18
SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA E CONTAMINAGAO DE AGUAS Este trabalho de indole di- dhctica versa sobre poluicgo de hguas por microrganismos. Inicia-se por generalidades so- bre bacteriologia das Bguas, suas fontes poluentes, progres- s5o de micr~~)rganismos na hgua e nos solos e condiciona- mento a factores naturais. 0 tema prossegue sobre pol~c5o por bact4rias e virus fecais, salientando-se os grupos dos coliformes, dos estreptococos e dos clostridios, e termina corn algumas rder3ncias a exames bacteriol6gicos e padrSes de potabilidade de Bguas. ABSTRACT This paper is a didactic note about water polution by microorganisms. With an h- troduction over generalities in bacteriology d polution sour- ces and progression of micro- organisms in water and soils, and its dependence on natural factors, the theme prolceeds on the polution by faecal bacteria and virus, pointing out some d their groups. At last, bac- terial observations and pat- terns of water potability are presented.

SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

  • Upload
    others

  • View
    7

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA E CONTAMINAGAO DE AGUAS

Este trabalho de indole di- dhctica versa sobre poluicgo de hguas por microrganismos. Inicia-se por generalidades so- bre bacteriologia das Bguas, suas fontes poluentes, progres- s5o de micr~~)rganismos na hgua e nos solos e condiciona- mento a factores naturais. 0 tema prossegue sobre pol~c5o por bact4rias e virus fecais, salientando-se os grupos dos coliformes, dos estreptococos e dos clostridios, e termina corn algumas rder3ncias a exames bacteriol6gicos e padrSes de potabilidade de Bguas.

ABSTRACT

This paper is a didactic note about water polution by microorganisms. With an h- troduction over generalities in bacteriology d polution sour- ces and progression of micro- organisms in water and soils, and its dependence on natural factors, the theme prolceeds on the polution by faecal bacteria and virus, pointing out some d their groups. At last, bac- terial observations and pat- terns of water potability are presented.

 

Page 2: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

MARIO ALBERT0 ALVES DE OLIVEIKA BALtiUEilKU

ASPECTOS GENBRICOS DA BACTERIOLOGIA D A AGUA

Atravks dos tempos a Bgua foi sempre o liquid0 natural utilizado como bebida pelos seres humanos. Actualmente, o conhecimento cientifico da transmiss50 de doen~as infecciosas por via hidrica veio desenvolver a prhtica de exames fisicos, quimi'cos, microsc6gicos e bacteriol6~gicos para controle sani- tario da agua. Destes exames, o bacterioldgico reveste-se de especial importSncia por ser o de maior valor irnediato para concluir se uma agua esta ou n5o livre de poluic5o de bactB rias ou de virus patogknicos, nomeadamente os fecais.

A 6gua atmosfkrica, inicialmente esGril, pode durante a queda arrastar bacterias suspensas no ar. Trata-se no geral de bactkrias n5o patoghnicas de nfimero muito reduzido, por vezes inferior a lb/rnl. No aproveitamento destas aguas, a contaminacdo surge eventualmente na colecta e armazena- mento.

As hguas superficiais, de grande variabilidade, s5o as mais utilizadas pelo homem. Cursos de montanha podem conter 10 b/ml, e pequenos cursos de hgua de zonas desabitadas podem conter 10 a 20 b/ml. Rios n&o poluidos apresentam teores bacteriol6gicos da ordem de 100 a 500 b/ml, e rios originariamente poluidos pelo solo apresentam indices bacterio- 16gicos mais elevados nas kpocas de ehuvas.

Em grandes centros urbanos a hgua de um rio, no ponto em que recebe esgotos domiciliares, pode ultrapassar indices da ordem de 3 x 106b/ml. De notar que a autopurifica~Zio diminuir6 progressivamente a concentra~5o de bactbrias, por vezes de mod0 significativo, unicamente ap6s 10 ou 20 km de disthcia.

