177
APOSTILA   C   O    R    P   O    D    E    B   O    M    B    E    I    R   O   S  O   T  N A S O T  I R  Í   P S   E  1 9  9  7 1 9 2 1

Resgate Veicular.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • GOVERNO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

    SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANA PBLICA E DEFESA SOCIAL

    CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    APOSTILA

    CORP

    O DE B

    OMBE

    IROS

    OT N A S O T I R P S

    E

    1 9 9 71 9 2 1

    RESGATE VEICULAR

    www.cb.es.gov.br

    TSeoTcnica deEnsino

  • Comandante do CEIB Ten Cel BM Flix Gomes Martins

    SubComandante do CEIB Mj BM Rodrigo Nascimento Ribeiro Alves

    Seo Tcnica de EnsinoCap BM Rodrigo Rigoni

    Cb BM CassandroSd BM Helder

    Organizadores da ApostilaMj BM Rodrigo Nascimento Ribeiro Alves

  • 2CBMES Resgate Veicular

  • 3CBMES Resgate Veicular

    LIO 1INTRODUO

  • 4CBMES Resgate Veicular

    1. INTRODUO

    Objetivos Ao final da lio os participantes sero capazes de: Identificar os participantes, os instrutores e o pes-soal de apoio do curso. Identificar as explicativas do grupo em relao ao curso. Descrever a finalidade, o mtodo de ensino, objeti-vos de desempenho e de capacitao e a forma de avalia-o do curso. Identificar os princpios operacionais do CBMES Identificar os aspectos de agenda e logstica do curso.

    2. APRESENTAO

    Identificao das expectativas do grupo Dinmica de identificao das expectativas do grupo.

    Finalidade do curso Proporcionar aos participantes os conhecimentos e tcnicas necessrias para a realizao do resgate em aci-

  • 5CBMES Resgate Veicular

    dentes automobilsticos com vtimas presas em ferragens, determinando e implementando as tcnicas e tticas para estabelecer o comando, dimensionar a cena, gerenciar os riscos, obter acesso, desencarcerar e extrair as vtimas com rapidez e segurana, utilizando equipamentos e ferramen-tas especficas.

    Mtodo de ensino O curso utiliza o mtodo de ensino interativo valo-rizando a participao, a troca de experincias e o alcance dos objetivos pr-estabelecidos.

    Objetivo de desempenho Dado um simulacro de uma situao de acidente automobilstico com vtima presa em ferragem, os partici-pantes devero demonstrar a forma correta de utilizao das tcnicas e tticas para estabelecer o comando, dimen-sionar a cena, gerenciar os riscos da cena, obter acesso, de-sencarcerar e extrair as vtimas de forma segura em tempo inferior a 12 minutos.

    Objetivos de capacitao Ao finalizar o curso o participante dever ser capaz de: Determinar os mecanismos de dinmica dos aci-

  • 6CBMES Resgate Veicular

    dentes automobilsticos de uma cena de acidente, enume-rando as principais conseqncias para as vtimas e para os veculos. Utilizar com segurana e eficincia as ferramentas especficas para o resgate veicular, executando a manu-teno preventiva, as principais operaes e a resoluo dos principais problemas. Identificar e gerenciar os principais riscos encontrados na cena de um acidente automobilstico: Trfego, presena de curiosos, eletricidade, produtos perigosos, vazamento de combustvel, incndio em veculos, posio instvel do vecu-lo e riscos do veculo. Executar as principais tcnicas de resgate veicular com segurana e eficincia: estabilizar veculos, quebrar vi-dros, retirar portas, rebater e retirar tetos, rolar painel e fazer a terceira porta. Demonstrar a execuo das etapas de uma operao de resgate veicular: Estabelecer o comando, dimensionar e gerenciar os riscos da cena, obter acesso, desencarcerar e ex-trair as vtimas. Demonstrar a triagem de mltiplas vtimas utilizando o sistema START.

  • 7CBMES Resgate Veicular

    3. AVALIAO Instrumentos Uma prova terica no quarto dia de curso, envolven-do todo o contedo ministrado at o momento, com um va-lor total de 10 pontos. (peso 4) Uma prova final prtica envolvendo um simulacro de acidente automobilstico com a vtima presa em ferragem, com valor de 5 pontos (peso 6) ; Uma prova de estabilizao de veculo lateralizado onde ao trmino um componente da guarnio dever subir no veculo como forma de demosntrar a segurana da esta-biizao, com valor de 2,5 pontos (peso 6); Uma prova oral de cunho prtico onde o candidato dever explicar, demonstrando em um veculo os proce-dimentos e tcnicas ensinados no curso, com valor de 2,5 pontos(peso 6);

    Condies para aprovao Para serem aprovados os participantes devero obter: 100% de freqncia ao curso com participao em todos os exerccios. Mdia de 7 pontos nas provas. Tempo inferior a 12 minutos na prova pratica de de-sencarceiramento.

  • 8CBMES Resgate Veicular

    Avaliao do curso Avaliao diria Ao final de cada dia o instrutor organizar um brains-torming (tempestade de idias) para identificar os pontos po-sitivos e pontos a melhorar, observados durante o diaAvaliao final Ao final do curso os participantes entregaro uma avaliao escrita do curso.

    4. PRINCPIOS OPERACIONAIS DO CBMES Durante este curso, e sempre que voc estiver em operao, voc precisar praticar ou trabalhar duramente. Faa o seu melhor. Os cinco procedimentos listados abaixo iro ajudar voc a se manter no caminho para ser um bombeiro com-pleto, realizado e orgulhoso. Seja seguro: Segurana sempre deve ser seu pri-meiro pensamento. Mantenha-se seguro. Mantenha seus companheiros seguros. Mantenha a populao a qual voc serve segura. Siga as ordens: Ordens devem ser seguidas exata-mente como foram dadas. Se voc no entendeu exata-mente o que esperam de voc, pergunte. Se voc for bom

  • 9CBMES Resgate Veicular

    cumpridor das ordens voc vir a ser algum em quem sua equipe pode confiar. Trabalhe como um time: combater incndios e fa-zer salvamentos requer um esforo combinado de cada membro do CBMES. Trabalho em equipe essencial para o sucesso e sua parte neste esforo uma parte essencial para o time Pense. Vidas dependero de suas escolhas. Ponha seu crebro em funcionamento. Pense sobre o que voc esta estudando. Siga a regra de ouro: Trate qualquer pessoa, pa-ciente ou vitima como uma pessoa importante ou mem-bro de sua famlia. Qualquer um importante ou membro da famlia de algum e digno de seus melhores esforos.Orientaes gerais 1.Horrio das refeies, sistema utilizado para servir, etc. 2.Uso do local: banheiro, alojamento, estabeleci-mento, etc. 3.Interrupo: uso de telefones e rdios; 4.Proibio de fumar; 5.Materiais a utilizar: Manual do participante; 6.Quebra de segurana: EPI completo durante to-das as atividades praticas;

  • 10

    CBMES Resgate Veicular

    7.Procedimentos de emergncia: ponto de reunio em caso de acidente; 8.Lder do curso.

    5. AVALIAO DO CURSO PELOS PARTICIPANTES Local:_____________________________________ Data:_____________________________________ Nota: Estas avaliaes so parte fundamental do pro-cesso de monitoramento e aperfeioamento do curso. Solici-tamos seu preenchimento com ateno e critrio.As Lies do Curso: Utilizando o formulrio abaixo, preen-cha os espaos com sua impresso sobre o curso realizado. Inicialmente preencha os aspectos relativos ao contedo da lio e, em seguida, avalie o instrutor da matria, atribuindo uma nota de 0 a 10.

  • 11

    CBMES Resgate Veicular

    LI

    O

    NO

    TABR

    EVE

    COM

    ENT

    RIO

    Cont

    edo

    Inst

    ruto

    r1.

    Intr

    odu

    o2.

    Prin

    cpi

    os d

    e re

    sgat

    e4.

    Ele

    men

    tos

    estr

    utur

    ais

    dos

    a

    utom

    vei

    s5.

    Ger

    enci

    amen

    to d

    e ris

    co6.

    Fer

    ram

    enta

    s de

    resg

    ate

    7. T

    cni

    cas

    de re

    sgat

    e8.

    Ope

    ra

    es d

    e re

    sgat

    e ve

    icul

    ar9.

    Sis

    tem

    a de

    com

    ando

    e o

    pera

    es

  • 12

    CBMES Resgate Veicular

    Em sua opinio, qual o melhor momento do curso? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Em sua opinio qual aspecto do curso deveria ser alterado?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    O curso Agora pedimos que voc avalie o curso como um todo. Utilize a escala de valores desde 1 (pssimo) at 10 (ex-celente), circulando o nmero correspondente.

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

  • 13

    CBMES Resgate Veicular

    LIO 2PRINCPIOS DE RESGATE

  • 14

    CBMES Resgate Veicular

    OBJETIVOS Ao final da lio os participantes sero capazes de: Conceituar resgate veicular, distinguindo desencar-ceramento de extrao. Enumerar e descrever os princpios de atuao em resgate veicular. Descrever o ciclo de operaes. Enumerar e descrever as etapas da Rotina do Resgate.

    CONSIDERAES Resgate uma atividade sria e, muitas vezes, arris-cada. O desencarceramento de vtimas em de vtimas em acidentes automobilsticos, em especial, envolvendo um tra-balho em equipe e extremamente complexo, tcnico e im-portante, sob condies extremas de stress causadas pela ur-gncia do tempo, presena de curiosos, riscos no ambiente e presso emocional em funo da nsia de salvar a vtima. Sua importncia muitas vezes negligenciada por profissionais que ignoram primeiramente o impacto da morbimortalidade por trauma decorrente de acidentes automobilsticos no per-fil da sade, depois a importncia do atendimento inicial ao traumatizado na reduo da mortalidade e seqelas decor-rentes do trauma e, finalmente, a importncia da rapidez no atendimento e remoo de vtimas poli traumatizadas para o

  • 15

    CBMES Resgate Veicular

    sucesso deste atendimento inicial.

    Por isto, a preparao de uma equipe de salvamento deve envolver algo mais do que a simples habilidade de ma-nusear as ferramentas peculiares atividade de desencarce-ramento, mais deve englobar o conhecimento da doutrina de resgate veicular, aprendizagem das rotinas, estabeleci-mento de uma capacidade decisria e o desenvolvimento da capacidade para trabalhar em equipe.

    1. CONCEITOS1.1 Resgate Veicular Resgate veicular o pro-cedimento utilizado para loca-lizar, acessar, extrair, estabilizar e transportar vtimas que este-jam presas s ferragens de um veculo acidentado. O resgate veicular envolve principalmen-te:

    1.2 Desencarceramento Movimentao e reti-rada das ferragens que esto

  • 16

    CBMES Resgate Veicular

    prendendo a vtima e/ou impedindo o acesso dos socorris-tas e a obteno de uma via de retirada da vtima. Dizemos que desencarcerar retirar as ferragens da vtima.

    1.3 Extrao a retirada da vtima desencarcerada do interior do veculo. Dizemos que extrair retirar a vtima das ferra-gens.

    2. PRINCPIOS DE ATUAO Para que se complete da forma mais rpida e segura possvel, alguns princpios de atuao em todas as opera-es de resgate veicular. Sistema de Comando em Operaes (SCO) Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) Abordagem integrada (AI)

    2.1 Sistema de Comando em Operaes SCO Como as operaes de Resgate Veicular envolvem mltiplas equipes e at mltiplas agncias, importan-te que elas sejam gerenciadas utilizando um Sistema de Comando de Operaes pr-estabelecido para permitir o emprego seguro e racional dos recursos envolvidos. N o CBMES o sistema preconizado o SCO, baseado no Inci-

  • 17

    CBMES Resgate Veicular

    dent Command System norte americano.

