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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos Área de Bromatologia Teor de isoflavonas e capacidade antioxidante de bebidas à base de soja KÁTIA RAU DE ALMEIDA CALLOU Dissertação para obtenção do grau de MESTRE Orientador: Prof. Dr. Maria Inés Genovese São Paulo 2009

Teor de isoflavonas e capacidade antioxidante de bebidas à ... · 2009 . Kátia Rau de Almeida Callou ... feliz e saber de tudo o que estava acontecendo com a minha família e dos

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos Área de Bromatologia

Teor de isoflavonas e capacidade antioxidante de bebidas à base

de soja

KÁTIA RAU DE ALMEIDA CALLOU

Dissertação para obtenção do grau de MESTRE

Orientador: Prof. Dr. Maria Inés Genovese

São Paulo 2009

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Kátia Rau de Almeida Callou

Teor de isoflavonas e capacidade antioxidante de bebidas à base de soja

Comissão Julgadora da

Dissertação para obtenção do grau de Mestre

Prof. Dr. Maria Inés Genovese

orientador/presidente

____________________________ 1o. examinador

____________________________ 2o. examinador

São Paulo, _________ de _____.

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Dedico esta dissertação aos meus pais Antônio Carlos Callou e Marlene Callou que, mesmo morando em estados diferentes, nunca economizaram tempo para me apoiar nos momentos difíceis e comemorar nos momentos de felicidade. Obrigada por serem meus pais, profissionais corretos, competentes, fontes de inspiração e dignos de todo o meu amor.

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Agradecimentos

Apesar de a dissertação ser um trabalho individual, inúmeras pessoas com quem me

relaciono contribuíram para essa realização. Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus,

por ter me dado a oportunidade de estudar e crescer como profissional e ser humano,

aprendendo com os erros, angústias e possibilitando a conquista de vitórias, seja no âmbito

pessoal ou profissional.

Aos meus pais Antônio Carlos Callou e Marlene Callou, por terem me incentivado a

estudar, pelo apoio nos momentos difíceis, pela tolerância nos momentos de aflição e mau

humor e por terem contribuído a me tornar a pessoa que sou hoje. Muito obrigada pelo

exemplo de vida que vocês são para mim e, graças às palavras de carinho, conforto e estímulo à

perseverança é que continuei a me dedicar e aguentei firme frente todas as dificuldades. Aos

meus irmãos Manu e Guga, pelas conversas tarde da noite que serviram para me deixar mais

feliz e saber de tudo o que estava acontecendo com a minha família e dos acontecimentos de

Recife. Aos meus avós, Mário Almeida, Lili Rau de Almeida (in memorian) e Nair Callou que me

ensinaram que tudo é possível, basta querer e ter amor pelo que se faz. À minha querida

cunhada Karina pela agradável companhia e à toda a família Rau e Callou, sempre presentes

na minha vida e ao meu companheiro Getúlio Bulhões, pela convivência, amor e insistência

para vir estudar aqui em São Paulo.

À minha orientadora Maria Inés Genovese, pela disponibilidade, atenção, orientação e,

acima de tudo, exigência que, ao primeiro momento foi difícil, mas essencial para meu

crescimento. Aos meus amigos e companheiros de laboratório (Lena, Neuza, Márcia, Lucille, Ana

Cristina, Marcela, Any, Alexandre, Gabriela, Diully, Michelle, Sandra, Claudinéia, Juliana,

Nelaine) por me ajudarem com tantas análises das bebidas de soja e por proporcionarem

momentos bem familiares. Às amigas Viviane Rocha e Cristiane Sales pela companhia e, em

especial, agradeço à professora e amiga Eliana Bistriche que colaborou bastante para a

realização deste trabalho, com suas sábias palavras, revisões de texto e saidinhas para

saborearmos pastel de feira e refrescarmos a mente. Às professoras Biatriz e Inar Castro e

também ao professores Eduardo Purgato, Deborah Helena Markowicz e Suzana Lannes que

muito contribuíram com suas sugestões. Agradeço ainda à Lúcia Helena, pela boa vontade de

sempre ajudar a correr as amostras no HPLC e pelas amistosas conversas e gargalhadas entre

uma análise e outra e a Márcia Nascimento, pelo seu jeito de ser e alegrar os nossos dias de

tanto trabalho e correria. Aos secretários de pós-graduação Edilson, Mônica, Cléo e Jorge Lima

pela atenção e dedicação no que concerne às dúvidas quanto a papeladas e processos

administrativos.

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Agradeço ainda ao CNPq pela bolsa concedida e pela disponibilidade de verba do

projeto 471130/2007-9. Muito obrigada a todos que me ajudaram na realização desse exercício

acadêmico, só tenho que agradecer.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura geral da isoflavona e do estradiol. 24

Figura 2. Estrutura química das isoflavonas da soja. 26

Figura 3 Estruturas químicas das isoflavonas e possíveis modificações por

quebras nos sítios do 6˝-O-malonil-β-glicosídeo, 6˝-O-acetil-β-

glicosídeo e conjugados de β-glicosídeos.

39

Figura 4. Etapas do processamento industrial do isolado protéico de soja. 41 Figura 5. Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de extrato de

soja e suco de frutas (grupo 1), provenientes de três diferentes

lotes de cada produto.

68

Figura 6. Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de isolado

protéico de soja e suco de frutas (grupo 2), provenientes de três

diferentes lotes de cada produto.

69

Figura 7. Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de extrato de

soja e aromatizantes (grupo 3), provenientes de três diferentes

lotes de cada produto.

70

Figura 8. Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de IPS e

aromatizantes (grupo 4), provenientes de três diferentes lotes de

cada produto.

70

Figura 9. Correlação de Pearson entre o conteúdo de isoflavonas e o teor

protéico para as bebidas à base de extrato de soja (A) ou IPS (B)

adicionadas de sucos de fruta.

76

Figura 10. Correlação de Pearson entre o conteúdo de isoflavonas e o teor

protéico para as bebidas à base de extrato (A) ou IPS (B) sem

adição de suco de frutas.

77

Figura 11 Capacidade antioxidante de bebidas à base de extrato de soja e

suco de frutas (grupo 1) determinada por meio dos métodos de

capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg equivalentes de

catequina/200 mL amostra) e DPPH ( µmoles equivalentes de

trolox/200 mL amostra). Os resultados estão expressos na forma

de média ± desvio padrão (n = 3).

79

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LISTA DE FIGURAS

Figura 12. Capacidade antioxidante de bebidas à base de isolado protéico de

soja e suco de frutas (grupo 2) determinada por meio dos métodos

de capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg equivalentes de

catequina/200 mL amostra) e DPPH ( µmoles equivalentes de

trolox/200 mL amostra). Os resultados estão expressos na forma

de média ± desvio padrão (n = 3).

80

Figura 13. Capacidade antioxidante de bebidas à base de extrato de soja e

aromatizantes por meio da capacidade redutora do Folin-

Ciocalteau (mg equivalentes catequina/200 mL) e capacidade

seqüestrante do radical estável DPPH (µmol equivalente de

trolox/200 mL). Os resultados estão expressos na forma de média

± desvio padrão (n = 3).

81

Figura 14. Capacidade antioxidante de bebidas à base de isolado protéico de

soja e aromatizantes por meio da capacidade redutora do Folin-

Ciocalteau (mg equivalentes catequina/200 mL) e capacidade

seqüestrante do radical estável DPPH (µmol equivalente de

trolox/200 mL). Os resultados estão expressos na forma de média

± desvio padrão ( n= 3).

81

Figura 15. Correlação (Pearson) entre a capacidade redutora do Folin-

Ciocalteau (mg equivalentes de catequina/200 mL) e a capacidade

seqüestrante do radical estável DPPH (µmol equivalente de

trolox/200 mL) de bebidas contendo suco de fruta (A) e bebidas

sem adição de suco de frutas (B).

84

Figura 16. Armazenamento das bebidas à base de soja. 89

Figura 17. Efeito do tempo de armazenamento das bebidas à base de soja

sobre os teores de isoflavonas (mg/200 mL).

90

Figura 18. Efeito do tempo de armazenamento de bebidas à base de soja

sobre o teor de proteínas solúveis, expressos em g/200 mL da

amostra.

91

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LISTA DE FIGURAS

Figura 19. Efeito do tempo de armazenamento das bebidas à base de soja

sobre a capacidade sequestrante do radical DPPH (A) (µmoles

equivalentes de Trolox/200 mL de amostra) e capacidade redutora

do Folin-Ciocalteau (B) (mg equivalentes de catequina/200 mL).

93

Figura 20. Perfil de isoflavonas (mg/200 mL) de bebidas de soja sabor maçã (A) uva (B) e original (C) analisadas imediatamente após a

produção e após 3 e 6 meses de armazenamento do grão de soja.

96

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 - Composição relativa dos aminoácidos essenciais presentes em g/100

g de proteína padrão da FAO, nos leites de vaca e humano e nos

produtos à base de soja

21

Quadro 2 - Quadr Efeitos da ingestão da proteína de soja e/ou de isoflavonas à saúde

humana

32

Quadro 3 - Listagem de ingredientes em bebidas à base de soja, de acordo com

o fabricante 48

Quadro 4 - Classificação das bebidas, à base de soja, adotadas neste trabalho 59

Quadro 5 - Listagem de ingredientes de bebidas à base de soja (porção de 200

mL), de acordo com o fabricante

88

Quadro 6 - Caracterização das amostras de bebidas à base de soja quanto à

data de fabricação e prazo de validade

96

Tabela 1 - Conteúdo protéico de bebidas de soja do grupo 1 (extrato de soja e

suco de frutas)

62

Tabela 2 - Conteúdo protéico de bebidas de soja do grupo 2 (IPS e suco de

frutas)

63

Tabela 3 - Conteúdo protéico de bebidas de soja do grupo 3 (extrato de soja e

aromatizantes)

64

Tabela 4 - Conteúdo protéico de bebidas de soja do grupo 4 (IPS e

aromatizantes) 64

Tabela 5 - Estudo das correlações entre as variáveis dependentes analisadas 85

Tabela 6 - Conteúdo de isoflavonas (mg/200 mL) de bebidas à base de soja

oriunda do mesmo silo, porém em três diferentes épocas do ano

(imediatamente após a produção e após 3 e 6 meses de

armazenamento do grão de soja) e teor protéico (g/200 mL), para as

bebidas à base de soja sabores maçã, uva e original

95

Tabela 7 - Capacidade antioxidante das bebidas de soja produzidas em

diferentes épocas do ano, determinadas por meio da capacidade

redutora do Folin-Ciocalteau e capacidade sequestrante do radical

DPPH, expressas em mg equivalentes de catequina/200 mL de

amostra e µmoles equivalentes de Trolox/200 ml da amostra,

respectivamente.

98

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LISTA DE ABREVIATURAS

% SRL ־ Porcentagem de Sequestro de Radicais Livres Ac ־ Absorbância Controle Am ־ Absorbância das Amostras ANOVA ־ Análise de Variância ANVISA ־ Agência Nacional de Vigilância Sanitária AOAC ־ Association of Official Analytical Chemists BPF ־ Boas Práticas de Fabricação CAT ־ Catalase CLAE ־ Cromatografia Líquida de Alta Eficiência DAD ־ Diode Array Detector DNA ־ Ácido Desoxirribonucléico DCNT ־ Doenças Crônicas nãoTransmissíveis DPPH ־ Radical α, α-difenil-β-picrilhidrazina EHS ־ Extrato Hidrossolúvel de Soja EMBRAPA ־ Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EROs ־ Espécies Reativas de Oxigênio FAO ־ Food and Agriculture Organization FDA ־ Food and Drug Administration FDS ־ Farinha desengordurada de soja HPLC ־ High Performance Liquid Chromatographic IPS ־ Isolado Protéico de Soja IFA ־ Isoflavonas Agliconas IFG ־ Isoflavonas Glicosiladas LDL-c ־ Low density lipoprotein cholesterol MS ־ Ministério da Saúde NA ־ Não Analisado OMS ־ Organização Mundial de Saúde ORAC ־ Oxygen Radical Absorbance Capacity RDC ־ Resolução REα ־ Receptor de Estrógeno SBEM ־ Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia SOD ־ Superóxido dismutase TBCA ־ Tabela Brasileira de Composição de Alimentos TBCA-USP ־ Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da USP TBHQ ־ Terc-Butil-Hidroquinona UHT ־ Ultra High Temperature

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RESUMO

CALLOU, K.R.A. Teor de isoflavonas e capacidade antioxidante de bebidas à base de soja. 2009. 124 f. Dissertação (Mestrado – Ciência dos Alimentos) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

A soja é a principal fonte de isoflavonas, tendo sido associada a efeitos benéficos à saúde humana, incluindo a redução do risco de câncer, de doenças cardiovasculares, osteoporose e melhora dos sintomas da menopausa. A população brasileira não consome soja tão habitualmente quanto os países asiáticos e, nesse contexto, as bebidas de soja poderiam ser uma forma de incluir essas substâncias bioativas na dieta ocidental. Contudo, trabalhos que avaliem o teor de isoflavonas desses produtos são escassos na literatura, o que justifica o presente trabalho. Amostras de doze marcas comercialmente disponíveis de bebidas de soja (n = 65), incluindo os produtos elaborados com isolado protéico de soja ou extrato de soja e acrescidos de sucos de fruta e/ou ingredientes aromatizantes, foram analisadas quanto ao teor e perfil de isoflavonas, utilizando-se a cromatografia líquida de alta eficiência. A capacidade antioxidante foi mensurada pelo método de sequestro de radicais livres do DPPH e o teor de fenólicos totais pelo método do Folin-Ciocalteau. Os valores da concentração total de isoflavonas e o teor de fenólicos totais mostraram uma grande variação entre as diversas marcas de bebidas de soja, variando de 0,7 a 4,9 mg isoflavonas/200 mL e de 6 a 146 mg equivalentes de catequina/200 mL para as bebidas contendo sucos de fruta. Bebidas de soja de sabor original ou chocolate apresentaram variação do teor de isoflavona de 4 a 13 mg/200 mL e fenólicos totais variando de 38 a 155 mg equivalentes de catequina/200 mL. O teor protéico variou de 0,8 a 6 g/200 mL e mostrou-se positivamente correlacionado ao teor de isoflavonas das amostras. As formas predominantes de isoflavonas, nos produtos analisados, foram os β-glicosídeos. Os resultados mostraram que o teor e perfil de isoflavonas, assim como os valores de fenólicos totais das bebidas de soja dependem das condições de processamento e que a atividade antioxidante variou significantemente entre os produtos. Os resultados obtidos mostram que o consumo de uma porção de 300 mL de bebida de soja sabor natural poderia resultar em uma ingestão de 20 mg de isoflavonas, o equivalente a ingestão diária Koreana, indicando que as bebidas de soja poderiam representar fontes importantes de isoflavonas para a nossa dieta. Além disso, o teor de isoflavonas solúveis das bebidas de soja diminui com o decorrer do armazenamento associado à redução da solubilidade da proteína de soja. O perfil de isoflavonas e a capacidade antioxidante das bebidas também são alterados.

PALAVRAS-CHAVE: Soja. Bebidas de soja. Capacidade antioxidante. Isoflavonas

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ABSTRACT

CALLOU, K.R.A. Isoflavone contents and antioxidant capacity of soy beverages. 2009. 124 f. Dissertation (Master degree - Food Science) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Soybean is the most important source of isoflavones, which have been associated with beneficial effects in humans, including prevention of cancer, cardiovascular diseases, osteoporosis and relief of menopausal symptoms. Soybean consumption in Brazil is not as significant as in Asian countries and in this context, soy beverages could be a way to include these bioactive substances in ocidental diet. However, studies about isoflavone content in these products are scarce, which accounts for the present work. Samples of 12 different brands of commercially available soy milk drinks (n = 65), including products made from isolated soy protein and soymilk mixed with fruit juices and/or containing flavoring ingredients were analysed for their isoflavone content and profile using high-performance liquid chromatography. The antioxidant activity was measured using 2.2-diphenil-1-picryl-hydrazil (DPPH) free radical method and the total phenolics was determined by Folin-Ciocalteau method. There was a large variation in total isoflavone concentration and total phenolics content among the different brands of soy milks ranging from 0.7 to 4.9 mg isoflavones/200 mL and 6 to 146 mg equivalents of catechin/200 mL of soymilk mixed with fruit juice. For natural or chocolate soy beverages, the isoflavone content varied from 4 to13 mg/200 mL and the total phenolics ranged from 38 to155 mg equivalent of catequina/200 mL. Levels of protein ranged from 0.8 to 6.0 g/200 mL, these values were associated positively with isoflavone content from samples. The β-glycosides were the predominant form of the isoflavones in the products analyzed. The results showed that total isoflavone, phenolic contents and isoflavone profile of soy beverages depends on processing conditions. Also the antioxidant activity varied significantly among products. The results obtained show that the consumption of 300 mL of soy beverage natural flavor would result in an intake of around 20 mg isoflavone, very similar to the Korean daily intake, indicating that soy beverages could represent important sources of isoflavones in our diet. Furthermore, the soluble isoflavone content of soy beverage decreases with the storage time associated with a reduction of the solubility of soy protein. The profile of isoflavones and antioxidant capacity of beverages are also altered. PALAVRAS-CHAVE: Soybean. Soy beverage. Antioxidant capacity. Isoflavone.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS E TABELAS LISTA DE ABREVIAÇÕES

RESUMO ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................

14

1.1 Atributos nutricionais da soja e da proteína de soja .................................... 18 1.2 Compostos bioativos da soja.......................................................................... 22

1.2.1 Estrutura química das isoflavonas ................................................................. 24 1.2.2 Absorção e metabolismo das isoflavonas .................................................... 27 1.2.3 Efeitos benéficos das isoflavonas.................................................................. 29 1.3 Bebidas à base de soja..................................................................................... 33

1.3.1 Extrato de soja.................................................................................................. 34 1.3.1.1 Processamento do extrato de soja.................................................................. 35 1.3.2 Isolado protéico de soja................................................................................... 40 1.3.3 Compostos fenólicos x capacidade antioxidante .........................................

42

2. OBJETIVOS .......................................................................................................

46

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................

47

3.1 Materiais ............................................................................................................ 45 3.2 Métodos ............................................................................................................. 54

3.2.1 Análise de isoflavonas .................................................................................... 54 3.2.1.1 Extração em fase sólida .................................................................................. 54 3.2.2 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) ......................................... 55 3.2.3 Determinação do conteúdo protéico ..............................................................

55

3.2.4 DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE IN VITRO..................

55

3.2.4.1 Redução do reagente de Folin-Ciocalteau...................................................... 55

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3.2.4.2 Sequestro de radicais livres do DPPH............................................................ 56 3.3 Análise estatística dos resultados..................................................................

57

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................

58

4.1 Caracterização das amostras.......................................................................... 58 4.1.2 Teor e perfil de isoflavonas............................................................................. 67

4.1.3 Determinação da capacidade antioxidante in vitro....................................... 78 4.2 Efeito do tempo de armazenamento da bebida e do grão de soja sobre o

teor, perfil de isoflavonas e capacidade antioxidante das bebidas.............

88

4.2.1 Efeito do tempo de armazenamento de bebidas de soja............................... 88

4.2.1.1 Teor, perfil de isoflavonas e conteúdo protéico de bebidas de soja........... 90

4.2.1.2 Capacidade antioxidante de bebidas de soja.................................................... 93

4.2.2 Efeito do armazenamento dos grãos de soja sobre o teor, perfil de isoflavonas e capacidade antioxidante de bebidas de soja..........................

94

4.2.2.1 Teor e perfil de isoflavonas.............................................................................. 95

4.2.2.2 Capacidade antioxidante................................................................................... 97

5. CONCLUSÃO.....................................................................................................

99

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................

100

APÊNDICE..........................................................................................................

116

ANEXO................................................................................................................

128

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14

1. INTRODUÇÃO

A soja [Glycine max (L.) Merrill] é uma leguminosa bastante consumida no Oriente,

tendo se tornado um gênero agrícola de grande importância, uma vez que serve de

matéria-prima para a fabricação de produtos característicos da dieta desses países. A

utilização de alimentos derivados de soja tem aumentado também em diversas regiões

do Ocidente, onde o consumo do grão de soja é ainda incipiente (FAO, 1992).

Atualmente, os Estados Unidos são os maiores produtores de soja, seguidos por Brasil,

Argentina e China. Estes quatro países juntos são responsáveis por aproximadamente

90% da produção mundial (USDA, 2008). A produção brasileira de soja aumentou em

torno de 55% entre 2000 e 2007, alcançando cerca de 60 milhões de toneladas, sendo

os estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, responsáveis por

aproximadamente 65% da produção nacional desta leguminosa (FNP/CONAB, 2008).

