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UNIVERSIDADE TUIUTI
JANIELI FERREIRA DA SILVA
TRANSTORNOS DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: UMA
ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
CURITIBA
MARÇO 2009
JANIELI FERREIRA DA SILVA
TRANSTORNOS DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: UMA
ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Artigo de pós-graduação em Psicopedagogia
apresentado à banca examinadora da
Universidade TUIUTI.
Profª Orientadora: Berenice Marie Ballande
Romanelli, mestre em Educação UFPR.
CURITIBA
MARÇO 2009
TRANSTORNOS DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: UMA
ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS.
RESUMO
A presente pesquisa tem por objetivo analisar os critérios diagnósticos de Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), verificando o risco e as conseqüências que, este pode trazer quando realizado equivocadamente. Os diagnósticos, quando a criança realmente sofre de TDAH, são muito importantes, uma vez que verificado o problema, poder-se-á orientar e oferecer uma melhora na qualidade de vida da criança e de seus familiares. Por outro lado, um diagnóstico mal elaborado que não leve em consideração todos os meios em que a criança vive pode levar a conseqüências prejudiciais. Salienta-se a importância do diagnóstico do TDA/H ser multidisciplinar e complexo.
Palavras-chave: Transtorno do Déficit de Atenção; Psicopedagogia; Diagnóstico
ABSTRACT
This search aims to examine the criteria of Attention Deficit-hyperactivity Disorder, (ADHD) the risk and the consequences that a wrong diagnosis can bring. The diagnostics, when the child really suffering from ADHD, are very important, becouse diagnosed the problem and it knowledge and it will guide and offer an improvement in quality of life of the child and their families. On the other hand, a diagnostic badly drafted not consider that the child lives can lead to harmful consequences. We emphasize the importance of the diagnosis of ADHD be multidisciplinary and complex Key words: Attention deficit-hyperactivity disorder; Psicopedagia; Diagnosis
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Em minha experiência profissional, deparei-me com algumas crianças que,
segundo seus pais, sofriam de TDAH. Porém, no ambiente escolar, estas crianças
demonstravam um comportamento diferente daquele presente nas que realmente
sofrem de TDAH. Esta realidade despertou grande interesse no que se refere à
pesquisa uma vez que este assunto é discutido na atualidade e há muitas opiniões
divergentes a seu respeito.
Nos últimos anos, tornou-se comum, entre os pais e os professores, os
comentários de que determinada criança apresenta TDAH.
Como os sintomas apresentados por crianças com TDAH não são exclusivos
deste transtorno (PINHEIRO, 2007) pode haver um excesso de diagnósticos, quando,
na verdade, a criança apresenta os mesmos sintomas por outros motivos. Por isso, às
vezes, quando as crianças que não têm quem as dê limites estas podem ser confundidas
com crianças com TDAH.
O TDAH é um transtorno caracterizado por desatenção, impulsividade e
hiperatividade, que traz sofrimento para a criança e as pessoas do seu meio.
As crianças que apresentam os sintomas são, em muitos casos, rejeitadas pelos
amigos, rotuladas como causadoras de cansaço aos pais e professores, além se serem
consideradas motivo de transtornos no meio acadêmico.
A situação na qual estas crianças se encontram é preocupante. Por isso surge a
necessidade de profissionais competentes que orientem a criança, seus pais e
professores para, assim, descobrir a melhor maneira de enfrentarem este problema.
Diante desta realidade, a presente pesquisa buscará demonstrar a relação
criança, em seu social, com o TDAH, a forma de como este deve ser diagnosticado e a
importância do psicopedagogo neste meio.
A realidade do TDAH é, por muitas vezes, incompreendida. O meio social que
as crianças se encontram nem sempre é o melhor para o desenvolvimento delas, o que
tem por conseqüência a facilidade de desatenção destas. Pode-se apresentar, desde já, a
realidade na qual a humanidade está inserida, onde o comportamento é aquele que tem
a característica de exigir das pessoas atitudes rápidas tanto na execução dos trabalhos,
que se multiplicam cada vez mais, quanto na necessidade de estar-se informado com as
últimas notícias e acontecimentos mundiais.
Não se pode pensar que esta realidade social não atinge as crianças que são,
também, o fruto do meio social.
Por isso, faz-se necessário uma reflexão neste momento para verificar até que
ponto, em cada criança, há ou não a presença da hiperatividade, ou, ainda, se as
características aparentes seriam apenas algo passageiro em determinada idade.
A fim de alcançar este objetivo o presente trabalho estará dividido em quatro
tópicos e uma consideração final. Os tópicos serão os seguintes: O transtorno de déficit
de atenção hiperatividade; O diagnóstico; O tratamento; O papel do psicopedagogo.
O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO HIPERATIVIDADE
O significado do que seja o TDAH nem sempre é conhecimento de toda a
sociedade. Por isso, torna-se necessário esclarecer a questão: Mas, afinal, o que é o
transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade?