    2.2 Procedimentos Operacionais Padronizados - POP Todas as unidades de bombeiros devem possuir procedimentos padronizados para as suas principais ati-vidades. Estes procedimentos so conhecidos como POP Procedimento Operacional Padro e estabelecem as es-tratgias, tticas e tcnicas a serem utilizados na operao, principalmente nos momentos iniciais, garantindo a rapi-dez no desdobramento das aes preparatrias da opera-o, e na seqncia a ser seguida. O POP no pode ser ab-soluto na cena, nem tem por objetivo substituir a avaliao e a experincia do Comandante da Operao.

    2.3 Abordagem Integrada Uma das formas de se reduzir o tempo perdido na cena do resgate uso de uma abordagem em equipe do problema. O pr-planejamento, pr-designao de res-ponsabilidade e treinamento das principais atividades desempenhadas em uma operao de resgate veicular aumentar a capacidade de resposta rpida e eficiente da equipe. Segundo a filosofia da abordagem em equipe cada elemento da equipe de resgate deve ter uma tarefa previamente designada e treinada, a fim de que mltiplas

  • 18

    CBMES Resgate Veicular

    tarefas sejam desempenhadas de forma seqencial, lgica e, quando possvel, simultnea.

    3. CICLO OPERACIONAL A operao pode ser organizada em quatro fases, cada uma delas igualmente importante para o sucesso da operao, formando um ciclo. Prontido Acionamento Resposta Finalizao

    3.1 Prontido A fase inicial da operao tem inicio quando o Cor-po de Bombeiros aceita o desafio de prover um sistema de resgate veicular de qualidade. Esta fase inclui todas as me-didas tomadas com o objetivo de que os recursos estejam preparados para o acionamento. preciso que estejam prontos: Pessoal Material (equipamentos e veculos) Tcnicas Planejamento prvio

  • 19

    CBMES Resgate Veicular

    3.2 Acionamento Uma vez que ocorra um acidente, h o acionamen-to dos recursos em prontido. Esta fase inclui: Recebimento da chamada Obteno das informaes necessrias Despacho de recursos compatveis Orientaes preliminares ao solicitante

    3.2.1 O trem de socorro A principio em todos os acidentes de trnsito com vtimas que envolvem veculos com quatro ou mais rodas o trem de socorro despachado deve possuir a capacidade de prestar o socorro pr-hospitalar (Resgate), de gerenciar todos os riscos e fazer o desencarceramento das vtimas (ABTS ou ABS + ABT).

    3.2.2 Guarnio de salvamento A guarnio de salvamento dever ter trs integran-tes alm do Chefe de Guarnio (que poder ser o 4 ele-mento), assim distribudos: OP01 Operador 01, que o mais experiente e res-ponsvel pelo circulo interno (sentido horrio), pela ttica de resgate e pela operao das ferramentas. OP02 - Operador 02, que o auxiliar do OP01 e res-

  • 20

    CBMES Resgate Veicular

    ponsvel pelo crculo externo (sentido anti-horrio), pelo isolamento do local e pelo apoio ao primeiro. COV Condutor Operador de Viatura, que alm de dirigir a viatura o responsvel pela sinalizao do local sinalizao do local, montagem do palco de ferramentas e verificao das ferramentas e equipamentos na cena. ChGu. Chefe de Guarnio, que pode ser o co-mandante da guarnio de resgate ou chefe de socorro responsvel por todas as atividades de comando na cena da emergncia. o elemento mais graduado da equipe, que deve ser identificado facilmente como tal e respons-vel por todas as atividades de comando na cena da emer-gncia. tambm o responsvel pela manuteno do nvel de segurana nas operaes.O chefe da equipe, face ao cenrio real, distribui as tarefas, de modo a garantir uma atuao rpida e segura, transmi-tindo as ordens de forma concisa, clara, utilizando frases curtas e garantindo que estas foram convenientemente compreendidas.Numa primeira fase, logo que chegue ao local, deve: Fazer o reconhecimento, acompanhado pelo ele-mento de segurana, quando existir; Aproximar-se e verificar qual o tipo de acidente e avaliar a sua extenso;

  • 21

    CBMES Resgate Veicular

    Identificar os perigos existentes; Identificar o nmero, condies e posicionamento das vtimas, estabelecendo contato visual com as mesmas; Formular o plano de ao; Informar a situao central do Corpo de Bombeiros; Decidir sobre as manobras a executar, em coorde-nao com o responsvel pela equipe pr-hospitalar; Garantir, permanentemente, a segurana da equipe; Fazer a ligao com outras agencias no local.

    3.3 Resposta Uma vez que os recursos deslocam cena do aci-dente inicia a fase de resposta, em que so implementadas as aes de resgate propriamente ditas, denominadas roti-na de resgate.

    3.4 Finalizao Nesta fase so tomadas todas as medidas necess-rias para que os recursos empregados retornem situao de prontido, fechando assim o ciclo operacional.

    3.4.1 Anlise ps-incidente. O melhor caminho para a preparao para um novo chamado a Anlise ps incidente. Rever o ultimo chama-

  • 22

    CBMES Resgate Veicular

    do e identificar os pontos fortes e fracos. O que foi bem feito? Qual equipamento tornou o resgate mais fcil ou se-guro. Rever um resgate veicular com os envolvidos os le-var a aprender com este chamado e far o prximo mais satisfatrio.

    4. ROTINA DE RESGATE Chamamos de rotina de resgate o conjunto de eta-pas que desenvolvemos na cena de emergncia durante a fase de resposta da operao de resgate. A rotina de resga-te deve seguir uma seqncia pr-estabelecida: 1 Estabelecer o comando 2 Dimensionar a cena 3 Gerenciar os riscos 4 Obter acesso s vtimas 5 Realizar a avaliao inicial das vtimas 6 Desencarcerar 7 Extrair 8 Executar a avaliao dirigida 9 Transportar e/ou transferir 10 Garantir a segurana da cena

  • 23

    CBMES Resgate Veicular

    Fonte: Escola Nacional de Bombeiros (Portugal)

    ABORDAGEM SISTEMATIZADA NO SALVAMENTO

    DE VTIMAS ENCARCERADAS

    Reconhecimento

    Estabilizao

    Abertura de acessos

    Cuidados pr-hospitalares Criao de espao

    Extrao

    Avaliao e treino

  • 24

    CBMES Resgate Veicular

    4.1 Estabelecer o comando O componente mais graduado da primeira unida-de de emergncia no local dever assumir formalmente o comando da operao assim que chegar ao local. Desta forma, estar sendo dado incio ao SCO. Seguindo o prin-cpio da modularidade, a operao poder prosseguir at o final apenas com uma estrutura simples, composta pelo Chefe de Guarnio e seus recursos, ou ir aumentando de complexidade, incluindo Chefe de Operaes, segurana, relaes pblicas, ligaes, estacionamento, logstica, pla-nejamento, etc.

    4.1.1 Assumir formalmente o comando Para assumir o comando o componente mais gra-duado da primeira unidade na cena dever informar no rdio o seu nome e unidade, local, descrio breve do que visualiza e enunciar: ABTS 01 chegando Avenida Das Dores com o km 171 confirma acidente envolvendo dois veculos e confir-ma a existncia de pessoas presas as ferragens... solicito apoio de... ASSUMINDO O COMANDO DA OPERAO o SGT ... meu posto de comando ser...

  • 25

    CBMES Resgate Veicular

    4.1.2 Posto de comando Assim que possvel, o comandante deve tambm estabelecer onde ser o seu posto de comando. O posto de comando dever ser estabelecido em um local seguro, visvel, de fcil acesso e que permita na medida do possvel o controle visual das principais atividades. Logo que seja estabelecido, o local do posto de comando deve ser comu-nicado atravs do rdio.

    4.1.3 Quem deve comandar A questo de quem deve comandar uma operao sempre complexa. O comando inicialmente estabe-lecido pela primeira unidade na cena, mas pode ser que alguns fatores indiquem a impossibilidade desta unidade continuar no comando. Alguns critrios podem servir de guia para a resoluo deste problema, mas dificilmente es-gotam a discusso: Comanda a instituio que chegou primeiro Comanda quem tem a obrigao legal pelo evento Comanda quem tem maior conhecimento tcnico Comanda quem tem a maior quantidade de recur-sos empregados Outra possibilidade, que pode ser utilizada em ope-raes mais complexas a adoo do comando unificado,

  • 26

    CBMES Resgate Veicular

    composto por representantes das agncias envolvidas.

    4.1.4 Transferncia do comando Nas situaes em que outro profissional dever as-sumir o comando de uma operao j em andamento importante que o novo comandante procure o anterior, in-teire-se da situao e anuncie formalmente que est assu-mindo o comando da operao a partir daquele momento.

    4.2 Dimensionar a cena O dimensionamento da cena um processo per-manente em qualquer operao, inicia no momento do acionamento e s se conclui aps a finalizao. Porm h um momento especfico em que o dimensionamento da cena constitui o esforo principal da operao. Esse pro-cedimento dura menos de um minuto, mas um passo crucial da operao e no deve ser omitido. Aps estabele-cer o comando, o comandante dever dimensionar a cena, identificando basicamente: Dinmica do acidente Riscos na cena Numero de vtimas e estado aparente delas Dificuldades de resgate Recursos adicionais a solicitar

  • 27

    CBMES Resgate Veicular

    4.2.1 Dois crculos de avaliao Para efetuar o dimensionamento da cena utilizada a tcnica dos dois crculos de avaliao. O OP01, operador mais experiente da guarnio de resgate, avalia os veculos acidentados e as vtimas em seu interior ou proximidades, enquanto o OP02, auxiliar do OP01, avalia uma rea de aproximadamente 10 a 15 metros ao redor do acidente, buscando riscos, veculos e vtimas adicionais.

    4.2.2 Relatrio da situao Uma vez completada a avaliao, os operadores re-portam a situao ao comandante, que estabelece a estra-tgia do resgate e escolhe as tticas para sua realizao. Estas informaes que compem nossa ttica e estratgia de resgate. A estratgia o objetivo ou plano bsico para a ao. Um objetivo genrico tpico em uma situao de vtima encarcerada desencarcerar a vtima da maneira mais segura eficiente e encaminh-la para a equipe cirrgica do centro mdico de referncia em um perodo mximo de 60 minutos a contar do momento do acidente (hora dourada do trauma). Quando o comando estabelecido e o trabalho de dimensionamento inicial da cena completado, hora de desenvolver o plano de ao bsica e as condutas especfi-cas iniciadas.

  • 28

    CBMES Resgate Veicular

    4.2.3 Solicitar ou dispensar recursos adicionais Uma vez concludo o dimensionamento de cena o comandante da operao faz um novo contato com a cen-tral, informando maiores detalhes da situao e redimen-sionando a necessidade de recursos adicionais. 4.2.4 Triagem Em emergncias com mltiplas vtimas a triagem inicial executada neste momento, sendo adotada a con-duta de Emergncia com Mltiplas Vtimas EMV como principal para a operao. O mtodo utilizando o sistema START (Simple Tria-ge and Rapid Treatment Triagem Simples e Tratamento Rpido), atribuindo uma tarja ou fita para cada vtima e reportando a situao ao comandante que, de posse das informaes dimensionar os meios necessrios e deter-minar as linhas de ao segundo um plano padro para acidente com mltiplas vtimas (EMV).

