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SERVIÇO SOCIAL www.interativa.uniderp.br www.unianhanguera.edu.br Anhanguera Publicações Valinhos/SP, 2009 Autores Edilene Maria de Oliveira Araújo Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues Nobre Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho Maria Aparecida da Silva Maria Roney de Queiroz Leandro Educação sem fronteiras 5 00 - Servico Social - 5 Sem.indd 1 1/5/09 3:52:57 PM

Servico social 2009_5_1

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SERVIÇO SOCIAL

www.interativa.uniderp.br

www.unianhanguera.edu.br

Anhanguera Publicações

Valinhos/SP, 2009

AutoresEdilene Maria de Oliveira Araújo

Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues NobreHelenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho

Maria Aparecida da SilvaMaria Roney de Queiroz Leandro

Educaçãosem fronteiras

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00 - Servico Social - 5 Sem.indd 1 1/5/09 3:52:57 PM

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© 2009 Anhanguera PublicaçõesProibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.Impresso no Brasil 2009

ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS

PresidenteProf. Antonio Carbonari Netto

Diretor AcadêmicoProf. José Luis Poli

Diretor AdministrativoAdm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior

CAMPUS I

ReitorProf. Guilherme Marback NetoVice-ReitorProfa. Heloísa Gianotti PereiraPró-ReitoresPró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães JúniorPró-Reitora de Graduação: Prof. Paulo de Tarso Camillo de Carvalho Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato

ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.UNIDERP INTERATIVA

DiretorProf. Ednilson Aparecido Guioti

CoodernaçãoProf. Wilson Buzinaro

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICAProfa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Eva Maria Katayama Negrisolli / Profa.Evanir Bordim Sandim / Profa. Maria Massae Sakate / Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora)

ANHANGUERA PUBLICAÇÕES

DiretorProf. Diógenes da Silva Júnior

Gerente AcadêmicoProf. Adauto Damásio

Gerente AdministrativoProf. Cássio Alvarenga Netto

PROJETO DOS CURSOSAdministração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira SatolaniCiências Contábeis: Prof. Ruberlei BulgarelliEnfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado PereiraLetras: Profa. Márcia Cristina RochaPedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz / Profa. Líliam Cristina CaldeiraServiço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Profa. Ana Lucia Américo AntonioTecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de OliveiraTecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma MarcarioTecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espíndola DiasTecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espíndola DiasTecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias

S514 Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al]. - Valinhos : Anhanguera Publicações, 2009.

224 p. - (Educação sem fronteiras ; 5).

ISBN: 978-85-62280-06

1. Serviço social – Processo de trabalho. 2. Serviço social – Cidadania. I. Araújo, Edilene Maria de Oliveira. II. Título. III. Série.

CDD: 360

Ficha Catalográfica produzida pela Biblioteca Central da Anhanguera Educacional

00 - Servico Social - 5 Sem.indd 2 1/5/09 3:52:57 PM

Page 3: Servico social 2009_5_1

AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico

iii

Nossa Missão, Nossos Valores____________________

A Anhanguera Educacional completa, em 2009, 15 anos. Desde sua fundação, buscou a ino-

vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de

Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação

dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho.

A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre

preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis-

tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor

relação qualidade/custo, adotou-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições de

ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,

Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores da

Anhanguera.

Atuando também no Ensino à Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es-

tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da UNIDERP Interativa, nos seus pólos

espalhados por todo o Brasil.

Boa aprendizagem e bons estudos!

Prof. Antonio Carbonari Netto

Presidente — Anhanguera Educacional

Page 4: Servico social 2009_5_1

Apresentação____________________

A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no

desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos,

arrojados, pluralistas, democráticos.

Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par-

ceiros e congêneres no País e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou

para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo seu compromisso com

a qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos seus

propósitos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e ascensão social.

Reconhecida por sua ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais

um desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportuni-

dades de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação

a Distância.

Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que em pouco tempo saiu das fronteiras

do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do País, possibilitando o

acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída.

O Centro de Educação a Distância, atua por meio de duas unidades operacionais, a Uniderp

Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN), em função dos modelos alternativos ofe-

recidos e seus respectivos pólos de apoio presencial, localizados em diversas regiões do País e ex-

terior, oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e educação continuada e possibilitando,

dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias dinâmicas e inovadoras.

Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da

Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na sua estrutura organizacional e acadêmica, com

reflexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro-

Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza

a compra pelos alunos de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado e

estimula-os a formar sua própria biblioteca, promovendo, dessa forma, a melhoria na qualidade

de sua aprendizagem.

É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de

formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos,

preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena em sociedade.

Prof. Guilherme Marback Neto

Page 5: Servico social 2009_5_1

AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico

v

EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJOGraduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica de Mato Grosso – FUCMT – 1986

Especialização: Formação de Formadores em Educação de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003

Especialização: Gestão de Iniciativas Sociais – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002

ELISA CLÉIA PINHEIRO RODRIGUES NObREGraduação: Serviço Social – Universidade Católica Dom Bosco, UCDB – 1992

Especialização em Políticas Sociais – Universidade doEstado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 2003

Mestrado em Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS – 2007

HELENROSE APARECIDA DA SILVA PEDROSO COELHOGraduação: Ciências Sociais/Universidade Estadual de

Campinas – UNICAMP, Campinas /SP – 1982Graduação: Psicologia/Universidade Católica

Dom Bosco – UCDB, Campo Grande/MS – 1992Graduação: Direito/Universidade para o Desenvolvimento do

Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, Campo Grande/MS – 2004Especialização: Gestão Judiciária Estratégica

Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso, CEFETMT – 2007Mestrado: A Construção dos Sentidos de Promoção e

Prevenção de Saúde na Mídia Impressa – UCDB – Campo Grande/MS, 2006

MARIA APARECIDA DA SILVAGraduação: Serviço Social/Faculdades Unidas

Católicas Dom Bosco – FUCMT/ Campo Grande-MS – 1984Especialização: Educação na Área da Saúde/Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, 1985Mestrado: Saúde Coletiva/Universidade Federal

de Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS, 1998

MARIA RONEY DE QUEIROZ LEANDROGraduação: Serviço Social/Faculdades Unidas

Católicas Dom Bosco – FUCMT/Campo Grande-MS/1987Especialização: Saúde Pública – Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz/1993

Autores____________________

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AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico

vii

Sumário____________________

MÓDULO – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL

UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁGIO SUPERVIONADO EM SERVIÇO SOCIAL

AULA 1

O diagnóstico como ferramenta de trabalho do serviço social ......................................... 3

AULA 2

Projetos sociais: solucionando problemas .......................................................................... 10

UNIDADE DIDÁTICA – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL

AULA 1

Trabalho e relações sociais na sociedade contemporânea ................................................. 19

AULA 2

Divisão social do trabalho ................................................................................................... 24

AULA 3

Produção social e valor ........................................................................................................ 29

AULA 4

Trabalho assalariado, capital e propriedade ........................................................................ 37

AULA 5

Processos de trabalho e produção da riqueza social ........................................................... 43

AULA 6

O trabalho coletivo – trabalho e cooperação ...................................................................... 48

AULA 7

Trabalho produtivo e improdutivo ...................................................................................... 52

