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Danilo Teixeira Martins Aspectos Epidemiológicos da Borreliose de Lyme no Brasil (Borreliose de Lyme símile) São Paulo-SP 2008

TCC

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Danilo Teixeira Martins

Aspectos Epidemiológicos da Borreliose de Lyme no Brasil

(Borreliose de Lyme símile)

São Paulo-SP

2008

Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - SP

Danilo Teixeira Martins

Aspectos Epidemiológicos da Borreliose de Lyme no Brasil

(Borreliose de Lyme símile)

Trabalho de conclusão de curso apresentado

ao curso de Medicina Veterinária do Centro

Universitário das Faculdades Metropolitanas

Unidas como requisito para a obtenção de

graduação em Medicina Veterinária, sob a

orientação do Prof. Dr. Carlos Augusto

Donini.

Área de concentração: Epidemiologia,

zoonoses, saúde publica.

São Paulo-SP

2008

Martins, Danilo Teixeira Aspectos Epidemiológicos da Borreliose de Lyme no Brasil /

Danilo Teixeira Martins. – São Paulo/SP: Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas. 2008 45 p. il. Trabalho de conclusão de curso (Graduação). Medicina Veterinária, Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, 2008. 1.Borreliose de Lyme símile 2.Epidemiologia 3. Zoonoses. I.Danilo Teixeira Martins. II. Título

Danilo Teixeira Martins

Aspectos Epidemiológicos da Borreliose de Lyme no Brasil

(Borreliose de Lyme símile)

Trabalho de conclusão de curso apresentado

ao curso de Medicina Veterinária Centro

Universitário das Faculdades Metropolitanas

Unidas como requisito para a obtenção de

graduação em Medicina Veterinária, sob a

orientação do Prof. Dr. Carlos Augusto

Donini.

Área de concentração: Epidemiologia,

zoonoses, saúde publica.

Prof. Dr. Carlos Augusto Donini

UNIFMU – Orientador

Prof. Dra. Terezinha Knobl

UNIFMU – Banca Examinadora

Prof. Ms. Arnaldo Rocha

UNIFMU – Banca Examinadora

Dedico este trabalho à

minha família que sempre

me apoiou e em especial ao

meu querido pai e minha

mãe que tanto batalharam e

sofreram para tornar

possível a realização do

sonho de seu filho.

Agradeço aos meus amigos que me

apoiaram, à minha namorada que em

nenhum momento me deixou perder o foco

me mantendo sempre concentrado até

mesmo nos momentos difíceis, à Prof. Drª.

Márcia Mayumi Ishikawa que gentilmente

me auxiliou com excelente material teórico

para pesquisa e em especial à orientação do

Prof. Dr. Carlos Augusto Donini que me deu

todo o apoio necessário me proporcionando

conhecimentos fundamentais para a

realização desse trabalho.

"Não basta dar os passos que nos devem

levar um dia ao objetivo, cada passo deve ser

ele próprio um objetivo em si mesmo, ao

mesmo tempo que nos leva para diante."

(Goethe)

RESUMO

A borreliose de Lyme é uma doença transmitida através da picada de carrapatos

infectados com espiroquetas do complexo Borrelia burgdorferi tendo como principais

hospedeiros os roedores e cervídeos podendo acometer animais domésticos e silvestres além

do homem, sendo considerada uma antropozoonose. Devido ao fato da doença ter vários

estágios com diferentes sinais clínicos em diversos sistemas do organismo ela acaba tendo um

caráter multissistêmico despertando interesse em diversas especialidades médicas e

veterinárias. Apesar de no Brasil ainda não ter sido isolado o agente da doença, sabe-se que

esse agente faz parte do complexo Borrelia burgdorferi, e os sinais clínicos apresentados no

Brasil são compatíveis com a forma da doença que ocorre na EUROPA e USA, por esse

motivo a doença que ocorre no Brasil vem sendo chamada de borreliose de Lyme “símile”.

Diversos estudos vem demonstrando que a doença está acontecendo no Brasil sendo

considerada uma zoonose emergente, e provavelmente devido à grande extensão geográfica

do Brasil e a falta de conhecimento sobre a doença, ela vem sendo pouco diagnosticada ou

confundida com outras doenças pelo fato de ter muitos sinais inespecíficos, visto que o único

sinal patognomônico (eritema crônico migratório) não acontece em todos os casos, ou em

muitas manifestações tardias o paciente não se lembra da presença de carrapato no corpo ou

do ECM.

Palavras-chave: borreliose de Lyme, borreliose de Lyme símile, Borrelia burgdorferi,

zoonose, epidemiologia.

ABSTRACT

Lyme borreliosis is a disease transmitted through the bite of infected ticks with

spirochetes of the Borrelia burgdorferi complex has as main hosts the rodents and the deers,

affecting domestic animals, wild animals and the human being, besides of being zoonosis.

Due to the fact that the disease has several stages with different clinical signs in various

systems of the body, it is considered a multisystemic disease and arouses interest in various

areas of medicine and veterinary. Despite of the Brazil do not have isolated the agent of

borreliosis, it is known that the agent is similar to the Borrelia burgdorferi and the clinical

signs presented in Brazil are compatible with the form of the disease that occurs in EUROPE

and USA, for that reason the disease what occurs in Brazil is called of “Lyme borreliosis

símile”. Several surveys show that the disease is occuring in Brazil being as considered

emergent zoonosis, and probably due to the fact of the great geographic extension of the

Brazil and the little knowledge about the disease, this has been poorly diagnosed and confused

with other diseases by the fact submit several clinical signs unspecific, since the only clinical

sign pathognomonic (erythema chronic migrans) does not occur in all cases, or in many lates

manifestations the patient do not remember of the presence of the tick on the body, or of the

erithema chronicum migrans.

Key Words – Lyme borreliosis, Lyme borreliosis símile, Borrelia burgdorferi, zoonosis,

epidemiology.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Braço esquerdo de paciente com Eritema migratório crônico por Doença de Lyme

símile primário, contraído na região de Campinas, Estado de São Paulo após picada de

carrapato.............................................................................................................................. 17

Figura 2: Paciente com Eritema migratório crônico por Doença de Lyme símile em estágio

secundário............................................................................................................................ 17

Figura 3: Animal da espécie canina com atrite progressiva causada por doença de

Lyme.................................................................................................................................... 19

Figura 4: Cultura de B. Burgdorferi em meio BSK II, escaneada por microscopia eletrônica

com aproximação de 7 – 10000x......................................................................................... 22

Figura 5: Carrapatos da espécie Ixodes scapularis, sendo da esquerda para a direita: fêmea

adulta, macho adulto, ninfa e larva...................................................................................... 23

Figura 6: Carrapatos da espécie Amblyomma americanum conhecido popularmente como

“carrapato estrela”, ninfa, macho (maior no centro) e fêmea.............................................. 24

Figura 7: Carrapato da espécie Dermacentor variabilis fêmea........................................... 25

Figura 8: Carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus fêmea..................................... 25

Figura 9: Ciclo da relação entre doença de Lyme – vetor (I. scapularis) –

hospedeiro............................................................................................................................ 26

Figura 10: Diagnóstico realizado por Imunofluorescência indireta assay (IFA positivo para

B. burgdorferi em sorologia de paciente com borreliose de Lyme............................. 28

Figura 11: Demonstração de como deve ser feito a retirada do carrapato da pele.............. 32

Figura 12: Retirada do carrapato da pele sem deixar o aparelho bucal do artrópode fixado na

pele...................................................................................................................................... 33

Figura 13: Processo de podução de vacina recombinante para borreliose de Lyme.

