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LÍDER Cinco anos a distinguir as melhores empresas Uma iniciativa de: Esta revista faz parte integrante do Diário Económico nº 5654 de 16 de Abril de 2013 e não pode ser vendido separadamente. P M E L Í D E R 2 0 1 3

Uma iniciativa de - Cobelba · 1.110.905 78,5% 61,1% 58,8% 39,1% TRÊS PERGUNTAS A José Eduardo Carvalho Presidente da AIP “Só sobrevivem empresas rentáveis antes da crise”

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  • L Í DE R

    Cinco anos a distinguir as melhores empresas

    Uma iniciativa de:

    Esta revista faz parte integrante do Diário Económico nº 5654 de 16 de Abril de 2013 e não pode ser vendido separadamente.

    PME

    LÍDER

    2013

  • 3 PME LÍDER 2013

    SUm exército de PME de excelência

    ÃO MAIS DE 90% DAS EMPRESAS existentes em Portugal. São mais de um milhão. Só estes números são sufi cientes para acabar com quaisquer dúvidas sobre a importância das pequenas e médias empresas (PME). Não haverá recuperação económica sem que este “exército” de empre-sas tenha crescimento na facturação e melhorias de rentabilidade. Estes são os desafi os que devem preocupar gestores, empresários mas tam-bém os políticos porque está nas suas mãos criar o melhor ambiente de negócios. Se cada PME criar um posto de trabalho, o desemprego desaparece em Portugal. Por isto, é óbvio que vale a pena apostar e apoiar as PME. Até porque são mais fl exíveis e têm a capacidade de aproveitarem mas facilmente os diversos nichos de mercado. Estas características são importantes van-tagens no actual contexto económico marcado pela incerteza. Como di-zia Darwin, não sobrevivem os maiores e os mais fortes, mas os que têm mais capacidade de adaptação. O que importa é perceber como é que as PME podem aumentar a fac-turação e a rentabilidade. Com a crise que afecta a economia nacional, que parece que veio para fi car durante vários anos, há duas soluções: a internacionalização e a inovação. A inovação obriga a uma aposta em parcerias com universidades e no melhor capital humano. É preciso captar, formar e reter talento. A internacionalização é ainda mais difícil porque muitas PME não têm massa crítica para procurar mercados no exterior. Assim, têm que reinventar o seu modelo de negócio ou apostar na cooperação. Várias PME juntas conseguem criar canais de distribui-ção em outros mercados. Torna-se óbvio que estas soluções são difíceis de concretizar. A primeira mudança a que obrigam é de mentalidades. Os empresários e gestores devem perceber que fazer negócios como antigamente será mais difícil. O fi nanciamento continuará caro e o contexto de mercado manter-se-á difícil. Por isso, há que procurar cada vez mais práticas de excelência. É isso que o estatuto PME Excelência premeia. O desejo é que sejam cada vez mais empresas com este galardão. < >

    EDITORIALBRUNO PROENÇA

    Não haverá recuperação económica sem que este “exército” de empresas tenha crescimento na facturação e melhorias de rentabilidade.

    Se cada PME criarum posto de trabalho,o desemprego desaparece em Portugal.

  • 4 PME LÍDER 2013

    ÍNDICE

    Director António Costa Director-executivo Bruno Proença Subdirectores Francisco Ferreira da Silva,Helena Cristina Coelho, Pedro Sousa Carvalho EditoraIrina Marcelino

    Colaboram nesta edição: António Freitas de Sousa,Carlos Caldeira,Margarida Peixoto,Marta Marques Silva,Marta Moitinho de Oliveira,Nuno Miguel Silva,Raquel Carvalho,Sara Piteira Mota,Sónia Santos Pereira

    Produção Ana Marques (chefia), Artur Camarão, Carlos Martins João SantosDepartamento Gráfico Dário Rodrigues (editor), Ana Maria Almeida Capa Pedro FernandesTratamento de ImagemSamuel Rainho (coordenação),Paulo Garcia, e Tiago MaiaImpressão e AcabamentoSIG

    PresidenteNuno Vasconcellos Vice-presidenteRafael Mora AdministradoresPaulo Gomes,António CostaGonçalo Faria de Carvalho Director GeralComercialBruno Vasconcelos

    Redacção Rua Vieira da Silva, nº45,1350-342 Lisboa,Tel.: 21 323 67 00/ 21 323 68 00Fax: 21 323 68 01

    3 | EDITORIAL“Não haverá recuperação económica sem que este “exército” de empresas tenha crescimento na facturação e melhorias de rentabilidade”, afi rma o director adjunto do Diário Económico, Bruno Proença.

    6 | ABERTURAQuase dois terços do que se produz em Portugalé feito nas PME. São muitas e empregam muita gente. Mas as PME geram pouco mais de metade do volumede negócios total gerado em Portugal.

    10 | ENTREVISTAO secretário de Estado Adjunto da Economia António Almeida Henriques afi rma que “o grande projecto que impulsiona o país é o conjunto dos pequenos projectos”. Em entrevista ao Diário Económico,o responsável sublinha a importância de apoiar projectos das PME.

    14 | DESTAQUEO acesso ao crédito às empresas continua difícil,mas tende a melhorar, dizem especialistas.

    17 | ENTREVISTAAugusto Mateus, ex-ministro da Economia, sobrea difi culdade de acesso ao crédito: “Reduzir a incerteza e aumentar a confi ança não tem nada a ver com dinheiro”.

    18 | ENTREVISTAO administrador do Banco Espírito Santo António Souto defende que “As PME Líder nem hoje nem ontem tiveram difi culdade de acesso ao crédito”.

    24 | LÍDERES DESDE O INÍCIOHá cinco anos que 1247 empresas mantêm estatutode PME Líder. Indústria é o sector mais representativo e Porto é o distrito com mais empresas com este estatuto. Conheça três casos de sucesso.

    28 | ENTREVISTAO presidente do IAPMEI Luis Filipe Costa defendeque o PME Investe foi “absolutamente fundamental” para proporcionar algum “oxigénio às tesourariasdas empresas neste período crítico”.

    30 | GUIASaiba o que tem de fazer para ser uma PME Líder.

    A REVISTA EM 1 MINUTO

  • 5 PME LÍDER 2013

    64 a 71 | INDÚSTRIA

    56 a 63 | COMÉRCIO E SERVIÇOS

    48 a 55 | CONSTRUÇÃO

    72 a 79 | AGRICULTURA E PESCAS

    34 A 47 | TURISMO

    Diversifi car mercados emissores para

    continuar a crescer

    Plano de recuperaçãodá esperança ao sector

    Reindustrialização: um projecto necessário

    Todos os dias, 100 estabelecimentos fecham

    Um sectorde e com futuro

    Conheça o novo Plano Estratégico para o Turismo. Saiba o que defende Frederico Costa, presidente do Turismo de Portugal e conheça

    dois casos de sucesso do turismo em Portugal.

    LISTAGEM GERALpáginas80 A 210

  • 6 PME LÍDER 2013

    ABERTURA

    TECIDO EMPRESARIAL português é, principalmente, feito de pequenas em-presas responsáveis por grande parte da mão-de-obra nacional. Estas são as Pequenas e Médias Empresas (PME), que por gerarem quase dois terços do produto interno bruto, concentram grande parte das atenções do discurso político dos vários governos.

    De acordo com dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a pedido do Diário Económico, em 2011, existiam pouco mais de 1,1 milhões de PME, o equivalente a 99,9% do conjunto de empresas em Portugal. Quase um terço das PME está situada na região Norte do país e 29,3% das PME tem sede em Lisboa.

    Esta percentagem esmagadora de PME na economia nacional tem tam-bém alguma correspondência no que toca à importância destas empresas para a distribuição da população em-pregada. No mesmo ano – o último para o qual o instituto estatístico tem dados -, 78,5% da mão-de-obra empre-gada trabalhava nas empresas de me-nor dimensão.

    Mas se a presença das PME em Por-tugal é esmagadora quando se olha para o seu peso na estrutura empresa-rial e para os indicadores de emprego, o mesmo já não acontece quando se observam indicadores fi nanceiros.

    É que apesar de 99,9% das empresas serem PME, estas só são responsáveis por 58,8% do volume de negócios total gerado em Portugal. Ainda assim uma percentagem elevada, já que as PME são, por defi nição, pequenas empre-sas com menos de 250 trabalhadores e com um volume de negócios menor ou igual a 50 milhões de euros.

    O forte peso das PME na economia nacional é acompanhado de uma signi-fi cativa contribuição destas empresas para o produto interno bruto. Os dados do instituto estatístico revelam que, há

    Ped

    ro A

    pert

    a

    dois anos atrás, as PME foram respon-sáveis por 61,1% do valor acrescentado bruto. Ou seja, quase dois terços do que se produz em Portugal vem de empre-sas de pequena e média dimensão.

    No entanto, a maior parcela de im-postos é paga pelas grandes empre-sas e muitas PME não pagam sequer

    Quase dois terçosdo que se produzem Portugal é feitonas PMESÃO MUITAS E EMPREGAM MUITA GENTE. MASAS PME GERAM POUCO MAIS DE METADE DO VOLUME DE NEGÓCIOS TOTAL GERADO EM PORTUGAL.Marta Moitinho de Oliveira

    O

  • 7 PME LÍDER 2013

    78,5% da mão-de-obra portuguesa empregada

    trabalhava em empresasde menor dimensão.

    IRC. Isto porque declaram prejuízos vários anos seguidos. Em 2010, por exemplo, as grandes empresas foram responsáveis por 60,9% dos resulta-dos líquidos totais, restando às PME apenas 39,1% dos resultados líquidos totais. Muitos fiscalistas têm defen-dido que o Governo devia aproveitar

    a reforma do IRC para construir um regime mais simplificado que permi-tisse que mais empresas pagassem impostos.

    O peso que as PME têm na economia nacional colocam-nas no centro do de-bate político. Ainda antes de começar o sétimo exame regular da ‘troika’ ao

    programa de ajuda externa a Portugal, o ministro das Finanças anunciou que o Governo queria dar prioridade ao cres-cimento económico e ao investimen-to. Mais recentemente, Vítor Gaspar prometeu o anúncio de medidas para breve. Ao mesmo tempo, o ministro da economia, Álvaro Santos Pereira,

  • 8 PME LÍDER 2013

    ABERTURA

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    o

    tem defendido a necessidade de uma transformação estrutural da economia nacional, através de uma reindustria-lização da actividade económica, bem como da expansão e internacionaliza-ção das pequenas e médias empresas. Álvaro Santos Pereira já se reuniu até com banqueiros. O objectivo é encon-trar formas de fazer chegar o fi nan-ciamento bancário às empresas portu-guesas, nomeadamente, às pequenas e médias empresas (ver texto das páginas 14 a 17). É que este tem sido o principal problema levantado pelas associações patronais. Em Fevereiro, os responsá-veis da CIP que foram ao Parlamento informar os deputados sobre a situação económica afi rmaram que o “fi nancia-mento é o principal constrangimento de curto prazo”.

