24
REV PORT PNEUMOL I (2): 165-183 PONTO DA SITUAf;AO Tratamento da Sarcoidose· HENRIQUE Jose CORREIA QUEIROGA•• RESUMO 0 autor reve a terapeutica actual da sarcoide, essencialmente a do envolvimento pulmonar, mas tambem das multisistemicas mais frequentes. Na tece comentarios breves sobre epidemiologia, etiopatoge- nia, anatomia patologica e diagnostico da sarcoide. Faz analise crftica dos indicadores de extensio e actividade da (radiografia e tomografia computori- zada toracica, estudo funcional respiratorio, enzima convertor de angiotensina, cintigrafia com Ga67 e lavado broncoalveolar). Os corticosteroides sio a terapeutica mais adequada, embora nio haja unanimida- de relativamente a quando inicia-los, dose minima eficaz, do tratamento e influencia no curso do processo granulomatoso. Na sarcoidose pulmonar com sintomas respiratorios significativos, estudo funcional respiratorio anormal e radiografias toracicas com difusas, deve efectuar-se tratamento. Recomenda-se uma dose inicial de (prednisona/prednisolona) 0,5 mglkg/dia em toma (mica durante 3 meses, progressivamente reduzida para 10-15 mgldia e 12 a 18 meses de terapeutica. Tem sido experimentados outros farmacos: metotrexato, clorambucil, uatioprina, cidosporina, doroquina. Duas terapeuticas recentes sio de considerar: corticosteroides inalados e transplante pulmonar. Sio considerados aspectos particulares na terapeutica da sarcoidose extrapulmonar (ocular, cutinea, cardiaca, neurologica, renal, gastrointes- tinal, hepatica, ossea, pleural) e no controle da hipercalcemia e da hipercalciuria. A sarcoidose e uma granulomatosa multisistemica com grande variabilidade de clfnica e imprevisfvel. Globalmente, o progn6stico e bom. Pode acontecer: remissio espontinea ou terapeutica (60-70o/o); actividade persistente com lesoes residuals estaveis e repercussio clinico-funcional minima (20-30%); ou de conbecimentos apresentada 1 FICUldade de Medicina do Porto para da Prova Com- plementar de Doutoramento a que se refere a allnea b) do n. 0 3 do art" 8 do n. 0 308/10 de 18 de Agosto. •• Profcaor Auxiliar da Faculdade de Medic:iDa do Porto. Reccllido para CID 95.1.28 Abril199S 16S

Tratamento da Sarcoidose - core.ac.uk · rios sem necrose caseosa, e clinicamente por apre ... nalmente encontram-se pequenos focos de necrose fibrin6ide, cuja presen~a nao exclui

Embed Size (px)

Citation preview

REV PORT PNEUMOL I (2): 165-183

PONTO DA SITUAf;AO

Tratamento da Sarcoidose·

HENRIQUE Jose CORREIA QUEIROGA••

RESUMO

0 autor reve a terapeutica actual da doen~a sarcoide, essencialmente a do envolvimento pulmonar, mas tambem das manifesta~oes multisistemicas mais frequentes. Na introdu~io tece comentarios breves sobre epidemiologia, etiopatoge­nia, anatomia patologica e diagnostico da doen~a sarcoide. Faz analise crftica dos indicadores de extensio e actividade da doen~a (radiografia e tomografia computori­zada toracica, estudo funcional respiratorio, enzima convertor de angiotensina, cintigrafia com Ga67 e lavado broncoalveolar).

Os corticosteroides sio a terapeutica mais adequada, embora nio haja unanimida­de relativamente a quando inicia-los, dose minima eficaz, dura~io do tratamento e influencia no curso do processo granulomatoso. Na sarcoidose pulmonar com sintomas respiratorios significativos, estudo funcional respiratorio anormal e radiografias toracicas com altera~oes difusas, deve efectuar-se tratamento. Recomenda-se uma dose inicial de (prednisona/prednisolona) 0,5 mglkg/dia em toma (mica durante 3 meses, progressivamente reduzida para 10-15 mgldia e 12 a 18 meses de terapeutica. Tem sido experimentados outros farmacos: metotrexato, clorambucil, uatioprina, cidosporina, doroquina.

Duas terapeuticas recentes sio de considerar: corticosteroides inalados e transplante pulmonar. Sio considerados aspectos particulares na terapeutica da sarcoidose extrapulmonar (ocular, cutinea, cardiaca, neurologica, renal, gastrointes­tinal, hepatica, ossea, pleural) e no controle da hipercalcemia e da hipercalciuria. A sarcoidose e uma doen~ granulomatosa multisistemica com grande variabilidade de apresenta~io clfnica e evolu~io imprevisfvel. Globalmente, o progn6stico e bom. Pode acontecer: remissio espontinea ou terapeutica (60-70o/o); actividade persistente com lesoes residuals estaveis e repercussio clinico-funcional minima (20-30%); ou doen~a

• Ac:t~o de conbecimentos apresentada 1 FICUldade de Medicina do Porto para satisf~o da Prova Com­plementar de Doutoramento a que se refere a allnea b) do n.0 3 do art" 8 do DecRt~Lei n. 0 308/10 de 18 de Agosto.

•• Profcaor Auxiliar da Faculdade de Medic:iDa do Porto.

Reccllido para pu~ CID 95.1.28

M~/ Abril199S 16S

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

progressiva e incapadtante apesar de terap@utica corticosteroide (10-20%). A taxa de mortalidade e baixa (4%), sendo a fibrose pulmonar a mais frequente causa de morte.

SUMMARY

The author review the current concepts in the management of sarcoidosis, namely in the most common involved tissues (lungs and intrathoracic lymph nodes. It is done a brief commentary about incidence, etiology, pathogenesis and diagnosis of sarcoid disease. It is analized the techniques useful in assessing the extent and activity of sarcoidosis (chest radiographs, high resolution computorized tomography, pulmonary function tests, serum angiotensin - converting enzyme, GaU~um67 scans, bronchoalve­olar lavage).

Corticosteroides are generally considered to be adequated treatment of sarcoi­dosis, but there is no establish criterious about when to start, the minimal effective dose, the duration, and the effect of therapy on the course of the granulomatous process. AU patients with respiratory symptoms, abnormal pulmonary function test and diffuse changes on chest radiographs need therapy. Generally an initial dose of 0,5 mg!kg of prednisone daily during the first three months, progressively reduced to 10-15 mglday is adequate. A course of 12 to 18 months is recommended. In patients . who do not respond to tolerable doses of steroids, alternative drug therapy must be considered (methotrexate, chlorambucil, azathioprine, cyclosporine, chloroquine). Two recent therapies are under consideration: inhaled steroids and lung transplanta­tion. It's considered particular aspects of extrapulmonary sarcoidosis treatment (ocular, cutaneous, cardiac, neurologic, renal, gastrointestinal, hepatic, osseous) and hypercalcaemia, hypercalcinuria.

Sarcoidosis is a multisystem granulomatous disorder of unknown etiology with diverse clinical presentation and a variable natural history. In general prognostic is good (spontaneous resolution is common). Mortality is low (4%) and pulmonar~·

fibrosis is the most frequent cause of death.

IINTRODU~AO

A sarcoidose e uma doen~ multisistemica de etiologia desconhecida, caracterizada patologica­mente pela form~o de granulomas inflamat6-rios sem necrose caseosa, e clinicamente por apre­sentar envolvimento tonicico (adenomegalias hilares bilaterais e ou inflltrados parenquimatosos pul­monares) com ou sem atingimento sistemico habi­tualmente cutlneo ou ocular. Tambem podem ser atingidos outros 6rgios, nomeadamente g!nglios linfaticos perifericos, figado, b~o. ossos, co~o. musculos e sistema nervoso. Virtualmente, todos os 6rgios tern algum risco de ser envolvidas pela doen~ (I).

Finllndia), lnglaterra e America do Norte, enquan­to parece ser menos frequente na China, em Africa e na America Central e do Sui (2.3). Regra geral, a doen~a parece ser mais prevalente nas areas rurais, e mostra-se mais frequente nos pai­ses frios do que nos de clima tropical (4).

Epidemiologia. A sarcoidose ocorre urn pouco por todo o mundo, apesar da enorme varia~ao na incidencia entre paises diferentes. A incidencia e alta nos paises escandinavos (Suecia, Noruega e

166

Embora rara nos negros Africanos ou Sui Ameri­canos, e curiosamente frequente na popula~ao negra dos Estados Unidos, particularmente no sexo feminino (5,6). Tern sido observada uma incidencia alta nos Porto-riquenhos a viver nos Estados Unidos (7), nos indios ocidentais na Ingla­terra (8), enquanto os indios americanos rara­mente sao afectados pela doen~a.

A incidencia e identica para os dois sexos nos jovens, mas existe urn predominio claro do sexo feminino nas idades medias e avan~adas ( 3,5). Embora a doen~ possa ocorrer em qualquer idade, mais de 50% dos doentes encontram-se

Ma~/ Abril 1995

entre os vinte e os quarenta anos (5,9). Etiologia. Tern sido especulado que a inala­

~ao de material estranho, como por exemplo microorganismos transmissiveis (micobacterias (5), virus (10,11), fungos (12), seja responsavel pela infla~o granulomatosa. 0 Mycobacterium tuber­culosis tern sido incriminado por varios autores ( 13,14), no entanto entre a tuberculose e a sarcoi­dose existem diferen~as epidemiol6gicas, clinicas, radiol6gicas e imunol6gicas significativas ( 15-17). Foi aventada a hip6tese de responsabilidade das micobacterias atipicas na sarcoidose ( 18).

Embora alguns factos apontem para a possibi­lidade da coexistencia de infec~ao por determi­nada bacteria, fungo ou virus, as culturas dos tecidos afectados pela sarcoidose sao invariavel­mente estereis, e nao existe evidencia que a doen~a seja transmissive) entre seres humanos.

Tambem foi apontado o papel etiol6gico de varias substancias organicas {19) e inorganicas (berilio {20), silica (21)] e de alguns farmacos [fenilbutazona (22.23), metotrexato], mas sem gran­de consistencia.

Curiosa e o facto dos habitos tabAgicos dimi­nuirem o risco de desenvolver sarcoidose (24), mas e necessaria efectuar mais estudos.

Na sarcoidose pulmonar o agente responsavel pelo inicio da alveolite e pelo influxo de celulas inflamat6rias e imunol6gicas e desconhecido. Depen­dendo da susceptibilidade do sistema imunol6gico do hospedeiro, a alveolite pode resolver, perma­necer dormente ou tornar-se cr6nica, resultando em granuloma persistente e fibrose (25).

Patogenia. A patogenia da sarcoidose nao e completamente conhecida, mas existe suficiente info~o demonstrativa da importancia das com­plexas altera~Oes do foro imunol6gico (26).

0 estudo do lavado broncoalveolar em doentes com sarcoidose "activa" apresenta aumento de linf6citos (a custa dos CD4) e da rela~o celular T auxiliadoras e supressoras (quociente CD4/CD8) (27-29). 0 motivo da expansao especifica das celu­las CD4 nao e muito clara, e nao parece resultar por altera~io da fun~io das celulas CDS (30). No lavado broncoalveolar alem das altera~oes nas celulas T, mais caracteristicas de sarcoidose, estao descritas altera.cOes noutros tipos de celulas nomea­damente macr6fagos alveolares (31,32), mon6citos (33), mast6citos (34), muitas das quais mostram mesmo sinais ultraestruturais de .. activ~o" (35).

0 aumento dos niveis de imunoglobulinas, fre­quente quando o atingimento sistemico pela doe~

Mar~/ Abri1199S

TRATAMENTO DA SARCOIDOSE

e mais extenso, e uma manifesta~o de imunidade humoral alterada (36).

As altera~5es imunol6gicas, sao as mais consis­tentemente demonstradas e talvez as mais impor­tantes na patogenia da sarcoidose, mas outros factos tern sido investigados, geneticos (41,42), papel do fumo do tabaco (43), etc ..

A presen~a de hiperglobulinemia, o defeito na fun~ao das celulas T, o aparecimento de auto anticorpos pela diminui~o da tolerancia a auto­-antigeneos, sugerem que mecanismos auto-imunes podem desempenhar urn papel importante na patogenese da sarcoidose.

A patogenia da fibrose pulmonar e provavel­mente multifactorial dependendo duma variedade de mediadores produzidos pelos linf6citos, macr6-fagos alveolares e neutr6filos (37-40).

Anatomia Patol6gica. Patologicamente a lesao que caracteriza a sarcoidose e urn granuloma bern definido, composto por celulas epitelioides dis­pastas radialmente de forma compacta, contendo muitas vezes celulas gigantes multinucleadas (tipo Langhans) e tambem linf6citos, celulas plasmati­cas e rna is raramente neutr6fllos e eosin6fllos ( 44). Nao existe necrose de caseifica~ao, porem ocasio­nalmente encontram-se pequenos focos de necrose fibrin6ide, cuja presen~a nao exclui o diagn6stico (45).

Se o granuloma persistir, isto e, nao resolve nem espontaneamente, nem com terapeutica ade­quada, converte-se em tecido conjuntivo avascu­lar e quase acelular e nas fases tardias mostra hia­liniza~ao periferica e fibrose. Os mecanismos que regulam 0 desenvolvimento da fibrose olio sao bern conhecidas, mas os macr6fagos alveolares e os neutr6fllos parecem desempenhar urn papel importante produzindo grande numero de media­dares activos (46).

Praticamente todos os 6rglios do corpo humano podem ser atingidos pela sarcoidose. As pertur­ba~Oes funcionais reflectem o envolvimento do 6rgao pela doen~a. e sao devidos a presen~ de granulomas ou de fibrose.

0 atingimento pulmonar pela sarcoidose e muito frequente, e os granulomas mostram predil~o pelo tecido conjuntivo peribroncovascular, su~ pleural e dos septos interlobares. 0 intersticio do parenquima pulmonar tambem e afectado, embora menos frequentemente.

Devido a inflama~o granulomatosa, de locali­za~o predominantemente peribroncovascular e septal, o envolvimento dos vasos sangufneos put-

Vol. I N°2 167

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

monares e co mum (mas a hipertensao pulmonar e rara) (47). Os granulomas tambem sao comuns na mucosa das vias aereas, particularmente nos peque­nos br6nquios ( 48), podendo resultar altera~oes funcionais obstrutivas (por bronquiolite, por gra­nulomas endobr6nquicos ou por fibrose das estru­turas de suporte das vias aereas). A presen~a de obst~ao das vias aereas pode indicar doen~a extensa e persistente ( 49).

Nas fases iniciais, OS granulomas sao discretos e histologicamente activos, mas a medida que a doen~a progride tornam-se confluentes e sofrem fibrose. Nos estadios avan~ados de doe~ a fibrose e extensa, mais severa nos vertices pulmonares, e pode resultar em pulmao em favo de mel e cor pulmonale. Podem ocorrer areas mais ou menos s6lidas de tecido de fibrose associada a lesoes cis­ticas ou bulhosas (bronquiectasias, aspergiloma) (50).

0 envolvimento ganglionar na sarcoidose e caracterizado pela substitui~ao parcial da estru­tura do g!nglio por granulomas, sendo a obstru­~ao linfatica rara (51).

Os granulomas hepaticos aparecem em 50 a 60% dos casos, a hipertensao portal e rara e a ictericia pouco frequente. 0 diagn6stico diferen­cial requer uma pesquisa persistente de micobac­terias alcool-acido resistentes, doutras bacterias e fungos.

Em estudos de aut6psias, encontraram-se gra­nulomas sarcoides no miocardio em 25% dos doentes. Envolvem mais frequentemente o septo ventricular esquerdo, e a bi6psia endomiocardica tern valor limitado, visto que a distribui~o dos granulomas e muito dispersa.

