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8/21/2019 Sabrina - 459 - Contrato de Amor - Mary Lyons http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-459-contrato-de-amor-mary-lyons 1/125 O estranho casamento de um príncipe árabe e uma jovem plebéia... Amar e ser amada... Não era o que toda moça esperava de um casamento? Mas o príncipe Jabir tinha deixado bem claro, desde o começo, que o amor estava fora de coitação. Aquela união não passava de um contrato comercial. !omo " que aora ele vinha exiir intimidades, querer tomar seu corpo como se fosse o dono? Não# $ara não iria permitir que ele confundisse as coisas. %ntre os dois não haveria bei&os de foo nem carícias loucas... !op'riht( Mar' )'ons  *ítulo oriinal( Desire in the desert +ublicado oriinalmente em -/ pela Mills 0 1oon )td., )ondres, 2nlaterra  *radução( 1runa 1runo !op'riht para a línua portuuesa( -3 Digitalização: 4ita Revisão: %dith $uli Formatação:  4osana +rado

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O estranho casamento de um príncipe árabe e uma jovem plebéia...

Amar e ser amada... Não era o que toda moça esperava de um casamento?Mas o príncipe Jabir tinha deixado bem claro, desde o começo, que o amor

estava fora de coitação. Aquela união não passava de um contrato comercial.!omo " que aora ele vinha exiir intimidades, querer tomar seu corpo como

se fosse o dono?Não# $ara não iria permitir que ele confundisse as coisas. %ntre os dois não

haveria bei&os de foo nem carícias loucas...

!op'riht( Mar' )'ons

 *ítulo oriinal( Desire in the desert +ublicado oriinalmente em -/ pela Mills 0 1oon )td., )ondres, 2nlaterra *radução( 1runa 1runo!op'riht para a línua portuuesa( -3

Digitalização: 4ita Revisão: %dith $uli

Formatação: 4osana +rado

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CAPÍTUO !

$ara passeou o olhar pelo anel de brilhantes e pelo casaco de mink 

apoiado nas costas do assento vi5inho. *ransp6s a luxuosa cabina do avião evislumbrou o marido. Naquele momento ele estava por tr7s de uma

escrivaninha, assinando documentos e dando instruç8es ao assistente, John

Moran.

$eu marido# $ara apoiou a cabeça no encosto da poltrona de pelica e

suspirou.

9uem diria? %ra inacredit7vel# Nem em seus mais altos v6os de

imainação, ela supusera alo assim...:7 um m;s conhecera Jabir, e as duas <ltimas semanas pareciam=lhe

um conto das Mil e Uma Noites. >lhou novamente para o homem com quem se

casara naquela manhã( o príncipe Jabir 2bn Abdul al $hair.

@ entro de uma hora aterrissaremos no aeroporto de Nice, madame @

anunciou a comiss7ria francesa. @ ese&a tomar um caf" ou um ch7?

@ Bm ch7, por favor.

A moça loo desapareceu dentro da copa do &ato particular do príncipe Jabir. $ara &7 tinha via&ado de avião, mas nunca num aparelho como aquele

dotado de tanto luxo e conforto, tendo at" um escritCrio completo com mesas

de trabalho, telex e telefones.

A comiss7ria loo voltou tra5endo o ch7. $ara o saboreou sem tirar os

olhos de Jabir. Dora dessa forma que ela o conhecera( por tr7s de uma mesa de

trabalho.

$ara soubera atrav"s dos empreados do hotel que tinham um príncipe

7rabe como hCspede, mas sC foi conhec;=lo pessoalmente depois que a

recepcionista liara para o escritCrio peruntando sobre o pai dela que, como

sempre, estava ausente.

@ $into muito incomod7=la, $ara, mas o príncipe Jabir acabou de liar

pedindo para falar urentemente com seu pai.

@ Eai ser difícil. +apai vai passar o dia todo fora, &oando olfe.@ %ntão, seria melhor voc; mesma ir atend;=lo. > príncipe é um cliente

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preferencial, $ara. $empre que vem a )ondres hospeda=se aqui no hotel.

@ *udo bem @ concordou $ara, com um suspiro. @ Eou &7 ver o que ele

quer.

+assou=se mais de uma hora at" que $ara fosse bater na porta da suíte,

alisando nervosamente os lonos cabelos cor de mel.

9ue dia estafante# F caminho do elevador, dera uma espiada no $alão

17lcãs para checar se tudo estava em ordem. Naquela noite a !ompanhia

+etrolífera oferecia um coquetel a clientes e fornecedores. Mas nada havia sido

feito, como, ali7s, vinha acontecendo com freqG;ncia nos <ltimos tempos.

+erdeu um tempo precioso para locali5ar o erente e Hlembr7=loH de cumprir

suas obriaç8es.

Ao sair do elevador, no <ltimo andar, $ara foi abordada pela

encarreada da rouparia que, como de costume, queixou=se da falta de roupa

de cama no estoque.

!omo tudo aquilo era deprimente, pensava, enquanto esperava que

alu"m a viesse atend;=la. > hotel parecia estar afundando, pouco a pouco,

num caos Inanceiro, e o pior " que ela não podia fa5er nada.

9uem atendeu porta foi um homem tra&ado moda 7rabe. ApCs uma

cerimoniosa rever;ncia, condu5iu=a at" um amplo salão onde um homem

estava sentado a uma escrivaninha.

@ +ríncipe Jabir? @ ela inquiriu, surpresa.

> homem levantou a cabeça.

@ %m que posso ser <til? @ retrucou ele, eruendo uma sobrancelha ao

v;=la parada no outro extremo do salão.

$ara precisou reformular o conceito que sempre I5era de um príncipe

7rabe. > homem não usava nem roupas típicas nem tinha a cabeça coberta por

um kafyeh. Eestia um impec7vel terno escuro, camisa creme e ravata de

listras. *amb"m não era nero, mas apenas moreno, como se tivesse se

bron5eado ao sol. >s cabelos pretos tinham mechas risalhas nas t;mporas, a

boca era severa e bem delineada e os olhos escuros a Itavam como se

tamb"m a estivesse analisando de uma forma apreciativa. $ara enrubesceu,

antes de peruntar, muito nervosa(

@ > senhor mandou me chamar?

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@ *enho certe5a absoluta de que não a chamei @ aIrmou ele, com vo5

Irme e sonora.

@ %ntão... $into muito @ aue&ou $ara, abalada com a intensidade

daquele olhar.

@ Não precisa desculpar=se, $rta...? e qualquer forma, o que dese&a?

@ $rta. Morrison. $ara Morrison... $enhor... $enhor príncipe.

$ara estava furiosa consio mesma. Normalmente, era calma, fria e

controlada. > que estaria acontecendo com ela? 9ue importKncia tinha, se não

sabia como diriir=se a um príncipe 7rabe? %ra ridículo Icar com o rosto em

brasa, aue&ando como uma coleial tímida diante da diretora.

Eendo um fulor de divertimento nos olhos neros, fe5 força para

recompor=se.

@ !reio que o senhor queria falar com meu pai. $C que ele est7 ausente

no momento, participando de uma reunião de neCcios @ mentiu com

desenvoltura, tão acostumada estava a &ustiIcar as constantes aus;ncias do

pai. @ A recepcionista me informou que o senhor tinha pressa. 9uem sabe eu

possa resolver seu problema?

> príncipe levantou=se e encaminhou=se para um con&unto de poltronas

estofadas.

@ Doi bom ter vindo, $rta. Morrison. $ente=se, por favor.

Aora que o príncipe estava de p", $ara dava=se conta de como ele era

alto. !om certe5a tinha mais de um metro e oitenta e cinco e, apesar de

maro, possuía ombros laros e imponentes. $ua Iura dominava toda a sala,

e $ara sentiu=se terrivelmente diminuída.

@ $e me dissesse qual " o problema @ apressou=se a di5er, antes de

aceitar o convite para sentar=se. @ > senhor deve estar muito ocupado, e eu...

@ +or favor, acomode=se @ insistiu o príncipe, num tom que não

admitia r"plicas.

2rritada por não ter o controle da situação, $ara sentou na poltrona

indicada, tentando adivinhar qual seria a reclamação daquele hCspede. *alve5,

o aquecimento da 7ua do banheiro. Nas <ltimas semanas, v7rios hCspedes

tinham se queixado de que a 7ua saía quase fria das torneiras.

A vo5 bem modulada do príncipe cortou=lhe o Io dos pensamentos.

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@ A senhorita mencionou seu pai...

@ $im. Meu pai " James Morrison, o propriet7rio deste hotel. $e eu não

puder resolver seu problema, tenho certe5a de que loo que ele voltar... @ a

vo5 morreu=lhe na aranta.

@ Ah, sim, eu dese&ava falar com ele a respeito do hotel.

> príncipe repousou o cotovelo no braço da poltrona e começou a irar

o rosso anel de ouro que ostentava no dedo mínimo, Itando $ara

intensamente. %la tornou a enrubescer e, sem saber o motivo, dese&ou estar

vestindo alo menos severo do que o tailleur  cin5a e a blusa branca que

costumava usar nas horas de trabalho.

A preocupação não tinha fundamento. > tra&e, apesar de austero,

realçava ainda mais as sinuosidades do corpo esuio, contrastando de forma

favor7vel com a tonalidade de seus cabelos, a alvura da pele e o a5ul dos

olhos.

> príncipe quebrou o sil;ncio constranedor.

@ Dale=me sobre este hotel, $rta. Morrison.

@ $obre o hotel? > que quer saber?

@ +or exemplo, se seu pai " o <nico propriet7rio ou se ele tem sCcios.

@ Drancamente, príncipe# %u vim at" aqui para atend;=lo sobre aluma

queixa que porventura tenha contra os serviços do hotel, e não... Não...

@ $e não se importa, mais tarde chearemos l7. +or enquanto, quero

saber mais coisas sobre o hotel, principalmente no que se refere

administração que, dia=se de passaem, " bastante deIciente.

iante da crítica, o rubor tiniu o rosto de $ara. 9ue direito tinha ele de

falar de uma forma tão depreciativa sobre o que ela &ulava ser, em <ltima

instKncia, seu prCprio lar? Mas o príncipe tinha toda ra5ão. 4ealmente, a

administração ia de mal a pior. $ara suspirou. $eria melhor contar tudo o que

ele queria saber e terminar loo com aquela entrevista.

@ +ois bem. Minha família adquiriu o hotel Livern em /.

Atualmente, papai " o <nico propriet7rio. @ > príncipe Icou apenas ouvindo e

ela prosseuiu, muito encabulada( @ Nosso hotel nunca foi um dos maiores ou

mais importantes de )ondres. > que atrai nossa clientela " a locali5ação

privileiada, em pleno Ma'fair. A maior parte dos hCspedes " propriet7rio rural

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que vem passar uns tempos na capital ou visitantes de outros países, assim

como o senhor @ completou $ara, com um sorriso amarelo.

@ esde /? Da5 bastante tempo, hein? @ ele parecia bastante

impressionado.

$ara deu de ombros.

@ $uponho que a prosperidade dos hot"is londrinos alcançou seu ponto

culminante na virada do s"culo, antes da +rimeira uerra Mundial. rande

parte da antia nobre5a dos atuais países sat"lites da 4<ssia costumava

hospedar=se aqui. %ssa " a ra5ão dos nomes dados aos v7rios ambientes( $alão

dos 17lcãs, $uíte 4om;nia, e assim por diante. @ $ara balançou a cabeça,

resinadamente. @ %sses dias de lCria &7 passaram, e ho&e em dia, h7 pouco o

que contar.

@ >briada, $rta. Morrison. A sua explanação foi de muita valia. @ >

príncipe sorriu. @ $em querer abusar de sua paci;ncia, ostaria que me

dissesse qual " sua função neste hotel.

> sorriso insinuante do príncipe teve o efeito de uma descara el"trica,

e, por um instante, $ara Icou sem f6leo.

@ Minha função? 1em... @ $ara fe5 força para recompor=se. @ %u diria

que não exerço nenhuma função oIcial. 1em que eu ostaria de ter

freqGentado um curso especiali5ado em administração hoteleira, mas sempre

tive meu tempo todo tomado em a&udar a tomar conta do hotel...

2nterrompeu=se, conscienti5ando=se de que quase denunciara a situação

delicada do Livern. > príncipe exercia uma estranha inOu;ncia sobre ela, mas

não iria arrancar=lhe nenhuma outra informação. AInal, aquela conversa era

totalmente in<til.

@ % aora, se tiver a bondade de me di5er qual " a queixa, eu...

!ausando=lhe um sobressalto, o príncipe levantou=se bruscamente da

poltrona.

@ %sse " um assunto que levaria muito tempo para ser discutido, um

tempo que, infeli5mente, não disponho no momento, minha cara $rta.

Morrison. 9ueira transmitir minhas saudaç8es a seu pai, e, por favor, peça a

ele que venha falar comio loo que puder.

iante do tom ir6nico, $ara sondou=lhe a Isionomia. %le estava

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sabendo# $abia perfeitamente qual era a situação do hotel. % por qual ra5ão

insistia em hospedar=se no Livern?

Ao voltar ao sauão, $ara entrou na roda viva de seus m<ltiplos

afa5eres e loo se esqueceu do príncipe Jabir.

> pai voltou s seis da tarde, todo suado e com as roupas amarrotadas,

apCs ter passado o dia &oando olfe e divertindo=se com os companheiros de

clube. Einha acompanhado de Ann :arrinton, sua atual namorada, uma moça

morena, muito desembaraçada e extrovertida, e que devia ser pouco mais

velha do que $ara.

@ !"us# @ exclamou $ara, ao ver o pai. @ Eoc; &7 se viu no espelho? @

Mas não adiantava começar a recrimin7=lo pelo desleixo pessoal nem por estar

bebendo demais e muito menos pelo descaso com o hotel. Anustiada, preferiu

apelar para a &ovem companheira do pai. @ Eoc; não podia fa5er aluma coisa

por ele?

@ Da5er o que, $ara? % não me olhe com esse ar de censura# esde que

o conheço, sempre foi assim, e não vou ser eu a mud7=lo.

$ara não morria de amores por Ann, mas precisava reconhecer que era

uma mulher esperta. Da5endo todas as vontades de James, sem critic7=lo, loo

o levaria at" o altar.

!onsultando o relCio de parede do escritCrio, $ara levantou=se de

supetão.

@ roa# %squeci do coquetel no $alão dos 17lcãs# +reciso veriIcar se

 &7 aprontaram tudo. 9uem sabe se alum dia terei uma noite tranqGila, sC para

mim? @ J7 na porta, virou=se, recomendando( @ Ann, " melhor que voc; leve

papai at" o apartamento pelo elevador de serviço. Não quero que ninu"m o

ve&a nesse estado.

Meia hora depois, &7 vestida com um lono de seda a5ul, combinando

com a cor de seus olhos, $ara estava a postos para recepcionar o sr. Milburn,

presidente da !ompanhia +etrolífera, e seus convidados. Não tivera tempo

para fa5er um penteado mais soIsticado e os cabelos sedosos estavam apenas

presos na nuca por uma Ivela. Mesmo assim, vendia charme e bele5a. +elo

menos, essa devia ser a opinião do sr. Milburn que, loo que a viu, abriu os

braços e alvoroçou=se todo.

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@ $ara, minha querida# Eoc; " um verdadeiro colírio para os meus

olhos#

$ara sorriu e aradeceu o eloio, antes de ir supervisionar a equipe de

arçons.

> sr. Milburn, um vi<vo de meia=idade, era um dos mais I"is clientes do

hotel, mas exiia que ela estivesse presente a todas as festas e reuni8es que

oferecia para ter certe5a de que tudo transcorreria a contento.

> $alão dos 17lcãs estava começando a encher=se de ente, e $ara

providenciava para que começassem a servir os hors-d'oeuvres, quando

divisou a Iura inconfundível do príncipe Jabir, cu&os olhos neros estavam

preados nela. $ara enviou=lhe um breve cumprimento com a cabeça, e

continuou a despachar os arçons.

> que estaria fa5endo ali? +etrCleo, certamente. Prabes e petrCleo eram

insepar7veis.

ApCs uma hora, o burburinho e a fumaceira dos ciarros estavam no

aue, mas mesmo conversando com os outros convidados, o príncipe não

desviava os olhos de $ara um sC instante.

Aora, se aproximava do anItrião, com quem ela estava trocando id"ias

sobre o coquetel. +retextando uma s<bita dor de cabeça, $ara pediu ao sr.

Milburn para ser dispensada.

@ E7 descansar, minha querida, voc; merece. > coquetel foi um

sucesso @ disse ele, dando=lhe um bei&o na face.

Ao entrar em seu quarto, realmente estava com dor de cabeça. *omou

um comprimido, culpando a correria e os problemas do dia como os causadores

da pressão que lhe oprimia as t;mporas.

As duas semanas seuintes transcorreram em relativa tranqGilidade,

considerando que os incidentes di7rios do hotel fa5iam parte da rotina. >

a&udante de co5inha pediu demissãoQ a nova recepcionista fe5 duas reservas

para um mesmo dia e o mesmo apartamento para dois casais diferentes e um

dos lustres do restaurante despencou do teto. Deli5mente, o acidente

aconteceu no período da manhã e não houve vítimas.

$ara desdobrava=se para dar conta de tudo. $e ao menos o pai a

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a&udasse... $ara suspirou, tornando a calcular as contas dos fornecedores do

hotel, ali7s, a parte mais depressiva de todo o seu trabalho.

Ao acordar, numa manhã ensolarada em Ins de maio, $ara deu=se

conta de que durante a <ltima quin5ena, não tivera um sC dia de fola.

Eestindo um penhoar, foi at" os aposentos do pai.

@ +apai, ho&e vou fa5er reve @ anunciou, com determinação. @

+retendo sair e fa5er umas comprinhas para o verão, e não sei a que horas

estarei de volta. +ortanto, meu querido pai5inho, voc; vai assumir a

responsabilidade do hotel ao menos por ho&e.

2norando=lhe os protestos, $ara foi aprontar=se, disposta a o5ar o seu

dia de liberdade. No Im da tarde, de volta ao hotel, a nova recepcionista a

deteve no sauão.

@ raças a eus, voc; cheou, $ara# $eu pai est7 dando uma festa

improvisada no escritCrio, e o pessoal est7 fa5endo um barulho danado# aqui

a pouco os hCspedes vão começar a reclamar#

@ %ssa não# @ exclamou $ara, antes de correr para o escritCrio.

e fato, encontrou o pai cercado de amios que brindavam com

champanhe. )evou alum tempo at" conseuir separ7=lo da turma de

beberr8es.

@ Minha Ilhinha adorada, voc; nos salvou da situação decadente em

que est7vamos, e eu estou comemorando# @ disse ele, &7 enrolando as

palavras. @ $ei que vou sentir sua falta, mas acho que o sacrifício vai valer a

pena.

@ o que voc; est7 falando, papai?

> pai não respondeu, limitando=a a esva5iar a taça. Eendo Ann num

canto do escritCrio, bebericando seu champanhe, $ara abriu caminho at" ela.

@ *alve5 voc; possa me di5er o que est7 acontecendo, Ann. 2sto parece

uma casa de loucos# > que os hCspedes vão pensar?

@ % quem se importa com o que pensam os hCspedes? @ retrucou Ann,

rindo alto. @ Eoc; ainda não sabe o que est7 acontecendo?

@ +are com isso# $er7 que alu"m pode me di5er o que " isso# @

suplicou $ara, olhando ao redor.

@ $eu pai acabou de vender o hotel, e raças a voc;. R isso que est7

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acontecendo, minha querida @ respondeu Ann.

@ Eendeu o hotel? raças a mim? Eoc;s todos estão tendo alucinaç8es?

@ R verdade# $eu pai vendeu o hotel para um tal príncipe das Ar7bias, e

voc; vai casar com ele, quero di5er, com o príncipe. @ Ann soltou um soluço de

embriaue5 e tomou mais um ole de champanhe.

$ara Icou olhando para a moça, horrori5ada com o que acabara de

ouvir. Aquilo não podia ser verdade.

@ Eamos l7, Ann, deixe de brincadeiras comio#

@ R a mais pura verdade. > 7rabe que est7 hospedado na suíte

4om;nia, voc; deve saber quem ", chamou seu pai de manhã, e, h7 pouco,

eles tiveram uma reunião com os advoados. +ara encurtar a conversa, ele

acabou comprando o hotel pelo dobro de seu valor real. $eu velho pai não cabe

em si de contentamento.

@ 1em... %u tamb"m estou feli5, por papai, " claro @ subitamente,

lembrou=se do restante da frase de Ann. @ Mas que histCria " essa sobre meu

casamento com o príncipe Jabir?

@ $ara, eu não estava presente, mas seu pai contou=me que o 7rabe a

pediu em casamento, coisa rara nos dias de ho&e, e ele deu o consentimento.

@ >h, ele deu, hein? @ :7 tempos que $ara não Icava tão exaltada. @

+ois ele que retire o consentimento# Não vou casar nem amarrada# 9ue id"ia

mais ridícula#

@ Eai, sim @ disse Ann, assumindo um ar solene, apesar da quantidade

de champanhe que &7 inerira. @ $em casamento, não haver7 neCcio, foi a

exi;ncia do príncipe.

@ R o que vamos ver# @ revidou $ara, e, abrindo caminho aos

empurr8es, saiu do escritCrio.

Minutos depois, batia com força na porta da suíte, e passando pelo

criado sem dar satisfaç8es, foi diretamente para o salão nobre.

@ +osso saber que loucura " essa? @ peruntou, furiosa, ao ver o

príncipe Jabir lendo tranqGilamente o &ornal do dia.

%le levantou os olhos do &ornal e Itou a bela &ovem, que tremia de raiva.

@ Eoc; parece 5anada, $rta. Morrison @ comentou, num tom

inexpressivo.

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@ Sanada? %u estou possessa# Acabei de saber atrav"s da namorada

de papai, que ele vai vender=lhe o hotel, e... e... @ Não conseuiu terminar a

frase. *alve5 Ann tivesse feito uma brincadeira de mau osto. Aora, diante do

imperturb7vel 7rabe, percebia o absurdo da histCria.

@ 4ealmente, comprei o hotel. R um excelente investimento, desde que

se&a bem administrado. @ > príncipe fe5 uma pausa, olhando para $ara que

tinha Icado p7lida e tr;mula. @ +or favor, sente=se e acalme=se. *oda essa sua

ritaria e nervosismo não levam a nada.

4epentinamente, $ara sentiu=se derrotada, e foi sentar=se na poltrona

ao lado do príncipe.

@ esculpe. R que a notícia foi um choque para mim. %u sempre

considerei este hotel como a minha prCpria casa.

@ %u &7 tinha notado @ disse ele. @ Aora, vamos tomar um bom caf" e

conversar com calma.

1ateu palmas e loo apareceu um criado a quem deu ordens em 7rabe.

+ouco depois, $ara estava tomando o melhor caf" que &7 tinha experimentado

na vida.

@ :amed " um ;nio no preparo de um caf". @ Mudando de tom,

continuou( @ 1em, eu não posso acreditar que toda essa sua f<ria se deva ao

fato de o hotel ter sido vendido. +resumo que essa... essa amiuinha de seu pai

tamb"m deva ter=lhe dito aluma coisa sobre a minha proposta de casamento.

@ %ntão, " verdade# @ ritou $ara, arrealando os olhos de espanto. @

> senhor est7 doido?#

@ e forma aluma @ retrucou ele, com uma calma enervante. @ No

meu país, fa5 parte da tradição falar antes com o pai da moça que eleemos

para esposa.

@ % por que o senhor quer casar comio? @ peruntou $ara,

completamente descontrolada, esquecendo as boas maneiras.

@ +or v7rias boas ra58es que enumerarei mais tarde @ respondeu ele,

sem alterar=se. @ Aora vamos raciocinar, usando de lCica, sobre os motivos

que a levariam a aceitar minha proposta. :7 muito tempo venho suspeitando

que voc; tornou=se o burro de cara deste estabelecimento. $eu pai vem

demonstrando claramente que não tem o mínimo interesse em administrar os

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neCcios e, pelo que sei, tem &oado todas as responsabilidades nas suas

costas. %stou certo ou errado?

$ara fe5 um esto desanimado de assentimento, e o príncipe prosseuiu

em seu raciocínio.

@ +ois bem. Eendendo o hotel, seu pai Icar7 em excelente situação

Inanceira, podendo at" comprar uma boa casa e aposentar=se. $e ele quiser,

poder7 at" mesmo casar com sua &ovem namoradinha. % o que acontecer7

com voc;? J7 pensou nisso? Não acredito que iria sentir=se feli5 com aquela

madrasta. % ser7 que ela aceitaria uma enteada como voc;?

@ J7 completei vinte anos e posso cuidar muito bem de minha prCpria

vida# @ aIrmou $ara, profundamente abalada.

@ Não tenho d<vidas @ a vo5 do príncipe continuava calma e serena. @

 &ovem como ", tem toda a vida pela frente. Mas quais são suas perspectivas?

Ee&amos. +oderia candidatar=se para ser erente de um hotel, sC que não

possui um diploma que a habilite, apesar de ser uma Ctima hostess e, se me

permite di5er, uma moça de boa apar;ncia, eu at" diria, linda#

$ara levantou os olhos, mas loo tornou a abaix7=los. > olhar

penetrante do príncipe a perturbava.

@ Dinalmente cheamos s minhas ra58es @ continuou ele. @ Bma

moça bonita e vistosa, com capacidade para erir um rande estabelecimento,

e tamb"m de atuar como uma excelente hostess. %stou precisando de uma

esposa que re<na as suas qualidades, e " por isso que estou disposto a

oferecer=lhe um contrato que proporcione benefícios m<tuos.

@ > qu;? Bm contrato? Não estou entendendo @ $ara cerrou as

p7lpebras, tentando acompanhar o raciocínio do príncipe.

@ Na ess;ncia, " tudo muito simples. Meu pai, o rei Abdul $hair, " a

autoridade m7xima do 4eino de Assir, um territCrio situado s marens do

olfo +ersa. At" -T, era um luar pobre e inexpressivo no contexto mundial.

Mas depois que descobrimos o petrCleo, como, ali7s, aconteceu em outros

países do deserto, começamos a enfrentar problemas, exatamente opostos aos

do hemisf"rio ocidental. %m resumo, temos dinheiro de sobra. @ > príncipe fe5

uma pausa antes de continuar( @ Naturalmente, construímos muitos hospitais,

escolas e creches, procuramos dotar o país de todos os proressos do s"culo

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vinte. Mas os lucros provenientes do petrCleo são inesot7veis. @ > príncipe

 Jabir consultou $ara com o olhar. @ %st7 acompanhando meu raciocínio?

@ $im, " claro. $C que não ve&o...

@ Apenas me escute @ interrompeu ele. @ Eou tentar ser mais claro.

Meu pai " um homem s7bio e prevendo os problemas que iríamos enfrentar,

fe5 com que eu estudasse ci;ncias econ6micas na Bniversidade de :arvard.

Nestes <ltimos seis anos, venho me encarreando de aplicar os lucros

excedentes, tanto na %uropa como na Am"rica. !omo conseqG;ncia, preciso

passar quase que o ano todo via&ando pelo >cidente a neCcios.

esta ve5, o príncipe fe5 uma pausa mais lona e aproveitou para pedir

mais caf". $ara continuou muda. 9uando terminaram de tomar o caf", ele

prosseuiu com a explicação.

@ R Cbvio que os neCcios me obriam a uma vida social muito intensa,

e " por essa ra5ão que necessito ter a meu lado uma esposa que se incumba

de orani5ar as recepç8es. +or outro lado, espero que minha futura esposa se&a

uma boa mãe para minhas Ilhas( N7dia, de sete anos, e Mara, de cinco. %m

virtude de minha vida atribulada, não tenho dedicado a elas a atenção que

merecem.

@ Mãe? @ $ara sentiu que estava prestes a ter um colapso nervoso. @

Não posso# 9uero di5er, como vou usurpar o luar da mãe delas?

> semblante do príncipe tornou=se sombrio.

@ Minha esposa faleceu.

$ara loo sentiu um descabido surto de simpatia e piedade por aquele

homem tão rico e poderoso.

@ >h, desculpe, príncipe Jabir.

%le erueu a mão num esto que dispensava demonstraç8es de

sentimentalismo.

@ +or favor, $ara, daqui em diante, me chame apenas de Jabir. Mas

como eu ia di5endo, preciso de uma esposa ocidental que cuide dos problemas

dom"sticos como tamb"m dos que se relacionam aos meus neCcios. %m

troca, voc; vai viver uma vida faustosa e ter7 a satisfação de ver seu pai

amparado na velhice.

@ Mas... príncipe, quero di5er, Jabir @ +ara $ara era impossível dierir

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tudo aquilo de uma sC ve5 @, voc; não entende# R a coisa mais absurda que &7

ouvi em toda a minha vida# Eoc; mal me conhece e eu... %u não o amo.

@ Minha querida $ara, o que pensa que andei fa5endo nestas duas

semanas? J7 tenho seu dossi; completo na aveta da escrivaninha. Acho que

sei mais sobre sua pessoa do que voc; prCpria#

@ 9uer di5er que... >h, como se atreveu? @ ritou $ara, revoltada por

terem devassado sua privacidade.

@ Bse seu bom=senso, $ara. %u seria um homem de neCcios muito

leviano e incompetente se não I5esse um levantamento da vida preressa de

meus futuros associados, concorda? % quanto ao HamorH, estou ciente de que

voc; não me ama, assim como eu não a amo. +ara a mentalidade dos povos do

>riente M"dio, são detalhes irrelevantes. %u me referi a um contrato, uma

sociedade...

@ %m outras palavras, voc; est7 querendo me comprar# @ revidou

$ara, sentindo=se ultra&ada. @ +ois não conte comio# @ Ato contínuo,

levantou=se como se fosse impulsionada por uma mola.

 Jabir tamb"m se levantou e a seurou pelo pulso. A proximidade forçada

provocou uma contração no est6mao de $ara, e ela procurou desvencilhar=se.

@ Acalme=se, $ara. Eoc; est7 cansada. E7 repousar e depois pense na

minha proposta. $e precisar de conselhos, procure sua futura madrasta. @

$orriu. @ %la " minha melhor advoada.

@ Nada nem ninu"m vai indu5ir=me a casar com voc;, Jabir# @ +or Im

conseuiu libertar o pulso e diriiu=se para a porta, mas antes de sair da suíte,

ocorreu=lhe uma d<vida( @ Ann me disse que a compra do hotel estaria

vinculada ao casamento. R verdade?

@ !orreto @ conIrmou Jabir.

@ Não compreendo...

@ R que minha prioridade não " comprar um hotel, e sim resolver meus

problemas dom"sticos. Ah... Amanhã voarei para +aris, mas estarei de volta

dentro de dois dias para saber qual " sua resposta.

4efreando os insultos que tinha na ponta da línua, $ara limitou=se a

bater a porta com estrondo.

Naquela noite, não conseuiu conciliar o sono, pensando na conversa

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que tivera com Jabir. $ara era bastante inteliente para saber que iria ser

pressionada at" o esotamento tanto pelo pai, como por Ann. Antes de

adormecer, seu <ltimo pensamento foi de rebeldia.

HNão vou me vender# Não vou#H

@ Madame, por favor aperte o cinto de seurança que &7 estamos

aterrissando. @ A vo5 da comiss7ria tirou=a de seus devaneios, e $ara viu o

marido levantar=se da escrivaninha para ir sentar=se a seu lado.

Mais do que a apreensão da aterrissaem, foi o medo de enfrentar sua

nova vida que a fe5 estremecer.

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CAPÍTUO !!

A comitiva do príncipe tinha deixado )ondres sob uma intensa aroa

elada, e o calor do aeroporto de Nice foi bem=vindo. $ara conversava com John Moran e observava a baaem ser retirada do &ato.

Bm enorme cadillac preto aproximou=se pela pista, e loo que parou,

um motorista 7rabe abriu a porta traseira, com uma mesura.

@ % aora, para onde vamos? @ peruntou $ara, apreensiva.

@ +ara o helicCptero @ disse John, apontando para uma das extremida=

des do campo de pouso. @ R um v6o curto at" o iate, e em pouco tempo

estaremos em !annes. Eoc; seue na frente com Uoussef, enquanto o príncipee eu vamos desembaraçar a baaem na alfKndea. Não vamos nos demorar.

$ara olhou para aquela confusão de malas que se amontoavam nos

carrinhos.

@ $er7 que tudo isso cabe num helicCptero? @ peruntou, cm d<vida.

@ Uoussef vai levar parte da baaem de carro para o iate.

@ $er7 que entendi bem? > motorista veio at" aqui sC para nos levar do

avião at" o helicCptero? Não acredito# @ exclamou, pestane&ando de assombro.@ +ois foi o que ele fe5. > percurso por via a"rea " bem mais r7pido, e o

príncipe est7 sempre com pressa @ respondeu John.

Antes de ir buscar o restante da comitiva, Uoussef a&udou $ara a subir

pela escadinha do helicCptero, um aparelho de randes proporç8es, com seis

assentos.

Não demorou muito e Jabir, John e :amed, o criado particular do

príncipe, tamb"m subiram a bordo. Mas onde estaria o piloto?A resposta não se fe5 esperar. > prCprio Jabir assumiu o comando do

aparelho, colocou os fones nos ouvidos e fe5 acionar as p7s iratCrias. )oo

estavam sobrevoando o MediterrKneo, seuindo a rota costeira. $ara

aproveitou a pausa para rememorar o que acontecera no dia seuinte sua

discussão com Jabir.

Acordara abatida e fora at" a pequena co5inha do at para preparar umch7. %stava tomando=o para acabar de acordar, quando Ann entrou, muito

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animada.