    O crédito é também um dos pro-blemas identifi cados pela Associação Industrial Portuguesa. Em declarações ao Diário Económico, o presidente da AIP, José Eduardo Carvalho, sublinha a importância da “redução do custo de acesso ao crédito e o cumprimento, por parte do Estado, do prazo do reem-bolso do IVA” (ver entrevista). No en-tanto, estas soluções não resolvem os problemas actuais das PME. “As PME que sobrevivem [a esta crise] eram empresas rentáveis antes da crise”, diz o presidente da instituição, que acres-centa que para as empresas em situa-ção de insolvência devem começar a adoptar-se “medidas de consolidação de passivo fi scal (perda de juros, fl e-xibilidade de garantias e períodos de carência) sobre dívidas contraídas de-pois de 2010”. < >

    Fiscalistas defendem que o Governo deve aproveitar a reforma do IRC para construir um regime mais simplifi cado que permita que mais empresas paguem impostos.

  • 9 PME LÍDER 2013

    Percentagem de PME faceao total de empresas no país em 2011. Quase um terçodas PME está no Norte.

    Número de PME que exis-tiam em Portugal em 2011. O número total de empresas chegava aos 1.112.000naquele ano.

    Percentagem de população empregada portuguesaque trabalha em pequenase médias empresas.

    Percentagem do valoracrescentado brutogerado pelas PME em 2011,ultrapassandoos 50,2 mil milhões de euros.

    Percentagem do volumede negócios gerado pelas PME em 2011 face ao totalde vendas.

    Percentagem dos resultados líquidos das empresasportuguesas atribuídasàs PME em 2010.

    FACTOS

    99,9%

    1.110.905

    78,5%

    61,1%

    58,8%

    39,1%

    TRÊS PERGUNTAS A

    José Eduardo CarvalhoPresidente da AIP

    “Só sobrevivem empresas rentáveisantes da crise”Que retrato faz das PME hoje?O segmento das exportadoras tem, em geral, melhor qualidade de gestão, con-centra o escasso crédito existente e evidencia algumas experiências empre-sariais bem sucedidas. Debatem-se com enormes difi culdades de redução de cus-tos de componentes. As vocacionadas para o mercado interno têm sido forte-mente penalizadas.Qual é o principal impacto da crise?A redução do endividamento recaiu nes-te sector, provocando um número de insolvências e encerramentos de empre-sas impressionante: 152.206. Contudo, a contracção da procura e do mercado interno mobilizou para a exportação e para estratégias de internacionalização.O que podem fazer as PME?As PME que sobrevivem eram empresas rentáveis antes da crise. Não creio que seja possível suportar mais insolvências no sector transacionável. Precisamos de estancar esta hemorragia. Creio que se justifi ca começarmos a pensar em adop-tar medidas de consolidação de passivo fi scal - perdão de juros, fl exibilidade de garantias e períodos de carências - sobre dívidas contraídas depois de 2010. Quan-to às empresas que ainda não estão nes-tas circunstâncias, a redução do custo de acesso ao crédito e o cumprimento, por parte do Estado, do prazo de reembolso do IVA são medidas a destacar. < >

  • 10 PME LÍDER 2013

    ENTREVISTA

    ALMEIDA HENRIQUES

    Secretário de Estado Adjunto da Economia

    “Temos de acabar com o mitodas autoeuropas”

    Mónica Silvares e Bruno Proença

    “O grande projecto que impulsiona o país é o conjunto dos pequenos projectos”, defende o secretário de Estado adjunto da Economia, António Almeida Henriques. Em entrevista ao Diário Económico, o responsável sublinha a importância de apoiar projectos das PME, não só através de fundos comuni-tários, de apoios ao fi nanciamento bancário, mas também do novo programa Valorizar.Almeida Henriques lembra ainda que “todo o investimento produtivo fi nalizado até ao fi nal deste ano, uma parte de in-centivo poderá ser transformado em capital próprio da em-presa para ajudar a acelerar o investimento produtivo e a capitalização das empresas”.

    Portugal é abalado por destruição de empregos e falên-cias. Quando poderá haver um ponto de viragem?As bases estão a ser lançadas. O desemprego é um dos proble-mas mais complexos que temos no país tem muito de estru-tural. A reestruturação que está a haver da nossa economia tem refl exo ao nível do desemprego, que tem vindo a crescer. Temos vindo a trabalhar muito, aqui no Ministério da Econo-mia, nas reformas estruturais para ajudar a economia a vol-tar a crescer e para criar um ambiente amigo da economia: desde a reforma da legislação laboral, ou os diferentes tipos das reformas de licenciamento, quer no trabalho que esta-mos a fazer ao nível do licenciamento comercial, na reforma do arrendamento e da reabilitação. Foi-se desenvolvendo um conjunto de reformas para preparar o país para a fase pos-terior.

    Ou seja, há um custo na reestruturação da economia. Logo, é necessário captar grandes investimentos para darem valor acrescentado. Como conseguirá o Governo Fo

    tos:

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  • 11 PME LÍDER 2013

    ANTÓNIO ALMEIDA HENRIQUES,51 anos, é advogado e naturalde Viseu. No máximo até 15de Maio mantém-se em funções como secretário de Estado Adjunto da Economia e do Desenvolvimento Regional,tendo tido um reforço de poderes aquando da remodelação governamental de Janeiro. É também Presidente da Assembleia Municipal de Viseu e da Assembleia da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões.

  • 12 PME LÍDER 2013

    ENTREVISTA

    seduzir esses investidores internacionais a implemen-tar novas ‘autoeuropas’?O próprio ministro da Economia tem realçado um aspecto: Portugal tem de criar um quadro de fi scalidade atractivo ao Investimento Directo Estrangeiro. Além disso, há um outro trabalho que tem sido feito pela Aicep que é atrair alguns investimentos e temos concentrado muita da nossa atenção no reforço de investimentos já existentes em Portugal. É tão importante atrair investimento como é não perder investi-mento que já cá está. Para além disso há factores de competi-

    Está sempre toda a gente à espera que apa-

    reça o grande projecto que impulsione o

    país. O grande projecto que impulsiona o

    país é o conjunto dos pequenos projectos.

    projectos, designadamente quando fi zemos o redireccio-namento do QREN. Decidimos parar com alguns concursos de obras faraónicas que vinham de trás, grandes consu-midoras de recursos, para redirecionar os fundos estrutu-rais para a economia. E assim o fi zemos com mais dois mil milhões de euros de fundos para a economia. E estamos neste momento a ultimar aquilo que vai ser a capitalização através dos fundos comunitários. No novo QREN temos de o preparar para estes desafi os, para ser um bom instru-mento de apoio à economia e de apoio a esses projectos.

    As empresas vão poder usar fundos comunitários para se capitalizar?Será um prémio de utilização para estimular o investimen-to produtivo. Todo o investimento produtivo fi nalizado até ao fi nal deste ano, uma parte de incentivo poderá ser transformado em capital próprio da empresa para ajudar a acelerar o investimento produtivo e a capitalização das empresas. É uma medida que está em vias de ser imple-mentada e que também estava contemplada no Orçamen-to do Estado.

    Um dos entraves ao investimento é as empresas difi -cilmente conseguirem obter fi nanciamento junto da banca…Nos contactos que tenho diariamente com a banca dizem sempre, ‘venham com os projectos que nós queremos aprovar’.

    O Governo deveria ter sido mais exigente com a banca para que o fi nanciamento às empresas tivesse sido fei-to de forma mais contínua? Sobretudo junto dos ban-cos que recorrem à linha de capitalização dos 12 mil milhões?O Governo e o sistema fi nanceiro têm estado sempre em articulação, mesmo em alguns instrumentos que criámos

    tividade que o país tem, até a uma escala mais micro, que não são devidamente potenciados. Foi isso que o Governo também procurou mudar este paradigma lançando o Pro-grama Valorizar. Está sempre toda a gente à espera que apareça o grande projecto que impulsione o país. O grande projecto que impulsiona o país é o conjunto dos pequenos projectos.

    É acabar com o mito de uma nova Autoeuropa? Temos de acabar com o mito, porque autoeuropas não apa-recem muitas vezes. Temos procurado apoiar este tipo de

  • 13 PME LÍDER 2013

    Acho difícil que tenhamos o próximo qua-

    dro comunitário de apoio a entrar em vigor

    a 1 de Janeiro do próximo ano. Agora, é im-

    portante que seja implementado.

    com a Comissão e depois entrarmos na fase de regulamen-tação dos próprios programas operacionais.

    Não está excessivamente optimista em relação à entra-da em vigor no novo quadro comunitário? No actual quadro estivemos quase um ano à espera que os pro-gramas operacionais estivessem desenhados e quase mais outro para que as empresas pudessem apresentar as suas candidaturas.Estou optimista em relação ao que depende de nós, o Gover-no está a fazer o trabalho de casa. Obviamente há aqui um factor de incerteza. Acho difícil que tenhamos o próximo quadro comunitário de apoio a entrar em vigor no dia 1 de Janeiro do próximo ano. Agora, é importante que, ao longo do próximo ano, seja implementado. Temos neste momen-to mais ou menos oito mil milhões de euros para executar deste quadro comunitário. Que será executado nos últimos nove meses deste ano e depois em 2014 e 2015. Ao mesmo tempo haverá também o efeito do novo quadro, uma nova estratégia, e onde há também o efeito da entrada em Portugal do dinheiro de antecipação para o início do quadro de apoio. Temos é de conjugar estes factores todos. Se, por exemplo, o novo quadro comunitário entrar em funcionamento pleno na segunda metade do próximo ano, não haverá praticamen-te hiato. < >

    nos últimos tempos há uma tónica: a banca está presente. Quando lançámos a linha Investe QREN a banca está pre-sente, quando lançámos as linhas PME Crescimento a ban-ca está presente.

    A maior parte do crédito que a banca cede é no âmbito dessas linhas. Caso elas não existissem os investimen-tos não eram realizados.Se não tivéssemos criado e reforçado as linhas PME Cres-cimento a situação seria bem mais complexa, estaríamos a

    falar de muito mais difi culdade de as empresas acederem ao crédito. O Governo não empresta dinheiro, cria instru-mentos e políticas que permitam aceder ao fi nanciamento. Desse ponto de vista temos feito uma boa interacção com o sistema bancário. E terá de ser com o sistema bancário que temos de resolver o problema estrutural de fi nancia-mento à economia.

