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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS DE ERECHIM RENAN SACHET UMA DISCUSSÃO SOBRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA ERECHIM 2009

UMA DISCUSSÃO SOBRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA · questionar a democratização do ensino e da aprendizagem matemática no ambiente escolar, buscando permitir ao educando uma

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES –

CAMPUS DE ERECHIM

RENAN SACHET

UMA DISCUSSÃO SOBRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA

ERECHIM

2009

RENAN SACHET

UMA DISCUSSÃO SOBRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA

Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao

Curso de Matemática, Departamento de Ciências

Exatas e da Terra da Universidade Regional

Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus

de Erechim

Profª. Nilce Fátima Scheffer

ERECHIM

2009

DEDICATÓRIA

Dedico a Deus pela inteligência, aos meus pais pelo

suporte e aos professores que me oportunizaram a

construção de conhecimentos.

AGRADECIMENTOS

A realização desse trabalho não se refere apenas a ele próprio, mas ao fim de

uma caminhada dotada de desafios. E, neste momento, quero agradecer a algumas

pessoas que me emprestaram seu tempo e habilidades para que viesse a alcançar a

vitória.

Primeiramente a Deus pelo conforto e confronto que me fizeram crescer

durante essa caminhada.

À minha família que foi meu suporte durante as minhas inquietudes,

devaneios, anseios, medos, incertezas, enfim, durante todo tempo dando-me

suporte. Ilvo, Helena, Carine, Alex, muito obrigado!

À profª. Drª. Nilce Fátima Scheffer pela paciência e a aposta em ensinar-me e

orientar-me, sem a qual essa vitória seria muito mais árdua.

Aos colegas que toparam caminhar juntamente por esse desafio, trocando

informações e construindo conhecimentos.

Ao meu amigo Cristiano que com sua força e ânimo de vida me influenciaram

e me ensinaram para a vida.

A você que passou pela minha vida deixando meus dias mais belos.

Enfim, a todos que transitaram nesse caminho motivando e contribuindo,

direta ou indiretamente o meu agradecimento.

EPÍGRAFE

“Tanto a Matemática como a Educação podem ser

aplicadas de muitas formas diferentes, dependendo do

contexto, e, como consequência elas devem ser alvo de

reflexão crítica” (SKOVSMOSE)

RESUMO

Ao analisar o ambiente escolar e o processo educacional onde a Matemática está

inserida, alguns paradigmas têm estado sobressalentes, inclusive no que tange a

Educação Matemática. Mediante isso, a Educação Matemática Crítica tem se

constituído uma fonte para discussões, análises e reflexões em busca de

proporcionar ao educando uma formação sociopolítica integral, a partir da

Matemática envolvida no processo. Nesse trabalho visa-se refletir a realidade da

Educação Matemática Crítica inserida em um mundo globalizado, mediante a obra,

Desafios da Reflexão em Educação Matemática Crítica, do autor Ole Skovsmose,

professor no Departamento de Educação, Aprendizagem e Filosofia da Universidade

de Aalborg, na Dinamarca, e professor visitante na pós-graduação em Educação

Matemática da UNESP, Rio Claro.

Palavras-Chave: Educação Matemática, Educação Matemática Crítica, Cenários

para Investigação.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................8

1 A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI ........................... ...........................................10

1.1 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL...............................................10

1.1.1 A concepção pedagógica tradicional religiosa (1549- 1759) ............11

1.1.2 A concepção pedagógica laica (1759-1932) ........... ...........................11

1.1.3 A concepção pedagógica renovadora (1932-1969)...... .....................12

1.2 A MATEMÁTICA NO SÉCULO XXI..............................................................13

2 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA .............................. ............................................14

3 REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA ........ ..................17

3.1 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA......................................................17

3.2 DESAFIOS DA REFLEXÃO .........................................................................18

3.3 AMBIENTES INVESTIGATIVOS..................................................................19

3.4 DESAFIOS FUTUROS.................................................................................21

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................... .......................................................24

BIBLIOGRAFIA ....................................... .................................................................27

8

INTRODUÇÃO

Este trabalho focaliza uma reflexão amadurecida a partir de uma pesquisa

bibliográfica no trabalho de conclusão de curso, e persegue o objetivo de promover

uma discussão, análise e reflexão a respeito da Educação Matemática Crítica.

O estudo leva em consideração algumas concepções pedagógicas da

Educação no Brasil desde sua origem até os dias atuais, revelando o processo

educacional onde a Matemática está inserida e trazendo a Educação Matemática à

luz da Educação Matemática Crítica. Pretende-se juntamente refletir sobre os

desafios em Educação Matemática Crítica mediante a obra do doutor Ole

Skovsmose, professor no Departamento de Educação, Aprendizagem e Filosofia da

Universidade de Aalborg, na Dinamarca, e professor visitante na pós-graduação em

Educação Matemática da UNESP, Rio Claro.

