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A POR EXEMPLO é uma revista social da Editora MOL e do Grupo Pão de Açúcar, vendida na rede Extra. O valor de capa, descontados os impostos, é 100% doado às ONGs Parceiros da Educação e Todos Pela Educação, além de outros projetos educacionais. Cada edição inclui, gratuitamente a revista POR EXEMPLO Para Crianças.
Citation preview
PROJETOS EMTODO O BRASIL
01 SET / OUT 2011
100% DO VALOR DE CAPA, APÓS OS IMPOSTOS, É DOADO PARA PROJETOS QUE MELHORAM A EDUCAÇÃO NO BRASIL.R$ 2,50
VOCÊ AJUDA:
REALIZAÇÃO:
Por exemplo_capa_03.indd 1Por exemplo_capa_03.indd 1 19/08/11 20:3819/08/11 20:38
AGRADECIMENTOS: Faça o que eu faço Parque Villa Lobos (SP) Como ensino Unibes
(www.unibes.org.br) Em seu lugar Clube dos Paraplégicos de São
Paulo (www.cpsp.com.br), Naldo Rodrigues e Robson Expedito de
Paulo Brás Eu contra o mundo Carlos Vergara (Exposição Liberdade,
apresentada no Parque Lage, no Rio de Janeiro) e Instituto Geográfi co
e Histórico da Bahia, Parque Lage (RJ)
FOTO DE CAPA: Suerda Reder foi fotografada por Daniela Toviansky.
Beleza Élcio “Maizena” Aragão (Agência First).
Produção de moda Ana Gabriela Nascimento.
Tratamento de imagem Felipe Gressler.
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FAÇA O QUEEU FAÇOO que você faz de bom? Perguntamos isso a pessoas nas ruas. E elas nos contam suas ideias para uma vida mais saudável e feliz.
QUEM VOCÊ PENSA QUE É?Luiz Amorim, 50 anos, é açougueiro em Brasília. O que mais você pode dizer sobre ele só de olhar?
É QUE SE APRENDEErros ensinam. E rendem boas histórias. Que deslize você já cometeu por falta de atenção?
EM SEU LUGARNada ensina tanto quanto se colocar no lugar do outro. Mesmo que só por uns instantes. Descubra o que um motorista compulsivo aprendeu ao se tornar pedestre por um dia.
PROJETOS ESPECIAIS Nina Weingrill (coordenação), Beatriz Torres,
Jonatas Bazolli e Valéria Hevia ATENDIMENTO EDITORIAL Thiago
Yamabuchi e Sheila Machado ATENDIMENTO AO LEITOR Elaine
Duarte RECURSOS HUMANOS Carolina Franco CAPTAÇÃO DE PATROCÍNIO Amanda Rahra ([email protected])
COLABORADORES Ana Luísa Vieira e Flávio Carneiro (texto),
Juliana Mota (design), Felipe Gressler e Carolina Lopes
(tratamento de imagem), Priscila Pacheco (produção),
Júlio Yamamoto, Marina de Souza (revisão)
APOIO NA REDAÇÃO Amanda Miyuki, Ana Karla Rodrigues,
Jaqueline Moribe, Juliane Albuquerque, Luana Almeida, Mariana
Bolzani, Olivia Ferraz, Rita Loiola, Romy Aikawa e Tissiane Vicentin
EDITORA-CHEFE Roberta Faria EDITOR Dilson Branco
REPÓRTERES Karina Sérgio Gomes, Jaqueline Li, Jéssica
Martineli ESTAGIÁRIOS DE TEXTO Juliana Dias e Rafaela
Carvalho DIRETORA DE ARTE Claudia Inoue EDITORES DE ARTE
Fabio Otubo e Eduardo Bessa ESTAGIÁRIO DE ARTE Anderson
Borges COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO E IMAGEM Mica Toméo
PRODUÇÃO E IMAGEM Claudine Luz ESTAGIÁRIA DE FOTOGRAFIA Carina Barros
A revista POR EXEMPLO - TODO MUNDO PODE APRENDER. TODO
MUNDO PODE ENSINAR, edição 01, ano 1, é publicada a cada 45 dias
pela Editora MOL Ltda. A revista é vendida nas lojas da Rede Extra nos
estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe, Tocantins e no Distrito
Federal. O valor pago pelo preço de capa é, descontados os devidos
impostos, 100% doado a organizações não governamentais que
realizam projetos em prol da educação de qualidade no Brasil.
POR EXEMPLO - TODO MUNDO PODE APRENDER. TODO
MUNDO PODE ENSINAR é impressa em papel LWC 70g
FALE COM A GENTE:[email protected] | (11) 3024-2444
Rua Andrade Fernandes, 303, loft 3 São Paulo/SP - CEP 05449-050
www.revistaporexemplo.com.br
DISTRIBUIÇÃO:Rede Extra
TIRAGEM À VENDA:275 870 exemplares
IMPRESSÃO:Gráfi ca Plural
PATROCÍNIO:
DIRETORA EDITORIAL Roberta Faria
DIRETOR EXECUTIVO Rodrigo Pipponzi
DIRETORA DE CRIAÇÃO Claudia Inoue
REALIZAÇÃO: APOIO:
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34EU CONTRA O MUNDOO preconceito quis impedir que eles realizassem seus sonhos. Mas eles não aceitaram.
PROBLEMA MEUO mundo está cheio de problemas que não são de ninguém. Até que alguém resolva tomar uma atitude. Gente generosa como os protetores de animais.
APRENDA E ENSINENão é só na escola que se aprende. O mundo está cheio de descobertas a fazer. Inspire-se nesses exercícios – e, depois, passe adiante o que aprendeu.
NÓS PODEMOSJuntos, somos capazes de fazer revoluções. Como as que essas comunidades fi zeram em suas vizinhanças para ter mais lazer.
O TEMPO DE CADA UMCada idade tem suas dores e delícias, conquistas e expectativas. Nesta edição, descubra a vida pelos olhos de quem tem hoje 37 anos.
COMO ENSINOCada família tem seu jeito de passar aos fi lhos uma lição. Descubra como alguns pais ensinam suas crianças sobre o valor do dinheiro.
50SEMPRE É TEMPOQuando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? A qualquer época da vida, novas experiências te esperam.
48AGRADEÇOTodos temos mestres a agradecer pelas lições aprendidas. Até mesmo às crianças. O que elas já te ensinaram?
Você é um exemplo? Tem uma história
para contar?Escreva para a gente.
Se for selecionado, você pode aparecer
na revista – até mesmo na capa!
Veja nossos contatos na página 6.
Exp.Indice_v3.indd 5Exp.Indice_v3.indd 5 8/19/11 8:40 PM8/19/11 8:40 PM
CARTA AO LEITOR6
TUDO COMEÇA COM UM EXEMPLO. É olhando quem sabe, observando como outros fazem, seguindo as instruções dadas por alguém experiente e imitan-do os que admiramos que aprendemos tudo. A andar e a falar. A gostar de comida apimentada ou a comer verduras. A ler, andar de bicicleta, dirigir. É como ad-quirimos os valores que defendemos. Aquilo em que acreditamos com mais fé. O que achamos certo e o que pensamos ser errado. Todos os nossos hábitos (os bons e os maus). Nossas melhores qualidades – e, pro-vavelmente, também nossos maiores defeitos. Tudo o que somos começou com um exemplo.
Eles são dados por nossos pais e irmãos. Por ami-gos, vizinhos, professores. Por heróis e ídolos que nem sequer conhecemos. Por estranhos que um dia vimos fazer algo que nos fez pensar: “Eu também quero ser assim!” (ou então: “Eu nunca vou fazer isso!” – por-que os maus exemplos também nos ensinam). Eles estão em toda parte. E aprendemos suas lições até sem perceber: de repente, lá estamos nós fazendo alguma coisa que ninguém nos disse para fazer. Mas estamos. Porque vimos um exemplo. E o seguimos: são eles, antes de tudo, que guiam nossa vida.
Essa é uma revista feita para celebrar os exemplos. Os bons exemplos – aqueles que inspiram, que emo-cionam, que nos fazem querer ser pessoas melhores, com uma vida mais completa e feliz. São histórias reais,de brasileiros comuns, como eu e você. Que na sua ro-tina normal, com as limitações que têm – assim como todos nós as temos –, conseguem fazer diferente, das menores às maiores coisas. E, assim, fazem a diferença para todos que vivem ao seu redor.
Esses exemplos nos enchem de esperança. Ver que outras pessoas conseguiram superar barreiras, reali-zar sonhos e mudar a realidade nos faz crer outra vez que é possível – e que nós também podemos vencer. Esse é o grande poder dos exemplos: eles são a prova de que a teoria funciona. Se alguém foi lá e fez, e essa pessoa é tão parecida com a gente, então é porque dá. E, de repente, nos sentimos mais fortes, mais capazes, menos solitários nas nossas lutas. Basta um exemplo.
E conhecer essas histórias vai ajudar a fazer com que outros exemplos fl oresçam Brasil afora. O preço que você paga por esta revista, após os impostos, é 100% doado para projetos sociais que levam educação de qualidade a milhões de crianças, jovens e adultos (nas próximas páginas, você descobre como isso fun-ciona). Porque, além da educação pelo exemplo, nosso país também precisa melhorar nas lições que se apren-dem nas salas de aula. Comprando a POR EXEMPLO,você vai contribuir para que isso aconteça.
Estamos muito orgulhosos de lançar esta revista, que estará à venda nas lojas do Extra, com uma nova edição a cada 45 dias. E esperamos que as histórias que recolhemos para esta primeira edição inspirem você, assim como emocionaram a nós. Por favor, conte-nos o que achou. E divida com a gente as suas histórias tam-bém: dos exemplos que você tem a dar e daqueles que já recebeu. Porque todos nós temos algo a ensinar. E todos nós temos muito a aprender.
Um abraço, obrigada por participar e boa leitura.
Roberta Faria
Editora Chefe (e toda a equipe da POR EXEMPLO)
Onde nascem os exemplos
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ESSA É PARTE DA EQUIPE
QUE FAZ POR EXEMPLO.
GENTE COMO VOCÊ. QUE
QUER FAZER DIFERENTE
– E, ASSIM, FAZER A
DIFERENÇA NA VIDA
DE QUEM NOS CERCA
Fale com a gente!O que você achou da
revista? Conte para nós!
Divida conosco os seus
exemplos também.
MANDE UM E-MAIL: [email protected]
OU LIGUE PARA A REDAÇÃO:(11) 3024-2444
VISITE O SITE!www.revistaporexemplo.com.br
FAÇA PARTE DA NOSSA REDE!
No OrkutComunidade Revista POR EXEMPLONo FacebookFan Page Revista POR EXEMPLONo Twitter@por_exemplo
OU ESCREVA UMA CARTA PARA:Revista POR EXEMPLOEditora MOLRua Andrade Fernandes, 303, sala 3São Paulo - SP CEP 05449-050
Editorial_03.indd 6Editorial_03.indd 6 8/19/11 7:45 PM8/19/11 7:45 PM
UMA REVISTA NOVA E DIFERENTE, que vai arreca-dar milhões de reais para melhorar a educação no Brasil – e espalhar histórias de vida exemplares, de gente comum que faz a diferença no seu mun-do. Esta é a POR EXEMPLO. Ao comprá-la, você aju-da a tornar esses dois objetivos realidade.
A POR EXEMPLO é diferente por vários moti-vos. O principal deles é que o dinheiro que você paga por ela, descontados os impostos, é 100% doado para iniciativas educacionais. Os recur-sos arrecadados são divididos em três partes. Duas delas vão para as organizações não gover-namentais Parceiros da Educação e Todos Pela Educação (saiba mais sobre elas nas páginas 10 e
Que revista é essa?
11). A terceira parcela, por enquanto, fi ca reserva-da. Ela será encaminhada a projetos espalhados pelo país, que em breve serão selecionados. (Você pode inscrever o seu! Saiba mais na página 11.)
Outra diferença, que você já percebeu, é que o preço da POR EXEMPLO é muito menor que o da maioria das revistas. Isso – e o fato de esse va-lor ser doado – só é possível porque ela tem um sistema diferente para ser feita. Um trabalho que envolve o comprometimento de vários parceiros.
Os recursos que viabilizam a produção são in-jetados por empresas que acreditam no projeto e na causa da educação. Duas grandes marcas já fazem parte da POR EXEMPLO: a Procter & Gam-
ESTE É O PRIMEIRO
NÚMERO DE UMA
PUBLICAÇÃO QUE
QUER MUDAR A
EDUCAÇÃO NO PAÍS.
E VOCÊ É PARTE
FUNDAMENTAL
DESSE PROCESSO!
Duas empresas patrocinam o projeto: Procter & Gamble e Kraft Foods. (Ainda há quatro
cotas de patrocínio disponíveis.
Saiba mais no anúncio da página
51).Como contrapartida pelo investimento, elas recebem páginas para anunciar na POR EXEMPLO. É uma publicidade inteligente, que vira apoio a uma grande causa.
PRA COMEÇARCom os recursos do patrocínio, durante 45 dias, a Editora MOL elabora uma edição da POR EXEMPLO. O trabalho é independente: nenhum parceiro do projeto interfere na pauta. A Editora MOL acredita que a gente só vai fazer diferença no mundo se começar a realizar as coisas de um jeito diferente.
NASCE A REVISTA21CONFIRA QUEM SÃO OS PARCEIROS ENVOLVIDOS NO PROJETO E VEJA A IMPORTÂNCIA DA SUA PARTICIPAÇÃO
VEJA COMO FUNCIONA
CONTAS ABERTAS8
Contas Abertas_2.indd 8Contas Abertas_2.indd 8 8/19/11 8:17 PM8/19/11 8:17 PM
ble e a Kraft Foods. “Ficamos muito empolgados ao conhecer o projeto”, afi rma o diretor de assun-tos corporativos e governamentais da Kraft Foo-ds, Fabio Acerbi. “Acreditamos que a educação é fundamental para a construção de uma socieda-de melhor”, completa. “Conhecendo a missão das ONGs benefi ciadas, vemos o aporte como uma im-portante ferramenta para viabilizar mais projetos que capacitem crianças e jovens com o conheci-mento, as habilidades e a confi ança de que pre-cisam para construir um futuro melhor”, acres-centa a gerente de marketing da Procter & Gamble, Stephanie Humpert. (Ainda há cotas de patrocínio disponíveis. Saiba mais no anúncio da página 51.)
PARECE POUCO: COMO
SÓ R$ 2,50 PODEM MUDAR
A EDUCAÇÃO DO PAÍS?
MAS, ACREDITE – CADA
REVISTA VENDIDA FAZ
DIFERENÇA. PORQUE, NA
SOMA DE MUITAS DELAS,
PODEMOS ALCANÇAR
MILHÕES EM RECURSOS.
VEJA A CONTA:
A produção da revista é responsabilidade da Editora MOL, criadora do projeto e do seu mode-lo de negócio. Jornalistas, designers, fotógrafos e ilustradores trabalham para que, além de ter a sa-tisfação de doar, você receba uma publicação útil, bonita e divertida. “A POR EXEMPLO é uma re-vista sobre lições de vida inspiradoras”, afi rma a diretora editorial da Editora MOL, Roberta Fa-ria. “Cada edição traz uma coleção de histórias de pessoas que são bons exemplos. Sozinhas ou em grupo, representando interesses coletivos ou pes-soais, elas têm trajetórias e atitudes que mere-cem ser conhecidas e replicadas”, acrescenta.