Em 1999, a FDA (Food and Drug Adminstration) dos Estados Unidos aprovou uma

alegação funcional para produtos de soja, devido aos efeitos hipocolesterolêmicos

associados a sua proteína. Ficou estabelecido que a ingestão de uma dieta pobre em

gordura saturada e em colesterol e que incluisse 25 g de proteína de soja por dia poderia

reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Os mecanismos de ação, no entanto, ainda

não estão bem esclarecidos (FDA, 1999). Da mesma forma, no Brasil, a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou a alegação: “O consumo diário de no

mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol. Seu consumo deve

estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis” (ANVISA, 2002).

A partir de então, diversos produtos foram desenvolvidos com o objetivo de

fornecer alimentos com propriedades ditas funcionais. Produtos protéicos de soja têm

sido utilizados para esses fins, constituindo-se como ingredientes de produtos derivados

de carne, pães, bebidas, sopas e outros alimentos devido às propriedades físico-

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15

químicas da proteína de soja, que conferem textura e gelificação aos alimentos

(GENOVESE; LAJOLO, 2001a). A adição apropriada destes derivados de soja (isolado

protéico, extrato ou concentrado de soja) resulta em produtos alimentícios menos

calóricos, com proteína de boa qualidade nutricional, além de preservar as características

físicas e sensoriais em relação ao produto tradicional.

O chamado “leite” de soja é uma bebida extraída do grão de soja, de sabor brando

e com alguns aditivos para melhorar suas propriedades organolépticas, sendo assim

denominado devido ao aspecto leitoso dos extratos aquosos da soja. Para muitas

pessoas intolerantes ao leite de vaca, o extrato hidrossolúvel de soja (EHS) tem sido

utilizado para substituir o leite bovino (FAO, 1992).

A soja possui em sua composição cerca de 20% de óleo, 35% de carboidratos, 5%

de cinzas e 40% de proteínas (LIENER, 1994). A princípio, a importância da soja na

nutrição humana era atribuída ao seu elevado teor de protéico de bom valor biológico.

Entretanto, hoje se sabe que os grãos de soja são também uma fonte rica de

fitoquímicos, os quais conferem importantes efeitos benéficos à saúde humana e animal

(SETCHELL; CASSIDY, 1999). Esses efeitos parecem relacionar-se à presença de

isoflavonas, denominadas fitoestrógenos, devido à capacidade de provocar uma resposta

semelhante ao estrogênio em experimentos com animais (GENOVESE et al., 2003).

As isoflavonas são compostos fenólicos de distribuição bastante restrita no reino

vegetal. Apresentam-se em concentrações relativamente maiores nas leguminosas e, em

particular, na soja (Glycine max), sendo que as principais isoflavonas encontradas na

soja e seus derivados são a daidzeína, a genisteína e a gliciteína, as quais se

apresentam como várias formas de conjugados glicosídicos, dependendo da extensão e

do tipo de processamento utilizados durante a fabricação dos produtos à base de soja. O

teor de isoflavonas nos alimentos é afetado por diversos fatores, que incluem condições

ambientais e genéticas, além do processamento, os quais determinam a concentração e

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16

o perfil das isoflavonas nos produtos derivados de soja e nos alimentos que os contêm

como ingredientes (GENOVESE; LAJOLO, 2002).

Diversos estudos epidemiológicos têm demonstrado redução na incidência de

câncer de mama, próstata e cólon em populações asiáticas, nas quais o consumo per

capta de soja é cerca de 20 a 50 vezes maior que nas populações ocidentais. Em

estudos realizados com humanos, a ingestão diária de 25 g de proteína isolada de soja

reduziu os níveis plasmáticos de colesterol total e LDL-colesterol (Low Density

Lipoprotein Cholesterol), sendo este efeito proporcional à quantidade de isoflavonas

presentes nos alimentos (CROUSE et al., 1999). Estudos em cultura de células, em

modelos animais e em alguns ensaios clínicos indicam ação das isoflavonas também na

redução do risco de desenvolvimento de certos tipos de câncer não relacionados a

hormônios, além de benefícios no tratamento da osteoporose e alívio dos sintomas da

menopausa (GENOVESE et al., 2003). Estudos mais recentes têm associado o consumo

da soja à proteção contra os danos causados pela obesidade; redução do risco de

doenças cardiovasculares e aterosclerose, além da interferência na produção e/ou

sensibilidade à insulina (BHATHENA; VESLASQUEZ, 2002; SITES et al., 2007;

VESLASQUEZ; BHATHENA, 2007).

Pelo exposto, os benefícios da soja à saúde humana são claramente um ponto

importante para a promoção deste alimento junto ao consumidor (BEHRENS et al.,

2001). Apesar do grande potencial do extrato de soja, este produto tinha baixa aceitação

no Brasil, provavelmente devido ao sabor e aroma desagradáveis ao paladar dos

consumidores. Entretanto, recentemente, a indústria nacional tem utilizado novas

tecnologias para a obtenção do extrato de soja, o que melhorou a sua qualidade

sensorial. Novos produtos comerciais à base de extrato hidrossolúvel de soja (EHS) ou

isolado protéico de soja (IPS) em combinação com sucos de frutas e/ou ingredientes

aromatizantes têm obtido êxito no mercado, indicando que os consumidores estariam

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mudando sua atitude em relação a estes produtos (BEHRENS; SILVA, 2004).

Apesar da alta produtividade e de suas propriedades nutricionais e funcionais, a

soja e seus derivados protéicos ainda são pouco consumidos na alimentação do

brasileiro (BEHRENS; SILVA, 2004). Desta forma, a crescente popularidade de bebidas

de soja poderá ser uma alternativa para incluir as isoflavonas na alimentação. Contudo,

trabalhos que avaliem o teor de isoflavonas das referidas bebidas são escassos na

literatura, além de também existirem lacunas quanto ao conteúdo protéico destes

produtos nas tabelas nacionais de composição de alimentos.

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1.1 Atributos nutricionais da soja e da proteína de soja

A soja é um alimento quase completo, que contém quantidade considerável de

proteínas, lipídios, carboidratos, minerais e vitaminas, além de substâncias com funções

estruturais, hormonais, atrativas e quimiopreventivas, dentre as quais se destacam as

fibras, os carotenóides e os flavonóides (CARRÃO-PANNIZZI; MANDARINO, 1998).

Ácidos graxos

A soja é uma leguminosa de característica peculiar, uma vez que, ao contrário dos

feijões, que não apresentam gordura, aproximadamente 40% das calorias da soja

provêm deste macronutriente (WU; RODGERS; MARSHALL, 2004).

O óleo de soja possui excelente perfil de ácidos graxos, sendo constituído por

aproximadamente 85% de ácidos graxos poliinsaturados, destacando-se o ácido linoléico

e o ácido α-linolênico, sendo este último um ácido graxo da família ômega 3 de grande

importância à saúde humana (MESSINA; LANE, 2007). Todavia, as dietas de muitas

populações são bastante pobres em ômega 3 (MARCKMANN, 2003) e, desse modo, a

inclusão da soja na dieta destas populações poderia vir a suprir esta deficiência e,

consequentemente, trazer benefícios coronarianos (MESSINA, 2007).

No entanto, a dieta consumida no ocidente é rica em ácido linoléico (ômega 6),

que está presente nos óleos de milho, girassol e soja. O elevado consumo desses

alimentos implica no aumento da relação ω-6:ω-3 particularmente em populações que

não possuem o hábito de consumir tanto o óleo quanto peixes provenientes de água fria.

Esse perfil é desfavorável, pois favorece os processos inflamatórios (THOMPSON;

LOWRY, 2001). Nesse contexto, a soja deveria ser consumida com moderação em uma

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alimentação equilibrada e que incluísse a ingestão habitual de peixes de água fria.

É importante considerar que nem todos os alimentos derivados da soja são fontes

de ácidos graxos poliinsaturados. Muitos destes alimentos são considerados de “segunda

geração” ou ocidentalizados e usam como matéria-prima a proteína isolada de soja ou

proteína de soja concentrada. Estes derivados protéicos são praticamente livres de

gordura e, desse modo, não fornecem qualquer um dos ácidos graxos essenciais à dieta

(MESSINA, 2007).

Carboidratos

O grão de soja contém uma quantidade mínima de amido, sendo sua fração de

carboidratos constituída por fibra insolúvel (celulose e hemicelulose) e solúvel (pectinas e

oligossacarídeos como a sacarose, estaquiose, rafinose e verbascose) (KARR-

LILIENTAHAL et al., 2005). As fibras insolúveis da soja não são digeridas no trato

gastrointestinal humano e atuam normalizando a mobilidade intestinal, o que reduz o

risco de constipação e diverticulite. As fibras solúveis atuam diferentemente das

insolúveis, contribuindo para o controle da insulinemia de pacientes com diabetes tipo II e

sobre a redução dos níveis sanguíneos de LDL-colesterol (CHANG, 2001). De forma

geral, a soja contém aproximadamente 35 % de carboidratos (LIENER, 1994).

Proteína

As proteínas são essenciais para a dieta humana e seu valor biológico e

nutricional depende da quantidade, digestibilidade, absorção e utilização dos

aminoácidos que a compõem (FRIEDMAN; BRANDON, 2001).

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A proteína de soja é considerada uma fonte completa, uma vez que contém

praticamente todos os aminoácidos essenciais e é nutricionalmente equivalente à

proteína animal e, desta forma, pode ser empregada como fonte única de proteínas tanto

a curto, quanto a longo prazo. Entretanto, apesar de apresentar baixos teores de

metionina e cistina (VESLASQUEZ; BHATHENA, 2007), nem sempre é necessária a

suplementação desses aminoácidos, sendo indicada apenas para recém-nascidos e nos

casos de deficiência da ingestão protéica (inferior a 0,6 g de proteína/Kg/dia) (CARRÃO-

PANNIZZI; MANDARINO, 1998; MENDEZ, ANTHONY, ARAB, 2002).

Diversos estudos têm comprovado a eficiência da proteína de soja na alimentação

de crianças até um ano de idade, em homens jovens e sadios, na fase pré-dialítica da

insuficiência renal crônica, na doença de Crohn sem atividade, na desnutrição por

pancreatite crônica e quando substitui total ou parcialmente a proteína animal em

nutrição parenteral (MORAIS, 2007). Além disso, a ingestão da proteína da soja

juntamente com os fitoquímicos presentes parece estar associada a melhoras dos

sintomas da menopausa e redução do risco de doenças coronarianas, câncer, entre

outros (MESSINA, 2004).

No Quadro 1 está apresentada a composição dos aminoácidos essenciais

presentes na soja em grão, na farinha, nos derivados protéicos de soja, no leite de vaca

e no leite humano em comparação à proteína padrão (caseína).

As informações disponíveis no Quadro 1 permitem observar que o grão de soja e

seus derivados apresentam perfis de aminoácidos essenciais bastante similares entre si,

porém limitantes em metionina e cistina. Esta deficiência pode ser suprida com o

consumo combinado da soja com outros grãos, tais como o arroz (DURANTI, 2006).

O elevado percentual protéico (40%) da soja contribuiu para o aumento do

interesse de consumo do grão e de seus derivados, como fonte substituta de carne para

a alimentação humana e animal (ROSENTHAL et al., 2002). A proteína de soja está

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presente nas dietas vegetarianas, consideradas mais saudáveis, já que os vegetarianos

apresentam menor incidência de problemas cardiovasculares (FRIEDMAN; BRANDON,

2001).

Quadro 1 - Composição relativa dos aminoácidos essenciais presentes em g/100 g de

proteína padrão da FAO, nos leites de vaca e humano e nos produtos à base de soja

Aminoácido Padrão

da FAO

Leite

de vaca

Leite

humano

Grão

de soja

Farinha

de soja

Extrato

de soja

IPS*

Cistina 4,2 1,0 2,0 1,3 1,6 1,7 1,5

Isoleucina 4,2 7,5 5,5 4,5 4,7 5,1 4,7

Leucina 4,8 11,0 9,1 7,8 7,9 8,3 7,8

Lisina 4,2 8,7 6,6 6,4 6,3 6,2 6,1

Metionina 2,2 3,2 2,0 1,3 1,4 1,4 1,2

Treonina 2,8 4,7 4,5 3,9 3,9 3,8 4,2

Triptofano 1,4 1,5 1,6 1,3 1,3 1,3 1,1

Valina 4,2 7,0 6,2 4,8 5,1 4,9 4,8 Fonte: CARRÃO PANIZZI e MANDARINO

* IPS - Isolado Protéico de Soja.

As proteínas predominantes da soja são as de reserva, conhecidas como 7S e

11S, que compreendem aproximadamente 80% do total de proteínas (GARCÍA, 1998).

Outras proteínas de reserva são a 2S, 9S e 15S, porém presentes em quantidades bem

menores (VESLASQUEZ; BHATHENA, 2007).

As proteínas da soja têm sido bastante utilizadas na produção de diversos

alimentos industrializados, tais como produtos cárneos, produtos de panificação, molhos

e sopas. Nesse sentido, a incorporação desses derivados protéicos de soja (concentrado

protéico, isolado protéico e extrato de soja) reduz o custo de fabricação e confere

melhoria das propriedades físico-químicas dos produtos (GENOVESE; LAJOLO, 2001a).

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1.2 Compostos bioativos da soja

A soja e seus derivados protéicos contêm uma grande variedade de compostos

fitoquímicos, os quais parecem exercer efeito anticarcinogênico (MESSINA; LOPRENZI,

2001). Além disso, estão também associados a efeitos antiinflamatórios e antioxidantes,

protegendo o organismo contra os danos causados pelos radicais livres. Nesse sentido,

diversos compostos bioativos parecem ter um papel importante na manutenção da

homeostase do organismo (DURANTI, 2006). São eles:

Inibidores de Protease

Os inibidores de protease são proteínas não glicosiladas e conhecidas

popularmente como inibidores de tripsina. Esses inibidores são frequentemente

encontrados na soja e, apesar da ingestão crônica desses compostos, parecem não

causar danos à saúde humana (LAJOLO; GENOVESE, 2002). Atualmente, o interesse

nestes inibidores está mais focado em seu potencial benéfico em relação à saúde. Os

inibidores Bowman-Birk, por exemplo, demonstraram atividade anticarcinogênica e

antiinflamatória em diversos estudos in vitro e em experimentos com animais

(KENNEDY, 1995).

Saponinas

As saponinas da soja são triterpenos olean-12-enos contendo um grupo metílico

ligado ao carbono 28 e uma molécula de ácido glicurônico ligada ao carbono 3 e, além do

efeito hipocolesterolêmico associado, parecem também contribuir para a inibição do

desenvolvimento de tumores, tanto in vitro quanto in vivo (LAJOLO; GENOVESE, 2007).

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A ingestão de saponinas da soja através da dieta parece também contribuir para a

diminuição das lesões no cólon de camundongos, induzidas por azoximetano, sem afetar

o crescimento e a saúde global dos animais (KORATKAR; RAO, 1997).

Lectinas

As lectinas são glicoproteínas presentes em plantas e exercem diversas atividades

biológicas relacionadas a alterações da microflora intestinal, supressão do crescimento

de tumores do epitélio e redução do risco de atrofia durante a nutrição parenteral

(LAJOLO; GENOVESE, 2007).

Peptídios bioativos

Os peptídeos bioativos da soja podem estar presentes naturalmente no alimento

ou serem derivados do hidrolisado protéico da soja. Estes compostos podem atuar como

imunomoduladores e como agentes antioxidantes, estando associados à redução da

pressão arterial, decorrente da inibição da atividade da enzima conversora de

angiotensina (KITTS; WEILLER, 2003). Entre estes, a lunasina é de longe o mais

estudado e sua eficácia contra carcinógenos químicos e oncogenes foi demonstrada em

estudos utilizando culturas de células e em modelos experimentais de câncer de pele, em

ratos (JEONG; LAM; LUMEN, 2002).

Isoflavonas

As isoflavonas são fitoestrógenos encontrados apenas em leguminosas, porém

somente na soja se apresentam em concentrações significativas, sendo a classe de

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compostos bioativos da soja mais extensivamente estudada até o momento (MESSINA,

2007).

1.2.1 Estrutura química das isoflavonas

As isoflavonas são compostos provenientes do metabolismo secundário de

plantas, com estrutura básica fenólica muito semelhante à do estrógeno 17β-estradiol

(Figura 1). As características que conferem similaridade entre estes compostos são a

presença de anel fenólico, pré-requisito para a ligação ao receptor, o peso molecular

semelhante e a distância equivalente (11,5Å) entre as hidroxilas 4’ e 7 (DIXON;

FERREIRA, 2002; SONG; HENDRICH; MURPHY, 1999; HUTCHINS et al., 1995;

CASSIDY et al., 2000).

Comparadas com o 17 β-estradiol, as isoflavonas possuem pouca afinidade pelo

receptor de estrógeno alfa (REα) e alta afinidade pelo receptor β, apenas um pouco

inferior ao estrógeno (MESSINA, 2004).

Figura 1. Estrutura geral da isoflavona e do estradiol.

Sua origem química está no ciclo dos ácidos orgânicos, sendo formadas durante

todo o período de enchimento do grão (desde 35 dias após o florescimento). As

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concentrações das formas genistina e malonilgenistina aumentam no final deste período,

enquanto as formas daizina e malonildaizina aumentam durante todo o período de

enchimento do grão (CARRÃO-PANIZZI et al., 1998).

A soja possui três isoflavonas, que se apresentam em 4 formas químicas,

somando assim 12 isômeros: as agliconas daidzeína, genisteína e gliciteína; os β-

glicosídeos daidzina, genistina e glicitina; os derivados glicosilados acetilados 6˝-O-

acetildaidzina, 6˝-O-acetilgenistina, 6˝-O-acetilglicitina e os derivados malonilados 6˝-O-

malonildaidzina, 6˝-O-malonilgenistina, 6˝-O-malonilglicitina (WANG et al., 1998, KUDOU

et al., 1991; GRÜN et al., 2001, WANG; MURPHY, 1994a,b) (Figura 2)

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Agliconas:

Glicosiladas:

-glicosídeos acetilglicosídeos malonilglicosídeos

Figura 2. Estrutura química das isoflavonas da soja.

genisteína

daidzeína

gliciteína

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1.2.2 Absorção e metabolismo das isoflavonas

Embora ainda exista controvérsia sobre a importância das isoflavonas na saúde

humana, é fundamental a compreensão e o entendimento de como estes compostos são

absorvidos e metabolizados, após o consumo.

Nos alimentos, as isoflavonas presentes estão ligadas a açúcares, como β-

glicosídeos. Nestas formas, não são absorvidas pelo organismo humano, devido ao

elevado peso molecular e por serem bastante hidrofílicas (LIU; HU, 2002). Somente as

isoflavonas livres são capazes de atravessar a membrana plasmática do epitélio

intestinal (ESTEVES; MONTEIRO, 2001).

Após a ingestão, as isoflavonas conjugadas são hidrolisadas pelas glicosidases

intestinais, liberando as agliconas daidzeína, genisteína e, em menor proporção, a

gliciteína (PASCUAL-TERESA, 2006). Após a conversão em aglicona, cerca de 1/3 é

absorvido como isoflavona livre, sendo o restante fermentado por bactérias do lúmen

intestinal, transformado em metabólito específico e, posteriormente, absorvido. A

daidzeína pode ser convertida em equol, diidrodaidzeína e O-desmetilangolensina

(ODMA), enquanto a genisteína é convertida no composto p-etilfenol (SETCHELL et al.,

2002a). O metabolismo das isoflavonas parece variar bastante entre os indivíduos e é

influenciado por outros componentes dietéticos. A elevada ingestão de carboidratos, por

exemplo, promove aumento dos processos fermentativos, favorecendo a ação da

microflora intestinal e, consequentemente, a conversão da daidzeína em equol (LARKIN;

PRICE; ASTHEIMER, 2008).

Conforme dito anteriormente, existe variabilidade considerável na eficiência

digestiva das isoflavonas. Somente as formas agliconas e seus produtos metabólicos são

absorvidos pelo epitélio intestinal, possivelmente por difusão passiva não iônica

(SETCHELL et al., 2002a,b), via micelas. A hidrólise e a absorção inicial parecem ocorrer

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rapidamente no duodeno e jejuno proximal durante a primeira hora do processo digestivo

(SETCHELL et al., 2001; ROWLAND et al., 2003), continuando a ocorrer ao longo de

todo o intestino (SETCHELL et al., 2003). Após a etapa absortiva, as agliconas e/ou

metabólitos são transportados pelo sistema porta-hepático até o fígado, onde são

eficientemente conjugados com ácido glicurônico (95%) e, em menor proporção, com o

grupamento sulfato. Esta conjugação permite que as isoflavonas permaneçam na

circulação por um longo período de tempo, uma vez que são transportadas via circulação

sistêmica até os tecidos, de onde podem eventualmente ser excretadas pelos rins ou

absorvidas e novamente conjugadas (LARKIN; PRICE; ASTHEIMER, 2008).

Similarmente aos estrógenos, estas substâncias podem retornar à circulação

entero-hepática, por meio da qual as isoflavonas (conjugadas com ácido glicurônico ou

sulfato) são desconjugadas no intestino e reabsorvidas ou excretadas pelas fezes.

