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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO RICARDO PARANHOS MARQUES ASPECTOS DA PERSONALIDADE NO TESTE PALOGRÁFICO DE CANDIDATOS Á CARTEIRA DE HABILITAÇÃO. MACEIÓ - AL 2014

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

RICARDO PARANHOS MARQUES

ASPECTOS DA PERSONALIDADE NO TESTE PALOGRÁFICO

DE CANDIDATOS Á CARTEIRA DE HABILITAÇÃO.

MACEIÓ - AL

2014

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RICARDO PARANHOS MARQUES

ASPECTOS DA PERSONALIDADE NO TESTE PALOGRÁFICO DE CANDIDATOS

À CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO.

Monografia apresentada à Universidade Paulista / UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão de Curso de Pós-Graduação “Latu Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Robson Lúcio da Silva Meneses.

MACEIÓ - AL

2014

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RICARDO PARANHOS MARQUES

ASPECTOS DA PERSONALIDADE NO TESTE PALOGRÁFICO DE CANDIDATOS

À CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO.

Monografia apresentada à Universidade Paulista / UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão de Curso de Pós-Graduação “Latu Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVAD0 EM: ______/______/______

__________________________________________________

PROF. MS. ROBSON LÚCIO DA SILVA MENESES

ORIENTADOR

__________________________________________________

PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais,

Darcílio Marques Filho

Maria Natalina Paranhos Marques.

À minha esposa,

Noelle Fonseca Cabral.

Em especial,

Minha avó.

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos a todos que, de alguma forma, contribuíram para a

realização deste trabalho. Em especial:

A Deus, por me conceder a oportunidade de receber uma educação que,

infelizmente, ainda é um privilégio de poucos.

Aos meus pais, pelo apoio e amor incondicional em todos os momentos.

À minha esposa, pelo suporte e incentivo constantes.

Aos coordenadores e colaboradores do curso de Pós-Graduação em

Psicologia de Trânsito de Maceió / AL, pela dedicação e trabalho.

E a todos os professores do curso, pelo aprendizado. Em especial, o Prof. Dr.

Manoel Ferreira do Nascimento Filho pela ajuda fundamental na conclusão deste

trabalho.

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Nós não vemos o que vemos, nós vemos o

que somos. Só vêem as belezas do mundo,

aqueles que têm belezas dentro de si.

(Rubem Alves)

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RESUMO

Esta pesquisa objetivou comparar as avaliações e os pareceres realizados no teste Palográfico por dois peritos examinadores, assim como verificar possíveis características de personalidade que diferenciem os candidatos considerados aptos e inaptos na Avaliação Psicológica Pericial. Participaram 60 candidatos à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação que passaram pelo processo de Perícia Psicológica numa clínica credenciada pelo DETRAN do interior de Minas Gerais, no período entre 01/10/2012 a 31/10/2012. Nesta pesquisa foram avaliados dados quantitativos referentes aos aspectos de: Produtividade Total, Níveis de Oscilação Rítmica (NOR), Agressividade, Emotividade e Impulsividade. Para a avaliação da Emotividade e da Agressividade também foram considerados dados qualitativos. Os protocolos foram corrigidos por dois psicólogos e os resultados comparados. Houve uma grande concordância entre os pareceres dados, assim como correlações altas e significativas na mensuração dos traçados avaliados. Em relação aos candidatos aptos e inaptos, a variável Produtividade total apresentou diferenças mais significativas, sendo que os inaptos apresentaram uma Produtividade mais rebaixada, em relação aos aptos. Ainda, verificou-se que os candidatos considerados inaptos mostraram-se mais passivos e com dificuldade de tomar decisões. Palavras-chave: Palográfico, Avaliação Psicológica, Motoristas, Psicologia do Trânsito.

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ABSTRACT

This study aimed to compare the analysis and conclusions in the Palographic carried out by two expert investigators, as well as to verify possible personality characteristics that differ from able to unable drivers in the Expert Psychological Evaluation. The period from 01/10/2012 to 31/10/2012, 60 applicants to driver's license that were in the Expert Psychological process in a authorized clinic by DETRAN in a city from Minas Gerais participated in the study. In this study were evaluated the values about Palographic Total Productivity, ROL – Rhythm Oscillation Levels, Emotionality, Aggressively and Impulsivity. The protocols were corrected by two psychologists and the results were compared. There was a great agreement among the given conclusions, as well as high and significant correlations in the measurement of the evaluated plots. In respect to able and unable applicants, the Productivity variable showed more significant differences; the unable ones presented a lower productivity, with no proper control of it. It was also noted that the unable applicants showed themselves as more passive and difficulty in making decisions. Key-words: Palographic, Psychological evaluation, Drivers, Traffic psychology.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação dos Aspectos da Personalidade ........................................ 39

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Esquema do Simbolismo do Espaço. ......................................................... 30

Gráfico 1 – Percentil de concordância entre Pareceres de dois Psicólogos Peritos. 41

Gráfico 2 – Percentil da Produtividade entre os candidatos aptos. ........................... 43

Gráfico 3 – Percentil da Produtividade entre os candidatos inaptos. ........................ 44

Gráfico 4 – Percentil do Nível de Oscilação Rítmica entre os candidatos aptos. ...... 45

Gráfico 5 – Percentil do Nível de Oscilação Rítmica entre os candidatos inaptos. ... 45

Gráfico 6 – Percentil da Agressividade entre os candidatos aptos. ........................... 46

Gráfico 7 – Percentil da Agressividade entre candidatos inaptos. ............................. 47

Gráfico 8 – Percentil da Emotividade entre os candidatos aptos. ............................. 48

Gráfico 9 – Percentil da Emotividade entre os candidatos inaptos. ........................... 49

Gráfico 10 – Percentil da Impulsividade entre os candidatos inaptos. ...................... 50

Gráfico 11 – Percentil da Impulsividade entre os candidatos inaptos. ...................... 50

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

AP – Avaliação Psicológica

AT – Acidentes de Trânsito

CFESP – Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (extinto)

CFP – Conselho Federal de Psicologia

CRP – Conselho Regional de Psicologia

CMTC – Companhia Municipal de Transporte Coletivo

CNH – Carteira Nacional de Habilitação

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

CRP – Conselho Regional de Psicologia

CTB – Código de Trânsito Brasileiro

DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito

DNIT – Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito

EP – Entrevista Psicológica

IDORT – Instituto de Organização Racional do Trabalho (extinto)

ISOP - Instituto de Seleção e Orientação Profissional (extinto)

PMK – Psicodiagnóstico Miocinético

PPET – Psicólogo Perito Examinador de Trânsito

SATEPSI – Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

TCLE – Termo de Consentimento Livre Esclarecido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 17

2.1 A Psicologia do Trânsito no Brasil ............................................................ 17

2.2 Avaliação Psicológica Aplicada ao Trânsito ............................................ 23

2.3 Principais Problemas Enfrentados pela Avaliação Psicológica da Personalidade em Contexto de Trânsito ............................................. 25

2.4 O Teste Palográfico .................................................................................... 29

2.5 Pesquisas sobre Aspectos da Personalidade e Trânsito ........................ 33

3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 37

3.1 Ética ............................................................................................................. 37

3.2 Tipo de Pesquisa ........................................................................................ 37

3.3 Universo ...................................................................................................... 37

3.4 Sujeitos da Amostra ................................................................................... 37

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ............................................................. 38

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados ...................................................... 38

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados .................................................. 39

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 41

4.1 Produtividade .............................................................................................. 42

4.2 Nível de Oscilação Rítmica – NOR ............................................................ 44

4.3 Agressividade ............................................................................................. 46

4.4 Emotividade................................................................................................. 47

4.5 Impulsividade .............................................................................................. 49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 53

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 56

ANEXO ................................................................................................................. 58

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1 INTRODUÇÃO

Acidente de Trânsito (AT) é toda ocorrência, fortuita ou não, decorrente do

envolvimento em proporções variáveis do homem, do veículo, da via e demais

elementos circunstanciais, da qual tenha resultado: morte, ferimento, dano, estrago,

avaria, ruína, etc. Atribui-se à gravidade do acidente o tipo do resultado produzido,

podendo aquela ser dividida em: 1) acidente com morto, em que tenha ocorrido pelo

menos uma fatalidade, independentemente da quantidade de pessoas e de veículos

envolvidos; 2) acidente com ferido, em que tenha havido pelo menos um ferido

(lesão leve ou grave) e; 3) acidente sem vítimas, onde todas as pessoas envolvidas

tenham saído com ausência de lesões (DNIT, 2010). De acordo com dados do

Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, em 2011 ocorreram

182.900 acidentes de trânsito no Brasil, sendo que desses, 7.073 resultaram em

mortes. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2010 foram 40.989 óbitos

resultantes de acidentes em vias terrestres.

Araújo, Malloy-Diniz e Rocha (2009) afirmam que diversos fatores interagem

para a ocorrência de acidentes de trânsito: os que influenciam a exposição ao risco,

como fatores econômicos e demográficos; os que influenciam diretamente no

envolvimento em acidentes, como velocidade excessiva ou inapropriada para a via,

uso de substâncias psicoativas e/ou entorpecentes, ser usuário vulnerável (como

idosos, crianças), dirigir no escuro, fatores mecânicos, defeitos e outros problema

relativos à via de tráfego e; os que influenciam na gravidade do acidente e na

gravidade das lesões.

Shinar (19781) citado por Lamounier e Rueda (2005) afirma que de todos os

fatores envolvidos, 80% dos acidentes de trânsito são causados por fatores

humanos. Sabey e Staughton (19752), também referenciados por Lamounier e

Rueda (2005), corroboram essa afirmação, ressaltando que 57% deles são devidos

unicamente ao fator humano. As infrações de trânsito são percebidas como uma

penalidade ao mau comportamento que pode expor o condutor e os demais usuários

da via à situações de risco e, por sua vez, ocasionar em acidentes. Desse modo, as

1 SHINAR, D. (1978). Psychology on the road: The Human Factor in Traffic Safety. Nova York: Wiley & Sons.

2 SABEY, B.E. & STAUGHTON, G.C. (1975). Interacting roles of road environment, vehicle and road users in accidents. Paper presented at the 5th International Conference of the International Association for Accident and Traffic Medicine. Londres.

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investigações dos fatores humanos como responsáveis pelas ocorrências de

acidentes de trânsito se torna relevante.

A Psicologia do Trânsito surgiu na década de 1950 – década do crescimento

automobilístico no Brasil – com a finalidade de estudar, por meio de métodos

científicos válidos, o comportamento de motoristas e os fatores que os alteram, na

tentativa de minimizar o impacto negativo dos mesmos no contexto de trânsito.

Trata-se de uma área aplicada da Psicologia com muitas interfaces,

predominantemente com a Avaliação Psicológica (AP) que, por sua vez, já era

utilizada no país, desde a década de 1930, como instrumento de seleção profissional

de futuros trabalhadores das ferrovias de São Paulo.

Porém, um dos maiores problemas atualmente diz respeito aos poucos

estudos que são realizados, no que concerne aos instrumentos psicológicos e sua

capacidade de atuar de forma preventiva e preditiva no comportamento dos

motoristas. Além disso, existe uma outra dificuldade vivenciada pelo próprios

profissionais que utilizam a AP que refere-se à falta ou insuficiência de critérios para

considerar um motorista ou candidato à motorista como inapto temporário a exercer

essa função.

