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ISSN 21774780 1 II SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA INVESTIGAÇÃO, 15(2):1-34, 2016 REVIST A INVESTIGAÇÃO Clínica e Cirurgia Veterinária ANAIS II SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA

REVISTA INVESTIGAÇÃO - Unifran

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ISSN 21774780

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II SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADAINVESTIGAÇÃO, 15(2):1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Clínica e Cirurgia Veterinária

ANAIS

II SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA

ISSN 21774780

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II SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA

PROMOÇÃO

Curso de Mestrado em Medicina Ciência Animal

COORDENADORAS

Profa. Dra. Sabryna Gouveia Calazans

COMISSÃO CIENTÍFICA

CoordenadoraJuliana Santilli

RevisoresCarlos Eduardo Fonseca AlvesGeórgia Modé MagalhãesGeovanni Dantas CassaliJuliana SantilliNichollas Martins ArecoReynaldo José Sant’AnnaRodrigo UbukataSabryna Gouveia Calazans

COMISSÃO ORGANIZADORA

Juliana SantilliDenner Santos dos AnjosLarissa Fernandes Magalhães

Elaine Cristina StupakAline Fernandes VitalMarina Laudares CostaCaio Ribeiro

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃONúcleo de Projetos e Pesquisas de DesignCoordenaçãoAna Márcia Zago SupoervisãoRodrigo Aparecido de SouzaExecuçãoLetícia Meirelles Junqueira

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Patrocínio:

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II SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA

PROGRAMAÇÃO

09:00 às 09:50hPALESTRA DE ABERTURA: ONCOLOGIA COMPARADADra. Renata A. Sobral(Clínica Onco Cane, São Paulo/SP)

10:00 às 10:30h Coffee-break

10:30 às 12:00h

MESA REDONDA: PSICO-ONCOLOGIAMediadora: Profa Dra. Sabryna Gouveia Calazans(Mestrado Medicina Veterinária, UNIFRAN)“Como lidar com o proprietário do paciente oncológico”Dra. Renata A. Sobral(Clínica Onco Cane, São Paulo/SP)“Suporte psicológico a crianças e adolescentes com câncer”Msc. Nichollas M. Areco(Hosp. Das Clínicas, USP/Ribeirão Preto)“Síndrome de burn-out em cuidadores e profissionais de oncologia”Doutoranda Érika A. O. Cardoso(USP/Ribeirão Preto)

12:00 às 14:00h Intervalo

14:00 às 15:30h

MESA REDONDA: SARCOMAS DE TECIDOS MOLESMediadora: Profa Dra. Sabryna Gouveia Calazans(Mestrado Medicina Veterinária, UNIFRAN)“Desafios do diagnóstico de sarcomas de tecidos moles”Dr. Felipe A. R. Sueiro(VetPat, Campinas/SP)“Abordagem terapêutica em sarcomas”Dra. Maristella B. dos Reis(Hosp. das Clínicas, USP/Ribeirão Preto)“Tratamento de sarcomas em pequenos animais”Msc. Rodrigo Ubukata(Provet, São Paulo/SP)

15:30 às 16:00h Coffee-break

PROGRAMAÇÃO

16:00 às 17:30h

MESA REDONDA: QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSTICAMediadora: Profa Dra. Sabryna Gouveia Calazans(Mestrado Medicina Veterinária, UNIFRAN)“Quimioterapia em pequenos animais”Profa Dra. Sabryna G. Calazans(UNIFRAN)“Desenvolvimento de novas modalidades quimioterápicas”Pós-doutorado Dr. Ricardo Furtado(UNIFRAN)“Efeitos adversos da quimioterapia em crianças”Prof. Dr. Reynaldo José Sant’Anna(Faculdade de Medicina, UNIFRAN)

17:45h APRESENTAÇÃO DE PÔSTER

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II SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA

ÍNDICE DE RESUMOS

TRABALHOS CIENTÍFICOS

AVALIAÇÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE MACRÓFAGOS EM LINFOMAS CUTÂNEOS CANINOS

Francielli Rosa DIAS, Juliana SANTILLI, Letícia Abrahão ANAI, Paulo César JARK, Giovanni VARGAS-HERNANDEZ, Oscar Rodrigo SIERRA-MATIZ, Felipe Augusto Ruiz SUEIRO, Sabryna Gouveia CALAZANS

COMPARAÇÃO DAS IMUNOMARCAÇÕES DE ALDH-1 EM CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE EQUINOS, BOVINOS E CANINOSIggor Kallyl TAVARES E AZEVEDO, Priscila Pavini CINTRA, Juliana SANTILLI, Alessandra Aparecida MEDEIROS, Rosemeire de Oliveira VASCONCELOS, Raquel Alves dos SANTOS, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Andressa MATSUI, Geórgia Modé MAGALHÃES

DISTÚRBIOS DE COAGULAÇÃO EM CÃES COM METÁSTASES

Aline Fernandes VITAL, Juliana SANTILLI, Marcia Ferreira da Rosa SOBREIRA, Sabryna Gouveia CALAZANS

FREQUÊNCIA DE ANEMIA EM CÃES IDOSOS ACOMETIDOS POR NEOPLASIAS

Caio Ribeiro de PAULA, Denner Santos dos ANJOS, Sabryna Gouveia CALAZANS

IMUNOMARCAÇÃO DE CD44 EM CÉLULAS TUMORIGÊNICAS DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS CANINAS E SUAS RESPECTIVAS METÁSTASES

Gabriela Piovan LIMA, Priscila Pavini CINTRA, Sabryna Gouveia CALAZANS, Flávia C. OLIVEIRA, Italo C. OLIVEIRA, Juliana Santilli, Iggor Kallyl Tavares e Azevedo, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Geórgia Modé MAGALHÃES

LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA (LMA) EM (Brachyteles arachnoides GEOFFROY, 1806): PARTICIPAÇÃO DE ONCOVÍRUS POTENCIALMENTE ZOONÓTICO

Camilla Nascimento LEITE, Daphne Costa de Moraes ANDRADE, Alcides PISSINATI, Cleusa Fumica Hirata TAKAKURA, Maria Irma Seixas DUARTE, José Luis CATÃO-DIAS, Stéfanie Vanessa SANTOS

O CONCEITO DE CÂNCER NA PERSPECTIVA DE TUTORES DE CÃES E GATOS

Marina Laudares COSTA, Leonardo Lamarca de CARVALHO, Elaine Cristina STUPAK, Orlando Marcelo MARIANI, Jéssica Cristina de BARROS, Natacha Alves ALEXANDRE, Mariana Reato NASCIMENTO, Sabryna Gouveia CALAZANS

PANORAMA PONTUAL DA ONCOLOGIA VETERINÁRIA: O DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO E A EFICIÊNCIA PROGNÓSTICA DOS CASOS

Daphne Costa de Moraes ANDRADE, Camilla Nascimento LEITE, Stéfanie Vanessa SANTOS

PRINCIPAIS NEOPLASIAS QUE LEVARAM FELINOS À ÓBITO NOS ANOS DE 2013 A 2015 NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIFRAN

Caroline Voltolini LOPES, Carolyne Souza CAMPOS, Giovanna GIBERTONI, Emilly Cristina FERREIRA, Gabriela Piovan LIMA, Flávia Cristina de OLIVEIRA, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Geórgia Modé MAGALHÃES

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RELATOS DE CASOS

CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM EQUINO: RELATO DE CASOLucas de Freitas PEREIRA, Vítor Foroni CASAS, Rafael de Melo ALVES, Alex Roberto de OLIVEIRA, Isadora Helena Sousa MELO, Valéria Amorim CONFORTI, Cristiane dos Santos HONSHO, Denner Santos dos ANJOS, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS

CARCINOMA DE GLÂNDULAS CERUMINOSAS ASSOCIADO À OTITE MÉDIA E EXTERNA EM CÃO: RELATO DE CASOOrlando Marcelo MARIANI , Larissa Fernandes MAGALHÃES, Elaine Cristina STUPAK, Natacha Alves ALEXANDRE, Jéssica Cristina BARROS, Mariana Reato NASCIMENTO, Leonardo Lamarca de CARVALHO, Marina Laudares COSTA, Sabryna Gouveia CALAZANS, Geórgia Modé MAGALHÃES

CARCINOMA MAMÁRIO E MASTOCITOMA EM UMA ÚNICA MASSA TUMORAL EM CÃO: RELATO DE CASOMariana Reato NASCIMENTO, Jessica Cristina de BARROS, Elaine Cristina STUPAK, Orlando Marcelo MARIANI, Natacha Alves ALEXANDRE, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Leonardo Lamarca de CARVALHO, Marina Laudares COSTA,Denner Santos dos ANJOS ,GeorgiaModé MAGALHÃES

CISTOSCOPIA COMO AUXÍLIO NO DIAGNÓSTICO DE LEIOMIOMA URETRAL EM CADELA – RELATO DE CASOJéssica Cristina de BARROS, Mariana Reato NASCIMENTO, Elaine Cristina STUPAK, Thais Nakane RIBEIRO, Orlando Marcelo MARIANI, Leonardo Lamarca de CARVALHO, Cristiane Alves CINTRA, Denner Santos dos ANJOS, Pedro Paulo Maia TEIXEIRA, Leandro Zuccolotto CRIVELLENTI

DIAGNÓSTICO DE CARCINOMA UROTELIAL PELA ANÁLISE DO SEDIMENTO URINÁRIO E ESFOLIAÇÃO TRAUMÁTICA EM CÃO – RELATO DE CASOLarissa Fernandes MAGALHÃES, Paula Barbosa COSTA, Cristiane Alves CINTRA, Elaine Cristina STUPAK, Mariana Reato NASCIMENTO, Juliana SANTILLI, Denner Santos DOS ANJO, Leandro Zuccolotto CRIVELLENTI, Luara Rodrigues REZENDE,Flávia Cristina de OLIVEIRA

ELETROQUIMIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE CARCINOMA ESPINOCELULAR EM GATO – RELATO DE CASOLeonardo Lamarca de CARVALHO, Marina Laudares COSTA, Elaine Cristina STUPAK, Orlando Marcelo MARIANI, Jéssica Cristina de BARROS, Natacha Alves ALEXANDRE, Mariana Reato NASCIMENTO, Carlos Henrique Maciel BRUNNER, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS, Sabryna Gouveia CALAZANS

HEMANGIOSSARCOMA ESPLÊNICO EM UM CÃO – RELATO DE CASOPaula Barbosa COSTA, Denner Santos dos ANJOS, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Orlando Marcelo MARIANI, Luara REZENDE, Nicole Luizari STÁBILE, Valeska RODRIGUES, Raquel BARONI, Daniel Paulino JÚNIOR, Sabryna Gouveia CALAZANS

IMPORTÂNCIA DO USO DO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM PARA A AVALIAÇÃO DO LINFOMA EM UM CÃO – RELATO DE CASOLais Melicio Cintra BUENO, Shayra Peruch BONATELLI, Bruna Fernanda FIRMO , Bruna Bassi BRANCALION, Priscila KOBAYASHI , Sheila Canevese RAHAL, Luiz Carlos VULCANO , Alessandre HATAKA

MASTOCITOMA EM PÁLPEBRA DE CÃO – RELATO DE CASOOrlando Marcelo MARIANI, Elaine Cristina STUPAK, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Natacha Alves ALEXANDRE, Mariana Reato NASCIMENTO, Leonardo Lamarca de CARVALHO, Marina Laudares COSTA, Juliana SANTILLI, Cristiane dos Santos HONSHO, Sabryna Gouveia CALAZANS

MELANOMA EM MESÓRQUIO EM EQUINO – RELATO DE CASONatacha Alves ALEXANDRE, Leonardo Lamarca de CARVALHO, Marina Laudares COSTA, Mariana Reato NASCIMENTO, Jessica Cristina BARROS, Rafael de Melo ALVES, Alex Roberto de OLIVEIRA, Vítor Foroni CASAS, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS, Lucas de Freitas PEREIRA

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MELANOMA NASAL EM CÃO – RELATO DE CASOPaula Cava RODRIGUES, Karen Abrantes da ASSUNÇÃO, Caio RIBEIRO, Sabryna Gouveia CALAZANS

OSTEOSSARCOMA EM LOCAL DE IMPLANTE ÓSSEO EM ÚMERO DE CÃO: RELATO DE CASOElaine Cristina STUPAK, Orlando Marcelo MARIANI, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Natacha Alves ALEXANDRE, Jéssica Cristina BARROS, Mariana Reato NASCIMENTO, Leonardo Lamarca de CARVALHO, Marina Laudares COSTA, Sabryna Gouveia CALAZANS, Geórgia Modé MAGALHÃES

QUIMIOTERAPIA METRONÔMICA ADJUVANTE EM CADELA COM CARCINOMA MAMÁRIO ANAPLÁSICO METASTÁTICO – RELATO DE CASOJuliana SANTILLI, Jessé Ribeiro ROCHA, Renata Fuentes BORGES, Camila Cáceres FERRACINI, Cássia Regina de ABREU, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Sabryna Gouveia CALAZANS

RUPTURA HEPATO-ESPLÊNICA POR HEMANGIOSSARCOMA: RELATO DE CASOJéssica Cristina de BARROS, Natacha Alves ALEXANDRE, Leonardo Lamarca de CARVALHO, Marina Laudares COSTA, Mariana Reato NASCIMENTO, Elaine Cristina STUPAK, Orlando Marcelo MARIANI, Thais Nakane RIBEIRO, Denner Santos dos ANJOS, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS

SARCOMA EM ARARA-CANINDÉ (ARA ARARAUNA): RELATO DE CASOLuiz Tadeu BRAGA JUNIOR, Otávio Luís de Oliveira Henriques PAULO, Geórgia Modé MAGALHÃES, Valéria Amorim CONFORTI

SARCOMA PALATINO INVASIVO EM CÃO: RELATO DE CASOFernanda Gosuen Gonçalves DIAS, Denner Santos dos ANJOS, Juliana SANTILLI, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Elaine Cristina STUPAK, Luara Rodrigues REZENDE, Natacha Alves ALEXANDRE, Lucas de Freitas PEREIRA, Sabryna Gouveia CALAZANS, Geórgia Modé MAGALHÃES

TOXICIDADE DERMATOLÓGICA (ONICOMADESE) POR HIDROXIUREIA EM UM CÃO – RELATO DE CASODenner Santos dos ANJOS, Paula Barbosa COSTA, Sabryna Gouveia CALAZANS

USO DA ELETROQUIMIOTERAPIA COMO TRATAMENTO DE MELAOMA AMELÂNICO EM CAVIDADE ORAL DE UM CÃO: RELATO DE CASOElaine Cristina STUPAK , Orlando Marcelo MARIANI, Larissa Fernandes MAGALHÃES Natacha Alves ALEXANDRE, Mariana Reato NASCIMENTO, JESSICA Cristina BARROS, Juliana SANTILLI, Geórgia Modé MAGALHÃES, Sabryna Gouveia CALAZANS, Carlos Henrique Maciel BRUNNER

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Embora a interação entre o câncer e o sistema imunológico seja admitida, os mecanismos envolvidos nessa associação ainda não estão bem esclarecidos. Diante da presença de uma neoplasia, os macrófagos iniciam a primeira linha de defesa, a imunidade inata. Dentro desse contexto, numa fase inicial do desenvolvimento do tumor, os monócitos são recrutados para o sítio tumoral, onde são diferenciados em macrófagos e ativados para exercerem suas funções. Macrófagos tipo I (M1) produzem grande quantidade de citocinas pró-inflamatórias que induzem a morte de células neoplásicas. Já os macrófagos tipo II (M2) modulam a reação inflamatória, eliminando restos celulares, promovendo a angiogênese e a remodelação tecidual. Esse trabalho teve como objetivo quantificar a presença de macrófagos em linfomas cutâneos caninos por imuno-histoquímica e sua associação com o epiteliotropismo e imunofenótipo. Foram selecionados 19 blocos de parafina contendo amostras de linfoma cutâneo canino, cortados e montados em lâminas. Posteriormente as amostras foram submetidas a reações de imuno-histoquímica com o anticorpo anti-MAC (MAC 387, Dako), na diluição de 1:200. A interpretação dos resultados foi feita pela contagem do número de células que estavam presentes no tumor, evitando-se as áreas de ulceração ou necrose; avaliou-se o número absoluto de macrófagos que se

apresentaram entremeados ao tumor. O teste-t foi aplicado para determinar se houve diferença entre os imunofenótipos T e B, bem como o epiteliotropismo. Considerando-se todos os animais, a média do número de macrófagos foi de 18,18±18,25. Quando separados por epiteliotropismo, a média de contagem de macrófagos foi de 11,28±12,84 para os linfomas não epiteliotrópicos e 25,86±20,92 para os epiteliotrópicos, sendo que esta diferença não foi significativa (p>0,05). Considerando-se os imunofenótipos, a diferença entre as médias de contagem de macrófagos também não foi significativa (p>0,05), apesar da média dos linfomas B ter sido bastante inferior (8,33±7,21) à média dos linfomas T (22,73±20,17). Conclui-se que macrófagos podem ser identificados no linfoma cutâneo canino pela técnica de imuno-histoquímica, porém não apresentam associação com epiteliotropismo ou imunofenótipo. Aprovado pelo CEUA, processo 2013/08325-6.