Para que a revista chegue até você, entra em cena a rede Extra. Correalizadora da POR EXEM-PLO, ela tem trabalhado junto à Editora MOL des-de 2009 para tornar o projeto realidade. São mais de 470 lojas em 16 estados, em todas as re-giões do país, mais o Distrito Federal. “Temos muito orgulho de fazer parte desse projeto. Es-tamos levando aos clientes um produto exclusi-vo e de qualidade que carrega consigo a oportu-nidade de colaborar com uma causa fundamen-tal, que é a educação”, afi rma Daryalva Bacellar, gerente de responsabilidade social do Grupo Pão de Açúcar, ao qual pertence a rede Extra.
A POR EXEMPLO é resultado do esforço de todos esses parceiros. Mas o projeto só dará cer-to com a sua colaboração. Se você gostar da re-vista, siga acompanhando-a. A cada 45 dias, che-ga uma edição nova, em toda a rede Extra. Aju-de também divulgando o projeto. Quanto mais pessoas participarem, maior será a contribui-ção para o futuro do nosso país!
TODOS CONTAM
Correalizadora do projeto, a rede Extra vende a revista em suas mais de 470 fi liais, presentes em 16 estados, em todas as regiões do país, mais o Distrito Federal. É graças ao empenho dos milhares de funcionários da rede que a POR EXEMPLO pode chegar a tantos leitores.
ATÉ VOCÊ3O valor arrecadado com a venda da revista, descontados os impostos, é 100% doado às ONGs Parceiros da Educação e Todos Pela Educação – além de outros projetos educacionais que em breve serão selecionados através de edital realizado pelo Instituto Pão de Açúcar, apoiador do projeto (saiba mais na página 11).
FINAL FELIZ4 REALIZAÇÃO: APOIO:
PATROCÍNIO:
INSTITUIÇÕES BENEFICIADAS:
A POR EXEMPLO É VENDIDA EM TODAS AS REGIÕES DO PAÍS, NAS MAIS DE 470 LOJAS DA REDE EXTRA
275.870 exemplares é a tiragem à venda da primeira edição
R$ 610. 000,00* serão investidos, por edição,
na causa da educação
A cada revista vendida, cerca de R$ 2,25 são doados:
é 100% do preço de capa, descontados os impostos
Em um ano, serão 8 ediçõese até R$ 4,9 milhões*
repassados aos projetos benefi ciados
*Potencial de arrecadação e doação,
se cumprida a expectativa de venda:
esgotar 98% da tiragem disponível nas lojas
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NOSSO PAÍS JÁ TEM A SÉTIMA maior economia do mundo. Mas, na educação, a situação é bem dife-rente. Entre os 65 países analisados pelo Progra-ma Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), segundo relatório divulgado no fi m do ano passado, estamos na 53ª posição.
Há 3,7 milhões de crianças e adolescentes, en-tre 4 e 17 anos, que não estão na escola. Dos que entram, muitos saem antes da hora: dos alunos que ingressam no ensino fundamental, só 58% concluem o 3º ano do ensino médio. E os que se formam não estão bem preparados: dos estu-dantes que conseguiram terminar o ensino mé-dio em 2009, apenas 11% aprenderam o mínimo esperado em língua portuguesa.
Esses dados têm despertado o esforço de al-guns grupos. Duas das mais sérias organizações não governamentais voltadas para essa causa são a Parceiros da Educação e o movimento Todos Pela Educação – instituições para as quais são doados os recursos arrecadados pela POR EXEMPLO.
Criada em 2005, a Parceiros da Educação promove e monitora parcerias entre o setor pri-vado e escolas da rede pública. “Os empresários utilizam sua experiência em gestão para tornar a escola pública brasileira um modelo de efi ciên-cia”, explica a diretora executiva Lúcia Fávero.
Já o Todos Pela Educação trabalha de forma mais ampla, lutando para que sejam garanti-das as condições de acesso e bom desempenho escolar, além da ampliação e boa gestão dos re-cursos públicos. “Isso é feito, basicamente, por meio de geração, monitoramento e análise de in-dicadores, pela inserção do tema da educação na mídia e pela articulação política e institucional”, esclarece Maria Lucia Meirelles Reis, membro do conselho de governança do movimento.
Ao comprar a POR EXEMPLO, você ajuda essasduas instituições a seguir com sua missão. Quer saber mais sobre elas? Confi ra ao lado.
Por que a educaçãoVEJA POR QUE O BRASIL AINDA
TEM MUITO A MELHORAR NESTE
QUESITO FUNDAMENTAL
Ajuda a criar e manter
parcerias entre
empresas e escolas
150 escolas benefi ciadas desde 2005, nos estados de SP, RJ, GO, RS e CE
Hoje, mantém 80 parcerias, todas no estado de SP, benefi ciando
mais de 100 mil alunos
92% das escolas parceiras do ciclo I (1ª a 5ª série) superaram a
média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)
PARCEIROS DA EDUCAÇÃO
“A Parceiros da Educação está presente em nossa escola desde o ano passado, e já sentimos a diferença. Primeiro foi aplicado um questionário para saber do que mais precisávamos. Como queríamos melhorar a comunicação, foi criada uma revista semestral da escola, em que NÓS MESMOS ESCREVEMOS
REPORTAGENS, POEMAS E NOTÍCIAS. Também foi ampliado o cursinho que dá uma força para o vestibular, e foram criadas turmas de inglês para os alunos com boas notas e frequência. Para mim, tem sido ótimo: agora estudo numa escola que me deixa mais preparado!”LUCIANO SABINO JUNIOR, 17 anos, aluno do 3º ano do ensino médio na Escola Estadual Ministro Costa Manso, em São Paulo.
? (www.parceirosdaeducacao.org.br)
VEJA NÚMEROS QUE VOCÊ AJUDA A MUDAR AO COMPRAR A POR EXEMPLO
53ª, ENTRE 65 PAÍSES,
É A POSIÇÃO BRASILEIRA
NO PRINCIPAL RANKING EDUCACIONAL DO MUNDO,ATRÁS DE TRINIDAD E TOBAGO
UMA VERDADE INCONVENIENTE
FONTES: TODOS
PELA EDUCAÇÃO
E PROGRAMA
INTERNACIONAL
DE AVALIAÇÃO
DE ALUNOS (PISA)
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MAIS PROJETOS SERÃO APOIADOSDos recursos arrecadados pela POR EXEMPLO, 20% vão para a Parceiros da Educação e 20% para o Todos Pela Educação. Os outros 60%, que ao fi nal de um ano poderão chegar a quase 3 mi-lhões de reais, serão divididos entre outros pro-jetos que também ajudem a melhorar o ensino em nosso país. A seleção será feita por meio de um edital promovido pelo Instituto Grupo Pão de Açúcar (IGPA), responsável pelo desenvolvimen-to humano nas comunidades em que o Grupo Pão de Açúcar está presente. “O processo seletivo vai nos permitir conhecer iniciativas em diferentes regiões do país e então ampliar o alcance da ajuda oferecida pela POR EXEMPLO à educação nacio-nal”, afi rma Daryalva Bacellar, gerente geral do IGPA. As regras para a inscrição de projetos serão publicadas na próxima edição da POR EXEMPLO.
Luta pela AMPLIAÇÃO do acesso à escola e pela melhoria do ensino
Gera e monitora indicadores, realiza campanhas de mobilização, leva o tema da educação à mídia e articula a iniciativa privada, a sociedade civil e o poder público
Está sediado em São Paulo, mas trabalha pela educação em âmbito nacional
Foi articulador da aprovação da emenda constitucional que ampliou a faixa etária com vaga garantida na escola de 7 a 14 anos para 4 a 17 anos
TODOS PELA EDUCAÇÃO(www.todospelaeducacao.org.br)
“Por já estar envolvida com programas educacionais, em 2005 eu participei do workshop que defi niu as metas do Todos Pela Educação (TPE). Desde então, repasso as orientações do movimento para a escola, ao mesmo tempo em que levo as sugestões dos professores e alunos para o TPE. Ao verem que têm esse apoio do movimento, OS PROFESSORES SE SENTEM
MAIS MOTIVADOS. E, por consequência, os estudantes aprendem mais. Agora, com a POR EXEMPLO, a ONG vai poder ampliar seu trabalho. E a revista vai ajudar a divulgar a causa da educação.” SILVANA DE SANTIS, 53 anos, coordenadora de eventos e projetos da Segunda Escola Municipal de Ensino Fundamental, em São Caetano do Sul (SP).
“O BRASIL SÓ CONSEGUIRÁ
DAR O PRÓXIMO GRANDE
PASSO COM UMA EDUCAÇÃO
DE QUALIDADE PARA TODOS”
LÚCIA FÁVERO, diretora executiva da Parceiros da Educação
“SÓ COM O ENVOLVIMENTO DE
TODA A SOCIEDADE PODEREMOS
MELHORAR O CENÁRIO DA
EDUCAÇÃO NO BRASIL”
MARIA LUCIA MEIRELLES REIS, membro do conselho de governança do Todos Pela Educação
386 FOI A PONTUAÇÃO DOS
ALUNOS BRASILEIROS EM MATEMÁTICA, 110
PONTOS ABAIXO DA MÉDIA
SUGERIDA PELA ORGANIZAÇÃO
PARA A COOPERAÇÃO E O
DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO (OCDE)
3,7 MILHÕES
DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
ENTRE 4 E 17 ANOS NÃO ESTÃO NA ESCOLA
25% DAS CRIANÇAS
TERMINAM A 4ª SÉRIE
PRATICAMENTE ANALFABETAS
SÓ EM 2050 TEREMOS
70% DOS ALUNOS COM APRENDIZADO ADEQUADO
À SUA SÉRIE, SE O RITMO NO
QUAL A EDUCAÇÃO BRASILEIRA
MELHORA NÃO AUMENTAR
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FAÇA O QUE EU FAÇO12
QUER PEDALAR PELA CIDADE, MAS SE SENTE INSEGURO? Peça ajuda a um “bike anjo”. Eles são ciclistas experientes, de várias partes do país, que têm o maior prazer em ensinar como enfrentar as ruas sobre duas rodas com segurança. Acesse: bikeanjo.com.br
“ADORO PEDALAR NA CHUVA!
Sentir a água na pele enquanto estou na bicicleta é libertador. Quem nunca experimentou não imagina quanto é bom. É só embalar bem as coisas e levar uma muda de roupa. Dá um certo trabalho, é verdade, mas super vale a pena!” LAURA SOBENES, 23 anos, fotógrafa de São Paulo
“O que tenho feito de bom é VER A
BELEZA DAS COISAS DO COTIDIANO.
Gosto de fazer isso olhando o jardineiro
que cuida da praça em frente à minha
janela. Observo o cuidado com que
ele planta as fl ores, como reaproveita
as folhas caídas como adubo, a alegria
que ele leva àquela paisagem.
Esse é meu templo de meditação,
que me ajuda a descobrir o que de fato
na vida merece minha atenção.”
ALESSANDRA FRAGA,
33 anos, jornalista de Campinas (SP)
3 DICAS RÁPIDAS DE RELAXAMENTO1. Se possível, sente-se no chão, sobre uma almofada, com a postura ereta e as pernas cruzadas. Feche os olhos.2. Respire de forma a infl ar o abdômen (e não o tórax). Assim, você utiliza melhor a capacidade dos seus pulmões.3. Vá aumentando aos poucos o tempo de cada inspiração e expiração, tornando a respiração mais lenta e profunda. Em alguns minutos, você já se sentirá mais leve.
FIZEMOS ESSA PERGUNTA A VÁRIAS PESSOAS PELAS RUAS DE SÃO PAULO.
CADA DEPOIMENTO REVELA UMA DICA PARA UMA VIDA MAIS SAUDÁVEL
E DIVERTIDA, PARA NÓS MESMOS E PARA QUEM ESTÁ À NOSSA VOLTA
faz de bomO que você ?
TEXTO JULIANA DIAS E DILSON BRANCO
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POR EXEMPLO 13
“COORDENO
UM GRUPO DE
VOLUNTÁRIOS
que apoia uma
escola pública de
uma comunidade
carente. Já doamos
livros e agora vamos
trocar todos os
móveis. Se as
pessoas soubessem
como faz bem
para a gente ser
voluntário, todos se
dedicariam a esse
tipo de trabalho.”
MAURO SÉRGIO GONÇALVES GOMES, 36 anos, administrador
de São Paulo
UMA PESQUISA DA
UNIVERSIDADE
DE MICHIGAN (EUA)
MOSTROU QUE AS
PESSOAS QUE PRESTAM
TRABALHO
VOLUNTÁRIO
VIVEM MAIS.
Quer começar, mas não sabe por onde? No site portaldovoluntario.v2v.net você descobre quais instituições precisam de alguém exatamente com o seu perfi l.
“As pessoas
precisam se
preocupar com
o meio ambiente.
E a melhor maneira
de estimular esse
comportamento
é dando o exemplo.
O que eu faço é
sempre separar
o lixo reciclável e
CUIDAR BEM
DOS ANIMAIS
E DAS PLANTAS.”
ITALIA JOAQUIM, 52 anos, professora
de Curitiba
Quer saber qualé o ponto de coleta de lixo reciclável mais próximo da sua casa? Acesse: www.rotadareciclagem.com.br
“Adoro CURTIR A COMPANHIA DA
MINHA AVÓ, Nair, de 76 anos. Combinamos
nossos horários para podermos passear
juntas, ir ao mercado, visitar familiares. Somos
diferentes em muitos pontos – por exemplo:
ela é católica, e eu, espírita. Mas conversamos
até sobre isso, sempre com muito respeito.
Descobri nela uma grande amiga!”
RENATA OLIVEIRA, 33 anos, fi sioterapeuta de São Paulo
“EU ME ESFORÇO para atingir meu
objetivo, que é trabalhar na área que
escolhi: ciência da computação. Faço
faculdade e estágio, chego em casa
cansada, às vezes tenho de deixar
de sair com os amigos. Mas sei que essa
é a maneira de realizar meus sonhos.”
JULIA GARCIA DOS SANTOS,
21 anos, estudante de Ouro Preto (MG)
ESTUDE SEM SAIR DE CASAA cada ano estudado, o brasileiro ganha, em média, 15% a mais de salário, segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV). Veja abaixo alguns sites que oferecem cursos on-line gratuitos:FGV: http://www5.
fgv.br/fgvonline/
cursosgratuitos.aspx
Sebrae: http://www.
ead.sebrae.com.br/
hotsite/
Senai: http://www.
senai.br/ead/
transversais/
“O que eu faço de bom é o ‘MOMENTO
FELIZ’: várias vezes por semana,
compro doces e balas e divido com
todo o mundo no trabalho. Ou começo
a cantar, só para quebrar a rotina.
Mais de uma vez já me perguntaram
se eu tinha bebido... Não ligo, e sigo
me dedicando a arrancar sorrisos!”
AQUILES QUEIROZ DE MOURA, 31 anos, analista de marketing de São Paulo
UMA CENTENA DE
RISADAS DIÁRIAS
EQUIVALE A
10 MINUTOS
DE PRÁTICA DE
REMO, SEGUNDO
ESTUDO DA
UNIVERSIDADE DE
STANFORD (EUA).
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(NÃO VAI AO FOGO – E CASA BEM COM MACARRÃO, PIZZA E POLENTA)
Pique 12 tomates (sem sementes), 3 dentes de alho, um punhado de folhas de manjericão fresco e misture bem com azeite, sal e pimenta- do-reino. Antes de usar, reserve por uma hora para intensifi car os sabores. Delícia!
