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II JORNADA DE ESTUDOS DE GÊNERO E LITERATURA 09 DE DEZEMBRO DE 2011
UM ESTUDO VARIACIONISTA SOBRE O APAGAMENTO DO /R/ NA FALA RIO BRANQUENSE
Darlan Machado Dorneles1
Universidade Federal do Acre (UFAC) [email protected]
RESUMO: O estudo do /R/ tem sido objeto de trabalho de diversos pesquisadores nas diferentes subáreas da linguística haja vista a diversificação da realização dessa consoante, que é, inclusive, uma das marcas de variação dialetal no Brasil. O enfraquecimento e o apagamento deste fonema, de acordo com estudiosos da área, Callou, Moraes e Leite (1998, p. 1), por exemplo, constituem-se em fenômenos antigos do português brasileiro. Desta forma, neste artigo temos como objetivo analisar as ocorrências do /R/ em dados coletados durante o primeiro semestre do ano de 2011 para o projeto “Ecossistema Linguístico do Acre”, ou seja, buscamos analisar os fatores que contribuem para o apagamento do rótico, verificando-se, ainda, de que forma este fenômeno caracteriza a fala dos cidadãos nascidos e residentes no município acreano de Rio Branco-Acre, Brasil. A pesquisa segue os preceitos da Sociolinguística Variacionista Laboviana, cujo objeto de estudo são as relações existentes entre língua e sociedade. Palavras-Chave: apagamento do /R/; variação linguística; sociolinguística. INTRODUÇÃO
As variantes do /R/ têm se tornado objeto de estudo para diversos autores nas
diferentes subáreas da ciência da linguagem, tais como: a Sociolinguística, a Fonética, a
Dialetologia e a Geolinguística. Na obra “Estudo sobre a vibrante pós-vocálica em Porto
Alegre”, Monaretto (2002, p. 253) afirma que a realização do /R/ é diversificada, podendo
variar no português do Brasil, de região para região, de indivíduo para indivíduo, e, até
mesmo, ser produzido de formas diferentes pela mesma pessoa, de acordo com o registro da
língua que ela está utilizando. Este fonema da Língua Portuguesa (LP) parece ser aquele que
apresenta maior quantidade de variação dos alofones no que se refere ao ponto de articulação.
Podendo, pois, ser produzido a partir da zona anterior do conduto vocal, como o tepe [Ρ], à
posterior, como a variante glotal [η] []. Em alguns casos há, ainda, o apagamento total deste
fonema, ocorrência que motivou a realização desta pesquisa.
Logo, a descrição do apagamento do fonema /R/ corresponde o objetivo geral deste
estudo. Busca-se analisar o apagamento desse segmento consonântico, em travamento de
sílaba na fala dos rio-branquenses, contribuindo dessa maneira para a caracterização do
português falado em Rio Branco – Acre, Brasil. Especificamente objetiva-se identificar os
1 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Letras Português da UFAC e bolsista do CNPq.
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fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam esse apagamento, comparando o
processo de apagamento em final ou não final de sílaba, e tentando relacionar a frequência de
apagamento com as classes de palavras na qual o fenômeno se verifica.
Norteados pelo método comparativo analisaremos, ainda, em quais classes de palavras
há maior frequência de tal fenômeno. Importa destacar que esta pesquisa2 segue os preceitos
da Sociolinguística Variacionista Laboviana (Labov, 1994); cujo objeto de estudo é as
relações existentes entre língua e sociedade. Contudo, por tratar-se de uma Pesquisa de
Iniciação Científica temos consciência que há um longo caminho a percorrer na busca de
maiores resultados, mas tal condição não serve como elemento medidor de superioridade ou
inferioridade, visto que a fala assim como os indivíduos dinamizam-se constantemente. E os
resultados aqui obtidos são indicadores de um dado momento da fala dos rio-branquenses.