AULA 8

A polêmica em torno da crise da sociedade do trabalho .................................................... 59

AULA 9

Trabalho e sociedade em rede .............................................................................................. 65

UNIDADE DIDÁTICA – ESTRATÉGIAS DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL

AULA 1

A inserção do assistente social nos processos do trabalho e as estratégias de trabalho

em serviço social ................................................................................................................... 75

AULA 2

Trabalho e serviço social: demandas tradicionais e demandas atuais ................................ 78

AULA 3

O redimensionamento da profissão: o mercado, as condições de trabalho, as

perspectivas e competências profissionais ........................................................................... 81

Page 8: Servico social 2009_5_1

AULA 4

Condições de trabalho e respostas profissionais. A relação assistente social e usuários

dos serviços sociais ............................................................................................................... 86

AULA 5

As demandas e a intervenção profissional no âmbito das relações entre o estado e a

sociedade ............................................................................................................................... 89

AULA 6

A dimensão ético-política da prática profissional e o serviço social como instrumento

de cidadania e garantia de direitos....................................................................................... 92

AULA 7

Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do

trabalho profissional – Parte 1 ............................................................................................. 95

AULA 8

Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do

trabalho profissional – Parte 2 ............................................................................................. 99

AULA 9

Instrumentos, metodologias e técnicas utilizados pelo serviço social na busca de

respostas as demandas do trabalho ...................................................................................... 103

SEMINÁRIO INTEGRADO ...................................................................................................... 108

MÓDULO – SOCIEDADE E CIDADANIA

UNIDADE DIDÁTICA – TERCEIRO SETOR E SERVIÇO SOCIAL

AULA 1

Considerações históricas sobre a emergência do terceiro setor ......................................... 111

AULA 2

Terceiro setor: conceitos, objetivos e características ........................................................... 114

AULA 3

Questões sociais, serviço social e as relações com o terceiro setor ..................................... 118

AULA 4

Organizações de interesse público e legislações pertinentes .............................................. 122

AULA 5

As organizações de interesse público e a gestão das políticas sociais ................................. 127

AULA 6

Responsabilidade social e suas dimensões ........................................................................... 131

AULA 7

Voluntariado ......................................................................................................................... 135

AULA 8

O voluntariado no terceiro setor.......................................................................................... 140

AULA 9

Financiamento do terceiro setor .......................................................................................... 144

Page 9: Servico social 2009_5_1

AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico

ix

UNIDADE DIDÁTICA – CONSELHOS POPULARES E CIDADANIA

AULA 1

Contexto da cidadania .......................................................................................................... 153

AULA 2

Participação e controle social: instâncias de cidadania....................................................... 159

AULA 3

Conselhos de políticas públicas: assistência social .............................................................. 169

AULA 4

Conselhos de políticas públicas: saúde ................................................................................ 174

AULA 5

Conselhos de defesa de direitos: do idoso e da pessoa com deficiência ............................. 179

AULA 6

Conselhos de defesa de direitos: da criança e do adolescente (ECA) ................................. 187

AULA 7

Conselhos de defesa de direitos: da mulher ........................................................................ 192

AULA 8

Conselhos de defesa de direitos: do indígena e do negro ................................................... 199

AULA 9

Atuação do profissional na efetivação do controle social ................................................... 207

SEMINÁRIO INTEGRADO ...................................................................................................... 215

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Page 11: Servico social 2009_5_1

PROCESSO DE TRABALHO EM

SERVIÇO SOCIAL

Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo

Professora Especialista Maria Roney de Queiroz Leandro

Professora MSc. Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho

Módulo

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Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

Apresentação

Caro acadêmico!

Você irá começar o Estágio Supervisionado II do Curso de Serviço Social da UNIDERP Interativa. O está-

gio, sem dúvida alguma, é o momento de aprendizado prático, em meio a gama de conhecimentos teóricos

vivenciados no espaço da universidade, dando continuidade à prática de seu Estágio I. Porém, além da expe-

riência prática adquirida, o estágio também lhe proporcionará um estudo dessa vivência que engloba todas as

etapas, desde sua observação, supervisão, execução até a sua avaliação; enfim, um envolvimento das situações

reais vividas visando à integração do saber com o fazer, visão essa que atribuirá ao estágio um caráter de refle-

xão, o qual colocará você frente a inúmeras situações do dia-a-dia profissional, fazendo com que compreenda

o contexto da profissão que irá exercer a partir do conhecimento adquirido.

“O estágio é o locus onde a identidade profissional do aluno é gerada, construída e referida; volta-se para

o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado gradativa e siste-

maticamente.” (BURIOLLA, �001, p. 13).

Para que o Estágio Supervisionado realmente contribua em sua formação, de vital importância serão as

seguintes atitudes:

• Ser responsável em todas as suas ações

• Ter atitudes éticas

• Realizar constantes reflexões

• Usar da autocrítica

• Ser colaborativo

Bom trabalho!

Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo

“O possível não é o provável. Esse é o previsível, algo que podemos

calcular e antever, porque é uma probabilidade contida nos fatos e nos

dados que analisamos. O possível, porém, é aquilo criado pela nossa

própria ação. O que vem à existência graças ao nosso agir.”

Marilena Chauí

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AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social

3

Un

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AULA

1____________________O DIAGNÓSTICO COMO FERRAMENTA DE

TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL

Conteúdo• Considerações sobre o estágio supervisionado

• O serviço social

• O diagnóstico como ferramenta para o assistente social

• Diagnóstico institucional

• Diagnóstico social

Competências e habilidades• Entender o Estágio Supervisionado como o momento da prática das teorias aprendidas em sala

• Compreender as questões sociais como foco do trabalho do assistente social

• Verificar a importância do diagnóstico como ferramenta de trabalho para o assistente social

Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal

Duração�h/a – via satélite com o professor interativo

�h/a – presenciais com o professor local

6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTÁGIO

SUPERVISIONADO

O Estágio Supervisionado é a exteriorização do

aprendizado acadêmico fora dos limites da Uni-

versidade. É aquele ambiente onde o acadêmico irá

aplicar e desenvolver os conhecimentos teóricos ad-

quiridos.

O estágio poderá ser realizado em instituições

de direito privado, órgãos públicos, organizações

não-governamentais, projetos sociais, como tam-

bém em movimentos sociais, mediante a super-

visão de um assistente social, fazendo com que o

acadêmico comece a correlacionar teoria e prá-

tica, colaborando com o campo concedente de

estágio.

O ambiente destinado ao estágio deverá propor-

cionar ao acadêmico a consolidação de seus conhe-

cimentos por meio do que o cotidiano pode lhe

oferecer. Diante disso, a troca de experiência deverá

levar o futuro profissional a tornar-se mais prepa-

rado para atuar em diferentes campos e trabalhar a

complexidade da realidade em seu dia-a-dia.

Page 14: Servico social 2009_5_1

Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

Estágio supervisionado II

O Estágio Supervisionado II deve oportunizar

ao acadêmico conhecer e sistematizar o diagnós-

tico da realidade organizacional em que estiver

inserido, de maneira que sejam identificadas as

demandas dos usuários, bem como as possibi-

lidades profissionais. Consiste na continuidade

da aproximação com a realidade das instituições

iniciada no Estágio Supervisionado I. É inerente

ao Estágio II a iniciação do uso pelos alunos do

instrumental técnico-operativo empregado pelo

assistente social.