No Dicionário da Língua Portuguesa Novo Aurélio encontra-se o verbete
Hiperatividade que designa “A qualidade de hiperativo”, apontando, também, que
hiperatividade refere-se à “Atividade excessiva” (FERREIRA, 1999, p. 1048).
Com a definição ressaltando que hiperatividade refere-se à qualidade de quem é
hiperativo, convém definir também hiperativo, que, segundo o mesmo dicionário, é um
adjetivo que dá a qualidade a algo que acontece “excessiva ou patologicamente ativo”
(FERREIRA, 1999, p. 1048). Sendo assim, percebe-se que a hiperatividade apresenta-
se, em uma primeira observação lingüística, como sendo o excesso de atividade
provocada por um agente que possui atitudes excessivas ou patologicamente ativas.
Quando vista apenas como uma definição de dicionário, a hiperatividade pode
ser compreendida apenas como uma das diversas características que estão presentes na
raça humana. Por esse motivo é oportuno o aprofundamento do significado que o
TDAH tem nos manuais de educação e psicopedagogia.
Para Celso Antunes, em seu Glossário para educadores, a hiperatividade é:
Condição infantil de atividade excessiva e, aparentemente, incontrolável.
Muitas crianças que pais e professores normalmente rotulam de
“hiperatividade” são apenas mais ativas que seus pais e professores formam
ou desejariam que fossem. A hiperatividade somente se manifesta quando
existem comprometimentos na manutenção da atenção para diferentes
atividades. A criança, por exemplo, que não presta atenção à aula, mas presta
muita atenção ao jogo, não revela distúrbio de atenção, típico da
hiperatividade. A hiperatividade pode ser tratada com drogas relacionadas ao
grupo das anfetaminas, somente ministradas por especialistas após a óbvia
constatação dessa condição. Em muitos casos a hiperatividade permanece até
o final da adolescência (ANTUNES, 2001, p.127).
Rohde, professor Associado de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do
Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apresenta
o TDAH como sendo:
Um problema de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação (ou hiperatividade) e a impulsividade. Este transtorno tem um grande impacto na vida das crianças ou do adolescente e das pessoas com as quais convive (amigos pais e professores). (ROHDE, 1999, p. 47).
Além desta definição apresentada por Rohde, Ayres, em seu artigo
“Hiperatividade: uma leitura simbólica das relações”, lembra que os profissionais que
estudam este problema acreditam que o TDAH “consiste em três problemas primários:
dificuldades na manutenção da atenção e do controle, inibição dos impulsos e da
atividade excessiva” (AYRES in SCOZ, 2004; BARKLEY, 2002). Percebe-se, na
literatura, que em uma criança com TDAH há dificuldade em manter a atenção em
determinada situação, a agitação e a impulsividade são características marcantes que
geram conseqüências. E, ainda, outros profissionais acreditam que os pacientes que
apresentam este transtorno “possuem dois problemas adicionais: dificuldades para
seguir regras e instruções, e variabilidade extrema em suas respostas em situações
(particularmente as tarefas ligadas ao trabalho)”. (AYRES in SCOZ, 2004, p. 106).
Quanto à atenção que, como apresentado, é uma característica do TDAH,
Ciasca, - Coordenadora do Laboratório de Distúrbios e dificuldades da aprendizagem e
transtornos da atenção - DISAPRE, da Faculdade de Ciências Médicas/UNICAMP -
em seu artigo: “Distúrbio de aprendizagem e transtornos de atenção: Algumas
reflexões”, apresenta que a capacidade de atenção varia não somente quando é
realizado uma comparação entre duas pessoas mas também na mesma pessoa nos
diferentes momentos ou condições. Por isso, para Ciasca:
quando fazemos um diagnóstico sobre o problema de atenção, devemos levar
em consideração três pontos centrais: inatenção, impulsividade e
hiperatividade, como critério de inclusão; e como critério de exclusão:
ausência de retardo mental, desordens sensórias específicas e destúrbio do
desenvolvimento (CIASCA in SCOZ, 2006, p. 240).
Desta forma, as causas da desatenção podem ter uma origem física ou uma de
ordem psicossocial.
Segundo Ciasca, quando se fala em TDAH este não pode ser confundido com o
DA (Déficit de Atenção). Para a referida autora há uma diferença de significado
considerável. Segundo ela,
Quando falamos em DA e TDAH, logo associamos um ao outro e, de fato,
existe uma enorme “confusão” relacionada aos mesmos. Mas, esses
conceitos não devem ser usados de forma igual ou como sinônimos, porque
representam duas entidades distintas, e pesquisas recentes afirmam que as
áreas cerebrais envolvidas nos dois problemas também são específicas; e,
ainda, a criança com TDAH pode ou não ter dificuldade de aprender
academicamente e, diferentemente do DA, a criança com déficit de atenção
apresenta outros problemas específicos, como dificuldade de relacionamento,
problema de comportamento entre outros. Considero importantíssimo frisar
que tanto os DA como os TDAH são compatíveis com inteligência normal,
fato que não ocorre nos problemas de retardo no desenvolvimento
neuropsicomotor ou nas deficiências mentais (CIASCA in SCOZ, 2006, p.