RECEITA PRÁTICADE MOLHO DE TOMATE:
14
“ADORO
COZINHAR
para minha
namorada e
meus amigos.
Sempre os
convido para
comer lá em
casa, seja
almoço, seja
jantar. Cozinhar
relaxa: picar
verduras é
uma terapia!
Sem contar a
satisfação de
ver as pessoas
degustando o
que preparei.”
MARCELA
RIBEIRO
TEIXEIRA,
21 anos,
estudante de
biologia de
Piracicaba (SP)
“Se algum conhecido precisa vir para
São Paulo e não tem onde fi car, SEMPRE
OFEREÇO MINHA CASA. Já passei
por muito perrengue antes de ter meu
apartamento, sei bem como é. Por isso,
faço questão de ajudar quem precisa.”
ANA LUIZA DAVID, 22 anos,
estudante de arquitetura de São Paulo
GOSTA DE RECEBER PESSOAS EM CASA? No site www.
couchsurfi ng.org
você pode oferecer hospedagem – mesmo que seja só um sofá na sala – a viajantes de todo o mundo. Além de conhecer gente nova e treinar outros idiomas, você também pode conseguir abrigo gratuito em várias cidades e países.
“Quando estou entediado, SAIO PARA
PASSEAR. Entro nas livrarias, passo por
meus bares preferidos, às vezes encontro
um conhecido. Um dia, fui surpreendido por
um show de uma banda em um sebo. Depois,
essas experiências viram histórias que tenho o
maior prazer de compartilhar com os amigos.”
BRUNO SCARTOZZINI, 30 anos, publicitário de São Paulo
ALÉM DE ACALMAR,
CAMINHAR TODO DIA AJUDA
A COMBATER
A OBESIDADE, A ANSIEDADE, A INSÔNIA E PROBLEMAS CARDÍACOS.
O RISCO DE MORTE POR
DE ACORDO COM
PESQUISADORES
GREGOS, A SESTANÃO SÓ DIMINUIO ESTRESSE COMOREDUZ EM QUASE
40%
PROBLEMAS CARDÍACOS.
“É sagrado: depois do almoço, TIRO UMA
SONEQUINHA de 20 a 30 minutos. Faço
isso há 28 anos, quando trabalhava de
manhã e estudava à tarde. Depois que
adotei a sesta como hábito, nunca mais
peguei no sono durante a aula. Hoje,
continua sendo meu segredo para manter
as energias renovadas até o fi m do dia.”
CLÁUDIO LUIZ VAZ, 58 anos, contador de Guarulhos (SP)
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2
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15
“Procuro sempre TRATAR BEM AS
PESSOAS: receber, acolher, responder
e, principalmente, ouvir o que têm a dizer.
Seja em casa, no trabalho, seja com os
amigos. É assim que descobrimos como
podemos ajudar e fazer a diferença.”
ELIZABETH HELENA BATISTA RAMOS, 52 anos, funcionária pública de Curitiba
VOCÊ TAMBÉM É BOM EM OUVIR OS OUTROS? O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma rede de voluntários que atende por telefone e internet pessoas que precisam desabafar. Quer participar? Saiba mais em www.cvv.org.br
“Sempre que minha
mãe, irmã e melhores
amigas fazem
aniversário, eu as
PRESENTEIO COM
LÍRIOS. Quando eu
morava em Natal,
perto delas, montava e
entregava os arranjos
pessoalmente. Agora
que me mudei para São
Paulo, tenho de buscar
alternativas. Quando
é para minha mãe, por
exemplo, peço para
minha irmã comprar e
entregar com um cartão
que mando por e-mail.
É como se eu me fi zesse
presente no aroma que
se espalha pela casa,
lembrando-as de quanto
elas são amadas.”
ATALIJA LIMA, 28 anos, jornalista
de São Paulo
PARA FLORES LINDAS POR MAIS TEMPO:
1. Corte o
caule na
diagonal, o que aumenta a superfície em contato com a água, facilitando a absorção.
2. Troque
a água
diariamente, para mantê-la limpa. Use água gelada, para diminuir a presença de bactérias.
3. Proteja o vaso do sol e do vento. E mantenha-o longe de frutas, pois elas liberam o gás etileno, que acelera o envelhecimento das pétalas.
“APROVEITO O FIM DE SEMANA
AO MÁXIMO com a minha namorada:
pedalamos, nadamos e, sempre que
dá, vamos à praia curtir o sol. Aí, na
segunda-feira, chego ao trabalho com
as pilhas recarregadas, levando um
bom astral para os meus colegas.”
RICARDO BATTISTELLA, 47 anos, engenheiro de São Paulo
3 DICAS PARA APROVEITAR SEU TEMPO LIVRE, SEM GASTAR MUITO:1. Em vez de comer em casa, leve a família para um piquenique na praça.2. Visite um amigo que você não vê há tempos.3. Dê uma caminhada sem rumo pela cidade, descobrindo detalhes e cantos que passam despercebidos no dia a dia.
“Sou um motorista
responsável. SEMPRE
DOU PREFERÊNCIA
AO PEDESTRE. Busco
também ser educado
e gentil, por exemplo,
dando passagem aos
outros carros. Ponho
em prática o que aprendi
nos cursos que fi z sobre
direção defensiva e
direção para conduzir
crianças e idosos.”
ANTONIO DOS SANTOS, 63 anos, motorista
de São Paulo
NA CAPITAL PAULISTA
PODERIAM SER EVITADOS SE AS LEIS
FOSSEM RESPEITADAS
E OS MOTORISTAS E
PEDESTRES ANDASSEM
MAIS ATENTOS.
90% DOS ACIDENTES
NO TRÂNSITO
2 2
2
E você? O que faz de bom?
Conte pra gente!Veja nossos contatos
na página 6.
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POR EXEMPLO 1717
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Deixei para a última hora os preparativos para a formatura do meu irmão, na qual eu seria madrinha. Diante da minha indecisão sobre qual penteado fazer, o cabeleireiro já estava perdendo a paciência. Acabei aceitando a sugestão de um “corte da moda”, e me distraí lendo uma revista. Só levantei os olhos quando ele havia acabado. Levei um susto: era um coque com topete horrível! Como não havia tempo para consertar, fui para a festa assim mesmo. Ao ouvir os comentários sobre meu cabelo “diferente”, aprendi a lição: distração no cabeleireiro, nunca mais – é um perigo!
LETÍCIA LOPES, 19 anos, São Paulo
TEXTO DILSON BRANCO, FLÁVIO CARNEIRO E RAFAELA CARVALHO FOTO DANIELA TOVIANSKY
Quando vi......ERA TARDE DEMAIS. POR DESATENÇÃO, TODO MUNDO JÁ ENFRENTOU SURPRESAS. EM GERAL, ELAS SE TORNAM BOAS HISTÓRIAS PARA CONTAR. E LIÇÕES PRECIOSAS PARA NÃO REPETIR O DESLIZE
Peguei um avião para ir ao
casamento da minha sobrinha, no
Rio de Janeiro. Já no fi m do voo, o
piloto anunciou: “Dentro de instantes
estaremos pousando em São Paulo”.
No instante em que percebi que
havia entrado na aeronave errada,
já pude imaginar minha mulher e
minhas fi lhas, que me esperavam
no Rio, fazendo chacota. Tradicional
motivo de piadas lá em casa, minha
ansiedade já havia me levado a
inúmeras distrações, mas nunca
a algo tão inacreditável. Quis ser o
primeiro a entrar no avião e acabei
perdendo a cerimônia. Hoje, eu me
controlo para ser sempre o último da
fi la, e confi ro mil vezes meu bilhete.
JULIO SAMPAIO, 53 anos, Curitiba
Sou jornalista e um dia fui chamada
para fazer uma matéria em Miami,
nos Estados Unidos. Empolgada,
preparei tudo, arrumei as malas e,
na véspera do embarque, fui almoçar
na casa dos meus pais. No meio da
conversa, começamos a comentar
sobre fotos de documentos.
Quando fui mostrar a do meu
passaporte, percebi que ele venceria
exatamente no dia seguinte. Graças
a esse descuido, não pude viajar.
A frustração foi terrível, mas não
durou muito: um dia depois, recebi
uma proposta de emprego incrível,
que exigia começo imediato. Se
tivesse viajado, não poderia aceitar.
NATHÁLIA BUTTI, 24 anos,
São Paulo
Por desatenção da minha tia,
descobri minha vocação. Aos 17
anos, eu passei no vestibular para
letras. Após ser aprovado, precisava
escolher duas habilitações, entre
três opções: inglês, francês e alemão.
Eu nunca havia me interessado pela
cultura germânica, então decidi pelas
duas primeiras. Como o período da
matrícula coincidiu com uma viagem
de férias, pedi a minha tia que a
fi zesse por mim. Quando voltei é que
percebi que, por descuido, ela havia
escolhido inglês e alemão. Tentei
reverter a situação, mas não dava
mais tempo. Decidi encarar. Gostei
tanto que acabei me formando. E há
25 anos sou professor de alemão.
HENRIQUE OLIVEIRA, 52 anos,
São Paulo
Saí da faculdade e fui a um barzinho
com umas amigas, para um encontro
rápido. Acabei bebendo mais do que
o planejado. Lá pelas tantas, meu
celular tocou. Era meu namorado.
Sem imaginar o motivo da chamada,
o convidei para ir até o bar, dizendo
que o lugar estava muito bom. Ele
respondeu: “Eu, meus amigos e
minha família estamos te esperando
até agora para cortar o bolo. E agora
você não está em condições de vir
para cá!”. Eu tinha me esquecido do
aniversário dele! Fui correndo, mas
quando cheguei todos já tinham ido
embora. Ele estava dormindo, com
a porta do quarto trancada. Tive
de passar a noite na sala. E foram
longos dias até reconquistá-lo.
B.R., 25 anos, São Bernardo
do Campo (SP)
Eu já fui fazer compras de carro e
voltei a pé, não me lembrei de levar
meu fi lho ao próprio aniversário e até
esqueci o gato no freezer – ele entrou
enquanto eu limpava as prateleiras e
só foi salvo porque a vizinha ouviu os
miados. Mas nada foi tão assustador
quanto aquele dia no ônibus. Eu
estava com amigas, todas cheias
de sacolas com roupas e alimentos
para doação. Ao ver nossa situação,
um senhor se ofereceu para segurar
meu fi lho, Rafael, que ainda era um
bebê de colo. Fiquei receosa, mas
acabei aceitando. Quando descemos
no ponto, tive aquela sensação de ter
esquecido algo. “Cadê o Rafael!?!” Saí
correndo atrás do ônibus e consegui
resgatá-lo. Uma senhora chegou a
me acusar de abandono! Hoje, nem
mala no bagageiro eu deixo mais.
ANDREA DE OLIVEIRA, 43 anos,
Santos (SP)
VOCÊ SAI DE CASA CORRENDO, ajeita-se ainda no elevador, e só na rua que sente: que estranho está o chão hoje. Olhando para baixo, entende – é porque saiu de pantufas. De outra vez, não foi culpa da pressa, mas da demora: foi aproveitar o tempo livre antes da via-gem para fazer umas ligações... e não ouviu quando anunciaram a saída do seu ônibus. Errar por distração é algo a que todos estamos sujeitos. “Nosso cérebro não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo. Se voltamos nossa mente para conteúdos internos, como lembranças ou preocupações, perdemos o foco no que está acon-tecendo à nossa volta”, afi rma a psicóloga Marisa de Abreu. Mas, como qualquer tipo de falha, esse também pode servir de lição. Além de render boas histórias, como as que você confere a seguir.
O que você já aprendeu com um erro?
Conte pra gente!Veja nossos contatos
na página 6.
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XXXXXXXXXXXXXX18 EM SEU LUGAR18
COMPRAR UM CARRO É O SONHO de muita gen-te. Faz sentido: em muitos casos, ele continua sendo a maneira mais rápida e confortável de ir e vir. Mas, conforme cresce o número de automó-veis nas ruas, tendem a aumentar também os problemas associados a eles. De acordo com pes-quisa da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, os veículos são responsáveis por 77% da poluição nas grandes ci-dades. E os acidentes de trânsito matam 95 pes-soas por dia no país, diz o Ministério da Saúde.
Boa parte dessas mortes resulta de um curio-so fenômeno psicológico: muita gente, quando entra no carro, passa a se sentir superior, o que pode transformar o automóvel numa arma. “O trânsito reproduz valores de uma sociedade que ainda está atrelada a um passado em que alguns
podiam mais do que muitos”, analisa o antropólo-go Roberto DaMatta. Ou seja: na cabeça de muito motorista, só de ter um carro, ele já é melhor que os outros – logo, tem o direito de passar por cima.
O publicitário Thiago Yamabuchi, de 24 anos, conhece esse comportamento na prática. Motorista desde os 18 anos, ele usa o carro até para percorrer os cinco quarteirões entre sua casa e o parque onde costuma correr, em São Caetano do Sul (SP). “No trânsito, todo mundo quer dar uma de espertalhão. Eu mesmo não costumo ser gentil”, admite.
Essa postura é muito prejudicial a quem cos-tuma dividir as ruas com os veículos: os pedes-tres e ciclistas. Para sentir isso na pele, convida-mos Thiago a viver esse outro lado do trânsito. Veja como foi a experiência!
Um dia a péTHIAGO É UM MOTORISTA COMPULSIVO. E, ADMITE, NÃO MUITO
GENTIL. POR UM DIA, ELE SENTIU OS MEDOS E AS VANTAGENS
DE SER PEDESTRE. E VOLTOU DIFERENTE AO VOLANTE TEXTO JAQUELINE LI
1 TRANSPORTE COLETIVO, EU?
Quando fi zemos a proposta,
Thiago fez cara feia. “Não
sei apertar o ‘T’, de térreo,
no elevador do meu prédio.
Já vou automaticamente
no ‘G’, de garagem. Mesmo
para as distâncias curtas,
sempre uso o carro. Para
ir ao trabalho, então, que
fi ca a 25 quilômetros de
casa, nem cogito outra
opção. Ainda mais porque
de manhã sempre estou
de mau humor. Não gosto
de encontrar ninguém.
Entro no carro, ligo o som,
fecho os vidros e me sinto
numa bolha. De transporte
público, tenho de pensar,
logo cedo, que linha pegar,
onde é o ponto, onde fi ca
a escada rolante... Não
gosto.” Mas ele nem tinha
experimentado ainda...
2
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POR EXEMPLO 1919
4 HAJA BRAÇO SOBRE RODAS“O pessoal da reportagem descolou uma
cadeira de rodas para eu sentir como é a situação
de um defi ciente físico. É preciso muita força para
se locomover pelas calçadas irregulares. E a faixa
de pedestre não serve para nada se o meio-fi o não
for rebaixado. Mas, mesmo quando há rampas,
elas são tão malfeitas que só com muita força
se consegue subi-las. Haja braço – e coragem.”
5 UMA “FINA” EDUCATIVA
“Nunca enxerguei o ciclista como
um carro a menos na rua. Para
mim, era um cara devagar na
minha frente – e que ainda por
cima não paga IPVA. De bike, fui
xingado, buzinado e fechado.
Eu me senti um intruso, numa
disputa desleal por espaço. E tive
medo ao perceber quanto estava
vulnerável. Um ônibus passou
a poucos centímetros de mim.
Mais um pouco, ele me derrubava.”
3 FAIXA DE QUEM?“De carro, nunca paro na faixa de pedestres
se não tiver semáforo. Essa gentileza, aliás, me
incomoda muito quando dirijo na praia, onde se
costuma parar e o trânsito congestiona. Como não
temos esse hábito na cidade, não me surpreendi
quando não me deram preferência. Para cruzar,
tive de esperar no meio da via, entre os carros.”
