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São José dos Campos completa 247 anos com cara de metrópole e jeito de interior, e dá uma lição de como se renovar para manter o crescimento gente! Orgulho da SÃO JOSÉ DOS CAMPOS JULHO/2014 - ANO 4 Nº 1 R$ 9,90 Casa Olivo Gomes, Parque da Cidade

são josé 2014

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São José dos Campos completa 247 anos com cara de metrópole e jeito de interior, e dá uma lição de como se renovar para manter o crescimento

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Diretor Responsável Fernando Salerno

Editor-chefe Hélcio Costa

Divisão de Revistas

A revista + São José é um produto editorial

desenvolvido pela Divisão de Revistas de O Vale São JoSé

Redação

Editora: Daniela Borges Reportagem: Andréa Moreira e Daniela Borges Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil Design e Tratamento de Imagens: Paulo Donizetti Publicidade

Diretora de Publicidade Regional: Priscilla Xavier Supervisora de Marketing e Projetos Especiais: Tamires JorgeAssistentes Comerciais: Adriane Oliveira e Ana Carolina Ferraz Executivos de Negócios: Maria Aparecida da Silva, Wolfgango Brandão, Zilma Cardoso, Estevam Ferri, Sandro Adonai, Pâmela Morciani, Jefferson Rodrigues e Alcilene da Silva Prado

Vendas Internas:

Supervisão: Tatiana RizzoVendedores: Caroline Ribeiro, Renan Vinicius Silva, Jediel Pereira, Jacqueline Ribeiro, Susemary Fernandes,Yuri Santos, Natalia Espanhol, Debby Baldi

Rua: Santa Clara, 417 – Vila Adyanna Cep: 12243-630 - São José dos Campos - SP Tel: (12) 3909-3971 Fax: 3909-3912 São Paulo Diretor Sucursal São Paulo e Mercado Nacional: José Tadeu Gobbi Executivos Comerciais: Pollyana Uzita e Fabiana Fenti Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 2373 Jardim América - Cep: 01441-001 - São Paulo - SP Tel: (11) 3546-0300. Fax: (11) 3546-0322 Taubaté SucursalDiretor Sucursal Taubaté: Alessandro Chimentão Executivo de Negócios: Fábio Amarante Avenida dos Bandeirantes, 5850 Independência – Cep: 12031-206 – Taubaté – SPTel: (12) 3681-3922 Administração e Redação da Revista + São José

Rua Santa Clara, 417 – Vila Adyanna Cep: 12243-630 - São José dos Campos - SP Tel: (12) 3909-3909 Fax: 3959-3910 Endereço eletrônico: www.ovale.com.br Circulação: A revista + São José circula encartada em O VALE na edição de 27/07/2014 para assinantes e nos exemplares de venda avulsa nas bancas de 33 cidades das regiões do Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira, Litoral Norte e Sul de Minas Gerais

Cidades: Aparecida, Caçapava, Cachoeira Paulista, Campos do Jordão, Canas, Caraguatatuba, Cruzeiro, Guararema, Guaratinguetá, Igaratá, Ilhabela, Jacareí, Jambeiro, Lorena, Monteiro Lobato, Natividade da Serra, Paraibuna, Paraisópolis, Pindamonhangaba, Piquete, Potim, Queluz, Redenção da Serra, Roseira, Santa Branca, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, São José dos Campos, São Luís do Paraitinga, São Sebastião, Taubaté, Tremembé e Ubatuba

São José dos Campos completa hoje 247 anos com muitos motivos para comemorar. A cidade que aprendeu com a sua gente a ser grande, também soube preservar sua ternura, cultivando o jeito de ser típico do interior.

Querida por seus moradores e admirada pelos visitantes, São José vive em harmonia com suas duas realidades. Plural, ora se apresenta pujante, moderna e tecnológica, ora se mostra pacata, tranquila e arraigada às tradições.

E ainda há quem diga que São José não tem história. Grande engano. Como você, caro leitor, poderá conferir nas reportagens a seguir, foi justamente o passado que trouxe a cidade até aqui e, se hoje ela destoa das cidades vizinhas com sua estrutura de metrópole, muito se deve há tempos que ficaram lá atrás, na sua fase sanatorial.

E como não há futuro sem passado, a pesquisadora Valéria Zanetti, estudiosa da memória da cidade, faz suas considerações nas reportagens da +São José e confirma a importância da história na identidade da cidade e de seus moradores. Trajetória que gera pertencimento, desperta sentimentos e resulta no cuidado com o lugar que é a nossa ‘casa’.

Memória que permanece imortalizada nos nomes que batizam as ruas da cidade. Homenagens às pessoas ilustres, como os doutores Nelson D’Ávilla e João Guilhermino, que contribuíram para o desenvolvimento do município.

Passado que mostra como São José aprendeu a superar dificuldades e se renovar. Quando a cura para a tuberculose encerrou uma época -- e com ela sua sustentação econômica --, veio a fase industrial, que colocou a cidade no mapa e projetou seu nome para o mundo.

São muitas décadas de prosperidade que ajudaram a cunhar o caráter de lugar fértil e, se hoje a indústria sofre com os reflexos do mal chamado Custo Brasil , São José se adianta mais uma vez e faz do setor comercial e de serviços seu propulsor econômico. Nunca se investiu tanto nessa área, basta ver as expansões dos shoppings em terras joseenses. A mesma engrenagem que estampa a bandeira da cidade também faz girar a sua economia.

Capacidade de se reinventar, transformando adversidades em motivação para alçar voos cada vez mais altos, como os aviões, nosso maior símbolo. Assim é São José, uma cidade que esbanja diplomacia, acostumada a receber bem e retribuir com oportunidades aqueles que honram a sua história.

Parabéns São José por seus 247 anos!

Daniela BorgesEditora

Grande cidade do interior

Carta ao Leitor

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8 > + São José > julho de 2014

10 A história por trás dos marcos de São José

14 A cara de São José

18 Daqui ou de fora, eles amam trabalhar aqui

24 O nome por trás das ruas da cidade

30 São José, uma grande cidade do interior

46 Conheça o que a cidade tem de melhor

SUMÁRIOFo

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58 Basquete: paixão dos joseenses

62 A supremacia do rúgbi da cidade

68 São José do futuro

76 A força que vem do comércio

84 Os sabores de São José

92 As cores da cidade

SUMÁRIO

46 58 68 76 84

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10 > + São José > julho de 2014

Lugares conhecidos da nossa gente ajudam a contar a trajetória da cidade

oje São José completa 247 anos de história.

História essa construída por muitas pessoas e edi-ficada em vários patrimô-

nios. De aldeia agrícola ao maior polo aeronáu-

tico da América Latina, a cidade passou por diversas fases como a sanatorial, a qual é responsável por São José ter se tornado um dos principais centros industriais do país. As histórias são muitas, mais ainda os persona-gens. Nas próximas páginas você irá conhe-cer um pouco mais sobre alguns dos patrimô-nios mais importantes que contam através de suas paredes um pouco desta cultura.

“Até o final do século 19, São José era des-crita como uma cidade sem atrativos. Compa-rada a Taubaté e Jacareí era considerada uma cidade menor. Mas no início do século 20 o país passava por um surto de tuberculose. Como na época não existia antibiótico, o tra-tamento era repouso e alimentação, em um local de clima ameno e sem poluição. Foi en-

tão que São José foi escolhida para tratar es-tes doentes,” explica o arquiteto do Departa-mento de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, Robson Bernardo.

Símbolo da fase sanatorial, o Vicentina Aranha é uma construção que se destaca pela imponência e planejamento, como ex-plica o arquiteto. “Foi o primeiro sanatório projetado no sistema de pavilhões. A obra se concentrou na solução que favorece a cura, com grandes esquadrias que proporcionava a circulação favorável do ar”, conta.

Elevada à instância climatérica, São José passou a ter prefeitos indicados pelo governo do Estado, geralmente um médico ou enge-nheiro sanitarista. Com isso, esta fase da his-tória fez com que o município se tornasse um polo industrial, como explica Bernardo. “Es-tes governantes passaram a projetar a cidade com ruas largas, sistema de captação de água e esgoto. Se São José não tivesse esta estru-tura quando descobriram o antibiótico, o mu-nicípio poderia ter entrado em crise. Mas isso não aconteceu porque a infraestrutura aliada

A história

Por Andréa Moreira

Patrimônio

por trás dos marcos

de São José

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12 > + São José > julho de 2014

a localização estratégica entre São Paulo e Rio de Janeiro fez de São José o que ela é hoje”, afirma.

A Tecelagem Parahyba foi uma das pri-meiras indústrias a se instalar na cidade, em 1925. Fundada por um grupo de investidores paulistas, a fábrica foi abalada pela queda da bolsa de Nova York, em 1929. Fato que trouxe Olivo Gomes para São José. “Este co-merciante natural de Niterói (RJ) dominava tanto o comércio de algodão como a venda do produto acabado. Então foi nomeado para fazer a gerência da fábrica e foi tão bem sucedido que assumiu o controle da tecela-gem,” explica Bernardo.

Outro importante fator para a industria-lização de São José foi a ferrovia responsá-vel pelo transporte de matéria-prima e es-coamento dos produtos. Segundo o arqui-teto, o traçado inicial era mais dispendioso, pois possuía aclives e declives. “A primeira estação de São José foi construída onde hoje está o Tênis Clube. Então a estrada de ferro atravessava a cidade naquele planal-to, depois descia, pegava a várzea do rio Paraíba e ia embora. Este trajeto era bem problemático e chegou a causar acidentes graves. Por causa disso, na década de 20, o

traçado foi modificado e passou a acompa-nhar totalmente a várzea do rio Paraíba.”

Com a implantação deste novo traçado, o município projetou outras estações que induziram a formação e o crescimento da cidade. “A Estação Ferroviária de São José dos Campos, em Santana industrializou a zona norte. Além desta, o município ainda implantou a estação Limoeiro, a Ferroviária Engenheiro Martins Guimarães e a Ferroviá-ria Eugênio de Melo.

Entre os patrimônios modernos pode-mos citar a instalação da multinacional Ge-neral Motors, inaugurada em 10 de março de 1959, pelo então presidente Juscelino Kubitschek; e o então CTA (Centro Técnico Aeroespacial), de 1953. “Esses patrimônios mais modernos tiveram influência direta da construção da Rodovia Presidente Dutra em 1951. Que é outro ponto marcante do município,” avalia o arquiteto, destacan-do que o CTA possui outro atrativo. “Foi o ponto de partida para a área tecnológica em São José. E ainda tem a contrapartida arquitetônica, porque o projeto é de Oscar Niemeyer.”

Confira nas páginas da +São José alguns dos principais patrimônios da cidade.

247anos de história completa São José, uma cidade que deve se orgulhar do seu passado

A Praça Torii, no Jardim Aquarius,

é uma homenagem ao centário

da imigração japonesa e patrimônio

recente

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Identidade

ão José dos Campos não é somente um bom lugar para se viver. A cidade também é motivo de orgulho para seus moradores, permanentes ou flutuantes, que não se cansam de ressaltar suas muitas qualidades.

Pontos negativos? Claro, existem. M a s não chegam a apagar o brilho de uma cida-de que está sempre um passo à frente no progres-so. Sem comprometer a qualidade de vida de seus quase 700 mil habitantes.

Para quem não nasceu aqui e para as gerações

São JoséA cara de

Pontos que nos fazem lembrar com muito carinhoda nossa cidade

Por Daniela Borges

de filhos da terra o sentimento de pertencimento está não só no campo da emoção, mas no reco-nhecimento dos símbolos que ajudam a contar a história da cidade que hoje comemora 247 anos.

São cenários naturais, como o Banhado, ou construídos pelo homem, como o DCTA, Vicentina Aranha ou Parque da Cidade. Até mesmo ícones, como o avião.

Para a professora e pesquisadora Sônia Ga-briel, o espaço urbano tem mais do que aspectos materiais, ele possui caráter simbólico que pode ser explicado a partir das relações de poder, eco-nômicas e afetivas. Segundo ela, de acordo com o contexto histórico é possível compreender por-que alguns lugares se tornam referências no coti-diano da cidade.

“O Banhado, por exemplo, é uma relação afe-tiva no cotidiano do joseense e o Parque da Cidade vem se consolidando como ponto de encontro, aprendizagem e lazer da comunidade e mesmo as-sim não tirou o charme do Parque Santos Dumont, onde muitos joseenses ainda fazem questão de fa-

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zer as fotos de casamento e levar os filhos”, destaca Sônia.

Por outro lado, segundo ela, o motivo de empresas e instituições serem lembradas como símbolos da cidade se deve ao fato de São José já ter atraído muito migrante em busca de empregos. “Muitos aqui ficaram, construíram famílias e estabeleceram uma relação afetiva com a cidade”, conta.

Símbolos.Para a historiadora Valéria Regina Zanet-

ti, professora do curso de história e do mes-trado em Planejamento Urbano e Regional da Univap, todos esses elementos baseiam--se nos exercícios de engenharia social. “São produtos culturais com forte representação social. O significado não se encontra nos sím-bolos propriamente ditos, mas nas práticas e processos por meio do qual a representação, o significado e a linguagem operam”. Segun-

do ela, esses símbolos não só dizem, como fazem a cidade. “Todos eles só têm significa-do quando levamos em consideração o meio que só tem sentido a partir de sua história”.

Mas afinal, qual é a identidade de São José? Para a doutora em história social, Maria Aparecida Papali, professora e pesquisadora da Univap, é a de uma cidade tecnológica e industrial. “É assim que a cidade faz questão de ser reconhecida”, ressalta.

De acordo com ela, vários pontos teste-munham sua história. Depende da época, do contexto. “Por exemplo, a Igreja São Benedi-to remete ao tempo da escravidão, das Irman-dades dos ‘homens pretos’ que existiam na época”, conta. A igreja, segundo ela, foi cons-truída com esmolas que eram recolhidas por escravos e ex-escravos, membros da Irman-dade de São Benedito. “É bom lembrar que os prédios históricos podem ser resignificativos, podem conter múltiplas memórias”. Como o

700mil habitantes é a população estimada de São José dos Campos

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Cultura imaterialBolinho caipira:prato típico regional

feito tradicionalmente em julho e amplamente disseminado na cidade

Parque da cidade:originalmente fazenda da

Tecelagem Parahyba, fábrica de cobertores que instalou-se

na cidade em 1925, com projeto paisagístico de Burle Marx e

arquitetônico de Rino Levi

Sanatório Vila Samaritana que se tornou Fun-dação Valeparaibana de Ensino.

Sentimento.Reconhecer a história da cidade é alimen-

tar o sentimento de pertencimento, que é tão familiar e reconfortante. Mesmo aos que não nasceram aqui -- e não conhecem bem sua biografia -- desenvolvem uma identificação com o lugar. “É uma realidade o fato da exis-tência de muitos forasteiros, mas uma cidade nunca é sem história, sem memória. Isso sim é um mito”, enfatiza Maria Aparecida Papali. “Eu, por exemplo, nasci em Minas Gerais, em-bora more em São José há 40 anos. Meus três filhos nasceram aqui, espero ter netos nas-cidos aqui. Identifico-me com a cidade, sou joseense de coração, isso é pertencimento”.