A lesao mais comum a nivel ocular e a uveite granulomatosa, a forma aguda resolve esponta­neamente, mas a inflama~ao progressiva cr6nica pode causar aderencia intra-oculares, glaucoma, catarata e consequentemente a cegueira.

A lesao mais caracteristica a nivel cutaneo e o lupus pernio (placas violaceas duras afectando face, nariz e mucosa nasal). Acontece ainda envol­vimento doutros 6rgaos nomeadamente rins (sin­drome nefr6tico e hipercalcemia pode resultar em nefrocalcinose), ossos, articula~Oes (artrite, cistos) e sistema nervoso central.

Diagnc)stico. Para estabelecer urn diagn6stico seguro de sarcoidose e importante estarem reuni­das tr~ condi~Oes.

I) Quadro clinico-radiol6gico compativel.

168 Vol. I N° 2

2) Evidencia histol6gica de granulomas sem necrpse de caseifi~o.

3) Exclusao de outras doen~ capazes de pro­duzir urn quadro clinico ou histol6gico similar.

I) A natureza multisistemica da sarcoidose ex pli­ca a diversidade da sua apresentacao clinica. As manifesta~5es clinicas dependem em certa medida da dura~ao da doen~a. dos 6rgaos envolvidos, da extensao desse envolvimento e do grau de activi­dade da inflama~o granulomatosa.

Cerca de 50% dos doentes apresentam-se assin­tomaticos, sendo identificados por urn exame radio­grafico toracico de rotina ( 5,52,53).

Os sintomas gerais nao especificos tais como febre, astenia e perda de peso, estao muitas vezes associadas a envolvimento sistemico e geralmente desenvolvem-se insidiosamente.

0 pulrnao e 0 6rgao mais atingido pela doen~a. e mais de 90% dos doentes apresentam exame radiografico anormal. Os sintomas respirat6rios mais comuns sao a dispneia e a tosse (geralmente seca), mas a dor toracica (geralmente retrosternal) tambem e referida (9). A hemoptise e rara, acon­tece na doen~a prolongada com degenerescencia cistica do parenquima pulmonar, e aponta para a presen~a duma complica~o infecciosa, especial­mente aspergiloma (52,54). Nas fases precoces da doen~a os sinais ausculat6rios pleuropulmonares estao geralmente ausentes, mas podem aparecer creptita~Oes e sibilos com o desenvolvimento de fibrose. 0 envolvimento das vias aereas superio­res e pouco comum. Sao quase sempre assinto­maticos OS doentes com apenas adenomegalias mediastinicas hilares bilaterais.

Adenomegalias perifericas sao clinicamente evi­dentes em 75% dos casos e mais frequentes na regiao cervical (5,9).

0 envolvimento ocular na sarcoidose ocorre em 20 a 30% dos casos e a lesao caracteristica e a uveite (fotofobia, irrita~ao e perda de acuidade visual).

As les5es cut!neas ocorrem em 20 a 30% dos doentes, sao muitas vezes a (mica manifesta~tao clinica da doen~a, e podem apresentar-se como lupus pernio (n6dulos purpureos na face, pes­co~o, ombro e dedos), ou como eritema nodoso (lesoes eritematosas salientes, ligeiramente dolo­rosas, transit6rias nos membros inferiores) (55). 0 inicio clinico agudo de sarcoidose, caracterizada por inicio subito de febre, artralgias, adenomega­lias mediastinicas hilares bilaterais e eritema nodoso

Ma~o; Abril 1995

e urna forma de apresent~o clinica rnuito cornurn na Europa (56).

0 aparelho cardiovascular pode ser afectado directa (arritrnias, insuficiencia ventricular esquer­da), ou indirectarnente (hipertensao arterial pul­rnonar, cor pulmonale) (57).

Tern sido encontrados granulomas renais ern I 0 a 20% dos doente autopsiados. Quando se desenvolve insuficiencia renal e resultado de hiper­calcernia, nefrocalcinose e nefrolitiase. A inflarna­c;ao granulornatosa e a estenose da arteria renal pode causar hipertensao arterial sisternica. 0 sis­tema nervoso e envolvido ern cerca de 5% dos doentes (58). Tern sido identificados ern aut6psias granulomas no bac;o e figado, mas geralrnente sao insuficientes para provocar insuficiencia da fun­c;ao. 0 envolvirnento sintornatico do aparelho gastrointestinal e rnuito raro (59). Tem sido des­critos envolvirnento das articulac;6es (60) e das gUindulas salivares (61).

Urna vez que os pulrnoes sao afectados ern rnais de 90% dos doentes, a sarcoidose tern sido agrupada ern cinco estadios, segundo o padrao da irnagern nas radiografias toracicas (62). Esta clas­sificac;ao ern estadios acornpanha a progressao natural da doenca e relaciona-se corn o progn6s­tico global.

Qt:ADRO I

l·.stadi,>s da san:nidns.: pulmnnar

II l."m .llh:ll (>!:•

hh:nnp.tllil 1T1~1.ho1 ltnl~'.l• h1l.an: Jl.11cr.u~ ~llnl u

Will ~tl•n lf' lil,lll.;U,Ill ll:jlll"•ll J11clt>~ r: 'Cifl ciiH)h llllCII•

I• , 1 11:1 fllllll tuhne~n. r

II \o.kl\t•r.m 1 m~ lt.L<,IIIItC.I. h1lar.:. b tl.uc a" "· •· d1

J "1\••h 1111.:1m• ,[, J1.1Jdl'111nll.l 1'1 1lnu n:1

Ill I 11\ PI\ nm:m, dt u n I• Jlllr nt]mm;~ ~uhn n r ..:m

LIO.h:n 1 '1111•1~ ~IICJILI •IIIII~U'l.

I\ I 1l'>n•. c pulm 1r

No estadio 0 a radiografia toracica e normal, o que acontece ern 5 a 10% dos casos na apresenta­c;ao inicial ou no decurso da doenc;a. No entanto se fizerrnos urna bi6psia pulrnonar cirurgica, pro-

Mar~o/ Abril 1995

TRATAMENTO DA SARCOIDOSE

vavelrnente verificarnos evid~ncia de infla~o granulornatosa.

0 quadro radiol6gico do estadio I e rnuito sugestivo de sarcoidose (63). Apresentarn-se oeste estadio 50% dos doentes, ern 25% dos quais estA associada adenopatia paratraqueal direita, e sio rnuitas vezes assintornaticos (52,53). 0 alargarnento hilar unilateral e pouco cornurn (5%) (64), e a cal­cificac;ao dos gAnglios e urn sinal de doenc;a pro­longada ( 65). Os diagn6sticos diferenciais incluern tuberculose prirnaria, inf~ao fungica, linforna e carcinoma broncogeneo. A sirnetria e bilaterali­dade das adenopatias rnediastinicas hilares na sarcoidose, contrasta corn a unilateralidade e assirne­tria das outras entidades patol6gicas.

Aproxirnadarnente 25% dos doentes encontrarn­-se no estadio II, e frequenternente tern sintornas (tosse e dispneia) (52). 0 envolvirnento parenqui­rnatoso consiste ern rnultiplos n6dulos pequenos ou infiltrados reticulonodulares difusarnente dis­persos por ambos os pulrnaes (53).

Cerca de 15% dos doentes apresentarn estadio Ill, e sao frequenternente sintornaticos (53). 0 envolvirnento parenquirnatoso pulrnonar e quase sernpre difuso e bilateral corn distribui'Yio horno­genea, ernbora corn tendencia para poupar vertice e base pulrnonar. A irnagern radiol6gica assume geralmente o padrao reticulonodular, acinar e rnais rararnente n6dulos grandes (66).

Cerca de 20% dos doentes corn sarcoidose, desenvolvem alterac;oes de fibrose pulmonar irre­versivel (estadio IV) corn predominAncia pelos vertices e geralmente associada a irnagens de retrac­c;ao hilar, bronquiectasias e enfisema. A radiogra­fia toracica pode sugerir tuberculose avan~ada, silicose ou pneumonia cr6nica nao especlfica. Quan­do a fibrose e intensa e irregular pode originar hipertensao pulmonar e cor pulmonale (67).

A sarcoidose pulmonar pode ainda apresentar­-se corn irnagens radiol6gicas pouco comuns ( 68,69), como adenopatias hilar'es unilaterais, derrame pleu­ral, pneumotorax, n6dulos solitario ou multiplos, atelectasia (pode ser provocada por compressao extrinseca das adenomegalias), cavita'Yio (por vezes desenvolvem-se aspergilomas). Estas ahe~aes radio-16gicas atipicas sao mais frequentes nos indivi­duos idosos.

2) 0 diagn6stico definitivo de sarcoidose requer a demonstra'Yio histol6gica de granulomas, sem necrose de caseificacio, no tecido envolvido (70,71).

Deve ser salientado que o achado histol6gico

Vol. I N°2 169

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

de granulomas sem necrose nao constitui por si s6 evid~ncia absoluta de sarcoidose, e necessario despistar outras entidades, nomeadamente infec­~Oes fungicas, alveolite alergica extrinseca, neo­plasias, pneumoconiose, rea~o a drogas, inala­~io de corpos estranhos. ~ prudente fazer uma confront~o cuidadosa entre os achados histol6-gicos de inflam~o granulomatosa nao necrosante e as caracteristicas cllnico radiol6gicas da doen~ sarcoid e.

Dado que o quadro clinico e variavel, e as alte­ra~oes histol6gicas nao sao especlficas, a sarcoi­dose e em parte urn diagn6stico por exclusio. Varias outras doen~as (tuberculose, linfoma, infec­~io fungicas, etc.) podem mimetizar os sinais cU­nicos e histol6gicos de sarcoidose.

Dado que o atingimento pulmonar pela doen~ e quase universal (radiografia toracica anormal esta presente em 95% dos doentes), a confir~ao do diagn6stico e feita pelo estudo do aparelho respi­rat6rio. Utiliza-se a bi6psia pulmonar transbron­quica atraves da fibroscopia bronquica (quanto maior a extensio das les0es parenquimatosas e quanto maior e o numero de amostras recolhidas, maior a probabilidade de se demonstrar granu­lomas na bi6psia) (72,73). A bi6psia da mucosa br6nquica tambem pode ser util, mas e menos rentavel (72). Pode ser necessario bi6psia ganglio­nar por mediastinoscopia (74,75). As bi6psias extra­-toracicas (ganglionares, glandulas salivares, con­juntiva, renal, etc.) sao dependentes das caracteris­ticas de cada doente.

3) 0 diagn6stico diferencial de sarcoidose e fundamentalmente com: pneumonite por hiper­sensibilidade, fibrose pulmonar idiopatica, pneu­moconiose, doen~ auto imunitaria (artrite reu­matoide, lupus, espondilite anquilosante) e ainda tuberculose miliar, histoplasmose, coccidiomicose.

II MARCADORES DE ACTIVIDADE

0 estudo do aparelho respirat6rio e normal­mente utilizado para classificar a extensio e acti­vidade da doen~, dado que apesar de multisis­temica a sarcoidose apresenta-se com atingimento pulmonar em mais de 90% dos doentes.

Radiografaa Toracica. De acordo como padrao de imagem radiol6gica, a sarcoidose pulmonar e agrupada em cinco estadios, que estao relaciona­dos com a progressio natural da doen~ e em certa medida com o progn6stico global. A hist6ria

170 Vol. I No 2

QUADRO II

A valia<;iio da cxtensiio e actividade da doerwa

·• Rad iografia tonicica

• Tomografia comput rizada t n1crca de alta re olu~r1o

• Estudo func1onal respirat6rio

En711na con\'ertor de ang101en inn ( l:CA)

• Ci nugraliu com .alium 67

• La\'ado br nco-alveolar

natural da doen~a no estadio I e benigna, 75 a 80% dos doentes registam remissio completa das altera­~Cies no decurso de cinco anos, e I 5% mostram estabilidade radiol6gica, sem progressio (76,77). Neste estadio, 0 progn6stico e particularmente born quando esta associado a eritema nodoso (78).

Aproximadamente 50% dos doentes com esta­dio 11 experimentam remissao espontanea, cerca de 25% estabilizam radiologicamente, e os restan­tes terao progressao da doen~ (76). Os doentes no estadio III normalmente apresentam sintomas, e a medida que a f1brose progride (estadio IV) podem desenvolver cor pulmonale e insuficiencia respirat6ria. Nestes estadios a remissao exponta­nea nao e frequente (menos que 20%).

Apesar das limita~Oes, a radiografia toracica ctassica ainda e, em muitos doentes, urn meio conveniente para se conseguir informa~5es sobre o grau de atingimento morfologico pulmonar. Embora o estadiamento radiol6gico inicial tenha implica~Cies no progn6stico da doen~a. tern sido demonstrada a sua fraca correla~o como indica­dor de doen~a activa. Evidentemente que e extre­mamente dificil avaliar a fase de alveolite ( doen~a em actividade) usando apenas criterios radiol6-gico convericionais (79).

Tomografia Computorizada de Alta Resolu~io (TCAR). Esta tecnica recente consegue mostrar detalhes morfol6gicos invisiveis na radiografia tora­cica e apresenta maior sensibilidade na dete~ao, quer das adenopatias mediastinicas, quer das alte­ra~Cies parenquimatosas pulmonares da sarcoidose 8Q-83). Esta hoje perfeitamente estabelecido que uma radiografJa toracica aparentemente normal nao exclui a presen~ de doen~ parenquimatosa (83). No entanto, os achados revelados pela TCAR e ocultos na radiografia toracica nao sao especifi-

M~/Abrill99S

cos, e necessitam obviamente de confirma~o his­tol6gica de sarcoidose.

A TCAR e uma tecnica particularmente util nos casos de imagens radio16gicas atipicas de sarcoidose (81), e urn auxiliar precioso da fibros­copia bronquica localizando com precisao as regioes de maior envolvimento pela doen~a. orientando a rentabilidade da bi6psia pulmonar transbronquica (80).

Apesar de determinar rigorosamente a exten­sao anat6mica da sarcoidose pulmonar, e de se situar entre a informa~ao morfol6gica grosseira revelada pela radiografia tonicica e os detalhes histo16gicos obtidos pela bi6psia pulmonar, o papel da TCAR no diagn6stico, na demonstra~ao de actividade da doen~a. ou no seguimento dos doentes teni ainda que ser estudado com maior precisao (83).

Estudo Funcional Respirat6rio. A redu~ao da capacidade vital, da capacidade pulmonar total, da prova de difusao alveolo-capilar do CO e da compliance pulmonar sao os achados funcionais caracteristicos na sarcoidose pulmonar (84-86). Nao ha evidencia concludente de que a medi~ao da compliance pulmonar ou da gasimetria arterial, acrescente sensibilidade e especificidade a capaci­dade vital e a prova de difusao de CO, na carac­teriza~ao funcional da sarcoidose pulmonar (84). Embora, a altera~ao ventilat6ria seja predomi­nantemente restritiva, pode ocorrer tambem obs­trur;ao das vias aereas em consequencia da locali­za~ao endobronquica ou peribronquica dos granu­lomas ( 49.86.87).

Nos doentes com estadio radiol6gico I, apro­ximadamente 80% apresentam capacidade vital normal e 70% prova de difusao de CO normal. Nos doentes com evidencia radio16gica de atingi­mento pulmonar parenquimatoso, apresentam capacidade vital e prova de difusao de CO nor­mal, respectivamente cerca de 35% e de 30% dos casos.

No estudo funcional peri6dico, utilizado no seguimento dos doentes, a capacidade vital e a prova de difusao de CO, modificam-se no mesmo sentido em 2/3 dos casos, no ter~o restante a mudan~a e em apenas num dos dois parametros e menos que 5% dos doentes apresentam altera~o dos dois parametros em sentido oposto.