As aguas de profundidade que perculam nas camadas geo- 16gicas mostram, em p o ~ o s ou fontes, graus de pureza que

Page 3: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO D A S AGUAS

s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar en 4 metros, mais de 30 % das bactkias, resultando Agua quase estCril. 0 solo calchrio que apresenta fendas de extensdo varihvel, torna-se o menos filtrante.

A 5gua de fonte ou de poco muito raso, se o lencol for muito superficial, po~de apresentar ntimero muito variado de bactkrias com carga m h i m a ap6s as primeiras chuvas.

Na zona ndo saturada do solo as bactQias e virus tern deslotcac50 descendente e lateral e movem-se no sentido do fluxo do aquifero.

0 esquema grhfico que se segue ao texto, posiciona a zona de seguranca provhvel para instalacdo de pocos de captacdo de hgua, para uso particular, em funcdo da disthcia da fonte de poluicdo bacteriana e da granulometria das particulas do solo.

0 melhor diiimetro de grdos minerais, para depuracgo de bactbrias, tem o valor de 0,17 mm.

A experiencia clhssica de Ditthorh, em 1909, descreve a injec@io de bacMrias num poco de 59 metros de profundidade e o seu aparecimento num poco de o;bservac;Zio a 20 metros de disancia, apds o decorrer de 20 dias.

Stilles e Crohurst, em 1928, observaram, por process0 iden- tico, periodos de progress50 da ordem de 7 semanas na extensdo de 20 metros de aquifero, para bacilos fecais do tip0 Estreptococos.

Preferencialrnente, em climas quentes onde a vida das bactCrias num aquifero pode chegar a 5 anos, a taxa de progress50, distbcia - tempo, 6 f u n ~ d o do didmetro dos grgos da rocha reservat6rio podendo observar-se, para valores entre 0,21 a 0,71 mm, bactbrias percorrendo 30 metros em 33 horas.

Page 4: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

&TAR10 ALBERT0 ALVES DE OLIVEIRA SALGUEIRO

A existencia de factores diversos na Bgua condiciona as espkies bacterianas presentes, a frequencia de cada uma e o n h e r o total de bact6rias.

De entre eles, a chuva, por exemplo, pode prwocar enxur- radas que arrastam bact6rias originhias do solo. Quando este 6 cultivado pode conter cerca de 50 x lo9 b/g, das quais virias esp6cies desenvolvem grande capacidade de soibrevi- vencia e reproduciio na igua.

A presenca de nutrientes vkculados a Bguas ricas em mat6rias organicas pode desenvolver um bom meio de nutricio bacteriana.

;A temperatura condiciona o desenvolvimento preferencial de certas espCcies, como nas bact6rias saprbfitas, para valo- res entre 20" e 25" C.

0 oxig6nio dissolvido 6 agente responskvel pela quantidade de bact6rias aerbbias, que siio a maioria.

Por sua vez a presenca de protozoBrios na Bgua 6 factor a salientar, pois estes alimentam-se de bactkrias.

De considerar ainda a radiaciio U.V., o pH e a salinidade.

FLORA BACTERLANA AUT6CTONE DE AGUAS DE SUPERFICIE

Trata-se de flora especifica, nomeadamente de especies bacterianas originirias do solo.

Citarn-se bacbkrias do ferro que depositam Fe a partir de compostos de Fe limes e se multiplicam rapidamente. Conferem cor avermelhada e mau gosto e odor ?i Ztgua, como sejam os g6neros SphueroltQlus, hptoithrix, Crenoithr+x e C l m ~

Page 5: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

SOBRE A POLUIGAO BACTERIOLdGICA E CONTaMINACAO DAS AGUAS

tr ix P d e m utilizar Fe no metabolismo, os gkneros Caulobac- ter, ~ i o p z _ ~ ~ , Sideronema, F e r r B ~ ~ i u m , Si&ro~cmcw e Siderrolbacter, ocasionando a Gdlionella, eventualmente, dep6- sitos e incrusta~6es de Fe em canalizacSes.