Recombitek…………………….……………………………………………...………... 35

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Principais espécies causadoras de Borreliose de Lyme e Borreliose de Lyme símile

no mundo e seus respectivos vetores................................................................................... 15

Tabela 2: Freqüência de sinais extracutâneos em 18 pacientes com borreliose de Lyme em

fase aguda............................................................................................................................ 18

Tabela 3: Demonstração da eficiência da vacina Lyme Rix em 2 anos.......................... 33

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome ou Síndrome da imunodeficiência adquirida.

ALDF – American Lyme Disease Foundation, fundação americana da doença de Lyme.

BSK – Método de isolamento proposto por Barbour, Stoenner e Kelly.

CDC – Centers for Disease Control.

DDVP – Inseticida à base de Diclorvós (82,5%).

DLS – Doença de Lyme símile.

ECM – Eritema crônico migratório.

ELISA – Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay, Ensaio de imunoadsorção enzimática.

EMR – Eritema migratório cutâneo.

FDA – Food and Droog administration, departamento do governo dos EUA.

FMUSP – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

ICB – Instituto de Ciências Biomédicas.

IFA – Imunofluorescência indireta.

IgM – Imunoglobulinas do tipo M.

IgG – Imunoglibulinas do tipo G.

LDF – Lyme Disease Foundation.

PCR – Polymerase Chain Reaction, Reação em cadeia de polimerase.

STARI – Southern Tick Associated Rash Illness, doença do eritema do carrapato do sul.

USP – Universidade de São Paulo.

WHO – World Health Organization, Organização Mundial de Saúde.

SUMÁRIO

1 – Introdução ..................................................................................................................... 12

2 – Objetivo......................................................................................................................... 14

3 – Revisão da Literatura..................................................................................................... 14

3.1 – Aspectos históricos da Borreliose de Lyme....................................................14

3.2 – Aspectos clínicos da Borreliose de Lyme em Humanos.................................16

4 – Borreliose de Lyme em animais.................................................................................... 18

4.1 - Borreliose de Lyme em animais domésticos................................................... 18

4.2 - Borreliose de Lyme em animais silvestres...................................................... 20

5 - Agentes e vetores da Borreliose de Lyme no Brasil...................................................... 20

5.1 – Características do agente (Borrelia sp)........................................................... 21

5.2 – Características dos vetores.............................................................................. 22

5.3 – Modos de transmissão..................................................................................... 27

6 – Diagnóstico.................................................................................................................... 27

6.1 – Diagnóstico da borreliose de Lyme em humanos........................................... 29

6.2 – Diagnóstico da borreliose de Lyme em animais............................................. 29

7 – Controle......................................................................................................................... 30

8 – Prevenção...................................................................................................................... 33

9 – Aspectos epidemiológicos da borreliose de Lyme no Brasil......................................... 36

9.1 - Saúde Pública.................................................................................................. 37

9.2 - Distribuição geográfica no Brasil.................................................................... 37

9.3 - Importância em Medicina Veterinária............................................................. 38

10 – Conclusão.................................................................................................................... 39

11 – Referências Bibliográficas........................................................................................... 40

12

1 - Introdução

A cada dia nos vemos mais necessitados de atenções especiais em relação à prevenção

de doenças e à medicina preventiva, juntamente com essas necessidades nos deparamos com

as chamadas doenças emergentes que são conceituadas como, “Doenças infecciosas cuja

incidência no Homem aumentou nas últimas duas décadas, ou ameaça aumentar no futuro

próximo.” (DISMUKES, 1996).

A cada dia surgem novas descobertas e entre elas novos microrganismos capazes de

provocar prejuízos à saúde pública. Só entre 1972 e 1999 “descobriram-se 36 novos agentes

infecciosos causadores de doença no Homem” (DESSELBERGER, 2000), entre esses novos

agentes estão as espécies patogênicas da Borrelia spp, sendo a Borrelia burgdorferi a mais

importante no Brasil, por ser causadora da Borreliose de Lyme ainda conhecida como Doença

de Lyme, Mal de Lyme, Eritema Migratório Cutâneo entre outros sinônimos.

A borreliose de Lyme é uma doença de caráter multissistêmico causada pela Borrelia

burgdorferi, e devido ao fato de ser um microorganismo causador de doenças capazes de

comprometer vários órgãos, “desperta interesse em várias especialidades médicas, como a

dermatologia, reumatologia, cardiologia, neurologia e doenças infecciosas” (FONSECA et al.,

2005).

Além dessas características, a borreliose de Lyme é uma doença transmitida por

carrapatos podendo afetar animais silvestres, domésticos e aves sendo assim uma doença de

caráter zoonótico despertando grande interesse na Medicina Veterinária em especial atenção à

manutenção da saúde pública.

Até o presente momento o Brasil apresentou casos isolados da doença além de

algumas pesquisas e alguns trabalhos comprovando a soropositividade em regiões que

apresentam condições propícias à presença da Borrelia burgdorferi.

Os aspectos epidemiológicos da doença de Lyme no Brasil ainda estão em estudo e

vem despertando cada vez mais interesse de pesquisadores da área médica, sendo esse um

assunto de grande importância para a obtenção de conhecimento técnico sobre a doença, que

em conjunto com a grande extensão geográfica e atividade pecuária do Brasil torna-se um

fator de risco para a saúde pública.

De acordo com Coyle (1993), Bennett (1995) e CDC (1997) depois da AIDS,

nenhuma doença foi tão intensamente estudada, com pesquisas avançadas e modernas; as

doenças com o envolvimento das borrelioses em geral foi objeto do maior número de

13

publicações nos periódicos científicos de grande circulação nos últimos anos, podendo ser a

"zoonose da década" como afirma Soares et al. (2000).

14

2 - Objetivo

Esse trabalho tem por objetivo apresentar os principais aspectos epidemiológicos da

doença de Lyme no Brasil do ponto de vista médico veterinário visando apresentar sua

distribuição geográfica no país bem como suas características principais como aspectos

clínicos, formas de transmissão, diagnóstico e possíveis formas de controle. O trabalho

proposto também apresentará fatores relacionados ao possível impacto da doença na saúde

pública e sua importância na medicina veterinária.

3 – Revisão da Literatura

3.1 – Aspectos históricos da Borreliose de Lyme

A borreliose de Lyme é uma doença comum ao homem e aos animais causada pela

espiroqueta B. burgdorferi e é a mais importante das borrelioses por ser uma doença de

caráter sistêmico e por se tratar de uma zoonose (GALO, 2006). A borreliose de Lyme tem

como vetor os carrapatos da família Ixodidae, sendo o Amblyomma cajennense, também

conhecido como “carrapato estrela” e ainda vetor de outras doenças como Febre Maculosa e

Babesiose Eqüina, a principal espécie suspeita de estar envolvida como vetor da doença em

território brasileiro (SOARES et al, 2000). Os carrapatos da espécie A. Cajennense são

comumente encontrado em eqüinos, mas esses ainda podem parasitar bovinos, animais

domésticos e animais silvestres e conseqüentemente o homem (VIEIRA et al., 2004).

O agente Borrelia burgdorferi é atualmente considerado um complexo, chamado de

“complexo Lyme” (GALO, 2006), devido ao fato de incluir um grupo com diversos agentes

causadores de doenças. A sua distribuição geográfica é universal já tendo sido descrita na

América do Norte, América Central, América do Sul, Ásia, Europa e Austrália conforme

apresentado na Tabela 1 (SOARES et al, 2000).

