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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
UNIDADE PEDAGÓGICA
INSERIDO NO CADERNO PEDAGÓGICO:
EDUCAÇÃO ESCOLAR E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
NOME DA PROF.ª PDE: ELIZABETH VIEIRA DOS SANTOS ESPLENDOR
PROFESSORA ORIENTADORA DA IES: Drª ELIANE ROSE MAIO BRAGA
TEMA: CONDUTAS PEDAGÓGICAS SOBRE AS QUESTÕES DE GÊNERO NA
ESCOLA
MARINGÁ-PR
2008
ELIZABETH VIEIRA DOS SANTOS ESPLENDOR
CONDUTAS PEDAGÓGICAS SOBRE AS QUESTÕES DE GÊNERO NA ESCOLA
Trabalho do Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE; Unidade Temática inserido no Caderno Pedagógico Educação Escolar e Desafios Contemporâneos apresentado a SEED. Orientador: Profª. Drª Eliane Rose Maio Braga
MARINGÁ-PR
2008
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................3
METODOLOGIA........................................................................................................13
DINÂMICA.................................................................................................................16
PESQUISA DO AMBIENTE ESCOLAR ....................................................................24
REFERÊNCIAS.........................................................................................................26
3
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa a uma investigação sobre a construção social dos
papéis masculinos e femininos na sociedade e a uma crítica às relações de poder
que se estabelecem entre homens e mulheres, pois percebemos que tal diferença
tem privilegiado os homens, na medida em que a sociedade ainda não tem oferecido
as mesmas oportunidades de inserção social e exercício de cidadania a todos/as
(PEREIRA, 2007).
As instituições escolares fabricam os sujeitos que a freqüentam, ou seja, elas
são produzidas por eles e pelas representações de gênero que nelas circulam.
Assim, nessas instituições pode haver a produção de diferenças e desigualdades
desses indivíduos, e também a informação do que cada um pode ou não fazer e do
lugar que meninos e meninas devam ocupar (LOURO, 1997).
Sendo assim a escola, juntamente com os seus/suas educadores/as, tem um
grande papel na não-perpetuação da hierarquia de gênero. Poderá sondar, no
trabalho que realiza com os/as educandos/as, que tipos de texto didático e de
literatura estão sendo utilizados, que tipo de linguagem e imagens, que tipo de
música, etc. Isso tudo deve ser verificado pelos/as educadores/as, pois, assim
estarão percebendo como a escola é perpassada pelos papéis de gênero, ou seja,
pelas construções sociais e culturais de “masculino e feminino”. Ou, melhor dizendo,
esse/a profissional deve identificar e analisar situações do cotidiano escolar sob
perspectiva dessas diferenças de gênero, como: as brincadeiras na educação
infantil; os jogos na aula de educação física; a formação de filas; a escolha dos livros
didáticos; a escolha das profissões (PEREIRA, 2007). Nessas situações, poderá
trabalhar para que diferenças de gênero não ocorram. “Por isso, cabe a eles/elas
estar atentos para não educarem meninos/as de maneiras tão distintas”
(LOURO,1997).
Se as identidades de gênero estão se construindo e se transformando, há
necessidade de esses/as profissionais terem um olhar social, crítico, a essas
diferenças de gênero.
Assim, o debate precisa se disseminar nos ambientes acadêmicos e
educacionais, para que a inclusão da temática gênero seja efetivada de fato nos
currículos escolares. Dessa forma, professores/as das diferentes disciplinas poderão
lidar com o tema e com situações do cotidiano relacionadas a ele. Com esse
4
procedimento, estaremos contribuindo para que a escola não seja um instrumento
de preconceitos, mas de promoção e valorização das diversidades que enriquecem
a sociedade brasileira. Por isso, a escola é o caminho mais consistente e promissor
para um mundo sem intolerância, mais plural e democrático.
Para o desenvolvimento deste trabalho educativo nos embasaremos nos
conhecimentos sistematizados a partir da realidade do/a aprendiz. Utilizando uma
prática pedagógica que proponha uma interação entre conteúdo e a realidade
concreta, visamos à transformação da sociedade através da “ação – compreensão -
ação” do sujeito, que enfoca os conteúdos como produção histórico-social de todos
os homens (SAVIANI, 1995).
Consideramos essa temática como um elemento cultural essencial, que
precisa ser assimilado pelos indivíduos da espécie humana, para que eles/as se
tornem realmente humanos e, de outro lado e concomitantemente, visamos à
descoberta das maneiras (procedimentos, conteúdos etc.) mais adequadas para
atingir esse objetivo, que é o da transmissão-assimilação do saber sistematizado.
Deve ocorrer um saber dosado e seqüenciado para efeitos de sua transmissão-
assimilação no espaço escolar, ao longo de um tempo determinado. Isso é o que
nós convencionamos chamar de “saber escolar” (SAVIANI, 1995).
É pela mediação da escola que se dará a passagem do saber espontâneo ao
saber sistematizado, da cultura popular à cultura erudita.
Para que o saber escolar seja apropriado pelo/a aluno/a, tem que haver por
parte do/a profissional o domínio adequado do saber escolar a ser transmitido,
juntamente com a habilidade de organizar e transmitir esse saber, ou seja, o saber
fazer competente. Por isso é que necessitamos da competência técnica, que nada
mais é do que o domínio das formas adequadas de agir, ou seja, é o saber fazer
bem, é o conhecimento, é a mediação pela qual se realiza um dos sentidos políticos,
em si, da educação escolar, que é o de ensinar a todos/as os que a ela têm acesso,
estendendo-se até aos/às excluídos/as. Por isso, essa necessidade de se ter o
domínio do conteúdo a ser trabalhado e das formas adequadas para transmissão
desse conteúdo do saber escolar a essas crianças excluídas, que não apresentam
precondições idealmente estabelecidas que as levem à aprendizagem
(SAVIANI, 1995).