Bactkrias que fazem sintese do enxofre, podem ocasionar deterioriza~50 de estruturas de bet50 como os Thiobacillus. :As Baggbtoa dba e Thiathrix nbea pdem ainda obstruir canaliza~Ses.

Ocasionalmente, bacthrias do Fe e do S podem crescer abundantemente e conferir mau gosto e odor h Bgua, devido h sua decomposi~80, por outras bactkrias, quando morrem.

BACTI~RIAS DO BOLO E OUTRAS

Aguas eom polui&o bacteriol6gica originkia apenas do solo n6o oferecem perigo algum pois geralrnente transportam bactkrias n5o patogknicas, fixadoras do azoto, que tomam parte no ciclo natural da decomposi~Zio da materia org-ca, como as nitrosomonas e nitrobactkrias, e algumas bacterias saprbfitas.

Pequeno n6mero de bactkrias do solo, no geral anaerbbias, sZia na entanto patoghicas. S6o esporuladas, como o gknero ClostridZum, agente do tbtano e do botulismo e o Bcccalus anbhrads, agente do carbhculo intestinal.

Bacfkrias derivadas de cad&veres em decomposi@io n5o oferelcem perigo. SZio n50 esporuladas e morrem rapidamente no solo.

Bactkrias e virus, estes de menor tarnanho (da ordem de 0,08-0,7 p.), pdem ter grande so;brwiv&ncia no solo chegando a atingir algutns anos. Devido a enxurradas, os solos s50 lava- dos e estes organismcrs contaninar50 crs aquiFeros, percorrendo os virus maiores disthcias que as bacterias devido hs suas dimensaes.

Page 6: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

NARIO ALBERT0 ALVES DE OLIVEIRA SALGUEIRO

0 s seres humanos podergo ser vitimas de doen~as, provo- cadas por microorganismos transportados pela hgua, tais como :

cblera, febre tifbide, febre para-tifbide, disenteria ba- cilar, etc., provocadas por bactkrias ; hepatite infec- ciosa e poliomielite provacadas por virus ; esquitosso- miase provocada por vermes; e muitas outras, como infeccijes de ouvidos, olhos, nariz e garganta, pertur- ba~ijes gastro-intestinais, ckies dentkrias, bbcio, fluorose, etc., etc.

RISCO DIE SATSDE FOR BACTRRIAS E VIRUS FECAIS NA AGUA

Todo o risco de infec~Zio por ingest50 de 6gua, pode afir- mar-se ser devido a rnicroorganismos patogCnicos com origem em dejectos feeais e de urina, humanos ou animais, de indid- duos doentes ou portadores de germes. SBo bactkrias e virus que originam nos seres humanos a maioria das doencas j6 referidas. A transmiss50 de doencas infecciosas intestinais por ingest50 de dgua 6 dominante.

Em principio, oonclui-se que uma hgua 1-50 C pot6vel quando se sabe que houve polui~50 fecal, prolcurando-se entBo as bactCrias fecais por processes bacterid6gicos.

As fezes tern grande ndmero de balctkrias aer6bias e maior nfimero ainda de bact6rias anaerbbias. Fezes humanas e de animais de sangue quente s50 riquissimas em bactQias tais como :

0 s coliformes sZio na generdidade bacilos gram-negativos, nBo formadores de esporos, aero ou anaer6bios e fermentadores de lactose ccm formac50 ou n5o de g6s. S5o ainda urn dos

Page 7: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

SOBRE A POLUIChO BACTERIOL6GICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS

grupos que confere os maiores indices de poluicZio fecal 2 hgua, existindo em elevado n6mero nas fezes e sendo Sacil- mente isolados da hgua e identificados por Gcnicas bacterio- lbgicas rhpidas e ewn6micas, nos exames de rotina de controle sanithio.

