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Wilson: uma análise do personagem coadjuvante no filme Náufrago Nathalia Alencar Antunes 1 Maíra Carvalho 2 Resumo Os personagens são o principal meio de identificação do público com o filme. Para se ter um bom personagem, é necessário pensar na construção dele. Essa construção abrange diversos aspectos: seu contexto, essência, paradoxos, características físicas entre outros. Este artigo tem como objetivo principal fazer uma análise a respeito da construção do personagem coadjuvante Wilson, no filme Náufrago (2000) de Robert Zemeckis. Wilson é uma bola de vôlei, um objeto com- pletamente inanimado, que se apropria de vários aspectos da construção de um personagem secundário não humano. A bola de vôlei ainda possui outra ponta de análise, abordada no trabalho de maneira secundaria: a publicidade evolvida nela. O product placement, técnica de inserção estratégica das marcas em filmes, músi- cas e programas de televisão, apresenta-se – de uma maneira não tradicional – em Náufrago (2000), mais precisamente, nas marcas Federal Express (FedEX) e Wilson e, nesse último, traz um modelo diferenciado de propaganda. Palavras-chave: Cinema. Personagem. Coadjuvante. Product Placement. 1 Formou-se em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pelo UniCEUB em 2009. Trabalhou na área, estagiando na Agência de Comunicação do UniCEUB – ACC, no pe- ríodo entre julho/2008 a julho/2009. Participou do grupo de experimentação em cinema, CineSemFreqüência, entre 2006 e 2008. Participou do Workshop de interpretação para a Televisão com o diretor Edson Erdmann, integrando a Equipe Técnica. 2 Historiadora formada pela Universidade de Brasília em 2002. Entre 2002 e 2004, pós-gra- duou-se em História e Estética do Cinema na Universidade de Valladolid, na Espanha. Atualmente complementa seus estudos com uma Especialização em História da Arte. Em fevereiro de 2006, foi contratada para lecionar as disciplinas de Redação e Produção Au- diovisual no curso de Comunicação do Centro Universitário UNICEUB. Em 2009, foi contratada para dar aulas no IESB de Cenografia e Figurino no curso de Cinema e Mí- dias digitais. Desde 2001, participa de produções teatrais, publicitárias e cinemotográficas como Produtora, Diretora de Arte, Figurinista e Cenógrafa. Já participou de mais de 20 produções cinematográficas, dezenas de produções publicitárias e produziu espetáculos teatrais de repercussão nacional.

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  • Wilson: uma anlise do personagem coadjuvante no filme Nufrago

    Nathalia Alencar Antunes1

    Mara Carvalho2

    Resumo

    Os personagens so o principal meio de identificao do pblico com o filme. Para se ter um bom personagem, necessrio pensar na construo dele. Essa construo abrange diversos aspectos: seu contexto, essncia, paradoxos, caractersticas fsicas entre outros. Este artigo tem como objetivo principal fazer uma anlise a respeito da construo do personagem coadjuvante Wilson, no filme Nufrago (2000) de Robert Zemeckis. Wilson uma bola de vlei, um objeto com-pletamente inanimado, que se apropria de vrios aspectos da construo de um personagem secundrio no humano. A bola de vlei ainda possui outra ponta de anlise, abordada no trabalho de maneira secundaria: a publicidade evolvida nela. O product placement, tcnica de insero estratgica das marcas em filmes, msi-cas e programas de televiso, apresenta-se de uma maneira no tradicional em Nufrago (2000), mais precisamente, nas marcas Federal Express (FedEX) e Wilson e, nesse ltimo, traz um modelo diferenciado de propaganda.

    Palavras-chave: Cinema. Personagem. Coadjuvante. Product Placement.

    1 Formou-se em Comunicao Social Publicidade e Propaganda pelo UniCEUB em 2009. Trabalhou na rea, estagiando na Agncia de Comunicao do UniCEUB ACC, no pe-rodo entre julho/2008 a julho/2009. Participou do grupo de experimentao em cinema, CineSemFreqncia, entre 2006 e 2008. Participou do Workshop de interpretao para a Televiso com o diretor Edson Erdmann, integrando a Equipe Tcnica.

