Roteiros de Hipnoterapia

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Este arquivo contém várias induções hipnóticas de diversos tipos, várias metáforas e a teoria para uso das diversas técnicas. Está um pouco desconfigurado más serve para uso.

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ROTEIROS DE HIPNOTERAPIA

Uma abordagem neo-ericksoniana

cura persuasiva

Edio especial de

. Cannem Correa Purisch

Telfax BH: 031 2613272

HYPNOTERAPY SCRIPTS

A NEO-ERICKSONIAN APPROACH TO PERSUASIVE HEALING

ROTEIROS DE HIPNOTERAPIA

UMA ABORDAGEM NEO-ERICKSONIANA CURA PERSUASIVA

Ronald A Havens, Ph. D. and Catherine Walters, M.A, M.S.W.

Brunner/.Mazel Publishers -New YoIk.

19 Union Square - New Y or~ New York 10003

Dedicado queles que amamos

Traduao de: Anita Moraes

(Telfax 0192 - 55.3913 - Campinas - SP)

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INDUO DE COMO ATUAM O TRANSE E A HIPNOTERAPIA

49..

Critrios de Seleo de Induo

Cat I: Roteiro de Induo Bsica

Cat II Roteiro de Induo em Confuso

Cat III. Roteiro de Induo de Conversa

Cat IV: Roteiro de Induo Naturalista

Cat V: Roteiro de Induo de Revivificao

Cat VI: Roteiro de Induo de Simulao

Cai VIIA: Roteiro de Induo de Ratificao

.de Levitao do Brao

Cat VllB: Roteiro de Induo de Ratificao

do Fechamento dos Olhos

Ca VIII: Roteiros de Induo Breve

Cat IX: Roteiro de Treinamento de

Auto-Hipnose

:METFORAS DE PROPSITO GERAL

[vii] CONTEDO

Prefcio

Xiii

.Agradecimentos

xvii

PARTE I

CONCEITOS E INSTRUES

Cap 1 UMA ORIENTAO NEO-ERICKSONIANA A Eficcia dos Roteiros

A Dor o Primeiro Sintoma

Nossas Mentes Mltiplas Devem Interagir Interaes Prejudicadas Causam Dor

Os Ferimentos Frostram o Exame

A Dor Leva Fonte

A Conscincia Promove a Cura

Uma Assistncia Pode Ser Necessria

Concluso

Cap 2 A RESPEITO DA HIPNOTERAPIA

Como Atuam o Transe e a Hipnoterapia,

Consideraes Pr-Como Atuam. o Transe e a Hipnoterapia

O Processo de Transe Diagnstico

Passos no Processo Hipnoteraputico

Diretrizes Para o Uso Deste Livro

PARTE II

ROTEIROS

Cap3

Cap4

..,

Orig

Trad.

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41

50 52 54 57 S9 61 62

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71

Construindo uma Casa A Viagem de Avio

A Sabedoria de Erickson

A Migrao de Idias Frias

Cap 5

AFIRMANDO O EU

A Runa: Metfora sobre depresso

com raiva subjacente

O Servio Real: Metfora. sobre depresso

movida por esforos para agradar ou proteger outros

O Teste de Audio: Metfora para baixa auto-estima

Cap 6

ALMANDO MEDOS INDESEJADOS

Um Nascimento Tranqilo: Metfora para uso com ansiedade geral e ataques de pnico

Predizendo a Sorte: Metfora sobre fobias

Prova de Falha: Metfora para ansiedade de teste e medo de falhar

Rupturas: Metfora para neuroses cardacas

Cap 7

DESF AZENPO MAUS TRANSES

A Fuso: Metfora para distrbios de mltipla

personalidade .

Amplificadores: Metfora sobre distrbios

,.. somatoformes

Perdendo Coisas: Metfora sobre distrbios

dissociativos e somatoformes

O Desterro: Metfora sobre distrbios dissociativos e somatofomes '

Cap 8

RECOBRANDO-SE DO TRAUMA Pequenos Sonhos: Metfora para sobreviventes

adultos de violao sexual infantil

Dizendo Adeus: Metfora para sobreviventes adultos de infi1ncias abusivas, abuso infantil e trauma

Tesouros Enterrados: Metfora para aqueles que perderam algum, ou parte de si mesmos

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DESENVOLVENDO A ESPONTANEIDADE

Aprendendo a Cavalgar: Metfora para disfuno sexualLindos Presentes: Metfora sobre ejaculao precoce115 Observando: Metfora para impotncia e anorgasmia116 Bombeiros: Metfora para sndrome de bexiga lenta 117

Cap9

113

4

Chamando Ateno: Metfora para insnia

118

Cap 10

INTENSIFICANOO AS RELAES

119

Territorialidade: Metfora sobre cime'

121

Playgrounds: Metforas para casais lidando

com as questes de insegurana e confiana

123

A Seca: Metfora para dificuldades com

compromissos emocionais

124

Cap 11

REESTRUTURANDO IMAGENS DO CORPO

125

Alice no Pas das Maravilhas: Metfora sobre

?