2MAIS RÁPIDO, MAIS BARATO“Caminhei, peguei trem, metrô e ônibus.
E, por incrível que pareça, cheguei ao trabalho mais
rápido do que de carro. Poderia ter dormido meia
hora a mais. Também foi mais barato: gasto, em
média, cerca de 15 reais por dia com gasolina. De
transporte público, calculando ida e volta, foram
dois terços disso.” E dá pra ouvir música igual...
PEQUENAS MUDANÇASA experiência mostrou a Thiago que se fechar dentro do carro não é a única maneira de enfrentar seu mau humor matinal. Numa parada antes de pegar o ônibus, ele fez uma pausa para tomar um suco, o que lhe rendeu o sorriso da foto abaixo. Outra surpresa foi uma loja bacana na mesma quadra da sua casa, que ele só percebeu quando passou a pé por ali. Quando voltou à sua rotina de motorista, a reportagem o acompanhou. Naquele dia, um apagão desligou vários semáforos, em plena hora do rush. Os motoristas urravam ameaças a quem tentasse levar vantagem. Thiago se manteve calmo. Até deu passagem para facilitar o fl uxo. Já parecia um pouco transformado, após passar um dia na pele dos outros.
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QUEM VOCÊ PENSA QUE É?20
LUIZ AMORIM,
50 ANOS DE IDADE
E 38 DE PROFISSÃO,
MANEJANDO CARNES
E FACAS. VAI UMA
PEÇA AÍ, FREGUESA?
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POR EXEMPLO 21
TEXTO KARINA SÉRGIO GOMES FOTOS CRISTIANO TAVARES MARIZ
A gente quer...
LUIZ AMORIM, 50 ANOS, É AÇOUGUEIRO EM BRASÍLIA.
O QUE MAIS VOCÊ DIRIA SOBRE ELE SÓ DE OLHAR?
A) TEM UMA BIBLIOTECA DE 5 MIL TÍTULOS.
B) É AMIGO DE VÁRIOS ARTISTAS.
C) APRENDEU A LER AOS 16 ANOS.
A gente não quer só comida.
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22
AS VITRINES REFRIGERADAS EXIBEM os melho-res cortes da casa, brilhando em vermelho vivo. O cheiro da carne crua toma o ambiente, corren-do pelo ar com o zumbido característico do fre-ezer, que ecoa nos azulejos brancos. Até aí, tudo indica que o açougue de Luiz Amorim é igual aos outros. Mas basta uma observação minimamen-te atenta para perceber que há algo especial ali: prateleiras repletas de livros, à disposição de quem quiser pegar e levar para casa.
Desde que se tornou dono da loja, em 1994, Luiz decidiu oferecer aos clientes não só alimen-to para o corpo, mas também para a mente. Co-meçou com uma dezena de livros, apoiados ao lado do caixa, prontos para ser emprestados, sem cobrança nem burocracia. “Vai 100 gramas de Machado de Assis, freguesa?”, brinca com a clientela. Hoje, ele faz circular, diariamente, um acervo de 5 mil títulos. Além disso, duas vezes ao ano, Luiz promove as Noites Culturais, com apresentações de artistas da cidade e de gran-des nomes da música, como Zé Ramalho e Mil-ton Nascimento. Há também as Quintas Cultu-rais, quando ocorrem debates sobre cultura e lançamentos de livros. Moacyr Scliar e Fernando Morais são alguns dos escritores que já fi zeram noites de autógrafo em pleno açougue.
A ideia de misturar carne e cultura veio dos li-vros do fi lósofo alemão Karl Marx, nos quais Luiz aprendeu que o homem pode transformar a re-alidade em que vive. Foi já maduro que ele teve acesso a essa teoria – que ele vem aprendendo na prática no decorrer de toda a vida. Desde os 7 anos, para ajudar a mãe a criar os seis irmãos, Luiz acei-tava qualquer trabalho: engraxou sapatos, carre-gou carrinhos de feira, trabalhou como pedreiro... Aos 12, foi empregado num açougue – que com-praria 20 anos depois. Aos 16, com renda estável, procurou uma escola para aprender a ler. Um dia, uma professora lhe emprestou um gibi que contava a história dos grandes fi lósofos. No iní-cio, ele não entendeu muito bem. Mas persistiu. E, quando conseguiu extrair signifi cado daquelas letras, conheceu um prazer para a vida toda.
Além da biblioteca no açougue, Luiz criou um projeto que, com o apoio do governo, instalou es-tantes com livros nos pontos de ônibus de Brasí-lia. Qualquer um pode levar as obras para casa, sem fazer fi cha nem nada. Ele estima que já pas-saram mais de 300 mil exemplares pelas pratelei-ras, e garante que 95% dos títulos são devolvidos. “Leitura é hábito. E eu quero espalhar esse costu-me, que mudou minha vida, para todos”, diz.
LUIZ TAMBÉM FORNECE
ALIMENTO PARA A ALMA:
SUA BIBLIOTECA NO
AÇOUGUE E OS PONTOS DE
LEITURA QUE CRIOU NAS
PARADAS DE ÔNIBUS DA
CIDADE FAZEM CIRCULAR
5 MIL LIVROS POR DIA
...leitura e arte.E É PARA ISSO (TAMBÉM)QUE SERVE ESSE AÇOUGUE.
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23
AÇOUGUE É LUGAR DE LIVRO? E por que não? A vigilância sanitária já quis fechar o estabelecimento, por achar essa mistura suspeita. Mas não há lei que impeça. Tem gente que vem só por causa dos livros. O meu açougue é o único em que vegetariano entra!
É POSSÍVEL DESPERTAR O GOSTO PELA LEITURA? Arte é hábito. Se você tem um ambiente que propicia a cultura, não tem como não fi car contaminado. Vários clientes passaram a ler. Alguns já até disseram que se curaram da depressão graças à leitura.
E SEUS EMPREGADOS?Meus funcionários têm de ler pelo menos um livro por mês para ganhar uma bonifi cação.
MAS NÃO BASTA SÓ GARANTIR O ACESSO, NÉ?O acesso é importante, mas a pessoa também tem de tomar a iniciativa. Acho que a maior dica é andar sempre com um livro embaixo do braço. Se você ler de duas a cinco páginas por dia, em um mês vai ter acabado.
COMO LER MUDOU A SUA VIDA? A leitura me deu uma visão mais crítica do mundo. E esse é o papel do açougue cultural: ele não resolve a vida literária de ninguém, mas serve para compartilhar conhecimento, fazer com que as pessoas refl itam.
ENTRE CARNES E LIVROSO açougueiro-literato Luiz Amorim conta como os livros mudaram sua vida e dá ideias a quem quer gostar de ler
Veja se seus
filmes preferidos
são baseados
em livros. Eles
costumam trazer
mais detalhes
sobre a trama.
E você vai se divertir
identificando as
diferenças entre
o que foi escrito
e o que foi gravado.
À força também
vale: estipule
metas de leitura.
“Vou terminar esse
livro neste mês.”
“Vou ler 12 até o fim
do ano.” Logo, a
obrigação vai acabar
se tornando um
prazeroso vício.
APAIXONE-SE VOCÊ TAMBÉM
Vá pelo seu
gosto: procure
por um livro cujo
assunto lhe desperte
interesse. As novas
informações sobre
seu assunto favorito
podem despertar
curiosidade sobre
outros temas, que
levam a novos livros.
“Cada um tem de
descobrir e ler o que
gosta”, diz Luiz.
Os brasileiros leem menos de
livros por ano.Esse é o seu caso? Você pode mudar.
9 em cada 10 cidades têm biblioteca.Mas só 1 em cada 10 pessoas costuma frequentá-las.
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EU CONTRA O MUNDO24
ELES FORAM TACHADOS DE INCAPAZES. POR CAUSA DA ESTATURA, DA COR, DO SEXO, DE UM ERRO, DE UM SENTIMENTO. SERIA PRECISO ENFRENTAR O MUNDO INTEIRO PARA PROVAR O SEU VALOR. ELES LUTARAM. E VENCERAM.
QUANDO OUVIMOS OU USAMOS A PALAVRA “PRECONCEITO”, normalmente ela se refere a algo ruim. A um sentimento que nos torna menos humanos. Na verda-de, o preconceito é natural. E fundamental na organização da nossa espécie, que só sabe viver em sociedade. “Para um grupo existir, é preciso delimitá-lo. O que fa-cilita o encontro e dá sensação de segurança”, afi rma René Gertz, professor de his-tória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. E, para defi nir um grupo, é necessário excluir os diferentes. Julgá-los como ameaça, mesmo que se-jam totalmente desconhecidos. Fazemos isso sem pensar – e desde que nascemos.
Formar uma opinião sem o devido exame crítico não é, por si só, algo ruim. Se você passa por alguém na rua, logo cria uma ideia sobre seu caráter e intenções, baseado apenas na sua fi sionomia, no jeito que anda, na roupa que veste. O pro-blema é quando paramos por aí. Quando nos negamos a conhecer o diferente e nos surpreendermos com o que, em princípio, era impossível enxergar.
Em outras palavras, reconhecer que temos tendência ao preconceito não pode ser justifi cativa para seu lado criminoso: a discriminação. Está na Declaração Uni-versal dos Direitos Humanos: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em digni-dade e direitos”. E também na nossa Constituição: “Todos somos iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. Contrariar essas determinações é impe-dir que os seres humanos atinjam toda sua potencialidade, sejam felizes e contri-buam para construir uma sociedade melhor, na união de todas as suas diferenças.
Essa barreira é enfrentada diariamente por muita gente por variados motivos. Superá-la pode ser a luta de uma vida inteira. Mas vale a pena todos os dias. Confi ra, a seguir, histórias incríveis de pessoas que batalham com todas as suas forças para provar, simplesmente, que merecem as mesmas chances de todo mundo.
TEXTO KARINA SÉRGIO GOMES E JAQUELINE LI
Quem disse que
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PARA SER GRANDE, SÊ INTEIROKÊNIA POTTES,
56 ANOS, SÃO PAULO
Foram 25 “nãos” antes de conseguir o primeiro emprego. Mesmo apresentando seu diploma do curso de enfermagem da Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba (SP), Kênia era recebida com desconfi ança pelos entrevistadores. Ela sabia bem qual era o motivo de tamanha suspeição: seu 1,25 metro de altura. Kênia foi a primeira de sua família a nascer com acondroplasia, um dos tipos mais comuns de nanismo, que atinge uma em cada 15 mil pessoas. O tão esperado “sim” veio na Benefi cência Portuguesa, em São Paulo. Seguido de um alerta: “O hospital não está adaptado para você. É você quem terá de se adaptar”. Kênia tirou de letra. Para examinar os pacientes, usava a escadinha da própria cama. Com truques assim, trabalhou lá por 25 anos. “Sempre precisei provar que era melhor do que os outros. Isso me fez perfeccionista”, diz. Seu marido, Hélio, também é anão. Publicitário aposentado, diz que sofreu menos que a esposa: “Tive a sorte de trabalhar com pessoas com a cabeça mais aberta”. O casal tem uma fi lha, Maria Rita, de 19 anos, que faz faculdade de zootecnia. Da mãe, ela herdou a estatura e a fi bra: “Você só é pequena na altura” foi a lição que sempre ouviu.
VENÇATAMBÉM!
Kênia e Hélio são
responsáveis pela
Associação Gente
Pequena, organização
não governamental
que luta pelos direitos
dos anões. Se você
precisa de ajuda para
vencer o preconceito,
pode falar com eles
por meio do site :
www.ser.anao.nom.br
POR EXEMPLO
EuxMundo.indd 25EuxMundo.indd 25 8/19/11 7:20 PM8/19/11 7:20 PM
COISA DE HOMEM IRLAN SANTOS, 20 ANOS,
RIO DE JANEIRO
O som das sapatilhas estalando no chão da sala ao lado chamou a atenção de Irlan. Aos 10 anos, ele fazia um curso de teatro num programa educacional do governo do Rio de Janeiro. Mas, naquele dia, percebeu que queria era dançar. Começou no sapateado. O professor indicou balé para que ele se aperfeiçoasse. Mas o garoto, que morava no Complexo do Alemão, na periferia do Rio, não tinha como pagar as aulas. Então tentou uma bolsa no Centro de Dança Rio, uma das principais escolas do país. Conseguiu. O pai não gostou nada de ver o fi lho de collant e sapatilhas, nem das piadas dos vizinhos. “Eu também achava que balé era coisa de menina. E não imaginava que pudesse ser uma profi ssão”, confessa Irlan. Só dois anos depois seu Irenildo aceitou ver uma apresentação do fi lho. Nunca mais esqueceu. “Foi muito bonito. Até chorei”, conta. A família fez rifas, pediu dinheiro aos amigos e ao governo, e Irlan foi passando por uma série de escolas e peneiras. Há três anos, foi chamado para estudar no American Ballet Theatre de Nova York, nos Estados Unidos, com tudo pago. Ao entender a beleza dos sonhos de Irlan, Irenildo tornou-se seu maior incentivador: todo dia, às 8h em ponto, ele liga para o fi lho, para despertá-lo e lhe desejar uma boa aula. E Irlan, mais leve com o apoio que tem, salta cada vez mais alto.
Confira algumas
escolas de dança
voltadas para homens:
Abamba, em Campinas
(SP): Tel.: (19) 3289-0651
Cia. Masculina Jair
de Moraes, em Curitiba:
Tel.: (41) 3667-3876
Escola de Dança
de Paracuru (CE):
Tel.: (85) 3344-2090
Homens no Balé,
em Campo Grande:
Tel.: (67) 3355-7730
VENÇA TAMBÉM!
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“Desista de estudar e vá fazer feijoada em casa de branco.” Luislinda ouviu essa frase quando tinha 9 anos, de um professor, ao revelar que não tinha dinheiro para comprar o material escolar. Na mesma hora, respondeu: “Vou estudar até virar juíza e prender gente como você”. Seus pais, uma lavadeira e um motorista de bonde, incentivavam o aprendizado da fi lha. Mas precisavam que ela ajudasse na renda
PROMESSA DE VIDALUISLINDA VALOIS, 69 ANOS, SALVADOR
VENÇATAMBÉM!
Racismo e
discriminação são
crimes. Se você for
vítima, seja por causa
da sua cor, origem,
classe social , religião,
sexo, condição física
ou orientação sexual,
preste queixa em uma
delegacia ou por meio
do Ministério Público.
Ela pode dar origem
a um processo para
punir os responsáveis.
familiar. Luislinda pescou marisco, costurou macacões para presidiários, lavou e passou fraldas. Aos 14 anos, perdeu a mãe. Conseguiu pagar um curso de datilografi a e foi contratada como escrevente. De dia, trabalhava e cuidava dos irmãos; de noite, estudava. Com ajuda de um crédito educativo, formou-se em direito, aos 39 anos. Em 1984, começou a cumprir a promessa que havia feito ainda criança: tornou-se a primeira juíza
negra do Brasil. E, em 1993, proferiu a primeira sentença contra a discriminação racial no país. Além disso, suas iniciativas para agilizar a Justiça, por meio de tribunais itinerantes que privilegiam a conciliação, foram reconhecidas internacionalmente. “O negro já se enxergou, mas ainda falta exigir justiça e educação continuada, para competir em pé de igualdade com o não negro”, afi rma.