A partir das concepções educacionais que se seguiram desde o processo de

colonização do Brasil, vários paradigmas podem ser identificados na sala de aula

das escolas. Juntamente, a Matemática traz em seu processo de ensino e

aprendizagem concepções preestabelecidas que dificultam o bom rendimento dos

educandos.

Desde o surgimento da Educação Matemática, vários métodos de ensino têm

sido discutidos, refletidos e analisados para que a Matemática no ambiente escolar

transcenda os paradigmas existentes. No entanto, nem tudo que é realizado em uma

realidade servirá em outra. Para isso, a Educação Matemática Crítica vem

questionar a democratização do ensino e da aprendizagem matemática no ambiente

escolar, buscando permitir ao educando uma formação sociopolítica integral.

Apresenta-se, com vistas a isso, uma discussão sobre A Educação no Século

XXI e Reflexões sobre Educação Matemática Crítica, a partir da obra, Desafios da

Reflexão em Educação Matemática Crítica, do autor Ole Skovsmose, de 2008.

9

Na primeira seção apresenta-se A Educação no Século XXi, onde são

debatidos dois momentos sobre a Evolução da Educação no Brasil e a Matemática

no Século XXI. Em meio a essa seção são abordadas as concepções pedagógicas

no Brasil durante sua história e a Matemática mediante a todos os avanços

sociopolíticos.

Na segunda seção apresenta-se a Educação Matemática abordando as

tendências atuais, reportando seus respectivos mentores e, destacando também, as

idéias que cada autor defende em suas respectivas obras.

As Reflexões sobre Educação Matemática Crítica estão contidas na terceira

seção, onde se apresenta refletida em quatro momentos: A Educação Matemática

Crítica, Desafios da Reflexão, Ambientes Investigativos e Desafios Futuros. Em meio

a essa seção são desenvolvidas as principais idéias da temática abordada por

Skovsmose.

Por fim apresentam-se as Considerações Finais sobre o tema, constando as

aprendizagens e possíveis contribuições da realização desse trabalho monográfico.

10

1 A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI

Ao debater sobre aspectos específicos da Educação, como no caso a

Educação Matemática, faz-se necessário contextualizar o ambiente educacional o

qual estará sendo referido e obtido como base. Para isso, voltar a analisar a

caminhada evolutiva realizada pela Educação, e pelas áreas afins, remete a um

vislumbrar histórico que conduz ao século XXI.

1.1 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

A Educação, como também toda a sociedade global, tem evoluído

rapidamente. Com isso, traz consigo sinais que demonstram essa evolução

constante. Na Educação, esse fato se faz presente atualmente, pela necessidade da

utilização dessas novas tecnologias para uma equiparação com o mercado de

trabalho, os ambientes de entretenimento, enfim, as tecnologias de informação e

comunicação (TIC’s).

Essas transformações têm afetado a forma de vida das crianças e

adolescentes nas últimas décadas. Essas transformações estão presentes nas

famílias que os pais têm estado cada vez mais inseridos no ambiente de trabalho e,

como conseqüência disso, dedicando-se cada vez menos na educação dos filhos.

Outro fator que demonstra as transformações que têm ocorrido é a utilização

de novas tecnologias em todos os âmbitos da vida, tanto pela facilidade de aquisição

quanto pelo comodismo proporcionado pelos mesmos.

Mas até chegar ao século XXI, que se debruça sobre os avanços

tecnocientíficos, toda a sociedade sofreu inúmeras mudanças que revelam o caráter

formado pelas diferentes gerações. A Educação por sua vez, sempre conteve em

sua existência um papel fundamental na formação do pensamento social.

Diante ao papel da escola, mostra-se necessário voltar o olhar a ela, que tem

recebido a incumbência de educar o cidadão, e identificar até onde essas

11

transformações têm influenciado nas atitudes, na disciplina, no interesse, enfim, no

desenvolvimento dos educandos

Para tanto, a Educação formalizou-se no ambiente escolar, onde sofreu

inúmeras transformações que nos remetem à história da pedagogia, mais

especificamente, na escola brasileira, segundo SAVIANI (2005).

1.1.1 A concepção pedagógica tradicional religiosa (1549-1759)

Ao referir-se a pedagogia estabelecida no Brasil é coerente relembrar da

colonização brasileira, imposta pelos povos europeus, onde os jesuítas ao chegarem

ao território implantaram colégios, estes que durante dois séculos foram financiados

pela coroa portuguesa, estabeleceram uma concepção cristã-católica.

Ao referir-se a Educação conforme a concepção de Pedagogia Tradicional,

Saviani (2005) afirma: “À educação cumpre moldar a existência particular e real de

cada educando à essência universal e ideal que o define enquanto ser humano”.

Com isso, é possível destacar que a concepção adotada nesta época remetia

a Educação nos colégios jesuítas a doutrinar o educando de acordo com um padrão

preestabelecido, que nesta época era o cristianismo-católico.