mudanas em auto-percepo

126

Museus da Mente: Metfora sobre o valor da

singularidade

127

Termostatos: Metfora para auto-aceitao

128

Cap 12

UTILIZANOO RECURSOS DO INCONSCIENTE

137

Fogueiras de Camping: Metfora para lceras e

colites

131

Formigas Protetoras: Metfora para aumentar

as respostas do sistema imunolgico s infeces,

132

Viagens de Balsa: Metfora sobre hipertenso

essencial

133

Tendncias de Alerta: Abordagem metafrica e de

sugesto direta para enxaqueca

134

Capo 13

APRIMORANDO O DESEMPENHO

137

Criando Ces: Metfora sobre procrastinao

139

O Lar: Metfora para pessoas que esto em dvida

sobre suas metas na vida ou em terapia

140

A Barreira Invisvel: Metfora sobre como

remover obstculos auto-impostos realizao

141

Cap 14

AFIRMAES E SUGESTES DIRETAS

143

Abordagem Direta para Criar Uma Experincia

Agradvel

145

Abordagem Direta Genrica

146

Abordagem Direta para Depresso

147

Abordagem Direta para Baixa Amo-Estima

148

Abordagem Direta para Ansiedade

149

Abordagem Direta para Mltipla Personalidade

ISO

Abordagem Direta para Vtimas de Infncias

Abusivas

151

,

Abordagem Direta para Impotncia e Anorgasmia

152

Abordagem Direta para Ejaculao Precoce

153

Abordagem Direta para Infertilidade Inexplicada

154

Cap 15

Cap 16

Cap 17

Posfcio

5

Abordagem Direta para Insnia Abordagem Direta para Cimes

Abordagem Direta para Auto-Conscincia .

Abordagem Direta para Distrbios Psicoftsiolgicos Abordagem Direta para Procrastinao

Abordagem Direta para Estabelecer Metas

(Pr-determinao ps-hipntica)160

Abordagem Direta para Ensaiar Desempenho Futuro 161

SUPERANDO PROBLEMAS DE HBITOS

Roteiro de Abstinncia ao Fumo

Roteiro de Administrao do Peso

Roteiro de Problema Genrico de Hbito

ADMINISTRANDO A DOR

Roteiro de .Administrao da Dor Crnica

Roteiro de Administrao de Dor de Curto-Prazo

Antecipada ... .

PROCEDIMENTOS DE TRMINO DE TRANSE

Passo I: Revendo e Ensaiando Aprendi7Agens

de Transe.." ..

Passo TI: Sugestes de Ratificao

Passo m: Reorientao Conscincia em vigli

Passo IV: Distraes ...

Passo V: Questes de Acompanhamento

Apndice A; Resultados do Projeto de Pesquisa Para

Estudar a Eficcia dos Roteiros

Referncias

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[xiii]

PREFCIO

Este livro oferece instrues simples e diretas sobre como fazer hipnoterapia. Insistimos que o transe hipntico u fenmeno dirio comum, que cada estudante ou profissional pode e deve aprender a utilizar de uma maneira teraputica. Qualquer um que tenha minado uma criana para dormir com uma estria na hora de ir para cama, ou que tenha utilizado uma analogia para transmitir uma nova idia j tenha se ocupado com praticamente os mesmos procedimentos que empregamos durante a hipnoterapia. No um processo estranho ou por demais difcil.

Nossa meta despir da hipnose o vu de mistrio e confuso com qual voc j deve ter se deparado, em seus esforos para aprender mais sobre isso. Alguns autores lhe dizem que no existe essa coisa de hipnose, enquanto outros alegam que a hipnoterapia to poderosa e complicada que exige anos de estudo. Alguns profissionais avisam que o transe uma perigosa incurso no campo de foras subconscientes malvolas, enquanto outros sugerem que isso apenas uma questo de bom desempenho de papel. O que deve pensar e fazer o profissional dedicado?.

Nossa abordagem neo-ericksoniana hipnoterapia derivada diretamente do trabalho de Milton H. Erickson, M.D., um homem amplamente reconhecido como o mais notvel hipnoterapeuta do sculo. Erickson descreveu a hipnose como Uma valiosa ferramenta teraputica para realar 1ima auto-estima do cliente e para facilitar as comunicaes teraputicas. Ele usava isso para persuadir seus clientes a assumirem a responsabilidade de se curar e dar-lhes as prticas que precisavam para assim faz-lo. Pelo fato de Erickson ser um consumado terapeuta, bem como um hipnotizador mestre, era capaz de usar essa ferramenta. de uma forma difcil de descrever, muito menos de replicar. Por outro lado, a prpria ferramenta bsica relativamente simples e aprender como utiliz-la para criar teis intervenes teraputicas no uma tarefa difcil.

Nas pginas seguintes, descrevemos essa ferramenta denominada hipnoterapia, e discutimos o que ela pode e no pode fazer. Apresentamos tambm linhas gerais para seu uso em diferentes situaes, para diferentes propsitos. Para ser mais especficos, comeamos com uma viso geral das premissas que subjazem nossa abordagem.

A seguir, damos um resumo dos conceitos e procedimentos envolvidos em uma tpica sesso de hipnoterapia. O restante do livro consiste exclusivamente de uma. srie de roteiros esboados para guiar seu aprendizado sobre intervenes hipnoteraputicas, passo a passo. Oferecemos exemplos literais de indues de transe, de sugestes metafricas e diretas para vrios tipos de problemas expostos, e de procedimentos de trmino de transe. Para acompanhar este livro, uma fita cassete foi desenvolvida para auxili-lo a aprender como experienciar o transe e como falar de maneira transe- indutora. Combine o livro e a fita cassete e voc ter a base para a efetiva hipnoterapia.*

No incio, voc deve sentir-se to constrito pelas nossas instrues e roteiros como um artista trabalhando em uma pintura tipo "pinte-pelos-nmeros". Eventualmente, no entanto,

a Para mais informaes sobre A fita cassete que o livro, contate: Bnmoer/MauI Publishers (212-924-3344), . 19 Union Square West, New York, NY 10003, USA

I

voc ir comear a desenvolver o gosto pela estrutura e pelos potenciais desta abordagem e ir aventurar-se muito mais longe do que as orientaes que ns lhe fornecemos. Nesse

ponto, voc ter se tornado um hipnoterapeuta (grifo da 1).