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UMA CHANCE PARA MUDARRONALDO MONTEIRO,
52 ANOS, RIO DE JANEIRO
Ronaldo estava preso havia três anos quando recebeu uma visita inesperada: a vítima de um dos sequestros que ele havia planejado. “O senhor Custódio veio me perdoar. E voltou outras vezes. Até doou TVs, para que os internos tivessem acesso a programas de educação”, lembra. “Quando saí em liberdade condicional, ele me ofereceu um emprego com carteira assinada. Trabalhei com ele por dois anos”, completa. Essa oportunidade transformou não só a vida de Ronaldo, como a de centenas de outras pessoas. Ao perceber como era difícil para um ex-presidiário entrar no mercado de trabalho, em 2007 Ronaldo criou a Incubadora de Empreendimentos para Egressos (IEE). A organização não governamental oferece ajuda técnica, psicológica e fi nanceira para que os internos possam planejar e, ao serem libertos, concretizar seus próprios empreendimentos. Mais de 425 iniciativas já foram para a frente, entre elas um salão de beleza, uma padaria e serviços de jardinagem e reciclagem. Dos presidiários libertos no Brasil, 70% reincidem no crime – segundo especialistas, em grande parte por falta de opções para se reintegrar à sociedade. Entre os apoiados pela IEE, o índice de recaídas é de apenas 1%. Nos próximos anos, o projeto deve ser ampliado do Rio de Janeiro para outros oito estados.
VENÇATAMBÉM!
Para saber mais sobre
a IEE, acesse www.
iee-umachance.org.br.
Outras organizações
também atuam na
promoção de iniciativas
para empreendedores
sociais e de baixa renda,
como a Aliança
Empreendedora
(http://bit.ly/bvhUC7)
e a Ashoka
(www.ashoka.org.br).
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POR EXEMPLO 29
Victor olhou-se no espelho e pensou: “Eu sou um monstro!”. Aos 16 anos, havia acabado de ter um beijo roubado por um colega de trabalho. E gostou. Correu para o colo da mãe, Suerda: “Acho que sou bissexual!”. Ela fi ngiu compreensão: “Imagina, fi lho, você deve estar confuso, vai passar”. Não passou. Victor se apaixonou por outro garoto e começou a namorar escondido. Quando descobriu, a mãe perdeu a cabeça. Parou
FELIZES DE NOVO FAMÍLIA REDER, SÃO PAULO
VENÇATAMBÉM!
O Grupo de Pais de
Homossexuais foi
criado em São Paulo,
em 1997, pela escritora
Edith Modesto, com o
objetivo de ajudar
as famílias a entender
e aceitar a orientação
sexual de seus filhos.
Hoje, atende cerca
de 500 pessoas. Para
mais informações,
acesse www.gph.org.br
o carro no meio de uma estrada e saiu caminhando pela faixa, na tentativa de se matar. Quando voltou a si, foi para o hospital. Lá encontrou o marido, o metalúrgico Ricardo, e lhe contou a novidade. Ele acabou internado com uma crise de diabetes. Foi um longo ano até a família se entender. Para isso, contaram com o Grupo de Pais de Homossexuais, voltado para auxiliar quem passa por essa situação. “Só conversando com outras famílias entendi
que amava meu fi lho independentemente da condição sexual dele”, conta Suerda. Hoje, Ricardo, que adora cozinhar, sempre pergunta a Victor se o seu namorado virá para o almoço de domingo. Vinícius, o fi lho mais velho, que já quis bater no namorado do irmão, tornou-se companheiro de balada. E, ao vencer o preconceito, os Reder voltaram a ser uma família feliz – mais do que nunca.
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A PARTIR DA ESQ.: RICARDO, O PAI; VINÍCIUS, O MAIS VELHO;
SUERDA, A MÃE; E VICTOR, O CAÇULA QUE MUDOU TUDO
Você superou uma difi culdade
que parecia impossível?
Conte pra gente!Veja nossos contatos na
página 6.
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Gente que
WASHINGTON CONVENCEU UMA CIDADE INTEIRA
A LIBERTAR SEUS PÁSSAROS. FERNANDA, PAULO
E ALEKSANDRA CUIDAM DE CÃES E GATOS
ABANDONADOS. FAIR DÁ VIDA NOVA A CAVALOS
MALTRATADOS. ELES NÃO GANHAM NADA POR
ISSO. SÓ A SATISFAÇÃO DE TOMAR PARA SI UMA
RESPONSABILIDADE QUE É DE TODOS NÓS
TEXTO DANIELE MARTINS ILUSTRAÇÃO NIK NEVES
ama bicho
PROBLEMA MEU30
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MAGRO, EXAUSTO, CAÍDO NO CHÃO, o cavalo continuava sendo chicoteado por seu dono, numa avenida movimentada de Porto Alegre. Chocado com a cena, o fi lho de Fair Soares telefonou para a mãe, pedindo que ela acionasse ajuda. “Fui até lá, chamei a polícia, fi z um escândalo que saiu até na TV. Aquele show de horrores não podia conti-nuar”, conta a professora aposentada, de 62 anos.
Fair nunca havia tido contato com cavalos. Mas andava reparando em como esses bichos eram maltratados por alguns dos 4 mil carrocei-ros que circulam diariamente pela capital gaú-cha recolhendo lixo reciclável. “Uns usam cor-reia de bicicleta como chicote”, diz. Os animais so-frem com o excesso de carga e a falta de alimento, água e cuidados de saúde. Naquele dia de abril de 2008, ela decidiu tomar esse problema para si.
Meses depois, Fair soube que a prefeitura fa-ria um leilão de cavalos resgatados das ruas. No anúncio, os animais pareciam saudáveis. Ela des-confi ou de que as imagens pudessem ter sido ma-nipuladas. Foi ver os bichos pessoalmente e veri-fi cou que estavam debilitados, alguns cegos e até aleijados. Procurou a Promotoria do Meio Ambien-te para mover uma ação contra a prefeitura. Aca-
bou fazendo um acordo, pelo qual arrematou os 30 cavalos, pelo lance mínimo de 100 reais cada um.
Foi assim que começou a história da ONG Chicote Nunca Mais, criada por Fair e pela ami-ga Márcia Becker. Com o apoio de 400 associados, a instituição mantém um sítio para o qual são levados os cavalos recolhidos pelas autoridades por maus-tratos. Lá, eles são tratados por veteri-nários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que é parceira da iniciativa. Quando estão re-cuperados, os animais são adotados por pessoas que se comprometem a não utilizá-los para tra-ção, esportes nem reprodução. Elas ainda lutam pela punição dos responsáveis pelos crimes. Dá trabalho? Sim. Mas Fair não vê outro jeito. “Só ter pena não resolve. É preciso ter atitude.”
SANTUÁRIO DOS ENJEITADOS
O casal Fernanda Meccia e Paulo Melo tam-bém se cansou de ter pena – e mudou de vida para se dedicar aos animais. Mais especifi camen-te, a uma raça que está longe de despertar a sim-patia da maioria: a de pit bull. “Não é para qual-quer um mesmo. É preciso conhecer seu tempe-ramento, saber impor limites”, afi rma Fernanda.
O abandono aumenta
DEZ VEZES mais em época
de férias
2,5milhõesé o número de animais
abandonados no Brasil
POR EXEMPLO 31
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Há dez anos, quando teve seu primeiro pit bull, Fernanda começou a reparar nos cães des-sa raça abandonados nas ruas. Com o marido, ela passou a recolhê-los, castrá-los e procurar quem os adotasse. Mas era difícil arranjar novos donos, devido à rejeição aos pit bulls, considerados violen-tos. Enquanto não surgia ninguém, eles deixavam os animais em hotéis para cachorros – que, além de caros, nem sempre queriam aceitar os cães. Mesmo com tanto empenho, o casal acabava frus-trado, pois não conseguia fi car perto dos bichos.
Para resolver a questão, empreenderam uma reviravolta: venderam a casa e o restau-rante de Fernanda no Guarujá (SP) e compra-ram um sítio em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, onde moram há um ano e meio. Paulo ain-da trabalha como assessor fi nanceiro, mas está se desligando da função. Querem montar no sítio um hotel especializado em pit bulls. E aproveitam o espaço para abrigar os cães recolhidos das ruas.
A ADVOGADA DOS BICHOS
“As pessoas precisam saber que violência e abu-so contra animais são crimes, de acordo com a Lei 9.605, de Crimes Ambientais”, explica Ana Rita Ta-vares, de 48 anos. Advogada, auditora jurídica do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, em Salva-dor, ela fala com a propriedade de quem, há nove
anos, arranja tempo na agenda para se dedicar, voluntariamente, a fazer valer o que está escrito.
Apaixonada por bichos, ela começou ajudan-do a Associação Brasileira Protetora dos Animais. Desde então, coleciona mais de 150 ações movidas a favor de várias espécies, de galinha a elefante. As denúncias são recebidas pela ONG Terra Verde Vida, que Ana mantém do próprio bolso. Uma de suas maiores vitórias foi convencer os organiza-dores da Lavagem do Bonfi m a não utilizar mais jegues nem cavalos na cerimônia religiosa. Para tanto, fez um documentário mostrando que as cargas puxadas pelos animais eram excessivas.
Mas sua maior paixão são os cães. A ONG mantém um abrigo para mais de 250 cachorros. Os animais vivem soltos, sob os cuidados de pro-fi ssionais contratados para cuidar da limpeza e da alimentação. “Ôxi, se vocês vissem a situação dos bichinhos quando chegam aqui, e a beleza e gratidão deles depois de tratados...”, suspira a ad-vogada. “É o que me faz feliz na vida!”
LIVRES E FELIZES
Quem tem essa mesma adoração por bichos, mas menos tempo e recursos, também pode dar uma grande colaboração. É o que prova a empre-sária e produtora de cinema Aleksandra Zakar-tchouk, de 36 anos. Toda terça-feira à noite ela leva
de dólares é
quanto o comércio ilegal de
animais silvestres movimenta
por ano no Brasil
bilhão1,5
Você encara um problema de todos como seu?
Conte pra gente!Veja nossos contatos
na página 6.
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TAMBÉM É PROBLEMA SEU E VOCÊ PODE AJUDAR. COMEÇA PELOS BICHOS NA SUA CASA. E NA SUA RUA, NO SEU BAIRRO, NA SUA CIDADE...
Comece em casaCuide bem do seu bicho. Alimente-o bem com ração e carinho. Dê banhos e mantenha o espaço limpo. Vacine e visite o veterinário com frequência. Identifi que o animal com coleira, placa ou microchip e registre-o no órgão responsável de sua cidade. Mantenha-o dentro de casa ou do quintal. Para evitar crias indesejadas, é recomendado castrar machos e fêmeas.
Seja responsávelJamais agrida o animal – ele não vai aprender nada com isso. E nunca, nunca abandone seu bicho. Se você não tem mais condições de cuidar dele, procure quem possa. Organizações como a Arca Brasil (www.arcabrasil.org.br) dão orientações sobre como doar animais.
Compre com consciênciaNão compre animais silvestres, como pássaros exóticos, tartarugas e macacos. Eles podem ser fruto do tráfi co de animais. Quanto aos animais domésticos, prefi ra adotá-los a comprá-los. Há milhões de cães e gatos adoráveis precisando de um lar.
Denuncie maus-tratosSe você vir um animal sendo maltratado, seja no circo, seja no vizinho, avise o
Ibama pelo telefone 0800-61-8080, de segunda a sexta, das 8h às 18h, ou pelo e-mail [email protected]. Ou procure a polícia militar (disque 190).
Passe adiantePara ajudar sem sair de casa, fi lie-se aos sites de associações protetoras de animais. Você pode atuar nas redes sociais e entre seus contatos repassando mensagens de pedidos de ajuda, abaixo-assinados, busca de animais perdidos e avisos de bichos para adoção.
Doe o que puderAs associações protetoras costumam aceitar doações de ração e material de limpeza, além de dinheiro. Você também pode se engajar no resgate e no cuidado dos bichos. E até se divertir fazendo isso: informe-se em abrigos e no Centro de Controle de Zoonoses de sua cidade sobre ser um voluntário para passear com os animais que estão presos.
Ajude quem ajudaOs projetos citados nesta matéria aceitam doações. Saiba mais na internet:www.chicotenuncamais.orgwww.santuariopitbull.com.brwww.terraverdeviva.com.brwww.bichonoparque.com.br
comida, água e atenção aos cerca de 150 gatos que vivem soltos num parque de São Paulo. O traba-lho dura duas horas, e são necessários 10 quilos de ração. Todo dia alguém realiza essa tarefa. Os vo-luntários integram o projeto Bicho no Parque. “Eu sofria muito quando via esses animais abandona-dos. Fazer parte dessa iniciativa é uma maneira de diminuir a angústia”, desabafa Aleksandra.
Outra ideia simples, mas que acabou por mu-dar a paisagem de uma cidade inteira, foi a de Washington Moreira Filho, de 45 anos, funcioná-rio dos Correios de Fortuna de Minas (MG). Olhan-do a praça da cidade, de menos de 3 mil habitan-tes, ele se lembrou de como ela era bonita quando vivia tomada pelos canários-da-terra. Mas nos úl-timos tempos os pássaros tinham sumido. Vários foram parar em gaiolas na casa dos moradores.
Washington achou que podia fazer alguma coisa. Em setembro de 2008, imprimiu cartazes e espalhou pela cidade. A polícia ambiental ajudou. Aos poucos, as pessoas perceberam que a ideia era boa e soltaram os pássaros. As aves nascidas em cativeiro, sem condições de viver sozinhas, eram levadas ao zoológico. Algum tempo depois, Fortuna de Minas encheu-se novamente de cor e som. “E as pessoas abriram os olhos para a natu-reza. Hoje, todos apoiam com facilidade os proje-tos ambientais”, comemora Washington.
A pena para os crimes de maus-tratos contra
animais ou tráfi co de espécies
selvagens pode chegar a até
1 ano de prisão
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OFERECER EDUCAÇÃO FINANCEIRA AOS FILHOS É
MAIS DO QUE ENSINÁ-LOS A LIDAR COM O DINHEIRO.
É AJUDÁ-LOS A SER ADULTOS MAIS RESPONSÁVEIS,
CONSCIENTES E CAPAZES DE REALIZAR SEUS SONHOS
VOCÊ PODE ACHAR OU NÃO que dinheiro traz felicidade. Mas, por mais que seja de-sapegado das riquezas materiais, não pode negar: lidamos diariamente com notas, moedas e cartões. E dependemos desses recursos para sobreviver e realizar nossos projetos de vida. Sendo assim, fi ca fácil con-cluir: é impossível ser um bom pai ou mãe sem incluir na educação dos fi lhos uma boa dose de lições fi nanceiras.
A primeira dúvida costuma ser: quan-do começar? “Por volta dos 3 anos, a crian-ça percebe que é preciso dinheiro para com-prar coisas”, diz Alexandre Damiani, diretor executivo do Instituto DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar, Poupar) de Educação Finan-ceira. Desde então, alguns conceitos já po-dem ser treinados. E o melhor jeito de en-sinar é sempre pelo exemplo. “De nada adianta falar que é preciso economizar e sair gastando no shopping ou então pedir um monte de comida no restaurante e dei-xar de lado”, avisa a jornalista Patricia Brog-gi, autora do livro Falando de Grana. “São si-nais contrários que só irão confundir a ca-beça da criança”, completa.
