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PROJETOS EM TODO O BRASIL 05 MAI / JUN 2012 100% DO PREÇO DA REVISTA, APÓS OS IMPOSTOS, É DOADO PARA PROJETOS QUE MELHORAM A EDUCAÇÃO NO BRASIL. R$ 2,50 VOCÊ AJUDA:

por exemplo 5

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A POR EXEMPLO é uma revista social da Editora MOL e do Grupo Pão de Açúcar, vendida na rede Extra. O valor de capa, descontados os impostos, é 100% doado às ONGs Parceiros da Educação e Todos Pela Educação, além de outros projetos educacionais. Cada edição inclui, gratuitamente a revista POR EXEMPLO Para Crianças

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PROJETOS EMTODO O BRASIL

05 MAI / JUN 2012

100% DO PREÇO DA REVISTA, APÓS OS IMPOSTOS, É DOADO

PARA PROJETOS QUE MELHORAM A EDUCAÇÃO NO BRASIL.R$ 2,50VOCÊ AJUDA:

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AGRADECIMENTOS: Como Ensino Hacker Clube Garoa (https://garoa.net.br)

FOTO DE CAPA: Samantha Shiraishi, Guilherme Nunes, Enzo e Giorgio

foram fotografados por Daniela Toviansky

Tratamento de imagem Felipe Gressler

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12 18FAÇA O QUE EU FAÇOQual é o seu bom exemplo para fazer do mundo um lugar melhor?

EM SEU LUGARPor um dia, Sheila foi simpática com todos que encontrou. Veja o que ela aprendeu

EU CONTRA O MUNDOCinco histórias de pessoas que fi zeram muito mais do que era sua obrigação. Como Adélia, que mudou a cara de seu bairro

QUEM VOCÊ PENSA QUE É?O empresário Sylas já conheceu o México, a Colômbia, a Índia e a Argélia, entre outros países. Por que você acha que ele precisa viajar tanto pelo mundo?

É QUE SE APRENDELições assimiladas por quem fi ngiu ser quem não é e passou por situações bem constrangedoras

ATENDIMENTO AO LEITOR Meline Silva RECURSOS HUMANOS Diego Nascimento CAPTAÇÃO DE PATROCÍNIO Amanda Rahra ([email protected])

COLABORADORES Alex Xavier (edição de texto), Luana Almeida

(design), Mariana Harder (produção), Felipe Gressler (tratamento

de imagem), Ana Faustino e Júlio Yamamoto (revisão)

APOIO NA REDAÇÃO Amanda Miyuki, Eduardo Bessa,

Juliane Albuquerque, Mariana Bolzani, Olivia Ferraz,

Rita Loiola, Romy Aikawa e Sheila Machado

EDITORA-CHEFE Roberta Faria EDITOR Dilson Branco

REPÓRTERES Jaqueline Li e Jéssica Martineli

ESTAGIÁRIA DE TEXTO Rafaela Carvalho

DIRETORA DE ARTE Claudia Inoue EDITOR DE ARTE Fabio Otubo

COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO E IMAGEM Mica Toméo

ESTAGIÁRIO DE FOTOGRAFIA Thiago Giacobelli

A revista POR EXEMPLO - TODO MUNDO PODE APRENDER. TODO

MUNDO PODE ENSINAR, edição 05, ano 1, é publicada pela Editora

MOL Ltda. A revista é vendida nas lojas da rede Extra nos estados

de Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro,

Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe, Tocantins e no Distrito

Federal. O valor pago pelo preço de capa é, descontados os devidos

impostos, 100% doado a organizações não governamentais que

realizam projetos em prol da educação de qualidade no Brasil.

POR EXEMPLO - TODO MUNDO PODE APRENDER. TODO

MUNDO PODE ENSINAR é impressa em papel LWC 70g

FALE COM A GENTE:[email protected] | (11) 3024-2444

Rua Andrade Fernandes, 303, loft 3, São Paulo/SP - CEP 05449-050

www.revistaporexemplo.com.br

DISTRIBUIÇÃO:Rede Extra

IMPRESSÃO:Gráfi ca Plural

PATROCÍNIO:

DIRETORA EDITORIAL Roberta Faria

DIRETOR EXECUTIVO Rodrigo Pipponzi

DIRETORA DE CRIAÇÃO Claudia Inoue

REALIZAÇÃO: APOIO:

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PROBLEMA MEUConheça gente comum que resolveu diminuir, por conta própria, a falta de moradia no Brasil

COMO ENSINOVeja como três famílias fazem no dia a dia para ensinar seus fi lhos a usar o que há de mais criativo neles

50SEMPRE É TEMPONataly resolveu passar as férias apenas com a sua família. E divertiu-se mais que o esperado

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4438 48

É GOSTOSO E FAZ BEMEstrogonofe, purê e musse: três receitas saborosas que saíram de um projeto social brasileiro reconhecido internacionalmente

APRENDA E ENSINEAntes de sair de casa para ir ao supermercado, descubra pequenas mudanças de hábitos que farão suas compras mais sustentáveis

O TEMPO DE CADA UMDois homens e duas mulheres compartilham a idade e a disposição para fazer algo diferente ao completar 65 anos

NÓS PODEMOSNão adianta apenas reclamar dos engarrafamentos nas ruas. Todos podem fazer sua parte para diminuir os problemas causados pelo trânsito intenso

AGRADEÇOA nossa primeira professora costuma ser a mãe. Qual é a lição mais valiosa que você aprendeu com ela e que faz diferença até hoje?

Você é um exemplo? Tem uma história

para contar?Escreva para a gente.

Se for selecionado, você pode aparecer

na revista – até mesmo na capa!

Veja nossos contatos na página 7.

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DIFÍCIL DIZER QUAL É a história mais admirável entre as que aparecem nesta edição da POR EXEMPLO. Mesmo que a gente leve em conta apenas uma seção, a Eu con-tra o Mundo (pág. 24), a tarefa não alivia muito.

Vejamos: a Adélia Prates transformou radicalmen-te o bairro em que mora e teve participação decisiva na história dos direitos das mulheres no país. O José Roberto Fonseca levou luz, água e fonte de renda para uma das cidades mais miseráveis do sertão. A Tia Dag abriu as portas de casa a menores ameaçados de mor-te. O Sérgio Petrilli trouxe ao Brasil tecnologia de ponta, via SUS, para crianças com câncer. E a Renata Buono já ajudou a salvar mais de 3 mil animais.

Ao conhecer os feitos dessas pessoas, fi ca difícil não dizer que são super-heróis. Mas então vemos quem elas eram antes dessas incríveis realizações: a Adélia não sa-bia ler, tinha três fi lhos pequenos e morava num bairro esquecido da periferia. José era um engenheiro como tantos. Tia Dag, professora. Sérgio, médico de hospital público. E Renata, uma apaixonada por animais.

Todos fi cam doentes, precisam ir ao banco, reclamam dos políticos, gostam de ver um fi lminho... Ou seja: passa-ram e ainda enfrentam os mesmos dramas e alegrias de qualquer pessoa comum. São como eu e você.

Essa é a principal mensagem de suas histórias: não é preciso nascer com um dom raro, nadar no dinheiro, es-tudar nas melhores escolas nem ter todo o tempo livre do mundo para fazer algo notável. Todos podem contribuir.

Provavelmente você não impactará milhares de pes -soas, não ganhará o Nobel nem aparecerá na TV. Mas seu esforço não deixará de ser válido. Pequenas ações já fa-zem a diferença. Você pode ser gentil, como fez a Sheila, na matéria da página 18. Pode tornar-se voluntário, como a Antonieta (pág. 13). Aprender com erros e passar a lição adiante (pág. 17), empenhar-se na educação dos fi lhos (pág. 34), redescobrir-se (pág. 44), não cair no tédio (pág. 50)...

É difícil escolher qual a história mais admirável desta edição. Mas esperamos que você encontre aquela que vai inspirá-lo a responder, na prática, à pergunta que estam-pa nossa capa: “Como você pode ajudar?”. Boa leitura!

Sim, você pode

Equipe da POR EXEMPLO

1- ADÉLIA, NO BAIRRO QUE AJUDOU A TRANSFORMAR (PÁG. 24). 2- EQUIPE DA FOTO DE CAPA. 3- ENZO E GIORGIO MOSTRAM TALENTO ANTES DE SEREM CLICADOS (PÁG. 34). 4- RODRIGO E WIGNOR, GUITARRISTAS DA PÁG. 13 DA EDIÇÃO INFANTIL

CARTA AO LEITOR

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POR EXEMPLO 7POR EXEMPLO 7POR EXEMPLO 7

FALE COM A GENTE!O que você achou da revista? Conte para nós! Divida conosco os seus exemplos também

MANDE UM E-MAIL: contato@ revistaporexemplo.com.br

LIGUE PARA A REDAÇÃO:(11) 3024-2444

VISITE O SITE:www.revistaporexemplo.com.br

FAÇA PARTE DA NOSSA REDE:

No OrkutComunidade Revista POR EXEMPLONo FacebookFan Page Revista POR EXEMPLONo Twitter@por_exemplo

OU ESCREVA UMA CARTA PARA:Revista POR EXEMPLORua Andrade Fernandes, 303, sala 3São Paulo - SP CEP 05449-050

Gostei muito da revista. Deparei com exemplos de superação e atitudes que podem mudar muitas coisas, levando a um convívio social bem melhor, sem preconceitos nem discriminação. Sem sonhos, a vida não tem brilho. Temos de correr riscos para executá-los. Sempre há uma saída, mesmo quando não a enxergamos. Magaiver Leite, Dracena (SP), por carta.

Já virei fã da revista logo no primeiro número. Desde

TRABALHAR NA POR EXEMPLO É UM PRIVILÉGIO. NÃO SÓ

PORQUE LIDAMOS COM HISTÓRIAS DE PESSOAS INCRÍVEIS,

COMO TAMBÉM PELAS CARINHOSAS MENSAGENS VINDAS

DOS LEITORES. OBRIGADO A TODOS QUE ESCREVERAM!

POR EXEMPLO 7

então, não consigo deixar de comprar a cada nova edição! Parabéns por criarem esta excelente publicação!Thatiane Carloto, no Facebook.

Esta revista é muito boa. Parabéns. Eu recomendo.Edson Jazz, no Facebook.

A revista POR EXEMPLO veio fazer a diferença.Antonio Martins, no Facebook.

Amei sua revista de ponta a ponta!Renny Peixoto, 77 anos, por e-mail.

Parabenizo a equipe pelo excelente material da revista. Comprei e foi uma grata surpresa. As matérias nos fazem refl etir, ajudando nosso desenvolvimento. Rodrigo Rangel, de Resende (RJ), por e-mail.

Gostaria de parabenizar a editora pela revista POR EXEMPLO. É divertido e cultural acompanhar o que a redação nos prepara. Minha família é cliente do Extra e também do patrocinador P&G.

Sempre fomos muito bem atendidos e estamos satisfeitos com os produtos, a qualidade e a iniciativa do grupo em realizar e colaborar com movimentos a favor da cultura e de um mundo melhor.Juliano Teixeira, de Jundiaí (SP), por e-mail.

Desde que vi a revista no Extra, me tornei fã de vocês! Ela é leve, com assuntos superinteressantes e que realmente cativam a atenção

dos leitores! Gosto muito da forma positiva como tratam da diversidade, da defi ciência e da superação.Hevlyn Celso, 38 anos, de Guarulhos (SP), por e-mail.

Adorei o jeito como as histórias são contadas. A leitura fl ui de forma agradável e traz grandes lições de vida. É muito bom ainda poder acreditar no ser humano quando conhecemos os exemplos da POR EXEMPLO.Leila Maria Abreu, por e-mail.

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CONTAS ABERTAS8

Por mais famílias

“POR UMA VIDA MAIS FAMÍLIA” é o lema que guia todas as ações da rede Extra. Isso signifi ca oferecer serviços e produtos que ajudem você a passar mo-mentos incríveis com quem mais ama. Mas, com sua ajuda, o Extra vai além: por meio de uma série de iniciativas sociais, realizadas no decorrer de todo o ano, contribui com o bem-estar de muito mais gente. “Pela nossa capilaridade e poder econômico, podemos fazer mais, por mais famílias”, explica o diretor de operações Jorge Faiçal.

As campanhas têm a intenção de fortalecer o vínculo do Extra com as comunidades onde as lojas da rede estão situadas, oferecendo oportu-nidades para que os clientes participem de ações sociais sérias. “Temos o cuidado de nos associar-mos apenas a entidades idôneas”, diz Jorge. As ini-ciativas são de três tipos: emergenciais, de arre-cadação e de produtos sociais.