A hipnoterapia pode ser um auxiliar estimulante e valioso para qualquer prtica teraputica. Alm do mais, quando conduzida da maneira ericksoniana aqui apresenta&, pode dar aos clientes uma oportunidade confortvel de explorar e de contar com seus prprios recursos inconscientes. No invasiva, no autoritria e no uma viagem desgastante para o

hipnoternpeuta. sua chance de dar um presente aos seus clientes - o presente da pacfica

conscincia interior e a habilidade para relaxar profundamente o suficiente para reconhecer e usar recursos que podem, de outro modo, ser negligenciados ou mal empregados.

Quando iniciamos este projeto, nossa inteno era de produzir um quadro de referncias conceitual e um conjunto de orientaes que tornaria a hipnoterapia uma ferramenta acessvel e til para conselheiros e terapeutas cujos backgrounds, clientela e afiliaes profissionais fossem. to diversos quanto os nossos prprios. Sentimos que se pudssemos produzir uma integrao verdadeiramente colaboradora de nossos prprios variados interesses e abordagens hipnoteraputicas, ento talvez o produto final tivesse o mais amplo apelo e utilidade. Assim embora Catherine fosse exclusivamente responsvel por construir o material em padres de hbito e Ron desenvolvesse o captulo de administrao de dor, cada palavra no restante deste livro o produto de longas horas 4e discusso, reviso e debate. Deixamos para voc determinar esse processo atingiu nosso objetivo. Seus comentrios, questes ou sugestes sero mais que bem vindos e enormemente apreciados.

g

[xvii] AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de aproveitar esta oportunidade para expressar sua sincera gratido a todos aqueles que ajudaram na consecuo deste trabalho. Primeiramente e acima de tudo, queremos agradecer Milton H. Eriickson, M.D., cujas obras, ensinamentos e exemplos

continuam a inspirar. H certas palavras e frases empregadas por ele que parecem estar to embutidos em nosso estilo que elas emergem aqui e al4 ao longo de nossos roteiros, como um tributo, inconsciente . sua persuaso verbal.

Os participantes de nossos workshops em hipnoterapia ao redor do mundo merecem ateno especial, no apenas por seu entusiasmo e dedicao mas tambm por apontar a necessidade de um livro como este e encorajar-nos a fz-lo. Nossos clientes igualmente merecem o nosso muito obrigado. Eles tm sido nossos melhores professores, ao longo dos anos. Muito obrigado ainda a Stephen Gilligan, Carol Lankton, Stephen Lankton, Emest L. ROBS4 Kay Thompson e Jefftey Zeig, por compartilharem generosamente conosco aquilo

que aprenderam do Dr. Erickson.,..

Jackie Wright intercalou muitas horas de trabalho processando os vrios estgios de nosso manuscrito. Agradecemos a ela pelo excelente trabalho que feZ, por seus comentrios positivos e por sua tenacidade em continuar a trabalhar nos roteiros, mesmo quando ela entrava em um transe..

Vrios amigos e familiares nos ajudaram grandmnente, medi4&- que progredia o man~'1ito. Muito obrigado a Marie Havens e Larry Shiner por suas correes editoriais e suporte am.tnUD. Richard Dimond apresentou valiosas sUgestes e Theresa Eyta1is e Sandy Mollaban demonstrou interesse e encorajamento incansvel em nosso projeto. Estamos gratos a Natalie Gilman, vice-presidente editorial, e a outros membros do corpo de funcionrios da Brunner/Mazel por sua orientao e assistncia. Finalmente, enquanto escrevamos este livro, ficamos ambos abalados e entristecidos com a trgica morte de Ann .AlhAdefl: Editora Executiva. O interesse entusistico de Ann alimentou este livro quando ele era ainda apenas uma idia e dirigiu seus primeiros passos. Obrigado~ Ann.

Alm daqueles que ambos desejamos agradecer~ h algumas pessoas a quem cada .!1D. de ns deve individualmente. Ron tem um agradecimento especial para:

- Elizabeti1 M. Erickson, por sua cortesia e generosidade e Sherron Peters e JeffZeig, por seu entusiasmo e apoio. Cada um de vocs fez Phoenix parecer um segundo lar.

Cathy tem um agradecimento especial para:

- No veri0. 1983, o sta:ffda Milton H. Erickson Foundation, que graciosamente me permitiu passar um ms trabalhando nos Arquivos de Erickson. Emest Gullerud. merece nosso crdito e nosso muito obrigado. Como meu professor na Universidade da minois School of Social Work, ele me apoiou em minha pesquisa em hipnoterapia. Jill Kagle, tambm meu profesoor.: deu-me palavras agradveis de encorajamento e apoiou meu interesse no trabalho deEri~ .

- John Miller, Diretor do Centro de Aconselhamento na Sangamon State University, proporcimou-me um positivo espao de trabalho enquanto eu trabalhei neste livro e Vicki Thompson foi muito generosa com seu trabalho de apoio burocrtico e pessoal. Don Y ohe forneceu muitos insights teraputicos valiosos.

- Tami Sia.ggs e Therese Johnson me fizeram rir bea.

9

PARTE I

Conceitos e Instrues

[3] 1 - UMA ORIENTAO NEO-ERICKSONANA

Nosso interesse em escrever este livro nos leva de volta s nossas primeiras experincias como lderes de workshops treinando terapeutas e mdicos na arte da hipnoterapia ericksoniana. Para eles, salientamos cuidadosamente os conceitos necessrios. Instrumos compulsivamente os participantes no processo hipnoteraputico. Ensinamos nossos grupos como delinear metforas e anedotas mpares. Em. suma, demos a eles tudo o que de bsico imaginamos que pudessem precisar para se tornarem hipnoterapeutas competentes. E ainda, quando se iniciaram as sesses prticas, deparamo-nos com algo com o qual no .... contvamos: muitos participantes se tOrDaram calados e amo-conscientes. Eles' . . simplesmente no sabiam o que dizer e por quanto mais se esforavam, menos conseguiam fazer. Logo descobrimos que nossas exortaes para "confiar em sua mente inconsciente" simplesmente no resolveram o assunto. Eles queriam que nos lhes dissssemos exatamente o que dizer e como dizer. Em outras palavras, eles queriam um roteiro.