15

Doenças Espécies de Borrelia Vetores Distribuição

Borreliose de Lyme B. burgdorferi Ixodes sp. América do Norte e EuropaB. garinii Ixodes sp. Europa e ÁsiaB. afzelli Ixodes sp. Europa e Ásia

Borreliose de Lyme B. andersoni Ixodes sp. América do Nortesímile nos Estados B. lonestari Amblyomma América do NorteUnidos B. barburi A.americanum América do Norte

B. bissetii Ixodes sp. América do NorteBorreliose de Lyme B. valaisiana Ixodes sp. Europana Europa e na Ásia B. lusitaniae Ixodes sp. Europa

B. turdii Ixodes sp. ÁsiaB. tanuk ii Ixodes sp. ÁsiaB. miyamotoi Ixodes sp. ÁsiaB. japonica Ixodes sp. Ásia

Borreliose de Lyme Borrelia sp. Amblyomma Brasilsímile no Brasil

Tabela 1: Principais espécies causadoras de Borreliose de Lyme e Borreliose de Lyme símile

no mundo e seus respectivos vetores. Fonte: extraído de Fonseca et al (2005).

Os primeiros relatos da doença de Lyme no Brasil, foram descritos por Figueira et al.

(1989) em pacientes que apresentaram o quadro dermatológico da doença, e posteriormente

Azulay et al. (1991) no Rio de Janeiro e Talhari et al. (1992) sendo que esse já tinha descrito 3

casos em 1987 (TALHARI et al., 1987). Em 1989, Yoshinari et al. (1989) fizeram a primeira

publicação alertando à classe médica sobre a existência da doença de Lyme no Brasil, quase

na mesma época (1990) foi formado um grupo de pesquisa no Brasil com pesquisadores dos

Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul para investigar a ocorrência e

epidemiologia da doença de Lyme no Brasil (YOSHINARI et al.,1992), ainda em 1990 foi

criado na Faculdade de Medicina da USP, laboratório e ambulatório próprios para dar

atendimento específico a casos suspeitos de doença de Lyme em todo território nacional. Com

a colaboração de Dr. Allen C. Steere, Prof Domingos Baggio (parasitologia – ICB USP) e

Prof Paulo Yassuda (microbiologia – ICB USP) e profissionais de diversas especialidades

médicas, o projeto ganhou grande reconhecimento sendo credenciado como Centro de

Referência para a doença de Lyme, dessa forma muitos casos suspeitos passaram a ser

mandados para a FMUSP, aumentando o interesse pela doença e conseqüentemente

aumentando as pesquisas (YOSHINARI et al., 1995). Ainda em 1992, Yoshinari et al., (1992)

descreveram os primeiros casos da doença, com manifestações extra-cutâneas, já em 1993

Yoshinari e Barros (1993) publicaram novos casos da doença e demonstraram que Cotia (SP)

é uma área de risco, e através de estudo sorológico preconizaram a metodologia do Western

Blotting como procedimento sorológico mais sensível que ELISA, sendo assim os dois

16

exames constituindo o protocolo padrão para confirmação de suspeita para o diagnóstico da

doença de Lyme no Brasil. Em 1995 Joppert A.M. (1995) realizou um estudo soro-

epidemiológico da infecção por Borrelia burgdorferi em cães de Cotia, São Paulo, concluindo

que em uma amostra de 237 soros de cães provenientes de quinze diferentes áreas próximas a

regiões de matas, 23 (9,7%) destes apresentaram positividade através do teste ELISA, sendo

confirmado 20 (8,4%) através do teste “Western Blotting”, sendo que 3 amostras resultaram

em falso positivo pelo ELISA.

Atualmente a borreliose de Lyme no Brasil é tema de estudo de diversas áreas da

medicina e veterinária.

No período entre 1990 e 1995 foram atendidos aproximadamente 500 casos suspeitos

da doença sendo que 25 pacientes tiveram a confirmação do diagnóstico como doença de

Lyme. Entre esses 18 eram do sexo feminino e 7 do sexo masculino, com idades entre 4 e 48

anos. Quinze casos foram diagnosticados na fase aguda, sete no estágio secundário e três

evoluíram da forma aguda pra latente (YOSHINARI et al., 1995).

Diversos casos já comprovaram sorologicamente a positividade para IgM e IgG

contra Borrelia burgdorferi em paciente com sintomatologia clínica compatíveis com doença

de Lyme (YOSHINARI et al., 1993, 1997, 2003). Em 2000 a doença de Lyme foi apresentada

como doença de Lyme-símile (YOSHINARI et al., 2000), por ser uma doença similar à

doença de Lyme encontrada em outros países. Atualmente a doença vem sendo chamada de

Síndrome infecto reacional de Lyme símile, pois apesar de ser de etiologia infecciosa, existem

evidências clínico laboratoriais de cunho alérgico e autoimune (YOSHINARI et al., 2003).

Até o momento não foi possível isolar a Borrelia sp. no Brasil, dessa forma as

pesquisas prosseguem com grande intensidade e despertando cada vez mais interesse de

pesquisadores das diversas áreas médicas.

3.2 – Aspectos clínicos da Borreliose de Lyme

Dentre os diversos sinais clínicos da borreliose de Lyme, o principal é o eritema

migratório cutâneo, que é apresentado na maioria dos casos de infecção por B. burgdorferi.

Segundo Fonseca et al.(2005), o percentual de pacientes que apresentam o ECM (eritema

migratório cutâneo) chega a 80%. A lesão inicial inicia-se após a picada do vetor onde

observa-se uma mácula ou pápula que expande de forma centrífuga e geralmente passa de

5cm. (Figura 1).

17

Figura 1: Braço esquerdo de paciente com Eritema migratório crônico por Doença de Lyme

símile primário, contraído na região de Campinas, Estado de São Paulo após picada de

carrapato. Fonte FONSECA, 2005

O ECM tende a se expandir perifericamente formando uma mácula que em 8 a 14 dias

pode chegar a 15cm. (Figura 2).

Figura 2: Paciente com Eritema migratório crônico por Doença de Lyme símile em estágio

secundário. Fonte: FONSECA, 2005.

Em um estudo feito por Yoshinari (1995), em 25 casos da doença, 23 deles

apresentaram lesão cutânea compatíveis com ECM. Sendo que a duração do eritema

18

migratório variou de 3 a 90 dias, sendo a média de 26 dias e o período de latência oscilou

entre 2 a 20 dias. Dentre os episódios descritos, 18 deles foram considerados episódios agudos

com a freqüência dos sintomas e sinais extracutâneos demonstrados a seguir. (Tabela 2)

Sintomas Quantidade (Casos) PorcentagemFebre 14 77,7%

Mialgia 9 50,0%

Fadiga, desânimo, cansaço 8 44,4%Tosse (seca, produtiva, hemoptise) 6 33,3%

Dor de garganta 5 27,7%

Calafrios 3 16,6%Dor abdominal, vômito 3 16,6%

Diarréia 2 11,1%

Desconforto respiratório 2 11,1%

Tabela 2: Freqüência de sinais extracutâneos em 18 pacientes com borreliose de Lyme em

fase aguda. Adaptado de YOSHINARI, et al (1995).

Além desses a borreliose de Lyme a longo prazo pode manifestar diversos outros

sintomas inespecíficos como sinais neurológicos, articulares, cardíacos, oftalmológicos.

Dentre todos os sinais, o único que realmente é considerado patognomônico é o ECM, visto

na grande maioria dos casos (YOSHINARI et al, 1995).