As emergenciais são realizadas quando algu-ma cidade ou região do país passa por uma tragé-dia e precisa de ajuda para se recuperar. As lojas da rede funcionam como pontos de arrecadação de produtos doados pelos clientes. No ano passa-do, a região serrana do Rio de Janeiro, impacta-da por fortes chuvas, recebeu 1.450 toneladas de

AS CAMPANHAS COMEÇAM COM O PRÓPRIO CLIENTE, NAS LOJAS DO EXTRA (1) E UTILIZAM A LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO DA REDE(2) PARA CHEGAR ATÉ AS COMUNIDADES QUE MAIS NECESSITAM (3)

O EXTRA REALIZA VÁRIOS PROJETOS SOCIAIS QUE BENEFICIAM COMUNIDADES DE TODO O PAÍS. MAS ELES DEPENDEM DA SUA AJUDA. CONFIRA E COLABORE!

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POR EXEMPLO 9

donativos. Em 2010, 1,5 mil cestas básicas e 365 to-neladas de outros itens foram encaminhados às vítimas dos desmoronamentos e enchentes em Angra dos Reis (RJ) e São Luiz do Paraitinga (SP).

As campanhas de arrecadação seguem uma di-nâmica parecida, utilizando as lojas da rede como pontos de coleta. Mas, nesse caso, as doações são encaminhadas a instituições na própria comunida-de em que a fi lial está presente. São três ações, que acontecem todo ano: campanha do livro, do agasa-lho e de brinquedos. Até 2011, 600 entidades foram benefi ciadas. Só no ano passado foram 135 mil livros, 162 mil peças de roupa e 21 mil brinquedos doados.

Nas ações de produtos sociais, o Extra destina parte da venda de determinados itens para impor-tantes causas. No ano passado, por exemplo, 114 lo-jas participaram das campanhas Pizza do Bem e Mês do Pão, que, juntas, arrecadaram 58 mil reaispara a ONG Amigos do Bem, que apoia comunida-des carentes do sertão nordestino. Essa mesma en-tidade recebeu mais de 170 mil toneladas de ali-mentos, doadas por clientes de oito fi liais.

Também em 2011, o Festival do Iogurte e a Campanha Automotiva levantaram, respectiva-mente, 80 mil e 60 mil reais em benefício da Casa Hope e do Instituto Ingo Hoffman, que assistem jovens pacientes na luta contra o câncer. Já a ação Mundo dos Sonhos, no mês das crianças, resultou na doação de um caminhão de brinquedos e na realização de uma festa para meninos e meninas em parceira com a Fundação Abrinq.

Em 2012, as ações sociais do Extra já tiveram iní-cio. O Panetone Solidário arrecadou 26 mil reais ape-nas nos meses de janeiro e fevereiro. E a coleta da Amigos do Bem teve sua primeira ação em março, com a arrecadação de 64 toneladas de alimentos. Confi ra abaixo as datas das próximas iniciativas. Participe e ajude famílias de todo o país!

CAMPANHAS SOCIAIS DO EXTRA EM 2012

MAIO E JUNHO • ARRECADAÇÃO DE AGASALHOS

OUTUBRO E NOVEMBRO • ARRECADAÇÃO DE BRINQUEDOS

NO DECORRER DO ANO • PANETONE SOLIDÁRIO • COLETA DE ALIMENTOS PARA A ONG AMIGOS DO BEM• SACOLA RETORNÁVEL (RENDA REVERTIDA À CASA HOPE)

São 470 pontos de venda, entre hipermercados, supermercados e drogarias, em 16 estados de todas as regiões do país, maiso Distrito Federal

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A POR EXEMPLOÉ VENDIDA COMEXCLUSIVIDADE PELO CORREALIZADOR

DO PROJETO,COM O

APOIO DO

O valor que você paga pela revista, descontados os impostos, é 100% doado para projetos que melhoram a educação no país

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O DINHEIRO

É DOADO A DUAS INSTITUIÇÕES:

E PARA OUTROS PROJETOS

EM TODO O PAÍS

CONFIRA QUEM SÃO OS PARCEIROS ENVOLVIDOS NO PROJETO E VEJA A IMPORTÂNCIA DA SUA PARTICIPAÇÃO

COMO FUNCIONAA POR EXEMPLO?

Ainda há cotas disponíveis! Escreva para [email protected] e informe-se

GRANDES EMPRESAS

PATROCINAMO PROJETO:

1

A Editora MOL acredita que a gente só vai fazer a diferença no mundo se realizar as coisas de um modo diferente

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COM ESSES RECURSOS,

A REVISTAÉ PRODUZIDA

PELA

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1010

Obrigado pelo seu apoio!CONHEÇA QUEM VOCÊ AJUDA AO COMPRAR A POR EXEMPLO

Ajuda a criar e manter

parcerias entre

empresas e escolas

150 escolas benefi ciadas desde 2005, nos estados de SP, RJ, GO, RS e CE

Luta por MAIS ACESSO à escola e pela melhoria do ensino

Articulou a aprovação da emenda constitucional que ampliou a faixa etária com vaga garantida na escola de 7 a 14 anos para 4 a 17 anos

CONQUISTAR O APOIO de juízes, promotores e defensores públi-

cos para a causa da educação. É com essa meta que a coordenado-

ra geral do Todos pela Educação, Andrea Bergamaschi, de 38 anos,

tem trabalhado recentemente. Ela está se dedicando ao projeto

Justiça pela Qualidade da Educação, que quer ajudar os profi ssio-

nais do direito a entender melhor a situação do ensino no país, e

assim colaborar de forma mais efetiva para seu avanço. O projeto

inclui o lançamento de uma publicação, neste ano, e a realização de

ofi cinas, em 2013. “Educação de qualidade é um direito que não está

sendo plenamente cumprido. É por isso que lutamos”, afi rma.

DANIEL DE FREITAS, de 17 anos, fi cou perplexo quando voltou às

aulas após as férias, em 2004. A Parceiros da Educação acabava de

chegar na E. E. Luis Gonzaga Travassos da Rosa, em São Paulo, onde

o garoto cursou os ensinos fundamental e médio. Ele conta que as

melhorias não foram só físicas: “O método mudou, incluindo simu-

lados do Enem e vestibular”. Além disso, alguns alunos ganharam

bolsas para estudar inglês em escola particular. Daniel foi um deles.

E se dedicou tanto que venceu 6 mil candidatos de todo o país e foi

convidado pela embaixada americana a passar 21 dias no país.

“Visitei a Nasa, a Casa Branca e conheci a Hillary Clinton”, diz.

TODOS PELA EDUCAÇÃO PARCEIROS DA EDUCAÇÃO(www.parceirosdaeducacao.org.br)(www.todospelaeducacao.org.br)

MUITO PRECISA SER FEITO PARA MELHORAR A EDUCAÇÃO NO BRASIL. AO COMPRAR A POR EXEMPLO, VOCÊ COLABORA. VEJA ALGUNS NÚMEROS QUE ESTAMOS AJUDANDO A TRANSFORMAR

PRECISA MUDAR

O BRASIL INVESTE

MENOS DE 5% DO PIBEM EDUCAÇÃO

SÓ METADE DOS BRASILEIROS COM ATÉ 19 ANOS CONCLUIU O ENSINO MÉDIO

FONTES: TODOS PELA EDUCAÇÃO E PROGRAMA INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO DE ALUNOS (PISA)

Hoje, mantém 80 parcerias, todas no estado de SP, benefi ciando

mais de 100 mil alunos

92% das escolas parceirasde 1ª a 5ª série bateram a média

do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)

Monitora indicadores, realiza campanhas de mobilização, leva o tema da educação à mídia e articula a iniciativa privada, a sociedade civil e o poder público

Trabalha pela educação em âmbito nacional

– ENTRE 65 PAÍSES – É A POSIÇÃO BRASILEIRA

NO PRINCIPAL RANKING EDUCACIONAL DO MUNDO,ATRÁS DE TRINIDAD E TOBAGO

$ 53ª

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* Vs. fraldas do mesmo segmento.

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Para que ele possa seguir seu dedinho sem interrupções.

Pampers Total Confort tem laterais elásticas que esticam e se ajustam

melhor onde seu bebê mais precisa*, ajudando a evitar vazamentos, para

que nada o atrapalhe na hora de brincar.

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FAÇA O QUE EU FAÇO12

Qual é seu bom

exemplo?TODO MUNDO FAZ ALGUMA COISA QUE

PODE INSPIRAR O MUNDO A SER UM

LUGAR MELHOR. CONFIRA – E AJUDE A

PASSAR ADIANTE – OS BONS EXEMPLOS

DOS ENTREVISTADOS A SEGUIR

TEXTO ADRIANA CAITANO, DILSON BRANCO,

JUCIANA GURGEL E RAFAELA CARVALHO

2

“Poupo luz e água. Não deixo a TV ligada à toa, apago as lâmpadas quando não estão sendo usadas e só deixo a torneira aberta quando necessário. Cobro minha mulher e meus amigos para que sigam o exemplo. Pequenas economias, somadas, fazem grande diferença.” VALDIMAR DA SILVA, 32 anos, ajudante de carpinteiro de Planaltina (DF)

DIVERSIDADE DO BEMSabia que variar o cardápio de frutas, verduras e legumes que você come também é um hábito sustentável? Isso incentiva uma agricultura diversifi cada, o que melhora a qualidade do solo, reduz emissões de gás carbônico e gera mais renda ao homem do campo. Além disso, faz bem para a sua saúde, devido à diversidade de nutrientes.

25% DE ENERGIA

POUPADA POR

MÊS É IGUAL A

R$ 150 MIL ECONOMIZADOS EM 70 ANOS1

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POR EXEMPLO 13

“Aproveito a natureza. Acordo cedo para ver o nascer do sol e gosto de observar o mar. Isso me ajuda a refl etir sobre a vida, ouvir a mim mesmo e tomar decisões de forma mais centrada.”CAIO FILIPE PAIVA, 21 anos, estudante de Fortaleza

VISTAS ESPETACULARESVocê gosta de paisagens naturais? Confi ra o documentário Home (França, 2009), do diretor Yann Arthus-Bertrand, feito inteiramente com imagens aéreas de mais de 50 países mundo afora. O vídeo está disponível de graça, na íntegra, na internet: bit.ly/l4n8IT

“Foi só após sair da casa dos meus pais que descobri: sou um ótimo cozinheiro! Minha especialidade é lasanha. O segredo é simples: não economizar no recheio!”BENJAMIN ANTUNES ROZA, 30 anos, segurança de São Paulo

LASANHA COR-DE-ROSA2

Reaproveite talos de beterraba para fazer uma massa diferente para lasanha ou panquecas.

Ingredientes:• 1 xícara (chá) de talos de beterraba• 1 xícara (chá) de farinha de trigo• 1/2 xícara (chá) de leite• 1 xícara (chá) de água• 1 ovo• 1 colher (sopa) de margarina• 3 colheres (sopa) de óleo• sal a gosto

Modo de preparo:Bata todos os ingredientes no liquidifi cador. Despeje pequenas porções da mistura, uma a uma, numa frigideira untada, e frite até formar massas redondas.

“Há seis anos, eu me vi sozinha em casa, após meus fi lhos casarem.

Então resolvi me tornar voluntária de uma

associação benefi cente. Organizo bingos, festas e

outros eventos para arrecadar recursos que

são doados a quem precisa. Trabalhar pelos

outros é uma das melhores coisas que

já fi z na vida!”ANTONIETA RITA

NIGLEA, 61 anos, dona de casa de São Paulo 3 DICAS PARA SER UM BOM VOLUNTÁRIO

1. Procure uma entidade com a qual você se identifi que.2. Se não der certo, considere tentar outra atividade na mesma instituição, antes de partir para outra.

3. Não espere ser paparicado só porque está agindo de boa vontade. Esteja preparado para críticas e exigências.

Veja mais dicas na página 23.

ORDEM NA COZINHAConfi ra 3 dicas para organizar sua geladeira.1. Planeje-se e compre apenas o necessário, para não ocupar espaços em vão .

2. Reúna os itens que você costuma consumir juntos (como as frutas e frios do café da manhã), para facilitar sua retirada.