242).
Acentuando a diferenciação entre o DA e o TDAH, Ciasca apresenta que:
Os DA referem-se à compreensão verbal, informação de origem acadêmica,
integração de informação, sem comprometimento comportamental aparente.
Nos TDAH as dificuldades referem-se á abstração, percepção visomotora,
velocidade de processamento, com comprometimento comportamental
(CIASCA in SCOZ, 2006, p. 242).
Tanto o DA quanto o TDAH, foco deste trabalho, são de caráter interdisciplinar
e multidisciplinar uma vez que no tratamento deste há a necessidade de vários
profissionais que formem uma equipe de diagnóstico especializada além de realizar as
intervenções necessárias, tanto em trabalhos de intervenção quando na medicação.
Além deste cuidado especializado, no dia a dia, a criança com TDAH necessita
de maiores cuidados do que as demais crianças. Ela apresenta a desatenção que pode
levá-la a cometer erros como atravessar uma rua sem olhar para os lados, incomodar
os que convivem com ela, uma vez que apresenta uma agitação desenfreada, e se
coloca em maiores situações de risco.
Quem sofre deste transtorno apresenta impulsividade, tem dificuldades de
pensar antes de agir, característica comum em crianças, mas que nas hiperativas
aparece em nível elevado.
É importante entender que a criança hiperativa apresenta as dificuldades mais comuns da infância, porém de forma mais exagerada. Para a maioria das crianças afetadas, a desatenção, a atividade excessiva ou o comportamento emocional, irrefletido e impulsivo são característica do temperamento. (GOLDSTEIN, 1996, p. 20).
Silva, ao explicar o fundamento cerebral das crianças com TDAH, apresenta a
seguinte compreensão:
O distúrbio do déficit de atenção deriva de um funcionamento alterado no sistema neurológico cerebral, isto significa que substâncias químicas produzidas pelo cérebro, chamadas neurotransmissores, apresentam-se alteradas quantitativas e/ou qualitativamente no interior dos sistemas cerebrais que são responsáveis pelas funções da atenção, impulsividade e atividade física e mental no comportamento humano. (Silva, 2003, p. 176).
O TDAH não se apresenta em um fator isolado, sendo um conjunto de fatores
que implicam na formação da criança. GOLDSTEIN (1998, p. 29) afirma que:
� A hiperatividade resulta de quatro tipos de deficiência (atenção, impulsividade, excitação e frustração ou motivação) que podem causar problemas na escola e com os amigos. � Os problemas ocorrem com base na pouca habilidade da criança e nas exigências impostas à criança pelo ambiente. � A maioria das crianças hiperativa é desatenta, impulsiva, excessivamente ativa e excessivamente emotiva, tendo dificuldade em relação à motivação e a espera por recompensas. Cerca de 20% a 30% são basicamente desatentas. � A hiperatividade é melhor descrita como resultante da inconsistência e da incompetência do que como resultante do mau comportamento ou desobediência. � A causa mais provável da hiperatividade é a hereditariedade. � Os pais não provocam a hiperatividade, mas seu comportamento pode determinar o numero de problemas em casa na escola ou com amigos. � A hiperatividade atinge mais meninos do que meninas. � Meninos e meninas podem apresentar problemas iguais como resultado da hiperatividade. � A hiperatividade não tem cura e precisa ser controlada com eficácia durante toda infância: � Aproximadamente 3% a 5% entre todas as crianças apresenta problemas decorrentes da hiperatividade.
Diante destas atitudes descritas, aparece a importância do diagnóstico de
TDAH. O diagnóstico é fundamental para que o transtorno seja trabalhado de forma
que possibilite uma vida melhor a todos que estão relacionados com este problema. O
seguinte tópico buscará demonstrar a melhor forma de realizar este diagnóstico e a sua
importância.
O DIAGNÓSTICO DE TDAH
Quando os profissionais estão diagnosticando uma criança eles levam em conta
estes conceitos e características citados anteriormente. Porém, quando se analisa o
crescimento de uma criança, vê-se que estes comportamentos, dependendo a idade, são
naturais. Surge, então, a seguinte dúvida: A criança sofre de TDAH ou está em seu
processo de desenvolvimento natural?
O que se torna difícil, às vezes, é um diagnóstico correto. Pode ocorrer uma
confusão entre TDAH e desenvolvimento natural, já que as características de
desatenção, hiperatividade e impulsividade são comuns em crianças pequenas.