4 – Borreliose de Lyme em animais

4.1 – Borreliose de Lyme em animais domésticos

A maioria dos animais domésticos são susceptíveis à infecção pela B. burgdorferi, mas

raramente apresentam sinais clínicos. Em áreas endêmicas para doença de Lyme, testes

sorológicos demonstram que a taxa de exposição de cães à B. burgorferi pode chegar a 40 a

89% sendo que dentre esses cães infectados apenas 5% apresentam sinais clínicos da doença

(BUSHMICH, 1994), sendo assim importantes reservatórios para a espiroqueta, podendo

facilmente carrear o vetor para o ambiente domiciliar contaminando o homem acidentalmente,

sendo assim de grande importância para a epidemiologia da doença de Lyme (GALO, 2006).

19

O experimento feito por Gustafson et al (1993), na qual foram usados 10 cães, fêmeas

da raça Beagle foram infectadas experimentalmente com B. burgdorferi, demonstrou que a

doença ainda pode ser transmitida de forma intrauterina.

Felinos parecem ser mais resistente à infecção por B. burgdorferi, sendo pouco

observada mesmo em áreas de risco (GALO, 2006).

Em pesquisas e experimentos de soroprevalência em eqüinos feitos no Brasil,

(SALLES et al, 2002) foi demonstrado a soropositividade de animais em território nacional.

Mas a epidemiologia da doença em eqüinos ainda não está bem definida no Brasil (GALO,

2006).

Os sinais clínicos geralmente envolvem síndrome musculoesquelética, sem

predisposição de raça, idade ou sexo. Várias articulações são afetadas principalmente carpiana

e tarsiana com artrite progressiva (SOARES et al, 2000) (Figura 3). Além dos sinais

musculoesqueléticos, os animais podem apresentar, febre, letargia, cardiopatia, alterações

comportamentais, disfunção renal, desordens reprodutivas, e normalmente não apresentam o

ECM, com exceção de bovinos. (BUSHMICH, 1994).

Figura 3: Animal da espécie canina com atrite progressiva causada por doença de Lyme.

Fonte: LDF (Lyme Disease Foundation) Disponível em: http://www.lyme.org

4.2 Borreliose de Lyme em Animais Silvestres

20

Visto que a B. burgdorferi é transmitida principalmente pela picada de carrapatos do

gênero Ixodes, os animais silvestres constituem grande risco na disseminação da doença de

Lyme por carrearem consigo o vetor e serem na maioria das vezes reservatórios naturais da

doença (CORRADI et al, 2006).

Os cervídeos raramente adoecem sendo que atuam como reservatórios naturais e

sentinelas epidemiológicas. Eles acabam por manter a espiroqueta no ambiente silvestre

(SOARES et al, 2000).

Segundo Barbour e Hayes (1986), os roedores silvestres merecem destaque entre os

animais silvestres envolvidos no ciclo da B. Burgdorferi, por serem estes, capazes de levar o

agente do ambiente silvestre ao ambiente peridomiciliar.

As aves migratórias também apresentam um papel importante na epidemiologia da

doença de Lyme, servindo de carreadores do vetor entre locais por onde passam, conforme

demonstram Olsen et al. (1995).

Através de estudo sorológico realizado na região de São Paulo, Corradi et al.(2006)

demonstrou que a doença tem tendência a ser ocupacional, sendo que de uma amostra de 78

soros de veterinários, biólogos e profissionais que trabalham diretamente com animais

silvestres, houve um índice de soropositividade de 6,4%. Dentre os positivos não houve

predisposição racial, sexual ou de idade, e destes, 60% afirmaram terem tido contato com

carrapatos anteriormente.

5 - Agentes e Vetores da Borreliose de Lyme no Brasil

A borreliose de Lyme é causada do complexo Borrelia burgdorferi sensu lato, este

composto por cerca de 11 espécies reconhecidas. Dessas 11, apenas 3 são consideradas

patogênicas, que são elas: Borrelia burgdorferi sensu stricto, Borrelia garinii e Borrelia

afzelli. O restante (Borrelia andersonii, Borrelia bissettii, Borrelia valaisiana, Borrelia

lusitaniae, Borrelia japonica, Borrelia tanukii, Borrelia turdae e Borrelia sinica) são

consideradas pouco patogênicas ou não patogênicas (ATALIBA et al., 2005).

No Brasil o agente causador da Borreliose de Lyme símile ainda não foi isolado

(OLIVEIRA, 2000), Yoshinari et al. (1997), demonstrou através de testes com as cepas

européia (B. garinii e B. afezelli) e norte americana (B. burgdorferi), que a cepa existente no

Brasil se diferencia das citadas, apesar de apresentar sintomas parecidos com a doença de

Lyme nesses continentes, por isso os cientistas passaram a chamar a doença no Brasil de

Borreliose de Lyme “símile”.

21

Os carrapatos são fundamentais para a manutenção das borrélias, essas funcionam

como simbiontes nos artrópodes e parasitam acidentalmente os humanos, quando ocorrem

infecções por borrélia sem o envolvimento do artrópode, essa pode-se tornar até mesmo

apatogênica. Existe uma dependência bioquímica entre o agente e o vetor, sendo assim as

borrélias em geral dependem do vetor para seu ciclo de vida (SOARES, 2000).

5.1 – Características do agente (Borrelia sp)

As borrélias são espiroquetas da família Spirochaetaceae que tem em comum com

outras espiroquetas as seguintes características: Forma (helicoidal), forma de movimento e

flagelos. Sendo que o que diferencia as borrélias de outras espiroquetas são duas

características, sendo elas: todas as espécies de borrélias são transmitidas por artrópodes

hematófagos e ainda podem ser transmitida de forma transovariana entre os artrópodes, e

diferenças no DNA, possuindo entre 27 e 32 do conteúdo constituído por guanina-citosina,

diferentemente de outras espiroquetas (BARBOUR e HAYES, 1986). Além dessas

características, as borrélias se distinguem da Leptospira e Treponema, por serem de tamanho

maior, com mais flagelos e menos espiras (BALASHOV, 1972).

A multiplicação da borrélia no artrópode é diretamente afetada pela temperatura

ambiente, visto que as espiroquetas não suportam temperaturas altas (SOARES, 2000).

Até o momento são conhecidas 5 grupos de doenças distintas causadas pelas borrélias,

são elas:

(1) febre recurrente epidêmica humana, causada por B. recurrentis;

(2) borreliose aviária, causada por B. anserina, causando um processo febril com alta

morbidade em aves;

(3) borreliose bovina, causada por B. theileri. Causa processo anemiante em bovinos e

eqüinos, mas é pouco patogênica;

(4) aborto enzoótico bovino, causado por B. coriaceae, acometendo bovinos e cervídeos;

(5) borreliose de Lyme, as quais são causadas por bactérias do complexo B. burgdorferi

(Figura 4) sensu lato (FONSECA et al., 2005).

22

Figura 4: Cultura de B. Burgdorferi em meio BSK II, escaneada por microscopia

eletrônica com aproximação de 7 – 10000x Fonte: LDF (Lyme Disease Foundation).

Disponível em: http://www.lyme.org

5.2 – Características dos vetores

Dentre os vetores de doenças transmitidas aos homens, os artrópodes são os que

transmitem um maior número de patógenos entre bactérias, vírus, protozoários, fungos e

nematóides, só sendo superados pelos culicídeos (mosquitos) (BALASHOV, 1972), além

disso muitos tem características de secretarem substâncias tóxicas, causando irritações e

alergias (RIBEIRO et al, 1985).

Os carrapatos são os principais vetores da borreliose de Lyme, porém esta já foi

transmitida experimentalmente por tabanídeos (mutucas), culicídeos (mosquitos) e

sifonápteros (pulgas) (MAGNARELLI et al, 1986, 1987). Das espiroquetas, apenas as

borrélias podem ser transmitidas por ectoparasitos hematófagos (BURGDORFER, 1956).