1.1.2 A concepção pedagógica laica (1759-1932)

Em determinado momento do século XVIII, as idéias da pedagogia do

humanismo racionalista começam a influenciar, surgindo assim reformas inspiradas

no Iluminismo, que buscavam introduzir uma Educação laica, ou seja, independente

da religiosidade.

Ao estabelecer-se este novo sistema, segundo Saviani (2005), “O método

supunha regras pré-determinadas, rigorosa disciplina e a distribuição hierarquizada

dos alunos sentados em bancos dispostos num salão único e bem amplo”.

Determinada essa hierarquia em sala de aula, torna-se possível destacar uma

12

prioridade sendo estabelecida para aqueles educandos que possuíam um melhor

aproveitamento.

Com a Revolução Industrial, a padronização do educando muda de direção,

onde anteriormente voltava-se para a religiosidade, logo após para a individualidade

segundo seu aproveitamento, agora passaria à visão mercadológica.

Para o professor, o livro didático deixa de ser material para seus alunos e

passa a ser material fundamental para guiar-lhe em sala de aula, tornando a aula

cada vez mais metódica e expositiva.

1.1.3 A concepção pedagógica renovadora (1932-1969)

Com a fundação da Associação Brasileira de Educação (ABE) em 1924,

passa-se a abordar temas sobre a transformação da escola, a criança como centro

da escola, organização das matérias escolares, enfim, traçando um panorama da

escola e assim, estabelecendo novos objetivos.

Para Saviani (2005), ao retratar a Educação no ambiente escolar desse

tempo, ”parte-se das transformações sociais para postular a exigência da

transformação escolar”, assim a escola é novamente influenciada pelo meio no qual

está inserida, mas ainda com um olhar generalizante, e não particular.

Com a industrialização e o surgimento de movimentos sindicais, outro aspecto

determinante na mudança de paradigma da escola, está contido na democracia. A

partir dessa influência democrática, o ambiente escolar transforma-se mais uma vez,

agora com o abandono do autoritarismo em favor da liberdade.

A partir de todas as concepções que predominaram durante a história da

Educação no Brasil em seus determinados períodos, há atualmente uma grande

ramificação da Educação envolvida com outras áreas de conhecimento como a

Psicologia, Medicina, Sociologia, enfim, áreas que se agregam ao fator educacional.

Com isso, evidencia-se também um maior aprofundamento nos estudos que

dizem respeito às Ciências específicas como a Matemática, com essa

particularização das disciplinas ministradas em sala de aula, o contexto da

Educação atual vai além de todas as concepções vivenciadas no passado.

13

As tecnologias de informação e comunicação têm dominado o ambiente social

em todos os sentidos, tornando o ambiente escolar cada vez mais preponderante

para a formação integral do cidadão. E, neste momento, faz-se necessário uma

contextualização da escola para com o ambiente social ao qual está inserida. Parte-

se então, de um olhar generalizante e, adota-se um olhar especifico.

Ao chegar ao século XXI, entre os debates levantados a respeito da

Educação, várias áreas tem buscado discutir suas idéias com o propósito de

vislumbrar a realidade a qual estão inseridas e assim, proporcionar uma maior

propagação do saber. Entre essas áreas está a Matemática.

1.2 A MATEMÁTICA NO SÉCULO XXI

Um dos grandes paradigmas escolares é o ensino da Matemática. Durante

muitos anos, foi desenvolvido visando diferentes aspectos, pelos quais a sociedade

era formada.

Ao refletir a História da Matemática é possível visualizar grandes homens que

contribuíram com suas pesquisas e descobertas, estas que influenciam até o

presente momento, e contribuem fortemente no desenvolvimento cientifico.

Mediante a contribuição realizada por homens como Aristóteles, Platão,

Einstein, Newton, Galileu Galilei, Pascal, Leibniz, enfim, todos grandes

desbravadores, em seus respectivos períodos; encontram-se ainda hoje

possibilidades de descobertas e a partir dos conhecimentos por eles construídos.

Tais conhecimentos percorreram décadas, passando por aperfeiçoamentos e

adaptações coerentes para cada utilização e período. Com isso, cada período da

história da humanidade é marcado por avanços matemáticos produzidos de acordo

com as necessidades do contexto social.

A Educação, a Matemática, desde o princípio tem estado em destaque por

suas aplicações sociais, destacando-se como uma das ciência fundamental na

cultura do cidadão.

Mediante a invasão tecnológica em todos os ambientes sociais, desde os

anos oitenta, a escola tem precisado revisar seus métodos. Os educadores

matemáticos por sua vez, têm buscado quebrar paradigmas que fazem da

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Matemática uma das disciplinas escolares com maior índice de reprovação, por meio

de subsídios que levem os alunos a um melhor aproveitamento.