3. Deixe os produtos que você usa mais à mão, na parte da frente das prateleiras.

“O meu exemplo é a organização. Deixar tudo no local certo facilita nossa vida: poupamos tempo procurando pelas coisas e elas ainda tendem a durar mais.”MARIA LIDUÍNA DE SOUSA, 39 anos, secretária do lar de Fortaleza

© FOTOS 1 FILIPE ACÁCIO 2 CRISTIANO MARIZ 3 MARIANA HARDER

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“Meu principal meio de transporte é a bicicleta. Evito congestionamentos e ainda faço exercício. Além disso, reparo em ruas e casas que, de carro, não se percebe. É um exemplo que tento passar adiante, pois faz bem à cidade.”SAMUEL MENEZES, 25 anos, designer gráfi co de Fortaleza

“Minha família sempre leva um brinquedo ou peça de roupa no carro. Se passamos por uma criança precisando de ajuda, doamos. Além disso, no fi m do ano, dou uma geral no guarda-roupas e passo adiante o que não uso mais.”NATHALIA DALL BELLO, 14 anos, estudante de São Paulo

DOE SEM SAIR DE CASAEm São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, o Exército da Salvação recolhe na sua casa roupas, brinquedos, livros e eletrônicos. A venda em bazares ajuda crianças, jovens e idosos em vários estados. ligue para (11) 4003-2299 ou acesse www.exercitodoacoes.org.br

FONTES: 1 INSTITUTO AKATU; 2 ALIMENTE-SE BEM - SERVIÇO SOCIAL DA

INDÚSTRIA - DEPARTAMENTO REGIONAL SÃO PAULO; 3 PESQUISA SOBRE

RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA, NIELSEN (2011); 4 EMBRAPA

3 DICAS PARA PEDALAR1. Campainha, retrovisor e sinalização dianteira, traseira, lateral e nos pedais são obrigatórios.

2. Mantenha-se à direita e nunca ande na contramão.

3. Sinalize com o braço quando for mudar de faixa ou fazer conversão.

Leia mais sobre trânsito na pág. 38.

74% DOS BRASILEIROS VALORIZAM EMPRESAS COM INICIATIVAS SUSTENTÁVEIS3

COMPRA CONSCIENTE• Carne: procure fornecedores que apoiam o Pacto pela Erradicação do Trabalho Escravo: bit.ly/b2G1Lm

• Madeira e papel: prefi ra produtos com o selo FSC, que certifi ca manejo fl orestal responsável: bit.ly/HidM6j

• Eletrônicos: busque o selo Procel de efi ciência energética: bit.ly/GUWC1b

No mercado, só compro a quantidade necessária de produtos, para não desperdiçar. E também procuro priorizar as marcas que estejam ligadas a projetos sociais.”REGINA HELENA CARLINI, 58 anos, secretária de São Paulo

© FOTOS 1 FILIPE ACÁCIO 2 CRISTIANO MARIZ 3 MARIANA HARDER

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POR EXEMPLO 15

“Adoro legumes e verduras, principalmente alface. Às vezes, eu pego um pote cheio de folhas e como vendo TV. Gosto do sabor e me sinto melhor do que quando me alimento de frituras.”LORENZO DE CASTRO, 10 anos, estudante de Fortaleza

”Sempre que alguém faz algo por mim, agradeço. É uma questão de educação e respeito. E se me pedem ajuda, faço o que posso. Se precisar, chamo alguém que auxilie mais do que eu. Ninguém merece ser destratado.”LAYANA AMARO, 20 anos, vendedora de Valparaíso (GO)

A L FA C E É FONTE DE C Á L C I O E

VITAMINA A4

DIA DA BOA AÇÃOComo é passar um dia sendo gentil com todos? Veja como se saiu nossa entrevistada Sheila Machado, no texto da página 18.

“Sempre tive o hábito de cozinhar para a minha família, desde que meus fi lhos eram pequenos. Agora, tenho também genro e netos. Fico realizada ao ver que todos esperam por mais uma refeição minha e ao perceber que ajudo a manter minha família unida.”ISABEL GROHMANN, 83 anos, dona de casa de São Paulo

DELÍCIA DE ROCAMBOLE2

Ingredientes:

• 500 g de pernil ou frango moído• 3 ovos• sal e pimenta a gosto• 2 colheres (sopa) de farinha de rosca• 2 xícaras (chá) de cenoura cozida em tiras • 20 g de bacon• 1/2 colher (sopa) de margarinaModo de preparo:Misture a carne, um ovo cru, o sal, a pimenta e a farinha. Amasse bem. Abra sobre um plástico e recheie com cenoura, um ovo cozido picado e o bacon. Enrole, coloque na assadeira untada, pincele com um ovo batido e asse até o ponto desejado.

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5

LEGADOS MATERNOS O que você aprendeu com sua mãe? Confi ra uma série de depoimentos sobre este tema na matéria da página 48.

“Minha mãe me ensinou que devemos ser donos das nossas conquistas. Não devemos passar sobre os outros para alcançar nossos objetivos. Ponho isso em prática, passei esse valor aos meus fi lhos e fi co orgulhoso de vê-los levando adiante essa lição.”BENEDITO ADÃO ROSA, 63 anos, vendedor de chapéus de São Paulo

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16 É QUE SE APRENDE

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TEXTO JUCIANA GURGEL E RAFAELA CARVALHO FOTO DANIELA TOVIANSKY

“Xá” comigo!ÀS VEZES, FINGIMOS SER QUEM NÃO SOMOS. MENTIMOS CONHECER

O QUE IGNORAMOS. PROMETEMOS MAIS DO QUE CONSEGUIMOS

CUMPRIR. A INTENÇÃO PODE SER DAS MELHORES, MAS, MESMO

ASSIM, UMA HORA A MÁSCARA CAI. CONHEÇA AS DIVERTIDAS

HISTÓRIAS DE QUEM APRENDEU NA PRÁTICA QUE NADA É

MELHOR DO QUE SERMOS SINCEROS SOBRE NÓS MESMOS

Fui convidada para jantar com meus chefes num restaurante de luxo. Falei que não teria nenhum problema com as regras de etiqueta. Mas, quando deparei com a mesa cheia de copos e talheres, fi quei perdida. Cometi várias gafes. Por educação, eles fi ngiram não perceber. Mas a vergonha que passei serviu para eu me preparar melhor para situações como essas.RAQUEL NEVES, 20 anos, Fortaleza

Eu era professora de jazz e resolvi marcar uma apresentação da turma. Por falta de tempo, ensaiamos poucas vezes, mas achei que já seria sufi ciente. No dia do espetáculo, porém, foi um desastre: cada menina ia para um lado diferente, nada estava sincronizado. Naquele dia, aprendi a importância de um treino benfeito. VALÉRIA TEIXEIRA, 54 anos, Goiânia

Quando fui à Inglaterra, um mendigo me pediu esmola. Tinha dinheiro contado para a viagem e menti que não falava inglês. Então ele perguntou de

onde eu era, e menti ser da França. Mas aí ele começou a falar em francês comigo... Acabei lhe dando dinheiro.DAVID LEIPNITZ, 26 anos, Brasília

Minha fi lha ganhou de aniversário uma boneca com que sonhava havia muito tempo. Para mostrar que eu era habilidoso, fui ensiná-la a brincar. Mas quebrei o brinquedo antes mesmo que ela o pegasse! Prometi nunca mais mexer nas coisas dela.WALTER FERRAZ, 53 anos, São Paulo

Eu estudava nutrição e conheci um menino superculto. Para conquistá-lo, me fi z de entendida em comida. Ele me passou várias receitas de frutos do mar e menti que já tinha provado, sem mencionar que sou alérgica. Um dia, ele me preparou um desses pratos. Eu mastigava e tentava tirar da boca com o guardanapo. Ele notou, lógico... Rimos, pedimos uma pizza, e percebi que não tinha o menor motivo para ter mentido.MARIANA OLIVEIRA SILVA, 23 anos, Goiânia

Eu era formada em educação física, mas nunca havia trabalhado na área. Numa entrevista de emprego, menti que tinha experiência. No primeiro dia, a coordenadora disse que eu daria aula de dança para os “D. A.”. Fingi que entendi a sigla. Coloquei música, ensinei os passos, mas ninguém me seguiu. Então os alunos viraram a caixa de som para o chão. Aí entendi que D. A. signifi ca defi ciente auditivo, e que eles precisam sentir a vibração da música para dançar.JUSSARA ANTUNES, 50 anos, Presidente Prudente (SP)

Quis fi ngir para minha namorada que sabia cozinhar e a convidei para um jantar especial. Mas trapaceei: sem dizer nada, fi z uma sopa instantânea para ela. Ia tudo bem, até que ela achou a embalagem na lixeira... Na hora, fi cou irritada, mas me perdoou e estamos juntos. E desde então estou me preparando para cumprir a promessa de lhe preparar um prato de verdade.LÚCIO DE OLIVEIRA, 31 anos, Jundiaí (SP)

O que você já aprendeu

com um erro?Conte para a gente!

Veja nossos contatos na página 7.

Minha prima queria fazer a sobrancelha para ir a uma festa. Falei que eu poderia ajudá-la sem problemas, pois achei que seria fácil. Mas o resultado fi cou tão ruim que a única solução foi raspar tudo. Demorou seis meses para os pelos crescerem – e quase o dobro disso para ela voltar a falar comigo!RENATA CRISTINA, 27 anos, São Paulo

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POR EXEMPLO

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EM SEU LUGAR18

O dia dagentileza

É UMA ARMADILHA dos tempos modernos. Mesmo quem faz questão de ser sempre educado, algumas vezes, por distração ou falta de tempo, acaba agindo de forma menos gentil do que gostaria. “O ser humano está pressionado. Há muitas informa-ções negativas e demandas. As pessoas acabam voltadas para si e as relações esfriam”, afi rma a psicóloga Sâmia Simurro, da Associação Brasileira de Qualidade de Vida.

Principalmente nos grandes centros urbanos, outro fator mina a cordialidade – a violência. “Em cidades com alto índice de criminalidade, a tendência é que as pessoas fi quem menos pro-pensas ao contato com os outros”, diz Ronaldo Pilati, psicólogo social da Universidade de Brasília.

A publicitária Sheila Machado, de 27 anos, de São Paulo, sabe bem como é tudo isso. “Já fui vítima de um assalto, então qual-quer aproximação me deixa ressabiada”, conta. E, em geral, ela se considera “apressadinha”. Mas, por um dia, Sheila topou ser o mais gentil possível. Confi ra como foi a experiência.

SHEILA ESTÁ SEMPRE NA CORRERIA

E ACABA DESCUIDANDO DOS BONS MODOS.

POR UM DIA, ELA TROCOU PRESSA POR

CORTESIA. VEJA NO QUE DEU

TEXTO IRENE DONATTI FOTOS PATRICIA STAVIS

NÃO É FÁCIL SER BOMUma das tarefas que Sheila deveria cumprir era ajudar alguém na rua. Foi mais difícil do que ela pensava: ouviu várias recusas, algumas grosseiras. Rosa Ramos, de 73 anos, foi exceção. Ficou feliz quando lhe foi oferecida ajuda para carregar as compras, já que não pode levar muito peso. “Você caiu do céu”, disse a Sheila.

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POR EXEMPLO 19

1 DOCE OFERENDASheila só costuma

trocar “bom dia” com o porteiro do prédio. Nesse dia, lhe preparou uma surpresa: um pedaço de bolo de cenoura que ela mesma fez. “Está com uma cara ótima. Obrigado!”, diz Fernando Silva. Ele conta que, em geral, os moradores do prédio são bem educados. Mas, mimos como esse, não é todo dia!

2 GENTILEZA PASSAGEIRAJá o motorista de ônibus Adail Domingos

não tem a mesma sorte: “Educação passa longe!”. Sheila, que usa transporte público com frequência, percebe que um simples cumprimento faz toda a diferença.

3 DESAFIO NA FILASheila vai ao

supermercado comprar alimentos para serem doados. Na hora da fi la, tem difi culdade para puxar conversa com desconhecidos: “Tenho receio de ser mal interpretada”. Quando vence o medo e cede o lugar para duas mulheres que estavam logo atrás, recebe um banho de água fria: elas nem sequer agradecem a gentileza.

4 A VIRTUDE DE OUVIRA doação é feita no abrigo para idosos

Alexandre Darhruj. Sheila se surpreende ao ver que, mesmo num domingo, não há visitas de familiares. Além de alimentos, ela oferece atenção, conversando com uma moradora, que não poupa histórias nem lágrimas.

5 CORRENTE DO BEMO último desafi o é o mais temido: doar

sangue em um hospital. Uma hora e 460 mililitros depois, ela se pergunta por que nunca havia feito isso antes. “Fiquei muito feliz por ajudar”, diz. Satisfeita com as boas ações, ela vai para casa refl etindo sobre as diferentes tarefas que cumpriu: “Vou fi car mais atenta às oportunidades de ser gentil no dia a dia”.