Dessa forma, esse/a intelectual estará assumindo um compromisso político
articulado com os interesses das camadas trabalhadoras, mas para isso terá que
5
romper com a velha concepção de cultura (a enciclopédico-burguesa). Deve estar
atento para perceber que a classe dominante teme esse discurso de transformação
e que por isso, realiza a formulação de um discurso transformador como mecanismo
de manutenção/recomposição de hegemonia, ou seja, o saber escolar é controlado
pela burguesia. Sendo assim, cabe por parte das camadas trabalhadoras tomarem
um caminho de reapropriação do conhecimento elaborado e acumulado
historicamente (SAVIANI, 1995).
Diante de tudo isso, devemos procurar adotar uma proposta pedagógica que
possua o compromisso da transformação da sociedade e não a sua manutenção, a
sua perpetuação. É necessário que nessa proposta pedagógica se resgate o papel
da escola e se reorganize o trabalho educativo, levando em conta o problema do
saber sistematizado, a partir do qual se define a especificidade da educação escolar.
E devemos estar atentos/as para que não se retire da escola a sua função
específica de socialização do saber elaborado, para que não se torne uma agência
de assistência social, destinada a atenuar contradições na sociedade capitalista
(SAVIANI, 1995).
A escola é, pois, compreendida a partir do desenvolvimento histórico da
sociedade; assim, torna-se possível a sua articulação com a superação da
sociedade vigente em direção a uma sociedade sem classes, a uma sociedade
socialista, que envolve a compreensão da realidade humana como sendo construída
pelos próprios homens, a partir do processo de trabalho; quer dizer, da produção
das condições materiais ao longo do tempo (SAVIANI, 1995).
Dessa forma, vimos neste trabalho buscar orientar professores/as, equipe
pedagógica, funcionários/as, e posteriormente estudantes, como resultado do
trabalho do curso ofertado aos/às próprios/as cursistas. Isso acontecerá através de
um curso de 32h/a, no qual haverá a aplicação dos textos que vêm falando da
problemática das diferenças de gênero na escola. Em seguida, pretendemos que
eles/as façam um levantamento por meio de questionário, utilizando observações do
dia-a-dia escolar, sob perspectiva das diferenças de gênero. A finalidade desse
questionário é que percebam se existem, no espaço escolar, discriminações ou
preconceitos relacionados a essas diferenças.
Em posse do recolhimento desses dados, os/as cursistas irão desenvolver
projeto ou mini-projeto, com intenção de uma intervenção pedagógica cuja finalidade
é evitar discriminações ou preconceitos relacionados às diferenças de gênero no
6
estabelecimento escolar. Também poderão sugerir, junto à equipe pedagógica, o
acompanhamento desse projeto e propor mudanças de condutas, como certas
situações dentro do pátio da escola, com relação ao uso da quadra, com referência
às aulas de Educação Física, como no acompanhamento das brincadeiras nas aulas
de 1ª à 4ª série, como o uso de um linguajar não-sexista, como na organização das
filas etc.
As dinâmicas propostas possuem o intuito de reforçar a aprendizagem a
respeito do tema, e também a finalidade de tornar o curso mais dinâmico,
participativo e não só teórico, em que o/a cursista poderá interagir e debater.
Por meio dessas dinâmicas, o/a cursista poderá refletir sobre certas situações
de diferenças de gênero que ocorrem em seu entorno e como ele/a se comporta em
relação a essas situações. Analisará se também comete atitudes discriminatórias no
seu dia-a-dia, e como resolveria certas situações relacionadas a essas diferenças de
gênero.
Poderá analisar e refletir sobre suas ações a esse respeito com os/as
seus/suas alunos/as e, inclusive na educação de seus/suas filhos/as, se está agindo
de forma inadequada nas atitudes que toma diariamente.
Para se começar a elaborar conceitos sobre diferenças de gêneros,
passemos a refletir sobre a letra da música abaixo.
Tem Pouca Diferença
Luiz Gonzaga
Fragmentos extraído do site: http://www.cifras.com.br/cifra/luiz-gonzaga/tem-
pouca-diferença. Acesso no dia 11/12/08 às 00:45.
COSTA, Gal. Coleção: o melhor de Gal Costa. Participação especial de Luiz
Gonzaga: Tem Pouca Diferença. Brasil: RCA, [S.D], 1981.
Que diferença da mulher o homem tem (sei não)
Espera aí, que eu vou dizer meu bem
É que o homem tem cabelo no peito
Tem o peito cabeludo, e a mulher não tem.
7
A música vem retratando as diferenças biológicas existentes entre o homem e
a mulher. Vejamos como poderia ser conduzida uma reflexão a respeito:
Em sua opinião, as diferenças entre masculino e feminino devem ser
baseadas somente no funcionamento do cérebro e dos hormônios, ou existe algo
a mais interferindo nesse processo?
Para iniciar nossa discussão, vejamos que em nossas gônadas masculinas e
femininas é que são produzidos os hormônios que serão responsáveis pelo
comportamento sexual, pela configuração corporal e pela diferenciação da gônada
embrionária (MAGALHÃES & SILVA, 1975).
O hormônio androgênio atua no homem no desenvolvimento das
características sexuais secundárias, na manutenção dos testículos e em seu trato
reprodutivo (MAGALHÃES & SILVA, 1975). “Já na mulher é o hormônio estrogênio
que provoca o aparecimento das suas características sexuais femininas” (GUYTON,
1981).