@ 1om=dia# @ cumprimentara a moça, indo, por sua ve5, colocar a

chaleira no foo para fa5er um caf".

@ Não creio que o dia v7 ser bom @ respondera $ara, desalentada. @

9uanto mais voc; Ica alere, Ann, mais eu Ico preocupada.

Ann não retrucara e, &7 com o caf" pronto, fora sentar=se mesa. $C

apCs ter tomado o primeiro ole " que começara a falar.

@ >lhe aqui, $ara, " melhor parar com essas alInetadas, est7 bem?

Eoc; pode ser rude comio quanto quiser. *alve5 no seu luar, eu I5esse o

mesmo. Mas voc; h7 de convir que sua atitude não est7 sendo nada

construtiva. @ Ann olhara para $ara inquisitivamente. @ A perspectiva de

casar com o príncipe Jabir não " tentadora para voc;?

@ Nem um pouco#

@ +osso saber por qu;? %le " incrivelmente bonito, al"m de ser rico

como um !r"so.

@ %stou pouco liando para a apar;ncia ou a rique5a dele @

resmunara $ara, desdenhosa. @ Não v; que ele est7 querendo me comprar,

como se eu fosse uma mercadoria? @ ito isso, $ara desmanchou=se num

pranto copioso.

$urpreendentemente, Ann tornou=se muito entil e prestativa, a&udando

$ara a enxuar os olhos e dispondo=se a preparar mais uma xícara de ch7 para

reconfort7=la. %nchendo a prCpria xícara com caf", tornou a sentar=se.

@ Eamos esquecer o príncipe, $ara, e começar a pensar em voc; e no

seu futuro @ prop6s Ann. @ $eu pai não d7 a mínima para este hotel, e voc;

sabe disso. %le não nasceu com vocação para hoteleiro, essa " que " a

verdade.

$ara olhou para a moça, muito admirada. Nem parecia a mesma Ann

que ela conhecia.

@ Não precisa Icar me olhando com essa cara de quem viu

assombração @ disse Ann, notando a reação de $ara. @ +ara sua informação,

eu me su&eito ao papel da Halere tresloucadaH, bem a osto de seu pai, sC

para torn7=lo feli5. %u amo seu pai, o que não siniIca que se&a cea a seus

defeitos. $e quer saber, um dia pretendo casar com ele e ir morar numa bela

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casa, de prefer;ncia beira=mar. 9uero viver uma vida pacata, por mais

incrível que lhe pareça. %ntretanto, ambas estamos cientes de que este hotel

est7 beira da fal;ncia, apesar de seus esforços para mant;=lo em

funcionamento. )oo o banco vai encerrar a carteira de cr"dito, e teremos um

bando de fornecedores em nossos calcanhares.

@ Não sabia que a situação era tão desesperadora @ confessou $ara.

@ Mas ", e voc;, que fa5 a contabilidade, devia saber disso. Eamos l7,

$ara# +are de querer iludir=se# > Livern est7 num beco sem saída, e a <nica

solução para todos nCs, " o príncipe Jabir.

!om relutKncia, $ara concordou com Ann. 4ealmente, estivera

recusando=se a encarar os fatos, mas aora via as coisas mais claras, ou

melhor, mais neras.

@ +ense bem @ Ann interrompeu=lhe as reOex8es. @ $e este hotel fosse

bem administrado, poderia transformar=se numa mina de ouro. $C que, antes

de tudo, seria preciso investir muito dinheiro em melhoramentos e reformas. %

voc; sabe que seu pai não disp8e de capital.

$ara assentiu, soltando um profundo suspiro.

@ Eoc; tem ra5ão, mas...

@ >h, $ara, encare a realidade# %sse 7rabe nos prendeu numa

armadilha# %st7 fa5endo chantaem com todos nCs, não pense que " sC com

voc;. > príncipe tinha certe5a de que eu iria fa5er pressão sobre voc; para

evitar a derrocada econ6mica de seu pai. % quanto a seu caso, nenhuma

mulher, por mais incorruptível que se&a, iria recusar uma oferta milion7ria

dessas#

@ %le bem que me disse que voc; seria sua melhor advoada @

admitiu $ara, tristonha.

@ > homem " realmente astucioso# > <nico inocente nisso tudo " seu

pai @ acrescentou Ann. @ %st7 tão feli5 de livrar=se da vida que tanto odeia,

que nem percebe que est7 sendo manipulado. 9uanto a voc;, minha opinião "

que deveria começar a pensar positivamente sobre a proposta de casamento.

> príncipe falou com seu pai sobre as meninas. % se voc; se dedicasse a elas?

$eria uma nobre missão, bem do seu estilo. +arece que a mãe morreu, e elas

pouco v;em o pai. $e voc; ao menos tentar torn7=las feli5es, &7 teria valido a

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pena.

Apesar da seriedade do assunto, $ara não p6de reprimir o riso.

@ +artindo de voc;, " at" enraçado, Ann# Nunca pensei que tivesse

instinto maternal#

@ % não tenho mesmo. Mas voc; deve ter. *omo por base seu senso de

responsabilidade e seu desprendimento. *ornou=se uma escrava deste hotel,

em troca de aradecimentos, sem lucrar nada com isso. 9uer minha opinião?

%u acho que daria uma Ctima madrasta, enquanto eu, sou uma neação.

esculpe, mas estou sendo sincera.

@ >h, Ann, voc; " tão leal# R uma pena que não tenhamos Icado

amias h7 mais tempo.

urante os dois dias que se seuiram, $ara tentou resolver seu dilema.

e um lado, estava a felicidade do pai, e de outro lado, sua prCpria vida.

Mental e Isicamente extenuada, tomou a decisão de apresentar=se na suíte

4om;nia e concordar, ainda que com relutKncia, em casar com o príncipe Jabir.

@ J7 que est7 de acordo, aqui est7 o contrato. $C espero que voc;

cumpra a sua parte @ dissera o príncipe, num tom neutro de quem acaba de

fechar um neCcio.

@ *udo bem @ acedeu $ara, trançando os dedos nervosamente.

@ > que " isso, $ara? Não vai ser um sacrifício tão rande, vai? $er7

que voc; me considera um monstro repunante?

@ >h, não# @ $ara erueu os olhos mare&ados de l7rimas.

@ %u não pretendia dar essa impressão.

@ %ntão, voc; est7 aindo de livre e espontKnea vontade?

@ $im, estou.

!omo poderia explicar seu dilema para aquele homem tão frio e

insensível?

@ Muito bem. %ntão precisamos começar a traçar aluns planos. R que

amanhã cedo preciso via&ar para Nova Uor, e quando eu voltar, dentro de duas

semanas, espero que tudo este&a pronto para o casamento.

!om seu habitual estalar de dedos, Jabir solicitou a presença do

assistente a quem transferiu a responsabilidade de tomar as provid;ncias para

o casamento, tanto na parte &urídica, como social, Icando combinado que a

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festa de comemoração seria oferecida no prCprio hotel.

 *ão loo John saiu da sala, Jabir foi sentar=se no sof7, perto de $ara.

@ ;=me sua mão @ pediu ele, tirando do bolso uma caixinha de

veludo.

Ainda aturdida com a rapide5 como tudo estava acontecendo, $ara

obedeceu passivamente, mas ao ver o maníIco anel de brilhantes que ele lhe

enIou no dedo, arrealou os olhos, aturdida.

@ >h, Jabir# @ exclamou, perplexa @ Não era preciso# %u... %u não

pensei que...

@ *olices# +recisamos fa5er tudo como manda a tradição, e este anel "

o selo do nosso acordo. @ entilmente, ele levantou=lhe o queixo e a encarou

com seus penetrantes olhos neros.

$ara não estava preparada para o bei&o, e teve diIculdade em respirar

quando a boca morna e Irme de Jabir pousou sobre seus l7bios. Mas loo ele

afastou=se e, atravessando a sala, foi at" o pequeno bar.

@ !hampanhe, $ara? !omo um bom muçulmano, não tenho o h7bito de

beber, mas precisamos dar um toque festivo ao acontecimento, concorda?

Ainda ofeante e com o coração batendo forte, $ara aceitou la5er um

brinde. > champanhe a&udaria a relaxar a tensão.

@ Ah, quero que compre seu enxoval no :arrodVs @ ordenou ele, apCs

um r7pido, brinde. @ *enho conta corrente na lo&a, e voc; poder7 comprar tudo

o que precisar. John vai fornecer=lhe uma lista de meus futuros compromissos,

para que voc; tenha uma orientação para a escolha das roupas adequadas. @

fran5iu a testa, pensativo. @ Acho que não falta mais nada. Eoc; tem aluma

perunta a fa5er?

@ $im, eu... eu queria saber o que acontecer7 se... quero di5er, se as

coisas não derem certo, compreende? $uas Ilhas, por exemplo. +ode ser que

elas não simpati5em comio, ou então, pode acontecer que...

@ R lCico que não vou forç7=la a nada. $e voc; não se sentir feli5 por

aluma ra5ão, temos sempre o recurso do divCrcio. % entre os muçulmanos "

f7cil obter o divCrcio. @ A vo5 de Jabir tornara=se subitamente 7spera, e $ara

Itou=o, surpresa.

%le piarreou, e recomeçou a falar num tom mais brando.

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@ *odavia, eu espero que voc; honre o nosso contrato, dispondo=se a

usar de toda a sua capacidade e bom=senso. @ >bservando as mudanças

Ision6micas de $ara, acrescentou( @ As respostas para as suas duas prCximas

peruntas são( não, voc; não precisa, obriatoriamente, converter=se minha

reliião, e sim, voc; ser7 minha <nica esposa.

@ !omo soube?

@ Minha querida $ara, seu rosto " um livro aberto. @ $orriu. @ +ara

mim, " f7cil ler seus pensamentos, se&am eles otimistas ou pessimistas. @

Eoltando a ser pr7tico, ele aconselhou( @ Na minha aus;ncia, recorra a John

sempre que precisar.

Nas duas semanas seuintes, $ara aiu como um rob6. $eu <nico

consolo foi a rec"m=aOorada ami5ade com Ann, e raças a ela foi poupada dos

acessos de euforia do pai, que se embebedava com freqG;ncia, a pretexto de

comemorar o prCximo casamento da Ilha e a venda do hotel.

Naquela manhã, que aora lhe parecia lonínqua, como se &7 tivessem

passado anos e não horas, o dia amanhecera nublado e chuvoso, bem de

acordo com seu estado de espírito.

)ocomovendo=se como uma sonKmbula, tanto na cerim6nia do

casamento, como durante a festa no hotel, $ara sC caíra na realidade quando

 Jabir tocou=lhe o braço, apressando=a.

@ aqui a de5 minutos precisamos ir embora.

As despedidas foram breves, e loo ela se vira na porta do hotel, sob

um chuvisco elado, tiritando de frio e nervosismo.

 Jabir fe5 seu esto costumeiro com os dedos e :amed aproximou=se,

colocando um incrível casaco de mink cor de champanhe nos ombros tr;mulos

de $ara.

@ R um modesto presente de casamento @ dissera Jabir, com

indiferença, enquanto ela acariciava o macio casaco de pele, sem acreditar que

aquela preciosidade fosse sua. $em dar atenção aos efusivos aradecimentos

de $ara, ele limitara=se a &ustiIcar( @ R que eu não quero que voc; apanhe um

resfriado.

Bma limusine preta os transportou at" o aeroporto de :eathroW, onde o

 &ato particular os auardava.

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$eu Ouxo de pensamentos foi detido por um tapinha no ombro. $ara

virou=se na poltrona e viu John apontando para baixo. Acompanhando a

indicação, viu um enorme barco ancorado ao laro da baía, mais parecendo o

Queen Elizabeth do que um iate.

> helicCptero começou a descer e pousou no tombadilho superior do

barco.

 John escoltou=a at" um elevador que os fe5 descer parte nobre do iate,

constituída de v7rios sal8es acarpetados.

@ Aceita um drinque, princesa? @ peruntou John com visível simpatia.

@ >h, sim, aceito# Doi um dia e tanto... @ $ara sentou=se num dos

confort7veis sof7s, pois as pernas &7 não a aGentavam mais de tanto cansaço.

@ %, por favor, me chame de $ara @ pediu.

@ Nada feito. > príncipe não iria ostar. %le " uma pessoa cheia de

formalidades, e voc; deve saber disso.

@ $im, eu sei @ $ara suspirou, tomou um ole de uísque, e Icou

pensando que, de fato, nunca o vira ser tratado informalmente por ninu"m.

Naquele momento, o príncipe entrou no salão.

@ Ah, ve&o que John &7 est7 cuidando de voc;. @ %, diriindo=se ao

assistente, pediu( @ +or favor, mostre minha esposa o quarto em que vai

Icar. %la deve estar exausta e talve5 queira repousar um pouco antes do &antar.

%spero voc; l7 no escritCrio. @ $em nem sequer olhar para $ara, Jabir, retirou=

se.

$ara irritou=se com a indiferença dele, mas estava cansada demais para

retrucar e, em sil;ncio, acompanhou John pelo corredor.

+ouco depois, &7 estava dentro do dormitCrio, sendo apresentada a uma

 &ovem francesa.

@ Marie vai ser sua criada particular enquanto estiver a bordo. @ Antes

de retirar=se, John acrescentou( @ Naturalmente, ser7 servida por outras

criadas quando chear a Assir.

@ Naturalmente @ ela fe5 eco, sem a menor emoção. @ Acho que vou

dormir um pouco @ anunciou criada, desa&eitadamente, pois nunca tivera

alu"m a seu serviço particular.

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@ ertainement, madame.

Marie provou ser muito eIciente e <til. !om preste5a, a&udou=a a puxar

o 5íper da roupa, pendurou o vestido no arm7rio e arrumou a cama, antes de

evaporar no espaço e deixar $ara so5inha.

Datiada ao extremo, ela nem teve tempo de admirar a luxuosa suíte, e,

em poucos minutos, adormeceu.

Acordou ao sentir uma mão tocar=lhe o ombro. Jabir estava sentado na

beirada da cama, olhando para ela. Ainda sonolenta, $ara olhou a seu redor.

evia ser tarde. As cortinas estavam corridas e o quarto apenas iluminado pela

lu5 suave do aba&ur.

Ann tinha ra5ão. !omo era incrivelmente bonito e atraente,

principalmente naquele robe atoalhado a5ul=claro que lhe ressaltava ainda

mais o moreno da pele. Mas foi ele quem primeiro manifestou sua admiração,

acariciando=lhe uma mecha de cabelos dourados que se estendia sobre o alvo

travesseiro.

@ !omo voc; " linda, $ara... @ A mão apertou=lhe o ombro nu, e ela

teve um estremecimento.

@ Não, por favor, não... @ ela murmurou, ao sentir que Jabir abaixava=

lhe a alça da camisola.

$entiu veronha ao ver seus seios expostos e soltou um rito de

protesto quando Jabir começou a apalp7=los com vol<pia. Mas o lanor que

aquelas carícias lhe provocavam, deixou=lhe sem vo5. %ra uma sensação

diferente que ela nunca experimentara. Dechou os olhos para o5ar melhor

daquele pra5er in"dito e sC voltou a abri=los quando percebeu que Jabir

levantara=se da cama, indo para perto da &anela. Muito vermelha, procurou

pelo lençol para cobrir=se.

@ +ara seu prCprio bem, " importante que eu saiba se voc; ainda "

virem @ ele declarou, num tom de vo5 impessoal.

@ > qu;? R claro que eu... @ Ditou=o com um olhar entre embaraçado e

rancoroso. @ Eoc; não tem o direito de... @ enasou=se e corou novamente.

 Jabir sacudiu os ombros laros.

@ >ra, $ara, ho&e em dia quem arante? > comportamento da

 &uventude tornou=se demasiadamente licencioso. @ Eendo=lhe a expressão

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ofendida e assustada, ele voltou a sentar=se na cama, e com um sorriso

sard6nico, peruntou( @ Eoc; nunca esteve com um homem? @ %studando=lhe

a Isionomia, concluiu( @ +osso ver que voc; " virem, tanto de espírito,

quanto de corpo. Minha inocente don5ela, estou falando de uma função

IsiolCica normal entre dois adultos, desde que exista consentimento m<tuo, e

principalmente no caso de serem casados. Da5er amor não deve ser uma coisa

tão assustadora.

@ %ssa... essa " a deInição mais... mais fria e materialista que &7 ouvi

sobre o ato amoroso# +ara mim, fa5er amor siniIca alo bem diferente @ $ara

afundou o rosto no travesseiro e quando tornou a eru;=lo, tinha os olhos

cheios de l7rimas. @ % eu não estou consentindo coisa aluma# 2sso... 2sso

não estava escrito no contrato# @ aIrmou, desaIadora.

@ %u nunca violentei ninu"m, $ara, e não vai ser aora que vou

começar. +roponho adiar este assunto constranedor para outra ocasião. @

 Jabir abriu a porta que comunicava com o outro quarto e Inali5ou( @ Acho bom

voc; chamar sua criada. > &antar ser7 servido dentro de uma hora.

$o5inha, $ara deu va5ão s l7rimas, e sC mais tarde chamou a criada.

@ ostaria de tomar um banho, mas não sei onde Ica o banheiro.

@ !oil", madame# @ exclamou Marie, abrindo uma porta que dava

acesso a um banheiro de m7rmore rosado.

 J7 merulhada na 7ua morna da enorme banheira, $ara começou a

meditar sobre sua situação. %la aceitara aquele casamento conscientemente, e

 Jabir não tinha culpa se ela não levara em conta as implicaç8es de uma relação

matrimonial.

1em... Abominara a id"ia de um casamento sem amor, apenas um

contrato, mas de nada adiantaria começar a responsabili57=lo pela perda das

ilus8es romKnticas.

Amar e ser amada... Não era o que toda moça de sua idade esperava de

um casamento? Mas Jabir tornara bem claro, desde o começo, de que o amor

estava fora de coitaç8es e que aquela união não passava de uma sociedade

comercial. +ortanto, não era de admirar que ela tivesse pressuposto que

aquele casamento não exiiria maiores intimidades. Mas, não... Dora muita

inenuidade dela aventar tal hipCtese. %ra sC lembrar=se do bei&o e das

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carícias.

!omeçando a enxuar=se, $ara tentou reOetir sobre o assunto,

friamente. AInal, Jabir cumprira sua parte do acordo, ali7s, com uma

enerosidade acima das expectativas. Mas como levar a termo uma nova

experi;ncia com alu"m que encarava o ato amoroso como uma Hfunção

IsiolCica normalH?

+recisou cerrar os dentes para evitar uma nova crise de choro.

%stava sentada em frente penteadeira e Marie escovava=lhe os lonos

cabelos dourados, quando Jabir voltou ao quarto, eleantemente vestido num

dinner-$a%ket branco. H%ra realmente um homem sedutorH, pensou $ara.

Ao desfa5er as malas, Marie havia suerido que ela usasse um lono

lam; dourado, no mesmo tom dos cabelos.

@ &est ar(ait our vous @ disse a criada.

)oo que entrou, Jabir dispensou Marie com um estalar de dedos, e

aproximando=se de $ara, pelas costas, Itou=a atrav"s do espelho.

@ !om o risco de ser interpretado como um suborno, acho que voc; vai

ostar disso @ disse ele, prendendo=lhe ao pescoço uma arantilha de

diamantes.

$ara apalpou as pedras preciosas e começou a balbuciar palavras

desconexas.

@ %u... eu nem sei o que di5er# Nunca... nunca na minha vida eu... >h,

 Jabir#

@ Não precisa di5er mais nada. Eenha, $ara, o &antar est7 pronto.

@ >uça... @ timidamente, $ara o seurou pela mana. @ $into muito

por ter sido tão... tão tola. Eoc; tem ra5ão. %u não tinha considerado... @

Nervosa, procurou desviar o assunto. @ %stou sinceramente rata por todos os

seus presentes, e...

 Jabir sorriu ao ver=lhe a expressão de an<stia.

@ Eamos falar sobre isso mais tarde. %nveronho=me de di5er, mas,

aora, estou morrendo de fome#

Ao entrarem no salão de &antar, $ara notou um ruído surdo e

persistente. > iate estava em movimento# !onsultou Jabir com o olhar, e ele

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conIrmou(

@ $im, &7 estamos naveando em mar aberto. Daremos um cru5eiro pelo

MediterrKneo e, depois, voltaremos a !annes.

> salão de &antar era randioso, e o card7pio  excelente, mas $ara

serviu=se da sobremesa, &7 com o est6mao revirado. otículas de suor

pore&avam em sua testa. Bma Knsia mais forte a fe5 levantar.

@ esculpe, mas estou en&oada @ $ara correu para fora da sala.

Deli5mente, alcançou o banheiro a tempo. Muito preocupada, Marie foi

em seu auxílio.

@ )h, mon *ieu, %'est mal de mer# @ disse a criada, ao tirar=lhe o

vestido dourado.

Meia hora mais tarde, quando o pior &7 tinha passado, Marie vestiu=lhe

uma camisola e a fe5 deitar=se. !om um emido, $ara cerrou os olhos.

urante a noite, sentiu que alu"m colocava=lhe compressas frias sobre

a testa. %ntreabrindo os olhos, viu o rosto de Jabir como se estivesse bailando

sua frente.

@ %stou morrendo... @ ela sussurrou.

@ Não, minha querida esposa, voc; não est7 morrendo. %st7 sofrendo

de um mal bastante comum, n7useas no mar, e esse " mais um detalhe que

não nos ocorreu.

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CAPÍTUO !!!

+assaram=se dois dias antes que $ara começasse a melhorar. Nunca se

sentira tão mal na vida. 4ecostada aos travesseiros, vendo o sol inIltrar=sepelas &anelas do iate, ela pensava em como o marido havia sido atencioso e

dedicado durante sua doença.

Bma leve batida na porta interrompeu=lhe as reOex8es sobre os

contrastes do car7ter de Jabir, ele entrou no quarto acompanhado de Marie,

que vinha carreando uma bande&a.

@ 1om=dia, $ara. >uvi di5er que voc; est7 bem melhor, mas tamb"m

que não est7 querendo alimentar=se.$ara olhou acusadoramente para Marie, que sacudiu os ombros e fe5

uma mímica siniIcativa s costas de Jabir.

@ $ua criada tenta ludibriar=me, mas sua sa<de est7 em primeiro luar,

$ara, e eu preciso saber se " verdade @ disse Jabir, parecendo ter olhos na

nuca.

@ esculpe, Jabir, mas sC de pensar em comida...

Não levando em conta os protestos de $ara, ele fe5 um esto autorit7riopara que Marie colocasse a bande&a no colo da convalescente e, em seuida a

dispensou, enchendo ele mesmo a xícara com ch7.

@ Eamos l7, $ara. !h7 com torradas não pode ser considerado

HcomidaH.

%la tentou reprimir uma Knsia.

@ Não posso# $into muito causar=lhe tanta amolação, mas...

@ *ome o ch7 @ o príncipe insistiu, implac7vel.$ara lançou um olhar suplicante para aquela Iura determinada e

austera, mas acabou cedendo. $urpreendentemente, o ch7 caiu=lhe bem no

est6mao va5io.

@ !omo tenho sido tola, Jabir# Mas quero que saiba que lhe sou rata

por toda a sua atenção @ disse, contrita.

@ %ntão, aproveite para retribuir, comendo ao menos uma torrada em

minha homenaem @ disse ele, enquanto observava $ara mordiscar a torrada.@ Xtimo# Eai ver como loo vai Icar boa, mesmo porque o iate &7 est7

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atracado.

@ 9uer di5er que não estamos mais naveando?

@ >h, $ara, est7 mais do que provado que voc; nunca ser7 um bom

marinheiro# Minha querida, loo que voc; adoeceu, ordenei ao capitão para

aportar imediatamente. > iate est7 parado fa5 tempo#

@ % onde estamos? Eoltamos a !annes?

@ Não, querida esposa. !annes não " o luar ideal para uma lua=de=

mel. +or que não sobe ao conv"s e v; onde estamos com seus prCprios olhos?

@ Não sei se terei forças suIcientes para... @ Não completou a frase

que poderia parecer ambíua, &7 que Jabir usara as palavras HesposaH e Hlua=

de=melH, lembrando=lhe a realidade da situação.

!orando intensamente, $ara puxou os lençCis para &unto do corpo e

quase em pKnico, pediu(

@ $e não se incomodar, preferia Icar mais um pouco na cama.

@ E;=la na cama me incomoda @ disse Jabir, com um sorriso bre&eiro e

um fulor inquietante no olhar. @ Bm pouco de ar puro vai fa5er=lhe bem.

$ara levantou=se, retirando a bande&a do colo e Jabir, com muita

delicade5a, tomou=lhe a mão e disse(

@ Eiu como foi f7cil comer as torradas e tomar o ch7# Eoc; &7 parece

estar bem melhor.

@ Não estou nada melhor @ ela resmunou, teimosamente, lançando=

lhe um olhar ressentido.

 Jabir não lhe fe5 caso e encaminhou=se para a porta, falando por cima

do ombro antes de sair.

@ eixe de preuiça, arota. *ome uma boa chuveirada e vista=se.

Eoltarei dentro de meia hora. $e não estiver pronta, eu mesmo me encarreo

de vesti=la.

@ Não se&a tirano# @ ela ritou, exasperada, recebendo em troca uma

risada 5ombeteira.

$ara não duvidava de que ele cumpriria a ameaça e apressou=se em

chamar Marie, com medo de ir so5inha ao banheiro.

Ao olhar=se no espelho, levou at" um susto. !omo estava p7lida e

abatida# Mesmo depois de disfarçar as olheiras com maquilaem, continuou

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deprimida.

H+areço uma morta=viva# > que Jabir vai pensar de mim?H, disse para a

imaem reOetida no espelho. H%le que deixasse de ser tão autorit7rio, exiindo

que ela saísse da cama prematuramente#H, pensou, arrependendo=se loo em

seuida.

AInal, ele bem que podia estar usufruindo de um cru5eiro pelo Mediter=

rKneo, em ve5 de Icar pa&eando uma mulher enferma. %ra at" de se estranhar

que um homem acostumado a resolver todos os problemas com um estalar de

dedos, tivesse desperdiçado tantas horas de seu precioso tempo para cuidar

de alu"m como ela. Jabir era mais enim7tico do que a prCpria esIne, e por

mais que se esforçasse, nunca conseuiria compreend;=lo.

% foi com um olhar enim7tico que Jabir Icou observando do umbral da

porta a Iura loira e emarecida de $ara, &7 vestida com uma blusa cavada

cor=de=rosa e calça branca.

Assim que ela o viu observando=a, Icou muito nervosa e começou a

irar a aliança no dedo, Itando o chão.

@ evo estar horrenda. R que ainda não estou me sentindo bem e...

@ !oncordo @ Jabir interrompeu=a bruscamente, fa5endo com que ela

se sentisse ainda mais complexada, mas loo acrescentou, sorrindo( @

!oncordo que voc; ainda não este&a bem de sa<de, mas quanto ao seu

aspecto, eu usaria qualquer outro termo, menos HhorrendaH. @ Aproximou=se e

tomou=lhe a mão. @ Eenha, pode acreditar em mim. !om um pouco de ar

fresco, voc; loo vai melhorar.

+ouco mais tarde, debruçada sobre o parapeito do conv"s, ela acabou

confessando(

@ Eoc; tinha ra5ão, Jabir. %stou me sentindo bem mais disposta. +ara

ser franca, estou Ctima. %ssa brisa refrescante deu=me um novo alento, e essa

ilha, tão linda, fa5 bem aos olhos. Mas onde estamos, aInal?

> iate estava atracado na extremidade de um monte que se pro&etava

pelo mar adentro, partindo de uma praia de areias muito brancas, mas

desertas. A <nica construção vista era um torreão em ruínas, cercado de

pinheirais, cu&o aroma estimulante cheava at" as narinas de $ara.

@ $eundo informação do capitão, estamos numa das ilhas %l'Yres, ao

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laro da costa francesa, entre Nice e Marselha. 9uando voc; passou mal a

bordo, este era o luar mais prCximo para aportar, e eu dei instruç8es a John

para que providenciasse os arran&os necess7rios.

@ A ilha " realmente um encanto# %la tem dono?

@ 1em... @ Jabir piarreou. @ > dono aora sou eu.

@ Não v7 me di5er que comprou uma ilha sC porque eu passei mal a

bordo?

@ e fato, foi por esse motivo. Mas valeu a pena, não acha?

@ % os moradores? % o propriet7rio? @ quis saber $ara, aturdida pela

informação.

@ John me disse que a ilha " deserta, e que o propriet7rio, um

banqueiro parisiense, Icou muito satisfeito em vend;=la. Dora isso, não sei de

mais nada. Doi John quem tratou da compra.

@ Mas voc; não pode simplesmente ir comprando uma ilha, sC porque...

@ Não se&a tola, $ara. !laro que posso, tanto que comprei. Doi um

neCcio como qualquer outro, sem a menor importKncia. > importante " que

havia um problema que &7 foi resolvido @ disse Jabir, condu5indo=a at" um

con&unto de cadeiras estofadas e uarda=sCis coloridos, beira da piscina. @

$ente e descanse um pouco sombra. Eoc; &7 tomou sol demais. *alve5 mais

tarde queira nadar um pouco, hein?

@ $eria uma boa id"ia @ aprovou ela, com vo5 d"bil, pois estava

chocada com aquela acintosa demonstração de poder e rique5a.

Bm criado trouxe=lhes uma &arra de limonada, e, apCs ter enchido dois

copos, Jabir tamb"m se sentou, Icando a observ7=la enquanto ela tomava o

refresco.

@ $ara, voc; não precisa mais preocupar=se em ter que enfrentar uma

nova viaem por mar. +roponho que Iquemos ancorados aqui por aluns dias.

+oderemos aproveitar o tempo livre para explorar a ilha, tomar sol e banhos de

mar. John deixar7 o helicCptero conosco quando tiver que voltar com o iate

para !annes. Não que eu faça questão de ir a !annes, mas " que eu &7 tinha

orani5ado uma festa a Im de apresent7=la a aluns de meus amios.

@ >h, Jabir, eu estrauei todos os seus planos, não foi? @ disse $ara,

enveronhada. @ 9uem sabe eu não en&oarei de novo? +oderíamos

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experimentar, e...

@ >h, não# @ ele riu, levantando a mão num esto de horror. @ Al7 não

vai permitir que voc; passe novamente por aquela terrível experi;ncia. % se

quer saber, nem eu quero passar por tudo aquilo de novo. Andei at" pensando

em vender o iate. Bma casa na $uíça talve5 fosse mais conveniente para voc;.

%studaremos o assunto. @ Jabir depositou o copo va5io numa mesinha e

levantou=se. @ Aora preciso trabalhar. Dique descansando e não se preocupe

com nada. Nos veremos hora do &antar.

$ara acompanhou com um olhar estupefato a imponente Iura que se

afastava. Aquele homem incrível comprara o hotel da família, a ela prCpria, e

at" uma ilha, levado por um mero capricho. % aora, sC porque en&oava no

mar, ia desfa5er=se daquele iate monumental e comprar uma casa na $uíça#

!om que esp"cie de homem se casara?

%m frente penteadeira, $ara observava as mãos habilidosas de

monsieur Andr", pentear=lhe os cabelos. %ra bem típico de Jabir mandar vir de

avião um dos mais renomados cabeleireiros, de +aris, sC para arrumar=lhe os

cabelos para a festa que seria oferecida no iate, &7 ancorado em !annes.

> perio era acostumar=se a essas extravaKncias e, com o tempo,

tornar=se tão caprichosa e arroante quanto o prCprio Jabir...

@ Não est7 ostando do penteado, princesa? @ peruntou monsieur 

Andr", vendo a expressão tristonha de $ara no espelho.

@ >h, sim# @ $ara forçou um sorriso e, não querendo ser mui

interpretada, acrescentou( @ %st7 tr+s... @ procurou por uma palavra

adequada @ ... tr+s %hie#

@ Ah, bon @ ele murmurou, voltando ao trabalho.

!omo ostaria que tudo em sua vida estivesse bon. % pensar que apCs o

primeiro dia passado na ilha, ela alimentara uma fua5 esperança. ormira

bem noite e acordara com excelente disposição, concordando em

acompanhar Jabir num passeio pelo bosque de pinheiros.

!omo ele relutara em falar sobre sua família em Assir, $ara o persuadira

a contar=lhe alumas passaens de seu tempo de estudante na 2nlaterra.

+ela primeira ve5, ela sentira os nervos relaxados, e at" aproveitara a

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companhia de Jabir, rindo muito de seus relatos traic6micos, decorrentes do

choque cultural de um ríido internato inl;s com os h7bitos e costumes de um

arotinho vindo da Ar7bia.

F hora do almoço, I5eram um piquenique no ramado do torreão em

ruínas, previamente forrado com uma profusão de macias almofadas.

Ao sentarem=se para fa5erem uma refeição frual, foi Jabir quem a

incitou a falar.

@ Aora " sua ve5, $ara. !onte=me aluma coisa sobre voc;.

@ > que quer saber? +ensei que o onisciente e onipotente príncipe Jabir

 &7 possuísse um arquivo completo a meu respeito @ disse ela, morda5, sem

saber qual seria a reação do marido diante das palavras irreverentes. Dicou

aliviada ao v;=lo sorrir.

@ ou%hé# Mas tem que considerar o quanto meu arquivo mostrou=se

falho. +or exemplo, não mencionava que voc; " um p"ssimo marinheiro# @

$erviu=se de mais salada e prosseuiu( @ A minha intenção, quando puxei o

assunto, era saber mais aluma coisa sobre sua vida passada. Eoc; sempre

morou naquele hotel?