    2 Historiadora formada pela Universidade de Braslia em 2002. Entre 2002 e 2004, ps-gra-duou-se em Histria e Esttica do Cinema na Universidade de Valladolid, na Espanha. Atualmente complementa seus estudos com uma Especializao em Histria da Arte. Em fevereiro de 2006, foi contratada para lecionar as disciplinas de Redao e Produo Au-diovisual no curso de Comunicao do Centro Universitrio UNICEUB. Em 2009, foi contratada para dar aulas no IESB de Cenografia e Figurino no curso de Cinema e M-dias digitais. Desde 2001, participa de produes teatrais, publicitrias e cinemotogrficas como Produtora, Diretora de Arte, Figurinista e Cengrafa. J participou de mais de 20 produes cinematogrficas, dezenas de produes publicitrias e produziu espetculos teatrais de repercusso nacional.

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    1 Introduo

    Desde sua criao, o cinema responsvel por apresentar ideias e palavras de um roteiro em realidade visual. A trajetria do cinema repleta de personagens que marcaram a memria dos espectadores. Esses personagens, humanos ou no, so o elo do filme com o pblico, uma vez que o espectador vai sentir o que ele sente e viver, por meio dele, aquela histria durante a sesso.

    O personagem mais valorizado dentro de um filme o protagonista, pois os acontecimentos giram em torno dele. Alm do protagonista, o filme pode possuir personagens secundrios que, no decorrer da histria ou devido ao trabalho do ator, vo se valorizando, ganhando destaque e conquistando a ateno do pblico. Isso pode acontecer em qualquer gnero cinematogrfico.

    Um exemplo pode ser visto no filme Nufrago (2000), dirigido por Robert Zemeckis. Nesse filme, o protagonista Chuck Noland, personagem interpretado por Tom Hanks, mas o personagem secundrio, Wilson, tambm parte impor-tante da histria. Wilson no interpretado por nenhum ator, mas representado por um objeto: uma bola de vlei. interessante ver que a bola no um objeto de cena, mas um personagem que ganhou a afeio do protagonista e a simpatia do pblico. Esse personagem no possui nenhuma fala, no animado por nenhum tipo de efeito computadorizado e mesmo assim relevante na histria.

    O trabalho tem como objetivo principal analisar como Wilson se tornou um coadjuvante no filme Nufrago (2000) e as caractersticas de construo de per-sonagem, bem como sua interao com o protagonista e o enredo. Em um foco se-cundrio, h uma breve anlise do enredo e ainda a questo do product placement a marca Wilson usada como personagem de um filme e a insero da empresa Federal Express (FedEX) no enredo.

    O trabalho baseou-se em pesquisa bibliogrfica sobre cinema, personagens e roteiro. A bibliografia sobre cinema e roteiro foi usada para contextualizar o tema. De forma mais aprofundada, utilizou-se a bibliografia referente a personagem, de modo que explorasse a criao dos personagens secundrios e os relacionamentos entre eles. Na inteno de abordar a publicidade envolvida no filme em questo, usou-se uma bibliografia complementar referente a product placement, sua defini-o e uso cada vez mais frequente nas telas de cinema.

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    2 Nufrago

    2.1 A sinopse e a produo

    Nufrago (2000), de Robert Zemeckis, estreou no Brasil em 26 de janeiro de 2001 (Cinema em Cena). O filme conta a histria de Chuck Noland, interpretado por Tom Hanks. Chuck um engenheiro de operaes da empresa Federal Express (FedEX). Sua vida ditada por horrios e seu trabalho realizado em funo do tempo (Nufrago, 2000).

    Em meio s festas de natal, Chuck embarca num avio da empresa, lota-do de pacotes a serem entregues. A viagem acaba mal sucedida, acontecendo um acidente que leva Chuck a uma ilha deserta. Aps todas as buscas, sua famlia e amigos acreditam que ele morreu e agora, de fato, Chuck est sozinho na luta pela sobrevivncia.

    Os primeiros momentos do personagem na ilha so dramticos numa bus-ca por comida, gua e abrigo. Os pacotes da FedEX que estavam no avio acabam chegando praia e ele comea a abri-los, guardando somente um, que promete a si mesmo que ser entregue. Num dos pacotes, Chuck descobre uma bola de vlei, que se torna sua companhia, juntamente com uma foto da namorada. Ele d bola o nome de Wilson, a marca do produto, e nela desenha um rosto.