  • 29

    CBMES Resgate Veicular

    Start

    RESPIRA

    Deambulano

    no

    no

    no

    sim

    sim

    sim

    sim

    Frequncia

    Respira

    > 2seg

    > 30 rpm < 30 rpm

    < 2seg

    Posicionarvia area

    Prioridade 4irrecupervel

    Prioridade 3pode aguardar

    Prioridade 1crtico

    Prioridade 1crtico

    Prioridade 1crtico

    Prioridade 1crtico

    Prioridade 2urgente

    ENCHIMENTOCAPILAR

    RESPONDE ORDENSSIMPLES

  • 30

    CBMES Resgate Veicular

    4.3 Gerenciar os riscos Uma vez que a cena esteja dimensionada, preciso tornar a cena segura, gerenciando os riscos identificados. Para isto, preciso adotar uma metodologia para a anli-se de riscos potenciais na cena. Discutiremos este assunto mais detidamente na lio seis.

    4.4 Acessar as vtimas O acesso s vtimas deve ser obtido assim que a cena seja considerada segura para tal. O primeiro acesso dever ser obtido, sempre que possvel, ainda de fora do veculo, iniciando-se de imediato a avaliao inicial da vtima. Ao mesmo tempo, um segundo socorrista dever adentrar o veculo a fim de tornar o interior do veculo seguro e garan-tir a estabilizao da coluna cervicaldas vtimas.

    4.4.1 Critrio de acesso O operador deve buscar, sempre que possvel, utili-zar o acesso mais simples, a fim de no tornar a operao desnecessariamente complexa. Por isso, ao identificar o acesso que ser utilizado dever seguir a seqncia: Portas por meio no destrutivo: Sempre que poss-vel o acesso deve ser por meios normais, utilizando a porta

  • 31

    CBMES Resgate Veicular

    que abre; Janelas por meios no destrutivos: Se no for pos-svel abrir normalmente uma porta o socorrista utilizar a abertura de uma janela que no precise ser quebrada; Janelas por meios destrutivos: Se no for possvel acessar a vtima sem utilizar um mtodo no destrutivo, a opo ser o operador quebrar uma janela que esteja dis-tante da vtima, permitindo o acesso pelo socorrista; Portas por meios destrutivos: Se no for possvel utilizar a abertura de uma janela, o operador dever deso-bstruir uma porta por meios destrutivos; Porta malas: deve-se verificar a possibilidade der acesso pelo porta malas. Teto: Se uma porta tambm no puder ser utiliza-da para o acesso, uma alternativa o rebatimento ou reti-rada do teto; Outros meios: Em situao extremas pode ser ne-cessrio utilizar outros meios como abertura da lateral do veculo, do pra-lamas ou mesmo do assoalho.

    4.4.2 Aes ao acessar a vtima Dois socorristas devem acessar vtima: Chefe da guarnio de socorristas: Acessa a vtima por fora do veculo (se possvel) e inicia a avaliao inicial

  • 32

    CBMES Resgate Veicular

    (conscincia, vias areas, respirao, pulso e hemorragias) Auxiliar da guarnio de socorristas: Acessa o inte-rior do veculo e avalia a segurana do interior do veculo, desliga a chave e passa para o OP01, aciona o freio de mo, abre portas e janelas e assume a imobilizao da coluna da vtima.

    4.5 Executar a avaliao inicial da vtima A avaliao inicial da vtima compreende os pro-cedimentos iniciais destinados a identificar e corrigir os problemas que ameaam a vida. Esta avaliao normal-mente feita pelo comandante da guarnio de socorrista, que aborda a vtima assim que obtm acesso a ela. A sua seqncia a seguinte: 1. Avaliar a segurana de cena 2. Verificar nvel de conscincia 3. Posicionar e desobstruir vias areas, preservando a coluna cervical 4. Verificar a presena de respirao 5. Verificar a presena de pulso 6. Identificar hemorragias externas importantes 7. Identificar sinais e sintomas de choque 8. Aplicar o calor cervical 9. Aplicar oxigenoterapia

  • 33

    CBMES Resgate Veicular

    10. Definir o status da vtima e estabelecer o critrio de transporte.

    4.6 Desencarceramento A forma como a vtima ser extrada depende pri-meiramente dela estar desencarcerada, ou seja, que a es-trutura do veculo ou outros fatores no estejam impedin-do a sua retirada rpida e segura. Portanto, quando conclui a avaliao inicial da vtima o socorrista, juntamente com o comandante da guarnio de resgate, avaliam a existn-cia de mecanismo de encarceramento e em que grau estes mecanismos impedem ou dificultam a sada da vtima. Para esta avaliao duas perguntas devem ser res-pondidas:

    4.6.1 A vtima est presa? Se a resposta for negativa, a operao passar ime-diatamente fase seguinte, que extrair a vtima de acor-do com o critrio de transporte. Se a resposta for positiva necessrio responder a uma segunda pergunta.

    4.6.2 Existe uma maneira fcil de liberar a vtima? Se a resposta for positiva, se seja h uma maneira simples de desencarcerar a vtima, dizemos que ser um

  • 34

    CBMES Resgate Veicular

    resgate leve. Se a resposta for negativa, ou seja, a deforma-o do veculo indica que ser necessrio atuar sobre a es-trutura dele como um todo, dizemos que ser necessrio atuar sobre a estrutura dele como um todo, dizemos que ser um resgate pesado.Resgate leve O desencarceramento da vtima feito com mano-bras simples: Afastar ou reclinar banco Rebater ou retirar volante Cortar roupa Retirar sapato Forar porta Resgate pesado O desencarceramento da vtima atuar sobre a es-trutura do veculo, exigindo uma seqncia mais agressiva e rpida de manobras: Quebrar e retirar todos os vidros Rebater ou retirar o teto Retirar porta Afastar painel Fazer 3 porta

  • 35

    CBMES Resgate Veicular

    4.7 Extrao Uma vez a vtima esteja desencarcerada, ela deve ser extrada do veculo de acordo com o critrio de trans-porte. Quem define este critrio o comandante da guar-nio de socorristas, com base no status da vtima: Vitimas crticas: So aquelas em parada respiratria, cardiopulmonar ou em perigo iminente. Devem ser extra-das utilizando a tcnica de retirada de emergncia (chave de Rauteck). Vtimas instveis: So aquelas que esto em perigo imediato de vida, normalmente apresentando inconscin-cia, sinais e sintomas de choque descompensado ou leses importantes. So extradas utilizando a tcnica de retirada rpida ( quick extrication). Vtimas potencialmente instveis: So aquelas que apresentam leses moderadas, que se no forem devida-mente estabilizadas podero eventualmente ameaar a vida ou provocar sequelas. So extradas utilizando a tc-nica de retirada convencional (K.E. D) aps a realizao da avaliao dirigida. Vtimas estveis: So vtimas que sofrem um aci-dente, mas as leses so leves ou no possuem leses. So extradas utilizando a tcnica de retirada convencional (K.E. D) aps a realizao da avaliao dirigida.

  • 36

    CBMES Resgate Veicular

    As extraes podem ser feitas em qualquer direo, dependendo da ttica estabelecida pelo comandante da guarnio de resgate. Os caminhos mais utilizados so a porta do lado da vtima, por trs, porta do lado contrrio, vertical, pela terceira porta e pelo painel.

    4.8 Avaliao dirigida A avaliao dirigida feita em complemento ava-liao inicial da vtima, e pode ser executada de diferentes maneiras: Vtima crtica: Assim que a vtima extrada ela re-avaliada aplicando-se o protocolo de parada cardiopulmo-nar. Vtimas instveis: Assim que a vtima extrada ela imobilizada na maca rgida e a avaliao dirigida feita no interior da viatura, a caminho da unidade hospitalar. Vtimas potencialmente instveis: feita a avalia-o dirigida no interior do veculo antes da sua extrao e as leses principais so preservadas durante a retirada da vtima. Assim que a extrao concluda a vtima deve ser reavaliada a fim de concluir o status, e se permanecer como potencialmente instvel ela tem a avaliao dirigi-da completada antes de seu transporte. Se seu status tiver sido agravado para instvel ou crtico e a avaliao dirigida

  • 37

    CBMES Resgate Veicular

    feita no interior da viatura, a caminho da unidade hospi-talar. Vtimas estveis: feita avaliao dirigida no inte-rior do veculo antes da sua extrao e as leses principais so preservadas durante a retirada da vtima. Assim que a extrao concluda a vtima deve ser reavaliada a fim de confirmar o status, e se permanecer como estvel ou po-tencialmente instvel ela tem a avaliao dirigida comple-tada antes de seu transporte. Se seu status tiver sido agra-vado para instvel ou crtico e a avaliao dirigida feita no interior da viatura, a caminho da unidade hospitalar.

    4.9 Transporte e transferncia O transporte e transferncia da vtima para a unida-de hospitalar de referncia feita pelas unidades de Res-gate, de acordo com protocolo local ou determinao da central reguladora de operaes. 4.10 Seguranas da sena Uma vez terminado o resgate, a sena deve ser esta-bilizada pela equipe de resgate para assegurar de que no haver nenhuma outra vtima. Num resgate veicular, este deve ser removido, nor-malmente transportado por um guincho para o depsito.

  • 38

    CBMES Resgate Veicular

    A pista deve ser limpa de todos os resduos do ve-culo. Isso inclui todos os fluidos que podem ter escorrido do veculo acidentado, como leos e combustveis. NO JOGUE AGUA PARA ESTE FIM.

    5. TCNICAS DE EXTRAO APLICADAS NO RESGATE VEI-CULAR 5.1 Chave de Rauteck

  • 39

    CBMES Resgate Veicular

  • 40

    CBMES Resgate Veicular

    5.2 Extrao rpida para 3 socorristas

  • 41

    CBMES Resgate Veicular

    Sequncia de atendimento para retirada rpida por 3 so-corristas

    Chefe de Guarnio: Exame da cena , Abordar o paciente, Analise primria, Iniciar a imobilizao manual de cabea e pescoo.

    Socorrista: Trazer para prximo ao veculo a bolsa e colar cervical e coloc-los sobre o veculo, posicionar-se no ban-co traseiro do veculo e assumir a imobilizao manual.

    Chefe de Guarnio: Coloca o colar cervical e indica o modo de extrao.

    Motorista: Aps estacionar e sinalizar traz para prximo do veculo a maca e a prancha longa. Circula o veculo se dirigindo ao lado oposto onde far a movimentao das pernas do paciente. At que no seja possvel a imobiliza-o manual pelo socorrista, saindo do veculo e assumindo a imobilizao manual.

    Socorrista: Passa para o banco da frente e assume o con-trole das pernas e parte inferior do tronco

  • 42

    CBMES Resgate Veicular

  • 43

    CBMES Resgate Veicular

    LIO 3DINMICA DOS ACIDENTES AUTOMOBILSTICOS

  • 44

    CBMES Resgate Veicular

    OBJETIVOS Ao final da lio os participantes sero capazes de: Descrever o princpio da hora dourada do trauma. Enumerar os principais fsicos aplicados dinmica dos acidentes automobilsticos. Determinar os mecanismos de dinmica dos aci-dentes automobilsticos de uma cena de acidentes, enu-merando as principais conseqncias para as vtimas e para os veculos.