E isso ocorre porque é esse hormônio que proporciona a multiplicação dos
elementos celulares respectivos, em regiões determinadas do corpo. Outro efeito
ainda não muito conhecido do hormônio estrógeno é a proliferação de células fetais,
colaborando na diferenciação de algumas delas em órgãos especiais, e também
poderá agir no controle do desenvolvimento de algumas características sexuais
femininas (GUYTON, 1981).
Na base do encéfalo está localizada uma glândula chamada hipófise, que
secreta o hormônio gonadotrópico chamado hormônio folículo estimulante, que atua
nos folículos primários do ovário, fazendo que cresçam, provocando a proliferação
das células foliculares que circulam o oócito primário. E essas células é que irão
secretar esse principal hormônio ovariano da mulher, o estrogênio (GUYTON, 1981).
Agora, no feto masculino dentro do útero materno, é o testículo que produz
testosterona para desenvolver órgãos sexuais masculinos e características
secundárias masculinas. Após o nascimento da criança os testículos param de
produzir a testosterona, só reaparecendo sua produção na puberdade, para
induzirem os órgãos masculinos a retomar seu crescimento. Agem também para dar
ao homem adulto suas características distintas (GUYTON, 1981).
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Vamos agora juntos/as, ver como acontece à determinação do sexo da
criança, na concepção?
O homem é quem determina o sexo da criança, pois é em seu
espermatozóide que existe o par sexual, ou seja, um dos 23 pares de cromossomos
existentes em nossas células. No homem, em suas células sexuais, vamos
encontrar um cromossomo X (cromossomo feminino) e um cromossomo Y
(cromossomo masculino), e enquanto, na mulher vamos encontrar em suas células
dois cromossomos X.
Cada espermatozóide carrega um tipo de cromossomo. Um espermatozóide
contém o cromossomo Y e o outro contém o cromossomo X. Já o óvulo contém um
único cromossomo X, quando é fertilizado por um espermatozóide que contém um
cromossomo X ficará então com um par de cromossomos XX, formando assim uma
menina. Agora, quando o óvulo se encontrar com o cromossomo Y criará um par XY,
dando origem a um menino (GUYTON, 1981).
Pudemos até agora observar as explicações para essas diferenças entre
homem e mulher nas causas biológicas, científicas, baseadas no cérebro e nos
hormônios.
Mas as perguntas continuam:
Será que a descrição realizada acima explicaria, por si só as questões da
separação do homem e da mulher em gêneros distintos?
Essas explicações não podem estar somente encobrindo a socialização
que nos tornou humanos e que nos fez divididos em gêneros distintos?
“A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social
do que é ser homem ou ser mulher” (BRAGA, 2007, p. 214), pois as ciências sociais
explicariam que as diferenças de gênero são socialmente e culturalmente
construídas, o que nos ensinaria a nos comportar segundo determinado padrão, com
certas atividades masculinas e femininas, construindo assim o gênero. Por fim,
podemos descrever gênero como sendo o conjunto das representações sociais e
9
culturais, ou seja, o desenvolvimento das noções de masculino e feminino como
construção social (PEREIRA, 2007).
A escola marca espaços, informa qual deve ser o “lugar” de meninos/as,
assim como as ações da maioria dos profissionais envolvidos na Educação
(professores/as, direção, coordenadores/as, porteiros, zeladores/as etc.) e que
acabam concordando com as atitudes realizadas pelos/as alunos/as Louro (1997
apud BRAGA, 2007).
Como por exemplo, na Educação Infantil e nas séries iniciais da Educação
Fundamental, os/as profissionais que atuam, em sua grande maioria, são mulheres,
que com seus estereótipos, suas ações e atitudes contribuem para a diferenciação
de gênero, que é incorporada por meninos/as Louro (1997 apud BRAGA, 2007, p.
07). Por isso esse/a profissional, ao realizar seu trabalho, tem que analisar que tipo
de brinquedos e brincadeiras deva elaborar com essas crianças, para que assim não
reforce as diferenças de gênero. O/A educador/a deve estar preparado/a para
discutir se os carrinhos e as brincadeiras de lutas etc. podem ser considerados
somente como brincadeiras de meninos, e já as bonecas e brincadeiras quietas
como se fossem somente brincadeiras de meninas (BRAGA, 2007).
A menina, por exemplo, não deve receber somente brinquedos de miniaturas
de objetos domésticos, levando-a à propensão ao trabalho doméstico, não
oferecendo assim alternativa ao seu futuro. Já com os meninos são ofertados
somente carrinhos, objetos de lutas etc., assim incentivando o uso do corpo para a
luta e o gosto pela velocidade (PEREIRA, 007).
Precisamos nos preocupar com tudo isso, porque os modelos de homem e
mulher que as crianças têm à sua volta são decisivos na construção de suas
referências de gênero. Outro fato importante para se prestar atenção na escola é
quanto à formação de filas, o que possui o objetivo de manter a ordem, só que isso
pode provocar diferença de gênero entre os/as envolvidos/as (PEREIRA, 2007).
Portanto, é na escola que as crianças irão aprender com as situações de
discriminação de gênero, ou seja, acabam sendo reforçadas as diferenças sociais
entre meninos e meninas como se fossem “naturais”. As mulheres aprendem a se
sentir incluídas no gênero masculino. Observem o exemplo da educadora ao entrar
em sala: - Bom dia, alunos! (PEREIRA, 2007).
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Destacamos o uso da expressão no masculino: o “professor”, o “aluno”.
Então, devemos usar uma linguagem não-sexista para dar visibilidade à presença
das mulheres e reconhecer a sua contribuição social (PEREIRA, 2007).
