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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Leandro Bolzan
RACIONALIZAÇÃO EM ALVENARIA ESTRUTURAL
Santa Maria, RS 2016
Leandro Bolzan
RACIONALIZAÇÃO EM ALVENARIA ESTRUTURAL
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Engenharia Civil
da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Eng. Civil Gihad Mohamad
Santa Maria, RS
2016
Leandro Bolzan
RACIONALIZAÇÃO EM ALVENARIA ESTRUTURAL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.
Aprovado em 06 de janeiro de 2017:
_______________________________________ Gihad Mohamad, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
_______________________________________ Diego W. N. Machado, Me. (ULBRA)
_______________________________________ Rafael Pires Portella, Me. (UNIFRA)
Santa Maria, RS 2016
AGRADECIMENTOS
A concretização deste trabalho se deve, principalmente, ao auxilio e
compreensão de diversas pessoas. Agradeço a todos que, direta ou indiretamente,
me ajudaram a concluir esta etapa. De uma maneira especial, agradeço a:
- Minha família, pela paciência, dedicação, companheirismo e amor que me
proporcionaram durante toda minha vida, especialmente durante o desenvolvimento
desse trabalho;
- Aos amigos que a fiz no meu caminho, que me acompanham e me apoiando
e mantendo meu foco nas decisões importantes que tenho feito, obrigado pela
companhia, pelas distrações, não seria capaz de vencer os desafios encontrados
sem o suporte destes;
- Aos professores responsáveis pela minha formação acadêmica, em especial
aos professores de todos os departamentos de Engenharia Civil, principalmente meu
orientador Gihad Mohamad, pelo auxilio, disponibilidade e paciência na concepção
deste trabalho;
- À Universidade Federal de Santa Maria e seus funcionários, por
proporcionar a estrutura oferecida a seus alunos.
RESUMO
RACIONALIZAÇÃO EM ALVENARIA ESTRUTURAL
AUTOR: Leandro Bolzan ORIENTADOR: Gihad Mohamad
O presente trabalho tem como objetivo um estudo simplificado de alvenaria estrutural sobre a racionalização, vantagens, desvantagens e patologia. A Racionalização tem com principal fator a redução de custos, que envolve vários fatores, como, diminuição de funcionários e materiais. As vantagens dessa alvenaria é a economia, praticidade, entre outros, e as desvantagens são a falta de mão de obra treinada e não ter a mesma flexibilidade para remover paredes a fim de se aumentar um determinado ambiente. Já as patologias causam muito transtorno por ter que fazer reparos depois de concluída à estrutura, ocasionando na falta de economia. Com a crescente necessidade de se agregar valor aos empreendimentos na construção civil, ao mesmo tempo temos um mercado competitivo, ontem as empresas buscam o maior retorno financeiro, uma saída é obras mais racionalizadas, onde o desperdício é menor e a agilidade na construção é maior. Entretanto, um investimento em projetos deve ser mais aprofundado, ainda é frequente, no Brasil, que o investimento aplicado no processo de projeto seja subestimado perante o custo total da edificação. Nesses casos falhas e patologias causadas por falta de informação dos projetos são muito comuns e elevam o custo do empreendimento, bem como prorrogam o tempo estimado de entrega da edificação. A compatibilização dos projetos é um processo fundamental da concepção dos mesmos, e deve ocorrer durante todas as etapas, seguindo-se de forma planejada, teremos um empreendimento edificado de forma racionalizada, evitando-se desperdícios com retrabalhos e geração de entulhos o que torna o sistema construtivo em alvenaria estrutural econômica e tecnicamente atrativo. Palavras-chave: Compatibilização de Projetos. Racionalização. Alvenaria estrutural.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Possibilidade de interferência x custo acumulado de produção ............... 11
Figura 2 – Em (A) Alvenaria tradicional e em (B) racionalista. .................................. 12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................ 8
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 8
1.3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 9
1.3.1 Objetivo Geral: ............................. ..................................................................... 9
1.3.2 Objetivos Específicos: ...................... ............................................................... 9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................... .................................................. 10
2.1 CONCEITUANDO PROJETO E SUA IMPORTÂNCIA ........................................ 10
2.2 COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS ............................................................... 11
2.3 RACIONALIZAÇÃO DA ALVENARIA ESTRUTURAL ......................................... 12
2.4 CONCEITUANDO ALVENARIA ESTRUTURAL ................................................. 13
2.5 RACIONALIZAÇÃO DE MATERIAIS .................................................................. 14
2.6 SISTEMA CONSTRUTIVO .................................................................................. 14
2.7 ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS ........................................................ 15
2.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ALVENARIA ESTRUTURAL ................. 15
2.8.1 Principais vantagens ........................ .............................................................. 15
2.8.2 Principais desvantagens ..................... .......................................................... 16
3 METODOLOGIA ..................................... ............................................................... 17
4 RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA POR ETAPAS ........... ................................. 18
4.1 PROJETO ........................................................................................................... 18
4.1.1 Importância da racionalização ............... ....................................................... 19
4.1.2 Implantação dos processos de racionalização . .......................................... 21
4.2 EXECUÇÃO ........................................................................................................ 26
4.3.1 Importância da racionalização ............... ....................................................... 26
5 RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA ...................... .............................................. 33
5.1 FERRAMENTAS PARA IMPLANTAÇÃO ............................................................ 35
5.1.1 Construtibilidade ........................... ................................................................. 35
5.1.2 Desempenho .................................. ................................................................. 36
5.1.3 Garantia da qualidade ....................... ............................................................. 36
6 CONCLUSÃO ....................................... ................................................................. 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ ................................................. 39
8
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Atualmente, a construção civil e a economia brasileira atravessam um período
de crescimento e diversos segmentos industriais buscam aperfeiçoar suas
produções, diminuindo custos, dando ênfase à qualidade e lançando no mercado
novos produtos (MELO, 2006).
Os investimentos em pesquisas tecnológicas de sistemas construtivos de
baixo custo, com a mesma eficiência, com isso vêm sendo aplicadas no país a
alvenaria estrutural. A definição de uma estratégia de atuação das empresas,
voltada à racionalização do processo produtivo, constitui um o ponto fundamental
para que o setor da construção evolua, tornando-se mais competitivo.
Entretanto, a indústria da Construção Civil apresenta um conjunto particular
de características, tanto de natureza do processo de produção, como do próprio
mercado em que se insere, em que os conceitos e os procedimentos trazidos pelas
modernas teorias de organização e gestão, aplicados à indústria de bens de
consumo, encontram uma série de dificuldades para serem utilizados, devendo
sofrer adaptações, para permitir sua implantação (MELHADO, 1994).
Muitas empresas construtoras vêm encontrando sérias dificuldades para
racionalizar o seu processo de produção. As intenções relativas ao incremento da
competitividade empresarial acabam não se tornando realidade na execução das
tarefas diárias, fazendo com que as ações práticas pareçam estar longe de chegar
aos canteiros de obras ou aos escritórios de projeto (FRANCO, 1992).
1.2 JUSTIFICATIVA
Segundo Alexandre (2008, p.17) aponta que a alvenaria estrutural pode
proporcionar uma economia de até 30% dos custos da obra para a grande maioria
dos tipos de edificações, quando comparado com o sistema em concreto armado
convencional. Santos (1998, p.3) vê este sistema como sendo “...ideal para a
realidade brasileira, pois necessita de mão de obra de fácil aprendizado, possui
elevado potencial de racionalização e não exige grandes investimentos e
imobilização de capital para aquisição de equipamentos”.
9 A execução é bastante acelerada, pois o que era efetuado no sistema
convencional (vigas, pilares e paredes), agora é realizado em somente uma etapa
de paredes. Além disso, a execução é muito mais simples, porém o problema com a
atual dificuldade em encontrar mão de obra qualificada para construção civil acaba
sendo um entrave.