O Estágio Supervisionado II deve contemplar

ainda:

• Levantamento de necessidades sociais e conhe-

cimento institucional.

• Ênfase no diagnóstico sócio-institucional e na

elaboração dos projetos de ação profissional.

• Aprofundamento da articulação teórico-prá-

tica por meio da mediação das expressões das

questões sociais apresentadas nos campos de

estágio mediante a caracterização da popula-

ção usuária.

• Estudos de demandas e elaboração de registros

técnicos.

• Vivência do planejamento no âmbito dos pro-

cessos de trabalho do serviço social (metodolo-

gias e procedimentos).

• Articulação permanente no campo de estágio

dos conceitos teóricos estudados nas demais

disciplinas do currículo.

Nessa etapa, os estagiários deverão escolher uma

instituição para realizar o diagnóstico das condições

concretas de trabalho para posterior proposição de

um projeto de intervenção, o qual será elaborado

nessa etapa, mas executado na próxima.

O SERVIÇO SOCIAL

Dentro de uma estrutura básica de valores, para

Friedlander (1975), o serviço social deve trabalhar

para ajudar os indivíduos, grupos e comunidades a

conseguir atingir um elevado índice de bem-estar

social, mental e físico.

O Serviço Social atua consciente da ação social recí-

proca e dinâmica dos elementos biológicos, psicoló-

gicos e socioeconômicos do ambiente em que vive o

ser humano. No seu diagnóstico e planejamento para

encontrar a solução para os problemas de ajustamen-

to social, o assistente social não pode excluir qualquer

aspecto da vida do indivíduo com o qual trabalha,

nem qualquer consição social que exista na comuni-

dade a que serve. (FRIEDLANDER 1975, p. �0).

Essa abordagem não tem apenas o objetivo de

ajudar o indivíduo, a família e o grupo de pessoas

nos seus relacionamentos sociais, mas sim o intui-

to da melhoria das condições sociais do ambiente,

elevando padrões sanitários e econômicos na busca

de condições dignas de moradia e trabalho, não dei-

xando de observar legislações sociais que atendam a

essa população.

Para Iamamoto (�007), o serviço social, hoje,

deixa de ser um mecanismo de distribuição de ca-

ridade, que até pouco tempo atrás era privativo das

classes dominantes, para se transformar em uma

das engrenagens de políticas sociais.

O serviço social somente poderá ser considerado

uma prática institucionalizada e legítima dentro da

sociedade quando “responder a necessidades sociais

derivadas da prática histórica das classes sociais na

produção e reprodução dos meios de vida e de tra-

balho de forma socialmente determinada”. (IAMA-

MOTO �007, p. 55).

Ainda segundo a autora, o serviço social se insti-

tucionaliza e legitima como profissão quando dei-

xa à parte sua forte tendência religiosa, e o Estado

centraliza as políticas assistenciais, efetivadas pela

prestação de serviços sociais implementados pelas

grandes instituições.

O Assistente Social está diretamente ligado às

mais diversas expressões das questões sociais, a ma-

téria-prima de seu trabalho. Confronta-se diaria-

mente com as diversas manifestações dramáticas

das muitas questões sociais, tanto no nível indivi-

dual como no coletivo. (ABESS/CEDEPSS, 1996).

Nesse sentido, o assistente social passa a trabalhar

as questões sociais como executor e proponente de

políticas sociais.

Page 15: Servico social 2009_5_1

AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social

5

O DIAGNÓSTICO COMO FERRAMENTA DE

TRABALHO PARA O ASSISTENTE SOCIAL

Diagnóstico é uma palavra de origem grega (giag-

nósis) que significa “por meio da verdade”. Reme-

tendo-nos ao significado contemporâneo do termo

a “exame, discernimento e conhecimento, leva-nos

também à noção de que não é um fim em si mesmo,

mas algo através do que acontece”. (Oliveira, �003).

O diagnóstico é a etapa do trabalho que irá sub-

sidiar a base para os procedimentos de um planeja-

mento de mudança e de desenvolvimento. Por meio

dessa ferramenta procura-se identificar claramente

uma dada situação, construindo uma opinião sobre

ela, concretizando um conhecimento a partir do

qual podem ser avaliadas possibilidades e alternati-

vas existentes para, então, definir o que se pretende

realizar, a fim de se atingirem as metas e os objetivos

desejados. Para Oliveira (�003), pode-se usar a figu-

ra do infinito ilustrando o processo do diagnóstico:

Diagnóstico institucional

Quando se busca modificar a realidade dos pro-

cessos ou organizações, elabora-se um diagnóstico.

Diagnostica-se para entender e compreender as

condições em que se encontram os processos e a

própria organização ou para medir e avaliar o quan-

to foi modificada em relação à realidade inicial, bem

como a qualidade dessa modificação.

Pelo diagnóstico institucional pode-se ter uma

melhor compreensão de diversos elementos anali-

sados dentro da instituição, possibilitando tomadas

de decisão julgadas necessárias. Segundo Krausz

(199�), alguns dos seguintes elementos podem ser

analisados: clima institucional, elementos de cul-

tura, comunicação, relação interpessoal, estilos de

liderança, motivação, trabalho em equipe, relações

interpessoais, tomadas de decisão, entre outros.

Para Oliveira (�003), observar algo que não vai

bem no mundo físico é simples, porém, quando se

observa o mundo das relações humanas, fica um

pouco mais complicado verificar onde estão as cau-

sas do problema, como é o caso das instituições,

pois é dentro do contexto delas que acontecem as

relações dos indivíduos que formam essa empresa/

instituição.

Se as pessoas que trabalham na instituição não

pararem para refletir a respeito do que não está fun-

cionando a contento, o risco de haver um colapso

em suas atividades aumentará cada vez mais. Para

a autora, “no campo social, efeitos e conseqüências

de determinados problemas só vão aparecer quando

estiverem num estágio mais adiantado”. Isso ocor-

rendo, os transtornos serão bem maiores do que se

tivessem sido identificados logo no início.

Para que as instituições caminhem em seus pro-

pósitos sem falhas que venham a prejudicar o bom

andamento dos trabalhos, de tempos em tempos,

principalmente se observado que algo não está de

acordo ou mesmo quando estiver com expectativas

de alterações em suas atuações, é muito importan-

te realizar reflexões para a verificação dos processos

que estão sendo desenvolvidos na instituição, veri-

ficando como está a sua situação. Podemos então

dizer que é saudável e necessária a realização de um

Fonte: Oliveira – �003 (Instituto Fonte para o Desenvolvimento Social)

?Fatos, percepções

Conceitos, conclusões

Objetivos

Meios

Caminho daescolha

Caminho doconhecimento ?

A autora fala que podemos entender o lado es-

querdo da figura como sendo o caminho para o

conhecimento. Trata-se de um processo que ocorre

dinamicamente por meio de diálogos, observações

de fatos, até chegar às devidas conclusões.

Em relação ao lado direito, a autora enfatiza que

se trata do caminho para a ação, onde é definida por

meio do diálogo a ponderação dos objetivos e das di-

versas alternativas em que se apresenta a situação.