Entretanto, a eliminação urinária destes compostos é maior, correspondendo a

aproximadamente 10 a 30% da ingestão dietética (SETCHELL, 1998).

Diversos fatores, porém, podem influenciar a absorção de componentes do

alimento, incluindo hábito alimentar, matriz alimentar, fermentação e tempo de trânsito

intestinal. Em estudos de biodisponibilidade, a matéria-prima utilizada e sua distribuição

de isoflavonas são fatores importantes para a determinação da farmacocinética deste

fitoestrógeno e de seus potenciais efeitos fisiológicos (LARKIN; PRICE; ASTHEIMER,

2008).

De acordo com Izumi et al. (2000), testes com isoflavonas agliconas (IFA) e

isoflavonas glicosiladas (IFG) revelaram que as agliconas apresentam maior absorção

em humanos se comparadas com a sua forma conjugada. As IFG necessitam de tempo

maior para atingir sua concentração plasmática máxima, ao contrário do que acontece

com as IFA, no entanto ainda existe bastante controvérsia sobre esse tema. Além disso,

a genisteína parece ser absorvida mais eficientemente que a daidzeína, se mantendo em

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alta concentração plasmática. Avaliando a farmacocinética das IFG em homens

japoneses depois do consumo de 60 g de extrato de soja, Watanabe et al. (1998)

registraram que a concentração plasmática de genisteína (1/2 vida 8,4h) foi maior do que

a da daidzeína (1/2 vida 5,8h), sendo a excreção urinária da daidzeína maior que a da

genisteína. No entanto, os indivíduos pareceram absorver as isoflavonas de maneiras

diversas. Isso pode ser devido a diferenças na microbiota intestinal. A produção de

metabólitos a partir das isoflavonas pode afetar a sua bioatividade. Apenas um terço dos

indivíduos parece produzir equol e a produção de O-DMA também parece variar

(WATANABE et al., 1998).

1.2.3 Efeitos benéficos das isoflavonas

Conforme já explicado, as isoflavonas possuem estrutura química semelhante ao

estrógeno, sendo capazes de se ligar aos receptores estrogênicos α e β. Seu efeito varia

dependendo do órgão alvo do corpo humano, do tipo de célula, da concentração de

isoflavonas, da condição hormonal, idade, etc. (BADGER et al., 2002). Entretanto, em

estudos epidemiológicos, in vitro e em modelos animais, estes compostos também

exibiram efeitos não hormonais, tais como a redução do risco de doenças

cardiovasculares (BRANDI, 1997).

Uma aplicação clínica bastante conhecida das isoflavonas diz respeito à pós-

menopausa. A terapia de reposição hormonal (TRH) é frequentemente prescrita para

mulheres em fase de climatério com o objetivo de prevenir a perda da densidade óssea,

a qual pode causar osteoporose. Porém, o uso de hormônios sintéticos aumenta o risco

de doenças cardíacas, assim como o risco de câncer endometrial (BARNES, KIM; XU,

2002). Nesse sentido, fontes alternativas de estrógenos têm sido constantemente

investigadas, tendo se destacado o grão de soja, devido à presença de isoflavonas, as

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quais apresentam atividade estrogênica fraca, significando menor atividade hormonal no

corpo humano em relação aos hormônios sintéticos (CLAUPACH et al., 2002).

Em relação à osteoporose, a revisão dos estudos aleatorizados controlados,

duplo-cego com grupo controle, duração maior que seis meses e com mulheres na pós-

menopausa, mostrou que as isoflavonas teriam efeito benéfico, mas as evidências não

são conclusivas devido ao limitado número de estudos (CASSIDY et al., 2006). No

entanto, Huang et al. (2006) estudaram o efeito da suplementação de isoflavonas em

mulheres na pós-menopausa e constataram aumento da densidade óssea no fêmur

dessas mulheres. Resultados similares foram encontrados por Harkness et al. (2004)

com doses de 110 mg/dia de isoflavonas; enquanto Arjmandi et al. (2005) não

detectaram mudança significativa da densidade óssea neste grupo populacional,

utilizando doses de 60 mg/dia de isoflavonas.

A terapia de suplementação com isoflavonas contribui também para a diminuição

significativa de fogachos, sendo este percentual de redução relacionado ao número basal

de fogachos diários e à dose de isoflavonas consumida. Dessa forma, os benefícios mais

aparentes seriam obtidos em mulheres que sofrem grande número de fogachos diários

(HOWLES, L.; HOWLES, J.; KNIGHT, 2006).

Os efeitos benéficos associados ao consumo regular da soja parecem depender

da quantidade de isoflavonas ingerida, que deve ser de aproximadamente 50 mg por dia

(BARNES et al., 2002; TSUKAMOTO et al., 2001; MARANHÃO, 2001). Em relação às

doenças crônicas não transmissíveis, diversos estudos epidemiológicos associam à

baixa incidência destas enfermidades em países da Ásia à alta ingestão de isoflavonas,

variando de 40 a 80 mg/dia (HERMAN, 1995), ao passo que na América somente de 1 a

3 mg/dia são consumidos (CLAUPACH et al., 2002). A presença de isoflavonas nos

alimentos à base de soja auxiliaria na prevenção do câncer de mama, de próstata, do

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intestino, de fígado, de bexiga e do estômago, embora ainda exista bastante controvérsia

sobre este tema (LOFA; WEIDERPRESS, 2006).

O consumo de soja tem sido também associado à redução de doenças

cardiovasculares, manifestadas através de alterações lipídicas, tais como a diminuição

do colesterol LDL e triglicérides, aumento do colesterol HDL; além de efeitos benéficos

sobre a função endotelial, redução da pressão arterial (RIVAS et al., 2002), atuação

sobre resistência insulínica e redução da progressão de placa de aterosclerose

(CLAUPACH, 2002). Jou et al. (2005) reportaram que o tratamento durante 12 semanas,

com a administração de 70 mg/dia de isoflavonas em mulheres perimenopausadas, não

alterou os níveis plasmáticos de lipoproteínas, mas reduziu significantemente os

sintomas vasomotores e somáticos.

Apesar de pesquisas em animais sugerirem que a proteína de soja reduz o

colesterol sanguíneo, estudos similares em humanos têm apresentado resultados menos

consistentes (ESTEVES; MONTEIRO, 2001).

Segundo Cassidy et al. (2006), os efeitos clínicos das isoflavonas irão depender

do teor encontrado no alimento e de sua biodisponibilidade, que, por sua vez, é

influenciada pela quantidade e forma química das isoflavonas (e.g. glicosídeo x aglicona),

pelo seu metabolismo, pela forma de administração (matriz alimentar, suplementos) e

pela presença de outros componentes alimentares oriundos da dieta.

O Quadro 2 apresenta os efeitos benéficos à saúde humana atribuídos à presença

de isoflavonas e/ou à proteína de soja, sendo os dados adquiridos da literatura vigente.

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Quadro 2. Efeitos da ingestão da proteína de soja e/ou de isoflavonas à saúde humana Autor Tipo de estudo Duração do

experimento (semanas)

n idade (anos)

Tipo de pacientes Intervenção (g/d) dieta/produto

Efeitos

Harland et al. (2008) Meta-análise (42) 16 duplo-cego

14 corte transverssal 16 cross-over

4 – 52 2913 27 – 67

N HC HP

29,6 g IPS, concentrado de soja, alimentos contendo soja

Redução do LDL-c, TG, CT

Sacks et al. (2006) Meta-análise (22)

4 – 12 780 30 - 67

N HC

50 g IPS

Redução do LDL-c (3%)

Balk et al. (2005) Meta-análise (49) > 4 > 13 NE 14-113 g proteína de soja média de 180 mg isoflavonas/dia

Redução do LDL-c (4%)

Weggemans (2003) Meta-análise (10) 4 – 24 959 41 - 63

NE 36 ± 12 soja + 52 ± 30 mg isoflavonas

ISP, TVP, suplemento (IPS), tofu

Redução do LDL-c (5%)

Sites et al. (2007) Original 12 18 55,6 - 66,0

Mulheres pós-menopausa

20 g proteína de soja Controle – 20 g caseína e dieta

isocalórica

Redução da gordura subcutânea, não alterou a

produção de insulina Goodman-Gruen et al.

(2001) Corte transverssal 4 208

45 - 74 Mulheres pós-

menopausa Questionário alimentar

1,3 ± 2,4 genisteína

As mulheres que consumiram moderadamente a genisteína

(0,2 ± 0,3) tenderam a apresentar pressão sanguínia

reduzida, aumento do HDL-c e diminuição da produção de

insulina pós-prandial. Jou et al. (2005) Prospectivo, randomizado 6 48

Mulheres na pré-

menopausa Suplementos de isoflavonas

35 mg isoflavonas 70 mg isoflavonas

Melhora dos sintomas climatéricos (secura vaginal,

ansiedade, sintomas somáticos) em ambas as doses.

Uesugi et al.(2002) Randomizado, duplo-cego com grupo controle

4 25

Mulheres na pré-menopausa

Suplementos de isoflavonas 61,8 mg/dia

Melhora da reabsorção óssea em mulheres japonesas, assim como diminuição do LDL-c

Rivas et al. (2002) Original 12 40 18 H (14-70 a) 15 M (15-70)

HP grau 1 ou 2 500 mL de extrato de soja (2 x dia) – 80 mg genisteína e 63 mg

daidzeína Controle – 500 mL leite de vaca (2

x dia)

Redução da pressão arterial do grupo experimental, para

ambos os sexos.

Cuevas et al. (2003) Estudo tipo cross-over, randomizado e duplo-cego

8 18 Mulheres HC na pós-menopausa

40 g IPS ou 80 mg de isoflavonas Melhora da função endotelial

Laurin et al. (1991) Original 104 9 Crianças HC Bebidas de soja (IPS), (1596 calorias) contendo 20% de Pt

Aumento de 4% do HDL-c

*N – pacientes normais; HC – hipercolesterolêmicos; HP – hipertesos; NE – Não especificado; IPS – isolado protéico de soja; TVP – proteína texturizada de soja; PT – proteína; H- homens; M- mulheres HDL-c (High density lipoprotein cholesterol); LDL-c (Low density lipoprotein cholesterol); TG- triglicérides; CT (total cholesterol).

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33

1.3 Bebidas à base de soja

O consumo de bebidas à base de soja cresceu gradualmente nos últimos anos,

indo de quase 51 milhões de litros em 2002 para 110,5 milhões em 2005. No setor de

alimentos à base de soja, tanto no Brasil como nos Estados Unidos e na Europa, é a

linha de bebidas que mais cresce: cerca de 30% ao ano no Brasil e 25% ao ano nos

Estados Unidos (ABREU, 2007).

Essas bebidas à base de soja adicionadas de sucos de fruta são parte da nova

geração de produtos de soja e, aliado ao rápido crescimento do mercado consumidor,

mostram seu potencial como fonte de isoflavonas na dieta ocidental (POTTER et al.,

2007). Podem ser elaboradas utilizando-se tanto o extrato hidrossolúvel de soja como o

Isolado protéico de soja.

O extrato de soja, também conhecido como “leite” de soja, é um dos produtos

obtidos a partir do grão de soja mais difundido comercialmente. Inicialmente, o seu

consumo no Ocidente se restringia principalmente a pessoas com intolerância à lactose,

vegetarianos e indivíduos com restrições alimentares (ROSENTHAL et al., 2002).

Atualmente, Behrens e Silva (2004) constataram, em um estudo na Universidade de

Campinas, que 30% dos alunos e funcionários, reportaram gostar de alguns produtos de

soja, incluindo o grão de soja, o tofu e o “leite” de soja.

A expansão de consumo deste extrato tem sido impulsionada pelo novo enfoque

da soja relacionada com a redução do risco de algumas doenças e pelo interesse da

indústria em desenvolver alimentos com propriedades ditas funcionais (PRUDÊNCIO et

al., 2002). Além disso, o extrato de soja (líquido ou em pó) possui ampla aplicabilidade na

indústria alimentícia, podendo ser consumido na forma de bebida ou utilizado como

ingrediente em produtos lácteos, tais como iogurtes, formulados infantis, sorvetes e

cremes, pois apresenta baixo custo e alto teor protéico (CABRAL, 1997).

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34

No Brasil, o consumo do extrato de soja tem aumentado em função de novos

produtos à base de extrato hidrossolúvel de soja (EHS), em combinação com sucos de

fruta, que vêm sendo comercializados com sucesso no mercado nacional desde o final

da década de 1990. Estes produtos possuem sabor agradável, que pouco lembra o sabor

característico da soja. A presença e a expansão da linha destes produtos no mercado

brasileiro, nos últimos anos, indicam que os consumidores foram receptivos e os

incorporaram aos seus hábitos alimentares (AIZO, 1997; BEHRENS; SILVA, 2004).

1.3.1 Extrato de soja

“O extrato de Soja é o produto obtido a partir da emulsão aquosa resultante da

hidratação dos grãos de soja, convenientemente limpos, seguido de processamento

tecnológico adequado, adicionado ou não de ingredientes opcionais permitidos, podendo

ser submetido à desidratação total ou parcial” (BRASIL, 1978). Foi introduzido como

alimento para crianças em alguns países do Oriente, especialmente na China, enquanto

no Japão era utilizado tradicionalmente para a produção de tofu. Esses produtos são

considerados alimentos tradicionais da dieta de países asiáticos (China, Coréia, Japão) e

há indícios de que a população já conhecia e consumia o grão de soja durante a dinastia

Shang, na China imperial (FAO, 1991), enquanto no Ocidente o consumo dessa bebida

ainda está em fase de expansão.

No Ocidente, o sabor, que lembra o de feijão cru, é sem dúvida o principal

inconveniente do extrato de soja tradicional. Este off-flavor característico do grão de soja

provém de algumas cetonas e aldeídos, particularmente hexanais e heptanais,

produzidos por reações de oxidação do óleo de soja. Algumas técnicas têm sido

utilizadas para minimizar este flavor :

inativação da lipoxigenase por tratamento térmico;

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35

o desengorduramento da farinha de soja para a produção de isolados e

concentrados protéicos de soja;

a remoção de componentes voláteis por evaporação (desodorização), após serem

formados no extrato aquoso de soja;

a adição de açúcares e ingredientes aromatizantes (e.g. chocolate);

a utilização de variedades de soja livres de lipoxigenases (FAO, 1992).

1.3.1.1 Processamento do extrato de soja

Processo tradicional

O processo de produção convencional do extrato de soja envolve a hidratação dos

grãos, trituração, tratamento térmico e filtração. Os grãos já lavados e macerados são

postos em remolho com água fria durante doze horas, sendo em seguida moídos e

aquecidos a 100 ºC para, então, passarem por um processo de filtração que separa o

extrato aquoso de seu resíduo insolúvel, o okara (FAO, 1991; WANG; MURPHY, 1996).

O produto assim obtido apresenta vantagens em relação ao leite de vaca devido à

presença de ácidos graxos essenciais (mono e poliinsaturados na soja versus os

saturados do leite); além da presença de outros compostos tais como a lectina, os

fitoesteróis e o ferro, já reconhecidamente benéficos à saúde e desvantagens em relação

aos teores de cálcio e potássio. No entanto, seu sabor e aroma são desagradáveis,

sendo inadequados tanto para a produção de extrato de soja de boa qualidade quanto de

sobremesas lácteas à base de soja, como os iogurtes.

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36

Processamento atual

Segundo a FAO (1992), a elaboração do extrato de soja consta dos seguintes passos:

1. Limpeza e seleção do grão – A limpeza é um dos passos mais importantes para a

produção do extrato de soja de excelente qualidade. A remoção de materiais

estranhos pode evitar o aparecimento de sabores e odores desagradáveis, além de

reduzir a contagem microbiana associada à presença de materiais estranhos.

2. Remoção do pericarpo – Essa operação se refere à eliminação da superfície externa

do grão de soja e contribui para melhorar o flavor e a vida de prateleira do produto.

3. Branqueamento/inativação enzimática – Possui duas funções: a hidratação dos

cotilédones e a inativação de enzimas. Além disso, favorece a remoção de

oligossacarídeos solúveis em água e contribui para a inativação de inibidores de

tripsina.

4. Eliminação da água e lavagem com água quente – Responsável pela conversão da

soja em uma solução coloidal e sem atividade enzimática, devido à adição de

bicarbonato de sódio.

5. Centrifugação (separar fibras) – Importante para a separação das frações solúvel e

insolúvel da bebida. Promove melhora da textura do produto. Durante esta etapa, a soja

é moída e, ao mesmo tempo, centrifugada.

6. Desodorização – Importante para remover os compostos voláteis e responsáveis pelo

off-flavor da soja.

7. Padronização – Consiste em adicionar água ao extrato de soja até a obtenção do teor

protéico desejado.

8. Formulação – Adição de ingredientes para a melhora de aceitabilidade da bebida. A

adição de óleo de soja resulta em maior cremosidade para a bebida e aumento das

calorias.

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37

9. Fortificação – Adição de vitaminas e minerais, tais como as vitaminas do complexo B

e o cálcio, respectivamente.

10. Homogeneização – Distribui uniformemente os glóbulos de gordura, melhorando a

cremosidade do produto e uniformizando sua consistência.

11. Tratamento térmico (sistema UHT) – Utilizado para inativação de microrganismos e

para desodorizar o produto.

12. Resfriamento até 2 ºC.

13. Envase asséptico.

O extrato de soja assim obtido possui melhor qualidade sensorial, sendo bastante

utilizado em iogurtes, doce de “leite de soja”, leite condensado e também em bebidas

prontas para o consumo. Nutricionalmente, o extrato de soja apresenta 17,7% de lipídios,

33% de proteínas, 41,4% de carboidratos e 2,4% de cinzas (em base seca) (BOWLES;

DEMIATE, 2006). O processamento atual, além de produzir extrato de soja de melhor

qualidade e de sabor mais ameno, promove também o aumento da digestibilidade de sua

proteína, bem como inativa os inibidores de proteases e outros fatores antinutricionais,

embora possa ocorrer atividade residual significativa de inibidores de proteases em

produtos da soja, após tratamento térmico (BAYRAM; KAYA; ONER, 2004).

O teor e o perfil de isoflavonas no extrato de soja podem variar de acordo com o

processamento. Durante a primeira etapa para a obtenção do extrato de soja, por

exemplo, os grãos são postos em remolho em água fria e, decorrente desse processo,

ocorre diminuição do teor de isoflavonas (4 – 10%) devido à lixiviação destes compostos.

Já a sua distribuição não é alterada durante o processo (WANG; MURPHY, 1996), a não

ser que ocorra o prolongamento do tempo de remolho (12 h) e o aumento da

temperatura. Desse modo, as concentrações de agliconas tendem a aumentar devido à

maior atividade da enzima β-glicosidase, a qual é responsável por reações de hidrólise

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dos conjugados glicosídicos das isoflavonas para formar as agliconas correspondentes.

A etapa de cozimento resulta em variações do perfil de isoflavonas: ocorre diminuição

dos malonilglicosídeos devido a sua instabilidade térmica, aumento das agliconas e dos

glicosídeos de daidzina e genistina, enquanto a filtração não altera a distribuição de

isoflavonas, entretanto, reduz o seu teor. O extrato de soja apresenta um menor

percentual de agliconas e de derivados acetilados, mas alta concentração de conjugados

glicosilados e malonilados, se comparado ao okara (resíduo insolúvel da soja) devido à

baixa solubilidade das agliconas em meio aquoso (WANG; MURPHY, 1996).

De acordo com o exposto, o perfil de isoflavonas depende da temperatura usada

durante o processo de produção de bebidas de soja. Estudos realizados por Coward et

al. (1998) identificaram a conversão completa dos malonil-β-glicosídeos e acetil-β-

glicosídeos. De forma semelhante, o aquecimento a 80 ºC do extrato de soja por 3h foi

suficiente para a conversão de isoformas de malonil-β-glicosídeos para β-glicosídeos

(GENOVESE; HASSIMOTTO; LAJOLO, 2005). A Figura 3 mostra as possíveis

modificações que podem ocorrer na estrutura química das isoflavonas.

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R R1

Daidzeína H H

Genisteína H OH

Gliciteína OCH3 H

Figura 3. Estruturas químicas das isoflavonas e possíveis modificações por quebras nos sítios do 6˝-O-malonil-β-glicosídeo, 6˝-O-acetil-β-glicosídeo e conjugados de β-glicosídeos. Adaptado de Wang e Sporns (2000).

Todo esse processamento descrito anteriormente é utilizado na fabricação de

bebidas de soja, que podem apresentar adição de suco concentrado de fruta, além de

outros aditivos, tais como os acidulantes, emulsificantes e aromatizantes.

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1.3.2 Isolado protéico de soja

Outra forma de adição da soja nas bebidas é através do isolado protéico (IPS),

definido como sendo a fração protéica da soja obtida a partir de processo tecnológico

adequado (BRASIL, 1978) e, pelas suas características funcionais, é bastante utilizado

em suplementos alimentares (misturas em pó), bebidas prontas para consumo,

panificação e como agente de consistência para produtos cárneos (KINSELLA, 1979).