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SYLAS SILVEIRA, DE 66 ANOS, É EMPRESÁRIO NA

GRANDE PORTO ALEGRE. JÁ VIAJOU PARA VÁRIOS

PAÍSES. O QUE VOCÊ ACHA QUE ELE VAI FAZER

EM LUGARES COMO MÉXICO, ARGÉLIA E ÍNDIA?

A) FECHAR NOVOS NEGÓCIOS

B) CURTIR PAISAGENS PARADISÍACAS

C) PERSEGUIR CATÁSTROFES

Passaporte

QUEM VOCÊ PENSA QUE É? 20

TEXTO KARINA SÉRGIO GOMES

FOTOS MARCELO CURIA

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carimbado

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A GRAVIDEZ ERA de risco. A mulher de Sylas estava internada na maternidade, em São Jerônimo (RS), e o segundo fi lho do casal poderia nascer a qualquer instante. Mas Sylas precisava partir imediatamente para a Cidade do México, levando o equipamen-to produzido por sua empresa: a motocor-tadeira. Não era, porém, uma viagem de negócios. Em setembro de 1985, o México havia acabado de passar por um dos piores terremotos de sua história. O objetivo de Sylas era ajudar a salvar algumas das deze-nas de milhares de vítimas da catástrofe.

O bebê esperou o retorno do pai e nas-ceu só em dezembro. Nos anos seguintes, a família se acostumou a ver Sylas embar-car em missões semelhantes. A história co-meçou quando ele tinha 27 anos e trabalha-va consertando motosserras. Sylas achava que o aparelho seria mas útil se, além de madeira, cortasse materiais mais resisten-tes, como concreto e ferro. Com seus conhe-cimentos de técnico em mecânica, uniu os potentes motores das motosserras a má-quinas de corte de ferragem, inventando a motocortadeira. Começou a fabricar e ven-der o equipamento, usado por bombeiros em resgates de acidentes de carro.

Em 1985, Sylas viu pela TV que as equi-pes de resgate das vítimas do terremoto do México precisavam de martelos e ta-lhadeiras. O empresário tentou doar três unidades da sua invenção, via Exército e embaixada, mas esbarrou na burocracia. Então decidiu ir pessoalmente ao país. Desembarcou na capital mexicana e colo-cou-se à disposição da missão brasileira que lá atuava. Ensinou alguns militares a operar a motocortadeira e os acompanhou na busca por vítimas entre escombros.

Desde então, participou de 11 salva-mentos, após terremotos e tsunamis, no Equador, Colômbia, Peru, Haiti, Argélia, Irã, Paquistão, Índia e Sri Lanka, além do México. Ele próprio paga passagens e hos-pedagem. Mesmo sem falar a língua lo-cal, cria laços com os moradores, que cos-tumam lhe oferecer abrigo. A estada dura cerca de um mês. Todo esse esforço já resul-tou em cerca de 25 vidas salvas. “Você fi ca muito pequeno diante de situações como essa”, diz. “Mas percebo quanto as pessoas valorizam uma ajuda vinda de tão longe.”

22

de pessoas são afetadas por catástrofes naturais

no mundo por ano

m i l h õ e s2 6 0

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POR EXEMPLO 23

QUAL É A HISTÓRIA MAIS EMOCIONANTE QUE VOCÊ JÁ VIVEU?Sempre que você salva uma pessoa é emocionante. Mas lembro de um momento especial, após o terremoto de 2005 no Paquistão. Mesmo sem falar a mesma língua, eu e os moradores conseguimos trabalhar juntos. Eles abriam caminho entre os escombros e eu ia depois, para cortar as vigas de ferro. Assim, conseguimos salvar uma menina que estava bastante ferida.

COMO VOCÊ É IMPACTADO POR ESSE TRABALHO?

Quando você salva uma pessoa, a alegria é restrita, porque ela sai muito machucada. Na hora, eu sou muito forte, mas depois fi co uns três meses tentando me restabelecer emocionalmente.

VOCÊ SE SENTE UM HERÓI?Não. Já recebi homenagens, como o título de Cidadão da Paz, da prefeitura de Porto Alegre. Mas não tenho essa sensação. Estou ali representando o Brasil, e faço esse trabalho com muita seriedade.

VOCÊ FAZ OUTROS TRABALHOS VOLUNTÁRIOS?

Já tive uma escola de informática que ensinava crianças de graça. Há cinco anos, faço parte da Cruz Vermelha e, há dois, criei uma ONG chamada Cidadão da Paz. Organizamos um museu de sementes, para preservar espécies raras de plantas e permitir que famílias possam plantar seus alimentos e gerar renda vendendo o excedente.

SALVA-VIDASCOM SUA MOTOCORTADEIRA E MUITA VONTADE DE AJUDAR, SYLAS JÁ SALVOU VIDAS AO REDOR DO MUNDO. A SEGUIR, ELE FALA MAIS SOBRE ESSE TRABALHO

COM O EQUIPAMENTO

QUE INVENTOU, SYLAS

JÁ SALVOU 25 VÍTIMAS

DE CATÁSTROFES

NATURAIS EM 10 PAÍSES

FAÇAVOCÊTAMBÉM!

Seja voluntário

da Cruz Vermelha.

A instituição está

presente no mundo

todo, ajudando

vítimas de desastres.

Para saber mais,

ligue para

(11) 5056-8652

ou acesse

www.cvb.org.br

Quando

acontecem

catástrofes,

costumam ser

organizadas

campanhas de

doação. Às vezes é

possível ajudar sem

sair de casa.

Informe-se na

imprensa ou na

Defesa Civil

do seu estado.

O voluntariado

é útil não só

em momentos de

tragédia. Descubra

como e quem você

pode ajudar nos sites

portaldovoluntario.

v2v.net e

voluntariado.org.br

POR EXEMPLO 23

Em 2011,a ONU registrou

quase 30 mil mortes em 300 desastres em todo o planeta

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EU CONTRA O MUNDO24

ADÉLIA JUNTOU AS VIZINHAS,

COBROU AS AUTORIDADES

E TRANSFORMOU O BAIRRO

TEXTO JAQUELINE LI E JÉSSICA MARTINELI

CUMPRIR OBRIGAÇÕES DÁ TRABALHO.

FAZER MAIS DO QUE O EXIGIDO, ENTÃO,

NEM SE FALA. MAS ESSE PODE SER O

CAMINHO PARA DAR SENTIDO À VIDA

E TER ORGULHO DO SEU LEGADO

A LOUÇA VAI ACUMULANDO NA PIA, sabemos que é preciso la-var, mas não fazemos nada: às vezes, nos falta motivação até para essas coisas pequenas. Quando a solução é complicada, pior ainda. Principalmente se nós somos apenas uma peque-na parte dos prejudicados – um buraco na rua, por ser proble-ma de todos, acaba virando questão de ninguém.

E o que dizer dos dramas alheios? Uma comunidade po-bre a quilômetros da nossa casa, vítimas da violência com quem nunca cruzamos, animais abandonados por sabe-se lá quem... Ninguém poderá nos culpar se não nos envolvermos nessas causas. Então por que gastar energia com elas?

“O que nos move a fazer algo é um misto do emocional com o moral”, explica a psicóloga Isabel Piñeiro. Ou seja: preci-samos estar envolvidos com a cabeça e o coração, coordenan-do o que achamos certo com o que nos faz sentir bem.

Essa equação nos leva a resolver problemas dos quais não podemos fugir. Como uma pia lotada. Mas também pode nos impulsionar muito além dos nossas obrigações, abrindo cami-nho para pequenas revoluções. As histórias a seguir são assim: de gente que fez mais que o exigido, e nisso achou o sentido da vida. Quem sabe não é esta, também, a sua vocação?

Força para ir além

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POR EXEMPLO 25

FORÇA FEMININAADÉLIA SILVA PRATES,

65 ANOS, SÃO PAULO

Empregada doméstica, analfabeta, mãe de três fi lhos pequenos. Essa era a situação de Adélia no início dos anos 1980, quando passou a viver no Grajaú, periferia de São Paulo. O que ela poderia fazer pelos direitos da mulher? Como melhoraria as condições do bairro? Quando começou a ir ao clube de mães da igreja, queria apenas aprender trabalhos manuais e ajudar o padre em eventos. Lá, porém, conheceu jovens universitárias que falavam sobre cidadania feminina. “Elas nos mostraram que havia mulheres donas do próprio nariz e tomamos gosto pela coisa”, diz. Assim, surgiu a Associação de Mulheres do Grajaú, da qual Adélia foi presidente por mais de um mandato. Ao pressionar a prefeitura, o grupo levou luz elétrica, água encanada, creches e escolas à comunidade. Com boicotes nos açougues, forçou a queda do preço da carne. E convenceu o governo estadual a abrir a primeira Delegacia de Defesa da Mulher do país, em 1985, inspirando a abertura de órgãos semelhantes em outros países. “Plantamos raízes dos direitos das mulheres. E elas seguem brotando.”

VENÇATAMBÉM

Se você quer criar um

grupo que represente

uma causa, como

fizeram Adélia e suas

vizinhas, o primeiro

passo é redigir um

estatuto. Veja um

modelo em bit.ly/

HaFMez. Você deve

registrá-lo em cartório,

para que a associação

possa ter personalidade

jurídica e passe a existir

dentro da lei.

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VENÇATAMBÉM

Você pode colaborar

com as famílias do

sertão nordestino

por meio da ONG

Amigos do Bem, que

realiza arrecadações

de doações na rede

Extra. Haverá uma

em 2 de junho (saiba

mais em bit.ly/

gLNDyV). Você

também pode atuar

como voluntário.

Informe-se em www.

amigosdobem.org

ENGENHARIA DA REVOLUÇÃO JOSÉ ROBERTO FONSECA,

60 ANOS, MACEIÓ

A missão do engenheiro José já era nobre: instalar painéis solares para levar eletricidade à caatinga. O projeto, realizado pela Fundação Teotônio Vilela, benefi ciou 2,7 mil famílias. Um dos municípios atendidos foi São José da Tapera (AL), que fi gura entre os mais miseráveis do país. As crianças eram chamadas de urubus, devido às péssimas condições de higiene. Lá, José percebeu que apenas luz não bastava e criou a ONG Instituto Eco Engenho. Com a energia elétrica, reativou antigos poços. Em 2004, construiu canteiros de hidroponia – técnica de cultivo que usa água em vez de terra e pode ser usada mesmo em ambientes secos. Assim, uma cultura de subsistência já era possível. Mas as famílias, então dependentes de um precário comércio de vassouras de palha, precisavam de uma nova fonte de renda. Assim, surgiram as Pimentas da Tapera, vendidas em conserva para mercados e hotéis de Maceió. A receita das 12 famílias envolvidas quadruplicou, assim como sua qualidade de vida. E só então José sentiu que o trabalho estava completo.

JOSÉ LEVOU LUZ, ÁGUA E UMA NOVA FONTE DE RENDA A UMA DAS CIDADES MAIS POBRES DO BRASIL

1

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DAGMAR, A TIA DAG,

E SAULO ABRIRAM AS

PORTAS DE CASA PARA

AJUDAR AS CRIANÇAS

CARENTES DO BAIRRO

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VENÇATAMBÉM

Já pensou em criar

uma ONG, como a

Casa do Zezinho, para

desenvolver um

projeto social? A

Associação Brasileira

de Organizações Não

Governamentais

(www.abong.org.br)

explica todos os

processos legais,

trabalhistas e

tributários.

PORTA ABERTADAGMAR GARROUX, 57 ANOS, SÃO PAULO

“Nasci na classe A”, diz Dagmar. Mas desde cedo ela soube que nem todos tinham as mesmas oportunidades. “Meus pais incentivavam nossas empregadas domésticas a estudar para conseguir um emprego melhor”, lembra. Formada em psicologia, Dagmar dava aula em casa para fi lhos de exilados políticos. E promovia bazares para ajudar a favela

vizinha. Nessa comunidade, viu cartazes de um grupo de extermínio ameaçando menores acusados de roubo. Decidiu abrigá-los em casa. Quando o marido, o artista plástico Saulo, que estava exilado, voltou ao país, o lar estava cheio de crianças. “Propus comprar uma casa maior. Ele topou.” Em 1988, foram para o então tranquilo Capão Redondo, hoje um bairro violento. Em 1994, com o apoio

de empresários, fundaram a Casa do Zezinho. A instituição oferece aulas de música, teatro, informática, jornalismo e gastronomia, curso pré-vestibular e formação profi ssional a crianças e jovens de 6 a 21 anos. Para os 1,2 mil benefi ciados, Dagmar é Tia Dag: uma mulher que, quando viu um problema à sua porta, abriu a casa para resolvê-lo.©

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28

1

VENÇATAMBÉM

Em vez de comprar

um bicho de

estimação, adote.