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2000), a Psicologia de

Trânsito “é uma área da Psicologia que investiga os comportamentos humanos no

trânsito, os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que

os provocam ou os alteram” (p.10). Desse modo, as técnicas da Avaliação

Psicológica devem ser empregadas pelos psicólogos de trânsito com a finalidade de

auxiliar a identificar adequações mínimas para o correto e seguro exercício da

atividade (remunerada ou não) de conduzir veículo automotor, devendo tentar

garantir a segurança do condutor, do trânsito e dos demais envolvidos. Portanto,

deve haver uma preocupação por parte dos psicólogos em atuar de forma preventiva

e preditiva durante o processo de avaliação, considerando os processos internos e

externos do indivíduo que possam refletir na ação e na reação do motorista em

situações de trânsito, evitando assim, que este se exponha a situações de riscos e a

outrem.

Para Lamounier e Rueda (2005) as informações científicas que se tem até os

dias atuais ainda não são suficientes para a compreensão do (mau) comportamento

do condutor associados às características da personalidade. Embora existam muitos

estudos que investigam fatores humanos que possam estar influenciando a

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ocorrência de acidentes, ainda não existe um estudo que defina claramente um perfil

para a função de motorista, seja no exterior ou no Brasil, em virtude da dificuldade

de realização desse tipo de trabalho. Contudo, os autores admitem que muito já se

tem caminhado no sentido de traçar um perfil psicológico próximo do ideal. Os

psicólogos de trânsito têm trabalhado de forma adequada ao longo desses anos,

utilizando critérios à medida que representam o atendimento dos objetivos da

avaliação e feito uso dos estudos disponíveis e dos próprios estudos conduzidos em

suas clínicas, com motoristas infratores ou não, de diversas categorias, que exercem

atividade remunerada ou não.

Dentre os instrumentos de Avaliação Psicológica utilizados pelos

profissionais para avaliar os motorista e os candidatos à Carteira Nacional de

Habilitação (CNH), destaca-se o Palográfico, como o teste de Personalidade mais

utilizado no Brasil (CFP, 2006). Trata-se de um teste expressivo-gráfico que avalia

algumas características do rendimento e da personalidade do indivíduo. Proporciona

a investigação de aspectos da personalidade, como: emotividade, agressividade,

impulsividade, forma de buscar e estabelecer contatos, constância da conduta,

adaptabilidade, entre outros, por meio do estudo dos “impulsos psíquicos” e do

simbolismo do espaço, abrangendo os comportamentos adaptativos, expressivos e

projetivos (Alves e Esteves, 2009).

Diversos estudos como os de Alchieri e Stroeher (2002), Lamounier (2005),

Johnson (1997), Mira (1984) – citados por Lamounier e Rueda (2005), verificaram

relação entre algumas características da personalidade, como a agressividade,

emotividade (e outros aspectos afetivos do motorista, como irritabilidade, hostilidade

e estresse) com a ocorrência de infrações e acidentes de trânsito. Alves, Colosio,

Custódio, Gotlieb, Meneses e Megale (1989), mencionados por Lamounier e Rueda

(2005), realizaram um estudo com motoristas profissionais em uma Universidade e

verificaram que 31% deles foram considerados inaptos na perícia para motoristas.

As características avaliadas e ponderadas para tal decisão foi agressividade, maior

emotividade e excitabilidade em relação aos aptos.

Com base nisso, pesquisas realizadas com candidatos à CNH, relacionadas

com características no Palográfico poderão fortalecer os estudos anteriores

relacionados aos critérios para se considerar um candidato inapto temporário. Nesse

contexto, o presente trabalho teve dois objetivos, quais sejam, comparar as

avaliações e os pareceres realizados no teste Palográfico por dois peritos

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examinadores, assim como verificar possíveis características de personalidade que

diferenciem os candidatos considerados aptos e inaptos na Avaliação Psicológica

Pericial. A relevância do estudo proposto se mostra evidente, pois pesquisas com o

objetivo de apontar possíveis características de personalidade que podem influenciar

no envolvimento de acidentes de trânsito são necessárias, com a finalidade de

aprimorar os critérios de avaliação dos candidatos à obtenção da CNH.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A Psicologia do Trânsito no Brasil

Os primeiros registros da Psicologia aplicada aos estudos dos transportes

terrestres, inicialmente às ferrovias e, posteriormente, aos transportes sobre rodas,

remontam ao início do século XX, mais precisamente, à década de 1920. Na década

seguinte, se iniciaram as primeiras aplicações de instrumentos psicológicos de

orientação e seleção profissional dos futuros trabalhadores das ferrovias em São

Paulo, dando início à história da Psicologia aplicada ao trânsito no Brasil. O

surgimento e crescimento da indústria automobilística no final da década de 1950 e,

conseqüentemente, o aumento da demanda por segurança, formação e orientação

de motoristas impulsionaram os estudos e a aplicação da Psicologia do Trânsito

para o transporte rodoviário, com o principal objetivo de tentar frear os crescentes

índices de acidentes (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2003; SILVA e ALCHIERI,

2007).

No final da década de 50, um marco importante na história da Psicologia do

Trânsito se consolidou: a contratação de psicólogos pelo Departamento Estadual de

Trânsito do Rio de Janeiro (DETRAN – RJ) com a finalidade de estudar o

comportamento dos condutores. De acordo com Rozestraten (1983), isso ocorreu

em virtude de o diretor do DETRAN – RJ, na época, se interessar por conhecer as

causas humanas que provavelmente estavam envolvidas na ocorrência de

acidentes. A professora Alice Mira y Lopez3 seria contratada posteriormente para

prestar assessoria e treinamentos aos psicólogos do trânsito.

Em 1946 foi sancionada a Lei nº 9.545 que instituiu o exame Psicotécnico

para candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH), sendo o Instituto de

Seleção e Orientação Profissional (ISOP) o responsável por realizar tais exames

(atualmente extinto). A criação do ISOP nos anos 50, instituição vinculada à

respeitada Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro fortaleceu a Avaliação

Psicológica no Brasil. O principal objetivo do instituto era desenvolver os mais

modernos e eficazes recursos de psicologia aplicada, tendo sido o precursor do

3 Alice Madelleine Galland de Mira y Lopez foi psicóloga, casada com o psiquiatra e psicólogo espanhol Dr. Emílio Mira Y Lopez criador do Psicodiagnóstico Miocinético (PMK) e do Instituto de Seleção e Orientação Profissional – ISOP. Após a morte do marido, passou a coordenar o setor do PMK no instituto.

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desenvolvimento de atividades preventivas para condutores e profissionais da

condução, através do uso de testes psicológicos.

Hoffmann e Cruz (2003) dividiram a evolução da Psicologia do Trânsito no

Brasil em quatro grandes etapas: a primeira compreende o período das primeiras

aplicações de técnicas de exames psicológicos até a regulamentação da Psicologia

como profissão em 1962; a segunda corresponde à consolidação da Psicologia do

Trânsito como uma disciplina científica; a terceira marca o desenvolvimento e a

presença da Psicologia do Trânsito nos diversos âmbitos e meios multidisciplinares

e; a quarta fase que compreende desde a aprovação do Novo Código de Trânsito

Brasileiro, em 1997, passando por um período de maior sensibilização da sociedade

e dos psicólogos de trânsito na discussão sobre políticas públicas de saúde,

educação e segurança, relacionados à circulação humana.

Entre as décadas de 1920 e 1930 teriam sido criadas as primeiras condições

para a germinação da Psicologia como ciência e profissão. Esse desenvolvimento

seria conseqüência de três vertentes na época, a saber: 1) a instrumentalização do

conhecimento psicológico; 2) a produção científica produzida no meio acadêmico e;

3) a introdução progressiva dos conhecimentos oriundos da Psicologia Industrial e

do Trabalho, a exemplo da atuação do engenheiro Roberto Mange 4, na seleção e

orientação de ferroviários, em São Paulo, que se constituiu num marco ao

desenvolvimento da Psicologia do Trânsito. O setor de transportes foi um dos

primeiros do mundo em que houve a aplicação da psicologia – realizada ainda por

profissionais não especializados, a exemplo do engenheiro Roberto Mange, mas

precursores nesse tipo de empreendimento.

Dentre as características mais importantes dessa primeira etapa da história

da Psicologia do Trânsito, se destaca o surgimento de diversas instituições que

utilizaram a psicologia aplicada, entre elas: o Laboratório de Psicotécnica na Estrada

de Ferro Sorocabana; o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), o

Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP), o Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Companhia Municipal de Transporte Coletivo

(CMTC) em São Paulo, onde foi instalado o Serviço Psicológico para seleção de

4 Roberto Mange (nascido Robert Auguste Edmond Mange, La Tour de Peilz, Suíça, 31 de dezembro de 1885 — São Paulo, 31 de maio de 1955) foi um engenheiro e professor suiço naturalizado brasileiro. Veio para o Brasil lecionar Engenharia Mecânica e organizou o Serviço de Ensino e Seleção Profissional da Estrada de Ferro Sorocabana. Em 1931, fundou o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT). De 1940 a 1942 organizou, junto com líderes industriais como Roberto Simonsen e Euvaldo Lodi, a fundação do Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI) e foi seu primeiro diretor, tendo exercido o cargo até falecer.

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condutores de veículos. Das instituições criadas, destaca-se o ISOP – Instituto de

Seleção e Orientação Profissional – que, sob a coordenação do psiquiatra e

psicólogo espanhol Dr. Emílio Mira y Lopez, se tornou o principal agente

dinamizador da Psicologia brasileira e instituição modelo na América Latina. O ISOP

passou a desenvolver pioneiramente atividades preventivas direcionadas a todos os

condutores e profissionais da condução. Em 1951, o ISOP passou a avaliar

candidatos para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação por meio de

entrevistas, provas de aptidão e personalidade. Dois anos mais tarde, em 8 de junho

de 1953, o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) aprovou a resolução que

tornaria obrigatório, em todo o país, o Exame Psicotécnico para todos os aspirantes

à profissão de motorista.

Por fim, em 27 de agosto de 1962, o Presidente João Goulart promulgava a

Lei nº 4.119, que disporia sobre os cursos de formação em Psicologia,

regulamentando a profissão de psicólogo. A partir dessa política, a Psicologia entrou

no rol das profissões reconhecidas em nosso país, sendo definido com maior clareza

o seu campo de ação profissional. O documento legitimou, do ponto de vista legal,

as práticas psicológicas já existentes até aquele momento, impulsionadas por suas

importantes aplicações às necessidades nos diversos setores da vida social, como

educação, saúde, trabalho e transporte, consolidando o marco histórico mais

importante dessa primeira etapa da evolução da Psicologia do Trânsito no Brasil.

A segunda etapa corresponde à consolidação da Psicologia no contexto da

circulação humana. No que se refere à Psicologia como ciência e profissão, o

conceito de psicologia “aplicada” passa a ganhar um novo sentido, em que os

aspectos psicológicos passaram a ser concebidos segundo condições

metodológicas diferenciadas. Assim, o exame das aptidões (psicotécnico) começou

a ser reconhecido como apenas uma das múltiplas possibilidades de se avaliar a

personalidade, não sendo o único método disponível para o exercício da Psicologia

aplicada às demandas da sociedade. Além disso, a ênfase em termos como

“aptidões”, “traços” e “habilidades específicas” diminuiu progressivamente entre os

psicólogos, dando lugar à concepção “de múltiplos fatores” que concorrem na

avaliação da personalidade.

Concomitantemente, a psicologia ampliou seus horizontes de preocupações

sociais com o desenvolvimento de um conjunto de estudos e intervenções sobre o

cotidiano e problemas comunitários e, também, verificou-se um aumento na

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produção de pesquisas sobre novos materiais de exame psicológico, especialmente

sobre a validação e fidedignidade dos testes psicológicos comercializados.