    Os novos investimentos só vão poder ser apresentados no âmbito do actual QREN até ao fi nal deste ano. É funda-mental que o novo QREN esteja pronto a tempo para que as empresas possam candidatar-se aos novos programas operacionais. Tendo em conta o impasse que existem nas negociações em Bruxelas entre a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu, há riscos de haver um hiato sem que possam ser apresentadas candidaturas?Portugal está a fazer o seu trabalho de casa. Neste momen-to estamos numa fase acelerada de preparação do novo QREN com o objectivo de que não haja um hiato entre o fi nal deste QREN e o início do outro. Há um impasse, o Par-lamento Europeu não aprovou o Quadro Financeiro Plu-rianual para 2014/2020, as negociações entre a Comissão e o Parlamento Europeu estão a decorrer. Da nossa parte o trabalho está a ser feito para que, logo que esse impasse seja ultrapassado, possamos assinar o acordo de parceria

  • 14 PME LÍDER 2013

    DESTAQUE

    Crédito às empresas vai melhorar,mas leva tempoSOLUÇÕES ENCONTRADAS PELO GOVERNO E TROIKA NÃO SATISFAZEM EMPRESÁRIOS.Margarida Peixotorgarida peixoto

    AS PEQUENAS E MÉDIAS EM-PRESAS continuam sem acesso ao fi nanciamento. Em Janeiro deste ano, o crédito concedido pela banca às PME caiu 10%, quando compa-rado com o mesmo mês do ano passado. A expectativa é que venha a melhorar, mas vai levar tempo.

    A difi culdade no acesso ao fi nan-ciamento por parte da maioria das em-presas portuguesas tem sido uma das principais preocupações tanto dos em-presários, como do Governo e até das autoridades internacionais que com-põem a ‘troika’. Fundo Monetário In-ternacional (FMI), Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE) voltaram a debater o assunto na última revisão do memorando de entendimento, mas as soluções encontradas continuam curtas para os empresários.

    “As propostas do Governo e da ‘troi-ka’ são soluções teóricas”, garante João Vieira Lopes, presidente da Confedera-ção do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). Por enquanto, a principal estra-tégia defendida pelo Governo tem sido a de esperar que o regresso aos mercados de dívida por parte do Estado se traduza na melhoria do acesso ao fi nanciamen-to também por parte das empresas.

    O primeiro-ministro, Passos Coelho, tem defendido que se o Estado conse-guir voltar a fi nanciar-se nos mercados internacionais, isso terá um efeito de arrastamento para as grandes empresas e para a própria banca. Ao mesmo tem-po, se os bancos deixarem de fi nanciar

    as administrações públicas e as grandes empresas libertam crédito para as PME, voltando a alimentar a economia. A própria recapitalização da banca, que só recentemente fi cou completa, também deverá ajudar a libertar mais crédito.

    O raciocínio “faz sentido”, comenta Augusto Mateus, ex-ministro da Eco-nomia. Mas levará tempo até que se repercuta na economia real. E esperar passivamente por esse momento não é a melhor solução, defende (ver entre-vista).

    Além deste caminho, o Executivo também tem criado linhas de fi nan-ciamento para as empresas, como o programa PME Investe. Abebe Selas-sie, líder da missão do FMI na ‘troika’, reconheceu recentemente este esforço por parte do Executivo, em entrevista à agência Lusa. Mas notou que no ponto de vista do FMI, estas medidas precisam de ser analisadas mais de perto.

    “Os valores [das linhas de crédito]

    Recapitalização da banca, quesó recentemente fi cou completa, também deverá ajudar a libertar mais crédito.

  • 15 PME LÍDER 2013

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    Falta de crédito preocupa PMEA falta de acesso ao crédito é uma das principais preocupações das pequenas e médias empresas (PME) em Portugal. A consultora de recursos humanos especializada em PME Fórmula do Talento perguntou a 200 empresários quais são os principais factores de preocupação na actual crise. Mais de um terço (35,3%) respondeuque o maior problema é a indisponibilidade de crédito e de fi nanciamento. A principal preocupação é, contudo, a redução do consumo, que foi apontada por 71,1% dos empresários inquiridos. Em segundo lugar surge o baixo crescimento da economia, que foi indicado como motivo de preocupação por 57,8% das PME. Recorde-se que desde 2011 que a economia portuguesa está em recessão e para este anoa expectativa continua a ser de destruiçãode riqueza face ao ano passado. Quase todas as empresas admitiram que a crise está a ter impacto na sua actividade e a maioria refereque espera que os efeitos negativosse continuem a sentir durante, pelo menos,mais um ano. Os mais pessimistas (45%) esperam mesmo que a crise continuea prejudicar a sua actividade duranteos próximos 18 meses.

    O executivo português espera que o regresso

    aos mercados de dívidapor parte do Estado

    possa melhorar o acessoao fi nanciamento

    às empresas.

    são insufi cientes”, acrescenta João Viei-ra Lopes. Para o presidente da CCP estas medidas ajudam, mas não resolvem o problema. Para fazer a diferença seria preciso, por um lado, “obrigar os ban-cos a fi nanciar dentro de determinados parâmetros e de um intervalo de taxa de juro”. Se a Caixa Geral de Depósitos seguisse uma política de mais crédito, e mais barato, “podia provocar um efei-to de arrastamento para os restantes bancos”, argumenta. A outra solução “é resolver o problema do fi nanciamento das empresas públicas, que absorvem uma grande fatia do crédito”, remata. Vieira Lopes garante que a estratégia actual não chega, já que o crédito con-tinua escasso e caro, tendo em conta as margens de lucro das empresas portu-guesas.

    Os números do Banco de Portugal dão-lhe razão. Desde pelo menos De-zembro de 2010 (desde que há registos que permitam a comparação) que o cré-dito concedido às PME está a cair. Como agravante, o ritmo de redução deste fi nanciamento tem vindo a aumentar (ver gráfi co). Já para as grandes empre-sas o cenário é outro. O fi nanciamento tem registado ritmos irregulares, mas

  • 16 PME LÍDER 2013

    DESTAQUE

    Dois casos

    HORTICULTURA ORNAMENTAL

    Carlos Gilberto SilvaA empresa é pequena, são apenas dois trabalhadores, mas o crédito já lhe vem bater à porta. “Até aqui, era eu quem ia procuraro fi nanciamento”, conta o fl oricultor Carlos Gilberto Silva. “Mas agora é ao contrário, é o banco que me tem procurado com ofertas de crédito”, garante. Os juros propostos continuam a ser “o dobro”do praticado antes do aperto do crédito provocado pela actual crise, mas as condições até são “aceitáveis”, garante Carlos Gilberto Silva. Mais: não é por isso que o empresário recusa investir. “Neste momento, o crédito está disponível, mas não faço investimentossem saber para quê”, explica, adiantando que o problema estána “falta de procura”.

    CUTELARIA

    Cutipol“Não temos tido necessidade de nos fi nanciarmos na banca”, garante David Ribeiro, administrador da Cutipol, uma empresa nortenha, produtora de talheres que servem nos mais requintados jantares, desde hotéis de luxo espalhados pelo mundo, até aos reis da Jordânia. “De qualquer modo, mesmo quando precisámos de recorrer à banca, nunca tivemos difi culdade”, acrescenta, admitindo ainda assim que os juros pedidos são mais altos desde que a crise se instalou. As questões de fi nanciamento não têm sido um constrangimento para a Cutipol crescer. David Ribeiro garante que em 2012 as vendas aumentaram 15% e que nos primeiros meses deste ano já crescem a um ritmo de 20%. O sucesso consegue-se “com muita persistência nos mercados externos, porque o interno está completamente debilitado”.

    “Empresas devem concentrar-se emmelhorar as suascondições e o seu mercado”, defende Manuel Caldeira Cabral, economista e professorna Universidade do Minho.

    mantém-se em terreno positivo: em Ja-neiro deste ano aumentou 5,5%.

    Um dos argumentos dos bancos tem sido a falta de capitais próprios das pequenas e médias empresas, que tor-nam os empréstimos muito arriscados – uma realidade que não acontece no universo das grandes empresas. Uma vez mais, os números comprovam que este argumento também é válido. De acordo com o Banco de Portugal, 29,1% das PME tinham crédito vencido em Ja-neiro. O rácio de malparado atingiu os 12,9% no mesmo mês. Entre as grandes empresas os dados são mais positivos: apenas 17,8% tinham crédito vencido em Janeiro e o rácio de incumprimento era de 2,3%.

    Resolver este nó górdio é uma das chaves para regressar ao crescimento. “O reestabelecer do fi nanciamento em condições mais favoráveis é essencial

    para a retoma”, garantiu Manuel Cal-deira Cabral, economista e professor na Universidade do Minho, em entrevista ao Diário Económico.

    Mas enquanto o problema não se resolve, estas empresas devem concen-trar-se em melhorar as suas condições e o seu mercado, acrescentou o eco-nomista. “Devem centrar-se em fazer alterações ao seu funcionamento, com forte impacto nos custos ou no alarga-mento do seu mercado”, explicou. “De-vem cooperar mais umas com as outras, procurando sinergias, reduzindo custos e riscos de operação”, sugeriu ainda, lembrando que esta é também uma boa oportunidade para “renovar os quadros de pessoal”. < >

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  • 17 PME LÍDER 2013

    Esequat. Quam zzriusto erat, qui blaoreetue dunt

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    TRÊS PERGUNTAS AAugusto Mateus, Ex-ministro da Economia

    “Reduzir a incertezae aumentar a confi ança não tem nada a vercom dinheiro”O Governo tem defendido que o re-gresso aos mercados por parte do Estado vai ajudar as empresas ter também mais fi nanciamento. Con-corda?O argumento faz sentido, tendo em atenção as regras de funcionamento do sistema bancário. Os bancos estão obri-gados a uma fortíssima desalavancagem e estão sujeitos a regras muito estritas, com limites à concessão de crédito. Mas por enquanto o crédito ao sector não fi -nanceiro continua em queda.

    O Governo pode fazer mais alguma coisa para ajudar a fazer fl uir o fi -nanciamento, ou resta-lhe esperar que a transmissão da melhoria das condições de fi nanciamento aconte-ça?Esperar só faz sentido se for pelo metro, pelo autocarro ou pelo avião e desde que se conheçam os horários. Não é es-perar que é preciso fazer em situações de emergência. Há outros factores que infl uenciam o comportamento da eco-nomia, desde factores económicos, a fi nanceiros e até subjectivos. Reduzir a incerteza e aumentar a confi ança, por exemplo, não tem nada a ver com di-nheiro. Há muito que o Governo pode fazer.

    Recuperar o acesso ao fi nanciamento por parte das pequenas e médias em-presas chega para inverter a crise?O problema é a profunda degradação dos prazos de pagamento e de recebi-mento, que tornam indispensável um maior fundo de maneio. Mas o Governo pode prosseguir caminhos de recupera-ção da economia que não sejam estrita-mente fi nanceiros, tais como trabalhar para criar oportunidades de investi-mento. < >

    Paula

    Nunes

    O volume de crédito concedido a pequenas e médias empresas continua a diminuir. Para as grandes empresas, o fi nanciamento voltou a ser mais fácil.