A fim de buscar a qualidade final da construção, temos que tratar o processo
de projeto como elemento principal do empreendimento e assim criar uma relação
estreita com a execução no sentido de aperfeiçoar e agregar valor ao produto. A
compatibilização dos projetos é parte fundamental desse processo.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral:
O objetivo deste trabalho é analisar um estudo de racionalização em alvenaria
estrutural. Reforçar a necessidade do maior envolvimento dos projetistas durante a
fase de elaboração dos projetos com o intuito da integração do projeto arquitetônico
com os projetos complementares evitando-se retrabalhos ou mesmo ajustes e/ou
adaptações no canteiro de obra o que gera desperdício, descaracterizando a
racionalização construtiva.
1.3.2 Objetivos Específicos:
• Apresentar e discutir conceitos relacionados à racionalização da
construção civil;
• Introduzir e apresentar as características da alvenaria racionalizada e
seus possíveis ganhos na construção civil;
• Identificar e analisar as práticas de racionalização construtivas
adotadas em obra de alvenaria estrutural;
10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONCEITUANDO PROJETO E SUA IMPORTÂNCIA
Projeto significa, genericamente, empreendimento e como tal é um trabalho
que visa a criação de um produto ou a execução de um produto específico,
temporário, não repetitivo e que envolve um certo grau de incerteza na realização.
Como qualquer empreendimento, as atividades precisam ser planejadas,
programadas e, durante a execução, precisam ser controladas (KEELLING, 2002).
Conforme Vargas (2005) constata que o projeto é um empreendimento
particular, que possui uma sequência clara e lógica de etapas, com início, meio e
fim, com objetivo claro e definido, e conduzido por agentes, dentro de parâmetros
predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade.
Um projeto é um sistema decomposto em etapas tradicionais, sendo elas:
• necessidade ou decisão empresarial;
• estudos preliminares;
• anteprojetos;
• aprovações legais;
• compatibilização;
• detalhamento;
• plano de produção;
• projetos executivos;
• acompanhamento cadastral (as built);
• avaliação pós-ocupação (APO).
Com a grande evolução na área de concepção de projetos, veio a importância
em se dedicar mais tempo para a criação do mesmo, para assim evitar problemas
futuros nas fases seguintes da construção e melhorar a qualidade do produto final. A
figura 1 exemplifica essa afirmação, comparando o custo acumulado da produção
com a possibilidade de interferência.
11
Figura 1 – Possibilidade de interferência x custo acumulado de produção
Fonte:Melhado, 2005.
Como mostra a figura 1 a chance de reduzir falhas tem grande influência nas
decisões tomadas no início e num momento em que o custo do empreendimento é
muito baixo.
Segundo Melhado (2005) deve ser valorizado mais o projeto inicialmente em
prazo e custo, para que possa ser estudado com mais tempo todas as opções
viáveis do projeto, ainda que haja um custo maior no início, com o tempo esse custo
inicial irá se transformar em lucros para o empreendedor.
2.2 COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS
Segundo Rauber (2005), da interferência entre os projetos arquitetônicos e
complementares surge a necessidade de compatibilizar, ou seja, estudar a maneira
de todos os projetos coexistirem harmonicamente na edificação. Em outras palavras,
compatibilizar é fazer com que todas as soluções de projeto se encaixem
perfeitamente na construção.
Para Manzione (2004), a alvenaria estrutural pelas características de seu
processo de produção, requer a compatibilização entre todos os projetos para
eliminação das interferências. Na etapa de elaboração de projetos serão conferidos
itens como: medidas dos ambientes, espessuras dos revestimentos, modulação dos
vãos de esquadrias e, principalmente, resolvidos os conflitos com as instalações.
12
2.3 RACIONALIZAÇÃO DA ALVENARIA ESTRUTURAL
Segundo Barros (1996), a racionalização na construção consiste no esforço
para tornar mais eficiente a atividade de construir, na busca da melhor solução para
os diversos problemas da edificação. Em outra definição, Rosso (1980) aborda o
tema com maior abrangência: “é um processo mental que governa a ação contra os
desperdícios temporais e materiais dos processos produtivos, aplicando o raciocínio
sistemático, lógico e resolutivo”. Para Sabbatini (1989) aborda de forma direta o
conceito de racionalização “racionalizar é eliminar desperdícios”.
A alvenaria estrutural é um sistema construtivo racionalizado, privilegiando a
integração das soluções em projeto o que evitará desperdício tanto de tempo quanto
de recursos, sejam humanos ou materiais no canteiro de obras.
Mesmo sendo usada desde tempos antigos, à alvenaria estrutural na
atualidade alcança maior rendimento uma vez que existe visão sistemática do
processo, onde os projetistas compatibilizam os demais subsistemas: instalações,
estrutura, vedações, tornando-se altamente industrializado, reduzindo a utilização de
outros materiais desnecessários e a geração excessiva de resíduos.
Figura 2 – Em (A) Alvenaria tradicional e em (B) racionalista.
(A) obra não racionalizada (B) obra racionalizada
Fonte: http://www.revistatechne.com.br/
13 Conforme mostra a figura 2, em A, temos a alvenaria de vedação tradicional,
desperdício, sujeira e tijolos assentados quebrados. Em B, alvenaria de vedação
racionalista, organizada e redução de perdas e de consumo.
Os princípios da racionalização estão baseados nas diretrizes adotadas pela
Administração Científica. Considerado o fundador da moderna Teoria da
Administração, Taylor “provocou verdadeira revolução no pensamento administrativo
e no mundo industrial da sua época”. Com o objetivo de acabar com o desperdício e
as perdas, muitas vezes, provocadas pela disparidade nos métodos causada pelo
individualismo no esquema de trabalho de cada operário, Taylor procurou elevar os
níveis de produtividade através da aplicação de métodos e técnicas que davam
ênfase ao planejamento das tarefas. Através desse planejamento, conseguia-se um
maior controle e a padronização de utensílios e ferramentas de trabalho
(CHIAVENATO, 1994).
Tauil e Nese (2010) afirmam que a alvenaria “proporciona vantagens
significativas no processo de racionalização da construção quando comparado a
outros processos mais tradicionais”.
Conforme Vieira (2007), uma das principais vantagens da alvenaria estrutural
está na racionalização, pois o sistema construtivo “induz à racionalização de
diversas atividades”, como as instalações elétricas e hidráulicas. O potencial de
racionalização construtiva de um empreendimento está ligado aos projetos. São
estes que determinarão uma maior ou menor eficiência de um determinado sistema
construtivo. Isso ocorre devido ao potencial de uso de inovações tecnológicas,
ferramentas, equipamentos adequados, processos construtivos e coordenação
dimensional dos componentes. Tudo isso está relacionado à eficiência da forma de
construir (THOMAZ, 2001).
2.4 CONCEITUANDO ALVENARIA ESTRUTURAL
Definição para alvenaria estrutural são construções formadas de pedras
naturais ou artificiais, suscetíveis de resistirem unicamente aos esforços de
compressão e dispostos de maneira tal que as superfícies das juntas sejam normais
aos esforços principais.
A Associação Brasileira da Construção Industrializada (1990, p. 17) define
alvenaria moderna de blocos industrializados da seguinte maneira. “São construções
14
formadas por blocos industrializados de diversos materiais, suscetíveis de serem
projetadas para resistirem a esforços de compressão única ou ainda a uma
combinação de esforços, ligados entre si pela interposição de argamassa e podendo
ainda conter armadura envolta em concreto ou argamassa no plano horizontal e/ou
vertical.”