Pesquisa financiada pela FAPESP

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REVISTAINVESTIGAÇÃO

Francielli Rosa DIAS¹, Juliana SANTILLI², Letícia Abrahão ANAI³, Paulo César JARK³, Giovanni VARGAS-HERNANDEZ³, Oscar Rodrigo SIERRA-MATIZ³, Felipe Augusto Ruiz SUEIRO4, Sabryna Gouveia CALAZANS5

AVALIAÇÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE MACRÓFAGOS EM LINFOMAS

CUTÂNEOS CANINOS

1Aluno de graduação, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected] de pós-graduação, UNIFRAN

3Aluno de pós-graduação, UNESP/Jaboticabal4Responsável pelo Laboratório de Anatomia Patológica VetPat

5Docente UNIFRAN

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O carcinoma de células escamosas é um tumor maligno dos queratinócitos. O desenvolvimento desse tipo de tumor está associado a muitos fatores, incluindo a exposição prolongada à luz ultravioleta, falta de pigmento na epiderme, perda de pelos ou cobertura de pelagem muito esparsa nos locais afetados. Nos equinos e bovinos os carcinomas de células escamosas ocorrem primariamente nas junções muco-cutâneas, particularmente nas pálpebras, em cães as regiões cutâneas abdominal e inguinal, quando expostas à luz solar em decúbito ventral, são as áreas mais acometidas. Muitos estudos têm associado o desenvolvimento do câncer a células-tronco tumorais, e a expressão de ALDH-1 pode ser usado como marcador para essas células em muitos tipos de câncer, uma vez que o ALDH-1 é uma proteína responsável pela oxidação de aldeídos intracelulares e utilizada para o isolamento das células-tronco tumorais. O objetivo desse estudo foi comparar a imunomarcação de ALDH-1 nas células epiteliais neoplásicas de carcinoma de células escamosas de bovino, equino e canino. Foram coletadas 11 amostras em parafina de bovinos, 14 de equinos e 11 de caninos. O estudo imuno-histoquímico foi realizado pelo método REVEAL livre de biotina, com recuperação antigênica em panela de pressão elétrica (ELITE PLATIUM). Em seguida, após resfriar por 20 minutos foi realizado o bloqueio da peroxidase endógena por 20 minutos com a aplicação do Bloqueador de Peroxidase (reagente do kit Reveal Spring). Após essa etapa, os cortes foram lavados por cinco minutos em Tampão de Lavagem TBS com Tween 20. A seguir, os sítios inespecíficos foram bloqueados com solução bloqueadora de reação inespecífica (Reagente do kit Reveal Spring –Cod SPD-125) por 10 minutos. Ato contínuo, os cortes foram incubados em câmara úmida com o anticorpo primário ALDH-1 na diluição 1:200, e então incubados a 4°C por 18 horas. Depois os cortes foram novamente lavados em PBS, procedendo-se então a incubação com o polímero ligado a peroxidase, (Polímero Reveal HRP, kit Spring- cod SPD-125) por uma hora. As lâminas foram novamente lavadas, e a reação revelada pelo substrato cromogênico diaminobenzidina (DAB líquido, reagente do kit Reveal Spring – Cód. SPD -125). Em seguida, a reação foi interrompida com a

lavagem em água destilada, seguidas de contracoloração com Hematoxilina de Harris (1-2 minutos). Os cortes passaram por bateria crescente de álcool e por xilol, foram montados com Permount (Fisher Scientific) e observados em microscopia de luz. A avaliação para ALDH-1 foi pelo método semi-quantitativo sendo a porcentagem (p) de marcação em citoplasma de acordo com o escore (0 para 0%, 1 para ≤ 1, 2 para 1% a 10%, 3 para 10% a 33%, 4 para 33% a 66% e 5 para 66% a 100% de células marcadas) e a intensidade (i) de marcação sendo (0 para negativo, 1 fraco, 2 moderado e 3 forte). O Escore foi determinado pela somatória de p + i, sendo de 0 a 2 considerados negativos por QIU et al., 2014 (1). Como resultado para bovino 9% dos casos (uma amostra) foi considerado negativa, para equino 21% (três casos) e para canino 45% (cinco casos). Observou-se imunomarcações citoplasmáticas em células epiteliais em maior quantidade (porcentagem e intensidade de marcação) nas espécies bovinas e equinas. A espécie canina foi a que apresentou maior quantidade de ausência de imunomarcação. A imunomarcação de ALDH-1 está relacionada com neoplasias de pior prognóstico e maior índice de metástase, caracterizando uma agressividade tumoral. Embora muitos autores relatem sobre a carcinogênese do carcinoma de células escamosas, pouco se sabe sobre a presença de células-tronco tumorais nessas neoplasias. Nesse estudo pode-se concluir que a presença de células-tronco tumorais está bem evidente em carcinomas de células escamosas de bovinos e equinos e pouco expressa em caninos.

Referência 1 Qiu Y, Pu T, Li L, Cheng F, Lu C, Sun L, Teng X, Ye F, Bu H. The expression of aldehyde dehydrogenase family in breast cancer. 2014. J Breast Cancer.17(1):54-60.

Aprovação comissão de ética 019/13.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Iggor Kallyl TAVARES E AZEVEDO1, Priscila Pavini CINTRA2, Juliana SANTILLI1, Alessandra Aparecida MEDEIROS3, Rosemeire de Oliveira VASCONCELOS4, Raquel Alves dos SANTOS5, Larissa Fernandes MAGALHÃES6, Andressa MATSUI7, Geórgia Modé MAGALHÃES5

COMPARAÇÃO DAS IMUNOMARCAÇÕES DE ALDH-1 EM CARCINOMA DE

CÉLULAS ESCAMOSAS DE EQUINOS, BOVINOS E CANINOS

1Aluno de mestrado, UNIFRAN2Aluno de doutorado, UNIFRAN Priscila Pavini Cintra, [email protected]

3Docente UFU, Uberlândia4Docente UNESP/Jaboticabal

5Docente, UNIFRAN6Residente, UNIFRAN

7Residente, UNESP/ Jaboticabal

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Várias anormalidades subclínicas no sistema hemostático podem ser diagnosticadas em pacientes acometidos por neoplasias. A relação entre plaquetas e a progressão tumoral está cada vez mais consistente. As plaquetas podem proteger as células neoplásicas do sistema imune dentro do vaso sanguíneo, detendo-as em seu interior e assim permitir que elas sobrevivam até alcançarem o sítio secundário, ou seja, originem metástase (2). Em adição, a CID crônica é uma manifestação frequente de hipercoagulabilidade em pacientes com a neoplasia avançada ou com presença de metástase, (4). Neste estudo foram avaliados 9 cães com metástase à distância, atendidos no Hospital Veterinário da Unifran no período de 2013 a 2014. Os animais apresentavam metástases de carcinoma mamário (n=3), hemangiossarcoma (n=2), mastocitoma (n=2), colangiossarcoma (n=1) e sertolioma (n=1). Foram diagnosticados diferentes sítios de metástases nestes animais. A coleta de sangue foi realizada antes de o paciente receber tratamento medicamentoso ou cirúrgico. As amostras de sangue foram obtidas da veia jugular de cada paciente, utilizando-se seringa de 5mL e agulha calibre 25x8. Parte da amostra (2 mL) foi transferida para um tubo contendo anticoagulante EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) e destinada à contagem de plaquetas. Outra parte (2 mL) foi transferida para um tubo contendo anticoagulante citrato e destinada aos testes de coagulação. Foram excluídos animais com suspeita de hemoparasitoses e aqueles submetidos a tratamento com pr medicamentos que causassesalterações hemostáticas. As contagens de plaquetas foram realizadas mediante um contador automático de células (BC 2800VET, Mindray). O tempo de protrombina (TP), de tromboplastina parcial ativada (TTPa) e a dosagem de fibrinogênio foram determinadas por um coagulômetro, utilizando-se reagentes da mesma marca do aparelho (COAG 1000, Wama), conforme recomendações do fabricante. Dentre os 9 animais analisados, 6 apresentaram trombocitose ou trombocitopenia, enquanto 3 apresentaram alteração no TTPa e 6 no TP. Apenas dois animais apresentaram valores anormais na dosagem de fibrinogênio. Esses resultados são semelhantes ao que é observado em humanos, já que aproximadamente 90%

de pacientes com metástase apresentam alteração nos testes de coagulação. Desta forma, é possível sugerir que os distúrbios hemostáticos também são comuns em cães com a doença avançada.

Referências: (1) Tabak D, Torres L G, Nahoum B. Câncer e trombose. Câncer. 2011: 26-32. (2) Gay LJ, Felding-Habermann B. Contribution of platelets to tumour metastasis. Nature Reviews Cancer. 2011; 11: 123-134. (3) Maruyama H, Miura T, Sakai M, Koie H, Yamaya Y, Shibuya H, Sato T, Watari T, Takeuchi A, Tokuriki M, Hasegawa A. The incidence of disseminated intravascular coagulation in dogs with malignant tumor. J Vet Med Sci. 2004, 66(5):573-5. (4) Thomason JD, Calvert CA, Greene CE. DIC: Diagnosing and treating a complex disorder. Vet Med. 2005,100:670–8. Referências: (1) Tabak D, Torres L G, Nahoum B. Câncer e trombose. Câncer. 2011: 26-32. (2) Gay LJ, Felding-Habermann B. Contribution of platelets to tumour metastasis. Nature Reviews Cancer. 2011; 11: 123-134. (3) Maruyama H, Miura T, Sakai M, Koie H, Yamaya Y, Shibuya H, Sato T, Watari T, Takeuchi A, Tokuriki M, Hasegawa A. The incidence of disseminated intravascular coagulation in dogs with malignant tumor. J Vet Med Sci. 2004, 66(5):573-5. (4) Thomason JD, Calvert CA, Greene CE. DIC: Diagnosing and treating a complex disorder. Vet Med. 2005,100:670–8.

Estudo financiado pela agência FAPESP.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Aline Fernandes VITAL¹, Juliana SANTILLI², Marcia Ferreira da Rosa SOBREIRA3, Sabryna Gouveia CALAZANS³*

DISTÚRBIOS DE COAGULAÇÃO EM CÃES COM METÁSTASES

*Contato: [email protected] de iniciação científica e graduação em Medicina Veterinária/UNIFRAN, Franca-SP.Brasil.

2Aluna do mestrado em Ciência animal/UNIFRAN, Franca-SP/Brasil.3Docente do programa de Mestrado em Ciência animal da UNIFRAN, Franca-SP/Brasil.

4Docente do curso de Medicina veterinária da UNESP, Jaboticabal-SP/Brasil

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A prevalência de neoplasia em animais domésticos tem aumentado consideravelmente, constituindo hoje a principal causa de óbito em cães e gatos. É provável que a alta prevalência das doenças malignas nas espécies canina e felina esteja correlacionada à maior longevidade desses animais. Além disso, as síndromes paraneoplásicas são alterações presentes em pacientes com neoplasias, sendo a anemia, a síndrome hematológica mais comum em cães e gatos acometidos por neoplasias. Sua etiopatogenia pode estar ligada a doença crônica, hemólise, esplenomegalia com sequestro de eritrócitos, invasão da medula óssea, perda de sangue e anemia secundária ao tratamento com quimioterapia antineoplásica. Assim, o objetivo do presente trabalho foi observar a frequência de anemia em cães idosos portadores de neoplasias. Foi realizado um estudo retrospectivo durante os anos de 2014 e 2015 no Hospital Veterinário da Universidade de Franca (HV-UNIFRAN), pelo qual foram consultados prontuários de pacientes da espécie canina, idosos (cães acima 7 anos), portadores de neoplasias. Os dados obtidos dos prontuários incluíram raça, sexo, idade, status sexual e parâmetros do hemograma. Foram avaliados 34 animais, 11 machos e 23 fêmeas, sendo que desses, 12 fêmeas e 3 machos castrados, respectivamente, com média de idade de 10,4 anos (variando de 7 a 14 anos). Dentre as raças, os Sem raça definida (SRD) apresentaram maior representatividade no estudo, correspondendo a 32,35% (n=11), seguida pelo Poodle (14,7%), Pitbull (14,7%), Labrador (14,7%), Teckel (5,88%), Rotweiller (5,88%), Cocker Spaniel (5.88%), Shih tzu (2,94%), Dálmata (2,94%), Basset Hound (2,94%), Airedale Terrier (2,94%). As neoplasias de maior ocorrência presentes nos animais estudados eram carcinoma mamário (27,02%) e mastocitoma (10,8%). Outras neoplasias apresentaram menor ocorrência. Dos 34 animais com neoplasia, nove cães apresentaram anemia (26,47%), com hematócrito médio de 29,88% (variando de 22% a 34%), média de hemoglobina igual a 10,17% (variando de 9,2% a 11,4 g%) e hemácias com média de 4,8% (variando de 4,6% a 5% milhões/mm3). Todas as anemias identificadas nos referidos animais foram do tipo normocítica normocrômica, correspondendo a alteração hematológica mais

comum em cães idosos e/ou portadores de neoplasias. Além de interferir no prognóstico da doença, a presença de anemia causa impacto no comportamento do tumor frente ao tratamento cirúrgico ou quimioterápico. Em pacientes humanos, a baixa oxigenação causada pela anemia leva a um quadro de hipóxia, liberando fatores que promovem mutações e estimulam a angiogênese tumoral, contribuindo assim com o crescimento e a proliferação do tumor. Em geral, anemia observada neste estudo foi de leve a moderada, normocítica e normocrômica tipicamente caracterizada como anemia de doença crônica. É de suma importância que o médico veterinário esteja atento às alterações hematológicas dos pacientes, ou até mesmo reconhecê-las antes da aparição de outros sinais clínicos, pois, estas podem indicar um processo de carcinogênese. Conclui-se que a anemia normocítica normocrômica é a mais comum dentre cães acima de sete anos acometidos por neoplasias.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Caio Ribeiro de PAULA1, Denner Santos dos ANJOS², Sabryna Gouveia CALAZANS³