    PME CONTINUAM SEM CRÉDITO

    t.v.h. volume de crédito concedido; Fonte: Banco de Portugal

    -12

    -8

    -4

    0

    4

    8Grandes empresasPME

    Jan-13Dez-10

  • 18 PME LÍDER 2013

    DESTAQUE | ENTREVISTA

  • 19 PME LÍDER 2013

    ANTÓNIOSOUTO

    Administrador executivo do BES

    “As PME líder nem hojenem ontem tiveram difi culdade

    de acesso ao crédito”

    Marta Marques Silva

    AMBIÇÃO, “AMBIÇÃO SOBRETUDO”, diz António Souto. A liderança vê-se nos números mas cons-trói-se na inovação, na gestão, na aposta da qua-lidade, na visão dos jovens, no mercado global. Em suma, “na ambição sobretudo”. O administrador executivo do BES garante que há hoje mais crédito disponível para as empresas, mas o momento de viragem, esse, não depende apenas dos bancos.

    O discurso da banca tem vindo a alterar-se, desde o início do ano, no que toca à sua disponibilidade para emprestar dinheiro às PME. Estamos num momento de viragem?Estamos num momento em que há mais liquidez no merca-do, isso é verdade. Não sei se é um momento de viragem. E portanto isso ajuda a que a oferta de crédito seja maior. Mas o momento de viragem só se poderá dar se as PME portugue-sas em termos de risco subjacente puderem corresponder a essas ofertas de crédito. Isso quer dizer que os bancos neste momento estão desejosos de dar crédito, porque há mais li-quidez e o negócio dos bancos é dar crédito, mas os bancos o que emprestam é o dinheiro dos seus depositantes. E como tal não podem dar crédito a empresas que não tenham um perfi l de risco que garanta que o reembolso tem uma pro-babilidade de sucesso elevado. E o que se passa é que as PME portuguesas, nomeadamente as PME líder, são só oito mil. Existem 300 mil empresas em Portugal, e as PME líder são apenas oito mil empresas. E essas PME líder são empresas que satisfazem rácios de equilíbrio fi nanceiro que não têm uma exigência desmedida. Teoricamente as PME líder nem hoje, nem ontem, tiveram difi culdade de acesso ao crédito. Os ban-cos disputam-nas sistematicamente, porque são os melhores Fo

    tos:

    Paulo

    Fig

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    do

    Um mundo de oportunidadesUma ferramenta que lhe permite realizar um estudo de mercados onde há oportunidadesde exportação para os seus produtos sem sairdo escritório. É isso que o BES disponibiliza desde o início o ano, a todas as empresas suas clientes. O BES Fine Trade permite saber quais os países importadores dos produtos que produz, a que países actualmente compram, ou seja, quaisas geografi as que são as mais directas concorrentes no mercado global.

  • 20 PME LÍDER 2013

    DESTAQUE | ENTREVISTA

    riscos entre as PME. É de facto no conjunto das outras PME que o acesso ao crédito é mais difícil e é mais caro.

    Mas pode dizer-se que hoje em dia as PME que têm aces-so a fi nanciamento bancário são apenas as melhores PME? Não, não são. Porque se assim fosse os bancos também não tinham negócio que chegue. Todas as PME, a não ser aque-las de risco muito elevado, já têm mais ou menos facilidade de acesso ao crédito. As que estão neste ‘ranking’, as que são PME líder, não têm nem tiveram nenhum problema de aces-so ao crédito. E têm crédito em boas condições de preço, por-que há uma concorrência muito grande entre os bancos na disputa por estes clientes.

    Em que valores é que estamos a falar? Porque no mer-cado o ‘spread’ médio para uma PME, segundo dados do Banco de Portugal, andará à volta dos 6%. As PME líder têm tipicamente ‘spreads’ que oscilam entre os 100 a 200 pontos base mais baixo do que isso.

    de caiaques de alta qualidade. Isso são pequenos exemplos e depois há, mesmo na área tradicional do calçado, empresas que estão no topo da qualidade mundial, com preços que só são ultrapassados pelos italianos. Portanto com preços ele-vados e, não obstante, têm a sua produção totalmente co-locada todos os anos. Esse tipo de iniciativas, de ambição de crescimento, ambição de criação de valor nos seus produtos, ambição de inovação, para nós é que são os grandes ‘drivers’ de classifi cação das PME líder, para além da base que tem de existir para que haja sustentabilidade do projecto. Porque se não houver uma base fi nanceira adequada, e se o projecto for fantástico mas depois não tiver valor em termos econó-micos para dar resultados positivos para a empresa, é um projecto que está condenado a morrer por muito idealista que seja o empresário.

    Dada a actual conjuntura fi nanceira do país, qual é neste momento a fórmula de crescimento para as PME portu-guesas. Que conselho deixaria?O primeiro conselho é que olhem para os mercados, não ape-

    nas para o mercado interno, mas olhem para os mercados de uma forma alargada, ampla, e façam um estudo. Nós dis-ponibilizamos às empresas nossas clientes um instrumento interativo, a que chamamos BES Fine Trade, que é muito in-teressante [ver caixa] . Depois apostem na inovação. Temos feito um grande esforço, através do BES Inovação, em pôr as universidades em contacto com as empresas. Para que a inovação seja uma inovação aplicável. E de facto faz senti-do as empresas portuguesas apostarem nos jovens, temos a melhor geração jovem saída das universidades nos últimos 20 anos. Porque esses jovens vêm trazer uma capacidade de criatividade nestas empresas que traz um grande valor acrescentando. E é importante que tenham atenção à estru-tura fi nanceira porque isso é a base para ter fácil acesso a parceiros fi nanceiros mais diversos e possam escolher aque-les que mais lhe interessam. Ter uma boa estrutura fi nancei-ra mesmo em prejuízo da totalidade do capital. Os portugue-ses têm muito a tentação de querer ser os donos de 100%. E às vezes mais vale ser dono de metade e ter um parceiro do que depois não ter capacidade de evoluir. < >

    O que é que na sua opinião defi ne uma PME líder, para além dos critérios contabilísticos?Na minha opinião, para além dos critérios contabilísticos, defi ne-a uma capacidade de gestão e de liderança de um projecto de nível elevado. Ou seja, pessoas que têm não só um grande amor à camisola em termos do projecto, têm ambição, ambição sobretudo, e uma procura de valor acres-centado do produto que o torne competitivo pelo seu valor acrescentado, e não pelo baixo custo. Na prática, e se vir-mos as PME líderes mais bem sucedidas, são aquelas onde a inovação esteve presente. A inovação esteve presente no produto e nas metodologias de produção, a inovação esteve presente na metodologia de gestão interna do aparelho pro-dutivo, a inovação esteve presente na metodologia de abor-dagem aos mercados, nomeadamente aos mercados interna-cionais. Cerca de 60% das PME líder hoje são exportadoras e muitas não eram. E temos casos de sucesso entre as PME líder com projectos de alta qualidade, desde os têxteis téc-nicos, que hoje equipam desde astronautas a atletas de alta competição, somos por exemplo o maior produtor mundial

  • 21 PME LÍDER 2013

    DESTAQUE

    TRÊS PERGUNTAS A

    “São já mais de onze mil empresas que aderiram ao Express Bill”Que balanço faz da utilização do BES Express Bill no último ano?O balanço é muito positivo. Termina-mos o ano com mais de 2.100 milhões de euros de limites de crédito contrata-dos o que permite garantir e antecipar mais de dez mil milhões de euros de pagamentos por ano. Em 2012 o volume de pagamentos garantidos e antecipa-dos cresceu 62%, enquanto o mercado de ‘factoring’ registou uma quebra de 17%. São já mais de onze mil empresas que nestes três anos aderiram a esta so-lução fi nanceira inovadora e exclusiva do BES.Que características do serviço os clientes valorizam mais?A mais valorizada é a certeza dos paga-mentos. A segunda é a simplicidade de utilização que é 100% desmaterializada e em ‘real time’ via internet, sem buro-cracias e sem custos operativos. Por fi m, a característica de ser uma solução que envolve todas as empresas, sejam ENI, micro, pequenas, médias ou grandes. Não temos limites mínimos nem máxi-mos de montante de crédito a conceder.Que novidade pode destacar?Destacaria os pagamentos internacio-nais BES Express Bill que permitem a emissão e garantia de pagamento para qualquer parte do mundo, que está já a permitir às empresas portuguesas me-lhorar as suas condições de pagamento junto dos fornecedores externos. < >

    “Já investimos em nove empresas desde o fi nal e 2011”

    Através do programa BES Apoio às Empresas Inovadoras, em quantas ‘start-ups’ já investiram? Visitamos centenas de jovens empresas, com claro carácter inovador, já oferecen-do, ou perspetivando oferecer, soluções para mercados exigentes fora de Portu-gal. Temos vindo a investir em empresas inovadoras, com grande potencial, vol-tadas para um mercado global. Já inves-timos em nove empresas desde o fi nal de 2011. Temos oportunidades em fase muito avançada de avaliação que iremos concretizar nos próximos meses. Que balanço faz da actividade da ES Ventures em 2012? 2012 foi o ano em que investimos em mais empresas novas, o que resulta do muito elevado número de oportuni-dades de investimento com que fomos confrontados, 670, e da elevada quali-dade dos projectos, a maior parte alta-mente qualifi cados. De que forma o capital de risco pode ser determinante no lançamento de empresas inovadoras e na renovação do tecido empresarial?O capital de risco tem um papel deter-minante no apoio às boas iniciativas empresariais em Portugal. Em todos os países onde as empresas inovadoras de raiz tecnológica têm um papel impor-tante na economia, um dos principais ingredientes desse sucesso foi a aposta signifi cativa em capital de risco. < >

    “Temos apoiado casos de enorme sucesso”

    Qual o balanço que faz do trabalho realizado pela UIP nos últimos anos? Muito positivo. Há um número crescen-te de empresas que nos abordam para questões relacionadas com a interna-cionalização. A resiliência das empresas portuguesas à crise está na relação direc-ta com a sua capacidade de internaciona-lizar e isto tem sido muito encorajador para quem trabalha deste lado. Temos apoiado casos de enorme sucesso. Que balanço faz das iniciativas que promoveram com a AICEP e bancos parceiros, no âmbito do apoio à in-ternacionalização?O Portugal Exportador é no BES a re-ferência em termos de exportação e a AICEP tem feito um trabalho extraor-dinário. Sobre aos bancos parceiros, as nossas clientes já poderão testemunhar o apoio que têm sentido por parte do Ecobank, nosso parceiro na África Cen-tral, ou quando têm necessidade de fi -nanciamento para um projecto na Hun-gria e Roménia, onde sugerimos o OTP Bank. Isto é apoio real às empresas.Quais as iniciativas que pretendem levar a cabo este ano? Destaco o trabalho na abertura de novos mercados, com o apoio à organização de uma missão empresarial à Indonésia pela Câmara de Comércio e Industria Indonésia-Portugal em Maio e uma mis-são com empresários a um mercado que conhecemos bem, a Argélia. < >

    Luís de CarvalhoDirector Coordenador Marketingde Empresas e Institucionais do BES

    Sérvulo RodriguesCEO da ES Ventures

    Ricardo Bastos SalgadoDirector Coordenador de Corporate Banking da Unidade Internacional Premium do BES

  • 22 PME LÍDER 2013

    DESTAQUE

    BES com vários produtosde apoio à internacionalização PRESENTE EM 25 PAÍSES, O BANCO TEM EQUIPAS ESPECIALIZADAS PARA AJUDAR EMPRESAS NOS PROCESSOS DE EXPORTAÇÃO.Raquel Carvalho