A alvenaria estrutural é, por sua vez, toda estrutura de alvenaria,
dimensionada através de procedimentos de cálculo para suportar cargas além do
peso próprio. Entende-se também, que a alvenaria estrutural pode ser definida como
sendo um processo construtivo cuja característica principal é a existência e
aplicação de paredes de alvenaria e lajes enrijecedoras como principal estrutura de
suporte de edifícios, Franco (1992).
Um processo construtivo racionalizado, projetado, calculado e construído em
conformidade com as normas pertinentes, visando funcionalidade com segurança e
economia. No processo criativo de uma edificação em alvenaria estrutural é
fundamental a perfeita integração entre arquiteto e urbanista e o engenheiro civil,
objetivando a obtenção de uma estrutura economicamente competente para
suportar todos os esforços previstos sem prejuízo das demais funções:
compartimentação, vedação, isolamento termo-acústico, instalações hidráulicas,
elétricas, telefônicas e também funcionais, esteticamente agradáveis.
2.5 RACIONALIZAÇÃO DE MATERIAIS
Entende-se por um componente da alvenaria uma entidade básica, ou seja,
algo que compõe os elementos que, por sua vez, compõem a estrutura. Os
componentes principais da alvenaria estrutural são: blocos, ou unidades;
argamassa; graute e armadura. Já os elementos são uma parte suficientemente
elaborada da estrutura, sendo formados por pelo menos dois dos componentes
anteriormente citados. Como exemplos de elementos podem ser citados: paredes,
pilares, cintas, vergas, etc.
2.6 SISTEMA CONSTRUTIVO
Segundo Manzione (2004) a alvenaria estrutural é praticada de forma parcial,
apenas como uma forma de substituir uma estrutura convencional e sem o
15
aproveitamento total e potencial do sistema. Quando utilizada integralmente, a
alvenaria estrutural gera maior economia e propicia facilidades na própria
construção.
Baseado no conceito de sistema construtivo adotado por Sabbatini (1989):
“Sistema construtivo é um processo construtivo de elevados níveis de
industrialização e de organização, constituído por um conjunto de elementos e
componentes inter-relacionados e completamente integrados pelo processo”, a
alvenaria estrutural pode ser então, entendida com um sistema construtivo completo.
2.7 ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS
A aplicação de um novo sistema construtivo é de extrema importância, que
antes de sua adoção se discutam aspectos técnicos e econômicos envolvidos.
Deve-se levar em consideração para cada tópico as principais vantagens e
desvantagens do sistema em questão.
Ressalta-se, que a especificação e utilização da alvenaria estrutural para
edifícios residenciais, partem de uma concepção de transformar a alvenaria,
inicialmente com a única função de vedação, agora na condição de ser a própria
estrutura da edificação. Nesta condição, pode-se evitar a necessidade de se ter
vigas e pilares que dão suporte a estrutura convencional.
Adotado o sistema de alvenaria estrutural, a mesma passa a ter dupla função,
servir como vedação e suporte para a edificação, o que num primeiro momento
entende-se como economia do empreendimento. Contudo é importante ressaltar que
neste caso, a alvenaria, precisa ter sua resistência controlada, de forma a garantir
sua estabilidade e segurança da construção. Para tal, tem-se a demanda de
utilização de materiais e mão-de-obra de melhor qualidade, conseqüentemente de
custo mais elevado de produção se comparado à alvenaria de vedação.
2.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ALVENARIA ESTRUTURAL
2.8.1 Principais vantagens
16 As vantagens da alvenaria estrutural aparecem, em prédios quando
comparados com sistema de armaduras convencional. Segue algumas das
vantagens.
• Possibilidade de obtenção de maior economia;
• Redução no uso de madeira para formas e na mão-de-obra em carpintaria;
• Menor uso de concreto, de ferragem e de mão-de-obra de ferreiro;
• Simplificação nas instalações, evitando rasgos nas paredes;
• Menor espessura de revestimentos;
• Maior rapidez e facilidade de construção;
• Menor número de equipes ou de sub-contratados de trabalho;
• Extrema facilidade de supervisão da obra;
• Ótima resistência ao fogo;
• Ótimas características de isolamento térmico e acústico.
2.8.2 Principais desvantagens
As desvantagens da alvenaria aparecem em prédios bastante arrojados do
ponto de vista estrutural, casos em que ela pode se tornar menos econômica do que
as estruturas de concreto armado ou de aço. Outra desvantagem está relacionada
com o pequeno número de profissionais habilitados no uso do processo construtivo
em estudo. Segue algumas das desvantagens.
• Exige controle de qualidade eficiente tanto dos materiais empregados
como do componente alvenaria;
• Mão de obra qualificada e bem treinada e uma constante fiscalização são
imprescindíveis;
• O usuário não tem a mesma flexibilidade para remover paredes a fim de
se aumentar um determinado ambiente, como no caso de uma estrutura
convencional;
• Condiciona a Arquitetura;
• Inibe a destinação dos edifícios;
• Restringe a possibilidade de modificações arquitetônicas;
• Vãos livres limitados.
17
3 METODOLOGIA
Baseado em livros, teses, dissertações, manuais técnicos, revistas, dentre
tantos outros matérias disponíveis na internet, o trabalho têm caráter descritivo,
exploratório e explicativo, de maneira a propiciar o levantamento, organização e
registro dos materiais e dados referentes ao assunto, se atendo a isto. O objetivo é
explanar sobre racionalização na construção civil, em todo o seu processo, com
base nos levantamentos obtidos e na identificação das medidas que já estão sendo
utilizadas para a minimização dos desperdícios de recursos empregados.
O método de pesquisa utilizado é basicamente um estudo teórico sobre o
sistema construtivo Alvenaria Estrutural. Após a coleta das informações técnicas,
estas foram organizadas por subtemas para compor a pesquisa bibliográfica, que
permitiu compreender conceitos e reconhecer as tecnologias empregadas no
sistema construtivo.
18
4 RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA POR ETAPAS
4.1 PROJETO
O desenvolvimento do projeto das vedações verticais como o próprio conceito
de racionalização construtiva deve buscar uma maior abrangência de objetivos e ser
desenvolvido com uma visão holística para que realmente permita a obtenção dos
importantes resultados para a produtividade e redução dos custos de construção
voltados para a produção. O projeto da vedação vertical possui objetivos que
justificam a sua importância:
• Servir como ferramenta de coordenação do projeto;
• Servir como base para o planejamento da produção do subsistema e dos
subsistemas com os quais tem interferência;
• Detalhar tecnicamente a produção deste subsistema, estudando e definindo
as tecnologias de produção, tanto no que se refere às alternativas de
materiais como de técnicas construtivas empregadas em cada caso;
• Servir como canal de comunicação eficiente entre projeto e planejamento e a
produção e ainda, entre todos os setores envolvidos na produção;
• Servir como base para o controle da produção da execução da vedação
vertical.
O projeto da vedação vertical é uma importante ferramenta de coordenação
dos projetos por possuir interfaces com os mais diversos subsistemas do edifício. A
elaboração do projeto de vedação vertical pode contribuir com a atividade de
coordenação de projeto em vários de seus objetivos, entre eles:
• A clara definição dos objetivos e parâmetros para elaboração do projeto, que
deverão ser repassados aos diversos profissionais como requisitos do projeto.