Você pode fazer

a diferença na vida

de um animal que

precisa de um novo

lar. Como a Anjos

dos Bichos, o site

adoteumviralata.

com.br também

facilita a adoção.

PROTEÇÃO ANIMALRENATA BUONO, 53 ANOS, MAIRINQUE (SP)

continuar. Com o apoio de doadores e voluntários, aos poucos o evento ganhou mais estrutura. No ano seguinte, Renata fundou a ONG Anjos dos Bichos. Além das feiras, agora semanais, a instituição facilita a adoção também pela internet, no site anjosdosbichos.com, e oferece orientação para quem encontra animais abandonados ou testemunha maus-tratos.

Mais de 3 mil bichos de diferentes espécies já foram adotados de lá pra cá. Renata comemora os resultados do seu empenho entre cães, gatos, tartarugas, coelhos e galinhas com os quais divide uma chácara. “Sei que não vou salvar todos os animais do mundo. Mas com aqueles aos quais me dedico, sei que faço um bom trabalho.”

RENATA JÁ AJUDOU MILHARES

DE BICHOS ABANDONADOS

A ENCONTRAR UM NOVO LAR

Em 2005, Renata visitou um abrigo com 85 cães abandonados. Ficou fascinada com o trabalho ali realizado, mas sabia que era preciso fazer mais. Decidiu organizar um evento de adoção. Improvisou uma banca numa feira de plantas próxima à sua casa e levou seis animais. Todos ganharam uma nova família e ela quis

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Page 29: por exemplo 5

VENÇATAMBÉM

Você pode ajudar

o GRAACC de várias

formas: doando

sangue, medula

óssea, dinheiro, parte

do seu imposto

de renda, sendo

voluntário,

colaborando com

o bazar permanente...

Saiba mais em https://

www.graacc.org.br/

como-ajudar.aspx

PELAS CRIANÇASSÉRGIO PETRILLI, 65

ANOS, SÃO PAULO

Nos anos 1970, uma criança com câncer no Brasil tinha só 15% de chance de sobreviver. Além disso, enfrentava o mesmo tratamento dos adultos. Sérgio, então pediatra do Hospital do Câncer, em São Paulo, sabia que isso não estava certo. Em 1978, vendeu o Maverick e a Brasília, seus maiores patrimônios, e foi com a família para os Estados Unidos aprender como os pacientes de lá eram tratados. Foi convidado a fi car, mas decidiu voltar ao Brasil e trazer os métodos que havia conhecido, mais efetivos e humanos. Em 1991, fundou o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, o GRAACC. No início, era uma pequena casa; em 1998, tornou-se um hospital de 11 andares, e logo será inaugurado um anexo de nove pisos. A fi losofi a é permitir que as crianças sigam estudando, brincando e recebendo o apoio da família durante o tratamento – gratuito na grande maioria dos casos.Aliando a isso pesquisas e equipamentos de ponta, o hospital atingiu índice de cura de 70%, tornando-se referência. “O que me move é ser importante na vida de alguém”, diz o médico.

SÉRGIO TROUXE AO BRASIL O

TRATAMENTO QUE SONHAVA PARA

JOVENS VÍTIMAS DE CÂNCER

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Page 30: por exemplo 5

“ERA UMA CASA muito engraçada, não ti-nha teto, não tinha nada...” A cantiga infan-til de Vinicius de Moraes e Toquinho descre-ve uma construção que só existe no mundo do faz de conta. Mas, na vida real, a questão vira problema sério: 5,5 milhões de famílias brasileiras não têm onde morar. Pouco mais da metade deverá ser benefi ciada pelo pro-grama federal Minha Casa, Minha Vida, que pretende construir 3 milhões de casas até 2014. Ou seja: apesar de o direito à mo-radia ser garantido pela Constituição, o go-verno, sozinho, não dá conta.

“Como a questão não é cumprida pelo poder público, resolvemos focar na solução e mobilizar a sociedade pra resolver isso”, diz Luciano Coelho, diretor comercial da ONG Um Teto para Meu País. Criada no Chile, em 1997, e trazida ao Brasil em 2006, a orga-nização constrói novos lares para famílias que vivem em situação de risco. Já foram erguidas 939 casas no estado de São Paulo. A meta é construir mais mil neste ano.

As ações são realizadas em esquema de mutirão. A mão de obra é composta de es-tudantes voluntários, que, em um fi m de se-mana, chegam a construir centenas de mo-radias. As casas são de madeira, pré-fabri-cadas, e exigem, cada uma, um grupo de sete a 10 pessoas na montagem. Cada imó-vel tem apenas 18 metros quadrados, mas já signifi ca uma grande melhoria na vida dos benefi ciados. “O objetivo é que eles saiam da situação de risco. Fica muito difícil uma pessoa ir trabalhar e deixar o fi lho em uma casa insegura”, explica Luciano.

O trabalho é feito em comunidades que nem sequer têm rede de esgoto. O primei-ro passo é abrir inscrições para conhecer os moradores interessados. São milhares de pessoas para dezenas de vagas. Portanto, é preciso entrevistar cada família e selecio-nar as mais necessitadas. Em 2011, 10 mil vo-luntários participaram. Mais de 20 empre-sas ajudam com doações, além de 400 mil sócios que contribuem mensalmente.

De peça em peçaTEM MUITA GENTE DEIXANDO O CONFORTO

DO LAR PARA AJUDAR QUEM NÃO TEM UM

TETO PARA MORAR. CONHEÇA A REVOLUÇÃO

QUE ESSAS PESSOAS ESTÃO REALIZANDO

TEXTO DANIELA ALMEIDA ILUSTRAÇÕES ÉDER MINETTO

PROBLEMA MEU30

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Page 31: por exemplo 5

dos brasileiros moram

em favelas. O número

dobrou em 20 anos

6%

de famílias brasileiras

não têm onde morar

5,5 milhões

POR EXEMPLO 31

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A meta agora é expandir o trabalho para Rio de Janeiro e Salvador. “É impressionante ver como os jovens vão tomando a responsabilidade para si na hora da construção”, afi rma o empre-sário Cláudio Emanuel de Menezes, de 60 anos, pai de dois universitários que já participaram de mutirões da ONG. “Essa é uma nova postura polí-tica: ‘a gente não vai brigar, a gente vai realizar’.”

ARQUITETURA POPULAR

Essa vontade de descruzar os braços e fazer a di-ferença também foi o que moveu as arquitetas Daniela Zacardi, de 37 anos, e Joice Genaro, de 31. Ao trabalhar na Cohab de Campinas (SP), em 2005, elas conheceram de perto as condições de moradia dos brasileiros com baixa renda. Ao perceber que as iniciativas lideradas pelo Estado só iam até a porta das pessoas, decidi-ram montar em 2006 a associação sem fi ns lu-crativos Arquitetas da Comunidade.

O negócio social orienta sobre a maneira mais econômica e efi ciente de fazer uma obra ou reformar. Os projetos saem por menos da me-tade do preço de mercado. A visita de avaliação custa de R$ 40 a R$ 80, e muitos dos problemas são resolvidos logo nessa etapa. Se o projeto for levado adiante, a taxa é abatida. “As pessoas valorizam mais quando pagam por um serviço. Além do preço acessível, facilitamos as formas de pagamento”, explica Daniela.

Após a visita, elas montam uma maquete para que o morador visualize a obra e acompa-nham o trabalho dos pedreiros. Um dos clien-tes é José Nobre dos Santos, de 30 anos. Dono de uma lan house e de um salão de beleza, ins-talados em sua casa, em Campinas, ele contou com a ajuda das arquitetas para reformar um muro de arrimo malconstruído, que ameaçava a segurança do imóvel. “Eu poderia perder tudo e nem sabia do risco que estava correndo”, diz.

A iniciativa conta com doações de empre-sas e pessoas que simpatizam com a causa. Daniela e Joice têm trabalho fi xo durante o dia e se dedicam à associação nas horas vagas. Já colaboraram com cerca de 60 famílias. Agora, querem multiplicar esse número, auxiliando arquitetos de todo o país interessados em le-var o programa para sua cidade.

AJUDA A QUEM AJUDA

O problema da habitação não se resume a casas de família. Associações benefi centes também precisam de auxílio. Esse é o foco do trabalho do casal de arquitetos Patrícia Chalaça e Marcelo Leão, do Recife (PE). Em 1999, eles visitaram um abrigo público para crianças vítimas de abusos e maus-tratos. O lugar não tinha nem chuveiro. O casal mobilizou 60 colegas de profi ssão e em-presas, que doaram mão de obra e material, e fi -zeram uma grande reforma no local.

A divulgação da iniciativa na mídia fez com que Patrícia e Marcelo recebessem ligações de vários arquitetos, querendo repetir a ideia em outros lugares. Assim, surgiu o projeto Casa da Criança, que virou uma franquia social. Hoje são 50 sócios, com obras espalhadas em 16 cidades brasileiras. Desde então, 30 imóveis já foram re-formados, benefi ciando mais de 2 mil crianças.

“Não fosse por eles, não teríamos esse padrão de atendimento”, explica Maria da Conceição, de 55 anos, diretora do Lar Amigos de Jesus, em Fortaleza. A casa atende crian-ças com câncer, muitas vindas de estados vi-zinhos. “O nosso objetivo também é transmitir autoestima, e o prédio faz parte disso. ”

Esses exemplos mostram que mesmo um problema enorme pode ser combatido por pes-soas comuns. Eles já têm alcançado ótimos resul-tados. E quanto mais gente se mobilizar, melhor. Veja ao lado como você pode colaborar!

já foram atendidas

pelas Arquitetas

da Comunidade

60 famílias

meninos e meninas

foram benefi ciados pelas

reformas feitas pela

Casa da Criança

mil2

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VEJA COMO PARTICIPAR DE

PROJETOS QUE OFERECEM

MORADIA A QUEM PRECISA

MÃO NA MASSA!

DOE. Os movimentos que trabalham para combater o problema da habitação costumam receber doações em dinheiro ou material de construção.

ARREGACE AS MANGAS. Mesmo sem formação na área de construção, você pode doar seu tempo a ONGs do ramo, como a Um Teto para Meu País. Veja os contatos abaixo.

arquitetasdacomunidade.blogspot.com Presta serviços de arquitetura a preços acessíveis em Campinas (SP)

projetocasadacrianca.com.br Reúne profi ssionais de arquitetura, decoração, empresários e construtores voluntários para reformar instituições sociais umtetoparameupais.org.br Voluntários universitários e jovens profi ssionais constroem casas de emergência em comunidades em risco

www.bentorubiao.org.br Já assessorou 1,6 mil famílias do Rio de Janeiro na construção de suas casas

www.habitat.org ONG mexicana que ajuda comunidades afetadas por catástrofes naturais em 16 países, inclusive o Brasil

casas foram erguidas no

ano passado pela ONG

Um Teto para

Meu País

Quase 1.000

POR EXEMPLO 33

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34 COMO ENSINO34

E se...?

QUAL É A PRIMEIRA COISA que vem à sua ca-beça quando ouve a palavra “criatividade”? Você pode se lembrar de grandes obras e gê-nios das artes plásticas, da literatura e do ci-nema. Talvez pense em comerciais que entra-ram para a história ou em incríveis invenções. É claro que essas são grandes demonstrações do poder da criatividade. Mas ela também se manifesta de outras maneiras.

Pense numa simples caneta esferográfi -ca. Ela foi criada em 1937, pelo húngaro László Bíró. Ao observar como funcionava a impres-são de jornais em uma máquina rotativa, ele pensou em usar o mesmo princípio – um ci-lindro coberto de tinta – para criar um instru-mento de escrita mais prático que as canetas tinteiro usadas na época. Coisa de gênio.

László, porém, nunca imaginou que sua invenção salvaria vidas, sendo usada em tra-queostomias de emergência. Quando alguém corre risco de vida por não conseguir respirar, uma solução utilizada pelos médicos é abrir um orifício no pescoço, na altura da traqueia, e ali instalar um tubo que permita a passagem do ar. Na falta de um equipamento específi co, um cilindro de plástico de caneta, manejado por um especialista, pode dar conta.