No campo da Psicologia do Trânsito, os eventos mais marcantes dizem

respeito à aprovação do Código Nacional de Trânsito em 1966, em substituição ao

de 1941, que veio reforçar a obrigatoriedade dos exames psicológicos para a

obtenção da carteira de habilitação em todos os Estados brasileiros. Outro marco

refere-se à criação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e dos conselhos

regionais (CRP’s) se tornando órgãos fundamentais de incentivo à luta e ao

desenvolvimento da Psicologia do Trânsito no Brasil. No final de 1981, o CFP, com

os propósitos de obter dados e critérios em relação ao exame psicológico para

condutores e de oferecer ao CONTRAN uma proposta de reformulação às normas

vigentes na época, nomeou os psicólogos Reinier Rozestraten, Efrain Rojas-

Boccalandro e J.A. Della Coleta para que compusessem a Comissão Especial do

Exame Psicológico para Condutores.

Destaca-se aqui a importância fundamental do pesquisador Reinier

Rozestraten para o amadurecimento da Psicologia do Trânsito no Brasil, conferindo-

lhe um sentido mais amplo, não limitando seu papel à natureza instrumental da

avaliação da personalidade e das habilidades do condutor e, em menor grau, aos

acidentes de trânsito. Através de seus estudos, de suas publicações nacionais e

internacionais, participações em congressos, palestras e cursos nos DETRAN’s,

universidades e empresas, a Psicologia do Trânsito passa então a ser amplamente

difundida no país.

A mobilização em maior grau dos psicólogos do trânsito com vistas a

assumirem o papel de profissionais responsáveis para pensar a segurança viária

brasileira e o aumento da conscientização da sociedade brasileira, assim como do

setor público, em atribuir ao fator ‘humano’ a responsabilidade pelos acidentes de

trânsito caracterizam a terceira etapa do processo de evolução da Psicologia do

Trânsito no país, compreendida entre os anos de 1985 a 1998. Nessa fase, o papel

do psicólogo do trânsito passou a ser discutido, se produzindo uma série de críticas

reflexivas acerca do rótulo de “testólogo” ou “psicometrista” que se construiu junto à

imagem do profissional.

Em 1985, foi realizado em São Paulo o III Congresso Brasileiro de Psicologia

do Trânsito, que contou com o Dr. Rozestraten como seu diretor científico. As

discussões ali promovidas serviram para se repensar as condições técnicas e

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políticas, assim como a necessidade de reformular a Resolução 584/81. Dois anos

mais tarde entrou em vigor a Resolução 670/87 que trouxe no seu texto antigas

reivindicações dos psicólogos de trânsito. Em 1988, foi realizado o 1º Congresso

Internacional de Segurança no Trânsito, na Universidade Federal de Uberlândia, em

parceria com a Universidade de Valência na Espanha, que contou com a presença

dos maiores especialistas da Psicologia de Trânsito dos dois países. No ano

seguinte, realizou-se o 5º Congresso Brasileiro de Psicologia do Trânsito e o 1º

Congresso de Educação e Fiscalização do Trânsito realizados em Goiânia em 1989.

Em ambos os congressos, reuniram-se três categorias profissionais, estabelecendo

pela primeira vez uma comunicação interdisciplinar sobre essa temática. O mesmo

ano foi considerado o “Ano Brasileiro de Segurança no Trânsito”. O final da terceira

etapa foi marcada por três fatos importantes para a Psicologia do Trânsito: a criação

da Associação Nacional de Psicologia do Trânsito, a criação do primeiro curso

interdisciplinar de trânsito na Universidade Católica Dom Bosco (Campo Grande,

MS) e o anteprojeto de lei propondo um novo Código de Trânsito Brasileiro, enviado

ao Congresso Nacional em 1993.

A quarta e última etapa da história da Psicologia do Trânsito teve início em

1998, com a aprovação do Novo Código Brasileiro de Trânsito. Para Hoffmann

(2000), esse momento trouxe para a sociedade brasileira uma nova forma de se

pensar sobre a circulação humana não mais a partir do automóvel, avião, ônibus,

etc., mas a partir dos seres humanos, estabelecendo uma visão mais humanizada

da circulação. Os problemas da circulação humana começam a ser debatidos e

tratados nas universidades como uma realidade que demanda políticas de saúde e

de educação, e não somente de segurança pública. Os dados alarmantes sobre

acidentes no trânsito, problemas de saúde e transtornos psicológicos relacionados

ao trânsito caótico do mundo moderno são fatores que vêm motivando a inserção da

Psicologia no debate sobre políticas públicas da circulação humana.

Nessa última etapa que compreende o início dos anos 2000 até o momento

atual, se destacam importantes acontecimentos. Na esfera do ensino, os principais

fatos são: o maior envolvimento das universidades na área do comportamento

humano; a criação de cursos de pós-graduação “lato sensu” em trânsito nas áreas

da Educação, Administração e Psicologia e; a oferta de curso para formar

Psicólogos Peritos Examinadores de Trânsito (condição exigida pelo CTB e

Resolução nº 80/98 para atuar com avaliação psicológica em candidatos à obtenção

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da CNH). Além disso, foram criados vários núcleos de estudos e pesquisas sobre

Psicologia do Trânsito em várias universidades e, também, houve um significativo

incremento de dissertações e teses em temas ligados ao trânsito em diversas áreas

do conhecimento.

O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia passaram a

exercer um papel mais atuante na discussão sobre a responsabilidade social da

Psicologia em relação às questões do trânsito e da circulação humana,

especialmente àquelas ligadas a políticas de planejamento urbano, meio ambiente,

saúde e educação, de forma a contribuir para uma melhor qualidade da intervenção

profissional. Em decorrência dessa atuação mais significativa, foram criadas as

câmaras ou comissões de Avaliação Psicológica e de Trânsito nos Conselhos

Regionais de Psicologia, ampliando o espaço de interlocução com os profissionais.

Entres os eventos ocorridos nessa fase, destacam-se o I Fórum Nacional de

Psicologia do Trânsito, realizado em Brasília em 1999, que objetivou discussões e

deliberações políticas a serem implementadas na área da Psicologia do Trânsito,

ampliando a noção, até então construída, de uma Psicologia baseada apenas no

exercício do exame psicotécnico; e o Seminário “Psicologia, Circulação Humana e

Subjetividade”, realizado em 2001 na cidade de São Paulo. Esse último evento se

propôs a discutir o papel da Psicologia no desenho de um futuro para a circulação

humana que seja viável e que promova a cidadania.

O momento atual da Psicologia do Trânsito no Brasil vem expondo a

necessidade de se construir novas referências e perspectivas de avanço nas

questões relativas à circulação humana. Embora muito se tenha avançado na

Psicologia do Trânsito, quanto à conscientização de sua importância para o

entendimento dos aspectos acerca da circulação humana e do trânsito, a visão que

se tem sobre esse profissional e a sua atuação de fato, ainda são muito limitadas. A

atuação do Psicólogo do Trânsito está, em sua maioria, limitada à Avaliação

Psicológica de candidatos à obtenção da CNH e de condutores que exercem

atividades remuneradas. Isso também contribui pela visão limitada que a sociedade

possui acerca desse profissional. A atuação dos Psicólogos avançou muito dentro

das universidades e instituições de ensino, com produção de conhecimento e

debates importantes, porém, a sua atuação efetiva, junto às empresas privadas e

órgãos do governo como um profissional que estuda o comportamento humano

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diante das situações da circulação e da mobilidade no trânsito, é ainda pouco

expressiva.

Ainda é preciso avançar muito qualitativamente na discussão acerca dos

aspectos sociais, econômicos, éticos e tecnológicos que envolvem a prática da

Psicologia do Trânsito. Para isso, todas as ações e intervenções profissionais

deverão estar sempre pautadas em princípios estruturados em conceitos claramente

definidos e estrategicamente orientados para possibilitar um quadro de referência

teórico e técnico que dê suporte à prática profissional daqueles que escolheram

trabalhar pela promoção de comportamentos seguros no trânsito.

2.2 Avaliação Psicológica Aplicada ao Trânsito

A Avaliação Psicológica (AP) é conceituada pelo Conselho Federal de

Psicologia (2010) como um “processo de construção de conhecimentos acerca de

aspectos psicológicos, com a finalidade de produzir, orientar, monitorar e

encaminhar ações e intervenções sobre a pessoa avaliada, e, portanto, requer

cuidados no planejamento, na análise e na síntese dos resultados obtidos”. Trata-se

de uma atividade restrita ao psicólogo e isso implica que seus instrumentos, com

destaque para os testes psicológicos, sejam de uso restrito a esse profissional.

Os princípios éticos que permeiam a AP – preconizados pela Associação

Americana de Psicologia (APA) em 1992 e revisados em 2002 – são os seguintes:

competência, integridade, responsabilidade científica e profissional, respeito pela

dignidade e pelos direitos das pessoas, preocupação com o bem-estar do outro e

responsabilidade social. A responsabilidade social da Psicologia se expressa por

meio de seus métodos e suas técnicas, os quais devem ser, obrigatoriamente,

confiáveis, válidos e fidedignos, exigindo-se o uso de instrumentos especializados

que passaram por estudos psicométricos de alta precisão.

No Brasil, a história da Psicologia aplicada ao trânsito remonta à década de

1930, quando se iniciaram as primeiras aplicações de instrumentos psicológicos

voltados para a orientação profissional e seleção de pessoal, entre os futuros

profissionais que trabalhariam na expansão das ferrovias em São Paulo. Nas

décadas seguintes, principalmente 1950 e 1960, em razão do crescimento da

indústria automobilística e do aumento da demanda por segurança, formação e

orientação de motoristas, a Psicologia do Trânsito direcionou suas atividades para o

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transporte rodoviário com o objetivo de tentar reduzir os crescentes índices de

acidentes.

Concomitantemente, a Avaliação Psicológica (AP) no Brasil ganhou força nos

anos 50 com a criação do Instituto de Orientação e Seleção Profissional (ISOP),

vinculado à Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, cujo objetivo era

desenvolver os mais modernos e eficazes recursos de psicologia aplicada e foi

precursor no desenvolvimento de atividades preventivas para condutores e

profissionais da condução, através do uso de testes psicológicos.

Em 1953, o Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN aprovou uma

resolução que tornou obrigatório o exame psicotécnico para motoristas profissionais.

E, em 1966, foi aprovado o Código Nacional de Trânsito que ampliou a

obrigatoriedade dos exames psicológicos para candidatos à obtenção da primeira

carteira de motorista em todos os estados do país.

Podemos considerar que, entre as décadas de 60 e 90, a Psicologia do

Trânsito finalmente se consolidou no Brasil. A partir da década de 80, houve um

importante aumento na sensibilidade da sociedade brasileira e da administração

pública na avaliação do fator humano nos acidentes de trânsito. Na área de

aplicação de testes, a preocupação excessiva com “traços” e “aptidões” foi sendo

substituída, aos poucos, por uma ênfase nos múltiplos aspectos da personalidade,

tornando o enfoque psicológico mais humano. Houve, também, uma grande

mobilização da categoria dos psicólogos do trânsito vinculados aos DETRANS, com

o objetivo de assumirem o papel de profissionais responsáveis por pensar sobre a

segurança viária brasileira. A partir de 1998, com a entrada em vigor do Novo

Código Brasileiro de Trânsito, surgiram grandes debates sobre questões ligadas à

circulação humana, que motivaram a inserção da Psicologia nas propostas de

políticas públicas sobre o tema. Além disso, houve um maior envolvimento dos

Conselhos Federal e Regionais na discussão sobre a responsabilidade social da

Psicologia em relação ao trânsito e a criação de câmaras de Avaliação Psicológica e

de Trânsito nos Conselhos Regionais de Psicologia, ampliando a interlocução com

os profissionais.