1. ASPECTOS TEÓRICOS
1.1. Breve histórico do apagamento do /R/ no Português Brasileiro (PB)
À 18ª página da obra “Estrutura da Língua Portuguesa”, Mattoso Câmara JR (1970)
afirma que “[...], a língua em sentido lato se subdivide em dialetos regionais, dialetos sociais e
registros.” [destaques do autor]. Assim sendo, “[...], a língua varia no espaço, criando no seu
território o conceito dos dialetos regionais,” (CÂMARA, 1970, p.17); já que as diferenças
regionais são facilmente percebidas. O “sotaque”, por exemplo, corresponde a uma das
formas de manifestação destas diferenças no nível sonoro da língua; podendo servir como
mecanismo indicador da região a qual os interlocutores pertencem. No Acre, por exemplo, a
forma de falar dos acreanos é popularmente classificada como cantada, ou seja, “falar
cantando”; alguns acrianos carregam em sua fala esta característica. No entanto, destacamos
que outros indivíduos residentes na cidade também apresentam esta característica; uma vez
que a fala não é convencionada ao lugar de nascimento dos sujeitos, mas ao espaço em que
estão ou foram inseridos. Sendo o tempo (cronológico) mais um elemento importante para a
apresentação de tal realidade.
Logo, na frase:
A – /Ele queria matá aquela galinha. /
Podemos perceber que há uma subtração do fonema /R/ no final do verbo “matar”.
Comum construção na fala dos rio-branquenses. Foi possível perceber que na associação de
2 Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
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palavras cujo penúltimo fonema é igual ou sonoramente semelhante ao primeiro fonema da
palavra seguinte há uma aglutinação que resulta na perda sonora do fonema /R/; nosso objeto
de estudo. Lendo Callou, Moraes e Leite (1998) confirma-se que muitos escritores
contribuíram para descrever o percurso histórico resultante do processo de apagamento deste
fonema.
[...], o apagamento do /R/ em posição de coda, em final de palavra, é um fenômeno antigo do português do Brasil. O processo, em seu início, foi considerado uma característica dos falares incultos e, no século XVI, nas peças de Gil Vicente, era usado para singularizar o linguajar dos escravos. O fenômeno expandiu-se paulatinamente, sendo hoje comum na fala dos vários estratos sociais. [sic] (CALLOU, MORAES, LEITE, 1998, p.61)
Dessa maneira, do ponto de vista histórico verificamos que o apagamento da vibrante
/R/ não é algo novo, ou seja, já é um fenômeno antigo que teve origem a partir do português
de Portugal, vindo a expandir-se paulatinamente pelo território brasileiro a ponto de ser
considerado comum aos falantes de algumas regiões. Sobre isso afirma Monaretto (2002),
“[...], a queda da vibrante final no português falado no Brasil foi registrada no fim do século
XIX, sendo censurada pelos gramáticos e nos dias atuais, a tendência à supressão da vibrante
final ocorre em todos os dialetos do português brasileiro, sendo mais frequente nos verbos.”
(MONARETO, 2002, p.253).
Sobre o pressuposto, Callou (1979) destaca que o apagamento do /R/ constitui um
processo bastante difundido, principalmente no que se refere à mudança de uma vibrante para
um tepe; pois, a realização do /R/ é determinada dialetalmente, ou seja, pode ocorrer desde
uma vibrante múltipla alveolar (rara em posição de coda) a um zero fonético (em posição final
de vocábulo). Essa possibilidade de variadas realizações pode ser vista como vestígio de um
processo de enfraquecimento, que leva até mesmo ao apagamento do segmento. Essas
realizações podem ser encontradas em quase todos os dialetos, mas com resultados e
discussões diferentes. Referente ao apagamento dessa consoante, os primeiros estudos
dialetológicos no Brasil já atestavam a ocorrência do fenômeno. Assim, Amaral (1982) apud
Castro (2006, p. 93) na obra “A resistência de traços do dialeto caipira” observa que a
apócope do /R/ “[...], é uma das leis mais rígidas e mais facilmente verificáveis, da fonética
dialetal caipira.” Para ilustrar esta afirmação o autor apresenta palavras como: “andá”,
“muié”, “esquecê”, “subi”, “vapô”, “Artú”. Marroquim (1945) apud Castro (2006, p.77)
verificou na descrição da linguagem popular de Alagoas e Pernambuco, a queda do /R/, bem
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como a do /L/, em posição final de palavra, em vocábulos como “lugá”, “corrê”, “andá”,
“alugé”, “animá”, “papé”, “currá”.