A borreliose de Lyme tem como principal vetor os carrapatos do gênero Ixodes

(Figura 5), sendo os I. scapularis e I. pacificus envolvidos nas infecções na América do

Norte e América Central e os I. ricinus na Europa e I. persulcatos na Ásia (WHO, 1993).

Além desses, ainda há indícios do envolvimento do Amblyomma americanum infecções na

América do Norte, mas estes estariam envolvidos em outra doença, semelhante à doença

23

de Lyme, mas causada pela B. lonestari que não faz parte do complexo B. burgdorferi,

essa doença vem sendo chamada atualmente de “STARI (southern tick-associated rash

illness)”, com sinais clínicos parecidos com a borreliose de Lyme (BARBOUR et al,

1996).

Figura 5: Carrapatos da espécie Ixodes scapularis, sendo da esquerda para a direita: fêmea

adulta, macho adulto, ninfa e larva. Fonte: Centers of Disease Control. Disponível em:

http://www.cdc.gov

No Brasil existe apenas uma espécie de carrapato do gênero Ixodes que é o I. aragoai,

e essa espécie é extremamente rara sendo encontrada apenas pequenas populações em

levantamentos acarológicos (GUIMARÃES, 2001). Visto que a transmissão transovariana

da B. burgdorferi tem pouca importância epidemiológica (BENNET, 1995), conclui-se

que as condições climáticas do hemisfério norte são as responsáveis por manter o agente

nos vetores (STEERE et al., 2004). Visto que estudos realizados no Texas, EUA

demonstraram a presença de B. lonestari em carrapatos da espécie Amblyomma

americanum (Figura 6) (BURKOT, 2001) e em carrapatos da espécie Amblyomma

cajennense conforme cita Ataliba et al. (2005), conclui-se que no Brasil o provável vetor

de maior importância para a borreliose de Lyme seja o Amblyomma cajennense por ser

esta a única espécie com histórico de parasitismo humano nas regiões onde foram

constatadas a doença de Lyme (YOSHINARI et al, 2000). Além disso, casos

24

diagnosticados tiveram histórico de parasitismo por formas imaturas de Amblyomma sp.,

muito provavelmente A. Cajennense (YOSHINARI et al, 2000).

Figura 6: Carrapatos da espécie Amblyomma americanum conhecido popularmente

como “carrapato estrela”, ninfa, macho (maior no centro) e fêmea. Fonte: College of

Agriculture and Life Sciences da Cornell University.

Disponível em: http://www.entomology.cornell.edu

Em recente pesquisa sorológica, Ataliba et al. (2005) demonstrou que a espécie de

carrapato Amblyomma cajennense não seria o vetor da doença de Lyme no Brasil, o citado

trabalho foi feito com amostras de soros positivos de pacientes do Hospital das Clínicas e

através de coleta de carrapatos em vida livre, em áreas consideradas de risco pelo histórico

de casos diagnosticados.

Os carrapatos do gênero Ixodes necessitam de umidade relativa alta quando separados

do seu hospedeiro, sendo assim não suportam locais com baixa umidade (WHO, 1993).

Sua alimentação varia de acordo com seu estágio de desenvolvimento, sendo que os

adultos parasitam aves, caprinos, ovinos, bovinos, eqüinos, caninos, felinos e homens e as

larvas e ninfas parasitam lagartos, roedores, insetívoros e quirópteros. Geralmente esses

tem vida aproximada de 2 anos, mas podem ter um tempo de vida diminuído em regiões

de clima quente ou viver mais tempo (chegando a 5 – 6 anos) em regiões do hemisfério

25

norte. O tempo em que ficam no hospedeiro não passa de 3 semanas, e as fêmeas podem

produzir de 2000 a 3000 ovos a cada postura.

Além dos Ixodídios a B. burgdorferi já foi isolada de carrapatos das espécies

Dermacentor variabilis (Figura 7) e Rhipicephalus sanguineus (Figura 8)

(MAGNARELLI, 1984).

Figura 7: Carrapato da espécie Dermacentor variabilis fêmea.

Fonte: Universidade de Harvard.

Disponível em: http://www.massinsects.com/

Figura 8: Carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus fêmea.

Fonte: College of Agriculture and Life Sciences da Cornell University.

Disponível em: http://www.entomology.cornell.edu

26

Os carrapatos, além de serem vetores das diversas espécies de borrélias, são muito

importantes na manutenção da vida da espiroqueta, sendo que esta desenvolve-se como

simbionte (Organismo que vive como parte do hospedeiro) nos carrapatos e tornam-se

parasitas nos animais e homem (HOOGSTRAAL, 1985).

O ciclo da infecção por B. burgdorferi foi representado por Steere et al. (2004), da

seguinte forma:

Figura 9: Ciclo da relação entre

doença de Lyme – vetor (I. scapularis) - hospedeiro.

Fonte: Adaptado de STEERE et al, 2004.

Geralmente as larvas dos carrapatos se alimentam uma vez no final do verão (A), as

ninfas se alimentam no final da primavera e começo do verão (B), e os adultos se alimentam

antes da postura dos ovos (C), depois disso as fêmeas realizam a postura (D), que darão

origem a novos carrapatos no próximo verão (E), é fundamental que os carrapatos tenham o

alimento (sangue de hospedeiro) durante os estágios de larva e ninfa pois o ciclo da

espiroqueta depende da transmissão horizontal, normalmente no início do verão ocorre a

infecção de ninfas para roedores ou outros possíveis hospedeiros (B), e no final do verão de

roedores infectados para larvas (A). Conseqüentemente a B. burgdorferi passa uma grande

parte do seu ciclo em uma forma dormente no trato gastrintestinal do carrapato. Dessa forma,

para que a doença seja transmitida ao humano, o carrapato deve parasitar este no final do

verão e começo da primavera exclusivamente pela forma de ninfa do carrapato. Sendo assim

quando ocorre a infecção aos humanos, esta pode ser considerada acidental, pois este não é

necessário para o ciclo de vida da espiroqueta (STEERE et al., 2004, BARBOUR, 1990).

27

5.3 – Modos de transmissão

A forma de transmissão, seja de animais para animais ou seja de animais para

humanos ocorre através da picada do vetor soropositivo. Os vetores conforme já mencionados

são principalmente carrapatos do gênero Ixodes (CORRADI, 2006), com raras exceções por

culicídeos, tabanídeos e sifonápteros (MAGNARELLI et al., 1987).

No Brasil, Yoshinari et al. (1995) realizou uma pesquisa com 25 pacientes

soropositivos para borreliose de Lyme, na qual 17 (68%) deles tinham tido contato com

animais domésticos, 7 (28%) se recordavam da picada de carrapato e 6 (24%) lembraram-se

de ter visto carrapatos próximos. Concluindo-se através de dados epidemiológicos que a

borreliose de Lyme símile é uma zoonose que pode ser transmitida por carrapatos que seriam

levados ao ambiente domiciliar por animais domésticos, sendo assim a freqüência de animais

soropositivos em certas regiões pode determinar o risco para a borreliose de Lyme símile

(YOSHINARI et al., 1995).

Em relação à transmissão no hospedeiro, já foi demonstrado que cães da raça Beagle

teriam a capacidade de transmitir a borreliose de Lyme através da forma intrauterina

(GUSTAFSON et al., 1993).