FREQUÊNCIA DE ANEMIA EM CÃES IDOSOS ACOMETIDOS POR

NEOPLASIAS

1Aluno de iniciação científica UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]

²Aluno de mestrado UNIFRAN

³Docente UNIFRAN

Investigação, 14(1):1-7, 2015

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Na Medicina Veterinária, considera-se neoplasias mamárias caninas uma doença clinicamente muito importante, representando nesta espécie uma incidência de 2 a 3 vezes superior observada nas mulheres. A metástase é um dos principais fatores prognósticos dessa enfermidade, mas pouco se sabe sobre este mecanismo, apesar da malignidade ser alta na espécie canina. Estudos demonstraram que Células Tronco Tumorais (CTTs) estão relacionadas com o mecanismo de metástase. Um dos marcadores mais promissores na detecção de CTTs envolvidas com neoplasias é o CD44, na qual produz uma variedade de proteínas de superfície celular. O CD44 é expressado fortemente numa subpopulação de células tumorais, sendo o CD24 não expressado, no entanto células que apresentam CD44+/CD24- são consideradas 100 vezes mais tumorigênicas do que aquelas que não apresentam esse imunofenótipo. Estudos mostram que CD44 possa estar relacionado com a migração e invasão tumoral, e há autores que limitam a sua função como marcador de CTT e consideram o CD44 como proliferação celular. O objetivo deste estudo foi avaliar a imunomarcação para o anticorpo CD44 em neoplasias mamárias caninas e seus locais metastáticos, comparando a expressão de CD44 no tumor primário e no local da metástase. Foram selecionados seis casos de neoplasias mamárias caninas e suas metástases do Setor

de Patologia Veterinária do Hospital Veterinário da Unifran. Foi realizada a imuno-histoquímica pelo método REAVEL livre de biotina para o anticorpo CD44 (clone 156-3C11). Utilizou-se panela de pressão a vapor e solução tampão EDTA pH 8,5 para a recuperação antigênica. O bloqueio da peroxidase foi feito com peróxido de hidrogênio (Spring), permanecendo por 20 minutos na lâmina. O Protein Block (Kit Reavel Sprig- SPD- 125) foi utilizado para o bloqueio de ligações inespecíficas. Usou-se o DAB (3.3 Diaminobenzina) como revelador. As contagens foram feitas avaliando cinco campos em grande aumento por porcentagem de imunomarcação. A média das imunomarcações para o CD44 em tumores primários foi de 40,83% e no local da metástase foi de 47,66%. Não houve diferença entre esses valores embora no local da metástase há uma tendência a ter maior quantidade de CD44. A marcação foi citoplasmática. Conclui-se portanto, que tanto no tumor primário quanto no local da metástase há marcação para o anticorpo CD44, com tendência a ser maior no local da metástase.

Pesquisa financiada pela FAPESP.

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Gabriela Piovan LIMA1, Priscila Pavini CINTRA2, Sabryna Gouveia CALAZANS5, Flávia C. OLIVEIRA4, Italo C. OLIVEIRA4, Juliana Santilli3, Iggor Kallyl Tavares e Azevedo3, Larissa Fernandes MAGALHÃES6; Geórgia Modé MAGALHÃES5

IMUNOMARCAÇÃO DE CD44 EM CÉLULAS TUMORIGÊNICAS DE

NEOPLASIAS MAMÁRIAS CANINAS E SUAS RESPECTIVAS METÁSTASES

1Aluna de Iniciação Científica, UNIFRAN, Autor para correspondência, [email protected] de Doutorado, UNIFRAN

3Aluno de Mestrado, UNIFRAN4Aluno de Graduação, UNIFRAN

5Docente UNIFRAN6Residente, UNIFRAN

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O gênero Brachyteles, endêmico do Brasil, é constituído por duas espécies, B. arachnoides e B. hypoxanthus, estudos recentes demonstraram que suas populações selvagens podem estar seriamente reduzidas. Na tentativa de reverter a situação atual, esforços têm sito realizados visando a conservação dos muriquis, no entanto, dados relativos à condição sanitária de Brachyteles spp. são extremamente escassos. Sabe-se, que o estabelecimento de protocolos adequados de manejo é condição necessária para a manutenção das espécies em cativeiro, sobretudo as ameaçadas e/ou criticamente ameaçadas, como é o caso dos atelídeos em questão. Um estudo retrospectivo foi realizado entre 1988-2010 para investigar as principais alterações anátomo-patológicas e correspondentes causas de morte de 18 (10M:8F) espécimes de B. arachnoides, B. hypoxanthus e híbridos mantidos em cativeiro junto ao Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ). Dentre este, se destaca um caso de leucemia mieloide aguda em fêmea, adulta (6 anos), previamente identificada (1335) com sinais clínicos que incluíram apatia, emagrecimento, anorexia e abaulamento abdominal durante 25 dias quando exame ultrassonográfico associado à laparotomia exploratória detectou massa em cavidade abdominal, com óbito do animal após seis dias. À necroscopia revelou-se coleção purulenta em cavidade abdominal, abscesso e fibrose da parede abdominal, envolvendo intestino grosso, útero, bexiga e rim, além de hepato e esplenomegalia. À histopatologia revelou presença de múltiplos infiltrados neoplásicos compostos por células redondas com pouco citoplasma, distribuídos pelos parênquimas hepático, renal, pulmonar, esplênico e intestinal com embolização neoplásica importante. Além disso, notou-se fibromatose associada a infiltrado de polimorfonucleares e células gigantes. O estudo imuno-histoquímico anti-mieloperoxidase (MPO-A0398/DAKO) protocolado por Shi, et al (1999), confirmou suspeita diagnóstica histopatológica de leucemia mielóide aguda. A avaliação ultraestrutural protocolada por Duarte, et al.

(1992) através de microscopia eletrônica de transmissão de fragmento de peritônio mostrou a presença de partículas virais com nucleocapsÍdeo esférico medindo aproximadamente 200 nm, compatíveis com a família Retroviridae {Oncornavírus tipo C (STLV)} dispersas entre fibroblastos e feixes de colágeno. Segundo TRAINA-DORGE (1992) animais co-infectados com STLV-1 e SIV podem apresentar transformação neoplásica. Esse dado corrobora a possibilidade de co-infecção, pois o animal além da leucemia (característica do STLV-1) mostrou fibromatose (lesão característica do SIV). Tal achado é relevante tendo em consideração que muriquis são poligâmicos. Logo o potencial zoonótico desses agentes infecciosos identificado reflete a importância da implantação de medidas preventivas rigorosas com o objetivo de preservar a saúde da comunidade humana e dos muriquis contribuindo para a manutenção destes espécimens em cativeiro, assim como indiretamente na conservação destes em vida livre, sugerindo protocolos sanitários preventivos e favorecendo a reprodução e manutenção das populações.

Referências: DUARTE,M.I.; MARIANO, O.M.; TAKAKURA, C.F.; EVERSON, C.; CORBETT, C.I. A fast method for processing biologic material for electron microscopic diagnosis in infections diseases. Ultraestruct. Pathology, v.16, 475-482, 1992.

Shi SR, Guo J, Cote RJ, Young LLHTBS, Hawes D, Debra MD, Shi YMD, Thu STBS, Taylor CRMD: Sensitivity and detection efficiency of a novel two-step detection system (PowerVision) for immuinohistochemistry. Appl Immunohistochem. Mol Morphol 1999

SANTOS, SV. Patologia comparada de Brachyteles arachnoides (E. Geoffroy, 1806) e Brachyteles hypoxanthus (Kuhl, 1820) (Atelidae - Primates). 2011. 334f. Tese (Doutorado em Ciências)- Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, 2011.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

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Camilla Nascimento LEITE¹, Daphne Costa de Moraes ANDRADE², Alcides PISSINATI³, Cleusa Fumica Hirata TAKAKURA4, Maria Irma Seixas DUARTE5, José Luis CATÃO-DIAS6, Stéfanie Vanessa SANTOS7

LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) EM (Brachyteles arachnoides GEOFFROY, 1806): PARTICIPAÇÃO DE ONCOVÍRUS

POTENCIALMENTE ZOONÓTICO

1,2Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo – SP. E-mail: [email protected]

³Pesquisador do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro – RJ.4Técnica de Laboratório da Universidade de São Paulo, São Paulo – SP.

5Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo, São Paulo – SP.6Chefe do Departamento de Patologia da Universidade de São Paulo, São Paulo – SP.

7Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo – SP.5. Docente UNIFRAN

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O câncer vem sendo frequentemente diagnosticado nos animais idosos devido ao aumento da qualidade de vida de cães e gatos. Acredita-se que o aumento da sobrevida tem como consequência a maior incidência do câncer, tornando-a crescente nessas espécies. No entanto, a doença provoca grande impacto psicológico nos proprietários dos animais, uma vez que é comum associarem o câncer com casos vivenciados na família ou relacionarem a doença à dor, sofrimento e morte. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil e avaliar o conhecimento dos proprietários de cães gatos sobre o câncer e quimioterapia em pequenos animais. Para esta finalidade, foram aplicados 320 questionários aos proprietários de cães e gatos que frequentaram o Hospital Veterinário da Universidade de Franca (UNIFRAN) e o Centro Avançado de Veterinária (CAVET), em Ribeirão Preto/SP, durante o período de 01 de agosto de 2014 a 01 de agosto de 2015. Os questionários eram contidos por 17 questões objetivas e de múltipla escolha. Dentre os proprietários 189 (59%) eram do sexo feminino e 131 (41%) do sexo masculino e 64% pertenciam a religião católica. Destes, 27 (9%) eram pós-graduados, 54 (17%) tinham ensino superior completo, 68 (21%) superior incompleto, 124 (39%) ensino médio e 47 (14%) tinham ensino fundamental. Foi solicitado ao entrevistado que associasse uma palavra ao “câncer” e as palavras mais citadas foram: morte (18%), doença (17%), sofrimento (12%), dor (6%), tumor (6%), tristeza (5%), ruim (4%), recomeço (4%), cura (4%) e quimioterapia (2%). Quando perguntado “o que é câncer?”, as respostas mais frequentes foram: tumor (51%), doença maligna (21%), neoplasia (19%), doença sem cura (5%) e “não sei” (3%). Porém, quando perguntado se as pessoas já tiveram algum animal com câncer, 184 (57%) responderam que sim e 136 (43%) responderam que não. Destas pessoas 265 (82%) nunca submeteram um animal à quimioterapia, enquanto 55 (18%) tiveram animais que receberam ou estão passando pelo tratamento. Apenas 77 (24%) acreditam na cura do câncer e 34 (11%)

não acreditam, já 207 (64%) acreditam que a cura depende de outros fatores. Os proprietários também foram questionados quanto à possibilidade de metástase causada pelo câncer, a maioria dos proprietários acreditam que é quando o câncer se espalha 137 (43%),porém 123 (38%) acreditam não saber o que é metástase , 37 (12%) quando aumenta de tamanho, 15 (5%) quando desaparece (1%) e 8 (2%) acreditam que é quando o câncer diminui de tamanho. Apesar de existirem medidas de prevenção contra efeitos colaterais, apenas 117 (36%) pessoas entrevistadas estão cientes disso, todavia, 199 (64%) não sabem que os efeitos colaterais da quimioterapia podem ser evitados. Os resultados obtidos demonstra que o Hospital Veterinário da UNIFRAN é frequentado principalmente por proprietários do sexo feminino com ensino médio completo, católicos e que associam o câncer a sentimentos desagraveis, não aceitando muitas vezes a terapêutica necessária a ser empregada. Deste modo, a falta de conhecimento sobre a quimioterapia em cães e gatos pode prejudicar a adesão ao tratamento.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

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Marina Laudares COSTA2*, Leonardo Lamarca de CARVALHO1, Elaine Cristina STUPAK3, Orlando Marcelo MARIANI2, Jéssica Cristina de BARROS2, Natacha Alves ALEXANDRE2, Mariana Reato NASCIMENTO2, Sabryna Gouveia CALAZANS4

O CONCEITO DE CÂNCER NA PERSPECTICA DE TUTORES DE CÃES

E GATOS

2Discente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade de Franca3Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária, Universidade de Franca

4Docente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade de Franca*autor para correspondência: [email protected]

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O câncer representa um dos maiores desafios para a ciência e a prática médica no homem. A Metrópole de São Paulo reúne humanos e animais domésticos, que estão expostos à fatores de risco, muitos epidemiologicamente comprovados como agentes diretos no desenvolvimento de neoplasias em humanos, porém na veterinária ainda não estão bem estabelecidos (Costa e Menk, 2000; American Cancer Society, 2011). Diante do alarmante número de animais acometidos por câncer, surgiu o conceito da utilização desses como sentinelas das contaminações ambientais. Entre Agosto/2014 e Agosto/2015 foram atendidos 436 (360F:76M) pacientes entre cães e gatos com suspeita de neoplasia no Complexo Veterinário da Universidade Cruzeiro do Sul. A faixa etária variou de 1 a 19 anos; destes, as idades de maior expressão foram 10 anos (9%); 11 (9%); e 12 anos (11%). Dos 436 casos, 151 (34,63%) foram encaminhados para Diagnóstico Histopatológico, destes 105 eram fêmeas (69,53%), e 32, machos (21,19%). Os diagnósticos histopatológicos foram computados de acordo com sua histogênese, e alguns animais apresentaram mais de um tipo de neoplasia. Das amostras analisadas, 80 (52,96%) eram de origem Epitelial, classificadas como: 54 Adenocarcinomas (35,76%); 18 Carcinomas (11,92%); 4 Adenomas (2,64%); 2 Leydigomas (1,32%); e, finalmente, Tricoepiteliomas e Papilomas que representaram 1 caso cada, totalizando 3,8% do total. Quanto à origem Mesenquimal, obtivemos 55 casos (36,37%), dos quais: 12 Hemangiossarcomas (7,94%); 8 Lipomas (5,29%); 6 Lipossarcomas (3,97%); 6 Neurofibrossarcomas (3,97%); 6 Fibrossarcomas (3,97%); 4 Hemangiomas, (2,64%); 5 Osteossarcomas (3,31%); 2 Fibromas (1,32%); 2 Condrossarcomas (1,32%); e Mixossarcomas, Leiomiomas, Leiomiossarcomas e Mesoteliomas obtiveram 1 caso cada, totalizando 2,64% dos casos. Quanto às neoplasias originadas da Crista Neural temos 9 casos (5,29%), dos quais: 8 são Melanomas (4,63%) e 1 Meningioma (0,66%). Sobre a terapia, dos 151 casos encaminhados para histopatologia, 104 (76%) foram tratados; 32 (31%) fizeram cirurgia; 17 (16%) quimioterapia; e 55 (53%), terapia combinada. Quanto ao prognóstico, 3 (2%) foram a óbito; 32 (23%) recidivaram; e 69 (50%) tiveram sucesso. Dos animais que não obtiveram diagnóstico

histopatológico, 285 (65,36%) não foram tratados, logo não se sabe sua sobrevida ou remissão da doença; 28 (10,17%) tiveram protocolo cirúrgico; 23 (8,07%) tiveram tratamento quimioterápico; e 16 (5,61%), terapia combinada, totalizando 67 animais que realizaram algum tipo de protocolo. Destes, 14 (20,89%) abandonaram tratamento; 25 (37,31%) tiveram alta; 7 (10,44%) foram a óbito; 3 (4,47%) tiveram recidiva; e 18 (26,86%) ainda estão em tratamento. Os resultados mostram que fêmeas foram mais afetadas por neoplasias. As formações epiteliais e malignas foram mais frequentes comparadas às de origem mesenquimal, assim como relatado por INCA, Goldschmidt, et al. (1992), Pool, et al. (2002) e Khanna et al. (2006). O Histopatológico é fundamental no estabelecimento do diagnóstico definitivo, estadiamento e consequente sucesso dos tratamentos anti-neoplásicos. Resultados mostrados expressam que a histopatologia foi decisiva para o prognóstico, já que, dos animais que a fizeram, 50% tiveram alta, e os que não a fizeram 7% tiveram remissão.