Quando os pequenos têm necessida-de de fazer seus primeiros gastos, como o lanche na escola, os especialistas sugerem que seja instituída a mesada, ou semanada. “É importante ter um dia fi xo para pagá-la. Assim, a criança pode planejar, poupar, fa-zer escolhas”, diz Patricia. Nem sempre es-sas opções serão as mais corretas, mas isso
também faz parte do aprendizado. Os pais devem mostrar que, se gastar tudo de uma vez, não sobrará nada até o próximo rece-bimento. Com o tempo, a prática pode re-sultar não só em aprendizado para os fi lhos, como em economia para a família. “Antes de instituir a mesada, eu gastava cerca de 350 reais por mês com minha fi lha”, conta Alexandre Damiani. “Hoje, eu dou 250, e é sufi ciente, pois, como o dinheiro é dela, ela valoriza mais. Chega até a levar marmita na escola para poupar”, conta.
Ensinar a juntar recursos para realizar sonhos é uma das lições mais importan-tes. “Devemos nos reunir com as crianças e traçar projetos de curto (até 12 meses), mé-dio (até 10 anos) e longo prazo (acima de 10 anos). E mostrar que é preciso poupar para cumpri-los”, afi rma Alexandre. Para isso, o cofrinho é um ótimo instrumento. “Ele aju-da a mostrar que a criança pode ter aqui-lo que quer, mas nem sempre no momento em que deseja”, explica o educador Reinal-do Domingos, também do Instituto DSOP.
Num país como o nosso, em que mais de 63% das famílias estão endividadas (se-gundo dados de julho deste ano, da Con-federação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), ensinar os fi lhos a li-dar com o dinheiro é mais do que colaborar para seu futuro individual: é ajudar a cons-truir uma nação mais consciente. Confi ra a seguir histórias de famílias que já entende-ram a importância dessas lições. ©
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TEXTO FRANÇOISE TERZIAN
Lições de valor
COMO ENSINO
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Quando o paulistano Clodoaldo José da Silva, hoje com 40 anos, sofreu um acidente jogando bola, em 2009, e rompeu o tendão de aquiles, sua vida inteira começou a se transformar. Funcionário da área de manutenção de uma fabricante de impressoras e pai de três fi lhos, ele se viu impedido de trabalhar por 10 meses. A família passou a ser sustentada com a indenização do INSS e a renda da esposa, Josélia, dona de uma pequena papelaria. Com o orçamento apertado, Clodoaldo
O PODER DO COFRINHOFAÇA VOCÊTAMBÉM
O cofrinho é ótimo
para ensinar seu filho
a poupar e planejar.
Ajude-o a estipular
um prazo e uma
meta a ser
acumulada. E dê
o exemplo: abra
uma poupança e
alimente-a com
pequenos depósitos,
para que ele possa
usufruir quando for
maior de idade.
decidiu fazer um curso de educação fi nanceira. Acabou mudando de profi ssão. Hoje é educador do Instituto DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar, Poupar) e repassa as lições que aprendeu não só a seus alunos, mas também a seus fi lhos: Eric, de 14 anos, Larissa, de 11, e Letícia, de 10. Os três são incentivados a poupar 50% da mesada para realizar sonhos a longo prazo. “É importante ajudar a estabelecer metas e as estratégias para chegar lá. Assim, mostramos à criança que, mesmo que demore,
ela vai conseguir aquilo que deseja”, explica Clodoaldo.
A fi lha mais nova poupou durante um ano, com a ajuda do cofrinho dado pelo pai, e juntou 80 reais em moedas para comprar uma coleção de livros da Barbie. Já Larissa, a mais velha, conseguiu economizar 130 reais no mesmo período, superando em muito sua meta inicial, que era de 50 reais. Comprou um tênis, um livro e ainda sobrou dinheiro para a lanchonete.
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Júlia, de 9 anos, e o irmão André, de 8, de Brasília, já realizaram duas vezes o sonho de muita criança: viajar para a Disney, nos Estados Unidos. Mas isso não signifi ca que eles possam esbanjar. Muito pelo contrário. A mãe, a bancária Alessandra Simões, de 40 anos, usa essas ocasiões para desenvolver nos fi lhos a consciência fi nanceira. A segunda viagem, em janeiro deste ano, começou a ser planejada 10 meses antes. Nesse período, os dois economizaram
NO MERCADO E NA DISNEYFAÇA VOCÊTAMBÉM
Não importa o
tamanho do
orçamento da família:
limites são sempre
fundamentais. Não
tenha medo de dizer
“Não temos
condições de
comprar”, “Não é seu
aniversário”, “Não é
porque seu colega
tem que você
também precisa”.
a mesada. Nos aniversários, em vez de presentes, pediram dinheiro. Juntaram cerca de 600 dólares cada um. Chegando ao parque, as lições continuaram. Deslumbrada numa loja de bichinhos de pelúcia, Júlia queria levar quatro de uma vez. “Mostrei a ela que, se fi zesse isso, ia fi car sem dinheiro. Ela entendeu e acabou comprando só um”, lembra Alessandra.
A mãe também aproveita as compras do dia a dia para ensinar a gastar com cautela: “No mercado, peço a ajuda deles para comparar
preços e buscar as ofertas”, diz. Muitas vezes é preciso conter o impulso de agradar. Recentemente, o celular de Júlia desapareceu enquanto a menina participava de um acampamento. Mesmo sendo um item importante para entrar em contato com a fi lha, a mãe preferiu não presenteá-la com outro. Passou a responsabilidade à menina. Júlia aceitou numa boa: “Estou economizando minha mesada para comprar um novo”, conta.
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Você tem um jeito bacana de ensinar algo
aos seus fi lhos?Conte pra gente!
Veja nossos contatos na página 6.
Como Ensino.indd 36Como Ensino.indd 36 8/19/11 7:08 PM8/19/11 7:08 PM
A importância da educação fi nanceira ainda está sendo descoberta no Brasil. Provavelmente, você não ouviu falar sobre isso na escola, e talvez não tenha recebido as devidas orientações dos seus pais. Se você acha que precisa primeiro estudar para então educar seus fi lhos, confi ra algumas dicas de instituições, sites e livros que podem lhe ajudar.
Heitor Akira mal sabia andar quando começou a ouvir falar de educação fi nanceira. Quando seu irmão mais velho, Thiago Eiji, completou 3 anos, os pais – a administradora Regina Torihara, de 35 anos, e o engenheiro André Fernandes, de 39, de São Paulo – decidiram que era hora de começar a falar sobre isso, de forma leve e divertida. Compraram livros como O Pé de Meia Mágico (de Álvaro Modernell, editora Mais Ativos) e passaram a ler aos
SEM DESPERDÍCIOFAÇA VOCÊTAMBÉM
Estimule seus filhos
a doar aquilo de que
não precisam mais.
É, ao mesmo tempo,
uma lição de
solidariedade e de
desapego material.
Procure o Exército
da Salvação (www.exercitodoacoes.org.br), que está
presente em várias
cidades do país.
fi lhos. “Eles foram conquistados pelas ilustrações e acabaram absorvendo, aos poucos, os conceitos”, conta Regina.
Mas as lições não são só teóricas. Na prática, os irmãos aprendem a nunca desperdiçar. Parte das roupas de Thiago, que hoje tem 6 anos, são peças que não servem mais no primo mais velho. Heitor, de 5 anos, por sua vez, herda as roupas do primogênito. “Ele não reclama. Na verdade, até gosta”, conta a mãe. Quando as roupas fi cam pequenas até para o caçula,
são doadas a instituições de caridade. O mesmo acontece com os brinquedos. Um dos grandes desafi os do casal é ensinar aos pequenos que não podemos comprar por impulso. Nesse sentido, um dos costumes do casal é reservar os presentes grandes para datas especiais, como Natal e aniversário. “As crianças têm sempre ao alcance muitas opções para o consumo desenfreado. Precisamos mostrar a elas o valor do dinheiro”, pontua a mãe.
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• Se você está endividado e precisa de auxílio para reorganizar as contas, procure o Procon ou o Tribunal de Justiça: em alguns estados, essas instituições oferecem orientação fi nanceira para quem está no vermelho.
• No site www.tveducacaofi nanceira.com.br você pode assistir, de graça, a vídeos que explicam desde a história do dinheiro até a melhor forma de aplicar na bolsa de valores, passando pela organização dos orçamentos. A iniciativa é uma parceira da TV Cultura e da Bovespa.
COMECE POR VOCÊ
• Há vários livros sobre educação fi nanceira. Procure em bibliotecas e livrarias. Confi ra uma seleção de títulos:
Investimentos: Como Administrar Melhor Seu Dinheiro, de Mauro Halfeld, editora Fundamento
Como Organizar Sua Vida Financeira, de Gustavo Cerbasi, editora Campus
Terapia Financeira, de Reinaldo Domingos, editora DSOP
Como Ensino.indd 37Como Ensino.indd 37 8/19/11 7:06 PM8/19/11 7:06 PM
UMA BIBLIOTECA NA FAVELA.
UMA PRAÇA SURGIDA DO
LIXO. ARTE ONDE ANTES NÃO
HAVIA NADA. EM SÃO PAULO,
BELO HORIZONTE E CURITIBA,
COMUNIDADES SE UNIRAM
PARA COLOCAR MAIS LAZER
NAS RUAS – E ACABARAM
MUDANDO A VIDA DELAS
Se essa rua fosse minha
TUDO COMEÇOU COM UM MAL-ENTENDI-DO. Durante uma entrevista, o famoso ar-quiteto Ruy Othake ouviu a pergunta: o que achava mais feio em São Paulo? “Heli-ópolis”, respondeu. Ele falava daquela que é a segunda maior favela da América Lati-na, na Zona Sul da capital paulista. E justi-fi cou sua escolha explicando que era por-que, naquele lugar, não havia nada.
De fato, depois de anos de ocupação de-sorganizada, abandono público e pobreza, Heliópolis guardava todas as faltas conhe-cidas das periferias das grandes cidades: a falta de saneamento, de segurança, de em-prego, de serviços de saúde, transporte, educação, lazer... Mas, Ruy não sabia ainda, havia outros recursos preciosos de sobra por lá. Como gente dedicada e com boas ideias, querendo fazer diferença.
Do bairro, alguém ouviu a tal entrevista. Era o pessoal da União de Núcleos, Associa-ções e Sociedades de Moradores de Heliópo-lis e São João Clímaco (Unas), uma organiza-ção comunitária que trabalha duro para dar uma vida melhor a quem mora ali. E, no lu-gar de se sentir ofendidos, eles tiveram uma iniciativa melhor: ligaram para o arquiteto e o convidaram para ir conhecer Heliópolis de perto – e ajudá-la, então, a fi car mais bonita.
Foi assim que os moradores, a Unas e Ruy começaram um programa que traria mais espaços de cultura ao bairro. Como a biblioteca comunitária, surgida em 2004, e um dos símbolos da transformação da vizi-nhança. Até então, não havia nenhum espa-ço de incentivo à leitura em Heliópolis, ape-sar de mais da metade da população ser for-mada por jovens com menos de 25 anos.
TEXTO JÉSSICA MARTINELI ILUSTRAÇÕES MAURICIO PIERRO
NÓS PODEMOS38
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FÁBIO E EDSON AJUDAM A MANTER
VIVA A BIBLIOTECA COMUNITÁRIA,
QUE ESTÁ CONTRIBUINDO PARA
MUDAR A CARA DE UMA FAVELA
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40
A FALTA QUE NOS FAZ
De cada 10 brasileiros,
7 NUNCA entraram em uma biblioteca.
De cada 10 cidades brasileiras, 9 não
têm cinema,
museu nem teatro.
Para cada biblioteca pública no Brasil, existem
26salões de beleza e
bares*.172
Uma cidade saudável deve ter 12 m2 de área
verde por habitante, o equivalente ao
espaço de 2 árvores plantadas.
Aracaju, Fortaleza, Maceió, Recife, Salvador e São Paulo têm menos de 5 m2 de verde por pessoa.
FONTES: ABIHPEC, ABRASEL,
IBGE, MINISTÉRIOS DA
CULTURA E DA SAÚDE, ONU,
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL
DE SAÚDE, PREFEITURAS
E GOVERNOS ESTADUAIS.
*BARES, RESTAURANTES E
LANCHONETES HABILITADOS
A VENDER ÁLCOOL.
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“A gente acredita que só vai transfor-mar a comunidade se melhorar a educa-ção. A biblioteca é importante por permi-tir a busca pelo conhecimento por meio do interesse de cada um”, diz Fábio da Sil-va, 32 anos, morador de Heliópolis e diretor de projetos e captação de recursos da Unas. Para fazer o sonho acontecer, a associação traçou um plano. Alugou uma casa, que foi reformada com um projeto do Ruy. Com um fi nanciamento, pagaram as pessoas da co-munidade envolvidas na obra, como os pin-tores. “Consultamos especialistas e estabe-lecemos uma lista de mil livros para come-çar o acervo. Então, fomos atrás de parcerias para consegui-los”, conta Fábio.
Para manter a biblioteca funcionando, a associação buscou outras parcerias com empresas, universidades e governo, que permitiram capacitar, contratar e remune-rar jovens da comunidade para cuidar do lugar. Hoje trabalham ali dois monitores e um coordenador, que aprenderam a higie-nizar os livros, tombá-los e colocá-los à dis-posição dos usuários. Os parceiros ainda contribuem enchendo as prateleiras, gra-ças às doações de livros e revistas.
Edson da Silva, de 25 anos, é o coorde-nador da biblioteca e se apaixonou tanto pelo trabalho que, por iniciativa própria, agora estuda para ser técnico em bibliote-conomia. Com o que aprende no curso, está renovando o sistema de organização dos li-vros. “Queremos fazer da biblioteca um modelo para outras comunidades”, diz. E estão conseguindo: ela já recebeu prêmios e é reconhecida pelo Ministério da Cultura.
Mas o resultado mais importante é ver o espaço receber cerca de 50 pessoas da co-munidade por dia, que aproveitam os 9 mil exemplares dispostos nas prateleiras. Em média, são feitos 17 empréstimos diários. E, em seis anos, houve um único caso de li-vro não devolvido. Mais um estímulo para a abertura de uma nova biblioteca, que já está sendo planejada. Ali, a frase do poeta Mario Quintana que virou slogan da casa faz muito sentido: “Livros não mudam o
mundo. Quem muda o mundo são as pes-soas. Os livros só mudam as pessoas”.
A PRAÇA É NOSSA
O carioca Paulo César da Silva, de 49 anos, mora há uma década no mesmo endere-ço, em Belo Horizonte, a capital mineira. No Jardim Europa, um bairro residencial a meia hora do centro, fi ncou raízes e fez ami-gos. E foi num bate-papo de fi m de semana com alguns de seus vizinhos mais queridos – Ricardo, Vilma e Maria Elvira – que Paulo abriu os olhos para um problema de todos.
“Estávamos sentados em frente a uma praça chamada Creta e nos demos conta de quanto ela estava abandonada”, relem-bra Paulo. A limpeza urbana passava longe dali, e o lixo se acumulava em toda parte. As plantas, coitadas, não tinham nenhum tipo de tratamento, e a pouca grama que resta-va implorava por uma boa rega.
A ideia de arregaçar as mangas e ado-tar a praça bateu na hora. Os amigos fo-ram atrás de mais pessoas que pudessem ajudar, fosse com trabalho, fosse com doa-ções de materiais para revitalizar o lugar. O primeiro passo foi limpar tudo, de vassou-ra e saco de lixo na mão, sem esperar pela prefeitura. Depois, recuperaram as plantas com regas diárias. Com a terra mais saudá-vel, começaram a plantar novas mudas. O calçamento precisava de reforma, mas, na falta do serviço público ou de um especia-lista, eles mesmos remendaram os buracos no piso com massa de cimento.