@ esde que me conheço por ente. Meus avCs, pais de papai foram

mortos por uma bomba durante a uerra, e ele foi criado pela avC, na "poca, a

propriet7ria do hotel. 9uando papai casou com mamãe, eles ocuparam um at 

no prCprio hotel, mas a velha rann' Morrison era uma mulher autorit7ria e

dominadora, e recusou=se a soltar as r"deas do neCcio. +apai at" me contou

que ela lhe paava um sal7rio Ixo sC para mant;=lo fora de seu caminho. @

$ara sorriu ao recordar=se das conIdencias do pai. @ rann' era terrivelmente

rabuenta e prepotente, e eu me lembro que morria de medo dela. +ode

parecer estranho, mas lembro=me melhor de minha bisavC do que de minha

prCpria mãe. rann' diriiu o hotel com pulso de ferro at" o dia em que

faleceu, h7 quin5e anos. Mamãe a estava levando de carro para visitar uma

parenta, tamb"m idosa, quando o carro colidiu contra a traseira de um

caminhão, causando a morte de ambas.

@ $into muito, $ara. Eoc; devia ser muito nova quando perdeu sua

mãe, não " mesmo? @ peruntou ele, pesaroso.

@ %u tinha apenas cinco anos e era criança demais para entender o que

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a morte de mamãe, &untamente com a inesperada responsabilidade de

administrar so5inho o hotel, siniIcou para meu pai. @ $ara fe5 uma pausa. @

> que mais me aOie " o fato de ser cada ve5 mais difícil lembrar=me do

semblante de minha mãe. $omente quando sinto a frarKncia do perfume que

ela costumava usar, " que consio ter uma vaa recordação de sua imaem.

@ > tempo apaa a memCria, $ara @ disse ele, entilmente, @

Acontece com todos nCs. %m muitos casos, não se t;m lembrança aluma.

Minha mãe, por exemplo, morreu ao dar=me lu5. +ortanto, considere=se mais

feli5 do que eu.

@ >h, Jabir, eu não sabia...

@ % como poderia saber? @ deu de ombros e peruntou( @ 9uer di5er

que seu pai precisou assumir so5inho a responsabilidade do hotel?

@ +ois ". Acho que foi um encaro pesado demais para ele,

considerando que nunca tinha trabalhado antes. R f7cil imainar por que o

hotel começou a decair. +ara ser franca, papai nunca esteve testa dos

neCcios. %le apenas deixava o barco correr.

@ % era voc; quem fa5ia tudo, não " mesmo? urante o pouco tempo

em que me hospedei no hotel, percebi que era voc; quem tomara a frente de

tudo, que tentara resolver os problemas que apareciam, mas nem com toda

sua boa vontade conseuiu resolver o problema do aquecimento de 7ua dos

banheiros, não " verdade? @ disse ele, rindo.

$ara corou diante da tardia reclamação.

@ R que nunca tivemos dinheiro suIciente para substituir A$  velhas

caldeiras.

@ +resumo que a 7ua quente não era o problema mais rave, ou estou

enanado? @ Jabir passou=lhe o cestinho de moranos e o pote de creme.

@ Eoc; tem ra5ão. >s problemas eram muitos, um mais rave do que o

outro. Mas aora, as dores de cabeça vão ser suas# $er propriet7rio do Livern

" o mesmo que ser prefeito de uma pequena cidade @ comparou $ara,

servindo=se dos moranos. @ Nem me lembro de quando comecei a a&udar

papai. $C sei que sempre que voltava do col"io dava=lhe uma a&uda na con=

tabilidade e, noite, substituía a recepcionista. !om isso, nunca me sobrava

tempo para os deveres de escola. Mas não pude evitar que as dívidas

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crescessem como uma bola de neve, e, ao Inal, a situação tornou=se

insustent7vel.

@ +obre $ara @ ele murmurou, compassivo, @ Eoc; não deve ter tido

tempo nem para sua vida particular, namorados, por exemplo. Admiradores "

que não deviam faltar#

@ 4ealmente, tive admiradores, mas nem tantos...

@ :ouve alum, em especial, que voc; levou s"rio?

$ara erueu os olhos, querendo adivinhar qual era a intenção da

perunta de Jabir, mas sua expressão di5ia que ele estava apenas curioso.

@ Não. !om todo aquele corre=corre do hotel, nunca pude dedicar=me

nem vida sentimental e nem social. Mas não me queixo. Doi um bom

aprendi5ado. %u vivia tentando apa5iuar os Knimos e acabei desenvolvendo o

dom da diplomacia. Eoc; nem fa5 id"ia de como, s ve5es, os hCspedes podem

ser rudes. esde cedo, aprendi a Ixar um sorriso nos l7bios e a ouvir

passivamente as queixas mais absurdas.

@ > freu;s tem sempre ra5ão?

@ $empre# R a primeira rera no ramo hoteleiro. Fs ve5es, eu tinha

vontade de discutir, de ritar, de espernear, tanta era a minha frustração# Mas

cultivei o autocontrole e, apCs esse 7rduo aprendi5ado, achei que poderia

enfrentar qualquer contrariedade na vida... at" casar com voc;# @ !iente da

indelicade5a que cometera, $ara apressou=se em pedir desculpas. @ +erdoe=

me, eu não devia ter dito uma coisa dessas. %u... @ começou a entrelaçar os

dedos, muito nervosa.

 Jabir soltou uma risada quase l<ubre.

@ % por que não? 4econheço que nosso casamento deve ter siniIcado

uma contrariedade para voc;, obriando=a a uma mudança tão radical de vida.

@ A vo5 de Jabir assumiu um tom 7spero. @ Notei que voc; andava tão

atarefada em cuidar dos interesses de seu pai e do hotel, que acabou dando

pouca atenção a si prCpria.

@ %u nunca disse isso @ ela protestou.

@ R que voc; " muito leal a seu pai. *odavia, quando voc; caiu das

nuvens ao saber que eu tinha comprado a ilha para proporcionar=lhe pra5er e

conforto, Icou claro que voc; pouco liava para as prCprias necessidades e

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dese&os. @ $ara arrealou os olhos, confusa diante daquelas palavras

reveladoras, mas Jabir ainda não terminara seu raciocínio. @ Eoc; " muito

adapt7vel, mas seu espírito de adaptação " conseuido custa de muita

ren<ncia. Eoc; precisa aprender a ser mais eoísta, minha querida esposa.

 Jabir pusera=se de p" e, enquanto esticava os membros adormecidos,

Icou olhando pensativamente para a Iura encolhida e tristonha de $ara.

Acercou=se e, seurando=lhe as mãos, a&udou=a a levantar=se da almofada.

$eus corpos se tocaram, $ara Icou muito vermelha e abaixou as lonas

pestanas, enquanto os l7bios tremiam, denotando seu nervosismo.

@ Minha querida, voc; não precisa ter medo de mim @ ele a

tranqGili5ou, falando=lhe com extrema doçura. @ !omeçamos nossa vida de

casados, quero di5er, nossa vida íntima, com o p" esquerdo, não foi mesmo?

%m sil;ncio, ela fe5 um esto de assentimento com a cabeça. Aquela

proximidade estava lhe causando alarmantes contraç8es na boca do est6mao

e, desta ve5, não era en&6o de mar.

@ +roponho passarmos os prCximos dias apenas nos conhecendo

melhor, aprendendo a sermos amios. %ntende o que quero di5er?

@ $im, eu entendo @ sussurrou, sentindo=se intimamente rata com

tanta tolerKncia e compreensão.

@ !ombinados. Aora, vamos colocar a louça na cesta e, em seuida,

daremos uma volta pela praia.

+assaram o restante do dia passeando pela orla marítima da ilha.

9uando voltaram para o iate, $ara sentia=se quase feli5.

@ Doi um dia maravilhoso @ disse ela, sorridente.

@ $e Al7 permitir, teremos muitos outros dias como este pela frente @

retrucou Jabir.

+elo visto, Al7 não era uma entidade celestial muito condescendente,

pois aquelas foram as <ltimas palavras am7veis que ela ouviu dos l7bios de

 Jabir.

Nem bem subiram a bordo, John foi ao encontro do príncipe, parecendo

muito aOito, e loo ambos desapareceram dentro do escritCrio.

Naquela noite $ara &antou so5inha e sC reviu o marido no dia seuinte,

beira da piscina.

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@ eixei um pouco o escritCrio para tomar um caf" com voc;.

%la fechou o livro que estava lendo e olhou para Jabir, esperançosa.

@ > dia est7 tão lindo# $er7 que não poderíamos fa5er um outro

piquenique? > de ontem estava tão bom#

2norando o pedido, ele sentou=se ao mesmo tempo em que :amed

cheava com a bande&a do caf".

@ > caf" " uma das tradiç8es mais antias dos beduínos. > que voc;

est7 tomando " uma infusão preparada com uma mistura de rãos de caf",

torrados e moídos, e sementes de carilamona. R a nossa bebida nacional.

Bm pesado sil;ncio pairou entre ambos at" que Jabir levantou=se e disse

friamente(

@ Eoc; est7 livre para fa5er o que quiser, $ara. $C lhe peço duas horas

di7rias de seu tempo para aprender a línua 7rabe com um dos membros de

minha comitiva.

@ Prabe? @ ela repetiu, muito admirada. @ Mas eu não ve&o

necessidade...

@ > que voc; v; ou deixa de ver, não me interessa @ revidou ele

bruscamente. @ > importante " que voc; aprenda o idioma de meu país, fui

claro?

@ $im, Jabir @ A expressão de desapontamento foi escondida pelos

cabelos que lhe caíam pela face.

4elutante, ele acrescentou, num tom mais ameno(

@ Não estou acostumado a ter minhas ordens questionadas, $ara.

Acontece que entrei em contato com minha família e meu pai manifestou o

dese&o de conhec;=la. Eamos para !annes e, loo em seuida, partiremos para

Assir, e eu ostaria que voc; estivesse preparada para saudar meu pai em

7rabe.

@ R claro. %u vou tentar.

$ara passou os dias subseqGentes so5inha, vaando pelos pinheirais,

tomando banhos de sol e batalhando para assimilar aquele estranho idioma.

+ouco via Jabir, a não ser hora do &antar, em que não podiam conversar

vontade por causa dos criados.

Diel palavra dada, Jabir nem sequer tentou abrir a porta de

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comunicação entre as duas suítes. Mas aluma coisa de errado estava

acontecendo com ele, foi a conclusão a que cheou $ara. *udo começara no

instante em que entrara em comunicação com a família em Assir. > que

acontecera?

!erta tarde, ao passear pelo conv"s, $ara encontrou=se com John

Moran. +ondo seu orulho de lado, atreveu=se a peruntar o que se passava

com o marido. > assistente pareceu Icar constranido.

@ Não estou autori5ado a contar=lhe, princesa.

@ >h, John, por favor# @ ela suplicou.

@ +ois bem, mas não deixe que o príncipe saiba. > problema " com... @

hesitou por um instante, e completou @ com o rei.

@ > pai de Jabir? +or acaso, ele est7 doente?

@ >h, não, ele est7 muito bem. $C que Icou uma fera# Doi uma onda de

telefonemas, teleramas, telex... % que linuaem# > velho conhece todos os

palavr8es da línua inlesa#

@ % por que tudo isso? @ e repente, $ara elou. > mutismo de John

conIrmou suas suspeitas. @ Doi por causa de nosso casamento, não foi?

@ >lhe aqui, doçura... >h, desculpe, alte5a# Acredite em mim. Não "

nada de pessoal. Acontece que o rei tinha outros planos para o príncipe. %le "

um velhote birrento e não osta de ser contrariado.

$ara Icou olhando para John, distraída, com uma d<vida martelando=lhe

o c"rebro. *eria Jabir casado com ela sC para contrariar o pai?

@ +osso saber por que o príncipe casou comio?# @ ela explodiu,

esquecendo sua pr7tica em diplomacia.

@ R que o príncipe " tão ou mais obstinado do que o velho. Ninu"m

interfere na vida dele# Nem o prCprio pai# %le quis casar com voc;, casou, e

pronto#

@ % quais eram os planos que o rei tinha para o Ilho?# @ quis saber,

muito ansiosa.

@ %u não sei o que pretendia. A política de l7 eu não entendo. Al"m do

mais, eu nunca vou para Assir. $C cuido dos neCcios do príncipe no ocidente.

+or mais que tentasse, $ara não conseuiu arrancar mais nada do

assistente.

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Naquela manhã, a viaem de helicCptero at" !annes decorrera num

absoluto sil;ncio. Jabir estava mais taciturno do que nunca. $ara, por causa do

nervosismo, não quis tocar no assunto.

Ao ver monsieur Andr" prender o <ltimo cacho de cabelos no luar

certo, $ara sentiu que estava beira de uma estafa.

 *anto, que loo que os primeiros convidados chearam ao iate, ainda se

encontrava no quarto, &7 pronta, mas imCvel e pensativa, vendo as lu5es

noturnas de !annes brilharem ao lone. 9uando Jabir foi procur7=la, parecia

5anado.

@ +or que voc; não desceu ao salão para recepcionar nossos

convidados?

%la abriu os olhos desmesuradamente e, muito tr;mula, confessou(

@ >h, Jabir, estou morrendo de medo#

@ Não se&a tola, $ara. %sta festa não " muito diferente das recepç8es do

hotel.

@ %u sei... +ensa que não Iquei tentando convencer=me disso esse

tempo todo? +ara voc;, tudo bem. % eu? %stes <ltimos dias foram um

verdadeiro inferno# Nunca me senti tão so5inha em toda a minha vida# Não

adianta, Jabir, não vou poder subir, não vou#

 Jabir analisou a &ovem esposa com olhos perspica5es. %stava linda em

seu vestido lono de %hion branco, tendo como <nico enfeite a arantilha de

brilhantes. $eria ainda mais linda, se não estivesse tão p7lida e aterrori5ada.

2mpaciente, Jabir aproximou=se de $ara.

@ Minha noiva imaculada# Não podemos permitir que as pessoas a

ve&am nesse estado#

Antes que percebesse quais eram as intenç8es do marido, ele a enlaçou

e deu=lhe um bei&o de tirar o f6leo.

Ainda arque&ante, emeu, não sabendo se aquele sofrimento era um

o5o ou se aquele o5o era um sofrimento.

@ +ode ser que voc; cheue atrasada para receber os convidados, mas

nenhum deles ter7 a menor d<vida sobre o motivo do atraso#

Ainda de pernas bambas e a cabeça nas nuvens, $ara foi condu5ida at"

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o salão de festas que &7 estava lotado por uma multidão ruidosa.

Ao percorrerem o salão, dese&ando boas=vindas aos amios de Jabir,

formavam um par perfeito, envoltos por aquela aura de felicidade que ilumina

os casais em plena lua=de=mel.

A festa foi um sucesso. +elos olhares inve&osos de alumas das mais

belas mulheres presentes Icou comprovado que o truque de Jabir dera certo.

 J7 era noite alta quando se despediram do <ltimo dos convidados. $ara

loo assumiu um ar ausente, Itando um dos quadros na parede, com falso

interesse.

@ $ara... @ Jabir chamou, num sussurro. @ $into muito. Mas precisava

fa5er aluma coisa para seu prCprio bem.

@ +ara o meu bem? Eoc; quer di5er para o seu bem# $endo tão cheio

de vaidade e poder, não poderia exibir uma esposa que não estivesse

exultante de felicidade# %st7 pouco liando para o sentimento das pessoas#

 *udo o que lhe interessa " prestíio, dinheiro e poder# Eoc; me comprou, mas

ser7 que eu valho o dinheiro asto? Acho que desta ve5 fe5 um mau neCcio#

@ aIrmou $ara, aos ritos. @ $C eus sabe a ra5ão pela qual se casou comio,

pois at" aora, eu não sei# @ disse $ara, caindo num pranto convulsivo.

@ Eoc; sC est7 cansada e excitada demais# Eamos, enxuue essas

l7rimas @ disse Jabir, oferecendo=lhe um lenço @ $e reOetir melhor, ver7 que

eu feri seu amor=prCprio, e " por causa disso, que peço desculpas.

@ Não preciso de suas hipCcritas desculpas# @ retorquiu $ara, fa5endo

o possível para recompor=se. @ Numa coisa voc; tem ra5ão. %stou realmente

cansada. *ão cansada, que &7 não estou me importando com nada. $C lhe peço

um favor. No futuro, deixe=me em pa5. Não me venha com esses bei&os In=

idos#

@ $ara# @ A vo5 de Jabir ressoou pelo salão va5io, mas $ara &7 se

precipitara para o ref<io de seu quarto.

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CAPÍTUO !"

@ 9ue bom, Jabir# Eoc; veio para o meu casamento# @ uma moça

morena e mi<da atirou=se nos braços de Jabir nem bem ele desceu do cadillacpreto que parar7 no p7tio externo do con&unto de edifícios palacianos.

%le sorriu e bei&ou a &ovem antes de a&udar $ara, que não conseuia

descer do carro, atrapalhando=se com o comprido v"u nero que lhe haviam

pedido para usar. 9uando Inalmente conseuiu sair do carro, tamb"m recebeu

um abraço efusivo da &ovem morena.

@ 1em=vinda a Assir# eixe que eu lhe tire esse horroroso aba. Aqui,

voc; não vai precisar dele.)ivre do v"u, $ara Icou pestane&ando sob a lu5 ofuscante do sol,

tentando enxerar a moça que estava sua frente.

@ $ara, esta " :assa, minha avoada irmã mais moça, que aora

resolveu assentar essa cabecinha de vento.

:assa riu e deu a mão a $ara, começando a falar sem parar enquanto

todos se encaminhavam para dentro do pr"dio.

@ esde que eu soube do casamento de Jabir, Iquei louca paraconhec;=la. !omo voc; " linda# Nurra vai roer=se de ci<mes# Di5eram boa

viaem? Mamãe est7 morrendo de curiosidade...

@ Aora chea, :assa# @ interrompeu Jabir, bem=humorado, ao

subirem as escadarias de m7rmore. @ Acabamos de descer do avião, arota#

; ao menos um tempo para tomarmos f6leo#

!omparado com o ar abafado e escaldante do lado de fora, o hall era

quase frio. $ara olhou em volta com curiosidade. > sauão de entrada tinhaum mínimo de mobília, e o alto teto, em forma de c<pula, era pintado com

delicados arabescos nas cores cin5a e rosa. Bm suntuoso e monumental tapete

persa recobria o pavimento de m7rmore.

Ao entrarem, um verdadeiro ex"rcito de criados irrompeu no recinto,

fa5endo uma ala5arra infernal, cada um querendo expressar a seu modo a

satisfação de verem o patrão de volta. Aluns homens aproximaram=se e

bei&aram as mãos de Jabir.Apesar das liç8es de 7rabe que recebera, $ara não conseuiu entender

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uma sC palavra daquela alaravia. > vo5erio foi aumentando de volume at"

que Jabir bateu palmas enericamente. !omo por encanto, todos se calaram e,

pouco depois, os criados dispersaram=se, cada um indo cuidar de seu serviço.

@ +osso levar $ara at" a suíte? +rovavelmente ela vai querer refrescar=

se apCs tão lona &ornada @ ofereceu=se :assa, fa5endo sinal para que os

serviçais carreassem as malas para o andar superior.

@ !laro que pode @ assentiu Jabir, confabulando alo com :amed

antes de diriir=se a $ara. @ Eou ver as crianças, $ara. +or favor, não demore

@ recomendou.

$ara subiu com :assa e foi admirando a bele5a da decoração dos

ambientes pelos quais passaram.

@ >h, mas que bele5a# @ $ara exclamou, impulsivamente, ao ver seu

novo quarto, todo decorado em branco e verde=claro.

@ Dico contente que tenha ostado. Antes de voc; chear, dei alumas

suest8es a Ahmad, o mordomo de Jabir. !oitado, ele estava apavorado com a

incumb;ncia de convocar os decoradores para que reformassem seus

aposentos em apenas tr;s semanas @ informou :assa.

@ *r;s semanas? @ repetiu $ara, olhando para a moça, muito

espantada.

@ Bm tempo irrisCrio, não acha? @ retrucou :assa, sem compreender

que o espanto de $ara estava no fato de, h7 tr;s semanas, Jabir &7 tinha plena

certe5a de que ela aceitaria o acordo, ou se&a, bem antes do dia em que

Inalmente capitulara.

@ %ste " seu banheiro, e esta " a porta de comunicação com a suíte de

 Jabir @ continuou a di5er :assa.

A viaem fora lona e cansativa, e tudo o que $ara queria, no momento,

era uma boa cama. Mas antes, precisaria ir conhecer as Ilhas de Jabir.

@ $er7 que d7 tempo de tomar uma chuveirada? @ peruntou

prestativa cunhada.

@ !laro que d7# Eou veriIcar se os criados &7 trouxeram sua baaem.

Dique vontade. %u estarei sua espera na antecKmara da suíte.

ebaixo do chuveiro, $ara relembrou sua cheada a Assir. Dora=lhe

recomendado que permanecesse no avião enquanto Jabir preparava=se para a

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descida formal, colocando o kafyeh, um lono pano de linho branco a&ustado

na cabeça por meio de dois cord8es douradosQ

Aquele ornamento poderia parecer inconruente, &7 que ele estava

vestido com um terno de casimira inlesa cor de chumbo, mas $ara achou que

 Jabir estava mais belo e charmoso do que nunca ao descer as escadas do &ato.

>lhando pela &anelinha, viu v7rios homens irem ao encontro do príncipe,

e espantara=se ao v;=los curvarem=se solenemente, bei&ando=lhe as mãos. Bma

banda começara a tocar enquanto Jabir passava em revista uma pequena

uarda de honra.

$ara tinha consci;ncia de que casara com um membro da família real,

mas nunca imainara ter que enfrentar tanta pompa, e Icou ainda mais

assustada quando a comiss7ria de bordo apareceu com aquele volumoso v"u

nero.

epois da bria no iate, ela e Jabir mal tinham se falado, e aora, tudo

era novidade para $ara. 9uando cheou sua ve5 de descer as escadas do

avião, acabou tropeçando no v"u, e notou que Jabir reprimiu uma risada diante

de sua falta de &eito.

@ R bem=feito para voc;# @ ela sussurrara, entre dentes, ao se

diriirem para a limusine que os auardava, mas o a5ar foi tanto, que acabou

pisando novamente na barra do v"u e precisou ser amparada por Jabir.

@ !aia quantas ve5es quiser. %u estarei sempre a seu lado para dar=lhe

arrimo @ dissera ele, num tom de 5ombaria, rindo baixinho.

@ Não acho nenhuma raça# >h, Jabir, por favor, me a&ude# Não consio

andar com essa coisa monstruosa# @ suplicou, por Im, pondo o orulho de

lado.

@ R f7cil. R sC manter o corpo ereto. Mas aora, Ique aí sentada e

quietinha @ falou ele, a&udando=a a acomodar=se no assento traseiro do carro.

@ %stou me sentindo como uma vi<va=nera#

@ +ois eu acho que voc; est7 fant7stica# !om o tempo, vai acostumar=

se @ asseurou ele.

Ao percorrerem os sub<rbios de Assir, Jabir dera mostras de que estava

disposto a voltar a ser mais cordial e amistoso. No caminho, preocupou=se em

apontar e descrever os pontos de maior interesse. %difícios modernos, de

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arquitetura arro&ada, ladeavam a rodovia que levava do aeroporto cidade, e

 Jabir explicara que todas aquelas obras testemunhavam o incontest7vel

proresso de Assir.

 J7 dentro das muralhas que proteiam o con&unto de pal7cios, ela

admirara=se por ver tanto verde. Alamedas arbori5adas, canteiros Ooridos e

frondosas 7rvores formavam um verdadeiro o7sis ao Inal da estrada 7rida que

haviam percorrido.

$ubitamente, $ara fora tomada por uma sensação de medo e an<stia

diante da nova vida que teria pela frente. %stava tão temerosa que se sentira

at" confortada com a recepção festiva da irmã de Jabir.

Aora, &7 refrescada pelo banho frio e vestida com um simples con&unto

de alodão, seu bom Knimo retornara.

%stava escovando os lonos cabelos diante da penteadeira, quando

:assa reapareceu no quarto.

@ >h, $ara, deve ser uma b;nção divina ser tão linda# @ exclamou a

 &ovem, com espontaneidade. @ Não foi por menos que Jabir caiu de amores por

voc;# %u daria qualquer coisa para ter cabelos tão bonitos como os seus.

@ Na verdade, meu tipo é bastante comum na 2nlaterra @ disse $ara,

com mod"stia. @ % se quer saber, eu preferiria ter cabelos neros como os

seus.

:assa riu e sentou=se no chão de pernas cru5adas.

@ +ois "... Nunca ninu"m est7 satisfeito com o que tem. Mas de uma

coisa tenho certe5a( eu Icaria muito satisfeita se nos torn7ssemos boas

amias. Eai ser bem divertido ter uma estraneira aqui entre nCs.

@ % eu tenho certe5a de que seremos boas amias @ retrucou $ara,

sorrindo. @ !omo voc; pode imainar, tudo " muito diferente e estranho para

mim, e eu Icaria rata se pudesse contar com sua a&uda e solidariedade.

@ 2nfeli5mente, nosso tempo " curto. 9uem sabe mais tarde poderemos

taarelar vontade? %stou ansiosa para mostrar=lhe meu vestido de noiva. $C

faltam duas semanas para o casamento, e eu conto com voc; para me dar

conselhos. R que existem muitas coisas na vida de casada que eu ainda

desconheço.

HEoc; não " a <nicaH, pensou $ara, querendo mudar loo de assunto, e

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peruntou(

@ Eoc; mora aqui, neste pal7cio?

@ %ste não " o pal7cio, propriamente dito. R a moradia de Jabir. %xistem

muitas outras construç8es como esta no complexo palaciano, apesar de não

serem tão randes e suntuosas. entro das muralhas, temos at" uma escola e

uma mesquita privativa, sC para a família. !omo voc; deve estar sabendo,

somos uma família muito numerosa. +elos meus c7lculos, passamos de qui=

nhentas pessoas @ :assa foi at" a &anela e apontou para fora.

@ Aquela casa, por exemplo, pertence vi<va de meu falecido irmão

Muhammed. %le era dois anos mais velho do que Jabir, mas, apesar disso, era

menos a&ui5ado. *inha verdadeira loucura pela aviação e vivia fa5endo

acrobacias no ar. Acabou morrendo em um choque do avião com o pico de uma

montanha @ :assa revelou com triste5a.

@ $into muito @ murmurou $ara, contrafeita.

@ Mas como eu estava falando, a <nica construção considerada como o

pal7cio real " onde mora meu pai que, por sinal, é tamb"m a mais antia e tem

uma linda vista para o mar. %u tamb"m moro l7 com minha mãe, a rainha, e

com um irmão de de5oito anos chamado Dahad. Meus outros irmãos estão

aora no exterior, estudando. @ :assa descru5ou as pernas e levantou=se, @ R

melhor encurtarmos a conversa. Jabir est7 sua espera na sala das crianças.

$e &7 estiver pronta, vou lev7=la at" l7.

ando uma <ltima olhada ao espelho, $ara acompanhou a &ovem pelos

lonos corredores, roando a eus que as meninas simpati5assem com ela.

:assa, sempre prCdia em informaç8es, disse=lhe o quanto as crianças

sentiam a falta do pai quando este via&ava para o exterior.

@ %las tamb"m devem sentir falta da mãe @ acrescentou $ara,

compassiva.

:assa não respondeu observação. Abrindo a porta de uma sala, deu

passaem a $ara e loo correu para as escadas, ritando por sobre o ombro(

@ Ee&o voc; na hora do almoço#

 Jabir estava sentado num sof7, com uma das arotinhas no colo e a

outra aninhada a seu lado. 9uando $ara entrou, ele desprendeu entilmente os

bracinhos que lhe enlaçavam o pescoço.

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@ Eenham conhecer sua nova mãe, meninas @ ele anunciou, levando

as arotas pela mão at" $ara.

@ !omo vai, madrasta? @ disse a mais velha, apertando a mão de $ara,

e fa5endo uma respeitosa rever;ncia, no que foi imitada pela mais nova.

$ara sentiu uma onda de piedade invadir=lhe o coração e, a&oelhando=se

 &unto das meninas, tomou=lhes as mãos, afetuosamente.

@ ostaria que voc;s duas me chamassem de $ara. Madrasta soa tão

mal... % eu ainda não me sinto tão velha assim. @ > riso alere de $ara

provocou um sorrisinho titubeante na mais velha, mas a menor, continuou

s"ria e consultou Jabir com um olhar ansioso.

@ Amanhã, bem que voc; poderia mostrar=me a casa, hein? @ pediu a

N7dia. @ +ara mim, tudo aqui " novidade e, sem a sua a&uda, eu poderia

perder=me nesses labirintos.

N7dia fe5 um esto de consentimento e desta ve5 sorriu com mais

descontração,

@ Xtimo, então, estamos combinadas# @ disse $ara, levantando=se do

chão a Im de atender a uma nova apresentação.

@ %sta " a $rta. $cott', $ara. %la criou a todos nCs, desde que "ramos

pequenos, e aora cuida das meninas. Di5emos de sua vida um inferno, não foi

$cott'?

@ > que " isso, patrão? %sses são modos de falar?

Ao virar=se para cumprimentar a $rta. $cott', $ara notou que ela

empalidecera e a Itava como se estivesse vendo um fantasma.

@ Eoc; est7 bem, $cott'? @ peruntou Jabir, notando a reação da velha

pa&em.

@ >h, sim, estou bem. Doi sC uma tontura. Acho que " o calor.

 J7 refeita, a $rta. $cott', cu&o nome apropriadamente indicava sua

oriem escocesa, cumprimentou $ara com um caloroso sorriso de aprovação.

@ %stou contente em ver que ele Inalmente teve o bom senso de

escolher uma moça bonita e saud7vel para companheira @ disse a velha

senhora com a sem=cerim6nia de uma pessoa íntima da casa. %la tomou as

mãos de $ara entre as suas e deu=lhe um bei&o no rosto. @ %spero

sinceramente que ambos se&am muito feli5es. % voc;, minha querida, trate de

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mant;=lo na linha# Fs ve5es, o meu menino torna=se turrão, e quer fa5er a seu

modo tudo o que lhe d7 na telha#

$ara fe5 força para Icar s"ria at" ambos saírem do quarto das crianças,

mas ao descerem as escadas, caiu na aralhada.

@ %u, manter voc; na linha? %ssa foi boa#

 Jabir seurou=lhe a mão e a levou aos l7bios, depositando=lhe na palma

um bei&o c7lido. )oo um tremor sacudiu o corpo de $ara, o sanue começou a

circular mais r7pido nas veias e o coração disparou.

@ 9uem sabe? @ sussurrou ele e, soltando=lhe a mão, recomeçou a

descer as escadarias. @ Eamos, &7 " hora do almoço. :o&e :assa nos far7

companhia.

%sotada demais para fa5er qualquer outra coisa senão comer

silenciosamente, $ara Icou observando Jabir e :assa conversarem entre si,

muito risonhos e expansivos. %m seu país, entre seus familiares, Jabir parecia

uma criatura bem diferente do homem arroante e seco com quem ela se

casara. *ornava=se evidente que Jabir adorava as Ilhas e mantinha um

relacionamento muito afetuoso com a irmã.

$ara suspirou, deprimida. esde aquele dia tão feli5 na ilha, ela sC vinha

recebendo indiferença e re&eição por parte de Jabir.

H$e ao menos ela merecesse a metade da consideração que ele

dedicava a :assa#H, pensou $ara, com uma ponta de inve&a.

%stava tão imersa em seus pensamentos que sC voltou a prestar

atenção na conversa dos dois irmãos quando ouviu seu nome ser mencionado.

@ ... Eoc; e $ara. No entanto, meu estimado irmão, voc; continuar7 a

ser ersona non rata, pelo menos at" amanhã. Nosso pai vai sair para caçar

no deserto, e, como voc; sabe, as caçadas são seu esporte favorito. %le est7

com tão boa disposição que at" anunciou que receber7 o casal em audi;ncia,

para depois oferecer um almoço toda a família. !onsiderando=se as

circunstKncias, ele est7 at" calmo demais.

Que %ir%unst/n%ias0, peruntou=se $ara. *udo para ela era tão

misterioso# !omo ostaria de saber o que estava sucedendo a seu redor#

@ Mas como voc; deve imainar, um dos membros da família não est7

muito... bem, muito satisfeito @ acrescentou :assa, num tom de advert;ncia.

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 Jabir perscrutou a Isionomia preocupada da irmã.

@ Ah, &7 sei @ disse, larando intempestivamente o uardanapo sobre a

mesa, e levantou=se. @ Eoc; vai ter que nos desculpar, :assa. $ara parece

exausta, e aora precisa descansar.

Ao escolt7=la at" a suíte, Jabir ordenou, no seu costumeiro tom

autorit7rio, que não admitia r"plicasQ

@ 9uero que voc; durma pelo resto do dia. $e precisar de aluma coisa,

" sC chamar a criada. arei instruç8es para que ninu"m a perturbe. @ Eendo

a Isionomia de $ara, desfeita pelo cansaço, acrescentou, numa inOexão de vo5

mais suave( @ Minha pobre $ara# Doi uma semana terrível para voc;, não foi?

9uando estiver mais descansada, teremos uma lona conversa, est7 bem?

e fato, Jabir era um enima, pensou $ara, &7 deitada em seu leito

principesco. Fs ve5es, parecia tão rude e prepotente, e outras ve5es...

Acabou dormindo pelo resto da tarde e quando acordou o sol &7 se

escondia no poente. +ela &anela, viu uma equipe de &ardineiros na faina de

rearem as plantas, e extasiou=se com o delicioso aroma de terra molhada e o

perfume das Oores que cheava at" ela.