[4] A EFICCIA DOS ROTEJROS

Nosso primeiro roteiro foi um de induo simples, o qual incorporamos nas Sesses prticas de nossos workshops. O Roteiro de Induo em Simulao deste livro uma verso modificada desse roteiro original. Os participantes no apenas expressaram agradecimento pela estrutura e direo que este roteiro ofereceu - eles pareciam tambm adquirir um efetivo estilo hipntico muito mais rapidamente do que tnhamos constatado sem o mesmo. Alm disso, l. pelo fmal do workshop, eles demonstravam mais confiana em sua habilidade para :fzer hipnoterapia e pareciam mais confortveis com a idia. de realmente

experiment-Ia com seus clientes....

I

Embora essas primeiras impresses fossem encorajantes, no tivemos nenhuma evidncia objetiva de que elas eram precisas. Consequentemente, deciclimos estudar empmcamente o impacto na confiana do aprendiz em usar um roteiro preparado. Os sujeitos de nosso estudo foram 13 estudantes formados em psicologia e reas correlatas, que se prontificaram a participar como voluntrios de um projeto de pesquisa e workshop de um dia em hipnoterapia. A manh toda foi gasta com o oferecimento de informaes didticas sobre transe, procedimentos de induo de transe, hipnoterapia e trmino do transe. Essas palestras foram seguidas, tarde, por uma demonstrao de indno de transe e levitao de

10

brao. Os, participantes foram ento aleatoriamente divididos em dois grupos para uma sesso prtica. O primeiro grupo continha sete participantes. Foi-1hes dado um roteiro de induo ao transe, que continha sugestes para uma levitao de brao (o Roteiro de Levitao de Brao apresentado neste livro) e lhes foi dito para ficarem aos pares e se revezarem em. ler o roteiro um para o outro. O outro grupo de seis participantes se reuniu em uma omm sala e eles simplesmente receberam a instruo de se colocarem em pares e de praticarem uma induo visando obter uma levitao de brao. Utilizando-se questionrios de pr e ps-sesso com os participantes e escalas de avaliao ps-sesso com os sujeitos hipnticos, descobrimO~J)Pn apenas que os participantes que usaram os roteiros se sentiam mais confiantes mas qu:eo atual sucesso com sujeitos (medidos em termos ~ profundidade de transe. levitao de brao e aprendizagem) era significativamente mais elevado. No grupo que trabalhava sem roteiros, por exemplo, apenas um sujeito experimentou uma ' levitao de brao, enquanto que todos os sujeitos no grupo de roteiros a experimento1L (Um relato mais detalhado de nosso mtodo e resultado dado no Apnclice A).

Os resUltados deste estudo simples confirmaram nossa hiptese quanto ao valor potencial dos roteiros de hipnose como mn meio de amnentar habilidades e auto-confiana.'Eles tambm apoiaram nossa deciso de fornecer roteiros para cada passo no processo bipnoteraputico. Este livro o produto dessa deciso.

Mas ele contm mais do que roteiros de hipnoterapia. Contm tambm os conceitos e entendimentos bsicos que esto sob nossa abordagem neo-ericksoniana. Nossa inteno facilitar nosso desenvolvimento como hipnoterapeuta, no meramente para fornecer roteiros de forma que os outros pudessem papaguear (imitar como papagaios) nossas palavras. Para

usar esses roteiros como ferramentas de aprenn17.agem, voc precisa de mn entendimento atravs da, lgica para seu contedo e estrutura.

Os entendimentos que voc ir precisar, a nn de usar os roteiros apresentados neste livro, so relativamente simples e diretos. A h.ipnoterapia contempornea no mna prtica secreta, derivada de abstraes complexas e noes msticas. Os princpi~s e os procedimmtos que usamos em. hipnoterapia provm de umas poucas observaes bsicas sobre as pessoas, a terapia e a natureza. do transe em si. Essas observaes so fceis de entender, so consistentes com apesquisa atu.a1 e podem ser verificada.s com a experincia

pessoal

"'":':,'I

..;' ..'~

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No Capm10 2, examinarenlos a:natureza do transe e os princpios de hipnoterapia. Nesse captulo, discutiremos sete premissas sobre pessoas e mudana teraputica que formam a base para nossas estratgias hipnoteraputicas. Tornando-se confortveis com o ponto de vista refletido nessas observaes, voc est assentando as bases para nosso futuro trabalho

de 1ranse.'

Cada uma das seguintes premissas pode se firmar sozinha como um resumo des..'Iitivo de um aspecto particular de funcioD~ento humano e mudana teraputica. No entanto, quando tais' premissas e suas implicaes so consideradas como um todo, temos que elas podem ser usadas para explicar a utilidade de uma srie de tcnicas teraputicas, incluindo as tcnicas de hipnoterapia que apresentamos neste liyro. Em outras palavras, no importa que forma de terapia voc utilize agora, sua abordagem. j pode reconhecer implicitamente muitas dessas caractersticas de funcionamento humano.

'.

11

,

[5] A DOR E O PRIMEIRO SINTOMA

Premissa de orientao # 1: A dor o que motiva os clientes a buscar terapia.

O aspecto subjacente comum de praticamente todos os problemas apresentados por clientes

de terapia a dor e o softimento emocional. Se a queixa apresentada ansiedade, depresso, problemas em relacionamento, sentimentos de inadequao ou o que seja, a dor e suas consequncias so a razo thD,J31'11en~I dos clientes para recorrerem ajuda.