A elaboração do projeto de vedação vertical necessariamente antecipa
decisões sobre detalhes e técnicas construtivas a serem empregadas,
servindo como base para o desenvolvimento de todos os demais projetos do
edifício;
• A agregação ao projeto da máxima eficiência em termos de tecnologia e
racionalização. A necessária visão sistêmica na elaboração do projeto de
vedação vertical, conduzindo a decisões que são otimizadas, com o enfoque
19 de todos os subsistemas do edifício, leva a decisões que satisfaçam os
requisitos de todos os subsistemas conjuntamente;
• A comunicação entre todos os integrantes do projeto e do empreendimento. O
projeto de vedação vertical pode tornar-se efetivo meio de comunicação entre
os projetistas e entre estes e os vários integrantes do empreendimentos;
• A integração intensa entre projeto e obra, tanto no sentido da equipe de
projeto dirimir eventuais dúvidas ou colaborar com alterações não previstas,
como da equipe de obra contribuir com sua "experiência construtiva" durante
a elaboração dos projetos para aumento da "construtibilidade" do mesmo. O
trabalho de coordenação deve se estender inclusive durante a execução do
empreendimento, de forma a dar suporte a possíveis alterações a serem
realizadas.
• A definição das partes que constituem os projetos, bem como o seu conteúdo
A definição e padronização da forma de apresentação das informações,
inclusive através da padronização da representação gráfica;
• A criação de uma sistemática de avaliação e retroalimentação dos problemas
enfrentados durante a execução, de forma a aumentar continuamente a
tecnologia da empresa através da experiência. Isto se dá através da
aplicação e avaliação desta ferramenta ao longo do desenvolvimento da
construção.
O projeto da vedação vertical constituí-se também em importante ferramenta
para o planejamento da produção no canteiro de obras. O nível de detalhamento
alcançado com este projeto e a diminuição das incertezas trazidas pela
padronização na execução das técnica e detalhes construtivos, fornece informações
necessárias para o planejamento operacional da obra, auxiliando a atividade de
suprimento de materiais e ferramentas, o controle físico e financeiro e a gestão da
mão-de-obra durante a execução dos serviços.
4.1.1 Importância da racionalização
Há uma grande importância na implantação da racionalização construtiva a
partir da fase inicial do empreendimento, vale ressaltar que a etapa do projeto surge
como a mais conveniente para a introdução, mesmo que parcial, de medidas
voltadas para a racionalização. Desta forma, recursos como: planejamento, projeto,
20
sistemas de informação integrando projetistas, que são utilizados desde a
concepção, viabilização e projetos dos empreendimentos, têm se mostrado muito
mais efetivos e de resultados mais expressivos, que a simples mudança de
ferramentas e técnicas no momento da execução. Esta forma mais ampla de
enxergar a Racionalização Construtiva exige, em contrapartida, ações também mais
amplas no ambiente da empresa, para que seus resultados se consolidem na cultura
construtiva e se tornem permanentes (FRANCO, 1992).
Segundo Oliveira (2004), é essencial direcionar a atenção ao projeto, sendo
dilatado assim seu prazo de modo que se incorporem neste momento todas as
questões inerentes à fase de execução do produto, minimizam-se improvisações em
obra, e com isso parte da incerteza durante a realização da obra, que muitas vezes
é fonte de problemas futuros.
A falta de padronização da nomenclatura e, principalmente, de uma
metodologia consistente e disseminada, aliadas à escassez de dados confiáveis,
tem gerado uma série de controvérsias relativas à quantificação e, especialmente,
quanto à proposição de alternativas para se combater eventuais desperdícios
existentes (SOUZA, 1997).
Para Rocha Neto (2010) as deficiências de projeto e planejamento, dificultam
a construtibilidade da obra que, normalmente, são causados pela falta de
detalhamento no projeto, bem como a ineficiência da gestão administrativa que
enfatiza a correção dos problemas ao invés da prevenção dos mesmos. Isto ocorre
devido ao pouco envolvimento dos projetistas com o processo produtivo.
É extremamente importante que todos os intervenientes adotem uma visão
global do processo da construção. Que segundo Sabbatini (2007) é uma visão que,
balizada pela necessidade de racionalização, promova a somatória de esforços e o
trabalho conjunto dos planejadores, projetistas, construtores, gerenciadores,
proprietários, vendedores, etc., em torno de um objetivo comum, que é a
racionalização.
Sabbatini (2007) ainda colocam que, a consideração da construtibilidade pode
evitar três tipos genéricos de problema: “Primeiro, o projeto preparado sem os
fatores de produção irá requerer uma etapa de construção de maior amplitude que a
mínima necessária para atender os objetivos do projeto (...); segundo, a não
consideração dos fatores de produção na etapa de projeto poder aumentar as
dificuldades construtivas (...) e terceiro, a omissão de envolver a construção nas
21
fases iniciais do projeto aumenta o risco de problemas devido a uma inadequada
coordenação projeto-construção ou a um insuficiente planejamento da construção”.
Para Sabbatini (1989), dois aspectos destacam-se como altamente positivos e
justificam esta expectativa em torno do potencial da construtibilidade como alavanca
da racionalização construtiva. Primeiro a preconização da total integração do projeto
e da construção, de modo a consolidar um efetivo canal de informação de duplo
sentido, priorizar as necessidades construtivas e racionalizar as decisões de projeto,
obrigando a projetar a solução que considera realmente todos os parâmetros que
importam.
O projeto arquitetônico é o principal projeto de uma edificação, pois todos os
demais serão elaborados a partir do mesmo. Desta forma, um projeto arquitetônico
mal concebido trará problemas durante toda a vida útil da edificação, desde a
concepção dos projetos complementares, retrabalhos no canteiro na fase de
execução e altos custos de manutenção da edificação (FIGUEIRÓ, 2009).
4.1.2 Implantação dos processos de racionalização
4.1.2.1 Planejamento
Para Saldanha e Solto (1997) a fase de concepção, que compreende a
identificação das necessidades dos clientes e a análise de viabilidade técnico-
econômica que satisfaçam clientes e empresa, é fundamental, independente do
sistema de construção adotado. Logo é importante que se tenha em mente desde o
inicio a sua devida importância.
Ainda que o autor tenha majorado a importância desses aspectos, não há
duvidas que é também de muita importância que os profissionais envolvidos no
processo de projeto conheçam bem o sistema de construção que será adotado.
A análise da viabilidade de um empreendimento é de grande importância
principalmente quando se leva em consideração o objetivo principal de uma
empresa, que é o lucro, se um empreendimento não é viável a empresa pode estar
se prejudicando imensamente, caminho muitas vezes sem volta. Quanto à
necessidade dos clientes é simples de se compreender que, para uma empresa
permanecer no mercado ele deve ofertar ao cliente o mais próximo possível do que
ele procura, e com toda certeza um produto que atende as necessidades e desejos
22
do cliente e com um bom custo-benefício, para ambas as partes, é o melhor
caminho a se seguir.
Portanto são destacados outros aspectos importantes para se desenvolver na
etapa do projeto de maneira a racionalizar o processo, diminuir a incidência de
alterações, identificando as causas (gargalos) e eliminando-as, e caso ocorra
possibilitar que se visualizem todas as alterações e em todas as áreas que estão
envolvidas no processo de elaboração de um projeto, de maneira a possibilitar a
perfeita compatibilização de todos os projetos referentes à obra. A chave disso é a
comunicação entre os profissionais envolvidos, para que possam ofertar as
informações necessárias para os responsáveis antes de se iniciar a execução.
4.1.2.2 Fluxo de informações
Ulrich e Sacomano (2000) acreditam que o essencial para o sucesso da
gestão do processo de projeto é a definição e transmissão sistematizada de
informações que caracterizam o produto projeto, o que torna a comunicação entre os
agentes um assunto fundamental. O fluxo de informações durante o processo de
projeto envolve a clara comunicação de todos os condicionantes (ou entradas) do
projeto aos projetistas, juntamente a uma coordenação de projetos eficaz.