    1.O PERFIL TRIMODAL DA MORTE POR TRAUMA E A HORA DOURADA DO TRAUMA Segundo estudos os mortos por trauma podem ser agrupados em trs categorias que definem o chamado perfil trimodal da morte por trauma: Aproximadamente 50% das mortes ocorrem na cena, imediatamente ou logo aps o trauma: Ocorrem por traumatismo enceflico massivo, leso de grandes vasos, traumatismo cardaco e leso mltipla de rgos. Podem ser reduzidas principalmente atravs da preveno para reduo da violncia dos acidentes. H pouco que o sistema de aten-dimento pr-hospitalar e resgate possam fazer. Aproximadamente 30% das mortes ocorrem at uma hora aps o trauma: ocorrem principalmente por cho-

  • 45

    CBMES Resgate Veicular

    que hipovolmico e hipxia. Podem ser reduzidas por um bom sistema de atendimento pr-hospitalar, resgate e de trauma eficiente. Aproximadamente 20%das mortes ocorrem aps esta primeira hora: Ocorrem por causas diversas como fa-lncia de mltiplos rgos, intercorrncia cirrgica e infeco hospitalar. Embora um atendimento pr-hospitalar adequa-do influa na sobrevivncia, podem ser reduzidas principal-mente por melhorias no sistema hospitalar de atendimento ao trauma. Com base neste modelo, estudos posteriores indica-ram que pacientes de trauma que receberam atendimento definitivo (normalmente este atendimento constitui o con-trole de hemorragias internas por meios cirrgicos) em me-nos de uma hora aps o trauma, apresentaram uma mdia de sobrevivncia muito mais alta do que aqueles que recebe-ram este atendimento em mais do que uma hora. Enuncio-se ento o conceito da hora dourada do trau-ma a qual indica que as chances de sobrevivncia de um poli-traumatizado aumentam em at 80% se receber atendimen-to definitivo em at uma hora aps o trauma. Com isso, podemos verificar que a identificao pre-coce e o atendimento rpido das leses que ameaam a vida da vtima so fundamentais para a sobrevivncia das vtimas.

  • 46

    CBMES Resgate Veicular

    Entretanto nem sempre isto fcil. Se analisarmos o padro de uso do tempo em ocor-rncia com vtimas presas em ferragens, podemos observar que a maior parte do tempo nestas operaes consumida com o desencarceramento das vtimas. Por isso a atuao da guarnio de resgate, desencar-cerando e extraindo rapidamente a vtima nestes acidentes, fundamental para a reduo da morbilidade.

    2. DINMICA DOS ACIDENTES AUTOMOBILSTICOS A capacidade de avaliar a cena de um acidente e iden-tificar os mecanismos fsicos ou foras que atuaram na produ-o de leses nas vtimas e deformao do veculo constitui uma habilidade importante para o resgatista. Para isto, o resgatista dever conhecer e utilizar prin-cpios fsicos bsicos que se aplicam na evoluo do aciden-te, compreender como os veculos so construdos e de que forma isto afeta a transferncia de energia para o veculo e os seus ocupantes no momento do impacto e identificar o padro mais comum em coliso.

    3. PRINCPIOS FSICOS APLICADOS DINMICA DOS ACI-DENTES AUTOMOBILSTICOS O estudo da dinmica dos acidentes automobilsti-

  • 47

    CBMES Resgate Veicular

    cos baseado principalmente em princpios fsicos, portanto uma compreenso de determinados princpios da fsica ne-cessrio.3.1 Lei da Inrcia Esta lei determina que um corpo parado permanecer parado e um corpo em movimento permanecer em movi-mento a menos que uma fora externa atue sobre eles. Desta forma, um veculo em movimento pra ao co-lidir em um poste porque uma fora externa atua sobre ele, porm tudo que estiver dentro do veculo, incluindo os ocu-pantes, continuar em movimento at colidirem com algu-ma coisa, ou seja, at que uma fora externa atue sobre eles.

    3.2 Lei da conservao da energia Esta lei determina que uma determinada quantidade de energia no pode ser criada nem destruda, mas sim trans-formada. Assim, por exemplo, quando um veculo est em mo-vimento ele possui uma certa quantidade de energia, que dominamos energia cintica. Quando ele pra, ao colidir com um muro de concreto, esta energia cintica nodesaparece, mais transformada em outra forma de energia, principal-mente a energia mecnica que produz os danos na estrutura do veculo e as leses nos seus ocupantes.

  • 48

    CBMES Resgate Veicular

    3.3 Energia cintica Esta energia inerente ao movimento dos corpos de-nominada energia cintica, e constitui uma funo da massa e da velocidade do corpo considerado: Energia Cintica =1/2 da massa vezes a velocidade ao quadrado ou sejaEc= m x v2 2 Se fizermos alguns clculos verificaremos que a velo-cidade muito mais determinante no aumento da energia cintica do que a massa, assim podemos concluir que have-r leses muito maiores nos ocupantes em um acidente de alta velocidade do que em um acidente de baixa velocidade, enquanto produz um efeito relativamente menor sobre as le-ses que sofrero.

    3.4 Lei da Ao e reao Esta lei determina que a toda ao corresponde uma reao, de mesma fora, intensidade e direo, porm senti-do contrrio. Assim, por exemplo, a mesma fora que um veculo aplica sobre um poste ao colidir com ele, aplicada sobre o veculo em mesma fora, intensidade e direo.

  • 49

    CBMES Resgate Veicular

    3.5 Troca de energia A maneira como o corpo troca energia com o me-canismo agressor determinante na compreenso do me-canismo de trauma e na determinao das leses poten-cialmente apresentadas pela vtima e danos sofridos pelos veculos. Em traumas fechados, as leses so produzidas pela compreenso ou desacelerao dos tecidos, enquanto em traumas penetrantes as leses so produzidas pelo rompi-mento ou pela separao dos tecidos ao longo do caminho do objetivo penetrante. Os dois tipos de trauma criam cavidades temporrias e permanentes, forando os tecidos a deslocarem-se para fora de sua posio usual. A troca de energia est diretamente relacionada a dois fatores:

    3.5.1 Densidade Quanto maior a densidade (medida em quantidade de matrial por volume) maior a troca de energia. Assim, por exemplo, a troca de energia maior quan-do socamos uma parede de tijolo do que quando fazemos em um travesseiro. Isto muito importante porque, como sabemos, os

  • 50

    CBMES Resgate Veicular

    tecidos do corpo humano tem diferentes densidades, fize-mos com que uma mesma quantidade de energia produza resultados diferentes dependendo da rea atingida.

    3.5.2 Superfcie A quantidade de energia trocada depende tambm da rea da superfcie de contato pela a troca de energia pro-cessada. Como sabemos, a presso exercida sobre uma su-perfcie inversamente proporcional rea. Portanto, quanto menor a rea, maior o efeito da troca de energia. Por exemplo, ao aplicarmos uma determinada quan-tidade de fora no corpo de uma vtima com uma raquete a troca de energia no ser suficiente para romper os tecidos e fazer com que ele penetre o corpo, enquanto a mesma quan-tidade de fora far com que uma faca penetre o corpo da vtima. Observando a evoluo tecnolgica ocorrida nos lti-mos 15 anos na indstria automobilstica, poderemos consta-tar o quanto mudou a caracterstica da densidade e superfcie das estruturas internas do veculo, principalmente quanto ao painel. Com formas arredondadas sem contos vivos e com material menos densos, aumenta-se rea da superfcie de contato que, aliada a uma densidade menor implicar em uma menor transferncia de energia para a vtima.

  • 51

    CBMES Resgate Veicular

    4. CINEMTICA DO TRAUMA EM ACIDENTES AUTOMIBILS-TICOS No estudo da cinemtica do trauma, encontramos os traumas fechados e as leses penetrantes. H muitas coisas para os traumas fechados, mas as colises automobilsti-cas, incluindo as de motocicletas, so as mais comuns, com os acidentes envolvendo veculos e pedestres em segundo lugar. Por isso, importante que o socorrista seja capaz de um acidente e o padro de leses produzidas naquele tipo de acidente, utilizando os conhecimentos de cinemtica do trauma.

    4.1 Os trs impactos de uma colises Em uma coliso devemos sempre distinguir e levar em considerao a ocorrncia de trs impactos: 1. Primeiro impacto Do veculo contra um objeto ou obstculo, causando danos ao veculo e ao objetivo ou obs-tculo 2. Segundo impacto Do corpo da vtima contra as partes do veculo, em decorrncia da inrcia, causando leses que so normalmente externas e visveis no corpo da vtima 3. Terceiro impacto Dos rgos internos da vtima contra as paredes internas das cavidades corporais ou mes-mo outros rgos, causando leses normalmente internas e

  • 52

    CBMES Resgate Veicular

    difceis de identificar

    4.2 Os padres de colisesO tipo de acidente ser determinante do padro de leses produzidas na vtimas. Uma maneira de estimar as leses sofridas pelos ocupantes de um veculo observar o carro e determinar o tipo de coliso. Os ocupantes normalmente so-frem o mesmo tipo de coliso. Os ocupantes normalmente sofrem o mesmo tipo e quantidade de foras que o veculo e a troca de energia ocorrer de maneira similar e em direes similares.

    4.2.1 Coliso frontal Quanto o movimento do veculo para frente abrup-tamente interrompido. Neste tipo de coliso o ocupante pode apresentar dois padres de movimento distintos:

    Acima e por cima

    Mecanismo de leses: O corpo da vtima perde o contato com o assento e projetado para cima e para frente. Danos no veculo: Amassamento da parte frontal do veculo, danos no motor incluindo vazamento de combust-vel (carros com carburador convencional) e danos na bateria,

  • 53

    CBMES Resgate Veicular

    quebramento do pra-brisa, trancamento das portas, deslo-camento do painel e da coluna de direo, deslocamento dos assentos e acionamento do air bag. Leses provveis: Primeiramente leses de extremidades inferiores, destacando-se fratura e luxaes de fmur, leses de plvis, leses na regio abdominal (principalmente o mo-torista), e secundariamente leses de trax, face e crnio. A probabilidade de leso de coluna, principalmente cervical, ocorre em todos os acidentes.

    Abaixo e por baixo:

    Mecanismo de leso: O corpo da vtima se desloca ao longo do assento deslizando para baixo da painel ou da coluna de direo Danos no veculo: Amassamento da parte frontal do veculo, danos no motor incluindo vazamento de combust-vel (carros com carburador convencional) e danos na bateria, quebramento do pra-brisa, trancamento das portas, deslo-camento do painel e da coluna de direo, deslocamento dos assentos e acionamento do air bag. Leses provveis: Primariamente leses de extremida-des inferiores, destacando-se fratura e luxao de fmur, le-

  • 54

    CBMES Resgate Veicular

    ses de plvis, leses na regio abdominal (principalmente o motorista), e secundariamente leses de trax, face e crnio. A probabilidade de leses de coluna, principalmente cervi-cal, ocorre em todos os acidentes.

    4.2.2 Coliso traseira Ocorre quando o veculo subitamente acelerado de trs para frente, ou ainda quando o movimento do veculo para trs a abruptamente interrompido.

