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Resumo Teorias Currículo
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Disciplina
Prática de Ensino nas
Séries Iniciais
Profª Valéria Siqueira
CURRÍCULO
O currículo diz respeito à seleção, sequenciação e dosagem de conteúdos da cultura a serem
desenvolvidos em situações de ensino-aprendizagem.
(SAVIANI, Nereide, 2002)
Compreende conhecimentos, ideias, hábitos, valores, convicções, técnicas, recursos, artefatos,
procedimentos, símbolos, etc... Dispostos em conjuntos de matérias/disciplinas escolares e
respectivos programas, com indicações de atividades/experiências para sua consolidação e
avaliação.
(SAVIANI, Nereide, 2002)
Conjuntos de atividades desenvolvidas pela escola, na distribuição das disciplinas/áreas de estudo (as
matérias, ou componentes curriculares), por série, grau, nível, modalidade de ensino e respectiva carga-
horária – aquilo que se convencionou chamar de “grade curricular”.
(SAVIANI, Nereide, 2002)
Compreende também os programas, que dispõem os conteúdos básicos de cada componente e as
indicações metodológicas para seu desenvolvimento. Por conseguinte, a organização curricular supõe a
organização do trabalho pedagógico.
(SAVIANI, Nereide, 2002)
O currículo deve ser entendido como “processo”, que envolve uma multiplicidade de relações, abertas ou
tácitas, em diversos âmbitos, que vão da prescrição à ação, das decisões administrativas às práticas pedagógicas, na escola como instituição e nas
unidades escolares especificamente. Para compreendê-lo e, principalmente, para elaborá-lo e implementá-lo de modo a transformar o ensino, é
preciso refletir sobre grandes questões.
(GIMENO SACRISTAN, J., 1998)
QUE QUESTÕES SÃO ESSAS?
“Que objetivos, no nível de que se trate, o ensino deve perseguir?
O que ensinar, ou que valores, atitudes e conhecimentos estão implicados nos objetivos?
Quem está autorizado a participar nas decisões do conteúdo da escolaridade?”
Por que ensinar o que se ensina, deixando de lado muitas outras coisas?
Todos esses objetivos devem ser para todos os alunos/as ou somente para alguns deles?
Quem tem melhor acesso às formas legítimas de conhecimento?
Esses conhecimentos servem a quais interesses?
Que processos incidem e transformam as decisões tomadas até que se tornem prática real?
Como se transmite a cultura escolar nas aulas e como deveria se fazer? (Já que a forma de ensinar não é
neutra quanto ao conteúdo do ensinado).
Como inter-relacionar os conteúdos selecionados oferecendo um conjunto coerente para os alunos/as?
Com que recursos metodológicos, ou com que materiais ensinar?
Que organização de grupos, professores/as, tempo e espaço convém adotar?
Quem deve definir e controlar o que é êxito e o que é fracasso no ensino?
tudo o que você já fez
Currículo caminho percorrido
histórico percorrido e a percorrer
conhecimento
valores Identidade
cultura
- o que ensinar?
Currículo - seleção da cultura
hegemônica
ligado à questão escolar
O currículo: seleção da cultura que entra na
na escola
Conhecimento científico X Conhecimento escolar
O currículo se dá na interação com a sala também
Currículo – Processo curricular
- Currículo prescrito: o momento em que uma nação decide por algo. Está ligado à legislação, a grupos de poder, a diretrizes nacionais como os PCN’s
- Currículo planejado para o professor: livro didático, apostilas, materiais instrucionais da SEE;
- Currículo organizado: organização burocrática (horários de aula);
- Currículo oculto: o que acontece realmente na sala de aula, discussões, conflitos;
- Currículo em ação: o que ensinar, como ensinar e para formar que tipo de indivíduo;
- Currículo avaliado: as avaliações em larga escala
Currículo e avaliação estão muito ligados.
O QUE SÃO TEORIAS DE CURRÍCULO?
• Conjunto de representações, imagens, reflexões, signos que produzem e descrevem uma realidade sobre o que
significa currículo.
• Campo de estudo que define-se pelos conceitos que utiliza para conceber a “realidade” (nesse caso, a
realidade do que é “currículo”)
AS PRINCIPAIS TEORIAS DO CURRÍCULO
TEORIAS TRADICIONAIS DE CURRÍCULO
TEORIAS CRÍTICAS DE CURRÍCULO
TEORIAS PÓS-CRÍTICAS DE CURRÍCULO
Teorias Tradicionais de Currículo (não críticas)
- Bobitt (1918) - fez a primeira teoria de currículo nos EUA, baseada na teoria taylorista (linha de produção fabril) e foi dominante no século XX. Um modelo mais tecnocrático. Palavra-chave: eficiência.
- Propunha que a escola funcionasse como uma indústria, com objetivos e formas de mensuração que permitissem saber com precisão se eles foram alcançados.
- Um momento em que busca responder questões cruciais sobre a educação de massas, por ex., qual o objetivo da educação escolarizada: formar o trabalhador especializado ou proporcionar uma educação geral, acadêmica, à população?
- O que ensinar: habilidades básicas de escrever, ler e contar, disciplinas acadêmicas humanísticas; disciplinas científicas, habilidades práticas necessárias para ocupações profissionais?
- John Dewey –na mesma época concebia a escola como um local propício a formar “cidadão democrata”. Uma teoria mais progressista, mais preocupada com a formação da democracia.
- Achava importante considerar os interesses e experiências das crianças e dos jovens.