E por estar tão presente no nosso dia a dia, a criação de László ganhou vários outros usos alternativos: com a tampa, por exemplo, é

É AO FAZER ESSA PERGUNTA

QUE DAMOS ASAS À NOSSA

CRIATIVIDADE. SAIBA MAIS

SOBRE ESSA HABILIDADE,

QUE TODOS NÓS POSSUÍMOS,

E DESCUBRA MANEIRAS DE

ESTIMULÁ-LA NOS SEUS FILHOS

TEXTO DANIELE MARTINS

ENZO E GIORGIO SOLTAM A IMAGINAÇÃO NA MÚSICA, EM DESENHOS, NO TEATRO E EM PASSEIOS CULTURAIS

possível improvisar um removedor de grampos ou até uma chave de fenda; e atire a primeira bo-linha de papel quem nunca usou o tubo plástico como uma zarabatana de brinquedo.

Todas essas criações têm algo em comum – começaram com alguém fazendo a pergunta “E se...?”, como diz o especialista em aprendiza-gem acelerada Luiz Cláudio Martins. Autor do li-vro Pequeno Manual para o Pensamento Criativo (editora BRLetras), ele acredita que esse ques-tionamento dá abertura a novas descobertas. “Para que serve um tijolo?”, ele pergunta. A res-posta, pela lógica, é: para construir casas. “Mas

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POR EXEMPLO 35POR EXEMPLO 3535

ARTE LIBERADAA jornalista Samantha Shiraishi, de 39 anos, e o empresário Guilherme Nunes, de 40, são tão dedicados à criatividade dos fi lhos que, por causa disso, já chegaram até a discutir com um segurança anos atrás. Enzo, de 11 anos, e Giorgio, de 9, ainda nem sabiam ler. Justamente por isso foram barrados quando os pais quiseram levá-los ao Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, cidade em que a família mora. Samantha bateu o pé e a entrada foi liberada. “Valeu a pena: eles se encantaram com o local e acho que a experiência ajudou a formar o gosto que hoje eles têm pela leitura”, diz a mãe. Os passeios culturais são constantes e os pequenos se inspiram a fazer as próprias artes. Para isso, têm em casa uma caixa cheia de tintas, papéis e materiais recicláveis que podem usar à vontade. O caçula, por exemplo, gosta de criar armaduras com caixas de cereal. A criatividade também é extravasada em aulas de música e teatro – os pais participam ajudando a treinar as falas das peças. Samantha e Guilherme também valorizam o engajamento no estudo dos fi lhos. “Hoje mesmo, o Enzo me mandou por e-mail um resumo do que vai cair na prova de geografi a, para estudarmos juntos à noite”, diz o pai.

FAÇA VOCÊTAMBÉM

Às vezes, a vontade

de manter a casa em

ordem acaba privando

de momentos

divertidos que ajudam

a desenvolver

a criatividade.

Brincadeiras com

tinta, lama, tecidos

velhos, maquiagem

ou sabão podem

ser inesquecíveis.

Curta com as crianças!

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eu também posso improvisar uma churrasquei-ra ou usá-lo para impedir que uma porta bata com o vento, não posso? A lógica limita as res-postas, a criatividade não”, conclui.

Segundo Luiz Cláudio, criatividade é um modo de pensar uma nova solução para os proble-mas. “Foi assim que as grandes invenções foram criadas e é assim também que resolvemos nossos problemas do dia a dia”, afi rma. Ou seja: a criativi-dade não é um dom restrito aos gênios. É também uma ferramenta cotidiana, da qual todos nós po-demos lançar mão. “Todas as pessoas têm poten-cial criativo, o que ele precisa é ser explorado.”

É aí que entra a importância da atuação dos pais. “O aprendizado e o intelecto estão direta-mente ligados ao emocional. Portanto, quanto mais os pais estiverem envolvidos nesse proces-so, mais seguras as crianças se sentirão para de-senvolver a criatividade”, explica Luiz Cláudio. Há várias maneiras de fazer isso. Conheça, a seguir, as diferentes estratégias de três famílias, empe-nhadas em permitir que seus fi lhos tenham a ca-beça aberta para a originalidade. Veja como elas estão se saindo, confi ra outras dicas para incen-tivar a garotada a se reinventar e use sua criati-vidade para fazer o mesmo em sua casa!

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ISADORA ACOMPANHA DE PERTO TANTO O

INTERESSE DO PAI, CLÁUDIO, POR ROBÔS,

QUANTO O DA MÃE, MARTA, POR FILOSOFIA

1

3636

FAÇA VOCÊTAMBÉM

Compartilhe seu

trabalho e seus

hobbies com seus

filhos. Deixe-os

participar de

conversas sobre os

projetos em que você

está envolvido,

mesmo que pareçam

complexos. Se

ficarem curiosos,

podem querer

aprender com você.

ROBÔS E REFLEXÕES

Isadora, de São Paulo, tem 11 anos. Gosta de roupas, de maquiagem, de estar com as amigas... e também de robótica e fi losofi a. Quem a apresentou a esses universos não tão comuns a meninas da sua idade foram os pais. Cláudio Miklos, de 47 anos, é desenvolvedor de software, e nas horas vagas ministra ofi cinas de robótica – paixão que compartilha com a fi lha. “Ela gosta de aprender e eu

gosto de ensinar, fazê-la pensar. A gente precisa inventar situações em que a criança possa participar”, conta. Os dois já criaram algumas engenhocas juntos, como a “caixa teimosa” – uma máquina que se autodesliga (veja como ela funciona no blog do Cláudio: http://bit.ly/GXaLGv). Isadora colaborou com o desenho em forma de monstro feito do lado de fora da caixa. “Ela ajuda dentro

dos limites dela. O importante é estarmos juntos”, afi rma o pai. A introdução na fi losofi a é obra da mãe, Marta, de 37 anos. Por não ter onde deixar a fi lha durante as reuniões dos grupos de estudo dos quais participa, ela passou a levar Isadora aos encontros. A menina gostou. Quando Marta foi pegar seu diploma de mestrado, Isadora a corrigiu: “Não é o seu diploma, é o nosso!”.

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ENTENDENDO O MUNDOCriatividade não existe sem informação. Professora de jornalismo, Tattiana Teixeira, de 38 anos, faz questão de ajudar a saciar a curiosidade dos fi lhos – Júlia, de 10 anos, e Lucas, de 6. Sem babá nem empregada, ela e o marido se desdobram para cuidar da dupla, em Florianópolis. A família sempre se reúne para ver o jornal na TV, e os pequenos disparam perguntas como “Por que acontecem as guerras?” ou “O que é o imposto de renda?”... “Às vezes, respondemos de improviso, com metáforas. Em outras, temos de pesquisar, ou dizemos que ainda é cedo para determinado assunto. Mas, no geral, conversamos sobre tudo”, conta. Para ela, envolver os fi lhos com temas do seu trabalho os ajuda a entender melhor o mundo. Julia, por exemplo, gosta de notícias que tenham a ver com o que estuda no colégio e leva recortes para a aula. “Essa troca de informações cria uma cumplicidade entre a gente”, conclui a mãe.

FAÇA VOCÊTAMBÉM

Ofereça ao seu filho

diferentes fontes de

informação. Tenha

em casa livros,

revistas, jornais,

histórias em

quadrinhos, acesso à

internet. Se não tiver

condições, convide-o

a visitar bibliotecas

públicas, onde todos

esses recursos estão

disponíveis de graça.

TATTIANA USA JORNAIS E REVISTAS PARA MATAR

A CURIOSIDADE DE LUCAS E JULIA SOBRE O MUNDO

DEIXE-O ESCOLHERSe seu fi lho quer aprender a tocar violão, embora você ache que ele tem jeito é para a pintura, deixe-o tentar. É comum que os pais queiram impor suas vontades, mas é só experimentando que as crianças vão poder decidir se gostam ou não de algo.

ALÉM DA IMAGINAÇÃOCONFIRA MAIS ALGUMAS DICAS PARA AJUDAR SEU FILHO A VIAJAR NA PRÓPRIA CRIATIVIDADE

A ARTE DO ELOGIOSeu fi lho desenhou uma fl oresta cheia de bichos e você só consegue ver rabiscos? Elogie! Nessas horas, não há certo nem errado. O que vale é a liberdade para se expressar, experimentar. Ele precisa se sentir aprovado e motivado para dar novos passos.

O TEMPO CERTOA televisão e a internet podem ser grandes aliadas da criatividade, pois são ótimas fontes de informação. Mas cuidado com o exagero: intercale esses momentos com brincadeiras manuais, que desenvolvem outras habilidades importantes.

CRIE HISTÓRIASLeia ou invente narrativas para seu fi lho. Vale usar acessórios: criar cenários reaproveitando lixo limpo, improvisar fantasias. Permita que ele participe da criação da trama. Vai ser ótimo para soltar a imaginação – além de muito divertido para vocês dois!©

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NÓS PODEMOS38

TEM DE SER DE CARRO?4 mil pessoas morrem por ano por causa da poluição, só na cidade de São Paulo. Quando decidimos sair de carro, estamos ajudando a manter ou aumentar esse número. É uma decisão individual com um impacto coletivo. Vale a pena ter isso em mente e se questionar: por que não usar outro meio de transporte?

Transitaré preciso

IR E VIR ESTÁ CADA

VEZ MAIS DIFÍCIL.

É UM PROBLEMA QUE

ATINGE TODOS NÓS

E SÓ SERÁ RESOLVIDO

DE FORMA COLETIVA.

DESCUBRA AÇÕES

QUE DERAM CERTO

E VEJA COMO AJUDAR TEXTO SOLANGE MEDEIROS

ILUSTRAÇÕES ZANSKY

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BOAS ALTERNATIVASPara determinados trajetos, melhor do que ir de carro é seguir a pé, de bicicleta ou de transporte público. Pode ser mais barato, mais rápido e certamente mais sustentável – pois mesmo os ônibus, que também soltam fumaça, carregam muito mais gente. Experimente e descubra as alternativas mais adequadas ao seu caso.

LOCOMOVER-SE NA CIDADE tornou-se um desafi o. Anos atrás, o trânsito era um pro-blema apenas dos municípios mais popu-losos do país, como São Paulo e Rio Janeiro. Hoje, se você mora em capitais menores ou em outras cidades de médio porte, tam-bém tem o desprazer de demorar mais – às vezes, bem mais – tempo do que gostaria para percorrer os trajetos do dia a dia.

Diagnosticar a questão é fácil: todo dia, quase 20 mil novos veículos entram em circulação no Brasil. Quem opta por ter um carro quer fugir do desconforto e da inefi ciência do transporte público, que se dá em boa parte do país. Mas acabapreso em congestionamentos cada vez mais assustadores. Simplesmente porque as ruas não suportam tantos automóveis.

A reação imediata a essa equação apa-rentemente insolúvel é o desespero: entre nuvens de fumaça vindas dos escapamen-tos, buzinamos, gritamos, reclamamos. E sabemos que isso não adianta nada. Mas al-gumas pessoas, em vez de se desiludir, têm tentado fazer diferente. E vêm descobrin-do formas inovadoras de tornar o trânsito mais funcional, confortável e sustentável.

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NÓS PODEMOS40

CHEIO E REGULADOQuanto mais gente seu carro levar, e quanto menos poluir, melhor para todo mundo. Portanto, dê e peça carona. Combine com quem trabalha ou estuda com você, ou use sites como o www.caroneiros.com. Além disso, mantenha sempre seu carro bem regulado, para que emita o mínimo possível de partículas tóxicas.

É o caso de Adilson Alcântara, de 52 anos, de Mauá (SP). Em 1999, quando era chefe da estação ferroviária da cidade, ele foi encarregado de resolver um grande pro-blema: liberar as vias de circulação no en-torno da estação, obstruídas pelas cente-nas de bicicletas ali amarradas por quem ia pedalando até o local, a fi m de pegar o trem. A solução mais óbvia talvez fosse impedir os ciclistas de colocar seus veículos ali. Pois Adilson, ao contrário, tomou uma iniciati-va a fi m de incentivar esse meio de trans-porte barato, saudável e não poluente.

Depois de convencer a prefeitura a apoiar a iniciativa e conseguir um em-préstimo bancário, ele transformou um espaço próximo à estação no primeiro bi-cicletário da cidade, inaugurado em maio de 2011. “Algumas pessoas me diziam que

eu era louco, mas o apoio e a participa-ção da população colocaram o projeto em pé”, relembra, orgulhoso.

Gerenciado pela Associação Ascobike, criada por Adilson, o estacionamento tem estrutura para guardar até 2 mil bicicletas. Os quase 1,5 mil associados pagam 15 reais por mês para ter direito a uma vaga e a be-nefícios como manutenção, brechó de pe-ças, cafezinho e palestras de conscientiza-ção no trânsito. “Antes, eram 200 bicicletas amarradas na entrada da estação. Hoje, são mais de mil, todos os dias, no nosso gal-pão”, comemora o fundador.