    Mecanismo de leso: O corpo da vtima se desloca para fren-te, em decorrncia da acelerao do veculo, provocando uma hiperextenso do pescoo. Se o veculo sofrer uma de-sacelerao brusca, por um segundo impacto ou pelo acio-namento dos freios, a vtima apresentar tambm o padro de movimentos (e leses) tpicas da coliso frontal. Danos no veculo: Amassamento da parte traseira do veculo, afetando o tanque de combustvel (Principalmente nos veculos mais antigos) ou a carga transportada. Leses provveis: Primariamente leses de coluna cervical, podendo sofrer outras leses com o movimento acima e por cima se o veculo for desacelerado tambm de forma abrupta. A leso da coluna cervical ocasionada em decorrn-

  • 55

    CBMES Resgate Veicular

    cia do efeito chicote. Pela inrcia, o corpo permanece em movimento para frente enquanto, a cabea e o pescoo so projetados para trs (movimento A), ocorrendo fratura do processo odontide, localizado na 2 vrtebra cervical (Axis). Quando o corpo projetado para frente (momento B), o fragmento sseo lesiona a medula na altura da 1 vrtebra cerical (Atlas).

    4.2.3 Coliso lateral Quando o veculo atingido em um dos seus lados, e pode apresentar dois padres diferentes:

    Impacto fora do centro de gravidade: Quando o veculo atingido nas laterais dianteira ou traseira, sofrendo um movi-mento de rotao.

    Mecanismo de leso: O corpo da vtima rotacionado, po-dendo haver impacto da cabea e outras partes do corpo contra componentes internos do habitculo (compartimen-to dos passageiros).

    Danos no veculo: Amassamento do ponto de impacto, com poucos danos extruturais uma vez que o veculo normalmen-te projetado, dissipando a energia.

  • 56

    CBMES Resgate Veicular

    Leses provveis: Primariamente leso de coluna, principal-mente cervical, e secundariamente traumatismos cranioen-ceflicos

    Impacto no centro de gravidade do veiculo (T- bone): quan-do o veculo atingido na parte central de uma de suas late-rais, mais oumenos na altura das portas, sofrendo um forte colapsamento estrutural.

    Mecanismode leso: O mecanismo de leso se d principal-mente pelo contato direto da lataria que invade o habitculo e o corpo dos ocupantes

    Danos no veculo: Amassamento da lateral do veculo, in-cluindo o trancamento das portas do lado atingido, diminui-o da altura do teto, deslocamento dos assentos e rebai-xamento do painel, muito importante observar o grau de instruso do obstculo, ou seja, quanto do espao dos ocu-pantes est preenchido pela lataria amasada. Leses provveis: Primariamente leses em todo o corpo do lado do impacto, destacando-se traumatismo cra-niano, fratura de fmur e plvis, leses de trax (pneumot-rax e hemotrax), leso de brao/antebrao e de escpula. Secundriamente leses mais leves no lado oposto ao im-

  • 57

    CBMES Resgate Veicular

    pacto.

    4.2.4 Capotamento No capotamento, o veculo pode sofrer diferentes im-pactos de diferentes direes e ngulos, o mesmo ocorrendo com os ocupantes. Por isso, difcil prever qual o padro de leses apresentado por estas vtimas embora possamos asso-ciar, como em outros tipos de acidentes, que as vtimas sero normalmente atingidas na mesma rea que o veculo.

    4.2.5 GuilhotinaQuando um autmvel colide contra a traseira de um cami-nho ou de um nibus que no tem um pra- choque confi-vel, o mesmo penetra sob a carroceria ou chassis do veculo maior. A carroceria ou chassis penetra no habitculo do au-tomvel, atingindo seus ocupantes na altura da cabea ou do peito, e provocando uma alta taxa de mortalidade. Fre-qentemente os passageiros do automvel so dacapitados, resultado do terrvel efeito guilhotina.

  • 58

    CBMES Resgate Veicular

  • 59

    CBMES Resgate Veicular

    LIO 4ELEMENTOS ESTRUTURAIS DOS AUTOMVEIS

  • 60

    CBMES Resgate Veicular

    OBJETIVOS Ao final da lio os participantes sero capazes de: Enumerar os principais elementos estruturais dos au-tomveis de passeio. Conceituar clula de sobrevivncia e zonas colaps-veis; Diferenciar os tipos de vidros e sua influencia na rea-lizao do resgate; Descrever o funcionamento dos sistemas de restri-o suplementares(SRS); Descrever o funcionamento do pr-tencionador ; Descrever a forma correta de utilizao do apoio de cabea.

    1. ANATOMIA DOS VECULOS O conhecimento dos principais aspectos da anato-mia dos veculos muito importante e exige o estudo cont-nuo, tendo em vista a constante evoluo da tecnologia au-tomobilstica. Os aspectos de construo e segurana variam de marca para marca, entre modelos de uma mesma marca e de acordo com o ano da fabricao, exigindo do resgatista o estudo permanente.

  • 61

    CBMES Resgate Veicular

    1.1 Estrutura No que dizem respeito estrutura dos veculos, elas podem ser basicamente com chassi (longarina rgidas sob o veculo) ou monobloco, embora o primeiro tipo seja cada vez mais difcil de ser encontrado em veculo de passeio. Monobloco/spa-ce frame: Este tipo de construo une diferen-

  • 62

    CBMES Resgate Veicular

    tes molduras estruturais (space frame) de forma a aumentar a resistncia do conjunto.

    1.2 Clula de sobrevivncia Uma clula de sobrevivncia protege o comparti-mento dos passageiros em uma coliso. Ela utiliza a tecno-logia de materiais mais resistentes reforando as colunas, o teto e as portas do veculo. A clula de sobrevivncia proje-tada para permanecer intacta em uma coliso, e isolada das reas frontais e traseiras de colapsamento que envolvem o motor e o bagageiro.

  • 63

    CBMES Resgate Veicular

    1.3 Zonas colapsveis O design de segurana dos veculos pode ser descri-to como um gerenciador de energia. A energia do impacto precisa ser absorvida e direcionada para longe do comparti-mento dos passageiros. Uma maneira de conseguir isto foi com as zonas ou estruturas colapsveis. Estes so rea dos veculos que so planejadas para amassar, dobrar e defor-mar, permitindo que a energia se dissipe enquanto se man-tm longe dos passageiros. Tipicamente, as zonas colaps-veis existem na rea frontal, chegando ao ponto de que em alguns casos a disposio do motor faa com que ele se des-loque sem invadir o compartimento dos passageiros.

    1.4 Materiais 1.4.1 Materiais das estruturas Desde 1997 os fabricantes norte-americanos so obrigados a submeter os veculos de passeio a testes de im-pacto laterais, fazendo com que aumente a utilizao de ma-teriais que renam as caractersticas de menos massa e mais resistncia. Dois destes materiais se destacam no seu uso na estrutura dos veculos: HSLA (High Strenght Low Alloy): No um material exatamente novo, mas o seu uso foi aumentado devido s exigncias relativas resistncia em capotamentos e o de-

  • 64

    CBMES Resgate Veicular

    sign mais inclinado dos pra-brisas. utilizado em reas sensveis ao colapsamento ao re-dor do compartilhamento dos passageiros colunas, hastes do teto, caixas de ar e reforo do painel. Micro alloy: utilizado nas barras de proteo lateral e nos elementos de reforo que unem as colunas A por trs do painel, preservando a clula de sobrevivncia e dando supor-te aos air bags frontais.

    1.4.2 Materiais da carroceria Atualmente os materiais mais utilizados nos autom-veis so o ao, o plstico e alumnio (alguns veculos utilizam fibra de carbono, mas so muito raros). Entre materiais plsti-cos podemos destacar algumas caractersticas: Composite prensado (SMC): usado nos pra-cho-ques, spoilers, caps e portas dos veculos mais modernos. H uma tendncia de que a maioria das superfcies externa dos veculos de passeio seja feito deste material. Espuma estrutural (urethane): Est sendo usada para reforar as estruturas do veculo e fazer o isolamento acstico do compartimento dos passageiros. Para isso, injetada no interior das colunas, caixa de ar elementos de reforo.

  • 65

    CBMES Resgate Veicular

    1.4 Barras de reforo estrutural Estas barras so dispostas no interior da clula de so-brevivncia, no painel, no bagageiro e em reas do assoalho, aumentando a resistncia do compartimento de passageiros a impactos laterais. A rea do painel reforada na maioria dos veculos atuais. A necessidade de reforar o compartilhamento dos passageiros enquanto permite que a energia do acidente flua pelo habitculo resultou na utilizao de estruturas muito mais fortes atrs do painel. Em um impacto importante o pai-nel ir deslocar e prender os passageiros, e afasta-lo da vtima ser uma tarefa mais difcil devido ao reforo da estrutura.

  • 66

    CBMES Resgate Veicular

    1.5 Protees das portas Uma vez que o impacto pode vir de qualquer direo, barras de material altamente resistente so instaladas no interior das portas para reduzir a penetrao no comparti-mento dos passageiros em um impacto angular nas laterais do veculo. Estes reforos so mais efetivos em impactos no perpendiculares, pois desviam o veculo que est batendo e reduzem a troca de energia. Normalmente estas protees so feitas por estrutu-ras de ao Micro Alloy ou Boro, que correm longitudinalmen-te da rea das dobradias at o trinco. Este equipamento 4 a 6 vezes mais forte do que os anteriormente utilizados, com importantes conseqncias para as tticas de resgate. O uso de material mais duro nas dobradias e fecha-duras interage com os reforos laterais para manter a segu-rana do compartilhamento dos passageiros, mantendo as portas fechadas durante o impacto (diminuindo a chance de ejeo de passageiros).

    1.6 Vidros De um modo geral encontramos dois tipos de vidros nos automveis: o laminado e o temperado. Entretanto, no-vas tecnologias esto sendo introduzidas e influenciaro o resultado do acidente.

  • 67

    CBMES Resgate Veicular

    Vidros laminados: Consistem de uma lmina de plsti-co (polivinibutiral) entre duas lminas de vidro, e so normal-mente usados no pra-brisa devido sua maior resistncia. Entretanto, estudos recentes mostram que todos os anos h muitas mortes devido vtima que so ejetadas pelas janelas laterais em capotamentos, fazendo com que alguns veculos utilizem este vidro em janelas laterais. Vidros temperados: So submetidos a um processo especial de endurecimento e por isso so muito resistentes a impactos, tendo ainda como caracterstica produzir fragmen-tos menos cortantes. Vidros de segurana: Alguns veculos como os BMW 750i esto utilizando um novo tipo de vidro, compostos por uma combinao de vidro e policarbonato. No vidro da porta est sendo utilizado um vidro que combina cinco camadas: vidro, poliuretano, policarbonato, outra de vidro e um filme antilacerao. Plstico/policarbonatos: Este novo material mais leve e mais resistente do que os vidros, e est sendo usado para substituir os vidros fixos da lateral e traseira do veculo.

    2. AIR BAG Introduzidos no incio dos anos 70, os air bags popula-rizaram-se no Brasil nos ltimos 5 anos, estando presente em

  • 68

    CBMES Resgate Veicular

    52% dos veculos aqui produzidos. Atualmente os veculos podem ter de 1 a 12 air bags, posicionados nos mais diversos pontos. Os air bags so importantes tanto na dinmica dos acidentes automobilsticos como na segurana do resgate, uma vez que equipamentos no acionados podem disparar durante a operao lesionando resgatista e vtimas. O air bag uma das novas tecnologias que confron-tam os resgatistas nos acidentes automobilsticos. Os air bag frontais e laterais salvam vidas e reduzem as leses. Os pas-sageiros dos veculos saem ilesos dos acidentes que antiga-mente seriam fatais. Os resgatistas quando chegam cena do acidente encontram os passageiros fora do veculo enquan-to os mesmos esto completamente destrudos, geralmente ilesos ou com ferimentos leves. Os passageiros que no so ejetados para o exterior e so protegidos pelo acionamento do air bag e tem maiores chances de sobreviverem ao aci-dente. A possibilidade de existncia de air bag no deflagra-do aps o acidente, se constitui em uma nova ameaa ao resgatista. A deflagrao acidental de um air bag durante as manobras de desencarceramento j ocorreram e podem vir a ocorrer novamente. Para tanto, o bombeiro deve conhecer o funcionamento do sistema, seus componentes e desenhos, para compreender os riscos e os benefcios do air bag.