Para ela, a manifestação cultural mais au-têntica de São José é a festa junina com seus famosos bolinhos caipiras.

“A história da nossa cidade nos remete às raízes, nos dá a consciência de lugar, faz com que tenhamos uma memória social e coletiva em constante construção. Conhecer a história de sua cidade, de sua gente, é direito de to-dos, é conquista cidadã”, enfatiza.

Para Valéria Zanetti, preservar os símbo-los é proclamar a identidade, soberania e coe-são de um povo.

Símbolos arquitetônicos

Vicentina Aranha:considerado na época um dos maiores e mais bem equipados sanatórios da América Latina. Atualmente se constitui num

importante espaçoda memória e lazer

Avião:torna-se o símbolo da

cidade, que se vangloria por ser o maior polo de pesquisa

e produção de ciência e tecnologia no país, possuidor

de um moderno complexo industrial. Espalhados na

paisagem da cidade

Bandeira:criada na década de 1970,

traz o florescimento industrial, promovido por uma engrenagem sobre fundo azul

e branco representando a integração do município com o Estado, e como pano de fundo

para a tecnologia aeronáutica

Hino:endossou o significado dos

elementos da bandeira. Os ares apontados pela neblina e pela proximidade da Mantiqueira

reforçam novamente as condições climáticas e espaciais favoráveis, não mais para atrair

tuberculosos, mas indústrias

Brasão da cidade: exibe os atributos

dos ares e das terras de São José dos Campos, importantes

para o estabelecimento do município como estância

climática e centro de recuperação de tuberculosos

7Símbolos

oficiais

Conheço muito mais a história de São José do que da minha cidade natal,

Varginha. Tenho total sentimento de pertencimento e identificação com esse

lugar, que é a minha casa

Maria Aparecida Papali, professora e pesquisadora

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18 > + São José > julho de 2014

ara se construir uma cidade é necessário planejamento, obras de infraestrutura, serviços bá-

sicos de educação, saúde, etc. Mas o primordial para criar esta

organização espacial são as pessoas. Estas pessoas que levantam todos os

dias, trabalham, estudam e, acima de tudo, amam o local onde vivem. Assim constrói-se uma grande cidade como São José dos Campos, que ocupa o posto de principal município do Vale do Paraíba.

Segundo o senso populacional do IBGE (Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010, São José dos Campos possui 629.921 habitantes, sendo que a grande maioria – 615.175 vivem na área urbana – enquanto que 12.815, na zona rural. Esse número hoje, segundo estimativa do próprio instituto, deve beirar cerca de 700 mil habitantes.

Para representar este universo a +São José entrevistou cinco pessoas, que independente de nascerem ou não na cidade, trazem na alma o or-gulho de pertencer a São José.

Pessoas ilustres

Daqui ou de fora,

Sempre com um sorriso no rosto, as pessoas que nos servem dão um show de simpatia

Por Andréa Moreira

na cidadeeles amam trabalhar

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u DedicaçãoServir bem é o lema desta dupla de garçons

do Bar Coronel, na região central da cidade. Natural de Rio Bom (PR), José Aparecido Silva, tem 48 anos, e 17 nesta profissão. “Já trabalhei em muitas áreas, mas foi como garçom que me realizei. Adoro o que faço, a união da equipe, o respeito do patrão e o carinho dos clientes.”

O paranaense que chegou a São José com apenas 14 anos veio atrás do avô. “Conheci a cidade e me encantei. Depois meus pais também mudaram para cá.” Hoje Zezinho, como é conhecido, formou família no Vale do Paraíba, com esposa e dois filhos. “Não pretendo sair desta cidade nunca. Tudo o que tenho, o que consegui, devo a São José e sempre serei grato por isso”, emociona-se.

O companheiro de profissão, natural da

José Aparecido e Valdo de

Medeiros já se tornaram amigos da

clientela do Bar do Coronel

vizinha Jacareí, também escolheu São José para ser a cidade do coração. Com 48 anos Valdo Cardoso de Medeiros vive há 30 em São José. “A cidade é muito boa. Mesmo tendo nascido tão perto daqui, acho que dificilmente irei embora. Foi aqui que conheci minha esposa, nasceram meus dois filhos e meu neto. Aqui eu criei raízes.”

Há 11 anos atuando como garçom, Medeiros revela a satisfação em atender os clientes. “Já atendi pais, agora atendo os filhos. Meu trabalho fez com que eu criasse um vínculo de irmão com todas as pessoas que passam por aqui.”

Vínculo comprovado pelo empresário Márcio Costa, também natural do Paraná, que adotou São José como terra do coração. “A cidade é maravilhosa. E são locais como este (Bar do Coronel), e o atendimento como destes homens, que faz ter a certeza que não errei, quando escolhi São José para viver.”

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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u AlegriaO bom humor e a simpatia são

as marcas deste feirante natural de Iguape (SP). Rubens Kinoshita, de 66 anos, há 35 anos joseense e o mesmo período como feirante é figura conhecida em algumas feiras de São José. “Amo meu trabalho, a terra, minha família. E São José me deu a oportunidade de vivenciar minhas paixões”, revela.

Morador do bairro Jardim Paraíso, Seu Rubens como é conhecido pela freguesia, faz questão de oferecer produtos frescos e de qualidades para os clientes. “Eu e minha esposa Zilda temos uma propriedade na zona rural. E é de lá quem vem todos os produtos que vendemos na feira. Tudo feito com muito carinho”, afirma.

O feirante Rubens Kinoshita é figura conhecida nas feiras de

São José dos Campos

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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22 > + São José > julho de 2014

Diego da Silva assumiu a tabacaria do pai no

Mercado Municipal

O motorista Bruno Fabrício Silva faz da simpatia sua marca pessoal

u GentilezaNada melhor do que ser tratado sempre

com um sorriso estampado no rosto. Esta é a filosofia de vida do motorista de ônibus Bruno Fabrício Silva, de 26 anos. “Sempre digo que a ação causa uma reação. Se a ação for positiva, seremos bem tratados; se for negativa, seremos destratados. Então sempre procuro tratar bem as pessoas, para criar este ciclo positivo não só no meu trabalho, mas na minha vida”, destaca este joseense de nascimento.

O carisma do motorista pode ser representado pela fidelidade dos usuários da linha Campo São José. “Acontece de, às vezes, termos que trabalhar em outra linha. Aí as pessoas me veem no ônibus e já vão entrando, sem olhar para o veículo. Então eu pergunto: hoje você está indo para tal lugar? Só então a pessoa percebe que a linha é outra”, diverte-se.

Com apenas quatro anos de profissão, Silva revela que já passou por diversos trabalhos até conseguir seu objetivo. “Meu pai é motorista de ônibus há 23 anos e sempre quis isso para minha vida. Ele me dizia: filho, eu amo minha profissão, mas ela é árdua. Vai estudar, fazer uma faculdade. Mas não teve jeito. Lutei para chegar aqui e hoje sou realizado profissionalmente”.

u TradiçãoO amor pelo pai fez este radialista se tornar

comerciante. Com 35 anos Diego da Silva, toca o negócio da família no Mercadão de São José. “Esta tabacaria existe há mais de 80 anos e a seis meu pai adquiriu a loja. Com a sua aposentadoria, assumi o negócio”. Formado em Rádio em TV, Silva revela que já atuou no ramo do comércio na vizinha Caçapava. “Já tinha trabalhado no comércio, mas em outra área. Então, quando surgiu a oportunidade de vir para o Mercadão, comecei a reviver minha experiência, a criar um carinho pelo local e a amar o meu trabalho dia após dia”, confessa emocionado.

Natural de São José dos Campos, o comerciante revela a tradição que a tabacaria tem na cidade. “É quase um século de história. As pessoas, principalmente da zona rural, criaram o hábito de comprar aqui, e isso passou para os filhos e depois para os netos. Vejo a satisfação das pessoas chegarem aqui e encontrarem o que desejam. Isso me deixa muito feliz”, afirma.

Além dos fumos de rolo, o local também comercializa bolsas, chapéus, balaios e outros utensílios.

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Curiosidades

ocê já se perguntou quem foi a pessoa que leva o nome da

rua onde você mora, trabalha ou estuda? Em que lugar ela nasceu?

O que fez para receber esta home-nagem?

Em São José dos Campos, como nas demais cidades do país, a nomenclatura das ruas é definida por leis ou decretos municipais. E muitas destas definições são homenagens a pessoas que deram alguma contribuição para o município.

Com o objetivo de contar um pouco da histó-ria de São José, selecionamos cinco das 5.561 ruas do município. Logradouros que levam o nome de

personalidades que ajudaram a construir a histó-ria da cidade.

Segundo a historiadora da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, Nádia Kojio antigamente as de-nominações se baseavam na relação da pessoa com a via. “Normalmente, se a pessoa tinha vivi-do naquela rua, indicavam o nome para homena-geá-la”, conta.

Somente em 1997 houve uma mudança neste princípio, como explica Nádia. “Agora cada de-nominação de rua que passa pela Câmara ou que tenha qualquer propositura, seja do Legislativo ou do Executivo, é obrigatório dizer quem foi a pessoa. Antes não tinha esta preocupação clara-mente”, pormenoriza a historiadora.

Por Andréa Moreira

Conheça os personagens que identificam nossas vias

O nome por trás

da cidadedas ruas

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26 > + São José > julho de 2014

n Avenida Doutor João Guilhermino

No dia 15 de maio de 1905, a antiga avenida da Estação recebe o nome de avenida João Guilhermi-no. A via era a ligação entre a cidade, que na época estava centralizada em torno da Igreja Matriz e a Estação Ferroviária. Para fazer a “marcação” des-te trajeto, em 1896 foram plantadas duas fileiras de palmeiras imperiais. Atualmente as árvores são patrimônios ambientais de São José.

Em 1909, ganhou nova iluminação com lâmpa-das de arco voltaico de mil velas. Oito anos depois a avenida recebeu apedregulhamento, sendo pro-longada em 1913 e 1917.

Durante a fase sanatorial foi local de concentra-ção de várias pensões, que naquela época funciona-vam como moradias de tuberculosos. Mesmo sem estrutura adequada, os locais recebiam visitas peri-ódicas de médicos voluntários. Atualmente é uma avenida comercial e uma das mais importantes vias de ligação entre a zona sul e o centro da cidade.

Quem foi?Giovanni Guglielmino nasceu no dia 20 de

agosto de 1830 em Calusa, Itália. Formado médico

pela Universidade de Turim, começou sua carreira em terras brasileiras na cidade de Mogi das Cruzes. No dia 25 de julho de 1876, chegou a São José dos Campos, como o primeiro médico da cidade.

Durante cerca de 20 anos atendeu a popula-ção mais carente no consultório montado na Rua Direita (atual 15 de Novembro), nº 17. Além disso, percorreu a cavalo o sertão para atender os mo-radores que necessitavam de assistência. Faleceu em 1895.

n Avenida Doutor Mário Galvão

No dia 20 de junho de 1925, a Câmara aprovou o nome do médico Mário Galvão para a via que estava sendo aberta entre a rua do mercado, em direção à nova estação.

Na fase sanatorial, muitos doentes tinham que subir a avenida a pé para chegar até os consultó-rios, pensões e sanatórios, uma vez que a maioria das charretes e carros de aluguel não aceitavam transportar os tuberculosos.

Nos anos 30, o mau estado de conservação provocou protestos da imprensa local. Sendo que a avenida foi apedregulhada no final da década.

1 Até 1954, a avenida Dr. Nélson D’Ávila era denominada avenida 24 de Outubro2 Atualmente a avenida Dr. Nélson D’Ávila é a entrada principal da cidade3 Avenida Dr. João Guilhermino em meados da década de30 com suas imponentes palmeiras imperiais 4 Do mesmo ângulo, a avenida Dr. João Guilhermino nos dias atuais mostra a preservação das palmeiras

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Fotos: Arquivo/FCCR

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5 Em 1953, desapropriações foram necessárias para a ampliação da rua Sebastião Humel6 Hoje, a rua Sebastião Humel vai da avenida São José até as proximidades do viaduto da Vila Maria7 A avenida Dr. Mário Galvão, na década de 40, após melhorias que facilitaram o transporte por charretes 8 Vista da avenida Dr. Mário Galvão nos dias atuais

Quem foi?Mineiro de Ouro Preto Mário Galvão nasceu no

dia 22 de dezembro de 1853. Em 1878, formou-se mé-dico no Rio de Janeiro. No ano de 1902, chegou do-ente a São José dos Campos, onde montou um con-sultório que atendia a população pobre do município.

Faleceu no dia 1º de junho de 1925. O corpo foi embalsamado e encaminhado para o Rio de Janeiro.

n Avenida Doutor Nelson D’Ávila

No dia 16 de novembro de 1954, a antiga Aveni-da 24 de Outubro, passa a se chamar Avenida Dou-tor Nelson D’Ávila. A via ainda teve o trajeto pro-longado até o trevo da Rodovia Presidente Dutra.

Antes o nome do médico constava na atual Avenida Afonso Cesar de Siqueira, localizada entre as avenidas Adhemar de Barros e 9 de Julho.

Quem foi?Nelson Silveira D’Ávila nasceu no dia 22 de agos-

to de 1889, na cidade de Rio Grande (RS). Em 1914 formou-se em medicina, com especialização em ti-siologia, na UFRJ. No mesmo ano chegou a São José.

Foi médico e diretor clínico dos sanatórios Vi-

centina Aranha e Maria Imaculada, além da Santa Casa de Misericórdia. Também ocupou a presidên-cia da Câmara Municipal e foi membro da L iga de Assistência Social de Combate à Tuberculose. Fale-ceu no dia 31 de outubro de 1953, na cidade de São Paulo, sendo velado e enterrado em solo joseense.

n Rua Sebastião Humel

No dia 15 de outubro de 1955, a rua Sebastião Humel teve seu trajeto ampliado, indo desde a Avenida São José até as proximidades da Rua Hen-rique Dias, na Vila Progresso.

Dois anos antes, o prefeito sanitário e enge-nheiro Benoit de Almeida Victoretti desapropriou um prédio e um terreno para o prolongamento.

Quem foi?Sebastião Humel foi o primeiro professor públi-

co de São José. Como abolicionista, seguia a Filo-sofia Positivista e lutou pelo fim do Regime Monár-quico. No dia 30 de abril de 1895 solicitou a Câmara Municipal os documentos necessários a sua apo-sentadoria. Além da aprovação, Sebastião Humel conquistou “um voto de louvor”, porque na época

Fotos: Arquivo/FCCR

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foi considerado o professor que mais serviu São José e à instituição pública. Faleceu no início do século 20.

n Praça Cônego Lima

Em 1917, a praça recebeu o nome do Cône-go Francisco de Oliveira Lima. No local estão plantadas figueiras que fazem parte do patri-mônio ambiental de São José.

Antes, em 1935, houve a ameaça de corte das figueiras, sendo que muitas árvores na épo-ca foram cortadas para dar lugar a bancos. No ano de 1959, a praça sofreu mais uma reforma, com a ampliação dos canteiros, poda das árvo-res e substituição da iluminação.

