertad, 1995.
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www.capes.gov.br (acesso em 22/11/2006)
www.anhembi.br (acesso em 22/11/2006)
www.serprofessoruniversitáriopro.br (acesso em 20/11/2006)
www.serprofessoruniversitáriopro.br (acesso em 26/11/2006)
45
ANEXO
46
47
ÍNDICE
CAPA......................................................................................................................01
FOLHA DE ROSTO................................................................................................02
DEDICATÓRIA.......................................................................................................03
AGRADECIMENTO................................................................................................04
EPÍGRAFE..............................................................................................................05
RESUMO................................................................................................................06
ABSTRACT............................................................................................................07
SUMÁRIO...............................................................................................................08
INTRODUÇÃO........................................................................................................09
1. FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NO BRASIL.......................11
1.1. O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO.................................................................11
1.2.QUALIFICAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NO BRASIL..............14
48
1.3.QUAIS SÃO OS PAPÉIS QUE O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO PODE DESEMPENHAR...............................................................................................17
2. PEDAGOGIA E ANDRAGOGIA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO.................................................................................................20
2.1.ANDRAGOGIA E PEDAGOGIA SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA NA EDUCAÇÃO......................................................................................................20
2.2.OS PRINCÍPIOS DA ANDRAGOGIA...............................................................23
2.3.PEDAGOGIA UNIVERSITÁRIA.......................................................................25
3. A DIDÁTICA E A ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO DE ENSINO...........27
3.1.O PLANEJAMENTO DE ENSINO E O SEU SIGNIFICADO...........................27
3.2.OS NÍVEIS DO PLANEJAMENTO...................................................................31
3.3.ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE ENSINO.................................................35
CONCLUSÃO.........................................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............... ......................................................43
ANEXO...................................................................................................................45
49
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
TÍTULO DA MONOGRAFIA:
A DIDÁTICA E OS PROBLEMAS QUE OCORREM COM O DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR.
ANGELA MARIA LIMA SALDANHA
Orientador Prof. M.S.NILSON GUEDES DE FREITAS
DATA DA ENTREGA:27/01/2007
AVALIADO
POR:____________________________________GRAU___________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
___________________,______de________________________de 200____.