A mais importante das bact6rias colifomes que se apre- senta nas fezes C a Escherichia cdi. Citam-se ahda citrobac- tkrias, a E&wobacter cbacw, e a Klebsiem pmnonhe, entre outras.

Cerca de 95 % dos coliformes presentes em fezes humanas ou animais s6o de E. coli. Alguns tipos destes parasitas intes- tinais s5o patogenicos para o hornem provwando gastro-ente- rites ou outras WeccBes. 0 s demais coliformes Go, mais fre- quentemente, originhios do solo ou de ce~tos vegetais.

0 s coliformes constituem bons indices de poluicIo de Bguas porque diminuem o seu n h e r o em sintonia corn a redu~60 do mGmero de bactkrias patogCnicas intestinais. Assim, por exemplo, o coeficiente de rnortalidade de E. coli na Bgua 6 igual ao das bactCrias patogCnicas intestinais, nomeadamente a Salmm& typhi.

Na grande maioria dos paises, embora mCtodos actuais diagnostiquem com muita seguranca se uma Qua C ou n6o portadora de E. cdi, d6-se no entanto prefer6ncia & pesquisa de coliformes totais, e sempre que uma 6gua tenha coliformes considera-se suspeita. A detecc5o de qualquer coliforme C indice de probabilidade de exist6ncia de microorganismos intestinais patog6nicos na hgua, quer se trate de S d m e l l a , de Shigdlu, de virus, ou de E. coli patoig6nico.

Doencas como f ebre-tif 6ide, f ebre para-tiif6ide, disenterias bacilares, hepatite A, e, sob reserva, poliomielite, que a 6gua tern transmitido sob forma epidCmica, s5o no geral exclusi- vamente humanas.

As salmoneloses gastro-enteritico-diarreicas provocadas por Salmonellas de origem animal, prw6m quase sempre da ingestgo de alimentos contaminados que as possuem em grande ntimero, aumentando o perigo em criancas de pouca idade.

Page 8: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

MKRIO ALBERT0 ALVES DE OLIVEIFLA SALGTJEIRO

Registam-se porCm cams de surtos de gastro-enterits, mesmo atingindo popula~6es adultas, provocados por Salmonellas de origem animal disseminadas por via hibrida.

0 maior risco para a safide humana advkm da preserqa na Agua de fezes humanas e nHo de anirnais. NZio hh process0 bacteriol6gico que distinga a origem humana ou animal de um colif orme, e o conhecimento da origem predominantemente humana ou animal da poluic5o fecal da hgua faz-se por deter- mina~do s imdtbea do nfimero de colifornes e do nfimero de estrqtococos fecais, presmtes.

Na realidade, outras bactkrias hb, n50 coliformes, que tem as feze? com'o habitat, nomeadamente os entero e estrep- tococos fecais, que se encontram sempre em menor n6mero.

A avalia~Ho do n a e r o de coliformes nas fezes 6 , no geral, feita pela t6cnica de c6lculo da mMia geom6trica. Salientam-se para os seres humanos valores da ordem de 1,O x lQ7/g para coliformes, e de 1,O x 1W/g para enterococos, e para bovi- nos valores da ordem de 1,O x 106/g para coliformes, e de 1,Q x 105/g para enterococos.

Tal como os coliformes, sZio bons indieadores de poluicZio fecal sendo revelados por @micas recentes rnuits simples e ecmd~micas. 0s entermocos aero ou anaerbbios sFio do grupo soroldgico com antigknio D - polissacaridio - e designam-se indistintarnente por estreptococos fecais e por estreptococos do grupo D.

Nos mCtodos padrSes a express50 smembros do grupo Enteroco >> foi substituida por ct grupo estrepto~cdtcico fecal a e adoptou-se o t e r m ct estreptococos fecais > no lugar de ct ente- rococos x

Incluem as espBcies : S. faiecdk, S. faecarlis var. Ziquefa- ciew e var. zgmogems, S. d u r m , S. b&, S. eq.ecims, S . auium, etc.