Partindo destes elementos vê-se que é necessário um acompanhamento e uma análise
bem elaborada e, assim surge a seguinte questão: Quais são os maiores desafios na
realização do diagnóstico do TDAH?
Considerando os critérios diagnósticos do TDAH percebe-se que a questão
precisa ser discutida, pois algumas crianças apresentam sintomas semelhantes aos do
TDAH, principalmente as crianças menores de sete anos que, nesta fase, buscam
conhecer tudo o que as cerca e são levadas por este desejo a uma grande agitação.
O diagnóstico continua sendo um desafio para os profissionais já que não existe
um exame específico. Para que haja um correto diagnóstico referente ao TDAH é
necessário que aconteça muitas conversas com os pais, os familiares, os professores,
os psicólogos que acompanham a criança. Além disso, é de suma importância que haja
as observações diárias e assim, com a ajuda de uma equipe multidisciplinar, o
diagnóstico seja correto em seu resultado.
Há vários autores que enfatizam a importância do diagnóstico
multidisciplinar no TDAH (AYRES in SCOZ, 2004; ROHDE, 1999; BARROS,
2002), já que nenhum profissional sozinho dispõe de todas as condições para definir o
diagnóstico.
Ayres apresenta a seguinte idéia referente ao diagnóstico:
O diagnóstico do TDAH depende de nosso conhecimento sobre o assunto e é
de grande importância a inclusão de relatos de pessoas inseridas no meio
social da criança, pois é o que nos traz informações sobre ‘Quem é a criança
de que vamos cuidar? Como é descrita pelas pessoas com quem convive?
Como descreve a si mesma? (AYRES in SCOZ, 2004, p. 107).
Para a realização do diagnóstico faz-se necessário um posicionamento sério
diante dele. O diagnóstico precisa levar em conta o crescimento natural da criança. Em
muitos casos ele é realizado da mesma forma em crianças das mais diversas idades não
levando em conta que em cada idade a criança se comparta de uma forma diferente.
Referente a isto Barros afirma que:
Geralmente, o transtorno é diagnosticado primeiramente nas séries iniciais,
quando está comprometido o ajustamento à escola. O diagnóstico em idade
precoce deve ser cauteloso, uma vez que crianças menores apresentam uma
característica de comportamento mais variada, podendo ser similares aos
sintomas do transtorno. (BARROS, 2002, p. 33).
Um diagnóstico mal realizado, que não leve em consideração esta realidade dos
diferentes comportamentos, segundo a idade, leva a um resultado equivocado tendo
graves conseqüências como, por exemplo, a medicação desnecessária da criança e um
“rótulo” desnecessário que a criança leva para o resto da vida.
O diagnóstico do TDAH deve ser realizado por uma equipe multiprofissional.
Essa equipe se baseia nos estudos das informações percebidas e coletadas pelos pais e
professores, e pelas observações dos profissionais referentes aos sintomas que
aparecem com freqüência na criança.
O diagnóstico clínico precisa ser detalhado levando em conta o completo
histórico do desenvolvimento da criança, como os “fatores pré e pós-natais, os marcos
do desenvolvimento, as alterações comportamentais, as alterações de sono, as
dificuldades de seguir regras e limites”. (BARROS, 2002, p.31).
É muito importante que a coleta de informações sobre atitudes e
comportamentos da criança seja realizada nos diferentes ambientes que a criança se
encontra. Barros lembra que os problemas e prejuízos decorrentes dos sintomas
precisam estar presentes em no mínimo dois ambientes freqüentados pela criança,
como em casa e na escola. (BARROS, 2002).
Tem-se a impressão que a democratização das informações sobre TDAH são
importantes, mas o excesso de informações na mídia e nos jornais de acesso ao grande
público não garante o uso ou compreensão adequada destes conhecimentos.
O DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais) –
salienta que os prejuízos e conseqüentes transtornos causados pelos sintomas TDAH
são os principais motivos que levam uma pessoa, que apresenta estes problemas a
procurar uma ajuda especializada.
Para uma melhor compreensão da forma que se deve buscar o diagnóstico do
TDAH, seguem os critérios diagnósticos utilizados como referência pela maioria dos
autores. (SILVA, 2003, p. 187-189; BARROS, 2002):
A Ou (1) ou (2) 1. Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram
por pelo menos 6 meses em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento : Desatenção:
a. Freqüentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido, em atividades escolares, de trabalho ou outras.
b. Com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.
2. Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade
persistiram por pelo menos 6 meses em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento : Hiperatividade:
a. Freqüentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.
b. Freqüentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentada.
Impulsividade:
c. Freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas.
Além destes critérios, para ajudar o diagnóstico, Rohde (1999, p. 49) reforça
que “o exame neurológico evolutivo, realizado por neurologistas de crianças, pode
indicar dados que fortalecem o diagnóstico baseado na pesquisa de sintomas”.