Quem foi Cônego Lima?Francisco de Oliveira Lima nasceu no dia 7

de dezembro de 1843. Foi vigário da paróquia de São José dos Campos por 28 anos. Em segui-da exerceu a função de professor do seminário de Taubaté. Quando completou 50 anos de sacerdócio recebeu uma homenagem no semi-nário onde lecionava. Faleceu no dia 13 de julho de 1919.

9

10

9 A praça recebeu o nome de Cônego Lima em 195710 A praça já passou por muitas reformas até chegar à forma atual

Fotos: Arquivo/FCCR

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Nossa gente

do interiorApesar de todo vigor socioeconômico, São José

ainda guarda características de recanto bucólico

uma grande cidade

Por Daniela Borges

ão José dos Campos chega aos seus 247 anos em plena forma. Com um visual exuberante, a cidade come-mora sua vocação para ser grande.

Inclinação herdada por tantos que aqui estiveram e acabaram se

instalando para deixar como herança o desenvolvimento.

Lugar de oportunidades, São José foi o eldo-rado de muitos e hoje colhe os frutos da força de trabalho vinda de fora e cujo legado são suas ge-rações de filhos da terra que continuam acreditan-do, empreendendo e ajudando no crescimento da cidade do interior, com ambições de metrópole.

Os índices comprovam a sua aptidão para ci-dade grande. Ocupa a 6ª posição no ranking na-cional de exportações, com um volume de quase 5,5 bilhões de dólares e está entre as 30 cidades que mais contribuem para o PIB do país, ocupando o 22º lugar, com R$ 25,2 bilhões e participação de 0,61% no Produto Interno Bruto brasileiro.

Na lista das melhores cidades para se viver,

medida pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Hu-mano), da Unesco, São José aparece na 24ª colo-cação, a melhor posição da região.

De um lado a economia pujante e o perfil de-senvolvimentista de uma cidade em franco cres-cimento. Do outro, os bairros pacatos que guar-dam a vida simples do interior, com pessoas nas calçadas batendo papo, despreocupadas. Regiões como a zona norte da cidade, que ainda conserva a atmosfera pitoresca de tempos atrás.

“A identidade de uma cidade leva em conta os aspectos relacionados à apropriação do seu espaço e é definida por meio de elementos sim-bólicos que lhes dão sentido, e que costumam estar presentes na sua paisagem”, define a dou-tora em história social Valéria Zanetti, membro fundadora do Núcleo de Pesquisa Pro Memória de São José dos Campos e professora do curso de História e do Mestrado em Planejamento Ur-bano e Regional da Univap.

Para a pesquisadora, São José mudou muito, desde a sua fundação, em 1767. “Transformou-se

São José,

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de cidadezinha com aspecto rural em cidade industrial”, afirma. Além do crescimento da cidade, a fixação dos moradores permitiu o sentimento de pertencimento, segundo ela. A cidade passou a ser considerada um lugar, ou seja, passou a contar com o sentimento de identificação e apropriação. “Esse senti-mento permite ao sujeito sentir que tem o domínio de um local, que pode arrumá-lo, re-estruturá-lo, construindo ali algo com o qual se identifique, o seu lugar”, define.

O contraste da cidade grande e cosmo-polita com a interiorana acontece, segundo Valéria, pela relação entre o tradicional e o moderno. “Poderíamos dizer que os mora-dores negociam essa dualidade, agenciando ora o lado moderno, ora o lado interiorano da cidade”, afirma. O importante, segundo ela, é

valorizar o novo, mas sem destruir o antigo.O município avançou bastante, mas ain-

da precisa melhorar, de acordo com Valéria. “Uma cidade melhora as condições de vida da sua população quando diminui as diferenças. Um grande problema que percebo é o déficit habitacional.”, ressalta. “Além disso, apesar de São José dos Campos parecer uma cidade provinciana, ela enfrenta os mesmos proble-mas de um grande centro e tem respondido cada vez mais ao desafio de superar o legado de séculos de exclusão social”.

Para o futuro da cidade, a estudiosa afir-ma que espera que São José continue pos-sibilitando o crescimento econômico, mas acompanhado do avanço social. “E que as pessoas continuem fazendo dessa cidade o seu lugar, lutando por ele”, conclui.

5,5bilhões de dólares é o volume de exportações da cidade, que garante a 6ª posição no ranking nacional

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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O orgulho de pertencer a um município prós-pero e organizado. Este é o sentimento comum ao morador de São José. E mesmo quem veio de ou-tras regiões do país ou do mundo, contribui à sua maneira para criar uma cidade ainda mais bonita.

Para quem nasceu aqui a sensação de fazer parte fortalece ainda mais os vínculos. Como é o caso de Mariana Pedrosa Cury Zambroni, 32 anos, que exalta o lado funcional da cidade moderna. “Gosto da vida prática que São José nos propor-ciona, consigo fazer várias coisas no mesmo dia”, afirma. “Como tenho uma vida corrida, posso ir à academia, trabalhar, visitar minha família, ir ao su-permercado e até almoçar em casa. Isso pra mim é qualidade de vida”, empolga-se.

A história da família Cury começou no início do século passado, quando o avô da Mariana, o imi-grante libanês Fuad Cury, abriu a Casa São Jorge, na rua Siqueira Campos. A loja funcionou por 62 anos, muitos deles sob a direção do filho Eduardo Cury, pai da administradora. “Meu pai sempre nos

incentivou a estudar, mas não muito a continuar-mos a história de comerciantes”, diverte-se.

Há 13 anos, Mariana e as irmãs Renata e Fer-nanda decidiram apostar no comércio de moda feminina. “E temos muito orgulho de sermos re-ferência na cidade, dando continuidade a história da família que abriu as portas nesse ramo”, afirma Mariana que hoje é sócia-proprietária do Boule-vard Depot, no Jardim Esplanada.

Apesar de considerar São José o melhor lugar para ser viver, Mariana tem críticas e acha que a ci-dade pode melhorar. “Precisa voltar a crescer com planejamento e com uma visão de que aqui não é uma cidade qualquer, as pessoas que moram aqui são exigentes e querem ver a cidade bem cuidada em todas as áreas”, pontua. Mas o que mais irri-ta a empresária é quando alguém critica a cidade. “Não gosto de pessoas que falam mal de São José, acredito muito no potencial da cidade”, enfatiza.

Do comércio da família Cury, no centro, Maria-na guarda boas recordações. “Eu adorava comer pastel do Mercado Municipal e andar no Calça-dão”. Ela também lembra da agitação na época dos clubes, piscinas, campos e carnavais na cidade.

O que mais encanta a comerciante é o visual do Banhado. Ela também admira muito a cidade limpa e organizada, que cresce em todas as áreas. “E ver as pessoas orgulhosas de morar aqui. Acho que de alguma forma queremos deixar nossa con-tribuição para que São José continue crescendo, sem perder suas vantagens de cidade do interior”.

Netas herdam vocação para o comércio da família Cury

Viver em São José...

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Mariana Zambroni

na sua loja no Jardim Esplanada

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A construção civil representa um dos alicerces da economia joseense. Graças ao setor, o municí-pio se desenvolveu, expandiu e ofereceu centenas de oportunidades de emprego.

Entre as famílias que se formaram e se susten-tam com a força de trabalho que vem do canteiro de obras está a de José Alexandre dos Santos, 65 anos, encarregado no empreendimento Costa Nor-te Offices Royal Park, no Jardim Aquarius.

O homem simples, otimista e sorridente que aprendeu a preparar o solo para o surgimento dos arranha-céus, nasceu em Iguaraçú, no Pa-raná. Chegou ao Vale do Paraíba há 41 anos, se instalando na casa da irmã em Santa Isabel. Após sete anos, em 1980, Alexandre, como é conheci-do, se muda para São José onde permanece até os dias de hoje.

Aqui, Alexandre se casou, construiu família, teve três filhos. Depois de ser operário, metalúr-gico e frentista, iniciou na construção civil como

ajudante de pedreiro. “Em 2002 comecei a traba-lhar na Costa Norte e em 2006 fui promovido a en-carregado”, orgulha-se. Aliás, essa é uma palavra recorrente no vocabulário de Alexandre. “Tenho muito orgulho de saber que ajudei no crescimento de São José com o meu trabalho”.

E mesmo aposentado, ele não pensa em parar de trabalhar. “Me sinto bem fazendo o que faço”, afirma. Hoje, Alexandre lidera a equipe responsável pela preparação do solo. Função de extrema res-ponsabilidade e importância em uma obra. “Tudo começa com o meu trabalho, é a fase inicial de um prédio”, explica. Depois do prédio pronto, Alexan-dre se sente recompensado pelo bom trabalho. “Também é um orgulho para mim, claro”.

Com a experiência e o dinheiro que ganhou na construção civil, Alexandre construiu sua casa própria no Bosque dos Eucaliptos. “Sempre tem alguma coisa para fazer na casa, é trocar um piso, ar rumar uma janela”, brinca o avô de sete netos.

Para chegar ao trabalho, Alexandre utiliza o transporte público, que, segundo ele, é um ponto que precisa melhorar na cidade. “Na ida, gasto 20 minutos para chegar ao trabalho. Na volta, dá cer-ca de uma hora, com superlotação. É difícil, o trân-sito fica carregado e os ônibus são insuficientes”.

Mas nada é capaz de tirar o bom humor do fun-cionário, que se diz um homem feliz e realizado. “A cidade me deu oportunidade e eu soube aprovei-tá-la, São José cresceu e a gente foi junto”.

Orgulho de contribuir para o crescimento da cidade

Viver em São José...

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

José Alexandre

no canteiro de obras,

seu local de trabalho

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Poucos conhecem tão bem as ruas e avenidas de São José quanto Maria Dalva Maciel da Cunha. Aos 53 anos e com um visual sempre muito ele-gante, Dalva colabora para um trânsito mais hu-manizado. Guiando seu possante Pálio Weekend Adventure 1.8, ela transporta as pessoas aos seus destinos. Dalva é motorista de táxi.

Sua história é muito parecida com a de muitos que vieram para a cidade em busca de trabalho. Nascida em Bocaina de Minas (MG), Dalva chegou por aqui ainda criança, com o pai, a mãe e cinco irmãos. “Meu pai veio em busca de emprego”, conta. A vida de Dalva foi feita aqui, onde cresceu, se casou, teve três filhas e três netas. “É a minha cidade do coração, tudo que eu tenho conquistei aqui”, diz.

Vaidosa, Dalva gosta de se cuidar, de estar sempre bem vestida e maquiada para receber seus passageiros. “A apresentação é fundamental no nosso trabalho”, enfatiza.

A oportunidade de assumir um lugar na praça veio há 10 anos, a convite do genro. No início, a família ficou com medo dos riscos que oferece a profissão. “Foi complicado, mas hoje todos já se

acostumaram com o meu trabalho, onde sou mui-to respeitada”, garante. Com um perfil mais sério e austero, Dalva diz que não importa a profissão, a mulher tem sempre que se impor.

Nas ruas, ela transporta todos os tipos de clientes e aprendeu a lidar com cada um deles. “Pego de engravatado a funcionário de porta de fábrica e costumo dizer que os nossos problemas temos que deixar em casa”. Dalva nunca foi assal-tada ou vítima de qualquer violência durante todo esse tempo que trabalha como taxista.

Seu expediente é puxado, ela pega às 7h e muitas vezes vai até às 23h. São em média de 20 a 22 corridas por dia. “Conheço bem todos os bair-ros da cidade, já as ruas, às vezes, preciso pergun-tar para alguém porque São José cresceu muito”.

Dalva conta que tem muito orgulho de São José, principalmente da limpeza e da organização. “Pego muita gente que é de fora e sempre ouço mais elogios do que reclamações sobre a cidade”. “Nunca ouvi ninguém dizer que queria ir embora de São José porque não gostou”, completa.

Conhecedora que é do trânsito, Dalva diz que sempre tem o que melhorar. “São José é hoje uma cidade grande, que recebe muita gente para traba-lhar e fazer compras, e o trânsito está sentido esse volume de gente. No centro já não há vagas de es-tacionamento”. De repente, a conversa chega ao fim. A fila do ponto de táxi andou e Dalva tem que sair para mais uma corrida pelas ruas da cidade.

Pelas ruas da cidade

Viver em São José...

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Dalva da Cunha conduz seu táxi com muita elegância

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São José dos Campos se orgulha do título cidade limpa. A fama criada há muitos anos tem procedência, afinal, o cuidado com a lim-peza urbana já virou uma marca do município.

Por trás de toda organização e asseio da ci-dade estão pessoas como Dário Oliveira Lima, 38 anos, que começou há 15 anos como agente de limpeza da Urbam (Urbanizadora Munici-pal), varrendo as ruas da cidade, e hoje é mo-nitor de uma equipe formada por 20 pessoas.

Invisíveis no seu trabalho de formiguinha, eles se esforçam para honrar a boa reputação de São José no quesito limpeza. São os verdadeiros responsáveis por nossa imagem e projeção.

Quem mora nos bairros entre o Parque Industrial e o Residencial União, na zona sul, deve à limpeza de sua rua à essa esforçada equipe que tem a incumbência de varrer 266 mil m² por semana. “Cada funcionário tem a meta diária de percorrer 2.000 m² em média”, explica.

Dário é joseense de nascimento. Sua mãe foi a primeira moradora do Bosque dos Eucaliptos, segundo ele. “Eu acompanhei de perto o cresci-mento da zona sul e foi muito grande”, diz. “Ain-da moro no mesmo bairro, que adoro”.

O rosto queimado de sol demonstra o quanto ele se esforça. Dário chegou à Urbam apenas com a 5ª série do Fundamental. Ele

aproveitou as oportunidades oferecidas pela urbanizadora para estudar. Ele não só concluiu o Ensino Médio como fez Senai. “Eu trabalhava até às 16h, depois seguia para a telesala estu-dar e ficava até às 21h”. Toda sua dedicação fica perceptível na sua forma apaixonada de contar sua história. Um homem inteligente e esclareci-do que soube agarrar as oportunidades. “Hoje tenho minha casa própria, um apartamento com três piscinas, que é o meu orgulho. Quem me vê varrendo pode pensar que sou um so-fredor por ter um trabalho árduo, mas sou feliz fazendo o que faço. Crio meu filho sem deixar faltar nada, com o salário que ganho, que é muito honrado e honesto”, orgulha-se.

Para Dário, São José é uma grande cidade do interior, com boa infraestrutura, áreas de lazer e escolas. “Tenho muito orgulho de morar aqui”.

Mas tem o que melhorar, segundo ele. “Faltam creches para as nossas crianças e pavimentação em alguns bairros, como no In-terlagos, por exemplo, o que dificulta muito o nosso trabalho”, pontua.

Um homem de ideias próprias, Dário suge-re ao poder público estadual instalar unidades do Bom Prato nos bairros que realmente pre-cisam. “Como no Campo dos Alemães e aqui perto do Pinheirinho”, sugere.

Segundo Dário, se ele tivesse o poder para mudar alguma coisa, implantaria a Rota Escolar. “No nosso dia a dia vemos muitas crianças se perdendo nas drogas, nas praças da cidade”, conta. “Porque elas não estão na escola e porque a escola não reclama suas ausências”, questiona. “Uma criança tirada das ruas hoje pode ser um médico amanhã”, completa.

Por trás da fama de cidade limpa

Viver em São José...