O papel dos educadores, hoje, segundo Santos (2007), é proporcionar aos

educandos “habilidades e condições de atuar com dignidade e competência no

papel que lhes caberão desempenhar como membros de uma sociedade ativa e em

constante evolução”. Para o autor, a Matemática contribui para essa formação, pelo

fato de a Matemática ser uma ciência integradora de diversas áreas de

conhecimento.

Para que o ensino da Matemática alcance seus objetivos escolares, a

Educação Matemática promove debates, discussões, reflexões, análises e

pesquisas sobre esse ensino.

2 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Diante de uma pedagogia que se mostrava com concepções inovadoras e o

ambiente escolar propiciando debates, algumas áreas de conhecimentos foram

introduzidas em meio a Educação. O processo de ensino e de aprendizagem passa

a ser alvo de reflexões e discussões. Com isso, a Matemática, que segundo Santos

(p. 21, 2007) “fornece instrumentos eficazes para compreender e atuar no mundo

que nos cerca”, passa a ser centro da discussão.

Especificando o olhar para dentro da sala de aula de Matemática, disciplina

essa que muitas vezes é encarada como difícil, estudos têm sido desenvolvidos

buscando respostas para aprimorar o ensino da Matemática, e com isso,

desmistificá-lo.

O surgimento da Educação Matemática nos anos 50 vem como resposta a

uma sociedade que tramitava a um novo modelo social, a “era da informação”. A

democratização social impulsiona o surgimento de discussões a respeito do ensino

de Matemática, pois as diferentes classes sociais partem em busca de seu espaço

em meio ao processo de modernização, o que mais tarde culminaria na

globalização.

Esse período traz consigo avanços científicos significativos, que por sua vez

exigem da sociedade uma nova postura cultural. Para tanto, o processo educacional

15

toma novo rumo. As ciências exatas e humanas passam a interagir fortemente no

ambiente escolar, buscando gerar no educando um modelo aprazível ao novo

sistema.

Neste momento, a Educação passa a olhar para o cidadão como um ser

íntegro, digno de ser considerado. A Educação Matemática, por sua vez, evidencia o

ensino da Matemática focalizando a emancipação, e segundo Skovsmose (p.11,

2008) voltada para a justiça social e democracia. E ainda, para Skovsmose (p.56,

2008) “Pode-se ver a Educação Matemática como uma preparação para o

estabelecimento e a manutenção do bom funcionamento social”.

Neste mesmo período, os surgimentos de várias correntes de pensamentos

questionam as formas de executar o ensino mediante todas as transformações

sociais existentes. Entre esses, a Teoria Crítica, que impulsiona Skovsmose ao

debate em Educação Matemática Crítica, que passa a questionar a aplicação de

métodos em diferentes realidades.

Em meio a Educação Matemática, na atualidade, algumas tendências têm

conduzido o debate educacional sobre o processo de ensino e de aprendizagem,

esse direcionamento tem levado a reflexões e discussões que gerem

transformações na sala de aula de Matemática, possibilitando ambientes

investigativos que por sua vez, propiciem a construção de conhecimentos.

A Etnomatemática constitui-se um exemplo entre as tendências da Educação,

pois traz consigo discussões que, segundo D’Ambrósio (2005), vão além de uma

prática equivocada da Educação Matemática e da História da Matemática. A

Etnomatemática busca na cultura de cada sociedade estruturas que formam o

pensamento lógico da mesma. Essa discussão cultural, para D’Ambrósio (2001) faz-

se fundamental para caracterizar os indivíduos a serem formados como cidadãos.

As TIC’s têm estado presentes cada vez com mais influência sobre as

interações sociais, fundamentando outro fator de destaque na escola e,

consequentemente, na Educação Matemática que, segundo Scheffer e Sachet (p.42,

2008),

“a escola recebe influências das tendências contemporâneas, entre

elas os recursos tecnológicos atuais, como o computador, o que pode

16

promover a interação entre os professores e os educandos, de forma

mais saudável, na busca do conhecimento.”

Ao discutir a utilização de computadores na escola, Borba e Penteado (2001)

abordam o tema com maestria ao tratar desses ambientes informatizados e da

importância da preparação dos docentes para alcançar os objetivos educacionais

por meio da utilização das TIC’s.

Borba e Penteado (2001) dão ênfase a preparação do docente para a

construção de ambientes de investigação através da utilização das TIC’s. Com isso,

traz uma reflexão sobre a importância do educador abandonar a “zona de conforto”,

onde constituí-se em mero transmissor de informações, e sugere uma “zona de

risco”, essa que possibilita ambientes investigativos e construção de conjecturas,

fugindo do planejamento habitual de aula.