Ao tecer algumas considerações sobre o enfraquecimento do /R/ no português falado
do Brasil e o português europeu Mattos e Silva (2004), à página 140 da obra “Ensaios para
uma Sócio-História do Português Brasileiro”, afirma que o português da Europa é mais
consonântico enquanto o brasileiro mostra-se mais vocálico; o que mostra o fato do português
brasileiro enfraquecer ou mesmo apagar as consoantes na posição final das palavras – posição
que o português europeu tem uma articulação forte. Sobre isso afirma: “[...], assim, aspiramos
o <R> final ou reduzimos a zero (ama/η/, am/a/), embora seja encontrado em áreas brasileiras
o /R/ vibrante, próprio do português da Europa”. (MATTOS e SILVA, 2004, p. 142). Sendo
assim, podemos perceber que vários estudos já foram realizados sobre o apagamento do /R/.
A seguir apresentaremos algumas pesquisas já realizadas no Brasil por estudiosos que se
dedicam ao apagamento da vibrante /R/. A partir dos resultados apresentados nestas
bibliografias e tomando como relação os dados adquiridos no projeto “Ecossistema
Linguístico do Acre” construiremos algumas considerações sobre a pesquisa no âmbito da
cidade acreana: Rio Branco.
1.2. PESQUISAS SOCIOLINGUÍSTICAS VARIACIONISTA: algumas contribuições
1.2.1. Callou (1979):
Em “Descrição da fala urbana culta do Rio de Janeiro”, a autora descreve a fala urbana
culta da cidade carioca utilizando um corpus relativo a 55 (cinquenta e cinco) informantes,
totalizando 36 (trinta e seis) horas de gravação de fala espontânea. Tal pesquisa, de acordo
com a autora, foi realizada entre os anos de 1972 a 1978, do banco de dados do projeto Norma
Culta Urbana (NURC) para o projeto de Estudo da Norma Linguística Culta do Rio de
Janeiro. A pesquisadora utiliza o programa VARBRUL para fazer os cálculos das
probabilidades. O principal objetivo de sua pesquisa é verificar o apagamento do /R/ na fala
dos cariocas, utilizando variáveis independentes sociais: sexo, idade, incluindo ainda a zona
geográfica onde moram os informantes, zona norte, zona sul e zona suburbana.
Os informantes da pesquisa são filhos de pais cariocas, com 1º, 2º e 3º graus feitos no
Rio de Janeiro, maiores de 25 (vinte e cinco) anos e residiram no mínimo ¾ partes de suas
vidas numa das três regiões do Rio de Janeiro. Observa-se nesta pesquisa que as variáveis
sociais não influenciaram na distribuição das variantes; mas, sua pesquisa revelou que a
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permanência do fonema /R/ na fala dos cariocas é liderada pelas mulheres entre a faixa etária
dos 51 (cinquenta e um) a 70 (setenta) anos. Mostrando-se mais conservadora a essa
inovação, pois, quanto menor a dimensão do vocábulo, maior a inibição à aplicação da regra
de apagamento.
1.2.3. Mollica (1997): Na obra “Artigo de padrões fonológicos variáveis”, o artigo “Aquisição de padrões
fonológicos variáveis” de Mollica (1997) há uma discussão sobre o apagamento do /R/ pós-
vocálico falado entre indígenas que possuíam como segunda língua o português, pertencentes
a famílias linguísticas diferentes localizadas na região do Alto Xingu Meridional. Os dados
demonstraram que a queda do /R/ em posição final do vocábulo não sofre grande grau de
estigmatização, pois é constatado que esse fenômeno atinge tanto a aquisição do português
como língua materna - ao se tratar de falantes nativos - quanto à aquisição do português como
segunda língua, por falantes indígenas. De acordo com essa pesquisa, os índios, ao iniciarem
seu processo aquisitivo de segunda língua, já aprendem o vocábulo sem o fonema /R/ final.
Isto reafirma sua hipótese de que os falantes copiam os modelos a que são expostos, já que
nos falantes nativos do português a pronúncia do /R/ é inexpressiva, se não ausente.