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Dário Oliverira Lima tem muito orgulho da sua profissão

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38 > + São José > julho de 2014

São José dos Campos faz questão de cultivar alguns hábitos típicos de uma cidade do interior. A tranquilidade é certamente uma delas. Basta sair para jantar fora depois das 23h e você vai ver como é difícil encontrar um lugar que ainda ofe-reça refeição. Se achar um restaurante aberto já está no lucro. Nem mesmo os bares resistem mui-to tempo abertos após a meia-noite. A vizinhança costuma se queixar. Maneirices de uma cidade que dorme cedo.

E justamente o sossego típico do interior é o que mais agrada a diarista Maria Cristina Albu-querque, 45 anos. “Gosto dessa tranquilidade”.

Cris, como é chamada, nasceu na mineira Pas-sa Quatro, e chegou a São José quando tinha ape-nas 8 anos, quando seu pai arrumou emprego na antiga Alpargatas.

Há 10 anos ela se dedica ao trabalho de diaris-ta. “Antes, eu trabalhava fixo em uma casa, mas financeiramente compensa mais trabalhar por dia. Além disso, é mais agradável cada dia ter uma rotina diferente”, explica.

Cris tem a oportunidade de conhecer muitas pessoas na sua atuação e essa também é uma das vantagens de seu trabalho. E o que costuma moti-var a diarista é o bom humor dos patrões. “Leva a gente pra cima, é muito bom”, diz.

A mesma calmaria que Cris aprendeu a gostar na cidade, ela também aprecia no seu local de tra-balho. Como a maioria dos patrões trabalha fora, ela fica sozinha para fazer a faxina. “Coloco uma música e faço meu trabalho sossegada, em uma paz incrível. Gosto muito do que faço, tenho liber-dade e tranquilidade, e isso não tem preço”.

Mesmo sendo tímida, Cris não se contém e conta a última novidade. Ela acaba de ser contem-plada no sorteio da casa própria. “Estou há nove anos esperando por esse dia. É uma alegria enor-me”, relata. O apartamento sorteado é da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e está localizado no Altos de Santana.

“Hoje moro com o meu filho de 15 anos em dois cômodos no Jardim Satélite, não vejo a hora de dar um quarto exclusivo para ele, que já é um mocinho”, conta.

Cris afirma que não tem o que se queixar de São José. Ela anda bastante de ônibus pelas ruas da cidade e diz não ter problemas com transpor-te. “Acho apenas que a saúde poderia melhorar, as pessoas são muito mal tratadas nos hospitais e pronto-socorros”, reclama. Mas, no momento, o que mais importa para a diarista é a casa nova.

O apreço pelo sossego do interior

Viver em São José...

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

O sossego típico do interior é o que mais agrada Maria Cristina Albuquerque

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Biblioteca Pública Cassiano Ricardo

Localizada no antigo prédio do Theatro São José foi edificada com características arquitetônicas ecléticas em 1909, em propriedade particular de Bertolino Leite Machado, pelos construtores Major de Finis e Graciano Fachini. Foi o primeiro edifício construído e direcionado ao lazer da sociedade joseense, funcionando também como cinema e local para bailes populares.

Nos anos 40, por não atender às condições básicas de higiene e com a probabilidade de propagação da tuberculose foi desapropriado. Abrigou a Prefeitura Municipal, a Câmara Municipal e, no final da década de 70, a modesta Biblioteca Pública.

Foi restaurado em 1996 conservando as características básicas e adaptando às necessidades de uma biblioteca. Atualmente o acervo possui mais de 80 mil volumes.

> Inauguração: 1909

> Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 8h15 às 17h; e aos sábados, das 8h15 às 13h

> Local: Rua Quinze de Novembro, 99 - Centro

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>Patrimônios

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Localizada em frente a Praça João Pessoa, Marco Zero da cidade, a igreja foi erguida em 1934 para substituir outras duas que ali existiram.

De acordo com dados históricos do município, a Igreja Matriz foi a primeira capela de São José dos Campos, construída na época que ainda existiam índios na cidade, por volta de 1643. Em 1831, houve uma forte chuva e esta capelinha desmoronou, restando apenas o altar. Foi reconstruída em taipa de pilão. Como a taipa não era muito resistente foi construída em 1934 uma nova igreja, feita de alvenaria, que é a Igreja Matriz atual.

Igreja Matriz São José

> Inauguração: 1934

> Local: Praça Cônego Miguel, 69 - Centro

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São 12 mil m² de edificações, dentro de uma área de 84.500 m². O sanatório Vicentina Aranha foi inaugurado no dia 27 de abril de 1924 e administrado pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. O projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, que traz em seu currículo obras como o Theatro Municipal e o Mercado Municipal de São Paulo, recebeu o nome de sua benemérita, que faleceu antes da inauguração.

Foi o primeiro sanatório de São José e um dos maiores da América Latina. O Vicentina Aranha encerrou as atividades como sanatório para o tratamento de doentes com tuberculose na década de 60. Os últimos pacientes deixaram as suas instalações em outubro de 1981, juntamente com outros internos idosos. O local hoje pertence a Prefeitura de São José dos Campos e é palco de exposições e outras manifestações culturais.

Vicentina Aranha

> Inauguração: 1924

> Projeto: Ramos de Azevedo

> Funcionamento: todos os dias de 5h às 22h

> Local: Rua Prudente Moraes, 302 - Vila Adyana

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>PatrimônioFotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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44 > + São José > julho de 2014

A primeira estação ferroviária de São José foi inaugurada em 1887, construída pela Companhia Ferroviária São Paulo- Rio de Janeiro, tornando-se em 1891 a Estrada de Ferro Central do Brasil, onde atualmente se localiza o Tênis Clube. Em 1925, devido ao acidente ocorrido na área conhecida como Lavapés, a Central do Brasil decidiu pela mudança do traçado da linha férrea, promovendo o deslocamento da estação ferroviária da região central para o bairro de Santana. A inauguração da Estação Ferroviária São José ocorreu no dia 19 de setembro de 1925. No local chegava o trem de passageiros com suprimentos e os doentes que buscavam a cura da tuberculose. Também foi nesta estação que a Tecelagem Parahyba recebia a matéria-prima e transportava os produtos acabados. Atualmente sob concessão da MRS Logística, apenas trens de carga passam pela estação.

Estação Ferroviária São José dos Campos

> Inauguração: 1925

> Local: Sebastião Gualberto, 203 - Santana

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1925foi quando a nova estação ferroviária foi inaugurada,

transferida de onde hoje fica

a Praça Manoel de Abreu

>PatrimôniosFoto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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A igreja, que data por volta de 1869, foi construída com quermesses e festas em louvor a São Benedito. Edificada em taipa de pilão, material feito de barro amassado e calcado, é a igreja mais antiga do centro de São José. Segundo conta a história, João Ribeiro que era devoto do “Santo Preto”, ao reformar um casarão, encontrou um panelão repleto de ouro e doou o necessário para finalizar a construção do templo religioso.

De 1933 a 1936, funcionou como matriz provisória, devido à demolição e reconstrução da nova matriz da cidade, no mesmo local.

Restaurada, a igreja abriga hoje o espaço cultural Helena Calil, sendo palco de exposições artísticas de todos os gêneros, além de acolher apresentações musicais de diversos gêneros.

Igreja de São Benedito

> Inauguração: por volta de 1869

> Local: Praça Padre José Rubéns Franco Bonafé, 50 - Alto da Ponte

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Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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46 > + São José > julho de 2014

á pensou em visitar uma feira de flo-res ou passear por um parque com

uma área de quase 1 milhão de m². Quem sabe mergulhar na história do folclore regional ou viajar pela evolu-ção aeroespacial do país. Talvez sentar

em um banco da praça para saborear um delicioso sorvete ou apenas apreciar um belo

pôr-do-sol. Todas estas opções estão aqui em São José dos Campos, uma cidade tradicionalmente co-nhecida pela indústria, que guarda um vasto roteiro turístico.

A +São José selecionou alguns pontos tradicio-nais, outros desconhecidos, com o intuito de apre-sentar para as quase 700 mil pessoas que vivem aqui os encantos deste município.

São José guarda muitos lugares incríveis para serem visitados. Você conhece todos eles?

Conheça o que a cidade tem de melhor

Por Andréa Moreira

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Turismo

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+ São José > julho de 2014 > 47

Inaugurado em 1996 o Parque Municipal Roberto Burle Marx, mais conhecido com Parque da Cidade ocupa uma área de 960.160,17m² que foi parte da antiga Fazenda da Tecelagem Parahyba. O local que abrigou a residência de Olivo Gomes, obra do renomado arquiteto Rino Levi, também possui outras obras arquitetônicas como o Galpão Gaivota e Usina de Leite.

O jardim que dá nome ao parque foi projetado por um dos mais renomados paisagistas do país. O local considerado um tesouro arquitetônico moderno, recebe visitas de paisagistas de todo o mundo.

Moradora de Jacareí, a aposentada Lídia Alves Abreu não deixa de visitar o parque quando vem a São José. “Este parque é maravilhoso. É um dos locais mais lindos que eu já vi”, conta.

Já para o estudante Vitor Martins o Parque da Cidade é ideal para a prática de esportes. “Adoro pedalar e não existe lugar mais perfeito do que aqui”.

Parque Roberto Burle Marx (Parque da Cidade)

Segunda a domingo, das 6h30 às 17h30Avenida Olivo Gomes, 100 - Santana

O Parque da Cidade também abriga o Museu do Folclore. No local funciona o Centro de Estudo da Cultura Popular, responsável pelo estudo, pesquisa e valorização da cultura popular, além da exposição permanente Patrimônio Imaterial: Folclore e Identidade Regional.

Museu do FolcloreTerça a sexta-feira, das 9h às 12h e 14h às 17h, sábados e domingos, das 14h às 17h.

Casa de Cultura Zé MiraLocalizada em frente ao Parque Burle Marx, a Casa de Cultura Zé Mira é ponto de encontro dos violeiros de São José. Quem for visitar o local, poderá apreciar apresentação musicais embasadas na típica viola do interior. A Casa também conta com várias iguarias típicas do Vale do Paraíba como bolinho caipira, arroz doce, quirerinha e doce de abóbora. A entrada é gratuita.

Encontros musicais nos segundos e quartos sábados de cada mêsAvenida Olivo Gomes, s/n, em frente ao Parque da Cidade

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Inaugurado em fevereiro de 2004, o MAB (Memorial Aeroespacial Brasileiro) tem como um dos objetivos preservar as conquistas do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia) e do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).

O acervo que conta com maquetes do foguete Sonda (a primeira linha fabricada no Brasil), uma réplica em tamanho natural do VLS (Veículo Lançador de Satélites), aviões e material bélico de uso das Forças Armadas, está distribuído nos ambientes: Ensino, Aeronáutica, Defesa, Espacial e Pesquisas Associadas.

No Ambiente Aeronáutica as pessoas podem conhecer as principais pesquisas do DCTA, como o

motor a álcool e o segundo protótipo do Bandeirante, primeiro avião desenvolvido e fabricado no Brasil.

O outro objetivo de criação do MAB é despertar nos jovens as vocações para a área da aeronáutica, já que o principal público do memorial são estudantes, como Danilo Saraval, de apenas 8 anos. “Achei tudo muito legal. Nunca tinha visto aviões tão de perto. Dá vontade de conhecer tudo sobre aviões.”

Instalado em uma área de 75 mil m², o MAB ainda possui uma área de preservação da fauna e a flora existentes no campus, além de uma exposição externa com aeronaves de fabricação nacional e réplicas dos foguetes do Programa Espacial Brasileiro.

MAB – Memorial Aeroespacial Brasileiro

> Funcionamento de terça a sexta-feira, das 9h às 17h (visitas agendadas).Sábado, domingo e feriados, das 9h às 17h (entrada livre)Avenida Brigadeiro Faria Lima, s/n Parque Martim Cererê

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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> A Feira das Flores, no Ceagesp, funciona todas as sextas-feiras, das 5h às 10h, na Via Dutra, km 138,5 - Eugênio de Melo

o distrito de Eugênio de Melo localizado na Zona Leste de São José concentra grandes indústrias como a General Motors, Ericsson e uma das unidades da Embraer. Com uma população de 83.665 habitantes, de acordo com o censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o distrito guarda tradições históricas e religiosas.

Uma das principais atrações e marca do distrito fica nas margens da antiga rodovia São Paulo/Rio de Janeiro. Com 27 metros de altura, o Jequitibá Rosa é a árvore mais antiga do Vale do Paraíba, com mais de 500 anos. Devido a importância, a árvore foi declarada imune ao corte, através de decreto municipal.

o distrito tem ainda a Feira de Flores que é aberta ao público todas as sextas-feiras, das 5h às 10h, no prédio do Ceagesp. o local

abriga milhares de espécies de flores, plantas medicinais, árvores frutíferas e ornamentais, entre outros. “Venho aqui toda sexta-feira, pois tem flores lindas e por um preço mais acessível. Sem falar que o lugar é lindo com esta imensidão de flores”, destaca a publisher Benny Lima.

Para o advogado Rodrigo Canineo, morador de Taubaté, a feira de flores é um dos lugares mais bonitos da região. “Adoro visitar a feira com a minha família. o local é incrível. Não dá para explicar, só vindo aqui para sentir”.

Eugênio de Melo

Rancho do TropeiroOutro ponto de

destaque do distrito é o Rancho do Tropeiro Ernesto Villela. “No passado, Eugênio de Melo era ponto de passagem dos tropeiros. Então a casa leva o nome de um grande personagem da história de São José, que teve forte ligação com as manifestações populares”, explica o agente cultural Gustavo Rodrigues Pinto.

Atualmente o espaço oferece cursos nas áreas de dança, música, teatro e artes plásticas. Além de apresentações musicais e exposições.

> Funcionamento de terça-feira a sábado, das 8h às 22hRua Ambrósio Molina, 184 – Eugênio de Melo

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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obelisco MMDC

Esta obra é uma homenagem aos

quatro jovens mortos durante

a revolução constitucionalista de 1932. Além do

joseense Euclides Bueno Miragaia, o obelisco busca

honrar as memórias de Martins, Dráusio e

Camargo.

Soldado com a Bandeira

A estátua é uma homenagem aos soldados de São José e Caçapava que foram lutar

na Segunda Guerra Mundial. A obra possui a

figura de uma cobra fumando cachimbo, pois

conta a história dos soldados joseenses

que afirmavam que não iriam para

guerra nem que a cobra fumasse. E

como eles tiveram que ir, o desenho

traz este marco irônico da cultura

local, quando a cobra fumou.

Considerado o principal cartão-postal da cidade, o Banhado é uma grande Área de Proteção Ambiental. o nome surgiu devido aos alagamentos da região em períodos de chuva antes da construção das represas de Santa Branca e Paraibuna.

