12
NOVO FOLH- ETO

Revista Novo Folheto

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Revista Novo Folheto

NOVO FOLH-ETO

Page 2: Revista Novo Folheto

Artista Visual. Ana Carolina Ximenez

Projeto Gráfico. Maria José de Oliveira

Crítica. Natália Gil

Page 3: Revista Novo Folheto

ÍNDICE

2

4

5

6

Introdução

Sinopse

Da autora

Crítica

Page 4: Revista Novo Folheto
Page 5: Revista Novo Folheto

INTRO-DUÇÃO

A performance é uma forma de arte que

pode combinar elementos das artes visuais,

teatro, música, poesia ou vídeo e, além da

participação do artista, pode contar com

a participação do espectador.

É uma manifestação que se expande a

diferentes experiências culturais,

introduzindo novas orientações, como as

tentativas de relacionar a criação artística

às coisas do mundo e à realidade em que

vivemos. A necessidade de expressar

inquietações ou preocupações pessoais

pode nos levar a criar, a construir novos

significados que sejam capazes de transpas-

sar sensações e sentimentos muito profundos

ao outro e que, por vezes, somente

palavras não conseguiriam expressar.

Esta revista abordará sobre o trabalho

Novo Folheto, performance em audiovisual

de Ana Carolina Ximenez, onde a artista

é registrada fazendo colagens em alguns

pontos da cidade de São Paulo, com o

objetivo de promover questionamentos e

refletir sobre como as estruturas de poder

e influências religiosas contribuem para as

desigualdades presentes na sociedade atual.

“..Novo Folheto, performance em audiovisual de Ana Carolina Ximenez, onde a artista é registrada fazendo colagens..”

2

Page 6: Revista Novo Folheto
Page 7: Revista Novo Folheto

Sino-pse

Novo Folheto consiste no registro de uma

ação performática em um vídeo documental

de aproximadamente cinco minutos, no qual

a artista é registrada fazendo colagens feitas

a partir de lambe-lambes em alguns pontos

da cidade de São Paulo próximos às igrejas

católicas. O papel da colagem consiste em

uma intervenção a partir de desenhos de

vulvas feitos por cima do jornal impresso dessas igrejas.

4

Page 8: Revista Novo Folheto

Au-tora

DA

“Respirei fundo e escutei o velho e orgulhoso som do meu coração. Eu sou, eu sou, eu sou.”

Sylvia Plath

O corpo e o pessoal. Duas instâncias indisso-

ciáveis que se articulam em pensamentos e

fazem parte da minha produção artística.

Ao considerar o gênero, me permito

recolocar questões de estética relativas às

condições da experiência criadora e das

especificidades das produções femininas

no interior das práticas artísticas feministas,

relacionando-me com as áreas políticas e

culturais relativas à subjugação das

mulheres, principalmente seu lugar e seu

papel em uma sociedade já impregnada

pelos preceitos morais advindos da tradição

cristã que imperam na cultura ocidental.

Meu corpo é laico, mas não imparcial. Den-

tro deste contexto, ele se torna minha arma.

Se a igreja deseja consagrá-lo e o estado

demarcá-lo é porque as crenças e situações

que o ameaçam ainda permanecem.

Assim, quem poderia ser grande o bastante capaz de classificar meus sentimentos e sensações?

5

ACESSE AQUI: https://vimeo.com/104230001

Page 9: Revista Novo Folheto
Page 10: Revista Novo Folheto

Crí-tica

Arquitetando outra possibilidade

Novo Folheto (2014), de Ana Carolina

Ximenez, é uma vídeo-performance docu-

mental, como denomina a própria artista.

Na primeira cena vemos uma pessoa, que

é Ana Carolina, recortando alguns papéis,

desenhando - “Poder de Deus” é o nome

que aparece. Estamos na rua. Cidade

movimentada, pessoas, barulhos, buzinas.

Em locais próximos à igrejas católicas é que

as ações acontecem: lambe-lambes são co-

lados por postes e paredes. A partir de uma

câmera que anda junto com a artista (que

balança ao caminhar, registra o som em

volta) vemos que os lambe-lambes são os

papéis mostrados no início com uma vulva

desenhada por cima das palavras...

Ana veste uma camisa xadrez, outro dia

saia, e, depois, um shorts. A cidade é São

Paulo, que se mostra por seu barulho do

trânsito de carros, motos; pelo trânsito de

pessoas. Em quase toda a vídeo-perfor-

mance são exibidas duas cenas ao mesmo

tempo: de um lado Ana colando os lam-

be-lambes, do outro uma pessoa rezando

dentro de uma igreja; o cartaz colado, agora,

num poste, e um altar. A cidade, a Igreja, a

mulher, Ana Carolina, as outras pessoas -

elementos que se tornam simbólicos,

inseridos numa espécie de jogo de forças.

Ana vira personagem: pessoa-mulher-con-

temporânea. A cidade grande de várias

igrejas: um quase-cenário-religioso.

Assim como a vídeo-performance que se

dá pela oposição de cenas, com os folhetos

colados em frente às igrejas, Ana cria um

espaço de comparação ideológica. O espaço

da Igreja se coloca através de sua arquite-

tura estilizada e estabelecida, e a imagem

de sua fachada se faz como discurso históri-

co-cultural: posturas comportamentais,

condutas sagradas. O lambe-lambe com

uma vulva desenhada por cima de palavras

religiosas, então, se apresenta como con-

traponto direto e assumido. Ana pega os

folhetos, intervêm sobre eles, cola-os em

frente de onde pegou, registra toda a ação,

7

Page 11: Revista Novo Folheto

POR NATÁLIA GIL

estabelece um embate. Como que sobrepõe

sua visão nua e objetiva, o órgão feminino

livre sobre interpretações humanas.

O discurso milenar da Igreja Católica que se

faz presente ainda hoje, e a escolha de Ana

como o determinante de seu lugar na

sociedade contemporânea.

Toda a ação de Novos Folhetos parece

querer criar um novo discurso a partir da

ressignificação, da releitura, da “ressim-

bolização” de um discurso tradicional e

convencional. O desenhar sobre o folheto

da igreja é a pista: não só se apresenta o

que poderíamos considerar como um novo

símbolo, a vulva, como este está colocado

sobre outro, o símbolo do discurso católico.

Entre os passantes, Ana age com a sutileza

dos pixadores e de outros coladores de

lambe-lambes, quase invisível, e, em meio

aos discursos impositivos vindos de todos

lados, é como se ação se fizesse necessária

para tentar, também, discursar, dizer, falar.

E é aí que Ana arquiteta outra possibilidade:

toda o embate acontece no plano da cidade,

o que a deixa tão invisível quanto sujeita

- visível, então - à interferência de outras

pessoas - tanto no momento em que estiver

colando, ou depois, sobre seus folhetos.

Temos aí outra pista: a ação registrada em

vídeo é, também, documental, pois é real.

E os novos folhetos de Ana podem estar

colados por São Paulo neste exato momento.

8

Page 12: Revista Novo Folheto

“Há mais de dois modos de pensar Há mais de um modo de saber Há mais de dois modos de ser Há mais de um caminho a seguir”

Resist Psychic Death – Bikini Kill