Para que ocorra a transmissão, é necessário que o carrapato fique no hospedeiro por

aproximadamente 40 horas conforme trabalhos apresentados em Workshop sobre borreliose

de Lyme na Slovakia (WHO, 1993), sendo que Steere et al. (2004) afirma que os carrapatos

devem estar exclusivamente na forma de ninfa para que a infecção seja possível.

Além dessas formas de transmissão, já foi descrito que a Borrelia ainda pode ser

transmitida pela urina de roedores, transfusão sanguínea, transplante de tecido ou por contato

(BURGESS et al. 1986, HYDE et al 1989, DORWARD et al 1991, BURGDORFER 1993,

KARCH et al 1994).

6 – Diagnóstico

O diagnóstico da doença de Lyme no Brasil encontra dificuldades devido à ausência

de isolado do agente no país, sendo assim esses são feitos com a cepa americana de B.

burgorferi strictu sensu G39/40 (YOSHINARI, 1995). No Brasil o ELISA indireto para

detecção de IgG anti B. burgdorferi foi padronizado em bovinos, cães e eqüinos

(ISHIKAWA, 1996, SOARES, 1998, SALLES, 2002).

28

O Western Blotting é considerado mais sensível e específico, sendo usado para a

confirmação do ELISA (DRESSLER et al., 1993). A interpretação dos resultados devem ser

cuidadosas e criteriosas devido ao fato de ocorrerem falsos positivos com reação cruzada

entre outras doenças infecciosas e/ou doenças autoimunes (STANCHI et al., 1993). Além

disso pacientes que tenham recebido tratamento anterior com antibióticos costumam

apresentar falsos negativos (SOARES, 2000, BARROS, 2000, GRODZICKI et al, 1988).

Em pesquisa comparativa entre o ELISA e Western Blotting, Grodzicki e Steere

(1988), demonstraram a superioridade do Western blotting em relação à doença de Lyme no

estágio agudo.

Também pode ser utilizada a técnica de reação em cadeia de polimerase (PCR), sendo

este o mais preciso dos testes, tendo como resulta a amostra do DNA do agente (LIENBLING

et al. 1993, MOTER et al. 1994, ZBINDEN et al. 1994). Porém essa técnica tem como

desvantagem o custo alto (SOARES, 2000).

Em Workshop sobre borreliose de Lyme apresentado na Slovakia (WHO, 1993),

demonstrou-se que ainda pode-se utilizar a técnica de imunofluorescência indireta assay (IFA)

(Figura 10), e assim como o ELISA, esse deve ser confirmado através do Western blotting.

Figura 10: Diagnóstico realizado por Imunofluorescência indireta assay (IFA) positivo para B.

burgdorferi em sorologia de paciente com borreliose de Lyme.

Fonte: Lyme Disease Foundation. Disponível em: http://www.lyme.org

29

6.1 – Diagnóstico da borreliose de Lyme em humanos

Em humanos o diagnóstico é feito inicialmente através dos sinais clínicos e

posteriormente com exames sorológicos para se confirmar o diagnóstico. A presença de

anticorpos anti-borrélia geralmente é um indicativo de exposição ao agente, porém resultados

falso negativos e falso positivos podem acontecer. (WHO, 1993).

Pode-se utilizar esfregaços de sangue periférico quando a espiroquetemia é elevada

(FONSECA, 2005). Devido à dificuldade de se isolar e identificar o agente do agente

suspeito rotineiramente, esse método (isolamento) torna-se praticamente impossível

utilizando-se assim as técnicas sorológicas (JOPPERT, 2001). Dessa forma os métodos mais

utilizados nas regiões onde se tem descrito a borreliose de Lyme, é o ELISA e confirmação

através do Western blotting (SOARES, 2000). Apesar de que esses testes possuam fatores que

compliquem o diagnóstico, dentre os fatores estão:

1 - Lentidão na resposta imunológica (STEERE et al., 1983);

2 - Antibióticoterapia como inibidor da resposta em estágios iniciais da doença (GRODZICKI

et al., 1988);

3 - Reações cruzadas entre B. burgdorferi e outros agentes (BARBOUR et al., 1986,

MAGNARELLI et al., 1987).

O PCR é o único teste que tem a capacidade de identificar a infecção tanto em estágios

iniciais, quando muitas vezes a sorologia acusa falso positivos, quanto em estágios avançados

da doença, porém torna-se inviável pelo alto custo (SOARES, 2000).

6.2 – Diagnóstico da borreliose de Lyme em animais

Em animais o teste ELISA com confirmação de resultados positivos por Western

blotting foi padronizado, e é utilizado na maioria das pesquisas no Brasil (ISHIKAWA et al.,

1997, SOARES et al., 1999, SALLES et al., 2002).

Em pesquisa sorológica através de coleta de carrapatos em vida livre Ataliba et al.

(2005) utilizou a técnica de reação em cadeia de polimerase (nested-PCR) que é considerada

uma técnica de alta sensibilidade e especificidade, não obtendo resultados positivos em

carrapatos da espécie Amblyomma cajennense.

30

7 – Controle

O controle da doença de Lyme tem sido focado na eliminação dos principais vetores

(carrapatos) e retirada destes do corpo o mais cedo possível (LEVY, 2006). Visto que para

que o vetor transmita a doença, é necessário 40 horas parasitando o homem (WHO, 1993).

De acordo com Junior et al. (2004), em manual de doenças infecciosas e parasitárias

publicado pelo Ministério da Saúde, as medidas para controle da população de artrópodes não

tem surtido resultados satisfatórios no Brasil, dessa forma o primeiro passo é alertar a

população das áreas de risco sobre as doenças que podem ser transmitidas pelos carrapatos e

assim atuar na educação da população levando informações sobre como retirar um carrapato

do corpo, usar roupas claras de mangas compridas em áreas onde ocorre a infestação de

carrapatos, usar repelentes nas roupas e partes descobertas da pele. Dessa forma estaríamos

atuando diretamente no ciclo de transmissão da doença, impedindo a infecção ou diminuindo

os riscos de novas infecções.

Segundo Vieira et al. (2004) através do manual de vigilância acarológica publicado

através do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Saúde e

Superintendência de Controle de Endemias, o uso de controle através de produtos químicos

não surte resultado satisfatório quando este é feito em busca de uma resolução imediata do

problema. Mas se este for feito de forma correta e contínua, pode-se ter bons resultados em

relação ao manejo sanitário de animais domésticos. Vieira et al. (2004) ainda alerta que

quando a exposição aos carrapatos é inevitável, o recomendado é usar roupas com mangas

longas, botas e calças compridas com a parte inferior dentro das meias, todos com cor claras

para facilitar a visualização dos carrapatos, e após a utilização, essas roupas devem ser

colocadas em água fervente para a retirada dos carrapatos.

Labruna e cols. (2001) demonstraram em trabalho realizado em 40 propriedades no

Estado de São Paulo, que altas infestações de A. cajennense está associado à presença de pelo

menos 1 pasto “sujo” na propriedade, sendo assim quando esses pastos são roçados rente ao

solo no período do verão (quando os carrapatos estão na fase de ovos e larvas, altamente

sensíveis à alteração no microclima), reduz-se drasticamente o desenvolvimento e tempo de

vida dos carrapatos.

Nos EUA o fornecimento de alimentos com ivermectina a cervídeos em vida livre tem

proporcionado bons resultados no controle de carrapatos em locais de alta infestação

(POUND et al., 1996).

Corapi (2007) sugere as seguintes estratégias para o controle da doença de Lyme:

31

1 – Redução do número de hospedeiros

- Erradicação de ratos;

2 – Modificação do habitat do carrapato

- Vassoura de fogo;

- Corte de grama;

- Introdução de predadores dos carrapatos.