“Sempre que posso venho até aqui caminhar. é maravilhoso ter uma academia a céu aberto com uma paisagem deslumbrante”, diz o auxiliar de produção, Wendel Silva. A paisagem também é o principal atrativo para o estudante Rafael Gama. “Acho fantástico esperar meu ônibus apreciando este visual. Quando tenho a oportunidade de ver o pôr-do-sol então, é incrível.” Quem for passear pela orla do Banhado também terá a oportunidade de conhecer dois monumentos:

Banhado

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> Inauguração: 1952

> Projeto: Rino Levi e Burle Marx

> Funcionamento: de segunda a domingo, das 6h30 às 17h30

> Local: Rua Olivo Gomes, 100 - Santana

Residência olivo GomesInserida no complexo do Parque da Cidade, a obra do arquiteto Rino Levi

foi finalizada em 1952. A casa concebida para grandes festividades possui uma separação entre a área social, própria para eventos, e a área íntima, voltada para a família. Idealizada com todos os preceitos da arquitetura moderna, a casa tem uma preocupação de integração com o entorno, que pode ser observada nas grandes janelas, criadas para apreciar a paisagem e o fato de ter sido projetada para a Serra da Mantiqueira. A residência é uma referência mundial em termos de arquitetura moderna, recebendo grupos de arquitetos e paisagistas de todo o mundo.

Projetado por Burle Marx, o jardim da residência de Olivo Gomes faz uma integração com a área da fazenda, sendo difícil distinguir onde acaba o jardim e começa a paisagem natural. “Um jardim normalmente é projetado para dentro, com muros em volta. Aqui é o contrário. O jardim vai diluindo e não se sabe mais onde se está,” destaca o arquiteto Robson Bernardo, da Fundação Cultural.

Integrando o complexo, ainda tem a usina de leite que também possui uma arquitetura modernista, com jardins de Burle Marx. Naquela época a fazenda já possuía processo de pasteurização, de captação de leite a vácuo e bebedouros automatizados para as vacas.

Um jardim normalmente é projetado para dentro,

com muros em volta. Aqui é o contrário. O

jardim vai diluindo e não se sabe mais onde se está

Robson Bernardo, arquiteto da FCCR

‘ ‘>Patrimônio

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Esporte

Basquete: paixão dos

A volta por cima do esporte que sempre esteve na história da cidade

Por Andréa Moreira

e o Brasil é o país do futebol, definiti-vamente São José dos Campos é a ci-dade do basquete. Com uma equipe que coleciona diversos títulos esta-duais e nacionais, o São José Baske-tball arrasta uma legião de fãs pelos

ginásios de todo o país. A paixão por este esporte, fez com que uma

cidade do interior, fundasse duas das maiores tor-cidas organizadas do país.

Uma delas, a Sexto Sentido surgiu em novem-

bro de 2010 através da união de 15 torcedores fa-náticos que acompanhavam o time em todos os jogos. “Sempre sentávamos no mesmo local. Com a amizade se estreitando, o público aumentando, resolvemos criar um nome e confeccionar algumas camisetas. De lá pra cá, a torcida foi aumentando e a necessidade de organização se fez necessária. Hoje, temos 163 torcedores cadastrados e mais de 400 simpatizantes”, revela o economista e presi-dente da torcida Juliano Rangel de Sousa.

A torcida que acompanha quase todos os jo-

joseenses

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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gos, possui um esquema para apoiar o time em todo o país, como revela o economista. “Temos um pessoal que passa o ano inteiro acumulando milhas para seguir o time. Por isso a torcida jose-ense é diferenciada e está sempre presente”.

Esta paixão já protagonizou histórias interes-santes, como uma viagem até a capital federal, em um percurso de mais de 2 mil quilômetros. “A se-mifinal do NBB (Novo Basquete Brasil) aconteceu em Brasília e enviamos um ônibus. Foi uma viagem de 40 horas, bate e volta, para duas horas de jogo. Na chegada da viagem, cerca de 50 pessoas esta-vam na porta do ginásio esperando o ônibus com os torcedores, que foram recebidos como heróis. Afinal, apesar da viagem cansativa, eles fizeram questão de apoiar o time”.

Quem também participou desta maratona fo-ram os integrantes da Torcida Organizada Pânico, que possui atualmente mais de 500 integrantes. “Viajamos para Brasília em dois ônibus. Onde pa-rávamos era uma festa. As pessoas queriam saber mais sobre nós, nossa cidade. Alguns até achavam que éramos uma torcida de futebol. E o melhor de tudo foi poder apoiar o time neste jogo crucial”, revela o advogado e presidente da torcida Rodolfo de Melo Gaia.

Porém, esta não foi a viagem mais longa desta torcida fundada em 2010. “Já fomos até Fortale-za (CE). Não medimos esforços para apoiar o São José Basketball”, afirma Gaia.

E este amor pelo clube é um dos principais mo-tivadores da equipe, como destaca o ex-jogador Jefferson Willian, que jogou por três temporadas no São José. “O apoio da torcida é extremamen-te importante para o time e para mim. É um gás a mais extra-quadra. Torcedores viajando para lu-gares distantes, enfrentando filas desde cedo. Foi realmente arrepiante ver tudo isso”.

Outro episódio marcante destas torcidas acon-teceu no dia 2 de maio de 2014, quando o time jo-gou com os portões fechados. Resultado de uma punição da Comissão Disciplinar do Superior Tri-bunal de Justiça Desportiva, devido a uma briga entre torcedores e os jogadores do Palmeiras nas oitavas de final dos playoffs do NBB. “No começo o jogo seria televisionado, então providenciamos um telão para assistir a partida do lado de fora do

A fiel torcida do basquete de São José faz questão de acompanhar o time por todo o Brasil Fo

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O jogador Fúlvio Chiantia, que integrou a equipe de São José por cinco anos e acaba de ser transferido, ainda se emociona quan-do relembra este episódio. “Digo que temos a melhor e mais apaixonada torcida do Brasil. Eles já demonstraram dezenas de loucuras, mas naquele jogo com os portões fechados, me emocionei muito. Foi lindo viver e sentir a devoção e a paixão de todos. Por essas e ou-tras é que não troco essa torcida por nada”.

Para o jogador André Stefanelli que de-fende o São José há quatro anos, a paixão da torcida aumenta a responsabilidade da equi-pe. “Já defendi o time de Franca, que tam-bém possui grande tradição. Mas a torcida de São José é diferente. Nunca vi tanta paixão por um time, por uma história. Isso é muito gratificante, mas ao mesmo tempo aumen-ta nossa responsabilidade. Pois uma torcida apaixonada sempre quer bons resultados”.

Para o presidente da torcida Sexto Sen-tido, Juliano de Sousa, a paixão do joseense pelo basquete foi lapidada. E hoje, com uma equipe entre as melhores do país, faz com que os torcedores se entreguem à modalidade e, acima de tudo, sintam orgulho do time. “Foi um trabalho de muitos anos que, gradativa-mente, foi recolocando o basquete joseense no cenário nacional e internacional. Nos anos 50 já tínhamos dois times fortes na cidade o CTA e o Tênis Clube. E nos anos 80 fomos bi-campeões paulista, brasileiro e vice sul ameri-cano. Ou seja, São José respira basquete”.

A torcida mais apaixonada

ginásio. Mas quando recebemos a notícia que o jogo não seria mais transmitido pela TV, iniciamos a campanha #vemprarua. Decidimos usar as ima-gens da câmera do time e mandá-las para o te-lão. Precisávamos de um cabo de vídeo de mais de 30 metros, telão, caixas de som e data show. O resultado foi impressionante! Muita gente querendo ajudar. No fim das contas, o então presidente da AESJ (Associação Esportiva São José), Sergio Monteiro, nos arrumou tudo. A festa estava armada para a classificação. Na hora do jogo a rua ficou lotada de torcedo-res, embalados pela imagem da única câme-ra dentro do ginásio e ao som da rádio. A festa ficou ainda mais emocionante quan-do ao final da partida, os jogadores vieram até o portão fechado festejar e vibrar com a torcida”, conta emocionado Juliano de Sousa, da Sexto Sentido.

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m campo retangular, uma bola oval e 15 jogadores de

cada lado. Essa é a base de um esporte pouco difundido no Brasil, mas que em São José é sinônimo de títulos. Originário

da Inglaterra, o rúgbi chegou a São José no início dos anos 1980 pe-

las “mãos” de muitos estrangeiros, como explica o professor João Malaia. “O São José Rugby sur-giu junto a alunos e professores do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) que contavam com um time de rúgbi para representar a faculdade. Guillermo Collins, um argentino que trabalhava no ITA, começou a chamar os amigos de seus dois fi-

+ Esporte

A supremacia do rúgbi

Não tem para ninguém, o time de São José é o principal do Brasil

Por Andréa Moreira

lhos, Jayme e Mathias, para completarem o time e os treinamentos. O número de praticantes de fora cresceu muito e em 1985 surgiu a ideia de se fa-zer um clube próprio, pois a maioria dos jogadores não tinha mais conexão alguma com o instituto”.

Malaia revela que não existe uma data ofi-cial de criação do São José Rugby. Por isso, eles consideram o primeiro treino realizado fora das dependências do CTA, como a data de fundação do time. “Segundo algumas pesquisas, a data se-ria 23 de fevereiro de 1985. Nesta época, o clu-be já contava com a colaboração de outros dois estrangeiros: o francês Dominique Contant e o argentino Daniel Sauchelli. Dominique trabalhava como gerente de um hotel da cidade e ajudava

da cidade

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O rúgbi já faz parte

da cultura esportiva da

cidade

com a parte estrutural dos primeiros anos do clu-be. Já Daniel havia jogado rúgbi muitos anos na Argentina. Um dia, ao correr pelo Jardim Espla-nada, viu uma turma de adolescentes e crianças treinando na Praça Cruzeiro do Sul e a partir dali começou a ajudar a montar um time e um clube de rúgbi. Em 2002 foi Ange Guimera, outro se-nhor francês, já falecido, que passou a auxiliar na parte estrutural do clube, ajudou a conseguir o Centro de Treinamento, que leva seu nome, no Campo dos Alemães.

Com a estrutura formada, o São José Rugby é considerado um dos principais times do país. So-mente na categoria adulto, são oito títulos brasi-leiros e dez títulos paulistas. Sendo que o último foi conquistado no último dia 9, aqui em São José.

Para conquistar tantos troféus, a equipe de São José conta com nada menos que o capitão da Seleção Brasileira, Fernando Portugal.

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Joseense de nascimento, Portugal estreou na equipe em 1996. Em 2005, foi morar na Europa e de-fendeu por dois anos o Segni da Itália. De volta ao Brasil, atuou no Bandeirantes de São Paulo, por cin-co anos e em 2013 retornou para a cidade e o time onde tudo começou. “Em poucos anos fui convoca-do para integrar a seleção juvenil, onde disputei um mundial no País de Gales e um sulamericano no Rio de Janeiro, ambos em 1999. Neste mesmo ano fui convocado para a seleção brasileira adulta de Ru-gby Sevens, onde disputei duas etapas do circuito mundial. Hoje tenho orgulho de ser o capitão da se-leção brasileira da modalidade que agora faz parte dos Jogos Olímpicos”, revela Portugal.

Segundo Malaia, o time de rúgbi de São José possui uma estrutura excelente, levando-se em conta o nível de desenvolvimento da modalidade no país. Afinal o clube possui o Centro de Treina-mento Ange Guimera, no Campo dos Alemães, com academia de musculação, fisioterapia e aten-dimento médico para os atletas de todas as cate-gorias. “Contamos com gestores, treinadores e até mesmo jogadores profissionais que se dedi-cam exclusivamente ao clube. Além disso, temos parceria do clube Thermas do Vale que nos cede o campo para treinamento de diversas categorias e a possibilidade de mandar nossos jogos em dois campos: no Teatrão ou na ADC Panasonic”. Po-rém, Malaia acredita que o clube precisa de uma sede própria e também fortalecer as receitas.

Por não ser um esporte tradicional no país, a equipe já enfrentou muitos problemas como expli-

No início era mais difícil, ninguém conhecia o esporte. Hoje, a realidade é outra. As perspectivas de crescimento

são muito melhores

Fernando Portugal, capitão do time

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ca o capitão do time. “No início era mais difícil. Além de termos que pagar todos os custos, éramos mar-ginalizados por praticar um esporte que ninguém conhecia e entendia. Convencer nossos pais era o primeiro desafio. Depois fazê-los nos patrocinar”.

Porém, atualmente o cenário é diferente. “Hoje já não é tão difícil. O esporte está cada vez mais conhecido e por consequência tem mais es-trutura. A realidade é outra, mas principalmente as perspectivas de crescimento são muito melho-res”, afirma Portugal, lembrando que São José tem a melhor estrutura de rúgbi do país. “A equi-pe é base da seleção brasileira, temos treinadores profissionais com excelente currículo internacio-nal e uma equipe de gestão especializada. Somos referência nacional da modalidade e ajudamos muito nesta mudança de cenário”.

O rúgbi chegou a São José

no início dos anos 80 e

acumula títulos estaduais e nacionais

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A história do time fez com que mais pessoas de São José conhecessem o rúgbi e formasse uma torcida fiel, que acompanha a equipe em vários jo-gos. “No início, a torcida era formada apenas pelos nossos familiares. Hoje temos o carinho da cidade inteira. Sentimos que reconhecem nosso trabalho e admiram o fato de sermos os maiores campeões do estado e do país dos últimos 12 anos. Carregar-mos o nome da cidade”, destaca Portugal.

Entre estes torcedores, o grande destaque é o ex-atleta da equipe Luis Sampaio, que defendeu o time por quatro anos. “Comecei no rúgbi em 1989. Joguei no Juvenil e no primeiro time adulto do São José. O rúgbi é minha paixão. Na minha opinião, é um esporte muito completo, pois o preparo físico anda junto com a estratégia e a parte psicológica”.

Sampaio, que já foi presidente do time por dois anos e hoje atua como conselheiro, conta com or-gulho a maneira de apoiar o time. “Ano passado o São José já havia perdido dois jogos no Brasileiro e teríamos pela frente um jogo duríssimo em São Paulo contra o Spac. Resolvi que teria que ir apoiar

o time de qualquer maneira. Afinal, outra derrota poderia significar ficar fora das semifinais. Fui para São Paulo com mais dois amigos, gritei e apoiei o time o jogo todo, o placar final foi de 9 a 8 para o São José. O mais gratificante foi a declaração de alguns jogadores que ouviam de dentro de campo eu gritando sozinho ‘Vai São José’, e como isso foi importante para eles”.

Apesar de nunca ter levantado uma taça pela equipe principal, Sampaio revela que realizou o sonho em 2013. “Integro o time de veteranos e fo-mos disputar o primeiro campeonato em Cruzeiro do Sul, no Spac. Nosso time foi campeão e conse-gui levantar a minha primeira taça como jogador”.

Atualmente o São José Rugby tem como prin-cipais patrocinadores: CCR Nova Dutra, Colégio e Curso Poliedro, Original Veículos (Grupo JSL), Me-dlink, Plani, Sanrad, Medvale, Imobiliária Kogake, Academia Runner e Aliança Francesa. Além do apoio de leis de incentivo fiscal da Prefeitura, do Governo do Estado de São Paulo, do CMDCA-SJC e do Governo Federal.

A torcida que já foi de familiares hoje é de joseenses

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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omo você pretende estar daqui a três décadas? Aposentado? Talvez. Casado, com filhos e quem sabe até netos. Provavel-mente. Com casa própria, carro na garagem e dinheiro

suficiente para viajar e curtir a vida? Seria o ideal.