“... esses dois caminhos se iniciam com perguntas e

estão interligados dinâmica e ciclicamente na vida

prática, de tal forma que a vida prática e o que se

pensa sobre ela influenciam-se mútua e continua-

mente”. (Oliveira, �003, p. 3)

Page 16: Servico social 2009_5_1

Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

6

diagnóstico institucional, para que se possa analisar

se os propósitos dessa instituição estão no caminho

correto. Em caso de haver alguma alteração, pode-se

retomar sua rota em prol do alcance dos objetivos

inicialmente propostos.

O diagnóstico institucional deve se constituir como

um acontecimento ou uma ocasião específica den-

tro de um processo dinâmico contínuo que altera

as atividades práticas da instituição com a reflexão

e a aprendizagem, que se realiza em momentos es-

truturados de monitoramento e avaliação das mu-

danças pelas quais a instituição passa. (Oliveira,

�003, p. �)

Segundo a autora, ao se fazer um diagnóstico ins-

titucional, realiza-se uma pesquisa para se conhecer

a realidade em que a instituição analisada está inse-

rida, identificando pontos fortes e fracos, podendo

até ser ressaltados em relação as suas limitações para

que sejam sanados os problemas diagnosticados.

Diagnóstico social

O que antecede o diagnóstico social é a fase de re-

conhecimento da questão social. Segundo Friedlan-

der (1975), é onde o assistente social revê o projeto

de planejamento e a viabilidade de sua adequação.

Após essa análise vem o diagnóstico e, nesse mo-

mento, o problema é especificado e são estabeleci-

dos os canais e meios de abordagem. O diagnóstico

social vai permitir que as ações sejam planejadas a

partir do conhecimento mais profundo da realidade

estudada.

O diagnóstico social permitirá a compreensão da

realidade social local ao incluir a identificação das

necessidades e a detecção dos problemas prioritários

e respectivas causalidades, bem como os recursos e

potencialidades locais que constituem reais oportu-

nidades de desenvolvimento. Estabelece uma análi-

se por áreas problemáticas e por temas, permitindo

uma compreensão mais abrangente dos problemas

que afetam o segmento trabalhado.

Já Faleiros (1978) apresenta o diagnóstico como

um instrumento que relaciona a existência das re-

lações sociais, em relação ao que depende a vida do

homem em uma sociedade, e também do propósito

técnico-social.

O conhecimento geral e principalmente o conheci-

mento social são formas de expressão de uma cons-

telação de fatores psicológicos, históricos, culturais,

políticos, econômicos e sociais que se interligam.

Como hipótese inicial admite-se que todo conhe-

cimento possui uma base socioeconômica, isto é,

exprime a visão do mundo própria de uma deter-

minada época, de uma camada social e de um de-

terminado povo. (Faleiros, 1978, p. 1�)

As questões sociais

Para Machado (1999), a questão social está en-

raizada na contradição capital versus trabalho. Em

outros termos, é uma categoria que tem sua especi-

ficidade definida no âmbito do modo capitalista de

produção.

A questão social não é senão as expressões do pro-

cesso de formação e desenvolvimento da classe

operária e de seu ingresso no cenário político da so-

ciedade, exigindo seu reconhecimento como classe

por parte do empresariado e do Estado. É a mani-

festação, no cotidiano da vida social, da contradi-

ção entre o proletariado e a burguesia, a qual passa

a exigir outros tipos de intervenção mais além da

caridade e repressão. (CARVALHO e IAMAMOTO,

1983, p. 77)

As diferenças sociais são diversas. Se houver a

comparação de classes sociais, verifica-se a exterio-

rização de forma injusta, pois existe uma diferença

muito grande das classes mais abastadas em rela-

ção às mais pobres. Estas não possuem poder cul-

tural, econômico e político. De acordo com a lei, o

povo deveria se posicionar melhor. Muito se fala

em democracia participativa. A priori todos teriam

direitos iguais, livre-arbítrio e o compromisso de

participar nas questões sociais com o objetivo de

reivindicar e oferecer propostas para a construção

de uma sociedade mais justa. Infelizmente o que

ocorre é o oposto, ou seja, quem tem mais exer-

ce também maior influência na política, na eco-

nomia, no acesso a educação, moradia, trabalho,

saúde etc.

Page 17: Servico social 2009_5_1

AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social

7

Segundo Melo Neto e Froes (�00�), problemas

sociais são desvios entre o que existe e o que deve-

ria existir ou, mesmo, a diferença de algo que de-

veria ser alcançado e o que realmente se alcançou.

Os problemas sociais representam um estado de

carência dos serviços sociais básicos, afetando um

determinado segmento da população, que reside

em uma dada área geográfica, com características

social, cultural, econômica e demográfica restritas

a essa população.

Quando existe a ocorrência de problemas so-

ciais, verifica-se a carência ou mesmo a inexistência

de serviços fundamentais para a sobrevivência, ou

ainda a melhoria da qualidade de vida de um dado

segmento da população.

A relevância dos problemas sociais, ainda segun-

do os autores, está ligada a extensão dos efeitos ad-

vindos dessa realidade, como, por exemplo, aumen-

to dos índices de mortalidade, desnutrição, doen-

ças, analfabetismo, violência, fome etc., em relação

a essa população, levando em conta o seu tamanho,

suas características e peculiaridades.

Iamamoto (�007), em sua abordagem sobre tra-

balho e serviço social, constata que a evolução de

um dos problemas centrais do mundo contemporâ-

neo em relação ao capital financeiro é o domínio do

capital produtivo:

O desemprego e a crescente exclusão de contingen-

tes expressivos de trabalhadores da possibilidade de

inserção ou reinserção no mercado de trabalho, que

se torna estreito em relação à força de trabalho dis-

ponível. Essa redução do emprego, aliada à retração

do Estado em suas responsabilidades públicas no

âmbito dos serviços e direitos sociais, faz crescerem

a pobreza e a miséria, passa a comprometer os di-

reitos sociais e humanos, inclusive o direito à pró-

pria vida. (IAMAMOTO, �007, p. 87)

A autora também ressalta que numa dinâmica

tensa da vida social é que surgem possibilidades e

esperanças de se realizarem e ampliarem direitos

próprios à condição de cidadania, como também

“possibilidades de universalização da democracia,

irradiada para múltiplas esferas e dimensões da so-

ciedade dos sujeitos sociais”. (IAMAMOTO, �007,

p. 1��)

Para Andler (1987), a caracterização de uma ati-

vidade constituída sobre a noção de problema não

pode ser completa sem a presença do conceito de so-

lução, noção essa que certamente se aplica aos pro-

blemas sociais, reais ou potenciais, que num mundo

globalizado afetam diretamente todo o planeta.

O reconhecimento da questão social e o

diagnóstico social

Para a realização do reconhecimento da ques-

tão social é necessário realizar um exame da via-

bilidade do problema ou projeto. Para Friedlan-

der (1975, p. �98), “... a primeira inspeção total do

problema, sua posição prioritária nos encargos to-

tais, sua conveniência quanto ao tempo, à função

da agência e aos recursos humanos disponíveis e

capacitados”.

Ao determinar a real questão a ser trabalhada, o

autor sugere que sejam feitas as seguintes perguntas:

Quem está interessado? Por que está interessado?

