23
Teoria e Métodos em Geografia I ALGUMAS REFERÊNCIAS: BADARÓ, Cláudio Eduardo. Epistemologia e ciência: reflexão e prática na sala de aula. Bauru: Edusc, 2005, p. 21-31. LATOUR, Bruno. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: Ed. Unesp, 2000, p.348- 415.

Teoria e metodologia

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Teoria e metodologia

Teoria e Métodos em Geografia I

ALGUMAS REFERÊNCIAS:

BADARÓ, Cláudio Eduardo. Epistemologia e ciência: reflexão e prática na sala de aula. Bauru: Edusc, 2005, p. 21-31.LATOUR, Bruno. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: Ed. Unesp, 2000, p.348-415.

Page 2: Teoria e metodologia

CONHECIMENTO

COMO OBTÊ-LO?

EM QUAIS CONDIÇÕES?

COMO O CONHECIMENTO MUDA E COM O QUE SE RELACIONA?

AS MEDIAÇÕES (SARTRE)

Page 3: Teoria e metodologia

Ciência versus magia

“Um menino bateu o pé num pequeno toco de madeira que estava no seu caminho - e a ferida doía e incomodava. Ele afirmou que bateu o dedo no toco por causa da feitiçaria. Como era meu hábito argumentar com os Azande e criticar suas declarações, foi o que fiz. Disse que ele havia sido descuidado e que o toco nascera naturalmente. Ele concordou que a feitiçaria não era responsável pelo fato do toco estar no seu caminho, mas disse que ele tinha os olhos bem abertos para evitar o toco - e que se não tivesse sido enfeitiçado ele teria visto o toco. Como argumento final, ele disse que é da natureza dos cortes cicatrizar rapidamente. Por que sua ferida havia inflamado, se não houvesse feitiçaria?”

Page 4: Teoria e metodologia

O OLHAR E OS CONCEITOS

“As mudanças mais fundamentais em qualquer ciência comumente resultam, não tanto da invenção de novas técnicas, mas

antes de novas maneiras de se olhar para os dados, dados estes que podem ter existido ao

longo do tempo. As mudanças mais fundamentais são mudanças de teoria e de

esquemas conceituais” (Alvin Goudner)

Page 5: Teoria e metodologia

CONCEITOS

Page 6: Teoria e metodologia

CONCEITOS

Page 7: Teoria e metodologia

SOBRE A CIÊNCIA

A ciência não é um órgão novo de conhecimento. Quando maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos”

“A investigação científica não termina com os seus dados; ela se inicia com eles . O produto final da ciência é uma teoria ou hipótese de trabalho e não os assim chamados fatos”

Page 9: Teoria e metodologia
Page 10: Teoria e metodologia

CONHECIMENTO CIENTÍFICO

HIPÓTESES

MÉTODO E PROCEDIMENTOS

TEORIAS

Page 11: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

Prólogo: Domesticação da mente selvagem

• 1787- Lapérouse –Sacalina (ilha ou península?).

• relógios para leitura do tempo, bússola (latitude), botãnicos, mineralogistas etc.

• a Geografia implícita dos nativos “o conhecimento dos selvagens se transforma em conhecimento universal do cartógrafos”.

• assimetria: “não há porque falar em diferença cognitiva”

Page 12: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

Prólogo: Domesticação da mente selvagem

• O mapa e o desenho têm significados diferentes.

• “O mapa desenhado na areia não tem valor para o chinês, que não se importa que a maré o apague; é um tesouro para Lapérouse, seu principal tesouro”.

• “[...] a etnogeografia do Pacífico acumula na Europa”.

Page 13: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

Ação a distância:

1. Ciclos de acumulação:- O conhecimento- o que nos é familiar.- Se partimos do princípio que conhecemos o que

é familiar então o estrangeiro sempre é o mais fraco.

- Como se familiarizar com coisas, pessoas e eventos distantes?

- GRANDE DIVISOR: extraordinário de artifícios.

Page 14: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

TECNOCIÊNCIA: • Caráter cumulativo da ciência;• Esse conhecimento transcende a divisão entre história, economia, história de ciência, tecnologia etc.

FORMAÇÃO DO CENTRO:• “[...] um ciclo de acumulação graças ao qual um ponto se transforma em centro, agindo a distância sobre muitos outros pontos”. • Poder? Capital? Capitalismo? • ex. Dom João II- navegações.