Page 9: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

SOBRE A POLUIGAO BACTERIOLOGICA E CONTABIINA~AO DAS LXGUAS

10s estreptococos fecais raramente se multiplicam na Agua, e v w a s espkcies tern muito menor sobrevivhcia na dgua que os coliformes, pel0 que indicam na generalidade polui@io fecal muito recente.

A presenca na hgua de S. bovvis ou S. equiluus indiica polui- ~ 5 o f e d por animais de sangue quente.

0 S. faeelallis var. liquefmiens nfio tem significado sani- titrio dada a sua ubiquidade, e ocorre mais frequentemente em vegetais.

0 c&bculo da raziio da densidade dos oolifmmes fecais (d), pela dos estreptococos fecais (d'), jnndica o predominio de poluicZio f e d humana ou animal. Em fezes humanas e esgotos domiciliares : d/dl ) 4. Em fezes animais, dluentes de mata- douros, de propriedades de gad0 ou mesmo aviculas: d/d' ( 0,7. Id6ntico parametro regista-se em esgotos de galerias pluviais, por polui~iio fecal de &is, gatos, roadores, etc.

13 organismo wporulado, originkio do solo, onde os esporos tem longa sobreviv6nlcia. T d a s as pessoas tern Clo~stridiumz nas fezes pdo que, priori, B imdicdor potencial de poluiciio fecal da Agua.

A sua presenca indica na maioria das vezes poIui@io origi- n* do solo, que pode ser remota. A n'io ser em solos ricos em mat6ria orggnlca, nomeadamente fecal, a quantidade en- contrada 6 sempre pequena Esta espkie 8 frequente nas fezes de animais, nomeadamente no cavalo, devido 2 ingest50 de ervas e particulas do solo.

A probabilidade de evidencia de Clolstridim na Agua aurnenta sempre que esta tenha grau de poluiciio pequena, ou ainda plolui@io intermitente.

Page 10: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

MARIO ALBERT0 ALVES DE OLIVEIRA W U E I R O

0 s co1Yormes totais ou fecais, os estreptococos fecais e o Closrtridiwm s5o os melhores indices de polui~5o f d , e, a sua presenca torna a ggua classificAve1 de n5o pothvel e de potencialmente perigosa do ponto de vista infeccioso.

As 6cnicas baderiol6gicas niio s5o suficientemente sen- siveis para evidenciar estas bacthrias quando elas existem em quantidade Wima na hgua.

0 inzlice de coliformes totais, indice de polui~5o fecal, ou, por analogia, indice de contarninaE50, tem cargcter somate potencial, isto 6 , a presenEa de coliformes torna a Q u a unicamente suspeita. Al6m da polui~40 fecal, haverii de ter em conta a cmtamina~iio da Agua por microorganismos patogkmicos.

Estes exames padem empregar-se em circmst&ncias varia- das, aplicados a finalidades especificas como sejam :

1) Verificaciio de potabilidade da Agua consumida como bebida. Entre eles, o exame bacteriol6;ico das h a a s de abas- tecimento p6bIico prolcessa-se com vista Q determinac50 do nfi- mero de bacerias presentes, de acordo com as normas do m6todo estabelecido, e Q enurnrea~50 ou estirnativa do nfimero de coliformes totais.

2) Controlo de Bguas de viveiros de peixes e ostras.

3) Controlo de gguas de irriga~iio horticola e de hvores de fruto.

4) Controlo de gguas para indfistrias de alirnentos e de cosm&icos.

5) Controlo do grau de pol~&iio de Aguas para fins de r ecr eio .

Page 11: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

SOBRE A POLUICHO BACTERIOLdGICA E CONTAMINA~AO DAS AGUAS

6) Determinaggo do grau de polui~Bo de hguas para fins hidroterap8uticos.

7) Controlo de processos de tratamento de esgotos.