Para desfrutar de um presente confortável e tranquilo é necessário planejar muito bem o fu-turo. Com a cidade é igual. Para proporcionar a qualidade de vida que o morador merece, com organização, limpeza e fluidez, é fundamental projetar agora a cidade do futuro.

A população de São José dos Campos, que já chegou a crescer 6,8% ao ano na década de 70, hoje cresce a uma taxa anual de 1,34%, de acordo com dados da Fundação Seade (Sistema Estadual

Planejamento Urbano

do futuroSão José

Como será a nossa cidade daqui a 30 anos?

Por Daniela Borges

de Análise de Dados). A densidade demográfica é de 572,95 habitantes por km². Ribeirão Preto que tem população semelhante -- 649.556 contra 673.255 de São José -- tem densidade de 928,92 habitante por km², quase o dobro daqui, e taxa de crescimento anual de 1,42%, segundo o IBGE.

Se hoje a cidade não se encontra em uma si-tuação de saturação demográfica, muito se deve ao planejamento realizado décadas atrás. “São José é uma cidade que traz na sua história do ur-banismo um processo de planejamento continuo desde os anos 40”, afirma a professora e doutora Dilene Zaparoli, coordenadora do curso de Arqui-tetura e Urbanismo da Unip (Universidade Paulis-ta), campus São José dos Campos. Segundo ela, o primeiro plano de planejamento urbanístico da cidade data de 1938. Depois dele, outros tantos vieram até se chegar ao atual. “Que data de 2006

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e deverá ser revisto em breve o que possibilitará a cidade desejada para o futuro”, adianta.

Se a taxa de crescimento da população se manter, a projeção é de que em 2030, São José tenha pouco mais de 730.000 habitantes. Logo, um planejamento urbano eficaz, segundo a espe-cialista, deve caminhar no sentido de criar uma cidade conectada com a região. “E que possa ofe-recer a seus habitantes qualidade ambiental, mo-bilidade urbana adequada, habitação, segurança, água, energia, lazer e cultura de forma continua e participativa”, reforça o professor Ivo Alexandre Sakamoto, que integra o corpo de docentes do curso de Arquitetura da Unip.

O equilíbrio entre esses fatores: moradia, emprego, mobilidade, serviços, educação, saúde, segurança, lazer e cultura, é exatamente o que a cidade precisa para gerar qualidade de vida.

A Lei de Zoneamento, sempre alvo de polê-mica, é uma das ferramentas para o crescimento ordenado do município. “Seu principal objetivo, além da organização territorial, é a geração de emprego e renda”, explica o engenheiro, Marco Aurélio Castanho Angeli, diretor de Planejamento Urbano de São José dos Campos.

Para o professor da Unip Paulo Eduardo Cos-ta, no aspecto territorial, a cidade tem um vetor de crescimento para a zona leste. “Por outro lado a grande questão não é por onde e sim como e de que forma crescer. Sendo assim, entendemos que a cidade deve ser compacta, ordenada e es-truturada”, afirma a professora Rosa Kasue Saito Sasaki.

Já para a historiadora Valéria Zanetti, pro-fessora do curso de História e do mestrado em Planejamento Urbano e Regional da Univap (Uni-versidade do Vale do Paraíba), é provável que São José cresça na direção de Jacareí e no senti-do noroeste da cidade. “Em virtude dos projetos de empreendedores imobiliários, bem como na região oeste, com implantação de novos condo-mínios”, observa.

De acordo com o diretor de Planejamento Urbano, não há como ampliar a área urbana da cidade. “Já estamos num processo de conurba-ção com os municípios de Jacareí e Caçapava, ao longo de eixo Rio-SP”, explica. Segundo ele, ao norte, há uma maior extensão territorial, porém com restrições topográficas e ambientais para a ocupação urbana. “Por isso, temos que acertar a

572habitantes por km² possui São José

A região sudeste possui disponibilidade de áreas para crescimento

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+ São José > julho de 2014 > 71

São José é uma cidade que possui alto custo da terra e

a verticalização é, certamente, uma forma de minimizar

esses custos

Marco Aurélio Castanho Angeli, diretor de Planejamento Urbano

‘ ‘organização sócio-espacial da área urbana exis-tente, buscando uma cidade mais justa, ambien-talmente adequada e bela”, afirma.

Para Angeli, a maior disponibilidade de áreas está localizada nas zonas leste e sudeste. “Po-rém, trabalhamos com a ideia de uma cidade mais compacta, com zonas que permitam maior diver-sidade de uso, incentivando novas centralidades para evitar grandes deslocamentos e minimizar custos administrativos”, afirma.

Edifícios.Segundo a Secretaria de Planejamento Ur-

bano, a verticalização é uma das soluções para a otimização dos espaços urbanos. “Temos uma cidade que possui alto custo da terra e a vertica-lização é uma forma de minimizar esses custos”, afirma o diretor Marco Aurélio Angeli. Para ele, é importante que a verticalização considere os edi-fícios mistos, que abriguem habitação, comércio e serviços, o que pode permitir que a população tenha possibilidade de morar e trabalhar sem grandes deslocamentos. “Temos que ter cuidado em não adensar um determinado local além da in-fraestrutura que suporte esse adensamento”, ex-plica. “Com isso, a verticalização pode deixar de ser o grande vilão, desde que seja aplicada com os parâmetros de ocupação adequados às zonas de uso onde é permitido”, completa.

Segundo o diretor, a Lei de Zoneamento não só garante o controle dos conflitos urbanos como tam-bém garante a qualidade de vida da população.

Meta.O professor Walter Brant Zaroni de Paiva, do

curso de arquitetura da Unip, concorda que a cida-de ideal é aquela que proporciona condições para que a maioria de seus habitantes more próximo ao trabalho, evitando grandes deslocamentos que ‘amarram’ a fluidez e comprometem a qualidade de vida. “O melhor para o planejamento é ter uma cidade compacta com usos mistos onde as pesso-as possam exercer suas atividades próximas aos locais de moradia”, afirma. Para ele, cidades den-sas são motores econômicos mais eficientes, pois elas são as mais ambientalmente sustentáveis e mais propensas a incentivar estilos de vida saudá-veis para a população.

730mil habitantes São José deverá atingir em 2030

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72 > + São José > julho de 2014

A equipe de professores da Unip é unânime em afirmar que para se chegar à cidade ideal no futuro é preciso que o poder público abandone políticas independentes e isoladas para que haja pleno desenvolvimento da região. “Caso contrá-rio, a pulverização dos controles políticos, se-guindo interesses menores, sem qualquer visão de conjunto, poderá trazer maiores problemas intra-urbanos para cada município, além de um problema maior que é a falta de desenvolvimen-to regional pleno”, diz a professora da Unip, Fa-biana Felix do Amaral e Silva. Para a equipe de mestres da Unip, a ausência de planos regionais, com diretrizes e políticas públicas que contem-plem aspectos de integração da nossa região, pode comprometer o exercício de projeção.

Trânsito. Quando perguntamos às pessoas nas ruas qual é o principal problema de São José, a primeira questão que vem à mente é o trânsi-to. Não é para menos, fomos acostumados a não gastar mais de 10 minutos para fazer desloca-mentos na cidade. Hoje, a realidade é diferente.

Para Eduardo Biavati, mestre em sociologia, escritor e especialista em educação e segurança no trânsito, os congestionamentos são apenas um sintoma de outro problema: a mobilidade urbana. “Não há solução individual para a mobi-

lidade justa e equânime na cidade, apenas solu-ções coletivas”, ressalta. Segundo ele, São José dos Campos terá que se tornar uma cidade para as pessoas e isso não se faz sem um sistema de transporte público eficiente e sem a promoção da formas ativas de transporte: o caminhar e o pedalar.

Segundo o Secretário de Transportes, Wag-ner Balieiro, São José priorizou no passado pro-jetos voltados a um único modelo de transporte. “Esse modelo mostrou-se incapaz de atender as demandas atuais e precisa ser revisado”, ressalta o secretário.

A ausência de planos regionais,com diretrizes e políticas públicas

que contemplem aspectos de integração da nossa região, pode comprometer o exercício

de projeção para o futuro

Professores e mestres do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unip

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+ São José > julho de 2014 > 73

1 Região do Parque Tecnológico, na zona leste, é considerada vetor de crescimento

2 Entorno da Vista Verde, na zona leste, mostra algumas áreas verdes

74,9%foi o quanto aumentou a frota de veículos em 10 anos

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Ações para a melhoria do trânsito

u Implantação do BRT (Bus Rapid Transit) ou Transporte Rápido por Ônibus

u Plano Cicloviário

u Obras viárias da via Banhado, via Cambuí e via Aeroporto/Tamoios Fonte: Secretaria de Transportes

O que deve ser considerado no planejamento viário

u A Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável da Constituição Federal

u Integração entre os diferentes modos de transporte

u Melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do município e da região

u Viabilizar transporte público de massa

u Rediscutir a política de mobilidade rodoviarista

u Valorizar os espaços destinados aos pedestres e ciclovias

u Criar uma cultura de mobilidade com alternativas de transporte, porque mobilidade urbana não é só deslocamento, também é permanênciaFonte: Professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unip, em São José dos Campos

Em 10 anos a população cresceu 11,2% e a fro-ta de veículos aumentou 74,9%. “A solução para a mobilidade não pode ficar presa ao automóvel. É preciso investir em alternativas ao carro, no transporte que leve mais pessoas e seja susten-tável, como é o caso do transporte coletivo e de ciclovias”, reforça Balieiro.

Apesar da boa malha viária, o secretário en-fatiza que o único caminho para evitar as com-plicações do trânsito no futuro é investir nesses modelos de transporte. “O grande desafio é unir o novo conceito de mobilidade à mudança de há-bito da população e envolver o poder público no sentido de trabalhar a prioridade dos seus inves-timentos”, afirma.

O especialista Eduardo Biavati vai além. Para ele, um bom planejamento de mobilidade deve incluir a proteção e a saúde dos mais vulneráveis. “E não conheço cidade no mundo que projetou seu futuro ignorando as calçadas e a promoção do uso da bicicleta”, afirma. “Não basta, por-tanto, projetar sistemas de transporte coletivo, corredores, BRTs (transporte rápido por ônibus), imaginando que depois, um dia, faremos calça-das. Esse erro nós cometemos mil vezes na histó-ria recente do Brasil”, completa.

O ideal, segundo Biavati, é que daqui 30 anos São José tenha se tornado uma cidade completa-mente conectada por ciclovias, com amplas cal-çadas e um sistema de transporte público eficien-te, pontual e confortável. “Essa não é uma opção, ao contrário é uma necessidade: nos próximos 30 anos a cidade terá muito mais idosos requerendo um ambiente urbano muito mais protetivo e hu-manizado”, conclui.

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Região do Urbanova, zona oeste, que também é considerado por estudiosos como possível área de crescimento da cidade

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Economia

comércioAo lado dos prestadores de serviço, setor vira ‘locomotiva’ da economia

A força que vem do

Por Daniela Borges

ão José dos Campos não é uma cida-de como as outras. Quem vive aqui sabe bem.

Durante muito tempo, seu passa-do ficou escondido, por vergonha de ter o nome atrelado a uma doença

como a tuberculose. Demoliu o que a fazia lembrar daquela época sombria e murou seu maior símbolo: o Vicentina Aranha.

No entanto, se hoje São José destoa-se das de-mais cidades do Vale, com suas ruas largas como as de uma metrópole, muito se deve à sua fase sa-natorial, base da economia local por muitos anos. Quando entrou em declínio, com o advento das potentes drogas que permitiam o tratamento do-miciliar, deixou para sempre um legado.

Estruturada e concebida para receber bem aos doentes e evitar a proliferação das ações nefastas da doença, sem querer, a cidade abriu as portas para as grandes indústrias que enxergaram aqui condições ideais para criar um pujante pólo industrial.

Com a chegada da GM e do CTA tudo mudou na vida da cidade, dando início à fase industrial que elevou São José a outro patamar. A partir daí, a ci-dade passou a receber aos forasteiros não mais em busca de tratamento, mas em busca de emprego.

Quem não conhece uma família mineira que

chegou aqui para trabalhar em indústrias como a Alpargatas? Muitas gerações de joseenses se cria-ram no chão de fábrica.

Durante mais de 50 anos a economia de São José girou em torno das indústrias que ainda hoje ocupam relevante papel na estrutura do municí-pio, mas, com as armadilhas do Custo Brasil e um ‘sócio’ gastão como o Governo, o protagonismo industrial foi pouco a pouco perdendo força e hoje sobrevive a duras penas.

“Na década de 90, quando várias indústrias passaram por dificuldades e houve demissões em massa, as lideranças empresariais de São José dos Campos batalharam muito para começar a mudar o perfil da cidade, para que não mais dependesse economicamente somente da indústria”, lembra José Maria de Faria, presidente do Sindicato do Comércio Varejista.

São José dos Campos não tem vocação para perder e sua história de superação mostra bem isso. O mesmo setor que um dia sobreviveu gra-ças a chegada dos doentes e seus familiares, hoje divide a liderança da economia e dita os rumos do seu desenvolvimento. Juntos, comércio e serviço, impulsionam São José dos Campos para o futuro.

“O setor comercial é fundamental para a eco-nomia da cidade, uma vez que representa mais de

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Hoje, fazer comércio, principalmente em uma cidade

do porte da nossa, não é para amadores do ramo. É

preciso muito conhecimento, muita informação, um bom capital

inicial e, o mais importante, ousadia e espírito inovador

e empreendedor,

José Maria de Fariapresidente do SinComércio

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um terço dos estabelecimentos e pouco me-nos de um quinto dos empregos formais do município. É preciso, também, incluir nessa conta os MEI (Microempreendedores Indi-viduais), cujo número tem aumentado cons-tantemente em São José”, aponta Sebastião Gilberti Maia Cavali, secretário de Desenvol-vimento Econômico e de Ciência e Tecnolo-gia de São José dos Campos.

De fato, a participação dos setores na composição do PIB (Produto Interno Bruto) do município demonstra a força do comércio e do serviço. De acordo com dados da Funda-ção Seade, em 1991, a indústria representava 53,03% da participação no valor adicionado e os serviços 46,92%. Em 2011, a indústria redu-ziu sua participação para 48,31% enquanto os serviços pularam para 51,54%. De acordo com o IBGE, a indústria participa com R$ 10, 3 bi-lhões e o setor de serviços com R$ 11 bilhões.

Quando o assunto é geração de empre-go, não tem para ninguém. Em 1991, 46.917 pessoas trabalham nas indústrias da cidade, segundo dados da Fundação Seade. No mes-mo ano, 12.345 atuavam no comércio e 33.123 estavam empregados formalmente no setor de serviços.

“As vagas no comércio/serviços são pra-

ticamente o triplo das vagas na indústria. O comércio sempre foi a porta de entrada do profissional no mercado de trabalho, até por exigir, em algumas funções, menos especia-lização do que os técnicos de indústria”, ex-plica Faria.

Após 21 anos, em 2012, última contagem realizada pela Fundação Seade, esse cenário era outro. O número de trabalhadores na indústria caiu para 45.537, enquanto no co-mércio cresceu para 40.655 e disparou no de serviços, para 109.201 empregados. Um cres-cimento de mais de 320% em 20 anos.