Ns iniciamos, desenvolvendo esse entendimento amplamente como resultado de uma observao oferecida pelo Dr. Erickso~ durante uma palestra que ele deu em,.,San Francisco, em 1965. Naquela ocasio, ele disse:

Cada paciente que adentra seu consultrio um paciente que apresenta mn tipo de problema. .Acho que mellior reconhecer que o problema, que os problemas de todos os pacientes - quer softam de dor, WJSiedade, fobias, insnia - cada um desses problemas algo subjetivamente doloroso quele paciente, apenas voc soletra a dor, por vezes, como d-o-r, s vezes como f-o-b-i-a. Ora, elas so igualmente prejudiciais. E portanto, voc devia reconhecer a identidade comum de todos nossos pacientes. E o seu problema , antes de mais ~ pegar esse ser humano e dar a ele alguma forma de conforto. E 1.U11R das primeiras coisas que voc realmente deve fazer deixar o paciente descobrir onde ele

realmente tem a dor. (Havens, 1985, p. -152)..

[6] ROTE1ROS DE IllPNOTERAPIA

Devido ao nosso envolvimento com hipnose, os clientes que softem de dor fisica nos so sempre indicados. Como trabalhamos com esses indivduos jUt1tamente com nossos clientes de terapia tradicional, a validade e a importncia de nossas observaes de Ericksoil se tornaram cada vez mais visveis. a dor e o softimento psquico que motiva as pessoas a contatar terapeutas e a terapia consiste do alivio deSsa dor.

Enfatizamo8 a dor como aspecto central da experincia de nossos clientes, principaJmnte porque a dor um dado mais fc~ para. a maioria das pessoas entenderem. do que as anormalidades psicolgicas. As qualidades experienciais, as consequ.ncias psicolgicas e as Intervenes exigidas para lutar com a dor e o softimento so relativamente simples e fceis de captar, em comparao com os complexos sistemas tericos ftequentemente associados com distrbios psiquitricos. Isso verdadeiro para. ambos, clientes e terapeutas.

Os professores de sade mental, por exemplo, podem estar to :firmemente devotados a explanaes tericas especficas para problemas diagnsticos especiais que se torna difcil para eles examinar e tratar esses problemas de uma maneira objetiva. Existe uma tendncia para impor construtos hipotticos, ao invs de explorar as fontes singulares de desconforto de cada indivduo. Se um cliente diz que est deprimido, o clnico pode imediatamente

12

comear a procurar por "desesperana aprendida", ou prescrever tcniGas tidas como apropriadas para depresso. Se o mesmo cliente tivesse se queixado, ao invs disso,' de problemas com a esposa~ possvel que o terapeuta tivesse se voltado antes apenas para esse problema interpessoaI e tivesse deixado escapar a depresso. E o mais importante, nos dois exemplos, o terapeuta. pode ter perdido a fonte dolorosa de todos esses problemas.

Quando os problemas so definidos como dor, no entanto, parece ser fcil para ambos os

terapeutas deiur de lado seus Prprios pr-julgamentos e examinar'e tratar cada problema

de um ponto de vista menos distorcido e gennTnsmente inquisitivo. A meta se toma a de determinar a natureza e a fonte do desconforto nico de cada indivduo, ao invs de tentar encaixar os sintomas perifera.is do cliente ou de apresentar as queixas desse desConforto em

uma categoria diagnstica.r

A dor tambm mais fcil para os prprios clientes entenderem e ex.aminarem. Os resultados negativos dos rtulos psiquitricos so bem docmnentados. Definir mn problema como dor psquica ou desconforto emocional evita esses efeitos adversos. Os clientes cooperam mais abertamente no tratamento e so menos ambivalentes em revelar seus pensamentos e sentimentos relevantes quando reenquadramos, a partir dos diagnsticos, e

enquadramos os seus problemas ap~ como uma dor. :.

Quando os problemas apresentados a um. tempeuta so constr~los sob forma de dor ou sofrimento, os conceitos" metas e tr~entos utilizados naturalmente tendero a ser similares aos que so empregados para tratar a dor crni~. No deve parecer surpre~ no entanto, que a abordagem hipnoteraputica aqui apresentada aplicvel tanto para dor fisica como para dor psquica. A nica diferena que os prQ('Mtimentos utilizados para dor fsica podem ser muito mais diretos porque h menos necessidade de evitar ambivalncia, resistncia, distores auto-conscientes e sensibilidades.

Assim., h duas razes para rastrear todos os problemas de volta a Um questo de dor. Primeiro, nossa experincia sugere que a dor uma descrio acurada da perturba.;o, da ferida ou do tdio que com ftequncia preenche a vida do cliente. Segundo, a metfora. da dor exprime a perspectiva na terapia que subjaz nossa ~ordagem hipnoteraputi.ca.

[7] NOSSAS:MENTES MLTIPLAS DEVEMINTERAGIR

Premissa ~ orientao # 2: .As pessoas tm uma mente consciente e uma mente inconsciente.

Se voc estiver familiarizado com o traballio de Milton H. Erickson, reconhecer esta. observao como a pedra ~ou1ar de seu sistema hipnoteraputico. Em algumas circunstncias, no bom que ele tenha usado o termo "mente inconsciente", pois esse termo tem sido usado por tantos outros autores e, assim, possui muitas conotaes

potencialmente enganosas. A "mente inconsciente" a que se referia Erickson no o

13

inconsciente reprimido descrito por Freud, ou o antes mstico inconsciente coletivo de Jung.