Referências: American Cancer Society. Global Cancer Facts & Figures. Atlanta: American Cancer Society; 2011.

Costa, R.M.A; MENK, C.F.M. Biomonitoramento de mutagênese ambiental. Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento. v. 3, p. 24-6, 2000.

Goldschmidt, M. H; Shofer, F.S. Skin tumors of the dog and cat. 1. ed. Oxford: Pergamon Press, P231051, 1992.

Khanna, C; Toh, KL; Vail, D; London, K; Bergman, P; Barber, L; Breen, M; Kitchell, B; McNeil, E; Modiano, J.F; Niemi, S; Comstock, K.E; Ostrander, E; Westmoreland, S; Withrow, S.”The dog as a cancer model.” Nat Biotechnol. 24(9):1065-1066, 2006.

Poll, R.R; Thompson, K.G. Tumors of bones, In: Tumors in domestic animals, 1th ed., p. 245-

investigação, 15(2): 1-34, 2016

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Daphne Costa de Moraes ANDRADE¹, Camilla Nascimento LEITE², Stéfanie Vanessa SANTOS³

PANORAMA PONTUAL DA ONCOLOGIA VETERINÁRIA: O DIAGNÓSTICO

HISTOPATOLÓGICO E A EFICIÊNCIA PROGNÓSTICA DOS CASOS

1,2Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo – SP. E-mail: [email protected]

³Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo – SP.

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O diagnóstico morfológico é caracterizado por uma descrição histológica ou macroscópica dos tecidos afetados na doença. O diagnóstico morfológico é um resumo da lesão, mas geralmente não descreve o que está causando a lesão, deve apresentar, no mínimo, três componentes: o órgão em questão, a interpretação do processo e a sua distribuição. Uma exceção de diagnóstico morfológico se aplica as neoplasias, sendo este diagnóstico caracterizado pelo nome da neoplasia mais o órgão onde ela está localizada. Em felinos domésticos, os tumores que são encontrados com maior frequência são os tumores hematopoiéticos, dentre eles 90% são classificados como linfoma. O linfoma é caracterizado como uma neoplasia maligna originada de células linfóides de órgão sólidos. Os sinais clínicos de gatos com linfoma são extremamente variáveis e dependem da extensão da doença e da sua localização anatômica. Este estudo foi realizado com o objetivo de diagnosticar e quantificar as ocorrências neoplásicas que acometeram os felinos no período de 2013 a 2015. Foi realizado um estudo retrospectivo no período dos anos de 2013 a 2015, no Hospital Veterinário da Universidade de Franca-UNIFRAN. Nesse período foram relatados 13 casos de óbitos em felinos, sendo que 2 (15,40%) deles considerados casos neoplásicos, e ambos classificados como linfoma, sendo o primeiro caso classificado como linfoma

alimentar e o segundo classificado como linfoma cutâneo. Todos os diagnósticos foram confirmados por exame histopatológico, e as fichas clínicas dos animais foram avaliadas para coletar informações. Avaliando esse intervalo de tempo é possível observar que entre os casos neoplásicos o linfoma foi diagnosticado em 100% deles. Embora muitos estudos apontem quais são as neoplasias felinas mais comuns, raros estudos atribuem quais neoplasias levaram esses animais à morte. Sabe-se que o linfoma é uma neoplasia maligna hematopoiética altamente frequente nos gatos e isso comprova a quantidade de estudos nessa área. Autores relatam que a incidência dessa neoplasia é de 30% de todas as neoplasias felinas. Embora o número de animais tenha sido baixo, os dois casos de morte por neoplasias em felinos foram por linfoma.

Universidade de Franca - UNIFRAN

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Caroline Voltolini LOPES1, Carolyne Souza CAMPOS2, Giovanna GIBERTONI3, Emilly Cristina FERREIRA4, Gabriela Piovan LIMA5, Flávia Cristina de OLIVEIRA6, Larissa Fernandes MAGALHÃES7, Geórgia Modé MAGALHÃES8

PRINCIPAIS NEOPLASIAS QUE LEVARAM FELINOS À ÓBITO NOS

ANOS DE 2013 A 2015 NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIFRAN

1Aluno de iniciação científica, UNIFRAN2Aluno de iniciação científica, UNIFRAN

3Aluno de iniciação científica, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected] de iniciação científica, UNIFRAN5Aluno de iniciação científica, UNIFRAN6Aluno de iniciação científica, UNIFRAN

7Residente UNIFRAN8Docente UNIFRAN

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O carcinoma de células escamosas (CCE), também denominado de carcinoma espinocelular ou carcinoma epidermóide, é uma neoplasia maligna, invasiva e de crescimento rápido das células epidérmicas que tende a se diferenciar em queratinócitos. É comum em equinos, compreendendo a cerca de 7-31% de todas as neoplasias que acomete esta espécie. A etiologia é multifatorial e na maioria das vezes, está associado à exposição prolongada aos raios solares, rarefação pilosa, fatores genéticos, traumatismos crônicos, deficiência de pigmento na epiderme e presença de papilomavírus equino tipo 2. Na espécie equina, as regiões mais comumente afetadas são a cutânea, ocular, peniana e prepucial. Nesse sentido, animais castrados e garanhões idosos são os mais acometidos na região urogenital, sendo que o esmegma pode agravar a afecção pela contaminação local. A maioria dos animais acometidos apresenta balanopostite, aumento de volume peniano e prepucial, dificuldade de exposição peniana, distúrbios reprodutivos, sangramento local e retenção urinária, caso tenha comprometimento uretral. O diagnóstico deve ser baseado na sintomatologia clínica, fatores epidemiológicos, citopatologia e histopatologia. O tratamento de eleição é a exérese cirúrgica do tumor, seguida ou não de técnicas adjuvantes como quimioterapia e crioterapia. Como nem sempre é possível a remoção cirúrgica com ampla margem de segurança, recidivas são frequentes, tornando o prognóstico ainda mais desfavorável. Diante da importância deste tipo neoplásico, o objetivo do presente trabalho foi relatar o caso de um cavalo de 13 anos de idade, raça mestiço de Mangalarga, castrado, alazão, atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Franca, com presença de massa prepucial. O aumento de volume media aproximadamente quinze

centímetros de diâmetro, comprometendo toda a extensão do prepúcio, de coloração avermelhada esbranquiçada, consistência firme, superfície irregular, sensibilidade à palpação e ulcerações; segundo informações do proprietário, o crescimento foi progressivo desde a detecção (quatro meses). O animal não demonstrava dificuldade para urinar, porém o considerável aumento de volume impedia a exposição do pênis sem sedação com acepromazina. Pela palpação dos linfonodos regionais, não foi observado alterações quanto ao tamanho, consistência, mobilidade, temperatura e sensibilidade. Os exames hematológicos estavam dentro dos parâmetros de normalidade para a espécie e, diante da suspeita de neoplasia, realizou-se a punção biópsia aspirativa e histopatológica do prepúcio, cujo resultado sugeriu CCE. Pelo prognóstico desfavorável e por questões financeiras, o tutor optou pela eutanásia do cavalo. De acordo com a literatura, não existe um protocolo padronizado para a abordagem de tumores penianos e prepuciais em cavalos, visto a alta incidência de recidiva deste tipo de patologia; contudo, o tamanho e a apresentação histopatológica da neoplasia são fatores importantes a respeito da probabilidade de recorrência. Com base no caso descrito, concluiu-se que o carcinoma de células escamosas pode apresentar crescimento rápido no prepúcio de equinos, principalmente se o diagnóstico não for precoce e o tratamento corretamente instituído, comprometendo diretamente a qualidade de vida e sobrevida do paciente. Além disso, pelo grau de malignidade e invasividade local, o mesmo deve ser incluído no diagnóstico diferencial das afecções urogenitais em equinos.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

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Lucas de Freitas PEREIRA5, Vítor Foroni CASAS1, Rafael de Melo ALVES6, Alex Roberto de OLIVEIRA2, Isadora Helena Sousa MELO2, Valéria Amorim CONFORTI7, Cristiane dos Santos HONSHO3, Denner Santos dos ANJOS8, Larissa Fernandes MAGALHÃES2, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS1*

CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM EQUINO: RELATO DE

CASO

5Docente do Programa de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade de Franca6Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária da Universidade de Franca

7Docente do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca8Discente do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca

*autor para correspondência: [email protected]

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O carcinoma de glândulas ceruminosas é uma neoplasia maligna rara de células epiteliais das glândulas do canal auditivo, se apresentam como massas infiltrativas, nodulares ou pedunculadas, de 1 a 2 cm de diâmetro2, de aspecto verrucoso e que frequentemente localizam-se próximo à membrana timpânica e estendem-se exteriormente ao canal auditivo. O presente trabalho descreve a ocorrência de otite média e externa secundária ao carcinoma de glândulas ceruminosas obstrutivo em um cão, SRD, macho, não castrado, com 10 anos de idade, pesando 12 kg, foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Franca com histórico de otite crônica refratária ao tratamento tópico e sistêmico à base de antibióticos. Ao exame físico notou-se dor intensa, secreção de odor fétido e coloração enegrecida e prurido em orelha esquerda. Durante o exame otoscópico observou-se uma massa em região transicional do conduto auditivo vertical para horizontal, impedindo avaliação mais precisa de orelha média e membrana timpânica. Devido à ineficiência do tratamento clínico prévio e a presença de massa em conduto auditivo, optou-se pelo tratamento cirúrgico pelo qual foi empregada a técnica de ablação total do conduto auditivo vertical. Durante a cirurgia notou-se diversos nódulos aderidos à parede e de aspecto verrucoso, além de grande quantidade de secreção purulenta em região transicional de conduto auditivo vertical para horizontal. Realizou-se exérese cirúrgica de todas as neoformações, sendo estas processadas para avaliação histopatológica de rotina. O resultado do exame histopatológico foi compatível com carcinoma de glândulas ceruminosas. Exames de ultrassom abdominal e radiografia de tórax não revelaram presença de metástase. De fato, segundo a literatura as metástases de carcinoma de glândulas ceruminosas

são raras, ocorrendo principalmente em pulmões e linfonodos cervicais1. O tratamento quimioterápico foi instituído utilizando-se carboplatina (300 mg/m2) a cada 21 dias totalizando seis sessões. Acredita-se que a inflamação crônica da orelha, a agressão frente ao prurido e a produção e retenção excessiva de cera pelas glândulas ceruminosas da orelha, contribuem para a formação do tumor2, porém neste caso a otite foi considerada secundária à obstrução do conduto auditivo pela neoplasia, já que o animal não apresentou mais sinais de otite após a ressecção cirúrgica dos tumores. Em cães a forma maligna deste tumor é considerada infrequente e apresenta prognóstico desfavorável quando há invasão de tecidos moles adjacentes, porém até o presente momento, passados 9 meses da cirurgia e 3 meses do final da quimioterapia, o animal não apresentou sinais de recidiva e metástase. Neste caso, a ressecção cirúrgica ampla associada à quimioterapia adjuvante promoveu controle do tumor e melhora da qualidade de vida do paciente.

Referências: (1) Castro MCM, Pereyra WJF, Filho LNO, Guaxupé CAR, Sousa NA, Sousa AA. Tumor de glândula ceruminosa com invasão intracraniana: Relato de caso. Arq Neuropsiquiatr 2000;58(2-A). (2) Headley SA, Saito TB, Bettini CM, Tomita AL. Ocorrência simultânea de adenocarcinoma das glândulas ceruminosas e otite externa em um cão. Braz.J. vet. Res. anim. Sci., São Paulo, v.40, suplemento, 2003.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Orlando Marcelo MARIANI9*, Larissa Fernandes MAGALHÃES1, Elaine Cristina STUPAK1, Natacha Alves ALEXANDRE1, Jéssica Cristina BARROS1, Mariana Reato NASCIMENTO1, Leonardo Lamarca de CARVALHO2, Marina Laudares COSTA2, Sabryna Gouveia CALAZANS3, Geórgia Modé MAGALHÃES3

CARCINOMA DE GLÂNDULAS CERUMINOSAS ASSOCIADO À

OTITE MEDIA E EXTERNA EM CÃO: RELATO DE CASO

9Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária da Universidade de Franca (UNIFRAN)2Discente de Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Franca (UNFIRAN)

3Docente do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca (UNIFRAN)*autor para correspondência: [email protected]

Investigação, 14(1):1-7, 2015

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Apesar do surgimento de novas técnicas diagnósticas para neoplasias, o exame histopatológico ainda é considerado o método padrão ouro para identificar o tipo e o grau de malignidade de uma neoformação. Esta técnica possibilita a observação da arquitetura tecidual incluindo grau de invasão vascular, necrose tecidual, grau de diferenciação, entre outras características que torna o método de eleição para se obter o prognóstico e auxilio na escolha de qual o melhor tratamento. É de fundamental importância o conhecimento de como retirar e enviar corretamente a amostra sem danificá-la, precisando esta ser representativa e bem conservada, uma vez que isto influencia diretamente no diagnóstico preciso. A neoplasia da glândula mamária é o segundo tumor mais frequente em cães, correspondendo a 52% de todas as neoplasias nas fêmeas. Aproximadamente 50% dos tumores mamários em cadelas são malignos, com uma distribuição multicêntrica. As mamas mais acometidas são as caudais abdominais e inguinais, por ali conter a maior quantidade de parênquima mamário. Outro tipo de neoformação que vem acometendo os cães adultos é o mastocitoma. Essa neoplasia frequente de pele representa um terço dos tumores que ocorrem na espécie canina e é causa de muitos óbitos de cães. Ocorre frequentemente na maior parte na região caudal do corpo. Foi atendida no Hospital Veterinário da UNIFRAN, uma cadela

de oito anos, da raça Pitbull, com queixa de nódulo em M4 esquerda de aproximadamente três cm. Durante a consulta foi realizado o exame citológico que teve como resultado sugestivo de carcinoma mamário e assim foi explicado ao tutor sobre a importância da realização da mastectomia. Esse animal foi encaminhado para a cirurgia para a retirada do nódulo e realizado o exame histopatológico que confirmou o diagnóstico de carcinoma mamário in situ e mastocitoma grau II no mesmo fragmento. Devido ao fato da neoplasia mamária ser heterogênea, há uma grande chance do exame citológico não ser representativo de todo o tumor. Por isso é importante que se realize a citologia em mais de um local, tanto em médias como em grandes massas tumorais, a fim de se ter uma boa triagem como forma de embasamento de qual melhor técnica cirúrgica a ser realizada. Por esse fato entre outros, o exame histopatológico acaba sendo o método de eleição para diagnóstico de neoplasias. Com esse tipo de análise é possível verificar todo tipo celular e sua arquitetura, ajudando no tratamento e prognóstico do animal. Conclui-se que o exame histopatológico foi fundamental para diagnóstico definitivo de dois tumores em um mesmo nódulo.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Mariana Reato NASCIMENTO*1, Jessica Cristina de BARROS1, Elaine Cristina STUPAK1, Orlando Marcelo MARIANI1, Natacha Alves ALEXANDRE1, Larissa Fernandes MAGALHÃES1, Leonardo Lamarca de CARVALHO2, Marina Laudares COSTA2,Denner Santos dos ANJOS ,GeorgiaModé MAGALHÃES3