Nos doentes com melhoria radiol6gica da doen~a sarcoide a nivel de parenquirna pulmonar, apro­ximadamente dois ter~os aumentarn a capacidade vital e apenas 45% melhoram a prova de difusao

M~/Abrill995

TRATAMENTO DA SARCOJDOSE

de CO. Em cerca de 5% dos doentes com melho­ria radiol6gica observa-se urna redu~o coincidente quer na capacidade vital quer na difusao do CO.

Nao ha criterio funcional respirat6rio conhe­cido, que permita ao clinico prognosticar o curso natural, ou a resposta a terapeutica da sarcoidose pulmonar. 0 estudo da fun~ao respirat6ria tern pouca correla~ao com a extensao anat6mica e com a actividade da alveolite na sarcoidose, mas geralmente permite distinguir, entre a presen~a de doen~a moderada e avan~ada (79,84).

Enzima convertor da angiotensin& (ECA~ Foi Liebermam quem primeiro descreveu niveis seri­cos elevados da ECA nos doentes com sarcoidose (89), posteriormente este achado foi confirmado por outros autores (90).

0 valor diagn6stico da ECA na sarcoidose e limitado por falta de sensibilidade e especifici­dade. E conhecido que muitas outras doen~as estao associados a niveis sericos elevados da ECA (hipertiroidismo, insuficiencia renal cr6-nica, silicose, cirrose biliar primaria, diabetes mellitus, histoplasmose, tuberculose miliar, lin­foma, lepra) ( 53,77).

Ha aproximadamente uma taxa de 12% de fal­sos positivos, e de 40% de falsos negativos (91). Acrescente-se ainda, que OS niveis sericos de ECA podem ser diminuidos pelos farmacos inibidores (captopril, enapril), usados habitualmente no tra­tamento da hipertensao arterial e da insuficiencia cardiaca (92).

Embora a subida do nivel da ECA anteceda, muitas vezes o agravamento clinico, radiol6gico e funcional da sarcoidose, varios autores concluem que nao e suficiente para servir de base as deci­SOeS clinicas no seguimento terapeutico dos doen­tes (93). E actualmente consensual, que os niveis sericos da ECA nao sao por si s6 urn born indice de avalia~ao da actividade da sarcoidose, nem parecem ser particularmente uteis na monitoriza­~o terapeutica ou na previsao da recaida.

Cintigrafia com Galium 67. Tern sido larga­mente usada para avaliar a actividade da sarcoi­dose, mas nao foram ainda definidos com clareza criterios objectivos de· significativa utilidade cli­nica pn1tica. Existem ainda algumas questOes por definir relativas a dose a utilizar, ao custo do exame, ao alto grau de variabilidade interobser­vador na leitura, e a utiliza~o de metodos de lei­tura computorizada (94).

A cintigrafia com Galium 67 tern valor limi­tado no diagn6stico da sarcoidose, devido a fraca

171

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

especificidade, e a uma sensibilidade que varia entre 60 a 90% (91,95-97). No entanto, parece ter alguma utilidade na orienta~o da regiao pulmo­nar onde efectuar lavagem broncoalveolar ou bi6psia pulmonar, na avalia~o da resposta a tera~utica, e na suspei~o da recidica (94).

Lavado broncoalveolar (LBA~ Embora seja claro o seu valor como tecnica laboratorial de pesquisa, o seu verdadeiro papel no diagn6stico e no seguimento dos doentes com sarcoidose e ainda de defini~o prematura. A analise celular do liquido de LBA, embora nao diagn6stico por si s6, e por vezes uma importante achega na ava­lia~o diagn6stica da sarcoidose pulmonar (98).

0 aumento do mimero de linf6citos T, com urn valor alto do quociente T4/T8 (maior que tr~ para urn), sao dados consistentes com o diagn6s­tico de sarcoidose.

Tern sido estudados varios outros marcadores, quer celulares, quer bioquimicos no LBA (mast6-citos, neutr6filos, colagenase, acido hialur6nico, interleucina I e II, ECA), mas o seu valor clinico ainda nao foi confirmado. Sao necessarios estu­dos futuros com grande numero de doentes.

Comentario. A necessidade de encontrar indi­cadores que demonstrem que urn doente tern doen~ activa e grande.

Mas como e que se define sarcoidose activa? u rna alternativa e interpretar 0 quadro clinico em termos de actividade da doen~a, o que nem sem­pre e facil. No entanto, ba sinais clinicos, como o eritema nodoso, a uveite aguda, a poliartralgia e a nefrite intersticial aguda, que quando associados as adenopatias mediastinicas hilares bilaterais indi­cam presen~ de actividade da doen~a. Existem ainda outros sinais clinicos que podem traduzir actividade, aumento dos infiltrados na radiografta toracica, agravamento da fun~o respirat6ria, per­sistencia ou aumento de esplenomegalia ou ade­nopatias perifericas, parotidite bilateral com para­lisia de Bell, hipercalcemia, e/ ou hipercalciuria. Adoptando as conclus<Ses dum estudo europeu ( 108), sao de considerar como criterios clinicos de actividade:

a) Agravamento gradual da radiografta toracica b) Progressao sintomatica (dispneias, tosse) c) Agravamento da fun~ao respirat6ria ( dimi­

nui~o superior a 10% da capacidade vital, do volume expirat6rio no primeiro segundo, da prova de difusao alveolo capilar com CO)

d) Evidencia clinica e laboratorial de envolvi­mento extratonicico proeminente.

172

e) Sintomas sistemicos (hipertermia, perda de peso, artralgias).

Outra altemativa e utilizar OS resultados de tecni­cas diagn6sticas, que ao registarem agravamentos significativos durante urn dado perlodo, sejam indi­cadores de actividade da doe~. Neste campo a investi~o tern sido intensa (79,83,94,98-101). Novas tecnicas de diagn6stico e estadiamento tern sido desenvolvidas e recomendadas como marcadores da actividade da inflama~ao granulomatosa na sar­coidose, a tomografia computorizada de alta resolu~ao, a enzima convertora da angiotensina a cintigrafia com Galium 67, o lavado bron­coalveolar ( 53,83,94, 98, I 00, t 02-1 05).

Embora, tenham proporcionado melhor conhe­cimento das altera~oes bioquimicas, imunol6gicas e citol6gicas da doen~. estudos posteriores nao demonstraram utilidade significativa na determi­na~ao do diagn6stico especifico de sarcoidose, que requer sempre demonstra~o histol6gica de granulomas sem necrose de caseifi~o, nem ajuda determinante na orient~ao e acompanhamento c~inico-tera¢utico do doente individual (79, 105-107).

N a verdade, a ECA serica, a cintigrafia com Galium 67 e o LBA reflectem aspectos diferentes da actividade do processo granulomatoso sarcoide. Ha uma boa correla~ao entre a cintigrafia com Galium 67 e OS niveis sericos da ECA (94,96,109-

111), mas ja nao entre a cintigrafia com Galium 67 e a contagem linfocitaria do LBA (94,96,112). Estes resultados nao surpreendem, dado as origens teci­dulares distintas destes marcadores (sangue, tecido pulmonar e liquido do LBA), e fundamentalmente pelo facto de que nao reflectem exactamente 0

mesmo fen6meno (por exemplo a cintigrafia com Ga67 traduz actividade dos macr6fagos eo liquido do LBA e das celulas T).

As tentativas de correlacionar a extensao e actividade da doen~ pulmonar sarcoide na TCAR, com os sinais clinicos eo estudo da fun~ao respi­rat6ria tambem nao encontraram unanimidade universal (0980,81,113). Muito ainda falta conhecer sabre a utilidade destas e doutras tecnicas na ava­lia~o da actividade da sarcoidose.

Entretanto na pratica, e enquanto se aguarda pela evolu~ao dos conhecimentos, a avalia~ao da actividade da doen~a sarc6ide, e de alguma forma a combina~ao de cada urn destes "marcadores" com as caracteristicas clinicas, radiol6gicas e fisio-16gicas de cada doente, e acompanhada sempre duma boa dose de senso clinico.

Ma~o/ Abril 1995

III TRA T AMENTO

Numa doen~a como a sarcoidose, com urn curso clinico tao variavel e uma taxa de remissao espontanea relativamente alta, e sempre diflcil avaliar a utilidade de qualquer esquema terapeutico.

Os corticosteroides sao considerados a terapeu­tica mais adequada para a sarcoidose, mas nao existe opiniao unanime relativamente a sua indi­ca~ao, a dose minima eficaz, a dura~ao do trata­mento e principalmente a sua influencia no curso do processo granulomatoso. A razao destas dife­ren~as de opiniao deve-se parcialmente ao facto de que urn grande numero de doentes com sar­coidose, ou sofrem remissao espontanea, ou tern urn curso benigno, tomando impraticavel os ensaios clinicos controlados.

Nem todos os doentes necessitam de tratamento, e para OS clinicos e importante diferenciar OS que espontaneamente irao experimentar remissao, da­queles que progredirao para situa~oes mais gra­ves, afim de iniciar precocemente corticosteroides nestes ultimos e evita-los nos primeiros. Infeliz­mente a distin~ao entre estes dois grupos de doentes e dificil e pouco precisa.

SARCOIDOSE PULMONAR

A. Indica~oes para Tratamento

Decidir quem deve ser tratado e uma tarefa dificil que assenta por vezes em suposi~oes ainda nao totalmente confirmadas, dado que os padroes clinicos, as imagens radiologicas ou cintigraficas e as avalia~oes serologicas nao sao seguros para prognosticar o curso natural da sarcoidose {107}.

Uma vez que urn dos objectivos da terapeutica e prevenir a fibrose pulmonar, e importante deter­minar a actividade e reversibilidade do processo granulomatoso. Parece que os niveis s~ricos de ECA, a cintigrafia pulmonar com Galium 67 e a contagem linfocitaria pelo LBA, nao reflectem com rigor a actividade da doen~a (53). Sao neces­sarios mais estudos que consigam definir indica­~oes firmes da decisao teraoeutica.

Entretanto, apesar desse acto, sao propostas linhas mestras de indica~ao terapeutica na sarcoi­dose pulmonar, com base essencialmente no qua­dro clinico, nas altera~Oes da fun~o respiratoria, na radiografia toracica e tambem na combina~o com algumas tecnicas ja referidas.

Man;oi Abril 1995

TRATAMENTO DA SARCOIDOSE

Quem deve ser tratado?

1) Doentes assintomaticos, com adenopatias hila­res bilaterais ( estadio 1), com ou sem eritema nodoso, mas sem envolvimento extrapulmonar nao devem ser tratados. Devem ser seguidos cli­nica e radiologicamente, inicialmente de 313 meses e depois cada 6 meses ate a evolucao da doen~ estar estabilizada.

2) Doentes com adenopatias hilares bilaterais e infiltrados pulmonares (estcidio II) que estejam assintomaticos e/ ou com alteracao ligeira da fun­~ao respiratoria necessitam de ser seguidos ( cli­nica, radiologia e eventualmente cintigrafia com Ga67, contagem linfocitaria do LBA). Porem, se ocorreu deteora~ao da fun~ao respiratoria e ou agravamento dos referidos testes, num periodo de 3 a 6 meses, entao deve ser instituida terapeutica.

3) Doentes com estcidio II que estejam assin­tomaticos e tenham altera~oes graves da fun~ao respiratoria devem ser tratados. Estudo funcional respiratorio e radiografm toracica devem ser perio­dicamente efectuados para estabelecer a altura de resposta maxima antes de diminuir os corticoste­r6ides para a dose de manuten~ao.

4) Doentes com estcidio II e sintomas (tosse, dispneia, dor toracica, astenia) devem ser trata­dos. 0 curso da doen~a deve ser monitorizada pela funcao respirat6ria ( espirometria e prova de difusao alveolo-capilar), radiografia toracica e niveis sericos da ECA.

5) Doentes com estadio III (infiltra~ao pul­monar difusa) geralmente tern sintomas e alte­ra~oes da fun~ao respiratoria e quase sempre precisam de tratamento. Quando assintomati­cos com fun~ao respiratoria normal ou ligeira­mente alterada devem ser apertadamente vigia­dos e tratados se houver deteora~ao progressiva da fun~ao respirat6ria.

6) Doentes com estcidio IV (fibrose extensa, forma~oes bulhosas), a fibrose irreversivel geral­mente esta tao avan~ada que nao respondem a terapeutica (corticoster6ides, imunossupressores). Porem, nalguns doentes, pode coexistir alveolite activa e o tratamento deve ser fortemente consi­derado para melhorar sintomas ( dispneia) e as altera~Oes da funcao respirat6ria, sem no entanto influenciar a hist6ria natural da doen~ (111-115). Para alguns doentes com estadio IV, o trans­plante pulmonar e a unica esperan~ terapeutica ( 153). As bronquiectasias, hemoptises e aspergi­lomas sao tratados conservadoramente com anti-

Vol. I N° 2 173

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

bi6ticos e antifungicos. No entanto, se a fun~o respirat6ria nio estiver intensamente alterada, pode ser necessaria resse~o pulmonar cinlrgica para as hemoptises graves.

Nas situa~Oes de pratica clinica com dificuldade de utilizar tecnicas diagn6sticas mais sofisticadas, podem ser seguidas regras de indica~o tera~u­tica mais simples e baseadas exclusivamente no quadro clinico-funcional do doente com sarcoi­dose pulmonar.

a) Doentes assintomaticos nao devem receber tratamento.

b) Doentes com sintomatologia minima sao segui­dos periodicamente com avalia~o de 3/3 meses e se existir evidencia de progressao da doen~ devem fazer tratamento.

c) Doentes com doen~a ha mais de dois anos, e com deteora.;ao progressiva da fun.;ao respi­rat6ria (CV dirninuida 10% ou mais, difusao de CO dirninuida mais que 20%, aumento maior que 5 mmHg na diferen~ alveolo-arterial de 02), sao candidatos a tratamento.

d) Doentes com sintomas respirat6rios signifi­cativos, estudo funcional respirat6rio anormal e radiografia toracica com altera.;6es difusas, devem receber sempre tratamento.

B. Corticoterapia

Os corticoster6ides sao fundamentais no tra­tamento da sarcoidose. Desde 1952 que esta demons­trada a sua influencia na resolucao dos granulo­mas (116).

Mas apesar de utilizados ha mais de trinta anos a sua eficacia tera~utica e influencia progn6stica originam ainda algurna controversia. Segundo al­guns autores, os corticoster6ides apresentam efei­tos beneficos a curto prazo, mas nio verificaram diferencas significativas a Iongo prazo relativa­mente aos doentes nao tratados ( 117, 118). Is to e, comparando doentes tratados e nio tratados, verifi­cou-se que no grupo tratado com corticoster6ides as modifica.;oes radiol6gicas foram mais favora­veis e houve melhoria na aval~o funcional res­pirat6ria, mas os beneficios neste grupo desapare­ceram ap6s a paragem do tratamento. Segundo outros autores os corticoster6ides adrninistrados a Iongo prazo (urn ou dois anos) apresentam bene­ficios clinicos que ultrapassam largamente os seus efeitos secunc:tarios (Ill, 119). No entanto, estes Ultimos estudos sao criticados por nio terem gru-

174 Vol. I N° 2

pos controle adequados, nao serem conduzidos de modo duplamente cego, nao fornecerem infor­ma~o suficiente relativamente a doses e dura.;io do tratamento e nio apresentarem urna distribui­.;ao equitativa em termos de estadios radiografi­co~ e sintomas clinicos (88,111,120).