O projeto deu tão certo que acabou inspirando a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Desde então, toda estação que passa por reforma ou que é inaugurada ganha um estacionamento de

bicicleta na entrada – nesse casos, a admi-nistração é pública e o usuário não precisa pagar para usar o serviço. “Já são 23 estações com bicicletário”, orgulha-se Adilson.

PONTE COLETIVA

O bairro Alto Leblon passou anos ilhado no Rio de Janeiro. Ali, simplesmente não havia transporte público. Os moradores depen-diam apenas de si mesmos para enfrentar as ruas íngremes, de difícil acesso. Cansados de esperar pelas autoridades, há cerca de 30 anos eles decidiram pôr a mão na mas-sa pra resolver a questão: criaram uma li-nha de ônibus independente, que os colo-cou em contato com o sistema de transpor-te já existente na cidade. O ônibus da CAL (Comunidade do Alto Leblon), como é co-nhecido, tem um trajeto curto: depois de

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A PÉ PRA AULACrianças que moram próximo à escola em que estudam podem ir todas juntas para a aula, a pé, sob a supervisão de um pai ou responsável, em esquema de rodízio. Essa ideia simples surgiu nos anos 1990, no Reino Unido, onde ganhou o nome de “walking bus (“ônibus andante”, na tradução literal). Por que não fazer o mesmo no seu bairro?

DE OLHO NO SINALIndependentemente do tipo de transporte que você estiver usando, respeite sempre as regras e sinalizações do trânsito. É o tipo de ação simples que pode diminuir em muito os acidentes. Precisa tirar alguma dúvida? O Código de Trânsito Brasileiro está na íntegra na internet: bit.ly/oQG0iJ

percorrer as principais ruas do bairro, ele chega até o início da Ataulfo de Paiva, prin-cipal avenida do Leblon, e já engata a volta.

“Nossa associação de moradores con-tratou uma empresa que faz fretamentos. São dois ônibus que circulam todos os dias, até nos fi ns de semana, com intervalos mé-dios de 10 minutos”, diz Evelyn Rosenzweig, de 57 anos, presidente da CAL. De acordo com a líder comunitária, é preciso comprar um cartão com validade mensal para poder usar o transporte. Por 54 reais, o morador ga-nha três cartões, todos com uso ilimitado.

Hoje, já existe uma linha pública no bairro. Mas os moradores preferem o ser-viço que eles criaram. “Não dá para saber quando o ônibus da prefeitura vai passar. E a qualidade dos veículos também é mui-to inferior”, justifi ca Evelyn.

No verão de 2008, os moradores do bairro realizaram outra iniciativa para estimular o transporte coletivo: criaram uma linha de ônibus gratuita, patrocina-da, que ligava o bairro até o fi m da avenida Ataulfo de Paiva. “Faltam estacionamen-tos na região, então queríamos incenti-var o uso do ônibus”, diz Evelyn. Por falta de apoio, porém, o projeto foi encerrado neste ano. Mas os moradores não desani-mam. Sabem que são um exemplo vivo de como uma comunidade pode se mobilizar para melhorar o trânsito local.

EM COMPANHIA

Esse empenho às vezes pode ser bem menos trabalhoso do que se imagina, sem deixar de trazer ótimos resultados. Um exemplo é a carona solidária, iniciativa que vem sendo

posta em prática em várias cidades. A fór-mula é simples: por meio de redes sociais, na internet, pessoas que moram, estudam ou trabalham próximo entre si pedem e ofe-recem carona. E assim ajudam a diminuir o número de carros em circulação.

Na Universidade de Brasília (UnB), a co-munidade da carona solidária já chegou a cerca de 400 membros. Inicialmente, o obje-tivo principal era melhorar a segurança dos estudantes e funcionários: “Todos os anos, há casos de mulheres violentadas no câm-pus ou nas imediações. O grupo foi criado para tentar proteger essas pessoas, já que a circulação de ônibus é precária e muitas andavam a pé”, diz Samira Dias, de 24 anos, moderadora da comunidade virtual.

Com o passar do tempo, o grupo come-çou a ser usado também por quem quer eco-nomizar tempo e dinheiro. Os acordos va-riam, conforme for mais vantajoso: alguns racham a gasolina, outros fazem reveza-mentos de motoristas, e há quem simples-mente empreste um lugar no seu veículo.

Cada pessoa que participa da iniciati-va signifi ca um carro a menos nas ruas. Já é sufi ciente para melhorar não só o trânsito, mas também para diminuir a poluição at-mosférica, sonora, visual, a depreciação das ruas... Ao redor do texto desta matéria há outras ideias simples e efetivas para colabo-rar com o trânsito – um bom começo para você que, assim como o pessoal da Ascobike, do Alto Leblon e da carona solidária, tam-bém já se cansou de fi car só reclamando.

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ESTROGONOFE DE CARNE

INGREDIENTES• 200 g de alcatra ou contra-fi lé

• pimenta-do-reino e sal a gosto

• 10 ml de conhaque

• 2 cebolas-roxas picadas

• 2 dentes de alho picados

• 1 colher (sopa) de mostarda

• 1 colher (sopa) de ketchup

• 150 g de champignon

• 200 ml de creme de leite

MODO DE PREPAROCorte a carne em cubos ou tiras e

tempere com pimenta e sal. Doure

rapidamente em uma panela com

gordura quente. Use o conhaque

para fl ambar (coloque fogo na

panela por instantes). Acrescente

alho, cebola, mostarda, ketchup,

cogumelos e, se necessário, um

pouco de água. Refogue. Coloque

o creme de leite e desligue o fogo.

APÓS TRABALHAR em importantes restauran-tes de São Paulo, o chef David Hertz, de 38 anos, viu em seu talento culinário a chance de trans-formar a vida de jovens de baixa renda. Em 2004, criou o primeiro negócio sócio-gastronômico do Brasil, o Cozinheiro Cidadão. Rebatizado em 2007, o projeto tornou-se internacionalmente conhecido como Gastromotiva.

A empresa lucra prestando serviço de bufê e ofi cinas. Mas, paralelamente, oferece cursos gra-tuitos de auxiliar de cozinha a jovens entre 18 e 29 anos, com renda familiar de até três salários mí-nimos. Eles também têm aulas de cidadania. Dos 150 alunos formados, mais de 90% saíram dali com emprego garantido. Em março deste ano, o projeto foi premiado pelo Fórum Econômico Mundial. “Não há desenvolvimento se não lidar-mos com a concentração de renda e a falta de bons empregos para todos”, afi rma David.

Para entrar em contato com o projeto, li-gue para (11) 2924-0300 ou acesse o site www.gastromotiva.org. E, para sentir um gostinho das delícias que eles preparam, confi ra ao lado três receitas gentilmente cedidas pelo projeto.

TEXTO THAÍS PINHEIRO

Cozinhaque educaCONHEÇA UM PROJETO QUE LEVA JOVENS DE BAIXA RENDA AO MUNDO DA ALTA GASTRONOMIA – E APRENDA COM ELES SABOROSAS RECEITAS

É GOSTOSO E FAZ BEM42

1

DAVID COMPARTILHOU SEU TALENTO CULINÁRIO E VEM CRIANDO FUTUROS

COZINHEIROS EM SUA EMPRESA-ESCOLA4

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PURÊ DE RAÍZES

INGREDIENTES• 480 g de abóbora-moranga

• 370 g de batata-doce

• 450 g de mandioca

• sal a gosto

• 2 colheres (sopa) de azeite

• 100 g de creme de leite

• 2 colheres (sopa) de manteiga

MODO DE PREPAROCorte a abóbora em pedaços

grandes e asse ainda com a casca.

Tempere-a com sal e azeite.

Cozinhe o restante dos legumes

em outra panela. Quando todos

estiverem cozidos, passe-os no

processador com o creme de leite

e a manteiga. Salgue a gosto.

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INGREDIENTES• 200 ml de polpa de maracujá

com sementes

• 2 latas de leite condensado

• 2 latas de creme de leite

MODO DE PREPAROBata o maracujá no liquidifi cador –

mas não muito, para que

as sementes não se desfaçam.

Acrescente o leite condensado

e misture mais. Adicione o creme

de leite aos poucos e bata até chegar

a uma consistência homogênea.

MUSSE DE MARACUJÁ

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ALBERTINO DOS SANTOSDE SALVADOR (BA),

NASCIDO EM 14/11/1946

Quis fazer faculdade de direito, mas não tinha dinheiro. Construí minha carreira como técnico em hidrologia, me aposentando aos 53 anos. Em 2002, eu ajudei a fundar o Sindicato dos Aposentados de Salvador e, por ironia do destino, me tornei diretor jurídico. Com um colega advogado, dou orientações sobre ações previdenciárias. Meu plantão é de três dias na semana, mas gosto tanto que sempre estou lá.

começar de novo

CARMEN CERQUEIRA CARDOSODE SALVADOR (BA),

NASCIDA EM 26/1/1947

Trabalhei por quase 30 anos na área de contabilidade. Estou aposentada faz 10. Dediquei o tempo livre ao artesanato: mexi com bichos de pelúcia e fuxico, mas hoje prefi ro bordado e tecelagem. Já fi z muitos enxovais para recém-nascidos. Agora, quero voltar a trabalhar na minha área, por isso estou me atualizando em cursos de informática. Quero ter dinheiro para viajar por todo lado.

O TEMPO DE CADA UM44

FOI-SE O TEMPO em que se aposentar estava restrito ao sentido etimoló-gico da palavra: recolher-se aos apo-sentos. Colocar o pijama para sem-pre não é mais o sonho de boa parte das 870 mil pessoas que, a cada mês, no mundo inteiro, comemoram o 65º aniversário. É a partir dessa data que, pela legislação brasileira, os homens podem pedir a aposentadoria por idade. Para as mulheres, o limite é de 60 anos. No caso dos trabalhadores rurais, o prazo cai em cinco anos.

O aumento da expectativa de vida, porém, faz a chamada terceira idade ter uma imagem bem mais ati-va hoje em dia. “Quem completa 65 anos atualmente se sente mais capaz, incluído e autônomo do que aqueles de gerações passadas”, explica Felipe Octaviano, psicólogo e psicoterapeu-ta que trabalha com idosos. “Fechar a carteira de trabalho signifi ca, na ver-dade, abrir uma nova relação com o tempo, iniciar outros trabalhos”, afi r-ma. A ideia é sentir-se “renovado”, em vez de “aposentado”, e escolher uma nova atividade levando em conta a saúde física e mental, a alegria, os so-nhos e a disponibilidade. É isso que as quatro pessoas a seguir, todas com 65 anos, estão fazendo. Confi ra!

A IDADE DA APOSENTADORIA

É UM ÓTIMO MOMENTO

PARA REINVENTAR A VIDA

TEXTO PATRÍCIA PEREIRA

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JOSÉ CÍCERO DE BARROS PINTODE PAULISTA (PE),

NASCIDO EM 10/9/1946

Trabalho desde os 12 anos, já fi quei sem casa, mas enfrentei a vida e venci. Eu era engenheiro do Corpo de Bombeiros, me aposentei e hoje tenho uma construtora. Mas diminuí o tamanho da empresa para acalmar o ritmo. Agora estou transformando minha casa de praia numa pousada cuja renda vai ser investida num projeto que apoia crianças carentes. Ainda quero ajudar muita gente!

CREUZA MARIA PEREIRA BATISTADE VOLTA REDONDA (RJ),

NASCIDA EM 11/04/1947

Fui professora de jardim da infância e me divertia muito. Na semana da criança, levava os alunos para nadar na piscina de casa. Hoje, às vezes, alguns homens enormes me chamam na rua: “tia Creuza!”. Sou casada há quase 40 anos, tive quatro fi lhos e quatro netos. Cuido dos dois mais novos para os pais trabalharem. Adoro reviver a rotina de fraldas e mamadeiras. É como um recomeço.

...viveu a maior parte da sua vida sob a Guerra Fria, entre 1945 e 1991, quando o mundo esteve dividido em dois blocos. O livro História da Guerra Fria (Nova Fronteira), de John Lewis Gaddis, explica o confl ito.

POR EXEMPLO 45

SE VOCÊ TEM 65...

...pôde acompanhar o surgimento da TV no Brasil, em 1950. Para matar a saudade de um dos programas mais famosos da época, que fi cou no ar até 1970, veja a vinheta de abertura d’O Seu Repórter Esso: http://bit.ly/GBVrTJ

...na adolescência, viu surgir o atleta do século, campeão das Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1970. O documentário Pelé Eterno (Brasil, 2004) conta a trajetória do craque, trazendo os principais gols, dribles e demais lances de sua carreira.