O IPS é a forma mais concentrada de proteína de soja disponível comercialmente,

contendo aproximadamente 90% deste macronutriente. É elaborado a partir do processo

de extração aquosa da farinha desengordurada de soja, em pH alcalino; sendo removida

a fibra alimentar (fração não-protéica insolúvel) e, após precipitação no ponto isoelétrico

das proteínas, os açúcares (solúveis em água). O precipitado é lavado com água e seco

por atomização, resultando no isolado isoelétrico; ou pode ser neutralizado com hidróxido

de sódio ou potássio antes da secagem, formando o proteinato de sódio ou potássio

(Figura 4). Esses proteinatos apresentam a vantagem de maior dispersibilidade em água

que os isolados isoelétricos, que são insolúveis em água (WANG et al., 1998).

Podem ser utilizados frequentemente nas bebidas à base de soja, porém

apresentam teores variados de isoflavonas. Os IPS obtidos por extração aquosa

apresentam baixos teores de isoflavonas em relação à farinha e ao grão de soja

(ANDERSON; WOLF, 1995) e, em relação ao seu perfil, contêm maior concentração de

agliconas do que de glicosídeos desesterificados. O processamento de secagem do

isolado por atomização leva à maior proporção de acetilglicosídeos e decréscimo de

malonilglicosídeos, como resultado do aquecimento. Porém, isso não se observa quando

se utiliza a liofilização (WANG; MURPHY, 1996; WANG; MURPHY, 1994a).

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Figura 4. Etapas do processamento industrial do isolado protéico de soja. Adaptado de

Wang e Murphy (1994).

Farinha desengordurada de soja

Extração ( 1:10 ou 1:20 m/v)

Centrifugação

resíduo

Sobrenadante

Precipitação protéica

Centrifugação

Precipitado sobrenadante

Centrifugação

Secagem (atomização)

Isolado isoelétrico Proteinatos de Na ou K

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A utilização do IPS está aumentando e novos produtos vêm sendo desenvolvidos,

juntamente com as pesquisas crescentes no campo das isoflavonas. O aumento de

consumo das bebidas à base de soja disponíveis comercialmente parece estar também

associado à incorporação do IPS, o qual, por não conferir o flavor característico da soja,

contribui para um produto de sabor mais agradável ao paladar dos brasileiros. No

entanto, o teor de isoflavonas destas bebidas não é conhecido, o que justifica a

realização deste trabalho.

1.3.3 Compostos fenólicos x capacidade antioxidante

As bebidas à base de soja apresentam, além das isoflavonas, outros compostos

fenólicos, que podem ser provenientes tanto da adição de sucos de fruta como de

aditivos utilizados frequentemente na formulação dos produtos.

Esses compostos agem como potentes antioxidantes, protegendo o organismo

frente às espécies reativas de oxigênio (DEVASAGAYAM et al., 2004).

As espécies reativas de oxigênio (EROs) são formadas in vivo durante o

metabolismo aeróbio. No entanto, a produção excessiva destes compostos pode estar

envolvida com a etiologia de várias doenças, incluindo doenças crônicas não

transmissíveis (DCNT) (ZULUETA et al., 2006; HUANG; PRIOR, 2005). Além disso, os

radicais livres também causam danos ao DNA, favorecendo os processos de

mutagênese e carcinogênese. Portanto, é necessário bloquear ou atenuar os efeitos

deletérios dessas espécies quimicamente ativas através de antioxidantes endógenos ou

adquiridos pela dieta (HARBORNE; WILLIANS, 2000).

Por definição, antioxidante é qualquer substância que, mesmo presente em baixas

concentrações quando comparada ao substrato oxidável, atrasa ou inibe a oxidação

desse substrato de maneira eficaz (SITES; STAHL, 1995). Os antioxidantes exógenos

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estão naturalmente presentes nos alimentos e abrangem número relativamente grande

de substâncias, nos quais se enquadram as vitaminas e os compostos fenólicos. Entre os

compostos fenólicos estão as isoflavonas e os ácidos fenólicos da soja, os polifenóis e as

catequinas do chá, as antocianinas do vinho, entre outros (SEIFFRIED et al., 2007;

RICE-EVANS; MILLER; PAGANGA, 1996).

Diversos estudos epidemiológicos, ensaios experimentais em animais e em cultura

de células humanas sugerem que há um papel importante dos compostos fenólicos

provenientes da dieta, os quais atuam na redução do risco de doenças cardiovasculares,

câncer, diabetes ou osteoporose. Nesse sentido, as propriedades antioxidantes

atribuídas aos fenólicos parecem desempenhar uma importante função. Evidências

científicas indicam que os compostos fenólicos podem reduzir danos oxidativos causados

por EROs a biomoléculas vitais, tais como o DNA, os lipídios e as proteínas. Dessa

forma, os compostos fenólicos são elementos importantes para a manutenção da

homeostase da célula e contribuem para a redução do risco de DCNT associadas ao

estresse oxidativo (SCALBERT et al., 2005).

A capacidade antioxidante dos polifenóis está associada a sua estrutura química

(SCALBERT et al., 2005). Rice-Evans et al. (1997) mencionam que as propriedades

redutoras dos polifenóis, como compostos doadores de elétrons, indicam seu potencial

para atuar como agentes sequestradores de radicais livres, chegando a mostrar in vitro

uma atividade ainda maior que algumas vitaminas antioxidantes, tais como as vitaminas

E e C. Além disso, os compostos fenólicos obtidos da dieta podem modular a resposta

antioxidante da célula, através da estimulação de enzimas antioxidantes, como a

superóxido dismutase (SOD) e a catalase (CAT) (SHETTY; WAHLQVIST, 2004). A

capacidade antioxidante, no entanto, é afetada negativamente com a glicosilação dos

flavonóides e com a substituição do grupo hidroxila pelo metoxila (HASSIMOTTO et al.,

2005).

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Quanto à capacidade antioxidante da soja, diversos estudos foram realizados em

nosso laboratório, partindo-se da análise de isoflavonas presentes em produtos

derivados de soja. A capacidade antioxidante das isoflavonas foi relacionada ao número

de grupos hidroxilas presentes em sua estrutura química (RUIZ-LARREA, 1997) e,

segundo alguns autores, a ocorrência de metilação na hidroxila da posição C-4' e a

conjugação com glicose ou sulfato na hidroxila da posição C-7 reduzem a capacidade

antioxidante das isoflavonas (RÜFER; KULLING, 2006). Lee et al. (2004) também

relataram redução da capacidade antioxidante das isoflavonas quando conjugada à

glicose (50-100 vezes). Em produtos processados, tais como o tofu, a capacidade

antioxidante tende a ser 50% inferior quando comparada à soja crua, o que indicaria que

alguns métodos de processamento da soja afetariam a capacidade de sequestro de

radicais livres (LEE et al., 2004).

A capacidade antioxidante determinada pelo método de redução do Folin-

Ciocalteau é muito bem aceita, além de ser simples e reprodutiva. Atualmente este é um

dos métodos preconizados para avaliar a capacidade antioxidante através do poder

redutor de extratos de amostras vegetais (PRIOR, 2005). Como ele não é específico para

compostos fenólicos, existe a possibilidade de ser reduzido por outros compostos, como

o ácido ascórbico, levando à superestimação dos resultados (HUANG et al., 2005).

No entanto, não existe um método universal para avaliar a capacidade

antioxidante, uma vez que as metodologias utilizadas são geralmente pontuais ou

avaliam uma única propriedade.

O crescente interesse no estudo de compostos antioxidantes naturais tem sido

acompanhado pelo incremento das vendas de bebidas prontas para o consumo

(ZULUETA et al., 2006). Muitas dessas bebidas apresentam proteína de soja e suco

concentrado de fruta. Diversos estudos analisaram o teor de fenólicos totais e a

capacidade antioxidante de polpas e sucos de fruta, evidenciando a existência de

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diferenças marcantes quanto aos teores destes compostos. Não existem, porém, na

literatura brasileira, estudos que avaliem o efeito potencial in vitro destas bebidas; assim

a determinação de isoflavonas e a avaliação da capacidade antioxidante vêm a suprir

essa lacuna.

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2. OBJETIVOS

Avaliar as bebidas à base de soja disponíveis no mercado brasileiro em relação a:

capacidade antioxidante;

teor e perfil de isoflavonas;

teor protéico;

estudar o efeito do armazenamento dessas bebidas e do grão de soja em

temperatura ambiente durante o prazo de validade do produto sobre o teor de

isoflavonas e capacidade antioxidante.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

Amostras

As bebidas à base de soja foram adquiridas no comércio local da cidade de São

Paulo, sendo provenientes de três diferentes lotes. Inicialmente foram analisadas três

caixas de cada lote e, já que os resultados foram bastante similares, optou-se pelo estudo

de apenas uma caixa da bebida de soja para cada lote.

Para a seleção das amostras foi realizado levantamento dos referidos produtos

nas principais redes de supermercados da cidade de São Paulo. Onze marcas

comerciais de bebidas de soja foram amostradas para a realização das análises

propostas no estudo: Ades e Ades light, Sufresh, Shefa, Del Valle, Batavo, Sollys, Tonyu,

Viver, Purity, Elegê e Mupy. Após o recebimento, as amostras foram mantidas

refrigeradas até o momento da análise. Depois de abertas, foram armazenadas em

freezer (a -18 ºC), durante todo o período de estudo.

O Quadro 3 apresenta a caracterização das bebidas à base de soja, no que se

refere aos ingredientes utilizados em sua fabricação, de acordo com os respectivos

rótulos.

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Quadro 3 - Listagem de ingredientes de bebidas à base de soja, de acordo com o fabricante

Produtos Ingredientes Vitamina C (mg/200 mL)

Ades frutas (Unilever S/A) (maçã, abacaxi, goiaba, maracujá, manga, pêssego, laranja, morango, uva e melancia)

Água, extrato de soja, açúcar, suco concentrado da respectiva fruta,

vitamina C, estabilizante pectina e cloreto de cálcio, corantes naturais

carmim e urucum, aromatizante, acidulante ácido cítrico.

24

Ades abacaxi/hortelã (Unilever S/A)

Água, extrato de soja, açúcar, suco concentrado de abacaxi, vitamina C,

estabilizantes pectina e cloreto de cálcio, corantes naturais clorofila e cúrcuma, aromatizante, acidulante ácido cítrico.

28

Ades pêssego/tangerina (Unilever S/A)

Água, extrato de soja, açúcar, sucos concentrados de pêssego e de

tangerina, vitamina C, estabilizantes pectina e cloreto de cálcio, corantes

naturais urucum e β-caroteno, aromatizante, acidulante ácido cítrico.

28

Ades limonada suíça (Unilever S/A)

Água, extrato de soja, açúcar, suco concentrado de limão, vitamina C,

estabilizantes pectina e cloreto de cálcio, corantes naturais urucum e β-caroteno, aromatizante, acidulante ácido cítrico.

28

Ades uva light (Unilever S/A)

Água, extrato de soja, maltodextrina, suco concentrado de uva, vitamina C,

estabilizante pectina, cloreto de cálcio e goma guar, aromatizante, acidulante

ácido cítrico e ácido málico, regulador de acidez citrato de sódio, corante carmim,

edulcorantes artificiais sucralose (12 mg/100 mL) e acessulfame-K (9 mg/100

mL).

30

Ades maçã light (Unilever S/A)

Água, extrato de soja, maltodextrina, suco concentrado de maçã, vitamina C,

estabilizantes pectina e goma guar, aromatizante, acidulantes ácido cítrico e ácido málico, aromatizante, regulador de

acidez citrato de sódio, edulcorantes artificiais sucaralose (13 mg/100mL) e

acessulfame -K (10 mg/100 mL).

30

continua

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Quadro 3 - Listagem de ingredientes de bebidas à base de soja, de acordo com o fabricante continuação

Produtos Ingredientes Vitamina C (mg/200 mL)

Ades manga light (Unilever S/A)

Água, extrato de soja, maltodextrina, suco concentrado de manga, vitamina C,

estabilizantes pectina e goma guar, aromatizante, acidulante ácido cítrico, corante urucum, regulador de acidez

citrato de sódio, edulcorantes artificiais sucaralose (10 mg/100mL) e acessulfame

-K (10 mg/100 mL).

30

Ades pêssego light (Unilever S/A)

Água, extrato de soja, maltodextrina, suco concentrado de pêssego, vitamina C, estabilizantes pectina, cloreto de cálcio e

goma guar, aromatizante, acidulante ácido cítrico e ácido málico, regulador de acidez citrato de sódio, corante urucum e carmim,

edulcorantes artificiais sucaralose (13 mg/100mL) e acessulfame -K (10 mg/100

mL).

30

Ades laranja light (Unilever S/A)

Água, extrato de soja, maltodextrina, suco de laranja, vitamina C, estabilizantes

pectina, cloreto de cálcio e goma guar, aromatizante, acidulantes ácido cítrico e ácido málico, regulador de acidez citrato

de sódio, edulcorantes artificiais sucaralose (13 mg/100mL) e acessulfame -K (10 mg/100 mL), corantes urucum e β-

caroteno.

30

Ades original (Unilever S/A)

Extrato de soja, açúcar, sal, vitaminas (C, E, B6, ácido fólico, D, B12), aromatizante (aroma idêntico ao natural de baunilha),

espessante goma carragena, estabilizante lecitina de soja.

18

Tonyu frutas (Yacult S/A) (abacaxi, maçã, maracujá e laranja/mamão)

Extrato de soja, suco da respectiva fruta, açúcar, estabilizante pectina cítrica, acidulante citrato de sódio, aroma.

NA*

Tonyu morango (Yacult S/A)

Extrato de soja, suco de morango, açúcar, estabilizante pectina cítrica,

acidulante citrato de sódio, aroma, corante natural carmim e cochonila.

NA*

Viver uva (Beba Brasil S/A) Água, açúcar, proteína isolada de soja, suco concentrado de uva, estabilizante pectina e citrato de sódio, espessante

goma guar, aroma idêntico ao natural de uva, acidulante ácido cítrico, antioxidante ácido ascórbico, corantes naturais carmim de cochonila e caramelo e antiespumante

INS 471.

NA*

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50

Quadro 3 - Listagem de ingredientes de bebidas à base de soja, de acordo com o fabricante

continuação

Produtos Ingredientes Vitamina C (mg/200 mL)

Viver maçã (Beba Brasil S/A) Água, açúcar, proteína isolada de soja, suco concentrado de maçã, estabilizante

pectina e citrato de sódio, espessante goma guar, aroma idêntico ao natural de

maçã, acidulante ácido cítrico, antioxidante ácido ascórbico, corante

natural beta caroteno e antiespumante INS 471

NA*

Viver (Beba Brasil S/A) (original e sabor morango)

Água, extrato de soja, polidextrose, sal refinado, estabilizantes celulose

microcristalina, carragena, carboximetilcelulose de sódio e citrato de

sódio, aromatizantes idênticos aos naturais de morango (sabor morango) e

de leite e baunilha (sabor original), corante natural de carmim e cochonila, espessante goma xantana e

antiespumante polidimetilsiloxano.

NA*

Purity original light (Sococo S/A)

Água, açúcar, extrato de soja, óleo de soja, amido modificado, estabilizantes (celulose microcristalina, carragena e

carboxitilcelulose), sal, mono e dissacarídeos, aroma idêntico ao natural

de baunilha.

NA*

Elegê original light (Vigor S/A) Água, açúcar, proteína isolada de soja, amido modificado, estabilizantes (celulose

microcristalina, carragena e carboximetilcelulose), sal, mono e

dissacarídeos, aromatizante.

NA*

Sollys frutas (Nestlé Brasil Ltda) (maçã, laranja, pêssego)

Água, açúcar orgânico, proteína isolada de soja, suco concentrado da respectiva fruta, vitamina C, estabilizantes pectina, goma acácia, goma éster e carragena, acidulante ácido cítrico, aromatizantes, regulador de acidez fosfato tricálcico, corantes naturais carmim, cochonila e cúrcuma, espessante goma xantana, antiespumante polidimetilsiloxana e conservadores benzoato de sódio e

sorbato de potássio

8,5 mg

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Quadro 3 - Listagem de ingredientes de bebidas à base de soja, de acordo com o fabricante

continuação

Produtos Ingredientes Vitamina C (mg/200 mL)

Sollys uva (Nestlé Brasil Ltda) Água, açúcar orgânico, proteína isolada de soja, suco de uva concentrado, vitamina C, estabilizantes pectina, goma gelana, goma

acácia e goma éster e carragena, acidulante ácido cítrico, aromatizantes, regulador de acidez fosfato tricálcico, corante natural

carmim cochonila, espessante goma xantana, antiespumante polidimetilsiloxana e

conservadores benzoato de sódio e sorbato de potássio.

8,5 mg

Sollys abacaxi (Nestlé Brasil Ltda) Água, açúcar orgânico, proteína isolada de soja, suco de abacaxi concentrado, vitamina C, estabilizantes pectina, goma gelana, goma acácia, goma éster e carragena, acidulante ácido cítrico, aromatizantes, regulador de acidez fosfato tricálcico, espessante goma

xantana, corante natural cúrcuma, antiespumante polidimetilsiloxano e

conservadores benzoato de sódio e sorbato de potássio.

8,5 mg

Sollys original (Nestlé Brasil Ltda) Água, açúcar orgânico, proteína isolada de soja, óleo de girassol, fosfato tricálcico,

vitaminas (A, C, E e D), sal, estabilizantes celulose microcristalina, carragena,

carboximetilcelulose sódica e citrato de sódio, emulsificante lecitina de soja, aromatizante,

espessantes goma xantana e carragena, antiespumante polidimetilsiloxano.

8,5 mg

Shefa maçã (Agropecuária Tuiuti Ltda)

Água, açúcar, suco concentrado da respectiva fruta, proteína isolada de soja, estabilizante

pectina e goma xantana, acidulante ácido cítrico, aroma idêntico ao natural de maçã.

NA*

Shefa frutas (Agropecuária Tuiuti Ltda) (pêra, maracujá)

Água, açúcar, suco concentrado da respectiva fruta, proteína isolada de soja, estabilizante

pectina e goma xantana, acidulante ácido cítrico, aroma idêntico ao da respectiva fruta e

corante natural β-caroteno.

NA*

Shefa laranja/pêssego (Agropecuária Tuiuti Ltda)

Água, açúcar, sucos concentrados de laranja e pêssego, proteína isolada de soja, estabilizantes pectina e goma xantana,

acidulante ácido cítrico, aroma idêntico ao natural de pêssego e corantes naturais β-

caroteno e carmim.

NA*

Shefa frutas tropicais (Agropecuária Tuiuti Ltda)

Água, açúcar, suco concentrado misto de frutas vermelhas, proteína isolada de soja,

estabilizantes pectina e goma xantana, acidulante ácido cítrico, aroma idêntico ao

natural de morango e corantes naturais urucum e carmim.

NA*

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Quadro 3 - Listagem de ingredientes de bebidas à base de soja, de acordo com o fabricante continuação

Produtos Ingredientes Vitamina C

(mg/200 mL) Shefa original (Agropecuária Tuiuti Ltda)

Água, açúcar, proteína isolada de soja, óleo de girassol, maltodextrina, estabilizantes carragena, carboximetilcelulose sódica,

celulose microcristalina e citrato de sódio, aromatizantes, reguladores de acidez fosfato tricálcico e dissódico, emulsificante lecitina de

soja e sal.

NA*

Shefa chocolate (Agropecuária Tuiuti Ltda)

Água, açúcar, proteína isolada de soja, gordura vegetal, aroma idêntico ao de

chocolate, estabilizante goma carragena e emulsificantes mono e dissacarídeos.

NA*

Batavo frutas (Batávia S/A) (abacaxi/manga/maracujá, uva, maçã pêssego,)

Água, açúcar, suco concentrado da respectiva fruta, proteína isolada de soja, aminoquelato cálcico, estabilizante pectina, aroma idêntico

ao natural da respectiva fruta, acidulante ácido cítrico, espessante goma guar, regulador de acidez citrato de sódio e corantes naturais urucum e cúrcuma.

NA*

Batavo original (Batávia S/A)

Água, extrato de soja, açúcar, fosfato tricálcico, amido modificado, sal, espessantes

celulose microcristalina, carragena e carboximetilcelulose, aromas idênticos aos naturais de leite e baunilha e estabilizante

citrato de sódio.

NA*

Batavo chocolate (Batávia S/A)

Água, açúcar, proteína isolada de soja, cacau em pó, gordura vegetal, amido modificado, sal refinado, espessantes

celulose microcristalina, carboximetilcelulose e carragena, emulsificantes mono e

diglicerídeos de ácidos graxos, aromatizantes idênticos aos naturais de chocolate, leite e

baunilha, estabilizante citrato de sódio, antioxidante TBHQ e acidulante ácido cítrico.