Qual é o histórico do problema? Quais são as causas

subjacentes? Ocorreu algum incidente ou crise para

que o problema fosse focalizado? Qual a amplitude

do problema – público, privado, campanha para ar-

recadar fundos, compromisso com o local trabalha-

do, alguma questão de status do local em que traba-

lha ou mesmo o desejo de um único cidadão? O que

existe a respeito de disposições? Deveriam outros

problemas ser resolvidos antes? Por quê? Quais são

as dificuldades práticas ou restrições legais? Quais

são os recursos de tempo e de pesquisa da liderança

interessada e do pessoal técnico?

Em geral, a questão do reconhecimento é de

responsabilidade do assistente social e das pessoas

envolvidas na questão, interessadas e preocupadas

com o problema e que desejam que algo seja feito.

Após o reconhecimento da situação a ser traba-

lhada inicia-se o período de realização do diagnós-

tico social.

Para Friedlander (1975), o diagnóstico social

ocorrerá quando os envolvidos acreditarem que o

Page 18: Servico social 2009_5_1

Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

8

problema merece um maior exame. Nesse momen-

to, a área do problema será identificada.

O autor também menciona que na fase do diag-

nóstico o assistente social terá dois objetivos bem

definidos:

1) Estabelecimento de relacionamento a ser uti-

lizado mais tarde quando o projeto estiver em

andamento.

�) Coleta de dados quanto à opinião, influências,

reações e soluções dos problema que forneçam

uma base para a análise da situação-problema.

O assistente social poderá fazer uma coleta de

dados preliminar.

Apesar de a coleta de dados preliminar poder ser re-

alizada somente pelo assistente social, é necessário que

o estudo e as indagações da situação analisada sejam

debatidos com a participação de todos os envolvidos.

O Assistente Social, além da coleta de dados, pode

utilizar-se de outros instrumentais, como revisão de

estudos anteriores, leituras, revisão de minutas e re-

gistros existentes sobre o assunto já trabalhados em

outras ocasiões. Também poderá se valer de estudos

de programas locais que ofereçam serviços seme-

lhantes ou que tenham os mesmos interesses, man-

ter contato com outros conselhos ou técnicos sobre

o assunto, realizar reuniões que interessam ou es-

tão ligadas ao problema verificado, poderá também

estar planejando algum tipo de ação. Outro fator

apontado pelo autor, que é de extrema importância,

é manter reuniões estratégicas com as pessoas que

estão em posições decisivas para influenciar na to-

mada de decisões.

O diagnóstico deve ser um instrumento dinâmi-

co que possibilitará o levantamento, análise e inter-

pretação das causas dos problemas sociais, definindo

também as prioridades de intervenção com base em

critérios, como a dificuldade de resolução, gravidade

ou dimensão dos problemas, entre outros aspectos.

Quando se realiza um diagnóstico social, tem-se

como objetivo adquirir conhecimentos mais apro-

fundados da realidade social, por meio da constru-

ção de uma base que sirva de referência para a pla-

nificação e a tomada de decisões na área social.

A busca dos dados para que se transformem em

informações na execução do diagnóstico social

Dados são registros do que está sendo estuda-

do. Correspondem a uma anotação bastante direta

das observações, ou seja, com relativamente pouca

elaboração ou tratamento. Uma vez coletados, são

compreendidos como um reflexo razoavelmente

confiável dos acontecimentos concretos.

São classificados em dois grupos: os dados primá-

rios e os dados secundários. Os primários são aqueles

que ainda não foram coletados, estando em posse dos

pesquisados, e que são coletados com o propósito de

atender às necessidades de um problema em parti-cular, o qual se encontra em investigação. Os se-

cundários são aqueles que já foram coletados, tabula-

dos, organizados e catalogados, estando à disposição

dos interessados. (Mattar, 199�)

Após coletados os dados, transformamo-os em

informação, pois uma informação são dados tra-

balhados, organizados e interpretados. Por exem-

plo: um nome (Maria José) ou um endereço (Rua

Tiradentes, no 35) são dados que, por si sós, não

dizem nada. Porém, quando combinados, podem

representar muita coisa. Se Maria José for cadastra-

da num projeto social de geração de renda e a Rua

Tiradentes, no 35 for seu endereço, já podemos saber

se ela mora perto ou longe desse projeto. Com uma

lista dos seus participantes e endereços podemos

traçar a área de abrangência desse projeto.

É necessário saber diferenciar dados de informa-

ções e também saber transformar dados em infor-

mações para que elas sejam ferramentas úteis na

elaboração de um diagnóstico. Para transformar os dados coletados em informação é preciso analisar e interpretar os dados coletados.

... quando os dados são registrados num questio-

nário ou formulário, o pesquisador, primeiro, exa-

mina cada formulário para assegurar-se de que ele

tenha sido preenchido completa e adequadamente.

Então o pesquisador codifica os dados, ou seja, atri-

bui símbolos ou números às respostas. Em seguida

os dados são tabulados, o que significa que o núme-

ro de casos que se encaixam em cada categoria ou

combinação de categoria de respostas são contados.

(CHURCHILL, �005, p. 13�)

Page 19: Servico social 2009_5_1

AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social

9

As questões sociais envolvem pessoas de uma so-

ciedade, seus valores, crenças e comportamentos.

Para se realizar um diagnóstico de um determinado

problema social torna-se necessário analisar essas

pessoas em relação à idade, renda, sexo, padrão de

moradia, cidade natal etc., como também suas ca-

racterísticas e cultura. Essa análise se dará por meio

do estudo demográfico dessa população.

Conforme Churchill (�005), a demografia trata

do estudo das características de uma população hu-

mana, incluindo idade, índices de natalidade e de

mortalidade, estado civil, instrução, renda, crença

religiosa, etnia, imigração, como também distribui-

ção geográfica. Geralmente, para se conhecer me-

lhor a população trabalhada combinam-se dados

das diversas características demográficas. Em um

diagnóstico, dependendo do projeto que será reali-

zado, saber quantas pessoas são aposentadas, mães

de família, desempregadas, portadoras de alguma

doença, sem moradia ou negras é que vai propor-

cionar o conhecimento da real situação.

Para realizar um diagnóstico, também é possí-

vel utilizar fontes de informações secundárias. No

Brasil, temos diversas. O governo federal coloca à

disposição dados demográficos por meio do IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do

Ministério do Trabalho e Emprego, do MEC (Mi-

nistério da Educação e Cultura), do Ministério da

Previdência e Assistência Social e do IPEA (Instituto

de Pesquisa Econômica Aplicada), todos importan-

tes fornecedores de dados sobre a população brasi-

leira. Também encontramos publicações em orga-

nizações privadas, como o Instituto Gallup.

A população brasileira é muito variada. Chur-

chill (�005) relata que, mesmo antes de os euro-

peus chegarem ao Brasil, nosso país já era povoado

por diversas tribos. Hoje, a diversidade de nossa

população é muito grande. Muitos imigrantes, di-

versas línguas, trazendo com eles novos costumes

e valores.

A mudança da composição da família também é

um dado demográfico importante. Antigamente as

famílias eram compostas de uma mãe que permane-

cia em casa, cuidando dos diversos filhos, enquanto

o pai, o provedor da família, saía para o mercado de

trabalho. Atualmente são mínimas as famílias que

se encaixam nesse velho modelo.