A disciplina de Educação Física, na escola, pode contribuir muito com o seu
trabalho na constituição da identidade de gênero. Só que se percebe que
alguns/algumas professores/as têm certa resistência para a realização de mudanças
em suas aulas, e que por isso estão se utilizando de uma série de argumentos,
como, por exemplo, o de ordem biológica, para a manutenção da saúde e da
higiene, para realizarem a separação das turmas femininas e masculinas, com a
idéia de que as mulheres são fisicamente menos capazes do que os homens
(LOURO, 1997). ”Quanto à sexualidade das meninas, levam-nas a evitar jogos que
tenham ‘contato físico’ ou certa dose de ‘agressividade’“ (SCRATON, 1992).
E também existem escolas que adotam esse sistema de separação de
meninos e de meninas nas aulas de Educação Física, achando-o natural. Buscam
justificativas, nas áreas de Ciências Biológicas, de que homens e mulheres teriam
corpos biologicamente distintos, o que impossibilitaria a prática conjunta nessas
aulas. Essa separação, a partir de diferenças entre o sexo feminino e o masculino,
significa diferenças de gênero. Argumentações como essas vêm impedindo que
sejam propostas às meninas a realização de jogos ou atividades físicas tidas como
masculinas (PEREIRA, 2007).
“Se observarmos as aulas de Educação Física, constatamos que os meninos
ocupam espaços mais amplos do que as meninas dentro das quadras” (PEREIRA,
2007). Dessa forma, os/as profissionais da Educação devem estar atentos/as a
esses fatores e pensar em resoluções para esses problemas.
Os/as professores/as, quando vão fazer a escolha dos livros didáticos, devem
estar atentos/as, porque de forma indireta eles estão orientando sobre as questões
de gênero, como por exemplo, por meio de seus textos escritos, de suas imagens,
de suas fotografias, e na forma como apresentam e constroem culturalmente as
mulheres e os homens (PEREIRA, 2007).
Os livros didáticos podem abordar as relações de gênero. Por exemplo, os
livros de História do Brasil devem fazer referência às mulheres, devem comentar a
conquista das mulheres pelo direito ao voto, trazer a história do movimento feminista
do século XX. Já nos livros de Ciências, deve-se prestar atenção se as imagens são
de corpos femininos ou masculinos (PEREIRA, 2007).
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Os livros de História vêm retratando uma imagem puramente masculina,
branca e heterossexual, enquanto a mulher e os gays, por exemplo, não são
discutidos. Os livros não incorporam uma história social preocupada com a
desconstrução dos estereótipos de gênero e da superação das desigualdades
sociais entre homens e mulheres (PEREIRA, 2007).
Alguns homens são considerados diferentes por se afastarem do padrão
hegemônico que a sociedade apresenta, e dessa forma experimentam práticas de
discriminação ou subordinação. Na nossa sociedade, são tidos como diferentes
aqueles/as que não fazem parte da hegemonia branca, masculina heterossexual e
cristã (LOURO,1997).
“Não falar na escola e nos livros didáticos sobre o assunto homossexualidade
é garantia da ‘norma’. A ignorância a respeito do assunto é vista como mantenedora
dos valores ou dos comportamentos ‘bons’ e confiáveis” (LOURO, 1997).
“A não-aceitação dos/as homossexuais no espaço legitimado da sala de aula
acaba por confiná-los/las às gozações e aos insultos nos recreios e nos jogos,
fazendo com que, dessa forma, jovens gays e lésbicas só possam se reconhecer
como desviantes, indesejados/as ou ridículos/as” (LOURO, 1997).
“O que percebemos é que a instituição escolar, de certa forma, propõe a
constituição de sujeitos masculinos e femininos heterossexuais, nos padrões da
sociedade em que a escola se inscreve” (LOURO, 1997).
Assim percebemos que as escolas, sob pressão cultural, acerca de qualquer
tipo de manifestação de comportamento distinto dos padrões de gênero pré-
estabelecidos para cada sexo, ou seja, do padrão cultural que muitas vezes se
restringe à heterossexualidade e ao exercício de sua sexualidade, pode levar o/a
homossexual à exclusão (REVISTA EDUCAÇÃO GRANDES TEMAS, 2008).
Muitas escolas dizem respeitar as diferenças, incluindo a aceitação do/a
homossexual, só que denotamos, ainda, que algumas instituições escolares estão
lidando com o discurso de que ser homossexual é desrespeitar a “natureza” do que
é ser homem ou ser mulher, ou ainda com a associação entre violência e
masculinidade, que exige de meninos e jovens do sexo masculino prova de aptidão,
tanto em termos de agressão verbal quanto física (REVISTA EDUCAÇÃO
GRANDES TEMAS, 2008).
Existem, em algumas escolas, pedidos de expulsões ou transferência dos
homossexuais. Querem retirá-los/las por estar fora do padrão de normalidade, pois
12
acreditam que jovens com orientação sexual distinta da heterossexual possam
“contaminar” as crianças consideradas como normais (PEREIRA, 2007).
A figura do/a aluno/a homossexual por si só é considerada “indisciplinar”,
motivando de forma camuflada punições (suspensões e expulsões), que são
justificadas como de mau comportamento, indisciplina etc.
É difícil trabalhar o tema homossexualidade, mas temos que enfrentar essa
questão para não continuarmos legitimando preconceito, discriminação e homofobia
nas escolas (PEREIRA, 2007).
É pela estrutura de autoridade da escola que se constrói a masculinidade dos
alunos. Quando o menino não consegue construir sua masculinidade com base no
sucesso escolar, então resolve enfrentar as autoridades escolares para afirmar essa
masculinidade, podendo gerar assim, a indisciplina (PEREIRA, 2007).
A Revista Educação e Grandes Temas (2008), “descreve que já houve várias
iniciativas pelo país de introdução do tema gênero e do tema sexualidade no
currículo e na formação continuada. No entanto, perguntamos: quais são as
disciplinas dos cursos regulares de formação docente que preparam professores/as
para isso?”.