CARCINOMA MAMÁRIO E MASTOCITOMA EM UMA ÚNICA MASSA

TUMORAL EM CÃO: RELATO DE CASO

¹Residentes, UNIFRAN. * Email para correspondência: [email protected]

²Aluno de graduação, UNIFRAN

³Docente, UNIFRAN

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Leiomioma é um tumor benigno originário do músculo liso que pode acometer o trato urinário inferior, principalmente, de cadelas de meia idade. Apresenta-se como uma massa globoide de base séssil ou polipóide pedunculada que se projeta do lúmen vaginal, demarcados e não encapsulados, firmes e de crescimento lento. Caráter não invasivo e não metastático são, frequentemente, associados à ausência de sinais clínicos. Microscopicamente apresentam uma população homogênea de células fusiformes, arranjados em fascículos entrelaçados que mimetizam o tecido muscular liso normal. A biópsia é o único exame confirmatório para esta neoplasia, já que as células neoplásicas são de origem mesenquimal e por isso esfoliam pouco, dificultando o diagnóstico citológico. Além disso, o exame radiográfico (vaginografia, uretrocistografia), ultrassonográfico são algumas técnicas que complementam e auxiliam no diagnóstico. Apesar de não se tratar de uma neoplasia rara, a sua localização e a origem das células dificultam o diagnóstico clínico, portanto o intuito do presente relato é descrever o uso da cistoscopia como auxílio no diagnóstico de leiomioma uretral de uma cadela. Foi atendida no Hospital Veterinário da UNIFRAN – SP uma cadela, SRD, castrada, com 11 anos de idade, com queixa principal de emagrecimento progressivo, disúria e hematúria, principalmente no final da micção em um período superior há três meses. Ao exame físico foi observado abdômen rígido e a presença de massa em região de uretra e vagina que dificultavam a cateterização vesical. Na ultrassonografia abdominal, radiografia simples e contrastada visualizou-

se irregularidades e espessamento em parede da vesícula urinária, além de massa entre o assoalho vaginal e óstio uretral externo. Preconizou-se para fins de diagnóstico uma cistoscopia que evidenciou espessamento da parede vesical sem a presença de nódulos ou massas e neoformação pediculada na região do óstio uretral externo, sendo a biopsia inconclusiva. Após um mês, o animal retornou para reavaliação do quadro e o proprietário relatou persistência da hematúria e de sinais clínicos. Devido a esse fato, optou-se por cistotomia e episiotomia, a fim de realizar biópsia da massa em região uretral e da parede da bexiga, pelo qual se diagnosticou leiomioma e hiperplasia de mucosa vesical, respectivamente. Optou-se pelo tratamento com quimioterapia metronômica com ciclofosfamida na dose de 12,5 mg/m² uma vez ao dia até novas recomendações, com o objetivo de estabilizar o crescimento tumoral inibindo a angiogênese tumoral e permitindo melhor qualidade de vida. Apesar de ser considerado um tumor benigno pela falta de anaplasia, a exérese total do tumor foi impossível, motivo de ser indicado o protocolo de quimioterapia metronômica. . Até a presente data, o animal está em tratamento quimioterápico antineoplásico, sem sinais de hematúria ou disúria. Pode-se constatar que a cistoscopia foi uma importante ferramenta para avaliação dos órgãos afetados, porém pode ter resultado inconclusivo em decorrência do tamanho do fragmento coletado e a característicapouco esfoliativa do leiomioma, necessitando assim de técnicas cirúrgicas mais invasivas capazes de coletar fragmentos mais representativos.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Jéssica Cristina de BARROS10*, Mariana Reato NASCIMENTO1, Elaine Cristina STUPAK1,Thais Nakane RIBEIRO1, Orlando Marcelo MARIANI1, Leonardo Lamarca de CARVALHO2, Cristiane Alves CINTRA3, Denner Santos dos ANJOS3, Pedro Paulo Maia TEIXEIRA4, Leandro Zuccolotto CRIVELLENT4

CISTOSCOPIA COMO AUXÍLIO NO DIAGNÓSTICO DE LEIOMIOMA URETRAL

EM CADELA – RELATO DE CASO

10Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária UNIFRAN.2Discente de Graduação em Medicina VeterináriaUNIFRAN

3Discente do Mestrado em Ciência Animal UNIFRAN4Docente UNIFRAN

*autor para correspondência: [email protected]

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Assim como nos humanos, as neoplasias de origem epitelial são as mais frequentes nos animais domésticos e apresentam como principal característica o alto índice de recorrência. Dentre elas, o carcinoma urotelial é o mais comum do trato urinário situado principalmente em região de trígono vesical, o qual é composto por epitélio transicional anaplásico a pleomórfico. Os exames de imagem associados ao componente citológico são importantes métodos diagnóstico para este tipo de neoplasia. O objetivo do presente relato é demonstrar a relevância do sedimento urinário como ferramenta diagnóstica de neoplasias do trato urinário inferior. Foi atendido no Hospital Veterinário de Franca (UNIFRAN-SP) um cão, macho, sem raça definida, 14 anos de idade, com queixa principal de ligeira hematúria após micção e histórico anterior de carcinoma urotelial diagnosticada por exérese cirúrgica. Vale relatar que a neoplasia foi resseccionada com margem de segurança. O tutor do animal optou pela não realização do tratamento quimioterápico nesta primeira intervenção. Após um ano do ocorrido, o animal retornou apresentando hematúria. Foi feita a coleta da urina (avaliação sedimentoscopia) antes e após a esfoliação traumática por cateterização. Durante a análise foi possível visualizar células neoplásicas nos dois momentos, porém após a esfoliação a amostra se mostrou mais representativa.

Pode-se observar células epiteliais neoplásicas pleomórficas, apresentando nucléolo evidente, marcante anisocitose e anisocariose e presença de células multinucleadas. As características das células do sedimento urinário puderam confirmar a recidiva do carcinoma urotelial juntamente com as características imaginológicas. Em humanos é método de rotina a avaliação citológica nas suspeitas de carcinoma urotelial, uma vez que é uma técnica menos invasiva e rápida. A citologia aspirativa por agulha fina guiada por ultrassom também é uma boa opção para método diagnóstico destes tipos de tumores, porém comparada com a esfoliação traumática por cateterização, esta se torna uma técnica mais invasiva e com maiores chances de metástase no trajeto da agulha. Além do sedimento, os outros parâmetros do exame de urina (físicos, químicos e densidade) são de crucial importância para avaliação do trato urinário como um todo. Por se tratar de um exame não oneroso, rápido e pouco invasivo, o exame de urina juntamente com esfoliação podem ser enquadrados como métodos de triagem na medicina veterinária em pacientes com suspeita de carcinoma urotelial.

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Larissa Fernandes MAGALHÃES*¹; Paula Barbosa COSTA¹; Cristiane Alves CINTRA²; Elaine Cristina STUPAK¹; Mariana Reato NASCIMENTO¹; Juliana SANTILLI²; Denner Santos DOS ANJO²; Leandro Zuccolotto CRIVELLENTI³; Luara Rodrigues REZENDE¹; Flávia Cristina de OLIVEIRA4

DIAGNÓSTICO DE CARCINOMA UROTELIAL PELA ANÁLISE

DO SEDIMENTO URINÁRIO E ESFOLIAÇÃO TRAUMÁTICA EM CÃO

- RELATO DE CASO

¹Residentes, UNIFRAN. *Autor para correspondência: [email protected]

²Discentes mestrado, UNIFRAN.

³Docente UNIFRAN4Discente graduação UNIFRAN

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O carcinoma espinocelular (CEC), também chamado de carcinoma de células escamosas, é uma neoplasia maligna, que se origina dos queratinócitos. Dentre os fatores agravantes, destaca-se a exposição duradoura à radiação ultravioleta sobre a epiderme sem pigmentos ou em área desprovidas de pelos ou rarefeitas, porém pode afetar qualquer parte da pele como o tronco, orelhas, pálpebras, narinas e lábios, sendo estes os mais comuns. Nos gatos, o CEC representa 25% das neoplasias cutâneas, ocorrendo com maior frequência em animais senis e não se observa predileção sexual. Para obtenção do diagnóstico podem ser utilizados exames como a citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) e histopatológico por meio de biópsia incisional ou excisional, sendo este último, o método mais preciso. Existem diversas formas de tratamento para o CEC, porém deve-se levar em consideração, o estadiamento tumoral, comportamento biológico da neoplasia, higidez do paciente, facilidade de encontrar os equipamentos e fármacos e ainda a colaboração do proprietário. Entre as opções terapêuticas, destaca-se a cirurgia, criocirurgia, quimioterapia e ainda novos métodos, como a eletroquimioterapia. A eletroquimioterapia é um recente tratamento antineoplásico, que consiste em associar quimioterápicos a pulsos elétricos intensos de curta duração, ocasionando uma permeabilização celular transitória, denominado de eletroporação. Diante da escassez de trabalhos descritos na literatura sobre essa forma de tratamento, o intuito deste trabalho foi relatar o caso de um gato macho, adulto, sem raça definida, castrado, de pelagem branca, atendido no Hospital Veterinário da

Universidade de Franca (UNIFRAN), apresentando aumento de volume ulcerado na orelha esquerda, de coloração avermelhada, consistência firme, sensibilidade à palpação, superfície irregular, aderido e drenando secreção purulenta de odor fétido, sugerindo neoplasia. Os exames hematológicos estavam dentro dos parâmetros de normalidade para a espécie e com isso realizou-se exame histopatológico, o qual sugeriu carcinoma de células escamosas. Assim, o paciente foi tratado com eletroquimioterapia, utilizando-se como agentes quimioterápicos, o sulfato de bleomicina e doxorrubicina, nas doses de 15U/m2 e 10mg/m2, respectivamente, ambos pela via intravenosa. Concomitantemente, pulsos elétricos foram aplicados com o auxílio de eletroporador destinado a esta terapia, modelo BK100, que permite a geração de corrente elétrica de alta voltagem (cerca de 1000 volts), com duração de 100 μs, por oito pulsos, totalizando 25 minutos. Toda a região auricular ocupada pelo tumor foi submetida à eletroquimioterapia. O paciente obteve melhora significativa após duas eletroquimioterapias, com intervalos de 90 dias entre cada sessão. Quatro meses após, o felino não demonstrou indícios de recidiva tumoral, corroborando com as afirmações de Silveira et al. (2010), de que uma a três sessões são suficientes para a remissão completa de determinadas neoplasias. Com base no caso descrito, é possível concluir que a eletroquimioterapia foi eficaz no controle local do carcinoma de células escamosas, proporcionando qualidade de vida ao paciente.

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Leonardo Lamarca de CARVALHO11, Marina Laudares COSTA1, Elaine Cristina STUPAK12, Orlando Marcelo MARIANI2, Jéssica Cristina de BARROS2, Natacha Alves ALEXANDRE2, Mariana Reato NASCIMENTO2, Carlos Henrique Maciel BRUNNER13, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS14*, Sabryna Gouveia CALAZANS4

ELETROQUIMIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE CARCINOMA

ESPINOCELULAR EM GATO - RELATO DE CASO

11Discente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade de Franca12Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária, Universidade de Franca

13Docente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Paulista14Docente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade de Franca

*autor para correspondência: [email protected]

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O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia maligna originada do endotélio vascular, acometendo animais idosos com média de idade de 8 a 10 anos. Normalmente seu sítio primário é o baço, porém o átrio direito e fígado podem ser outros sítios primários. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de HSA esplênico ilustrando a importância de incluir esta neoplasia no diagnóstico diferencial de aumento de volume abdominal em machos. Foi atendido no setor da Clínica Médica do Hospital Veterinário da Universidade de Franca, um cão, sem raça definida, adulto, inteiro com histórico de aumento de volume abdominal, hiporexia e prostração há uma semana. Ao exame físico foi observado dispneia inspiratória, aumento dos linfonodos poplíteos bilaterais, mucosa oral hipocorada, dor na palpação abdominal com presença de massa firme de tamanho considerável e desidratação de 10%. Nos exames radiográficos, não foi observada presença de neoformações na radiografia torácica (três projeções) e na projeção látero-lateral abdominal foi possível observar a presença de uma massa radiopaca de aproximadamente 20 cm deslocando as alças intestinais e bexiga dorso-caudalmente, sobrepondo os demais órgãos. Na ultrassonografia abdominal observou-se massa com textura heterogênea, hiperecóica, com áreas cavitárias preenchido por conteúdo anecóico variando de um a quatro centímetros. Os exames hematológicos detectaram anemia normocítica normocrômica, trombocitose extrema (1028 x 10³/μL) e aumento da concentração sérica de fosfatase alcalina (288 U/L). Na urinálise a densidade urinária estava em 1,016 e a relação de proteína-creatinina urinária

(UP/C) de 0,9. O animal foi encaminhado para a laparotomia exploratória pela suspeita de neoplasia abdominal. Entretanto, durante o procedimento cirúrgico foi observado massa de 15 cm de comprimento por 10 cm de largura, acometendo metade do baço, cístico, amarelado, drenando líquido sero-sanguinolento aderido em estômago, pâncreas, fígado e intestino delgado proximal impossibilitando a ressecção da neoformação. Desta forma, foi sugerida a eutanásia do animal devido ao prognóstico desfavorável e neoformação inoperável. Não foi visualizada pela necropsia a presença de metástase em outros órgãos. O exame histopatológico confirmou o HSA esplênico. De acordo com a literatura, o baço é o órgão mais comum para o desenvolvimento do HSA, corroborando com o presente relato. Os sinais clínicos incluem apatia, distensão abdominal, emagrecimento e mucosas hipocoradas. Apesar da trombocitopenia ser a alteração hematológica mais comum em cães com HSA, a trombocitose pode estar presente, corroborando com o presente caso, sugerindo tratar-se de síndrome paraneoplásica. O HSA esplênico pode apresentar crescimento insidioso na cavidade abdominal sem promover manifestações clínicas evidentes, e em casos mais avançados, aumento do volume abdominal como no presente caso. Desta forma, com base no caso relatado, conclui-se que o estádio clínico avançado impediu uma abordagem terapêutica eficaz, enfatizando a importância do diagnóstico precoce na determinação do prognóstico do paciente.

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Paula Barbosa COSTA15, Denner Santos dos ANJOS1, Larissa Fernandes MAGALHÃES1, Orlando Marcelo MARIANI1, Luara REZENDE1, Nicole Luizari STÁBILE1, Valeska RODRIGUES1, Raquel BARONI1, Daniel Paulino JÚNIOR1, Sabryna Gouveia CALAZANS1

HEMANGIOSSARCOMA ESPLÊNICO EM UM CÃO – RELATO DE CASO

15Hospital Veterinário, Universidade de Franca (UNIFRAN) - Franca- SP. Autor para correspondência: Pós-graduação em Ciência Animal, Hospital Veterinário, Universidade de Franca (UNIFRAN). Av. Armando Salles de Oliveira, 201, Jd Universitário, Franca-

-SP, CEP 14404-600, e-mail [email protected].