...quando chegou à juventude, nos anos 1960, viu ser lançada no Brasil a pílula anticoncepcional, que promoveu uma revolução nos hábitos sexuais. Leia sete curiosidades sobre esse medicamento: bit.ly/dqgpTu

© FOTOS 1 TIAGO LIMA 2 LEO CALDAS 3 ANNA FISCHER

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APRENDA E ENSINE46

Rotina verde

VOCÊ É UM CONSUMIDOR CONSCIENTE? CONFIRA OITO DICAS PARA TORNAR MAIS SUSTENTÁVEIS SUAS IDAS AO MERCADO – E A MANEIRA COMO VOCÊ USA OS PRODUTOS LÁ COMPRADOSTEXTO ALEX XAVIER E DILSON BRANCO ILUSTRAÇÃO JULIANA RUSSO

1SANTA LISTINHAJogamos fora um terço dos

alimentos perecíveis que compramos. Evitar isso pode

ser simples: faça uma lista de compras com os itens de que

você realmente precisa e não encha o carrinho movido pela

impulsividade. Assim, você não desperdiça os recursos

naturais e poupa seu dinheiro.

2 TEM DE SER DE CARRO?Em determinados horários e para certos trajetos, o carro não é a melhor opção. Ao ir ao mercado (ou a qualquer outro destino) a pé, de bicicleta ou de transporte coletivo, você polui menos, economiza e ainda pode chegar mais rápido e com menos estresse.

8AJUDAR QUEM PRECISA

Sustentabilidade também signifi ca responsabilidade

social. Que tal incluir nas suas compras algum

produto para doação? Ou doe algo que você já

tem e que não usa mais.

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POR EXEMPLO 47

3 FICHA LIMPAOptar por uma marca de produto nas compras é estimular as práticas do fabricante. Afi nal, damos dinheiro para ele. Como suas marcas preferidas agem em relação à sustentabilidade? Uma rápida pesquisa na internet pode mostrar quem merece sua fi delidade.

4 DESCARTÁVEL CENTENÁRIAA sacolinha plástica leva centenas de anos para se decompor. Prefi ra bolsas reutilizáveis. E, se pegar as descartáveis, encaminhe-as à reciclagem. Para embalar lixo, a melhor opção são os sacos biodegradáveis, que se decompõem mais rápido.

5 ENERGIA RACIONALVocê chega em casa e vai guardar as compras na geladeira. Cuidado para não deixá-la aberta por tempo desnecessário. É uma maneira de poupar energia. Outra dica importante é trocar as lâmpadas incandescentes pelas fl uorescentes, que duram mais e gastam menos.

6 COMIDA NÃO É LIXONo Brasil, 26 milhões de

toneladas de comida vão para o lixo todo ano. Experimente

aproveitar os ingredientes integralmente: cascas de

frutas, por exemplo, batidas com água no liquidifi cador,

rendem bons sucos. E casca de ovo triturada é um ótimo

adubo para suas plantas.

7O DESTINO DAS EMBALAGENS

Dos 700 gramas de lixo que o brasileiro produz

diariamente, reciclamos só 5%. Informe-se na

prefeitura de sua cidade se há coleta seletiva na

sua rua. Ou leve o lixo limpo às lojas do Extra.

Veja onde fi ca a mais próxima: bit.ly/pWf3Rl

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AGRADEÇO48

Lição maternaMESMO ANTES DE NASCER, já estamos aprendendo com nossa mãe. Dentro de sua barriga, protegidos do mundo exterior, entendemos que ela é nossa fonte de segurança, uma pessoa com quem sempre poderemos contar, independente-mente do tamanho da difi culdade. E essa lição primordial, no decorrer da vida, vai abrir caminho para inúmeras outras.

Alguns ensinamentos fi cam armazenados em espaços tão profundos da memó-ria que chegam a preservar o timbre com que nos foram passados. Com nossas mães aprendemos a ser cautelosos (“cuidado na escada”), educados (“não brinque com a comida”), prevenidos (“leve um agasalho, pois vai esfriar”), organizados (“já fez a lição?”)... E quebramos a cabeça quando elas querem nos convencer de que, de vez em quando, ao contrário, devemos ser destemidos, relaxados, criativos e maleáveis.

Em algum momento, percebemos que elas não são super-heroínas. Nos surpre-endemos com seus defeitos. Mas é justamente quando as encaramos como pes-soas normais, limitadas pela condição humana, que valorizamos o incrível traba-lho de que elas são capazes para contribuir de forma crucial com nossa formação.

Confi ra na página ao lado uma série de depoimentos em que fi lhos reconhe-cem os melhores legados maternos que receberam. E aproveite para refl etir: o que de mais importante você aprendeu com sua mãe?

ELA É A PRIMEIRA E MAIS

IMPORTANTE PROFESSORA.

FAZ DE CADA DIA UMA

AULA, E DA VIDA, A MAIOR

ESCOLA. CELEBRE

SUA MÃE, E AGRADEÇA

POR TUDO O QUE

ELA LHE ENSINOU!

TEXTO ALEX XAVIER, DILSON BRANCO E JUCIANA GURGEL

FOTO FILIPE ACÁCIO

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POR EXEMPLO 49

Minha mãe é morena, e meu “paidrasto”, branco. Ela sofreu muito com piadas racistas, tanto no trabalho quanto na família, e sempre se posicionou contra os estereótipos. Assim, na prática, nos ensinou que os valores das pessoas não estão atrelados à cor da pele, mas, sim, ao que elas são por dentro.TATIANA DE OLIVEIRA, 27 anos, Fortaleza

Para me ensinar o valor do dinheiro, minha mãe começou a me dar mesada, uns R$ 5 por semana. Só então comecei a prestar atenção em quanto custava um álbum de fi gurinhas e quantas semanas demoraria para conseguir comprá-lo. Aprendi tão bem a economizar que, hoje, quando minha mãe precisa, sou eu quem lhe empresta dinheiro.THIAGO PIRES, 28 anos, Brasília

Aprendi com minha mãe que tudo tem um jeito, mesmo que demore para fi car claro. Ela tinha 19 anos quando nasci. E, dois anos e meio depois, teve meu irmão. Hoje, vejo quão difícil deve ter sido. Ela trabalha desde os 12 anos, fez faculdade aos 38, tem dois trabalhos – e ainda arranja tempo para ser atenciosa com os fi lhos e aproveitar a vida.DENISE AIRES, 28 anos, São Paulo

Confi ança conquista mais respeito do que medo. Aprendi isso com minha mãe. Eu seguia as regras mais por receio de decepcioná-la do que de levar bronca do meu pai. Passei esse valor para meus fi lhos. E temos uma ótima relação.ALMERI SOUSA, 57 anos, Goiânia

Quando eu tinha 7 anos, quis surpreender minha mãe. Observei como ela fazia o arroz e tentei imitar. Ficou horrível. Cru, salgado e queimado. Ela jogou tudo fora, mas gostou tanto da iniciativa que decidiu me ensinar a cozinhar. Aos poucos, passou receitas simples, como arroz, feijão, ovo frito e macarrão. Resolvi fazer o mesmo com a minha fi lha e, aos 10 anos, ela já é uma cozinheira de mão-cheia.BETÂNIA MAGALHÃES, 35 anos, Brasília

Minha mãe morreu com 101 anos e sempre me ensinou a ter respeito com os mais velhos. Aprendi que, por possuir mais experiência, eles são mais sábios. E coloco esse ensinamento em prática até hoje.ALIBÂNIO BARBOSA, 75 anos, Maracanaú (CE)

Quando era adolescente, minha mãe perdeu a chance de fazer um intercâmbio porque meu avô viu na chuva um empecilho para ir à agência de viagens. Desde então, ela prometeu nunca se abater pelo mau tempo. E me passou essa lição não só no discurso como também na prática, me levando, ainda criança, para ajudar vítimas de enchentes.JAQUELINE LI, 29 anos, São Paulo

Minha mãe nunca tentou infl uenciar em minhas decisões nem me impedir de fazer escolhas que me levassem para longe. Foi assim que aprendi a me virar sozinha e conquistei a independência pelo meu próprio esforço.JÉSSICA MARTINELI, 29 anos, São Paulo

Uma das coisas que minha mãe me ensinou desde que eu era bem pequena foi a não mentir. Eu nunca a vi fazer isso. Nas novelas da televisão, as pessoas sempre enganam as outras. Mas ela me diz que é feio. Por isso, sempre digo a verdade.LAÍS BEZERRA, 10 anos, Fortaleza

A minha mãe sempre fez parte de movimentos sociais, assembleias, sindicatos. Graças a ela, eu me vi nas manifestações dos caras-pintadas, no início dos anos 1990. Também acabei militando por um partido político.GIULIANO VASCONCELOS, 37 anos, Brasília

Aprendi com minha mãe a não ter preguiça e a não esperar que os outros façam tudo por mim. Tento passar esses valores para minhas fi lhas, mal-acostumadas com as facilidades da vida moderna. Sempre que elas reclamam de ter de lavar a roupa, digo que, na idade delas, eu batia lençol na pedra do riacho.RAQUEL ALVES SOBRINHA NETO, 47 anos, Brasília

Minha mãe criou 13 fi lhos em um sítio pequeno de Minas Gerais e dava muito valor à terra, pois dali tirava o nosso sustento. A primeira coisa que ela me ensinou foi a cultivar alho. E, depois, laranja, mexerica, limão, manga, fl ores... Até hoje tenho afi nidade com plantas. E acho magnífi co como nosso carinho pode fazê-las germinar e crescer, como se fossem fi lhos.MARIA LUCIA DE OLIVEIRA, 47 anos, Diadema (SP)

A quem você gostaria de

agradecer por ter-lhe ensinado algo importante?

Conte para a gente!

Veja nossos contatos

na página 7.

TATIANA (A 3ª DA

ESQ. PARA A DIR.)

APRENDEU EM

CASA QUE A COR

DA PELE NÃO NOS

FAZ MELHORES

NEM PIORES

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SEMPRE É TEMPO50

Destino: novidade!VIVA EXPERIÊNCIAS DIFERENTES: QUAL FOI A ÚLTIMA VEZ EM QUE VOCÊ FEZ ALGO INÉDITO?

Promovi uma seresta em uma casa de repouso para idosos. Com a ajuda de músicos e amigos, o tão sonhado evento enfi m aconteceu. Mais de 100 velhinhos dançaram, cantaram e brincaram por três horas, balançando o salão. Até internos de cadeira de rodas caíram na folia. Um deles disse que nunca havia participado de uma festa tão linda. Jamais me esquecerei dessa emoção!ELZA SANTOS, 74 anos, Salvador

Em 2011, prestei meu primeiro vestibular, na Universidade de Brasília, para matemática. Infelizmente, não passei. Mas neste ano vou tentar de novo. Aproveito para estudar enquanto não aparecem clientes na minha banquinha de picolé. Alguns fregueses me ajudam trazendo livros. Estou lendo um do Fernando Sabino. E na semana que vem vou começar a ler Machado de Assis, pela primeira vez.RONALDO RIO, 32 anos, Brasília

Meu fi lho me deu um voo de parapente quando fi z 64 anos. Esperamos meses até conseguir um dia com tempo bom e em que ele pudesse me acompanhar. Com o instrutor, saltei do morro Voturuá, a 180 metros de altura, entre Santos e São Vicente. Ficamos 40 minutos no ar. Vi a orla, os navios, a praia e os prédios. Eu me senti uma gaivota. Aprendi a não abrir mão das oportunidades que aparecem.CARLOS GAMA, 65 anos, Santos (SP)

Nunca pensei muito em me casar. Muito menos de véu e grinalda. Mas a última vez em que fi z algo pela primeira vez foi exatamente assim. Fiquei meses organizando tudo e, quando vi, estava imaginando esse dia até dormindo. Espero que as palavras do padre fi quem entre nós para sempre, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, para a gente construir uma família feliz.FERNANDA CHAVES, 36 anos, Fortaleza

Em janeiro, pela primeira vez depois de adulta, viajei só com a família. Fomos a Bertioga, onde meu pai morou na infância. Entramos na cachoeira, tomamos chuva na trilha, fritamos peixe ouvindo LPs do Roberto Carlos e tiramos fotos em poses divertidas. Vou guardar para sempre essas experiências que vivi com meus pais e minhas irmãs.NATALY SANTOS, 27 anos, Ribeirão Preto (SP)

Conte sua

última estreia

para a gente!

Veja nossos

contatos

na página 7.

TEXTO JUCIANA GURGEL, DILSON BRANCO E ALEX XAVIER FOTO FABIO MELO

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