No estado actual dos nossos conhecimentos o uso dos corticoster6ides na sarcoidose tern indi­cacoes (ver atnis), e e essencial no alivio sintoma­tico e no controle do envolvimento sistemico incapacitante (Ill, 120). Na verdade, a maio ria dos estudos demonstram beneficios reais a curto prazo com os corticoster6ides, mas ainda falta demons­trar melhoria significativa do progn6stico a Iongo prazo ( 111,121). A maioria dos doentes que rece­bem corticoster6ides evidenciam resposta efectiva, geralmente ap6s duas semanas de tratamento, mas ela representa supressao e nao cura da doenc;a.

Ql.IADRO Ill

Cor!Jt:otnapia na Sarn>iJus.: Pulmun;u·

• ;q II m~ 4.h.1. 1111~ pnm!:Jr ·~:! :1 I m •• .,,.,

• t.:.lu~,",. , ~ tl\~ IIIC'

• Ju~c >IL: Jn.IIUII<'II~· ·•" Ill 1 llll! 1k1

Dose e dura~io dos corticosteroides. Habitual­mente a dose diaria recomendada e de 30 a 40 mg de prednisona ou prednisolona (0,5mg/ kg;' dia) nurna toma unica, durante urn periodo inicial de dois a tres meses (105,111,122). A sarcoidose pul­monar e muito sensivel aos corticoster6ides, e a melhoria sintomatica e geralmente evidente durante as primeiras duas semanas. Os doentes com apre­senta.;io clinica aguda manifestam maior benefi­cia tera~utico, e as les6es radiol6gicas miliares finas ou infiltrados respondem de forma drama­tica, enquanto as adenomegalias mediastinicas po­dem persistir (107,111).

Ap6s esse periodo inicial (dois a tres meses), a dose deve ser progressivamente diminuida (por exemplo: 5mg/ mes durante urn periodo de 6 meses), acompanhando a melhoria da doen~, ate uma dose de manuten~o diAria de 10 a 15 mg de prednisona ou prednisolona.

Ma~/ Abril 1995

Durante o periodo de redu~o dos corticoste­r6ides e possivel que ocorra recidiva da doen~a (reaparecimento dos sinais clinicos, das altera~oes da radiografia tonicica e da fun~o respirat6ria ou aumento do nivel serico do ECA). Nessa cir­cunstancia, a prednisona deve ser aumentada para uma dose que controle satisfat6riamente os sinais da doenr;a, e necessaria as vezes 0 regresso as doses iniciais e posteriormente reduzir gradual­mente ate uma dose de manutencao, que devera ser sempre superior a utilizada aquando a reci­diva ocorreu.

A durar;ao de tratamento recomendada ~de 12 a 18 meses. Mesmo cumprindo rigorosamente estes tempos. as recidivas ap6s paragem terapeu­tica acontecem em 20 a 50% dos casos (ttl). Nao e aconselhavel fazer tentativas de paragem da terapeutica antes de decorrido 12 meses, e alguns doentes necessitam de tratamento por periodos prolongados, as vezes anos.

As complicar;oes da corticoterapia, nomea­damente aumento excessivo de peso, diabetes, cataratas, ulcera peptica, osteoporose, dado as doses moderadas recomendadas, ocorrem, mas com reduzida frequencia. Na actualidade, a inci­dencia de tuberculose nestes doentes nao tern sido maior. No entanto, os doentes com a reac­r;.ao de Mantoux positiva, devem receber profila­tlcamente 300 mg diarias de isoniazida durante seis meses.

A corticoterapia em dias alternados e igual­mente eficaz na sarcoidose e apresenta redur;ao dos efeitos secundarios ( 111.123). Entretanto, o esquema diario deve ser preferido pela maior ade­rencia dos doentes.

T em sido utilizado urn novo corticoster6ide, deflazacort, que mostrou em estudos clinicos indu­zir menos efeitos adversos do que outros corticos­ter6ides e beneficios terapeuticos comparaveis ( 170).

0 deflazacort ( 15-30 mg/ dia) e uma altemativa segura e vantajosa para a corticoterapia oral pro­longada na sarcoidose pulmonar.

C. Outras Terapeuticas

Dado que a sarcoidose pode estar associada a alterar;5es do sistema imunitario, e embora a cor­ticoterapia permaner;a o principal meio de trata­mento da doen~a pulmonar activa, parece 16gico considerar outras terapeuticas nomeadamente irnu­nosupressoras ou imunomoduladoras, nos casos que nao respondem aos corticoster6ides ( 105).

Marc;o/ Abril \995

TRATAMENTO DA SARCOIDOSE

QliADROI\'

Quando a Sarcoidose Pulmonar niio respond<:

aos corticoster6ides

.\ 'lt·to trc,ulll

l ' lora mbucd

.:w mg

2 mg

u uas \'C7es scman:-t

qua tn \ Clt' d1a

500 mg ·d1a durante ~ sem. nas.

~c~wld\' de do~e de mamllem;ii.\\

2 '0 lllg lila ror f, mc~c--

Metotrexato. Tern sido administrado a doentes que nao respondem, ou que apresentam intensos efeitos colaterais com os corticoster6ides ( 105,124,125).

E relativamente eficaz na sarcoidose pulmonar, foi observada melhoria clinica, funcional e por vezes radiol6gica, perrnitindo descontinuar os corti­coster6ides, no entanto e necessario monitorizar a funcao hepatica.

A dose de ataque recomendada e de 20 mg per os duas vezes por semana, reduzida posterior­mente para 10 mg per os uma vez por semana, durante pelo menos seis meses de tratamento. Nalguns doentes, a doenr;a recidivou ap6s para­gem do farmaco ( 124). Parece ser uma altemativa eficaz a corticoterapia nalguns doentes mas, sao necessarios mais estudos para determinar a ver­dadeira utilidade deste farmaco, na terapeutica da sarcoidose pulmonar ( 53,124, 166).

Clorambucil. T em sido utilizado em poucos doentes, que apresentam alguma melhoria sinto­matica, embora sem alterar;oes significativas, quer da radiografia toracica, quer da fun~ao respirat6-ria. Sao necessarios dois a tres meses de trata­mento antes que a resposta seja evidente. Sao fre­quentes as recaidas ap6s iJaragem do farmaco, o que sugere que e uma terapeutica mais supressiva do que propriamente curativa. A dose utilizada foi de 2 mg quatro vezes por dia (126,127).

A Azatioprina foi usada em muito poucos casos com alguns resultados encorajadores, mas nao conclusivos (167).

A Cidosporina foi utilizada em poucos doentes que nio responderam aos corticoster6ides, com resultados variaveis, com alguns efeitos secunda­nos, e nao tern sido provado que suprima a acti­vidade das celulas T (107,128,149,168,t69).

Cloroquina. Tern sido usada no rnanuseamento da fibrose pulmonar (parece ser rnais util na sar-

Vol l N°2 175

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

coidose extrapulmonar) ( 105, 150). A sua eficacia e taxa de resposta e menor que OS corticoster6ides. 0 farmaco e relativamente seguro, embora obri­gue, quando usado prolongadamente, a exames oftalmol6gicos frequentes (3 em 3 meses). A dose recomendada e de 500 mg/ dia durante duas sema­nas, seguido de dose de manuten~o de 250 mgj dia durante seis meses.

Tern sido tentados outros farmacos como oxi­fenilbutazona, colchicina, levamisol e ate radiote­rapia na terapeutica da sarcoidose pulmonar, mas com resultados pouco satisfat6rios (53) ..

No entanto, duas perspectivas terapeuticas mere­cern algumas consider~oes.

Corticoster6ides inalados. 0 uso prolongado de corticoster6ides orais na sarcoidose pulmonar causa frequentemente efeitos secundarios bastante desagradaveis.

Na presen~a de patologias cr6nicas (diabetes, hipertensao, ulcera peptica) instituir corticotera­pia oral e uma questao complicada. Na sarcoi­dose pulmonar, e para evitar esses inconvenientes, tern sido estudada a possibilidade de substituir a administra~o oral dos corticoster6ides, pela sua aplica~o t6pica. No entanto, apesar da introdu­~ao dos corticoster6ides inalados na asma bron­quica desde 1972 (130,133), tern sido escasso o numero de ensaios clinicos estudando a sua utili­dade na sarcoidose pulmonar (134-139).

Infelizmente os resultados dos primeiros estu­dos com corticoster6ides inalados ( diproprionato de beclometasona) na sarcoidose, particularmente em doentes com les5es intrabronquicas, nao foram encorajantes (140).

A utiliza~ao duma dose diaria provavelmente muito baixa (400J.Lg de diproprionato de beclome­tasona), e a ausencia de efeito terapeutico extra­pulmonar nessa dosagem sao uma explica~o do insucesso verificado ( 134).

Em 1986, Selroos propos o uso de budesonide inalado como altemativa aos corticoster6ides orais no tratamento da sarcoidose pulmonar, com base no conhecimento dos seguintes factos ( 136). Pri­meiro, 0 budesonide, que nao e metabolizado no pulmao (141), foi demonstrado atingir no tecido pulmonar concentr~Oes suficientemente altas ( oito a dez vezes maiores que no plasma) com potente efeito antinflamat6rio local ( 129,136,142,143}. Segun­do, pela confirmada diminui~ao do numero de linf6citos T e de macr6fagos activados no lavado broncoalveolar, ap6s oito a dez semanas de tra­tamento {142).

176 Vol. I No 2

Doentes inicialmente tratados com corticoste­r6ides sistemicos, que recidivam ap6s paragem do tratamento, a administra~ao de corticoster6ides inalados (budesonide 1200 a 1600 JL81 dia), melho­ram a sarcoidose pulmonar e tern menos efeitos colaterais indesejaveis ( 129).

Os corticoster6ides inalados parecem oferecer uma altemativa terapeutica sem efeitos colaterais, os doentes podem inicialmente ser tratados com a associa~o corticoster6ides sistemicos e inalados, e posteriormente continuarem com OS inalados a medida que a prednisolona seja diminuida ate a dose minima possivel.

A dose diaria de budesonide, clinicamente efi­caz na sarcoidose pulmonar e de 1200 a 2400 J.L8· Esta dose, deve ser dada uma unica vez ao dia para minimizar os efeitos colaterais e igualar a eficacia do tratamento com corticoster6ides orais ( e mais importante conseguir-se uma concentra­~ao alta uma vez ao dia, que ter urn nivel uni­forme diario).

Com budesonide a melhoria terapeutica ocorre mais tardiamente que com corticoterapia oral. Com as doses recomendadas a actividade siste­mica e escassa ( 135,147), e deve ser enfatizado que a sarcoidose extrapulmonar nao pode ser tratada com corticoster6ides inalados.

A dose recomendada raramente causa efeitos colaterais, no entanto o tratamento prolongado com corticoster6ides inalados pode originar rou­quidao ( 144), ou candidiase da orofaringe (135. 145).

Estas complica~oes podem ser reduzidas com a utiliza~ao dum "spacer" (que diminui a deposi~ao de particulas na mucosa orofaringea), e pela apli­ca~o duma (mica dose diaria (145,146).

Os resultados conhecidos sugerem que os corti­coster6ides inalados (budesonide) podem ser uma altemativa terapeutica segura e eficaz nos doentes com sarcoidose pulmonar, que tratados inicial­mente com corticoster6ides orais recidivam ap6s paragem do tratamento, ou ser urn complemento na terapeutica da manuten~ao.

Transplante pulmonar. Na maioria dos doen­tes, a sarcoidose e uma doen~a auto limitada, mas numa pequena percentagem (menos que 20%) ocorre progressao que leva a fibrose pulmonar irreversivel ( 148). Nestes casos, para limitar a pro­gressao da doen~a. tern sido tentadas varias tera­peuticas (corticoster6ides, ciclosporina) (149,169), cloroquina (150), metotrexato (124,151), clorambu­cil ( 127) e azatioprina ( 152, 167) sem grande sucesso.

Para os doentes que progressivamente desen-

Ma~o/ Abril 1995

volvem doen~a pulmonar irreversivel e incapaci­tante ha que considerar novas alternativas tera­peuticas. 0 desenvolvimento das tecnicas de preser­va¢o dos orgaos, do modelo cirurgico, e o avan~o no conhecimento da terapeutica imunosupressora ( ciclosporina) tomaram possivel considerar o trans­plante do pulmao ou do cora~ao-pulmao como uma esperan~a terapeutica no doente com fibrose pulmonar irreversivel ( 153-158). Serao candida­los a transplante os doentes com sarcoidose pul­monar em estado avan~ado de fibrose pulmonar, com menos de 50 anos, diminui¢o acentuada da fun~ao respirat6ria (abaixo dos 25%), evidencia de insuficiencia respirat6ria hip6xica ou desen­volvimento de cor pulmonale.

A op~ao cirurgica entre transplante do cora~ao­-pulmao ou s6 do pulmao depende em certa medida da existencia ou nao de atingimento car­diaco pela doen~a sarcoidose. Dado que a sarcoi­dose cardiaca e comum, os doentes com sarcoi­dose serao candidatos preferenciais ao transplante cora~ao-pulmao ( 159).

No entanto, o desenvolvimento de bronquiolite obliterante em 30 a 50% dos pulmoes transplan­tados. consequencia de rejei~ao cr6nica ou rejei­~ao aguda recorrente insuficientemente tratada, ainda e urn grande obstaculo a utiliza~ao mais generalizada do transplante (160-162). Ha tam­bern que acrescentar uma certa dificuldade em diagnosticar a rejei~ao pulmonar ( 163-165).

Outro factor limitativo da utiliza~ao do trans­plante como terapeutica, e a dificuldade em encon­trar dadores compativeis.

Urn aspecto interessante a estudar, eo de saber que probabilidade existe da doen~a sarcoide reci­divar no pulmao transplantado ( 153).

Apesar de todas as dificuldades, o transplante pulmonar e a (mica esperan~a terapeutica para 0

doente com sarcoidose pulmonar que desenvol­veu fibrose irreversivel.

SARCOIOOSE EXTRA PULMONAR

A. Ocular

As manifestac;oes oculares da sarcoidose sao diversas, e e frequente existir doen~a ocular activa com ausencia de actividade sistemica. 0 envolvi­mento apenas do compartimento posterior pode ser unico ou multiplo, e necessita de se excluir

Man;oi Abril 1995

TRATAMENTO DA SARCOIDOSE

outras doen~ granulornatosas ou neoplasia (lOS). Os corticoster6ides sao a terapeutica de elei~ao

nas les6es oculares, e usados precocemente geral­mente previnem deteora~ao da fun~ao, com pou­cos efeitos colaterais ( cataratas nos tratamentos prolongados).

A uveite anterior e habitualmente tratada com corticoster6ides t6picos na forma de colirico (triam­cinolona a I%) conjuntamente com midriaticos para imobilizar a iris e prevenir futuras sinequias. Na uveite intensa, associada a n6dulos na iris e complicada por glaucoma, podem ser necessarios corticoster6ides perioculares (171). Se nao ha melho­ria dentro de duas semanas, ou se ha evidencia de panuveite franca com reacc;ao inflamat6ria do vitreo e edema papilar, devem ser utilizados corti­coster6ides orais. Na inflama~o intensa a dose inicial recomendada e de 60 a I OOmg de predniso­lona/ dia, reduzida em duas semanas para a dose de manuten~ao de I 0-15mg/ dia. Esta abordagem terapeutica tern urn efeito bem!fico rapido na uveite aguda, e os granulomas na iris e no fundo ocular podem desaparecer em poucas semanas. Porem, nalguns casas acontece reactiva¢o quando a corticoterapia come~a a ser reduzida. Nesta situa~ao, tern sido sugeridos .. pulsos" endoveno­sos de altas doses de corticoster6ides para induzir uma remissao mais nipida (171.172). Em poucos casas, na uveite perpetuante activa ou nos granu­lomas do nervo 6ptico, e necessaria continuar com corticoterapia por alguns anos, e para evitar que a toxicidade dos esteroides obrigue a dimi­nuir as doses, a ciclosporina pode ser adicionada a terapeutica ( 173).