Erickson 1!ISOU o termo "mente inconsciente" para se referir a todas as cognies, percepes e emoes que OCOITeIn fora de uma faixa nonnal de conscincia da pessoa. Ele reservou o termo "mente consciente" para a faixa limitada de informao que penetra no foco restrito de ateno da maioria das pessoas, na vida diria. Um corolrio de sua observao dessa dicotomia o reconhecimento dele de que as pessoas tentam confw nas limitadas capacidades de sua mente consciente para direo e apoio, ainda que sua mente inconsciente possua mais recursos e um melhor senso de realidade.

o nmero de atividades que nossa mente inconsciente executa para ns surpreendente e modesto. Sempre que a situao pede o uso de uma memria inconsciente, hlbilidade ou compreenso, ela parece surgir magicamente do nada, quer a mente consciente deseje isso

ou no. Ns alcanamos e apanhamos wn objeto mTemessado longe sem dedicarmos a isso um pensamento consciente. Coamos uma ferida ou passamos a mo nos cabelos sem percebermos SS,o conscientemente. Nomes, datas, conceitos e inSights surgem em nossa conscincia. As reaes emocionais irrompem do nada. Sem nos darmos conta., conhamos em nSSt? inconsciente para administrar as habilidades complexas e para prover os muitos insightse femunentnsde que necessitamos para lutarem nossa vida diria. . Caminhar, f.;!lar, dirigir um carro, descobrir solues singulares para quebra-cabeas, lembrar-se de repente de fazer algo importante, sentir as implicaes ocultas dos movimentos dos outros e mesmo

a habilidade para ignorar sensaes e percepes que distraem, 'tudo depende de nossas

atividades inconscientes. ... ..

. . Mesmo esta breve relao da vasta gama de atividades da mente inconsciente sugere que

uma dicotomia conscienrelinconsciente na verdade uma convenincia con.ceitw11 altamente super-simplificada. Na vida diria, funcionamos simultaneamente em. uma variedade de nveis de percepo, cognio e resposta. Cada wn desses nveis, por sua vez, opera como uma "mini-mente" autnoma. Embora possamos gostar de pensar que esses nveis mltiplos de atividade esto todos monitorados e integrados em um conjunto coer~te de comportamentos sobre os quais temos controle consciente, nO parece ser este o caso. Cada indivduo parece possuir \Una coleo de mentes operando de forma relativamente

. independente, ao invs de uma gestalt unificada ou como um simples dueto conscientel

inconsciente. .

Embora Erickson falasse apenas genericamente em termos dos nveis consciente e inconsciente de percepo, ele reconheceu claramente que as origens do comportamento humano so muito mais diversas do que aquilo em que implica essa dualidade. Nos anos 1940, ele escreveu, "A personalidade humana caracterizada por variedades e complexidades infinitas de desenvolvimento e organizao, no sendo uma simples orggt1'7~O unitria limita.da." (Erickson, 1980, VoI. III, Capo 24, p. 262). AD mesmo tempo, indicou que no havia ainda evidncia suficiente para especificar o nmero ou o locus dessas diferentes origens do comportamento humano. Assim, enquanto Erickson reconheci81 as limitaes desta descrio da mente consciente/inconsciente como uma

dicoto:tI1\, empregava isso de forma heuristica para explicar uma variedade de aspectos do

:funcionamento humano. Mais recentemente, os pesquisadores pensaram determ..inBr e

..

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especificar os possveis Icei] das diversas percepes e comportamentos que Erickson denominou as mentes consciente e inconsciente.

Por exemplo, a especificao das mltiplas origens da atividade humana foi tema central do livro O Fantasma na Mquina, publicado em 1967 por Arthur Koestler. Koestler props que o comportamento humano pode ser dividido em trs categorias distintas, cada uma. delas podendo ser esboada para trs diferentes cmuRdas do cItex:

. - o arquicrrex (que media o comportamento em rpteis)

- o mesocrtex (que mais dominante entre os mamiferos de ordem. inferior) e

- O neocrrex (que constitui os nveis superiores de desenvolvimento e funo ortica1

descoberto nos roamiferOs recentes~ tais como prTmRtas e ;homo sapiens).

AD mesmo tempo, Gav.aniga, Bogen e Sperry (1967) comeavam a notAr os diferentes atributos dos hemisfrios cerebrais direito e esquerdo, uma dicotomia que parecia responder por muito do que havia sido previamente descrito como "atividade" inconsciente. Por volta de 1978, no entanto, Gazzaniga se viu desencantado com essa simples dicotomia e sugeri~ ao invs, que "nosso senso de conscincia subjetiva atlora de nossa inexorvel necessidade do hemisfrio dominante para explicar aes t>t;Mdas de 'qualquer um de uma multido de

sistemas mentais que habitam dentro de ns" (Ga7.7,anig, 1983, p. 536).'

Essa noo de "uma multido de sistemas mentais" recebeu articulao e respeitabilidade posterior por Fedor (1983) em seu livro A Modularldade da Mente. Fadar diferenciou os vrios mdulos ou mini-mentes (que existem como sistemas processantes cognitivos relativamente separados dentro do crebro), em meio a vrias e diferentes dimenses. Por exemplo, ele diferenciou os mduIos ou sistemas verticalmente organ;79dos, tais como aqueles descritos por Koest1er, das divises horizontais descritas por Ga?.7.auiga. Ele tambm especificou mdulos separados para sistemas processantes inatos vs aprendidos e para sistemas processantes que so localizados vs. generalizados, em suas operaes. F1almfmte, notou que alguns mdulos so computacionalmente autnomos, enquanto que

outros compartilham seus recursos.," :.',,,

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O nvel COITente de entendimento em. neurocincia ainda no nos peimite especificar

exataMente cada mn desses mdulos interativos ou mini-mentes. Podemos formular a hiptese, no entanto, que tal especificao deve incluir no mnnno uma para cada um dos sentidos (i. e., sistemas processantes visual, auditivo, olfativo, gustativo, tctil e cinestsico separados), e uma para cada um dos diferentes tipos de centros processantes de informao no crebro (i.e., analtico verbal vs. integrativo). Cada uma dessas mini-mentes percebe cada situao de modo um tanto diferente, possui diferentes histrias de aprend;7.Rdo, d..ifurentes habilidades e reaes difurentes para cada evento. Embora parea haver certa interao e negociao entre eles, h vezes em que eles parecem 'agir de fonna assaz ID.dependente. Para complicar mais os assuntos, as percepes, reaes e respostas de cada um podem variar de um perodo para outro, em. resposta,s variaes no estado fisiolgico

geral da pessoa...