Desse modo, desde o início dos anos 50 até hoje, a Avaliação Psicológica

(AP) se inseriu no processo de habilitação, sendo atualmente uma etapa preliminar,

obrigatória, eliminatória e complementar para todos os condutores que exercem (ou

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pretendem exercer) atividade remunerada com os veículos e candidatos à obtenção

da habilitação.

Porém, nos últimos anos tem havido um crescente debate sobre a

necessidade, ou não, da avaliação psicológica no processo de obtenção da carteira

de habilitação. Muitas indagações, que merecem por si só uma atenção especial,

estão sendo levantadas nesse contexto, entre elas, questões intrínsecas sobre a

segurança no trânsito, a validade dos testes psicológicos e a capacidade do

profissional da Psicologia em avaliar o perfil do futuro motorista.

2.3 Principais Problemas Enfrentados pela Avaliação Psicológica da

Personalidade em Contexto de Trânsito

Desde 1951 até os dias de hoje, a Avaliação Psicológica, também

popularmente conhecida como “psicotécnico” se inseriu no processo de habilitação

de motoristas, sendo atualmente uma etapa preliminar, obrigatória, eliminatória e

complementar para todos os condutores e candidatos a obtenção da habilitação.

Porém, o campo da Avaliação Psicológica de condutores / candidatos é marcado por

dificuldades e algumas limitações.

Silva e Alchieri (2007) citam vários estudos nacionais e internacionais que

apontam tais dificuldades. Entre elas estão:

a) A existência de poucas pesquisas que comprovam a validade e

fidedignidade da avaliação e dos instrumentos psicológicos aplicados em

motoristas;

b) Ausência de critérios precisos para avaliar o condutor;

c) Deficiência na capacitação profissional de psicólogos;

d) Má qualidade do processo de avaliação psicológica, observados

em alguns departamentos de trânsito e clínicas credenciadas, como,

espaços inapropriados para a aplicação, simplificações e erros no uso dos

testes, instrumentos copiados e estabelecimento de critérios menos

rigorosos para alguns candidatos;

e) Divergências de posicionamento entre psicólogos peritos

examinadores; entre outros.

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No Brasil, a avaliação psicológica da personalidade em contexto de trânsito é

largamente difundida e utilizada, sendo os aspectos da personalidade desviantes

dos padrões da normalidade constantemente relacionados com os acidentes de

trânsito. Embora existam inúmeras pesquisas que associam os desvios de

personalidade com comportamentos inadequados ao trânsito, Alchieri e Stroeher

(2003) observaram uma diversidade de instrumentos e critérios utilizados pelos

psicólogos, bem como a falta de padronização no processo avaliativo, sendo

identificados 14 instrumentos usados para avaliar personalidade em todo o país e

um total de 2.056 indicadores para classificar o indivíduo apto/inapto.

A resolução nº 012, de 20 de dezembro de 2000, do Conselho Federal de

Psicologia reconhece haver a necessidade de uma sistematização mais objetiva das

características do perfil do condutor que se avalia hoje. Segundo a resolução,

existem perfis já provisoriamente definidos pelos psicólogos que atuam na área de

Trânsito, que devem ser utilizados na medida em que representem satisfatoriamente

o atendimento dos objetivos da Avaliação. É reconhecida a impossibilidade, nesse

momento, de estabelecer um perfil diferenciado para condutores amadores e

profissionais, sendo objeto de investigações ainda a serem realizadas pelo Conselho

Federal de Psicologia.

Percebe-se que existem três tipos de dificuldades e/ou limitações no campo

da Avaliação Psicológica: o primeiro tipo refere-se à formação do profissional que

lida com avaliação. Ou seja, estão incluídos nesse grupo todos aqueles fatores

ligados à capacidade profissional do psicólogo avaliador, como a qualidade da sua

avaliação, o conhecimento sobre o uso das condições adequadas para a aplicação

dos testes, como espaços e condições apropriados, o uso correto e padronizado dos

testes, sem utilizar cópias nem realizar simplificações e, tampouco, utilizar critérios

diferentes para os candidatos. O segundo tipo de dificuldades diz respeito às

limitações do próprio instrumento utilizado e às limitações devido às pequenas

quantidades de pesquisas e estudos disponíveis, a respeito da validade e

fidedignidade desses instrumentos. Por fim, o terceiro tipo de dificuldades lida com o

objetivo da avaliação: o que se pretende avaliar? Qual é o perfil ideal do bom

motorista? E do mau motorista? Quais os fatores humanos, observados nos testes,

que podem influenciar na ocorrência de acidentes? Quais aspectos da

personalidade diferenciam candidatos/condutores aptos dos inaptos?

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De acordo com Lamounier e Rueda (2005), as informações científicas que se

tem até os dias de hoje ainda não fornecem subsídios suficientes para a

compreensão do mau comportamento no trânsito associados às características de

personalidade. No que se refere ao estudo do perfil de motoristas, o movimento que

começa a surgir no momento diz respeito a alguns autores que, de modo isolado,

tem investigado fatores humanos que possam estar influenciando a ocorrência de

acidentes. Porém, ainda não existe um estudo que defina claramente um perfil para

a função de motorista, seja no exterior ou no Brasil, em virtude da dificuldade de

realização desse tipo de trabalho.

Em contrapartida, é importante ressaltar que os profissionais da área não têm

realizado a Avaliação Psicológica sem critérios. Lamounier e Rueda (2005) afirmam

que os psicólogos avaliadores têm utilizado critérios que representam, de forma

adequada, o atendimento dos objetivos da avaliação. Segundo os autores, os

profissionais têm feito uso dos estudos já mencionados e dos próprios estudos

conduzidos em suas clínicas, com motoristas de diversas categorias, infratores (com

extensa ficha de infrações) ou não, que exercem atividade remunerada ou não, etc.

Estudos como o de Alchieri e Stroeher (2002), revelam, nos condutores, algumas

características de personalidade predisponentes a acidentes de trânsito. Nesse

sentido, Campos (1951), citado por Alchieri & Stroeher (2002), relata que a

inteligência, a percepção e a personalidade são fatores que podem estar associados

à ocorrência de acidentes. Ainda, vários outros estudos verificam uma forte conexão

entre agressividade e trânsito, principalmente, entre a população jovem e

adolescente. Johnson (1997), mencionado por Lamounier e Rueda (2005),

encontrou altas correlações entre o ato de dirigir e os aspectos afetivos do motorista.

Segundo o autor, há indícios de que irritação, agressividade e comportamento

violento no trânsito estão aumentando. Já Mc Guire (1972), referenciado por

Lamounier e Rueda (2005) observou que o envolvimento em acidentes associava-se

a sentimentos de hostilidade, agressividade e antecedentes de conflitos familiares.

Lamounier (2005) desenvolveu uma pesquisa utilizando o Método de Rorschach

com motoristas infratores que se envolveram em acidentes de trânsito com vítimas

fatais e motoristas que não possuíam histórico de infrações e/ou acidentes e

encontrou índices mais altos de agressividade naqueles primeiros.

Percebe-se, por essas discussões, que embora o campo da Avaliação

Psicológica de motoristas seja marcado por dificuldades e limitações em sua

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fundamentação e exercício, não existindo consenso sobre sua validade em relação

ao aumento da segurança nos deslocamentos nas vias públicas, muito se tem

avançado no sentido de se identificar características da personalidade humana

relacionadas com o mau comportamento e acidentes no trânsito.

A respeito das dificuldades enfrentadas pela Avaliação Psicológica sobre a

ausência de critérios precisos para se avaliar o candidato/condutor ou mesmo

ausência de parâmetros bem delineados que diferenciem os candidatos aptos dos

inaptos, a prática observada nas clínicas credenciadas, envolvendo a avaliação dos

psicólogos peritos, aponta para uma coerência das interpretações e,

conseqüentemente, uma concordância nas conclusões.

É importante salientar que Mira (1984), citado por Lamounier e Rueda (2005),

recomenda aos profissionais que realizam avaliação psicológica para motoristas por

meio do PMK alguns cuidados. A autora menciona que nos casos em que o teste

deixa dúvida quanto a considerar o candidato apto ou inapto havendo um "balanço"

dos dados de adequação ou inadequação do teste, deve-se solicitar a dois outros

colegas a sua apreciação. Caso a dúvida persista, aconselha repetir a prova com um

intervalo mínimo de 30 dias. O mesmo procedimento pode ser aplicado no teste do

Palográfico.

Nesse sentido, nos casos de inaptidão, se esta decisão não se apóia na

concomitância de várias provas, o julgamento realizado por um só traçado não pode

assumir um caráter absoluto, pois há variabilidade normal em cada personalidade,

sendo que apenas a repetição da prova pode informar sobre a magnitude e sentido

dessa variabilidade e qual a área da personalidade onde ela é mais notável.

Portanto, a presente pesquisa ganha relevância justamente porque tem o

objetivo de comparar as interpretações e as conclusões de dois psicólogos peritos

avaliadores que utilizam o teste Palográfico, para verificar quis são as possíveis

características de personalidade que diferenciam os candidatos aptos dos inaptos.

Além disso, vai nos permitir observar ser está havendo uma coerência na

interpretação dos dados e na conclusão das avaliações realizadas.

Contudo, é indispensável que os profissionais da área da Psicologia

investiguem e reflitam sistematicamente sobre essa prática avaliativa e pautem suas

ações sempre no sentido de sanar e reverter tais deficiências da Avaliação

Psicológica. É essencial ao psicólogo assumir uma postura mais compromissada e

buscar ações como: capacitar-se de modo adequado; realizar avaliações

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psicológicas com mais critério e qualidade, respeitando à risca as normas técnicas

dos instrumentos; não favorecer candidatos e; principalmente, produzir pesquisas

demonstrando os resultados de suas práticas.

2.4 O Teste Palográfico

O Teste Palográfico foi criado pelo psicólogo Salvador Escala Milá e utilizado

no Instituto Psicotécnico de Barcelona. No Brasil, foi desenvolvido e divulgado por

Agostinho Minicucci, tendo sido publicado pela primeira vez em 1976.

O Palográfico é considerado um teste expressivo que proporciona a

investigação de aspectos da personalidade por meio do estudo dos sinais gráficos,

no qual, durante o ato de desenhar, estão presentes os comportamentos nos níveis

adaptativo, expressivo e projetivo (ALVES e ESTEVES, 2009).

Segundo Allport e Vernon (1933), citado por Alves e Esteves (2009), pode-se

focalizar o estudo da personalidade em qualquer um de três diferentes níveis. O

primeiro é o nível dos traços, interesses, atitudes ou sentimentos considerados como

compondo uma personalidade ‘interior’; o segundo é o nível do comportamento e da

expressão; o terceiro é o nível da impressão, da percepção e interpretação do

comportamento pelo outro. E é através da forma do movimento que se expressa a

força do impulso psíquico, que pode se manifestar de diversas formas como, a

amplificação do movimento, a aceleração da velocidade, o reforçamento do traço,

etc.