$entiu sede e tocou a sineta para chamar Uashi, sua nova criada

particular, que loo se apressou em servir=lhe uma limonada fresca, para, em

seuida, desfa5er as malas, uardando as roupas nos espaçosos arm7rios.

$ara sentou=se &unto &anela para tomar seu refresco e pensar na nova

vida, que não ia ser f7cil, quando ouviu bater na porta.

A cabecinha morena de :assa apareceu pela fresta.

@ Uashi me disse que voc; &7 tinha acordado e eu...

@ %ntre, :assa @ convidou $ara, aliviada por ver um rosto amio.

@ Andei pensando que talve5 voc; não soubesse como tra&ar=se aqui

em Assir. +osso dar um palpite?

@ >h, :assa, foi muita bondade sua pensar nisso. 4ealmente, eu estava

em d<vida. ; uma espiada nas roupas que Uashi acabou de pendurar e sua

opinião ser7 uma lei para mim.

:assa não se fe5 de roada e, muito curiosa, foi bisbilhotar os arm7rios.

@ +uxa# Eoc; tem um uarda=roupa sensacional# % com todos esses

sapatos combinando... @ :assa suspirou de inve&a.

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@ Mas ser7 que são tra&es adequados para Assir? Mesmo em )ondres,

eu achei que eram um exaero, mas Jabir insistiu tanto...

@ >h, voc; sabe como somos nCs, os 7rabes. Nunca tivemos coisas

modernas e bonitas ao nosso alcance @ riu da prCpria autocrítica. @ %ste

vestido, por exemplo, " perfeito para qualquer ocasião#

:assa tirou do cabide um lono em cetim cin5a claro, bordado com Ios

de prata e p"rolas que a&ustou ao corpo, indo mirar=se no espelho.

@ R uma pena que voc; se&a tão mais alta e mais mara do que eu,

senão iria at" pedi=lo emprestado @ relutante, larou o vestido sobre a cama.

@ 9uanto moda, aqui no pal7cio tudo " bem aceito, e nas piscinas privativas

voc; pode at" usar biquíni.

@ % quanto ao uso do v"u? @ peruntou $ara, estranhando tanta

liberalidade.

@ +apai " ainda muito antiquado e osta que as mulheres da família

usem o aba sempre que saem rua, se&a a p" ou de carro. Mas voc; não vai

ser obriada a usar o v"u, se não quiser. A <nica exi;ncia " apresentar=se de

manas compridas. $e voc; comparecer diante dos beduínos do deserto de

manas curtas, vai ser um escKndalo# R que ainda existe muita disparidade

entre os centros urbanos e as tribos n6mades do deserto, e não ve&o ra5ão

para chocar aqueles pobres inorantes, concorda? @ Uashi veio servir mais

uma &arra de limonada e depois que a criada saiu, :assa continuou. @ Não vai

ser tão difícil, pode crer. A velha imaem do har"m &7 foi superada e, ho&e em

dia, as mulheres de Assir andam livres por onde bem entendem, sem

problemas.

@ Eoc; foi de rande valia para mim, :assa @ disse $ara, aradecida.

@ evo admitir que eu estava seriamente preocupada com a maneira como

deveria comportar=me. R que nCs, estraneiros, sempre ouvimos todas aquelas

histCrias t"tricas sobre mulheres trancaIadas a sete chaves nos har"ns,

proibidas at" de verem homens...

:assa soltou uma aralhada ruidosa, que fe5 com que $ara sorrisse

amarelo.

@ +ode ser que para voc; tenha raça, mas, mesmo assim, continuo a

achar que a vida aqui " bem diferente daquela que eu levava em )ondres. !om

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 Jabir nem adianta falar. %le sacode os ombros e di5 que, aos poucos, tudo vai

entrar nos eixos.

Bm traço de amarura na vo5 de $ara fe5 com que :assa fran5isse a

testa.

@ Eoc; se sente feli5 com Jabir? 9uero di5er, voc;s dois se amam de

verdade?

Amaldiçoando=se intimamente por ter quase deixado escapar a triste

realidade de seu casamento, $ara apressou=se em tranqGili5ar a &ovem

cunhada.

@ !laro que somos feli5es. Ali7s, somos extremamente feli5es. R que...

bem, " que estamos casados h7 apenas uma semana e ainda existe muita

coisa que eu preciso aprender sobre a família e os costumes 7rabes.

@ Dico contente em saber disso. Jabir " meu irmão predileto. %le &7

padeceu muito na vida, e aora merece que alu"m o ame e o faça feli5.

@ %le deve ter Icado arrasado com a morte da esposa @ disse $ara,

sondando o terreno. @ Jabir nunca fala sobre esse assunto. > que aconteceu,

aInal? Não quero ser indiscreta e nem dese&o aborrec;=la fa5endo certas

peruntas. 4esponda se quiser.

+ela primeira ve5, :assa mostrou=se embaraçada.

@ $into muito, $ara. $e eu pudesse, bem que falaria. Mas Jabir proibiu

terminantemente que se mencione esse assunto na família. Eoc; vai ter que

peruntar a ele diretamente.

$ara Icou ainda mais intriada, mas não insistiu, preferindo enveredar

para uma outra d<vida.

@ +arece que o pai de Jabir não Icou muito satisfeito com o nosso

casamento. %sse assunto tamb"m " proibido?

@ Não, que eu saiba @ respondeu :assa, sorridente. @ Ali7s, a família

não fala em outra coisa desde que papai recebeu um telerama de Jabir

anunciando que tinha resolvido casar.

@ Mas antes desse telerama, ele não tinha dito nada?

@ Não. Meu irmão " um menino rebelde e turrão, como diria $cott'. Doi

por isso que papai Icou tão 5anado# Jabir " uma cCpia em papel=carbono do

rei. Ambos são arroantes na superfície, mas, no íntimo, são dois moleir8es @

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$ara cheou a pestane&ar diante da descrição que :assa fe5 do marido, tão

difícil de acreditar, e a moça interpretou mal seu aturdimento. @ Não precisa

Icar tão apreensiva, $ara. +apai vai acabar adorando voc;.

@ +elo que me consta, o rei tinha outros planos para o Ilho @ arriscou

$ara.

@ *inha, mas todos nCs Icamos aliviados quando soubemos que Nurra

estava fora do p7reo. %la " simplesmente intra7vel# At" mamãe, que " tão

discreta, externou sua opinião, manifestando=se a seu favor. 9uem vai Icar

verde de inve&a " Nurra. %spere sC at" amanhã para ver...

@ %ntão seu pai est7 aborrecido porque queria que Jabir casasse com

Nurra?

@ !ala=te boca# @ exclamou :assa, batendo com a mão sobre os l7bios.

@ %ntão, voc; não estava sabendo?

@ Não. Mas dia=me uma coisa, :assa, quem " Nurra?

@ R a vi<va de Muhammed, o irmão mais velho de Jabir. +apai queria o

casamento por motivos políticos. > pai dela " um sultão muito inOuente, mas

difícil de se lidar. > casamento representaria a pa5 no reino de Assir @ :assa

levantou=se e foi at" a &anela. @ J7 est7 na hora de voltar para a minha casa.

 Jabir est7 cheando. @ :assa Itou $ara, em d<vida( @ $C espero não ter dito

nada que a tenha aborrecido.

@ >h, não# %u estava completamente no escuro, e voc; esclareceu

muita coisa. $ou=lhe imensamente rata por isso, pode crer.

epois que :assa foi embora, $ara foi tamb"m debruçar=se na &anela,

meditando sobre o que ouvira da cunhada, ali7s, nada de tranqGili5ador. $ua

meditação foi interrompida pela entrada de Jabir vestido com roupas de

montaria que o tornavam ainda mais m7sculo e atraente.

@ Dui visitar o meu haras, e aora ostaria de tomar um bom banho de

piscina. $e não se importar, apreciaria que me I5esse companhia.

$ara tentou concatenar as id"ias que se dispersavam diante do olhar

perturbador do marido.

@ >h, sim, eu... %u ostaria muito. %xiste aluma restrição quanto a

tra&es de banho? @ peruntou, lembrando=se das recomendaç8es de :assa.

@ Bse o menor possível @ foi a resposta, dita num tom 5ombeteiro. @

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Mas antes preciso dar uns telefonemas. +eça sua criada para mostrar=lhe

onde Ica a piscina. )oo em seuida irei ao seu encontro. A propCsito, voc;

sabe nadar?

@ $ei @ disse com ironia. +or causa do tom impessoal usado por ele,

completou( @ $C porque Iquei en&oada naquele seu transatlKntico, não quer

di5er que eu não saiba nadar#

@ Ainda bem @ ele retrucou. @ Ee&o voc; loo mais.

H*enho certe5a de ter tra5ido um maio inteiriçoH, pensou $ara, aOita,

procurando nas avetas da c6moda. H> menor possível, sim senhor#H Nem

morta, ela iria usar um de seus diminutos biquínis, principalmente na presença

de Jabir. $C de pensar naquele olhar com que ele costumava It7=la, arrepiou=se

toda.

Dinalmente, encontrou o maio preto. %ra bastante discreto, apesar do

decote eneroso.

 J7 boiando, na 7ua fresca da piscina, $ara sentiu um arad7vel

relaxamento que h7 muito tempo não experimentava. Eideiras e outras plantas

trepadeiras com Oores vermelhas e lilases cobriam as altas paredes que

sereavam o espaço da piscina, e $ara sorriu ao lembrar=se da aIrmação de

:assa de que os 7rabes não tinham coisas modernas e bonitas ao alcance.

Aquela piscina fant7stica, com plataformas de merulho que at" ultrapassavam

as medidas olímpicas, era uma contradição.

>uvindo um ruído, aprumou o corpo e viu Jabir descendo pela ampla

escada do lado oposto. 2ndolentemente, nadou ao encontro dele, mas parou ao

v;=lo desembaraçar=se do robe atoalhado, exibindo um corpo musculoso e

perfeito, coberto apenas por uma exíua suna.

$ara loo merulhou e quando voltou tona seurou=se ao corrimão

met7lico, a Im de refa5er=se do impacto. Nem bem acabara de tomar f6leo,

 Jabir emeriu a seu lado, sacudindo a 7ua dos cabelos neros.

@ !omo ", $ara, est7 ostando?

@ R uma piscina linda, mas nem nos est7dios eu vi uma piscina tão

rande e comprida#

@ R que eu osto de praticar natação para manter a forma, mas não

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osto de Icar fa5endo a virada a cada instante. +or isso pedi ao arquiteto que a

construísse no maior comprimento possível.

@ % os trampolins?

@ Na "poca, eu estava via&ando e não pude supervisionar a obra. Acho

que o arquiteto extrapolou#

Ambos riram e, subitamente, $ara tomou consci;ncia do fulor dos

olhos neros pousados no ousado decote de seu maio.

!omo se tivesse intuído seu constranimento, Jabir desviou o olhar e

prop6s, &ovialmente(

@ 9ue tal apostarmos uma corrida de ida e volta?

@ Não vai me dar nem uma vantaem?

Ao ver um sorriso travesso nos l7bios de $ara, Jabir larou o corrimão e

seurando=a pela cintura, puxou=a para mais perto.

@ Não ser7 falsa mod"stia? > que est7 querendo aprontar, $ara? $e&a

como for, um pouco de exercício, vai lhe fa5er bem.

@ +arece que voc; quer que todas as coisas me façam bem. $e

continuar a me falar assim, eu... eu nem sei o que vou fa5er# @ explodiu ela,

levada pela sensação desconhecida de sentir o roçar dos corpos seminus

dentro da 7ua.

@ Eai fa5er o qu;? @ peruntou ele, rindo.

@ +ara começar, pretendo anhar esta corrida# @ *omando impulso,

partiu num velo5 %ra1l.

 *oda a frustração e o ressentimento que a sufocara desde que Jabir a

forçara a casar com ele transformaram=se numa mola propulsora que a fe5

criar asas e $ara foi a primeira a bater com a mão nos ladrilhos, tendo Jabir a

poucos centímetros do ponto de cheada.

@ %u sabia que voc; estava tramando aluma coisa# @ disse ele, ainda

ofeante. @ >nde aprendeu a nadar tão bem?

@ 9uando criança, eu freqGentava um clube esportivo em )ondres.

!heuei at" a participar de competiç8es. +arei de competir quando me &uluei

velha demais para isso.

@ Eelha, aos vinte anos?

@ R que aos cator5e, meu corpo começou a desenvolver, e... @

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corando, acrescentou rapidamente @ o caso " que comecei a perder para

arotas de do5e anos, e preferi dedicar=me ao salto ornamental.

@ Eoc; seria capa5 de merulhar de uma altura dessas? @ peruntou

 Jabir, incr"dulo, apontando para a <ltima plataforma.

@ R tão surpreendente assim? @ retrucou ela, saindo da 7ua e indo

em busca de uma toalha para cobrir=se.

@ o <ltimo lance? Não " possível# @ exclamou ele, com desd"m.

@ $er7 que seu precioso dossi; falhou mais uma ve5? 9ue l7stima# @

retrucou, sarc7stica e, num esto impulsivo, atirou a toalha para o lado e

correu para as plataformas.

e início, ele riu, mas quando a viu subindo ailmente pelas escadas,

correu atr7s dela, parando na base da iantesca estrutura.

@ $ara, volte imediatamente# R muito perioso, volte# @ ritou, o

sorriso abandonando=lhe o rosto medida que ela subia cada ve5 mais alto.

@ Não# @ ela revidou com teimosia. @ Eoc; e seu maldito dossi;# Eou

mostrar=lhe do que sou capa5#

 J7 na borda do trampolim da <ltima plataforma, $ara teve um momento

de hesitação. %stava destreinada, e merulhar daquela altura era realmente

uma temeridade. 1obaem# %ra sC concentrar=se e fa5er o que tinha aprendido.

 Jabir deu um passo atr7s para ver melhor a esbelta Iura que &7 se

balançava no trampolim para tomar impulso. 9uis ritar para impedi=la, mas

percebeu em tempo o perio de distrair=lhe a concentração.

Doi com assombro que viu $ara lançar=se raciosamente no espaço,

dando duas reviravoltas no ar antes de afundar na 7ua, numa perfeita linha

vertical.

Ao emerir, $ara nadou lentamente at" a borda da piscina. Dicou muito

espantada ao ver o rosto p7lido e os olhos relu5entes de raiva de Jabir, que se

apressou em pux7=la para fora da 7ua.

@ Nunca mais faça uma coisa dessas, nunca mais# @ ritou ele,

sacudindo=a pelos ombros com f<ria. @ Eoc; podia ter se matado# +rometa que

nunca mais far7 uma coisa dessas, prometa#

@ $im... $im, eu prometo. %u... %u sinto muito, Jabir @ olhou para ele

com cara de arota levada que acabou de fa5er uma travessura. @ Não havia

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perio alum, pode crer. R um salto bastante simples, apesar de parecer difícil.

 Jabir Itou=a estupefato, antes de solt7=la.

@ Eoc; me preou um susto enorme# @ ele falou, entreando=lhe a

saída=de=banho e vestindo o prCprio robe. @ Acho que ambos estamos

precisando de um drinque.

 Jabir levou=a at" um pequeno solarium, prCximo piscina, e foi direto ao

bar5inho.

@ 9ue Al7 me perdoe, mas ho&e vou sair do s"rio @ serviu=se de uma

dose dupla de conhaque, que tomou de um sC trao.

@ >h, Jabir, desculpe. Acho que eu estava querendo me exibir. Doi uma

estupide5 de minha parte @ mordeu os l7bios, embaraçada. @ R que... que eu

Ico transtornada sempre que me lembro daquele dossi;. +osso tamb"m tomar

um drinque? @ pediu.

@ %u entendo como voc; se sente. @ !arinhosamente, Jabir erueu=lhe

o queixo e a encarou. @ Nunca mais vamos mencionar aquele relatCrio, mas

tamb"m nunca mais voc; vai merulhar do <ltimo trampolim. %stamos

entendidos?

@ R um pacto @ concordou ela.

@ %ntão, vamos comemorar com champanhe#

Ao tomar sua seunda taça de champanhe, $ara começou a sentir=se

mais descontraída.

@ Jabir, voc; devia ter me dito que seu pai foi contra o nosso

casamento.

Bm lono sil;ncio precedeu a resposta de Jabir.

@ Nem vou lhe peruntar de quem voc; ouviu isso. +osso adivinhar que

foi de :assa. $im, eu deveria ter contado, mas não o I5, com receio de

complicar ainda mais nosso relacionamento.

@ %le est7 muito 5anado?

 Jabir balançou a cabeça e sorriu.

@ Nem tanto. R mais uma implicKncia da parte dele, do que qualquer

outra coisa.

@ *em certe5a? %u detestaria ser o pomo da discCrdia entre voc;s dois.

@ Dique sosseada, $ara. *udo vai dar certo. !onIe em mim.

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@ Eou conIar @ acedeu $ara, esforçando=se para afastar do pensa=

mento uma misteriosa personaem chamada Nurra.

@ % com as crianças, o que voc; est7 achando?

@ %las são uns amores# +ara ser sincera, quando me disse que queria

que eu fosse uma mãe para elas, Iquei apavorada# R que nunca lidei com

crianças pequenas e achei voc; um louco por conIar em mim.

@ *alve5 eu fosse... e continue sendo... @ Jabir olhou reOexivamente

para o fundo do copo, como se lhe tivesse surido uma d<vida.

@ 1em, ainda não posso aIrmar que eu se&a a pessoa adequada para

suas Ilhas, mas posso arantir que farei o possível para torn7=las feli5es @

asseverou $ara.

@ Minha querida, meu <nico receio no momento " que voc; as mime

demais @ disse ele, bem=humorado, tornando a encher as taças.

@ > que aconteceu com a mãe delas... com sua esposa? @ Inalmente,

a perunta assomou aos l7bios de $ara.

 Jabir enri&eceu o corpo e, em sil;ncio, recolocou a arrafa no (reezer do

bar.

@ Não quero falar sobre minha primeira esposa, $ara, muito menos aqui

e aora @ suspirou, e mais uma ve5 emudeceu.

$ara remoeu=se de remorsos pelo resto do dia. !om poucas palavras

impensadas, pusera a perder uma boa oportunidade para iniciar um

relacionamento amistoso e cordial com o marido. !omo pudera ser tão

inconseqGente?

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CAPÍTUO "

No dia seuinte, $ara acordou mais deprimida do que quando fora

dormir. Uashi trouxe o ch7 matinal acompanhado de um bilhete escrito m7quina, avisando que Jabir estaria fora a manhã toda, no terminal dos dutos

de petrCleo, e que $ara estava sendo auardada na biblioteca do pal7cio para

a aula de 7rabe.

@ Não me dia# @ exclamou ela, raivosa, e rasou o bilhete em

pedacinhos, atirando=os ao ar.

 *omando seu ch7 &unto &anela, $ara tentou analisar a situação

racionalmente. 9ualquer que fosse o motivo que a compelira quelecasamento, exiiria dela esforços para dar=lhe um sentido lCico. A tarefa não

era f7cil. Jabir a comprara como se compra uma forma de pão. issera que

precisava de uma hostess, mas naquela semana que passaram no iate tornara=

se bem claro que ele não tinha tal necessidade. *odos os problemas sociais

haviam sido resolvidos sem que tivesse sido solicitada a sua colaboração. % se

ele precisasse eventualmente de uma anItriã, poderia muito bem escolher

uma entre as muitas eleantes e soIsticadas mulheres que ela conheceradurante a festa em !annes. Ali7s, qualquer uma delas se prestaria

pra5erosamente a exercer esse caro.

Ao pensar no tolo comportamento que tivera na noite de n<pcias, $ara

corou, mortiIcada. %la não era totalmente in;nua. Dicara Cbvio que Jabir a

considerava bonita e atraente e que dese&ara fa5er amor com ela. >u melhor,

dese&ara cumprir uma Hfunção IsiolCica normalH, reconsiderou, com

amarura. Mas se ele dese&ava ter apenas uma amante, teria uma inInidadede candidatas disponíveis. +ara que casar?

9uanto a precisar de uma mãe para as Ilhas, era bem possível, apesar

de que $cott' &7 desempenhava essa função com todo o amor e carinho de

uma verdadeira mãe. Al"m do mais, as meninas &7 freqGentavam a escola, e

 Jabir dissera que ele e $ara passariam rande parte do tempo no >cidente.

H%ntão, por que, oh meu eus, por que ele se casou comio?H,

peruntou=se pela mil"sima ve5.4elembrando as palavras de Jabir no iate, procurou enveredar por uma

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nova pista. 9uem sabe ele casara sC para contrariar o pai.

@ Doi um lindo caso de amor. @ A rainha sorriu, ben"vola. @ $C que

durou pouco. %la morreu ao dar lu5 a Jabir. > rei Icou inconsol7vel por lono

tempo. Mesmo depois que a dor se abrandou, nunca mais quis falar sobre ela.

@ Mas, mamãe, aora ele tem a voc;#

@ $im, mas s ve5es desconIo de que ela nunca saiu da memCria dele,

como, ali7s, aconteceu com todos os que a conheceram.

@ Mesmo assim, casou com voc; @ insistiu a Ilha. @ % pelo que me

consta, ele se sente muito feli5.

@ >ra, :assa, vamos parar com isso# Eoc; me instiou a fa5er

mexericos, e isso não " bonito. > que $ara vai pensar de nCs?

@ Eou pensar... bem, que o rei teve muita sorte @ $ara sorriu

amavelmente para a rainha. @ % obriada por ter me contado aluns

antecedentes da vida de Jabir. 2sso me a&udar7 a compreend;=lo melhor.

ApCs mais aluns minutos de conversa :assa levou $ara para ver seu

vestido de noiva, como tamb"m os maníIcos presentes de casamento que &7

recebera. Doi sC na hora das despedidas que a rainha voltou a manifestar=se.

@ 9ue esquecimento o meu# $e voc; quiser saber mais aluma coisa

sobre a mãe de Jabir, " sC peruntar a $rta. $cott'. 9uando a rainha Sahra veio

morar em Assir, trouxe a antia ama em sua companhia.

@ 4ainha Sahra? > nome dela era Sahra? @ $ara peruntou, olhando

assombrada para a mãe de :assa.

@ $ei qual " o motivo de seu espanto. e fato, não somente voc; se

parece extraordinariamente com ela, como os dois nomes t;m o mesmo som. R

not7vel, não acha?

)oo que saíram da presença da rainha, :assa conIdenciou(

@ Eoc; deve sentir=se muito honrada, $ara. $aiba que " muito raro a

rainha permitir que a chamem de HmamãeH, principalmente no primeiro

contato.

@ $ua mãe " um encanto. Acredito que ela tenha conseuido tornar seu

pai muito feli5.

@ e fato. %le não d7 um passo sem aconselhar=se com ela. Mamãe tem

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muito bom=senso e sabedoria. R por isso que tenho f" que papai aceite voc;,

$ara. Não precisa Icar apreensiva. %le costuma ser um homem muito af7vel.

Ao vestir=se para ser apresentada ao rei e a toda a família, $ara tomou a

precaução de escolher um tra&e lono, de manas compridas. Não custava

nada aradar aos mais conservadores.

9uanto ao penteado, prendeu os cabelos com um nC no alto da cabeça,

deixando as pontas soltas pelos ombros.

+odia não estar na <ltima moda, se comparada s outras mulheres

presentes, mas certamente causaria boa impressão ao rei, pensou, ao mirar=se

no espelho para os <ltimos retoques.

@ +erfeita# @ A vo5 de Jabir, s suas costas, causou=lhe um sobressalto.

Eoltando=se, viu o marido postado &unto porta de comunicação, pela

primeira ve5 tra&ado moda 7rabe, dos p"s cabeça, tal como ela sempre

supusera ser a apar;ncia de um príncipe do deserto.

@ 9ue histCria " essa que andei ouvindo por aí? @ disse ele, cru5ando

os braços e apoiando=se ao batente.

> coração de $ara deu um salto e, desesperada, procurou lembrar=se do

que teria feito de errado.

@ $C me ausentei por meio dia, e &7 andei ouvindo um 5un5um no

pal7cio @ continuou ele. @ %stão espalhando que a nova esposa do príncipe "

esplendorosa e bela como o prCprio $ol# @ A Isionomia austera abriu=se num

laro sorriso. @ *amb"m ouvi di5er que ela enfeitiçou a mulher do rei, e que

est7 sendo uma mãe dedicada e enerosa com as enteadas#

@ >h, Jabir, deixe de ser mentiroso#

@ 9uerida $ara, saiba que estou relatando apenas uma versão

condensada do que disseram. $e ouvisse o que meus s<ditos estão

comentando a seu respeito, Icaria at" encabulada. !omo a principal ocupação

deles " fa5er intrias, sua cheada a Assir proporcionou=lhes um verdadeiro

festival# Mas não se preocupe, estou envaidecido. Meu prestíio aumentou

muito desde que voc; cheou.

@ >ra, isso " ridículo# @ exclamou $ara, corando intensamente.

@ % como se saiu na aula de 7rabe? @ peruntou ele, mudando de

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assunto e encaminhando=se vaarosamente para &unto dela.

!omo ele estava fant7stico com aquelas roupas# A lona veste o

tornava ainda mais alto e imponente, e os olhos escuros pareciam ainda mais

profundos e misteriosos em contraste com o pano branco que lhe cobria a

cabeça altiva. !omo sempre acontecia quando ele estava por perto, $ara loo

Icou tr;mula e nervosa.

@ 4eceio... 1em, acho que não fui muito bem @ balbuciou. @ $C

aprendi umas poucas palavras como ahal e kafyeh @ disse ela, apontando

para os cord8es dourados que ciniam a cabeça de Jabir. @ % tamb"m aba @

acrescentou, tocando=lhe o pano branco.

@ Nota de5# @ !om um sorriso maroto, ele acrescentou( @ % aora,

como voc; tradu5iria a seuinte frase( H9uero bei&7=la apenas como um tributo

sua bele5a, sem nenhuma intenção de aproveitar=me de seu lindo corpo.H

Mesmo para uma principiante, não deve ser tão difícil# @ Apesar de tensa, $ara

não p6de evitar uma alere risada( @ %ntão, o que me di5? R sim ou não?

$ara abaixou as p7lpebras, estremecendo, quando ele erueu=lhe o

queixo, apenas encostando os l7bios num dos cantos de sua boca. $eu corpo

loo reaiu, dese&ando que aquele delicado bei&o se aprofundasse. $entiu=se

decepcionada quando ele afastou=se e, sorrindo, recolocou no luar uma

madeixa de cabelos que se soltara.

@ Aora precisamos ir. Meu pai nos espera.

$ubmissa, $ara o seuiu at" chearem ao pal7cio real, onde entraram

por uma porta lateral que se abria para um imenso salão, totalmente va5io.

@ R aqui que o rei vai nos receber? @ peruntou $ara, ansiosa.

@ Não. R na prCxima sala @ esclareceu ele. $ara Icou muito admirada

ao ver que Jabir tirava os sapatos, entreando=os a um dos criados que

estavam de uarda na porta. @ Antes de tudo, $ara, vou dar uma palavrinha

com meu pai. Eoc; espera aqui. Eirei busc7=la na hora da audi;ncia.

e onde estava, $ara p6de ouvir o eco de uma s"rie de improp"rios e,

em meio da acalorada discussão, conseuiu distinuir a vo5 de Jabir.

+ouco depois, a porta tornou a abrir=se e ele voltou. *omou=lhe o braço

com um sorriso, como se nada tivesse acontecido, condu5indo=a at" uma outra

porta dupla que dava entrada ao ma$his, a cKmara de audi;ncias do rei.

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$ara olhou aturdida para a Iura de um homem risalho, sentado sobre

uma pilha de almofad8es, sem saber o que fa5er. Jabir sussurrou=lhe ao ouvido

que auardasse ser chamada. %m seuida, ele avançou aluns passos,

a&oelhou=se, e inclinou=se at" bater com a fronte no tapete persa que encobria

o pavimento de m7rmore.

A um esto do rei, Jabir levantou=se e foi bei&ar=lhe respeitosamente a

mão. %ntão, ele pediu para que $ara se aproximasse. Apavorada, começou a

tremer. $C conseuiu acalmar=se um pouco ao convencer=se mentalmente de

que ela era uma cidadã britKnica e nada devia temer daquela Iura pitoresca

que se intitulava o rei de um país semi=b7rbaro, perdido num lonínquo

deserto. !om um sorriso nos l7bios, que &ulou servil devido s circunstKncias,

$ara aproximou=se do potentado 7rabe. > rei falou=lhe no idioma p7trio, e Jabir

apressou=se em tradu5ir(

@ Meu pai a considera bem=vinda e espera que voc; lhe d; muitos

netos para alerar=lhe a velhice.

$ara esqueceu as poucas palavras que aprendera em 7rabe e limitou=se

a inclinar a cabeça, recebendo um bei&o na testa.

 Jabir e $ara foram sentar=se lado a lado, enquanto o velho rei proferia

um pequeno discurso, diriido aos demais convidados, todos homens.

@ $into muito, Jabir @ ela sussurrou meia vo5. @ Na <ltima hora,

esqueci totalmente o que aprendi#

@ Não se preocupe. +apai tem senso de humor. %le sabe que voc; "

cristã e que não sabe falar em 7rabe. %le est7 di5endo aos outros que espera

que, com o tempo, voc; se torne uma boa muçulmana.

)oo que as risadas dos presentes cessaram e todos se aquietaram, o

rei prosseuiu com seu discurso, desta ve5, falando em inl;s.

@ Meu Ilho escolheu uma mulher bonita e prendada como esposa. Daço

votos que ele a ame e respeite como ela bem o merece#

$ara corou e Icou ainda mais vermelha quando Jabir levantou=se e

tradu5iu as palavras do pai para o 7rabe, fa5endo com que a assist;ncia

aplaudisse de p".

@ +or que sC tem homens aqui? @ ela murmurou, olhando contrafeita

para aquela plat"ia masculina que não se cansava de enviar=lhe olhares de

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admiração.

@ $ão aluns dos companheiros de caçadas de meu pai. :o&e eles vão

acampar no deserto, ra5ão pela qual a reunião não foi reali5ada noite. eixe=

me ver... %stão presentes tamb"m os ministros de %stado e aluns de meus

velhos tios. A aus;ncia de mulheres deve=se ao fato de que eles querem que

voc; se&a a <nica a receber todas as honrarias.

+ouco depois dessas explicaç8es, o rei levantou=se e, seurando $ara

pela mão, sueriu que fossem ao encontro da família que se encontrava em

outro salão, tão imenso que mais parecia um salão de baile, e mesmo assim,

lotado de ente.

$ara foi antes saudada pela rainha e, em seuida, ainda acompanhada

pelo rei, que não lhe soltava a mão, foram cumprimentar os numerosos

parentes de Jabir, um a um. :assa tinha lhe ensinado a forma de cumprimentar

moda 7rabe, tocando a pessoa com os dedos levando=os em seuida aos

l7bios.

H$C espero não deixar marcas de batom em ninu"mH, pensou $ara,

enquanto cumpria com a tradição.

ApCs conhecer uma inInidade de tios, tias, primos e primas de todos os

raus, :assa apresentou=lhe o futuro marido, um rapa5 bem apessoado, com

um queixo voluntarioso e olhos saa5es. > &ovem estava lhe contando que

acabara de chear de uma universidade americana onde se preparara para

assumir um alto caro em um dos principais bancos estatais do país, quando

$ara avistou uma mulher lindíssima, muito alta e esbelta, com cabelos cor de

a5eviche e a pele com a textura de uma Oor de manClia. Bm vaporoso vestido

escarlate e dourado enfati5ava ainda mais a formosura da mulher que se

aproximou do rupo e com vo5 melodiosa, diriiu=se a Jabir.

@ Não vai apresentar=me sua nova esposa?

+ela reação de Jabir, $ara intuiu, mesmo antes de ser apresentada, que

aquela era Nurra, a vi<va do irmão, a mulher a quem o rei havia escolhido para

ser a esposa do Ilho.

@ Meu querido, mas que surpresa voc; nos deu# @ continuou a di5er a

mulher, com um sorriso forçado que abrania a ambos. @ +arab"ns, Jabir, sua

esposa " muito bonita, e eu faço votos para que voc;s dois se&am muito feli5es.

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Ao mesmo tempo em que $ara sentia uma antipatia instintiva por Nurra,

não podia deixar de admir7=la pela maneira como enfrentava uma situação que

:assa previamente classiIcara de embaraçosa. A vo5 cristalina de Nurra

cortou=lhe o Io dos pensamentos.

@ $ei que os dois pombinhos vão Icar &untos, mas eu vou roubar seu

marido, $ara. Naturalmente, vai ser sC por uns minutos. @ Bma risada tão

cristalina quanto a vo5 ressoou pela sala. @ R que tio $aad quer dar=lhe uma

palavrinha, Jabir# @ Apossando=se do braço dele, sumiu entre a multidão.

H%la deixou bem claro suas intenç8es( roubar meu marido# % voc;, sua

imbecil, nem vai poder queixar=se de que não foi alertada#H, pensou $ara,

furiosa consio mesma. Mas teve pouco tempo para remoer sua frustração,

pois o rei loo anunciou que o almoço ia ser servido.

 *odos os presentes diriiram=se para uma outra sala quase que

totalmente ocupada por uma enorme mesa baixa onde se viam as mais

extravaantes e apetitosas iuarias( cabritos inteiros assados, com molho de

uvas passas, tKmaras, am;ndoas, damascos, arro5 envolto em folhas de par=

reira e outras especialidades 7rabes.

$ara foi instalada entre o rei e Jabir, que, por sua ve5, tinha a bela Nurra

a seu lado.

urante o almoço, o rei monopoli5ou a atenção de $ara narrando=lhe as

perip"cias de suas caçadas pelo deserto, e ela sC p6de relancear uns poucos

olhares para Jabir que, muito entretido, conversava em 7rabe com sua

companheira de mesa.