Quando voc entrevista um cliente, voc interage principalmente com a mente consciente da pessoa. Esm mente dominante, geralmente a mente analtica verbal. Tem sua funo

I 10cus (sing.), 10ci (pl) - o ~ ou 08 poato8 exatos em que alIO ee situa, N.T.

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especificar os possveis locil das diversas percepes e comportamentos que Erickson denominou as mentes consciente e inconsciente.

Por exemplo, a especifica.o das mltiplas origens da atividade humana foi tema central do livro O Fantasma na Mquina, publicado em 1967 por Artb.ur Koestler. K.oestler props que o comportamento humano pode ser dividido em trs categorias distintas, cada UIrul. delas podendo ser esboada para trs diferentes cam"ti~s do crtex:

. - o arquicrtex (que media o comportamento em rpteis)

- o mesocrtex (que mais dominante entre os mamiferos de ardem. inferior) e

- o noocrtex (que constitui os nveis superiores de desenvolvimento e funo ortica1

descoberto nos mamiferOs recentes:) tais como prTmRtas e pomo sapiens).

AD mesmo tempo, Qs.7.7.Bniga, Bogen e Sperry (1967) comeavam a notar os diferentes atributos dos hemisfrios cerebrais direito e esquerdo, uma dicotomia que parecia responder por muito do que havia sido previamente descrito como "atividade" inconsciente. Por volta de 1978, no entanto, Gazzaniga se viu desencantado com essa simples dicotomia e sugeriu, ao invs, que "nosso senso de conscincia subjetiva at1o~ de nossa inexorv~l necessidade do hemisfrio dominante para explicar aes t~das de qualquer um de uma multido de

sistemas mentais que habitam dentro de ns" (Gaz7aJ1ig, 1983, p. 536).. .

Essa noo de "uma multido de sistemas mentais" recebeu articulaO e respeitabilidade posterior por Fodor (1983) em seu.livroAlvfodularldade daMBntB. Fodor diferenciou os vrios mdulos ou mini-mentes (que. existem como sistemas processantes cognitivos relativamente separados dentro do crebro), em meio a vrias e direrentes dimenses. Por exemplo, ele diferenciou os mdulos ou sistemas verticalmente org3ll;7S\dos, tais como aqueles descritos por Koest1er, das divises horizontais descritas por Gazzaniga. Ele tambm especificou mdulos separados para sistemas processantes inatos vs aprendidos e para sistemas processantes que so localizados vs. generalizados, em suas operaes.

Finalmente, notou que alguns mdulos so computacionalmente autnomos, enquanto que

outros compartilham seus recursos...... : ...

o nvel cotTente de entendimento em neurocincia ainda no nos peCmite especificar exatanlente cada mn desses mduIos interativos ou mini-mentes. Podemos formular a hiptese, no entanto, que tal especificao deve incluir no mnimo uma para cada um dos sentidos (i. e., sistemas processantes visual, auditivo, olfativo, gustativo, tctil e cinestsico separados), e uma para cada um dos diferentes tipos de centros processantes de inf0111Uio no crebro (i. e., analtico verbal vs. integrativo). Cada uma dessas mini-mentes percebe cada. situao de modo um tanto diferente, possui diferentes histrias de aprend;7.Ado, d.i:furentes habilidades e reaes difure.ntes para cada evento. Embora parea haver certa interao e negociao entre eles, h vezes em que eles parecem agir de fonna assaz independente. Para complicar mais os assuntos, as percepes, reaes e respostas de cada um podem variar de um periado para outro, em resposta,s variaes no estado fisiolgico

geral da pessoa...

Quando voc entrevista um cliente, voc interage principalmente com a mente consciente da pessoa. Esta mente dominante. geralmente a mente analtica verbal. Tem sua fimo

I locus {sing.).loci (pl) - o pooto. ou C8 poato8 exatos em que algo lIe situa, N.T.

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especializada de prover rtulos lingusticos e categorias para dar origem a regras, vaIores, crenas e desejos sobre a forma de que as coisas deveriam ou poderiam ser. A partir desses conceitos sobre como as coisas deveriam ser, a mente consciente ento elabora um quadro de referncias, esquema ou modelo do mundo. Este esquema ou modelo do mundo, por sua vez, guia ou dirige a conscincia, o eDATulimento e o comportamento de forma que "deveria ser" til, COITeto e pessoalmente produtivo. Assim, as pessoas ficam aptas a perceber, compreender, discutir e responder ao mundo somente de forma que sejam consistentes com seus quadros de referncia ou esquentas conscientes.

Um dos componentes tpicos da viso de realidade mitificada da mente consciente a errnea crena de que ela responsvel por todos os pensamentos e comportamentos do indivduo. Nada poderia estar mais longe da verdade. De fato, a prpria mente consciente possui muito poucas habilidades e responsvel por relativamente poucas aes ou insights criativos. Os aspectos inconscientes da mente desempenham um papel maior nos eventos da vida diria. No obstante, a mente consciente verbal geralmente acredita que esta a nica fonte de decises, reaes emocionais e respostas de cada pessoa.

A fnn.de manter sua iluso da auto-importncia, a mente consciente deve responder por todos os eventos internos e comportamentos de fonua que os faa parecer serem resUltados coerentes ou lgicos de sua atividade. Ass~ a mente consciente constantemente assume o crdito e encontra explanaes pelas atividades das vriaS mini..mentes sobre as quais na verdade no tem controle. e sobre das quais no se d conta. Aps anos de prtica, torna-se muito boa nisso. Na verdade, a mente consciente pode ser capaz de oferecer tais racionalizaes e explanaes comoventes que at mesmo o mais habilitado tempeuta pode

ser envolvido por elas.'. i'

Consequentemente, ao falar com o cliente, importante lembrar-se de que h muitos pensamentos, percepes e aes ocorrendo ou fora da fixa da pessoa de sua percepo consciente, ou fora da faixa individual de controle consciente. A multiplicidade de minimentes responsveis por esses eventos denominada coletivamente com o tenno "t...;.ente inconsciente". Uma vez que a mente inconsciente tipicamente consiste da proporo das mini-mentes em um indivduo, no de se surpreender que ela seja muito mais atenta, sbia,

inteligente, adaptativa e habilidosa que a mente consciente..