8) Efeito do lanpmento de produtos orgiinicos e outros sobre a flora bacteriana.

9) Inves,tiga~Bo de fontes pduentes, nomeadamente em es- tudcrs epidemioi6gicos.

10) Estudos s o b e densidade e efeito de certos grupos bacte- riolbgicos, nomeadamente do F e e do S, visando, por m6todos padronizados, a enumera~iio, cultivo e evidencia@o de blactkrias do F e e do S, e outras.

11) Estudos de interferhcia bacteriana em processos in- dustriais.

ALGUNS PADlRBES EiACTERIOIhGICOS DE POTABILIDADE E DIE QUALIDmE

Estes padr6es constituem normas que estabelecem par2me- tros ou valores, que atribuidos a qualquer hgua a classificam de acordo ccrm a finalidade da sua utiliza~iio.

Estas normas s5o aplichveis, por exemplo, a hguas de consumo phblico, que siio captadas por quaisquer processos e s5o tratadas ou nBo, bem como a hguas de consumo particular, de fontes naturais aflorantes ou de pops .

Quanto a caracteristicas bacteriol6gicas, para hguas de abastecimento p6blico e de pocos para consumo privado, exi- ge-se aushcia de germes coliformes em teste de 5 amostras de hgua de 10 rnl cada, e para hguas de fonte, de consumo pri- vado, exige-se aushcia de germes coliformes em lOOml de amostra examinada.

Page 12: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

=I0 ALBERT0 ALVES DE OLIVEIRA SaLGUEIRO

0s partimetros de qualidade aqlicBveis a hguas com polui- c$io biolbgiea, estabdecidos pela Organizacgo Mmdial de Sairde, indicam, para Bguas canalizadas, ausencia de E. Coli e de coliformes em 100 ml de Bgua clorada, e ausencia de E. cloi, e coliformes em n6mero menor ou igual a 3, em 100 ml de &ua ngo clorada. Para Bgua p&ivel de pocos particdares, o n h e r o de coliformes deve ser menor ou igual a 10 em 100 rnl.

As hguas de consumo particular com valores dgerentes das normas comuns fixadas podem, ap6s tratamento ade- quado, deixar de ser consideradas imprbprias para consumo. 0 mesmo se aplica a &guas de fontes, embora neste caso nZio possam ser comercializadas.

Para as Bguas minerais e Bguas naturais de fonte, as caralcteristicas bacteriol6gicas que condicionam o estabeleci- mento de padrBes de identidade e qualidade, exigem ausencia de E. coli em 100 ml de Bgua, quer no local de emergencia, quer na Bgua envasilhada. Para o control0 microbioldgico as amostras serZio colhidas no prdprio local, no minim0 trimes- tralmente, e devergo ser analisadas at6 4 horas ap6s a colecta, ou, no mBximo at6 12 horas, quando mantidas a temperaturas nbo superiores a 4O C.

0 s padrBes bacteriolblgicos de qualdade de Bgua para fins tecnolbgiicos alimentares sgo mais exigentes que os de potabilida~de, estabelecendo b i t e s mais drBsticos para o <<nir- mero total,, de bacgrias ou de mimoc~rganismos em geral, e impando restricbes quanto h presenca de certos grupos de batkias e/ou de fungos. Assim, por exe~mplo, o padr50 de 1974, ern Portugal, estabelece que a Bgua dwe apresentar-se sem E. cdi ou qualquer colifarme em amostras de volume de 1 0 0 d , sem S. do grupo D em amostras de volume de 10 d, seim clostridios saito-redutores em amostras de 100 ml a 44" C, e com nivel mhximo de tolerhcia at6 100 microorganismos mes6filos por cada 10 ml de amostra.