Professoras e professores continuam sem subsídios para trabalhar essas
questões. E isso vem ocorrendo, como já comentamos acima, pela falta de cursos
de capacitação, pela falta de disciplinas que contemplem esse tema, em cursos
regulares de formação docente etc.
Podemos dizer que algumas escolas ainda continuam negando outros fatores,
como os psicológicos, sociais, históricos e culturais, e que certas escolas e algumas
práticas docentes continuam reproduzindo a estrutura de poder e dominação
presente em nossa sociedade.
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2 METODOLOGIA
Os percursos desses estudos serão:
a) Grupo de estudos de 32h/a aos sábados no período da manhã com duração
de 4h/a, no horário das 8h às 12h com os/as professores/as, funcionários/as e
equipe pedagógica do Colégio Estadual Tomaz Édson de Maringá, a fim de
discutir os diferentes aspectos a respeito da importância do estudo do tema
gênero, como um auxílio didático para se trabalhar as discriminações
existentes dentro das salas de aula.
b) Auxílio junto aos/às professores/as, em forma de recursos de recursos
bibliográficos e fornecimento de textos referentes às diferenças de gênero,
que privilegiam os seguintes temas:
I. O conceito de gênero: Apropriação cultural da diferença sexual.
II. O aprendizado de gênero: socialização na família e na escola.
III. Construção social da identidade adolescente/juvenil e suas marcas de
gênero.
IV. Gênero no cotidiano escolar
V. Gênero no currículo escolar.
VI. O gênero na docência.
VII. Diferenças de gênero no cotidiano escolar.
VIII. Sucesso e fracasso escolar sob um enfoque de gênero.
IX. Práticas na escola construindo o gênero.
X. Gênero nos livros didáticos.
XI. Escola como espaço de eqüidade de gênero.
XII. Identidade de gênero e orientação sexual.
XIII. O combate à discriminação sexual.
XIV. Orientação sexual e a identidade de gênero na escola.
XV. Controle sobre o gênero e a sexualidade, a partir de jogos e
brincadeiras.
XVI. Gênero: um conceito importante para o conhecimento do mundo social.
XVII. A contribuição dos estudos de gênero.
14
XVIII. Diferenças de gênero na organização social da vida pública e da vida
privada.
XIX. A importância dos movimentos sociais na luta contra as desigualdades
de gênero.
c) Levantamento em questionários, por meio de observações do dia-a-dia
escolar, sob uma perspectiva das diferenças de gênero.
d) Elaboração de um projeto ou de mini-projetos junto aos professores/as, ou
seja, com os/as participantes do curso, como uma tentativa de mudança de
condutas em certas situações dentro do pátio, nas aulas de Educação Física,
de 1ª à 4ª série, nas condutas com os/as alunos/as, isso após a sondagem
realizada pelo questionário etc., ou seja, uma intervenção pedagógica, com o
fim de evitar as discriminações relacionadas às diferenças de gênero.
e) Trabalhar filmes referentes ao tema gênero, como Billy Elliot, Minha Vida
em Cor de Rosa e Meninos não choram.
f) Escolha de textos trabalhados durante o curso pelos/as participantes que o/a
professor/a poderá utilizar em sua aula, aproveitando ao seu conteúdo.
g) Opções de execução de várias atividades para serem executadas no decorrer
do curso, com o objetivo de discussões e enriquecimento de soluções para as
questões de gênero nesse espaço escolar, as quais estão inseridas no item
“dinâmicas”, que segue logo abaixo.
h) Na Educação Infantil (1ª à 4ª série), por meio da montagem dos projetos,
sugerir à equipe pedagógica o acompanhamento das atividades com os
brinquedos, os tipos de brinquedos, de maneira a evitar a discriminação
relacionada às diferenças de gênero.
i) Sugestões junto à direção, equipe pedagógica, professores/as e
funcionários/as de mudanças de condutas em certas situações: dentro do
pátio, na hora do recreio; nas aulas de Educação Física; se for o caso, na
15
formação das filas; no uso de linguagem não-sexista, para dar visibilidade à
presença das mulheres e reconhecer sua contribuição social.
16
3 DINÂMICAS
1ª) Estudo de Casos
Retirado de:
VITIELO, Nelson; GONÇALVES, Ana Cristina Canosa et al. Manual de dinâmicas
de grupo. Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. Persona - Centro de
estudos em comportamento humano. São Paulo: Inglu, 1997. p. 25-26, 50-53.
Objetivo: Promover a reflexão e a discussão acerca de um ou mais casos
específicos que necessitem de uma “solução”, a ser buscada pelo grupo.
Tamanho do grupo : Mínimo de 5 e máximo de 25 participantes. O exercício poderá
ser feito com vários subgrupos.
Tempo requerido: 1 hora.
Ambiente físico: Sala ampla, que possa acomodar os participantes.
Material exigido: Uma cópia do Estudo de Caso para cada subgrupo. Um quadro,
lousa ou flip-chart para anotações.
Processo:
1- O facilitador pede que os/as participantes se dividam em subgrupos.
2- Distribui-se uma cópia do Estudo de Caso para cada subgrupo, que deverá
lê-lo, discuti-lo e refletir sobre o caso, buscando uma “solução” para ele. Cada
subgrupo poderá receber casos diferentes, ou todos poderão receber cópias do
mesmo caso.
3- Cada subgrupo deverá eleger um/a relator/a, para que exponha a solução
encontrada por seu grupo para o caso em pauta. O/A facilitador/a, enquanto isso,
anotará no quadro os pontos principais das reflexões de cada subgrupo.
4- Abre-se a discussão para todos/as os/as participantes.