    A histria se desenvolve e Chuck consegue voltar para casa, com seus pr-prios esforos e custa da perda de seu nico amigo durante quatro anos: Wil-son. Mas ao voltar, as coisas esto diferentes,. Kelly se casou e possui uma famlia e ele est mudado, o que implica num final diferente do esperado feliz hollywoodia-no. As cenas finais mostram Chuck num carro, com um pacote da empresa para a qual trabalha. Ele deixa o pacote na porta de uma casa com uma mensagem de que aquele pacote lhe salvara a vida. Perdido na estrada, Chuck encontra uma mulher que lhe indica a direo certa. O filme termina com o personagem de Tom Hanks no meio da estrada (IMDB).

    Nufrago teve um oramento de noventa milhes de dlares (E-Pipoca). Mesmo o filme tendo dividido a opinio dos crticos, a resposta do pblico foi positiva: a obra arrecadou no total cerca de 428 milhes de dlares (FILMECAM). Isabela Boscov explica o sucesso: h dois motivos para esse desempenho: a produ-o tem um roteiro muito engenhoso e a atuao de Hanks simplesmente mag-

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    nfica (BOSCOV, 2009). Vale lembrar que, apesar de muitas pessoas criticarem a presena da FedEx no filme, o diretor j garantiu em diversas entrevistas que a empresa no pagou nada para ter sua marca inserida (IMDB).

    O filme recebeu 24 indicaes de prmios, entre elas duas ao Oscar. Ganhou onze prmios, sendo o de maior representatividade o Globo de Ouro (2001), na categoria de melhor ator, para Tom Hanks.

    2.2 O enredo por trs das imagens

    A histria que Robert Zemeckis se prope a contar em Nufrago (2000) bem simples: um homem que vai parar numa ilha deserta e tem de lutar pra so-breviver. Mas essa simplicidade no deve ser vista como uma desvalorizao, pois, por meio de uma histria simples, o filme prope uma reflexo do que a sociedade moderna considera importante.

    Chuck Noland, personagem de Tom Hanks, um homem contemporneo em todos os detalhes. Ele tem um trabalho estressante, uma vida corrida, uma namorada esperando por ele, celular, uma agenda lotada e uma dor de dente que incomoda muito. O tempo seu maior amigo e pior inimigo.

    Quando acontece o acidente, Chuck embarca numa jornada do que ser humano: ele tem de se adaptar ao seu novo cenrio. Tudo que era importante na civilizao do protagonista celular, relgio, pager no pode ajud-lo na ilha. Segundo o roteirista, ele precisa aprender a sobreviver primeiro fisicamente e, de-pois, emocionalmente (Nufrago, 2000). O espectador assiste a um homem que no capaz de abrir um coco. E surge a uma pergunta: at que ponto o ser humano autossuficiente hoje? O protagonista a representao de uma sociedade moder-na, controlada pelo tempo e completamente dependente da tecnologia, at mesmo para abrir um coco.

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    Figura 1

    Fonte: Nufrago (2000, 00:40:49)

    Uma das cenas mais importantes do filme quando Chuck consegue acen-der uma fogueira. Isso representa a evoluo do personagem enquanto humano, pois aprender a manipular o fogo em seu favor foi uma das maiores conquistas da humanidade.

    Figura 2

    Fonte: Nufrago (2000, 01:12:14).

    Como ser humano, Chuck tambm precisa do outro. A necessidade de con-versar e manter sua sanidade faz com que ele d a um objeto inanimado uma bola de vlei caractersticas humanas e assim o eleja como companheiro. Nasce um personagem extremamente importante para o filme: Wilson.

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    2.3 Wilson

    2.3.1 A construo do personagem

    Wilson uma bola, um objeto completamente inanimado. O que, ento, faria dele um personagem e no um objeto de cena? Wilson se desenvolve durante o filme. Ele se torna um personagem por meio do protagonista e da interao dos dois no decorrer da histria. E mais do que isso, torna-se um personagem singular. Pode-se classific-lo como um coadjuvante, no humano. Mas, diferente do objeto que ganha vida, como em Toy Story (1995) de Jonh Lasseter, ou em O brinquedo assassino (1988) de Tom Holland, Wilson permanece inanimado at o fim do filme. A proposta deste tpico, e deste trabalho como um todo, analisar as caractersti-cas de construo desse personagem secundrio.