1.2.4. Monaretto (2000): Através dos informantes do banco de dados VARSUL, esta pesquisa realizada por
Monaretto (2000) e apresentada na obra: “O apagamento do /R/ em Curitiba, Florianópolis e
Porto Alegre” mostra-nos que o apagamento do fonema /R/ pós-vocálico no final de sílaba
tem maior ocorrência nos verbos. Afirma, ainda, que o fenômeno do apagamento do /R/ já
vem sendo observado há algum tempo, os falantes não estigmatizam o apagamento do /R/,
mas as gramáticas prescritivas estigmatizam este fenômeno não padrão do português
brasileiro.
Foi utilizado nesta pesquisa 36 (trinta e seis) entrevistas, distribuídas por:
A – Localidades: Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba – 12 (doze) informantes para
cada uma das capitais;
B – Sexo dos informantes: 18 (dezoito) homens e 18 (dezoito) mulheres;
C – Escolaridade: 18 (dezoito) informantes com o 1º grau e 18 (dezoito) com 2º. Grau;
D – Idade: 36 (trinta e seis) informantes distribuídos em três faixas etárias.
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Para análise desta pesquisa houve uma separação entre as classes verbais e as não
verbais para tentar verificar a possibilidade de haver condicionamentos diferentes. Os
resultados revelaram que a maior queda do /R/ ocorre em verbos no infinitivo (81%),
verificando que o apagamento da vibrante /R/ é quase categórico em final do vocábulo (com
índice próximo dos 70%). Portanto, esta pesquisa mostra que a queda do /R/ é mais frequente
nos jovens, evidenciando um processo de mudança e que a vibrante /R/ é mais apagada em
Florianópolis, mostrando dessa maneira o enfraquecimento do /R/ nesta região.
2. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA REALIZADA EM RIO BRANCO
– ACRE (2011)
Seguindo a sociolinguística variacionista laboviana (Labov, 1994), buscamos dados
através de coletas representativas da comunidade linguística rio-branquense, ou seja,
entrevistamos, de forma aleatória, 35 (trinta e cinco) falantes naturais de Rio Branco. Sendo
18 (dezoito) do sexo masculino e 17 (dezessete) do sexo feminino, distribuídos em três faixas
etárias assim consideradas:
A – Jovens: 14 (quatorze) a 22 (vinte e dois) anos;
B – Meia Idade: 23 (vinte e três) a 41 (quarenta e um);
C – Adultos: 42 (quarenta e dois) a 57 (cinquenta e sete).
As entrevistas foram realizadas nos bairros Irineu Serra, Bahia, Palheiral, Sobral,
Nova Estação, Jardim Primavera, Tucumã, bem como, na cidade universitária da
Universidade Federal do Acre - UFAC. A seleção dos bairros se deu através de um sorteio
aleatório. No caso dos informantes de nível superior, fizemos um sorteio dos cursos da
própria instituição. Esta metodologia deve-se ao fato de que a sociolinguística variacionista
parte da análise de amostras aleatórias. Somente assim poderemos oferecer a cada falante, em
uma dada população, a oportunidade de ser incluído na pesquisa.
Feitas as gravações, os dados foram enviados para o computador, transcritos e
codificados para serem analisados pelo pacote de programas VARBRUL, desenvolvido por
Sankoff (GoldVarbX 3.0bc - versão 3.0.2.3, 2005). Esse programa permite cálculos dos
fatores codificados visto que o mesmo foi desenvolvido especificamente para operar os dados
das pesquisas realizadas com base na sociolinguística variacionista laboviana. No entanto,
para a realização deste estudo consideramos:
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A – Fatores linguísticos;
B – Fatores não linguísticos;
Como fator linguístico, verificou-se: o apagamento ou não apagamento do /R/; posição
do apagamento na palavra: final ou não final; contexto seguinte do apagamento: vogal,
consoante ou nada; classes de palavras apagadas: verbos, substantivos, adjetivos ou outros;
consoantes seguintes do apagamento: fricativas, oclusivas, nasais, laterais ou nenhuma;
sonoridade do segmento seguinte: vozeado, desvozeado ou não tem segmento seguinte.
Para os fatores não linguísticos consideramos dos entrevistados: o sexo; escolaridade;
idade. Aqui direcionamos nossa análise aos fatores sociais que podem influenciar nos fatores
linguísticos como a escolaridade, sexo e idade dos falantes. Partindo do nível de escolaridade
de cada entrevistador como um indicador do apagamento do fonema /R/; em qual faixa etária
de idade há maior ocorrência do apagamento do /R/, bem como em qual posição ocorre esse
fenômeno (apagamento) dentro da palavra. Por fim, observamos em quais classes de palavras
há maior ocorrência desse pagamento.