PadrBes ba~cterio16gicos de qualidade aplichveis a Bguas interiores ou marinhas destinadas a recreaqbo de contact0

Page 13: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

SOBRE A POLUIGAO BACTERIOLOGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS

p r h k i o , respeitam a valares atribuidm a pel0 menos 80 +YO de amostras de l O O m l no mesmo <site>>, e permitem classifi- ch-las em :

excelentes : mAx 250 col.fecais; m&x 1.250 col.totais boas : m k 500 >> ; m k 2.500 >> satisfathias : m k 1.000 2 ; m&x 5.500 B

suspeitas : mAx 4.000 w ; m&x 20.500 2

mbs : 1) ultrapassam os indices bacterioGgicos anteriores.

2) crcorri2ncia regional de doeneas transmis- siveis por via hidrica.

3) recebimento de agotos por meio de valas, eursos de iigua ou canalim~8es.

4) presenca de residuo~ ou despejos preju- diciais & safide.

5) transparbcia < 1,O m e pH ( 6,5 ou pH ) 8,3.

6) presenw de parasitas patog6nicos ou seus hospedeiros intermedihrios infectdos.

7) presenca nas hguas interiores de risco sanit&rio de esquistossomose.

8) Presenca doutros factores que as con- traindiquem.

Uma Bgua para prhtica de nata~go, nomeadamente em piscinas, deve aprmmtar niunero total de bact6rias < 200/ /I00 ml, valor de cloro residual de 0,4 a 1,0 mg/l e pH = 7,O.

Aguas ocehicas com n h e r o total de bacterias > 3.000/ 1100 ml sZo imprbrias para banho e siio susceptiveis de conta- minar mtrideos, mariscos e peixes, nmeaidamente corn ente- rwirus ou Yirus de hepatite.

A autodepura@o bacteriol6gica em &as marhhas costei- ras, 6 feita principalmente por radia~8es U.V. e ainda por antibi6ticos segregados por diatomiceas.

Page 14: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

MARIO ALBERT0 ALVES DE OLIVEIRA SBLGUEIRO

0 s emisshios de esgotos submarines, devem ter os termi- nais nas &reas das baias onde haja a certeza p r h a de fluxo continuo para o mar. Por eles saem poluentes urbanos, e de centros industriais que fluem diluidos ou dispersos.

Em Aguas costeiras contaminadas, junto a grandes cidaldes do litoral, k usual definir-se o pargnetro de eliminacgo de coliformes fecais: T%. 0 valor T%, por exemplo, nas Aguas costeiras da cidade de Santos, Brasil, era, em 1979, de T90=80 minutos, tempo de elirninaciio de 90 70 de coljformes fecais.

SOBRE EXAMES BACTERIOLOGIC06 NA ILHA DAS FLORES

A titulo de exemplo e para dar relevo ao problema sanitArio respeitante a bacte~iologia de Aguas de consumo p~blico, indicam-se, em sintese, resultados de aniilises bacte- riol6gicas de aguas, de amostras colhidas recentemente nas varias freguesias da Ilha das Flores.

0 trabalho thcnico foi realizado em Maio de 1979, pelo Laboratbrio de Sanidade Animal, do Departamento de CiGncias Agrhias do Instituto Utniversitiaio dos Acores.

Amostras de aguas de residhcias, de wsto de leite e fAbrica de lacticinios, do Hospital, durn CafC, etc., foram tra- tadas em sirnult2neo pelm mbtodos analiticos dos tubos m6lti- plos e das membranas filtrantes.