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O linfoma é considerado a terceira neoplasia de maior incidência no cão (1). Pela histologia compartilha de características semelhantes ao linfoma não-Hodgkin humano. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) é classificado nas seguintes categorias: multicêntrica, alimentar, mediastínico, cutâneo e extra nodal (2). O exame radiográfico e ultrassonográfico é fundamental para o diagnóstico em algumas formas anatômicas como mediastínico, renal, espinhal e alimentar. Também são necessários para avaliar o envolvimento de linfonodos e órgãos (fígado, baço, pulmões) nas formas multicêntricas da doença (3). O objetivo deste estudo é relatar um caso de linfoma cutâneo em um cão, avaliado por exames de imagem e citopatológico. Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária – UNESP – Campus de Botucatu um animal da espécie canina, sem raça definida, de 6 meses de idade, macho, com queixa de impotência funcional do membro torácico esquerdo e apatia. Ao exame físico foi constatado múltiplos nódulos dérmicos, de consistência firme e não aderido. O exame radiográfico do radio e da ulna revelou reação mista, predominantemente lítica em terço distal da diáfise e metáfise de rádio e ulna esquerdos e visualização de linha de fratura em terço distal. Ao raio-x do tórax, foi visualizado área de radiopacidade de tecidos moles em topografia dos linfonodos esternais, traqueais e brônquicos com mediastino cranial alargado. No exame ultrassonográfico do abdômen foi possível observar duas estruturas ovais hiperecóicas de contorno bem definidos em topografia craniomedial aos rins, também foi observada várias estruturas com contornos bem definidos dispersos pelo subcutâneo. Foi realizada a citologia aspirativa por agulha fina das lesões cutâneas e as lâminas coradas por hematoxilina e eosina. Amostra com presença de células redondas dispostas em manto, de tamanho aproximado de 1- 1,5 eritrócito, concluindo linfoma cutâneo. De acordo com Cardoso e colaboradores (2003), linfomas são neoplasias malignas de origem linfocítica que manifestam-se em órgãos linfóide

e podem sofrer migrações de linfócitos para vários órgãos, como observados na imagem radiográfica e ultrassonográfica. Suspeita-se que a reação óssea é secundária à presença de estruturas de radiopacidade de tecidos moles em topografia de linfonodos, compatível com síndrome paraneoplásica de osteopatia hipertrófica. Outros possíveis diagnósticos diferenciais seriam a panosteíte e osteodistrofia hipertrófica (4). O diagnóstico de linfoma foi confirmado por citologia aspirativa por agulha fina, conforme a descrição feita por Sequeira e colaboradores (1999). O linfoma canino é uma doença de apresentação clínica variável. O uso de métodos de imagem é essencial em algumas apresentações clínicas do linfoma para a completa avaliação da extensão da doença, contribuindo para o estadiamento clínico com o uso do exame radiográfico, exame ultrassonográfico, e diagnóstico como no presente caso.

Referências: (1) CÁPUA MLB, COLETA FE, CANESIN APMN, GODOY AV, CALAZANS SG, MIOTTO MR, DALECK R., SANTANA AE. Linfoma canino: clínica, hematologia e tratamento com o protocolo de Madison-Wisconsin. Ciência Rural, v.41, n.7, p.1245-1251, 2011. (2) MORENO K, FREDERICO AP, BRACARENSE RL. Linfoma canino de células T: aspectos epidemiológicos, clínicos e morfológicos de 38 casos. Braz. J. vet. Res. anim. Sci.,v. 44, suplemento, p. 103-110, 2007. (3) CARDOSO MJL, MACHADO LHA, ROCHA NS, MOUTINHO FQ, CIAMPOLINI P. Linfoma canino: revisão de cinquenta e quatro casos. Biosc. J, v.19, n.3, p. 131-142, 2003. (4) Hulse DA & Johnson AN. Outras Doenças Ósseas e Articulares. In: Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Roca, 2002. p.1114-1138. (5) SEQUEIRA JL, FRANCO M., BANDARRA EP, FIGUEIREDO LMA, ROCHA NS. Características anatomoclínicas dos linfomas caninos na região de Botucatu. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., vol.51, no.3,1999

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Lais Melicio Cintra BUENO1, Shayra Peruch BONATELLI2, Bruna Fernanda FIRMO2, Bruna Bassi BRANCALION³*, Priscila KOBAYASHI2 , Sheila Canevese RAHAL, Luiz Carlos VULCANO4, Alessandre HATAKA4

IMPORTÂNCIA DO USO DO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM PARA A AVALIAÇÃO DO LINFOMA EM UM

CÃO – RELATO DE CASO

1Aluna de mestrado, FMVZ - UNESP / Botucatu.2Residente, FMVZ - UNESP / Botucatu.

3Aluna de Graduação, FMVZ - UNESP / Botucatu.4Docente, FMVZ - UNESP / Botucatu

*Autor para correspondência: e-mail: [email protected]

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O mastocitoma é uma neoplasia frequente em pequenos animais, compreendendo cerca de 7 a 21% dos tumores cutâneos e de 11 a 27% das neoplasias malignas dos caninos3. Acomete, principalmente, cães de meia idade (8 a 9 anos), não havendo predileção por sexo. Citam-se como raças predispostas o Boxer, Boston terrier, Bull Terrier, Labrador, Fox Terrier, Beagle, Schnauzer, Pit Bull, Cocker Spaniel e Shar-Pei3. Apesar de ser frequente, principalmente em Boxer, o acometimento palpebral em cães é considerado raro e quando ocorre, são localmente invasivos e com alto índice de recorrência local após cirurgia2. Em um estudo retrospectivo de neoplasias oculares e em anexos, apenas 1,7% dos casos foram representados por mastocitoma palpebral1. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi relatar o caso de um cão, macho, Boxer, com 8 anos de idade, apresentando lesão palpebral ulcerativa, atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Franca. A neoformação apresentava-se como uma lesão ulcerada, úmida, de coloração avermelhada, com evolução de um ano, localizada no canto nasal da pálpebra inferior do olho direito, medindo 5 mm de diâmetro. Além desta, o paciente apresentava nódulos em tórax (10 mm de diâmetro), flanco direito (10 mm de diâmetro), e membros pélvicos (20 mm de diâmetro em MPD e 10 mm de diâmetro em MPE). Conduziu-se exame citopatológico apenas dos nódulos corpóreos, pois o paciente apresentava comportamento agitado, dificultando o exame da ferida palpebral. O diagnóstico citopatológico revelou mastocitoma nos nódulos em tórax, flanco direito e membros pélvicos. Os exames de imagem, tais como radiografia torácica e ultrassonografia abdominal, não sugeriram evidências de metástase. Devido às características da lesão palpebral, suspeitou-se de Leishmaniose, porém o exame sorológico foi negativo. Com base no

laudo citológico o animal foi encaminhado para exérese cirúrgica de todas as lesões e coleta de amostra histopatológica, a qual diagnosticou mastocitoma com margens livres dos nódulos em tórax, flanco e membros pélvicos, e foi inconclusivo para a lesão palpebral. Desta forma, as amostras foram submetidas ao exame de imunohistoquímca, o qual confirmou mastocitoma c-KIT 1 e Ki-67>23 para todos os tumores, inclusive o palpebral. Como não foi possível ressecção cirúrgica com margens de segurança da neoformação em pálpebra, devido à grande extensão da lesão, optou-se pela associação de quimioterapia ao tratamento cirúrgico. O protocolo utilizado foi vimblastina (2mg/m2), ciclofosfamida (200mg/m2) com intervalo de 21 dias e prednisona (1mg/kg) durante o primeiro mês, totalizando cinco sessões. Passados oito meses da cirurgia e três meses do término da quimioterapia o paciente apresenta-se sem sinais de recidiva. Conclui-se que apesar de o mastocitoma ser uma neoplasia frequente em cães, a forma palpebral é rara e apresenta alto índice de recidiva local quando não removido com margens de segurança. Entretanto no presente relato, a associação entre ressecção cirúrgica e quimioterapia mostrou-se eficaz no tratamento do mastocitoma palpebral.

Referências: (1) Hesse KL, Fredo G, Guimarães LLB, Reis MO, Pigatto JAT, Pavarini SP, Driemeier D, Sonne L. Neoplasmas oculares e de anexos em cães e gatos no Rio Grande do Sul: 265 casos (2009 – 2014). Pesq. Vet. Bras. 35(1):49-54, janeiro 2015; (2) Silva BFD. Neoplasias oculares em cães e gatos: Estudo retrospectivo 2001 – 2012. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa; 2013; (3) Rech RR, Graça DL, Kommers GD, Sallis ESV, Raffi MB, Garmatz SL. Mastocitoma cutâneo canino. Estudo de 45 casos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.56, n.4, p.441-448, 2004

investigação, 15(2): 1-34, 2016

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Orlando Marcelo MARIANI16*, Elaine Cristina STUPAK1, Larissa Fernandes MAGALHÃES1, Natacha Alves ALEXANDRE1, Mariana Reato NASCIMENTO1, Leonardo Lamarca de CARVALHO2, Marina Laudares COSTA2, Juliana SANTILLI3, Cristiane dos Santos HONSHO4, Sabryna Gouveia CALAZANS4

MASTOCITOMA EM PÁLPEBRA DE CÃO – RELATO DE CASO

1Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária da Universidade de Franca (UNIFRAN)2Discente de Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Franca (UNIFRAN)

3Discente do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca (UNFIRAN)4Docente do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca (UNIFRAN)

*autor para correspondência: [email protected]

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O melanoma é uma neoplasia maligna que se origina dos melanócitos, células que produzem melanina e são responsáveis pela pigmentação. Ocorre devido ao estímulo de formação de novos melanoblastos ou aumento excessivo de sua produção. Os melanomas podem apresentar características histológicas similares em regiões primárias diferentes, mas possuem comportamento biológico distinto e não são totalmente elucidados. Em equinos, esse tipo tumoral representa grande parte dos comprometimentos cutâneos, principalmente em animais de pelagem tordilha; porém não se observa predileção racial e sexual, sendo a idade considerada um agravante na malignidade. Esta afecção oncológica acomete principalmente as regiões de cauda, períneo, auricular e ocular e ocasionalmente se desenvolve em órgãos genitais; sendo que o curso clínico varia desde a invasão de órgãos até a disseminação metastática. Caracteriza-se por lesões firmes, nodulares, únicas ou múltiplas, de tamanhos e coloração variados, infiltrativas, podendo ocorrer ulcerações. Os sinais clínicos demonstrados pelos pacientes acometidos são variáveis, dependendo da localização tumoral. O diagnóstico deve ser baseado no histórico, exame clínico, alterações macroscópicas das lesões, exame citológico e histopatológico. O tratamento depende da localização, evolução e estadiamento tumoral, mas inclui excisão cirúrgica com ampla margem de segurança, quimioterapia sistêmica e/ou intralesional, crioterapia, imunoterapia, radioterapia ou associação destas modalidades terapêuticas, sendo a primeira o tratamento de eleição. Diante da ocorrência incomum do melanoma em estruturas do sistema reprodutor, o objetivo do presente trabalho foi relatar o caso de um cavalo de 10 anos de idade, raça Mangalarga, não castrado, tordilho, encaminhado ao Hospital

Veterinário da Universidade de Franca por apresentar aumento de volume intermitente na região escrotal. Os exames físicos e hematológicos estavam dentro dos parâmetros de normalidade para a espécie, porém na ultrassonografia foi observado hidrocele. Com isso, realizou-se orquiectomia convencional e durante este procedimento detectou-se presença de massa na região do mesórquio, medindo 2,9 centímetros de comprimento por 0,9 centímetros de largura, de coloração vermelho-escurecida, superfície regular, consistência firme, áreas de aderência e ausência de ulcerações. Pela suspeita de neoplasia, foi realizado exame histopatológico, que evidenciou grânulos intracitoplasmáticos de melanina, com presença de pleomorfismo nuclear e nucléolos evidentes, sugerindo melanoma. Segundo a literatura, melanomas são neoplasias que compõem cerca de 4 a 15% dos tumores em equinos tordilhos e senis, principalmente nos expostos constantemente aos raios solares, corroborando com os achados do atual relato. Com base no caso descrito, concluiu-se que o melanoma pode ser detectado em estruturas reprodutoras e deve ser incluído no diagnóstico diferencial das afecções deste sistema. Além disso, apesar do prognóstico desfavorável, o tratamento cirúrgico isolado foi eficaz no controle tumoral, favorecendo a qualidade de vida e sobrevida do cavalo, visto que até o presente momento, ou seja, decorridos cinco meses da castração, o paciente não demonstrou indícios de recidivas e metástases.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Natacha Alves ALEXANDRE17, Leonardo Lamarca de CARVALHO18, Marina Laudares COSTA2, Mariana Reato NASCIMENTO1, Jessica Cristina BARROS1, Rafael de Melo ALVES1, Alex Roberto de OLIVEIRA1, Vítor Foroni CASAS19, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS3*, Lucas de Freitas PEREIRA3

MELANOMA EM MESÓRQUIO EM EQUINO - RELATO DE CASO

17Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária, Universidade de Franca18Discente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade de Franca19Docente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade de Franca

*autor para correspondência: [email protected]

Investigação, 14(1):1-7, 2015

ISSN 21774780

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O melanoma é uma neoplasia de melanócitos, células que estão presentes em diversas regiões do corpo. No cão, ela ocorre com maior frequência em cavidade oral e região ungueal apresentado prognóstico desfavorável frente ao alto potencial metastático. A maioria dos melanomas já apresenta micrometástase no momento do diagnóstico e apresenta pouca resposta ao tratamento quimioterápico refletindo na baixa expectativa de vida. Nos cães, não ocorre aumento de prevalência secundária a exposição solar como em humanos, sendo a ocorrência desse tumor mais comum em mucosas e locais protegidos do sol. Existem alguns fatores predisponentes como a genética, traumatismos subsequentes. O tratamento de eleição consiste na ressecção radical da formação com associação de radioterapia, imunoterapia e\ou quimioterapia adjuvante, sendo essa última sabidamente pouco responsiva (apenas 20% dos melanomas apresenta resposta parcial à quimioterapia). Foi atendido um cão, fêmea, de 9 anos de idade, raça Labrador, castrada, em um hospital particular na cidade de São Paulo, apresentando aumento de volume em região nasal há mais ou menos 8 meses, com crescimento rápido e progressivo. O animal tinha histórico de lesões recorrentes e sangramentos no focinho por esfregar em portões. Foi realizada inicialmente biópsia incisional da formação para fim diagnóstico

com resultado histopatológico compatível com sarcoma de baixo grau. Foi realizado estadiamento do animal através de tomografia computadorizada de crânio, região cervical, tórax e abdômen demonstrando lesão única e isolada em narina sem aumento de linfonodos ou presença de outras lesões pelo corpo. O animal foi submetido a nosectomia total e o material foi encaminhado novamente para avaliação histopatológica. Contrapondo o resultado anterior, o exame detectou presença de melanoma amelânico com alto índice mitótico. Frente a esse novo diagnóstico, foi indicado imunoterapia, sendo realizada duas aplicações de vacina tumoral com intervalo de 3 semanas. Após esse período, o animal apresentou aumento de linfonodo submandibular e convulsões, sendo suspensa a imunoterapia e instituída terapia paliativa com omeprazol, prednisona, fenobarbital, tramadol e dipirona. Após 14 dias, houve evolução do quadro clínico para um estado comatoso, levando os proprietários a decidirem pela eutanásia. O animal do presente caso apresentou melanoma nasal com alta agressividade e alto potencial metastático, semelhante ao descrito na literatura para melanomas orais e ungueais em cães.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Paula Cava RODRIGUES1, Karen Abrantes da ASSUNÇÃO2, Caio RIBEIRO3, Sabryna Gouveia CALAZANS4