As famílias de hoje incluem famílias compostas (a

fusão de duas famílias por meio de um segundo

casamento ou união), família de pai/mãe solteiros,

família de pais adotivos e famílias de homossexuais.

Até mesmo a composição de família de apenas pai

ou mãe está mudando: embora a maioria dos filhos

de casais separados more com a mãe, os homens

estão recebendo a custódia dos filhos com mais

freqüência. Além disso, embora muitos dos pais

nessa situação sejam divorciados, outros nunca se

casaram, o que cria mais uma categoria de família.

(CHURCHILL, �005, p. 38)

A análise demográfica ajuda a conhecer a po-

pulação-alvo, identifica padrões de diversidade e

fornece os subsídios indispensáveis para a reali-

zação do diagnóstico social, permitindo a com-

preensão da realidade social local ao incluir a

identificação das necessidades e a detecção dos

problemas prioritários, por meio de análise das

áreas problemáticas, fornecendo meios para me-

lhor compreensão dos problemas que afetam o

segmento trabalhado.

Outro ponto relevante em relação ao diagnósti-

co, conforme Friedlander (1975), é a habilidade do

assistente social, pois ele tem que ter a capacidade

de não antecipar sua opinião a respeito das possí-

veis alternativas ou resultados, devendo manter-se

atento a uma grande variedade de opiniões e re-

ações. O assistente social deve ainda promover e

manter o interesse das diversas pessoas ligadas à

questão. Nesse momento, segundo o autor, o as-

sistente social deve perceber rapidamente as inte-

rações, pois uma falsa avaliação dos motivos ou

interesses, durante o início da fase do diagnósti-

co, pode criar falta de confiança e desinteresse por

parte das pessoas envolvidas.

Portanto, o diagnóstico social tem como objetivo

possuir um conhecimento mais aprofundado da re-

alidade social pela construção de uma base que sirva

de referência para a planificação e a tomada de deci-

sões na área trabalhada.

Page 20: Servico social 2009_5_1

Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

10

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alAULA

2____________________PROjETOS SOCIAIS: SOLUCIONANDO

PROBLEMAS

Conteúdo• Projetos e projetos sociais

• Planejamentos

• Ciclo de vida do projeto

• Etapas para a elaboração de projetos

Competências e habilidades• Entender o projeto como ferramenta de trabalho para o assistente social

• Identificar e compreender as diversas fases e etapas de um projeto

• Compreender as etapas da elaboração de um projeto

Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal

Duração�h/a – via satélite com o professor interativo

�h/a – presenciais com o professor local

6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo

PROJETOS SOCIAIS: SOLUCIONANDO

PROBLEMAS

Projeto é um termo que vem do latim projec-

tus, tendo como significado lançar para frente uma

idéia formada de algo que será realizado, um plano,

um intento, um desígnio. Para se realizar algo não

basta apenas a nossa imaginação. É de primordial

importância se conhecer a realidade a ser traba-

lhada para que se possam diferenciar as potencia-

lidades e os riscos dos possíveis cursos alternativos

da ação.

Projetos e projetos sociais

Para Maximiniano (�006, p. �6), “projetos são

sistemas ou seqüências de atividades finitas com

começo, meio e fim bem definidos”. Uma atividade

que a instituição tem repetitivamente ou de duração

contínua não é um projeto, trata-se de uma ativi-

dade desenvolvida pelas funções inerentes daquela

instituição. O autor ainda menciona que os proje-

tos são seqüências de atividades temporárias, tendo

como objetivo fornecer um produto final ou trazer

a resolução de um problema.

Page 21: Servico social 2009_5_1

AULA 2 — Projetos Sociais: Solucionando Problemas

11

A ISO 10006 (1997) já o define como “um pro-

cesso único, consistindo de um grupo de atividades

coordenadas e controladas com datas para início e

término, empreendido para alcance de um objetivo

conforme requisitos específicos, incluindo limita-

ções de tempo, custo e recursos”.

Para se dar início a um projeto, Maximiniano diz

que é preciso ter três questões bem definidas:

• Qual o produto que será fornecido? (Qual é o

escopo do projeto?)

• Quando será fornecido? (Qual é o prazo do

projeto?)

• Quanto custará? (Qual é o orçamento do pro-

jeto?)

Para o início de um projeto também deverá ser

estabelecido, previamente, o público-alvo a ser tra-

balhado ou seus beneficiários.

Todo projeto deve ter como resultado a presta-

ção específica de um serviço ou a produção de um

respectivo bem. Segundo uma definição da ONU,

de 198�, “um projeto é um empreendimento plane-

jado que consiste num conjunto de atividades inter-

relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos

específicos dentro dos limites de um orçamento e de

um período de tempo dados”.

Portanto, ao pensarmos em um projeto, temos

também que pensar nas atividades que serão desen-

volvidas, nos recursos que serão necessários para a

sua execução, isto é, tempo, dinheiro, equipamento

e pessoas. Para tanto, é necessário contar com o pla-

nejamento e a programação das atividades.

Os projetos sociais não diferem dos que já apre-

sentamos, surgem da necessidade de um problema

concreto em relação a questões sociais. No desenvol-

vimento dos projetos sociais são fundamentais que

sejam claros os objetivos, especificados os recursos,

declaradas as parcerias e como serão analisados os

resultados.

Planejamento

É o processo que tem por finalidade estabelecer,

com antecedência, decisões e ações a serem executa-

das para se poder atingir um objetivo definido (VA-

LERIANO, �00�)

Para Woiller (1996), o processo de planejamento

de uma instituição se dá por meio de informações

parciais. A fim de se tomar uma decisão correta,

processa-se uma coleta de informações para se che-

gar a uma certeza. Esse processo é inerente ao pla-

nejamento de uma instituição. Para o autor, enten-

de-se o planejamento como um processo de decisão

interdependente que tem por finalidade conduzir a

instituição a uma situação desejada.

Portanto, planejar é decidir com antecipação

quais alternativas deverão ser analisadas para uma

futura ação, escolhendo um curso para essa ação,

fixando objetivos a serem atingidos, verificando as

atividades que deverão ser desenvolvidas, a fim de

que sejam alcançados os objetivos da instituição em

um determinado tempo.

O processo do planejamento é uma das tarefas

mais importantes da administração de projetos, es-

pecialmente quando se trata da fase de preparação,

fase essa em que se definem as necessidades a se-

rem atendidas, os objetivos a serem alcançados e os

recursos necessários. Sem o planejamento torna-se

impossível não só o início do projeto, como tam-

bém a avaliação do seu andamento. (MAXIMINIA-

NO, 1997)

Ciclos de vida do projeto

Conforme Maximiano (�006), todo projeto ini-

cia-se como uma idéia, passando por diversas fases

antes de se concretizar como produto ou servi-

ço que possa ser utilizado ou experimentado. As

idéias podem nascer de problemas que têm que ser

solucionados, necessidades de mercado, encomen-

das realizadas por clientes ou, mesmo, por em-

preendedores com idéias visionárias. Muitas vezes

uma sugestão ou uma lembrança pode levar a uma

idéia.