Ao falar sobre as reflexões e discussões no ensino e na aprendizagem,

Fiorentini e Lorenzatto (p.47, 2006), destacam que, “o conhecimento e as crenças

dos professores se transformaram continuamente, afetando de modo significativo a

forma como os professores realizam uma prática reflexiva e/ou investigativa. Com

isso, as transformações no ambiente educacional ocorrem, possibilitando ao

educando uma formação integral.

Todas as tendências atuais da Educação Matemática abordadas são

pensadas visando alcançar objetivos preestabelecidos em sala de aula de

Matemática, para cada tipo de sociedade, realidade, possibilidades, enfim, diferentes

situações sociopolíticas que envolve determinada comunidade. No entanto, para

Bicudo (2005), toda tendências baseia-se em pensamentos já ocorridos no passado,

e que fundamentam os pensamentos atuais, dessa forma dá-se a Filosofia da

Educação Matemática, visando questionar as práticas de cada tendência em

Educação Matemática.

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3 REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA

Motivado pelas experiências que estava vivenciando em diferentes projetos ao

redor do mundo, e também pelas discussões trazidas naquele momento, Skovsmose

buscou respostas para questionamentos sobre a Educação Matemática em

diferentes ambientes sociais.

Desde então, passou a refletir sobre a Educação Matemática Crítica,

passando por um processo evolutivo mediante novas experiências vivenciadas.

Fruto dessas reflexões é a obra “Desafios da Reflexão em Educação Matemática

Crítica” que será abordada na seqüência.

3.1 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA

Desde as primeiras abordagens realizadas sobre Educação Matemática

Crítica, na década de 70, seu mentor inspirado na Teoria Crítica, buscou investigar

argumentações da Educação Matemática em diversos ambientes. Ao perceber

adversidades com relação à aplicação de democracia e justiça social, pretendida

pela mesma, em alguns cenários; a Educação Matemática Crítica começou a ser

refletida por seu mentor.

Ao reformular suas idéias, o autor consegue transparecer seus ideais quando

percebe a importância de desenvolver a noção de crítica levando em conta a noção

de incerteza, Skovsmose (2008). A partir de então, todo trabalho foi realizado com o

objetivo de que as ações matemáticas surtissem um efeito na educação social dos

alunos, que para Skovsmose (p.12, 2008), “Minhas preocupações voltaram-se para

os papéis sociais da Matemática”.

Logo, a Educação Matemática Crítica surge enfrentando divergências em uma

sociedade acadêmica transitória. No entanto, traz em sua essência o propósito

investigativo, de contextualizar a Educação Matemática criando assim um ambiente

de ensino e de aprendizagem capaz de levar os educandos a construção de

conjecturas e, consequentemente, de conhecimentos.

18

A Educação Matemática Crítica vem a se desenvolver em um novo formato,

conforme declara Skovsmose (p.14, 2008), “Ela deve refletir as incertezas e

indefinições do que possa significar o termo crítico”.

3.2 DESAFIOS DA REFLEXÃO

Ole Skovsmose é doutor em Educação Matemática pela Royal Danish School

of Educational Studies (1982). Sua área de interesse é a Educação Matemática

Crítica, onde desenvolveu centenas de artigos e livros, onde um destes é refletido

neste trabalho, “Desafios da Reflexão em Educação Matemática Crítica”.

Na obra citada, o autor aborda cinco artigos que considera relevante: Cenários

para Investigação, Riscos Trazem Possibilidades, Desafios da Reflexão,

Racionalidade Sob Suspeita e Educação Matemática Crítica Rumo ao Futuro.

No decorrer do texto, são feitos relatos pelo autor, onde busca destacar

situações que demonstrem a necessidade de manter-se o caráter investigativo

durante o processo de ensino e aprendizagem.

O processo de ensino não deve ser executado sem uma contextualização.

Para o autor é necessária a distinção entre a sociedade, pois os cenários são

diferenciados não disponibilizando mesmos recursos e, apresentando realidades

não condizentes entre si. Um exemplo citado pelo autor refere-se à sociedade em

rede – participante ativa da era da informação; e o “Quarto Mundo”, esse último

fazendo referência as favelas e pessoas que não possuem fácil acesso as

Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC’s).

A contextualização do processo de ensino e aprendizagem é apenas um dos

desafios a serem superados pela Educação Matemática. São inúmeros os fatores

que influenciam para o sucesso do processo educacional, mas para obter sucesso é

necessário que educadores e escolas propiciem diferentes cenários investigativos

aos educandos, para que esses interajam em meio ao processo.

A Educação Matemática Crítica tem apresentado idéias que demonstram

situações da realidade escolar, onde a sala de aula de Matemática pode

transformar-se em um ambiente aprazível, onde a construção de conhecimento

ocorre por intermédio da interação entre os diferentes agentes educacionais.

19

3.3 AMBIENTES INVESTIGATIVOS

Ao falar sobre o processo educacional, destaca-se o papel da escola em

proporcionar aos educandos uma educação integral, onde o processo de ensino

possa conduzi-los a uma aprendizagem consistente, capaz de orientá-los a uma

sociedade cheia de desafios.