Ainda segundo o autor a sistematização do fluxo de informações no processo
de projeto vem sendo objeto de estudo por parte de muitos autores. As principais
dificuldades, para a perfeita comunicação entre os agentes, surgem da falta de uma
linguagem comum a todos os agentes, já que os profissionais envolvidos têm
formações diferentes e características intrínsecas a cada especialidade e ao fato da
própria informação ser uma entidade em contínua definição e produção, tornando
muito rápido o processo de comunicação.
Anteriormente mencionada, a importância da comunicação se estende desde
a análise da viabilidade do produto até a entrega da obra finalizada, para os projetos
a inexistência de comunicação entre a execução, bem como todos os projetistas,
pode gerar diversos tipos de perdas indesejáveis, também mencionadas antes neste
trabalho.
Para Ulrich e Sacomano (2000), por conta da necessidade de integração no
momento do projeto das várias necessidades e visões existentes ao longo do ciclo
de produção e utilização do edifício, uma nova metodologia de projetos vem sendo
23
discutida e analisada, baseada nos conceitos e premissas da engenharia simultânea
(atualmente empregada com sucesso no desenvolvimento de novos produtos em
muitas indústrias).
O principal fundamento da Engenharia Simultânea é trazer para as primeiras
fases de desenvolvimento do produto todos os participantes do processo, levando
em consideração as necessidades dos clientes internos (envolvidos no processo de
produção) e externos (compradores e usuários) (ULRICH; SACOMANO, 2000).
Fabrício e Melhado (2000) adaptaram o conceito para o caso específico da
construção civil, já que os objetivos para aplicação da engenharia simultânea são
análogos aos da indústria de manufatura: aumento de produtividade, diminuição dos
prazos de concepção disposição do produto, ampliação da qualidade e redução dos
custos. Assim, apresentam o conceito de Projeto Simultâneo, que é entendido como
uma adaptação da engenharia simultânea que almeja a convergência, no projeto do
edifício, dos interesses dos diversos agentes participantes do ciclo de vida do
empreendimento, considerando precoce e globalmente as repercussões das
decisões de projeto na eficiência dos sistemas de produção e na qualidade dos
produtos gerados, envolvendo aspectos como construtibilidade, habitabilidade,
manutenibilidade e sustentabilidade das edificações.
4.1.2.3 Modificações em projeto
Quando questionados a respeito das modificações nos projetos durante a execução,
os engenheiros apontaram as seguintes causas: (SALDANHA; SOLTO, 1997).
• Personalização dos apartamentos;
• Desinteresse e/ou desconhecimento do arquiteto em detalhes;
• Falhas de projeto;
• Falta de planejamento;
• Incompatibilidade de projetos;
• Falhas de execução;
• Redução de desperdícios e custos;
• Mudanças de proprietário.
24 Segundo o mesmo autor a maioria das obras é iniciada apenas com o projeto
arquitetônico e estrutural, sem a elaboração dos projetos executivos. A inexistente
ou o ineficiente gerenciamento se traduz nesta falta de projetos no início das obras,
impossibilitando o estudo de compatibilização entre eles e provocando retrabalhos.
Conforme informações dos engenheiros, é comum as obras serem iniciadas sem a
elaboração dos projetos de instalações, impossibilitando a colocação de passagens,
esperas ou das próprias tubulações, elétricas, hidrossanitárias e de combate a
incêndio durante a execução da estrutura, sendo necessário fazer furos nas lajes e
vigas ou aumentar a espessura do revestimento afim de possibilitar a passagem das
tubulações.
Eles afirmam que apesar de ser grande a incidência de alterações nos
projetos, normalmente os projetistas não são consultados, nem mesmo
comunicados. No caso dos calculistas, estes são chamados apenas quando são
detectadas falhas nos projetos ou fissuras durante a execução, e dificilmente
consultados para avaliar as alterações no comportamento da estrutura provenientes
da inclusão ou eliminação de paredes.
Para Teichholz e Fischer (1994 apud. OLIVEIRA, 2004) as alterações nos
trabalhos realizadas por um dos projetistas podem introduzir conflitos no
desenvolvimento do projeto, pois não se refletem automaticamente nos desenhos,
relatórios e banco de dados dos demais participantes. Sem procedimentos de
elaboração que possam registrar e revisar os desenhos de forma sistemática, os
erros são inevitáveis. O tempo adicional requisitado para estes procedimentos
aumentam o custo do processo.
4.1.2.4 Compatibilização
Outro aspecto muito importante e é a compatibilização dos projetos de uma
edificação. De acordo com Callegari e Barth (2007) a compatibilização é a atividade
de gerenciar e integrar os vários projetos de determinada obra, visando o perfeito
ajuste entre os mesmos, com objetivo de minimizar os conflitos existentes,
simplificando a execução, otimizando e racionalizando os materiais, o tempo, a mão
de obra, e por final a manutenção. Compreende, também, a ação de detectar falhas
relacionadas às interferências e inconsistências físicas entre vários elementos da
obra.
25 Portanto deve-se dirigir atenção total à compatibilização dos projetos da
edificação, que pode ser esses, elétrico, hidráulico, arquitetônico e estrutural, de
maneira a evitar os custos gerados pela não adequação entre eles.
Um exemplo de incompatibilização de projetos é a existência frequente do
desenho aparente da estrutura da edificação (ressaltos dos pilares e vigas)
provocado pela diferença de espessura entre a alvenaria e os elementos estruturais.
De acordo com informações de vários profissionais, os custos da compatibilização
entre estes elementos seriam muito altos em função do acréscimo do pé direito da
edificação. Embora não se tenha desenvolvido um estudo de custos, entende-se que
o valor da insatisfação do usuário com a perda da estética do apartamento, somada
ao retrabalho provocado pelos enchimentos de argamassa, ou tijolos e argamassa e,
a queda de produtividade e qualidade no assentamento de cerâmica nas paredes e
pisos cheios de recortes, sejam superiores a um estudo mais aprofundado em
soluções estruturais (SALDANHA; SOLTO, 1997).
Para Franco e Agopyan (1993) a implantação de um sistema de coordenação
de projetos aumenta a confiabilidade do processo e diminui as incertezas em todas
as atividades, inclusive e principalmente aquelas relativas á fase de execução. Desta
maneira é atividade fundamental para a implantação de medidas de racionalização e
qualidade. Callegari e Barth (2007) ainda afirmam que há estimativas de custo
realizadas para obras coordenadas, apontaram uma redução de aproximadamente
6% do mesmo com relação a obras similares em que os projetos não foram
coordenados.
Através de um questionário que traça o perfil das experiências dos
profissionais, os principais problemas relacionados à compatibilização de projetos e
o nível de conhecimento sobre desperdícios decorrentes das incompatibilidades de
projetos, Souza (2010) obteve os resultados que mostram que dos entrevistados
48% afirmaram ter somente conhecimento teórico sobre compatibilização, 42%
afirmaram praticarem em seus projetos sem conhecimentos teóricos, 4% afirmaram
que utilizam às vezes de acordo com o projeto e 6% afirmaram nunca terem
realizado compatibilização de projetos (SOUZA, 2010).
Dados alarmantes uma vez que já foram mencionados os prejuízos
decorrentes da não compatibilização dos projetos, como os inúmeros retrabalhos
que geram gastos inteiramente desnecessários.
26
4.2 EXECUÇÃO
4.3.1 Importância da racionalização
Primeiramente, para qualquer empresário, seja do ramo da construção civil ou
não, os custos são, talvez, um dos fatores mais importantes levantados em questão.
Para isso, a falta de planejamento adequado a qualquer obra, significa perda de
lucros, Especificando mais a questão que será abordada, um mau planejamento
num canteiro de obras possibilita geração futura de problemas (MELO 2008).