Apesar de todas essas observações no que diz respeito ao diagnóstico, é preciso
que entre os responsáveis pela realização desta tarefa, haja a consciência da
importância daquilo que o presente trabalho denomina de desenvolvimento natural.
O novo paradigma da ciência do Desenvolvimento Humano (DESSEN e
COSTA JÚNIOR, 2007) ressalta o caráter complexo e multideterminado das
transformações e manifestações características do desenvolvimento.
O desenvolvimento natural acontece diferentemente em cada criança não
havendo um modelo determinado e linear. No entanto perece haver uma consciência
coletiva presente na sociedade de que em determinada idade a criança deva apresentar
tais respostas aos estímulos, numa tendência de normatizar o desenvolvimento.
Diante desta compreensão de desenvolvimento, fica mais fácil diagnosticar a
presença do TDAH. A questão que surge é se existe uma idade na qual este problema
comece a se desenvolver ou aparecer na pessoa.
Rohde demonstra que os pesquisadores discutem muito esta questão sobre se o
TDAH é um problema associado ao desenvolvimento, sempre se pensou que os
sintomas já deveriam estar presentes desde muito cedo na vida da criança ou do
adolescente. (ROHDE, 1999).
Em muitos casos afirmava-se que “para existir o TDAH, é necessário que
alguns sintomas estejam presentes antes dos sete anos e já causem dificuldades para a
criança”. (ROHDE, 1999, p. 41). Esta presença, em alguns casos, faz-se realidade,
quando, por exemplo, vê-se que algumas crianças choram muito desde bebê, ou não
param sentadas quando as demais crianças da mesma idade permanecem, em
determinadas situações, sentadas.
Porém, na atualidade, “tem-se percebido que em algumas crianças com TDAH
os sintomas aparecem após os sete anos, apresentando tantas dificuldades quanto as
crianças que começaram a tê-los antes desta idade”.(ROHDE, 1999, p. 41).
São estas realidades apresentadas no parágrafo anterior que exigem dos
profissionais muita atenção no diagnóstico. Deve-se levar em conta, como o trabalho
já lembrou, que cada criança tem o seu ritmo de desenvolvimento. Além disto há ainda
a influência do meio pscicosocial onde a família, escola, brincadeiras se fazem
presentes outra questão essencial, a partir da discussão do diagnóstico, é verificar as
possibilidades de tratamento .
TRATAMENTO
O tratamento do TDAH requer esclarecimento com muitas informações para
que os pais, os professores, toda a sociedade possam ajudar a criança na superação dos
sintomas. Precisa-se de um acompanhamento psicológico, com atividades organizadas
em um ambiente silencioso. É necessário que exista, também, uma relação entre escola
e família, onde haja a presença de professores orientados para que possam oferecer a
estas crianças um ambiente com estímulos que as ajude.
O estímulo é fundamental, pois se acredita que quanto mais a criança for
estimulada ela encontrará com isso menos dificuldade no processo de aprendizagem.
“O tratamento de uma criança com TDAH depende normalmente de uma combinação
de vários meios, inclusive um programa de educação especial, mudanças de
comportamento e aconselhamento”. (PERRET, 1990, p. 272).
A maioria dos autores ressalta que a combinação da medicação com a terapia é
o tratamento mais indicado nos casos de criança com TDAH. (SILVA, 2003;
BARROS, 2002; ROHDE, 1999).
A medicação é indicada como última alternativa, uma vez que seus efeitos
colaterais são, muitas vezes, de quantidade elevada, como por exemplo: a insônia, o
emagrecimento, irritabilidade, dores abdominais, náuseas, palidez e outros. Quem
avalia é o médico, mas todos podem participar da discussão e acompanhar a melhora e
os efeitos colaterais.
Para Silva (2003, p. 155), “os medicamentos psicoestimulantes quando
adequadamente receitados e monitorados, são eficazes para 75% a 80% das pessoas
com TDAH. Esses medicamentos incluem a Ritalina ®, Dexedrine ®, e a Dosoyn ®”.
Na busca de soluções para as crianças que sofrem de TDAH, encontra-se, ainda
outro método que “é a mudança de comportamento, de ambiente com estrutura e
reforços positivos”. (PERRET, 1990, p. 275). A adoção deste método tem efeito
devido a conseqüência. Como a conseqüência do comportamento gerará uma
recompensa (reforço positivo), determinadas atitudes deverão ocorrer com maior
freqüência no futuro, e o que não for recompensado terá o índice realização diminuído.
Como complementa Sisto, o “reforço positivo é quando após uma resposta é
apresentado um estímulo que aumenta a probabilidade desta resposta ocorrer no
futuro”. (SISTO, 2000, p. 225). E será este reforço positivo que ajudará, também, a
criança com TDAH a superar os sintomas.