    UMA DAS PRINCIPAIS preocu-pações do Grupo BES tem sido garantir uma resposta comple-ta às necessidades das empresas nacio-nais internacionalizadas ou em vias de se internacionalizarem, num modelo que assenta na articulação entre vários produtos. A Unidade Internacional Pre-mium, criada há quatro anos, por exem-plo, pretende assegurar um suporte efectivo aos processos de exportação e investimento directo nos mercados, oferecendo soluções fi nanceiras que podem dar resposta às mais diversas solicitações nas diferentes geografi as, privilegiando “da posição no mercado internacional do BES, com uma presen-ça em 25 países em quatro continentes e da articulação de excelência com ban-cos parceiros nas geografi as em que o Grupo BES não tem presença, explica Ricardo Bastos Salgado, Director Coor-denador DCB/UIP, que destaca ainda outras ofertas internacionais, que pas-sam pelo Trade Finance, os seguros de

    ros investidos”, informa Sérvulo Rodri-gues, CEO da Espírito Santo Ventures. A maioria desses investimentos, diz, “foi efectuada em empresas portuguesas”. Mas a ES Ventures tem também inves-timentos feitos em empresas de mais cinco ou seis países, que “operam num mercado global e estão presentes em dezenas e dezenas de países nos cinco continentes”, frisa, realçando o progra-ma BES – Apoio às Empresas Inovado-ras, através do qual “já se investiu em nove empresas desde o fi nal de 2011, a mais recente já agora em 2013”. O gru-po marca ainda a diferença com o BES Express Bill, uma solução de gestão de pagamentos e recebimentos, que ga-rante os pagamentos e antecipa os re-cebimentos. Luis de Carvalho, Director Coordenador Marketing de Empresas e Institucionais do BES, faz um balanço muito positivo desta ferramenta, subli-nhando o “crescimento exponencial do número de clientes e do movimento fi -nanceiro”. < >

    transporte de mercadorias da Tranqui-lidade, e o BES Fine Trade.

    Além disso, o BES, através da ES Venture, sociedade de capital de risco do Grupo, tem dado um forte apoio às PME que apostam nas exportações, e tem investido em novas ‘start ups’ na-cionais. A Espírito Santo Ventures foi constituída em 2000 e “já investiu em quase 50 empresas, através de cinco fundos, com mais de 200 milhões de eu-

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    O Express Bill é uma solução de gestão que garante os pagamentos e antecipa os recebimentos.

  • 23 PME LÍDER 2013

    PME LÍDER

    Total 31-12-2008 31-12-2009 31-12-2010 31-12-2011 31-12-2012

    Número de PME Líder 2.996 5.365 6.776 6.679 8.334

    Volume de Negócios 18.881 M Euros 26.434 M Euros 28.644 M Euros 31.860 M Euros 51.998 M Euros

    Resultados Líquidos 984 M Euros 987 M euros 1.150 M Euros 1.130 M Euros 1.106 M Euros

    Activo Total Líquido 14.950 M Euros 21.280 M Euros 25.020 M Euros 28.534 M Euros 31.727 M Euros

    Capitais Próprios 5.900 M Euros 8.652 M Euros 10.267 M Euros 12.106 M Euros 13.849 M Euros

    Volume de emprego 154.683 M Euros 198.337 M Euros 230.867 M Euros 334.181 M Euros 344.121 M Euros

    Rendibilidade dos Capitais Próprios 16,68% 11,40% 11,20% 9,33% 7,98%

    Autonomia Financeira 39,46% 40,66% 41% 42,43% 43,65%

    Fonte: IAPMEI

    HISTÓRICO PME LÍDER 2008 - 2012

    F OI NOS CRITÉRIOS que se re-gistaram as principais mudan-ças nestes cinco anos de PME Líder. Em 2008, para uma empresa ad-quirir este estatuto, devia desenvolver actividade sob a esfera do Ministério da Economia, ser de pequena ou média dimensão, ter um superior perfi l de ris-co e apresentar simultaneamente um crescimento do volume de negócios, resultados líquidos positivos e autono-mia fi nanceira superior a 20%. O ano passado além de se ter imposto um va-lor mínimo para o volume de negócios (500 mil euros) e de trabalhadores (5), a principal alteração adveio da empresa ter de cumprir apenas um dos seguin-tes critérios: crescimento na factura-

    8334 empresas conseguiram ser PME Líder em 2012EMPRESAS COM ESTATUTO DEVEM TER UMA AUTONOMIA FINANCEIRA SUPERIOR A 20%. NÚMERO DE EMPRESAS PME LÍDER TEM AUMENTADO.Raquel Carvalho

    ção, aumento do EBIDTA ou resultados líquidos positivos.

    Nestes cinco anos, o balanço é posi-tivo. Se em 2008 foram 2996 as empre-sas que conseguiram o estatuto de PME Líder, no segundo ano, o número au-mentou para 5365 empresas. Em 2010, os critérios foram cumpridos por 6776 PME, tendo sido em 2011 que se registou a única quebra no número de empresas a conseguir este estatuto, menos 97, ou seja, 6679. Porém, para contrabalançar, em 2012 houve um impulso signifi cati-vo no número de PME líder, tendo che-gado às 8334 empresas.

    Quanto a volume de vendas, de forma natural que o comportamento é ascen-dente. Se no primeiro ano, o total atin-

    gido foi de 18.881 milhões de euros, em 2012, a facturação total destas empresas chegou aos 51.998 milhões de euros.

    Outro factor que deve ser compa-rado neste período é o volume global de emprego que passou de 154.683 em 2008, para 344.121 em 2012.

    Importante frisar que, por apre-sentarem menor risco, estas empresas são alvo preferencial para concessão de crédito. Só através das linhas PME In-veste e PME Crescimento, foram conce-didos, desde 2008, cerca de dez milhões de euros de empréstimos bancários. As PME líder representam mesmo 38% dos fi nanciamentos alprovados, mas ape-nas 8% das do número de operações aprovadas. < >

    Sara

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  • 24 PME LÍDER 2013

    Há cinco anos que 1247 empresas mantêm estatuto de PME LíderINDÚSTRIA É O SECTOR MAIS REPRESENTATIVOE PORTO É O DISTRITO COM MAIS EMPRESASCOM ESTE ESTATUTO.Raquel Carvalho

    DESDE 2008, ANO EM QUE O IAPMEI, Turismo de Portugal e os bancos parceiros criaram a marca PME Líder, que 1247 empresas já renovaram esse estatuto todos os anos.

    E quem são estas empresas de suces-so? De acordo com os dados fornecidos pelo IAPMEI, mais de metade (55,2%) são exportadoras. Em termos sectoriais, a maioria destas empresas que têm man-tido a designação de PME Líder há cinco anos consecutivos vêm do sector indus-trial (44%), o que se traduz em 550 em-presas. 467, por seu turno, (37%) actu-am no sector do comércio. Do sector da construção provêm 106 companhias, ou seja, 9%. Os serviços representam 5% deste total, com 59 empresas. Já dos transportes vêm 37 empresas que há cinco edições são PME Líder.

    até agora, é que houve registo de uma quebra. Nos restantes anos tem sido sempre a aumentar, tendo a facturação passado de 8,9 milhões de euros em 2007 para 9,9 milhões de euros, em 2011, o que representou um aumento de 10,6%.

    A explicação para este crescimento no volume de facturação poderá estar nas exportações. Os números revelam que entre 2008 e 2011, as vendas ao exte-rior subiram de 1,7 mil milhões de euros para 2,1 mil milhões de euros, o que re-presenta um crescimento de 18,2%.

    Contudo, se as exportações têm um papel fulcral no sucesso destas empre-sas, há outro ponto a registar na sua es-tratégia de crescimento, e que passa pelo aumento do número de postos de traba-lho, que em 2007 era de 64,4 mil, e em 2011, 71,5 mil, um crescimento de cerca de 11,1% da facturação.

    O sector menos representado é o turismo, com apenas 2%, ou seja, 28 em-presas a conseguirem renovar o estatuto de PME Líder ao longo destes cinco anos. Porém, este é também o sector cujos cri-térios de atribuição deste título têm va-riado ligeiramente.

    Outro factor relevante é que nestes cinco anos as PME com estatuto Líder têm todas mais de 50 postos de trabalho e superam os sete milhões de euros de vendas, em média. E parte do seu suces-so passa necessariamente por serem to-das fi nanceiramente sólidas e com mais de 40% de autonomia fi nanceira.

    Os dados em análise são referentes sempre ao ano anterior, e se em 2007, essa autonomia era de 43,51% em média, em 2011 superou os 47%.

    Se tivermos em conta as regiões do país, 70% das PME Líder que mantém o estatuto, encontram-se nos cinco distri-tos com maior relevo em termos nacio-nais, com o Porto a destacar-se, repre-sentando 20,20%.

    As regiões autónomas representam apenas 1,76% das empresas. E se os Aço-res têm 14 PME Líder que mantêm esse estatuto há cinco anos, a Madeira possui oito. De frisar que Beja é o distrito por-tuguês com menos representatividade, tendo apenas 4 empresas que há cinco anos permanecem com o estatuto de PME Líder. < >

    Um dos factores que tem permitido a estas empresas manter o estatuto de Líder tem sido o crescimento do volume de negócios, mesmo em anos de crise. Só em 2009, o mais difícil para as empresas

    Mais de metadedas empresas quetêm renovado todos os anos o estatuto PME Líder são exportadoras.

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    Para ser PME Excelência, a empresa deve ser PME Líder. Na imagem, o evento de 2010 da PME Excelência.

  • 25 PME LÍDER 2013

    Sebastião & Martins aposta na internacionalizaçãoHÁ CINCO ANOS PME LÍDER, A EMPRESA FACTUROU 17 MILHÕES DE EUROS EM 2012.Raquel Carvalho

    HÁ CINCO ANOS consecuti-vos que a Sebastião & Martins mantém o estatuto de PME Lí-der. Fundada em 1980, a empresa actua na indústria de cartão canelado e emba-lagens e tem contornado o decréscimo das vendas em Portugal, com uma boa performance no estrangeiro.

    Em 2012, a Sebastião & Martins re-gistou um volume de negócios de cerca de 17 milhões de euros, mas antevê 2013 como um ano“difícil”. Miguel Martins, administrador, confessa que as metas a atingir este ano são “a manutenção das rendibilidades e volume de vendas no mercado interno e um possível cresci-mento no mercado externo”. Até agora, a empresa tem feito exportação directa dos seus produtos, mas o responsável admite estarem a ser analisados projec-tos que implicam mudanças ao nível da internacionalização.

    A aposta em mercados internacio-nais tem sido a estratégia seguida pela Sebastião & Martins para “manter e

    Outro factor chave é a aposta no “crescimento sustentado”. Miguel Mar-tins diz mesmo não ter dúvidas de que “só com investimento regular, investi-gação e desenvolvimento na fabricação de melhor cartão canelado, e novas so-luções na área do embalamento, pode-remos continuar a crescer de uma for-ma sustentada”.