NA*

Del Valle abacaxi/coco (Sucos Del Valle do Brasil Ltda)

Água, suco concentrado de abacaxi, leite de coco, açúcar, proteína isolada de soja, estabilizante pectina, aroma idêntico ao

natural de coco , acidulante ácido cítrico, aroma natural de abacaxi e antiespumante

INS 900.

6 mg

Del Valle maçã (Sucos Del Valle do Brasil Ltda)

Agua, suco concentrado de maçã, açúcar, proteína isolada de soja, estabilizante pectina, acidulante ácido cítrico, aroma

natural de maçã e antiespumante INS 900.

NA*

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Quadro 3 - Listagem de ingredientes de bebidas à base de soja, de acordo com o fabricante

conclusão

Produtos Ingredientes Vitamina C (mg/200 mL)

Del Valle laranja (Sucos Del Valle do Brasil Ltda)

Àgua, suco concentrado de laranja, açúcar, proteína isolada de soja,

estabilizantes pectina e citrato de sódio, aroma natural de laranja, acidulante ácido

cítrico, antioxidante ácido ascórbico, corantes naturais urucum e β-caroteno e

antiespumante INS 900.

24 mg

Del Valle pêssego (Sucos Del Valle do Brasil Ltda)

Água, suco e polpa de pêssego concentrados, açúcar, proteína isolada

de soja, aroma idêntico ao natural de pêssego, estabilizante pectina, acidulante

ácido cítrico, corante natural carmim e urucum e antiespumante INS 900.

23 mg

Sufresh frutas (Wow Indústria e Comércio) (morango, maçã, uva)

Água, açúcar, suco concentrado da respectiva fruta, soja integral,

estabilizante pectina, acidulante ácido cítrico, aroma idêntico ao natural de

morango, antioxidante ácido ascórbico, corante natural carmim e estabilizante

citrato de sódio.

NA*

Mupy frutas (Agro Nippo produtos alimentícios Ltda) (morango, maracujá, maçã, uva)

Água, extrato de soja, açúcar, suco natural da respectiva fruta, sal, acidulante ácido cítrico, aromatizante, estabilizantes

pectina e goma xantana.

NA*

* NA- não adicionada. Fonte: rótulos dos produtos

Reagentes

Todos os reagentes utilizados foram de grau analítico ou grau cromatográfico

(HPLC), quando necessário. A poliamida em pó para extração em fase sólida foi obtida

da Macherey-Nagel (Polyamide CC6, nº catálogo 815.620). Os padrões de daidzeína e

genisteína foram obtidos da Sigma Chemicals Co. (St. Louis, EUA.), enquanto daidzina e

genistina foram obtidas da Apin Chemicals Ltd. (Abingdon, Reino Unido) e gliciteína e

glicitina da Nacalai Tesque Inc. (Kyoto, Japão).

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3.2. Métodos

3.2.1 Análise de isoflavonas

A validação do método para a determinação de isoflavonas em amostras de

soja foi realizada previamente em nosso laboratório (GENOVESE; LAJOLO, 2001a).

3.2.1.1 Extração em fase sólida

A extração em fase sólida de isoflavonas foi realizada utilizando-se colunas de 1

g de Poliamida (CC6, Macherey-Nagel GmbH & Co., Alemanha), preparadas em seringas

próprias de 6 mL da HPLC Technology Co. Ltd. (Hertfordshire, Reino Unido). As colunas

foram pré-condicionadas pela passagem de 20 mL de metanol puro e 60 mL de água

deionizada. Alíquotas (10, 15 e 20 mL) das bebidas à base de soja foram aplicadas

diretamente nas colunas, sendo previamente centrifugadas (10.000 g/20min). Após a

passagem das bebidas, as colunas foram lavadas com 20 mL de água e, em seguida,

eluíram-se as isoflavonas com 50 mL de solução de metanol: amônia (99,5:0,5 v/v).

Utilizou-se manifold Visiprep 24 DL da Supelco (Bellefonte, EUA). Os eluatos foram

submetidos à rotaevaporação até atingir o volume de 0,4 mL e então completados com

metanol grau HPLC para o volume final de 2 mL. Em seguida, as amostras foram

filtradas utilizando-se filtros de polietileno com membrana PTFE (Millipore Ltd., Bedford,

EUA), de 0,45 m de poro (GENOVESE; LAJOLO, 2001b).

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3.2.2 Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE)

A separação e quantificação das isoflavonas e de suas formas conjugadas foram

realizadas em coluna C18 NovaPak (Waters, Milford, EUA) de acordo com o método de

Genovese e Lajolo (2001a,b). O cromatógrafo líquido utilizado foi o da Hewlett Packard

(Palo Alto, EUA) série 1100, equipado com injetor automático de amostras, bomba

quaternária e detector com arranjo de diodos (DAD), controlados pelo software

Chemstation.

A identificação foi realizada a partir dos tempos de retenção e dos espectros. As

amostras foram injetadas em duplicata. Os resultados foram expressos como mg

equivalentes de aglicona por 200 mL de amostra, após normalização das diferenças de

peso molecular das formas glicosiladas, feita multiplicando-se a massa de cada derivado

pela razão entre o peso molecular da respectiva aglicona e o peso molecular da forma

glicosilada, conforme Genovese e Lajolo (2001a,b).

3.2.3 Determinação do conteúdo protéico

As bebidas à base de soja tiveram seu conteúdo protéico determinado através do

método de micro-Kjeldahl (N x 6,25) (AOAC, 1995), em triplicata.

3.2.4 DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE IN VITRO

3.2.4.1 Redução do reagente de Folin-Ciocalteau (fenólicos totais)

A determinação de fenólicos totais foi realizada de acordo com Genovese et al.

(2003): 0,25 mL dos extratos obtidos das amostras, ou da diluição dos mesmos, quando

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necessária, foram adicionados a 2 mL de água destilada e 0,25 mL do reagente de Folin-

Ciocalteau. Após 3 minutos à temperatura ambiente, adicionaram-se 0,25 mL de solução

saturada de carbonato de sódio, sendo os tubos agitados e colocados em banho a 37ºC,

durante 30 minutos. As absorbâncias foram determinadas a 750 nm, utilizando

espectrofotômetro modelo Ultrospec 2000 UV-visível (Amersham Biosciences,

Cambridge, UK), sendo os resultados expressos em mg equivalentes de catequina por

200 mL de amostra.

3.2.4.2 Sequestro de radicais livres do DPPH

A atividade antioxidante foi determinada através da redução do radical estável

DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) pelos antioxidantes presentes na amostra, segundo

descrito por Brand-Williams et al. (1995), com algumas modificações (DUARTE-

ALMEIDA et al., 2006).

Foi preparada uma solução metanólica de DPPH (0,05 mM) de forma a

apresentar aproximadamente 0,4 de absorbância em 517 nm de comprimento de onda.

As determinações foram realizadas em microplaca de poliestireno com 96 cavidades

(Costar, Cambrigde, MA) para uso em comprimento de onda entre 340 e 800 nm. Em

cada cavidade da microplaca foram adicionados 200 L da solução de DPPH, 40 L de

metanol para o grupo controle, ou o mesmo volume para a solução padrão de Trolox e

para os extratos obtidos das amostras, adequadamente diluídos, quando necessário. As

leituras das absorbâncias foram realizadas após 20 minutos de reação em

espectrofotômetro de microplaca Benchmark Plus (Bio-Rad Laboratories, Hercules, CA) a

25ºC.

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O decaimento da absorbância das amostras (Am) correlacionado ao decaimento

da absorbância do controle (Ac) resulta na porcentagem de seqüestro de radicais DPPH

(% SRL), que pode ser expressa através da seguinte fórmula:

% SRL = (Ac-Am) x 100

Ac

A curva padrão foi preparada com uma solução de Trolox (6-hidroxi-2,5,7,8-

tetrametil-2-ácido carboxílico) em diferentes concentrações, sendo os resultados

expressos em µmoles equivalentes de Trolox/200 mL de amostra. As análises foram

realizadas em triplicata.

3.3 Análise estatística dos resultados

Os resultados foram expressos na forma de média desvio padrão. Para a

análise estatística dos resultados utilizou-se o programa Statistica versão 5.0 da StatSoft

(Tulsa, EUA). A comparação das médias obtidas para cada marca foi realizada por

análise de variância (ANOVA) e pelo teste de significância (Tukey), p < 0,05.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização das amostras

Para este trabalho, foi realizado um levantamento de todos os produtos

disponíveis no mercado de São Paulo nas suas mais variadas versões, incluindo normal

ou light. As marcas comerciais de bebidas de soja foram identificadas: Ades, Sufresh,

Shefa, Del Valle, Batavo, Mupy, Sollys, Tonyu, Viver, Purity, Elegê.

Nestas bebidas, a proteína de soja é incorporada ao produto na forma de extrato

de soja ou isolado protéico de soja (IPS). O extrato de soja contém aproximadamente

65% de proteína em base seca, enquanto o IPS apresenta aproximadamente 90% (FAO,

1992).

As bebidas disponíveis no mercado brasileiro foram classificadas em quatro

grupos: as que contêm extrato ou IPS adicionadas de aromatizante sabor baunilha,

chocolate ou morango; as que contêm extrato de soja e suco concentrado de fruta e as

bebidas que apresentam IPS também acrescidas de sucos de fruta. Nas bebidas de soja

conhecidas como “sabor original” são adicionados aromatizantes com imitação do sabor

de baunilha ou sabor idêntico ao natural de leite com a finalidade de melhorar o sabor da

bebida.

No entanto, não existe um padrão oficial agrícola que regulamente a identificação

e a classificação destas bebidas de soja. De acordo com dados publicados pela OMS

(Organização Mundial de Saúde), os popularmente conhecidos como “leites” de soja e

suas bebidas podem ser elaboradas livremente e, desta forma, podem ter composições

bastante diferentes (FAO, 1992).

No Quadro 4 estão apresentadas as bebidas, de acordo com a classificação

adotada neste trabalho, em quatro grupos.

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Quadro 4 - Classificação das bebidas à base de soja adotadas neste trabalho

Grupos Nº total de bebidas

Marcas comerciais Sabores Versões

maçã, abacaxi, goiaba, maracujá, manga, pêssego,

laranja, morango, uva, melancia, abacaxi/hortelã,

pêssego/tangerina, limonada suíça

normal 18 Ades

uva, maçã, manga, pêssego, laranja

light

5 Tonyu abacaxi, maçã, maracujá, morango mamão/laranja

normal

Grupo 1 Bebidas contendo extrato de soja e sucos de fruta

30

3 Sufresh * maçã, uva, morango normal 4 Mupy Maçã, uva, morango,

maracujá normal

5 Sollys maçã, laranja, pêssego, uva, abacaxi

normal

7 Shefa maçã, pêra, maracujá, laranja/pêssego, frutas

tropicais, frutas vermelhas, uva

normal

4 Batavo abacaxi/manga/maracujá, uva, pêssego, maçã

normal

4 Del Valle abacaxi/coco, maçã, laranja, pêssego

normal

Grupo 2 Bebidas contendo IPS e suco de fruta

22

2 Viver maçã, uva normal original normal original light

4 Ades

chocolate normal chocolate light

original normal 2 Viver morango normal

1 Purity original light

Grupo 3 Bebidas contendo extrato de soja e aromatizante

8

1 Batavo original normal 1 Sollys original normal

original normal 2 Shefa chocolate normal

1 Batavo chocolate normal

Grupo 4 Bebidas contendo IPS e aromatizante

5

1 Elegê original light

Total 65 *Segundo o fabricante, única bebida contendo “soja integral”.

As informações apresentadas no Quadro 4 mostram que as bebidas de soja

analisadas neste trabalho contêm extrato de soja ou IPS em substituição ao leite de

vaca. Além disso, as bebidas de soja diferem quanto à composição de ingredientes

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utilizados na elaboração destes produtos. Em bebidas contendo extrato de soja e suco

de frutas, são utilizados aditivos com funções estabilizantes, acidulantes, aromatizantes e

corantes. Bebidas da marca Ades possuem adição de 24 mg de vitamina C por porção

de 200 mL do produto. Já as bebidas contendo extrato de soja e aromatizantes possuem

composição diferente, uma vez que são acrescidas de açúcar, sal e aroma idêntico ao

natural de baunilha, chocolate, morango ou leite.

Já os produtos light contendo suco de fruta apresentam, em sua composição,

edulcorantes sucralose e acessulfame-K. O acessulfame-K tem seu uso permitido pela

legislação brasileira com a função de edulcorante artificial (BRASIL, 1999b) e consta na

lista de aditivos alimentares do MERCOSUL, apresentando a função de edulcorante e

realçador de sabor. Pode ser utilizado em doses de até 35 mg/100 mL de bebidas

dietéticas. Nas bebidas de soja, a concentração deste aditivo é bem inferior ao limite

máximo regulamentado pela Resolução RDC nº 03, de 02 de janeiro de 2001(BRASIL,

2001).

Dentre os produtos com IPS, observa-se maior diversidade de ingredientes, sendo

alguns com propriedades espessantes, para melhorar a textura e aceitabilidade do

produto (Sollys) e alguns com propriedades antioxidantes (Del Valle laranja e Sufresh). A

marca Sollys apresenta também vitamina C adicionada (8,5 mg/200 mL).

Produtos da marca Shefa (sabores original e chocolate) e da marca Batavo (sabor

chocolate) são constituídos de IPS e contêm emulsificantes mono e diglicerídeos. A

bebida Batavo chocolate, no entanto, é a única que apresenta cacau em pó e

antioxidante Butil Hidroquinona Terciária (TBHq). Este antioxidante deve estar limitado à

concentração máxima de 0,02 mg/100 mL do produto (BRASIL, 2005).

Nessas bebidas, o uso de aditivos alimentares é regulamentado pela resolução

RDC nº 25, de 15 de fevereiro de 2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), que impõe limites máximos de tolerância sobre os aditivos alimentares, os

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quais são frequentemente utilizados como acidulante, antiespumante, antioxidante,

aromatizante, corante, emulsificante, entre outros. No entanto, a maior parte destes

aditivos que são empregados na formulação destas bebidas tem sua autorização de uso

regulamentada pelo regimento de Boas Práticas de Fabricação (BPF) (BRASIL, 2005) e,

neste caso, não existe limitação da quantidade a ser adicionada no produto. Desta forma,

os aditivos podem ser usados quantum satis (quantidade suficiente para se obter o efeito

tecnológico necessário). A cúrcuma (corante) e o fosfato tricálcico (antiumectante), no

entanto, devem ser adicionados até o limite máximo de 0,01 a 0,02 mg/100 mL,

respectivamente (BRASIL, 1999b).

As bebidas à base de soja descritas mo Quadro 4 e provenientes de três

diferentes lotes foram analisadas quanto ao conteúdo de proteína e os resultados

comparados com os valores descritos nos rótulos dos produtos. Esses dados estão

apresentados nas Tabelas 1, 2, 3 e 4.

Quanto ao conteúdo protéico, os valores encontrados estão de acordo com as

informações fornecidas pelos fabricantes e disponíveis nas embalagens dos produtos,

excetuando as bebidas Mupy (grupo 1), as quais apresentaram valores bem abaixo do

especificado na rotulagem do produto.

As bebidas do grupo 1 apresentaram teor protéico variando de 0,91 a 2,95, as do

grupo 2, de 0,8 a 2,2, enquanto nas bebidas dos grupos 3 e 4, a variação encontrada foi

de 4,8 a 5,9 g e de 5,4 a 6,0 g de proteína por porção de 200 mL, respectivamente.

As bebidas contendo sucos de frutas apresentaram teor protéico bastante

reduzido quando comparadas às de sabor original e/ou chocolate.

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Tabela 1 - Conteúdo protéico de bebidas de soja do grupo 1 (extrato de soja e suco de

frutas)

Teor Protéico (g/200 mL) Nome Comercial

Determinado * Rótulo Ades maçã 1,24 0,04 d,e 1,2

Ades maçã light 1,20 0,01 d,e,f 1,2

Ades manga 1,25 0,03 d,e 1,2

Ades manga light 1,15 0,01 d,e,f 1,2

Ades pêssego 1,26 0,03 d,e 1,2

Ades pêssego light 1,18 0,01 d,e,f 1,2

Ades uva 1,25 0,05 d,e 1,2

Ades uva light 1,20 0,03 d,e 1,2

Ades laranja 1,13 0,06 d,e,f 1,2

Ades laranja light 1,25 0,03 d,e 1,2

Ades abacaxi 1,2 0,1 d,e,f 1,2

Ades goiaba 1,22 0,03 d,e 1,2

Ades maracujá 1,22 0,03 d,e 1,2

Ades morango 1,22 0,02 d,e 1,2

Ades melancia 1,26 0,05 d,e 1,2

Ades abacaxi/hortelã 1,3 0,1d,e 1,2

Ades pêssego/tangerina 1,20 0,02 d,e 1,2

Ades limonada suíça 1,35 0,02 d 1,2

Ades pêra 1,18 0,06 d,e,f 1,2

Tonyu abacaxi 2,6 ± 0,2 c 2,7 Tonyu maçã 2,5 ± 0,3 c 2,7 Tonyu maracujá 2,6 ± 0,1 b,c 2,7 Tonyu laranja/mamão 2,9 ± 0,2 a b 2,8 Tonyu morango 2,95 ± 0,06 a 3,0 Sufresh morango 0,92 ± 0,06 f,g 1,0 Sufresh maçã 0,94 ± 0,03 g 1,0 Sufresh uva 0,91 ± 0,05 f,g 1,0 Mupy morango 1,32 ± 0,01 d 2,0 Mupy maracujá 1,26 ± 0,02 d,e 2,0 Mupy uva 1,2 ± 0,1 d,e 2,0 Mupy maçã 1,18 ± 0,04 d,e,f 2,0

* Valores expressos como média ± desvio padrão (n = 3). Proteína obtida pela determinação de N total

x 6,25. Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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Tabela 2 - Conteúdo protéico de bebidas de soja do grupo 2 (IPS e suco de frutas)

Teor Protéico (g/200 mL) Nome Comercial

Determinado * Rótulo Sollys maçã 2,1 ± 0,1 a 2,1 Sollys laranja 2,3 ± 0,1 a 2,1 Sollys pêssego 2,24 ± 0,03 a 2,1 Sollys uva 2,14 ± 0,04 a 2,1 Sollys abacaxi 2,06 ± 0,04 a 2,1 Shefa maçã 0,99 ± 0,03 d 1,0 Shefa pêra 0,95 ± 0,07 d 1,0 Shefa maracujá 1,05 0,03 c,d 1,0

Shefa laranja/pêssego 0,95 ± 0,06 d 1,0 Shefa frutas vermelhas 0,99 ± 0,02d 1,0 Shefa frutas tropicais 0,95 ± 0,03 d 1,0 Shefa uva 1,0 ± 0,1 d 1,0 Batavo abacaxi/manga/maracujá 0,83 ± 0,04 d 1,2 Batavo uva 0,98 ± 0,05 d 1,2 Batavo pêssego 1,0± 0,1d 1,2 Batavo maçã 0,9 ± 0,1d 1,2 Del Valle abacaxi/coco 1,4 ± 0,2 b 1,3 Del Valle maçã 1,06 ± 0,03 c,d 1,3 Del Valle laranja 1,4± 0,2 b 1,3 Del Valle pêssego 1,4 ± 0,2 b, c 1,3 Viver uva 0,93 ± 0,03 d 1,0 Viver maçã 0,91 ± 0,03 d 1,0

* Valores expressos como média ± desvio padrão (n = 3). Proteína obtida pela determinação do N total x

6,25. Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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64

Tabela 3 - Conteúdo protéico de bebidas de soja do grupo 3 (extrato de soja e

aromatizantes)

Teor Protéico (g/200 mL) Nome Comercial

Determinado * Rótulo

Ades original 5,4 0,1 a,b 5,2

Ades original light 5,2 0,2 a,b 5,2

Ades chocolate 5,3 0,3 a,b 5,4

Ades chocolate light 5,3 0,2 a,b 5,4

Purity original light 5,8 ± 0,3 a 5,0

Viver original 4,85 ± 0,03 b 5,0

Viver morango 5,85 ± 0,05 a 5,7

Batavo original 5,9 ± 0,1a 5,2 * Valores expressos como média ± desvio padrão (n = 3). Proteína obtida pela determinação do N total x 6,25.

Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

Tabela 4 - Conteúdo protéico de bebidas de soja do grupo 4 (IPS e aromatizantes)

Teor Protéico (g/200 mL) Nome Comercial

Determinado * Rótulo

Elegê original light 5,8 ± 0,2 a 5,0

Sollys original 5,43 ± 0,06 a 5,2

Shefa original 5,8 ± 0,4 a 5,0

Shefa chocolate 6,0 ± 0,1 a 5,0

Batavo chocolate 6,0 ± 0,1 a 5,4

* Valores expressos como média ± desvio padrão (n = 3). Proteína obtida pela determinação do N total x 6,25.

Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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65

No entanto, apesar do crescimento da indústria de bebidas de soja a partir da

década de 1990 e do aumento de consumo destes produtos, ainda não existem dados

disponíveis à população na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). A

Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da USP (TBCA-USP) contém apenas os

dados das bebidas Tonyu.

Desta forma, os valores relativos à proteína foram comparados aos dados

disponíveis na TBCA-USP (2008) para as bebidas Tonyu. Os dados obtidos para estas

bebidas são similares aos encontrados na tabela consultada.

Em relação às bebidas com extrato de soja, o teor protéico variou de 0,91 a 5,8

g/200 mL (e.g. Viver sabor maçã e Elegê sabor original). A partir de informações contidas

na rotulagem dos produtos, percebe-se que o teor protéico encontrado provém quase

que exclusivamente da soja, em todas as amostras.

É importante ressaltar que as bebidas de sabor original e/ou chocolate

apresentaram maior teor protéico. Em geral, o consumo de uma porção de 200 mL

destas bebidas corresponderia a uma e 1/3 da colher de chá de soja crua, o equivalente

a 5,5 gramas de proteína (TBCA-USP, 2008). A ANVISA recomenda o consumo diário de

no mínimo 25 g de proteína de soja, o que corresponderia a aproximadamente 5 copos

(ou 1 litro) de bebidas sabor original ou chocolate. Todavia, há um debate considerável

sobre a quantidade de proteína de soja/dia necessária para efeitos benéficos à saúde e

há dados que sugerem que mesmo uma quantidade inferior a 25 g seria eficaz

(MESSINA, 2003).

Nesse sentido, diversos estudos têm procurado estipular recomendação de

ingestão diária de soja a partir de associações entre o consumo de soja em países

orientais e a incidência e a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. Messina

et al. (2003) sugerem para os adultos o consumo de no mínimo 15 g de proteína de soja

por dia. Esta recomendação se baseia na eficácia, na segurança de ingestão da soja no

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66

Japão e na importância de se ingerir uma alimentação variada. Dados epidemiológicos

mostram que os adultos japoneses consomem habitualmente em torno de 10 a 11 g de

proteína de soja ao dia, representando cerca de 10% da ingestão protéica (NAGATA et al.,

2002) e cerca de dois copos de bebidas de soja dos grupos 3 e 4 analisadas neste

trabalho. No entanto, Messina et al. (2004) sugerem ingestão levemente mais elevada do

que a média de consumo protéico japonês, uma vez que diversos estudos correlacionaram

o consumo de maior quantidade de proteína de soja com menores índices de morbi-

mortalidade.

Um estudo com cerca de 3.000 mulheres de Shangai sobre o consumo de soja

durante a adolescência evidenciou que as mulheres que consumiram aproximadamente

11 g de proteína de soja ao dia eram 50% menos propensas para o desenvolvimento de

câncer de mama se comparadas com as que raramente consumiam soja (< 2 g de

proteína de soja/dia) (SHU; JIN; DAI, 2001). De acordo com esse estudo, efeitos

benéficos à saúde poderiam ser atingidos com o consumo de 400 mL de bebidas de soja,

sabor original ou chocolate (grupos 3 e 4).

O consumo de soja também poderia contribuir para uma dieta mais balanceada.

Normalmente, a maioria dos adultos consome pelo menos 80 g de proteína por dia.

Atualmente, os ocidentais consomem cerca de 2/3 de proteínas de origem animal e um

terço de origem vegetal. A substituição de proteína animal por 15 g de proteína de soja

levaria as dietas ocidentais a uma relação animal/vegetal de proteína diária de 2:1 a 1:1,

o equivalente a uma dieta mais equilibrada. No caso de pessoas que possuem uma dieta

baseada fundamentalmente em alimentos vegetais, o consumo de 15 g de proteína de

soja na alimentação iria ajudar a aumentar a qualidade protéica da dieta (MESSINA,

2004).

As proteínas da soja também têm sido associadas a efeitos hipocolesterolêmicos,

os quais irão depender da concentração plasmática inicial de colesterol. O consumo

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67

diário de 25 g de proteína de soja ajudaria a reduzir o colesterol de pessoas

hipercolesterolêmicas, porém este efeito é ainda bastante controverso (LARKIN; PRICE;

ASTHEIMER, 2008).

Em vista disso, apesar de as bebidas de soja não serem consideradas importantes

fontes protéicas, elas poderiam contribuir para a redução do risco de doenças crônicas

não transmissíveis, além de colaborar para uma dieta mais equilibrada.

4.1.2 Teor e perfil de isoflavonas

As bebidas à base de soja foram caracterizadas em relação ao conteúdo de

isoflavonas e ao seu perfil de distribuição. Os resultados se encontram nas Figuras 5

(grupo 1), 6 (grupo 2), 7 (grupo 3) e 8 (grupo 4). Os cromatogramas e as tabelas com

suas respectivas médias estão em anexo (Apêndice 1 - 8).

Os produtos acrescidos de suco de frutas mostraram ampla variação nos teores de

isoflavonas, de 1 a 5 mg por porção de 200 mL (1 copo), para as bebidas à base de

extrato de soja (Figura 5). Já as bebidas contendo IPS apresentaram variação de 0,6 a

2,4 mg (Figura 6); enquanto que nas bebidas à base de extrato de soja adicionadas de

aromatizantes a variação foi de 9 a 13 mg (Figura 7) e de 4 a 10 mg de isoflavonas por

200 mL de bebida contendo IPS (Figura 8).

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68

Figura 5. Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de extrato de soja e suco de

frutas (grupo 1), provenientes de três diferentes lotes de cada produto.

0 1 2 3 4 5 6

Mupy morango

Mupy maracujá

Mupy uva

Mupy maçã

Sufresh uva

Sufresh maçã

Sufresh morango

Tonyu morango

Tonyu laranja/mamão

Tonyu maracujá

Tonyu maçã

Tonyu abacaxi

Ades limonada suíça

Ades pêra

Ades pêssego/tangerina

Ades abacaxi/hortelã

Ades melancia

Ades morango

Ades maracujá

Ades goiaba

Ades abacaxi

Ades laranja light

Ades laranja

Ades uva light

Ades uva

Ades pêssego light

Ades pêssego

Ades manga light

Ades manga

Ades maçã light

Ades maçã

Conteúdo de isoflavonas (mg/200 mL)

b-glicosídeo Malonil Acetil Agliconas

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Figura 6. Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de IPS e suco de frutas

(grupo 2), provenientes de três diferentes lotes.de cada produto.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Viver maçã

Viver uva

Del Valle pêssego

Del Valle laranja

Del Valle maçã

Del Valle abacaxi/coco

Batavo maçã

Batavo pêssego

Batavo uva

Batavo abacaxi/manga/maracujá

Shefa uva

Shefa frutas tropicais

Shefa frutas vermelhas

Shefa laranja/pêssego

Shefa maracujá

Shefa pêra

Shefa maçã

Sollys abacaxi

Sollys uva

Sollys pêssego

Sollys laranja

Sollys maçã

Conteúdo de isoflavonas (mg/200 mL)

b-glicosídeo Malonil Acetil Agliconas

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70

0

2

4

6

8

10

12

14

Adesoriginal

Adesoriginal

light

Adeschocolate

Adeschocolate

light

Purity originalLight

Viveroriginal

Vivermorango

Batavooriginal

Con

teúd

o de

isof

lavo

nas

(mg/

200

mL)

b-glicosídeo Malonil Acetil Agliconas

0

2

4

6

8

10

12

Elegê originallight

Sollys original Shefa original Shefa chocolate Batavochocolate

Con

teúd

o de

isof

lavo

nas

(mg/

200

mL)

b-glicosídeo Malonil Acetil Agliconas

Figura 7. Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de extrato de soja e

aromatizantes (grupo 3), provenientes de três diferentes lotes de cada produto.

Figura 8. Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de IPS e aromatizantes

(grupo 4), provenientes de três diferentes lotes de cada produto.

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71

As bebidas light contêm edulcorantes em substituição ao açúcar (sacarose) e são

utilizadas por pessoas com necessidades especiais, assim como pela população que

deseja bebidas com menor aporte calórico. A adição destes ingredientes que realçam o

sabor doce é geralmente feita em quantidades menores se comparadas ao açúcar

comum. Esse fato poderia influenciar os teores de isoflavonas das bebidas, as quais

apresentaram diferenças significantes quando comparadas algumas amostras da linha

fruta convencional e da linha light (p < 0,05)

Para as bebidas Tonyu (grupo 1), os teores de isoflavonas foram bastante

similares entre si, porém tanto estas bebidas (sabor maçã e abacaxi) quanto às da marca

Ades (sabor pêssego, maçã e laranja) e Mupy (sabor maçã) apresentaram conteúdo

reduzido de isoflavonas quando comparadas aos dados obtidos por Genovese et al.

(2002). Já para as bebidas Sufresh (grupo1), o teor de isoflavonas encontrado diferiu

estatisticamente das demais amostras, sendo duas vezes inferior ao das bebidas Ades e

aproximadamente três vezes inferior ao das bebidas Tonyu, as quais se destacaram por

apresentar maior teor de isoflavonas, decorrente possivelmente do maior conteúdo

protéico associado.

Já dentre as bebidas contendo IPS e suco de fruta (grupo 2), os maiores valores

de isoflavonas foram encontrados em amostras da marca Sollys, as quais apresentaram

quantidade de proteína duas vezes superior às demais bebidas deste grupo. No entanto,

estas bebidas tendem a apresentar teor reduzido de isoflavonas se comparadas às do

grupo 1.

Para as bebidas contendo extrato de soja ou IPS e aromatizantes (grupos 3 e 4) os

teores de isoflavonas obtidos foram superiores às bebidas contendo sucos de fruta, os

quais variaram de 8,8 a 13 mg/200 mL e de 4 a 10 mg/200 mL, respectivamente .

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72

Comparando estes resultados com a literatura, percebe-se que o teor de

isoflavonas das bebidas contendo extrato de soja e sabor original ou chocolate mostrou-

se bastante similar ao obtido por Chan et al. (2007) para as bebidas de soja provenientes

da China (12,2 mg por porção de 200 mL de bebida), porém abaixo do observado por

Genovese et al. (2002) (16,6 mg/200 mL).

Recentemente, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2007)

foi responsável pela publicação da primeira base de dados contendo informações

referentes ao conteúdo de isoflavonas de diversos alimentos. Os valores disponíveis na

tabela consultada para as bebidas de soja sabor original (21,46 mg/200 mL) e chocolate

(15,6 mg/200 mL) foram superiores aos encontrados em nosso trabalho. Tal diferença

poderia ser atribuída à composição das bebidas analisadas pelo USDA, as quais

poderiam apresentar maior proporção soja/água quando comparadas às bebidas

comercializadas no Brasil.

De forma geral, as bebidas à base de soja apresentaram ampla variação quanto ao

teor de isoflavonas em todos os grupos e em suas mais variadas versões (normal ou

light). Houve diferenças significativas no conteúdo de isoflavonas dentro de cada grupo

de bebidas de soja analisadas neste trabalho e, dentre todas as bebidas contendo suco

de frutas, a marca Tonyu se destacou, apresentando teor de isoflavonas cerca de 2 vezes

superior ao dos produtos Ades e Sollys (grupos 1 e 2, respectivamente) e 4 vezes

superior aos das demais bebidas contendo suco de frutas. Já as bebidas contendo

apenas extrato de soja e aromatizantes (grupo 3) tenderam a apresentar maior teor de

isoflavona se comparadas às bebidas contendo IPS (grupo 4). Cabe ressaltar que as

bebidas dos grupos 3 e 4 apresentaram maior teor de isoflavonas em relação às bebidas

da linha fruta convencional ou em sua versão light.

Essa ampla variabilidade do teor de isoflavonas encontrada em bebidas de soja

contendo IPS ou extrato de soja poderia ser resultado de diferentes concentrações

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73

destes compostos na matéria-prima (GENOVESE; LAJOLO, 2002) e nos derivados

protéicos utilizados (COWARD, 1998), uma vez que a variedade do grão de soja, a

localização do cultivo, as características genéticas e a época de plantio influenciam o teor

de isoflavonas em produtos de soja (ELDRIDGE; KWOLEK, 1983).

Além disso, o processamento industrial para a obtenção do IPS poderia ter

ocasionado uma diminuição da concentração de isoflavonas neste derivado protéico e,

consequentemente, nas bebidas que o contém. Estes IPS comerciais apresentam teores

de isoflavonas bastante variados (88 a 164 mg de isoflavonas/100g), valores estes

bastante inferiores à farinha desengordurada de soja (GENOVESE et al., 2007).

Coward et al. (1998) afirmam que a presença e a concentração de isoflavonas nos

derivados protéicos de soja dependem das condições de processamento, principalmente

da temperatura de tratamento do material. Além disso, estudos recentes sugerem que as

formas químicas e o conteúdo de isoflavonas poderiam ter impacto significativo sobre a

biodisponibilidade e, desse modo, sobre os efeitos biológicos atribuídos a esses

compostos.

Nesse sentido, foi analisado também o perfil de isoflavonas nos quatro grupos de

bebidas de soja.

Em relação à distribuição de isoflavonas, os β-glicosídeos foram os compostos

mais abundantes em todas as bebidas contendo extrato e adição de suco de frutas

(grupo 1). Entretanto, apresentou grande variação entre as diversas marcas: de 48% a

91% (Sufresh maçã e Ades goiaba, respectivamente). A porcentagem de

malonilglicosídeos variou de 8,7 (Ades goiaba) a 29,2% (Ades morango) e de 11,7

(Tonyu morango) a 18,9% (Tonyu laranja/mamão). A porcentagem de agliconas foi baixa,

variando de 1 a 4,7% em bebidas da marca Ades; porém, mais elevada para os produtos

Tonyu (6,6 a 15,3%) e Viver maçã (10,7%). Os acetilglicosídeos, no entanto, não foram

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74

detectados em bebidas de soja Ades e Tonyu. Em relação à distribuição das agliconas,

os derivados de genisteína, seguidos pelos da daidzeína, predominaram nestas bebidas.

Já em produtos contendo IPS e suco de frutas (grupo 2), a porcentagem de β-

glicosídeos mostrou-se uniforme para as bebidas da marca Sollys e Viver,

diferentemente das bebidas Batavo e Del Valle, as quais apresentaram porcentagem

destes conjugados bastante variável (37 a 88% e 25 a 36%, respectivamente). O teor de

malonilglicosídeo variou de 4,5 (Sollys maçã) a 7,5% (Sollys laranja); de 4,4 (Batavo

chocolate) a 9,6% (Batavo uva), de 4 (Del Valle maçã) a 6% (Del Valle pêssego) e de 3,2

a 3,4% (Viver uva e maçã, respectivamente). Neste grupo de bebidas, o teor de

agliconas variou cerca de 10 vezes, sendo o menor valor correspondente à bebida

Batavo sabor maçã e o maior valor à bebida Shefa sabor maracujá. Os acetilglicosídeos,

entretanto, foram encontrados em menores proporções, variando de 0,8 a 5,5%.

Nas bebidas contendo extrato de soja ou IPS e aromatizantes (grupos 3 e 4),

predominaram os β-glicosídeos, seguidos das agliconas.

Essa ampla variabilidade do perfil de isoflavonas parece depender do tipo de

processamento utilizado para a obtenção do IPS. O IPS obtido por diferentes fontes

comerciais apresenta um perfil de isoflavonas bastante diversificado (WANG; MURPHY,

1994b). Nas bebidas de soja desse trabalho, a porcentagem de agliconas foi similar à

encontrada por Barbosa et al. (2006) no isolado protéico puro (37%), porém mais elevada

quando comparada ao das bebidas com extrato de soja. O elevado conteúdo desses

compostos é resultado da ação das β-glicosidases endógenas do grão de soja que,

durante o processo de extração, hidrolisam os β-glicosídeos tranformando-os em

agliconas. É importante observar que o baixo teor de acetilglicosídeos detectado nessas

bebidas indica que provavelmente não foi utilizada alta temperatura durante o processo

de secagem por atomização (WANG, MURPHY, 1994a). No entanto, os teores reduzidos

de malonilglicosídeos e elevados de agliconas, conforme foi encontrado em algumas

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75

bebidas contendo IPS parecem indicar condições de processamento mais drásticas.

Quando o perfil contrário é observado, presume-se que as condições de processamento

do produto foram menos drásticas (GENOVESE, LAJOLO, 2002).

Em relação à distribuição de agliconas, os derivados de genisteína, seguidos pelos

de daidzina, predominaram em todas as bebidas analisadas. Perfil semelhante foi

encontrado por Barbosa et al. (2006a), em todos os derivados protéicos de soja.

As bebidas à base de soja analisadas neste trabalho apresentaram teor protéico

bastante variável, possivelmente decorrente da adição de diferentes quantidades dos

derivados protéicos de soja (extrato ou IPS) e, em especial, da adição ou não de

diferentes sucos de fruta. Esses derivados protéicos de soja são fontes de isoflavonas e,

desse modo, parecem ser um dos responsáveis pela grande variabilidade de isoflavonas

encontrada nas bebidas à base de soja.

A fim de elucidar se existe, de fato, uma relação entre estes compostos, foi

aplicado um teste de correlação estatística de Pearson.

De acordo com os resultados de correlação estatística, observou-se uma

correlação positiva entre o conteúdo de proteína e o teor de isoflavonas totais tanto para

as bebidas à base de extrato de soja adicionadas de sucos de fruta (n = 30, r = 0,81,

p<0,05) quanto para as bebidas à base de IPS e sucos de fruta (n = 22, r = 0,77, p<0,05)

(Figuras 9A e 9B, respectivamente). No entanto, não houve correlação entre o teor de

isoflavonas e o conteúdo protéico para as bebidas à base de extrato (n = 8, r = -0,5) ou

IPS (n = 5, r = -0,24) sem adição de sucos de fruta (Figuras 10A e 10B).

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76

Figura 9. Correlação de Pearson entre o conteúdo de isoflavonas e o teor protéico para

as bebidas à base de extrato de soja (A) ou IPS (B) adicionadas de sucos de fruta.

y = 1,3359x + 0,954r = 0,81

0

1

2

3

4

5

6

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

Conteúdo de proteína (g/200 mL)

Con

teúd

o de

isof

lavo

nas

(mg/

200

mL)

y = 0,9282x + 0,1883r = 0,77

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 0,5 1 1,5 2 2,5

Conteúdo de proteína (g/200 mL)

Con

teúd

o de

isof

lavo

nas

(mg/

200

mL)

A

B

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77

Figura 10. Correlação de Pearson entre o conteúdo de isoflavonas e o teor protéico para

as bebidas à base de extrato (A) ou IPS (B) sem adição de suco de frutas.

y = -1,8625x + 21,586r = -0,52

0

2

4

6

8

10

12

14

0 2 4 6

Conteúdo de proteína (g/200 mL)

Con

teúd

o de

isof

lavo

nas

(mg/

200

mL)

y = -3,1368x + 24,816r = -0,24

0

2

4

6

8

10

12

0 1 2 3 4 5 6 7

Conteúdo de proteína (g/200 mL)

Con

teúd

o de

isof

lavo

nas

(mg/

200

mL)

A

B

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78

Apesar de resultados anteriores realizados em nosso laboratório mostrarem que

existe uma interação físico-química entre as principais proteínas de reserva da soja e as

isoflavonas (BARBOSA et al., 2006b), esse resultado só foi observado nas bebidas de

soja adicionadas de sucos de fruta. A falta de correlação foi observada em bebidas de

soja que apresentaram maior teor protéico (grupos 3 e 4), indicando que possivelmente o

processamento dessas bebidas teve um impacto mais significativo sobre o teor de

isoflavonas. Variações quanto ao teor de isoflavonas, assim como a associação entre o

teor de isoflavonas e o conteúdo protéico pode ser alterado de acordo com o

processamento e com o teor protéico do produto (NUFER; ISMAIL, HAYES, 2009;

ACHOURI et al., 2005).

4.1.3 Determinação da capacidade antioxidante in vitro

A capacidade antioxidante dos compostos bioativos depende de sua estrutura

química e da concentração destes fitoquímicos no alimento. Por sua vez, o teor destes

compostos em vegetais é amplamente influenciado por fatores genéticos, condições

ambientais, período de estocagem, além da variedade da planta, entre outros (PRIOR;

WU; SCHAICH, 2005).

Para avaliar a capacidade antioxidante, foram utilizados dois diferentes métodos:

capacidade redutora do Folin-Ciocalteau e sequestro de radicais livres do DPPH. Os

resultados referentes aos dois primeiros métodos citados estão apresentados nas

Figuras 11, 12, 13 e 14, para cada grupo de bebidas de soja. Em anexo, estes dados

obtidos estão representados em tabelas (Apêndice 9-13).