    Wilson se classifica como um personagem redondo. Essa classificao se d devido sua profundidade.

    A personagem redonda mais complexa, evolui durante a narrativa, possui atitudes imprevisveis [...] O personagem redondo geralmente muda no decorrer da histria (SANTOS; COSTA, 2008, p.35).

    Wilson evolui durante o filme, e faz isso num sentido muito complexo, pois ele passa de um objeto qualquer, um objeto de cena para um personagem. Na ima-gem abaixo, v-se Wilson na cena, mas ele ainda no existe como personagem e sim como objeto.

    Figura 3

    Fonte: Nufrago (2000, 01:07:51)

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    A evoluo de Wilson acontece na seguinte trajetria: primeiro ele um pacote achado na praia, uma bola de vlei. Quando Chuck desenha o ros-to em Wilson, ele passa a ser algum, mas ainda um estranho. A primeira fala de Chuck com a bola expressa bem isso: Por acaso voc no teria fsforos, teria? (Nufrago, 2000, 01:10:48). Com o passar do tempo, Chuck se torna amigo de Wilson. Nos extras do DVD Nufrago, Tom Hanks diz que a amiza-de entre Wilson e Chuck se desenvolve como uma amizade comum, sem que o protagonista force um relacionamento. (Nufrago, 2000, 06:21). O relacio-namento deles to real que chega a passar por crises. Tom Hanks colocou isso dizendo que achava que nenhum relacionamento aguentaria tanto tempo sem outras pessoas, portanto, depois de quatro anos, eles j no se davam to bem. Mas quando aparece uma novidade, a possibilidade de salvao, ento havia sobre o que falar, e o casamento dura um pouco mais (Nufrago, 2000, 00:00:52).

    O fator mais peculiar de Wilson realmente o fato de ele ser um objeto completamente inanimado nas imagens, mas que deve incentivar o espec-tador a imagin-lo como algum real. Ou seja, o espectador no v Wilson falando, mas ele imagina as falas dele. O diretor do filme tomou cuidado ao transmitir isso nas cenas. A cmera subjetiva, usada com frequncia em filmes para que o pblico veja por meio da percepo do personagem, no utilizada de fato com Wilson. No h nenhuma cena do filme em que se pode afirmar que o espectador v atravs de Wilson, porque dessa forma, a bola ganharia vida nas telas, pois ela passaria a enxergar. Mas, sabiamente, o diretor sugere essa cmera, como se o pblico pudesse ver atravs de Wilson. Em algumas cenas de dilogo entre Chuck e Wilson, a cmera incita a iluso de Wilson estar olhando para o personagem principal. Essa iluso se d pelo fato de Wilson no aparecer na cena da conversa. Porm, pode-se perceber pela distncia do personagem principal para a bola ou pelo ngulo da cmera que, de fato, no se v pelos olhos de Wilson. As imagens abaixo ilustram essa sugesto. Na figura 10, Wilson est em cena, de costas para a cmera, e Chuck olha para ele.

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    Figura 4

    Fonte: Nufrago (2000, 01:10: 08).

    Alguns segundos depois, Chuck olha novamente para Wilson. Mas a bola j no est presente na cena, fazendo com que ele olhe, aparentemente, para quem est vendo o filme.

    Figura 5

    Fonte: Nufrago (2000, 01:10:28).

    possvel perceber que ele no olha diretamente para a cmera, sendo as-sim no se pode afirmar que uma cmera subjetiva, mas sim uma suave sugesto.

    A cmera quase subjetiva tem a funo de criar uma empatia do pblico com Wilson. Esse recurso ajuda o espectador a assimilar a bola como um perso-nagem e, mais do que isso, colabora para que o pblico viva o personagem secun-drio, pois quando Chuck olha para a bola, na verdade ele olha para o pblico, quando faz perguntas bola, na mente do espectador que surgem as respostas.

    No cinema, a cmera carrega o espectador para dentro do filme. Vemos tudo como se fosse do interior, e estamos rodeados pelos personagens. Estes no precisam nos contar

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    o que sentem, uma vez que ns vemos o que eles vem e da forma em que vem. [...] Nosso olho, e com ele nossa conscincia, identifica-se com os personagens no filme (XAVIER, 1991, p. 85).

    Analisando a construo do personagem, v-se que Wilson no possui al-guns aspectos bem definidos, tais como nacionalidade, profisso e paradoxos.