Segundo Grohmann (1998) o desperdício é tamanho que se chega a afirmar
que com a quantidade de materiais e mão-de-obra desperdiçados em três obras, é
possível a construção de outra idêntica, ou seja, o desperdício atingiria um índice de
33%.
Vargas (1997) apresentam outros dados alarmantes: o tempo de perda da
mão-de-obra dos serventes pode atingir 50% do tempo total, 100% da argamassa é
perdida; e, 30% dos tijolos e elementos de vedação se transformam em entulho.
Estes dados demonstram e reforçam a gravidade do problema em questão.
O desperdício de materiais conglomera os entulhos e os materiais
incorporados à obra também. Tacla (1984) apud. Rocha Neto (2010) descreve o
entulho, em uma obra de Construção Civil, como sendo todo o volume de materiais
que sai da obra, sem nenhuma perspectiva de utilização futura. Englobam as sobras
de concreto, argamassa, ferro, blocos de cerâmica, etc. O desperdício de materiais
incorporados à obra refere-se ao excesso de materiais utilizados que, ao final da
obra, não são percebidos ou pouco se percebe. O desperdício de mão-de-obra
refere-se ao tempo empregado pelos trabalhadores em atividades que não
incorporam valor ao produto final e que podem, facilmente, ser reduzidos ou
eliminados sem causar nenhum prejuízo. São eles: tempo de espera, de retrabalho,
de transporte, etc.
Rocha Neto (2010) cita alguns dos motivos para tanto desperdício: a pouca
vinculação da obra com as atividades denominadas de apoio, como as compras,
estoques e manutenção; os problemas com os recursos humanos decorrentes da
pouca especialização da mão de obra e alta taxa de rotatividade do setor; os
problemas com a segurança dos trabalhadores, principalmente, pelo não
fornecimento e/ou uso dos equipamentos de proteção individual ou coletivo; bem
27
como, as deficiências dos métodos utilizados para o controle de custos projetados e
executados.
Para Sacomano (2004), são nove as categorias de perdas:
• As perdas por superprodução, que se referem às perdas que ocorrem devido
à produção em quantidades superiores às necessárias;
• Por substituição de material, que decorrem da utilização de um material de
valor ou características de desempenho superiores ao especificado;
• Por espera, relacionadas com a sincronização e o nivelamento dos fluxos de
materiais e as atividades dos trabalhadores, podendo envolver tanto perdas
de mão de obra quanto de equipamentos;
• Por transporte, que estão associadas ao manuseio excessivo ou inadequado
dos materiais e componentes em função de uma má programação das
atividades ou de um layout ineficiente;
• Perdas no procedimento em si, têm origem na própria natureza das atividades
do processo ou na execução inadequada dos mesmos, que decorrem da falta
de procedimentos padronizados e ineficiências nos métodos de trabalho, da
falta de treinamento da mão de obra ou de deficiências no detalhamento e a
falta de construtibilidade dos projetos;
• Perdas nos estoques, que estão associadas à existência de estoques
excessivos, em função da programação inadequada na entrega dos materiais
ou de erros na orçamentação, acabam por gerar situações de falta de locais
adequados para a estocagem dos mesmos, que também decorrem da falta de
cuidados no armazenamento dos materiais;
• Perdas no movimento decorrem da realização de movimentos desnecessários
por parte dos trabalhadores, durante a execução das suas atividades;
• Pela elaboração de produtos defeituosos, ocorrem quando são fabricados
produtos que não atendem aos requisitos de qualidade especificados;
• E os outros, que seriam ainda tipos de perdas de natureza diferente dos
anteriores, tais como roubo, vandalismo, acidentes, etc.
Essas perdas excessivas, retrabalhos, desperdícios citados, são indícios da
necessidade de uma nova atitude quanto à execução das obras e o seu
planejamento, possibilitando um melhor aproveitamento dos recursos empregados
em obra, como a mão-de-obra, material, tempo e etc. Esta necessidade ressalta a
28
importância da racionalização, que busca justamente a maximização dos resultados
e minimização dos desperdícios.
Segundo Cardoso (1996), a "fraqueza" técnica do conjunto das empresas e
da mão-de-obra, confirmada pelos desperdícios elevados, pela falta de qualidade
dos produtos, pelas frequentes patologias pós-ocupacionais, pela baixa
produtividade e pela incapacidade de dominar os custos de produção. Aspectos que
reforça de maneira capital, para o Brasil, a ideia de que era necessário modificar e
fazer evoluir as relações entre a empresa de construção e os outros atores do
canteiro, em particular os subempreiteiros e os industriais / fornecedores. Essas
relações não podem mais se basear em ligações estritamente mercadológicas.
Para Cardoso (1996), a "passividade circunstancial" da mão-de-obra de
produção, que aceita as condições precárias de trabalho, e a falta de exigências da
parte dos clientes, que não questionam os produtos de qualidade duvidosa, são
fatores que maximizam a situação atual, relativamente ruim.
Vale ressaltar que quanto à qualidade de mão de obra, a construção civil
possui dados alarmantes, segundo Alves e Quelhas (2004) com pesquisa realizada
em alguns canteiros da região sul fluminense, que gera grande preocupação: quase
60% dos funcionários de canteiros de obras de construção civil não tem nem o 1º
grau completo, e deste, 12% são semianalfabetos, sabendo apenas escrever o
próprio nome e fazer algumas operações matemáticas básicas.
Fica difícil imaginar que trabalhadores com tão pouco estudo possam
compreender e executar com eficiência processos mais complexos de execução, ou
até mesmo entender a importância de se executar determinadas etapas previstas
em projeto, por exemplo. A dependência da qualidade da obra quanto à
competência dos funcionários de execução é explicita, e exige atenção.
4.3.2 Implantação dos processos de racionalização
4.3.2.1 Planejamento
O caráter único e provisório de praticamente todos os canteiros de obra, bem
como o dinamismo de diferentes etapas a executar, normalmente são a justificativa
para não se buscar melhorias nos ciclos de produção para as construtoras
atualmente.
29 Os métodos em processo normalmente surgem de modo espontâneo, sem
uma análise mais cuidadosa sobre o melhor local para a central de produção de
argamassa, por exemplo, e estoque de agregados e aglomerantes ou até mesmo
sobre as formas e caminhos de transporte. Todos acabam pagando um alto preço
por esta improvisação. A equipe de produção por esforços adicionais
desnecessários no transporte e a empresa como um todo por repassar aos seus
preços de comercialização um custo aumentado por equipes superdimensionadas,
desperdícios por estoques intermediários e baixos índices de produtividade (LINARD
2006).
Segundo Barbosa (2007) um planejamento de execução constará
basicamente de: planejar o canteiro de obras, de forma compatível com as
características e especificidades do empreendimento a ser desenvolvido; as
atividades a serem executadas, estabelecendo cronogramas a partir do estudo das
interfaces; caracterizar bem as diversas atividades constituintes da obra e subdividir
a execução da mesma em tarefas, analisando-se suas interveniências; planejar, no
tempo e no espaço, as necessidades de recursos materiais e humanos; acompanhar
o desenvolvimento dos serviços e tomar medidas para solucionar interveniências ou
corrigir atrasos do cronograma; e desenvolver um sistema estratégico de
informações.
Romano (2005) afirma que quem comanda a produção deve,
obrigatoriamente, buscar meios de otimizar toda a logística dos fluxos de produção
através de ações, tais como: planejar o layout do canteiro de obra focado no
recebimento, armazenamento, transporte horizontal e vertical dos materiais;
racionalização de equipamentos, métodos e ferramentas, tudo em função da
qualidade, do bem estar de todos e do cumprimento dos prazos previstos no
planejamento.