"

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. .

A relao entre a mente consciente e a mente inconsciente similar relao entre o capito

de um navio e a tripulao. O capito (a mente consciente) desenvolve cartas e mapas (esquema ou quadros de referncia) e usa essas cartas para dizer aos marinheiros (as nrinimentes inconscientes) para onde ir. O capito tambm decide que habilidades os marinheiros devem aprender, a fim de operar o navio. Esse ammjo funciona razoavelmente bem enquanto as cartas do capito forem acuradas, a tripulao tenha aprendido as habilidades corretas e o contato prximo seja mantido entre o capito e a tripulao para se

certificar de que as coisas esto caminhando suavemente..

A mente consciente, como nosso capito, percebe e responde somente a uma verso traduzida do mundo. A menos que a realidade seja consistente com as cartas, a mente consciente tender a ignor-Ia. Por exemplo, uma pessoa cujo esquema consciente contenha

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a errnea crena de que ele/ela no atraente para ningum., pode permanecer completamente distrafda e no respondente s bvias investidas de U11Ui parte interessada. As pessoas, via. de regra, no percebem ou agem conscientemente sobre coisas que no so permitidas por seu mapa ou esquema cognitivo.

As memrias, os pensamentos internos, imagens e expectativas so constantemente geradas por vrias mini-mentes. Qualquer uma dessas pode ser aceita e pode ser passvel de ao, ou ignorada e nuU interpretada pela mente consciente. Se algmna percepo, memria ou imagem se toma reconhecida e includa em sua forma original, ou se toma distorcida ou empurrado de volta no domnio 'do inconsciente, uma funo do quo bem ela se ajusta no esquema da mente consciente e do quo fleXvel seja esse esquema consci~. As coisas

que conflitam em d~asia so rejeitadas.'

A mente consciente tambm pode interpretar mal ou deixar escapar muito daquilo que ocorre dentro e fora da pessoa, simplesmente porque ela pode prestar ateno apenas a. um limitado nmero de coisas de uma vez. Ass~ uma pessoa pode estar to absorvida por um bom livro, que uma pergunta de um amigo passar despercebida, ou um compromisso ser esquecido. Outras coisas acabam sem ser notadas parque so to sutis, breves ~u remotas . que no percebidas conscientemente. .Essas fontes de informao so negligenciadas ou ignoradas, simplesmente porque so por demais in.inisculas ou esto demasiado distantes, no necessariamente porque elas conflitam com as cartas consc~entes. As muchmas no tamanho das pupilas de outra pessoa, ppr exemplo, podem no ser notadas conscientemente, mesmo que reaes emocionais subsequentes possam indicar que essa pista foi percebida em um nvel inconsciente. Do mesmo modo, se a mente consciente tem dificuldade em aceitar ou traduzir certos pensamentos ou sensaes em representaes verbais, elas tambm passaro despercebidas. Assim, sensaes fugazes ou atividade em reas remotas

do crebro ou corpo sero geralmente ignoradas..

Os pensamentos e percepes da mene inconsciente no: esto reprimidas pelo esquema ou quadro de referncias consciente. Como os marinheiros de nosso navio, as minj-m.11tes inconscientes observam icebergs e outros perigos, quer estes apaream ou no nas cartas do

. capito. Elas tambm observam e Produzem muitas coiSas que a mente consciente tende a ignorar ou negligenciar. O problema com o qual se deftonta a. mente consciente como manter um quadro de referncias ou uma carta consciente que seja to confortvel quanto til e, ao mesmo tempo, no ignorar as habilidades e novos inputs (informaes que chegam) dessas vrias mini-mentes. Erros de navegao ou mesmo desastres podem ocorrer se o capito consciente se recusa a usar as habilidades do mar:inbeiro, aceitar a nova infonnao ou modificar as cartas da realidade. Nem tudo o que essas mini-mentes fazem ou relatam agradvel, acurado ou til e algumas delas podem pr em dvida. a. exatido da visOO total da realidade. O problema., entretanto, que infonnao deixar vazar e o que bloquear, o que usar e o que ignorar, o que encorajar e o que desencorajar.

N a verdade, dificiI especificar acertadamente a exata natureza da. infonnao de entrada permitida pelo consciente, a partir do inconsciente, porque os limites entre eles no so nem estticos, nem tm contorno definido. Por vezes, os limites entre essas regies esto demarcados e a personalidade consciente, mais Solta, est. totalmente alheia a. todos os

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entendimentos e atividades inconscientes. Em outras ocasies, esse mesmo indivduo pode

ficar andando em uma fantasia onde aprendizados e idias previamente inconscientes saltam de sbito mente. s vezes essas memrias ou idias inspiram, s vezes distraem e s vezes, surpreendem., confundem, ou at ateITorizam a mente consciente. As coisas que inspiram ou distraem. podem ser incorporads nas cartas ou esqUeD18S conscientes, porm aquelas que causam tormento podem precipitar um fuga de pnico de volta aparente

. segurana do quadro consciente de referncias. Qualquer recuada ou bloqueio do inconsciente pode assinalar o inicios de srias dificuldades psicolgicas, emocionais ou de ajustamento.

I'

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1NTERAES PREJUDICADAS CAUSAM DOR

Premissa de orientao :fi 3: Uma relao prejudicada., inadequada ou inapropriada entre as

mentes conscient