    Personagens no surgem do nada. Eles so um produto do meio em que existem [...] Os contextos que mais influenciam as personagens so a cultura, o perodo histrico, o local em que vivem e sua profisso (SEGER, 2006, p. 17).

    As personagens ficam mais interessantes se forem compostas de caractersticas variadas, se combinaram elementos conflitantes e paradoxais (TOURNEY apud SEGER, 2006, p. 45).

    Sua descrio fsica algo bvio; ele uma bola e suas emoes, atitudes e detalhes, que lhe conferem exclusividade, existem a partir do protagonista e do espectador. Wilson no demonstra emoo, quem sente por ele o protagonista e o espectador. Um exemplo disso pode ser visto na cena em que Chuck chuta Wilson para fora da caverna.

    Figura 6

    Fonte: Nufrago (2000, 01:30:53).

    Quando Chuck se d conta do que fez, sai procura de Wilson e, no encon-tro, a emoo fica por conta do protagonista. Os detalhes de Wilson e sua carac-terizao vm tambm do personagem principal, pois ele quem constri o per-sonagem, dando-lhe um rosto. O rosto o fator mais marcante da construo de Wilson, seu atributo principal. Os atributos fazem parte de um tpico posterior.

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    2.3.2 O personagem secundrio

    Construir um personagem coadjuvante requer cuidado assim como a cons-truo de um protagonista.

    Muitos dos princpios usados na criao dos personagens principais tambm se aplicam s personagens coadjuvantes. Elas tambm precisam ser consistentes, possuir atitudes, valores e emoes, alm de apresentar em geral algumas caractersticas paradoxais (SEGER, 2006, p. 133).

    Wilson um personagem secundrio, e as caractersticas de um coadjuvan-te funo, contraste com os demais personagens, detalhes esto bem definidas nesse personagem. Ele tem uma funo clara: reforar a solido do protagonista. Chuck est to sozinho que elabora um sujeito numa bola e essa bola sua nica companhia pelo tempo em que est na ilha. Wilson tem essa funo primordial e ele extremamente necessrio para a histria. Steve Watts, especialista em tecno-logia primitiva, afirma que Wilson indispensvel sobrevivncia de Chuck (Nu-frago, 2000, 00:00:53). Uma funo secundria de Wilson ajudar a comunicar o enredo. O conflito da histria vivido por Chuck Noland, mas Wilson ajuda a con-tar esse enredo. Se o enredo prope uma reflexo a respeito de como a sociedade leva sua vida no sculo XXI, Wilson a representao do outro,e, no contexto do filme, ele a necessidade que o ser humano possui de companhia.

    interessante que os personagens secundrios apresentem algum contras-te, ou com o protagonista ou com outro personagem secundrio. Com relao personalidade, os contrastes de Wilson so relativos, pois eles dependem da inter-pretao do espectador. Isso acontece porque no h nada que mostre a personali-dade de Wilson, de uma maneira definitiva. A personalidade dele existe, mas ela varivel. Tom Hanks afirma que Wilson tem uma personalidade to bem definida quanto a minha ou de qualquer um de ns (Nufrago, 2000, 00:01:03), mas pode-se interpretar que essa personalidade to bem definida da qual o ator fala real somente para ele. Um exemplo claro dessa mutao da personalidade de Wilson pode ser vista quando o roteirista diz que no momento em que escreveu Wilson, ele o imaginava como um sujeito bonzinho, calmo e compreensivo. Mas, para Tom Hanks, ele era algum muito mais engraado, que muitas vezes provocava o amigo (Nufrago, 2000, 00:07:20). Sendo assim, a personalidade de Wilson tambm pode variar a partir do que o espectador pensa dele, ou at mesmo da parte de sua perso-

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    nalidade que o espectador colocar no personagem. A partir dessa personalidade, os contrastes sairo. Se o espectador encara Wilson como um pessimista, h certo momento do filme em que ele pode ser um contraste com Chuck: quando ele diz a Wilson que eles tm tempo para que o plano d certo. A entonao do protagonista sugere que Wilson diz no temos tempo.

    Figura 7

    (Nufrago, 2000, 01:27:10).