Além das características gráficas, o Palográfico também está focado em

outros elementos que auxiliam na construção dos aspectos da personalidade. Entre

eles, está destacada a importância do simbolismo do espaço. Segundo Mira (1987),

citado por Alves e Esteves (2009), “o espaço psicológico não é neutro, mas sim

dotado de sentido onde o movimento adquire uma função da relação entre o

indivíduo e seu mundo. Esses movimentos executados pelo homem,

voluntariamente ou não, sempre adquirem uma significação” (p. 17).

De acordo com Hughes (2001), citado por Alves e Esteves (2009), a atividade

gráfica, na qual se inclui a escrita, acontece nos planos: horizontal e vertical. No

plano horizontal há três direções: esquerda (ou trás), reta (ou vertical) e direita (ou

frente). No plano vertical existem três espaços ou zonas: superior, média e inferior.

Para Hughes (2001), Max Pulver foi o pioneiro no estabelecimento do simbolismo do

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espaço, considerando a escrita como “o caminho que conduz do ‘Eu’ ao ‘Tu’”. Pulver

comparou a escrita ao esquema de uma cruz, dividindo o espaço em quatro zonas:

zonas superiores esquerda e direita e zonas inferiores esquerda e direita. A zona

superior, como um todo, representa o aspecto intelectual e espiritual. A parte inferior

simboliza o aspecto material, os instintos, a zona erótica-sexual e os símbolos

coletivos. O lado esquerdo refere-se às relações consigo mesmo, com o passado,

lado introvertido e as fixações infantis e maternais. O lado direito simboliza as

relações com o outro, com o futuro, o lado extrovertido e a autoridade.

Posteriormente, às diagonais também foram atribuídas significados, conforme o

esquema ilustrado na figura 1.

Figura 1. Esquema do Simbolismo do Espaço.

Fonte: Mas Pulver (1978).

O teste palográfico tem sido largamente utilizado no Brasil para a avaliação

de motoristas e candidatos à obtenção da CNH, em clínicas credenciadas pelo

DETRAN, como uma alternativa mais ágil e rápida do Psicodiagnóstico Miocinético –

PMK, já que ambos “utilizam técnicas que envolvem a realização de traçados

simples, empregando o aspecto expressivo para a avaliação da personalidade”

(ALVES e ESTEVES, 2009, p.24). Pesquisas apresentadas no Relatório Final da

Ação Conjunta de Fiscalização do Conselho Federal de Psicologia (2006) confirmam

essa tendência ao revelar que 49,5% dos psicólogos entrevistados em clínicas do

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DETRAN utilizam “sempre” o Palográfico como instrumento de Avaliação

Psicológica, enquanto que o PMK é usado “sempre” por 23,4% dos profissionais.

Embora o Psicodiagnóstico Miocinético – PMK não seja a primeira opção dos

psicólogos na Avaliação Psicológica, muitas pesquisas foram feitas com o teste.

Boccalandro (1971, 1983), Mira (1984) e Quintela (1977), referenciados por

Lamounier e Rueda (2005), afirmaram que o PMK oferece segurança na realização

do diagnóstico para Avaliação Psicológica no trânsito. Vieira, Amorim e Carvalho

(1953), referidos por Lamounier e Rueda (2005), investigaram as principais causas

de inaptidão durante o processo de obtenção da CNH. Os resultados apontam como

causas, traços elevados de emotividade e de heteroagressividade, aliados a outros

distúrbios. Estudos de Mira (1984) com motoristas acidentados também constataram

a presença de uma maior agressividade, com manifestações de excitabilidade e

impulsividade; forte inibição; forte emotividade e diminuição do tônus vital.

(LAMOUSIER e RUEDA, 2005).

Assim como o PMK, o teste Palográfico utiliza técnicas de análise do

comportamento expressivo através da observação e mensuração de traçados

gráficos. Também utiliza análise quantitativa e qualitativa para identificar

características da personalidade. Dentre as características correlatas entre ambos,

podemos citar algumas: 1) Agressividade, que pode ser classificada em: Auto-

agressividade, ou seja, a agressividade dirigida para o próprio ‘eu’, de forma física

ou racional ou; Hetero-agressividade, aquela que é dirigida ao ambiente ou ao outro,

podendo ser de forma física ou verbal; 2) Impulsividade, que constitui as atividades

irrefletidas que o indivíduo não é capaz de conter; 3) Emotividade, determinada pela

intensidade pela qual os choques ou comoções interiores repercutem nas funções

orgânicas e psicológicas do indivíduo; 4) Instabilidade, ou seja, mudanças

constantes de ânimo que atuam sobre o organismo, excitando ou deprimindo sua

atividade; 5) Excitabilidade, que constitui um aumento, uma excitação da atividade

psíquica, refletindo-se nos gestos; 6) Energia vital, que corresponde à vitalidade,

canalização adequada da energia, constância do ânimo, manutenção da atividade e

a firmeza das atitudes do indivíduo, entre outras.

Além das características correlatas, o Palográfico ainda avalia outros

aspectos da personalidade que o PMK não estuda. Dentre eles, podemos citar: 1)

Produtividade, que se refere à quantidade de trabalho que o examinando é capaz de

fazer, tanto em termos profissionais como em outros tipos de atividade; 2) Nível de

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Oscilação Rítmica (NOR), que verifica a variabilidade da produtividade do trabalho

nos diferentes tempos do teste, reproduzindo as possíveis flutuações de

produtividade no desenvolvimento das tarefas; 3) Rendimento, que representa a

relação entre a produtividade e o ritmo, permitindo observar, através de um gráfico,

o tipo de “curva” obtida que indica a regularidade ou a irregularidade no ritmo de

trabalho e a tendência à fadiga; 4) Expansividade no contato, ou seja, a forma como

o indivíduo busca ou evita o contato com o outro; 5) Necessidade de contato,

compreendido como o grau de vínculo que estabelece com os objetos ou com as

pessoas; 6) Auto-estima, revelando a valorização ou depreciação de si mesmo; 7)

Flutuações do ânimo, do humor e da vontade, que relaciona-se à maturidade e

constância da personalidade; 8) Depressão, através da sinalização da queda mais

ou menos brusca da tensão neuromuscular com redução da atividade física e

psíquica; 9) Relacionamento interpessoal, através da maior ou menor distância que

o indivíduo mantém em relação ao outro; 10) Adaptabilidade, ou seja, capacidade

que o indivíduo tem de se adaptar diante da realidade, se posicionar em relação ao

passado e diante de situações novas; entre outros aspectos.

Enquanto que o PMK dispõe de muitas pesquisas publicadas, o teste do

Palográfico não dispõe de estudos expressivos, principalmente, no que concerne a

relação das características psicológicas com fatores ligados a acidentes, infrações

ou mau comportamento no trânsito.

Desse modo, a presente pesquisa se mostra importante para a comunidade

científica, no sentido de contribuir com a produção de novos conhecimentos

envolvendo os processos psicológicos e o comportamento do motorista. Também

faz-se importante para os profissionais da Avaliação Psicológica, à medida que se

propõe: a identificar as características de personalidade que diferenciem candidatos

aptos e inaptos; a discriminar as características de personalidade mais recorrentes

nos protocolos dos candidatos inaptos, para se ter uma referência mais clara sobre

características consideradas não-favoráveis para a função de motorista e; fornecer,

com isso, subsídios para uma possível elaboração de parâmetros técnicos que

poderão orientar, de forma mais objetiva, os psicólogos na Avaliação Psicológica

dos candidatos e condutores submetidos ao Palográfico.

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2.5 Pesquisas sobre Aspectos da Personalidade e Trânsito

No desenvolvimento do presente estudo, foram abordados para análise os

seguintes aspectos de personalidade no teste Palográfico: 1) Produtividade; 2)

Níveis de Oscilações Rítmicas (NOR); 3) Agressividade; 4) Emotividade e; 5)

Impulsividade.

A Produtividade se refere à quantidade de trabalho que o examinando é

capaz de fazer, tanto em termos profissionais como em outros tipos de atividade. No

Palográfico, ela é determinada pelo número total de palos (traços) que o avaliado

produz dentro do tempo padrão. Uma produtividade alta no teste denota boa

capacidade para executar as tarefas, maior vivacidade, adaptação fácil às situações

e facilidade para resolver problemas, com rapidez na tomada de decisões. Por outro

lado, a produtividade baixa indica uma atividade mental mais tranqüila, reflexiva e

prudente e, muitas vezes, também pode revelar lentidão mental, torpeza nas idéias e

dificuldades para tomar decisões.

Além da produtividade, outro dado importante é o Nível de Oscilações

Rítmicas (NOR) no teste, que verifica a variabilidade da produtividade do trabalho do

indivíduo no decorrer da avaliação. O NOR reproduz as possíveis flutuações de

produtividade nos diferentes tempos do teste. Dessa forma, os valores menores do

NOR indicam regularidade e estabilidade da produtividade, enquanto que valores

muito altos significam maior irregularidade no ritmo de trabalho.

A agressividade não deve ser entendida apenas com um fator negativo, pois,

conforme ensina Mira (1987), trata-se da uma força propulsora que leva o indivíduo

a uma atitude de afirmação e domínio pessoal perante qualquer situação. Indivíduos

que apresentam níveis de agressividade dentro dos padrões médios, tendem a

demonstrar maior controle dos seus impulsos agressivos. No Palográfico, esses

impulsos são detectados pela presença de ganchos nos palos, caracterizando

“dificuldades do avaliado em conter seus impulsos e agressividade” (ALVES E

ESTEVES, 2009, p. 133). Dessa forma, quanto maior for a incidência de ganchos,

maior será a dificuldade de controle do indivíduo.

A Emotividade se caracteriza por vibrações, choques ou comoções interiores

das funções psicológicas e fisiológicas. Pode ocorrer como um sobressalto ou

perturbação interior que tem um efeito excitante ou deprimente, determinando um

estado de ânimo mais ou menos duradouro (ALVES e ESTEVES, 2009). Segundo

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Mira (1987), a emotividade refere-se à reação emergencial que um organismo

produz quando não tem pautas preestabelecidas para reagir diante de uma situação

nova. Trata-se de uma repercussão geral com vibração somatopsíquica que mostra

o sistema adaptativo de uma pessoa. Ela é normal quando os acontecimentos não

repercutem de forma exagerada e as funções orgânicas e psicológicas estão

equilibradas, revelando um adequado sistema adaptativo. Quando a emotividade é

forte, os choques e mudanças de ânimo são intensos, evidenciando maiores

instabilidades afetivas e dificuldades de adaptação.

No palográfico, a emotividade é identificada pela maior ocorrência de

irregularidades em vários aspectos do traçado. Entre elas estão: as irregularidades

no tamanho dos palos, na distância entre palos e linhas, no alinhamento, na pressão

do lápis, irregularidades generalizadas (que comprometam a qualidade do traço),

entre outras. Quanto maior for a ocorrência de irregularidades no protocolo, maior

será o valor atribuído à intensidade da emotividade do avaliado.

A impulsividade caracteriza a atividade irrefletida ou aquela que não pode ser

contida pelo indivíduo. Trata-se de uma tendência imperiosa, irresistível ao ato

brusco, explosivo, instintivo, como um reflexo privado de avaliação, de controle e

freio inibitório. Nos indivíduos que apresentam uma impulsividade elevada, a reação

impulsiva se produz sem o controle reflexivo da consciência, ocorrendo uma

descarga das tensões afetivas de modo descontrolado, desprovido de autodomínio.

No palográfico, a impulsividade pode ser avaliada pelas diferenças dos

comprimentos lineares dos traços. Quanto maior for essa diferença, maior será o

valor atribuído à intensidade desse aspecto da personalidade.