Page 15: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

SOBRE A POLUICAO BACTERIOL6GICA E CONTAWINACHO DAS AGUAS

Foi o seguinte o quadro dos resultados:

Local

Pmta Delgada Ponta Ruiva Cedros Fazenda de Santa Cruz Faj5 Grande Fajanzinha Fonte do Rossio NIoste'io La jedo Fazenda das Lajes Lajes

Lomba Caveira

SANTA CRUZ: Cooperativa do Monte Hospital M6todo das Membranas

Fikrantes: Hospital Boavista Boavista Roque Moura Messe Francesa

0 0

100 0

730 260 200 700 720 590

0

Incontkvel Incontkvel

0 100

0 0 0 8u 328

Impr6pria Impr6pria Impr6pria Suspeita hpr6pria Impr6pria Imprbpria Impr6pria Impr6pria Impr6pria PotAvel sob vigi-

h c i a Impr6pria Impr6pria

Suspeita Suspeita

Suspeita Suspeita Suspeita Impr6pria Impr6pria

Page 16: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

MARIO ALBERT0 ALVES DE OLIVEIRA SALCiUJiilKU

A classifica@o das &@as baseou-se nos criteria de ava- lia@o de qualidade ba&eriol61gica, do Institute Nacional de Sairde, para &@as sem tratamento para abastecimento, segundo o quadro :

(a) Qualquer desks situa- torna, pol. si d a ggua impr6pria para cmumo humano.

Agua f i v e 1

Ficou patente a co&mina@o bactwid&ica das Amas, nomeadmente a fecal, corn eminentes riscos para a safide dos habitantes da Ilha das FBmes.

A aus6ncia de r d e s de esgotos nas vArias freguesias e a polui~Bo bacterio16gica originkria de palheiros de recolha de blovinos e de pocilgas para sufnos, nas Areas do~miciliares, entre outros factores, conduzem A contaminag20 das &@as com coliformes, E. cdi, etc.

Foi sugerido o urgente tratarnento das Bguas para consumo pGblico, por cloragem permanente corn control0 analitico dos niveis de cbro e dos indices barcteriol~gicos, em regime de rotina, para garantia da potawdade da Bgua.

Agwpo t~ve l sob vigi- lawia

Ag, I &un

nuwit= I impr.61rrla

Page 17: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

SOBRE A POLUIGAO BACTERIOL6GICA E CONTABUNACHO DAS AGUAS

zona, perigc

I int rmedia

I

I

.r ,*I , 7L-

distancia da fonte de poluicZo bacteriana

zo pr

Esquema gr5fico rderido na pkg. 2, posicionando zona de seguranca provdvel para instala@o de popx de capta@o de Bgua, para uso par- ticular.

la de se ovavel

Page 18: SOBRE A POLUIGWO BRCTERIOLOGICA CONTAMINAGAO DE · SOBRE A POLTJIC&O BACTERIOLdGICA E CONTAMINACAO DAS AGUAS s5o funcdo da filtragem sofrida no solo. 0 solo arenoso poderh filtrar

NARIO ALBERT0 ALVES DE OLIVEIRA SALGUEIRO

ALBINET, M., 1965 : La pollution des eaux souterraines - Extrait de Chro.nique d'Hydrogeologie, na 6 .

BAILET, Scott, 1964 : Diagnostic rnicrobiobgy - 4th Ed. Mosby C m p .

BREMOND, R. et W I W D , R., 1973 : Pararn5tres de qualit6 des eaux - Minist. de la protection de la nature et de l'envitvnnentent -Paris.

CUST6DI0, E., LLAMLAS, M. R., 1976 : Hidrologia Subterrbea -Edicio- nes Omega S.A. - Barcelana.

L A L L . ~ - B A I E R E S , A., 1973 : Contribution B l'ktude de la propaga- tion des polluants dans la zone n m satur6e - SGN-396 -LIME. BRGM.

ROMERO, J . C., 1971 : Le mouvement des batteries et de virus en milieux poureux - SGN - 212 -EM), BRGM.

SHOEXLER, H., 1962 : Les eaux souterraines - Massm et Cie Editeurs - Paris.

SKWAL, H.. 1972 : Readings in water quality and pollution mtrd - JerusaEm.

STANEX, R. Y., D O W R O F F , M., ADELBERG, E. A., 1963 : The microbial world - Englezuood CZiffs, N. Y .

TODD, D. K., MCNULTY, D. O., 1976 :Polluted groundwater - Runtington, New York.