0 metotrexato mostrou efeito benefico em alguns doentes com uveite, mas falta documentar objec­tivamente a sua eficacia ( 174).

A sarcoidose conjuntival geralmente nao neces­sita de ser tratada quando aparece isolada. Os corticoster6ides sistemicos estao indicados no caso de inflama~ao das glandulas lacrimais, porque tern urn efeito terapeutico rapido com normaliza­~ao da secr~ao de Iagrimas e impedindo a fibrose da glandula (171).

Nos doentes com sarcoidose a fazer terapeutica com cloroquina ( efeitos colaterais - altera~o da visao das cores e do campo visual) sao necessarios exames peri6dicos (de 6 em 6 meses), do fundo ocular com angiografia de fluorescencia, e do campo visual.

Vol. I No 2 177

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

B. Cutinea

•OS doentes com saroojdose a peie c en olv'.d · em 25% do c os. A. l~ U.CS ~in gcral rru,mlc indo-o:r; · mas co mcHo.tm.cmte desfigurant 17 ) .

1\ corticotera:pia ·oral ou t6pica a p:rincipaJ anna terap!: ica e causa. regres i , da maim parte das 1esoes. E utililada a p . ·dni. oluna na d se dia 1a d · 40mg, ·para e ila.r o e • it , ola­l•n[· l·m 1do tentada a inj:~~o intra le tonal de oo ticosteroide.

Qu11ndu l co ticoster<'~idc, esliio co raindica­do u tem comprovada ineficicia, lui _ It~ nat~­vas mas a e colha depend·e de e es ar em pre-

n. duma sarooidose agJ.Jda ou cr6ni . 1ndom L cina contml.a a sarcoido e exsud ti a gud , enquamo .a cloroqu'na e o panuni ohcnzo Ito de p l·l ·• ·s i u c · lii i nd · cado par.a a <n ·oid oS~ · li brot iCII

cronica 176. t 77) .

aza:t · oprina pod. ser conside:ra.da quando d maci.;.as de es11eroide:s seriam necessa.riru ( 174).

Metotrexato na dose de 5 a I Oms um_ .ez po• ·cmaua duranlt,; lr ·~ melle (Jose de adul'Lo 1 c • 1-caz no ratamento do lupu perni e doutra lesa. cutdneas. sta pequena dose ·emanal e tera. pemlcameme su 'idcnLe em cond LJZI a lib . o. c ht.:~>atica ( 17 )_

Em caso · scl~ionado · cirmgia phi tica · ~ metica pode ser li.til. A . uns trauuncmos que foram populaces no passado radimerapia., antilu­be .. culo. os} , ao aclllalmt:nt~; con raindi~.::adn,~

C. Cardiaca

As arritmias cardiacas e o bloqueio sao uma indica~ao para corticoterapia. A coloca~ao dum pacemaker pode ser considerada no bloqueio completo ( 179).

Embora OS granulomas respondam a terapeu­tica, nao esta provada a eficacia dos corticoste­r6ides para tratar a sarcoidose cardiaca (180-182).

E razoavel come~ar com doses dicirias de pred­nisolona de 40 a 50mg, imediatamente ap6s o diagn6stico estabelecido e antes de ocorrer fibrose irreversivel.

Deve ser efectuada monitoriza~ao cuidadosa dos sintomas, bern como das altera~5es radiogra­ficas e electrocardiognificas. A dose de predniso­lona deve ser gradualmente reduzida ate a que mantenha estabilizada a melhoria sintomatica.

178

Quando se desenvolve derrame pericardico, 60 a lOOmg diariamente de prednisolona conseguem controlci-lo.

D. Neurologies

0 envolvimento do sistema nervoso central, particularmente o inicio de crises epilepticas, impli­ca morbilidade e mortalidade significativas, e dado o seu curso imprevisivel e uma indica~ao formal para corticoterapia. A terapeutica e tanto mais eficaz quanto mais precocemente for instituida (antes que se desenvolva fibrose ou enfarte cere­bral) ( 183).

A prednisolona e o farmaco de escolha, mas a dose 6ptima diaria nao esta bern definida, no entanto para a neurosarcoidose sao recomenda­das doses superiores a 40mg. A redu~ao das doses deve ser feita cuidadosamente, observando os para­metros clinicos e laboratoriais da doen~a neuro-16gica. A falta de resposta terapeutica pode ser resultado de dosagem inadequada. Nestes casos, pode ser tentada a utiliza~ao de metilpredniso­lona em "pulsos" endovenosos de lgr. uma vez por semana durante oito semanas (184).

Quando a corticoterapia esta contraindicada recorre-se a farmacos alternativos tais como indo­metacina, oxifenilbutazona, cloroquina ( 185), meto­trexato ( 186) (tern sido uti! em alguns doentes), clorambucil (127) (quando foi usado verificou-se melhoria de quadro sintomatico) e ciclosporina ( 187). Tam bern tern sido utilizada irradiac;ao cra­neana com dose baixa, para aliviar sintomas, nos poucos doentes que nao respondem a corticote­rapia ( 188).

E. Renal

A sarcoidose renal com insuficiencia renal cr6nica e aparentemente uma situa~ao rara. Porem, a nefrite granulomatosa pode ser uma causa importante de morbilidade e mortalidade nos doentes com sarcoidose.

Tern sido referidos boos resultados terapeuti­cos na nefrite granulomatosa sarc6ide com os corticoster6ides (189), e nomeadamente quando se associa aos corticoster6ides a uroquinase intra­venosa ( 105).

Ma~o/ Abrill995

F. Gastrointestinal

Na sarcoidose gastrica a necessidade de trata­mento e baseada na actividade e na extensao do processo granulomatoso. A corticoterapia e a terapeutica de escolha. Alguns doentes podem beneficiar somente com antiacidos ou metoclo­pamida, particularmente se a doen~a tern pouca actividade. A cirurgia e a \mica solu~o para os doentes com estenose pil6rica ou hemorragias gastrointestinais. Para monitorizar o curso da doen~a, particularmente nos doentes trat~dos com corticoster6ides, sao necessarias endoscopias e bi6-psias peri6dicas ( 190).

Na sarcoidose do intestino delgado, que e rara, o tratamento com corticoster6ides resulta habi­tualmente em resolu~ao da doen~a.

G. Hepatica

Os corticoster6ides estao indicados nos casos de doen~a hepatica progressiva. Nos estadios tar­dios de fibrose hepatica maci~a. os corticoster6i­des geralmente sao de pouco beneficio. NOS doen­tes com hipertensao portal e hemorragias incontro­laveis devido a varizes esofagicas, a cirurgia porto­-cava pode ser considerada. A transplanta~o hepa­tica e uma hip6tese a ponderar quando se desenvol­ve insuficiencia hepatica com ascite, varizes eso­fagicas, ou encefalopatia hepatica (191,192).

H. Ossea

0 curso da sarcoidose 6ssea vertebral e bas­tante variavel, e nao ha directivas para o seu tra­tamento. As les6es podem progredir lentamente, estabilizarem ou entao regredir com ou sem corti­coterapia. Se a atitude terapeutica conservadora nao e bern sucedida para aliviar a dor, ou se ocorre envolvimento neurol6gico secundario a des­trui~ao da vertebra, deve ser considerada a hip6-tese cirurgica de larninectomia descompressiva ou estabiliza~ao da coluna (esta abordagem cinlrgica foi util em doentes com sarcoidose vertebral e (quadriplegia) (193).

Na sarcoidose 6ssea envolvendo as costelas, os corticoster6ides sao eficazes em produzir alivio sintomatico, melhorar a imagem radiognifica, e em diminuir a f1X~o dos radiois6topos nas cin­tigrafias 6sseas (195). 0 envolvimento articular requer corticoster6ides e colchicina para o alivio

Mllr90/Abrili99S

TRATAMENTO DA SARCOIDOSE

dos surtos inflamat6rios agudos. Efectivamente, nao existe terapeutica adequada

para a sarcoidose 6ssea. Nao ha evidencia sufi­ciente que os corticoster6ides, ou qualquer outra forma de terapeutica seja util para mudar a hist6-ria natural da sarcoidose 6ssea.

I. Pleural

Geralmente o derrame pleural e o pneumoto­rax resolvem espontaneamente, ou respondem rapidamente aos corticoster6ides. A maioria dos derrames pleurais resolvem em quatro a oito semanas ( 196). Alguns autores tentaram a des­cortica~ao pleural com algum exito ( 197), outros efectuaram pleurodese por talcagem. A ciclo­fosfamida, na dose de 25 a 50mg duas vezes por dia, foi usada nos derrames pleurais e pericar­dicos recidivantes nomeadamente se nao res­pondem aos corticoster6ides ( 181 ).

J. Hipercalcemia e Hipercalciuria

Foi sugerida que as altera~5es do metabolismo do calcio na sarcoidose sao causadas pelo aumento dos niveis sericos de 1-25 dihidroxivitamina D, como resultado da hidroxila~ao por macr6fagos activos no granuloma sarcoide (198). Tern sido referido que OS nfveis seriCOS de calcio tendem a aumentar com a exposi~ao solar (mais altos nos meses de Verao e particularmente nos tr6picos).

Se a hipercalcemia nao puder ser controlada pela limi~ao de ingestio de calcio, ou por subs­tincias quelantes que impedem a absor~o a nivel intestinal (fitato de s6dio, fosfato inorginico), ha indica~ao para o tratamento com corticoster6i­des. Prednisolona em dose diaria de 1 Omg con­segue controlar a hipercalcemia (199). 0 trata­mento adjuvante com cloroquina foi demonstrado ser eficaz na resolu~o da hipercalcemia e hiper­calciuria da sarcoidose ( 199). Alguns auto res tern usado ketoconazol (800 mg/ dia) durante perlodos prolongados ( 1 ano ), e conseguem controlar a hipercalcemia e hipercalciuria nos doentes com sarcoidose (200.201).

0 envolvimento sintomatico dum 6rgio vital extrapulmonar e quase sempre uma indi~o para tratamento (corticoster6ide) (Ill). 0 atingi­mento ocular, cardiaco ou neurol6gico habitual­mente necessitam de corticoster6ides em doses

VoL I No 2 179

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

mais altas (50 a 80mg diarios) durante um tempo prolongado, enquanto que as les6es cutAneas e gastrointestinais respondem a doses mais modes­tas (20 a 30mg diarias).

IV PROGNOSTICO

A sarcoidose e uma doen~a granulomatosa mul­tisistemica com grande variabilidade de apresen~o · clfnica, e com evol~o imprevisivel (78,202-204).

0 curso clinico e bastante variavel, e pode apresentar: a) remissao espontanea ou terap~u­tica, passados poucos meses, b) actividade persis­tente durante Iongo tempo, com repercussao cli­nica minima e c) doen~a progressiva e incapacitante apesar de terap~utica corticoster6ide.

Prever o progn6stico da sarcoidose e uma tarefa muito dificil, no entanto para os clinicos seria importante identificar os factores determinantes da evolu~ao de modo a melhorar a abordagem tera~utica.

E amplamente reconhecido que o inicio subito da doen~ e urn sinal de born progn6stico, enquan­to o inicio insidioso traduzini persist~ncia de acti­vidade da doen~ por urn periodo Iongo (78,203,205). A presen~a de eritema nodoso, de artrite aguda, ou de uveite anterior aguda estao cada uma asso­ciadas a progn6stico excelente e a alta probabili­dade de remissao espontAnea (3,78,203). Porem os doentes com lupus pernio, uveite cr6nica poste­rior, envolvimento cardiaco, 6sseo, do sistema nervoso central, das vias aereas superiores ou nefrocalcinose, t~m todos menos que 25% de probabilidade de remissao espontAnea (203,204).

Na sarcoidose pulmonar, a maioria dos estudos mostram que o estadio I (adenopatias hilares bila­terais) tern melhor progn6stico, nomeadamente se detectado por radiografia toracica de rotina em doente assintomatico, ou se associado a eritema nodoso. A fibrose pulmonar com cor pulmonale esta associada ao pior progn6stico. No entanto, alguns autores consideram que a intensidade da infutra~o parenquimatosa da radiografia tora­cica inicial nao tern qualquer valor preditivo da eventual evolu~o posterior, especialmente quando conjuntamente se analisam outros marcadores de actividade. Em resumo, na sarcoidose pulmonar, o envolvimento parenquimatoso (com ou sem adenopatias) e provavelmente 0 principal desafio da previsao progn6stica, porque pode resolver espontaneamente ou evoluir irreversivelmente para

180 Vol. I N°2

a fibrose pulmonar (78,202-208). Na sarcoidose extrapulmonar as situa~oes de

pior progn6stico sao a insufici~ncia renal secun­daria a nefropatia hipercalcemica, a cardiomiopa­tia, a hipertensao portal com hiperesplenismo, e o envolvimento do sistema nervoso central (203).

Tern sido estudado o valor progn6stico de varios parametros (clinicos, radiol6gicos, fun­cionais, bioquimicos, cintigraficos) e embora existam algumas correla~oes, nenhuma e sufi­cientemente significativa para se assumir como norma incontestada.

0 estudo da fun~o respirat6ria no inicio da doen~a. reflecte a extensao e o tipo de lesao ana­t6mica pulmonar, mas nao progn6stica o curso do envolvimento parenquimatoso, nem a resposta a terap~utica (84,209,210).

0 nivel serico da ECA parece ter significado progn6stico para alguns autores (211,212), enquanto para outros nao (213,214).

Estudos contigraficos com Galium 67 mostra­ram que a sua capta~ao pelo parenquima pulmo­nar e urn indicador de actividade da doen~a. Alguns autores observaram que a capta~ao pul­monar elevada de Galium no inicio da doen~a e a persistencia desse padrao ao Iongo do seguimento posterior sugeria evolu~ao progn6stica desfavora­vel (215).

0 valor do LBA na abordagem clinica da sarcoidose pulmonar ainda nao esta convenien­temente esclarecido. Estudos recentes nao demons­traram valor progn6stico para a linfocitose ini­cial do LBA (216-218), embora a persist~ncia de caracteristicas celulares de "alveolite activa" inten­sa no liquido do LBA, possa ter algum signifi­cado progn6stico (219,220). Outros estudos mos­traram que o aumento de celulas T auxiliares cia! do LBA (216-218), embora a persistencia de caracteristicas celulares de "alveolite activa" inten­sa no liquido do LBA, possa ter algum signifi­cado progn6stico (219,220). Outros estudos mos­traram que o aumento de celulas T auxiliares no LBA esta associado a pior progn6stico (221). Por sua vez alguns autores concluem que radio­grafias toracicas peri6dicas de boa qualidade e os resultados do estudo funcional respirat6rio, sao mais sensiveis para prever a evolu~ao cli­nica do que a ECA, o cintilograma com Galium 67 ou LBA (222). No estado actual, e cornu­mente aceite que a ECA, a cintigrafia com Galium 67 e o estudo celular do LBA nao tern comprovada legitimidade cientifica para prever

Ma~o/ Abril 1995

0 progn6stico ou a resposta a terap~utica dos doentes com sarcoidose (79,217 ,218,222-224).

Segundo alguns autores os corticoster6ides { da­dos precocemente e em terapeuticas prolongadas) nao alteram significativamente a evolucao clinica a Iongo prazo da sarcoidose pulmonar, e o trata­mento deve ser reservado para aliviar sintomas. Isto e, a corticoterapia teria urn efeito supressivo imediato no processo granulomatoso, mas nenhum efeito real a Iongo prazo no curso da doen~a. Sao da opiniao que os corticoster6ides nao revertem a fibrose pulmonar, nem a deteriora~o da fun~ao respirat6ria quando ja estao presentes, e que devem ser reservados para o tratamento paliativo dos sintomas incapacitantes ( 105,111.115,118,225).