    Quanto a novidades, o administra-dor destaca a aposta no recente progra-ma de encomendas online, que, explica, “visa tornar os processos mais céleres e eliminar possíveis erros no acto da en-comenda”.

    Sobre a importância de ser uma PME Líder, Miguel Martins assegura que o estatuto “trouxe o reconhecimento do valor da empresa por um conjunto de entidades privadas e organismos públi-cos, mas principalmente pelos benefí-cios que traz com vista ao reconheci-mento dos seus pares”, e garante ser “um motivo de orgulho” a revalidação deste título, ano, após ano. < >

    melhorar os níveis de produção e com-petitividade”, afi rma. Mas não só. Par-te do sucesso desta PME Líder passa, também, pela preocupação em man-ter “a qualidade do produto e serviço prestado”, e, sobretudo, por ter “uma fi losofi a de gestão orientada para o cliente”.

    Empresa actuana indústria do cartão canelado e embalagens. Em 2013 quer crescer no mercado internacional, para onde já exportade forma directa.

    CASOS DE SUCESSO

  • 26 PME LÍDER 2013

    CASOS DE SUCESSO

    Sirplaste atenta a novas oportunidades de negócioEMPRESA LÍDER HÁ CINCO ANOS CONSECUTIVOS FACTUROU 9,8 MILHÕES DE EUROS EM 2012. E PARA ESTE ANO PREVÊ 13 MILHÕES.Raquel Carvalho

    ASIRPLASTE NÃO BAIXA os bra-ços perante as difi culdades e tenta marcar a diferença. “Os momentos de crise obrigam-nos a ser criativos e a sair do espaço de conforto procurando novas oportunidades”, diz Ricardo Pereira, administrador desta empresa de reciclagem de plásticos, com estatuto de PME líder há cinco anos con-secutivos.

    O ano passado, a empresa, localizada em Porto de Mós aproveitou “a disponi-bilidade de capacidade produtiva cria-da pela crise para desenvolver novos produtos para novas áreas de negócio e aferir a sua aceitação pelo mercado”, esclarece o responsável. Não ter medo do desconhecido e investir na inovação e na criatividade marcam a diferença e tornam a Sirplaste uma PME de suces-so. Mas Ricardo Pereira acredita que parte desse sucesso se deve também, ao “grande conhecimento do mercado, respeito por fornecedores e clientes e histórico imaculado de cumprimento das nossas obrigações”.

    Com um volume de negócios em 2012 de 9,8 milhões de euros, a Sirplaste cresceu na facturação, mas o responsá-vel admite que “os objectivos propostos não foram atingidos”, sobretudo na área de negócio de matéria-prima para apli-cações em construção, a única onde hou-ve uma ligeira quebra nas vendas. Para 2013, as previsões apontam para um vo-lume de negócios perto dos 13 milhões de euros, “contribuindo para tal o lança-mento de novos produtos e o aumento de vendas fora da União Europeia”.

    De acordo com Ricardo Pereira, os maiores impactos da crise sentiram-se mais “nos prazos de recebimento cada vez mais longos”, diz, informando que em 2013, “a política de crédito aos clientes está a ser muito mais rigorosa e é nosso objectivo chegar ao fi nal do ano com 90% das vendas recebidas no prazo combinado”. De frisar que a empresa ex-porta 70% do que produz, ambicionan-do, nos próximos anos, “a consolidação e procura de mercados e produtos com maior valor acrescentado”. < >

    Não ter medodo desconhecidoe investir na inovaçãoe na criatividade marcam a diferença e tornama Sirplaste uma PMEde sucesso.

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  • 27 PME LÍDER 2013

    Quantal prepara avanço para o mercado escandinavoA EMPRESA ESPECIALIZADA EM SOLUÇÕES METÁLICAS PARA O SECTOR AUTOMÓVEL E OUTRAS ÁREAS INDUSTRIAIS ESTÁ JÁ PRESENTE EM SETE PAÍSES.Carlos Caldeira

    A QUANTAL ESPERA AVANÇAR com os seus produtos para o mercado escandinavo este ano. A empresa, de Vila do Conde, especia-lizada na produção personalizada B2B (‘business to business’) de soluções me-tálicas na área automóvel (protótipo e pequenas séries) e produtos para di-versas áreas industriais, exporta já para a Suíça, Alemanha, França, Espanha, Noruega, Dinamarca e Holanda, disse a directora fi nanceira da Quantal, Paula Ribeiro, ao Diário Económico.

    Nos últimos dois anos, a Quantal fez um investimento de cerca de 2,8 milhões de euros em equipamento de alta tecno-logia, de ”forma a ganharmos capacidade de res¬posta perante os nossos clientes e os seus produtos de elevado grau de exi-gência”, refere Paula Ribeiro. Para 2013, a empresa prevê o crescimento da sua “área produtiva de 6.500 para 8.500 m2.

    Com um volume de negócios na or-dem dos 11 milhões de euros em 2012, a gestão da Quantal “baseia-se no com-

    A empresa, sediada em Vila do Conde, exporta para a Suíça, Alemanha, França, Espanha, Noruega, Dinamarca e Holanda,

    promisso de ajudar os parceiros de ne-gócio a atingir os seus objectivos”, re-fere a mesma fonte. “Apesar de existir uma diminuição do volume de negócios face ao ano anterior, de 6,3%, este não representa uma pior ‘performance’ no desempenho da empresa, pois tratou-se de uma estratégia defi nida, no sen-tido de apostar em produtos com maior valor acrescentado”, acrescenta Paula Ribeiro. Em 2012 o EBITAD (resultados operacionais) cresceu 9,5% em relação ao ano anterior. No mesmo ano, o peso das exportações na facturação total da empresa representou 67,5%.

    A Quantal tem conseguido o estauto de PME Líder há cinco anos consecuti-vos. “Este estatuto mostra que a banca reconhece o bom desempenho da em-presa a nível económico-fi nanceiro”, refere Paula Ribeiro. E acrescenta que o estatuto tem sido “demonstrado por boas notações de ‘rating’ e indicadores económico-fi nanceiros sólidos que te-mos vindo a apresentar” < >

    “Este estatuto mostra que a banca reconhece o bom desempenho da empresa a nível económico-fi nanceiro”, refere Paula Ribeiro, directora fi nanceira da Quantal.

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  • 28 PME LÍDER 2013

    PME LÍDER | ENTREVISTA

    LUÍS FILIPE COSTA

    Presidente do IAPMEI

    “Linha PME Crescimento canalizou 1,7 mil milhões de euros para as PME”

    Raquel Carvalho

    O RESPONSÁVEL DO IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação) de-fende que o PME Investe foi “absolutamente fun-damental” para proporcionar algum “oxigénio às tesourarias das empresas neste período crítico”.

    Em 2011 disse que uma das soluções para combater a crise em 2012 era optar por processos de fusões e aquisições ou parcerias de negócios para complementar produções, abor-dar mercados ou reforçar competências. Isso aconteceu? O IAPMEI tenta proporcionar condições favoráveis para que estes processos aconteçam. Melhorámos as condições ao ní-vel do acesso a fi nanciamento, quer através dos instrumen-tos de dívida quer dos instrumentos de capital e para vários segmentos de empresas. Ao nível do crédito protocolado, em 2012, concedeu-se o alargamento de prazo de reembolso das Linhas PME Investe e reforçaram-se os montantes das linhas de crédito, com continuidade já em 2013 com a linha PME Crescimento 2013. Ao nível do capital, os vários operadores de capital de risco, dispõem de fundos adicionais no âmbito do COMPETE e foram lançados os Fundos Regionais de Expansão Empresarial, com vista à capitalização das PME que querem crescer, quer por via do crescimento orgânico quer por via de aquisições/fusões. Foi também lançada a linha Caixa Capita-lização (com Garantia Mutua) que pretende apoiar empresas ambiciosas do ponto de vista do crescimento. Nos seus con-tactos diários, o IAPMEI é confrontado com vários processos de aquisição ou venda de empresas, fazendo aconselhamento/encaminhamento, na forma de fi nanciar o negócio e de possi-bilitar a sua viabilização. Um dos fenómenos recorrentes em 2012 é o da venda, não porque a empresa esteja em difi culda-des mas por necessidade, por ausência de sucessão, nas em-presas familiares. Neste aspecto, ajudamos os empresários a procurar comprador.

    A aposta na internacionalização e nas exportações tem sido uma tendência seguida pelas PME nacionais? Como correu 2012 para a maioria das PME?

    Tomando como referência o universo das PME Líder, das 8.334 PME distinguidas com este Estatuto em 2012, 56,2% são directamente exportadoras. As exportações correspondem a 13,6% do volume de negócios agregado das PME Líder, mas representam um crescimento de 14,6% (dados de 2011 quan-do comparados com 2010). O que é uma tendência positiva que temos verifi cado historicamente no universo das PME Líder.

  • 29 PME LÍDER 2013

    Paula

    Nunes

    to generalizado do nível de risco. Situação mais grave acon-tece naquelas empresas que perderam uma fatia relevante do seu volume de negócios, e apesar de libertarem meios fi nan-ceiros, estes não são já sufi cientes para fazer face ao serviço da dívida. É uma questão que está diagnosticada e para a qual estamos já a equacionar formas de intervenção, para este seg-mento, a muito curto prazo. Neste processo extremamente difícil para as empresas, elas também já interiorizaram que necessitam de reforçar os seus capitais próprios e olhar para formas de fi nanciamento alternativas, que não exclusivamen-te o canal bancário.

    No que toca às linhas PME Investe, quantas empresas re-correram em 2012 a estes apoios e qual o volume de fi -nanciamento contratado? Qual o balanço que faz do alar-gamento do prazo destas linhas?Vale a pena verifi car a dimensão das linhas protocoladas desde o seu lançamento em Julho de 2008. O IAPMEI, com os Bancos e o Sistema de Garantia Mútua têm desenvolvido um trabalho de dimensão relevante em prol do fi nanciamento das PME neste período de crise. Só em 2012, foram canalizadas para as PME nacionais, atra-vés da Linha ‘PME Crescimento’, 1,7 mil milhões de euros em fi nanciamento, benefi ciando 16.900 empresas, que sem estas Linhas teriam, na sua maioria, enormes difi culdades no aces-so ao crédito .Em relação aos ‘Alargamentos de Prazo‘ das Linhas PME In-veste, o primeiro lançado em Setembro de 2011 e o segundo já em Janeiro de 2013, foram absolutamente fundamentais para proporcionar algum ‘oxigénio’ às tesourarias das empresas neste período crítico de difi culdade no acesso a crédito novo, e benefi ciaram até agora cerca de dez mil PME, num valor de crédito de 1,5 mil milhões de euros, tendo representado para muitas empresas, a verdadeira diferença entre ‘a vida e a mor-te’, dado que sem estas moratórias, muitas teriam entrado em incumprimento contratual com a Banca e provavelmente em processos de insolvência.