Esses cinco aspectos da personalidade não foram escolhidos ao acaso.

Pesquisas realizadas, desde os anos 50, têm apontado para os principais fatores

recorrentes em avaliações da personalidade de candidatos considerados inaptos

para conduzir veículos automotores.

O primeiro trabalho identificado na literatura sobre pesquisa e personalidade

foi o de Vieira e Cols., em 1956 (referenciados por SILVA e ALCHIERI, 2007), que

investigaram o uso do PMK na seleção de motoristas. A amostra foi aleatória com

4.935 motoristas. Os autores apontaram que 33,10% dos motoristas foram

inabilitados no PMK por serem portadores de fortes traços de agressividade e

emotividade em níveis elevados, aliados a outros distúrbios. Chamaram a atenção

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para o estudo da personalidade e dos fatores patológicos, salientando o perigo dos

emotivos e dos hiperagressivos ao volante.

Boccalandro, Tolentino, Nogueira, Maia e Lima (1971), mencionados por Silva

e Alchieri (2007), realizaram estudo com 200 condutores do sexo masculino, com

nível de instrução variando da alfabetização ao ensino superior, para construir tabela

do PMK para motoristas profissionais de São Paulo. Os autores concluíram que os

dados confirmam a hipótese de que as características de personalidade do grupo

estudado difeririam da amostra de padronização, proveniente de níveis

socioeconômicos mais altos do Rio de Janeiro. O grupo de São Paulo mostrou-se,

em geral, índices maiores de excitabilidade, agressividade e impulsividade em

relação ao grupo de padronização.

Grisci (1991), citado por Silva e Alchieri (2007), investigou a relação entre

acidentes de trânsito e as variáveis agressividade, atuação (acting-out) e culpa no

teste Gestáltico Visomotor de Bender. Participaram da pesquisa 60 motoristas

profissionais de uma empresa, divididos em dois grupos, um com histórico de

acidentes de trânsito e outro sem histórico. Os resultados apontaram que o primeiro

grupo apresentou um nível significativamente maior de agressividade e atuação em

relação ao segundo grupo, apresentando ainda indicadores de agressividade em

maior escala, dificuldade no controle dos impulsos agressivos em relação a si e ao

meio ambiente, bem como dificuldade em relação a padrões e limites

preestabelecidos quanto às leis de trânsito e suas normas de segurança.

Por fim, Lamounier e Rueda (2005) realizaram investigação com 110

candidatos à CNH para identificar, através do PMK, possíveis diferenças de

variáveis de personalidade entre aptos e inaptos para dirigir e comparar as

avaliações dadas pelos dois peritos. A variável agressividade apresentou diferenças

significativas, os inaptos com auto-agressividade mais elevada e sem um controle

adequado, sendo também considerados mais submissos e passivos, com

dificuldades de tomar decisões. Quanto aos pareceres, houve discordância em

apenas dois casos, o que, segundo os autores, refutaria afirmações de que a

avaliação psicológica de motoristas é feita sem parâmetros preestabelecidos.

Nas pesquisas citadas, é possível perceber que os fatores relacionados à

agressividade, emotividade e impulsividade são consideravelmente recorrentes em

grupos de motoristas inabilitados em testes e/ou com histórico de acidentes de

trânsito, assim como em candidatos considerados inaptos para conduzir. A

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agressividade é o fator mais recorrente nas pesquisas apresentadas, seguida dos

fatores emotividade e impulsividade.

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37

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais

conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº

93.933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

Solicitou-se a autorização para a realização da pesquisa aos sócios-

proprietários da clínica em questão, bem como, foi dada a devida autorização pelo

responsável técnico, para ter acesso aos testes psicológicos.

Não foi necessário que os candidatos e condutores assinassem o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, por se tratar de análise de dados

arquivados. Os referidos candidatos e condutores não participaram da pesquisa

diretamente. Apenas foram analisados os protocolos dos testes Palográficos e sua

identificação foi preservada. O modelo de Solicitação de Dispensa do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido encontra-se no anexo I.

3.2 Tipo de Pesquisa

A pesquisa utilizada foi exploratória-descritiva, com dupla combinação de

abordagens, a saber, quanti-qualitativa.

3.3 Universo

O presente estudo abrangeu protocolos de testes psicológicos arquivados em

uma clínica médica e psicológica credenciada pelo DETRAN-MG, da cidade de

Ipatinga-MG. Os protocolos foram corrigidos por dois Psicólogos Peritos

Examinadores de Trânsito.

3.4 Sujeitos da Amostra

Dois Psicólogos Peritos Examinadores de Trânsito (2 PPET’s) participaram da

pesquisa. Também foram analisados os testes Palográficos de sessenta (60)

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candidatos à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e condutores que

realizaram Avaliação Psicológica no período de 01/10/2012 a 31/10/2012. Do total,

51 protocolos (85%) foram aprovados na Perícia Psicológica e nove protocolos

(15%) foram considerados inaptos temporários.

Quanto ao sexo, 35 pessoas (58,3%) eram homens e 25 pessoas (41,7)%

mulheres. A idade variou de 18 a 60 anos.

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

Foi aplicado o teste Palográfico original distribuído pela editora Vetor®,

detentora dos direitos autorias e de comercialização do teste no Brasil.

Os testes foram aplicados em carteiras tipo estudante, com tampo frontal e

superfície lisa. O lápis utilizado no teste pelos candidatos foi da marca Faber Castel

nº 2, de cor preta. Também foi usado um cronometro digital para a marcação do

tempo. As instruções foram dadas na própria sala, utilizando uma exemplificação na

lousa branca e pincel atômico.

O ambiente utilizado foi uma das salas da clínica credenciada pelo DETRAN-

MG. A sala possui carteiras do tipo estudante com tampo de mesa centralizado,

superfície com textura lisa e cor neutra. As paredes e cortinas da sala são de cores

neutras (brancas). A iluminação é adequada, dotada de lâmpadas fluorescentes com

100W de potência. O ambiente é ventilado (possui ventilador de teto silencioso) e

livre de ruídos externos.

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada por dois psicólogos que possuíam curso de

Perito Examinador em Trânsito, credenciados pelo DETRAN-MG, em salas isoladas

e com espaço físico adequado, numa clínica do interior do Estado de Minas Gerais.

Após a conclusão das aplicações dos testes, foi solicitado aos peritos,

separadamente, que fizessem o laudo do teste e registrassem se consideravam os

candidatos aptos ou inaptos. Posteriormente foram intercambiados os testes a fim

de que o outro perito fizesse a avaliação e desse o parecer de apto ou inapto. Os

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psicólogos deram seus pareceres sem que tivessem conhecimento sobre a

conclusão do outro, para que não fosse sugestionado.

Nos casos de divergência entre os pareceres, foi solicitada a avaliação de um

terceiro Psicólogo Perito Avaliador de Trânsito, consultado especificamente para

esta finalidade.

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados

Na etapa de análise, foram comparados os testes a fim de identificar as

características de personalidade mais recorrentes dentre os candidatos aptos e

inaptos.

Todos os 60 protocolos foram avaliados utilizando análises quantitativa e

qualitativa, conforme instrui o livro: “O Teste Palográfico na Avaliação da

Personalidade” dos pesquisadores Irai Cristina Boccato Alves e Cristiano Esteves,

utilizado como livro-referência na correção do teste.

Para a presente pesquisa, foram analisados os seguintes aspectos dos

candidatos, no teste Palográfico:

a) Produtividade total;

b) Níveis de Oscilações Rítmicas (NOR);

c) Agressividade;

d) Emotividade e;

e) Impulsividade.

O método de classificação dos aspectos da personalidade utilizado neste

trabalho seguirá a Tabela 1 – Tabela de Classificações dos Aspectos da

Personalidade (abaixo). As classificações dos cindo aspectos: Produtividade, Nível

de Oscilação Rítmica, Agressividade, Emotividade e Impulsividade foram baseadas

no Manual do Palográfico (O Teste Palográfico na Avaliação da Personalidade) de

Alves e Esteves (2009). As classificações aqui utilizadas estão de acordo com as

Tabelas nº 2, 4, 16, 19 e 20 do Manual ( p. 58, 61, 134, 147 e 148 resp.).

Tabela 1 – Classificação dos Aspectos da Personalidade

ASPECTO DA PERSONALIDADE

CLASSIFICAÇÃO

PRODUTIVIDADE Inferior Nº total de Palos até 308.

Médio Nº total de Palos entre 309 – 518.

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Inferior

Médio Nº total de Palos entre 519 – 781.

Médio Superior

Nº total de Palos entre 782 – 1032.

Superior Nº total de Palos acima de 1033.

NÍVEL DE OSCILAÇÃO RÍTMICA (NOR)

Muito baixo NOR entre 0 – 2,1 pontos.

Baixo NOR entre 2,2 – 4,1 pontos.

Médio NOR entre 4,2 – 8,6 pontos.

Alto NOR entre 8,7 – 13,1 pontos.

Muito Alto NOR igual ou maior que 13,2 pontos.

AGRESSIVIDADE

Diminuída Porcentagem de ganchos abaixo de 11,3%.

Média Porcentagem de ganchos entre 11,3 – 27,6%, sendo que valores entre 27,7 – 43,8 serão considerados como “tendência” à agressividade.

Aumentada Porcentagem de ganchos entre 43,9 – 60,1%.

Muito Aumentada

Porcentagem de ganchos acima de 60,1%.

EMOTIVIDADE

Diminuída Número de irregularidades entre 0 a 1.

Média Número de irregularidades entre 2 a 3, sendo que valores entre 4 a 5 serão considerados como “tendência” à emotividade.

Aumentada Número de irregularidades entre 6 a 7.

Muito Aumentada

Número de irregularidades igual a 8.

IMPULSIVIDADE

Muito Diminuída

Diferença entre maior e menor palo do protocolo, em mm: abaixo de 0,9.

Diminuída Diferença entre maior e menor palo do protocolo, em mm: entre 0,9 – 3,3.

Média Diferença entre maior e menor palo do protocolo, em mm: entre 3,4 – 8,3.

Aumentada Diferença entre maior e menor palo do protocolo, em mm: entre 8,4 – 10,8.

Muito Aumentada

Diferença entre maior e menor palo do protocolo, em mm: acimda de 10,8.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Primeiramente, 30 protocolos Palográficos (50%) foram analisados por um

Psicólogo Perito Examinador de Trânsito (Avaliador 1) e os pareceres de apto ou

inapto foram registrados. No mesmo momento, outros 30 protocolos (50%) foram

avaliados e o parecer registrado pelo outro avaliador (Avaliador 2). Posteriormente,

os protocolos foram intercambiados para serem analisados e terem definidos os

pareceres de ambos os profissionais.

Os 60 protocolos foram reunidos e os resultados comparados. De todos os

testes, em apenas dois casos, em porcentagem, 3,33% (3%) houve discordância

acerca do resultado. Em 58 protocolos, em porcentagem, 96,67% (97%) foi

verificada a concordância entre os pareceres dados por cada examinador para o

critério apto e inapto temporário (ver gráfico nº 1).

Gráfico 1 – Percentil de concordância entre Pareceres de dois Psicólogos Peritos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

Esses dados mostram que houve uma boa concordância entre os avaliadores

na hora de realizar a interpretação dos traçados do teste. Esse fato era esperado

pela experiência que os psicólogos possuíam no trabalho com o Palográfico.