MELANOMA NASAL EM CÃO – RELATO DE CASO

1Aluna de mestrado, UNIFRAN. Autora para correspondência: [email protected]édica Veterinária Autônoma

3Aluno de iniciação científica, UNIFRAN4Docente, UNIFRAN

Investigação, 14(1):1-7, 2015

ISSN 21774780

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O osteossarcoma é um tumor ósseo maligno de origem primária que ocorre frequentemente em cães, afetando principalmente animais de grande porte e de meia idade. O esqueleto apendicular é o mais frequentemente acometido e o principal sinal clínico apresentado é a claudicação, podendo também se observar aumento de volume e dor a palpação. Pesquisas demonstram que traumas, fraturas e implantes metálicos podem induzir osteossarcoma em caes1,2. O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de osteossarcoma apendicular em um cão com implante metálico. Um cão, macho, sem raça definida, com 11 anos de idade, castrado, pesando 24 Kg, foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Franca com histórico de claudicação e aumento de volume em membro torácico esquerdo há duas semanas. Em exame físico mucosas estavam normocoradas, tpc de 2 segundos, linfonodos normoplapáveis, temperatura retal de 38,3 ºC, frequência respiratória de 24 movimentos por minuto e frequência cardíaca de 100 batimentos por minuto. Auscultação cardíaca e respiratória sem alterações. Foram realizados exames hematológicos, como hemograma e bioquímica sérica [alanina amino-transferase (ALT), albumina, creatinina, ureia, e fosfatase alcalina (FA)]. As alterações encontradas foram anemia normocítica normocrômica e neutrofilia sem desvio a esquerda. O aumento de volume estava localizado em região de úmero esquerdo e tinha consistência firme. O paciente já havia sido submetido a cirurgia no referido hospital, há oito anos atrás, para osteossíntese de fratura em terço distal de úmero esquerdo, utilizando como implante

placa e parafuso de composição metálica. Conduziu-se, então, exame radiográfico de úmero esquerdo em duas projeções. As alterações encontradas foram presença de intensa lise cortical no local do implante e edema de tecidos moles ao redor da lesão, sendo os principais diagnósticos diferenciais tumor ósseo e osteomielite. Após a radiografia, o paciente precisou ser sedado para realização de exame citopatológico, pois apresentava intensa dor no local. Foram prescritas medicações analgésicas para uso domiciliar, como tramadol (4 mg/Kg, TID), dipirona (25 mg/Kg, TID) e anti-inflamatório carprofeno (2,2 mg/Kg, BID), todos por via oral. O exame citopatológico revelou osteossarcoma e o diagnostico diferencial de osteomielite foi descartado. Diante do diagnóstico, o responsável pelo paciente foi orientado sobre a necessidade de exames complementares como ultrassom abdominal e radiografia de tórax para estadiamento da neoplasia e definição do tratamento. Porém, posteriormente, o paciente não retornou ao hospital veterinário. Sabendo-se que o microambiente inflamatório pode favorecer a oncogênese e da relação entre os sarcomas e implantes metálicos em cães, conclui-se que, neste caso, o implante ortopédico pode ter influenciado o desenvolvimento do osteossarcoma. Referências: (1) Keel S, Jaffe K, Petur Nielsen G, et al. Orthopaedic implant-related sarcoma: a study of twelve cases. Mod Pathol 14:969-977, 2001. (2) Knecht C, Priester W. Osteosarcoma in dogs: A study of previous trauma, fracture and fracture fixation. Journal of the American Animal Hospital Association 14:82-84, 1978.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Elaine Cristina STUPAK20*, Orlando Marcelo MARIANI1, Larissa Fernandes MAGALHÃES1, Natacha Alves ALEXANDRE1, Jéssica Cristina BARROS1, Mariana Reato NASCIMENTO1, Leonardo Lamarca de CARVALHO2, Marina Laudares COSTA2, Sabryna Gouveia CALAZANS3, Geórgia Modé MAGALHÃES3

OSTEOSSARCOMA EM LOCAL DE IMPLANTE ÓSSEO EM UMERO DE

CÃO: RELATO DE CASO

1Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária da Universidade de Franca (UNIFRAN)2Discente de Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Franca (UNFIRAN)

3Docente do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca (UNIFRAN)*autor para correspondência: [email protected]

Investigação, 14(1):1-7, 2015

ISSN 21774780

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As neoplasias mamárias espontâneas são as mais comuns na cadela, apresentando alta heterogeneidade biológica e histomorfológica. Cerca de 50% destes tumores são malignos, possuindo um alto potencial metastático para linfonodos ou outros órgãos, como o pulmão. Diversos protocolos quimioterápicos adjuvantes são propostos em literatura (1). O objetivo do presente trabalho, é relatar o uso da quimioterapia metronômica como opção de tratamento adjuvante em um caso de carcinoma mamário anaplásico metastático. Foi atendida em uma clínica veterinária, uma cadela, não castrada, sem raça definida, de 14 anos de idade, com histórico de neoplasia mamária há três anos, apresentando crescimento acelerado nos últimos quatro meses, seguido por ulceração. No exame físico foi constatada uma massa em M2 direita de aproximadamente 20 cm e aumento de linfonodo inguinal ipsilateral. Foram realizados exames laboratoriais rotineiros como hemograma completo, dosagens de alanina-amino-transferase (ALT), fosfatase alcalina, ureia e creatinina séricas, ultrassom abdominal, exame radiográfico de tórax em três projeções e ecodopplercardiograma. Não foram observadas alterações nos exames hematológicos e nem alterações compatíveis com metástase nos exames de imagem, sendo apenas constatada a presença de espondilose deformante. A paciente foi encaminhada para cirurgia de mastectomia unilateral total direita e castração. O laudo histopatológico evidenciou a presença de carcinoma mamário anaplásico de alto grau com metástase em linfonodo inguinal. Diante do diagnóstico histopatológico, foi sugerido terapia quimioterápica adjuvante. O protocolo inicial estabelecido foi de doxorrubicina 30mg/m²/IV com intervalos de 21 dias, sendo que após a terceira aplicação, a paciente apresentou episódios eméticos frequentes, prostração e leucopenia, os sinais foram tratados com

antieméticos e Leucogen®. Após a quinta aplicação de doxorrubicina, a paciente apresentou novo quadro de prostração, seguido por êmese e leucopenia severa. A paciente ficou internada por três dias para tratamento suporte. Diante da maior severidade dos efeitos adversos optou-se por suspender o tratamento quimioterápico adjuvante convencional após a quinta aplicação de doxorrubicina. Trinta dias depois, a paciente retornou para o primeiro segmento e foi observada a presença de uma massa circular de aproximadamente 2,5 cm de diâmetro em tórax, sugestiva de metástase pulmonar. Portanto, a terapia metronômica com ciclofosfamida 12,5 mg/m²/VO/Sid foi instituída. Retornos mensais foram realizados para avaliação da paciente e realização de exames hematológicos e séricos. A paciente recebeu a terapia metronômica por seis meses, durante o qual, o exame radiográfico de tórax em três projeções era repetido a cada dois meses, sendo que a massa não apresentou aumento de tamanho. Durante o tratamento a paciente apresentou otite bacteriana que foi tratada sem intercorrências. Após os seis meses de tratamento, a paciente apresentou paralisia de membros posteriores, porem o proprietário não aceitou realizar exames complementares como mielografia e tomografia computadorizada para diagnóstico da lesão medular. Diante do quadro não responsivo ao tratamento clínico, foi realizada a eutanásia. O proprietário não permitiu a realização de necropsia. Neste caso, foi possível observar um bom controle no crescimento de metástase pulmonar devido à um carcinoma anaplásico mamário com o uso de terapia metronômica com ciclofosfamida 12,5 mg/m²/VO/Sid, sem presença de efeitos adversos comuns à terapia adjuvante convencional.

Referências: (1) CASSALI et al., 2014. Consensus for the diagnosis, prognosis and treatment of canine mammary tumors.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Juliana SANTILLI1, Jessé Ribeiro ROCHA2, Renata Fuentes BORGES², Camila Cáceres FERRACINI², Cássia Regina de ABREU², Larissa Fernandes MAGALHÃES³, Sabryna Gouveia CALAZANS4

QUIMIOTERAPIA METRONÔMICA ADJUVANTE EM CADELA

COM CARCINOMA MÁMARIO ANAPLÁSICO METASTÁTICO –

RELATO DE CASO

1Aluna de mestrado em Ciência Animal, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]édicos veterinários autônomos.

3Residente do Hospital Veterinário UNIFRAN.4Docente do programa de mestrado da UNIFRAN

Investigação, 14(1):1-7, 2015

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Os hemangiossarcomas são neoplasias de células mesenquimais, provenientes de alterações no crescimento maligno de células do endotélio vascular. O cão é a espécie mais frequentemente afetada por este tipo tumoral, o qual pode ser primário em qualquer órgão vascularizado, porém os maiores sítios de incidências são o baço, fígado e coração. Demonstra crescimento progressivo e seus capilares são extremamente frágeis, ocasionando hemorragias súbitas com consequente óbito do paciente. O hemangiossarcoma apresenta intensa infiltração local e cavitações capazes de comprometer a cascata de coagulação e iniciar quadro de coagulação intravascular disseminada. Os sinais clínicos do hemangiossarcoma são variáveis e dependem da sua localização, extensão e prováveis metástases; no entanto podem ser encontradas alterações como coagulopatias, anorexia, aumento de volume abdominal pela própria neoplasia ou por efusão quando ocorre ruptura de órgãos, choque hipovolêmico, sensibilidade abdominal, dispneia, abafamento de sons cardíacos e pulmonares e convulsões. O diagnóstico deve ser baseado em exames citológicos e/ou histopatológicos, tendo em vista a localização do órgão acometido, o que rotineiramente ocorre após a exérese cirúrgica ou biópsia incisional. O tratamento de eleição é a remoção cirúrgica da massa ou do órgão afetado, seguido ou não de protocolos quimioterápicos, dependendo do estadiamento tumoral. Diante da ocorrência comum do hemangiossarcoma na espécie canina, o objetivo do presente trabalho foi relatar o caso de uma cadela da raça pit bull, castrada, 9 anos de idade, atendida no Hospital Veterinário da Universidade de Franca (UNIFRAN), com queixa principal de sinais agudos de apatia, dispneia, decúbito lateral e prostração. Durante o exame físico foi observado

distensão abdominal, mucosas pálidas, taquipneia, extremidades frias e hipotermia. Suspeitando-se de choque hipovolêmico secundário a processo hemorrágico ativo, o animal foi encaminhado para exame ultrassonográfico abdominal, constatando a presença de líquido livre. Ato contínuo realizou-se paracentese para identificar o tipo de fluido, confirmando a suspeita inicial de hemoabdômen. Após estabilização, o animal foi submetido a laparotomia exploratória, identificando-se que o sangramento ativo era oriundo de ruptura esplênica secundária à presença de massas neste órgão; com isso realizou-se esplenectomia. Concomitantemente foi observado nodulações em toda a extensão do parênquima hepático e o exame histopatológico destes dois órgãos sugeriu hemangiossarcoma. Diante disso, estabeleceu-se o estadiamento do tumor e iniciou-se o protocolo quimioterápico com cloridrato de doxorrubicina (30mg/m², via intravenosa, a cada 21 dias) associado a Ciclofosfamida (200mg/m², via oral) e Vincristina (0,75mg/m², intravenosa), totalizando sete sessões. Após algumas semanas de tratamento, a imagem radiográfica torácica sugeriu metástase pulmonar. Assim, o tratamento paliativo foi mantido, porém decorridos seis meses, o animal retornou para atendimento de emergência, com recidiva de hemoabdômen. No trans-operatório, o sangramento hepático era difuso, impossibilitando a lobectomia, assim optou-se pela eutanásia do paciente. Segundo a literatura, cerca de 80% dos cães com hemangiossarcoma demonstram metástase, corroborando com os achados do atual relato. Com base no caso descrito pode-se concluir que o hemangiossarcoma é comum em cães, sendo causa de ruptura dos órgãos acometidos; contudo deve ser incluído no diagnóstico diferencial de hemorragias abdominais nesta espécie.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Jéssica Cristina de BARROS21*, Natacha Alves ALEXANDRE1, Leonardo Lamarca de CARVALHO22, Marina Laudares COSTA2, Mariana Reato NASCIMENTO1, Elaine Cristina STUPAK1, Orlando Marcelo MARIANI1, Thais Nakane RIBEIRO1, Denner Santos dos ANJOS3, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS4

RUPTURA HEPATO-ESPLÊNICA POR HEMANGIOSSARCOMA: RELATO EM CÃO

21Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária, Universidade de Franca22Discente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade de Franca

3Discente do Mestrado em Ciência Animal, Universidade de Franca4Docente, Universidade de Franca

Investigação, 14(1):1-7, 2015

ISSN 21774780

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O número de animais exóticos criados legalmente em cativeiro como animais de estimação vem aumentando nos últimos anos e, dentre eles, as aves destacam-se pela beleza, canto e pela capacidade de fala (1). A arara-canindé (Ara ararauna) é uma das maiores representantes da Ordem dos psitacídeos, sendo nativa de diversas regiões brasileiras. Esta espécie tem sido comercializada com a licença do IBAMA, e com isso, vem sendo observado um aumento da casuística clínica destas aves (2). Dentre as afecções que levam os animais ao atendimento médico veterinário, estão as neoplasias, que costumam ser mais frequentemente visualizadas em aves de cativeiro do que em aves de vida livre (3). Isto, provavelmente, se deve ao fato de que as primeiras tendem a viver mais, além de estarem sujeitas a endogamia e exposição a fatores carcinogênicos (4). O presente trabalho visa relatar um caso de sarcoma em arara-canindé (Ara ararauna) solucionado a contento por meio de cirurgia excisional do nódulo tumoral. Em setembro de 2013, foi atendida na Clínica Veterinária Animal Center (Franca/SP) uma arara-canindé (Ara ararauna), do sexo masculino, pesando 1,3 kg, apresentando um extenso nódulo ulcerado no lado inferior da asa direita. Após a contenção física, foi realizada a avaliação clínica geral da ave. Além do nódulo ulcerado, nada digno de nota foi encontrado no exame físico do animal, que se mostrava em bom estado geral. A exérese do nódulo foi o tratamento escolhido, por ter sido considerada como indispensável ao bem estar do paciente e tendo em vista a necessidade de coleta do material neoplásico para a obtenção do diagnóstico. Assim, após jejum hídrico e alimentar de 8 horas, a ave foi encaminhada ao centro cirúrgico onde foi anestesiada com associação de tiletamina e zolazepam (Zoletil® 50) pela via intramuscular. O procedimento cirúrgico foi, então, iniciado para a retirada do nódulo. Apesar de o nódulo ter sido extraído em sua totalidade, não foi possível assegurar uma ampla área de segurança ao redor da lesão devido à falta de tecido disponível na região afetada. A hemostasia dos vasos sanguíneos foi conduzida com o uso de bisturi elétrico. A ferida cirúrgica foi suturada com ponto simples contínuo, utilizando fio absorvível (categute cromado 3.0) para que não houvesse necessidade de

nova contenção visando à retirada de pontos, prevenindo estresse desnecessário ao animal. No pós-operatório, foi administrado, via intramuscular, antibiótico (oxitetraciclina) e anti-inflamatório (dexametasona) em dose única. A ave foi mantida em viveiro e após a recuperação anestésica, que durou cerca de 40 minutos, recebeu alimentação e água ad libitum. A cicatrização foi rápida e em pouco tempo o animal já estava recuperado do procedimento. A amostra de tecido obtida na cirurgia foi acondicionada em um frasco contendo formol 10% e encaminhada ao setor de Patologia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade de Franca (UNIFRAN - Franca/SP) para realização do exame histopatológico. O exame revelou tratar-se de uma neoplasia de origem mesenquimal (sarcoma). Devido a sua malignidade, este tipo de neoplasia pode levar à ocorrência de metástases e rapidamente debilitar o paciente acometido (5). A ave continua sendo monitorada na mesma clínica onde foi atendida e, a despeito do diagnóstico, após dois anos do ocorrido, não foi constatada reincidência ou metástase no animal.