  • 69

    CBMES Resgate Veicular

    2.1 Como o Air Bag protege os passageiros A muito tempo vem se desenvolvendo a tecnologia dos air bag. De Acordo com a revista Scientific American a primeira patente de air bag inflvel para uso em quedas de aeronaves foi requerida durante a 2 Guerra Mundial. Mais tarde em 1972 surgiu o primeiro veculo equipado com air bag de fbrica nos EUA. O air bag um salva vidas, funcionando no momento da coliso como um saco inflado que absorve o impacto en-tre o passageiro a qualquer superfcie dura do interior do ve-culo. O tipo mais comum de air bag o frontal, encontrado no volante do motorista e no painel frente do passageiro. Foram projetados para proteger pessoas em fortes colises frontais. Os veculos mais modernos podem ter at 12 air bag, entre eles, os laterais, encontrados nas portas, os tipos corti-na, os de proteo para cabea e at mesmo para proteo dos membros inferiores, como os encontrados na KIA Sporta-ge. Nas colises frontais os passageiros continuam a se mover para frente e o veculo se deforma. Mesmo que os pas-sageiros estejam usando o cinto de segurana, a cabea e o tronco se movem em direo ao volante pra-brisas e painel. Nesses casos apenas o cinto de segurana pode no proteger a vtima, sendo necessrio o complemento com o air bag.

  • 70

    CBMES Resgate Veicular

    Convm salientar que o air bag no substitui o uso do cinto de segurana, tanto que os fabricantes de automveis se referem a ele como um sistema suplementar de conten-o ( Suplemental restraint systems SRS). Se um passageiro estiver sem o cinto de segurana no momento do acidente, sua movimentao pode coloc-lo em uma posio fora de atuao de air bag, ficando desprotegido. O passageiro solto, ao qual nos referimos como fora de posio pode ser ferido ou morto pela deflagrao do air bag. Assim, o uso adequa-do do cinto de trs pontas combinado com air bag a me-lhor proteo. O cinto de segurana mantm os passageiros na posio que permite um funcionamento mais eficiente do air bag e prover uma proteo razovel nas colises laterais, traseiras e nos capotamentos. Para melhorar a performance dos cintos de seguran-a, a indstria automobilstica desenvolveu o pr tenciona-dor do cinto de segurana. Dispositivo instalado na base da coluna B que atravs de uma carga pirofrica, mantm o cin-to de segurana tencionado no momento em que o air bag est sendo deflagrado, diminuindo a ao da inrcia sobre o passageiro.

  • 71

    CBMES Resgate Veicular

    2.3 Funcionamento O sistema de air bag constitudo de um sensor de impacto, um mdulo de controle eletrnico e o prprio air bag localizado no interior do veculo. Durante a coliso, acionado um ou mais sensores de impacto. Nos modelos mais recentes o sensor envia um sinal ou mdulo de controle eletrnico, ao quais os projetistas se referem como crebro do air bag, que checa qual o cinto de segurana est sendo utilizado, para ento acionar o respec-tivo air bag. Esse sistema destina-se ao uso racional do air bag, ou seja, s ser deflagrado aquele que estiver passageiro a pro-

  • 72

    CBMES Resgate Veicular

    teger. Uma vez acionado o sistema, o air bag inflar em fra-o de segundos. Ao instalar sensores de impacto em vrias partes do veculo, os engenheiros asseguram que pelo menos um sen-sor responder rapidamente, no importando qual parte do veculo colida primeiro. A colocao de vrios sensores de impacto no veculo tambm permite que certos air bag se-jam deflagrados enquanto outros permanecem inertes, de-pendendo da direo e intensidade do impacto. Em air bag laterais, os sensores de impacto podem ser instalados na co-luna B ou C, dentro das portas ou junto da central eletrnica.

    2.4 Modelos Frontais: localizados na parte frontal do habitculo, normalmente acondicionados no volante e no painel, devem proteger o motorista e o passageiro da frente em colises frontais. Desenhados para serem acionados em impactos a velocidade superior a 30 Km/h, acionado em 30-50 milisse-gundos com uma velocidade de 160-336 Km/h, inflando um saco de 35 a 70 litros. Dois aspectos de inovao tecnolgica podem ser destacados: Os sistemas de deteco de assentos desocupados ou com crianas, impedindo o acionamento do air bag do passageiro, e os air bags de duplo estgio, em que um dos estgios pode no ser acionado no acidente.

  • 73

    CBMES Resgate Veicular

    Laterais ou side impact bags: Introduzidos pela Volvo em 1975, hoje so utilizados em mais de 120 modelos de 27 fabricantes em todo o mundo. Normalmente acondiciona-dos na lateral dos bancos dianteiros, estes equipamentos no possuem um formato ou tamanho padro, sendo acionados em 12-15 milissegundos, praticamente o dobro da velocida-de de acionamento do airbag frontal.

    Proteo de cabea da HPS (Head Protection System): Introduzidos no BMW a partir de 1997, e em outros veculos nos anos seguintes, os HPS podem ter duas configuraes bsicas. Os tubulares, que protegem passageiros dos bancos dianteiros, e as cortinas, que inflam um a proteo ao longo da parte interior da lateral do veculo. Os gases que inflam o HPS esto normalmente localizados na coluna C e os senso-res, localizados nas laterais dos veculos, so extremamente sensveis devido necessidade de acionamento rpido. Air bag de joelho: Uma novidade que est chegan-do ao mercado o air bag de joelho, localizado sob o painel dianteiro, que est equipando as verses mais modernas do Kia Sportage.

    3. A INFLUNCIA DOS DISPOSITIVOS DE SEGURANA Obviamente, os veculos tm evoludo para aumentar

  • 74

    CBMES Resgate Veicular

    a segurana dos ocupantes. O conhecimento dos principais dispositivos de segurana a sua influncia na transferncia de energia para a vtima tambm desempenha um papel importante na compreenso da cinemtica do trauma em acidentes com automveis. Os dispositivos de segurana que mais influenciam na cinemtica do trauma so os de segurana ativa, ou seja, aqueles destinados a reduzir os efeitos do acidente sobre a vtima: superfcies colapsveis, reforos estruturais, vidros de segurana, cinto de segurana, air bag e apoio cervical. Trs destes dispositivos so muito importantes na avaliao da cinemtica do trauma: Cinto de segurana: Corretamente usado o cinto de segurana reduz o efeito da desacelerao sobre a vtima em colises frontais. Entretanto, o uso inadequado pode tornar o dispositivo de segurana um mecanismo agressor. As situaes mais comuns so o apoio do segmento diago-nal (torcico) sobre o pescoo (regulagem inadequada da altura) produzindo leses de coluna cervical, e o posicio-namento do segmento horizontal (abdominal) acima do apoio das cristas ilacas, produzindo leses internam que afetam rgos e estruturas da cavidade abdominal. Final-mente, leses podem ser produzidas mesmo por um cinto de segurana corretamente posicionado se a variao de

  • 75

    CBMES Resgate Veicular

    velocidade(desacelerao) for muito brusca. Air bag: Da mesma forma, o air bag frontal reduz os efeitos da desacelerao em coliso frontais, porm em al-gumas situaes pode produzir leses. As situaes mais co-muns ocorrem quando a posio da vtima no banco muito prximo ao air bag ou quando a vtima criana, produzindo leses de face e potencializando leses de coluna cervical. Apoio cervical: O apoio cervical reduz o efeito chico-te em colises traseiras, porm inadequadamente regulado (altura e inclinao) pode potencializar as leses cervicais ao invs de reduzir, atuando como ponto de apoio para um efei-to alavanca envolvendo o pescoo e a cabea da vtima.

  • 76

    CBMES Resgate Veicular

  • 77

    CBMES Resgate Veicular

    LIO 5GERENCIAMENTO DE RISCOS

  • 78

    CBMES Resgate Veicular

    OBJETIVOS Ao terminar esta lio o participante ser capaz de: Definir ameaa, vulnerabilidade e risco potencial. Definir risco aceitvel e cena segura. Descrever os riscos mais comumente encontrados na cena de acidentes automobilsticos. Enumerar 5 fatores humanos que incrementam os riscos na cena de acidente. Descrever o EPI mnimo a ser utilizado em operao de resgate veicular Executar uma avaliao eficiente da cena do aciden-te. Executar uma organizao eficiente da cena do aci-dente considerando os riscos. Executar as condutas de proteo da vtima em rela-o s manobras de desencarceramento. Executar as condutas de gerenciamento de riscos re-lacionados com energia eltrica, com incndio em veculos, com vazamento de combustvel, com o sistema eltrico do veculo, com produtos perigosos. Estabilizar um veculo acidentado.

  • 79

    CBMES Resgate Veicular

    1. GERENCIAMETO DE RISCOS EM OPERAES DE RESGATE VEICULAR As ameaas na cena do acidente podem variar de transtornos menores como vidros quebrados, asfalto escor-regadio, tempo inclemente ou escurido, a ameaa graves para a segurana como: fios cados, vazamento de combus-tvel, ou incndio. O trfego e os curiosos podem vir a serem ameaas, se no forem controlados. Alguns riscos relaciona-dos com acidentes precisam ser gerenciados, se no elimi-nados antes de tentar fazer qualquer tentativa de alcanar as vtimas no interior do veculo acidentado. Antes de continuarmos vamos revisar o conceito de anlise de riscos:

    2. ANLISE DE RISCOS POTENCIAL 2.1 Risco Potencial Comparao entre ameaa e vulnerabilidade que de-termina a possibilidade e severidade dos danos e leses que uma determinada ameaa pode causar a pessoas, proprieda-des ou sistemas.

    2.2 Ameaa Fato ou situao que pode provocar leses ou danos em pessoas, propriedades ou sistemas.

  • 80

    CBMES Resgate Veicular

    2.3 Vulnerabilidade Fator que determina o quanto pessoas, propriedades ou sistemas podem ser afetados por uma ameaa.

    2.4 Risco aceitvel O risco que compatvel com o desenrolar da ativida-de que se pretende.

    2.5 Operao segura aquela em que o risco aceitvel

    2.6 Gerenciamento de riscos A atuao sobre as ameaas, vulnerabilidades ou am-bos, visando tornar o risco aceitvel e a operao segura.

    2.7 Principais ameaas As principais ameaas a serem gerenciados na cena de um resgate veicular so: Trfego Curiosos Rede eltrica danificada Posio instvel do veculo Vazamento de combustvel Incndio

  • 81

    CBMES Resgate Veicular

    Sistemas de segurana de veculo Produtos perigosos

    3. GARANTINDO A PRPRIA SEGURANA A rea do acidente pode ser um perigoso lugar de tra-balho. Lminas cortantes, vidros arremessados e incndio so apenas alguns dos perigos que resgatistas podem ter que li-dar. Lembre-se que o resgatista no ser um bom resgatis-ta se tornar-se uma vtima. vital que o resgatista se proteja adequadamente antes de se engajar em qualquer ao de resgate.