2.1. Análise de Dados
2.1.1. Variáveis extralinguísticas
Como nosso objeto de pesquisa é a ocorrência de apagamento do fonema /R/,
representamos nos gráficos também o não-apagamento – somente a título de informação, para
que possamos perceber o quão numeroso são os grupos que subtraem este fonema nas
palavras. Seja em qualquer posição. Para a obtenção dos resultados utilizamos análise feita
pelo programa VARBRUL, sendo seu resultado apresentado em termos de percentuais3.
3 Os gráficos foram feitos no programa Microsoft Excel 2007.
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2.1.1.1. Sexo: Gráfico 01: Apagamento do /R/ nos Homens Gráfico 02: Apagamento do /R/ nas Mulheres
De acordo com o gráfico acima é possível perceber que dentro deste grupo que leva
em consideração o sexo dos entrevistados, houve maior ocorrência de apagamento do /R/ para
o sexo masculino do que para o feminino. Todos os entrevistados do sexo masculino
apagaram o fonema /R/, enquanto no grupo feminino 99,4%. Logo, fica evidente que o sexo
masculino apaga mais o /R/ do que o sexo feminino.
2.1.1.2. Escolaridade: Gráfico 03: Apagamento do /R/ na 4ª Série. Gráfico 04: Apagamento do /R/ na 8ª Série
Gráfico 05: Apagamento do /R/ no Ensino Médio (E.M.). Gráfico 06: Apagamento do /R/ no Ensino Superior.
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Podemos perceber que no gráfico 03 o apagamento do /R/ na 4ª série é 99,30%, já o
não apagamento 0,70%. Por sua vez, no gráfico 05 o apagamento foi 99,10% e o não
apagamento 0,90%. Todavia, vale ressaltar que a 8ª série e o Ensino Superior apresentaram
apagamento total, ou seja, 100%. Dessa maneira o fator escolaridade revela que há um índice
maior de apagamento na 8ª série e no Ensino Superior, uma que na 4ª série e nas outras séries
do E.M. os falantes ainda realizam a produção do /R/ na oralidade.
2.1.1.3. Idade: Gráfico 07: Apagamento do /R/ no adulto Gráfico 08: Apagamento do /R/ nos Jovens
Gráfico 09: Apagamento do /R/ na Meia Idade
Houve por parte dos jovens um apagamento significativo do /R/, assim como foi
constatado na pesquisa realizada por Monaretto (2000) nas capitais do sul do Brasil. Já os
adultos por sua vez apagaram 99,20% e os informantes de meia idade 99,30%. Portanto, os
jovens são os que apagam mais a vibrante /R/, nas diversas formas de falar.
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2.2.1. Variáveis linguísticas
2.2.2. Posicionamento do apagamento Gráfico 10: apagamento do /R/ na palavra. Gráfico 11: Apagamento do /R/ em pausa
Gráfico 12: Apagamento do /R/ na frase
O gráfico 10 e 12 têm o objetivo de representar como ocorreu o apagamento do /R/ em
palavras, bem como em frases respectivamente. Podemos perceber que no gráfico 10, 87,50%
dos entrevistados produzem o apagamento do fonema na palavra; sendo que nas produções
frásicas esta margem é ainda maior: 94,40%. Esta dinâmica, presente nestas realizações nos
mostra a relação que há entre as palavras na frase. Há uma tendência, como já foi mencionado
anteriormente, em aglutinar fonemas que apresentam semelhante som. Contudo, a subtração
não pode se dá no âmbito do início das palavras, mas sim no final delas, ou seja, em pausa há
um apagamento de 100%.
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2.2.3. Apagamento seguido de consoante
Gráfico 13: Apagamento seguido de consoante Gráfico 14: Apagamento do /R/ Seguido de Vogal
Os gráficos 13 e 14 nos revelam que independentemente do fonema que procede ao
/R/ o processo de apagamento demonstra-se significativo. Isto nos leva a crer que, de fato,
seja uma característica dos sujeitos acrianos a subtração do /R/. Nota-se que há 99,10% de
apagamento em palavras cujo fonema que procede representa uma consoante, e 99, 50% para
aqueles representam vogal.