Outros autores acreditam que os cor'ticoster6i­des devem ser administrados precocemente aos doentes com infiltrados pulmonares e doen~a activa, independentemente da presen~a ou ausencia de sintomas. com o objectivo de prevenir a fibrose pulmonar (226).

Porque esta diferen~a de opinioes? As razoes parecem ser varias:

a) Urn grande numero de doentes com sarcoi­dose sofre remissao espontanea ou tern uma evo­lu~ao benigna, tornando dificeis, senao impossi­veis os ensaios clinicos terapeuticos controlados.

b) Existe ainda uma incoerencia consideravel entre os parametros clinicos, radiol6gicos, fun­cionais, bioquimicos e cintigraficos utilizados para prognosticar o curso do processo granulomatoso.

c) A sarcoidose tern apresenta~ao e curso cli­nico variaveis, e as normas para avaliar a doen~a sao empiricas, par vezes pouco consistentes, e nao reflectem rigorosamente a extensao e intensidade do processo granulomatoso.

d) A causa da doen~a e desconhecida e conse­quentemente nao existe terapeutica especifica.

0 reconhecimento do facto de que a a~ao terapeutica dos corticoster6ides na sarcoidose e parcial e paliativa, nao deve diminuir as suas indica~oes clinicas no tratamento dos doentes

Mar~o; Abril 1995

TRATAMENTO DA SARCOIDOSE

com sintomas persistentes e incapacidades signifi­cativas.

Enquanto nao for demonstrado de forma ine­quivoca que a terapeutica (corticoster6ides) influen­cia significativamente a hist6ria natural da doen~, o objectivo apenas de aliviar sintomas parece ser razoavel.

Apesar de tudo, o progn6stico global da sar­coidose e born. A doenca regride espontanea­mente sem sequelas em 60 a 70% dos doentes. Em 20 a 30% dos casas, persistem les5es residuais minimas, estaveis e sem alteracao funcional. Nos restantes 10 a 20% a doenca permanece activa ou recidiva intermitentemente, e apresenta importan­tes alterac5es funcionais que requerem tratamento durante anos (203,227).

A taxa de mortalidade da sarcoidose e conside­rada baixa, menor que 4% (no inicio era de 8 a 1 0%), sendo a fibrose pulmonar a mais frequente causa de morte (203).

Entretanto, muitas quest5es relativas ao prog­n6stico da sarcoidose permanecem sem resposta.

- Como identificar na altura do diagn6stico os doentes que beneficiarao de tratamento e os que tern alto risco de cronicidade?

- Qual e a influencia da intensidade da alveo­lite inicial no progn6stico final?

- Porque alguns doentes com envolvimento parenquimatoso pulmonar melhoram sem corticoster6ides e outros que sao tratados evoluem para fibrose pulmonar?

- Quais sao os melhores parametros para monitorizar a actividade da doen~a ( clini­cos, radiol6gicos, funcionais, ECA, cinti­grafia Ga67

, LBA)? - Quanta tempo deve passar para que uma

sarcoidose inactiva, possa ser considerada curada?

Sao necessarios mais estudos, com modelos estatisticos multivariaveis, que contribuam para o avan~o nos conhecimentos sabre o progn6stico da sarcoidose, e melhorem a abordagem terapeu­tica e o seguimento dos doentes.

181

BIBLIOGRAFIA

I. JAMES DG, TURIAF J, HOSODA Y, eta!: Description of sarcoidosis: Report of the subcommittee on classification and definition. Ann NY Acad Sci 278:742, 1976.

2. TEIRSTEIN A, LESSER M: Worldwide distribution and epidemiology of sarcoidosis, in Fan burg BL (ed): Sarcoi­dosis and Other Granulomatous Diseases of the Lung. New York, Marcel Dekker, Inc, pp 101-134. 1983.

3. MILMAN N, SELROOS 0: Pulmonary Sarcoidosis in the Nordic Countries 1950-1982. Epidemiology and clinical picture. Sarcoidosis 7: 50, 1990. DA COST A JL: Geographic epidemiology of sarcoidosis in Southeast Asia. Am Rev Respir Dis 108: 1269, 1973. SCADDING JG: Sarcoidosis. London, Eyre and Spottis­woode, 1967. PURRIEL P, NAVARRETE E: Epidemiology of sarcoido­sis in Uruguay and other countries of Latin America. Am Rev Respir Dis 84: 155, 1961.

7. KELLER AZ: Anatomic sites. age attributes, and rates of sarcoidosis in US veterans. Am Rev Respir Dis 107: 615, 1973.

8. HONEYBOURNE D: Ethnic differences in the clinical features of sarcoidosis in south-east London. Br J Dis Chest 74: 63, 1980.

9. MA YORK RL, BERTRAND P, MORRISON CE. et al: Manifestations of sarcoidosis. Analysis of 145 patients, with a review of nine series selected from the literature. Am J Med 35: 67. 1963.

I 0. HIRSHANT Y, GLADE P, VIENA LOBO, et at: Sarcoido­sis: Another disease associated with serologic evidence of herpes like virus infection. N Eng! J Med 283: 502, 1970.

II. RICHTERS V, SHERWIN RP, SHARMA OP: Pulmonary sarcoidosis: Electron microscopic study of cytoplasmic and nuclear inclusion bodies. Sarcoidosis 2: 67, 1985.

12. UESAKA E, IZUMI T, TSUKI S: Nocardialike organism isolated from lesions of sarcoidosis, in lwai K, Hosoda Y (eds): Proceedings of the VI International Conference on Sarcoidosis. Tokyo, University ofTokyo Press, p. 3, 1974.

13. VANEK J, SCHWARZ J: Demonstration of acid rods in sarcoidosis. Am Rev Respir Dis 101: 395, 1970.

14. MANKIEWJCZ E, VAN WALBECK M: Mycobacteriop­hages: their role in tuberculosis and sarcoidosis. Arch En­viron Health 5: 122, 1962.

15. BOWMAN BU. DANIEL TM: Further evidence against the concept of decreased phage neutralizing ability of se­rum of patients with sarcoidosis. Am Rev Respir Dis 104: 908, 1971.

16. BOWMAN BU, AMOS WT, GEER JC: Failure to ptoduce experimental sarcoidosis in guinea pigs with M. tuberculo­sis and mycobacteriophage DSBA. Am Rev Respir Dis 105: 85, 1972.

182 Vol I No 2

17. SHARMA OP: Sarcoidosis: Clinical Management. Lon­don. Butherworths. 1984.

18. CHAPMAN J. SPEIGHT M: Further studies of mycobac­. terial ant1bod1es m the sera of sarcoidosis patients, Atca Med Scand 176: 67, 1964.

19. VOGEL RA. THRASH AM: Pine pollen granulomas in

animals. Am Rev Respir Dis 84: 130. 1961. 20. SPINCE NL. TILLES DS. RYLL H: Beryllium case

registry Update after 30 years. Sarcoidosis 2: 57. 1985. 21. SHELLEY WB. HURLEY HJ JR.: Experimental sarcoid

reactions in human skin. Am Rev Respir Dis 84: 35. 1961. 22. LEBACQ E. DESMET V: Sarcoid granulomas associate

with phenylbutazone treatment. Mt Sinai J Med. 1977. 23. THURSTON JGB. MARKS P. TRAPNELL D: Lung

changes associated with phenylbutazone treatment. Br Med J 4: 1422, 1976.

24. HARF R. ETHEVENAUX C. PERRIN-FAYOLLE M. et al: Sarcoidosis a disease commoner in non-smokers. Re­sults of a case control study. Proceedings of the X'hlnterna­tional Conference on Sarcoidosis. Ann NY Acad Sci. 1985.

25. SHARMA OP, KADAKIA D: Semin Respir Med 8: 95. 1988.

26. JAMES DG: Definition and classification of granuloma­tous disorders. Seminars in Respiratory Medicine 8 (I): 2. 1986.

:7 GINNS LC. GOLDENHEIM PD. BURTON RC ct al: !­

lymphocyte subsets in peripheral blood and lung Ia\ age in idiopathic pulmonary fibrosis and sarcoidosis: Analysis by monoclonal antibodies and flow cytometry. Cli lmmunol lmmunopathol 25: II, 1982.

28. HUNNINGHAKE GW, CRYSTAL RG: Pulmonary sar­coidosis: A disorder mediated by excess helper T­lymphocyte activity at sites of disease activity. N Engl .I Med 305:429. 1981.

29. ROBINSON BW, ROSE AH, THOMPSON PJ, et at: Comparison of bronchoalveolar lavage helper/suppressor T -cell ratios in sarcoidosis versus other interstitial lung diseases. Aust NZ J Med 17:9, 1987.

30. LECOSSJER 0, VALEYRE D, LOISEAU A. et at: T­lymphocytes recovered by bronchoalveolar lavage from nonnal subjects and patients with sarcoidosis are refractory to proliferative signals. Am Rev Respir Dis 137: 592, 1988.

31. CAMPBELL DA. POULTER LW, DUBOIS RM: Immu­nocompetent cells in bronchoalveolar lavage reflect the cell populations in transbronchial biopsies in pulmonary sarcoidosis. Am Rev Respir Dis 132: 1300, 1985.

32. SPITERI MA, CLARKE SW, POULTER LW: Alveolar macrophages that suppress T-cell responses may be crucial to the pathogenetic outcome of pulmonary sarcoidosis. Eur

MU90 I Abril 199S

TRATAMENTO DA SARCOIDOSE

Respir J 5: 394, 1992. 49. SHARMA OP, JOHNSON R: Airway obstruction in sar-33. HOOGSTEDEN HC, VAN DONG EN JJ, VAN HAL PT, coidosis: a study of 123 nonsmoking American black

et at: Phenotype of blood monocytes and alveolar macrop- patients with sarcoidosis. Chest 94: 343, 1988. hages in interstitial lung disease. Chest 95: 574, 1989. 50. WOLLSCHLAGER C, KHAN F: Aspergillomes, compli-

34. FLINT KC, LEUNG KB, HUDSPITH BN, et al: Broncho- eating sarcoidosis. A prospective study in I 00 patients. alveolar mast-cells in sarcoidosis: Increased numbers and Chest 86: 585, 1984. accentuation of mediaior release. Thorax 41: 94, 1986. 51. MAARSSEVEEN ACM, VELDHNIZEN RW, STAM Jet

35. DANEL C. DEWAR A. CORRIN B, et at: Ultrastructural al: A quantitative histomorphologic analysis of lymph changes in bronchoalveolar lavage cells in sarcoidosis and node granulomas in sarcoidosis in relation to radiological comparison wiih the tissue granuloma. Am J Pathol 112: stage I and II. J Pathol134: 441, 1983. 7, 1983. 52. THRASHER DR, BRIGGS DD: Pulmonary sarcoidosis.

36. SAJNT-REMY J-MR, MITCHELL DN, COLE PJ: Variati- Clin Chest Med 3: 537. 1986. on in immunoglobulin levels and circulating immune com- 53. SHARMA OP: Sarcoidosis. Dis Month 36: 471, 1990. plexes in sarcoidosis. Correlation with extent of disease 54. ISRAEL HL. LENCHNER GS, A TKJNSON GW: Sarcoi-and duration of symptoms. Am Rev Respir Dis 127: 23, dosis and aspergilloma: The role of surgery. Chest 82:430, 1983. 1982.

37. THOMAS PD. HUNNJNGHAKE GW: Current concepts 55. OLIVE KE. KAT ARIA YP: Cutaneous manifestations of of the pathogenesis of sarcoidosis. Am Rev Respir Dis sarcoidosis. Relationships to other organ system involve-135: 747, 1987. ment. abnormal laboratory measurements, and disease

38. BITTERMAN PB. ADELBERG S, CRYSTAL RG: Me- course. Arch Intern Med 145: 1811, 1985. chanism of pulmonary fibrosis: Spontaneous release of the 56. LOFGREN S. LUNDBACK H: The bilateral hilar lympho-interstitial lung disorders. J Clin Invest 72: 180 I, 1983. rna syndrome. I. A study of the relations to ageand sex in

39. MARTINET Y. ROM WN, GROTENDORST GR, et al: 212 cases. Acta Med Scand 142: 259. 1952. Exaggerated spontaneous release of platelet-derived gro- 57. SILVERMAN KJ, HUTCHINS GM, BUCKLEY BH: wth factor by alveolar macrophages from patients with Cardiac Sarcoid. A clinicopathologic study of 84 unselec-

idiopathic pulmonary fibrosis. N Eng! J Med 317: 202, ted patients with systemic sarcoidosis. Circulation 58:

1987. 1204. 1978.

~0. CANTIN AM. BOILEAU R. BEGIN R: Increased procol- 58. DELARREY P: Neurologic manifestations in sarcoidosis. lagen 111 aminoterminal peptide-related antigens and fibro- Review of the literature, with a report of 23 cases. Ann blast growth signals in ihe lungs of patients wiih idiopathic Intern Med 87: 336, 1977. pulmonary fibrosis. Am Rev Resp Dis 137: 572, 1988. 59. SPRAGUE R. HARPER P, MCCLAIN Setal: Dissemina-

~I. Brennan NJ. Crean P. Long JP, et al: High prevalence of ted gastrointestinal sarcoidosis. Case report and review of familial sarcoidosis in an Irish population. Thorax 39: 14. the literature. Gastroenterology 87: 421, 1984. 1984. 60. KAPLAN H: Sarcoid arthritis: A review. Arch Intern Med

~2. EDMONDSTONE WM. WILSON AG: Temporal cluste- 112:924, 1963. ring of familial sarcoidosis in non consanguineous relati- 61. NESSAN V J, JACOWA Y JR: Biopsy of minor salivary ves. Br J Dis Chest 78: 184, 1984. glands in ihe diagnosis of sarcoidosis. N Eng I J Med 30 I:

~3. VALEYRE D. SOLER P. CLERIC! C. et al: Smoking an 922. 1979. pulmonary sarcoidosis: Effect of cigarette smoking on 62. SHARMA OP, RA ITO D: Pulmonary sarcoidosis: Ra-prevalence. clinical manifestations. alveolitis. and evoluti- diographic feature. Clin Dermatol 4: 96. 1986. on of the disease. Thorax 43: 516, 1988. 63. WINTERBAUER RH, BELIC N, MOORES KD: A

44. RICKER W, CLARK M: Sarcoidosis: A clinico-pathologic clinical interpretation of bilateral hilar adenopaihy. Ann review of 300 cases, including 22 autopsies. Am J Clin Intern Med 78: 65, 1973.

Pathol 19: 725, 1949. 64. SPANN RW, ROSENOW EC, DEREMEE RA, et al: Uni-45. MITCHELL KN. SCADDING JG. HEARD BE. et al: lateral hilar or paratracheal adenopathy in sarcoidosis. A

Sarcoidosis: Histopaihological definition and clinical dia- study of 38 cases. Thorax 26: 296, 1971. gnosis. J ClinPaihol 30: 395, 1977. 65. ISRAEL HL, LEUCHNER G, STEINER RM: Late deve-

46. POULTER lW: Immune aspects of sarcoidosis. Postgrad lopment of mediastinal calcification in sarcoidosis. Am Med J 64: 536, 1988. Rev Resp Dis 124: 302, 1981.