“A partir de 2011 tem ocorrido um volu-me maior de desemprego na região, princi-palmente nas montadoras de automóveis e produção de aviões, esse fato de aceleração no comércio e serviço vem crescendo como uma alternativa para recuperação do poder de compra”, explica o economista Roque Mendes, professor e coordenador do Depar-tamento de Pós-Graduação da Univap (Uni-versidade do Vale do Paraíba).

“Há uns 25 anos, quando a cidade mer-gulhou em uma grande crise econômica, pro-vocada, principalmente, pelas demissões da indústria, muitos profissionais encontraram no comércio uma forma de garantir a renda

51%é quanto representa a participação do setor de serviços na economia joseense

O Mercado Municipal foi um

dos primeiros estabelecimentos

comercias da cidade

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e manter suas famílias”, cita José Maria de Faria.Para Felipe Cury, presidente da ACI (Associação

Comercial e Industrial), o fato do comércio superar o setor industrial acontece porque as indústrias sofrem mais com questões burocráticas, como a carga tributária. “Atualmente, o Brasil é muito mais importador do que exportador, então é mais difícil encontrar produtos nacionais, pois a facilidade de produtos internacionais é muito maior. A indústria sofre com isso, mas o comércio não”.

Perfil. O empreendedorismo está no sangue do joseense. Muitas pessoas que perderam seu emprego no setor industrial, acabaram investindo suas economias na abertura de um comércio ou serviço na cidade. “Se o setor industrial não vai bem, ocorre desemprego e as pessoas, utilizam dos valores recebidos e abrem um comécio ou então usam da sua experiência e passam a prestar serviços”, corrobora o economista Roque Men-des. Para ele, existe uma grande relação entre o setor industrial e o comercial. “O comércio é o setor que acolhe a mão-de-obra que sai da indús-tria, às vezes em um momento de crise, de demis-sões numerosas”, afirma José Maria de Faria. Com equilíbrio, um mantém o outro. “Por outro lado,

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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O Calçadão é a mais

tradicional rua comercial de

São José

se com o desemprego há uma redução no consu-mo, isso afeta o comércio pela falta de poder de compra dos consumidores”. Para Mendes, apesar da refração industrial, a economia joseense, tem se mantido. “Se considerarmos a situação contro-lada que ocorre na economia regional, podemos prever um futuro promissor para São José, princi-palmente pela sua diversidade nos setores, indus-trial, comercial e de serviços”, afirma.

Para Faria, São José hoje não depende mais só da indústria. “Embora ela ainda seja importan-tíssima, até por conta do nosso perfil tecnológico e dos profissionais especializados que formamos nessa área”, comenta.

Melhorias.Já houve um tempo em que os moradores de

São José preferiam fazer suas compras em São Paulo. “Esse antigo hábito está acabado. Hoje, as compras são feitas aqui e vamos nos transformando numa macrorregião comercial, atendendo a todo o Vale do Paraíba, Litoral, Serra da Mantiqueira e até cidades de outros estados”, afirma Felipe Cury.

“Qual cidade de 700 mil habitantes tem qua-tro shoppings, por exemplo? Com a área de ser-viços acontece a mesma coisa. Temos estrutura para atender a mais de dois milhões de habitan-tes”, diz Faria.

Mesmo com todo o potencial, ainda há áreas no setor comercial que mostram carência. Para Felipe Cury, quando a cidade se candidatou a ser subsede na Copa do Mundo, notou-se a insuficiên-cia da rede hoteleira.

E, para dar um upgrade no comércio da cidade, Cury aposta no projeto de revitalização do centro. “O poder público municipal e o Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento) es-tão empenhados. A iniciativa privada tem que acompanhar isso. É necessário que todo o comér-cio central desenvolva propostas de melhoria de

fachada e todo o visual com melhor trânsito no interior das lojas”, afirma. Neste sentido, a ACI está oferecendo aos comerciantes um projeto inicial de arquitetura de fachada gratuitamente.

Para o secretario de Desenvolvimento Eco-nômico, Sebastião Cavali, os comerciantes são um dos pilares de sustentação da economia da cidade. “Por isso, desenvolvemos ferramentas de apoio como a Sala do Empreendedor, que orien-ta os interessados em abrir negócios e viabiliza o registro da empresa junto ao município”, aponta. A Sala atende, em média, 60 pedidos por dia para análise de viabilidade de negócios. “Podemos citar, ainda, o programa Galeria do Empreendedor, que visa desenvolver economicamente as regiões mais distantes do centro e qualificar empreendedores locais para geração de emprego e renda através da criação de minishoppings”. Três já foram criados: Putim, Campo dos Alemães e Jardim Mariana 2.

Futuro.Justamente a diversidade de oportunidades

que faz de São José uma cidade próspera. “E novas frentes de trabalho e de serviços deverão ocorrer nos próximos anos”, prevê o economista. Segundo ele, o comércio não precisa se preocupar pois não há previsão de saturação a curto e médio prazos. “A produção tende a ser impulsionada e há consumidores para tudo isso”, afirma Mendes.

Para Felipe Cury, o comércio tradicional preci-sa inovar. “As vendas online precisam entrar nos comércios, esta é a visão do futuro”.

Segundo Mendes, o setor do comércio está bastante consolidado. As recentes expansões dos shoppings movimentaram o setor, geraram mais emprego e renda. “Mas dependemos do desempenho da economia do Brasil para crescer. Este ano, com Copa do Mundo e eleições, não é hora de investimentos novos. Temos que esperar para ver”, recomenda o economista.

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Em uma tradicional esquina do centro de São José, praticamente em frente ao Marco Zero, uma loja resiste ao tempo, às modernidades e à concorrência. Com o passar dos anos quase tudo mudou no comércio mais antigo da cidade, menos o prédio, que continua exatamente o mesmo de quando foi erguido em 1913.

Expansão dos shoppings

Vale Sul ShoppingÁrea construída: 119 mil m²Total de lojas: 250 Expansão do Vale sul Shopping 3ª fase – 2012Área total: 18 mil m²Lojas: 57 novas lojasNovos projetos: em análiseLojas inauguradas:Donnas, Sofisticatto, Romero Britto, Copenhaguen, Fast Shop, Samsung, café Donuts, Posto da Polícia Federal, Elena GalzeronA serem inauguradas:Starbucks, Riachuelo, Scaranza.

Shopping CentroInvestimento: R$ 4 milhõeso que mudou: revitalização do prédio com materiais nobres, fachadas ganharam nova projeção, cobertura e deck externo, praça de alimentação, mais duas escadas rolantes (Small Center), novos banheiros na praça de alimentação Novas lojas: Mc Donalds, Bob’s, Subway, Chiquinho Sorvetes, Tuttys Batatas, Chic Toys Projeto futuros: finalização da fachada, ampliação de espaços para mais operações, revitalização de pisos e banheiros, colocação de gesso, teto de vidro junto com uma nova iluminação bem mais econômicaValor estimado: R$ 2 milhões

Colinas ShoppingPrimeira fase concluída: ampliação e revitalização dos pisos térreo e superiorMudanças: automação do estacionamento, projeto de iluminação, reforma dos banheiros, ampliação dos corredores e a implantação da nova ala no piso superior e uma segunda Praça de Alimentação e 26 lojas já em operaçãoEtapa atual: Complexo MultiusoInvestimento: R$ 400 milhõesAções: expansão do centro de compras, entrega de um hotel padrão internacional com 126 apartamentos e a inauguração do “Colinas Green Tower”, uma torre comercial de 25 andaresFinal do projeto: 2016Como ficará: o mall vai passar de 25 mil m² para 49 mil m² e contará com 306 lojas, sendo 20 âncoras/mega lojas, 7 restaurantes e 279 lojas satélites, e 3050 vagas de estacionamento

Estabelecimentos comerciais

2004 > 22.200 estabelecimentos2014 > 30.510 estabelecimentos

Fonte: ACI

Ao entrar na loja, o passado se impõe, como em uma viagem no tempo. Por dentro, o piso de ladrilho hidráulico não deixa dúvida, naquela época as construções eram feitas para durar. A estrutura de madeira sobrevive, os móveis e maquinários, como caixa registradora, calculadora e até mesmo o cofre, ajudam

Tradição que resiste ao tempo

a contar a história do lugar.A Casa Confiança foi fundada em

1927 pelo casal Rosa e Nicolau Letaif e, cinco anos após sua abertura, aceitou na sociedade o tio Amin Chaker Elhage.

Naquela época, a rua Siqueira Campos concentrava os principais comércios de São José, como o Mercado Municipal, e a loja ali instalada ganhou fama de vender de tudo. “O pessoal costumava falar: precisa de alguma coisa, vai na Casa Confiança que tem”, se recorda dona Aida Chalatih Elhage, esposa do filho mais novo de Amin, José Chacker, falecido há seis anos, que sempre esteve à frente dos

CenterValeProjeto de expansão: entregue em outubro de 2012Investimento: R$ 100 milhõesAmpliação: 60 novas lojas, 70% delas inauguradas em outubro. 300 novas vagas de estacionamento. Lojas: Zara, Coca-Cola Clothing, Clube Melissa, Lacoste, Schutz, Scene, My Store, Academia Smart Fit e Carmen Steffens Maison, Starbucks, Samsung e outras.Resultados: gerou mais de 1800 empregos, sendo 600 diretos e 1.200 indiretos com a expansão

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São José mantém a sua vocação de atrair investimentos. o mais recente comércio a se instalar na cidade faz parte de uma rede de lojas que busca atingir 100 filiais até o fim de 2015. Em maio, a Havan abriu em solos joseenses sua 67ª loja no Brasil e, em pouco mais de dois meses, cerca de 500 mil pessoas já passaram por seus 14 mil m² de área construída. “o movimento superou as expectativas. o público de São José dos Campos recebeu a Havan de braços e de coração abertos”, conta o diretor-presidente da empresa, Luciano Hang.Segundo o empresário, a cidade entrou no radar da Havan porque apresenta todas as características requeridas pela rede em seu plano de expansão, que prevê 100 lojas em operação até o fim de 2015. “São José dos Campos é polo regional e tem grande potencial populacional, econômico e social”, comenta. E antes de pensar em escolher uma região, a rede encomenda pesquisas de potencialidade e São José preencheu os requisitos. Foram investidos R$ 45 milhões na construção da loja e 200 novos empregos foram gerados no município. A expectativa da rede é estar cada vez mais perto de seus clientes, encurtando distâncias para aumentar a qualidade de vida. . “As pessoas não querem mais perder tempo e se estressar no trânsito, se deslocando a outras cidades para fazer compras”, conclui o diretor-presidente da rede, Luciano Hang.A loja se diferencia por oferecer diversos tipos de produtos, dos mais variados segmentos, em um único lugar. Comodidade que reflete nas vendas.

negócios, e trabalhou na loja desde os 12 anos.O comércio vendia realmente de tudo. Artigos

de cama, mesa e banho, roupas, sapatos, cortinas, carpetes, uniformes, mas o carro-chefe mesmo era o tecido. “Naquele tempo, as pessoas mandavam fazer suas roupas, vendíamos muitas rendas, organdi, seda natural, linhos, casemiras, cambraia”, conta dona Aida. Dava para comprar de tudo em um lugar só.

A caderneta era usual nas décadas de 20 e 30. Depois evoluiu para o fichário. Atrás do balcão, o armário onde ficavam as fichas é prova material dos fatos e não deixa a história cair no esquecimento. “A cidade era pequena e nós conhecíamos quase todo mundo pelo nome”, relembra dona Aida. “Os clientes pagavam com o que tinham e nós vendíamos porque havia uma relação de confiança”, afirma a comerciante que vai completar 75 anos. “Sinto falta do movimento, chegamos a ter 20 funcionários e virávamos a noite de Natal trabalhando. Naquele tempo era bom demais”.

Para sobreviver frente à concorrência, a Casa Confiança precisou realinhar sua atuação e, desde a década de 80, se especializou em artigos para balé, natação e roupas esportivas. “Tivemos que nos adaptar bastante para continuar no ramo”, diz Ricardo Chalatih Elhage, filho de dona Aida que a ajuda na loja.

Segundo ele, o plano é continuar no negócio até quando for possível. “Fomos a primeira loja a trazer artigos específicos de balé para a cidade e vamos insistir sempre nos nossos diferenciais que são bons preços e atendimento de qualidade”, conclui Ricardo.

E assim, a família Casa Confiança, formada por dona Aida, seus filhos Eduardo, Marcelo e Ricardo, além das fieis funcionárias Benedita Fátima Felipe e Marinete Cabral Branqui, com 29 e 41 anos de loja respectivamente, mantém viva parte da história de São José, que faz do nome do estabelecimento um lema de vida.

Na mira dos gigantesFo

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Culinária

São JoséPratos que são a marca registrada da cidade

Os sabores de

Por Daniela Borges

audade do bolo de fubá, da macarro-nada da mamãe, do doce de abóbora ou do bolinho de chuva. Lembranças que podem ser despertadas pelo sa-bor e o aroma dos pratos que reme-tem à infância. A culinária também é

uma forma de expressão cultural que identifica um povo. Não é diferente com São

José dos Campos, que hoje celebra seus 247 anos. “Por meio da alimentação é possível visualizar

e sentir tradições que não são ditas”, confirma Va-léria Regina Zanetti, professora do curso de Histó-ria da Univap. Segundo ela, a alimentação é tam-bém memória, opera fortemente no imaginário de cada pessoa, e está associada aos sentidos. “E se torna referência do lugar em virtude das caracte-rísticas geográficas e a escolha do grupo”, resume.

O jeito de fazer o prato é considerado bem cul-tural de natureza imaterial. Diz respeito às práticas e domínios de grupos que se manifestam em sa-beres, no modo de fazer. “O bolinho caipira é uma referência da culinária joseense”, cita.

Receitas que resistem ao tempo, passam de geração a geração e eternizam sentimentos e lem-branças, como o próprio bolinho caipira da festa ju-nina da igreja São Dimas. Disputado, ele se tornou um símbolo ao integrar passado e presente.

O comércio também contribui com pratos que entram para a história da cidade. Como o famoso pintado na brasa do restaurante Villa Velha, um dos mais tradicionais da cidade. Muitos já tenta-ram copiar sua receita, mas ninguém consegue traduzir o sabor exclusivo da iguaria.

No Festival do Morango, realizado todos os anos pela Torteria Haguanaboka, o merengue de morango é o mais aguardado e impera soberano nos pedidos dos clientes.

Mas se o assunto for petiscos, não tem para ninguém. O Bar do Coronel é sinônimo de happy hour, com delícias de tirar qualquer um da dieta. Todos são um tremendo sucesso, mas o pastel de carne seca é de comer rezando.

Confira a seguir as receitas e histórias dessas delícias imperdíveis!

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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É verdade, outras cidades do Vale do Paraíba também possuem sua receita de bolinho caipira. No entanto, aquele preparado pela professora aposentada Mércia Reis de Faria Machado, duran-te as festividades juninas da igreja São Dimas, são disputadíssimos. A fila para adquirir a delícia à base de farinha de milho e carne moída não acaba nun-ca. São 32 anos de sucesso à frente da barraca de bolinho caipira que chega a vender 5.000 unidades por dia.