Em meio a esse processo, Skovsmose (2000) propõe uma discussão a

respeito de cenários para investigação, estes que segundo o autor, são ambientes

particularmente analisados e trabalhados para o desenvolvimento do processo de

ensino e de aprendizagem.

A análise educacional se estabelece como um desafio, pois com as

transformações ocorridas em meio à sociedade, cada vez mais variáveis têm se

tornado sujeitas a serem analisadas. Ao tratar da Matemática especificamente, não

se pode deixar o ensino da mesma a mercê de breves comentários, tanto que

Skovsmose, (p.61, 2008) defende que “Em um contexto educacional, acredito que

não se pode deixar de criar condições para que se reflita sobre todo o mecanismo

que envolva matemática”.

A visão trazida por Skovsmose sobre cenários para investigação, propõe

diferentes ambientes que possibilitem um desenvolvimento pleno do educando,

diferenciando da pedagogia tradicional que se baseia no paradigma do exercício,

dando prioridade ao processo de ensino da Matemática através da realização de

exercícios.

Segundo SKOVSMOSE (p.86, 2008):

“Nenhuma pesquisa indica que essa tradição propicie entendimento e

aprendizagem adequados de Matemática para a maioria dos alunos. Parece que

temos uma séria disfunção incorporada ao programa educacional”

São formadas várias discussões que permitem análises mais aguçadas dos

processos educacionais de Matemática, porém todas essas discussões envolvem

problemáticas abrangentes que requerem cuidados para que não se cometam erros

20

ao analisar situações, devido principalmente ao fator contextualização que faz-se

extremamente necessário.

O processo não deve ser desacompanhado de exercícios, esse que são vitais

para o treinamento do educando. Porém, a utilização de ambientes investigativos em

sala de aula, e até mesmo fora dela, devem proporcionar aos educandos

possibilidades de interagir com a Matemática ensinada.

Para tanto, Skovsmose (2000) discute a idéia de três ambientes diferenciados,

um que faça referência à Matemática Pura, outro que trate da Semirrealidade e um

terceiro faça referência a Realidade.

A Matemática Pura perfaz um ambiente que proporciona o abstrato da

Matemática, onde o educando, por exemplo, pode interagir com cálculos algébricos.

A Semirrealidade busca trazer problematizações da realidade para dentro da sala de

aula utilizando-se de dados reais para desenvolver cálculos matemáticos. E,

ambientes com referência à realidade remetem os educandos a vivenciarem a

Matemática contida no dia-a-dia.

Em meio a cada um desses cenários, conforme a tabela 1, são propostas

movimentações que venham a conduzir o educando à construção de

conhecimentos.

Tabela 1 – Ambientes de Aprendizagem

EXERCÍCIOS CENÁRIOS PARA

INVESTIGAÇÃO

REFERÊNCIAS À

MATEMÁTICA PURA

(1) (2)

REFERÊNCIAS À

SEMIRREALIDADE

(3) (4)

REFERENCIAS À

REALIDADE

(5) (6)

Fonte: SKOVSMOSE (2000)

A proposta da Educação Matemática Crítica com relação aos ambientes para

aprendizagem é que os professores transitem entre cada um dos ambientes de

21

forma a encontrar um equilíbrio que seja capaz de contextualizar o conteúdo a ser

explorado, facilitando assim o desenvolvimento do educando.

Mas, segundo Skovsmose (p.21, 2008), “um cenário para investigação é

aquele que convida os alunos a formular questões e a procurar explicações”. Com

isso, todo o processo que envolve cenários de investigação será determinado pela

participação dos educandos.

Diante a uma Matemática que tem buscado a contextualização mediante a

escola e a sociedade as quais está inserida, que tem desbravado novas reflexões,

análises e discussões e que participa ativamente na formação do ser social, fica o

questionamento sobre a Educação Matemática Crítica e o seu futuro.

3.4 DESAFIOS FUTUROS

Ao ser questionado sobre a Educação Matemática Crítica em relação ao

futuro, SKOVSMOSE (p.101, 2008) apresenta sua concepção de Educação

Matemática Crítica:

“Vejo a educação matemática crítica como a expressão das preocupações sobre

os papéis sociopolíticos que a educação matemática pode desempenhar na

sociedade.”

Para ele, o desenvolvimento da sociedade é contínuo e, consequentemente, a

Educação Matemática Crítica deve acompanhar os debates sociopolíticos

contextualizados, repensada e cultivada em novas referências.

Segundo o autor, a Educação Matemática Crítica não deve ser entendida

como uma ramificação da Educação Matemática. Para ele, não se trata de

metodologias de sala de aula, mas em preocupações que surgem da natureza crítica

da Educação Matemática.