Ralph Tyler – 1948- seu paradigma formulado é semelhante ao de Bobbitt , portanto, tecnocrático, e centra-se em quatro questões básicas: 1- Que objetivos educacionais deve a escola procurar atingir? 2- Que experiências educacionais podem ser oferecidas que tenham probabilidade de alcançar esses propósitos? 3- Como organizar eficientemente essas experiências educacionais? 4- Como ter certeza de que esses objetivos estão sendo alcançados? Essas questões correspondem à divisão tradicional da atividade educacional: currículo, ensino e instrução, e avaliação. Esse modelo dominou as ideias sobre currículo nos EUA e Brasil até o final dos anos 80.
As Teorias Críticas de Currículo
Onde a crítica começa: ideologia, reprodução, resistência
- Década de 60, grandes agitações e transformações;
- Movimento de reconceptualizações;
- As teorias críticas efetuam uma completa inversão nos fundamentos das teorias tradicionais;
- Teoria tradicional X Teoria crítica
Teorias Críticas – principais representantes
- Louis Althusser – ideologia
- A ideologia é constituída por aquelas crenças que nos levam a aceitar as estruturas sociais (capitalistas) existentes como boas e desejáveis;
- A escola constitui-se em aparelho ideológico central porque atinge praticamente toda a população por um período prolongado de tempo;
- Como a escola transmite a ideologia? Pelo currículo.
- Bowles e Gintis introduzem o conceito de correspondência para estabelecer a natureza da conexão entre a escola e a produção, enfatizam a aprendizagem através da vivência das relações sociais da escola, das atitudes necessárias para se qualificar como um bom trabalhador capitalista;
Cont.
Bowles e Gintis focalizam no currículo as evidências das relações sociais na escola, das atitudes para se qualificar um bom trabalhador para o capitalismo:
Local de trabalho:
-obediência a ordens/assiduidade/confiabilidade/
subordinação (trabalhador subalterno);
-capacidade de comandar/formular planos/
conduzir de forma autônoma(gerentes).
Ou seja:
relações sociais na escola=relações sociais trabalho
Cont.
- Bourdieu e Passeron: crítica à educação centrada na reprodução
- pressuposto: o funcionamento da escola não é deduzido do funcionamento da economia;
- funcionamento da escola e da cultura estão metaforicamente ligados à economia (capital cultural)
- Reprodução social centrada na reprodução cultural
- Através da reprodução da cultura dominante que a reprodução mais ampla da sociedade fica garantida.
- Cultura que tem prestígio é a cultura da classe dominante (capital cultural)
- O currículo da escola está baseado na cultura dominante.
DDDD Cont. (Bourdieu e Passeron)
Termos:
Capital Cultural: obras de arte, certificados, diplomas, obras teatrais, hábitos, etc.
Habitus: termo utilizado pelos autores para se referir às estruturas sociais e culturais internalizadas;
Domínio simbólico: domínio da cultura da significação;
Cultura dominante: é tomada como a cultura através de dois mecanismos: de um lado pela imposição e de outro pela ocultação (natural)
TEORIAS PÓS-CRÍTICAS
Fundamentadas no pós estruturalismo
Multiculturalismo: movimento ambíguo de adaptação e resistência
Ideia de “mudança de paradigmas”
Crítica aos padrões considerados “rígidos” da modernidade –rompimento à lógica positivista, tecnocrática e racionalista
Tentativa de dar voz aos subalternos excluídos de um sistema totalizante e padronizado
• Superação de verdades totalizantes “absolutas”
• Democratização cultural
• Volatilidade de discursos
• Diversidades culturais
• Pulverização social
...Como se as classes não mais existissem...
UMA ANÁLISE COMPARATIVA
Teorias Críticas • Conceitos e conhecimentos
históricos e científicos
• Concepções
• Teoria de currículo – conceitos
• Trabalho
• Materialidade/objetividade
• Realidade
• Classes sociais
• Emancipação e libertação
• Desigualdade social
• Currículo como resistência
• Currículo oculto
• Definição do “o quê” e “por quê” se ensina
• Noção de sujeito
Teorias Pós Críticas • Fim das metanarrativas
• Hibridismo
• Currículo como discurso-representações
• Cultura
• Identidade/subjetividade
• Discurso
• Gênero, raça, etnia, sexualidade
• Representação e incertezas
• Multiculturalismo
• Currículo como construção de identidades
• Relativismo
• Compreensão do “para quem” se constrói o currículo – formação de identidades
Insuficiência das Teorias Pós Críticas
• Fragmentação das relações sociais
• Relativização dos conhecimentos
• Primazia da ambiguidade e da indeterminação - insuficiente para se captar o real
• Hibridismo de concepções relativizam as possibilidades de compreender o real em sua totalidade
• Insuficiente para ser “transformador”
• Não há o real para se fazer a crítica, não há conhecimento para ser sistematizado
• Pode contraditoriamente ser emancipador e reacionário
“Não haverá burguesia nem proletariado numa sociedade emancipada, mas certamente haverá mulheres e celtas. Pode haver mulheres liberadas, isto é, indivíduos do sexo feminino que são ao mesmo tempo emancipados, mas não podem existir assalariados liberados dada a impossibilidade de ser as duas coisas ao mesmo tempo. [...] Masculino e feminino, como caucasiano e afro-americano são categorias bem mais reciprocamente definidoras. (...)
EAGLETON (1998)
...Ninguém, entretanto tem um tipo de pigmentação da pele porque outra pessoa tem outra, nem é homem porque alguém é mais mulher, mas certas pessoas só são trabalhadores sem terra porque outros são senhores fazendeiros”
EAGLETON (1998, p.63)
Referências
GIMENO SACRISTÁN, J.; PEREZ GOMÉZ, A. I. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre, RS: Artmed, 1998.
GOODSON, Ivor F. Currículo: teoria e história. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
SILVA, Tomaz T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.