Outro fator importante é a logística de movimentação de cargas dentro da
obra. Este procedimento operacional requer atenção especial em seu processo de
elaboração, visto que envolve equipamentos de movimentação de cargas de grande
porte (LYRA DA SILVA, 2005).
Rosenblum (2007), menciona outro problema comum, na elaboração do
cronograma há a preocupação de determinarem-se as atividades, o espaço de
tempo para executá-las e a sequência entre as mesmas, contudo esse planejamento
trata as atividades de forma isolada. Logo, ao elaborar-se o cronograma, aplica-se
30
uma margem estimada de tempo sobre as atividades. Esta margem pode estar de
acordo com experiências anteriores, ou por índices estabelecidos pelo setor de
construção civil.
Este procedimento apresenta uma falha inerente ao processo convencional
de construção. Quando uma atividade não é cumprida no prazo de tempo
estabelecido pelo planejamento, gera-se um atraso cumulativo no cronograma,
causando custos adicionais e perdas na qualidade da obra, proporcional ao tempo
de atraso.
Outro ponto importante é a quantificação prévia de materiais e equipamentos,
será importante não só para a compra, mas como também para o armazenamento e
transporte, que deve ser estudada e planejada de modo a não interferir no fluxo
contínuo da produção.
Porém deve-se entender que planejamento é um ciclo permanente, realizado
durante toda a obra. Não basta planejar uma única vez, deve-se buscar o que
poderia se chamar de replanejamento. O replanejamento como objetivo consiste em
uma ferramenta que visa combater as incertezas do processo construtivo, para que
não haja esperas, é necessário preocupar-se também com o lay-out do canteiro de
obras: prevendo o acondicionamento de materiais, deslocamento da mão-de-obra
para execução das tarefas, área de descarregamento, entre outros fatores
(ROSENBLUM 2007).
Segundo Santos (1995), fazer um planejamento significa determinar de forma
antecipada o que será feito, de que forma e como será realizado o processo, assim
como verificar quais objetivos devem ser atingidos, haja vista que se trata de um
processo permanente e contínuo, gerando condições racionais para que se organize
e se dirija um sistema de produção.
Na execução das obras da Construção Civil, os fatores que influenciam a
produtividade e que, conseqüentemente, acarretam desperdícios, são identificados
por Serpell (1993) como:
• Deficiências de projeto e planejamento que dificultam a construtibilidade da
obra e que, normalmente, são causados pela falta de detalhamento no
projeto;
• Ineficiência da gestão administrativa que enfatiza a correção dos problemas
ao invés da prevenção dos mesmos. Isto ocorre devido ao pouco
envolvimento dos administradores com o processo produtivo;
31
• Métodos ultrapassados e/ou inadequados de trabalho que não observam as
experiências advindas de projetos anteriores, o que ocasiona a repetição dos
erros;
• Pouca vinculação da obra com as atividades denominadas de apoio, como:
compras, estoques e manutenção;
• Problemas com os recursos humanos decorrentes da pouca especialização
da mão de obra;
• Problemas com a segurança dos trabalhadores gerados, principalmente, pelo
não fornecimento e/ou uso dos equipamentos de proteção individual ou
coletivo;
• Deficiências dos métodos utilizados para o controle de custos projetados e
executados.
Logo, de maneira óbvia, conclui-se que atacando-se de forma permanente e
contínua os sete pontos anteriores, os índices de perdas na execução das obras
será reduzido.
4.3.2.2 Canteiro de Obras
As instalações do canteiro dependem principalmente de fatores como:
condições locais da obra, tipo e tamanho da obra, métodos de produção, técnicas de
transporte, tempo de construção e planejamento da execução da obra e os recursos
operacionais disponíveis, em linhas mais precisas, são as possibilidades de
abastecimento, área disponível, possibilidades de acesso, volume total e tipos de
insumos, produção em sequência, dimensões e pesos dos materiais a serem
transportados, distribuição no tempo dos transportes maiores e número de
trabalhadores, máquinas e equipamentos GERBAUER, (2002).
Barbosa (2007) a logística do canteiro de obras está ligada e é
demasiadamente influenciada pela organização do trabalho; além disso, na
Construção Civil, não é o produto que se movimenta, mas sim os trabalhadores que
se deslocam ao redor e mesmo no interior do produto principal.
Após a analise entre situações de arranjos de canteiros de obra, mas
especificamente na produção de argamassas, buscando a identificação das
melhorias por aplicar o processo de observar, medir, registrar, analisar, refletir,
32
melhorar, Linard (2006), concluiu que após adotar-se um comportamento de
racionalização, buscando a linearização de todo o processo: com as curvas
desnecessárias durante o percurso eliminadas; os agregados e o cimento passando
a permanecer armazenados próximos à betoneira; e ao posicionar a borda da
carregadeira da betoneira rente ao nível do terreno, evita-se o esforço adicional
humano no transporte vertical. Reduziu-se a menos de um terço os custos com a
mão de obra de transporte durante a obra, isto só analisando-se a produção de
argamassa, nota-se o potencial da racionalização em minimização de recursos com
exemplos como este.
33
5 RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA
A racionalização construtiva é definida por SABBATINI (1989) como “um
processo composto pelo conjunto de todas as ações que tenham por objetivo
otimizar o uso de recursos materiais, humanos, organizacionais, energéticos,
tecnológicos, temporais e financeiros disponíveis na construção em toda as suas
fases".
Esta definição, embora esteja de acordo com o senso comum sobre este
conceito é muito mais abrangente que as ações, que a primeira vista, devem ser
implementadas para a consecução de seus objetivos. Não se pode imaginar que a
racionalização da vedação vertical seja constituída simplesmente pela substituição
dos materiais e equipamentos tradicionais, por congêneres de maior qualidade e
desempenho. Esta visão limita muito os possíveis resultados que podem ser
advindos da racionalização construtiva.
O conceito de racionalização construtiva só pode ser plenamente empregado
quando as ações são planejadas desde o momento da concepção do
empreendimento.
Barros (1996), propõe um modelo para a implantação de tecnologias
construtivas racionalizadas em cinco diretrizes:
• Desenvolvimento da atividade de projeto;
• Desenvolvimento da documentação;
• Desenvolvimento dos recursos humanos;
• Desenvolvimento do setor de suprimentos voltado à produção;
• Desenvolvimento do controle do processo de produção.
Este contexto abrangente justifica-se, pois deficiências em atividades em
qualquer uma destas áreas pode inviabilizar completamente o esforço de
implantação efetiva da racionalização em uma empresa, não consolidando-os como
atitude permanente e restringindo os seus resultados positivos a apenas alguns
empreendimentos específicos.
O planejamento da execução é baseado em informações contidas no projeto.
Se estas informações não guardam um grau de precisão e detalhe coerentes com a
execução, muitas variáveis incontroláveis são introduzidas no planejamento.
34 O detalhamento da vedação vertical retira dos profissionais ligados a
produção a necessidade de definições técnicas, quando tomadas no momento de
execução da obra, são baseadas apenas em preferências pessoais ou intuição, nem
sempre coerentes com as situações em que se encontram estes subsistemas. Por
outro lado, o detalhamento técnico deve considerar a construtibilidade das soluções
adotadas.
O conceito de construtibilidade é empregado como importante ferramenta
para a obtenção de níveis mais elevados de racionalização construtiva. O
"Construction Industry Institute" (CII, 1987), entidade norte americana que congrega
diversas empresas do setor da construção, define construtibilidade como "o uso
otimizado do conhecimento das técnicas construtivas e da experiência nas áreas de
planejamento, projeto, contratação e da operação em campo para se atingir os
objetivos globais do empreendimento".