47. ROSEN Y, MOON S, HUANG C-T, et al: Granulomatous 66. ROSE RM, LEE RG, COSTELLO P: Solitary nodular sar-pulmonary angiitis in sarcoidosis. Arch Paihol Lab Med coidosis. Clin Radio! 36: 589, 1985. 101: 170, 1977. 67. MCCORT JJ, PARE JAP: Pulmonary fibrosis and cor

48. ROSSMAN MD, DANIELE RP, DAUBER JH: Nodular pulmonale in sarcoidosis. Radiology 62:496, 1954. endobronchial sarcoidosis: a study comparing blood and 68. KIRKS DR, MCCORMICK VD, GREENSPAN RH: lung lymphocytes. Chest 79: 427, 1981. Pulmonary sarcoidosis. Roentgenologic analysis of \50

~I Abrill99S Vol IN°2 183

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

patients. AJR 177:777, 1973. 69. LITfNER MR, ACHACKEREN, PUTMAN CE, et al: The

clinical assessment of roentgenographically atypical pul­monary sarcoidosis. Am J Med 82: 361, 1977.

70. LEVY H, FELDMAN C, W ADEE A, et al: Differential of sarcoidosis from tuberculosis using an enzyme linked immunosorbent assay for deJection of antibodies against Mycobacterium tuberculosis. Chest 94: 1254, 1988.

71. WILLIAMS JW, WALLACH ER: Laser micropobe mass spectrometry (LAMNS) analysis of beryllium, sarcoidosis and other granulomatous diseases. Sarcoidosis 6: Ill, 1989.

72. MITCHELL DM, MITCHELL DN, COLLINS JV, et al: Transbronchiallung biopsy through fibreoptic bronchosco­pe in diagnosis of sarcoidosis. Br J Dis Chest 74: 320, 1980.

73. ROETHE RA, FULLER PB, BYRD RB, et al: Transbron­choscopic lung biopsy in sarcoidosis. Optimal number and sites for diagnosis. Chest 77: 400, 1980.

74. MIKHAIL JR, MITCHELL DN, DRURY RAB, et al: A comparison ofthe value of mediastinal lymph node biopsy and the kveim test in sarcoidosis. Am Rev Resp Dis 104: 544, 1971.

75. MUNKGAARD S. NEUKIRCH F: Comparison of biopsy procedures in intrathoracic sarcoidosis. Acta Med Scand 205: 179, 1979.

76. HILLERDAHL G, OSTERMAN NK, SCHMEKEL B: Sarcoidosis: Epidemiology and diagnosis. A 15 year Euro­pean study. Am Rev Resp Dis 130:29, 1984.

77. WINTERBAUER RH, HAMMER SP: Sarcoidosis and idiopathic pulmonary fibrosis: A review of recent events. In: Simmons DH, ed: Current pulmonology, vol. Yearbook Medical Publishers, pg. 117-164, 1986.

78. NEVILLE E, WALKER AN, GERAINT-JAMES D: Prognostk tors predicting the outcome of sarcoidosis: An analysis of818 patients. Q J Med 208:525, 1983.

79. SANGUINETHI CM, MONTRONI M, BALBI B, et al: Does activity of pulmonary sarcoidosis depend on diasease duration'? A corelation between bronchoalveolar lavage, scintigraphic, radiologic and physiologic parameters and time of onset of the disease. Sarcoidosis 4: 18, 1987.

80. LYNCH DA, WEBB R, GAMSU G, et al: Computed to­mography in pulmonary sarcoidosis. J Comput Assist Tomogr 13: 405, 1989.

81. BRAUNER MW, GRENIER P, MOMPOINT D et al: Pulmonary sarcoidosis: Evaluation with high-resoluiton CT. Radiology 172: 467, 1989.

82. MATHIESON JR, MAYO JR. STAGLES CA, et al: Chronic diffuse infiltrative lung disease: Comparison of diagnostic accuracy of CT and chest radiography. Radio­logy 171: Ill, 1989.

83. HANSELL DM: High resolution computed tomography in sarcoidosis and extrinsic allergic alveolitis: Imaging insights. Sarcoidosis 9: 21, 1992.

184 Vol I N°2

84. WINTERBAUER RH, HUTCHINSON JF: Clinical significance of pulmonary function test. Chest 78: 640, 1980.

85. BRADVIK I, WOLLMER P, BLOM-BULOW B, et al: Lung mechanics and gas exchange during exercise in pul­monary sarcoidosis. Chest 99: 572, 1991.

86. BENJAMIM RG, SACKNER MA: Pulmonary function in sarcoidosis. Sarcoidosis 1 :50, 1984.

87. HARRISON BOW, SHA YLO JM. STOKES TC: Air flow limitation in sarcoidosis- a study of pulmonary function

. in I 07 patients with newly diagnosed disease. Respir Med

85: 59. 1991. 88. ISRAEL HL. FOUTS DW, BEGGS RA: A controlled trial

of prednisone treatment of sarcoidosis. Am Rev Respir Dis 107:609, 1973.

89. LIBERMAN J: Elevation of serum angiotensin- conver­ting enzyme (ACE) level in sarcoidosis. Am J Med 59:

365. 1975. 90. ROHATGI PK: Serum angiotensin- converting enzyme

in pulmonary disease. Lung 160: 287. 1982. 91. NOSAL A, SCHLEISSNER LA. MISHKIN FS. et al:

Angiotensin I converting enzyme and gallium scan in non invasive evaluation of sarcoidosis. Ann Intern Med 90: 328. 1979.

92. LIEBERMAN J, ZAKRIA F.: Effect of captopril and enapnl medication on the serum ACE test for sarcoidosis. Sarcoidosis 6: 118, 1989.

93. BAUGHAM RP. PLOYSONGANG Y. ROBERTS RD. et al: Effects of sarcoid and steroids on angiotensin - con­verting enzyme. Am Rev Respir Dis 128: 631. 1983.

94. GIANFRANCO R, FRANCO S: Ga lung scan has come to stay. Sarcoidosis, I: 39, 1984.

95. LINE BR. HUNNINGHAKE GW. KEOGH BA. et al: Gallium 6 7 scanning to stage the alveoli tis of sarcoidosis: Correlation, with clinical studies, pulmonary function stu­dies, and bronchoalveolar lavage. Am Rev Respir Dis 123: 440, 1981.

96. BEAUMONT D. HERRY JY, SAPENE M: Gllium-67 in the evaluation of sarcoidosis: Correlations with serum an­giotensin converting enzyme and bronchoalveolar lavage. Thorax 37: II, 1982.

97. ABE S, MUNAKATA M, NICHIMURA M, et al: Gal­lium-67 scintigraphy, bronchoalveolar lavage, and patholo­gic changes in patients with pulmonary sarcoidosis. Chest 85: 650, 1984.

98. JAMES DG, RIZZA TOG, SHARMA OP: Bronchopulmo­nary lavage (BAL)- a window of the lungs. Sarcoidosis 9: 3, 1992.

99. SELROOS OB: Value of biochemical markers in serum for determination of disease activity in sarcoidosis. Sarcoido­sis I: 45, 1984.

100. MULTHUSWAURY PP, LOPEZ-MAJANOV, RANGIN­W ALA M, et at: Serum angiotensin- converting enzyme (SACE) activity as an indicator of total body granuloma

M~/ Abrill99S

load and prognosis in sarcoidosis. Sarcoidosis 4: 142, 1987.

101. KNIPERS AF, ALBERTS C. ROOS CM, et al: Standardi­zed quantitative 67Ga scintigraphy in relation to carbon monoxide diffusion capacity in pulmonary sarcoidosi. Sarcoidosis I 0: 36, 1993.

I 02. DEREMEE RA, ROHRBACH MA: Serum angiotensin­converting enzyme in evaluating the clinical course of sarcoidosis. Ann Intern Med 92: 361, 1980.

103. KEOGH BA. HUNNINGHAKE GW. LINE BR, et al: Therapy decisions in sarcoidosis: prospective use ofbron­choalveolar lavage and gallium-67 scanning. Am Rev RespirDis 121:155,1980.

104. CRYSTAL RG. ROBERTS WC, HUNNINGHAKEGW, et at: Pulmonary sarcoidosis: a disease characterised and perpetuated by activated lung T lymphocytes: NIH Confe­rence. Ann Intern Med 94: 73, 1981.

I 05. MUTHIAH MM. MACFARLANE JT: Current concepts in the management of sarcoidosis. Drugs 40 (2): 231, 1990.

106. TURNER-WARWICK M, HASLAM PL, McALLISTER W. et al: Do measurements of zyme and gallium uptake help the clinician to treat patients with sarcoidosis? In Johns CJ (Ed.). Proceedings of the tenth International Conference on Sarcoidosis and other granulomatous disor­ders. September. 17, 1984.

107. KIRTLAND SH. WINTERBAUER RH: Pulmonary sar­.:oidosis. Semin Respir Med 14: 344. 1993.

lOX. RIZZA TO G. BLASI A. ALBERTS C. et al: An european sun·ey on 6 7Ga lung scan in sarcoidosis. Experience in 12 centres in seven different countries. In: Blasi A, Olivieri D, Pezza A: IV European Conference on Sarcoidosis and other granulomatous Disorders. Sorrento (Naples) 6-7 Oct. 1983. Page 111-126.

IOlJ. LIEBERMAN J. SCHLEISSNER L. NOSAL A. et al: Clinical correlation of serum angiotensin-converting enzy­me (ACE) in sarcoidosis. A longitudinal study of serum ACE. 67Galium scans chest roentgenograms, and pulmo­nary function. Chest84: 522. 1983.

110. ROHATGI P. AND BAIER H: Quantitative gallium scanning in pulmonary sarcoidosis. Respiration 44: 304, IQSn

111 . SHARMA OP: Pulmonary sarcoidosis and corticosteroids. Am Rev. Respir Dis 147: 1598, 1993.

112. BISSON G, DRAPEAU G, LAMOUREAUX Get al: Computer-based quantitative analysis ofGallium67 uptake in normal and diseased lungs. Chest 84: 513, 1983.

113. BERGIN CS, BELL DY, COBLENTZ CL et al: Sarcoido­sis: correlation of pulmonary parenchymal pattern at CT with results of pulmonary functiontests. Radiology 171: 619, 1989.

114. ODLUM CM, FRITZGERALD MX: Evidence that ste­roids alter the natural history of previously progressive pulmonary sarcoidosis. Sarcoidosis 3: 40, 1986.

115. ZYCH D, KRYCHNIAK W, PAWLICKA Leta!: Sarcoi-

Mar9o/ Abrill995

TltATAMENTO DA SAllCOIDOSE

dosis of the lung. Natural history and effects of treatment. Sarcioidosis 4: 64, 1987.

116. SILTZBACH LE: Effects of cortisone in sarcoidosis: a study of thirteen patients. Am J Med 12: 139, 1952.

117. JAMES DG, CARSTAIRS LS, TROWELL J, et al: Treatment of sarcoidosis: report of a controlled therapeutic trial. Lancet 2: 526, 1967.

118. YAMAMOTO M, SAITO N: Effect of 18 month corticos­teroid therapy on the stage I and II sarcoidosis patients. Ann NY Acad Sci 278: 7220, 1976.

119. ROMER FK: Presentation of sarcoidosis and outcome of pulmonary changes. Dan Med Bull 29: 27, 1982.

120. JOHNS CJ, ZACHARY JB, BALL WC: A ten-year study ot cort1costero1d treatment ot pulmonary sarcoidosis. Johns Hopkins Med J 134: 271, 1974.

121. JOHNS CJ, SCHONFELD SA, SCOTT PP et al: Longitu­dinal study of chronic sarcoidosis with low-dose mainte­nance corticosteroid therapy. Ann NY Acad Sci 465: 702, 1986.

122. V ALEYRE D: Sarcoidose: diagnostic, evaluation. trait­men!. Rev Prat (Paris) 43 (9): 116 7, 1993.

123. SPRATLING L, TENHOLDER MF. UNDERWOODGH, et al: Daily vs alternate day prednisone therapy for stage II sarcoidosis. Chest 88: 687. 1985.

124. LOWER EE. BAUGHMAN RP: The use of low dose methotrexate in refractory sarcoidosis. Am J Med Sci 299: 153, 1990 .

125. BAUGHMAN RP, LOWER EE: The effect of corticoste­roid or methotrexate therapy on lung lymphocytes and macrophages in sarcoidosis. Am Rev Resr:r Dis 142: 126. 1990.

126. KAT ARIA YP: Chlorambucil in sarcoidosis. Chest 78: 36, 1980.

127. ISRAEL HL. McCOMB BL: Chlorambucil treatment of sarcoidosis. Sarcoidosis 8: 35, 1991.

128. MARTINET Y. PINKSTON P, SALTINI C. et al: Evalua­tion of the in vitro and in vivo effects of cyclosporine on the lung T-lymphocyte alveolitis of active pulmonary sarcoidosis. Am Rev Respir Dis 138: 1242, 1988.

129. SELROOS OB: Inhaled corticosteroids and pulmonary sarcoidosis. Sarcoidosis 5: 104, 1988.

130. BROWN HM. STOREY G. GEORGE WHS: Beclometha­sone dipropionate: a new steroid aerosol for the treatment of allergic asthma. Br Med 1 4: 585, 1972.

111 HOnc;;ON MF. RA lTFN JC rT .ARK c;;, t>t ,.1. Rt>rlnmPt-

hasone dipropionate aerosol in asthma; transfer of steroid­dependent asthmatic from oral prednisolone to beclomet­hasone dipropionate aerosol. Am Rev Respir Di" 110:403, 107LI

132. REED ChE: Aerosol glucocorticoid treatment of asthma. Am Rev Respir Dias 141: N.0 2 part 2 S82-S88, 1990.

133. JUNIPER EF, KLINE PA, VANZIELEGHEM MA et al: Long-term effects ofbudesonide on airway responsiveness and clinical asthma severity in inhaled steroid-dependent

liS

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

asthmatics. Eur Resp J 3: 1122, 1990. 134. GUPTA SK: Treatment of sarcoidosis patients by steroid

aerosol: A ten-year prospective study from Eastern India. Sarcoidosis 6:51, 1989.

135. ZYCH D, PAWLICKA L, ZIELINSKI J: Inhaled budeso­nide vs prednisone in the maintenance treatment of pulmo­nary sarcoidosis. Sarcoidosis 10: 56, 1993.

136. SELROOS 0: Use of budesonide in the treatment of pulmonary sarcoidosis. Ann N Y A cad Sci 485: 713, 1986.

137. MORGAN AD, JOHNSON AM, KERR I eta!: The action of an inhaled corticosteroid as a steroid sparing agentin chronic pulmonary sarcoidosis. Am Rev Respir Dis 135: A349, 1987.

138. SELROOS 0: Further experiences with inhaled budesoni­de in the treatment of pulmonary sarcoidosis in: Sarcoido­sis and other Granulomatous Disorders. Eds. Grassi C, Rizzato G, Pozzi E. Elsevier Science Publishers 637-640, 1988.

139. PETERMANN W, ENTZIAN P, BARTH J: BAL and Lung Function Tests in steroid-treated patients with sarcoi­dosis - Comparison between oral and inhalative adminis­tration of steroids. Eur Respir J I (Suppl 2): 259, 1988.

140. YOUNG RC, SAHETY A GK, HASSAN SN et al: Chronic airways obstruction in pulmonary sarcoidosis: its poor res­ponse to bronchodilators. J Natl Med Assoc 72: 965, 1980.

141. ANDERSSON P, RYRFELDT A: Biotransformation of the topical glucocorticosteroids budesonide and beclomethaso­ne I 7 a., 21-dipropionate in human liver and lung homoge­nate. J Pharm Pharmacol 36: 763, 1984.

142. SPITERI MA, NEWMAN SP, CLARKE SW, et al: Inhaled corticosteroids can modulate the irnrnunopathoge­nesis of pulmonary sarcoidosis. Eur Respir J 2: 218, 1989.

143. ANDERSON P, EDSBACKER S, RYRFELDT A: In vitro biotransformation of glucocorticoids in liver and skin homogenate fractions from man, rat and hairless mouse. J Steroid Biochem 16: 787, 1982.