17
Fechamento:
O/A facilitador/a estimulará discussão entre os/as participantes, buscando o
enfoque das diferentes interpretações e diferentes soluções encontradas para cada
caso.
Caso 1
Sua vizinha, M. B. (40 anos), sabendo que você é um Educador Sexual e por
isso deve “entender dessas coisas”, procura sua ajuda em um conversa informal.
Conta-lhe então que sua filha, R. S. (17 anos), noiva de um “bom partido”, acaba de
decidir desmanchar o noivado por estar apaixonada por uma mulher. Quando ela
verbaliza o nome da “namorada” de R.S., você percebe tratar-se de sua sobrinha
mais querida. Sem saber desse parentesco, M.B. relata que seu marido a culpa pela
“sem-vergonhice” da filha, que quer expulsar de casa. Frente a isso, R.S. decidiu
fugir de casa e, com sua “namorada”, vai viver em outra cidade. M.B., chorando
desesperada, diz que R.S. é sua única filha e que não sabe o que vai fazer sem ela
em casa, embora “sofra desse mal”.
Caso 2
O programa Tarde Quente, apresentado por João Kleber, provocou o pedido
de que fosse cassada a concessão da emissora Rede TV!, em razão de
“pegadinhas” ofensivas aos homossexuais e a outros grupos. A Rede TV! chegou a
ficar 24 horas fora do ar por não ter cumprido uma ordem judicial.
No dia 12 de dez. de 2005, após acordo judicial entre a emissora, o Ministério
Público e seis ONGs de defesa de direitos humanos e direitos dos homossexuais,
estreou o programa Direitos de Resposta, que foi concebido como
“contrapropaganda”.
A partir dessa data, a emissora exibiu 30 programas Direitos de Resposta,
das 16 às 17 horas, em que foram discutidos temas como cidadania, direitos
humanos, diversidade de gênero.
18
Questões:
- Algumas pessoas criticaram a ação judicial contra a emissora, dizendo que pode
significar uma ameaça à democracia. O que você acha disso?
- Você acredita que é possível existir uma emissora de TV que respeite a
diversidade? Justifique sua resposta.
Caso 3
Uma diretora de uma escola do interior de São Paulo contou ter tido uma
experiência curiosa em 2004. Ao fazer a chamada em uma turma, o aluno Marcos
estava sempre ausente. Por outro lado, o nome de Luíza precisava ser adicionado.
A aluna dizia ter feito a matrícula; no entanto, a direção não conseguia localizar sua
ficha e sua documentação. Concluíram tinham sido extraviadas, e uma nova ficha foi
preenchida.
Passado algum tempo, algumas alunas vieram à direção fazer uma queixa:
um menino, vestido de mulher, estava utilizando o banheiro feminino. Só então a
diretora descobriu que era Luíza, cujo nome oficial era Marcos. Conversou com
Luíza, que naquele dia foi para casa mais cedo. A diretora não sabia como lidar com
a situação. Trocou idéias com colegas, procurou ajuda em uma ONG que trabalhava
com o tema. Contou não ter sido fácil o processo, pois enfrentou resistência de
professore/as, estudantes, mães, pais e funcionários/as. No entanto, Luíza
permaneceu na escola, sendo chamada por esse nome, que era como queria ser
chamada. Concluiu o ensino fundamental e participou da cerimônia de formatura de
sua turma.
Caso 4
Samuel quer comprar uma boneca para seu irmão de três anos. Ele já viu
algumas muito bonitas na loja. Mas, quando comenta isso com seu amigo João, este
responde: ”Meninos não brincam de bonecas”. O que Samuel deve fazer?
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Caso 5
Este texto desta atividade é de minha autoria, como aluna PDE:
ESPLENDOR, Elizabeth Vieira dos Santos.
Um menino havia ido à escola com uma vasilha plástica de tampa cor de
rosa, de sua irmã, em sua lancheira, a qual sua mãe havia colocado ali. Na hora do
recreio, quando foram tomar o lanche, seus amiguinhos fizeram a maior gozação
com ele, falando que era de menina a vasilha. Como ele podia estar usando uma
vasilha de tampa cor de rosa, etc.? Como a professora deveria agir nessa situação,
em sua opinião?
2ª) Mensagem dos Meios de Comunicação
Retirado do:
SEBRAE - Serviço de Apoio à Pequena Empresa no Paraná. Adolescência:
administrando o futuro. 2. ed. Editoração e Impressão: apoio BAMERINDUS, 1992,
p. 83-97.
Objetivo: Reconhecer algumas mensagens transmitidas pela televisão, e por outros
meios de comunicação, sobre os papéis sexuais e as relações pessoais.
Material: Ficha de Trabalho.
Tempo: As fichas devem ser entregues numa sessão e devolvidas, preenchidas, na
sessão seguinte; 30 minutos de discussão.
Procedimentos
1. Sem muitas explicações, peça ao grupo que assista a programas de TV
durante duas horas.
2. Informe que as duas horas devem incluir pelo menos cinco anúncios, em
um programa sobre família e em uma novela sobre relações entre casais.
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3. Distribua ficha de Trabalho “Mensagens dos Meios de Comunicação” a
cada participante e peça-lhe que a preencha quando terminar de assistir aos
programas. Você pode dar alguns exemplos.
4. Solicite aos jovens que tragam a Ficha de Trabalho na sessão seguinte,
quando serão discutidos os seguintes pontos:
Pontos de discussão:
Parte I
1. Em que tipos de atividades estiveram envolvidos os homens e as mulheres?
2. Você percebeu alguns padrões nos quais homens e mulheres estivessem
representados?
3. Que tipo de produtos era anunciado pelas mulheres? E pelos homens?
4. Você acha que os anúncios são realistas?
Parte II
5. Que papéis foram desempenhados por homens e mulheres em relação à família?
6. Quem exercia papel dominante nas famílias? Alguém representou algum papel
não tradicional?