    3.1 Fatores humanos no gerenciamento de riscos A experincia demonstra que alguns fatores humanos colaboram para potencializar os riscos na cena da operao se no forem devidamente gerenciados, tornando-se uma causa comum de aci-dentes: Uma atitude des-cuidada com a prpria se-gurana; No reconhecer mecanismo agressores e

  • 82

    CBMES Resgate Veicular

    riscos no ambiente No gerenciar adequadamente os riscos identifica-dos; No utilizar o equipamento adequado, ou utiliza-lo de forma errada; Falta de disciplina ttica. Mas o ato inseguro que mais contribui para ferimen-tos de bombeiros na cena do acidente : No utilizar os equipamentos de proteo individual (EPI) durante operao de resgate.

    3.2 Equipamento de proteo individual (EPI) Durante as operaes a equipe de resgate dever utili-zar o EPI completo, acrescido de itens especiais em situaes especificas (Equipamento de Proteo Respiratria, Produtos Perigosos, etc.)

    3.2.1 Capacete O capacete dever atender as normas internacionais, garantindo proteo do crnio contra impactos e perfura-es, visor para proteo da face e possibilidade de uso com EPR e sistema de comunicao.

  • 83

    CBMES Resgate Veicular

    3.2.2 Roupa de proteo A roupa de proteo de-ver ser de material incombus-tvel, de preferncia retardante ao fogo, com resistncia a corte, abraso e perfurao. Preferen-cialmente deve ser utilizada a rou-pa de aproximao em incndios, embora utilizemos o uniforme de prontido com mangas longas desdobradas.

    3.2.3 Luvas As luvas devem proteger as mos contra calor, abra-so, perfurao e penetrao de lquidos sem retirar a destre-za do resgatista.

    3.2.4 Calados Os calados devem possuir palmilha reforada con-tra penetrao, proteo de bico e calcanhar e resistncia penetrao de substncias. O calado de bombeiro ideal a bota para incndio estrutural, mas pode ser utilizado um cal-ado de segurana com as mesmas caractersticas.

  • 84

    CBMES Resgate Veicular

    4. AVALIAO DA CENA DO ACIDENTE 4.1 Os Dois Crculos De Avaliao Como falamos anteriormente, para realizar o geren-ciamento dos riscos necessrio identificar ameaas e avaliar vulnerabilidades. Em resgate veicular a tcnica preconizada a dos dois crculos de avaliao: O crculo externo, que feito pelo OP02 (Operador auxiliar) e o crculo interno, que feito pelo OP01 (Operador principal) que pode ser acompanhado pelo socorrista.

    4.1.1 No crculo externo O OP02 avalia um crculo de 10 a 15 metros, no sen-tido anti-horrio, buscando situaes de risco, vtimas, obs-trues, mecanismos que levem compreenso do acidente, etc. Caso haja mltiplas vtimas, este resgatista j pode efe-tuar a primeira triagem pelo sistema START, atribuindo uma tarja ou fita para cada vtima, caso seja treinado para tal. Este resgatista tambm avalia o permetro necessrio e vivel para a delimitao da rea de operao. Em acidentes de menor complexidade o OP2 pode fazer o isolamento ao mesmo tempo em que avalia o crculo externo, desde que isto no retarde o relato de situaes de risco ao Comandante de Operaes.

  • 85

    CBMES Resgate Veicular

    4.1.2 No crculo interno O resgatista OP01 aproxima-se com cuidado do ve-culo, avalia o veculo e suas proximidades no sentido horrio, verificando presena de produtos perigosos, vazamentos de combustvel, sistema alternativo de combustvel (GNV), prin-cpio de incndio, rede eltrica danificada, posio instvel do veculo, dificuldade de acesso s vtimas, nmero e estado aparente das vtimas, mecanismos que levem compreen-so do acidente etc. reportando a situao ao comandante da operao. Caso haja mltiplas vtimas, este resgatista j pode efetuar a primeira triagem pelo sistema START, atribuin-do uma tarja ou fita para cada vtima a que puder acessar, caso seja treinado para tal caso haja um socorrista no local ele pode acompanhar a avaliao do crculo interno e iniciar o acesso externo s vtimas. Basicamente os dois resgatista devem preocupar-se em observar: Presena de combustvel; Veculo convertido para GNV; Presena de agentes de ignio; Presena de materiais ou reas energizadas; Presena de materiais perigosos; Grau de estabilidade dos veculos envolvidos; Nmero de vtimas, prioridade inicial e grau de en-

  • 86

    CBMES Resgate Veicular

    carceramento.

    4.2 Relatrio da situao Ao terminarem os dois crculos de avaliao os resga-tistas devem transmitir as informaes obtidas ao Coman-dante da Operao a fim de que a estratgia seja definida. Ao final da fase de dimensionamento o comandante deve ter respondido as seguintes questes: O que aconteceu? Como est a situao? Qual a tendncia de evoluo? Quais os objetivos estratgicos e tticos, e como al-can-los? Quais recursos sero necessrios solicitar ou dispen-sar? 5. ORGANIZAO DA CENA DO ACIDENTE A organizao da cena do acidente uma conduta de gerenciamento de riscos que est presente em todas as ope-raes. Esta organizao envolve alguns aspectos importan-tes, dos quais se destacam:

  • 87

    CBMES Resgate Veicular

    5.1 Sinalizao do local do acidente Os acidentes quase sempre produzem problemas de trfego. Freqentemente os veculos bloqueiam a via. Quan-do no, atrasos so causados por motoristas que passam devagar para derem uma espiada. Policiais normalmente cuidam do trnsito; mas o que a equipe de resgatista far se realizar o atendimento sozinha se for a primeira unidade a chegar ao local ou se a sinalizao no for adequada? Realizar esta atividade rapidamente. Assim que inicia a operao, o comandante da opera-o deve estabelecer um permetro de operao, que ficar livre de populares, equipamentos, ferragens, vtimas e etc., a fim de garantir uma rea organizada e livre para os resgatis-tas trabalharem e circularem. Assim que a unidade chega ao local a guarnio de-sembarca com segurana e o motorista (COV): Posiciona corretamente a viatura, tomando o cuida-do de no bloquear o acesso dos demais recursos, interpon-do a viatura entre a cena e o fluxo principal de veculos, em 45 em relao estrada, de forma a maximizar o uso de re-fletivos e sinalizadores luminosos. Sinaliza a via com cones, de preferncia luminosos.

  • 88

    CBMES Resgate Veicular

    5.2 Organizao das Zonas de Trabalho A cena deve ser organizada em zonas especficas de trabalho:

    5.2.1 Zona quente: rea de aproximadamente 5 metros ao redor do aci-dente, destinado s operaes, em cujo interior permanecem apenas pessoal que est atuando e ferramentas que esto sendo utilizadas.

    5.2.2 Zona morna: rea de aproximadamente 5 metros ao redor da zona quente, onde ficam os recursos de emergncia que aguardam emprego, incluindo socorrista, resgatista, linha de combate a incndio, viatura de resgate e auto socorro de urgncia. Fi-cam ainda na zona morna o palco de ferramenta e o posto de comando. A unidade de resgate deve sempre garantir o isolamento fsico (com fita) da zona morna

    5.2.3 Zona fria: A zona fria a rea mais externa ao acidente, onde per-manecem os recursos em espera e os meios no emergen-ciais como guincho. Guindastes, viaturas policiais, caminho da companhia de luz, etc. A zona fria ser implementada ape-

  • 89

    CBMES Resgate Veicular

    nas nas ocorrncias maiores e o seu controle responsabili-dade do policiamento.

    5.3 Posto De Comando O posto de comando o local onde o comandante da operao pode ser encontrado e de onde pode controlar os recurso e coordenar a operao. A sua complexidade ir va-riar de acordo com a dimenso da ocorrncia, podendo ir desde uma rea geogrfica de onde permanece disponvel at uma viatura especial de comando.

    5.4 Palco de ferramentas O palco de ferramentas uma rea, situada no limite entre a zona quente e morna, normalmente delimitada por uma lona, em que as ferramentas mais usadas so dispostas para fcil acesso da guarnio. O palco de ferramenta mon-tada e controlado pelo motorista (OCV) que as dispe, monta e verifica. Assim, as ferramentas so retiradas do palco para serem utilizadas e para l retornam aps o uso, permitindo o gerenciamento adequado deste material.

  • 90

    CBMES Resgate Veicular

    6. VAZAMENTO DE COMBUSTVEL Muitas vezes o resgatista descobrir que o combus-tvel est vazando sob o veculo, mas no est queimando. O vazamento mais comum em colises traseiras e capota-mentos, mas pode ocorrer em todo tipo de acidente.Os pontos de vazamento mais comum so: Ponto de injeo de combustvel no motor Bocal de abastecimento Conexo dos condutores de combustvel com o tan-que Do prprio tanque de combustvel A conduta de gerenciamento deve ser

  • 91

    CBMES Resgate Veicular

    Afastar fontes de ignio. Deixar em condio de pronto emprego o recurso de extino, preferencialmente uma linha de combate a incn-dio com sistema de espuma, porm se no houver devem ser disponibilizados extintores de incndio. Conter os vazamentos quando possvel. Cobrir os depsitos de combustvel oriundos de der-ramamento com material inerte (serragem, areia, barro, cal). Nunca jogue gua em vazamento de lquidos inflam-veis ou leos lubrificantes. A conduta correta cobri-los com a material absorvente e recolh-los para posterior descarte adequado.

    7. GS NATURAL VEICULAR (GNV) Gs natural veicular GNV o gs natural utilizado em veculo automotor, armazenado e transportado sob alta pres-so em cilindros especiais em ao sem costura, alimentando o motor do veculo. Existem milhares de veculos convertidos no Brasil, principalmente veculos particulares, alm de txis, vans para transporte de passageiros, frotas cativas de empresas e ve-culos a diesel, que so convertidos de seu combustvel, para permitir o uso do GNV, tornando assim o veculo bi-combus-tvel. No caso de converso de um veculo originalmente bi-

  • 92

    CBMES Resgate Veicular

    combustvel (lcool e gasolina) para GNV, esse veculo torna-se um veculo tri-combustvel. Como combustvel alternativo, pode ser utilizado em qualquer veculo com carburador ou sistema de injeo eletrnica. O GNV armazenado em cilindros sob alta presso (200 BAR ou 200 Kgf/cm ou 3550 ibs/pol). O GNV composto de metano, em torno de 75%, eta-no 5%, propano 0,2% butano e gases mais pesados de 0 a 7% em volume, nitrognio e gs sulfdrico no mximo 29 mg/m, enxofre no mximo 110mg/ m, e apenas traos de etil mer-captana. Esse ltimo o que proporciona o odor semelhante ao Gs liquefeito de petrleo GLP. A localizao do cilindro de GNV varia de veculo para veculo, geralmente so instalados no compartimento de car-ga de modo que comprometer o menos possvel a sua capa-cidade. Em camionetes comum a instalao sobre a caam-ba, alguns sob a caamba ou carroceria de madeira, podendo ser visualizado externamente. Em caminhes e nibus fixos no chassi em ambos os lados entre os eixos dianteiro e trasei-ro. Podendo identificar se um veculo convertido para GNV pelo cilindro, de cor rosa ou amarelo, desde que instala-do externamente, pelos componentes instalados no compar-timento do motor (vlvula de abastecimento, regulador de

  • 93

    CBMES Resgate Veicular

    presso e manmetro) e pelo selo de identificao instalado no para-brisa ( no mais obrigatrio). A converso realizada atravs da instalao de um kit em oficinas especializadas. Aps a instalao o veculo deve ser submetido a uma inspeo veicular em oficina homolo-gada pelo DETRAN. Desde que sejam respeitadas as normas tcnicas e utilizadas peas originais, o sistema seguro. O cilindro um tubo de alta presso sem costuras, pro-duzido em ao. A presso de trabalho de 200BAR, presso de abastecimento mxima de 220BAR (para cilindros novos), teste hidrosttico realizado a presso de 300BAR, sendo a de ruptura de 455BAR.