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79

Figura 11. Capacidade antioxidante de bebidas à base de extrato de soja e suco de frutas

(grupo 1) determinada por meio dos métodos de capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg

equivalentes de catequina/200 mL amostra) e capacidade de sequestro do radical estável

DPPH (µmoles equivalentes de Trolox/200 mL mostra). Os resultados estão expressos na

forma de média ± desvio padrão (n = 3).

0 50 100 150 200 250 300 350

Mupy maçãMupy uva

Mupy maracujáMupy morango

Sufresh uvaSufresh maçã

Sufresh morangoTonyu morango

Tonyu laranja/mamãoTonyu maracuja

Tonyu maçãTonyu abacaxi

Ades limonada suíçaAdes pêra

Ades pêssego/tangerinaAdes abacaxi/hortelã

Ades melanciaAdes morangoAdes maracujá

Ades goiabaAdes abacaxi

Ades laranja lightAdes laranja

Ades uva lightAdes uva

Ades pêssego lightAdes pêssego

Ades manga lightAdes manga

Ades maçã lightAdes maçã

Capacidade antioxidante

Folin-CiocalteauDPPH

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80

Figura 12. Capacidade antioxidante de bebidas à base de isolado protéico de soja e suco

de frutas (grupo 2) determinada por meio dos métodos de capacidade redutora do Folin-

Ciocalteau (mg equivalentes de catequina/200 mL amostra) e capacidade de sequestro do

radical estável DPPH (µmoles equivalentes de Trolox/200 mL mostra). Os resultados estão

expressos na forma de média ± desvio padrão (n = 3).

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Viver maçã

Viver uva

Del Valle pêssego

Del Valle laranja

Del Valle maçã

Del Valle abacaxi/coco

Batavo maçã

Batavo pêssego

Batavo uva

Batavo abacaxi/manga/maracujá

Shefa uva

Shefa frutas tropicais

Shefa frutas vermelhas

Shefa laranja/pêssego

Shefa maracujá

Shefa pêra

Shefa maçã

Sollys abacaxi

Sollys uva

Sollys pêssego

Sollys laranja

Sollys maçã

Capacidade antioxidante

Folin-CiocalteauDPPH

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81

0

100

200

300

400

500

600

Adesoriginal

Adesoriginal

light

Adeschocolate

Adeschocolate

light

Purityoriginal

light

Viveroriginal

Vivermorango

Batavooriginal

Cap

acid

ade

antio

xida

nte

Folin-Ciocalteau DPPH

Figura 13. Capacidade antioxidante de bebidas à base de extrato de soja e

aromatizantes por meio da capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg equivalentes de

catequina/200 mL) e capacidade de sequestro do radical estável DPPH (µmoles

equivalentes de Trolox/200 mL). Os resultados estão expressos na forma de média ±

desvio padrão (n = 3).

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Elegêoriginal light

Sollysoriginal

Shefaoriginal

Shefachocolate

Batavochocolate

Cap

acid

ade

antio

xida

nte

Folin-Ciocalteau DPPH

Figura 14. Capacidade antioxidante de bebidas à base de isolado protéico de soja e

aromatizantes por meio da capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg equivalentes de

catequina/200 mL) e capacidade de sequestro do radical estável DPPH (µmoles

equivalentes de Trolox/200 mL). Os resultados estão expressos na forma de média ±

desvio padrão (n = 3).

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82

Os produtos acrescidos de suco de frutas apresentaram ampla variação quanto à

capacidade antioxidante determinada pelos métodos de redução do Folin-Ciocalteau e de

sequestro do radical DPPH, variando de 28 a 56 mg equivalentes de catequina e de 44 a

280 µmoles equivalentes de Trolox por porção de 200 mL (1 copo), para as bebidas à

base de extrato de soja (grupo 1) (Figura 11). Já as bebidas contendo IPS (grupo 2)

apresentaram capacidade redutora do Folin entre 6 e 146 mg equivalentes de catequina e

capacidade sequestrante do DPPH entre 0 e 865 µmoles equivalentes de Trolox por

porção de 200 mL (Figura 12). Para as bebidas sem suco de frutas, a capacidade

redutora do Folin variou de 54 a 156 (grupo 3) e de 38 a 100 (grupo 4) mg equivalentes

de catequina, enquanto à capacidade de sequestro do DPPH variou de 64 a 488 (grupo

3) e de 51 a 381 (grupo 4) µmoles equivalentes de Trolox por 200 mL de bebidas

contendo extrato e isolado protéico de soja, respectivamente (Figuras 13 e 14).

No primeiro grupo de bebidas (Figura 10), a marca Sufresh apresentou maior

média de capacidade antioxidante em ambos os métodos. Nestes produtos, porém, foi

verificada ampla variação da habilidade sequestrante do radical DPPH entre os três lotes

analisados, para os sabores morango (245 ± 45) e uva (250 ± 44). Já as bebidas Tonyu

apresentaram resultados inferiores ao das demais bebidas do grupo. Em relação às

bebidas Ades, os resultados variaram de 35 a 52 mg equivalentes de catequina e de 121

a 280 µmoles equivalentes de Trolox por 200 mL de amostra (sabor abacaxi/hortelã e

sabor uva, respectivamente).

Considerando ainda todas as bebidas com extrato de soja e sucos de fruta,

percebe-se que os sabores uva e morango se destacaram na maior parte das amostras.

Dentre estes produtos, as bebidas Ades uva, Ades uva light, Sufresh uva e Sufresh

morango apresentaram capacidade antioxidante similares entre si em ambos os métodos

determinados neste estudo.

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83

No grupo 2, a capacidade antioxidante de todas as bebidas da marca Shefa foi

bem superior às demais amostras analisadas (Figura 12). A capacidade redutora do

Folin-Ciocalteau variou de 105 a 146 mg equivalentes de catequina/200 mL, enquanto à

habilidade sequestrante do radical DPPH variou de 679 a 864 µmoles equivalentes de

Trolox/200 mL de bebida. No entanto, para as bebidas Batavo, não foi detectada

capacidade de sequestro do radical DPPH.

Em relação às bebidas contendo extrato de soja e sem adição de suco de frutas

(grupo 3), o produto Ades chocolate se destacou em ambos os métodos de capacidade

antioxidante, seguido da bebidas Ades original versão light. Já as bebidas da marca

Viver, apesar de apresentarem moderado teor de fenólicos, mostraram baixa habilidade

sequestrante do radical DPPH (Figura 13).

De forma semelhante, a bebida Batavo sabor chocolate apresentou a maior

capacidade de sequestro de radicais livres (grupo 4) (Figura 14). Esta maior habilidade

poderia ser atribuída à presença de compostos fenólicos do cacau e também à utilização

do antioxidante sintético (TBHQ), os quais, dentre as bebidas deste estudo, são

encontrados apenas nos produtos da marca Batavo sabor chocolate. A adição do TBHQ

parece contribuir para a capacidade antioxidante do produto, uma vez que antioxidantes

sintéticos (BHA e BHT), amplamente utilizados pela indústria alimentícia, apresentam

capacidade sequestrante do radical DPPH (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006).

Visando estudar a associação entre a capacidade redutora do Folin-Ciocalteau e a

capacidade sequestrante do radical DPPH, foi aplicado o teste de correlação de Pearson

para as bebidas com suco de fruta (grupos 1 e 2) e para bebidas sem suco de fruta

(grupos 3 e 4) (Figura 15).

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84

Figura 15. Correlação (Pearson) entre a capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg

equivalentes de catequina/200 mL) e a capacidade sequestrante do radical estável

DPPH (µmol equivalente de Trolox/200 mL) de bebidas contendo suco de fruta (A) e

sem adição de suco de frutas (B).

A

B

y = 0,1389x + 18,09r = 0,97

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 200 400 600 800 1000

Capacidade sequestrante do radical DPPH

Capa

cida

de re

duto

ra d

o Fo

lin-

Cio

calte

au

y = 0,2122x + 42,431r = 0,93

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 100 200 300 400 500 600

Capacidade sequestrante do radical DPPH

Capa

cida

de r

edut

ora

do F

olin

-Ci

ocal

teau

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85

Através deste teste, pode-se afirmar que houve correlação positiva entre a

capacidade redutora do Folin-Ciocalteau e a capacidade sequestrante do radical estável

DPPH, para ambos os grupos de bebidas de soja.

Diversos estudos anteriores também relataram alta correlação entre o conteúdo de

compostos fenólicos, determinado pelo método de Folin-Ciocalteau e a atividade

antioxidante, obtida pelo método do DPPH. Este fato se deve principalmente à

similaridade entre os mecanismos de ação envolvidos nos dois métodos (HUANG;

PRIOR, 2005).

A análise da composição destas bebidas mostra que os principais antioxidantes

presentes são os compostos fenólicos das frutas, as isoflavonas da soja, a vitamina C e

os antioxidantes sintéticos.

A Tabela 5 apresenta a correlação entre a capacidade antioxidante e o teor de

isoflavonas, para as bebidas contendo suco de frutas (grupos 1 e 2) e sem suco de frutas

(grupos 3 e 4).

Tabela 5 - Estudo das correlações entre as variáveis dependentes analisadas.

Coeficiente de correlação de Pearson (r) Produtos

Folin x Isoflavonas DPPH x Isoflavonas

Bebidas de soja contendo suco

de frutas (grupos 1 e 2)

-0,17 -0,24

Bebidas de soja sem suco de

frutas (grupos 3 e 4)

0,54 0,37

Conforme observado na Tabela 5, não houve correlação tanto entre a capacidade

redutora do Folin-Ciocalteau quanto entre a capacidade sequestrante do DPPH e o teor

de isoflavonas, para ambos os grupos de bebidas de soja. Estes resultados sugerem que

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86

as isoflavonas não representariam a única fonte de compostos antioxidantes, os quais

podem também ser provenientes do suco concentrado de frutas e/ou da adição de

vitamina C e outros antioxidantes, tais como o TBHQ.

As bebidas à base de soja apresentaram ampla variação do teor de isoflavonas e

capacidade antioxidante em diversas marcas e sabores analisados. Essa variabilidade

poderia ser atribuída às condições de processamento utilizadas no preparo destes

produtos, assim como do tipo de ingrediente de soja adicionado, os quais podem

interferir sobre o perfil de isoflavonas encontrado e alterar os compostos com

propriedades antioxidantes (AMIGO-BENAVENT et al., 2008).

Dentre todas as bebidas de soja adicionadas de suco de frutas, as que contêm

sucos sabor morango ou uva merecem ser destacadas, uma vez que apresentam maior

capacidade antioxidante em ambos os métodos analisados. Esses resultados estão de

acordo com o apresentado por Harvolsen et al. (2002), os quais encontraram maior

capacidade antioxidante em frutas vermelhas, devido sobretudo à elevada presença de

ácidos fenólicos e flavonóides, tais como as antocianinas. Estudando polpas de frutas,

Kuskoski et al. (2005) observaram maior capacidade antioxidante determinada pelo

método de sequestro do radical DPPH em polpas de uva, seguidas das de morango e

goiaba, as quais foram positivamente correlacionadas aos teores de compostos fenólicos

totais, assim como teores de antocianinas presentes. Esses resultados são similares aos

aqui obtidos para as bebidas Ades.

No entanto, a grande variabilidade da capacidade antioxidante das bebidas de

soja parece depender da concentração e do tipo de composto fenólico presente (LEONG;

SHUI, 2002). Esses compostos podem proteger os constituintes celulares contra o dano

oxidativo e, consequentemente, limitar ou reduzir o risco de desenvolvimento de várias

doenças crônicas não transmissíveis (DNCT) associadas ao estresse oxidativo, quer pela

ação direta sobre as espécies reativas de oxigênio, quer pela estimulação de sistemas de

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defesa endógenos (SCALBERT et al., 2005).

Diversas técnicas têm sido utilizadas para determinar a capacidade antioxidante in

vitro de forma a permitir uma rápida seleção de substâncias e/ou misturas

potencialmente interessantes para a redução do risco de DCNT (HUANG; PRIOR, 2005).

O método do Folin-Ciocalteau, por exemplo, baseia-se em uma reação de óxido-

redução. Este método não fornece valores exatos do teor de fenólicos, já que outros

compostos redutores, como o ácido ascórbico, também reagem com o ácido

fosfotúngstico-fosfomolíbdico, formando o complexo azul de molibidênio (HUANG;

PRIOR, 2005). Este fato foi também observado no estudo realizado por Genovese et al.

(2003), quando verificaram que concentrações de ácido ascórbico acima de 5 µM, em

extratos vegetais, interferem na quantificação de fenólicos totais. Entretanto, este método

é bastante utilizado por proporcionar rápida avaliação do teor de polifenóis da amostra.

Já o método de sequestro de radicais livres do DPPH - 2,2-difenil-1-picrilhidrazil foi

primeiramente descrito por Brand-Williams, Cuvelier e Berset (1995) e está baseado no

descoramento de uma solução composta por radicais estáveis DPPH de cor violeta,

quando da adição de substâncias que podem ceder um átomo de hidrogênio, ou seja, na

transferência de elétrons de um composto antioxidante para um oxidante, a qual é

medida através do decréscimo da absorbância a 517 nm.

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88

4.2 Efeito do tempo de armazenamento da bebida e do grão de soja sobre o teor,

perfil de isoflavonas e capacidade antioxidante das bebidas

Paralelamente à caracterização quanto à capacidade antioxidante e teor de

isoflavonas de bebidas à base de soja e disponíveis no mercado, decidiu-se por realizar

um estudo com a finalidade de evidenciar se existe variação quanto a esses parâmetros.

Esse estudo foi dividido em duas partes; sendo a primeira delas a análise de bebidas

provenientes de um único lote e estocadas em temperatura ambiente durante 9 meses e

a segunda incluiu a análise de diferentes lotes dessas bebidas para a avaliação do efeito

do armazenamento do grão de soja sobre os teores destes compostos e seu potencial

antioxidante.

4.2.1 Efeito do tempo de armazenamento de bebidas de soja

Foram utilizadas bebidas à base de extrato de soja sabores maçã, uva e original,

obtidas diretamente do mesmo fabricante. O quadro 5 apresenta a caracterização desses

produtos por porção de 200 mL.

Quadro 5 - Listagem de ingredientes de bebidas à base de soja (porção de 200 mL), de

acordo com o fabricante

Produtos Ingredientes Vitamina C

Bebida de soja sabor maçã Água, extrato de soja, suco concentrado de maçã, espessante pectina, acidulante ácido cítrico, regulador de acidez citrato de sódio.

Aromatizante. Vitamina C.

14 mg

Bebida de soja sabor uva Água, extrato de soja, suco concentrado de uva, espessante pectina, acidulante ácido cítrico,

regulador de acidez citrato de sódio. Aromatizante. Corante: carmim. Vitamina C.

14 mg

Bebida de soja sabor original Água, extrato de soja, açúcar, sal. Estabilizante celulose microcristalina, carboximetilcelulose,

carragena e lecitina de soja. Aromatizante. Espessante goma carragena. Vitaminas (C, E,

B6, A, ácido fólico, D e B12) e ferro.

6,8 mg

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89

O estudo do efeito do armazenamento das bebidas de soja foi realizado partindo-

se da análise de 4 amostras provenientes do mesmo lote para cada sabor da bebida,

sendo a primeira amostra analisada logo após a sua fabricação; já a segunda após três

meses de estocagem enquanto a terceira e quarta amostras, após 6 e 9 meses de

armazenamento à temperatura ambiente (Figura 16). A data e o horário de fabricação

foram utilizados como indicativo do lote para as bebidas à base de soja e o tempo de

armazenamento do produto foi determinado pelo intervalo entre a data de fabricação e a

data em que se procedeu à análise. As amostras utilizadas neste estudo não haviam sido

previamente analisadas, pois foram lançadas no mercado apenas no segundo semestre

de 2008.

Figura 16. Armazenamento das bebidas à base de soja.

Bebidas de soja

SSaabboorr mmaaççãã FFaabb:: 0011//0077//0088

SSaabboorr uuvvaa FFaabb:: 2277//0066//0088

44 ccxx 44 ccxx 44 ccxx

tt.. 00 tt.. 33 tt.. 66 tt.. 99

AArrmmaazzeennaammeennttoo ((mmeesseess))

SSaabboorr oorriiggiinnaall FFaabb :: 1199//0066//0088

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90

4.2.1.1 Teor, perfil de isoflavonas e conteúdo protéico de bebidas de soja

O teor de isoflavonas das bebidas à base de soja mostrou uma tendência de

diminuir de concentração com o decorrer do tempo de armazenamento do produto. O

percentual de redução foi de 36,5%, 31,6% e de 32,3% para os sabores maçã, uva e

original, respectivamente, ao longo dos nove meses de armazenamento (Figura 17).

Figura 17. Efeito do tempo de armazenamento das bebidas à base de soja sobre os teores de isoflavonas (mg/200 mL).

Essa variação não foi observada por Setchell e Cole (2003) para bebidas de soja

procedentes da Austrália, elaboradas com IPS e sem adição de suco de fruta. Desse

modo, condições inerentes às bebidas de soja analisadas neste trabalho parecem

interferir sobre os teores de isoflavonas. A utilização tanto do extrato de soja como de

outros ingredientes na elaboração da bebida poderiam ter favorecido a precipitação de

proteína e, consequentemente, menores quantidades de isoflavonas solúveis.

2,73,03,62,44

2,543,23,84

9,2

12,013,213,6

02468

10121416

0 3 6 9

Teor

de

isof

lavo

nas

(mg/

200

mL)

Bebida de soja sabor maçã Bebida de soja sabor uvaBebida de soja sabor original

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91

Desse modo, visando estudar se existe alteração da solubilidade da proteína das

bebidas com o tempo de armazenamento, foi realizada a determinação das proteínas

solúveis pelo método de Lowry et al. (1951).

Os resultados mostram que houve uma diminuição do teor de proteínas solúveis

com o decorrer do tempo de estocagem do produto (Figura 18), indicando uma tendência

de precipitação destes compostos, os quais estão associados às isoflavonas. Essa menor

solubilidade protéica indica que o conteúdo de isoflavonas solúveis também está

reduzido, o que parece confirmar os resultados aqui obtidos.

Figura 18. Efeito do tempo de armazenamento de bebidas à base de soja sobre o teor de

proteínas solúveis, expressos em g/200 mL da amostra.

10.98

1.17

1.34

0.80.89

1.031.13

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

0 3 6 9

Tempo de armazenamento (meses)

Con

teúd

o pr

otéi

co (g

/200

mL)

MaçãUva

3.13.23.5

0

1

2

3

4

3 6 9

Tempo de armazenamento (meses)

Con

teúd

o pr

otéi

co (g

/200

mL)

Original

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92

Analisando ainda o efeito do armazenamento das bebidas de soja sobre o perfil de

isoflavonas (Figura 19), percebe-se que houve uma tendência de aumento dos β-

glicosídeos e diminuição dos malonilglicosídeos. Esse fato se deve à provável ocorrência

da reação de desesterificação, a qual é responsável pela conversão dos compostos

malonilados em seus derivados glicosilados (HOU; CHANG, 2002).

Figura 19. Efeito do tempo de armazenamento sobre o perfil de distribuição de isoflavonas

para as bebidas à base de soja de sabores maçã (A), uva (B) e original (C).

71,2

88 90

1,8 12 2 1,88,2 7,2

85

19.5

5.21.9

7.4 7,8

0102030405060708090

100

0 3 6 9

% D

istr

ibui

ção

de is

ofla

vona

s

75 7886 88

1510

2 22 2 2 28 10 10 8

0102030405060708090

100

0 3 6 9

% D

istri

buiç

ão d

e is

ofla

vona

s

65,5

80 84,4 86

18,6

5 4 2,51,9 2 1,6 1,514 13 10 10

0

20

40

60

80

100

0 3 6 9

Tempo de armazenamento (meses)

% D

istr

ibui

ção

de

isof

lavo

nas

b-glicosídeos Malonil Acetil Agliconas

C

B

A

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93

4.2.1.2 Capacidade antioxidante de bebidas de soja

A capacidade antioxidante determinada por ambos os métodos também foi

alterada com o decorrer do tempo de estocagem do produto. Para o método do Folin-

Ciocalteau e do DPPH, o percentual de redução foi de aproximadamente 30% para o

sabor maçã; de 24% e 37% para o sabor uva; e praticamente sem variação para o sabor

original, respectivamente (Figura 20).

Figura 20. Efeito do tempo de armazenamento das bebidas à base de soja sobre a capacidade sequestrante do radical DPPH (A) (µmoles equivalentes de Trolox/200 mL de amostra) e capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (B) (mg equivalentes de catequina/200 mL).