Page 15: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

Tecnociência: engenheiros, físicos, projetistas, economistas, contadores e gente do marketing. “É nelas que as distinções entre ciência, tecnologia, economia e sociedade se mostram mais absurdas. As centrais de cálculos das principais indústrias construtoras de máquinas concentram na mesma escrivaninha formulários de todas as origens, recombinando-os de tal maneira que numa mesma tira de papel (...) desenhada num espaço codificado; a tolerância e a calibração necessária à sua construção (...); as equações físicas da resistência do material (...), o tempo médio necessário à realização das operações (...) cálculos econômicos...”

Page 16: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

2. A mobilização dos mundos

ex1. o papel da Cartografia. (técnica, tecnologia, elementos). • Mudanças de escalas.

Ex.2. Expedições: coleções- botânica, zoólogos – importância dos elementos.

ELEMENTOS: • MÓVEIS, • ESTÁVEIS, • PERMUTÁVEIS.

Page 17: Teoria e metodologia

O CICLO DE ACUMULAÇÃO: de móveis estáveis e combináveis

ex. petróleo: Conrad Schlumberger, engenheiro francês, corrente elétrica através do solo para medir a resistência elétrica dos estratos de rochas em todos os lugares. Sinais estáveis. “Em vez de simplesmente extrair petróleo, passou a ser possível acumular traços em mapas, o que, por cegamente”.• nexos: entre dinheiro, barris de petróleo, resistência, calor.Banqueiro de Wall Street, um gerente de prospecção da Exxon, um técnico da Clamart, um geofísico. • uso de gráficos e tabelas.• móveis imutáveis e combináveis. A importância de novos métodos.

Page 18: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

3. Construindo espaço e tempo:

“ O caráter cumulativo da ciência- grande divisor entre nossa cultura científica e de todos os outros”-Espaço e tempo- indissociáveis. No interior da rede- (“construídas para mobilizar, acumular e recombinar o mundo”

“Não devemos opor o conhecimento local dos chineses ao conhecimento universal dos europeus, mas apenas dois conhecimentos locais, só que um tem forma de rede”

Page 19: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

-Etnobotânica x taxionomias universais.- “Parece estranho, à primeira vista, afirmar que espaço e tempo podem ser construídos localmente”- ex. modelos de barragem em Roterdã.- escala reduzida- laboratório de hidráulica “a ordem do tempo de do espaço foi completamente refeita”- Então: “Sabemos que eles não se estendem por toda a parte” como se existisse um Grande Divisor entre o conhecimento universal dos ocidentais e o conhecimento local de todo o resto.

Page 20: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

• rede no interior- aperfeiçoamento a circulação – material heterogêneo –com inúmeros elementos (científicas, técnicas, econômicas, políticas e administrativas).• isto possibilita o CENTRO a dominar espacialmente e cronologicamente a periferia.

Page 21: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

2. Qual é o cerne do formalismo.

a) Acabando com as teorias abstratas.- ex. dir-se-ia que Lapérouse atua mais

abstratamente que os chineses. - Teorias – “muito pior quando as teorias são

transformadas em objetos abstratos separados dos elementos que interligam”

TEORIA- CIÊNCIA EXPERIMENTAL OU EMPÍRICA.

Page 22: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

B) Porque as formas importam tanto.

CONSTRUIR O CENTRO- DOMINAR A DISTÂNCIA- INSCRIÇÕES- INFORMAÇÃO- FORMA DE ALGUMA COISA.-Formas de gráficos.- “os centros acabam por controlar o espaço e tempo”.- “quanto mais heterogêneos e dominadores os centros mais formalismo exigirão, simplesmente para se manterem coesos e conservar seu império”

Page 23: Teoria e metodologia

Ciência em Ação

-Ciências naturais sociais.- “As máquinas, por exemplo, são desenhadas, escritas, discutidas e calculadas antes de serem construídas. Ir da ‘ciência’ para a ‘tecnologia’ não é ir um de mundo de papel para um mundo desarrumado, graxento e concreto. É ir de um trabalho em papel para outro em papel, de uma central de cálculo para outra que reúne e maneja mais cálculos de origens mais heterogêneas”