144. WILLIAMS AJ, MAGHAT MS, STABLEFORTH DE et al: Dysphonia caused by inhaled steroids: Recognition of a characteristic laryngeol abnormality, Thorax 38: 813, 1983.

145. TOOGOOn JH, BASKERVILLE J, JENNINGS Bet al. Use of spacer~ Lo taciliate inhaled corticosteroid treatment of asthma. Am Rev Respir Dis 129: 723, 1984.

146. NEWMAN SP, MILLER AB, LENNARD-JONES TR et al: Improvement of pressurized aerosol deposition with nebuhaler spacer device, Thorax 39: 935, 1984.

147. TOOGOOD JH, BASKERVILLE J, JENNINGS Bet al: Influence of dosing frequency and schedule on the respon­se of chronic asthmatics to the aerosol steroid, budesonide. 1 Allergy Clin Immunol 70: 288, 1982.

148. LEVINE BW, SALDENA M, HUTTER AM: Pulmonary hypertension in sarcoidosis. Am Rev Respir Dis 103: 413, 1971.

149. REBUCK AS, SAUNDERS BR, McFADDEN GK et al:

18~ Vol I N° 2

Cyclosporine in pulmonary sarcoidosis, Lancet i: 1486, 1987.

150. BRITISH TUBERCULOSIS ASSOCIATION: ChlorOQui­ne in treatment of sarcoidosis. Tubercl 54: 87, 1973.

151. LACHER MJ: Spontaneous remission or response to me­

thotrexate in sarcoidosis. Am Intern Med 69: 124 78, 1986. 152. SHARMA 0, HUGHES DID, JAMES DG et al: Immuno­

suppressive therapy with Azathioprine in Sarcoidosis. In Proc 5th International Conference on Sarcoidosis. Prague

. L. Levinsky, F. Macholda Univ Karlova, Prague, 635-637. 153. SCOTT J, HIGENBOTTAM T: Transplantation of the

lungs and heart and lung for patients with severe pulmo­nary complications from sarcoidosis. Sarcoidosis 7: 9. 1990.

154. REITZ BA, BURTON NA, JAMIESON SW et al: Heart and lung transplantation: Auto & Allotransplantation in primates with extended survival. J Thorac Cardiovasc Surg

80: 360. 1980. 155. REITZ BA, WALL WORK J, HUNT SA eta!: Heart-lung

Transplantation: a sucessful therapy for patients with pul­monary vascular disease. N Eng! J Med 306: 557. 1982.

156. HUTTER JA, DESPINS P, HIGENBOTTAM TW et al: Heart-Lung transplantation: better use of resources. Am J Med 4: 11, 1988.

157. WALLWORK J, JONES K, CAVAROCCHI N et al: Distant procurement of organs for clinical Heart-Lung Transplantation using a single flush technique. Transplan­

tation 44: 654. 1987. 15!1. HUTTER JA. SCOTT JP, WREGHITT T et al: The

importance of cytomegalovirus in Heart-Lung Transplant recipients. Chest 95: 627, 1989.

159. HIGENBOTT AM T: Physiology of the transplanted lung and results. WB Saunders Co Editor J Wallwork. 533-44, 1989.

160. GRIFFITH BP. PARADIS IL, ZEEVI A et al: Immunolo­gically mediated disease of the airways after pulmonary transplantation. Ann Surg 208: 371. 1988.

161. YOUSEM SA. BURKE KM. BILLINGHAM ME: Patho­logical pulmonary alterations in longterm human Heart­Lung Transplantation. Hum Patholl6: 911, 1985.

162. SCOTT JP. HIGENBOTTAM TW. CLELLAND C et at: The natural history of obliterative bronchiolitis and occlu­sive vascular disease in patients following Heart-lung Transplantation. Trans Proc 21: 2592, 1989.

163. COOPER DTC, NOVITZKY 0, ROSE AG et al: Acute pulmonary rejection precedes cardiac rejection following Heart-Lung Transplantation in the primate model. J Hearth Transplant 5: 29, 1986.

164. HIGENBOTTAM TW, STEWARTS, WALLWORK J: Transbronchial lung biopsy to diagnose rejection and in­fection in Heart-lung Transplant. Trans Proc 20: 767, 1988.

165. MILLET B, HIGENBOTT AM TW, FLOWER CDR et al: The radiographic appearances of infection and acute rejec-

M~/ Abrill995

.,

tion of the lung after Heart-Lung Transplantation. Am Rev Respir Dis, 140:62, 1989.

166. TOWE GB, LYNCH JP: Methotrexate in sarcoidosis. Am

J Med Sci 300: 33, 1990. 167. PACHECO V, MARECHAL C, MARECHAL F et al:

Azathioprine treatment of chronic pulmonary sarcoidosis. Sarcoidosis 2: 107, 1985.

168. REBUK AS. STILLER CR. BRAUDE ACetal: Cyclospo­rine tor pulmonary sarcoidosis. Lancet I: 1174, 1984.

169. YORK EL, KOVITHAVONGS T, MAN SF et al: Cyclos­

porine and chronic sarcoidosis. Chest 98: 1026, 1990. 170. R1ZZATO G, FRAIOLI P, MONTEMURRO L: Long-term

therapy with deflazacort in chronic sarcoidosis. Chest 99: 301. 1991.

171. KARMA A: Ocular sarcoidosis. Semin Respir Med 13: 425. 1992.

172. NUSSENBLATT RB, PALESTINE AG. Sarcoidosis In:. Nussenblatt RB. Palestine AG, eds: Uveitis. Fundamentals and clinical practice. Chicago: Year Book Medical Publis­hers. pg. 198-211. 1989.

173. BIELORY L. FROHMAN LP: Low-dose cyclosporine therapy of granulomatous optic neuropathy and orbito­pathy. Ophthalmology 98: 1732. 1991.

174. LEONG P. HART LL: lmmunosuppressives in sarcoidosis. Drug lnt Clin Pharm 19: 909, 1985.

175. JAMES DG: Sarcoidosis of the skin. Semin Respir Med 13:432.1992.

17o. JONES E. CALLEN JP: Hydroxychloroquine is effective therapy for control of cutaneous sarcoidal granulomas. J Am Acad Dermatol 23: 487, 1990.

177. ZIC JA. HOROWITZ DH. ARZUBIAJA C et al: Treat­ment of cutaneous sarcoidosis with cloroquine. Review of

the llterature. Arch Dermatol 127: 1043, 1991. 17X. WEBSTER GF. RAZSI LK. SANCHEZ Metal: Weekly

low-dose methotrexate therapy for cutaneous sarcoidosis. J Am Acad Dermatol 24: 451, 1991.

179. SHARMA OP. MAHESHWARI A, THAKER K: Miocar­dia! sarcoidosis. Chest 103: 253. 1993.

180. ISHIKAWA T. KONDOH H. NAKAGAURA Setal: Steroid therapy in cardiac sarcoidosis. Chest 85 (3) 445. 1984.

181. DEMETER SL: Myocardial sarcoidosis unresponsive to steroids. Treatment with cyclophosphamide. Chest 94: 202, 1988.

182. SCHAEDEL H. KIRSTEN D. SCHMIDT A et al: Sarcoid heart disease - results of follow-up investigations. Eur Heart J 12 ( suppl): 26, 1991.

183. OKSANEN V: Neurosarcoidosis. Semin Respir Med 13: 459, 1992.

184. ALLEN RKA, MERORY J: Intravenous pulse methylpred­nisolone in the successful treatment of severe sarcoid poly­neuropathy with pulmonary involvement. Aust NZ J Med 15: 45, 1985.

185. JAMES DG: Sarcoidosis. Postgrad J Med 60: 234, 1984.

M&f\:of Abriii99S

TRATAMENTO DA SAROOIDOSE

186. SORIANO FG, CARAMELLI P, NITRJNI Ret al; Neuro­

sarcoidosis: Therapeutic success with methotrexate. Post­grad Med J 66: 142, 1990.

187. STERN BJ, SCHONFELD SA, SEWELL C et al: The treatment of neurosarcoidosis with cyclosporine. Arch Neurol49: 1065, 1992.

188. BEJAR JM, KERBY GR, ZIEGLER OK et al: Treatment of central nervous system sarcoidosis with radiotherapy. Ann Neurol 18; 258, 1985.

189. MUTHER RS, McCARRON DA, BENNETT WM: Granu­lomatous sarcoid nephritis: a cause of multiple renal tubular abnormalities. Clinical Nephrology 14: 190, 1980.

190. SHARMA AM, KADAKIA J, SHARMA OP: Gastrointes­tinal sarcoidosis. Semin Respir Med 13: 442. 1992.

191. SHERLOCK S: The liver in sarcoidosis. Semin Respir Med 13:450. 1992.

192. MELLISSANT CF. SMITH SJ, KAZZAZ BA et al: Bleeding varices due to portal hypertension in sarcoidosis favorable effect of propranolol and prednisone. Chest 103:

628, 1993. 193. ROHATGI PK: Osseous sarcoidosis. Semin Respir Dis 13:

468. 1992. 194. ENGLE FA, COONEY OF: Tetraplegia secondary to

sarcoidosis. Case report. J Neurosurg 50: 665. 1979. 195. GUILFORD WB. MENTZ WM, KOPELMAN HA et al:

Sarcoidosis presenting as a rib fracture. A JR 139: 608, 1982.

196. SOSKEL NT. SHARMA OP: Pleural involvement in sarcoidosis. Semin Respir Med 13: 492. 1992.

197. BRETE SJ. PFOTENHAUER MA: Massive pleural effusion in sarcoidosis. Am Rev Respir Dis 86: 261. 1962.

198. 0' LEARY TJ. HONES G. YIP A et al: The effects of chloroquine serum I, 25-dihydroxy vitamin D and calcium metabolism in sarcoidosis. N Eng! J Med 315: 727, 1986.

199. ADAMS JS. DIZ MM. SHARMA OP: Effective reduction in the serum 1.25 dihydroxyvitamin D and calcium con­centration in sarcoidosis associated hypercalcemia with

short course chloroquine therapy. Ann Intern Med Ill: 437. 1989.

200. ADAMS JS, SHARMA OP, DIZ MM et al: Kectonazole decreases the serum 1.25-dihydroxyvitamin D and calcium concentration in sarcoidosis -associated hypercalcemia. J Clin Endocrinol Metab 70: I 090., 1990.

20 I. BIA MJ, INSOGNA K: Treatment of sarcoidosis associa­ted hypercalcemia with ketoconazole. Am J Kidney Dis

18: 702, 1991. 202. JOHNS CJ: The prognosis and management of sarcoidosis.

Mt Sinai J Med 44: 782, 1977. 203. MANA J, BADRINAS F: Prognosis of sarcoidosis an un­

resolved issue. Sarcoidosis 9: 15, 1992 . 204. T AKADA K, INA Y. NODA M et al: The clinical course

and prognosis of patients with severe, moderate or mild sarcoidosis. J Clin Epidemiol46: 359, 1993.

205. JAMES DG, WILLIAMS WJ: Multisystemic clinical fea-

187

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

tures. Sarcoidosis and other granulomatous disorders. WB Saunders Company, Philadelphia, pp: 38-48, 1985.

206. ISRAEL ffi-, KARLIN P, MENDUKE H et al: Outcome of sarcoidosis related to race, extrathoracicinvolvement and initial roentgenographic lesions. Ann NY Acad Sci 465: 609, 1986.

207. HILLERDAL G, NOU E, OSTERMAN Ketal: Sarcoido­sis: epidemiology and prognosis. A 15-year European stu­dy. Am Rev Respir Dis 130: 29, 1984.

208. REICH JM, JOHNSON RE: Course and prognosis of sarcoidosis in a nonreferral serring. Analysis of 86 patients observed for 10 years. Am J Med 78: 61, 1985.

209. CUMMINSKEY JM: Pulmonary function testing in sarcoidiosis. In: Lieberman J (Ed). Sarcoidosis. Grone & Stratton, Orlando, pp 137-44, 1985.

210. THUNELL M, STJERNBERG N, ROSENHALL Let al: Pulmonary function in patients with sarcoidosis. Sarcoido­sis 4: 129, 1987.

211. UEDA E, KAWABE T, TACHIBANA T et al: Serum angiotensin converting enzyme activity as an indicator of prognosis is sarcoidosis. Am Rev Respir Dis 121: 667, 1980.

212. ROMER FK: The level of angiotensin-converting enzyme

as indicator of 2 year prognosis in untreated pulmonary sarcoidosis without erythema nodosum. Acta Med Scand 211: 293, 1982.

213. RUST M, BERGMAN L, KUHN T et al: Prognostic value of chest radiograph, serum angiotensin-converting enzyme and T helper cell count in blood and bronchoalveolar lava­ge of patients with pulmonary sarcoidosis. Respiration 48: 231, 1985.

214. CHOUDAT D, STANILAS LGM, MORDELET DMS et

al: Serum activity of angiotensin converting enzyme and pulmonary radiograph as prognostic criteria in sarcoidosis. Eur J Respir Dis 64: 355, 1983.

215. NIDEN AH, MISHKIN FS, SALEM Fetal: Prognostic

stgnificance of Gallium lung scan in sarcoidosis. Ann NY Acad Sci 465: 435, 1986.

216. WARD K. O'CONNOR C. ODLUM C et al: Prognostic

188 Vol. I N° 2

value ofbronchoalveolar lavage in sarcoidosis: The critical influence of disease presentation. Thorax 44: 6, 1989.

217. VERSTRACTEN A, DEMEDTS M, VERWILGHEN Jet al: Predictive value of bronchoalveolar lavage in pulmo­nary sarcoidosis. Chest 98: 560, 1990.

218. SELROOS 0: Bronchoalveolar lavage and biochemical markers in serum pos monitoring disease activity and prognosis of sarcoidosis. Sarcoidosis 9: 145, 1992.

219. ISRAEL BD. VENETA, CHRETIEN J: Persistent high ·alveolar lymphocytosis as a predictive criterion of chronic pulmonary sarcoidosis. Ann NY Acad Sci 465: 395, 1986.

220. BJEMER L, ROSENHALL L, ANGSTROM T et a!: Predictive value ofbronchoalveolar lavage cell analysis in sarcoidosis. Thorax 43: 284, 1988.

221. COST ABEL U, BROSS KJ. GUZMAN Jet a!: Predictive value of bronchoalveolar T cell subsets for the course of pulmonary sarcoidosis. Am NY Acad Sci 465:418. 1986.

222. TURNER-WARWICK M, HASLEM PL. McALLISTER Wet a!: Do measurements ofbronchoalveolar lymphocytes and neutrophils. serum angiotensin-converting enzyme and gallium uptake help the clinician to treat patients with sarcoidosis? Ann NY Acad Sci 465:387. 1986.

223. STATON GW. GILMAN MJ. PINE JR eta!: Comparison of clinical parameters. bronchoalveolar lavage. gallium67 lung uptake and serum angiotensin converting enzymt: in assessing the activity of sarcoidosis. Sarcoidosis 3: I 0. 1986.

224. LAVIOLETTE M. LA FORGE J. TENNINA Setal: Pro­gnostic value ofbronchoalveolar lavage lymphocyte count

in recently diagnosed pulmonary sarcoidosis. Chest I 00:

380. 1991.

225. EULE H. WEINECKE A. ROTH 1: The possible intluen..:c: of corticosteroid therapy on the natural course of pulmo­nary sarcoidosis. Ann NY A cad Sci 465: 695. I 986.

226. ZAKI MH. LYONS HA. LEILOJ L et al Corticosh:roid therapy in sarcoidosis. SH J Med 87: 487. 1987.

227. BASCOM R. JOHNS CJ: The natural history and manage­ment of sarcoidosis. Adv Intern Med 3 I: 213. I 986.

M~o/ Abril 1995