2nstiada pelo rei, $ara foi experimentando um pouco de cada um

daqueles pratos 7rabes, at" sentir=se empanturrada.

@ Nunca comi tanto em minha vida# @ disse ela, rindo aleremente.

@ Eoc; me fa5 lembrar minha falecida esposa, a tão bela e tão

idolatrada Sahra, mãe de Jabir @ disse o rei, suspirando, enquanto lavava os

dedos em 7ua de rosas que um dos criados trouxera numa cumbuca de ouro.

@ % seu nome tem o mesmo som# R uma extraordin7ria coincid;ncia# @

completou ele, sorrindo.

@ Mas, ma&estade, sua atual esposa, a mãe de :assa, tamb"m " muito

linda e bondosa.

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@ $im, não somente " uma mulher bondosa, como tamb"m muito

inteliente e sensível. %la antecipou que eu haveria de ostar de voc;, e foi

realmente o que aconteceu, $ara.

Dinalmente os criados trouxeram o incenso, e quando a arad7vel

frarKncia começou a espalhar=se pela sala, o rei levantou=se, dando por

encerrado o almoço festivo. Mas, antes de retirar=se, bei&ou $ara em ambas as

faces e diriiu alumas palavras a Jabir.

@ Meu Ilho, da prCxima ve5 que voc; vier comio para o deserto, traa

sua encantadora esposa.

$ara sentiu=se recompensada ao notar o olhar sombrio e rancoroso que

Nurra lançou ao rei diante daquele convite que, pelo visto, devia ser uma

exceção.

ApCs as despedidas, Jabir e $ara foram para casa, ela para trocar de

roupa e levar as crianças piscina, e ele para atender a um encontro de

neCcios.

%stavam subindo as escadarias quando Jabir estacou e fe5 uma

revelação que deixou $ara corada de satisfação.

@ Meu pai me disse que voc; " uma moça encantadora e que ele

aprova minha escolha, sem restriç8es. Diquei muito feli5 em ouvir isso,

principalmente partindo dele, e tamb"m me senti muito orulhoso de voc;,

$ara, pela maneira como se comportou.

@ A simpatia foi m<tua. %u ostei muito de seu pai, bem como de toda

a família. *odos foram muito entis comio. % o noivo de :assa me deu a

impressão de ser um rapa5 muito inteliente @ acrescentou, com sinceridade.

@ % vai ter que ser tamb"m esperto# @ Jabir riu, @ $e ele não se cuidar,

:assa vai passar=lhe o cabresto, assim como Nurra fe5 com meu irmão.

@ Mas com voc; seria diferente, não seria? Eoc; conseuiria que ela

virasse um cordeirinho em suas mãos, não " mesmo? @ comentou $ara,

morda5.

@ Acertou em cheio# Na verdade, nunca tive problemas com mulheres

@ aIrmou ele.

@ +osso at" &urar que não teve# @ revidou $ara, exasperada com tanta

presunção. @ +rincipalmente com mulheres oferecidas e pea&osas como

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Nurra# @ ando=lhe as costas, $ara correu para o quarto e bateu a porta com

estrondo.

Bm tanto apreensiva e arrependida por causa de sua explosão, $ara

procurou caprichar na apar;ncia ao aprontar=se para o &antar. $entia=se

enveronhada por ter tornado tão evidente seu ci<me, e aora sC esperava

que Jabir tivesse esquecido o incidente.

Deli5mente, encontrou=o de excelente humor, e a conversa mesa,

irou em torno do tio $aad, que possuía um canil onde criava os saluis, uma

raça de cães de caça, e que prometera presentear $ara com um casal de

Ilhotes.

@ % aora, $ara, &7 que cheamos conclusão de que aquele dossi; "

completamente falho, ostaria que me dissesse quais são seus passatempos

preferidos @ disse ele, enquanto saboreavam o delicioso caf".

@ +assatempo? J7 se esqueceu da minha vida no hotel, Jabir? 9uando

eu podia ter alum tempo livre?

@ iamos então que se lhe fosse dada uma opção de escolha, o que

voc; preferiria, a leitura ou a m<sica?

@ $empre que posso, osto muito de ler, principalmente contos

fant7sticos. 9uando era criança e lia histCrias sobre fantasmas, costumava

Icar tão apavorada que depois não conseuia dormir.

@ % m<sica... ança?

@ %sses seus investiadores o enanaram. $e eu fosse voc;, pediria o

dinheiro de volta# @ !om uma alere piscadela, $ara continuou. @ $im, osto

de m<sica de todos os ;neros e confesso que sempre que eu tinha uma

oportunidade, e eram bem poucas, ostava de ir dançar nas discotecas.

@ >h, mas isso " f7cil de remediar, minha querida#

 Jabir levantou=se e foi acionar uma soIsticada aparelhaem eletr6nica.

+ara espanto de $ara, as lu5es diminuíram de intensidade, e uma m<sica suave

partiu das caixas ac<sticas, estrateicamente espalhadas pela sala, e aluns

reOetores ocultos começaram a pro&etar uma ciranda de lu5es multicoloridas.

%m menos de um minuto, a sala transformou=se numa aut;ntica boate. $ara

Icou boquiaberta.

@ Mas " fant7stico# @ exclamou.

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@ R mais uma obra daquele meu arquiteto maluco, mas at" aora eu

não tinha dado o devido valor sua enialidade. +osso ter o pra5er? @

acrescentou, num tom de vo5 melíOuo.

@ > qu;? @ ela virou=se para ele, perplexa.

@ > pra5er de dançar com voc;# @ *omando=a nos braços começou a

desli5ar pelo pavimento de m7rmore, dando mostras de ser um exímio

dançarino.

$ara loo enri&eceu o corpo, tentando afast7=lo.

@ $ara, minha querida, isto não " uma parada militar. 4elaxe... @ e, ao

ouvi=la rir baixinho, acrescentou( @ 1em melhor... Aora passe os braços pelo

meu pescoço. Não precisa Icar tão assustada. Juro que não mordo#

A m<sica era suestiva e pouco a pouco $ara entreou=se ao pra5er da

dança. !omo um namorado apaixonado, Jabir começou a cobri=la de leves

bei&os que loo se tornaram mais foosos, at" que ele afundou o rosto moreno

nos cabelos cor de mel, fa5endo um apelo amoroso(

 @ >h, $ara, por favor#

)evou alum tempo at" que ambos percebessem que a m<sica tinha

terminado. )evantando os olhos, $ara viu que Jabir estava p7lido e tão

transtornado quanto ela.

:esitante, ele a soltou e foi buscar um drinque no aparador,

entreando=lhe o copo em sil;ncio. %la tomou a bebida, tamb"m em sil;ncio,

tentando, a todo o custo, disfarçar sua confusão. Jabir piarreou, limpando a

aranta, e estava prestes a falar, quando o telefone tocou e ele foi atender.

@ $im, sou eu. %ntendo. +ode ser amanhã? @ houve uma pausa,

acompanhada de um suspiro. @ %ntão, estarei aí dentro de poucos minutos. @

4ecolocou o fone no ancho. @ $into muito, $ara, mas preciso sair @ disse ele,

pouco vontade.

@ Não faça cerim6nia @ $ara depositou o copo semi=cheio sobre a

mesa e encaminhou=se para a porta. @ R tarde e eu... eu estou cansada @

disse ela, quase num sussurro.

@ $ara, não v7 embora. %u...

@ 1oa=noite, Jabir. @ A contraosto, foi enclausurar=se em seu quarto.

2nquieta, $ara foi at" a &anela e, sem querer, viu Jabir entrando na casa

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de Nurra.

> travesseiro estava ensopado de l7rimas quando, Inalmente,

conseuiu adormecer.

CAPÍTUO "!

$ara acordou tarde e recusou o des&e&um que Uashi lhe trouxe numa

bande&a, indo loo tomar uma chuveirada fria a Im de acabar de despertar.Eestiu=se com simplicidade, peou os Cculos escuros e deixou o quarto,

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ansiosa para sair da casa e tomar um pouco de ar fresco.

Antes de descer a escadaria, notou que a porta da suíte de Jabir estava

entreaberta. Acercou=se e olhou para dentro. A antecKmara era tipicamente

masculina, mobiliada com poltronas de couro preto, tapetes persas espalhados

pelo pavimento e uma luxuosa escrivaninha. Bma das paredes era ocupada por

estantes de livros, e as outras, por quadros emoldurados no mesmo estilo da

escrivaninha. $ara pouco entendia de arte, mas aquelas pinturas, mesmo para

um leio, eram primorosas, principalmente as que retratavam cavalos.

$orrateiramente, aproximou=se de um dos quadros e leu a inscrição da

plaqueta de bron5e( Maré 2 3oal, de eore $tubbs.

+assando os olhos pela sala, notou que não havia nada fora do luar, o

que denotava que seu ocupante era um homem ordeiro e metCdico.

%ra bom conhecer um pouco mais sobre a personalidade do marido,

pensou $ara ao sair.

!heou ao p7tio e acomodou=se numa das espreuiçadeiras, fechando

os olhos. )evantou a cabeça ao ouvir passos e viu que era Uashi que a olhava

com ar de preocupação.

@ A senhora não comeu nada ho&e. *ome ao menos um caf" @ disse a

criada, depositando uma pequena bande&a na mesinha ao lado.

@ >briada pela lembrança @ aradeceu $ara, sorrindo para Uashi, que

desapareceu tão sutilmente quanto cheara.

$ara encheu uma xícara com caf" e tornou a recostar=se. A fresca

atmosfera matinal e a quietude do p7tio certamente a a&udariam a apa5iuar

seu espírito conturbado, dissipando as loucas fantasias que tivera na noite

anterior. Mas o resultado foi nulo. $ara continuou a imainar a cena em que o

marido deleitava=se nos braços de uma mulher chamada Nurra. $e ele queria

tanto aquela mulher, por que não tinha se casado com ela, cedendo ao pedido

do pai?

Mas, pensando melhor, $ara reOetiu que Jabir podia ser tudo, menos um

imbecil. At" ela sabia quais eram as penalidades que a reliião muçulmana

inOiia aos ad<lteros. Mesmo que a lapidação e a pena de morte não mais

existissem nos tempos modernos, o adult"rio ainda era considerado como um

dos crimes hediondos entre os muçulmanos.

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Bma t;nue chama de otimismo brilhou em seu c"rebro cansado. *alve5

tudo não tivesse passado de um equívoco, e quem sabe ele estivera em outra

casa das vi5inhanças. Mas o pensamento seuinte demoliu sua incipiente

esperança. AInal, aquilo era Assir, um reino do deserto, cu&as antias leis

patriarcais tinham como Inalidade manter as mulheres sub&uadas e não os

homens. Aos homens era at" permitido a poliamia, tanto assim que um

muçulmano podia ter at" quatro esposas ao mesmo tempo#

Mas at" um prov7vel relacionamento amoroso entre Jabir e Nurra

tornava=se sem importKncia diante da conclusão traumati5ante a que ela

cheara durante a anustiante noite de ins6nia. Jabir, naquelas poucas

semanas, não sC comprara uma esposa, mas tamb"m se apossara de seu

coração#

!omo pudera ser tão insensata? $e tivesse tido um pouco mais de

experi;ncia, como a maioria de suas amias, teria loo percebido que aquele

nervosismo, os freqGentes rubores e a sensação de fraque5a nas pernas,

sempre que Jabir estava por perto, eram sintom7ticos. everia existir uma

fCrmula para evitar que alu"m se apaixonasse#

$uspirou, sabendo que era tarde demais para apelar para qualquer

antídoto contra o amor. $uas recentes emoç8es di5iam=lhe que seria pura

perda de tempo querer trancar seu coração a Jabir. $C de pensar nele, sentiu

um dese&o exacerbado de ser bei&ada e abraçada. $e ela pudesse voltar quela

malfadada noite de n<pcias, certamente iria entrear=se a ele de corpo Y alma.

!orou de veronha diante dos prCprios pensamentos. Não que houvesse

alo de veronhoso em seus sentimentos, mas porque tinha certe5a de que

esses sentimentos não eram recíprocos. )7rimas de auto=piedade assomaram

aos olhos a5uis, cansados pela noite mal dormida. Assuou o nari5, tomou mais

um caf" e colocou os Cculos escuros a Im de esconder as p7lpebras inchadas,

voltando a estirar=se na espreuiçadeira.

Bma brisa suave fa5ia farfalhar as folhas das videiras, abelhas 5umbiam

por entre as Oores perfumadas, e ela fechou os olhos, aspirando o suave aroma

que se esparia pelo ar...

Acordou ao som de uma tosse discreta. Ao abrir os olhos, viu Nurra

diante de si.

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@ >h, desculpe# Acho que acabei cochilando @ $ara sentou=se, muito

ereta, imainando o que estaria fa5endo Nurra ali, quela hora.

@ %u " que peço desculpas. Não pensei que voc; estivesse

descansando. $e quiser, vou embora e volto mais tarde @ a vo5 musical de

Nurra parecia amistosa.

@ >h, não# +or que não senta e toma um cafe5inho comio? @ 9ue

outra coisa poderia fa5er? +edir que a outra sumisse de sua frente, como era

realmente seu dese&o?

Nurra estava espl;ndida num vestido de linho branco com cinto

vermelho e sand7lias de salto alto, da cor do cinto. > cabelo nero e brilhante

fora penteado para cima, deixando mostra um pescoço de cisne, e $ara

sentiu=se afundar num mar de ci<me e desespero.

!omo Jabir poderia resistir a uma mulher tão linda e sensual?

@ Bm cafe5inho? Aceito# @ > riso de Nurra parecia o tilintar de

campainha. @ 9uando eu soube onde voc; estava, tomei a liberdade de pedir

sua criada para nos tra5er um caf" fresco. 2mporta=se?

@ Doi uma boa id"ia.

Bm caf" fresco e forte seria oportuno, e at" conversar com Nurra era

bem melhor do que entrear=se a uma solidão depressiva.

 Uashi loo apareceu com um bule e, ao servir=se, Nurra sorriu com

simpatia para $ara.

@ Diquei sabendo que :assa foi passar o dia com a futura sora, e eu

queria que voc; soubesse que no almoço de ontem, voc; causou uma

verdadeira sensação#

$ara olhou para a outra, abismada.

@ >ra, deixe disso# R que todos são muito enerosos e complacentes.

@ Não " bem assim. @ > sorriso de Nurra era envolvente. @ Na

verdade, a família Icou encantada com a nova esposa de Jabir, e eu quis ser a

portadora dessa boa nova. Não sei se voc; tem conhecimento, mas havia

muita expectativa a seu respeito. R que todos sabiam que o rei dese&ava que

 Jabir casasse comio, e a situação poderia ter se tornado constranedora.

$ara murmurou aluma coisa inaudível, e a outra continuou, muito

af7vel.

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@ +ara ser franca, $ara, eu não estava com boa disposição a seu

respeito. Ali7s, nem eu nem ninu"m# @ A vo5 de Nurra, normalmente baixa e

calma, adquiriu um tom aressivo, mas, tomando mais um ole de caf", ela

loo se recomp6s e prosseuiu( @ Doi tudo por culpa daquele velho idiota e

senil, mas aora não ve&o ra5ão para continuarmos a Inir que nada acon=

teceu, evitando nos encontrarmos. A melhor maneira de acabar com os

mexericos " aparentarmos uma boa ami5ade.

$ara Icara chocada por Nurra chamar o rei de Hvelho idiota e senilH,

mas precisava reconhecer que havia sentido na arumentação dela.

@ %stou de pleno acordo com voc;, Nurra.

@ *udo neste país ira em torno de política, e as mulheres exercem um

papel relevante. @ A Isionomia de Nurra tornou=se sombria @ $aiba que nem

bem meu marido morreu e eu Iquei vi<va, loo adquiri um preço numa

baranha política. > rei precisava do apoio de meu pai, portanto, loo procurou

alu"m da prCpria família para casar comio. @ Nurra cheou a raner os

dentes de tanto rancor. @ Eoc; nem vai acreditar, $ara, mas eles at"

coitaram em casar=me com o tio $aad# > velho &7 est7 com sessenta e nove

anos, e a casa dele " um verdadeiro canil. Eoc; pode avaliar qual foi o meu

alívio quando o rei, Inalmente, optou por Jabir? @ Nurra soltou uma risada tão

espontKnea, que at" $ara aderiu.

@ Naturalmente eles quiseram saber a sua opinião?

@ Não. Na verdade, quando meu marido morreu, não pretendia casar=

me de novo, mas a vida de uma mulher so5inha neste país não " f7cil. %u não

tinha muita escolha. !oncordo que Jabir " um homem muito atraente, mas

considerando o que aconteceu com seu primeiro casamento, eu não Iquei

muito entusiasmada.

@ +rimeiro casamento? @ repetiu $ara, curiosa.

@ Eoc; &7 deve saber tudo a esse respeito, não sabe?

@ +ara ser franca, não sei de nada. Jabir não osta de tocar nesse

assunto @ conIdenciou $ara, inenuamente.

@ :assa nunca falou sobre isso? Não acredito# Aquela arota não

conseue Icar com a boca fechada nem um minuto# @ disse Nurra,

desdenhosa.

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@ +ois ela nunca me falou nada# @ asseverou $ara, enf7tica, tomando a

defesa da cunhada.

@ >ra, ora, que milare#

@ Eoc; conheceu a primeira mulher de Jabir?

@ % não haveria de conhecer? %la era minha irmã# @ Nurra riu com

amarura.

@ $ua irmã? $into muito, Nurra, eu não sabia.

CAPÍTUO "!!

> sol &7 se escondia no poente quando o possante )and 4over começou

a percorrer a trilha do deserto. $ara virou=se no assento para ver se o restante

da comitiva os acompanhava. o outro veículo que transportava víveres e

suprimentos, :amed acenou com a mão eruida.

@ > ar aqui " tão fresco... tão ostoso# @ exclamou $ara, contente por

ter deixado a atmosfera sufocante do pal7cio. Jabir olhou para ela de soslaio e sorriu, antes de concentrar=se

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novamente na estreita rota que estavam percorrendo.

Eestindo um descontraído con&unto saf7ri, de manas curtas, e portando

na cabeça um kafyeh branco e vermelho, preso por um ahal preto, ele

estava simplesmente maníIco. !om receio de que seus pensamentos fossem

devassados, $ara reclinou o corpo no assento, aradecendo a eus por estar

usando Cculos escuros. *odo o cuidado era pouco. Jabir &7 dissera que ela tinha

um rosto expressivo, e, por uma questão de orulho e amor=prCprio, não podia

deixar transparecer o quanto se sentia atraída por ele, principalmente depois

daquela conversa da noite anterior.

% se eles tivessem feito amor, por quanto tempo ela poderia esconder o

que realmente sentia? % qual teria sido a reação de Jabir? esosto,

indiferença, piedade? > orulho podia ser um pecado, mas ela nunca

consentiria que o marido sentisse pena dela. > melhor era continuar lutando

contra seus sentimentos, seus dese&os e suas esperanças, tentando esquecer,

ao menos durante aquela viaem, da formosa Nurra e da inesquecível Míriam.

irando bruscamente o volante, Jabir saiu da trilha e enveredou por um

mataal.

@ >nde estamos indo? @ peruntou $ara, quando T carro começou a

sacole&ar no terreno desnivelado.

@ %sta reião " chamada de Ladi Zubbar. No início da primavera, que "

a estação das chuvas, a terra desabrocha, Icando totalmente coberta de

verde. > deserto não " feito sC de areia, $ara. >s israelenses provaram

quantos milares a 7ua pode reali5ar em terras consideradas est"reis. @ ApCs

diriir por mais aluns minutos, ele foi mais esclarecedor. @ %stamos indo para

o pal7cio de Sahra, que pertenceu minha mãe. :7 sete anos, o pal7cio me foi

doado pelo rei. %spero que voc; oste. > pal7cio tem sido o meu ref<io desde

então.

4ef<io, nos <ltimos sete anos? 9uanta coisa ela ainda precisava saber

sobre a vida de Jabir#

@ R parecido com o pal7cio real? @ quis saber $ara.

@ Não. R bem menor. Mamãe cheou at" aqui por acaso, durante uma

das caçadas do rei. > pr"dio estava em ruínas, mas ela o quis restaurar. aqui

a pouco voc; vai v;=lo.

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e fato, pouco depois, $ara avistou uma construção que parecia emitir

uma luminosidade dourada, assemelhando=se a uma &Cia incrustada na

brancura das areias do deserto.

@ >h, Jabir, mas " lindo# As paredes parecem fosforescentes# R como se

estivessem recobertas de diamantes#

+araram na entrada do pal7cio cu&a arquitetura imitava um antio

castelo mourisco, com altas muralhas encimadas por seteiras, e $ara Icou tão

entusiasmada com aquela visão que se aarrou ao braço de Jabir.

@ Ee&a essas muralhas... %las realmente brilham# %u não entendo... @

murmurou, abismada.

 Jabir riu e disse, brincando(

@ 9uando sair desse seu estado de hipnose, por favor, devolva=me o

braço. @ Ao ver que $ara encabulava, acrescentou( @ Eamos descer, que eu

lhe explico o fen6meno.

 Jabir saltou primeiro e deu a volta para abrir entilmente a porta para

$ara, que continuava embasbacada.

@ Mamãe copiou a id"ia do Ladi :adharamat, que " um vale muito

f"rtil onde aora existe o U;men do $ul. %m tempos remotos, os velhos e ricos

mercadores retiravam=se para aquelas paraens a Im de desfrutarem seus

derradeiros dias, na pa5 e na abastança. A maioria das moradas foi recoberta

com uma mistura de aramassa e vidro moído. $into decepcion7=la, $ara, mas

o que voc; est7 vendo, não são diamantes.

@ Mas " uma id"ia enial# R como se fosse um farol de boas=vindas no

meio das areias do deserto# @ exclamou ela, emocionada.

@ Eamos entrar, minha querida. Não podemos Icar aqui o dia todo.

!ondu5indo=a pelo braço, Jabir a levou para o interior daquele reino

encantado. > pal7cio fora construído na forma de um quadril7tero, tendo ao

centro um extenso &ardim com viçosos arvoredos, que lembravam um velho

mosteiro. $ara Icou olhando ao redor como se estivesse em transe, e como

uma sonKmbula atravessou o &ardim, entrando por um amplo portal. $C voltou

realidade quando Jabir a sacudiu pelo braço.

@ $ara# Eoc; est7 bem? @ peruntou ele, Itando=a com preocupação.

@ $im, eu estou bem @ respondeu $ara, apesar de sentir=se ainda com

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a cabeça nas nuvens. @ Não consio entender esta sensação... R como se eu &7

tivesse estado aqui antes. Mas " lCico que nunca estive# >h, meu eus, como

estou me sentindo esquisita#

@ R melhor que sente um pouco no &ardim. Eou pedir a :amed para que

lhe traa uma bebida elada.

Ao entrar na casa a Im de procurar :amed, Jabir parou diante da lareira

a5ule&ada e leu uma inscrição ravada em 7rabe, por ordem da mãe. A

tradução em inl;s repetia textualmente as palavras de $ara( H9ue esta casa

se&a um farol de boas=vindas no meio das areias do deserto.H

+ouco depois, retornando ao &ardim, Jabir encontrou $ara sentada num

dos bancos toscos.

@ !omo est7 se sentindo, $ara?

@ %ste luar deve ser m7ico. %le me tra5 tanta pa5 e tranqGilidade# @

eu uma risadinha tímida. @ +ode parecer loucura, mas tenho a nítida

impressão de &7 ter estado aqui em outra "poca. R como se eu voltasse

minha prCpria casa.

@ A vida tem muitos mist"rios para os quais não temos explicação.

9uem sabe, $ara, se este não " mais um desses mist"rios?

ApCs tomarem seus refrescos sob a lu5 das primeiras estrelas que

começavam a cintilar no c"u, Jabir convidou(

@ Eenha, $ara, vou mostrar=lhe seu quarto. $e quiser, poder7 tomar um

banho e trocar=se antes do &antar. A propCsito, a criadaem que reside aqui não

inclui um co5inheiro, e nCs vamos ter que nos contentar com a criatividade de

:amed.

> quarto de $ara era bem menor e mais simples do que o do pal7cio,

mas ela o adorou primeira vista. *omou um banho e foi separar a roupa para

vestir. Jabir &7 a tinha prevenido de que não iriam levar Uashi, aleando que, no

deserto, quanto menos ente, melhor. Mas ao enIar o &usto vestido de &"rsei,

cu&o 5íper Icava nas costas, sentiu falta da criada.

H!omo as pessoas se acostumam r7pido com as mordomiasH, pensou

ela, enquanto lutava para fechar o 5íper.

 Jabir &7 estava sua espera no &ardim, e $ara enoliu em seco ao ver a

Iura altaneira do marido que se vestira com uma estranha roupaem nera e

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esvoaçante, debruada de dourado, que lhe emprestava uma apar;ncia de

Hpríncipe das trevasH.

Ao v;=la, Jabir foi ao seu encontro e tomando=lhe a mão, levou=a at" os

l7bios.

@ Minha querida, como voc; est7 linda, ali7s, como sempre# @ >s olhos

neros dele a Itaram com tal intensidade que pareciam soltar chispas. @

Eamos ver o que :amed improvisou para o nosso &antar @ disse ele, por Im,

levando=a pela mão que acabara de bei&ar.

$ara atravessou a pequena distKncia que os separava do salão de &antar

como se estivesse Outuando nas nuvens. %le a chamara de Hminha queridaH

com tanta doçura... Apesar de saber que estava vivendo num falso e fua5

paraíso resolveu o5ar daquela ilusão ao menos por uma noite.

 J7 mais tarde, enquanto tomavam um saboroso caf" numa das varandas

que se abriam para o &ardim, ela comentou, com um sorriso(

@ Eoc; não foi &usto com o pobre :amed. > &antar estava espl;ndido#

 *alve5 at" fosse o caso de pass7=lo a %he( de %uisine.

@ Al7 não permitiria uma barbaridade dessas# @ retrucou Jabir, rindo. @

Bm %he(, eu posso contratar a qualquer momento, mas eu nunca conseuiria

substituir :amed na sua função. NCs dois crescemos &untos, e ele " uma das

poucas criaturas que me di5 sem rebuços, quando eu estou aindo errado.

@ 4ealmente, ele " uma raridade# @ concordou $ara, reprimindo o riso.

@ $ara# *ão &ovem e tão ir6nica# @ esli5ando pelo banco, ele

aproximou=se mais e passou=lhe o braço pela cintura.

> coração de $ara começou a bater descompassado, e ela loo arrumou

um pretexto para distrair=lhe a atenção.

@ *enho uma perunta para lhe fa5er, Jabir. +or que sC voc; e o rei

usam cord8es dourados cinindo a cabeça? *enho observado que todos os

outros homens da corte usam cord8es pretos.

@ Meu pai usa porque " o rei e eu, por ser o Ilho mais velho @

respondeu Jabir, tornando a achear=se.

@ 9uer di5er que... bem... que alum dia voc; se tornar7 rei? @

peruntou $ara, &7 respirando com diIculdade e começando a perder o rumo

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da conversa.

@ *alve5. Nada Icou decidido at" aora. !abe ao rei resolver. %le pode

declarar=me seu herdeiro desde &7, ou então deixar que essa questão se&a

resolvida apCs sua morte. Nesse caso, os membros da família " que resolvem

quem ir7 para o trono.

@ Meu eus# @ exclamou $ara, apavorada. @ 2sso siniIca que talve5

eu venha a ser rainha#

 Jabir &oou a cabeça para tr7s, soltando uma sonora aralhada.

@ Não se esqueça que neste país, voc; tem que exclamar H>h, Al7#H %

não me dia que acabamos de descobrir alo mais que não havia sido

previamente considerado, hein? Eoc; " uma fonte inesot7vel de surpresas# @

seurando=lhe o queixo, levantou=lhe o rosto contra a lu5 do luar. @ Não ve&o a

hora de descobrir mais coisas sobre as quais voc; não parou para pensar.

> dese&o claramente estampado naqueles olhos neros fe5 com que

$ara se sentisse lKnuida, e foi com alívio que ela viu :amed aproximar=se e

trocar alumas palavras em 7rabe com o amo.

@ $into muito, $ara @ desculpou=se Jabir. @ R que acabou de chear

um velho beduíno amio meu, e preciso ir dar=lhe as boas=vindas e oferecer=lhe

pousada para esta noite. $ão os costumes do deserto.

@ Não se prenda por mim, Jabir. %stou mesmo cansada e com sono. Eou

aproveitar para ir dormir mais cedo. @ %, sem di5er mais nada, $ara esueirou=

se pela varanda, entrando em seu quarto por uma das portas de treliça.

!omeçando a despir=se, loo percebeu que tinha um problema pela

frente, ou melhor, pelas costas. As manas apertadas do vestido não lhe

permitiam baixar o 5íper. :esitante, espreitou pelas frestas da treliça e viu que

 Jabir ainda estava confabulando com :amed.

@ Jabir# @ ela chamou. @ +or favor, poderia dar=me uma a&uda5inha?

@ 9ual " o problema? @ ele peruntou, apressando=se para atend;=la.

@ R o 5íper# @ falou, exasperada. @ Não consio alcanç7=lo. $e ao

menos Uashi estivesse aqui#

@ R uma pena que ela não este&a @ disse ele com calma, mas morda5.

@ esta ve5 voc; vai ter que se contentar com os pr"stimos de seu in<til

marido. Eamos, vire=se, que eu vou ver o que posso fa5er.

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$ara deu=lhe as costas e seurou os cabelos para cima para que ele

pudesse encontrar o fecho. Bm arrepio percorreu=lhe a espinha, e o corpo

retesou=se quando sentiu o laro peito de Jabir de encontro s suas esp7duas

nuas. A respiração dele &unto a seu pescoço era quente e ofeante, mas ela

permaneceu imCvel.

Eaarosamente, Jabir a enlaçou por tr7s e as mãos se apoderaram dos

seios que ele começou a acariciar num ritmo crescente e sensual, enquanto

com vo5 rouca sussurrava=lhe &unto ao ouvido(

@ +ronto, conseui resolver um de seus problemas, e voc; nem precisa

aradecer=me.

@ Jabir, eu queria... @ ela começou a balbuciar, &7 sentindo as pernas

fraque&arem, enquanto tentava cobrir=se, num esto de recato desnecess7rio,

pois loo em seuida ele a soltou e saiu do quarto.

Ao Icar so5inha, $ara terminou de despir=se rapidamente e vestiu uma

camisola. eitou=se, ainda ardendo de dese&o. At" quando conseuiria calar

seu amor por ele, se todo o seu corpo clamava para ser tocado?

emorou muito para aquietar=se, e quando estava quase peando no

sono ouviu um ruído estranho no quarto. %ntreabrindo as p7lpebras sonolentas,

viu a silhueta do marido, inclinada sobre ela. $eu ritinho de surpresa foi

abafado por um bei&o Irme e possessivo. As d"beis tentativas que ela fe5 para

repeli=lo foram simplesmente inoradas. 9uando ele começou a fa5er amor

com ela, devaar e entilmente, usando as mãos experientes para excit7=la

ainda mais, $ara começou a emer e, por instinto, meneou lanuidamente os

quadris. $em pressa, Jabir começou a tirar=lhe a camisola, e bei&ava cada parte

do corpo que ia Icando exposta, com murm<rios de pra5er.

@ Eoc; " tão linda... *ão macia...

$em poder conter=se, $ara acariciava voluptuosamente o corpo ri&o,

suas mãos subindo pelo tCrax at" que o enlaçou pelo pescoço e o puxou para si

com frenesi.

@ >h, $ara, minha querida# @ Jabir apossou=se dos l7bios que aora se

ofereciam, <midos e entreabertos.

$em parar de bei&7=la, ele continuou a explorar com as mãos as partes

mais secretas do corpo macio, de uma forma mais exiente, mais

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enlouquecedora, at" que ela começasse a palpitar inteira e, por Im, explodisse

num o5o supremo.

Ao acordar na manhã seuinte, $ara encontrou va5io o luar a seu lado.

 Jabir tinha ido embora. 2ndolentemente, tornou a recostar=se nos travesseiros e

começou a relembrar a lona noite de amor. +or duas ve5es, antes do

alvorecer, ele a procurara, e por duas ve5es, cheara ao clímax. !orou ao

recordar=se da terceira ve5, quando ela o despertara.

Bma criada desconhecida veio servir=lhe o ch7 da manhã, e, ao tom7=lo,

$ara conscienti5ou=se de que aquela entrea, na noite anterior, a colocara

diante de um dilema. > que acontecera entre eles não diminuíra o amor que

sentia por Jabir. Ao contr7rio, o tornara ainda mais profundo. > dilema consistia

na descoberta de sua prCpria sexualidade. Mesmo aora, sC de pensar no

marido, seu corpo palpitava de dese&o, ansiando por mais uma noite de paixão.

!omo poderia disfarçar seus sentimentos no futuro, se cada Ibra de seu ser a

denunciava? % se começasse a repudi7=la? A simples suposição a fe5 sentir um

aperto no coração. 4esolveu levantar=se e tomar um banho frio, deixando o

problema para ser resolvido mais tarde. %stava terminando de se vestir,

quando Jabir bateu porta de comunicação e, em seuida, entrou no quarto.

@ 1om=dia, $ara. ormiu bem?

%studando=lhe a Isionomia, não conseuiu compreender nada. A

expressão de Jabir era insond7vel e, no entanto, ele sabia como ela dormira#

%staria querendo Inir que nada acontecera?

 Jabir estava vestido como um cossaco russo( bombachas pretas, botas

de montaria e uma t<nica a&ustada na cintura por um cinturão de couro

tamb"m preto.