3 – Controle químico

- Aplicações de acaricida na terra;

- Aplicação aérea de cabaril;

- Aplicação de dessecantes;

- Uso de sabão inseticida;

- Tratar ninhos de roedores com material acaricida.

4 – Controle biológico

- Introdução de agentes microbianos que eliminam o vetor.

5 – Controle farmacológico

- Imunização;

- Administração de fármaco antimicrobiano.

6 – Proteção pessoal

- Evitar áreas com carrapatos;

- Uso de repelentes;

- Remover carrapatos em menos de 24 horas.

No Brasil os produtos acaricidas vem sendo utilizados nos animais domésticos com

bons resultados tanto em animais de grande porte quanto nos de pequeno porte. Dentre os

produtos utilizados atualmente, estão: fosforados (trichlorfon, chlorphenvinphos, coumaphos,

dichlorvos, DDVP), formamidinas (amitraz), piretróides (cipermetrina, alfametrina,

deltametrina, flumetrina), fenilpirazole (fipronil - FrontLine) e thiazolina, e os

carrapaticidas sistêmicos, como as avermectinas (ivermectina, doramectina e abamectina),

milbemicina (moxidectina) e fluazuron, um inibidor do crescimento (ALMEIDA, 2002)

Esses produtos são aplicados através de aspersão, imersão, dorsal (pour-on) ou

injetável (avermectinas e milbemicina). Dentre os diferentes métodos existem vantagens e

desvantagens e a escolha depende, entre outros fatores, da região geográfica, tipo de criação,

manejo e número de animais. Na maioria das propriedades o carrapaticida é aplicado após

uma avaliação pessoal e empírica do produtor e variam de seis a 24 tratamentos por ano

32

(controle tradicional). Em algumas regiões, os períodos de tratamentos são pré-definidos

(controle estratégico), como nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. (ALMEIDA, 2002)

A remoção dos carrapatos deve ser feita de forma correta para que o aparelho bucal do

artrópode não fique preso na pele, de acordo com o CDC (2005), a remoção deve ser feita da

seguinte forma:

1 – Deve-se utilizar uma pinça com ponta fina, sendo que as mãos precisam estar protegidas

com lenço de papel ou luvas de látex (Figura 11 e 12).

Figura 11: Demonstração de como deve ser feita a retirada do carrapato da pele.

Fonte: Centers for Disease Control .

Disponível em: http://www.cdc.gov/ncidod/dvrd/rmsf/prevention.htm

2 – Segurar o carrapato com a ponta da pinça o mais próximo da pele possível, evitando que o

aparelho bucal do artrópode fique preso à pele. Deve-se evitar de torcer o carrapato.

3 – Após a remoção, deve-se lavar bem as mãos com água e sabão para desinfetar o local da

mordida.

4 – Não se deve espremer o carrapato, pois dessa forma o sangue do carrapato possivelmente

infectado fica exposto, podendo contaminar o ambiente. O ideal é coloca-lo em solução com

iodo, álcool ou água com detergente.

5 – Guardar o carrapato para identificação posterior em caso de ocorrer alguma doença. Isso

pode ajudar o seu médico a realizar um diagnóstico com precisão. Deve-se manter em um

saco plástico fechado em congelador, e escrever a data da remoção.

33

Figura 12: Retirada do carrapato da pele sem deixar o aparelho bucal do artrópode fixado na

pele. Fonte: Centers for Disease Control. Disponível em:

http://www.cdc.gov/ncidod/dvrd/rmsf/prevention.htm

8 - Prevenção

Nos EUA uma vacina recombinante para doença de Lyme foi produzida mas não está

mais disponível comercialmente (LEVY, 2006).

Em 1998 FDA (Food and Drug Administration), nos EUA licenciou a vacina

recombinante (LymeRix - SmithKline Beecham Pharmaceuticals) considerando-a segura e

efetiva contra doença de Lyme. Porém pesquisas em campo colocaram em pauta a eficácia da

vacina mencionada. Essas concluíram que no primeiro ano, quando as pessoas foram

vacinadas com 2 doses, foi obtido uma eficácia de 49%, e no segundo ano após uma dose de

reforço a eficácia chegou a 76%. Sendo que na média entre primeiro e segundo ano, a eficácia

observada foi de apenas 65% (Tabela 3), em março de 2003 a vacina acima mencionada foi

removida do mercado (LEVY, 2006). De acordo com a ALDF (American Lyme Disease

Foundation), a vacina Lyme Rix foi retirada do mercado devido à baixa demanda,

provavelmente causada pelo alto custo ($ 70,00 por dose) e diminuído tempo de eficácia. Não

sendo mais disponível nenhuma vacina contra doença de Lyme.

Indivíduos Ano 1 Ano 2Vacinados 22 16Não vacinados 43 66Eficiência por ano 22/43 = 0.51 = 49 % 16/66 = 0.24 = 76 %Eficiência Total 22+16/43+66= 38/109 = 0.35 = 65 %

Tabela 3: Eficiência da vacina Lyme Rix em 2 anos.

Fonte: Adaptado de LEVY, 2006

34

Dessa forma a principal forma de prevenção em outros países vem sendo feita através

da vacinação de cães, devido ao fato de esses serem os principais envolvidos na transporte dos

vetores para o ambiente domiciliar.

Para cães a vacina contra doença de Lyme é disponível comercialmente, sendo as mais

conhecidas: LymeVax pela Fort Dodge Animal Health e a Recombitek pela Merial.

(LEVY, 2006). Ambas vacinas são importadas, e a Recombitek pode ser encontrada pelo

preço médio de $ 392,00 a caixa com 20 doses (http://www.healthypets.com). De acordo com

Simson (2001), a vacina Recombitek Lyme é produzida com a proteína OspA da própria B.

burgdorferi produzida em E. Coli agindo como uma vacina inativada. O esquema resumido de

como é produzida a vacina esta esquematizado a seguir (Figura 13).

De acordo com a opinião de alguns veterinários, a eficácia da vacina em cães é

questionável e esses não recomendam seu uso. Visto que alguns animais, mesmo quando

vacinados podem contrair a doença. Apesar dos questionamentos feitos sobre a eficácia da

vacina, esta claro que animais vacinados tem menos probabilidade de contrair a doença.

Devido à esses questionamentos a vacinação só é recomendada em animais expostos à

infestação de carrapatos em áreas endêmicas para borreliose de Lyme. O esquema de

vacinação pode começar com 3 meses de idade, em duas doses com intervalo de 3 semanas

(FOSTER & SMITH, 2008).

35

Figura 13: Processo de produção de vacina recombinante para borreliose de Lyme.

Recombitek

Fonte: SIMSON, 2001

36

9 – Aspectos epidemiológicos da borreliose de Lyme no Brasil

Até o momento os registros contam 30 casos de borreliose de Lyme símile

confirmados no Brasil, sendo a maioria deles com a manifestação cutânea sendo que junto

com esses sinais foram observados outras manifestações como já descrita em tabela 2, alguns

que manifestaram sinais articulares e neurológicos, inclusive em três desses casos os pacientes

tiveram manifestações graves como paralisia de nervo facial, e apenas 1 paciente apresentou

manifestações cardíacas, se recuperando após antibióticoterapia. (YOSHINARI et al., 1997).

Através dos diversos estudos realizados no Brasil podemos perceber que o agente

causador da borreliose de Lyme símile ainda não foi isolado, sendo assunto de discussão e

estudo de diversas especialidades médicas, concluindo-se que a forma de borreliose de Lyme

que ocorre no Brasil é diferente das formas encontradas na Europa e América do Norte

(YOSHINARI, 2003).