7. A família apresentada no programa parecia real?
Parte III
8. Quem eram os personagens que estavam envolvidos em relações românticas no
programa sobre casais?
9. Os casais apresentados eram casados?
10. As relações românticas mostradas pareciam realistas?
11. Você acha que a televisão reflete os valores de sua família? Ou de seus amigos?
3ª) Uma alternativa para essa atividade é solicitar que cada participante traga três
dos seus anúncios preferidos. Peça que cada um apresente os anúncios ao grupo e
que responda às seguintes perguntas:
- Que imagem das mulheres é apresentada?
- Que imagem dos homens é apresentada?
- O que esses anúncios mostram como sendo “correto” fazer?
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- Como os anunciantes dizem que os expectadores mudarão se consumir os seus
produtos?
- Você gostaria que sua irmã ou seu irmão menor seguissem o modelo visto no
anúncio? Por quê?
4ª) Gestos, cores, pessoas, objetos, tudo é classificado como masculino ou feminino.
Que tal refletir sobre isso?
Atividade retirada do material Gênero e Diversidade na Escola: Formação de
Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-
Raciais (PEREIRA, 2007).
Faça um relato de lembrança de algum fato ocorrido em sua infância,
adolescência ou em sua vida de estudante, que evidencie diferenças entre meninos
e meninas:
- Essa lembrança foi de alguma forma, marcante? Em que sentido e por quê?
- E hoje, você percebe diferenças na educação que dá a seus filhos e/ou suas filhas
ou na forma como trata alunos e alunas?
5ª) Atividade de reflexão sobre o filme Billy Elliot. Reflita sobre as questões abaixo:
Atividade retirada de:
PEREIRA, M. E. (org.) et al. Gênero e diversidade na escola : Formação de
professores/as em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais.
Rio de Janeiro: CEPESC. 2007.1 CD ROM.
- Por que os meninos têm que gostar de luta de boxe e não de balé?
- Eles podem gostar de balé e não ser gays?
- Por que privilegiar, em sua formação, o ensino de gestos agressivos ao invés de
delicados, como se faz com as meninas?
- Por que elas brincam de bonecas e “panelinha” e não são estimuladas a subir em
árvores, rolar, cair, brincar de bola, como fazem os meninos?
- Por que “homens não podem chorar”?
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6ª) Para essa atividade, vamos nos separar em grupo de quatro a cinco pessoas, no
qual serão discutidas as questões que seguem. Após isso, cada grupo fará uma
síntese por escrito, em forma de um texto, sobre as discussões realizadas no grupo.
Ao terminarem a síntese abriremos para as discussões, que serão realizadas por um
representante eleito de cada grupo, o qual abordará as reflexões formuladas pelo
grupo, abrindo, assim, para as discussões do que propuseram ao grande grupo.
PEREIRA, M. E. (org.) et al. Gênero e diversidade na escola : Formação de
professores/as em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais.
Rio de Janeiro: CEPESC. 2007.1 CD ROM.
1 - Disserte sobre uma questão de gênero apreciada por você.
2 - Que sugestões o grupo daria para se trabalhar a desconstrução dos
estereótipos de gênero, e os preconceitos e as discriminações, em seu espaço
escolar ou em sua sala de aula?
3 - Como o professor deve fazer diante dessas situações de discriminações e de
preconceitos vivenciados dentro da sala de aula? Que estratégia deve utilizar?
4 - Por que o gosto pela música e pela dança não deve ser cultivado pelos
homens?
5 - Por que há poucas meninas nas aulas de futebol, capoeira ou judô, o que vocês
pensam a respeito dessa questão?
6 - O que pensam a respeito de se estimular os meninos a arrumar seus quartos, a
auxiliar nas mais diversas tarefas domésticas, a cuidar dos irmãos menores, a
ler, a desenhar e a criar histórias?
7 - Qual a razão de não se estimular as meninas a gostar de aventuras, de escalar
obstáculos, de enfrentar perigos e desbravar novos territórios, em suas fantasias
infantis?
8 - O que acham a respeito de estimular a prática conjunta de esportes de meninos
e meninas? Ou em alguns dias elas jogam, e em outros, eles?
9 - O que poderíamos observar em termos de relação de gênero quando meninos e
meninas jogam juntos algum esporte?
10 - Como podemos fazer para tornar a escola um espaço de promoção da
cidadania e da eqüidade de gênero?
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11 - De que forma meninos e meninas são separados e são integrados, na escola?
12 - Como podemos questionar ou trabalhar a desigualdade social entre homens e
mulheres, na escola?
13 - Você já parou para pensar se são mais de meninos ou de meninas os
comportamentos e os desempenhos considerados inadequados?
14 - Que formas de masculinidades e feminilidades estão sendo incentivadas nas
nossas escolas?
15 - Que profissões são designadas para mulheres e para homens, brancas/os e
negras/os?
16 - Os livros de História do Brasil fazem referência às mulheres? Eles contam a
história do movimento feminista no século XX? Da luta e da conquista das
mulheres pelo direito ao voto? E a história das mulheres negras? Há menção a
mulheres indígenas?
17 - No livro de Ciências aparecem imagens de corpos femininos ou masculinos?
Esses corpos são também de negros/as e de índios, ou apenas de brancos?
18 - Se sua escola, por exemplo, adotasse algum livro de português que, numa lição
qualquer, contasse uma história de amor entre dois rapazes, qual seria a reação
dos/as estudantes? E das mães e pais?
19 - Os livros de Ciências falam sobre esse tema em outros locais, além de quando
tratam sobre DSTS e AIDS?