    Que papel tem tido o capital de risco no apoio às PME? Continua a ser uma área que, estando em desenvolvimento e aperfeiçoamento ainda é pouco expressiva em Portugal, quando comparada com países em que a indústria de ‘private equity’ está mais desenvolvida. É um sector que, quando esti-ver em plena fase de maturidade, contribuirá de forma deci-siva para o crescimento e fortalecimento da economia portu-guesa e das empresas nacionais que visam o mercado global.Mas é de salientar a evolução muito positiva que o sector de capital de risco tem verifi cado no passado recente, com um maior número de ‘players’ privados a operar no mercado e um novo operador público mais ‘musculado’, e com uma di-nâmica muito interessante da actividade dos ‘Business An-gels’, que passaram de uma situação de quase inexpressão há alguns anos atrás, a um papel de parceiro activo e extrema-mente ágil, no apoio aos nossos empreendedores e à criação de novas ‘start ups’ em Portugal. < >

    Que balanço faz do acesso ao fi nanciamento por parte das empresas? O que foi exigido de novo às empresas para que consigam obter crédito?No sistema fi nanceiro não deixaram de existir recursos para fi nanciar as PME. As PME nacionais, historicamente, fi nan-ciam a sua atividade e o seu crescimento, essencialmente com crédito bancário de curto prazo, e muitas delas atingi-ram o seu limite de endividamento, agravado por um aumen-

  • 30 PME LÍDER 2013

    PME LÍDER

    Sete regras para se conseguir alcançar a liderançaSAIBA TUDO O QUE TEM DE FAZER PARA PODER TORNAR-SE NUMA PME LÍDER. APROVEITE, AVALIE A SUA EMPRESA E MELHORE A SUA GESTÃO.Raquel Carvalho

    SERVIR DE EXEMPLO e marcar a diferença. Também é para isso que serve o estatuto de PME Líder. É que este estatuto não está a alcance de todas as empresas. Inovar e interna-cionalizar são duas das palavras-chave para as PME que ambicionam um dia ser líderes. Devem ainda ter como visão de futuro, prosseguir com as estratégias de crescimento e reforço da sua base com-petitiva.

    A lista de critérios é extensa. A em-presa tem que ter um perfi l superior de rating e pelo menos três anos de activi-dade fechados sempre com resultados lí-quidos positivos ou crescimento do volu-me de negócios, sendo que este deve ser igual ou superior a 500 mil euros. Para se conseguir o estatuto é também necessá-rio ter uma autonomia fi nanceira supe-rior a 25%.

    Conseguidos estes pressupostos, há que ter alguns cuidados para não se per-der o estatuto. Além de terem que com-

    Seguem agora sete pontos que o IA-PMEI considera fundamentais para que uma PME consiga ser líder. Conheça-os:

    1 Uma PME que acredita reunir todas as condições para ser lí-der terá que se dirigir a um dos bancos parceiros e propor-se ao estatuto, visto serem os bancos que verifi cam um conjunto de critérios de acesso e atribuem uma notação de risco de crédito que esteja nos níveis proto-colados com o IAPMEI. Após essa análi-se, são os bancos que convidam as PME a tornarem-se líderes e as propõem ao IAPMEI ou ao Turismo de Portugal, no caso das empresas de turismo. .

    2Um dos pontos fulcrais na atri-buição do estatuto é o perfi l de risco. Ou seja, a importância que a empresa demonstra em

    provar anualmente a condição PME, atra-vés da certifi cação ‘on-line’, no site do IAPMEI, até à data limite de apresentação de contas às fi nanças, sob pena de cadu-cidade automática, as PME Líder têm que renovar o estatuto todos os anos, uma vez que este tem a validação de um ano e pode caducar a qualquer momento, caso a empresa incumpra o nível de rating protocolado, haja algum acontecimento que coloque em causa o desempenho da empresa, ou registo de processos de in-solvência em empresas participadas.

    De destacar que o estatuto PME Líder foi lançado pelo IAPMEI, no âmbito do Programa FINCRESCE, em parceria com o Turismo de Portugal, no caso das empre-sas de turismo, as sociedades de garantia mútua e os principais bancos a operar em Portugal, designadamente o Banco Espírito Santo (e BES dos Açores), o Ban-co BPI, o Barclays, a Caixa Geral de Depó-sitos, o Crédito Agrícola, o Millennium BCP, o Montepio e o Santander Totta.

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  • 31 PME LÍDER 2013

    melhorar as componentes qualitativas do seu negócio, como forma de melho-rar o seu perfi l de risco junto das insti-tuições fi nanceiras.

    3A forma como a PME gere o ne-gócio é igualmente um factor de selecção importante, uma vez que a empresa só conse-guirá obter o estatuto se comprovar ter uma equipa de gestão com formação adequada e experiência empresarial. É esta equipa que terá a responsabilidade de convencer potenciais investidores a investir e que será um elemento funda-mental no processo de entrada da em-presa em bolsa, sobretudo quando esta passar por um forte escrutínio junto dos investidores, o que acontece quando a mesma atinge uma certa dimensão.

    Uma empresa só conseguirá obter o estatuto se comprovar ter uma equipa de gestão com formação adequada e experiência empresarial.

    PME Lídercom melhores condições de fi nanciamentoO estatuto de PME Líder surgiu como instrumento de qualifi cação de empresas, no âmbito do Programa FINCRESCE, visando segmentar e conferir notoriedade a empresas com perfi s de desempenho superiores. Este estatuto confere à PME mais notoriedade, sendo um selo de reputação na relação das empresas com o mercado. Em simultâneo,é um requisito que facilita a aproximaçãoa diferentes fontes de fi nanciamento,no domínio do crédito ou do capital para desenvolverem as suas estratégias de crescimento e de reforço da sua base competitiva. É que associado ao estatuto está o acesso a melhores condições a produtos fi nanceiros e a uma rede de serviços, bem como a facilitação na relação com a bancae a administração pública.De frisar que o grupo das PME Líder que apresentem os melhores desempenhosserá também anualmente distinguidocom o Estatuto de PME Excelência, criando condições acrescidas de visibilidadepara estas empresas de perfi l superior.

    4Prestar contas auditadas e/ou com revisão legal anualmente e apresentar de forma regular um relatório de gestão com de-talhe de informação é outro factor fun-damental para se atingir o estatuto de PME Líder.

    5Claro está que uma PME Líder deve ser sinónimo de cres-cimento sustentado, quota de mercado significativa e nome globalmente reconhecido no mercado.

    6Uma PME Líder não deve ba-sear o seu crescimento apenas em fi nanciamento, devendo balanceá-lo com mais capital

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  • 32 PME LÍDER 2013

    Apostar na inovação e estar focada na internacionalização são duas condições essenciais para uma PME obter o estatuto de líder.

    próprio, bastando para tal que se apoie nos meios libertados pela actividade, pela contribuição dos sócios/accionis-tas ou mesmo recorrendo a operadores especializados como os ‘private equity’ ou ‘venture capital’. Factores determi-nantes para melhorar a notação do ‘rating’, uma vez que mostra solidez fi nanceira.

    7Assegurar inovação e estar fo-cada na internacionalização são duas condições essenciais para uma PME obter o estatu-to de líder. Se a PME olhar para as di-fi culdades como oportunidades e tiver como prioridade as exportações, conse-guirá de forma fácil obter o estatuto de líder. < >

    Empresas de turismo com estatuto especial O estatudo de PME Líder pode ser atribuídoa empresas do sector do turismo, sendo quea estas empresas não é exigido um limite mínimo de volume de negócios, bastando para tal registaram crescimentos na facturação. Para que empresas deste sector possam obter este estatuto, têm que demonstrar ter empreendimentos e/ou actividades inovadoras ou que se encontrem inseridos em imóveisde reconhecido valor patrimonial. No caso de estabelecimentos hoteleiros,as propostas de adesão\renovação do estatuto deve ser enviado ao Turismo de Portugal, apresentando o nome do empreendimento turístico. Se forem residências de férias, turismosde habitação ou turismo no espaço rural, parques de campismo e de caravanismoe restaurantes, a apresentação ao Turismo de Portugal deve ser feita com o comprovativo das licenças de utilização, emitidas pelas autarquias e indicação do nome do estabelecimento.

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    OPINIÃO PAULO DEUSAnalista Económico-Financeiro da Coface Serviços Portugal

    A competitividadedas empresas portuguesasnum meio ambiente adversoVOLUME DE NEGÓCIOS DAS PME LÍDER QUE EXPORTAM AUMENTOU EM MÉDIA 4,1% EM 2011, UM VALOR QUE CONTRASTA COM A QUEDA DE 5,9% DAS EMPRESAS TOTALMENTE DEPENDENTES DO MERCADO INTERNO.

    S EMPRESAS PORTUGUESAS de-monstraram de novo as suas capaci-dades competitivas em 2012, com um acréscimo nominal das exportações de bens em 5,8%, um dos mais elevados da União Europeia, cuja média é de 3,3%. Isto apesar da forte desvalorização do mercado interno, determinada por uma política económica austera e limi-tada no apoio à competitividade, gera-dora de círculos viciosos e condiciona-dora das empresas exportadoras, que em média dependem em 2/3 da Procu-ra Interna (70% nas 58,8% de PME Lí-der que exportam), perdendo graus de liberdade no seu autofi nanciamento.

    Nos mercados da União Europeia, Portugal obteve aumentos signifi cati-vos das suas quotas nas importações de países como Grécia (70,1%), Hun-gria (24,3%), Roménia (15,8%), Itália (+14,9%), República Checa (13,9%), Áustria (7,2%), Dinamarca (+6,3%), Ho-landa (+5,8%), Suécia (5,3%) e Irlanda (4,8%). Estes aumentos de quotas e de valor exportado mais do que compen-saram as diminuições do valor e das quotas de mercados como Espanha e Alemanha. E enquanto a grande maio-ria dos países da União, nos primeiros nove meses de 2011 e de 2012, tiveram decréscimos das suas quotas mundiais ainda piores que a Alemanha e a favor da China e dos EUA, Portugal teve um decréscimo de apenas -1,6%.

    Nos mercados extra União Euro-peia Portugal obteve um acréscimo de 19,8%, com destaque para os combustí-veis e fi leira moda exportados para os E.U.A; a fi leira metálica, equipamentos

    e azeite para o Brasil; os equipamentos, fi leira metálica e alimentar para Angola e para Moçambique; ou, ainda, os com-bustíveis, fi leira metálica e fi leira ali-mentar para Marrocos. Também houve outros acréscimos em outros sectores, como é o caso das exportações de mi-nerais não metálicos, cerâmica, pedra e vidro para a Argélia. Ou do sector au-tomóvel para a China (+ 96,3% que res-peitam às exportações directas da VW Autoeuropa).

    As PME Líder seleccionadas tinham em 2011, uma taxa média ponderada de exportação de 20,8%. O volume de negócios destas PME exportadoras au-mentou em média 4,1%, valor que con-trasta com a queda de volume de negó-cios em -5,9% registados nas empresas totalmente dependentes do mercado interno.