    Se ele otimista, o contraste pode estar na cena em que Chuck precisa do fogo e j no aguenta mais tentar fazer uma fogueira. Mas Wilson est ali, olhan-do para ele numa posio de quem pode dizer: vamos, voc vai conseguir.

    Figura 8

    Fonte: Nufrago (2000, 01:10:10).

    No que diz respeito ao elemento fsico, Wilson apresenta uma espcie de sorriso. Sorriso esse que Tom Hanks considerou como enigmtico, travesso (Nu-frago, 2000). Esse aspecto do sorriso do coadjuvante contrasta com a situao vivi-da pelo protagonista. Chuck est,em quase todas as cenas, srio, triste, deprimido. E Wilson est sempre sorrindo.

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    Figura 9

    Fonte: Nufrago (2000, 01:15:23).

    2.3.3 O personagem no humano

    Personagens no humanos aparecem com muita frequncia. Algumas vezes como protagonistas, outras como coadjuvantes. Essa categoria engloba animais e objetos, imaginrios ou fantsticos. Para dar vida a esses personagens, os autores utilizam alguns recursos, entre eles dar criatura no humana caractersticas hu-manas. Para que a criatura no humana se torne um personagem interessante e bem planejado, Linda Seger sugere alguns passos: escolher cuidadosamente um ou dois atributos que comearo a definir a identidade da personagem; enfatizar as associaes que a prpria audincia faz com a personagem, de forma a expandir ainda mais sua identidade; criar um slido contexto que contribua para dar pro-fundidade personagem (SEGER, 2006, p. 193).

    Wilson um personagem no humano, mas como personagem ele exibe caractersticas humanas. Seguindo os passos sugeridos por Linda Seger para a criao de um personagem no humano, identificam-se em Wilson dois atributos principais: o rosto e a lealdade a Chuck. Quando Wilson ganha um rosto, ele perde a identidade de objeto e ganha o aspecto de sujeito. Chuck Noland no conversa com Wilson visto que ele s uma bola, ele s conversa com Wilson quando vira um sujeito. Esse aspecto de Wilson permite ao personagem de Tom Hanks e ao pblico enxerg-lo como algum e no como um objeto. Com relao lealdade, o coadjuvante permanece com Chuck at sua morte. A lealdade existe tambm porque sem Chuck, Wilson no existe, ele depende do protagonista para existir, ele uma parte dele. Tanto assim que seu aspecto humano mais forte vem do sangue de Chuck. O roteirista diz que isso uma forma de demonstrar que Wilson vem

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    de Chuck (Nufrago, 2000). Esses atributos so imutveis. Wilson sempre tem um rosto e sempre est ali por causa do protagonista.

    Wilson est associado amizade, ao relacionamento humano e sanidade mental. A bola aceita como personagem porque o pblico associa a ela o medo da completa solido e da loucura. O contexto do personagem no filme muito claro: ele fruto da solido de Chuck. Wilson surge quando o protagonista mais precisa dele. Sua primeira apario quando Chuck precisa fazer fogo e no consegue. Os gritos do protagonista ao machucar a mo revelam que ele j est entrando em desespero.

    Figura 10

    Fonte: Nufrago (2000, 01:07:59).

    nesse momento que Wilson aparece. Analisando um contexto geral, Wilson est imerso num panorama no qual os relacionamentos humanos se do com objetos, e como exemplo mais claro tem-se o computador. As pessoas se re-lacionam com uma mquina, na iluso de estarem se relacionando com uma pessoa.

    Esses passos fortalecem Wilson como personagem. Os dilogos do prota-gonista combinado com todas essas caractersticas de construo de personagens elegem Wilson como um coadjuvante essencial ao enredo.

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    2.4 Product Placement

    A relao entre publicidade e cinema de proximidade. preciso entender que o cinema hollywoodiano uma indstria (PARAIRE, 1994, p.7) e, por isso, existe uma srie de tticas de marketing que envolve um filme.

    Product placement uma nomenclatura nova para uma tcnica j usada h muito tempo. Joanne Weintraub cita em seu artigo que, segundo Jay Newell, da Universidade do Estado de Iowa, em Ames, os irmos Lumire, em 1890, j tinham um associado que trabalhava na rea da publicidade para a empresa Lerver Bros, hoje, mundialmente conhecida como Unilever. Ele afirma ainda que no por aci-dente que a Sunlight Soap pode ser amplamente vista em vrias distribuies dos Lumire (WEINTRAUB, 2005).