20 - Você acha suficiente apenas trabalhar ou comemorar o “Dia da Mulher” e não
se falar mais nada a respeito? Ou se deve trabalhar esse assunto inserido em
conteúdos como abordagem de assunto de gênero?
21 - Qual questão de gênero está mais presente em nossa sociedade?
22 - Por que há maior diferença de gênero em determinados lugares, como em
Marrocos, por exemplo?
23 - Quais questões de gênero são mais perceptíveis no comércio, com a finalidade
de consumo?
24 - Você parou para pensar quais são os cargos ocupados exclusivamente por
homens? E por mulheres?
25 - Você acha que ser mãe é uma coisa natural da mulher, ou esse papel foi
desenvolvido pela sociedade?
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4 PESQUISA DO AMBIENTE ESCOLAR
Para a montagem das questões desta pesquisa, baseei-me na leitura dos
textos:
PEREIRA, M. E. (org.). et al. Gênero e diversidade na escola : Formação de
professores/as em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais.
Rio de Janeiro: CEPESC. 2007.1 CD ROM.
1ª) Você verifica alguma situação de preconceito ou discriminação relacionado às
diferenças de gênero em seu ambiente de trabalho? Se você observa, cite
algumas delas.
2ª) Em seu bairro você já percebeu ou notou algum tipo de discriminação
relacionada às questões de gênero?
3ª) Observe o recreio, a saída e a entrada; ou seja, observe os intervalos de sua
escola e veja de que brincam e o que jogam meninas e meninos. Queimada?
Futebol? “Menino pega meninas”? “Passa anel”?
4ª) Quais atividades os meninos e as meninas realizam juntos, e quais em
separado?
5ª) Observe, sob uma perspectiva de gênero, se nesses jogos e nessas brincadeiras
estão presentes violências, preconceitos, homofobia etc.
6ª) No horário do recreio, quem quase sempre ocupa a quadra esportiva, meninas
ou meninos?
7ª) Como o/a professor/a de Educação Física conduz os jogos? São jogos em que
as meninas jogam com os meninos?
8ª) Pergunte ao/à professor/a de Educação Física, o que ele/a acha ou se já faz
uma divisão dos espaços, como, por exemplo, por dia de semana: em alguns
dias elas jogam, e em outros, eles?
9ª) Em sua escola percebe-se muito o uso de uma linguagem sexista, em que não
se dá visibilidade à presença das mulheres e não se reconhece sua contribuição
social?
10ª) Como são trabalhadas as relações de gênero, de 1ª a 4ª séries ?
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11ª) Os jogos e as brincadeiras que os profissionais estão realizando dão ênfase às
questões de gênero?
12ª) Como são organizadas as filas em sua escola? Os meninos ficam separados
das meninas?
13ª) As questões de gênero estão inseridas no PPP (Projeto Político Pedagógico)
de sua escola?
14ª) Na escolha dos livros didáticos você procura analisar as obras, se elas estão
“contaminadas” por divisões de papéis de gênero? Já pensou em refletir sobre
esse assunto?
15ª) Você pensou como as relações de gênero aparecem nos livros que utiliza em
suas aulas?
16ª) São mais de meninas ou mais de meninos os comportamentos e desempenhos
considerados inadequados?
17ª) Existe em seu ambiente escolar ou em sua sala de aula casos de crianças com
características homossexuais? Existe discriminação, preconceito contra esses
sujeitos, por parte de estudantes, professores/as, funcionários/as, que você
tenha notado? Existe algum trabalho sendo realizado para se combater esse
tipo de discriminação? Já houve evasão escolar de alunos homossexuais, por
não serem aceitos nesse ambiente escolar?
18ª) Na lista de chamada existem separações dos nomes dos meninos dos das
meninas? E por quê?
19ª) Em sua opinião faz parte da “natureza feminina” ser professora?
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REFERÊNCIAS
BRAGA, E. R. M. A Questão do gênero e da sexualidade na educação. In: RODRIGUES, Elaine e ROSIN, Sheila Maria. Infância e práticas educativas. Maringá-Pr: EDUEM, 2007, p. 211-220. COSTA, Gal. Coleção: o melhor de Gal Costa. Participação especial de Luiz Gonzaga: Tem Pouca Diferença. Brasil: RCA, [S.D], 1981. FRIEDEN, Earl; LIPNER, Harry. Endocrinologia bioquímica dos vertebrados . Tradução: MAGALHÃES, J. R; SILVA, M. T. A. São Paulo: Edgard Blücher, Editora da Universidade de São Paulo, 1975. p. 78-83. GUYTON, Arthur C. Fisiologia humana . 5. ed. Rio de Janeiro: Ed. Interamericana, 1981, p. 412-417. LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação : Uma perspectiva pós-estruturalista. 3. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997. p. 7-179. PEREIRA, M. E. (org.) et al. Gênero e diversidade na escola : Formação de professores/as em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais. Rio de Janeiro: CEPESC. 2007. 1 CD ROM. REVISTA EDUCAÇÃO GRANDES TEMAS. Gênero e sexualidade : Mapeando as igualdades e as diferenças entre os sexos e suas relações com a educação. Editora: segmento, mar. 2008, p. 7 e 15. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica : Primeiras aproximações. 5. ed. Campinas-SP: Autores Associados, 1995. p. 9-125. SEBRAE - Serviço de Apoio à Pequena Empresa no Paraná. Adolescência: administrando o futuro. 2. ed. Editoração e Impressão: Apoio BAMERINDUS, 1992. p. 83-97. VITIELO, Nelson; GONÇALVES, Ana Cristina Canosa et al. Manual de dinâmicas de grupo . Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. Persona - Centro de estudos em comportamento humano. São Paulo: Inglu, 1997. p. 25-26, 50-53.