Para o autor, a idéia corresponde a 10% do proje-

to, o que ele chama de fase de inspiração; e os 90%

restantes, chama de fase de transpiração, pois é o ato

de executar o projeto. Contudo, os 10% de inspira-

ção são o mais difícil em um projeto, pois requerem

criatividade e talento.

Page 22: Servico social 2009_5_1

Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

1�

Embora cada projeto tenha características dife-

rentes, ele tem, pelo menos, quatro fases de seu ciclo

de vida bem definidas, a saber:

1a) Preparação ou idéia: é o momento da iden-

tificação do problema e do tema a ser trabalhado.

Define-se os objetivos do projeto, pautando-se nas

expectativas do cliente (usuário). Nessa fase reali-

zam-se a programação das atividades e a confecção

da proposta técnica do projeto.

2a) Estruturação ou desenho: é a fase que predo-

minam o detalhamento e o planejamento do plano

operacional. Uma vez decidido que o projeto vai ser

realizado, o próximo passo é o momento de organi-

zar a equipe executora e mobilizar os meios neces-

sários para executá-lo.

3a) Desenvolvimento e implementação: nes-

se momento os planos são colocados em prática,

começando a execução do projeto. É o período

em que as atividades previstas são realizadas e

acompanhadas de acordo com o planejado. Mui-

tas vezes, em função de alguns pressupostos, exis-

te a necessidade de se alterar a programação do

projeto.

4a) Encerramento: o projeto é concluído, ne-

cessitando realizar a análise de seus resultados e

impactos, comparando-se o que se pretendia origi-

nalmente com o realmente alcançado. Também é o

momento de cuidar da desmobilização do projeto,

caso não haja prosseguimento. Porém, algumas ve-

zes, muitas atividades precisam ser realizadas após

o término do projeto, como por exemplo: manu-

tenção, treinamentos ou mesmo a identificação e o

planejamento de novos projetos.

Ainda Maximiniano (�006, p. �5), “cada tipo de

projeto tem um tipo de ciclo de vida específico, e

o número de fases pode aumentar ou diminuir”.

O início e o fim de cada fase se sobrepõem. Antes

de terminar uma fase do ciclo de vida, a próxima

fase inicia-se. Sempre há elementos para que uma

nova fase se inicie quando a anterior ainda não se

concluiu.

Etapas da elaboração do projeto

IDENTIFICAÇÃO EESCLARECIMENTODE NECESSIDADES

PLANEJAMENTODO PROJETO

EXECUÇÃO DOPROJETO

CONTROLEDO PROJETO

CONCLUSÃODO PROJETO

Processos principais de administração do projeto, segundo o PMBOK. Fonte: Maximiniano (2006)

Page 23: Servico social 2009_5_1

AULA 2 — Projetos Sociais: Solucionando Problemas

13

DIAGNÓSTICO

Diagnosticar é identificar as reais necessidades

daquela pessoa, grupo ou organização social que re-

ceberá a ação. Conforme já verificado, para Faleiros

(1978), o diagnóstico é que irá permitir a compreen-

são da realidade social da localidade que se pretende

trabalhar, incluindo a identificação das necessidades

e a detecção dos problemas prioritários e também

as respectivas causalidades, recursos e potencialida-

des locais. É nessa fase que se contextualiza o pro-

blema ou idéia, estabelecendo-se uma análise por

áreas problemáticas e por temas, permitindo uma

compreensão mais abrangente dos problemas que

afetam o segmento que se pretende trabalhar.

OBJETIVO

É o ponto focal do projeto. Segundo Valeriano

(1998), é por meio dos objetivos que convergem to-

das as ações do projeto desde o início dos trabalhos.

Somente a partir dos objetivos, expressos de forma

clara e lógica, é que se poderá elaborar o planeja-

mento preliminar que deve guiar todas as demais

fases e etapas do ciclo de vida do projeto. “Um pro-

jeto sem objetivos bem definidos é um barco à deri-

va.” (VALERIANO, 1998, p. 185)

Para Maximiniano (�006, p. 56), “os objetivos são

resultados esperados de algum tipo de esforço, ação

ou decisão que envolve a utilização de recursos”.

Os objetivos são divididos em gerais e específicos:

– Objetivos gerais: é o que se pretende com o pro-

jeto, conforme descrito na fase do diagnóstico.

– Objetivos específicos: serão os caminhos para

o alcance dos objetivos gerais.

Os objetivos devem ser verificáveis, pois têm que

ser passíveis de comparação. Para serem alcançáveis,

eles têm que indicar uma situação para que seja pos-

sível seu alcance. As avaliações das condições para a

realização dos objetivos necessitam que elas sejam

realistas. Em relação a ser específicos, têm que ser

claros, bem-definidos e completamente compreen-

síveis para terceiros. E, por fim, têm que ser adap-

táveis ao tempo, isto é, devem ter condições plenas

de serem alcançados no tempo previsto no projeto.

Podemos também acrescentar a criatividade e a ori-

ginalidade às soluções buscadas pelos projetos de

intervenção social.

A realização dos objetivos dá possibilidade de

atendimento às necessidades e justifica a realização

do projeto.

JUSTIFICATIVA

Na justificativa, apresentam-se os elementos que

responderão à questão: “Por que se pretende realizar

o trabalho:” Para Barros e Lehfeld (�00�), a justificati-

va determina a importância do projeto em relação ao

contexto social atual. Esse item é considerado como

defensor da necessidade e da efetivação dos problemas

levantados na fase do diagnóstico. A justificativa expli-

ca os motivos da execução do projeto, como também a

importância dele para a comunidade trabalhada.

PÚBLICO-ALVO

Quando falamos de público-alvo, entendemos o

conjunto de pessoas ao qual se destina o projeto. É

o grupo de pessoas pertencente ao um dado local,

com atributos, carências ou potencialidades em co-

mum que o projeto tem como pretensão atender. O

público-alvo são beneficiários diretamente ligados

ao projeto. Existem também os indiretos, aquelas

pessoas que de alguma forma recebem os impactos

positivos do projeto sem terem sido alvo do proje-

to inicialmente. Portanto, público-alvo são pessoas

ou grupos sociais que direta ou indiretamente serão

beneficiados com o projeto.

PARCEIROS TÉCNICOS E FINANCEIROS

Nessa etapa procuram-se os parceiros que colabora-

rão com a execução do projeto. É o momento de iden-

tificar os órgãos ou instituições que, de alguma forma,

participarão das atividades do projeto, podendo ser por

meio de financiamentos (promovendo recursos finan-

ceiros) como por ação de apoiadores (não provêm re-

cursos, mas dão apoio logístico, de recursos humanos

e outros para o desenvolvimento e/ou implementação

do projeto). É necessário relatar todas as instituições

parceiras com suas respectivas colaborações.

Page 24: Servico social 2009_5_1

Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

1�

PRODUTOS DO PROJETO

Após estabelecer os objetivos do projeto, define-

se o produto ou serviço real que atenda a esses obje-

tivos, ou seja, são resultados entregues pelo projeto

para a solução do problema. Esse produto físico ou

serviço é denominado produto, que pode ser de ca-

ráter quantitativo ou qualitativo. Demonstra o que

de fato se alcançou em relação aos compromissos

assumidos pelo projeto.