@ +ensei em fa5er um piquenique, mas desta ve5 iremos a cavalo. Eoc;

sabe montar?

@ $ei, mas não muito bem. +or exemplo, não sei saltar obst7culos @

disse ela, fa5endo força para concentrar=se na conversa.

@ Eerdade? @ sorrindo, acrescentou( @ Eoc; &7 me ludibriou uma ve5

quanto natação, e eu não ostaria de disputar um p7reo sob o sol escaldante

do deserto#

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@ !omo ama5ona, meus predicados são bem limitados, pode crer. $C

posso prometer que não cairei do cavalo# @ ApCs uma pausa, ela peruntou( @

+osso ir vestida assim como estou?

 Jabir analisou o tra&e de $ara que consistia em uma blusa xadre5 e calça

 &eans.

@ At" que dava... Mas acho que voc; se sentir7 mais vontade num

tra&e iual ao meu. Eou pedir a :amed que lhe traa uma das roupas que eu

costumava usar quando era aroto. *enho a impressão de que vai servir=lhe @

di5endo isso, encaminhou=se para a porta.

@ Jabir#

Não era possível que ele não fosse nem mencionar a noite anterior#

+recisava ouvir dele aluma coisa. Aquela atitude indiferente, como se eles

fossem dois estranhos, a estava deixando inseura.

@ ia, $ara# @ !onsultando o relCio de pulso, ele a apressou( @ Não

ostaria que atras7ssemos nossa partida. +recisaremos alcançar a sombra do

o7sis antes do almoço, senão vamos torrar ao sol.

Não, ela não pretendia falar nada. A vo5 impessoal e a evidente

impaci;ncia eram suIcientemente esclarecedoras.

Derida em seu amor=prCprio, $ara respondeu com pretensa displic;ncia.

@ Não " nada, Jabir, esqueça. Mande vir essas roupas loo. %starei

pronta num minuto.

Apesar do mau começo, o dia decorreu bem. $ara encontrou um novo

pra5er ao trotar pelas areias do deserto, e o piquenique foi um sucesso. ApCs a

apetitosa refeição, Jabir ensinou=lhe como tirar 7ua da velha cisterna.

@ !omo est7 elada# Não sei por que, mas eu imainava que a 7ua do

deserto devia ser morna @ disse ela, bebendo de uma cuia de 7ata.

 Jabir achou raça e começou a contar=lhe particularidades sobre o

deserto, falando sobre as tribos n6mades dos beduínos e da capacidade

daquela ente rude em seuir trilhas humanas e at" peadas de animais. +elas

marcas deixadas na areia, eles podiam reconhecer de onde vinha ou para onde

ia uma caravana.

@ Não acredito# @ exclamou $ara, rindo.

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@ R a pura verdade# 9uando eu tinha do5e anos, meu pai enviou=me

para o deserto a Im de que eu convivesse com uma das tribos da qual

descende nossa família. Doi uma das fases mais feli5es de minha vida. )7 eu

aprendi a tecer roupas r<sticas nos teares, a cavalar e a caçar para arantir

minha a prCpria sobreviv;ncia. Fs ve5es, alimentava=me sC de tKmaras e leite

de camelo a Im de estar preparado para enfrentar aluma emer;ncia.

$ara devorava as palavras do marido, muito contente e descontraída.

Ah, se as coisas pudessem ser sempre assim... %les dois sempre &untos,

naquela imensidão do deserto, o deserto que ela estava começando a

compreender e a amar...

@ A <nica coisa que eu nunca pude acreditar, e nem mesmo comprovar,

foi o fato de reconhecer, atrav"s das peadas, se uma mulher ainda era

virem#

@ $eu rande mentiroso# @ disse ela, notando um brilho 5ombeteiro

nos olhos neros. ando um puxão nas r"deas, levou sua montaria de encontro

ao cavalo de Jabir, que empinou, assustado. +or um tri5 Jabir não foi ao chão.

@ Ainda bem que al"m de ser um bom cavaleiro, eu sou tamb"m um

cavalheiro, senão, voc; ia se ver comio# Mas aora vamos, antes que

anoiteça e que voc; me apronte mais aluma.

Alcançaram o pal7cio de Sahra &7 noite alta. )oo apCs o &antar,

aleando que tinha passado um dia cansativo, $ara retirou=se para os seus

aposentos. Não era uma desculpa. %stava realmente esotada e, esquecendo=

se de seus dese&os matutinos, caiu loo num sono profundo.

Doi acordada no meio da noite por dois braços que a envolviam e por

bei&os suaves que a despertaram sem sobressaltos.

@ ia que voc; me quer @ pediu ele, enquanto a acariciava com

ternura.

$ara não conseuia falar e limitou=se a Itar aqueles olhos neros que

em meio escuridão brilhavam de dese&o.

@ ia# @ insistiu ele.

@ >h, sim, eu o quero muito#

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CAPÍTUO "!!!

Dora um belo casamento. $ara Icou olhando para :assa, que no meiode um círculo de convidados, recebia bei&os e conratulaç8es. !om o olhar,

procurou por N7dia e Inalmente a viu taarelando com a mãe de :assa, sob a

viilKncia da $rta. $cott'.

 J7 fa5ia uma semana que ela voltara daquela viaem encantada ao

deserto, mas ainda não se acostumara com a atmosfera pesada e sufocante do

pal7cio, que toda aquela movimentação contribuía para uma aumentar ainda

mais. Jabir partira para uma viaem de neCcios a Abu habi, e nos <ltimosdias os contatos com :assa vinham se tornando cada ve5 mais espaçados por

causa dos preparativos para o casamento, restando a $ara apenas as aulas de

7rabe e a conviv;ncia com as crianças. 9uem a procurava quase que

diariamente era Nurra, e sempre quando estava so5inha num daqueles

repousantes p7tios internos do pal7cio.

2nfalivelmente, Nurra fa5ia com que a conversa recaísse sobre Míriam,

não se cansando de exaltar a bele5a e os predicados da falecida irmã. %sempre que tinha chance, mencionava o rande amor que houvera entre Jabir

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e a primeira esposa.

$ara não era tola, e seu bom=senso di5ia=lhe que nada nem ninu"m

podia ser tão perfeito. Mesmo assim, a insidiosa e suave vo5 de Nurra ia

produ5indo seus efeitos devastadores. Aos poucos, $ara ia perdendo a

autoconIança e se esquecia das maravilhosas noites de amor vividas no

pal7cio de Sahra.

Ao deitar=se so5inha noite, entrava num processo de tortura mental,

convencendo=se cada ve5 mais de que, realmente, Míriam ainda vivia na

memCria de Jabir.

As noites de paixão no deserto aora pareciam tão lonínquas quanto

um sonho. % talve5 ela tivesse mesmo sonhado, pois todas as ve5es que Jabir a

procurara no leito, ela estava dormindo, e sC a deixava depois que adormecia

novamente. +or outro lado, nunca, em ocasião aluma, ele I5era qualquer

alusão aos momentos íntimos que haviam partilhado.

9uanto aos demais aspectos, $ara reconhecia que tinha vivido num

mundo de encantamento. A cada dia que passara no deserto, seu amor por

 Jabir crescera em profundidade e intensidade. A calma maia do pal7cio de

Sahra proporcionara oportunidades para que ela conhecesse novas facetas da

personalidade do marido. Aos poucos, ele abrira seu coração, revelara sen=

timentos que desconhecia e que I5eram com que ela começasse a admir7=lo.

 *udo indicava que aquele relacionamento estava começando a Irmar=se em

bases mais sClidas.V

+or outro lado, nos momentos em que Jabir se isolava no escritCrio para

trabalhar um pouco, $ara fa5ia excurs8es por conta prCpria pelo pal7cio de

Sahra, descobrindo, a cada dia, novos e surpreendentes recantos. !erta tarde,

ela deparou=se com um ambiente que lhe provocou um verdadeiro acesso de

riso. As sonoras aralhadas deviam ter atraído a atenção de Jabir que,

larando seus afa5eres, fora ao encontro de $ara.

Aquele luar era praticamente uma sala, apesar de que a metade do

espaço era ocupado por uma piscina. > recinto não possuía &anelas e era

iluminado por um telhado de vidro.

H9ue luar mais esquisitoH, estava pensando $ara, ainda sorridente,

quando Jabir apareceu, de cenho cerrado.

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@ %ste não " um luar recomend7vel para voc;, $ara, e nem sei por

que deixaram a porta destrancada @ disse ele, com severidade.

@ >ra, Jabir, deixe de ser tão puritano# Eoc; se esquece de que sou

uma mulher casada? @ $ara tornou a rir, olhando para os afrescos pintados

nas paredes.

%ra evidente que aquelas pinturas deviam ter sido encontradas nas

ruínas do antio pal7cio. :omens obesos, nus, perseuiam mulheres tamb"m

muito ordas, tendo como cen7rio uma caçada em que a5elas eram, por sua

ve5, perseuidas por cães perdiueiros. > quadro era realmente c6mico, e $ara

reprimiu o riso a muito custo.

@ $ão pinturas extraordin7rias# Drancamente, Jabir, se voc; as

considera obscenas " porque deve ser bem moralista#

@ R... e fato, são interessantes @ concedeu Jabir. @ %sta era a <nica

parte do edifício que ainda estava intacta quando minha mãe resolveu

restaurar o pal7cio. $cott' Icou chocada ao v;=las, e foi at" reclamar com o rei.

Mas parece que a reação de minha mãe foi exatamente iual sua, e ela fe5

questão de conserv7=las.

$ara acercou=se da beira da piscina e, olhando para os mosaicos no

mesmo estilo, que transpareciam sob a 7ua límpida, teve uma s<bita

inspiração.

@ Eamos tomar um banho @ vendo que Jabir hesitava acrescentou( @

Nunca se sabe. +ode ser que o cen7rio lhe d; novas id"ias, como por exemplo,

aproveitar de uma forma mais divertida as horas do dia.

2ntimamente, $ara esperava que ele I5esse amor com ela ali mesmo,

em plena tarde. 9uando Jabir aproximou=se, aarrando=a pelos ombros, pensou

que tinha conseuido alcançar seu ob&etivo. Mas tudo o que ele fe5, foi atir7=la

de improviso para dentro da 7ua.

Ao emerir, ela viu Jabir parado na borda, de braços cru5ados, ando s

aralhadas.

@ 9ual " a raça? @ ela peruntou, furiosa.

@ Achei que minha foosa mulher5inha estava precisando de um banho

de 7ua fria#

@ Ah, " assim? +ois saiba que nunca mais vou tomar nenhuma

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iniciativa# % aora, a&ude=me a sair daqui#

%le estendeu=lhe a mão, e $ara aproveitou para pux7=lo para dentro da

piscina.

@ $ua traidora#

> episCdio humorístico terminou com $ara sentindo=se humilhada e

frustrada. AInal, nada do que ela imainara, acontecera.

Ao cair da tarde, Jabir sueriu que fossem dar uma volta de )and 4over.

$altando do veículo, Jabir a&udou=a a descer e em seuida foi abrir o porta=

malas, de onde tirou aluns fardos e uma cesta de vime.

%le estendeu um tapete sobre as areias ainda quentes e espalhou

almofadas pelo chão. %m seuida, serviu um ch7 de uma arrafa t"rmica,

acomodando=se nas almofadas com um suspiro de contentamento.

@ +ara que se entenda os 7rabes " necess7rio, antes de tudo, que se

compreenda a profunda liação que temos com o deserto, a fonte de tudo o

que mais veneramos( nossa reliião, nossos ancestrais e nossa tend;ncia

en"tica para uma vida n6made. > deserto " nossa oriem e ser7 tamb"m

nossa tumba. NCs, os 7rabes, não conseuimos ter uma exist;ncia plena se

Icarmos lone dele por muito tempo.

$ara alonou o olhar para as dunas ondulantes e inInd7veis que se

estendiam a perder de vista.

@ !omo tudo isso " tão calmo... tão silencioso @ disse ela, pensativa,

sentindo=se estranhamente sensível a tudo o que provinha de Jabir, inclusive

ao prCprio deserto.

Aquela quietude era um b7lsamo que apa5iuava qualquer espírito

conturbado, reOetiu ela, ao admirar a bola de foo que se escondia na linha do

hori5onte. $entindo=se observada, $ara virou a cabeça e sorriu com meiuice

para Jabir.

@ R seu dese&o suceder ao rei, e um dia overnar estas terras? @

peruntou.

@ 4nsh'allal, ser7 como eus quiser. @ > olhar de Jabir perdeu=se na

distKncia. @ Mas a resposta " sim, eu dese&o, apesar de que overnar não seria

a palavra certa. > que eu dese&o mesmo " cuidar do meu povo, erradicar a

mis"ria e permitir que a rique5a deste país se&a distribuída com espírito de

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 &ustiça. %ntende o que quero di5er?

@ $im, eu entendo @ aIrmou ela, vendo uma serena determinação no

rosto do marido.

+or lono tempo, Icaram bebericando o ch7 e compartilhando do

sil;ncio que era mais um elo de união do que uma abstração eoísta. +or Im,

 Jabir estendeu=se sobre as almofadas e, cru5ando as mãos sob a nuca, Icou

olhando para as estrelas que começavam a cintilar no c"u.

@ %u quis que Ic7ssemos um pouco so5inhos, sC nCs dois, a Im de nos

conhecermos melhor. Doi por isso que preferi não tra5er Uashi nem as crianças

@ disse ele, com um sorriso nos l7bios.

@ Eoc; " mestre em manipular as pessoas#

@ $ara# @ exclamou ele, com pretensa indinação. @ !omo pode di5er

uma coisa dessas de mim?

@ !om a consci;ncia tranqGila de quem não di5 mentiras, oh, meu amo

e senhor# Bma ordem aqui, um estalar de dedos acol7, e nCs, pobres escravas,

fa5emos tudo conforme sua soberana vontade#

%le sorriu indolentemente.

@ Eoc; se considera minha escrava, $ara?

@ % que outra coisa sou eu? @ disse ela, num tom brincalhão,

admirando as linhas Irmes daquele queixo voluntarioso, que parecia mais

proeminente sob a claridade do luar.

$entando=se, ele passou uma das mãos pela farta cabeleira de $ara,

num esto afetuoso.

@ F lu5 da lua, seus cabelos parecem uma cascata, oh, minha ador7vel

escrava# @ ele sussurrou, imitando=lhe a entonação.

$ara sorriu, mas quando ele passou=lhe os dedos pelo rosto para tirar=

lhe aluns rãos de areia, ela loo teve um estremecimento. iante daquela

reação, Jabir retirou a mão e, levantando=se, caminhou at" a orla do o7sis.

@ Jabir# @ ela murmurou, consternada.

$e ele soubesse o quanto ela dese&ava ser abraçada... Acariciada... $e

ele soubesse o quanto ela dese&ava confessar=lhe todo o seu amor.

esconsolada, $ara tamb"m levantou=se e, para disfarçar suas

perturbaç8es, começou a sacudir a areia da roupa.

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@ Ee&a, $ara# > c"u est7 tão límpido que at" d7 para locali5ar as

constelaç8es do >rion e da Brsa Maior# @ exclamou ele, entretido em

vasculhar o Irmamento.

$ara foi andando at" onde ele estava, e ambos Icaram admirando a

abCbada celeste, extasiados.

@ !omo eu ostaria de Icar aqui no deserto para sempre @ disse ela,

com um suspiro.

@ Não seria possível, e voc; me fe5 lembrar que precisamos voltar loo,

senão :amed " bem capa5 de enviar uma patrulha nossa procura.

Naquela noite, no sinelo quarto do pal7cio de Sahra, ele a possuiu de

uma forma terna e delicada, que a fe5 alcançar um o5o tão rande como ela

 &amais imainara existir.

$ara estava sentada num dos bancos do &ardim quando ouviu um ruído

estranho, vindo do c"u. )oo em seuida, avistou um helicCptero.

 Jabir saiu para o &ardim carreando aluns pap"is, &untamente com um

envelope.

@ Acabaram de entrear o malote por via a"rea, e esta carta est7

endereçada a voc;. @ %ntreou=lhe a correspond;ncia e comentou( @

2nfeli5mente, não poderemos permanecer aqui pelo tempo que eu pretendia.

Amanhã precisaremos partir, $ara.

@ 9ue pena#

@ R mesmo uma l7stima, mas eu vou precisar ir at" Abu habi amanhã

tarde. $into muito, mas minha presença " indispens7vel.

$ara abriu o envelope que lhe era destinado.

@ % uma carta de Ann# Ee&a sC o que ela di5( HEoc; vai Icar admirada,

mas Inalmente seu pai decidiu tornar=me uma mulher [s"ria\, e na prCxima

semana vamos nos casar. %ncontramos um lindo banal6 em Zent, bem

prCximo a um campo de olfe. R a sopa no mel, não acha?] @ $ara levantou os

olhos da carta e sorriu. @ %stou contente. *enho certe5a de que Ann vai tornar

papai muito feli5.

@ %m que dia eles vão casar? Não seria o caso de enviar um telerama

de conratulaç8es? @ sueriu Jabir.

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$ara releu o texto da carta.

@ %la não mencionou a data, sC di5 assim( H*enha sempre em mente

que nCs adoraríamos rev;=la todas as ve5es que voltar para a 2nlaterra, e se

voc; não puder vir at" Zent, nCs iremos a )ondres e Icaremos com voc; no seu

hotel. >uvi di5er que a suíte reservada princesa $ara est7 um assombro# !om

todo o amor, AnnH. @ Ao terminar, $ara olhou para o marido, muito intriada.

@ > que ela quis di5er com essa histCria de Hmeu hotelH e com Hsuíte da

princesa $araH? @ +or via das d<vidas, tornou a examinar a carta. @ Acho que

não estou decifrando a letra dela.

@ R isso mesmo que voc; acabou de ler. > hotel " todo seu, e Ico

satisfeito em saber que sua suíte particular &7 Icou pronta.

@ > qu;? Eoc; est7 brincando comio#

 Jabir p6s de lado os pap"is que estivera seurando.

@ Minha querida, pense bem, para que eu haveria de querer um hotel?

!laro que ele lhe pertence. 1revemente, iremos nos hospedar nele, e eu sC

espero que ^ problema da 7ua quente &7 tenha sido resolvido.

@ +ara que voc; vai querer um hotel? @ repetiu $ara, aturdida. @ Eoc;

o comprou#

@ !omprei sC para poder casar com voc; @ respondeu ele, com a maior

naturalidade.

@ $e " este o caso, eu ostaria de saber por que voc; quis casar

comio? @ explodiu $ara, sem conseuir refrear=se.

@ Minha ador7vel esposa, eu &7 lhe expliquei as ra58es em )ondres,

lembra=se? % por quais outros motivos eu me casaria com voc;?

@ +or nenhum outro, " claro @ $ara olhou ceamente para a carta,

sentindo o coração despedaçar=se. @ % at" acho que seria o caso de aradecer

sua manKnima doação. +osso at" parecer inrata, mas eu dese&aria que

voc; nunca tivesse aparecido na minha vida#

Aos prantos, $ara correu para o quarto e &oou=se na cama. Ainda

estava soluçando quando Jabir apareceu, indo sentar=se &unto dela.

@ $ara, minha querida $ara# @ eruendo=a nos braços, ele peruntou,

ansioso( @ Eoc; se sente infeli5 a meu lado?

Apesar da dor de ter que viver com um homem que não a amava, ela

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não conseuiria suportar a dor maior de ter que viver sem ele.

@ Não Jabir, eu não me sinto infeli5 com voc;, sC que...

@ ... $C que sua nova vida est7 fa5endo com que voc; Ique confusa, "

isso?

%nquanto enxuava as l7rimas, $ara fe5 que sim com a cabeça.

@ R tamb"m isso. +ara ser franca, não me sinto feli5 em ter que voltar

para o pal7cio real. $into muito, Jabir. $ei que " seu lar, mas eu ostaria tanto

de morar no deserto#

@ 2sso est7 fora de coitação. Eamos l7, $ara, cabeça eruida# 9uem

sabe voc; est7 com saudades de sua família? *alve5 eu possa tra5er seu pai e

Ann para passarem uma temporada conosco? > que acha da id"ia?

HNão estou com saudade de coisa aluma# %stou triste porque eu o

amo, e voc; não me ama, seu coração de pedra#H

@ >briada. e fato, eu ostaria muito de rever minha família.

esculpe=me.

Naquela noite, $ara tentou recus7=lo, levada por um resto de orulho.

Mas o amor que sentia por ele venceu mais uma ve5, e ela cheou at" a

humilhar=se.

@ +or favor, Jabir, nunca me deixe#

@ %u nunca a deixarei, $ara, nunca#

 *ranqGili5ada, ela loo adormeceu, exausta por mais uma noite de

paixão, e não p6de ouvir as palavras seuintes.

Aora, vendo :assa tão feli5 na festa do casamento, $ara cheou a

sentir inve&a da &ovem cunhada. Bm pensamento insistente não a deixava em

pa5. +or que Jabir sempre a procurava apCs o escurecer, e sempre a deixava

antes que o dia clareasse? +or qu;?

4esolveu ir falar com $cott'. *alve5 a velha ama pudesse a&ud7=la.

@ >l7, $cott'# Eoc; viu como N7dia comportou=se bem durante a

cerim6nia do casamento?

@ Milare# Mas eu não despreuei os olhos de cima dela# @ $entando=

se na cadeira mais prCxima, $cott' sueriu( @ escanse um pouco, querida.

%sses casamentos são intermin7veis, e eu &7 assisti a milhares deles# $ão todos

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a mesma coisa.

@ A propCsito, $cott', eu queria peruntar=lhe uma coisa. Eoc; assistiu

ao casamento da mãe de Jabir quando a acompanhou na viaem at" Assir?

@ +obre5inha da minha Sahra# @ disse a senhora, suspirando. @ Nem

queira saber como o pai dela reaiu quando soube que queria casar com um

7rabe. Doi um eus nos acuda# > pai cortou=lhe a mesada e a deixou sem um

tostão# Na "poca, eu era criada particular de Sahra, e quando ela me pediu

para vir &unto para Assir, não titubeei. %u não tinha família nem nada que me

prendesse 2nlaterra...

@ % como era ela, $cott'?

@ +arecida com voc;. Mas como não existem retratos, nem Jabir teve o

consolo de saber como era a mãe dele. Mas eu nunca a esqueci, e foi por isso

que levei um choque quando a vi pela primeira ve5.

@ 9uer di5er que Isicamente eu sou a imaem dela? % quanto ao modo

de ser?

@ %la tamb"m possuía uma nature5a doce e meia, e era muito alere

e espirituosa. As risadas que nCs duas demos quando cheamos a este Im de

mundo# Nunca na vida tínhamos visto tantas moscas nem sentido tanto calor#

> príncipe Abdul, melhor di5endo, o atual rei, era louco por ela. @ $cott'

funou e enxuou uma l7rima furtiva. @ R bom constatar que a histCria se

repete.

@ >h, $cott', não creio que se&a o meu caso.

@ Não me venha com falsa mod"stia @ disse $cott', sem a menor

cerim6nia. @ R evidente que o príncipe Jabir tamb"m " louco por voc;. Não

nasci ontem, $ara. % pode Icar certa de que alum dia ele ser7 o rei deste

país. !onheço muito bem a opinião da corte, e sei o quanto todos o admiram.

@ Eoc; acha mesmo, $cott'? @ peruntou $ara, &7 preocupada com a

remota possibilidade de tornar=se rainha.

@ *enho certe5a. %u tamb"m estava sabendo que o rei queria fa5er uma

aliança política atrav"s de Nurra, ele teria feito um mau neCcio, pode crer.

Aquela mulher " uma víbora peçonhenta. >uça o meu conselho e afaste=se

dela. raças a eus o rei ostou de voc;, e ela aora não tem a mínima

chance.

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Bma vo5 rave, vinda por tr7s de ambas, causou=lhes um sobressalto.

@ !omo vai a minha bab7 predileta?

@ +atrão5inho# > senhor preou=me um susto# NCs est7vamos aqui,

entretidas numa arad7vel conversinha.

@ $into ter que interromp;=las. @ iriindo=se a $ara, informou( @

4ecebi um telefonema de John Moran que, no momento, se encontra em +aris.

$uriram novas oportunidades de randes neCcios e nCs precisamos partir

amanhã para a %uropa. Dicaremos ausentes por alumas semanas, portanto,

vou retirar=me da festa para falar com alumas pessoas antes da viaem.

@ %uropa? Amanhã? @ repetiu $ara, tomada de surpresa.

@ % talve5 tamb"m a Am"rica. $eria bom que voc; se despedisse de

:assa, mas como ainda precisamos preparar as malas, suiro que não se

demore muito. :amed &7 est7 l7 fora, sua espera, a Im de acompanh7=la at"

em casa.

@ Drancamente, Jabir# %ntão não posso atravessar um &ardim com

minhas prCprias pernas?

@ :amed est7 esperando @ repetiu ele, muito seco.

$ara ainda estava assimilando aquela inesperada notícia, quando foi

abordada por Nurra.

@ Acabei de ter uma lona conversa com Jabir e ele me contou que sC

voltou para Assir a Im de assistir ao casamento da irmã, e que amanhã voc;s

partem para uma lona viaem. 9ue vida aitada voc; vai ter que enfrentar#

Mesmo assim, " uma boa coisa, não acha?

@ 1oa coisa? @ peruntou $ara, achando que havia alo de errado nos

modos bruscos de Jabir, e que essa HcoisaH devia ter aluma liação com a

conversa que ele tivera com Nurra.

@ R melhor que eu me cale. Não seria &usto para voc;. @ A vo5

melodiosa de Nurra estava imprenada de simpatia. @ > fato " que Jabir est7

se comportando de uma maneira muito estranha, e... bem, eu at" cheo a

sentir pena de voc;, $ara.

@ !omportando=se de uma maneira estranha? > que est7 querendo

di5er com isso?

Nurra encolheu os ombros.

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@ %u sempre soube que ele sente muito a falta de Míriam, mas não a

ponto de di5er que pensa nela noite e dia e, principalmente, noite. Não lhe

parece um comportamento insano? > pior " que ele vem fa5endo esse tipo de

coment7rio com outras pessoas, e deve saber o que essa declaração siniIca

num luar como Assir, onde todos estão sempre prontos para uma intria. Doi

por isso que eu disse que seria uma boa coisa voc;s Icarem afastados daqui

por alum tempo.

$ara Itou Nurra, sentindo que empalidecia mortalmente.

@ %u sC quero a&udar, $ara, ra5ão pela qual tive uma lona conversa

com Jabir. Dalei=lhe francamente, achando que ele não est7 sendo &usto com

voc;. H+obre $ara, que tipo de vida vai levar? $e voc; continuar assim, ela

ainda vai acabar por abandon7=lo. % quem poder7 conden7=la?H Aconselhei

 Jabir a falar abertamente com voc; sobre o problema, mas ele declarou que

caso fosse interpelado, iria near tudo.

A vontade de $ara era sair correndo dali e esconder=se, mas não podia

fa5er uma criancice dessas, e num esforço sobre=humano, despediu=se

educadamente de Nurra e, em seuida, foi tamb"m despedir=se de :assa e da

rainha.

Ao chear em casa, devidamente escoltada por :amed, $ara foi

diretamente para a sala de estar e serviu=se de uma dose dupla de uísque,

antes de subir para o quarto.

@ Dora daqui# @ ritou, quando Uashi apareceu na suíte para a&ud7=la a

tirar a roupa.

+ouco mais tarde, &7 de banho tomado e vestindo um penhoar, $ara

armou=se de coraem e resolveu ir tomar satisfaç8es de Jabir.

Abrindo a porta de comunicação sem bater, encontrou o marido na

antecKmara da suíte s voltas com uma pilha de pap"is.

@ 1oa=noite, Jabir @ começou ela, fechando a porta atr7s de si.

@ %ntre, $ara. !omo "? ostou da festa? +erdoe=me por ter sido

obriado a sair mais cedo. Eoc; &7 aprontou suas malas?

@ Não# Nem ostei da festa nem aprontei as malas# @ A vo5 saiu tão

alta e estridente que nem a prCpria $ara a reconheceu. @ Mas vamos loo ao

que interessa.

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@ Eoc; est7 precisando de aluma coisa? @ peruntou ele, obsequioso,

passando os olhos pelo nero penhoar rendado que lhe marcava as formas.

@ Acertou em cheio# Mas não " nada do que voc; est7 imainando, por

isso, pare de me olhar desse &eito#

@ $ara#

@ > que eu preciso " saber se voc; " realmente um homem honrado

nos neCcios, como sempre propalou. Melhor di5endo, quando voc; fa5 um

acordo, costuma cumpri=lo risca?

@ R lCico. Mas eu não ve&o ra5ão...

@ )oo vai ver, e aora me escute @ $ara tremia de tanta tensão. @

 *emos um contrato entre nCs, assinado era )ondres, não temos? +ode ser que

entre tantos outros neCcios reali5ados na "poca, voc; tenha at" esquecido.

Mas vou refrescar=lhe a memCria. Doi um acordo pelo qual voc; comprou um

hotel decadente em troca de uma tal de $ara Morrison aceitar seus termos,

entre os quais estavam incluídos um casamento sob chantaem, a aquisição

de uma boa recepcionista e a arantia de uma boa mãe para suas Ilhas, certo?

@ $ara# > que h7 com voc;? Andou bebendo?

@ Bma dose de uísque não d7 para Icar embriaada, e eu ainda estou

consciente de meus atos. Mas loo que eu despe&ar tudo o que tenho

atravessado na aranta, pretendo realmente beber at" cair.

@ %u não I5 chantaem com voc;, $ara.

@ Ah, essa não " a palavra? %ntão, chame de coação, compulsão

emocional, ou o que voc; preferir. > caso " que $ara Morrison aceitou seus

termos. e minha parte, tenho ao menos tentado dar um pouco de aleria e

felicidade s crianças, certo?

@ Eoc; tornou minhas Ilhas muito feli5es, e sabe o quanto sou=lhe

rato.

@ Não " bem isso o que quero saber# +reciso saber " se pretende

cumprir sua parte do contrato, pois não estou conIando nem um pouco em sua

palavra. $e quiser saber, estou me sentindo como !"sar, sendo apunhalado

pelas costas pelo Iel e honrado 1rutus#

@ $ara# Não tenho a mínima id"ia sobre o que voc; est7 falando. +or

que não senta e...

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@ %stou muito bem de p"# Eoc; vive apreoando a sua honrade5, o que,

ali7s, me fa5 morrer de rir. :onrade5# Nesse caso, eu tamb"m sou uma mulher

honrada, e pretendo manter minha palavra pelo tempo que me for possível,

mas somente no que di5 respeito ao que foi previamente combinado em

)ondres. %ntende o que quero di5er ou vou ter que ser mais explícita?

+or aluns instantes, Jabir manteve=se calado e impassível. As p7lpebras

abaixadas velavam a expressão do olhar, e foi com vo5 calma e pausada que

ele, por Im, peruntou(

@ evo concluir que voc; não quer manter mais nenhum contato íntimo

comio, " isso?

@ R isso mesmo. Eoc; entendeu muito bem#

@ +osso saber a ra5ão disso tudo?

@ 1oa perunta# @ $ara tremia inteira, sem conseuir controlar as

emo=ç8es. @ 9ue eus o perdoe, mas voc; " mesmo um insensível# Da5endo

amor comio, e pensando o tempo todo em sua falecida esposa# !omo p6de? R

uma aberração sexual quase tão rave quanto a necroIlia#

 Jabir Icou branco como cal e sacudindo=a pelos ombros, exiiu(

@ 4epita o que disse#

$em poupar o homem que tanto amava, mas que a estava enanando

tão cruelmente, ela continuou a espe5inh7=lo.

@ $ei tudo sobre voc;# $ei o quanto deve ter rido de mim ao possuir=me

no escuro, Inindo que eu era Míriam. 2sso " uma coisa horrível, e...

@ e onde voc; tirou essa id"ia mCrbida?

@ e onde? *odo o mundo &7 est7 sabendo disso# +erunte sua

querida Nurra# Doi ela quem me contou tudo sobre voc; e Míriam, que voc;

pensa nela noite e dia, principalmente noite. @ Eendo que Jabir eruia a mão

ameaçadoramente, enfrentou=o, imp7vida. @ Eamos, pode me bater# > que "

uma bofetada a mais, vinda de um marido tão Iel e amoroso? @ !ompleta=

mente descontrolada, $ara caiu num pranto convulso.

@ Nurra? >h, Al7# Aquela mulher# @ $eurando=a com brandura pelo

braço, ele pediu( @ $ara, por favor, acredite em mim. Nada do que ela disse "

verdade.

@ %la bem que me preveniu que voc; iria near. R tudo verdade# @

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contestou $ara, soluçando. @ )amento muito que sua mulher tenha morrido,

principalmente tendo ela sido tão prendada e maravilhosa. Mas voc; não tinha

o direito de usar=me. % eu, idiota, que cheuei a acreditar que nossa atração

sexual era normal# Normal# Da5er amor com uma mulher, pensando em outra,

" uma aberração. %ra por isso que voc; sC me procurava no escuro, para não

ver o meu rosto...

@ Não foi nada disso# @ Jabir tornou a sacudi=la, desta ve5 com maior

viol;ncia. @ %u I5 isso sC por que voc; era tão... >ra, para o inferno com

tantas precauç8es# @ tomando=a nos braços, Jabir começou a bei&7=la com

loucura.

Aterrori5ada, $ara sentiu que seu corpo traiçoeiro se inOamava sob

aquela avalanche de bei&os selvaens que a estavam empurrando de encontro

porta. No instante em que ela parou diante do obst7culo e ele diminuiu a

pressão, $ara aproveitou para soltar=se e desferiu=lhe uma bofetada no rosto.