Tudo ajeitado, foi marcado o dia do mu-tirão da pintura, quando guias, bancos e chão ganharam tons vivos de verde e ama-relo, e árvores e postes foram caiados de branco. Mais vizinhos vieram ajudar, um número que aumenta a cada novo mutirão – desde 2007, a praça já foi repintada cinco vezes. É o próprio grupo de voluntários que escolhe as cores que darão vida ao lugar, por meio de votações democráticas. Quem pode ajuda com dinheiro, e tem quem só ponha a mão na massa no grande dia. “Da última vez, foram mais de 30 pessoas
RICARDO E PAULO CANSARAM DE VER
A PRAÇA DO BAIRRO SER USADA COMO
LIXÃO. E A REFORMA QUE EMPREENDERAM
COM OS AMIGOS MUDOU A PAISAGEM
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mobilizadas e 500 reais arrecadados para a compra de tintas e material de pintura”, conta Ricardo Oliveira, um dos membros do quarteto que começou o movimento e atual responsável por organizar as doações.
Hoje, a praça Creta é referência no bairro e virou notícia na cidade. Para que tudo continue em ordem, o trabalho nun-ca acaba. Paulo, Ricardo, Vilma e Maria Elvi-ra se revezam para varrer a praça inteira to-dos os dias. Também atuam como fi scais da sujeira – quem passa por ali e joga lixo no chão é alertado e convidado a fazer sua par-te também. E, se você se cansa só de pen-sar em fazer algo parecido, é porque nunca viu as crianças brincando ali, diz Ricardo. “É quando sabemos que valeu a pena. Tenho 43 anos e moro no mesmo endereço há 40. Eu sinto prazer em continuar esse trabalho porque vejo a mudança que ele traz.”
AÇÃO ENTRE AMIGOS
Em Curitiba, a capital do Paraná, as ações que o grupo InterluxArteLivre faz não têm lugar certo para acontecer. Pode ser que eles apareçam em uma esquina, no auge do engarrafamento de sexta-feira à noite, levando uma banda de música bem feliz, para arrancar sorrisos de quem está fecha-do dentro do carro. Ou resolvam pintar em um corredor de ônibus subterrâneo, que, de simples lugar de passagem, vira um museu, depois de ter as paredes tomadas por retra-tos gigantes dos passageiros. Talvez este-jam no canteiro no meio da rua, plantando um jardinzinho ou pintando uma ciclovia no calçamento sem pedir licença a ninguém, só para dar mais vida ao bairro.
“Qualquer um pode interferir criati-vamente no ambiente onde vive e, com isso, desenvolver um olhar afetivo pela ci-dade”, explica Goura Nataraj, de 31 anos, um dos integrantes do grupo de amigos que já aprontou essas e outras. Formado em 2002, o Interlux surgiu justamente dessa vonta-de de usar a arte e a música para interagir mais com o mundo. Na turma, tem sociólo-go, fi lósofo, designer, artista plástico, mú-
sico, fotógrafo. As ações costumam reunir o pessoal do grupo, amigos, voluntários e gente que está apenas passando e resolve fi car para dar uma mãozinha. Cada um faz o que sabe melhor e ajuda como pode.
E é fazendo arte que eles reivindicam di-reitos e questionam por que as coisas não podem ser diferentes – e melhores. Em um bairro onde não havia um espaço segu-ro para andar de bicicleta, eles resolveram criar um, sem esperar pelas autoridades. “Marcamos a data do mutirão e, na sema-na anterior, divulgamos uma carta para a comunidade, que pôde participar conosco”, conta Goura. “No dia, enquanto um grupo pintava a ciclovia, outro fazia uma festa.” Esse mesmo espírito guiou a ocupação de um terreno baldio, que costumava ser usa-do no máximo como estacionamento. Nas mãos deles, virou a Praça Pirata. Onde não havia nada, muros foram pintados e um jardim nasceu, plantado em poucas horas. Tudo permeado por encontros entre ami-gos e animadas apresentações de música.
A jardinagem de guerrilha – essa ideia de sair plantando por aí, em espaços públi-cos sem-graça – é um dos fortes do traba-lho do Interlux. O instrutor de paisagismo e jardineiro Ademar Brasileiro, de 42 anos, é um dos coordenadores dessas ações, e cui-da para escolher as espécies certas. “Elas devem ser nativas do local. Por isso, carre-go muitas plantas, e temos o Banco de Bio-diversão, nosso estoque de mudas e semen-tes para plantar, doar e trocar”, conta.
A aventura mais recente do grupo é o Bosque de Sofi a, uma pequena fl oresta que está nascendo junto a uma ciclovia da cida-de. Mais de 60 árvores já foram plantadas, e quem passa por lá nos dias de mutirão aca-ba ajudando espontaneamente. “Um ho-mem que trabalhava em uma construção próxima veio com uma picareta e começou a cavar buracos. Outro dia, alguém deixou uma escultura”, conta Goura. “Você pode não conhecer a pessoa ao lado, mas, quan-do começa a trabalhar pelo bem da cidade, descobre que não está mais sozinho.”
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4 Em frente!Um projeto não acaba na inauguração. É preciso conservá-lo. Defi na os responsáveis pela manutenção do espaço. Planeje escalas de limpeza e procure quem possa fazer os eventuais reparos. Tudo terá custos, por isso faça uma “caixinha”, para que os usuários possam contribuir. Organizar eventos no local também é uma boa forma de levantar recursos e manter o lugar vivo.
JUNTE SUA TURMATODA COMUNIDADE FICA MELHOR COM ESPAÇOS PARA O LAZER. APRENDA OS PASSOS PARA VOCÊ TAMBÉM FAZER ESSA REVOLUÇÃO!
FONTES: BRUNO BOWEN VILAS NOVAS, ARQUITETO E FACILITADOR
DE PRÁTICAS SOCIAIS; INSTITUTO ELOS (WWW.INSTITUTOELOS.
ORG); NADIA SOMEKH, PROFESSORA DA FACULDADE DE
ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE MACKENZIE.
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3 Mãos à obra!Reúna os voluntários e veja quem vai fazer o quê. Faça um planejamento com datas e responsáveis por cada tarefa. Liste o material necessário. Se faltar algo, organize festas e rifas para levantar dinheiro. Peça as autorizações necessárias, como licenças para a prefeitura ou para o dono do espaço. Marque o dia do mutirão. Unir esforços para concluir tudo em um dia é mais empolgante!
1 O que queremos?Junte as pessoas e pesquise o que falta na vizinhança. É uma praça ou uma quadra? Biblioteca, piscina, horta ou salão de eventos? Quem sabe um parquinho ou um cinema? Pode ser a reforma de um lugar abandonado, ou dar um uso melhor a um espaço que já é público, como a escola do bairro. A partir dos desejos, decidam juntos a lista de prioridades.
2 Nós podemos!Escolhido o sonho, verifi que as condições para concretizá-lo. Para não começar do zero, pesquise se há espaços no bairro que podem ser recuperados. Cheque quem está disposto a ajudar, seja com a mão na massa, seja com doações de dinheiro e materiais. Busque apoio com a associação do bairro, a prefeitura, vereadores, ONGs e comerciantes locais.
Siga a lei
Não aja sem autorização. Mesmo com boas intenções, você pode ser multado e até preso por interferir no patrimônio. Informe-se com a prefeitura e a polícia antes.
Compartilhe
O projeto tem de ser coletivo. Deixe que todos votem e usem. Só assim vai ser possível convocar a turma inteira para que trabalhe, contribua e cuide.
QUEM SABE TE ENSINACONSELHOS ÚTEIS NA HORA DE FAZER SEU PROJETO
Plante bem
Estude a vegetação do local antes de plantar qualquer coisa. Espécies que não são dali podem bagunçar o equilíbrio da região. As nativas têm mais chances de crescer fortes e saudáveis.
Pense adiante
O trabalho vale a pena: as famílias ganham diversão, a qualidade de vida melhora, o bairro se valoriza, a segurança aumenta e a convivência se torna mais solidária.
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O TEMPO DE CADA UM44
A MESMA IDADE. ALGUMAS
SEMELHANÇAS. MUITAS
DIFERENÇAS. VEJA O MUNDO
DO PONTO DE VISTA DE
QUEM ESTÁ COM 37 ANOS
TEXTO DANIELA ALMEIDA FOTOS LUCAS LIMA
CINTIA CAPELA
EMPRESÁRIA DE SÃO PAULO,
NASCIDA EM 20/7/1974
“Dos 8 aos 18 anos, fui espectadora na vida. Ainda criança comecei a ganhar peso e, aos 17 anos, atingi os 115 quilos. Passei um ano fazendo dieta e enfrentei dez cirurgias plásticas. Hoje, amo meu corpo. Fiz faculdade de jornalismo, mas percebi que não gostava da profi ssão. Então fui morar na Inglaterra por um tempo. Sem saber nem passar aspirador de pó, lá aprendi a me virar. Comecei a trabalhar como garçonete. Três anos depois, já era o braço direito de um executivo. Percebi que tudo é questão de empenho. De volta ao Brasil, abri minha loja de bijuterias. Moro sozinha. Não penso em me casar nem em ter fi lhos, mas sonho encontrar um amor de verdade.”
CAIO MINEIRODESIGNER DE SÃO PAULO,
NASCIDO EM 28/10/1974
“Quando menino, meu sonho era ser grafi teiro. Na faculdade, fi z design, depois trabalhei com fotografi a. Hoje, eu tenho uma marca de roupas, em que exercito meu gosto pelo desenho, e sou diretor de arte numa agência de publicidade. Dinheiro para mim é conforto. Só me preocupo em ganhar o sufi ciente para não fi car fazendo contas no fi m do mês. Mas, é claro, se um dia eu conseguir comprar um carro V8... Eu sinto que o passar dos anos me trouxe autoconhecimento, sabedoria e tolerância. Mas continuo o mesmo moleque. Moro com meus pais e não tenho pressa em formar família. Vai ser consequência de achar alguém que valha a pena. Não objetivo.”
A vida
HOUVE UMA ÉPOCA em que ter 37 anos signifi -cava estar pela hora da morte. Literalmente. No Brasil de 1910, as pessoas morriam, em média,aos 33 anos. Não era à toa que se costumava casar e formar família antes dos 20. As mu-lheres deviam ser boas mães e donas de casa. Os maridos, provedores do lar.
Um século depois, muita coisa mudou. A expectativa de vida dos brasileiros é de 73 anos. As mulheres empatam forças no merca-do de trabalho e já chefi am mais de um terço das famílias. Os homens, por sua vez, aprende-ram a dividir as tarefas domésticas. Isso quan-do já saíram da casa dos pais: hoje, muita gen-te chega aos 30 e tantos levando uma vida pa-recida com a que tinha aos 20 e poucos. Para as mulheres, porém, é mais difícil adiar os planos de formar família: a partir dos 35 anos, as chan-ces de engravidar começam a diminuir.
Mas a passagem do tempo não pode ser reduzida a uma mera questão biológica. “Es-tamos em constante mutação. Nosso modo de enxergar a vida varia com as nossas expe-riências”, diz o psiquiatra Antonio Jacintho. Ou seja: cada um tem seu tempo, mesmo que a idade seja a mesma. É isso que mostram as histórias a seguir, de pessoas comuns e espe-ciais como todos nós, no auge dos seus 37 anos.
aos
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POR EXEMPLO 45
MAXIMILIANO GUIDOLINITÉCNICO EM ELETRÔNICA DE PORTO
ALEGRE, NASCIDO EM 4/4/1974
“Desde que me casei e tive meu filho, de 4 anos, parei de pensar tanto em mim. O que mais me importa é minha família. Minha maior conquista é poder sustentá-la por conta própria. Mas ainda sonho com um emprego que me dê maior estabilidade. Não por questões materiais. Faz tempo que deixei de me preocupar em ter carro bacana ou o melhor corpo da academia. Tudo que desejo é uma velhice tranquila e uma vida boa para o meu filho. Cresci no tempo da ditadura, mas parece que hoje é ainda mais difícil criar uma criança. É crise, bullying... O que faço é passar o maior tempo possível com o Pablo.”
GABRIELA PIRONDINIEMPRESÁRIA DE CAIEIRAS (SP),
NASCIDA EM 17/6/1974
”Trabalhava havia cinco anos numa fábrica de papel quando percebi que não queria aquela vida. Fui morar na Europa, conheci vários países e me apaixonei por um italiano. Depois de um longo rolo que virou namoro, nos casamos na Itália e tivemos uma fi lha, que está com 3 anos. Há dez meses, nos mudamos para o Brasil. Como ele é arquiteto, abrimos uma pequena empreiteira. Logo em seguida, descobri que estava grávida de um menino. Moramos todos juntos na casa dos meus pais – somos 11 pessoas sob o mesmo teto. Minha maior conquista foi ter formado minha família. A melhor coisa do mundo é ser chamada de mãe.”
SE VOCÊ TEM 37...
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Aos 18 anos, em 1992, saiu às ruas com a cara pintada
(ou apoiou a distância)
pedindo o impeachment do
presidente Fernando Collor.
E enfi m viveu os dias de luta
de que a geração dos seus
pais se orgulhou de enfrentar
nos tempos da ditadura.
Aos 8 anos, em 1982, viu
Michael Jackson estourar
com o álbum Thriller e dançou
em bailinhos a divertida
coreografi a dos mortos-vivos do videoclipe. Reveja
em: http://bit.ly/cmZheG
Chorou no cinema
pela primeira vez na famosa
cena da bicicleta voadora do
clássico E.T., também de 1982.
Usou blusa com ombreira,
calça jeans com o cós alto
e minissaia com legging,
abusando das cores fl uorescentes.
O Almanaque Anos 80,
de Luiz André Alzer
(editora Ediouro), ajuda
a relembrar as pérolas
desse gosto duvidoso!
Já quis trabalhar no
supermercado como
etiquetador de preços,
profi ssão em voga nos
tempos da hiperinfl ação –
e hoje, ainda bem, extinta.
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APRENDA E ENSINE46
OS ANOS DA ESCOLA PASSARAM. Talvez também os da faculdade, e aqueles tem-pos do primeiro emprego, quando a profi s-são ainda era novidade. Hoje em dia, como você aprende? Talvez faça um curso, ou esteja pensando em voltar a estudar. Tal-vez não tenha lembranças tão felizes da época da sala de aula e nem cogite re-tomar os livros. Mas quem disse que só assim a gente aprende? Se você prestar atenção, vai perceber que a vida ao redor oferece mundos de conhecimento. Estão aí mesmo na sua rotina, sem custar nada, sem precisar de professor nem caderno. E podem ensinar lições tão importantes quanto as tradicionais de contas e letras. Que vão ajudar você a se conhecer melhor, a se sentir capaz, a ser mais criativo, a cul-tivar a curiosidade, a ver as coisas de outro jeito. Para ajudar nessa busca, experimen-te nossas sugestões de exercícios para ilu-minar os dias comuns. E lembre-se: depois de aprender, passe adiante. É dividindo que o conhecimento vira sabedoria.
A vida ensinaNÃO É PRECISO UMA SALA DE AULA
PARA ADQUIRIR CONHECIMENTO.
O MUNDO AO SEU REDOR ESTÁ
CHEIO DE OPORTUNIDADES PARA
DESPERTAR SEUS TALENTOS E
DESENVOLVER NOVAS HABILIDADES.