Juntamente com este reforço positivo, os educadores poderão proporcionar
atividades como jogos, brincadeiras com regras, para que os portadores deste problema
sejam estimulados à superação dos sintomas.
Em muitos casos acontece a punição, em que pais, ou educadores, querendo
acabar com determinados atos, buscam, castigar as crianças pelo mau comportamento.
A punição com castigo não trará bons resultados quando usado, principalmente, com
crianças hiperativas, já que causam um aumento do comportamento agressivo.
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO
O termo psicopedagogia é citado no “Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa” em termos de “aplicação da psicologia experimental à pedagogia”, o que
é lembrado pelo professor Lino de Macedo (1992, p. 7). Macedo apresenta a
psicopedagogia, nesta definição, como um conhecimento científico que pode ser meio
ou instrumento para a produção de um novo saber ou fazer e como essa relação entre
fins e meios não é simples e nem visa um único fim. “Está aí a tarefa do novo
profissional: integrar, aglutinar e operacionalizar conhecimentos e práticas que se
apresentam segmentados em diferentes áreas do conhecimento, transformando-as em
partes de um novo todo”. (CAMPOS, in: OLIVEIRA, 1994, p. 209).
Na enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura, encontra-se o verbete
Psicopedagogia que se refere:
Ao conjunto dos conhecimentos psicológicos que permitem justificar
cientificamente a prática pedagógica, tendo em conta que a relação
pedagógica depende das características pessoais dos professores e dos alunos
e, também, da dinâmica do grupo escolar em que tal relação se processa.
(VERBO, 1973, p. 1350).
Sendo assim percebe-se que o psicopedagogo, profissional da psicopedagogia,
atuando em seu campo de atuação, busca justificar cientificamente a prática
pedagógica. Mas esta justificação não pode ser realizada uma única vez, por exemplo
quando a escola é fundada, ou, ainda, tomar um resultado de determinada realidade
escolar e aplicá-lo em todas as demais escolas.
Essa atitude de querer realizar um certo “pré-conceito geral” não pode
acontecer uma vez que no campo da psicopedagogia, como o verbete da enciclopédia
verbo lembrava, depende, fundamentalmente, das “características pessoais dos
professores e dos alunos e, também, da dinâmica do grupo escolar em que tal relação
se processa”. Desta forma a psicopedagogia envolve pessoas com características e
atitudes diferentes o que não permite a generalização de um resultado às demais
realidades educacionais.
Na definição do verbete, psicopedagogia, a enciclopédia apresenta também que
“a psicopedagogia recorre especialmente aos conhecimentos da psicologia genética, da
psicologia diferencial e da psicologia em grupo”. (VERBO, 1973, p. 1350), o que
permite a compreensão de que a psicopedagogia precisa levar em conta a genética de
cada indivíduo, a diferença que cada um é e como acontece a relação entre as pessoas
que estão no determinado contexto em estudo.
Por isso o campo de atuação da psicopedagogia não é apenas o didático
ou o psicológico, mas onde estas duas ordens de ação estão presentes. Assim, a
psicopedagogia estrutura um novo campo de atuação.
Para Munhoz,
compreendemos o desenvolvimento da educação e maneira geral, e da
psicopedagogia, de forma específica, ao integrar os conhecimentos
psicológicos e pedagógicos à análise dos contextos sociais e familiares, e
poderemos dar conta da complexidade das relações humanas na realidade em
que as questões educativas ocorrem (MUNHOZ in SCOZ, 2006, p, 229).
E, para Campos:
Ao psicopedagogo não interessam as questões de estrutura de personalidade
enquanto estas não afetam de forma manifesta vínculo do indivíduo com a
aprendizagem; os dados do inconsciente...só interessam a estes profissionais
num quadro preciso de sintoma – o não aprender. (CAMPOS, in:
OLIVEIRA, 1994, p. 209).
Compreende-se, assim, que o psicopedagogo “não trabalha específica e
unicamente com os conteúdos escolares formais, mas, antes, com situações cognotivas,
como o próprio processo de pensamento e de solução de problemas”. (CAMPOS, in:
OLIVEIRA, 1994, p. 211).
Para Maturana todo o processo educativo pressupõe que “a criança aprenda a
aceitar-se e respeitar-se a si mesma ao ser aceita e respeitada em seu ser, porque assim
aprenderá a respeitar e aceitar aos outros”. (MATURANA, in AYRES, 2004, p. 109).
A educação é um processo contínuo que dura toda a vida, estrutura e conserva as
relações da comunidade em que se está inserido. Isto não quer dizer que os
pressupostos educacionais não mudem, mas sim que tenham efeitos de larga duração
numa determinada sociedade. “Como vivemos, educaremos e conservaremos o viver e
educaremos os outros com o nosso viver”. (MATURANA, in AYRES, 2004, p. 110).