Exemplo: a realização de um festival beneficente

tem como objetivo angariar fundos para que seja

atendido o seu objetivo final, a sobrevivência da ins-

tituição. O produto será o festival beneficente.

prazo de execução do projeto, indicando o início e o

término de cada uma.

Para que sejam realizadas as atividades do proje-

to, é necessária a utilização de recursos. Maximinia-

no (�006) nos mostra que em teoria deve-se primei-

ro listar todas as atividades e, em seguida, realizar a

previsão de recursos. Essa seria a ação correta a ser

incrementada, porém menciona que na prática, em

determinados casos, há uma previsão inicial de re-

cursos que determina o que se pode fazer.

A preparação do cronograma baseia-se na duração

das atividades. A estimativa da sua duração também

se baseia em lógica, decisão e dependências externas.

Segundo Maximiano (�006), outro ponto que deve

ser observado é que a duração das atividades depen-

de da quantidade de recursos previstos. Para o autor,

teoricamente quanto maior o número de pessoas en-

volvidas e recursos disponíveis para o projeto, maior

velocidade tem o ciclo de vida do projeto.

O cronograma do projeto indica as decisões so-

bre a duração e as seqüências das atividades que se-

rão desenvolvidas para que se atinjam os objetivos.

Esse cronograma pode ter diversos modelos, porém

optamos por acrescentar a seguir o Gráfico de Bar-

ras, ou seja, o Gráfico de Gantt.

Exemplo: Cronograma ou Gráfico de Barras (ou

Gráfico de Gantt):Fonte: Maximiniano (�006).

CONCEITO DEFINIÇÃO EXEMPLO

NECESSIDADEDIAGNOSTICADA

Problema queo projeto

procura resolverFalta de recursos

financeiros

PRODUTOProduto ou serviço

que resolveo problema

FESTIVALBENEFICENTE

OBJETIVO

Utilidade do produtoe sua contribuiçãopara resolver o

problema do objetivoespecífico

Angariar fundos

IMPACTOS ESPERADOS

Essa fase descreve os resultados e/ou produtos es-

perados. Verificam-se a repercussão e/ou os impactos

socioeconômicos, técnico-científicos e ambientais dos

resultados esperados. Na realidade, trata-se da solução

do problema em foco. Também podem ser compre-

endidas como as alterações percebidas em relação ao

público-alvo, podendo ser atribuídas exclusivamente

ao projeto social realizado. Os impactos são os resul-

tados fornecidos por meio dos efeitos dos projetos.

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Nesse item se realiza a descrição das atividades

a serem desenvolvidas no projeto com a duração

(dias, meses, anos) para cada etapa especificada. To-

das as etapas devem estar programadas ao longo do

Fonte: Maximiniano (�006).

JAN FEV MAR

ATIVIDADE 1

ATIVIDADE 2

ATIVIDADE 3

ATIVIDADE 4

ATIVIDADE 5

INVESTIMENTOS

Na primeira etapa para a elaboração de um orça-

mento, segundo Maximiniano (�006), deve-se elabo-

rar uma relação dos recursos necessários para a reali-

Page 25: Servico social 2009_5_1

AULA 2 — Projetos Sociais: Solucionando Problemas

15

zação do projeto. Isso quer dizer que essa fase inicia-

se juntamente com o planejamento das atividades.

Ainda conforme o autor, os recursos necessários

para o andamento do projeto classificam-se nor-

malmente em quatro tipos:

– Mão-de-obra: gastos com funcionários da pró-

pria instituição ou serviços eventuais contrata-

dos. Este item divide-se em algumas categorias,

como coordenação, pessoal técnico, sênior, ad-

ministrativo etc.

– Material permanente: trata-se de bens, instala-

ções, equipamentos e bens, construídos, aluga-

dos ou mesmos comprados.

– Material de consumo: material de escritório,

combustível, canetas, lápis etc.

– Serviços de terceiros: viagens, hospedagens,

transportes estaduais, municipais, serviços de

empresas especializadas etc.

Após a verificação dos recursos necessários pre-

para-se a estimativa de custo, para tanto, é necessá-

rio atentar para três informações:

– Custo unitário de cada recurso: preço de uma

resma de papel, de uma hora trabalhada etc.

– Duração das atividades: devem ser multiplica-

das pelo custo unitário, permitindo estimar o

custo total.

– Custos indiretos: trata-se das despesas que não

são produzidas pelo projeto, mas atribuídas a

ele. Por exemplo: custos relacionados ao admi-

nistrativo.

O orçamento é a estimativa dos custos do proje-

to. Os custos devem ser lançados detalhadamente,

não esquecendo nenhum valor. Depois de prepara-

do o orçamento em detalhes, realiza-se o orçamento

simplificado, é a somatória total dos custos.

Exemplo: orçamento simplificado*.

METAS FÍSICAS

As metas físicas traduzem os objetivos em aspec-

tos quantitativos, definindo o produto final a ser

obtido em relação à quantidade de pessoas atendi-

das, dentro de um limite de tempo.

METODOLOGIA

Durante a elaboração da metodologia, deve ser

relatada a forma que se pretende atingir em relação

aos objetivos do projeto, quem faz parte da equi-

pe, coordenadores e demais participantes, forma de

acompanhamento e avaliação do projeto, se haverá

reuniões de acompanhamento semanais, periódicas

ou mensais, ou seja, a forma que se pretende reali-

zar, acompanhar e avaliar o andamento e resultados

do projeto.

INDICADORES DE DESEMPENHO

Indicadores de desempenho são os dados ou

mesmo informações, de preferência numéricos,

que representam um determinado fenômeno, os

quais são utilizados para verificação de processos e

seus resultados. Podem ser conseguidos ao final do

processo ou, ainda, durante a execução do projeto.

Portanto, os indicadores de desempenho têm por

função medir o grau de realização das ações dos

projetos.

ITENS DE CUSTO jAN. FEV. MAR. ABR. TOTAL

Mão-de-obra 100 100 100 100 400 Material permanente 50 50 50 50 200 Material de consumo 50 50 50 50 200 Terceiros 50 50 50 50 200 TOTAL 250 250 250 250 1.000

Fonte: Maximiniano (2006)

*Orçamento simplificado

Page 26: Servico social 2009_5_1

Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

16

Referências

BARROS, Aidil de Jesus Paes e LEHFELD,

Neide Aparecida de Souza. Projeto de Pesquisa:

Propostas Metodológicas. 15a ed., Rio de Janeiro:

Ed. Vozes, �00�.

BIANCHI, Ana Maria de Moraes. Manual de

Orientação: estágio supervisionado/Ana Cecília

de Moraes Bianchi, Marina Alvarenga, Roberto

Bianchi. 3a ed., São Paulo: Cengage Learning, �008.

BURIOLLA, Marta Alice Feiten. Estágio

Supervisionado. �a ed. São Paulo: Cortez, �006.

_________, Estratégias em Serviço Social. 8a ed.,

São Paulo: Cortez, �008.

_________, Saber Profissional e Poder

Institucional. 7a ed., São Paulo: Cortez, �007.

__________, Administração de Projetos. Como

Transformar Idéias em Resultados. �a ed., São

Paulo: Atlas, �006.