EXERCITE-SE – E, DEPOIS, PASSE
ADIANTE O QUE APRENDEU
TEXTO ROBERTA FARIA ILUSTRAÇÃO PEDRO HAMDAN
VEJO FLORESOBJETIVO: APRENDER A ENXERGAR A BELEZA
COMO: No caminho de casa, recolha as fl ores que encontrar. Elas estão em terrenos baldios, crescem em rachaduras da calçada, nas praças (dessas, pegue apenas as caídas) e nos muros das casas (mas peça licença ao dono do jardim!). Faça um buquê do tamanho que der, coloque num vaso ou num mero copinho de requeijão e enfeite um canto da casa. Repare agora como a beleza pode estar no mais simples – basta saber olhar. O que faz a diferença não é o luxo, mas o cuidado. E essa riqueza qualquer um pode cultivar.
ENSINE: Presenteie alguém com fl ores do seu caminho. Mostre que a gentileza não precisa de motivos para acontecer. E sempre torna a vida (de quem faz e de quem recebe) mais leve e bonita.
QUEM SABE FALAOBJETIVO: SABER MAIS, DE TUDO UM POUCO
COMO: Abra um dicionário ou uma enciclopédia em qualquer página. Leia a primeira palavra ou verbete em que bater o olho. Aprenda seu signifi cado. No decorrer do dia, encontre uma maneira de usá-la em uma conversa. Você vai ampliar não só o seu vocabulário, mas também os seus conhecimentos – e a sua imaginação. As palavras escondem histórias que nos ajudam a entender o mundo, a nos comunicar melhor e a pensar com mais criatividade.
ENSINE: Se alguém não entender o que você disser, explique o signifi cado da palavra. Mas sem ser metido – e sim com o prazer de quem divide uma descoberta fabulosa. A conversa vai render!
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POR EXEMPLO 47
TUDO TEM JEITOOBJETIVO: PROVAR QUE VOCÊ CONSEGUE
COMO: Conserte alguma coisa hoje. Qualquer coisa. O botão despregado da camisa. A lâmpada queimada no corredor. A faca sem fi o. A mesa bamba. A torneira que pinga. Resolva você mesmo, peça ajuda se precisar, leve a um especialista. Mas tome a iniciativa, sem esperar mais. Vai ser um alívio! E, assim, você descobre que é, sim, capaz de resolver os próprios problemas. Comece com os pequenos, e logo os grandes parecerão possíveis também. Um, dois e já!
ENSINE: Resolveu? Agora conte como fez a uma pessoa que esteja passando por algo parecido. Sua experiência é valiosa e pode mudar a vida de alguém. Conselho é bom – especialmente vindo de alguém que se superou. Inspire!
CAÇA AO TESOUROOBJETIVO: VALORIZAR A HERANÇA DA SUA FAMÍLIA
COMO: Aprenda aquela receita que só sua mãe faz. Resgate os velhos cadernos de cozinha de avós e tias, que guardam os segredos dos melhores sabores da sua infância. Puxe a sogra num canto e intime-a: você me ensina como faz aquele pudim? Esse tipo de conhecimento não tem preço: além de encher a barriga, alimenta a alma. E, então, prepare o prato para todos que ama. Ficou com o mesmo sabor? Não? Tudo bem. Continue tentando. Um dia, é da sua receita, adaptada do seu jeito, que vão se lembrar.
ENSINE: Passe adiante a receita para quem a adora, seja da família ou não. Nada de sete chaves! Compartilhar valoriza mais o seu talento do que guardar segredo. E faz muito mais pessoas felizes.
VIAJE NA CIDADEOBJETIVO: TIRAR FÉRIAS TODA SEMANA
COMO: Em um domingo bonito, suba no primeiro ônibus que passar – de preferência, para um lugar que você não conheça. Desça em qualquer rua que pareça curiosa. E saia andando, sem rumo. Observe as pessoas, as casas, o comércio. Sente-se num banco de praça, entre em uma igreja, converse com a moça da padaria. Pare nos lugares mais estranhos ou bonitos, olhe a vista. Seja um turista em sua cidade – e volte para casa cheio de histórias para contar, de lugares que nem sabia que existiam.
ENSINE: Seja um guia. Leve alguém querido para conhecer os lugares que são mais especiais para você: a rua em que cresceu, o parque que adora... Conte as histórias e mostre os cantos incríveis que só você conhece.
O LIVRO DA VIDA
COMO: Escreva suas memórias. Pode ser a biografi a da sua vida ou apenas as lembranças de uma época especial: sua infância, melhores momentos com seus amigos, recordações de um lugar onde você morou. Tente descrever todos os detalhes: como você era, quem estava lá, como se sentiu, o que fez. Resgatar nossa história nos ajuda a reconhecer conquistas e aprendizados. Assim, também descobrimos o que nos importa, onde acertamos e erramos, a quem devemos ser gratos – e do que somos capazes.
ENSINE: Divida o que você escreveu com quem faz parte da sua história. É uma forma de agradecer pelos bons momentos vividos juntos e, quem sabe, de esclarecer coisas difíceis de ser faladas.
OBJETIVO: DESCOBRIR POR QUE VOCÊ É ASSIM
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ESCUTAR A COR DOS PASSARINHOS, carregar água na peneira, testemunhar uma árvore engo-lindo uma nuvem... Isso tudo só é possível num universo de lógica particular, ao qual todos já ti-vemos acesso um dia. Com o tempo, porém, es-quecemos como se chega lá. Para relembrar o ca-minho, a literatura pode ajudar, em obras como Pequeno Príncipe e Alice no País das Maravilhas, ou nos versos pueris do poeta Manoel de Barros. Mas nada é mais efetivo do que se deixar levar pelo raciocínio de quem ainda vive nesse mun-do: as crianças. Elas desconstroem verdades que nos parecem absolutas, enxergam possibilida-des mágicas onde só vemos o comum, apontam o óbvio, o simples e o ridículo das coisas que tan-to complicamos. E assim nos dão preciosas lições sobre a vida, como as das histórias a seguir.
Pequenos mestresO QUE VOCÊ JÁ APRENDEU COM UMA CRIANÇA?
QUEM SE PERMITE ENXERGAR O MUNDO ATRAVÉS
DOS OLHOS INFANTIS REDESCOBRE AS VERDADES
SIMPLES QUE A VIDA ADULTA CISMA EM COMPLICAR
TEXTO JAQUELINE LI FOTOS DAIGO OLIVA
AGRADEÇO48
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Para Clara, até a atividade mais corriqueira é encarada como uma estreia. Ela assiste mil vezes ao mesmo fi lme e SE EMOCIONA COMO SE O VISSE PELA PRIMEIRA VEZ. Desde que nasceu, todos os sábados, a acordo com uma musiquinha. E, nestes seis anos de centenas de sábados, ela desperta com os olhinhos brilhando e o sorriso estampado no rosto, como se a melodia ainda fosse inédita. Hoje, quando anuncio que vamos andar de bicicleta no parque, eu me pego pulando de alegria com ela, comemorando COMO SE FOSSE A MINHA PRIMEIRA VEZ TAMBÉM.AMANDA KARTANAS, 37 anos, São Paulo
Minha neta Carmela, de 3 anos, é a primeira fi lha do Giovanni e da minha nora, Maria. Outro dia, ela se viu refl etida no espelho, sorriu vaidosa e disse: “Oi, Maria Giovanna!”. Então, seguiu: “Hum, acho que é Alice... Oi, Alice!” – provavelmente se lembrando da história do País das Maravilhas, que ouvira dias antes. REFLETI SOBRE SUA SABEDORIA SIMPLES E ÓBVIA: à primeira vista somos apenas um pouco de nosso pai e nossa mãe. Entretanto, numa segunda olhada, NOS REVELAMOS O REFLEXO DAQUILO QUE SOMOS CAPAZES DE IMAGINAR.MARIA ILMA CARUSO, 64 anos, Curitiba
Quando meu fi lho tinha 3 anos, uma bicicleta que estava apoiada numa mesa caiu por cima dele. Corri para acudi-lo. De repente, suas lágrimas deram lugar a um sorriso, que se abriu junto a um olhar fascinado. Ele estava encantado pela luz do sol quebrando-se em fachos de diferentes cores ao ser refl etida pelo aro da bicicleta, que ainda girava. Aprendi ali a estar disponível para EXPERIMENTAR TUDO O QUE A REALIDADE NOS OFERECE num mesmo acontecimento, de bom ou mau.KUSUM TOLEDO, 61 anos, Curitiba
Ter um bebê chegando na família, depois de 14 anos, não é fácil. Eu sempre quis ser um exemplo
para ele, mas nunca imaginei que isso realmente pudesse acontecer. Um dia fui buscá-lo na escola e a professora comentou que o Vincenzo, com 4 anos na época, dissera que gostaria de ser professor de inglês, assim como a irmã mais velha. Confesso que não imaginava o peso que minhas decisões tinham na vida de um ser tão pequeno. Ele me ensinou que NÃO IMPORTA QUÃO SIMPLES OU GRANDIOSAS SÃO NOSSAS ESCOLHAS, elas sempre refl etem o que somos.KAREN PIOVEZAN, 20 anos, Maringá (PR)
Minha fi lha me ensinou a alegria e A RESPONSABILIDADE DE SER UM EXEMPLO PARA ELA. Um dia, eu quebrei uma xícara e estava juntando os cacos, brava. Ela veio pertinho de mim e disse: “Mamãe, não tem problema, eu dou uma nova pra você”, e me ofereceu sua canequinha de brinquedo.MELISSA DÃO, 28 anos, Suzano (SP)
Com 3 anos, de forma simples, objetiva – e dolorida –, minha fi lha me ensinou A IMPORTÂNCIA DE ESCOLHERMOS AS PALAVRAS com cuidado. Tinha uma surpresa esperando por ela no quarto, e eu estava bloqueando sua passagem para que ela não entrasse sem antes tentar adivinhar o que era. Após insistir por um tempo, eu lhe disse: “Tudo bem, se você não sabe o que é, chuta!”. Sem pestanejar, ela deu dois passinhos para trás e pimba!, chutou a minha canela.CELSO TOZZO, 29 anos, Chapecó (SC)
Um dia visitei um colega de trabalho que tinha dois fi lhos. Fiquei perplexo com as broncas que ele dava nas crianças para que não fi zessem bagunça. O clima era de tanta implicância que inventei uma desculpa e fui embora. Ao se despedir, ele me disse: “Vê se aparece, afi nal, somos amigos!”. Ao ouvir isso, a menininha virou-se para o pai e perguntou: “O QUE EU TENHO DE FAZER PARA SER SUA AMIGA TAMBÉM?”. Fui embora
pensativo. Percebi nas palavras inocentes daquela criança de 3 anos O VALOR DO EXEMPLO DOS PAIS. AS ATITUDES DA INTIMIDADE DA FAMÍLIA NOS MARCAM PARA SEMPRE. LUIZ APARECIDO DE GODOY, 46 anos, Avaré (SP)
Ao lado da minha sobrinha Lais, eu APRENDI A ME DEITAR NA GRAMA E PROCURAR NAS NUVENS PELO DINOSSAURO GRANDÃO. A parar para observar as formiguinhas trabalhando. A acompanhar a metamorfose das borboletas – descobri que as lagartas comem folhas e fazem muito, mas muito cocô antes se transformarem em pupa, para só depois fl utuarem no ar, batendo suas asinhas molhadas ao sol. Através dos seus olhinhos de pequena exploradora, VEJO UM MUNDO TOTALMENTE NOVO PARA MIM.ELIANA TÚLIO, 33 anos, Campinas (SP)
Um dia eu coloquei meu sobrinho nas costas, como sempre fazia, e saí correndo. Só não reparei nos fi os do varal à minha frente. Quase morri de susto quando percebi que o pescocinho dele havia fi cado preso numa das cordas. Graças a Deus, nada de grave aconteceu. NAQUELE DIA, APRENDI COM O MURILO COMO O SER HUMANO É FRÁGIL. E não estou falando só dele, mas de mim também, que fi quei apavorado com o risco que ele correu.PEDRO HENRIQUE GALIZA, 26 anos, João Pessoa
Ninguém queria me acompanhar até o feirão de imóveis. Mas, quando falei que iria de trem e metrô, meu afi lhado de 6 anos topou na hora. No trajeto, tudo foi divertido: desde comprar a passagem até se equilibrar no vagão. No fi m do dia, ele falou: “Sabe o que foi mais legal, dinda? Passear com você!”. Ele me fez perceber que MAIS IMPORTANTE QUE O DESTINO É O CAMINHO EM SI, E QUEM O PERCORRE AO NOSSO LADO.GABRIELLE MONICE, 24 anos, Santo André (SP)
AMANDA, EM MAIS UMA MANHÃ COM
CLARA: TODO DIA É COMO SE FOSSE A
PRIMEIRA VEZ
POR EXEMPLO 49
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SEMPRE É TEMPO50
QUANDO FOI A ÚLTIMA VEZ QUE VOCÊ FEZ ALGO
PELA PRIMEIRA VEZ? A QUALQUER MOMENTO,
HÁ ALGO NOVO A APRENDER. SEJA COMO FOR,
ESSAS EXPERIÊNCIAS NOS FAZEM SENTIR VIVOS
TEXTO FLÁVIO CARNEIRO FOTO MICA TOMÉO
Agora eu sei
Achei os morangos bonitos. Nunca tinha comido. Fui provar, mas não gostei: são azedos! Tentei até um coberto com chocolate, mas não melhorou em nada.THALES AUGUSTO SOUTO RODRIGUEZ, 11 anos, São Paulo
Há três meses, eu me tornei mãe pela primeira vez. Depois de encontrar o homem ideal, decidi ter um fi lho aos 41 anos. Não tinha ideia de como seria transformador. Apesar de ter me preparado, muitas coisas me pegaram de surpresa. Tive que mudar radicalmente minha rotina. Só de mamar, são 7 horas por dia! Posso dizer que a antiga Margarete morreu e uma nova nasceu, junto com o meu pequeno Daniel.MARIA MARGARETE DA ROCHA, 41 anos, Rio de Janeiro
O último obstáculo que superei foi subir a escada de casa para o meu quarto. Há sete anos fui atropelada enquanto atravessava na faixa de pedestres. Quando acordei, depois de um mês em coma, não conseguia me mexer nem falar. Desde então, minha vida é o tratamento. Graças a ele, recuperei boa parte dos movimentos e hoje sou mais independente. Mas ainda tenho muitas barreiras para ultrapassar, como ir para a escola sozinha.PALOMA DE ALMEIDA SILVA, 18 anos, São Paulo
Acabei de fazer minha primeira viagem para fora do Brasil. Durante o último ano da faculdade, juntei dinheiro e aprendi espanhol para embarcar rumo à Venezuela e à Colômbia com dois amigos. A viagem durou 24 dias. Como o dinheiro era contado, andei de ônibus, fi quei em albergues, dormi na praia. A comida não era muito boa – só tinha frango assado! Mas realizei meu sonho de conhecer um pouco o mundo.FÁBIO AMORIM, 28 anos, São Paulo
Há dois meses, assinei meu nome pela primeira vez. Com 77 anos de vida, mais de 50 de casada e 14 fi lhos criados, voltei à escola para poder realizar um sonho: me inscrever nas aulas de ginástica para a terceira idade. Agora, eu posso assinar a lista de presença com meu nome, e não mais com a digital. O próximo passo é pegar ônibus sozinha. O mundo está se abrindo para mim.MARIA TENISE VIEIRA, 77 anos, Aquidabã (SE)
E você? Qual foi sua última descoberta?
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