Já na definição fica clara a importância do envolvimento das pessoas que
tenham experiência e conhecimento em execução das construções, nas etapas de
desenvolvimento do projeto e planejamento, para se conseguirem os maiores
benefícios.
O'CONNOR e TUCKER (1986) classificam as ações para implementação da
construtibilidade em seis categorias distintas:
• Orientação do projeto à execução;
• Comunicação efetiva das informações técnicas;
• Otimização da construção, com a geração de técnicas construtivas;
• Recursos efetivos de gerenciamento e normalização;
• Melhoria dos serviços dos sub-empreiteiros; e
• Retorno do construtor ao projetista.
A consideração da construtibilidade não é ainda consagrada por todos os
projetistas. Muitos deles, especialistas dos produtos (o edifício e suas partes), pouco
aproveitam da experiência na execução de seus projetos. Na maior parte das
situações, também não existe uma retroalimentação de informações entre os
executores e projetistas dos edifícios, levando muitas vezes à repetição continuada
em vários empreendimentos, de um detalhe falho detectado durante a construção.
Neste sentido é extremamente importante que haja a interação entre os
projetistas da vedação vertical com a execução da obra. Neste sentido o projeto
35
deve ser encarado, como propõe Melhado (1994), como um serviço que se estende
além da concepção do produto, para a etapa de execução do edifício e cujos
resultados só podem ser avaliados pelos benefícios realmente proporcionados na
execução da obra do edifício.
5.1 FERRAMENTAS PARA IMPLANTAÇÃO
Muitas medidas de racionalização construtiva baseiam-se na aplicação de
princípios, que visam o aumento do nível organizacional dos empreendimentos.
Estes princípios constituem-se em ferramentas básicas, que orientam as decisões,
em todo o processo de produção do empreendimento, que vai desde a concepção
dos projetos ao planejamento e organização da execução. Dentre estes princípios,
pode se destacar a construtibilidade, desempenho e garantia da qualidade.
5.1.1 Construtibilidade
A construtibilidade pode ser entendida, segundo Oliveira (1995 apud. SILVA;
GUIMARÃES, 2006), como a habilidade ou facilidade de se construir o que esta em
projeto. No início era considerado como sinônimo de facilitar a construção através do
projeto, atualmente o conceito vem se ampliando, passando a significar à integração
do conhecimento e experiência construtiva durante as fases de concepção,
planejamento, projeto e execução da obra, visando a simplificação das operações
construtivas através do pleno conhecimento da tecnologia construtiva a ser adotado
no empreendimento.
Para Rodrígues e Heineck (2002) construtibilidade refere-se à colocação
adequada do conhecimento e da experiência técnica em diversos níveis para
racionalizar a execução dos empreendimentos, enfatiza-se a inter-relação entre as
etapas de projeto e execução. A construtibilidade no projeto pode ser considerada
como a aplicação desse conhecimento e experiência durante o desenvolvimento dos
projetos, junto as diretrizes gerais que permitam racionalizar a execução dos
empreendimentos.
Para O’Connor e TUucker (1986), a Construtibilidade é entendida como a
habilidade das condições do projeto permitir a ótima utilização dos recursos da
36
construção. Uma classificação das ações para implementação da Construtibilidade
também foi proposta por estes autores. Dentre as ações, distinguem-se:
• Orientação do projeto à execução;
• Otimização da construção, com a geração de técnicas construtivas;
• Recursos efetivos de gerenciamento e normalização;
• Melhoria dos serviços dos empreiteiros;
• Retorno do construtor ao projetista.
A implantação deste conceito proporciona muitos benefícios, como a
diminuição das tarefas na construção e, as dificuldades durante a construção, o
reconhecimento das limitações e práticas locais, a melhoria dos métodos
construtivos e da tecnologia, dentre outros. E para que tudo isto seja possível, é
fundamental a melhoria de coordenação entre os projetistas e os construtores.
5.1.2 Desempenho
A aplicação deste conceito auxilia na seleção, tanto de detalhes e técnicas
construtivas mais eficientes e adequadas à produção da construção, como garante a
adequação das habitações produzidas às necessidades dos usuários.
O conceito de desempenho foi definido pelo “Conseil International du
Bâtiment” (CIB, 1975), como sendo o comportamento de um produto de utilização.
No Brasil, já há a Norma de Desempenho NBR 15.575:2013, a mesma é um
importante instrumento para o consumidor exigir maior qualidade das obras. Com o
passar do tempo e todas as definições a respeito da norma de desempenho, o
consumidor se sentirá totalmente respaldado para exigir produtos de qualidade.
5.1.3 Garantia da qualidade
A aplicação dos conceitos “Qualidade total” e “Gestão da Qualidade” no setor
da construção civil é cada vez maior. Segundo a ISO (International Organization for
Standardzation) define qualidade, como sendo as características do produto que
atendem às necessidades explícitas ou implícitas dos clientes, proporcionando,
portanto, satisfação.
37 A qualidade total na construção civil é interpretada como uma interação entre
projeto e construção, na qual fazem parte os subcontratados e fornecedores.
A Gestão da Qualidade na construção civil, por sua vez, é entendida na visão
de Vallage (1989) como sendo todos os procedimentos necessários para a obtenção
de um produto em conformidade com a demanda inicial. Estes procedimentos são
tanto de ordem metodológica, como humana.
A aplicação da Gestão da Qualidade implica numa mudança organizacional
do empreendimento, resultando na diminuição de esforços, desperdícios e
retrabalhos e, consequentemente, de custos e prazos de execução.
38
6 CONCLUSÃO
Com esse estudo conclui-se que os diversos fatores que influenciam na
alvenaria estrutural têm que ser estudados antes de qualquer aplicação em obra.
O projeto deve ser bem definido e de fácil compreensão aos que vão executá-
lo, contendo medidas para evitar gastos desnecessários. A equipe que vai executar
a construção tem que passar por instruções para aplicação desse método.
A alvenaria estrutural pode ser entendida como um sistema construtivo
racionalizado. A consideração parte da condição indispensável e imprescindível do
planejamento adequado e cumprimento de cada etapa de projeto para se edificar um
empreendimento sem desperdícios, retrabalhos ou improdutividade.
Neste cenário é peça fundamental o gerenciamento de projetos, pois é ele
que desde a fase de anteprojeto definirá a melhor modulação do bloco, elemento
fundamental na alvenaria estrutural, para racionalização do processo construtivo.
Considera-se ainda de extrema relevância que o projeto arquitetônico esteja
compatibilizado e integrado ao projeto estrutural e de instalações o que evitará que
sejam feitas adaptações no canteiro de obras ao se deparar com interferências não
tratadas em projeto.
Por ser um sistema racionalizado e de alto nível de industrialização,
respeitando os projetos na obra não haverá desperdício de materiais, por exemplo,
os blocos não podem ser quebrados, a argamassa geralmente vem pronta não
havendo desperdício e sobras de areia, cimento, etc. a quantidade à ser usada de
argamassa e graute é limitada, o graute deve ser colocado com funil e deve ficar
confinado dentro da célula do bloco não havendo por onde vazar ou perder material.
A conseqüência disso é uma obra econômica e que reduz bastante o custo
para o empreendedor.
Com isso, pode-se concluir que a alvenaria estrutural, quando usada de forma
correta com integração total entre as partes envolvidas e, respeitando suas
restrições, é um método bastante ágil, limpo e lucrativo de se construir.
39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA. Manual Técnico de Alvenaria. São Paulo: Projeto; PW, 1990. 274 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR1596-1 Alvenaria Estrutural – Blocos de Concreto. Rio de Janeiro: ABNT, 2011
_____NBR 6136 - Bloco vazado de concreto simples para al venaria estrutural. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.
_____NBR 15575 - Edificações Habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013
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