Como referências ao futuro da Educação Matemática Crítica são levantadas

pelo autor cinco preocupações que norteiam as reflexões da mesma: Globalização e

formação de guetos; Superando as premissas da modernidade; Matemática em

22

Ação; Desempowerment por meio da Educação Matemática; e ainda, Empowerment

por meio da Educação Matemática.

Na primeira preocupação citada pelo autor, a Globalização e a formação de

guetos, torna-se uma preocupação pelo fato que esta globalização não é algo

recente, mas que já aconteceu e vem acontecendo através dos séculos, e como

exemplo disso é a era da expansão marítima e comercial que afetou culturalmente

muitas nações, e hoje, segundo Skovsmose (p.107, 2008)

“a globalização relaciona-se às novas conexões que são

estabelecidas entre entidades sociais antes desconectadas, e ao fato

de que o que se passa com um dado grupo humano, pode afetar para

o bem ou para o bem, outro grupo humano completamente diferente,

mesmo aquele que não está consciente da natureza de tal efeito.”

Dessa forma, a intervenção de outras culturas tem auxiliado na criação de

guetos que segundo o autor, são classes desfavorecidas, que não chegam ao

conhecimento e utilização de novidades sociopolíticas e mesmo, tecnológicas. Com

a formação desses guetos, que estão disseminados em meio a toda sociedade, a

Educação Matemática, muitas vezes, estabelece salas de aula padrão para realizar

suas pesquisas, sendo que essa não é a realidade encontrada na maioria dos

ambientes escolares.

Na segunda preocupação listada, Superando as premissas da modernidade,

Skovsmose trata da ambigüidade presente na modernidade que teve inicio com o

Iluminismo o que acarreta conhecimentos até os dias atuais na forma de pensar

sobre a importância do conhecimento.

Porém, a partir do século XVII, com a Revolução Científica, a transparência

abordada começa tomar nova forma e torna-se obscura, e então, o desenvolvimento

social passa a ser norteado pelo desenvolvimento tecnológico. Com isso, surgem

discussões paradoxais sobre esse novo tempo, e com isso a Educação Matemática

obtém novos desafios.

A Matemática em Ação é a terceira preocupação citada por Skovsmose,

também abordada anteriormente por Skovsmose (2005), onde ele a destaca como

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¹ O termo não possui uma tradução literal. Representa o desenvolvimento do processo educacional.

um espaço paradigmático para discutir estruturas de conhecimento e poder na

sociedade atual. Para tanto, a Matemática em Ação não fica restrita a previsibilidade

da Matemática Pura, antes, ela está inserida nos diversos contextos encontrados na

sociedade mundial, onde interage junto com outros conhecimentos.

Para falar sobre a quarta preocupação, o desempowerment¹ por meio da

Educação Matemática, o autor trabalha as discriminações como a falta de recursos,

racial, sexual, pelas habilidades, enfim, discriminações que acabam por

pormenorizar o potencial estabelecido em cada ser humano envolvido no processo

educacional por meio da Educação Matemática.

Ao passo que na quinta preocupação traçada por Skovsmose, o

Empowerment por meio da Educação Matemática, é tratado do potencial contido em

alguns aspectos trazidos pela Educação Matemática, como exemplo a Matemácia.

Segundo Skovsmose (p.122, 2008), a ”Matemácia pode significar coisas

diferentes dependendo da posição que se ocupa neste mundo globalizado e repleto

de guetos”, então remetesse a Educação Matemática a abstrair as barreiras sociais

e, contextualizar-se promovendo um maior desenvolvimento, ou seja, uma Educação

Matemática integral do ser humano.

Com diversas concepções e idéias presentes na forma de pensar da

sociedade, juntamente com novas concepções que serão formadas, a Educação

Matemática Crítica sempre estará presente buscando debater sobre a formação

integral do cidadão. Com isso, cabe a criticidade de cada sujeito envolvido no

processo educacional olhar para sua realidade e agir de forma a contemplar as

incertezas da Matemática e, então, guiar o processo educacional na direção do bem

estar social, da democratização da Matemática.

A sala de aula de Matemática, com as aplicações sugeridas pela Educação

Matemática Crítica, tem a possibilidade de criar ambientes investigativos capazes de

conduzir os educandos a conjecturas, e ainda contextualizar o ambiente de estudo

levando os educandos a vivência de situações do seu dia-a-dia.

Ao debater os objetivos da Educação Matemática Crítica, o problema de

pesquisa proposto alcança respostas que permitem visualizar a realidade da sala de

aula de Matemática através de um olhar generalizante e assim, contemplar a

realidade sociopolítica onde a escola está envolvida. Com isso, o processo

educacional envolve o educando em sua realidade, possibilitando uma formação

integral do cidadão.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante a uma sociedade que passou por diferentes processos sociopolíticos,

onde a Educação teve papel fundamental na estruturação de cada um desses

períodos, chega-se aos dias atuais com concepções preestabelecidas. No entanto, a

Educação necessita formar a geração presente e, com isso, surge o desafio da

quebra de paradigmas.