    7.1 Vazamento sem fogo Ocorrendo vazamento no sistema o aumento do fluxo de GNV que sai do cilindro automaticamente interrompido na vlvula de segurana. O vazamento ser quase invisvel e se dissipa rapidamente no ar. Se o veculo estiver em local ventilado, o melhor a se fazer deixar vazar. O gs natural mais leve que o ar e, portanto, se dis-sipa com grande facilidade.

    7.2 Vazamento com fogo No caso de incndio no veculo h na vlvula de segu-

  • 94

    CBMES Resgate Veicular

    rana o plug fusvel, que se rompe a uma temperatura entre os 80C e 110C e, o disco de ruptura que se rompe aproxi-madamente a 300BAR. O incndio ocorrendo na vlvula de segurana, o agente extintor mais recomendado para a ex-tino o P Qumico Seco PQS. A partir do momento que o fogo passa a tomar conta de todo o veculo, o fato dele ser movido a GNV passa a no ter mais importncia, devendo-se adotar o padro de com-bate a incndio em veculo. A nica observao a ser feita de se evitar direcionar um jato compacto diretamente sobre o cilindro aquecido (temperatura maior que 590C), pois po-der perder resistncia mecnica e romper no ponto onde estiver recebendo o jato. Nesse caso, o cilindro dever est carregado de GNV e nenhum dos dispositivos de segurana anteriormente descritos ter funcionado.

    Os veculos a GNV so bi-combustveis; Eles sempre estaro com os tanques, gasolina ou lcool, abastecidos com no mnimo 1/4 de sua capacidade; Caso no tenha a informao de que o veculo convertido para GNV, dever considerar sempre essa hip-tese.

  • 95

    CBMES Resgate Veicular

    8. INCNDIO NO VECULO Primeiramente o resgatista deve saber que os veculos dispem de cada vez mais recursos para evitar incndio no veculo, destacando-se: Painel corta-fogo, entre o compartimento do motor e o habitculo. Blindagem dos sistemas eletrnicos. Fios anti-chama. Corte inercial do combustvel. Tanque de combustvel colapsvel. Porm, quando o incndio se instala, o combate deve ser imediato e agressivo, pois grande parte do veculo com-posta de material combustvel e com potencial de gerar ga-ses txicos.

    8.1 Princpios de combate Sempre que possvel o combate deve ser feito por viatura com capacidade de combate a incndio (bomba de incndio e reserva de gua) utilizando duas linhas (ataque e proteo) priorizando a preservao do compartimento dos passageiros. A guarnio dever utilizar EPR (equipamento de proteo respiratria) tendo em vista a emisso de gases txicos. Se houver duas guarnies na cena da emergncia, de incndio e de busca, a primeira gerencia o incndio e de-

  • 96

    CBMES Resgate Veicular

    terminar o momento em que o resgate pode ser iniciado.

    8.1.1 Procedimento operacional Estacionar o veculo de combate a incndio a pelo menos 30 metros do veculo em chamas; Verificar a direo do vento; Armar duas linhas diretas de , sendo 1 de pro-teo e 1 de ataque, paralelas e abrindo ao aproximar-se do veculo; Efetuar o combate ao fogo pelo lado oposto ao com-partimento de carga do veculo; Abertura mnima de 30 dos esguichos regulveis; A distncia para aproximao dever ser de at 3 me-tros do veculo.

    8.2 Incndio no compartimento do motor Nesta situao, principalmente nos veculos com mo-tor dianteiro, o combate inicial pode ser feito com PQS (p qumico seco) tornando-se o cuidado de manter uma linha de proteo montada e de restringir a ventilao do compar-timento:

    8.2.1 Se o capo est totalmente aberto Posicione-se junto coluna a do veculo e, se poss-

  • 97

    CBMES Resgate Veicular

    vel, com suas costas voltadas para o vento a fim de evitar a disperso do agente ou sua entrada no compartimento dos passageiros. O agente extintor p qumico irrita as vias are-as, e pode contaminar ferimentos abertos. Aplique o agente extintor na base do fogo com jatos curtos. No utilize mais p qumico do que o necessrio, pois o que o resgatista desperdiou pode ser necessrio em caso de re-ignio.

    8.2.2 Se o capo est parcialmente aberto Para restringir o fluxo de ar e privar o fogo de oxig-nio, no abra totalmente o capo. Direcione o agente extintor atravs de qualquer aber-tura para o compartimento do motor: entre o capo e o pra-lama, pela grade dianteira, por baixo do eixo ou pela abertura de um a farol quebrado. No utiliza mais p qumico do que o necessrio, pois o que o resgatista desperdiou pode ser o necessrio em caso de re-ignio.

    8.2.3 Se o capo est totalmente trancado Deixe o fogo sob o capo. Deixe a extino para a guar-nio de combate a incndio e inicie a remoo rpida da vtima. A divisria do habitculo deve proteger a rea de pas-sageiros por tempo suficiente para remover a vtima com a

  • 98

    CBMES Resgate Veicular

    tcnica de remoo rpida.

    8.3 Incndio no compartimento dos passageiros Neste caso a prioridade ser utilizar os meios de ex-tino para garantir a retirada segura dos passageiros, e num segundo momento passar ao controle e extino. Tendo em vista a grande quantidade de material combustvel de ori-gem sinttica, o combate deve ser agressivo desde o incio, e o resgatista no dever adentrar o veculo exceto quando houver segurana para tal.

    8.4 Incndio no compartimento de carga Nestes incndios a maior preocupao se o vecu-lo convertido para GNV possui ali instalado o cilindro e com o material que est sendo transportado. Mesmo veculos de passeio podem estar levando produtos perigosos tais como GLP (gs liquefeito petrleo) tinta, solventes, agrotxicos, etc.

    9. ENERGIA ELTRICA A eletricidade apresenta riscos diversos na cena do acidente. Tenha sempre isto em mente. Altas voltagens so mais comuns nos postes que mar-geiam as auto estradas do que as pessoas costumam imagi-nar. Em muitas reas os postes conduzem correntes superio-

  • 99

    CBMES Resgate Veicular

    res a 138.000 volts. Considere toda a rea extremamente perigosa. Os condutores podem ter tocado e energizado qualquer par-te do sistema, incluindo os cabos telefnicos, de televiso e quaisquer outros suportados pelo poste, cabos de sustenta-o, a rea dos cabos de sustentao, a rea dos fios, o poste propriamente dito e a rea ao redor, e guard ralls e cercas. Assuma que fios cados ou desativados podem ser re-energi-zados a qualquer momento. Os calados de segurana comuns no protegem contra altas voltagens. Quando lidando com riscos relacionados com eletri-cidade, estabelea a rea de risco e a rea segura. A rea de risco s dever ser adentrada pelo pessoal responsvel por controlar o perigo, como o pessoal da companhia de fora ou de resgate especializado. A zona segura deve ser longe o su-ficiente para assegurar que qualquer movimento do fio no possa causar leses no pessoal de emergncia ou curiosos.

    9.1 Poste quebrado com fios no solo Ao perceber que o poste est quebrado e os fios esto no solo voc dever: Estacionar a viatura fora da zona de risco. Antes de sair do veculo, estar seguro de que nenhu-

  • 100

    CBMES Resgate Veicular

    ma parte do veculo, inclusive a antena do rdio, est em con-tato com qualquer material potencialmente energizado. Ordene aos curiosos e ao pessoal de emergncia no essencial que abandone a zona de risco. Oriente os ocupantes do veculo acidentado para no abandonar as ferragens. Proba o trfego na zona de risco. Determine o nmero do poste mais prximo que o resgatista pode se aproximar com segurana e solicite ao seu despachante para que avise a companhia de fora. No tente remover fios cados a menos que possua o equipamento adequado. Objetos de metal, obviamente, conduzem eletricidade, mas mesmo objetivo que no apa-rentem pode ser condutores, como equipamento com em-punhadura de madeira ou cordas de fibra natural que podem ter uma alta concentrao de matria condutora e levarem um bem intencionado socorrista a ser eletrocutado. Permanea em um local seguro at que a companhia de fora torne a rea segura. Seja especialmente cuidadoso quando se aproxima de um local de acidente em uma rea escura, como em uma estrada na zona rural.

  • 101

    CBMES Resgate Veicular

    9.2 Poste quebrado com fios intactos Sempre que os fios estiverem intactos, o poste ainda perigoso. Os cabos ou obstculos que suportam o poste e fios podem quebrar a qualquer momento, derrubando pos-te e fios sobre a cena do acidente. Se encontrar esta situao: Estacione a viatura fora da zona de risco. Notifique o despachante da situao. Permanea fora da zona de risco at que a compa-nhia de fora desenergize a rede e estabilize o poste. Mantenha os curiosos e outros servios de emergn-cia fora da zona de risco.

    10. Estabilizao do veculo Antes de iniciar qualquer manobra no veculo aciden-tado, necessrio que ele seja estabilizado a fim de evitar riscos adicionais para o resgate, para o socorrista ou para a vtima. Esta estabilizao deve obedecer aos seguintes prin-cpios: Deve manter o veculo seguro, deve manter o veculo imvel, deve ser simples e de fcil memorizao e, deve ser de rpida utilizao. Para isto utilizamos: Os calos de madeira tipo escada (step) ou simples (calo), cabos, correntes, guinchos, multi-plicadores de fora, macacos, etc.

  • 102

    CBMES Resgate Veicular

    10.1 Meios de estabilizao Step: Estabilizador de ma-deira ou material sinttico, em forma de escada ou degraus.

    Calo: Estabilizados em forma de taco (paraleleppe-do) ou cunha.

    Escoras: Postes de madei-ra, com sapatas e fixadores.

  • 103

    CBMES Resgate Veicular

    Almofadas: Equipamen-tos pneumticos inflveis.

    Tracionadores: Sistemas mecnicos para tracionamento de cabos.

    10.2 Veculo sobre as quatro rodas Quando o veculo acidentado est em p sobre os quatro pneus inflados parece estvel. Todavia, facilmente movimentado para cima e para baixo, para um lado e para outro, para frente ou para trs, quando socorrista e resgatista sobem nele, entram pelas janelas, ou se inicia o desencarce-ramento. Estes movimentos podem agravar seriamente o es-tado da vtima, ou mesmo representar perigo para socorrista

  • 104

    CBMES Resgate Veicular

    e curiosos.

    10.3 Veculo sobre uma das laterais Quando o veculo est sobre uma das laterais existe uma tendncia natural das testemunhas em empurrar o ve-culo acidentado de volta para posio normal. Eles no con-seguem compreender que este movimento pode causar ou agravar as leses nos ocupantes do veculo. Por isso, o veculo deve ser estabilizado sobre a lateral.

    10.3.1 Posio do veculo O veculo lateralizado poder estar em duas posies