    Segundo Patrcia Burrowes, em sua definio, product placement refere-se, na linguagem do marketing, a colocao ttica de produtos em filmes, programas de TV, jogos de computador e mesmo em romances e canes (BURROWES, 2008), ou seja, estrategicamente a empresa paga para inserir seus produtos ou marca no fil-me. Essa ttica ainda chamada por muitos de merchandising, merchandising editorial ou ainda TIE IN funciona para a propaganda que possui o intuito de levar o consu-midor compra; e tambm para o filme, medida que insere elementos do cotidiano do espectador no enredo, trazendo assim mais verossimilhana narrativa. Michael J. Etzel, Bruce J. Walker e Willian J. Stanton (2001, p. 508). falam sobre o assunto.

    Voc j deve ter notado a colocao de produtos no filme de James Bond, Goldeneye (computadores IBM, BMW, Perrier e Omega), ou nas sries de TV Baywatch (bronzeadores Hawaiian Tropic) e Seinfeld (TV Guide, Snapple, doces Mars, Junior Mints). Entretanto, se voc for como a maioria dos telespectadores, esses produtos apenas se somaram ao realismo da apresentao, e a est a fora da colocao de produtos. Ela relaciona o produto com os personagens do programa, de forma no comercial, criando uma associao positiva para a audincia.

    2.4.1 O product placement em Nufrago

    Nufrago foi muito criticado por ter a presena to marcante das marcas FedEx e Wilson. O editor do site Cinema em cena avaliou [...] No incio, o filme peca pelo exagero, pela exaltao da FedEx em cena [...] (RUSSO, 2009).

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    O filme parecia uma grande propaganda das empresas. Mas o fato que o diretor j garantiu que as empresas no pagaram para inserir suas marcas no enredo. Sendo as-sim, no se pode afirmar que existe um product placement no filme, pois as empresas no pagaram para aparecer nele. Entretanto, serviu como uma propaganda s duas empresas.

    No caso da FedEX, o fato de inseri-la traz para o enredo uma veracidade maior, pois coloca uma empresa real numa histria fictcia. A empresa trabalha com prazos pr-determinados e garantia de entrega, e o fato de o protagonista tra-balhar l corrobora para a construo, pois ,um dos aspectos importantes de um personagem a sua profisso e sua relao com o cotidiano.

    Essa propaganda no paga trouxe muitos benefcios FedEX, entre eles a di-vulgao do nome da empresa em diversos pases do mundo, nos quais o filme foi exibido. A eficincia do servio prestado tambm foi bem divulgada, pois no toa que o protagonista entrega, no fim do filme, um dos pacotes que foram parar na ilha, o nico que ele no abriu. A empresa ganhou um status de propsito de vida para o personagem Chuck, pois ele guarda o pacote na inteno de entreg-lo. Os pacotes na ilha tornaram-se um conflito entre responsabilidade e sobrevivncia, vivido pelo protagonista: mesmo perdido na ilha, ele reluta em abrir as correspon-dncias que no lhe pertencem e que fazem parte de seu trabalho de excelncia. O que est por trs disso a mensagem da garantia da entrega da FedEx. Mesmo em situaes difceis, a FedEx entrega sua encomenda.

    Figura 11

    Fonte: Nufrago (2000, 02:14:00).

    Analisando Wilson, pode-se perceber claramente a inteno de inserir a marca. Basta ver na figura 17, em uma das tomadas do filme, a marca fica em pri-meiro plano.

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    Figura 12

    Fonte: Nufrago (2000, 01:10:02)

    evidente que a marca Wilson foi bastante acertada para esse personagem, pois a coincidncia entre o nome da marca e um nome pessoal ajuda a colocar a bola na categoria de integrante do filme, como sujeito, e auxilia a identificao com o espectador. Talvez outra marca no se encaixasse to bem nesse aspecto. Uma bola das marcas Adidas ou Nike, apesar de possurem nomes fortes, no teriam o mesmo apelo do nome que Wilson tem.