 Jabir a Itou, estupefato, levando a mão face atinida.

@ Não entendo voc; e nem pretendo entender @ disse ela, friamente @

$e voc; pretendia dar mais uma demonstração de sua incontest7vel virilidade,

dispenso# +oupe suas enerias para alu"m que aprecie e se contente com

suas t"cnicas#

@ >h, meu amor...

@ Nunca fui seu amor nem nunca serei# % daqui por diante, não quero

que me toque# $e voc; tentar, ponho a casa abaixo de tanto ritar e, se

insistir, sou capa5 de deix7=lo para sempre#

> rosto moreno de Jabir parecia uma m7scara de pedra.

@ Eoc; foi bem clara. Muito bem. aqui por diante, ser7 como voc;

dese&a. % aora, retire=se e deixe=me em pa5# @ completou, com aspere5a.

@ Não precisa mandar. R o que pretendo fa5er. $C lhe peço que nunca

se esqueça do que acabei de lhe di5er.

e cabeça eruida e muito altiva, $ara entrou em sua suíte, mas loo

que fechou a porta, despencou sobre a cama e chorou pelo resto da noite.

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CAPÍTUO !#

Ao apreciar o panorama ma&estoso que se descortinava do alto da suíte

do hotel $ara lembrou=se de um Ilme humorístico que vira anos atr7s( 5e ho$e

é ter6a-(eira, deve ser a 7éli%a. > enredo da com"dia irava em torno de umrupo de turistas percorrendo de5enove países em cinco dias. Mas diante dos

arranha=c"us de Manhattan, ela pensou que a situação não era tão c6mica

quando se tratava da vida real.

Bma batida na porta anunciou a entrada de John Moran que vinha

acompanhado da assistente, cu&a função, nas <ltimas tr;s semanas, era a de

secretariar $ara.

@ *udo bem, princesa? %st7 me parecendo um pouco abatida. John olhou preocupado para a esposa do patrão. Nem parecia a mesma

moça, doce e feminina, que ele conhecera em )ondres. Aora, tra&ada

austeramente com um con&unto !hannel, adequado sua posição social, ela

tinha um aspecto frio e distante, al"m de estar muito mara.

@ %u estou Ctima @ disse $ara, concisa. @ 9ual " a proramação para

ho&e?

@ 4eceio que a aenda este&a completa. @ John consultou umcaderninho, e enquanto a secret7ria tomava notas, foi anunciando( @ Fs on5e,

o casal ser7 recebido pelo prefeito. 9uero preveni=la de que estamos em Nova

 Uor, e que o voto dos &udeus " importante, tão importante quanto os

investimentos dos 7rabes. Ainda bem que o príncipe Jabir " conhecido como

um dos poucos líderes do mundo 7rabe simp7tico causa israelita. 2sso,

somado ao seu charme, princesa, pode contar pontos.

@ Ao menos em aluma coisa, eu ainda sou <til @ disse $ara, morda5.@ $im... R claro @ balbuciou John. @ %m seuida, a princesa dever7

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comparecer so5inha a um almoço promovido pelas descendentes dos :erCis da

4evolução Americana. !"lia &7 est7 com seu discurso pronto. R aquela

demaoia de sempre( que est7 muito feli5 por visitar esta rande nação, e

que ostaria de voltar em breve, etec"tera e tal...

@ Não acha, John, que deveríamos ser um pouco mais sinceros nesses

discursos?

@ > qu;? >h, sim# *ome nota, !"lia. !ontinuemos. Fs quin5e e trinta,

um passeio pelo rio :udson, cortesia da Media 2ncorporation. !erto?

@ %rrado#

@ !omo assim?

@ !onIra a minha Icha. %u tenho verdadeiro pavor a passeios de barco,

e não pretendo fa5er _m"dia] nem com a Media 2ncorporation#

 John soltou uma risadinha nervosa e enxuou a testa com um enorme

lenço branco.

@ %ntendi. !ancele o passeio, !"lia, e telefone pedindo desculpas. >nde

eu estava mesmo? >h, sim, s de5esseis e trinta, visita sede das Naç8es

Bnidas. +rovavelmente o príncipe estar7 ocupado numa reunião de neCcios,

portanto, prepare=se para ir so5inha. Mas o embaixador de Assir estar7 l7 para

assessor7=la. $em discursos, apenas uma breve visita, certo? @ $ara nem se

deu ao trabalho de concordar. @ Ah, o príncipe tem um &antar com o pessoal da

imprensa, portanto a princesa ter7 toda a noite livre.

@ )ivre? Mas quanta enerosidade# +or falar nisso, andei me

informando que a >rquestra Dilarm6nica da Dilad"lIa dar7 um concerto no

!arneie :all ho&e noite. ostaria que me providenciassem uma entrada.

@ > príncipe pode não...

@ > príncipe nem precisa saber, e mesmo que saiba, não vai fa5er caso.

Daçam o que estou mandando @ ordenou $ara, com arroKncia.

@ $im... $im, princesa @ John piarreou, limpando a aranta

ressequida. @ Mais aluma coisa em que eu possa ser <til?

@ $im. @ $ara deu as costas aos dois assistentes, e Icou olhando

atrav"s da vidraça, o trKnsito que Ouía l7 embaixo. @ Nestes tr;s <ltimos dias,

desde que cheuei a Nova Uor, estou tentando marcar uma entrevista

particular com meu marido. !omo ", John, &7 conseuiu? AInal, " a terceira ve5

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que faço o mesmo pedido.

 John relanceou um olhar aOito para !"lia e encolheu os ombros.

@ >h, sim, " claro# Acho que tenho a resposta na minha escrivaninha.

$em voltar=se, $ara revidou com rispide5(

@ Não minta# $C lhe peço que consia o encontro. R muito importante.

@ +rometo fa5er o possível @ asseurou John, muito vermelho.

Dinalmente, $ara virou=se e encarou o assistente.

@ 9uero tamb"m que providencie um carro com motorista para

amanhã, s nove e meia da manhã.

@ Mas a essa hora, iremos ao :arlem @ protestou. @ Nesse bairro

existe um rupo "tnico que...

@ $e quiser, v7 voc; ao :arlem. %u irei para o aeroporto. Ali7s, quero

aproveitar o ense&o para despedir=me de voc;s dois e aradecer pela a&uda que

me prestaram. $into muito que as coisas devam terminar desse modo. @

 *ornando a virar=se para a &anela, $ara pediu( @ +or favor, fechem a porta

quando saírem.

 John quase empurrou a secret7ria para que ela saísse da sala.

@ $anta MisericCrdia# @ exclamou ele, apoiando=se ao batente e

tornando a enxuar a testa. 8 %la est7 entreando os pontos# Mas tamb"m o

príncipe parece um urso hibernando# Não consio nem mais falar com ele#

+recisamos fa5er aluma coisa, !"lia, e r7pido# %u vou para a outra suíte ter

uma conversa com :amed, que ainda " a <nica pessoa que tem aluma

ascend;ncia sobre o príncipe. Eoc; aGenta as pontas at" eu voltar.

entro da sala, $ara continuou parada diante da &anela. epois que

fecharem a porta, l7rimas silenciosas começaram a rolar pelo rosto abatido.

@ >h, meu eus, a&ude=me# @ ela emeu, encostando a testa na

vidraça fria. @ Alu"m precisa a&udar=me#

A viaem tinha sido um desastre desde o início. *odo o tra&eto at" o

aeroporto de Assir, onde iriam embarcar no 1oein 3`3, pertencente ao rei, foi

feito num sil;ncio sepulcral. )oo que ela subira a bordo do avião, pedira

comiss7ria alumas pílulas para dormir e fora recolher=se numa das cabinas

privativas, caindo num sono misericordioso que durou at" poucos instantes

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antes do desembarque em +aris.

!omo conseuira aGentar aquele &antar festivo e barulhento no

MaximVs, nem ela prCpria sabia. $ua vontade era rear com l7rimas copiosas

os requintados pratos franceses que foram servidos. %m ve5 disso, ela e Jabir

tinham sido obriados a fa5er uma encenação, aparentando serem um casal

apaixonado que estava se divertindo muito com aquela comemoração.

Mais tarde, entrando no carro que os esperava para lev7=los ao hotel,

 Jabir apertara o botão que fechava automaticamente a divisCria de vidro entre

o motorista e o banco traseiro.

@ $e voc; est7 disposta a cumprir nosso contrato, $ara, receio que

precise atuar bem melhor do que o fe5 ho&e noite @ censurara ele, sentando=

se o mais afastado possível dela.

@ $im, Jabir, eu vou tentar.

ApCs um prolonado sil;ncio, ele voltara a falar com aquela vo5 neutra

e indiferente.

@ $C para coloc7=la a par das provid;ncias tomadas, saiba que &7 dei as

ordens necess7rias para que ocupemos duas suítes separadas, em andares

diferentes, no hotel onde iremos nos hospedar. Marie veio de avião, de !annes,

e est7 esperando por voc; na sua suíte. +or outro lado, John Moran tem uma

assistente chamada !"lia, que foi escalada para ser sua secret7ria particular.

@ >briada Jabir, eu...

> carro subiu a rampa do hotel no momento em que ela ia falar, e,

enquanto o motorista dava a volta para abrir=lhes a porta, Jabir apressou=se a

di5er(

@ Não ve&o necessidade de mantermos contato futuramente. John Icar7

incumbido de dar=lhe um resumo di7rio dos compromissos. $e voc; tiver

aluma coisa pessoal que queira di5er=me, " sC marcar uma entrevista por

interm"dio dele. 1oa=noite. @ $altando do carro, Jabir entrou no hotel, sem ao

menos olhar para tr7s.

Doi assim que a viaem começou, e aquele pesadelo continuou por tr;s

semanas @ +aris, 1onn, Madri, *Cquio, Am"rica do Norte.

Marie, sempre solícita e atenciosa, vivia com um lenço na mão para

enxuar=lhe as l7rimas, e com comprimidos de aspirina no bolso do uniforme,

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para aliviar=lhe as dores de cabeça que &7 estavam se tornando cr6nicas.

$ara nunca comentara nada com a criada sobre as ra58es de tanta

triste5a e an<stia, e nem precisava. >s membros da comitiva não tinham mais

d<vidas sobre a situação reinante entre o príncipe Jabir e a esposa.

 Jabir... $C havia uma palavra para deInir seu comportamento(

execr7vel#

Bltimamente, vivia recriminando a todos, berrando como um possesso.

!om exceção de $ara. +ara ela, reservava um sil;ncio lacial, que era ainda

mais enervante do que os ritos.

Ainda imCvel e pensativa &unto &anela, sem conseuir estancar as

l7rimas, $ara cheou triste conclusão de que não tinha mais forças. No dia

anterior, telerafara ao pai e incumbira Marie de comprar duas passaens de

avião para )ondres diante da insist;ncia da criada em acompanh7=la na

viaem.

 *alve5 Ann e o pai não vissem com bons olhos sua perman;ncia em

Zent. +aci;ncia. %la precisava ir embora de qualquer &eito, e a verdade " que

não tinha para onde ir. Mas, antes, precisava comunicar a Jabir sua decisão,

nem que fosse para evitar que ele mandasse a polícia ao seu encalço.

$ara sabia que estava beira de um colapso nervoso. +rincipalmente na

<ltima semana, o stress fora tão rave que, levantar=se pela manhã, apCs mais

uma noite de ins6nia, constituía um verdadeiro sacrifício. 4eceava intoxicar=se

de soporíferos, pois, no estado emocional em que se encontrava, seria at" peri=

oso exaerar na dose e acabar cometendo aluma loucura.

 *ocou a campainha para chamar Marie e pediu um caf" bem forte para

reanimar=se e enfrentar mais aquele dia estafante que tinha pela frente.

Ao tomar o caf" fumeante, lembrou=se de um ditado popular que di5ia

que era melhor ser rico do que pobre, porque se pode sofrer menos com

conforto. > que, em sua opinião, era uma mentira. Antes, mesmo não sendo

feli5, tinha com que ocupar a mente. 9ualquer coisa era melhor do que ter que

passar os dias vestida impecavelmente, num completo isolamento do mundo

real.

H+areço uma daquelas bonecas inO7veis que se carream de um lado

para o outroH, pensou $ara, ao preparar=se para cumprir os compromissos da

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aenda.

!omo sempre, procurou fa5er boa cara no decorrer dos v7rios eventos

proramados por John. > prefeito foi muito am7vel com ela, as senhoras

americanas a receberam com carinho e a sede das Naç8es Bnidas era um luar

realmente interessante de se conhecer.

 John conseuiu a entrada para o concerto, e o motorista que a levou at"

o !arneie :all Icou de passar mais tarde para lev7=la de volta ao hotel.

A <ltima peça executada pela orquestra foi on%erto ara !iolon%elo, e

o som planente do instrumento a sensibili5ou a tal ponto, que, ao entrar no

carro, estava banhada em l7rimas.

$em saber como, de repente, viu=se envolvida pelos braços de Jabir que

começou a afaar=lhe os cabelos enquanto ela dava va5ão a um pranto

hist"rico. Ainda soluçava quando o m"dico cheou suíte do hotel para

examin7=la.

Minutos mais tarde, ouviu um murm<rio vindo da ante=sala e, em

seuida, Jabir veio sentar=se na cama ao lado dela, embalando=a nos braços

como se ela fosse uma criancinha.

@ $ara, voc; precisa de repouso absoluto. NCs partiremos amanhã, mas

at" l7, voc; tem que descansar bastante e evitar emoç8es.

@ %u... %u vou para )ondres amanhã @ balbuciou $ara, recomeçando a

chorar.

@ $e for mais conveniente, transferiremos a data da viaem. > que

voc; precisa aora " de muito repouso @ insistiu ele, como se não tivesse

ouvido o que $ara tinha dito.

@ > que voc; est7 fa5endo aqui, Jabir? @ peruntou ela, por Im,

dando=se conta da inusitada presença do marido. @ Eoc; não deveria estar

 &antando com os representantes da imprensa?

@ *erminei mais cedo. R que :amed e John me avisaram que voc; não

estava passando bem. $ara, minha querida, voc; teve um s"rio colapso

nervoso, e eu cancelei o restante da viaem at" seu completo

restabelecimento. !onIe em mim, amor, est7 bem?

@ >h, sim, est7 bem... @ $ara desmaiou nos braços do marido, de tanta

prostração.

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> sol da manhã entrou pela &anela, que estava entreaberta, e fe5 com

que $ara pestane&asse. >lhando para a claridade, espreuiçou=se.

Nos <ltimos dias, sob o efeito de sedativos, não tivera a mínima noção

do que se passava a seu redor. *ampouco percebera que fora transportada

para o pal7cio de Sahra.

Aora, pela primeira ve5, tinha consci;ncia de onde estava, bem como

que seu est6mao va5io reclamava por comida.

Antes que ela saísse da cama, Marie antecipou=se, entrando no quarto,

muito afoita.

@ Madame, não faça isso# A senhora esteve muito doente.

@ *olice, Marie. %stou me sentindo muito bem disposta e devo confessar

que estou com uma fome de lobo#

$ob os protestos da criada, $ara insistiu em levantar=se, e apesar de

sentir as pernas ainda fracas, fe5 questão de andar so5inha at" uma poltrona

em frente vene5iana aberta.

@ 9ue bom estar de volta# @ disse $ara, aspirando com pra5er o ar

fresco do deserto. @ > que eu ostaria, Marie, " de um bom banho e de um

caf" com um monte de torradas, bastante manteia e el"ia. @ Eendo Marie

hesitante, acrescentou( @ > que est7 esperando? Mãos obra, Marie#

eitada na banheira de 7ua t"pida, $ara Inalmente sentiu o corpo

relaxar apCs as tens8es sofridas durante mais de um m;s. > que mais a

surpreendia era como Jabir pudera adivinhar o que ela tanto ansiava( a pa5 do

pal7cio de Sahra.

$ucumbindo aos insistentes pedidos de Marie, $ara acabou concordando

em voltar para a cama.

epois que a acomodou, a criada trouxe=lhe o des&e&um pedido, e Icou

exultante quando recebeu de volta os pratos va5ios.

@ AInal, o que voc; est7 fa5endo aqui, Marie? @ peruntou

subitamente, lembrando=se que o luar da criada era no iate atracado em

!annes.

@ R que eu disse ao príncipe( onde ma %hérie rin%esse precisar de

mim, l7 estarei. % aqui no deserto, " tr+s areable, n'est--%e-as0

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@ >h, sim, " tr+s bon. @ $ara riu. @ Meu franc;s " ainda pior do que o

seu inl;s, Marie#

4essentindo=se da movimentação, apCs tanto tempo de in"rcia, mesmo

não tendo intenção de dormir, $ara acabou caindo numa arad7vel modorra.

Ao reabrir os olhos, estranhou ver o quarto na penumbra, e cheou a

levar um susto quando divisou o perIl de Jabir que, sentado na poltrona perto

da vene5iana, entretinha=se com a leitura de um livro. !om as p7lpebras

semicerradas, Icou a observ7=lo. %le tra&ava uma roupa de montaria com

lustrosas botas pretas e camisa de manas curtas, desabotoada na frente, dei=

xando mostra o peito moreno.

$ara tornou a fechar os olhos ao sentir o coração palpitar mais forte.

Mesmo apCs tudo o que tinha acontecido, constatou que ainda o amava.

Ao reabrir os olhos pela seunda ve5, viu que quem a estava

observando era Jabir.

@ Ah, $ara, voc; acordou? Marie me disse que voc; amanheceu bem

melhor. @ A vo5 era serena e ele não parecia 5anado, conforme ela temera.

$ara sorriu=lhe timidamente.

@ R... %stou muito melhor, tanto que acabei de comer um des&e&um

monstruoso. Mas que dia " ho&e? Acho que perdi a noção do tempo.

@ +erdeu mesmo# @ ele riu baixinho. @ Da5 uma semana que voc; est7

aqui, e o des&e&um HmonstruosoH, voc; comeu h7 mais de quatro horas.

@ Não posso acreditar que tenha passado tanto tempo# @ exclamou

$ara, sentando=se na cama.

@ Eoc; estava precisando mesmo de uma sonoterapia. $C quando o

m"dico me arantiu que voc; estava bem, " que dispensei as enfermeiras.

@ M"dico? %nfermeiras?

@ Eoc; necessitava de cuidados proIssionais constantes, e eu contratei

um m"dico e duas enfermeiras para que alu"m Icasse sempre de plantão.

@ >h, Jabir# $into muito ter causado tantos transtornos. %stou at"

enveronhada.

@ Não h7 por que desculpar=se ou enveronhar=se. $e alu"m deve ser

censurado, esse alu"m sou eu. @ 2nterrompeu=se e foi colocar o livro numa

mesinha. @ +recisamos aradecer a Al7 pela sua r7pida recuperação. >

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restante não tem a menor importKncia. 1em, aora vou indo, para que voc;

Ique sosseada. +or ho&e, seria melhor que continuasse de cama.

@ Jabir...# @ impulsivamente,, ela estendeu os braços. @ +or favor, não

v7# %u...

 Jabir olhou para a Iura p7lida e s<plice de $ara, cu&os lindos seios

saltavam sob o Ino tecido do penhoar entreaberto, e lentamente aproximou=se

da cama.

@ $ara, eu preciso ir @ suspirou, parecendo tão desconsolado quanto

ela. @ > m"dico deu=me ordens estritas para que não a cansasse demais.

$ara não se conformou, e seurou=lhe a mão.

@ +or favor, Ique sC mais um pouco# %u estou tão... tão arrependida.

%u...

 Jabir sentou=se na beirada da cama e com um lenço enxuou as

l7rimas que principiavam a escorrer dos tristes olhos a5uis.

@ Não quero mais pedidos de desculpas, estamos entendidos? @ disse

ele, aconcheando=a &unto ao peito. @ $e alu"m tem que desculpar=se, sou

eu. Mas falaremos sobre isso quando voc; sarar. No momento, sua sa<de "

priorit7ria, entendeu? Não podemos desobedecer as ordens do m"dico, minha

querida.

>s dias que se sucederam foram tranqGilos. $ara passava as horas

lendo ou passeando pelos &ardins do pal7cio. Nesse nterim, recebeu uma

encomenda enviada por :assa, &7 de volta da lua=de=mel. %ra uma coleção de

caftans, das mais variadas cores, com os quais ela desIlou, tão loo teve

condiç8es de transitar pela casa.

 Jabir não a larava um sC instante, mas $ara sabia que aquela felicidade

não iria durar para sempre. Mas enquanto durasse, pretendia desfrutar da

companhia do marido.

!erta noite, enquanto tomavam caf" no &ardim, Jabir começou a falar

sobre alo que ainda Icara nebuloso entre eles.

@ Não posso manter seredo por mais tempo, $ara. +reciso contar=lhe

tudo sobre Míriam @ $ara loo Icou em pKnico, mas ele continuou a falar,

imperturb7vel. @ Apesar de meu pai ter se divorciado da mãe de Muhammed,

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nCs dois sempre fomos excelentes amios. 9ue ele era um rapa5 doido e

inconseqGente, não h7 a menor d<vida. 1asta lembrar das incont7veis

aventuras amorosas que ele teve quando foi para a 4iviera Drancesa, e da

tentativa de quebrar a banca do !assino de Montecarlo. Naturalmente, foi uma

tentativa fracassada, e nosso pai arcou com os pre&uí5os. @ Jabir fe5 uma

pausa como se quisesse reorani5ar as lembranças. @ Na "poca, Muhammed

tinha vinte e quatro anos e eu, vinte e dois. *alve5 por causa da vida desre=

rada de meu irmão, nosso pai resolveu que ambos precis7vamos casar e

escolheu as Ilhas de um sheik que dominava o norte do país, para nossas

esposas. Eerdade se&a dita, as moças eram lindas# e minha parte, não

levantei nenhuma ob&eção quanto ao casamento.

$ara Icou tensa, esperando ouvir o restante da conIssão, que

certamente o levaria a conIrmar as palavras de Nurra.

@ > casamento de Muhammed e Nurra acabou sendo um fracasso. Meu

irmão não se conformava em ter que abandonar a vida que levava e Nurra,

virtualmente abandonada pelo marido, loo percebeu, que apesar de ser o Ilho

mais velho, Muhammed nunca seria escolhido para suceder ao rei. $entindo=se

re&eitada pelo marido, e frustrada em suas ambiç8es, Nurra tornou=se uma

mulher amara e inve&osa. @ !om um profundo suspiro, Jabir continuou sua

narrativa @ %u, ao contr7rio, amava minha esposa. Míriam era &ovem e

raciosa. ApCs o casamento, passamos todo um verão &untos. 2nfeli5mente, no

outono, precisei fa5er uma demorada viaem ao exterior, deixando Míriam

so5inha. %la &7 estava r7vida de N7dia, e eu combinei para que Nurra lhe

I5esse companhia, num dos apartamentos do velho pal7cio. @ Jabir

interrompeu a narrativa para dar uma explicação histCrica. @ > velho pal7cio

tinha sido parcialmente absorvido pela expansão da cidade, e meu pai &7 havia

mandado construir o novo pal7cio, onde atualmente estamos morando. Natu=

ralmente, eu voltei a Assir por ocasião do nascimento de N7dia, mas loo em

seuida, precisei via&ar novamente. +elo visto, Míriam não assumiu a

maternidade, e foi esse fato que acabou desencadeando todo o problema. R

claro que o que vou lhe contar aora, não era de meu conhecimento naquela

"poca. Acontece que Míriam começou a sair de casa por conta prCpria,

freqGentando luares mal afamados do cais, e aceitando a companhia de

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qualquer um, desde que lhe proporcionasse Hbons momentosH, conforme suas

prCprias palavras.

$ara estava abismada. > que Jabir estava lhe contando, ia al"m da

imainação. *odo o seu medo e ci<me começaram a desmoronar, dando luar

a uma imensa piedade pelo marido.

@ Nurra não desencora&ou a irmã. At" acobertou seus desmandos,

levada pela prCpria frustração.

@ Mas eu pensei...

@ %u sei muito bem o que pensou, $ara. Minha querida, voc; " tão

inocente e in;nua... !omo poderia diferenciar entre a verdade, as meias=

verdades e a mentira deslavada? Nurra sempre quis preservar a memCria da

irmã que, coitada, não passava de uma ninfomaníaca.

@ >h, Jabir# @ exclamou $ara, chocada.

@ *odos sabiam disso, menos o marido, conforme " praxe. R a cl7ssica

histCria# %u sC vim a saber mais tarde, quando &7 não havia mais nada a fa5er.

Naquela ocasião, houve um tumulto com os povos do norte e meu pai

precisava conservar a aliança com a família de Míriam. > divCrcio estava fora

de coitaç8es, principalmente depois do fracasso do casamento de Muhammed

com Nurra. %u e Míriam Icamos amarrados, numa situação intoler7vel. !omo

escapatCria, resolvi dedicar=me aos neCcios no exterior. +obre Mara, sC Al7

deve saber quem foi o pai. %la foi concebida durante minha aus;ncia, mas

como era uma doce e linda criança, eu a amei desde que nasceu, e a entreuei

aos cuidados de $cott'. Míriam Icou aliviada por não ter que assumir o papel

da boa mãe.

A vontade de $ara era abraçar Jabir, confort7=lo, e chorar com ele, mas

não se atreveu, sabendo o quanto ele era orulhoso.

@ Nesse ínterim, mudamos para o novo pal7cio @ continuou Jabir. @

esde então, tornou=se mais difícil para Míriam dar suas escapulidas. !erto dia,

eu voltei inesperadamente no meio da tarde, e a surpreendi no quarto com um

de nossos &ardineiros. Doi a <ltima ota. %xpulsei o homem, e a tranquei no

quarto, antes de ir procurar meu pai.

@ Jabir# @ ritou $ara. @ Não se mortiIque mais, por favor#

@ eixe=me terminar. %u pedi a meu pai que mandasse Míriam de volta

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para o norte enquanto não saísse o divCrcio. Deli5mente, ele concordou. $C que

Míriam quis voltar so5inha, e o carro dela foi de encontro a um 6nibus. %la teve

morte instantKnea.

$ara sentiu=se como se tivessem tirado uma tonelada de peso de suas

costas.

@ Acredito em voc;, Jabir. $C sinto que tenha sido tão infeli5 com sua

primeira mulher.

@ Mas eu pretendo ser feli5 com minha seunda mulher. $C as estrelas

do c"u foram testemunhas dessa promessa.

CAPÍTUO #

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$ara foi acordada por um barulho persistente que ela &ulou ser do

relCio=despertador, mas que, na realidade, provinha do motor do helicCptero

que, diariamente, tra5ia da capital documentos importantes para Jabir.

+ulou da cama, mas loo sentiu uma vertiem, seuida de uma n7usea

que a fe5 correr at" o banheiro.

+ouco depois, Marie apareceu, e ao v;=la naquele estado deplor7vel,

Icou muito inquieta.

@ >h, madame# A senhora est7 se sentindo mal?

@ Nada de mais, Marie. @ Apoiando=se a pia, &ustiIcou( @ eve ter sido

o peixe que comemos ontem noite. @ %nxauou o rosto com 7ua fria e

tranqGili5ou a criada( @ Aora estou Ctima, Marie, pode estar certa.

!ontrariando a aIrmação, $ara recusou o des&e&um e foi examinar o

c7ftan bordado que Marie havia estendido sobre a cama.

@ Não, Marie, essa roupa " um exaero# :o&e pretendo praticar um

pouco de &ardinaem e preIro vestir alo mais pr7tico, como &eans e camiseta.

@ Mas non, madame# > príncipe &7 falou comio sobre a roupa que a

senhora dever7 usar @ disse a criada, reprimindo uma mal disfarçada euforia.

@ > príncipe quer que eu use esse c7ftan? J7 vi que os homens não t;m

o menor senso pr7tico quando se trata do vestu7rio @ reclamou $ara,

acatando, no entanto, a descabida suestão do marido.

 J7 vestida, foi examinar=se ao espelho. > c7ftan de seda a5ul=celeste,

bordado com Ios de prata na pala, realçava o colorido de seus olhos, e, sem

falsa mod"stia, achou que estava linda.

@ est mani9:ue, madame# @ exclamou Marie, Itando a patroa com

veneração.

@ Mas voc; h7 de concordar comio que não " o tra&e ideal para lidar

com terra#

4indo, $ara saiu do quarto e encaminhou=se para o &ardim. Avistou Jabir

sentado sombra de um p" de ac7cia, tendo a seu redor alumas pessoas

que, por estarem de costas, ela não reconheceu. Ao aproximar=se do rupo,

estacou, at6nita. Não podiam ser eles, mas eram, e $ara correu em disparada,

soltando ritinhos de aleria.

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@ +apai# Ann# @ Atirou=se nos braços do pai e, em seuida, bei&ou

efusivamente a madrasta. @ Nem acredito que voc;s este&am aqui# 9uando

chearam? +or quanto tempo pretendem Icar? @ >lhando comovida para o

marido, aradeceu( @ >h, Jabir, quanta bondade a sua#

@ $ente=se, $ara @ ele pediu com um amplo sorriso. @ eixe seus pais

tomarem o caf" sosseados. %les vão tomar o helicCptero de volta tarde, e

bem merecem um pouco de descanso.

@ Apoiado, meu querido enro. 9uando me vi naquela lib"lula,

sobrevoando a poucos metros do solo, um areal sem Im, at" pensei que minha

hora &7 tivesse cheado# @ disse Ann, Inindo um estremecimento de horror.

@ eixe de ser dram7tica# @ James Morrison olhou com ternura para a

nova esposa. @ Eoc; adorou a aventura. %ssa maluca, at" convenceu o piloto a

deix7=la assumir o comando do helicCptero# Ai sim, eu pensei que minha

derradeira hora tivesse cheado#

 *odos riram e começaram a conversar aleremente, com $ara querendo

saber de todas as novidades.

@ :7 quanto tempo voc;s estão em Assir? Jabir fe5 tanto seredo da

vinda de voc;s#

@ Da5 uns dois dias, não " mesmo Ann.

@ Mais ou menos isso, amor. @ iriindo=se a $ara, muito sorridente,

Ann comentou( @ $eu marido " um an&o, minha querida# Domos tratados como

reis# Bm 4olls=4o'ce fora=de=s"rie nos levou at" o aeroporto de :eathroWQ

voamos num &ato particular at" Assir e Icamos hospedados numa suíte cinco

estrelas daquele pal7cio das mil e uma noites# R muito mais do que qualquer

arota da minha idade possa sonhar# @ Eirando=se para Jabir, Ann peruntou(

@ Na sua numerosa família, existe alum parente parecido com voc;? %u não

sou exiente. 9ualquer idade serve#

 Jabir deu uma risadinha, procurando tapar a boca com a mão.

@ Minha cara madrasta, tenho certe5a de que vou adorar sua

companhia# @ disse ela, risonha.

@ Madrasta#? %stou me sentindo uma velha decr"pita# @ brincou Ann.

!ontinuaram naquela conversa descontraída e bem=humorada at" que

 Jabir levantou=se e falou(

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@ $ara, " hora de voc; mostrar as acomodaç8es a seus pais.

!ertamente eles vão querer tomar um bom banho e repousar um pouco.

2nfeli5mente, tenho um trabalho urente minha espera, mas nos

reencontraremos todos hora do almoço, est7 bem?

epois que Jabir retirou=se, James Morrison externou seu parecer.

@ Eoc; " uma moça de muita sorte, minha Ilha# Nunca fomos tão bem

tratados, não " mesmo Ann? @ Eoltando a falar com a Ilha, sueriu( @ 9ue tal

voc; nos mostrar loo o quarto? 4ealmente, est7 fa5endo muito calor aqui

fora#

Bma hora mais tarde, $ara viu Ann reaparecer, refrescada e alere,

vestindo um lindo c7ftan vermelho.

@ Ann# Eoc; est7 o m7ximo#

@ Eoc; tamb"m# R que aquela arota maravilhosa, sua cunhada :assa,

emprestou=me aluns de seus caftans para a viaem. A propCsito, ela mandou=

lhe mil bei&os e abraços. @ Ann fe5 uma pausa antes de di5er( @ 9uer saber?

%u esperava encontrar voc; beira da morte, e, no entanto...

@ >ra, voc; sabe muito bem tudo o que aconteceu, Ann.

@ 9ue voc; veio para c7 num estado lastim7vel? >h, sim, eu sei. !omo

pode imainar, nCs Icamos preocupadíssimos quando recebemos aquele seu

telerama, comunicando que iria para a nossa casa @ Ann soltou uma risada.

@ evo reconhecer que seu pai foi manKnimo# Doram telefonemas

internacionais para o hotel em Nova Uor, para a %mbaixada de Assir, para as

Naç8es Bnidas# $C faltou telefonar para o presidente, na !asa 1ranca#

Ninu"m nos dava uma explicação coerente. @ Ann tomou f6leo, antes de

prosseuir. @ $eu marido nos telefonou daqui, explicando que voc; estava

doente, com um s"rio esotamento nervoso. H> que voc; andou aprontando

com minha pobre Ilhinha, seu chacal do deserto?], foi uma das coisas mais

am7veis que seu pai disse ao príncipe. No entanto, Jabir mostrou=se muito

compreensivo e paciente. !onseuiu acalm7=lo, prometendo que nos mandaria

vir de avião tão loo voc; melhorasse. % aqui estamos nCs#

@ >h, Ann, desculpe. %u...

@ eixe pra l7# Apaue tudo. > que interessa " que aora voc; est7

bem. 9uer saber de uma coisa? Aquele seu pal7cio na capital " um

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deslumbramento, mas eu acho este luar mais charmoso. J7 lhe disse que

:assa mandou=lhe mil lembranças?