Os animais estão diretamente envolvidos na epidemiologia da doença, sejam os

animais silvestres como reservatórios naturais, principalmente pequenos roedores, sejam as

aves migratórias como poderosas ferramentas de disseminação das larvas e ninfas infectadas,

além de poderem se infectar também ou sejam os animais domésticos que levam os vetores da

doença ao ambiente domiciliar, sendo essa, considerada antropozoonose (YOSHINARI et al.,

1997).

O período de incubação da borreliose de Lyme símile varia de 3 a 24 dias (sendo a

média entre 7 e 14 dias) e vai desde a exposição ao vetor até o aparecimento da lesão cutânea,

mesmo quando não há a lesão cutânea (uma minoria de casos), a doença pode se manifestar

anos mais tarde com outras manifestações conforme citado anteriormente (JUNIOR, 2004).

Por ser doença rara em território nacional, a doença confere agravo inusitado sendo

portanto de notificação compulsória e investigação obrigatória.

O CDC (center of disease control, Atlanta, EUA), estabeleceu os seguintes critérios

para o diagnóstico de borreliose de Lyme:

1 – Em área endêmica, considera-se borreliose de Lyme se, após exposição a

carrapatos, o paciente apresentar EMR (eritema migratório cutâneo) ou em sua ausência,

ocorrer registro de doença cardiovascular, do sistema nervoso ou musculoesquelético;

2 – Em áreas consideradas de risco pela presença de reservatórios e vetores,

consideram-se indivíduos com borreliose de Lyme se desenvolverem EMR com sorologia

positiva pelo Western blotting (com presença de 2 bandas de IgM ou quatro bandas para IgG,

ou concomitantemente de 1 banda de IgM e 2 de IgG) (FONSECA, 2005).

37

9.1 – Saúde Pública

Através de diversos estudos e publicações Yoshinari et al. (1997), demonstrou que a

borreliose de Lyme símile esta presente no Brasil e sendo essa, uma doença de aspecto

zoonótico, a saúde publica esta envolvida e tem por objetivo realizar a vigilância

epidemiológica. Dentre os objetivos da vigilância epidemiológica do Brasil, esta a detecção

de casos suspeitos ou confirmados da doença visando o tratamento precoce da doença afim de

evitar complicações comuns que já foram descritas. Além da identificação de focos e áreas de

risco, para que se considerem medidas de educação em saúde nessas áreas visando evitar

novas infecções e a disseminação da doença.

Intervindo na prevenção da borreliose de Lyme, os setores relacionados à saúde

pública estarão dando um grande passo na prevenção de diversas outras doenças, talvez até

mais freqüentes do que a borreliose de Lyme símile, visto que as principais medidas de

controle estão relacionadas com o controle de artrópodes. Sendo estes o segundo principal

vetor responsável pela disseminação de diversas doenças, as medidas preventivas e estudos

sobre o assunto sempre serão válidos (BALASHOV, 1972).

A maior preocupação em relação à saúde pública está no fato de não se saber ainda

qual é o agente causador da borreliose de Lyme símile, sendo assim, não se tem informações

sobre as características da patogenia da doença, a partir desse ponto vem a necessidade de

novas pesquisas e trabalhos relacionados ao assunto para que esta que já é uma realidade não

se torne um tema alarmante.

9.2 – Distribuição Geográfica no Brasil

No Brasil já foram relatados casos isolados em humanos, nos estados de São Paulo,

Santa Catarina, Rio Grande de Norte e Amazonas (JUNIOR, 2004).

Em animais, estudos já demonstraram a presença de reatividade e sorologia positiva

para B. burgdorferi em diversas regiões. Em Itaguaí (RJ), Fonseca e cols. (1995)

identificaram borrélias no sangue periférico e urina de gambás e exames sorológicos (ELISA

e Western blotting) em marsupiais na região de Cotia (SP) apresentaram alta freqüência de

soropisitividade. Ainda em Itaguaí, foram encontradas espiroquetas reativas com cepa de B.

burgdorferi em bovinos confirma afirma Yoshinari et al. (1995).

Em trabalho recente, Benesi e cols. encontraram borrélia em sangue periférico de

bovinos na região de Bragança Paulista (SP), demonstrando a prevalência de 23,8% de

38

soropositividade em bovinos nessa região. No local onde foram identificados os bovinos,

observaram três funcionários com lesão cutânea compatível com ECM, e um deles era

positivo.

Joppert (1995) realizou inquérito sorológico na região de cotia em cães e demonstrou a

positividade de 9,7% (23 amostras), dentre os soropositivos, 70% estavam infestados por

carrapatos.

9.3 – Importância em Medicina Veterinária

Os animais, sejam domésticos ou silvestres estão envolvidos tanto na biologia do

agente etiológico da borreliose de Lyme quanto no ciclo de vida do vetor (STEERE et al,

2004). Sendo assim a Medicina Veterinária tem fundamental importância em relação à

prevenção, controle e conhecimento da doença.

Nas diversas pesquisas e estudos analisados durante o trabalho, ficou claro que a

borreliose de Lyme é uma zoonose de fácil transmissibilidade, visto que no Brasil, pela sua

grande extensão e atividade pecuária não são incomuns áreas infestadas de carrapatos de

diversos gêneros, e criações com problemas relacionados aos carrapatos (MASSARD e

FONSECA, 2004).

Cerca de 90% das espécies de carrapatos, são exclusivos de animais silvestres. E o

restante pode parasitar animais domésticos e humanos (VIEIRA, 2004). Tendo em vista que

os animais silvestres, principalmente pequenos roedores e cervídeos são os reservatórios

naturais das borrélias, a medicina veterinária tem papel importante juntamente com a saúde

pública no controle da doença. Além disso, ainda existe o problema com as aves migratórias

que fazem o papel de levar vetores contaminados para outras regiões (YOSHINARI, 1997)..

Os animais domésticos como cães, gatos, cavalos e bovinos, além de contraírem a

doença são potentes agentes que podem levar os vetores contaminados até o ambiente

domiciliar (YOSHINARI, 1997).

Apesar de no Brasil ainda não existir o isolamento do agente, diversos estudos já

demonstraram como se contrai a doença, quem são os possíveis vetores, quem são os

hospedeiros e os transportadores da doença. Dessa forma a Medicina Veterinária tem

informações necessárias para agir em conjunto com a saúde pública na extensão rural levando

a informação e educação auxiliando assim no controle e prevenção da doença (JUNIOR et al.,

2004).

39

10 – Conclusão

Através dos diversos trabalhos, pesquisas e estudos revisados, conclui-se que existe no

Brasil uma doença com sinais clínicos e fatores epidemiológicos compatíveis com a

borreliose de Lyme dos EUA e Europa, e com sorologia positiva para o complexo Borrelia

burgdorferi. Porém ainda não existe o isolado do agente etiológico que causa a doença no

Brasil (YOSHINARI, 1997).

Visto que a doença envolve animais e carrapatos, podendo ser transmitida para

humanos, essa pode ser considerada uma zoonose emergente, que de acordo com Dismuskes

(1996), são doenças na qual sua incidência aumentou nas últimas duas décadas e pode

aumentar em um futuro próximo.

Dessa forma as pesquisas no Brasil devem continuar para que possamos obter o

máximo de informações sobre a doença, podendo assim intervir em um controle efetivo e com

isso, juntamente com a saúde pública auxiliar na prevenção da doença.

Se as causas de todas doenças de caráter dermatológico, nervoso, cardíaco,

reumatológico e infeccioso, fossem investigadas a fundo, certamente muitos novos casos de

borreliose seriam encontrados.

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