    O importante a ser analisado aqui a proposta que Nufrago (2000) apre-sentou publicidade, sobretudo com relao a Wilson. A construo leva o consu-midor a uma identificao com o personagem, que uma marca. Foi um product placement? No, tradicionalmente no, mas foi uma ideia to bem elaborada, que pode ser utilizada na publicidade. O enredo descaracterizou Wilson como produto e o caracterizou como um personagem. Dessa maneira, a barreira que o consumi-dor/espectador tem contra propagandas foi derrubada para a aceitao desse per-sonagem. Mas o fato de no identific-lo como produto no elimina a marca, pelo contrrio, o sentimento que o espectador emprega ao personagem Wilson poder ser lembrado quando ele vir a marca em uma loja. E talvez ele escolha a bola, e por sua vez a marca Wilson como companheira.

    3 Consideraes finais

    Robert Zemeckis conseguiu fazer da histria simples de Nufrago um poo de ques-tes a serem analisadas. O filme trouxe uma reflexo em seu tema e personagens slidos. De uma maneira criativa e bem feita, o monlogo de Tom Hanks torna-se um dilogo.

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    A bola de vlei se tornou um personagem que abrange vrios dos diversos aspectos da construo de personagem. importante entender que Wilson no est no filme sem um motivo, mas ao contrrio, sua presena indispensvel ao enredo.

    Sendo Wilson um objeto completamente inanimado, Robert Zemeckis en-carou um desafio ao eleg-lo como coadjuvante, tendo em vista que ele no poderia demonstrar emoes, atitudes ou ter dilogos. Para o sucesso desse personagem, a atuao do protagonista teria de ser excelente, pois Wilson se desenvolve a partir da interao dos dois. E a esse respeito, Tom Hanks no deixou a desejar, prova disso foi a vitria do Globo de Ouro de Melhor Ator (2001).

    Mesmo contendo esse diferencial dos personagens e uma histria que pro-pe uma reflexo, Robert Zemeckis no abandonou seu lado hollywoodiano. Ele empregou no filme os efeitos especiais de que tanto gosta, e caractersticas de blo-ckbusters, como o batido final feliz. verdade que o final feliz no o mais con-vencional, afinal Chuck no ficou com Kelly. Mas a sugesto do happy end est l, quando o protagonista encontra uma bonita garota na estrada, j na ltima cena.

    As marcas inseridas no filme tambm foram bem trabalhadas, ficando coe-rentes com o enredo. Essa insero mostra o quanto a publicidade ainda tem espa-o de entrada na mdia e caminhos a percorrer. Mas, mais do que isso, ela apresenta um modelo de product placement diferente, pois, em Wilson, ela descaracterizou o produto para transform-lo em personagem. E essa diferenciao na tcnica pode ser uma chave de sucesso, ao transformar a marca e o produto em mais do que uma marca ou um produto e aproveitando do elo personagem-espectador para criar um elo produto-consumidor.

    O filme tem ainda muitas vertentes de anlise. O enredo abre as portas para uma discusso a respeito da sociedade moderna, do tempo e das prioridades das pessoas. Ao personagem Wilson, cabem anlises mais profundas no aspecto de ele ser uma extenso do protagonista, ser a representao do outro e a materializao da sanidade do protagonista. O homem vive em sociedade e Wilson a sociedade de Chuck: ele o seu universo na ilha. Embora minimamente abordadas aqui, essas outras vertentes de anlise podem ser, futuramente, temas de um trabalho mais extenso.

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    Wilson: an analysis of the supporting character in the movie Castaway

    Abstract

    The characteres are the main means of identification with the movie. To have a good character is necessary to think about his construction. This construc-tions involves several aspects: context, essence, paradoxes, physicals characteris-tics. This article`s main objective is to make an analysis about the construction of a supporting character Wilson in Castaway (2000), from Robert Zemeckis. Wilson is a volley ball, a completely inanimate object, which appropriates several aspects of a secondary character not human. The volleyball still has another point of analysis, discussed in this work in a secondary way: the advertising involved in it. The pro-duct placement, strategic isertion technique of brands in movies, music and shows of television, presents a non traditional way in Castaway (2000), more precisely in the brands Federal Express (FedEX) and Wilson, and in the latter brings a dife-rentiated model of advertising.

    Keywords: Cinema. Character. Supporting Character. Product Placement.

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    NUFRAGO. Produo de Therr Lgged Cat Prods, Mark Rance, Albert Ihde. Los Angeles: DreamWorks Picture, Twentieth Century FOX, 2000. 2 DVDs (143 min), NTSC, son., color.

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