53

85

67727276

128,5130136

697068

0153045607590

105120135150

0 3 6 9

Tempo de armazenamento (meses)

Cap

acid

ade

sequ

estra

nte

do

DPP

H

19,4

30,8

62,4

27,6 25.9 24,6

38.740.940,6

6667,369,5

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 3 6 9Tempo de armazenamento (meses)

Capa

cida

de r

edut

ora

do F

olin

-Ci

ocal

teau

Bebida de soja sabor maçã Bebida de soja sabor uvaBebida de soja sabor original

A

B

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94

4.2.2 Efeito do armazenamento dos grãos de soja sobre o teor, perfil de isoflavonas

e capacidade antioxidante de bebidas de soja

Bebidas à base de soja analisadas na primeira parte deste estudo, porém agora

procedentes de três diferentes lotes foram avaliadas quanto ao teor, perfil de isoflavonas

e capacidade antioxidante.

Para a obtenção do extrato hidrossolúvel, foi utilizado o grão de soja proveniente

do silão industrial no tempo zero, após 3 meses e 6 meses de armazenamento. O

primeiro lote das bebidas foi fabricado com o grão de soja obtido imediatamente à

colheita e os demais lotes a cada três meses. Desse modo, avaliou-se o efeito do

armazenamento do grão de soja sobre os parâmetros descritos anteriormente.

O Quadro 6 apresenta as bebidas de soja analisadas neste experimento e com

suas respectivas datas de fabricação e validade.

Quadro 6 - Caracterização das amostras de bebidas à base de soja quanto à data de

fabricação e prazo de validade

Amostras Lote 1 Lote 2 Lote 3 Bebida de soja sabor

maçã F 01/07/08 V 01/05/09

F 20/09/08 V 20/07/09

F 11/12/08 V 17/07/09

Bebida de soja sabor uva

F 27/06/08 V 27/04/09

F 17/09/08 V 17/07/09

F 17/07/09 V 15/10/09

Bebida de soja sabor original

F 19/06/08 V 19/04/09

F 20/09/08 V 20/07/09

F 13/02/09 V 14/12/09

* F – data de fabricação; ** V – data de validade

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95

4.2.2.1 Teor e perfil de isoflavonas

O teor de isoflavonas no grão de soja depende da variedade e das condições de

cultivo (ELDRIDGE; KWOLEK, 1983; GENOVESE et al., 2005). O armazenamento altera

o perfil de isoflavonas tanto dos grãos (HOU; CHAN, 2002) quanto dos derivados

protéicos (PINTO et al., 2005).

O teor de isoflavonas e o conteúdo protéico de bebidas de soja produzidas em

diferentes épocas do ano estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 - Conteúdo de isoflavonas (mg/200 mL) de bebidas à base extrato de soja

oriunda do mesmo silo, porém em três diferentes épocas do ano (imediatamente após a

produção e após 3 e 6 meses de armazenamento do grão de soja) e teor protéico (g/200

mL), para as bebidas à base de soja sabores maçã, uva e original

Bebidas à base de soja

Maçã Uva Original

Estocagem

do grão de

soja

(meses)

Isoflavonas

Proteína

Isoflavonas

Proteína

Isoflavonas

Proteína

0 3,4 ± 0,1 b 1,01 ± 0,01 b 4,0 ± 0,1 b 1,28 ± 0,03 a 13,9 ± 0,2 a 5,09 ± 0,04 a

3 4,45 ± 0,05 a 1,26 ± 0,03 a 5,6 ± 0,1a 1,40 ± 0,05 a 14,9 ± 0,1 a 5,30 ± 0,01 a

6 3,80 ± 0,01 b 1,05 ± 0,02 b 3,26 ± 0,01 c 1,10 ± 0,02 b 14,10 ± 0,06 a 5,20 ± 0,02 a

*Valores expressos como média ± desvio padrão (n = 3). Proteína obtida pela determinação do N total x 6,25.

Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

O teor de isoflavonas das bebidas à base de soja mostrou diferenças

estatisticamente significantes entre os lotes dos produtos (Tabela 6). Essa variabilidade

parece ser decorrente da adição de ingredientes, os quais teriam contribuído para a

diluição destes compostos. Variações quanto ao conteúdo destes compostos foram

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também observadas por Murphy et al.(1999) e Setchell et al. (2003) em bebidas de soja

produzidas em diferentes épocas do ano.

O perfil de isoflavonas também mostrou variar bastante entre os diversos lotes

(Figura 20).

Figura 20. Perfil de isoflavonas (mg/200 mL) de bebidas de soja sabor maçã (A) uva (B)

e original (C) analisadas imediatamente após a produção e após 3 e 6 meses de

armazenamento do grão de soja.

A

0%10%20%

30%40%50%60%70%

80%90%

100%

0 3 6

% D

istr

ibui

ção

de is

ofla

vona

s

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

0 3 6

% D

istr

ibui

ção

de is

ofla

vona

s

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

0 3 6Tempo de armazenamento (meses)

% D

istr

ibui

ção

de is

ofla

vona

s

b-glicosídeos Malonil Acetil Agliconas

B

C

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97

Esse resultado indica que o tempo de armazenamento do grão de soja em silão

industrial (matéria-prima utilizada para a elaboração do extrato hidrossolúvel de soja)

favoreceu à diminuição dos malonilglicosídeos e aumento dos β-glicosídeos, sendo este

resultado corroborado com a pesquisa realizada por Hou e Chang (2002) em grãos de

soja estocados em temperatura ambiente. Pinto et al também obtiveram resultados

semelhantes ao presente trabalho, utilizando a farinha desengordurada de soja e o IPS.

As diferenças na estrutura química das isoflavonas podem influenciar a atividade

biológica e a biodisponibilidade e, como consequência, os efeitos fisiológicos desses

constituintes (SETCHELL; CASSIDY, 1999). Existe pouca informação sobre a

biodisponibilidade das diferentes formas das isoflavonas e os resultados são conflitantes.

A absorção das isoflavonas agliconas parece ocorrer mais rapidamente e em uma maior

extensão do que os conjugados de glicosídeos (IZUMI et al., 2000). Entretanto, Setchell

et al. (2001) reportaram maior biodisponibilidade dos glicosídeos comparados a

agliconas, enquanto Xu et al. (2000) não observaram diferenças na biodisponibilidade das

diversas formas de isoflavonas, sugerindo a necessidade de mais estudos na área.

4.2.2.2 Capacidade antioxidante

A capacidade antioxidante dessas bebidas apresentou valores similares entre os

diversos lotes analisados, para ambos os métodos. A Tabela 7 mostra os valores médios

da capacidade antioxidante das bebidas à base de soja de sabores maçã, uva e original.

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Tabela 7 - Capacidade antioxidante das bebidas de soja produzidas em diferentes épocas do ano e determinada por meio da capacidade redutora do Folin-Ciocalteau e capacidade sequestrante do radical DPPH, expressas em mg equivalentes de catequina/200 mL de amostra e µmoles equivalentes de Trolox/200 mL da amostra, respectivamente.

Bebidas à base de soja

Maçã Uva Original

Estocagem

do grão de

soja (meses) Fenólicos

Totais

DPPH Fenólicos

Totais

DPPH Fenólicos

Totais

DPPH

0 27,6 ± 0,2 a 72 ± 2 b 40,6 ± 0,2 b 136 ± 2 a 70 ± 1 a 68 ± 2 a

3 30,0 ± 0,6 a 85,7 ± 0,3 a 49,5 ± 0,5 a 138,2 ± 0,7 a 66 ± 1 a 68,9 ± 0,5 a

6 29,8 ± 0,3 a 84 ± 3 a 36,0 ± 0,5 a 99 ± 1 b 66,1 ± 0,3 a 70,2 ± 0,4 a

* Valores expressos como média ± desvio padrão (n = 3). Médias na mesma coluna com letras diferentes

são significativamente diferentes (p<0,05).

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5. CONCLUSÃO

As bebidas à base de extrato ou IPS e aromatizantes apresentaram maior teor

protéico e de isoflavonas, quando comparadas com as bebidas adicionadas de

suco de frutas.

Quanto à capacidade antioxidante, as bebidas contendo suco de frutas (sabor

morango e uva) se destacaram, provavelmente, devido à composição dos

compostos fenólicos presentes nesses sucos. As isoflavonas não representariam

a única fonte de compostos antioxidantes, os quais podem ser provenientes do

suco concentrado de frutas e/ou da adição de outros antioxidantes, tais como o

ácido ascórbico e o TBHQ.

O teor de isoflavonas solúveis das bebidas de soja diminui com o decorrer do

armazenamento associado à redução da solubilidade da proteína de soja. O perfil

de isoflavonas e a capacidade antioxidante das bebidas também são alterados.

O perfil de isoflavonas das bebidas é alterado com o decorrer do armazenamento

do grão de soja

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APÊNDICE 1

Figura – Cromatograma obtido por CLAE da bebida Ades sabor morango (grupo 1).

Solvente A: ácido acético 0,1% em água; solvente B: ácido acético 0,1% em acetonitrila.

A fase móvel consistiu em gradiente linear de acetonitrila em fluxo de 1 mL/min. 1.

daidzina, 2. glicitina, 3. genistina, 4. malonildaidzina, 5. malonilgenistina, 6.

acetilgenistina, 7. genisteína.

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Tempo de retenção

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Tempo de retenção

A 255 nm

Figura – Cromatograma obtido por CLAE da bebida Shefa sabor original (grupo 3).

Solvente A: ácido acético 0,1% em água; solvente B: ácido acético 0,1% em acetonitrila.

A fase móvel consistiu em gradiente linear de acetonitrila em fluxo de 1 mL/min. 1.

daidzina, 2. glicitina, 3. genistina, 4. malonildaidzina, 5. malonilgenistina, 6. daidzeína 7.

gliciteína, 8. genisteína.

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Tempo de retenção

A 255 nm

Figura – Cromatograma obtido por CLAE da bebida Viver sabor morango (grupo 4).

Solvente A: ácido acético 0,1% em água; solvente B: ácido acético 0,1% em acetonitrila.

A fase móvel consistiu em gradiente linear de acetonitrila em fluxo de 1 mL/min. 1.

daidzina, 2. genistina, 3. malonildaidzina, 4. malonilgenistina, 5. daidzeína, 6. genisteína.

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APÊNDICE 4

Figura – Cromatograma obtido por CLAE da bebida Shefa sabor maracujá (grupo 2).

Solvente A: ácido acético 0,1% em água; solvente B: ácido acético 0,1% em acetonitrila.

A fase móvel consistiu em gradiente linear de acetonitrila em fluxo de 1 ml/min. 1.

daidzina, 2. genistina, 3. malonildaidzina, 4. malonilgenistina, 5. daidzeína, 6. genisteína.

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Tempo de retenção

A 255 nm

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APÊNDICE 5

Tabela - Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de extrato de soja (grupo 1), provenientes de três diferentes lotes de cada produto

Nome comercial Teor de isoflavonas (mg/200 mL) Ades maçã 2,37 0,04 g,h Ades maçã light 2,90 0,02 d,e,f,g

Ades manga 2,32 0,06 g,h,i

Ades manga light 2,75 0,06 e,f,g,h

Ades pêssego 2,42 0,06 g,h Ades pêssego light 3,9 0,1 b,c,d

Ades uva 2,83 0,06 d,e,f,g,h

Ades uva light 3,6 0,1b,c,d

Ades laranja 1,93 0,05 i,j

Ades laranja light 2,70 0,04 e,f,g,h Ades abacaxi 2,57 0,06 f,g,h

Ades goiaba 4,0 0,1 c,d,e,f

Ades maracujá 2,52 0,06 f,g,h Ades morango 2,40 0,03 g,h Ades melancia 2,55 0,04 f,g,h Ades abacaxi/hortelã 2,46 0,05 g,h

Ades pêssego/tangerina 2,6 0,3 f,g,h Ades limonada suíça 2,26 0,02 g,h,i Tonyu abacaxi 4,80 0,98 a

Tonyu maçã 4,6 0,2 a,b

Tonyu maracujá 4,6 0,4 a,b

Tonyu laranja/mamão 4,0 0,2 a,b,c

Tonyu morango 4,9 0,6 a

Sufresh morango 1,3 0,1 j

Sufresh maçã 1,25 0,06 j

Sufresh uva 1,1 0,1j

Mupy morango 2,5 0,7 f,g,h

Mupy maracujá 3 1 d,e,f,g

Mupy uva 3,4 0,2 b,c,d

Mupy maçã 2,5 0,3 f,g,h

*Valores expressos como média ± desvio padrão (triplicata de três diferentes lotes). Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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APÊNDICE 6

Tabela - Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base de isolado protéico de soja (grupo 2), provenientes de três diferentes lotes de cada produto

Nome comercial Teor de isoflavonas (mg/200 mL) Sollys maçã 2,40 0,05 a

Sollys laranja 2,2 0,1 a,b

Sollys pêssego 2,20 0,16 a,b Sollys uva 2,45 0,08 a,b Sollys abacaxi 2,0 0,1 a,b Shefa maçã 1,70 0,03 b,c

Shefa pêra 1,2 0,4 c,d

Shefa maracujá 2,1 0,1 a,b

Shefa laranja/pêssego 1,1 0,4 c,d Shefa frutas vermelhas 1,7 0,3 b,c

Shefa frutas tropicais 1,2 0,4 c,d Shefa uva 1,4 0,1 b,c

Batavo abacaxi/manga/maracujá 0,7 0,1 c,d Batavo uva 0,8 0,2 c,d Batavo pêssego 0,70 0,07 c,d Batavo maçã 0,6 0,1 e

Del Valle abacaxi/coco 1,2 0,1 b,c,d Del Valle maçã 0,9 0,4 c,d Del Valle laranja 0,7 0,2 c,d Del Valle pêssego 1,4 0,2 b,c

Viver uva 1,1 0,1 b,c,d Viver maçã 1,0 0,2 c,d *Valores expressos como média ± desvio padrão (triplicata de três diferentes lotes). Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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APÊNDICE 7

Tabela - Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base extrato de soja (grupo 3), provenientes de três diferentes lotes de cada produto Nome comercial Teor de isoflavonas (mg/200 mL) Ades original 11,7 0,6 a

Ades original light 13,1 0,4 a Ades chocolate 12,0 0,3 a

Ades chocolate light 11,4 0,5 a

Purity original light 11,3 0,3 a

Viver original 10,8 0,2 a,b

Viver morango 11,5 0,5 a

Batavo original 8,8 0,3 b

*Valores expressos como média ± desvio padrão (triplicata de três diferentes lotes). Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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APÊNDICE 8 Tabela - Conteúdo médio de isoflavonas de bebidas à base isolado protéico de soja (grupo 4), provenientes de três diferentes lotes de cada produto Nome comercial Teor de isoflavonas (mg/200 mL) Elegê original light 5,1 0,5 b Sollys original 9,1 0,4 a Shefa original 4,3 0,2 b

Shefa chocolate 4 1 b Batavo chocolate 10 1 a

*Valores expressos como média ± desvio padrão (triplicata de três diferentes lotes). Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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APÊNDICE 9

Tabela – Capacidade antioxidante das bebidas de soja (grupo 1), determinada por meio dos métodos de capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg equivalentes de catequina/200 mL amostra) e da capacidade seqüestrante do radical DPPH (µmoles equivalentes de Trolox/200 mL amostra)

Capacidade antioxidante Nome comercial Folin-Ciocalteau DPPH Ades maçã 42 2 a,b,c,d,e,f,g,h,i 215 10 b,c,d,e

Ades maçã light 44 1 a,b,c,d,e,f,g,h,i 172 21 d,e,f Ades manga 36 5 f,g,h,i,j 191 8 b,c,d,e,f Ades manga light 40 2 d,e,f,g,h,i,j 182 27 d,e,f Ades pêssego 47 7 a,b,c,d,e,f,g,h 200 25 b,c,d,e Ades pêssego light 41 4 b,c,d,e,f,g,h,i 121 11 f,g,h

Ades uva 55 6 a,b,c,d,e 250 10 a,b,c

Ades uva light 52,3 0,2 a,b,c,d,e 222 20 a,b,c,d,e

Ades laranja 49,2 0,1 a,b,c,d,e,f,g 211 13 b,c,d,e

Ades laranja light 50 1 a,b,c,d,e,f 187 20 c,d,e,f

Ades abacaxi 49 1 a,b,c,d,e,f,g 280 16 a

Ades goiaba 49 6 a,b,c,d,e,f 250 27 a,b,c

Ades maracujá 44,4 0,6 a,b,c,d,e,f,g,h,i 214 10 b,c,d,e Ades morango 49,7 1,5 a,b,c,d,e,f,g 226 7 a,b,c,d

Ades melancia 41 3 b,c,d,e,f,g,h,i 184 33 d,e,f Ades abacaxi/hortelã 35 3 g,h,i,j 165 9 d,e,f,g

Ades pêssego/tangerina 35 3 f,g,h,i,j 170 5 d,e,f

Ades limonada suíça 37 3 e,f,g,h,i,j 180 11 d,e,f Tonyu abacaxi 28 4 j 53 3 i

Tonyu maçã 41 10 b,c,d,e,f,g,h,i 106 9 g,h,i

Tonyu maracujá 30 1 i,,j 44 2 i

Tonyu laranja/mamão 37 8 f,g,h,i,j 55 5 i

Tonyu morango 33 5 h,i,j 72 7 h,i

Sufresh morango 53 11 a,b,c,d 245 45 a,b

Sufresh maçã 56 10 a,b 161 10 e,f,g

Sufresh uva 53 3 a 250 44 a,b,c

Mupy morango 14 1 k 23 1j Mupy maracujá 11,6 0,4k 20 1 j Mupy uva 42 2 a,b,c,d,e,f,g,h,i 78 1 h,i Mupy maçã 13,3 0,4 k 21,4 0,6 j *Valores expressos como média ± desvio padrão (triplicata de três diferentes lotes). Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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APÊNDICE 10

Tabela – Capacidade antioxidante das bebidas de soja (grupo 2), determinada por meio dos métodos de capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg equivalentes de catequina/200 mL amostra) e capacidade seqüestrante do radical DPPH (µmoles equivalentes de Trolox/200 mL amostra)

Capacidade antioxidante Nome comercial Folin-Ciocalteau DPPH Sollys maçã 50 2 d,e 204 4 e,f,g

Sollys laranja 47,4 3,5 d,e,f 143 40 f,g,h

Sollys pêssego 43 3 d,e,f 131 4 g,h,i

Sollys uva 66 9 d 234 9 e

Sollys abacaxi 52,3 2,5 d,e 220 31 e,f

Shefa maçã 105 9 c 742,5 32,3 c,d

Shefa pêra 127 5 a,b,c 761,8 39,5 b,c

Shefa maracujá 120 5 b,c 745 8 b,c,d

Shefa laranja/pêssego 108,2 2,5 b,c 722 11 c,d

Shefa frutas vermelhas 134 13 a,b,c 865 31 a

Shefa frutas tropicais 125 21 a,b,c 680 49 d

Shefa uva 146 5 a 823 63 a,b

Batavo abacaxi/manga/maracujá 7 1 h nd **

Batavo uva 12,5 2,3 g,h nd **

Batavo pêssego 7,4 1,8 h nd **

Batavo maçã 6,2 0,1h nd **

Del Valle abacaxi/coco 37 6 e,f,g 81 7 h,i,j

Del Valle maçã 28,5 7,6 e,f,g,h 112 20 h,i

Del Valle laranja 49,5 2,3 d,e 134 22 g,h,i

Del Valle pêssego 31 5 e,f,g,h 56 6 i,j,k

Viver uva 24 2 f,g,h 151,4 5,6 f,g,h

Viver maçã 28 3 e,f,g,h 133 4 g,h,i

*Valores expressos como média ± desvio padrão (triplicata de três diferentes lotes).

** Não detectado Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente

diferentes (p<0,05).

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APÊNDICE 11 Tabela – Capacidade antioxidante das bebidas de soja (grupo 3), determinada por meio dos métodos de capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg equivalentes de catequina/200 mL amostra) e capacidade seqüestrante do radical DPPH (µmoles equivalentes de Trolox/200 mL amostra)

Capacidade antioxidante Nome comercial

Folin-Ciocalteau DPPH Ades original 83 2 c 205 21 b

Ades original light 94 6 b 155 27 b,c

Ades Chocolate 156 3 a 488 31 a

Purity original light 80 5 c 110 6 c,d

Viver original 63 3 d,e 64 4 e

Viver morango 66 2 d 70 4 e

Batavo original 54 2 e 107 13 c,d

*Valores expressos como média ± desvio padrão (triplicata de três diferentes lotes).

Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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APÊNDICE 12

Tabela – Capacidade antioxidante das bebidas de soja (grupo 4), determinada por meio dos métodos de capacidade redutora do Folin-Ciocalteau (mg equivalentes de catequina/200 mL amostra) e capacidade seqüestrante do radical DPPH (µmoles equivalentes de Trolox/200 mL amostra)

Capacidade antioxidante Nome comercial

Folin-Ciocalteau DPPH Elegê original light 38 1 c 51 2 c

Sollys original 100 2 a 219 24 b

Shefa original 42 2 c 54 6 c

Shefa chocolate 80 4 b 200 25 b

Batavo chocolate 97 4 a 381 4 a

*Valores expressos como média ± desvio padrão (triplicata de três diferentes lotes).

Médias na mesma coluna com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).

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