Maturana apresenta, também, que:
O educar se constitui em um processo no qual a criança e o adulto convivem com o outro, e ao conviver com o outro se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro no espaço de convivência. O educar ocorre, portanto, todo o tempo, de maneira recíproca. (MATURANA, in AYRES 2004, p. 110).
Assim, como a educação é fundamentalmente convivência e interação, o
transtorno causa impactos de aprendizagem da criança e dos que convivem com ela.
De acordo com Rohde, (1999, p. 47) o transtorno, “pode levar a dificuldades
emocionais de relacionamento familiar e social bem como a um baixo desempenho
escolar. Muitas vezes é acompanhado de outros problemas mentais”. “Cerca de 25% a
30% das crianças e adolescentes com TDAH apresentam problemas de aprendizagem
secundários ou associados ao transtorno. Nesses casos a intervenção psicopedagógica
é fundamental”. (ROHDE, 1999, p. 65).
Esta presença é fundamental, uma vez que a maioria dos casos de TDAH são
diagnosticados tardiamente, trazendo consigo uma lacuna no aprendizado destas
crianças.
Necessita-se, por isso, de um acompanhamento que o psicopedagogo pode
oferecer, já que este problema não é resolvido simplesmente com conteúdos escolares.
O psicopedagogo buscará entender a criança de forma completa psicossocial
realizando o acompanhamento pedagógico.
Referente a esta atuação do psicopedagogo, Silva, Oliveira, Antoniuk e
Guimarães apresentam que:
No trabalho pscicopedagógico, (...) deparamo-nos, cotidianamente, com um
alto índece de problemas de aprendizagem atuando conjuntamente a diversas
doenças neurológicas em crianças e adolecentes. Inicialmente, a questão
maior recai na tarefa de identificar, com suficiente clareza, qual o grau de
implicação de tais fatores sobre a real possibilidade de aprendizagem destes
sujeitos. Num segundo momento, faz-se necessário traçar um modelo de
intervenção que evidencie e coloque em destaque as atuais possibilidades e
pontos fortes do modo de aprender destas crianças, abrindo-lhes
possibilidades para novas aprendizagens (SILVA in SCOZ, 2006, p. 112).
Para os referidos autores este trabalho de investigação é denominado de
“Avaliação diagnóstica” que é de fundamental importância para o profissional que
atua com crianças que apresentem dificuldades escolares, como, por exemplo, o
TDAH. Além de assinalar a dificuldade esta “Avaliação diagnóstica” “fornece
subsídios para implantar um programa de ensino-aprendizagem que atenda às
necessidades específicas dos alunos identificados” (SILVA in SCOZ, 2006, p. 113).
Mota, em seu livro Tendências Contemporâneas em Psicopedagogia apresenta
que “os problemas mais comuns relacionados ao fracasso escolar, evasão e distúrbio
de comportamento de diversas naturezas” (MOTA, 2004, p. 24) são enfocados de
maneira ampla pelo psicopedagogo, e, desta forma, a atuação deste é relacionada à:
Prevenção dos problemas escolares; participação de programas de saúde e
educação abrangendo a área institucional, comunitária e social; adequação
dos objetivos do sistema educacional às necessidades da comunidade escolar;
manutenção da saúde mental no ambiente escolar; busca da compreensão dos
valores, da motivação para aprendizagem e do processo cognitivo de todos
os alunos; aproximação entre teoria e prática no seu trabalho rotineiro; apoio
ao professor e equipe escolar nos aspectos de sua competência, isto é, da
psicologia na educação favorecendo o bom andamento da educação escolar;
reflexão junto à equipe escolar e comunidade sobre o papel da educação
escolar, seu caráter ideológico e sua prática pedagógica (MOTA, 2004, p.25).
Assim, o papel do psicopedagogo, não se limitando apenas à sala de aula
possibilita, no caso de Hiperatividade, ter um resultado mais eficaz seguro.
O psicopedagogo, em sua atuação, abordará também a questão das relações
uma vez que a escola apresenta um papel de socializar a criança, assim, o
psicopedagogo precisará ter um cuidado especial para que a criança que apresentar
TDAH possa usufruir desta função que a escola tem. Boruchovitch, em seu livro
aprendizagem: processos psicológicos e contexto social na escola, lembra que:
a escola funciona como um importante agente socializador, que amplia a
aquisição de conhecimento e de experiências afetivas, na medida em que se
configura como uma das primeiras situações instituídas, além da família a
proporcionar experiências e desafios, constituindo-se em um espaço
privilegiado para o desenvolvimento infantil (BORUCHOVITCH, 2004, p.
154).