%m cinco minutos, ela fe5 um relatCrio completo de todas as fofocas de

Assir#

@ % como vão $cott' e as meninas? @ quis saber $ara.

@ Não cheuei a v;=las. +arece que enquanto voc; estava aqui se

tratando, Jabir esteve no pal7cio e as mandou para o acampamento do rei,

onde ele est7 patrocinando uma caçada. +elo que eu pude entender, parece

que Jabir teve uma lona entrevista com a rainha, antes de voltar para c7. No

dia seuinte, foi anunciado oIcialmente que uma tal de princesa Nurra estava

de casamento marcado um velho príncipe caduco.

> coração de $ara deu um salto, e ela mal p6de esconder sua

ansiedade ao pedir a conIrmação da notícia.

@ Nurra vai casar? *em certe5a?

@ 9ueridinha, eu nem sei quem " a Iura. $C sei que :assa Icou

exultante com a notícia, e não parava mais de rir, o que, ali7s, me deixou

curiosa. e acordo com a informação de :assa, ele possui uma criação de

cães, milhares deles, que transitam pelos quartos e vivem num verdadeiro

paraíso. >s cães, " claro. @ Ann parou de falar e olhou para $ara, aturdida( @

Ainda mais essa# Eoc; est7 rindo iual5inho a :assa# Não ve&o como possa

achar tanta raça num destino que eu considero pior do que a prCpria morte#

@ >h, Ann# @ $ara continuou a rir, sem poder controlar=se. @ Eoc; não

existe# > que existe mesmo, " a &ustiça divina.

Ann continuou sem entender, e $ara apressou=se em desviar o assunto.

@ > que voc; ostaria de fa5er, durante sua estada?

@ > menos possível, queridinha. $eu velho pai e eu ainda estamos

tentando colocar os p"s no chão depois de Icar tanto tempo no ar. A propCsito,

 James tem alo para di5er=lhe, mas " melhor que se&a depois do almoço,

quando ele estiver mais descansado.

$ara passou o restante da manhã 5on5a de tanta aleria. > casamento

de Nurra, obviamente arran&ado por Jabir, talve5 pouco mudasse a situação,

mas tinha a vantaem de tirar Nurra de cena.

epois do almoço, quando Ann foi fa5er a sesta, $ara deu um &eito de

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abordar Jabir antes que ele voltasse ao escritCrio.

@ %u Iquei tão contente, Jabir, por voc; ter tra5ido papai e Ann# Doi

uma surpresa maravilhosa e nem sei como aradecer=lhe.

@ Eoc; &7 devia estar sabendo, $ara, que eu sinto pra5er com tudo o

que lhe d7 pra5er @ disse ele, entilmente, acariciando=lhe o rosto. @ Eoc; vai

recuperar=se bem mais depressa com sua família por perto, não " mesmo? @

antes de entrar no escritCrio, depositou=lhe um suave bei&o na testa.

Ao voltar para a sala de estar, $ara encontrou o pai andando de um lado

para outro, como urna fera en&aulada.

@ Al6, querida @ James piarreou antes de pedir. @ $er7 que voc; não

me arruma um drinque? !om esse calorão todo, eu ando com a aranta seca.

@ >h, papai# @ $ara sorriu, compreensiva. @ %stou at" com pena de

voc;. Eamos ver o que podemos conseuir.

$entado confortavelmente no sof7, com um copo duplo de uísque na

mão, James suspirou de satisfação.

@ Meu eus, " mais do que mereço# %stou sabendo que o pessoal daqui

não " muito cheado a bebidas. @ >lhando para a Ilha, comentou( @ $ara,

nestes <ltimos tempos, apesar da doença, voc; parece ter desabrochado,

minha querida# Ann andou muito preocupada com voc;, quero di5er, depois de

seu casamento. %la fa5 questão que eu lhe conte o que aconteceu quando

vendi o hotel. % como Ann sabe ser insistente#

@ *odos nCs sabemos o que aconteceu, papai. Não " necess7rio voltar

ao passado @ disse $ara, tolerante.

@ !oncordo# Mas Ann insiste para que eu fale, e não quero Icar mal

com ela#

@ Mas, aInal, o que voc; est7 querendo me di5er, papai?

@ Ann disse que eu deveria contar=lhe tudo. +ois então, ouça. %la aIrma

que naquele dia eu cheuei ao hotel de pileque. %xaerada, como sempre# Na

manhã seuinte, deu=me um caf" preto, sem aç<car, para curar a ressaca, foi

quando recebi um recado di5endo que um 7rabe, hCspede do hotel, estava

querendo falar comio. rande chateação, pensei eu, mas fui at" a suíte dele.

> su&eito at" que era um bom papo. Naturalmente, reclamou da 7ua quente,

mas, em compensação, convidou=me para um drinque. % voc; acha que eu ia

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recusar?

@ !laro que não, papai. Mas eu conheço bem seu &eito de tratar os

hCspedes. epois de suas visitas, eu astava horas para acalm7=los#

@ Não se&a tão dura com seu velho pai# !omo eu ia di5endo, seu

querido Jabir at" que foi compreensivo. !onvidou=me a sentar, não economi5ou

bebida, e acabou me propondo um neCcio da !hina# %m resumo, ofereceu=se

para comprar o hotel pelo dobro do preço que ele valia# @ James Morrison

serviu=se de mais uma dose de uísque antes de continuar sua narrativa. @

Muito bem, disse eu, dia suas condiç8es e fecharemos o neCcio. A <nica

condição, disse ele, " que o senhor permita que eu case com sua Ilha. 2sso

nem era uma condição, minha pobre Ilha casando com um milion7rio, era um

presente do c"u#

@ Mas, papai, eu... @ $ara sentiu=se subitamente deprimida,

lembrando=se de que fora tratada como uma mercadoria, e do quanto ela se

opusera aviltante id"ia.

@ 9uando ele soube de sua posição, o coitado virou um farrapo

humano. %sses 7rabes são muito emotivos. Na hora, ele pulou da cadeira como

uma mola, e Icou andando pela sala, torcendo as mãos, muito nervoso,

querendo me convencer de que o que sentira por voc; tinha sido amor

primeira vista. Bm %ou de (oudre, como di5em os franceses. % então, tive que

ouvir aquela lenalena dos homens apaixonados, que ele não conseuia mais

dormir nem comer, que sC pensava em voc; noite e dia, que voc; tinha se

tornado uma verdadeira obsessão para ele.

@ > qu;? @ $ara Itou o pai, perplexa. @ Eoc; deve estar enanado.

@ Doi &ustamente o que eu disse a ele, voc; deve estar enanado# Mas

ele continuou com sua apoloia( olhos de saIra, cabelos de ouro e outras

baboseiras do ;nero. %ntão, eu disse( !alma, meu rapa5. Não h7 problema. $e

voc; a ama tanto quanto aIrma, dou=lhe a minha b;nção. +ode mandar vir o

champanhe e as arotas da dança do ventre, que vamos feste&ar#

$ara olhou para o pai com ar de d<vida e reprovação. +ara di5er tantos

disparates, ele devia estar b;bado, tanto naquela ocasião, quanto aora.

@ Não me olhe desse &eito, Ilha# *udo o que eu disse " a verdade, nada

mais do que a verdade# @ conIrmou, bei&ando os dedos em cru5.

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Nesse ponto da conversa, ambos ouviram o ronco de um avião.

@ +arece que uma aeronave est7 aterrissando por perto, $ara. eve ser

um :"rcules. $ão avi8es incríveis. +ousam em qualquer terreno#

@ Mas o que um avião pode estar fa5endo aqui? @ murmurou $ara,

sentindo que estava perdendo o senso da realidade.

+ouco depois, os portais do pal7cio se abriram, dando passaem, a

$cott', seuida de N7dia e Mara. )oo que viram $ara, as meninas &oaram=se

em seus braços, falando ambas ao mesmo tempo.

$ara retribuiu os bei&os e abraços, mas Icou lívida de espanto ao ver o

rei. J7 estava se encaminhando para receb;=lo cerimoniosamente, quando

 James Morrison interferiu.

@ >ra, ora, quem se v;# R o meu velho amio de farras# !omo est7

voc;, companheiro? % o que est7 fa5endo aqui, neste Im de mundo?

$ara fechou os olhos, esperando que aquela cena não passasse de uma

miraem. Jabir &7 tinha saído do escritCrio e, por sua ve5, olhava aturdido para

os dois velhos que se abraçavam efusivamente.

@ Eenha conhecer um rande amio, $ara. Nem queira saber o que nCs

dois andamos aprontando em )ondres#

@ +apai# @ ritou $ara, tentando em vão tra5;=lo de voltar  ra5ão.

@ )embra=se das nossas bebedeiras? !omo era mesmo o nome do ub0

@ continuou James, sem abalar=se.

@ > anso )ouco @ o rei sorriu. @ >h, se me lembro# Eoc;, o que tem

feito na vida, meu camarada? @ Eoltando a abraçar o amio, o rei peruntou(

@ %ntão, voc; " o pai de $ara? 9ue surpresa# Mas vamos entrar, que aqui fora

est7 fa5endo muito calor. R incrível... $ua Ilha e meu Ilho... @ ambos sumiram

pela porta da sala de estar.

@ +elo amor de eus, quero saber o que est7 acontecendo# @ $ara

virou=se para Jabir, que estava se torcendo de tanto rir. @ 9ue loucura# 2sto

aqui est7 parecendo a estação do metr6 na hora do rush#

@ > anso )ouco, sim senhor# a prCxima ve5 que meu pai quiser

bancar o autorit7rio, não vou esquecer disso# @ Jabir passou o braço pela

cintura de $ara e deu=lhe um bei&o no rosto. @ Não " sC voc; que não deixa

que minha vida se&a tediosa. $ua família tamb"m " surpreendente# Eamos

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entrar para ver o que aqueles dois malucos estão aprontando desta ve5.

Ao cair na cama naquela noite, exausta com tanto movimento, $ara

Icou rememorando todas as loucuras que tinham acontecido durante o dia.

+rimeiro, fora a cheada inesperada do pai e de Ann, e aquela histCria

inverossímil da venda do hotel.

H%stou começando a Icar seriamente preocupada com papai. Acho que

o 7lcool que ele andou inerindo durante toda a vida est7 começando a afetar=

lhe os neur6niosH, pensou ela, seriamente aOita.

)oo em seuida, antes que se reI5esse do abalo, aparece=lhe o rei em

pessoa, com aquela incrível revelação de que ele e o pai eram antios

companheiros de farra# $ara testemunhara a continuação do absurdo di7loo.

Fs aralhadas, ambos relembraram as noitadas passadas em )ondres, e o rei,

que viera apenas para uma breve visita de cortesia nora enferma, resolvera

pernoitar no pal7cio &untamente com $cott' e as meninas.

Ao Inal do &antar, $ara &7 não aGentava tanta ala5arra e excitação.

 Jabir não a perdera de vista, e mesmo tendo incentivado as conversas

na mesa, ao Inal da refeição, levantou=se e pediu sil;ncio.

@ !omo voc;s todos sabem, minha esposa esteve muito doente, e

ainda necessita de repouso @ disse ele, com Irme5a. @ +or isso, acho melhor

que amanhã pela manhã, Ann e o pai de $ara siam com o rei para o

acampamento de caça, naturalmente levando $cott' e as arotas.

> rei loo captou o recado, mas não deu o braço a torcer.

@ %xcelente id"ia# %ra &ustamente o que eu ia propor# 9uem sabe voc;

e $ara não queiram ir ao nosso encontro, quando ela se sentir melhor?

@ %u adoraria @ disse $ara, educadamente, lançando um olhar de

ratidão ao marido antes de refuiar=se na pa5 de seu quarto.

Ao levantar=se da cama no dia seuinte, $ara teve uma nova crise de

en&6os de est6mao.

@ Madame# est sur vous ;tes eit%einte# @ exclamou Marie, ao socorr;=

la.

@ %stou o qu;? @ peruntou $ara, com vo5 d"bil. @ Aora, deixe=me

so5inha, Marie. %st7 tudo bem.

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Marie desapareceu sem esperar por uma seunda ordem, mas voltou

pouco depois, acompanhada de Ann e ambas carrearam $ara para o quarto,

cada uma seurando por um braço, e a a&udaram a deitar=se.

@ 9ueridinha, meu franc;s não " l7 essas coisas, mas pelo que entendi,

parece que voc; est7 r7vida @ anunciou Ann, muito sorridente.

@ eixe de bobaens. R sC uma indiestão @ retrucou $ara, com um Io

de vo5.

Ann encolheu os ombros e falou aluma coisa ao ouvido de Marie que

saiu do quarto, voltando minutos mais tarde, acompanhada de $cott'.

@ Marie me contou que h7 dois dias voc; amanhece com o est6mao

embrulhado @ disse a velha ama. @ +ela pr7tica que tenho, posso asseurar=

lhe que voc; est7 esperando um beb;.

@ 2mpossível# @ emeu $ara.

@ 1em, eu não sei que esp"cie de precauç8es voc; andou tomando,

mas dou meu pescoço a cortar se estiver enanada % deve ser uma ravide5

de uns dois meses, mais ou menos.

CAPÍTUO #!

ApCs a partida dos hCspedes, Jabir anunciou que precisava sair para

visitar aluns chefes de tribos n6mades, e que sC voltaria hora do &antar.

$ara deu raças a eus de poder Icar um pouco so5inha para meditar

sobre o novo problema que tinha pela frente.

Andando a esmo pelo pal7cio, absorta em suas reOex8es, acaboudescobrindo uma escadinha em caracol, perto da suíte, que dava acesso a uma

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pequena sala, cu&o teto, em formato de c<pula, assemelhava=se ao teto de

vidro da sala da piscina. > local Icava semi=oculto pelas seteiras do pal7cio, e

continha apenas uma mesa, duas poltronas e uma estante de livros.

%xaminando distraidamente os livros, em sua maioria velhos romances

e bioraIas, notou que muitos deles tinham uma inscrição na lombada( HSahra

de EereH. %ntre os volumes, encontrou um antio 7lbum de fotoraIas,

obviamente pertencente mãe de Jabir. !uriosa, $ara começou a folhear o

7lbum, acompanhando, p7ina por p7ina, a transformação física de Sahra,

desde a adolesc;ncia at" a maturidade. Muito bela, e sempre rindo para a

cKmara, ela transmitia tal aleria de viver, que os olhos de $ara Icaram

toldados de l7rimas de piedade. %ra tr7ico ter sido tão feli5 e ter morrido tão

 &ovem...

Bma das fotos, onde Sahra posara ao lado do marido, foi a que mais

impressionou $araQ realmente, aquela mulher risonha parecia uma cCpia em

papel=carbono de sua prCpria imaem.

%ra estranho que ela, tão semelhante a Sahra e com um nome quase

iual, tivesse tamb"m casado com um 7rabe e vindo morar naquele mesmo

pal7cio.

%ntão, não era verdade que Jabir tinha alum complexo por não ter

conhecido a prCpria mãe... $cott' dissera que ele nunca a tinha visto, nem em

fotoraIa, &7 que o rei, alucinado com a morte da esposa, mandara destruir

todas as fotos existentes. *odas, menos s daquele velho 7lbum da saleta

secreta. %ra tudo muito estranho mesmo... Mas foi o <ltimo retrato o que mais

prendeu a atenção de $ara. Nele, via=se a mãe de Jabir, r7vida, com uma das

mãos ao marido, e apoiando a outra sobre o ventre, como se quisesse

resuardar o Ilho que estava para nascer.

$ara Itou a foto por lono tempo e suspirou, desalentada. Não havia

outra escolha, senão Icar ao lado de Jabir e am7=lo para sempre. As

fotoraIas, o deserto e at" as paredes do pal7cio de Sahra enviavam=lhe

aquela mensaem que sC aora ela conseuia captar claramente.

Mesmo naquela manhã, diante das palavras de conforto de $cott' e dos

conselhos de Ann, ela se I5era de desentendida.

@ A primeira ve5 pode ser chocante @ murmurara $cott' para Ann,

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enquanto $ara desmanchava=se em l7rimas, deitada na cama. @ Alumas de

minhas antias patroas, tornavam=se muito emotivas durante a ravide5.

eixe=me Icar um pouco a sCs com ela, Ann. Eoc; não se importa?

Ann e Marie retiraram=se do quarto, p" ante p", e $cott' fora sentar=se

na beirada da cama.

@ Eamos l7, queridinha, anime=se# AInal, ter um Ilho não " o Im do

mundo#

@ R que voc; não entende, $cott'. Ninu"m entende @ $ara recomeçou

a chorar, sabendo de sua impossibilidade de contar velha ama que aquela

criança ia ser um rilhão que a prenderia a Jabir pelo resto da vida.

@ Aora chea, minha querida. +are de chorar. E7 lavar o rosto, e

depois pentearemos esse seu lindo cabelo.

%nquanto $cott' escovava=lhe a lona cabeleira, com movimentos

cadenciados, não parou de falar.

@ Não sei qual " o problema, querida. Eoc; conseuiu tornar o meu

 Jabir tão feli5# %u o criei, voc; sabe, apCs a morte de Sahra. %le sempre foi um

arotinho tão bom e alere... %stava sempre rindo... @ $cott' suspirou. @ >

que ele padeceu com a primeira esposa, voc; nem pode acreditar# %le vinha

me procurar, sentava=se a meu lado, mas não di5ia nada. !erto dia, ele não

aGentou mais, e chorou no meu ombro. %ra de fa5er dC.

@ >h, não# @ o coração de $ara condoeu=se, cheio de amor e piedade

pelo marido.

@ R verdade. Doi terrível, um homen5arrão daqueles, chorando como

uma criança. %u percebi que aos poucos, ele foi elando por dentro, sC que eu

não podia fa5er nada. Acabou Icando tão insensível e frio, que eu cheuei a

desesperar=me. Mas quando se casou com voc;, e a trouxe para c7, transfor=

mou=se em outro homem, tão mais feli5 e risonho# +ensa que eu não ve&o o

 &eito como ele olha para voc;? $alta aos olhos de qualquer pessoa como ele a

ama. +recisa ver como Ica furioso quando acha que aluma coisa não est7

bem para voc;# @ $cott' riu. @ Ee&a o que est7 acontecendo, aora.

+raticamente despachou a todos nCs para os conIns do deserto, sC para que

voc; possa ter um pouco de tranqGilidade.

@ $cott', querida, se tudo fosse assim, tão simples como parece... e

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qualquer forma, sou=lhe rata por ter sido tão bondosa comio. aranto que

vou Icar bem, não se preocupe. $C lhe peço que não conte nada sobre o beb;.

Ao menos, por enquanto @ $ara levantou=se da banqueta e deu um bei&o no

rosto enruado de $cott'. @ E7 cuidar de N7dia e Mara. %u estou bem, Ique

sosseada.

Ainda na saleta secreta de Sahra, cheou conclusão de que não tinha

outra alternativa senão amar e dedicar=se a Jabir. % não faria seredo de que

iria ser mãe. AInal, Jabir era o pai da criança#

A <nica d<vida era saber como haveria de enfrentar o futuro, sabendo

que aquele amor nunca seria correspondido.

Naquela noite, $ara e Jabir tiveram um &antar sosseado. ApCs tomarem

o caf" no &ardim, como de h7bito, sueriu que ela fosse dormir cedo.

@ Doram dois dias muito aitados e cansativos para voc;, $ara. +recisa

recuperar as enerias perdidas.

@ Doi tão bom rever papai e Ann, mas confesso que quando seu pai

apareceu, bem, a casa virou um verdadeiro pandem6nio# @ $ara riu e acres=

centou( @ Mesmo assim, não ve&o a hora de poder &untar=me a eles, no

acampamento do deserto. eve ser muito divertido#

@ Mas sC quando eu tiver certe5a de que voc; est7 em condiç8es @

disse Jabir, a&udando=a a levantar=se do banco.

@ Eoc; não deve tratar=me como se eu fosse feita de cristal @ disse

$ara, sorrindo. @ !orro o perio de Icar mimada de mais.

@ $e " esse o problema, prometo dar=lhe sempre muitos mimos e

carinhos @ o bei&o suave e entil de Jabir loo lhe provocou arrepios pelo

corpo. @ R melhor que eu a leve loo para o quarto, antes que eu cometa

aluma imprud;ncia da qual possa arrepender=me.

Apesar de todo o tumulto daqueles dois dias, $ara não conseuiu

conciliar o sono. Eirou=se e revirou=se na cama, inquieta, ansiando ser tocada,

abraçada, possuída... dese&ando receber o amor que Jabir nunca poderia dar=

lhe.

esistindo do esforço in<til para tentar adormecer, $ara foi sentar=se na

poltrona &unto &anela. )evantou=se e começou a andar pelo quarto, inquieta. %

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se tomasse um banho de 7ua fria para se acalmar?

A piscina# % por que não? $e não I5esse ruído, Jabir nunca saberia que

ela estava naquela estranha sala.

+eando uma toalha, abriu sorrateiramente a porta. > recinto estava s

escuras, e somente um feixe de lu5 do luar iluminava a superfície lisa da 7ua

da piscina. $ara despiu=se e prendeu o cabelo no alto da cabeça antes de

desli5ar suavemente para dentro da 7ua, deliciosamente fria. Nadou em

lentas braçadas e depois Icou apenas boiando de costas, vendo as estrelas bri=

lharem no Irmamento, atrav"s do teto envidraçado.

9uando se sentiu suIcientemente calma e relaxada, subiu a escadinha

de m7rmore e foi enxuar=se. Mal tinha acabado de vestir a camisola quando

ouviu um leve rumor. Apreensiva, sondou a escuridão.

@ $ou eu, $ara @ a vo5 de Jabir vinha de um dos cantos da sala. @ A

noite estava tão quente, que eu não conseuia dormir. Eim sentar=me aqui,

depois de ter nadado um pouco, quando a vi chear.

@ >h, voc; me assustou# @ respondeu ela, nervosa.

@ esculpe, eu não tive intenção de espion7=la @ medida que ele se

aproximava, a vo5 tornava=se mais audível. @ R que voc; estava tão linda sob

a lu5 do luar, que eu não pude evitar de Icar aqui, admirando sua bele5a.

+or alum tempo, Icaram parados no escuro, at" que Jabir enlaçou=lhe

a cintura entilmente, e deixando escorrear as mãos at" os quadris, puxou=a

para &unto de seu corpo.

!omo se estivesse em transe $ara sentiu o calor que emanava daquele

corpo atl"tico atrav"s do Ino tecido do robe.

evaar, ele bei&ou=lhe primeiro os olhos, depois os lCbulos das orelhas

e, por Im, a curva macia do pescoço, causando=lhe um estremecimento de

dese&o.

@ Eoc; sabe por que não podia dormir? @ falou=lhe &unto ao ouvido,

enquanto abaixava as alças da camisola @ +or que nCs dois não conseuíamos

dormir?

A camisola desli5ou at" o chão, mas foi Jabir quem tirou os rampos que

lhe prendiam os cabelos, deixando que caíssem soltos pelas esp7duas.

!om um emido de pra5er, ele começou a acariciar=lhe cada curva do

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corpo, enquanto pressionava os l7bios sobre os dela, sussurrando de uma

forma provocante(

@ % então, $ara, dia=me por que não conseuiu dormir. ia...

Não resistindo ao apelo, ela passou=lhe os braços pelo pescoço, e

enIando os dedos nos cabelos neros, fremiu o prCprio corpo de encontro ao

dele.

@ +or que... +or que eu o quero muito... @ ela murmurou=lhe ao ouvido.

@ >h, Jabir, quero que voc; me possua, que faça amor comio...

!om um rito de triunfo, ele a suspendeu nos braços.

@ At" que enIm# @ sustentando=a no alto, como se ela fosse um trof"u,

 Jabir saiu da sala e foi coloc7=la em cima da cama dele @ >h, minha adorada

$ara, Inalmente voc; disse o que eu tanto queria ouvir#

urante o restante da noite, no sil;ncio do deserto, sC se ouviram

emidos de pra5er e ritos de o5o.

$ara acordou ao alvorecer, e seu coração palpitou de aleria ao ver que

 Jabir não a abandonara durante a noite. Ao contr7rio, ainda estava aninhada

nos braços dele, com o rosto colado ao peito moreno.

>uvindo as batidas compassadas de seu coração, moveu=se

lanuidamente, rememorando as imaens erCticas da noite de paixão.

!ertamente, Jabir &7 devia ter adivinhado o quanto ela o amava. $C o abandono

sensual a que se entreara, &7 era uma prova inequívoca de seus mais

rec6nditos sentimentos.

$entindo que ela se mexera, Jabir entreabriu os olhos, seus braços

fortes a apertaram possessivamente, enquanto os l7bios percorriam=lhe

suavemente o rosto, sussurrando palavras incompreensíveis em 7rabe.

A doçura daqueles bei&os, que lhe invadiram a boca, provocou nela uma

renovada onda de dese&o, e $ara começou a acariciar com vol<pia o corpo

esuio e ri&o do marido.

@ Ah, meu amor# @ um estremecimento sacudiu o corpo de Jabir

quando as mãos de $ara tornaram=se mais audaciosas. @ Minha querida, como

eu a amo# $C Al7 sabe o quanto eu a amo#

@ > qu;?# @ o rito de espanto de $ara foi sustado pela boca sequiosa

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de Jabir, e ela não teve outra alternativa senão corresponder quele ardor

crescente.

$C quando ele abandonou=lhe os l7bios para começar a suar=lhe os

seios, " que $ara, vencendo a excitação, conseuiu murmurar(

@> que voc; disse? @ Não obtendo resposta, ela empurrou=lhe a

cabeça @ +or favor, Jabir, repita o que acabou de di5er.

%le erueu o queixo e Itou a esposa com ternura.

@ Minha querida, eu disse que a amo. %u não podia uardar sil;ncio por

mais tempo. +recisava desabafar. !omo poderia continuar a fa5er amor com

voc;, sem confessar=lhe o quanto a adoro?

> coração de $ara deu um pulo de aleria e ela soltou uma risada

estridente.

@ >h, Jabir# +or que nunca me contou? +or que teve que Icar calado

por tanto tempo?

@ R que eu... %u tinha medo que... roa# @ ele ritou. @ J7 tinha sido

tão difícil conseuir levar voc; para a cama, que eu pensei que se soubesse

que eu a amava, tudo ia tornar=se ainda mais complicado @ abaixando a

cabeça, Jabir deu=lhe mais um bei&o s6freo na boca. @ +erdoe, meu amor, eu

não queria, e continuo não querendo assust7=la. ese&o que com o passar do

tempo voc; venha tamb"m a me amar.

@ $eu mal, Jabir, " que voc; pensa demais @ A $ara devolveu=lhe o

bei&o com redobrado fervor. @ 9uando me lembro de todas as l7rimas que

derramei por sua causa# >h, meu querido, como voc; " bobinho# +retende um

dia diriir esta nação, e nem ao menos conseuira descobrir o quanto sua prC=

pria esposa o ama?

@ R verdade, $ara? @ atordoado, ele deixou cair a cabeça no

travesseiro. @ R mesmo verdade que voc; me ama?

@ Acho que eu o amei desde o começo, sC que não percebi que voc;

tamb"m me amava. 9ue dupla de idiotas somos nCs dois#

$ara sentou=se na cama e seurando os &oelhos encolhidos, começou a

balançar o corpo para frente e para tr7s, numa expansão infantil de aleria,

mas foi acometida por uma Knsia, que a obriou a sair correndo para o

banheiro.

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@ Meu amor, por que voc; Icou en&oada assim, tão de repente? @

peruntou Jabir, aOito, ao passar=lhe uma toalha <mida no rosto p7lido.

@ 1em, desta ve5 não foi por causa do balanço daquele seu bendito

iate# @ ela procurou brincar, apesar da forte indisposição.

@ :ummmm @ ele murmurou, ainda sem compreender, levando=a de

volta para a cama.

@ R que vou ter um beb;, seu tolinho @ disse ela, olhando de soslaio

para o marido que lhe aplicava compressas de 7ua fria na testa. @ Eoc; não

Icou aborrecido?

@ Aborrecido? Minha querida, eu estou exultante# )embra=se de quando

eu lhe disse que ainda havia coisas importantes sobre as quais voc; ainda não

tinha parado para pensar? uas delas, eram as mais importantes, " uma era a

possibilidade de voc; vir a ter um Ilho.

@ % a outra?

@ e eu vir a apaixonar=me por voc;#

@ Nesse caso, voc; est7 enanado. Não tenho feito outra coisa senão

pensar nisso, com a esperança de que um dia acontecesse. Mas em )ondres

voc; me disse claramente que não me amava e que o amor, seundo a

mentalidade oriental, era dispens7vel num casamento. )embra=se?

@ Nem quero me lembrar do que passei naquela ocasião# @ Ditando=a,

aora muito s"rio, ele relatou( @ 9uando voc; entrou pela primeira ve5 na

minha suíte, tive a impressão de ter sido atinido por um raio. Nem sei como

tudo aconteceu. $C sei que me apaixonei por voc; primeira vista. Doi como

naqueles horríveis Ilmes c6micos do ;nero HpastelãoH. Eoc; nem pode

imainar como me senti. +ara ser franco, me senti como um perfeito idiota#

Não podia acreditar que aquilo estivesse acontecendo comio, na minha idade#

%u parecia um adolescente enamorado, melhor di5endo, tresloucado# +erdi o

apetite, perdi o sono, e at" perdi o respeito por mim mesmo. Não conseuia

pensar em outra coisa a não ser no seu lindo rostinho, nos seus olhos a5uis,

nos seus cabelos. %ra uma sensação terrível e, ao mesmo tempo, maravilhosa.

!omo " f7cil supor, eu lutei contra aquela emoção com todas as minhas forças.

urante duas semanas I5 de tudo para apaar sua imaem de minha cabeça,

mas foi in<til. At" meus neCcios foram afetados. Ainda tremo ao pensar no

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que andei fa5endo. J7 no limite de minhas forças, desisti de martiri5ar=me.

4esolvi que a teria de qualquer maneira, mas por inteiro#

@ % eu que morria de medo de voc;# @ $ara sorriu=lhe com meiuice.

@ Ainda não sabia que era por que me sentia atraída por voc;. Eoc; me

causava uma estranha reação, muito parecida com o medo( eu Icava tr;mula,

minhas pernas enfraqueciam e meu coração disparava @ $ara riu e afaou os

cabelos neros do marido.

@ %u bem que notei essa sua reação, e foi por isso que comecei a

cometer um erro atr7s de outro. Di5 chantaem com voc; e com sua família.

Mas tenho uma &ustiIcativa. %u estava fora de mim, quase louco. 9ueria ter

voc; a qualquer custo#

@ +apai falou=me sobre isso quando esteve aqui na semana passada. %

eu pensei que ele estivesse de pileque. 9ue in&ustiça#

@ %u tinha consci;ncia de que lhe causava medo, e quando voc; disse

que não me amava, " claro que precisei di5er a mesma coisa, para não

assust7=la ainda mais. $C de uma coisa eu tinha certe5a( que voc; sentia uma

certa atração sexual por mim. Naquela primeira noite que passamos aqui no

pal7cio, quando entrei no seu quarto sorrateiramente, e a vi deitada, tão linda,

dormindo como um an&o, não pude mais resistir tentação. Nossa primeira

relação foi tão bela, tão perfeita, que não quis mais abrir mão daqueles

momentos de felicidade. 2mainei que se eu a procurasse durante a noite e a

deixasse antes do dia clarear, voc; não Icaria tão inibida e poderia dar va5ão a

todo o seu ardor. $im, porque voc; " uma mulher muito ardente, $ara.

@ %ntão era por isso que...

@ Aora &7 est7 tudo esclarecido, mas naquela noite em que voc; me

 &oou no rosto todas aquelas mentiras de Nurra, eu tive vontade de morrer.

@ raças a Al7, tudo terminou bem, Jabir. %squeça.

@ Meu pai bem que disse que voc; poderia transformar=se numa boa

muçulmana. J7 est7 at" começando a aradecer a Al7# @ ambos riram. @ % por

falar em meu pai @ continuou Jabir @, não ve&o a hora de dar=lhe a boa notícia

de que em breve, ele ser7 araciado com um neto e herdeiro.

@ % se for menina?

@ Não dia bobaens# Eoc;, minha querida $ara, vai presentear=me

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com uma tribo inteira de meninos.

@ Eoc; não nea a raça. *odo 7rabe, mais cedo ou mais tarde, acaba se

revelando um machista#

@ +ara não desmentir seu conceito sobre os 7rabes, que tal

continuarmos a tarefa tão arad7vel de formar a nova tribo?

$abrina %dição /TBma histCria inesquecível de amor%iriam %ac&re'oreitada na areia macia, ao lado de 1rett, )isa acompanhava o

movimento das nuvens no c"u, sonhando com o momento em que ele aenvolveria nos braços, sussurrando &uras de amor.

1rett não demorou a toc7=la com carícias ousadas, num sinal evidentede que pretendia fa5;=la mulher. Mas não pronunciou as palavras de amor que

a fariam entrear=se sem hesitação ou remorsos. %la o afastou depressa e fuiuchorando, antes que se tornasse apenas uma aventura para ele...

$abrina %dição /Bm romance que voc; não pode perder#

indsa( Armstron'

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A lua prateava os campos, iluminava os sonhos, exaltava os sentidos.:annah contemplava Alex, subitamente consciente de sua feminilidade, rec"m=descoberta naqueles braços viris, que a tinham envolvido com delicade5a.

Ah, como fora bom ser bei&ada por ele, e como seria delicioso recebermais carícias, descobrir outros encantos no contato sensual com o fascinante

Alex !ameron# Mas Alex afastou=se bruscamente, como para deixar claro que a &ulava apenas uma adolescente, um fruto imaturo para seu amor adulto.