A discordância ocorreu em apenas dois casos. Enquanto o Avaliador 1

considerou as pessoas inaptas, o Avaliador 2 considerou-as aptas. Neste caso, uma

terceira opinião foi considerada, emitida por um Psicólogo Perito Avaliador de

Trânsito consultado especificamente para o caso de discordâncias. O terceiro perito

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considerou as duas pessoas inaptas, concordando com o parecer do Avaliador 1.

Desse modo, para todos os efeitos, os dois protocolos em questão foram

considerados definitivamente como “inaptos temporários”.

Vale ressaltar que esses dois casos não expressa um número significativo,

representando apenas 3% do total da amostra. Dessa forma, é possível observar

que, mesmo não havendo um perfil claro do motorista, os Psicólogos Peritos de

Trânsito estão realizando avaliações com critérios padronizados, o que corrobora as

colocações de Lamounier e Rueda (2005). Eles afirmam que psicólogos avaliadores

têm conseguido utilizar critérios que representam, de forma adequada, o

atendimento dos objetivos da avaliação.

Esse resultado também pode ser um reflexo das diversas pesquisas

desenvolvidas afim de investigar quais as características de personalidade são mais

comuns em motoristas infratores e/ou que se envolveram em acidentes graves,

como é o caso das pesquisas de: Vieira e Cols (1956); Boccalandro, Tolentino,

Nogueira, Maia e Lima (1971); Grisci (1991); Lamounier e Rueda (2005); Silva e

Alchieri (2007) e outros. Dessa forma, as características apontadas nestes estudos

como predisponentes a comportamentos de risco podem estar sendo utilizadas

pelos avaliadores durante a interpretação dos testes e ponderadas na conclusão

final.

Esse consenso entre os estudos publicados e a atuação dos psicólogos

peritos avaliadores de trânsito demonstra que estes profissionais estão sintonizados

com as pesquisas que surgem e, mais, revela sua preocupação em realizar um

trabalho de Avaliação Psicológica pautado nos seus princípios éticos – preconizados

pela Associação Americana de Psicologia (APA) – que são: competência,

integridade, responsabilidade científica e profissional, respeito pela dignidade e

pelos direitos das pessoas, preocupação com o bem-estar do outro e

responsabilidade social. A responsabilidade social consiste em utilizar métodos e

técnicas obrigatoriamente confiáveis, válidos e fidedignos.

4.1 Produtividade

Quanto ao segundo objetivo desse trabalho, que se propôs a verificar as

diferenças entre os candidatos considerados aptos e inaptos, a variável que mais

apresentou diferenças significativas entre os grupos foi a Produtividade. As

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classificações do aspecto “Produtividade” foram baseadas na Tabela 1 -

“Classificação dos Aspectos da Personalidade”, que, por sua vez, foi baseada no

Manual do Palográfico de Alves e Esteves (2009).

Os candidatos considerados aptos apresentaram uma produtividade muito

superior que os candidatos inaptos. Em porcentagem, 64% dos protocolos aptos

apresentaram uma produtividade “média” e 11% obtiveram uma produtividade

“médio superior”, ou seja, acima da média. Dentre os protocolos com produtividade

abaixo da média, tivemos 16% classificados como “médio inferior” e apenas 9%

classificados como “inferior” (ver gráfico nº 2).

Gráfico 2 – Percentil da Produtividade entre os candidatos aptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

Já os candidatos considerados inaptos apresentaram uma produtividade

muito inferior que os candidatos aptos. Em porcentagem, 56% dos protocolos

inaptos apresentaram uma produtividade considerada “inferior” e 22,22% “médio

inferior”. Isso significa que 78% dos candidatos inaptos apresentaram uma

produtividade abaixo da média geral da população, ou seja, abaixo do esperado. Os

22,23% restantes apresentaram uma produtividade “média”. Nenhum dos protocolos

inaptos apresentou produtividade acima da média (ver gráfico nº 3).

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Gráfico 3 – Percentil da Produtividade entre os candidatos inaptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

4.2 Nível de Oscilação Rítmica – NOR

O NOR – Nível de Oscilação Rítmica – também demonstrou diferenças

significativas entre candidatos aptos e inaptos. O NOR representa as flutuações de

produtividade que o candidato apresenta na avaliação. Quanto mais alto for o valor

do NOR, maiores são as dificuldades do candidato manter um ritmo produtivo

constante, indicando instabilidades na execução das tarefas. As classificações do

NOR foram baseadas na Tabela 1 - “Classificação dos Aspectos da Personalidade”,

que, por sua vez, foi baseada no Manual do Palográfico de Alves e Esteves (2009).

Em porcentagem, dentre os candidatos aptos, 47,06% (47%) obtiveram um

NOR considerado “baixo” e 3,97% (4%) “muito baixo”. Isso significa que mais da

metade dos protocolos aptos (51,03%) demonstraram maior estabilidade no ritmo de

trabalho. Níveis de Oscilação Rítmica considerados como “médio” foram obtidos por

37,25% (37%) dos candidatos aptos, indicando que, embora possam apresentar

algumas instabilidades no ritmo de produção, conseguem adaptar-se

satisfatoriamente às tarefas rotineiras (Alves e Esteves, 2009).

Apenas 11,72% (12%) dos candidatos aptos demonstraram um Nível de

Oscilação Rítmica considerado “alto”. Nenhum candidato apresentou um valor de

NOR “muito alto” (ver gráfico nº 4).

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Gráfico 4 – Percentil do Nível de Oscilação Rítmica entre os candidatos aptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

Entre os candidatos inaptos, 45% obtiveram um Nível de Oscilação Rítmica

considerado como “médio”, enquanto que 33% demonstraram oscilações rítmicas

“altas”, revelando maiores instabilidades e variações no desempenho das tarefas.

Em 22% dos casos, o NOR foi considerado “baixo”. Nenhum candidato inapto

apresentou um NOR “muito alto”, nem “muito baixo” (ver gráfico nº 5).

Gráfico 5 – Percentil do Nível de Oscilação Rítmica entre os candidatos inaptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

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4.3 Agressividade

A variável agressividade também revelou expressivas diferenças entre

protocolos aptos e inaptos. Tal fator foi identificado no Palográfico pela incidência de

ganchos no protocolo dos candidatos. Os ganchos, formados por pequenos traços

que formam um ângulo agudo em uma das extremidades dos palos, funcionam

como uma contenção ou freio brusco dos impulsos, caracterizando dificuldades do

avaliado em contê-los, configurando indicativos de agressividade (ALVES e

ESTEVES, 2009).

As classificações referentes ao aspecto agressividade foram baseadas na

Tabela 1 - “Classificação dos Aspectos da Personalidade”, que, por sua vez, foi

baseada no Manual do Palográfico de Alves e Esteves (2009).

Em porcentagem, a maioria dos candidatos aptos demonstrou uma

agressividade considerada “média” (39,22) e como “tendência” (27,45%). Embora

essa classificação “tendência” seja considerada como um Desvio Padrão da Zona

Média no Manual do Palográfico, para fins de análise, ela foi definida aqui como uma

classificação distinta da “média”. Dessa forma, a “tendência” pode ser entendida

como uma leve propensão ao comportamento agressivo.

Já os candidatos que revelaram uma agressividade considerada “aumentada”

(7,84%) e “muito aumentada” (1,96%) não representam um número muito

expressivo, pois juntos, totalizam apenas 9,8% do total dos protocolos aptos (ver

gráfico nº 6).

Gráfico 6 – Percentil da Agressividade entre os candidatos aptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

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Os candidatos considerados inaptos apresentaram uma agressividade mais

elevada em relação aos aptos. Em porcentagem, 34% apresentou uma

agressividade considerada “muito aumentada” e 11% “aumentada”. Isso representa

quase a metade (45%) dos protocolos inaptos com níveis de agressividade

significativamente elevados. A “tendência” à agressividade ocorreu em 22% dos

casos e a agressividade “média” ocorreu em 33% (ver gráfico nº 7).

Tais números evidenciam a agressividade como um dos aspectos de

personalidade mais elevados dentre os protocolos considerados inaptos. Essa

constatação corrobora os estudos desenvolvidos com o PMK, por Lamounier e

Rueda (2005), que apontaram essa característica como a mais elevada dentre os

candidatos inaptos naquele teste.

Gráfico 7 – Percentil da Agressividade entre candidatos inaptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

4.4 Emotividade

A Emotividade se refere à intensidade pela qual os choques ou comoções

interiores repercutem nas funções orgânicas e psicológicas do indivíduo. É a reação

de emergência do organismo produzida quando este não possui pautas

preestabelecidas para reagir a uma situação. Trata-se da repercussão geral com

vibração somatopsíquica que revela o sistema adaptativo de uma pessoa. As

classificações do aspecto “Emotividade” foram baseadas na Tabela 1 -

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“Classificação dos Aspectos da Personalidade”, que, por sua vez, foi baseada no

Manual do Palográfico de Alves e Esteves (2009).

A análise comparativa entre candidatos aptos e inaptos revelou que, entre os

primeiros, um percentual de 63% de pessoas apresentou uma emotividade

considerada “média”. A emotividade classificada como “diminuída” ocorreu em 21%

dos protocolos aptos. Esse dado demonstra que mais da metade dos candidatos

aptos apresentaram comoções interiores que repercutem de forma equilibrada, ou

seja, não excessiva nas suas funções internas. Apenas 16% revelou uma

“tendência” à emotividade e nenhum dos candidatos aptos apresentou emotividade

“aumentada” ou “muito aumentada” (ver gráfico nº 8).

Gráfico 8 – Percentil da Emotividade entre os candidatos aptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

Entre o grupo dos candidatos inaptos, a maioria (56%) demonstrou uma

“tendência” à emotividade. Embora o Manual do Palográfico considere os valores

atribuídos à “tendência” como pertencentes ao Desvio Padrão da classificação

“média”, faz-se interessante, neste caso, desvinculá-las com o objetivo de se

perceber mais minuciosamente as diferenças apresentadas entre os grupos

avaliados. Desse modo, podemos entender que a “tendência” pode sinalizar uma

leve propensão ao comportamento emotivo, ou ainda, um leve aumento da

característica mas que ainda não pode ser considerada como “aumentada”. Os

demais candidatos inaptos (44%) apresentaram uma emotividade considerada

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“média”. Quanto às demais classificações, nenhum candidato “inapto” apresentou

emotividade “diminuída”. Da mesma forma, não ocorreu nenhum registro de

emotividade “aumentada” ou “muito aumentada” (ver gráfico nº 9).

Gráfico 9 – Percentil da Emotividade entre os candidatos inaptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

4.5 Impulsividade

O último aspecto da personalidade analisado neste estudo foi a impulsividade

que, conforme já foi mencionado, caracteriza as ações que não podem ser contidas

pelo indivíduo. Traduzem o ato brusco, explosivo, uma ação privada de reflexão, de

controle e freio inibitório. Isso significa que indivíduos com impulsividade forte

tendem a descarregar suas tensões afetivas de modo descontrolado e sem

suficiente autodomínio. Por outro lado, a impulsividade dentro da normalidade indica

estabilidade nas ações, controle, firmeza, flexibilidade e serenidade na conduta.

No grupo dos candidatos aptos, 58,82% (59%) apresentou uma impulsividade

“média” e 21,57% (21%) revelou índices de impulsividade considerados

“diminuídos”. Apenas 3,92% (4%) apresentou “muito diminuída”. Isso representa um

percentual de 84,3% de candidatos aptos que tiveram uma impulsividade controlada.

Quanto aos demais, 15,69% (16%) tiveram impulsividade “aumentada”. Em nenhum

protocolo ocorreu a característica “muito aumentada” (ver gráfico nº 10).