Em meio a essa sociedade informatizada, a Matemática exerce grande

influência nos diversos setores da sociedade. Mas até aonde essa Matemática em

Ação tem sido conhecida do cidadão e do educando? Surge então um paradoxo que

a Educação Matemática Crítica busca desenvolver.

O questionamento sobre a implicação da escolarização da Matemática, da

democratização, da socialização, enfim, dos objetivos das metodologias aplicadas

pela Educação Matemática são reflexões desafiadoras em Educação Matemática

Crítica, pois trazem consigo divergentes fontes de pensamentos e filosofias.

Para muitos, toda reflexão possibilitada por meio de discussões sociopolíticas

não são relevadas, tornando-se apenas leituras, seminários, fóruns de horas

complementares. No entanto, a sala de aula de Matemática tem se tornado um

campo aberto para reprovações e evasões escolares.

A busca por respostas ao processo educacional tem levado inúmeros

pesquisadores a refletirem sobre a sociedade a qual o ambiente escolar está

inserido, levando-os a tirarem seu olhar de metodologias generalizantes e

estabelecerem um olhar mais particularizado, que contemple as diferenças e

incertezas encontradas nos ambientes escolares.

Com essa visão mais particular, torna-se possível avaliar as “realidades”,

“semirrealidades” e conhecimentos específicos, e assim, interagir no ambiente

escolar contextualizando-o e permitindo a criação de cenários investigativos. Com a

criação desses cenários, os educandos são conduzidos a um papel diferenciado no

processo educacional, onde saem da posição de meros espectadores para

assumirem o papel de atores principais. Com isso, a Educação passa a se dar de

forma integral.

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Para muitos a Matemática é apenas uma disciplina a ser estuda nas salas de

aula das escolas. Essa concepção demonstra o quanto a visão desses está

obscurecida para os processos vitais que a Matemática exerce em meio a

sociedade.

Segundo (SKOVSMOSE, p.125, 2008):

“Não podemos eliminar a ‘matemática em ação’, que impulsiona o

desenvolvimento sociotecnológico. Por outro lado, sabemos ser extremamente

difícil chegar a uma conclusão sobre de que forma a Matemática desempenha

seus papeis”.

Impasses como esse, fazem a dor de cabeça de muitos docentes em

Matemática, pois não conseguem definir a real importância daquilo que estão

desenvolvendo, simplesmente fazem.

Para que se defina a importância da Matemática em meio a formação do

cidadão faz-se necessário que os sujeitos envolvidos no processo de ensino e de

aprendizagem abandonem a zona de conforto, e passem a agir, assumir os riscos

propostos pela contextualização do ensino.

A Educação Matemática continuará enfrentando novos desafios a cada

período, pois com a velocidade das informações, cada vez mais, será necessário

objetivar o processo de aprendizagem na preparação de um cidadão integro, capaz

de superar os obstáculos de uma era de rápidas transformações sociopolíticas.

Nesse momento a Educação Matemática Crítica assume um papel

fundamental para que mudanças ocorram na sala de aula de Matemática, por meio

de reflexões sociopolíticas, direciona o olhar dos sujeitos envolvidos no processo

educacional de um olhar generalizante, onde métodos são validos para todo e

qualquer tipo de realidade, a um olhar mais especifico que possibilita a visualização

dos educandos e suas realidades sociopolíticas. Com isso, a sala de aula pode

transformar o ambiente de transmissão de informações à um ambiente investigativo.

Com as discussões possibilitadas nesse trabalho, foi possível construir um

olhar mais amplo na questão que envolve a Educação Matemática Crítica, e ao

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mesmo tempo, mais específico com relação à sala de aula de Matemática e a

formação do educando.

A discussão proposta possibilitou a compreensão da importância da reflexão

crítica trazida por Skovsmose (2000, 2001, 2005, 2008), onde ambientes

investigativos são debatidos buscando proporcionar uma formação sociopolítica por

meio de uma Matemática em Ação e ainda, proporcionar uma democratização dos

conhecimentos matemáticos, adentrando as salas de aula de Matemática e

formando o cidadão de forma integral, com iguais possibilidades de acordo com

suas realidades.

Como contribuição à Educação, essa pesquisa traz pontos de discussão

importantes para que os ambientes de ensino de Matemática e seus respectivos

sujeitos tornem-se ativos na formação de uma sociedade mais democrática, que

possibilite plenas condições de desenvolvimento a todos educandos em meio a

diferentes ambientes sociopolíticos. Para tanto, esse trabalho contribui com

reflexões que vislumbram as concepções pedagógicas existentes desde o

surgimento do Brasil até as tendências atuais, possibilitando com isso, partir de um

olhar generalizante e, estabelecer discussões que se estabelecem em ambientes

mais específicos.

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