A receita de mais de 100 anos foi difundida pe-los tropeiros, que antes a preparavam com farinha branca e lambari, e hoje o modo de fazer faz toda a diferença no sabor. “Antes era conhecido como bolinho da Zoraide e fazia o maior sucesso no Mer-cado Municipal, minha mãe aprendeu a receita quando ajudava na festa junina do asilo Santo An-tônio”, relembra dona Mércia, 67 anos, que aqui nasceu, casou-se e criou seus cinco filhos.

De acordo com ela, o segredo do seu bolinho está na preservação das raízes e da originalidade do prato. “Não uso conservantes e nem caldo de car-ne, é tudo natural e fresco”, revela. A qualidade dos produtos também influencia. “A boa procedência da carne e da farinha são fundamentais”, diz. A dica é sempre utilizar farinha de milho com amido.

Outro truque é ser generoso na quantidade de recheio. A água para dar liga tem que ser fria para evitar que o bolinho estoure.

Quituteira de mão cheia, dona Mércia conta que aprendeu a cozinhar para agradar ao marido. “Sem-pre fui princesa, meu pai era dono de padaria e sem-pre tivemos empregada, eu não sabia cozinhar até conhecer meu noivo”, diverte-se. Hoje não existe prato que ela não saiba fazer e reciclar alimentos vi-rou uma de suas especialidades. Apesar da artrose no joelho que dificulta o andar, dona Mércia conti-nua levando seu famoso bolinho às famílias de São José, com muita alegria e uma disposição invejável. “O objetivo de tudo que faço é dar testemunho da minha fé e amor em Deus”, emociona-se.

Bolinho caipira:tradição que vem dos tropeiros

Bolinho Caipira da Dona Mércia

çMassa

500 gramas de farinha de milho amarela1 colher de sopa de farinha de mandioca1 colher de chá de sal1 colher de sopa de óleoÁgua para dar liga

çRecheio

400 gramas de carne moída (acém)Metade de uma cebola1 dente de alhoCheiro verde picado a gostoSal a gostoSuco de limão cravo

çPreparo

Misture em uma tigela grande a farinha de milho com a de mandioca e o sal. Coloque água aos poucos até ficar no ponto de massa de modelar. Por fim, acrescente o óleo para dar maciez e deixar a massa homogênea. Para o recheio, bata os temperos com o suco do limão no liquidificador e acrescente na carne moída. Misture bem. Peque um tanto de massa que caiba na palma da mão, abra com o dedo e acrescente o recheio no meio. Feche com cuidado e frite em óleo quente em quantidade suficiente para cobrir os bo-linhos. Rende entre 30 e 40 bolinhos em média.

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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O tempo de vida de um restaurante pode dar pistas valiosas a respeito da qualidade de seus pra-tos. O restaurante Villa Velha, na região central, celebra a proeza de se manter na ativa há quase 50 anos. E um dos pratos responsáveis por garantir vida longa ao lugar é o consagrado pintado na bra-sa. Saboroso, o peixe é servido no espeto, em pos-tas assadas na brasa, acompanhado de guarnição.

São comprados cerca de 700 kg do peixe por semana, que chegam de regiões como Amazônia e Mato Grosso, segundo Antonio Ferreira Junior, filho de um dos proprietários do restaurante.

O atual guardião da receita é piauiense Flávio Saraiva da Silva, 42 anos, que escolheu São José para viver há 23 anos. No Villa Velha o churrasquei-ro trabalha há 13 anos. “Muitos lugares tentam copiar a receita, mas nenhum consegue deixar o peixe douradinho e crocante por fora, macio e mo-lhado por dentro”, orgulha-se. O ‘pulo do gato’ ele não revela, mas confirma que o segredo está no tempero.

Pintado na brasa:segredo guardado a sete chavesPintado na Brasa

do Villa Velha

çPintado na Brasa

1 quilo de pintado cortado em postas1 limão (suco)2 colheres de sopa de óleo3 dentes de alhoSal a gostoColorau ou colorífico a gosto

çPreparo

Bata todos os temperos no liquidificador, com o óleo e o suco do limão. Em uma tigela, mergulhe as postas do peixe no molho e deixe descansar na geladeira de um dia para o outro. No dia seguinte, coloque para assar na churrasqueira por até 15 minutos.

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Pastel não é só coisa de paulistano, também é a preferência do joseense. A maior prova dessa predileção pode ser vista no fim de tarde no Bar do Coronel, região central de São José.

Mas não se trata dos sabores tradicionais, de carne e queijo -- que também são oferecidos no lo-cal com o mesmo primor – e sim uma especialidade com a cara do Brasil: de carne seca com catupiry. O pastel é o carro-chefe dos cobiçados salgados da casa e chega a vender até 600 unidades por dia.

A ideia genial de incluir o pastel no cardápio surgiu de um gosto particular do Seu Zizo, avô de João Paulo Córdoba que hoje administra os negó-cios da família, ao lado do pai, Benedito Córdoba. “Ele gostava de ir ao Mercado Municipal só para comer pastel”, conta João Paulo. A mania do avô foi o ponto de partida para criar a quarta-feira do pastel no bar. “O sucesso foi enorme e logo os sabores tradicionais cederam lugar aos mais inusi-tados como camarão e carne seca com catupiry”.

Para preparar a iguaria, que dá água na boca quando passa sobre as bandejas, um expert no assunto: o pasteleiro Paulo Afonso Raul, 45 anos.

Mineiro de Barbacena, Paulo trabalha há oito anos no Bar do Coronel. Não por acaso, antes do bar ele fazia pasteis em uma banca do Mercado Municipal, a mesma frequentada pelo Vô Zizo. “Convidamos o Paulo para nos ajudar nas quartas--feiras, mas com o sucesso das vendas acabamos efetivando ele aqui”, conta João.

Da porção pedida pelo cardápio que levava o nome de seu Zizo, ao rodízio que hoje produz en-tre 12 e 15 recheios diferentes, muita coisa mudou. “Nosso pastel se caracteriza pela generosidade do recheio”, conta o pasteleiro. De fato, o pastel é fofo e extremamente recheado.

Paulo também é responsável por fazer a mas-sa, que, segundo ele, conta e muito para a quali-dade do produto final. “Fico muito feliz quando o cliente elogia o pastel, fico satisfeito. É isso que me motiva na minha profissão”, conclui.

Acompanhamentoideal para o chope

Pastel de Carne Seca com Catupiry do Bar do Coronel

çMassa

3 xícaras de chá de farinha de trigo3 colheres de sopa de óleo ou banha1 ovo1 colher de sopa de cachaça¼ colher de chá de salÁgua mornaAjinomoto a gosto

çPreparo

Bata todos os ingredientes (exceto a farinha de trigo) no liquidificador junto com 1/2 xícara (chá) de água morna. Acrescente aos poucos, 1 xícara (chá) de farinha e bata até obter uma mistura homogênea. Coloque o restante da farinha numa tigela e faça um buraco no meio. Despeje a mistura líquida e vá misturando com as mãos e amassando até que a massa fique bem ligada. Comece a passar a massa pela máquina de fazer macarrão, regulada na abertura máxima. Quando a massa começar a estalar, vá diminuindo a abertura até que ela fique bem fina. Esten-da a massa sobre uma superfície polvilhada com farinha.

çRecheio

300 gramas de carne seca desfiada1 colher de sopa de salsinha picadaCatupiry

çPreparo

Misture bem a carne seca com a salsinha picada. Estique a massa e coloque uma colher de sopa do re-cheio no centro da massa. Coloque o catupiry por cima do recheio. Feche a massa com a ajuda de um garfo. Frite em óleo quente o suficiente para cobrir o pastel.

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Algumas tentações não foram feitas para serem resistidas. O merengue de morango da Torteria Ha-guanaboka é uma delas. Leve, com textura firme e ao mesmo tempo fofa. Doce na medida certa, já que o morango picado faz um contraponto que impede que a sobremesa se torne enjoativa. Uma verdadeira obra-prima de suspiro e creme de chantilly.

A criadora da receita é Valéria Verdi de Macedo, 47 anos, proprietária de uma das mais tradicionais loja de doces de São José.

Nascida em Fernandópolis, Valéria mora há 34 anos em São José e se considera joseense de cora-ção. “Adoro essa cidade”, afirma. Ela chegou por aqui em 1980, ainda menina, e viu a cidade crescer e se tornar um centro de oportunidades.

Sua história com os doces começa ainda na in-fância, quando fazia seus livros de receitas. “Eu não queria fazer bolo simples, gostava dos sofisticados, adorava bolo recheado”, recorda-se. A família cria-da em fazenda apreciava o costume de fazer doces, dom que ela herdou e aprimorou.

Valéria tentou ser professora. Entrou na facul-dade de psicologia e aos 22 anos abriu a torteria na avenida Adhemar de Barros. “Logo no primeiro dia me apaixonei por tudo aquilo. Ali eu me encontrei e soube o que eu queria fazer da minha vida”, conta. Atender bem ao cliente, vender e produzir doces diferenciados tornaram-se as paixões de Valéria. “E São José me acolheu, a cidade tem essa vocação de receber bem e dar oportunidades”, diz. Depois, a loja transferiu-se para a avenida Nove de Julho, com filial no Colinas Shopping.

Na década de 90, Valéria criou o Festival do Mo-rango que é um sucesso até hoje. São mais de 20 ti-pos de doces feitos à base da fruta, entre eles, o me-rengue, que se tornou carro-chefe da doceria. “É um doce que não dá para fazer o ano inteiro, o morango é uma fruta muito delicada e precisa ter boa qualida-de para não comprometer o doce”, conta. A dica de ouro para o preparo, segundo sua criadora, é a tem-peratura do forno, que não pode estar muito quente.

O merengue quedá água na boca

Merengue de Morango da Haguababoka

çMerengue

1 xícara de clara de ovo2 xícaras de açúcar

çPreparo

Bata as claras em neve e vá acrescentando o açúcar aos poucos até ficar no ponto de suspiro. Depois de muito bem batido, coloque em uma assadeira redonda forrada com papel manteiga ou untada com óleo. Melhor se a forma tiver fundo falso. Pode colocar o suspiro com um saco de confeiteiro ou delicadamente com uma colher. Coloque no forno com temperatura entre 120ºC e 140ºC por 30 minutos. Depois de pronto o primeiro disco de suspiro é preciso repetir o procedimento para fazer o segundo disco. Ou fazer duas formas de uma vez.

çChantilly

500 ml de creme de leite fresco gelado4 colheres de sopa de açúcar

çPreparo

Bate os ingredientes até ficar no ponto de chantilly

çMontagem

2 caixas de morangos lavados.Coloque um disco de suspiro como base do doce, cubra com uma camada de chantilly e depois com os morangos picados ou cortados ao meio (para não soltar muita água). Cubra com o outro disco de suspiro e dê uma leve apertada. Cubra novamente com chantilly e finalize com muitos os morangos cortados ao meio. Coloque alguns inteiros para enfeitar. Está pronto!

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Localizado na antiga rua do Fogo, atualmente rua Sete de Setembro, o Mercado Municipal foi construído em um terreno doado em 1865 por José Caetano de Mascarenhas Ferraz e sua mulher Dona Mariana Nunes de Araújo.

A partir de 1921 sofreu uma reformulação, triplicando de tamanho após integrar o Largo do Mercado na área construída. A modificação estava integrada no projeto de melhoramento da cidade, em um processo de expansão urbana e adequação às exigências sanitárias na década de 20. A inauguração aconteceu no dia 11 de março de 1923. A construção apresenta as estruturas e cores originais da época. No local são comercializados frutos, verduras, produtos naturais, além da típica culinária local.

Mercado Municipal

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> Inauguração: 1923

> Funcionamento: de segunda a sexta das 7h às 17h, sábados das 7h às 14h, domingos das 7h às 12h

> Local: Travessa Chico Luiz, 56 - Centro

>Patrimônio

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Arte Urbana

Grafiteiros interpretam São José com a ajuda do spray

cores

Por Andréa Moreira

inta, criatividade e amor pela arte é o resumo deste trio de grafitei-ros formado por dois joseenses de

nascimento e um de coração. Criado há mais de 15 anos o Collor’s Crew busca re-

tratar as belezas urbanas com traços marcantes e muita cor. Então, como

forma de prestar mais uma homenagem a São José por seus 247 anos, os três jovens representaram em duas obras um pouco do sentimento pelo mu-nicípio. “Gostamos do grafite que conversa com a cidade e proporciona um diálogo com a população. Por isso, escolhemos dois locais (Vicentina Aranha e Banhado) para retratar um pouco da arte de São José,” afirma o integrante do grupo Weini Andrade

Almeida, nascido em Jacareí, mas que vive em São José desde os 11 anos. “Sempre digo que meu cora-ção é dividido nestas duas cidades”.

O jovem que se profissionalizou nesta arte em 2002, revela que o grafite passa por uma fase de transformações. “Depois de cerca de 10 anos de proibição, começamos a mostrar a diferença en-tre o grafite e a pichação”. Weini, que declara ser ex-pichador, afirma que o grafite não surgiu para combater as pichações. “Para mim, a pichação é um problema social como muitos outros. Eu mes-mo fui pichador até conhecer o Centro da Juventu-de, local onde passei de aluno a professor. O gra-fite não surgiu para resolver o problema da picha-ção. Quem tem que fazer isso são as autoridades,

da cidadeAs

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+ São José > julho de 2014 > 93

Os integrantes do Collor’s Crew

alcançaram fama internacional e representam a

região e o país em eventos mundiais

mostrando o que é certo, que existem punições”.O outro integrante do grupo, Júlio César Tor-

quetti também aposta na valorização do grafite por meio da divulgação desta arte. “Antigamen-te o grafite não tinha muita referência. Éramos precários de informação. Mas hoje esta realidade está mudando. As pessoas valorizam mais a arte urbana e desmitificando a ideia de vandalismo”.

O reconhecimento, trouxe mais responsabili-

dade, como destaca Fred Santos. “Hoje o grafite está mais fácil, pois a arte é conhecida. Porém, ao mesmo tempo, requer mais aperfeiçoamento. Afi-nal tudo está evoluindo muito rápido”.

De acordo com Fred, que entrou no mundo do grafite, através do hip-hop, ser joseense e poder representar sua cidade é uma honra. “Fa-zemos muitos trabalhamos, mas poder retratar nossa cidade nos deixa mais orgulhosos”.

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Foi concebido, juntamente com o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), por Casimiro Montenegro Filho, então tenente-coronel aviador e engenheiro aeronáutico, e por alguns importantes colaboradores, como o professor Richard Harbert Smith, primeiro reitor do ITA.

A construção iniciada em 1947 foi conduzida pela Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica (COCTA), com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. Mas apenas no dia 1º de janeiro de 1954 o Centro Técnico de Aeronáutica (CTA) foi oficializado pelo decreto 34.701, definindo como uma instituição científica e técnica de pesquisa e de ensino superior.

A designação original era CTA (Centro Técnico de Aeronáutica). No final de década de 1960, passou a ser denominado Centro Técnico Aeroespacial. Mudou de status na estrutura do Comando da Aeronáutica, em 2007, tornando-se o Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial. Em 2009, mudou novamente de status, passando a ser designado DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial).

DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial

> Inauguração: 1947

> Projeto: Oscar Niemeyer

> Local: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1.941

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>PatrimônioFotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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