    Grupos e empresas de todas as di-mensões, cada vez em maior número, colhem os frutos e lançam novas se-mentes de estratégias de internaciona-lização mais antigas ou mais recentes, mais proactivas ou mais reactivas, num continuado esforço de integração com-petitiva nas cadeias de valor mundiais, com forte rivalidade.

    Mas é vital melhorar o meio am-biente endógeno que condiciona as empresas em termos de procura on-terna, logística, comunicação, energia, fi nanciamento (melhoria da gestão de riscos e custos de oportunidade), acção do Estado e cultura de ‘stop and go’ e de jogos de soma negativa ou nula, que muito prejudicam Portugal e a realiza-ção do seu potencial. < >

    APaulo Deus é analista

    da Coface Serviços,

    empresa especialiizada

    no fornecimento de

    soluções de Business

    Management. É nesse

    âmbito recolhe

    e disponibiliza informação

    comercial e fi nanceira

    sobre o universo

    empresarial português.

    A Coface Serviços

    tem uma parceria com

    o Diaário Económico,

    sendo respondável pela

    elaboração dos seus

    rankings empresariais.

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  • 34 PME LÍDER 2013

    TURISMO

    Turismo diversifi camercados emissores para continuar a crescerNOVO PLANO ESTRATÉGICO FOI APRESENTADO EM MARÇO E ESTARÁ NO TERRENO POR TRÊS ANOS. Dírcia Lopes

    O SECTOR DO TURISMO continua a ser considerado um motor de crescimento. Apesar do abran-damento económico que Portugal atra-vessa, esta indústria continua a gerar receitas e a contribuir para o aumento do volume de exportações. A provar este desempenho estão os últimos da-dos referentes ao sector.

    De acordo com os números divul-gados pelo Turismo de Portugal (TP), o

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    sector, em 2012, gerou mais de 8.600 mi-lhões de euros em receitas turísticas, um crescimento de 5,6%. Foi responsável por mais de 13% das exportações totais e 45% das exportações de serviços. Ainda segundo o órgão liderado por Frederico Costa, esta é também uma das activida-des que mais contribui para o emprego, com 8,2%, e para o PIB, com 9,2%.

    No entanto, mesmo com este de-sempenho, o turismo não é imune à

    crise. As empresas enfrentam também a redução da procura por parte do mer-cado interno e espanhol, que têm sido um dos principais emissores de turis-tas. Perante este cenário, a estratégia tanto do Turismo de Portugal como dos operadores assenta na diversifi cação de mercados emissores para travar a que-bra de vendas. No fi nal de 2012, França, Irlanda, Brasil e Alemanha ajudaram a conter vendas e a ter maior contributo

  • 35 PME LÍDER 2013

    foi impulsionado com a nova ligação aérea operada pela Emirates –, China e Índia, países onde tem sido realizadas missões empresariais promovidas pelo Turismo de Portugal em que o mote é “vender” o destino Portugal.

    Num ano marcado pela contenção o Turismo de Portugal defi niu como estratégia investir nos eventos que te-nham retorno económico imediato. Com base nesta convicção o administra-dor responsável pela área da promoção nesta entidade, Luís Matoso, revelou em entrevista recente ao Diário Económico que, em 2013, o investimento nos even-tos passa dos anteriores 5,1 milhões de euros gastos em 2012 para cerca de 4,3 milhões de euros. A justifi cação resulta da conclusão que a presença em feiras, como estratégia de promoção, “já não tem a efi cácia que tinha. São locais onde se consegue algum negócio, mas são sobretudo de contacto”. Por isso, o Tu-rismo de Portugal tem vindo a reduzir o número de feiras em que participa pas-sando de 24 em 2012 para apenas dez no corrente ano.

    PLANO ESTRATÉGICO REVISTOMais realista e menos ambicioso. É des-ta forma que o ministro da Economia e Emprego, Álvaro Santos Pereira carac-teriza o novo Plano Estratégico do Tu-rismo (PENT) que esteve em consulta pública durante o mês de Março e que

    foi aprovado em Conselho de Ministros do passado dia 27. Durante a apresenta-ção do PENT, agora revisto em baixa, o governante revelou que o plano estará no terreno ao longo dos próximos três anos – entre 2013 e 2015 –, sendo que foi adaptado à situação do País e ao con-texto internacional. Com base no novo documento, neste horizonte temporal prevê-se que as dormidas de estrangei-ros cresçam 3,1%, enquanto as receitas deverão subir 6,3%.

    No âmbito do novo PENT foram de-fi nidos dez produtos estratégicos onde se irá apostar: circuitos turísticos re-ligiosos e culturais, turismo de saúde, estadias de curta duração em cidade, turismo de negócios, turismo de nature-za, gastronomia e vinhos, golfe, turismo náutico, turismo residencial e o tradi-cional sol e mar.

    O Executivo defi niu ainda os mer-cados emissores de turistas que devem ser dinamizados, onde se inclui aqueles que estão em crescimento como França, Brasil, Polónia e Rússia. Os mercados que estão em consolidação, isto para se manter a quota de mercado, como o Rei-no Unido, Alemanha, Holanda, Portugal e Espanha. E apostar na diversifi cação para regiões como a Escandinávia, Itá-lia, Irlanda, Estados Unidos da América, Ásia, América do norte e Latina. Além de se dar destaque ao segmento das co-munidades portuguesas como potencial emissor de turistas. < >

    90% dos turistasque Portugal recebe provêm

    da Europa e 65% das receitas externas são oriundas

    de cinco países: Reino Unido, Alemanha, França,

    Espanha e Holanda.

    nas dormidas internacionais e nas recei-tas turísticas.

    Nesta fase, 90% dos turistas que Por-tugal recebe provêm da Europa e 65% das receitas externas são oriundas de cinco países: Reino Unido, Alemanha, França, Espanha e Holanda.

    Nesta óptica de diversifi cação pela entrada em novos mercados, a aposta recai em destinos tão diversos como Emirados Árabes Unidos – mercado que

    Travelstore volta a liderarA maioria dos operadores do turismo assume a categoria de Pequenas e Médias Empresas (PME),daí o IAPMEI e o Turismo de Portugal terem criado o estatuto “PME Excelência” para o sector. Na corrente edição, a Travelstore, empresa que actua no segmento de viagens de negócios, é mais uma vez distinguida como PME Líder, estando na liderança do sector do turismo. Fundada em 2000,a empresa liderada por Frédéric Frère é detida pela Embrace – ‘holding dos sócios promotores –,pela AICEP Capital Global e Turismo Capital, sendo que já conta com presença no mercado externo com a expansão para Espanha, em 2002, e para Angola, em 2010. A Travelstore fechou o exercíciode 2011 com um volume de negócios de 44,2 milhões de euros, um crescimento de 25% faceaos 35,3 milhões de euros de 2010, e com um total de 88 colaboradores.

    TOP1 TRAVEL STORE2 Nortravel3 Lusanova4 Clubtour5 Douroazul VEJA AS 327 +

    páginas42 A 47

  • 36 PME LÍDER 2013

    TURISMO | ENTREVISTA

    FREDERICO COSTAPresidente do Turismo de Portugal

    “Turismo gerou 8.600 milhões de euros em receitas em 2012”

    Dírcia Lopes

    AAPOSTA em novos mercados permitiu que Por-tugal fechasse o ano de 2012 com mais dormidas internacionais e mais receitas turísticas. Frederico Costa, o presidente do Turismo de Portugal, revela ainda que este ano houve uma subida no número de PME Líder neste sector em 45% face ao número de distinguidos na edição anterior.

    O turismo tem sido apontado como um motor de desen-volvimento económico. O sector tem conseguido dar res-posta a este desafi o?Sim, o sector do turismo pela sua natureza transversal e efeitos multiplicadores tem claramente um impacte alargado a toda a economia. Além disso, é uma actividade não deslocalizável, com grande capacidade de atracção de receitas internacio-nais e de consolidação de uma imagem de qualidade do País no estrangeiro. Através da inovação de métodos e da profi s-sionalização dos seus recursos humanos, o sector tem vindo a reforçar consistentemente as suas competências, construindo e apresentando uma oferta cada vez melhor e por várias vezes distinguida internacionalmente. Esses contributos foram fun-

    damentais para que, apesar de todas as difi culdades, a activida-de turística tenha tido um comportamento resiliente em 2012. E para Portugal continuar a ser considerado um dos 20 princi-pais e mais competitivos destinos turísticos do mundo.

    Qual é o peso que este sector tem na criação de riqueza do País?O turismo é a principal actividade exportadora de Portugal. Em 2012 gerou mais de 8.600 milhões de euros em receitas turísti-cas, tendo sido responsável por mais de 13% das exportações totais e 45% das exportações de serviços. É também uma das atividades que mais contribui para o emprego (8,2%) e para o PIB (9,2%).

    A maioria das empresas do sector é de pequena e média dimensão. Este estatuto reduz a sua competitividade?A dimensão das empresas não é, na maioria das actividades ligadas ao sector turístico, um factor crítico para a sua com-petitividade. Já outros factores - como a inovação, atitude no mercado, profi ssionalização e especialização dos seus recur-sos humanos, funcionamento em rede, utilização de recursos endógenos, estrutura comercial e de distribuição – concorrem diretamente para essa condição. Além disso, as PME são mui-

  • 37 PME LÍDER 2013

    Fo

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    tas vezes geradoras dos projectos mais inovadores e líderes de mudança, como acontece de resto em centenas de empresas do sector turístico que se têm afi rmado pelas experiências distin-tas que criam e disponibilizam.

    Qual é a estratégia do Turismo de Portugal em termos de apoio ou incentivos para as PME do sector? Há condições favoráveis ao nível do acesso ao crédito?O Turismo de Portugal vem desenvolvendo uma estratégia de maior proximidade às empresas, tendo em vista o apoio à sua actividade comercial e o contacto directo com o consumidor fi nal, com o objetivo de captar mais turistas. Nessa estratégia destacam-se instrumentos para colmatar as suas necessidades específi cas de fi nanciamento, como o lançamento de linhas de crédito no valor de 200 milhões de euros (Linha de Apoio à Qua-lifi cação da Oferta, Carência de Reembolsos e Linha de Apoio à Tesouraria), bem como o apoio a investimentos no âmbito dos sistemas de incentivo do QREN. O Turismo de Portugal passou ainda a disponibilizar de uma equipa especializada no apoio às empresas, que vai acompanhar os negócios em curso e em fase de arranque. A nova equipa auxilia as empresas em áreas tão di-versas como a do diagnóstico de oportunidades de investimen-to, do planeamento e licenciamento de atividades turísticas, da comercialização e marketing, do fi nanciamento de projectos e da reestruturação fi nanceira. Outras iniciativas contribuem para aumentar essa proximidade e facilitam a acção das em-presas no estrangeiro, como a diversifi cação pela entrada em novos mercados; o “living in Portugal” ou os workshops Portu-gal Experience. Na área da qualifi cação formativa destacam-se acções dirigidas a melhorar as competências dos p