Quando esse papel de socialização é bem desempenhado pela escola a criança
tem maiores possibilidades de se “familiarizar” com a sociedade em geral. Assim, no
que diz respeito à criança portadora de Hiperatividade, o psicopedadogo precisará
prestar o máximo de atenção para que a hiperatividade não seja um empecilho à
socialização.
No período em que a criança está iniciando suas experiências escolares, as
primeiras experiências podem, segundo Boruchovitch,
promover competências associadas à aprendizagem, à motivação para a
realização, ao funcionamento emocional e relacionamentos sociais, quando
podem, em algumas instâncias, potencializar dificuldades de aprendizagem,
principalmente quando associada a situações prévias de vulnerabilidade
pessoal e ambiental (BORUCHOVITCH, 2004, p. 156).
Assim, quando a criança apresenta hiperatividade o cuidado para que estas
primeiras experiências possam ser o máximo possível positivas deve estar presente.
Uma vez que as primeiras experiências escolares forem apresentadas de forma positiva
a criança terá mais possibilidade de aprendizagem, e criando, assim, um maior apreço
ao estudo, o que ajudará com que esta criança possa também se concentrar mais em
seu processo de aprendizagem o que será um grande passo para a superação do TDAH.
O psicopedagogo precisa estar preparado para que ele não seja mais uma
dificuldade à aprendizagem da criança, uma vez que “as dificuldades de
aprendizagem, no início da escolarização, podem estar relacionadas a fatores internos
da criança ou fatores ambientais como a qualidade do ensino e o preparo dos
professores” (BORUCHOVITCH, 2004, p.158). Ao psicopedagogo cabe a reflexão de
que é ele o responsável para ajudar a criança na superação destes problemas. Será ele,
o psicopedagogo, quem estará juntamente com a criança e que, com seus
conhecimentos, mostrará à criança a melhor forma de ter acesso à aprendizagem.
Para Munhoz,
A psicopedagogia como um saber interdisciplinar que estuda a aprendizagem
humana em suas relações, ao envolver a interatividade, a auto-organização, a
complexidade e a autonomia, conceitos básicos para o entendimento dos
sistemas vivos, possibilita uma visão mais ampla entre o ensinar e o aprender
na compreensão do quando, onde e como acontece (MONHOZ in SCOZ,
2006, p. 225).
Com esta atuação do psicopedagogo e sua intervenção nas necessidades das
crianças, onde uma delas é o TDAH, a escola e a equipe de formação estaria atingindo
a finalidade do ato de educar que é, segundo Monhoz, “facilitar ao aluno o acesso ao
reconhecimento da própria identidade humana, ao mesmo tempo individual e coletiva,
como um sistema vivo em constante interação com seu meio, num processo circular e
recursivo” (MUNHOZ in SCOZ, 2006, p. 227).
É importante lembrar, ainda, que o psicopedagogo, como outros profissionais,
são fundamentais na orientação dos pais e professores que, muitas vezes, pela falta de
conhecimento, podem aumentar o sofrimento da criança e do próprio grupo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando os fatos sobre os critérios de diagnóstico, percebe-se que é
necessária muita responsabilidade para não causar problemas à criança, como a
rotulação, a medicação sem necessidade e a rejeição, conseqüentes de uma má
interpretação ou análise incoerente.
É significativo, neste momento de considerações finais, ressaltar também que o
psicopedagogo tem seu papel fundamental na busca da dimensão social que a escola
cumpre. No percurso de construção da cidadania, a aprendizagem deverá auxiliar no
desenvolvimento das competências e habilidades possibilitando, assim, que o educador
e o educando entendam a sociedade em que estão inseridos, como um processo
permanente de reconstrução humana ao longo das gerações. Compreendendo, também,
que a garantia desse espaço de socialização depende do respeito às individualidades,
para que cada um construa a si próprio como agente social, alcançando o bem da
coletividade.
Buscando este fim as crianças, quando realmente apresentam os sintomas de
hiperatividade, necessitam de ajuda.
Às crianças hiperativas não pode ser negado o direito de desfrutarem daquilo
que a escola pode oferecer e nem serem privadas do acesso ao meio social.
A hiperatividade deve ser vista como um desafio que pode ser superado.
A hiperatividade pode ser tratada de uma forma diferente àquela que a
sociedade, muitas vezes, de forma discriminatória, trata.
É importante lembrar que os diagnósticos multiprofissionais são importantes e
os pais sempre precisam ficar alertas e procurarem um bom profissional, levando em
consideração a idade da criança em seu desenvolvimento natural.
A ajuda que o psicopedagogo pode oferecer à realidade do TDAH auxiliará a
superação das dificuldades da criança na vida escolar e social. A tarefa do
psicopedagogo será a de integrar, aglutinar e operacionalizar conhecimentos e práticas
que se apresentam segmentados em diferentes áreas do conhecimento, transformando-
as em partes de um novo todo, apresentando uma saída para a superação do TDAH.
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