Referências: (1) Sinhorini JA. Neoplasias em aves domésticas e silvestres mantidas em domicílio: avaliação anatomopatológica e imunohistoquímica [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2008. (2) Valle SF, Allgayer MC, Pereira RA, Barcellos LJG, Hlavac NRC, França RT, et al. Parâmetros de bioquímica sérica de machos, fêmeas e filhotes de araras-canindé (Ara ararauna) saudáveis mantidas em cativeiro comercial. Cienc Rural. 2008;38:711-6. (3) Filippich LJ. Tumor control in birds. Semin Avian Exot Pet. 2004;13:25-43. (4) Latimer KS. Oncology. In: Ritchie BW, Harrison GJ. Avian medicine: principles and application. Lake Worth: Wingers Publishing Inc.; 1994. p.640-72. (5) Stricker TP, Kumar V. Neoplasia. In: Kumar V, Abbas AK, Fausto N, Aster JC, editores. Robbins e Cotran, Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8 ed. São Paulo: Elsevier Editora Ltda.; 2010. p.259-330.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Luiz Tadeu BRAGA JUNIOR1, Otávio Luís de Oliveira Henriques PAULO1, Geórgia Modé MAGALHÃES2, Valéria Amorim CONFORTI3

SARCOMA EM ARARA-CANINDÉ (ARA ARARAUNA): RELATO DE CASO

1Aluno de Mestrado UNIFRAN.2Docente UNIFRAN.

3Docente UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]

Investigação, 14(1):1-7, 2015

ISSN 21774780

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Os sarcomas de tecidos moles compõem um grupo heterogêneo de neoplasias mesenquimais, classificados de acordo com a aparência patológica e comportamento clínico. Compreendem 15% de todos os tumores cutâneos e subcutâneos em cães, localmente invasivos com recidiva local comum, podendo causar metástase em até 20% dos casos. Neste contexto, são infrequentes na cavidade oral de cães e os acometidos podem demonstrar sinais clínicos como aumento de volume facial, sangramento oral, halitose, disfagia e má oclusão. Um dos maiores desafios das neoplasias orais é o controle local da doença, sendo que 62-65% dos casos que não tiveram ressecção completa estão sujeitos à recidivas e consequente impacto negativo no prolongamento da vida do paciente. Lesões maiores que cinco centímetros de diâmetro tendem a pior resposta à quimioterapia e radioterapia; entretanto, para melhorar a taxa de controle local, especialmente em ressecções com margem incompleta, tratamentos adjuvantes têm sido utilizados como radioterapia associado ou não a hipertermia, cisplatina intracavitária e eletroquimioterapia. Assim, o objetivo do presente trabalho foi relatar o caso de um cão macho, com dois anos de idade, sem raça definida, médio porte, com sarcoma palatino invasivo e refratário aos tratamentos convencionais, atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Franca. A massa estava aderida no palato duro e mole esquerdo, medindo sete centímetros de diâmetro, consistência friável, coloração avermelhada enegrecida, áreas de ulceração e evolução desconhecida. Os exames complementares de imagem como raios-x de tórax e crânio e ultrassom abdominal não sugeriram evidências de metástase e envolvimento ósseo e o citológico foi inconclusivo. O animal foi encaminhado para ressecção cirúrgica sem margem de segurança e coleta de amostra histopatológica, a

qual sugeriu sarcoma indiferenciado. Dado a localização da neoplasia, foi instituído tratamento adjuvante com cloridrato de doxorrubicina (30mg/m², intravenosa, a cada 21 dias) e anti-inflamatório (carprofeno: 2,2 mg/Kg, a cada 12 horas) com o intuito do controle regional. Porém, após 42 dias, observou-se recidiva local com envolvimento ósseo maxilar e perdas dentárias. Deste modo, optou-se por realizar tratamento adjuvante com crioterapia (nitrogênio líquido com equipamento destinado para tal fim), a cada 21 dias, totalizando cinco sessões e, posteriormente, eletroquimioterapia (sulfato de bleomicina 15 UI/m² e cloridrato de doxorrubicina na dose de 30mg/m², ambas intravenosas), a cada 21 dias, totalizando duas sessões. Entretanto, apesar da crioterapia e eletroquimioterapia ter mantido o controle local do tumor, após sete meses, ambos os tratamentos deixaram de apresentar eficácia local e o paciente apresentou recidiva local e comprometimento do trato respiratório superior, envolvendo a região ventral do globo ocular esquerdo. Diante disso e pelo prognóstico desfavorável, o proprietário optou pela eutanásia do animal. Com base no caso descrito, concluiu-se que o sarcoma oral, apesar de atípico em cães, pode acometer os jovens, demonstrando alta capacidade de invasividade, de recidiva e complicações como o acometimento de tecidos adjacentes; assim a crioterapia e eletroquimioterapia foram efetivas no tratamento adjuvante previamente instituído, proporcionando controle do crescimento neoplásico e melhora na qualidade de vida e sobrevida de sete meses do referido paciente.

Desta forma, apesar de limitado, o tratamento adjuvante com criocirurgia e/ou eletroquimioterapia pode auxiliar no controle local das neoplasias orais quando não submetidos à cirurgia convencional padrão.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS23*, Denner Santos dos ANJOS2, Juliana SANTILLI2, Larissa Fernandes MAGALHÃES3, Elaine Cristina STUPAK3, Luara Rodrigues REZENDE3, Natacha Alves ALEXANDRE3, Lucas de Freitas PEREIRA1, Sabryna Gouveia CALAZANS4, Geórgia Modé MAGALHÃES4

SARCOMA PALATINO INVASIVO EM CÃO: RELATO DE CASO

23Docente do Programa de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade de Franca2Discente do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca

3Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária da Universidade de Franca4Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca

*autor para correspondência: [email protected]

Investigação, 14(1):1-7, 2015

ISSN 21774780

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A hidroxiureia (HU) é um inibidor da ribonucleotídeo redutase que leva a diminuição da síntese do DNA, resultando na letalidade das células da fase S do ciclo celular. Esta medicação tem sido utilizada na medicina veterinária como tratamento de diversos tumores, incluindo a leucemia mielóide crônica (LMC), policitemia vera (PV) e trombocitemia essencial (TE). Seus efeitos adversos relatados incluem mielossupressão, êmese, diarreia, estomatite, eritema em região abdominal ventral, alopecia generalizada e prurido. Em raros casos, a HU pode ocasionar descamação das unhas e onicomadese (perda das unhas), principalmente após longos períodos de tratamento. Este relato descreve a apresentação de onicomadese generalizada em um cão com LMC em tratamento com HU. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Franca (HV-UNIFRAN), um cão, da raça Rottweiler, 12 anos de idade, inteira, com histórico de apatia e prostração há 6 meses. Os parâmetros fisiológicos do paciente estavam normais. Os exames hematológicos revelaram trombocitose (541 x 10³/μL) e leucocitose (80.800/μL) com desvio nuclear neutrofílico à esquerda (DNNE) (segmentados: 75.952/μL, bastonetes: 1.616/μL), hipoalbuminemia (1,4 g/dL), sem demais alterações observadas para alanina aminotransferase, fosfatase alcalina, ureia e creatinina. Os exames ultrassonográfico e radiológico de tórax não revelaram alterações. Após sete dias de antibioticoterapia e anti-inflamatório não esteroidal, o animal estava se locomovendo melhor e ao novo hemograma, foi observado anemia normocítica normocrômica, persistência da leucocitose (67.000/μL) com DNNE (segmentados: 58.960/μL; bastonetes: 2.680/μL), eosinofilia (2.680/μL) e trombocitose (662 x 10³/μL). Diante de tais resultados foi realizado mielograma, o qual pode-se observar aumento

da relação granulocítica/eritrocítica (G:E 10,09:1), aumento moderado da série granulocítica, diminuição discreta da série eritrocítica, ambas com predomínio de formas maduras e aumento moderado da série megacariocítica com morfologia normal. O diagnóstico foi hiperplasia moderada granulocítica e megacariocítica e discreta hipoplasia eritrocítica, indicando tratar-se de LMC, neste caso, leucemia neutrofílica crônica (LNC). Prescreveu-se HU na dose de 18mg/kg e prednisona na dose de 1 mg/kg, ambas a cada 24h, durante 30 dias. Após 30 dias, a proprietária retornou ao HV queixando-se que o animal apresentava prostração, perda de três unhas (dois do membro anterior esquerdo e uma do membro posterior esquerdo) e dor ao caminhar. A medicação foi interrompida diante do efeito tóxico dermatológico inesperado, porém mesmo após a suspensão da medicação, houve a queda de mais quatro unhas ao longo de 15 dias. Tanto em humanos quanto em cães a HU é bem tolerada, sendo a mielossupressão o efeito adverso mais comum. A etiopatogênese da toxicidade da HU é ainda pouco compreendida, mas possivelmente envolve mecanismos relacionados à deficiência de cicatrização de feridas em células que se dividem rapidamente, como a pele. No caso descrito, o animal apresentou desprendimento das unhas envolvendo-as até sua perda, dor e eventualmente dificuldade eventual ao caminhar. Apesar da onicomadese ser relatada após longos períodos de tratamento com HU, este relato ilustra o efeito dermatológico tóxico em curto período de terapia (30 dias).

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Denner Santos dos ANJOS24, Paula Barbosa COSTA1, Sabryna Gouveia CALAZANS1

TOXICIDADE DERMATOLÓGICA (ONICOMADESE) POR HIDROXIUREIA EM

UM CÃO – RELATO DE CASO

24Hospital Veterinário, Universidade de Franca (UNIFRAN) - Franca- SP. Autor para correspondência: Pós-graduação em Ciência Animal, Hospital Veterinário, Universidade de Franca (UNIFRAN). Av. Armando Salles de Oliveira, 201, Jd Universitário, Franca-

-SP, CEP 14404-600, e-mail [email protected]

Investigação, 14(1):1-7, 2015

ISSN 21774780

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O melanoma é um tumor de melanócitos, mais comuns em cães que em gatos, que acomete animais de meia idade a idosos. Melanomas de cavidade oral, lábios e dígito tendem a ser malignos e de crescimento rápido. O diagnóstico de melanoma pode ser complicado, uma vez que existem diversos graus de pigmentação melânica, havendo casos de total ausência de pigmento como nos melanomas amelânicos em que as células neoplásicas não sintetizam melanina intracitoplasmática. Existem diversas modalidades de tratamento e a resecção cirúrgica ampla associada à quimioterapia é o protocolo de eleição, porém estudos têm demonstrado bons resultados com a utilização da eletroquimioterapia em melanomas orais em cães1. O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de um cão com melanoma amelânico em maxila que esta sendo tratado com eletroquimioterapia (EQT). Um cão, macho, da raça labrador, com oito anos de idade, não castrado, pesando 56 Kg, foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Franca com histórico de melanoma amelânico em maxila tratado por colega através de remoção cirúrgica há um ano e com histórico de recidiva há um mês. No exame físico foi possível observar presença de massa aderida com 6 cm, envolvendo terceiro e quarto dente pré-molar direito e invadindo o palato na mesma região. Foram realizados exames hematológicos em que os valores se apresentaram dentro da normalidade. A radiografia de tórax e ultrassom abdominal não revelaram presença de metástase. O paciente foi encaminhado para biópsia incisional cujo exame histopatológico diagnosticou melanoma amelânico. No mesmo dia do procedimento, optou-se por iniciar tratamento quimioterápico utilizando carboplatina (300 mg/m2) para controle regional. Após 21 dias, devido à extensão da lesão, optou-se por iniciar a EQT (com sulfato de bleomicina 15 UI/

m2 e cloridrato de doxorrubicina 30 mg/m2, ambas por via intravenosa). A EQT foi realizada utilizando-se eletroporador modelo BK100, que permite a geração de corrente elétrica de alta voltagem (cerca de 1000 volts), com duração de 100 us, por pulso. Esta modalidade de tratamento tem sido intercalada com a carboplatina a cada 21 dias, totalizando-se três sessões de cada modalidade. Como tratamento de suporte, administra-se o pamidronato (1,5mg/Kg) a cada 21 dias. Adicionalmente, prescreveram-se cloridrato de tramadol (3mg/Kg, TID) e dipirona (25mg/Kg, TID) pelo período de 30 dias, além de gabapentina (3mg/Kg, SID) e carprofeno (2,2mg/Kg, BID), ambos de uso contínuo. A remissão tumoral foi observada 21 dias após a primeira sessão de EQT e o tumor continua apresentando remissão. Atualmente, 120 dias após a consulta, o paciente mantém qualidade de vida, e o tumor regrediu cerca de 90% de seu volume inicial. A administração intercalada de carboplatina foi realizada com o intuito de impedir o crescimento tumoral entre as sessões de EQT. Este esquema não foi previamente descrito na literatura, porém tem se mostrado efetivo no controle do melanoma amelânico de cavidade oral. Em conclusão, a associação da EQT (com sulfato de bleomicina 15 UI/m2 e cloridrato de doxorrubicina 30 mg/m2) com a quimioterapia convencional (carboplatina 300 mg/m2) e tratamento de suporte tem beneficiado o paciente relatado, promovendo remissão tumoral e mantendo a qualidade de vida. Referência: (1) Silveira LMG, Brunner CHM, Cunha FM, Futema F, Calderaro FF, Kozlowski D. Utilização de eletroquimioterapia em neoplasias de origem epitelial ou mesenquimal localizadas em pele ou mucosas de cães. Braz. J. vet. Res. anim. Sci., São Paulo, v. 47, n. 1, p. 55-66, 2010.

investigação, 15(2): 1-34, 2016

REVISTAINVESTIGAÇÃO

Elaine Cristina STUPAK25*, Orlando Marcelo MARIANI1, Larissa Fernandes MAGALHÃES1, Natacha Alves ALEXANDRE1, Mariana Reato NASCIMENTO1, JESSICA Cristina BARROS1, Juliana SANTILLI2, Geórgia Modé MAGALHÃES3, Sabryna Gouveia CALAZANS3, Carlos Henrique Maciel BRUNNER4

USO DA ELETROQUIMIOTERAPIA COMO TRATAMENTO DE MELANOMA

AMELÂNICO EM CAVIDADE ORAL DE UM CÃO: RELATO DE CASO

25Discente do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária da Universidade de Franca (UNIFRAN)2Discente do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca (UNFIRAN)3Docente do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade de Franca (UNIFRAN)

4Docente da Universidade Cruzeiro do Sul ( UNICSUL)*autor para correspondência: [email protected]