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Gráfico 10 – Percentil da Impulsividade entre os candidatos inaptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

No grupo dos candidatos inaptos, em porcentagem, 56% (a maioria)

apresentou uma impulsividade dentro da “média”. A impulsividade “aumentada”

ocorreu em 22,22% (22%) dos casos. Em 11,11% (11%) dos protocolos essa

característica foi considerada “muito aumentado”. O mesmo número (11%) revelou

uma impulsividade “diminuída”, enquanto que nenhum candidato demonstrou uma

impulsividade “muito diminuída”.

Isso nos mostra que 33% dos candidatos inaptos apresentaram uma

impulsividade acima da média, estando portanto, mais propensos às condutas

instáveis, desiguais e imprevisíveis (ver gráfico nº 11).

Gráfico 11 – Percentil da Impulsividade entre os candidatos inaptos.

Fonte: Dados da pesquisa. Ipatinga-MG. 2013.

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No presente estudo, foi constatado que a Produtividade foi o aspecto mais

significativo entre os protocolos inaptos. Vale ressaltar que o teste Palográfico é o

único instrumento expressivo atual de avaliação da personalidade que determina a

produtividade e o rendimento no trabalho e/ou atividades em geral.

A produtividade se mostrou “inferior” em 56% dos casos, entre os inaptos. De

acordo com Vels (1982), citado por Alves e Esteves (2009), a baixa produtividade

representa um rendimento no trabalho muito abaixo da média, com produção

deficiente e também está relacionada à lentidão e torpeza nas idéias e na

compreensão das coisas. Alves e Esteves (2009) complementam que a

produtividade baixa pode sinalizar “maior necessidade de reflexão, passividade e

maior demora para tomar decisões” (p. 104). Os estudos de Lamounier e Rueda

(2005) também apontaram que os candidatos inaptos mostraram-se mais

submissos, mais passivos e com maiores dificuldades para tomar decisões.

As demais características também revelaram expressivas diferenças entre os

aptos e os inaptos. A agressividade elevada (aumentada e muito aumentada)

ocorreu em 45% dos protocolos inaptos. Já entre os candidatos aptos esse número

caiu para apenas 9,8%. A tendência à emotividade surgiu em 56% dos inaptos,

enquanto que entre os aptos ele ocorreu somente em 16% dos casos. A

impulsividade elevada (aumentada e muito aumentada) apareceu em 33% dos

candidatos inaptos, já entre os aptos, esse número caiu para 16%, sendo que em

nenhum caso (0%) houve impulsividade “muito aumentada”.

Os resultados convergem com os estudos de Vieira & Cols (1956),

Boccalandro, Tolentino, Nogueira, Maia e Lima (1971), Grisci (1991), Silva & Alchieri

(2007) e Lamounier & Rueda (2005), que afirmaram que a agressividade,

emotividade e impulsividade aparecem como os principais fatores na ocorrência de

acidentes de trânsito e em causas de inaptidão. Mira (1984) também afirmou que a

agressividade elevada, associada à excitabilidade aumentada é, sem dúvida, fator

de contra-indicação para a função de motorista.

O Nível de Oscilações Rítmicas (NOR) também revelou diferenças entre os

grupos de candidatos. Níveis de oscilação rítmicas acima da média (aumentada e

muito aumentada) ocorreram em 12% dos aptos. Esse número subiu para 33% entre

os candidatos inaptos.

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Quanto aos pareceres avaliados pelos dois Psicólogos Peritos Examinadores

de Trânsito, houve discordância em apenas dois casos, que em porcentagem

representam apenas 3% da amostra. Tal constatação revela que existe, de fato, uma

grande coerência entre os critérios utilizados na interpretação das características e

nos resultados e/ou conclusões entre os psicólogos avaliadores.

Apesar de muitos autores afirmarem que há “ausência de critérios precisos

para avaliar o condutor”, a conclusão desta pesquisa refuta afirmações de que a

avaliação psicológica de motoristas é feita sem parâmetros preestabelecidos.

Os resultados apresentados por este trabalho vão de encontro às conclusões

de Lamounier e Rueda (2005) que afirmam que os psicólogos avaliadores têm

utilizado critérios que representam, de forma adequada, o atendimento dos objetivos

da avaliação. Segundo os autores citados, os profissionais têm feito uso dos estudos

já mencionados e dos próprios estudos conduzidos em suas clínicas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo foi desenvolvido visando investigar quais as possíveis

características de personalidade que diferenciam os candidatos à obtenção da CNH

e condutores considerados aptos dos inaptos. Para isso, num primeiro momento

verificou-se até que ponto as avaliações realizadas por dois Psicólogos Peritos

Examinadores de Trânsito eram coerentes entre si. Os resultados apontaram uma

boa concordância entre as decisões que os peritos tiveram em relação aos testes

que avaliaram. Do total de 60 testes analisados, apenas dois não apresentaram

concordância.

Esse dado sugere que entre os avaliadores houve uma coerência nos critérios

utilizados para considerar os candidatos aptos e inaptos. Dessa forma, é possível

perceber que mesmo não tendo o perfil do motorista claramente definido, os

examinadores estão conseguindo realizar uma avaliação com critérios mais

padronizados, o que confirma as informações apresentadas por Lamounier e Rueda

(2005).

Esse resultado também pode ser reflexo das pesquisas que estão sendo

desenvolvidas a fim de investigar as características de personalidade mais

comumente presentes em motoristas infratores e acidentados, como é o caso dos

estudos de Vieira e Cols (1956), Boccalandro, Tolentino, Nogueira, Maia e Lima

(1971), Grisci (1991) e Silva e Alchieri, (2007). Dessa forma, as características

apontadas nestes estudos como predisponentes a comportamentos de risco, podem

estar sendo utilizadas pelos avaliadores durante a interpretação dos testes e

ponderadas na conclusão final.

Quanto ao segundo objetivo do estudo, verificar diferenças entre os

candidatos considerados aptos e inaptos pelo Palográfico, a variável Produtividade

foi a que indicou a diferença mais significativa entre os grupos. Os candidatos

considerados inaptos apresentaram uma produtividade significativamente mais baixa

que os candidatos aptos. Nesse sentido, a produtividade muito baixa se relacionam

com indivíduos mais submissos, passivos e com dificuldade de tomar decisões

(Alves e Esteves, 2009).

Em relação aos demais aspectos da personalidade analisados, a

agressividade elevada (aumentada e muito aumentada) ocorreu em 45% dos

protocolos inaptos. Já entre os candidatos aptos esse número caiu para apenas

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9,8%. A tendência à emotividade surgiu em 56% dos inaptos, enquanto que entre os

aptos ele ocorreu somente em 16% dos casos. A impulsividade elevada (aumentada

e muito aumentada) apareceu em 33% dos candidatos inaptos, já entre os aptos,

esse número caiu para 16%, sendo que em nenhum caso (0%) houve impulsividade

“muito aumentada”. O NOR também revelou diferenças entre os grupos de

candidatos. Níveis de oscilação rítmicas acima da média (aumentada e muito

aumentada) ocorreram em 12% dos aptos. Esse número subiu para 33% entre os

candidatos inaptos. Os estudos de Vieira & Cols (1956), Boccalandro, Tolentino,

Nogueira, Maia & Lima (1971), Grisci (1991), Silva & Alchieri (2007) e Lamounier &

Rueda (2005), também apontam a agressividade, emotividade e impulsividade como

os principais responsáveis pela ocorrência de acidentes de trânsito e causas de

inaptidão.

É oportuno ressaltar que esses dados por si só não são suficientes para

afirmar que os candidatos que apresentarem estas características em seu teste

devem ser considerados inaptos. É importante salientar que a decisão tomada para

considerar uma pessoa apta ou inapta psicologicamente para obter a CNH deve

levar em consideração todos os dados relacionados ao teste, principalmente, as

informações qualitativas. Também é importante salientar que em caso de dúvida na

avaliação do Palográfico, não conseguindo os psicólogos entrarem em um consenso

pelo apto ou inapto, devem reavaliar o candidato após 30 dias. Porém, em casos de

nova avaliação psicológica, uma nova entrevista bem delineada e criteriosa deve ser

realizada, visto que eventos situacionais podem ocorrer durante esse período e o

conhecimento dos fatos contribui na compreensão do teste.

O processo de avaliação psicológica, mesmo que para o trânsito, não

consiste apenas na aplicação e interpretação de testes, mas sim de todo um

processo que também envolve entrevistas e observações psicológicas (CFP, 2000).

Ao lado disso, deve-se compreender que a Avaliação Psicológica, por si só, não dá

conta de responder e controlar todas as variáveis que se inserem no contexto da

circulação humana e do meio ambiente. Dessa forma, é importante, também, a

realização da avaliação médica a fim de verificar as condições e habilidades físicas

do candidato, observar as condições das vias, a sinalização, o domínio veicular, as

condições do veículo, as condições climáticas, os fatores biológicos e situacionais

ao indivíduo, bem como o conhecimento das leis e o cumprimento das mesmas e,

principalmente, a fiscalização e punição. A Avaliação Psicológica é apenas uma das

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áreas diretamente relacionadas à Psicologia de Trânsito, dessa forma, quando bem

feita, representa apenas uma parcela das contribuições necessárias para resolver a

imensidão de problemas que o complexo sistema de trânsito brasileiro abrange.

Salienta-se novamente que esta pesquisa apresentou resultados coerentes

no parecer (apto/inapto) realizado por dois Psicólogos Peritos Examinadores

diferentes, o que de certa forma refuta as afirmações comumente feitas de que a

avaliação psicológica no contexto de trânsito é realizada sem parâmetros pré-

estabelecidos. Reflexões devem ser realizadas e propostas levantadas com a

finalidade de que problemas possam ser resolvidos, contribuindo dessa forma para a

melhor realização da avaliação psicológica no contexto da Psicologia de Trânsito.

Finalmente, percebe-se, por essas discussões, que embora o campo da

Avaliação Psicológica de motoristas seja marcado por dificuldades e limitações em

sua fundamentação e exercício, não existindo consenso sobre sua validade em

relação ao aumento da segurança nos deslocamentos nas vias públicas, muito se

tem avançado no sentido de se identificar características da personalidade humana

relacionadas com o mau comportamento e acidentes no trânsito. A respeito das

dificuldades enfrentadas pela Avaliação Psicológica sobre a ausência de critérios

precisos para se avaliar o candidato/condutor ou mesmo ausência de parâmetros

bem delineados que diferenciem os candidatos aptos dos inaptos, a prática

observada nas clínicas credenciadas, envolvendo a avaliação dos psicólogos

peritos, aponta para uma coerência das interpretações e, conseqüentemente, uma

concordância nas conclusões.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

SOLICITAÇÃO DE DISPENSA DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

Eu, RICARDO PARANHOS MARQUES, pesquisador responsável pelo

Projeto “ASPECTOS DA PERSONALIDADE NO TESTE PALOGRÁFICO DE

CANDIDATOS À CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO”, solicito perante este

Comitê de Ética em Pesquisa a dispensa da utilização do TERMO DE

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO para a realização desse projeto, tendo

em vista que o mesmo utilizará somente dados secundários obtidos a partir de

estudos de material já coletado para fins de diagnóstico e da revisão de protocolos

com as informações referentes aos candidatos e condutores.

Nestes termos, me comprometo a cumprir todas as diretrizes e normas

reguladoras descritas na Resolução nº 196/96 e Resolução nº 251/97, referentes às

informações obtidas com o Projeto.

Ipatinga, ______ de ___________________ de 2013.

____________________________________

Assinatura