2.2.4. Classes de palavras apagadas
Gráfico 15: O apagamento do /R/ nos substantivos. Gráfico 16: O apagamento do /R/ nos verbos
Gráfico 17: O apagamento do /R/ em outros
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Os verbos são as classes de palavras que mais sofre o processo de apagamento do /R/;
de acordo com o gráfico 16, pois somente 0,50% dos entrevistados permaneceram a produzir
este fonema em suas falas. Nas palavras substantivas tivemos a permanência do /R/ em apenas
2,50% dos entrevistados; sendo que em outras classes de palavra houve 91,30% de
apagamento na produção deste fonema. Sabendo que os substantivos e verbos são classes de
palavras essenciais, tem-se nesta apresentação uma margem significativa do retrato da fala
dos rio-branquenses no que se refere ao apagamento do /R/.
2.2.5. Consoante Seguinte Gráfico 18: Consoante oclusiva Gráfico 19: Consoante nasal
Gráfico 20: Não tem consoante seguinte
Os gráficos 18, 19 e 20 respectivamente têm importante valor nesta pesquisa, pois
demonstram em quais momentos este fonema é apagado. Além disso, denunciam o ponto de
articulação em que são produzidos esses fonemas, permitindo-nos uma visão mais ampla
sobre em quais casos há maior frequência do apagamento. Quando a consoante seguinte for
oclusiva, temos 99,00% de apagamento. Notem que somente 1% dos indivíduos não
produzem esse apagamento. Mas quando a consoante que procede ao fonema /R/ for nasal,
teremos um apagamento ainda mais significativo – como demonstra o gráfico 19. Contudo,
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quando este fonema vem antes de uma vogal há verdadeiramente a exposição que caracteriza
estes falantes do Acre. Somente 0,50% dos entrevistados não demonstraram o apagamento.
2.2.6. Sonoridade do Segmento Seguinte
Ao analisarmos “a sonoridade do segmento seguinte”, percebemos que a exemplo do
que nos foi revelado nos outros estudos outrora representados por gráficos; houve também
maior ocorrência de apagamento. Contudo há uma diferença que merece atenção quando
observamos que nos sons vozeados posicionados após o /R/ houve 99,50% de apagamento.
Em contrapartida, 98,30% dos entrevistados produziram o apagamento quando o som do
fonema seguinte apresentava-se desvozeado. Segue gráficos para apreciação:
Gráfico 21: Seguido de som desvozeado Gráfico 22: - Seguido de som vozeado
A partir da realização desta pesquisa, pode-se afirmar que o apagamento da vibrante
/R/ não se constitui na fala dos rio-branquenses uma preocupação social e linguística, uma vez
que os falantes não percebem que estão apagando o /R/, dando assim a impressão de já ser
uma variante vitoriosa, na qual se verifica que não há preconceito linguístico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos dados analisados percebe-se que o apagamento do /R/ nesta pesquisa, a
exemplo dos apontamentos já realizados nos referenciais teóricos dos quais tivemos acesso; o
/R/ tem um apagamento significativo na fala dos rio-branquenses. Contudo, destacamos que
tal característica não pode servir como elemento depreciativo para os indivíduos desta cidade,
uma vez que a fala é uma expressão livre, individual, desprovida de regras gramaticais.
Também é necessário levarmos em consideração que os alunos do E.M., a exemplo dos
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universitários, demonstram conhecer as palavras que expressam o que nos revela o quão livre
é a língua falada.
Verificamos durante a pesquisa que fatores como o espaço, o tempo, a emoção, como
outros; contribuíram também para esse resultado agora apresentado. Muitos dos entrevistados
demonstravam-se apressados para a realização de trabalhos diários ou para que concluíssemos
a entrevista. Por fim podemos concluir que as pesquisas de cunho Variacionista são de
extrema importância na discussão de análise de fatores fonéticos / fonológicos da língua
devido ao seu caráter quantitativo. É nosso desejo que este projeto de Iniciação Científica
sirva de referência para outros projetos cujos estudiosos dedicam-se a incansável área da
linguagem humana.
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