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Projeto desenvolvido na disciplina de Introdução à Projeto, ministrada pelos professores Ana Paula Baltazar dos Santos, Carmen Arroztegui Massera e Mateus de Sousa van Stralen foi feito em parceria com os alunos de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG Henrique de Oliveira Lisboa, Iasmin Larissa Cardoso Garcia, Raphaela de Souza Alves e Vitória Ramirez Zanquetta. Neste, através da proposição de uma intervenção urbana na cidade de Vitoriano Veloso - MG (ou Bichinho), foi estabelecido um primeiro contato com programas de computação gráfica e a relação do espaço privado, o público e a própria percepção do mesmo.
Citation preview
O livro da intervençãoRelicário
Ricardo Destro Júnior
Este projeto foi produzido pelos alunos Henrique de Oliveira
Lisboa, Iasmin Larissa Cardoso Garcia, Ricardo Destro Júnior, Raphaela
de Souza Alves, Vitória Ramirez Zanquetta da Universidade Federal de
Minas Gerais no segundo periodo de 2011.
A Pr
opos
ta
Para iniciar nosso estudo da arquitetura
através das aulas de Fundamentos para
Projetos de Arquitetura, iniciamos com o estudo
da arquitetura interativa, da conversa que surge
entre as pessoas e o próprio espaço, seus usos e
modos de apropriação (como vimos lendo ao livro
de Herman Hertzberger, Lições de Arquitetura).
Para colocar nossos estudos em prática, iniciamos
com o projeto que seria realizado em Vitoriano
Veloso.
A ideia deste projeto seria a de desenvolver
mecanismos interativos para a apropriação do
espaço escolhido para uma melhor conversa entre o
espaço, a cidade e as pessoas. Esta seria feita através
de mecanismos eletrônicos que gerariam novos
usos ou respostas comportamentais diferentes nas
pessoas do povoado, enfatizando as características
do local e a virtualização da arquitetura. Para a
realização deste projeto, viajamos para Vitoriano
Veloso no dia vinte e seis de agosto de 2011 para a
escolha do local, marcar medidas para construções
de maquetes físicas e virtuais e principalmente
para entender a dinâmica da cidade para que
pudéssemos trabalhar em cima desta nossas
propostas para a intervenção urbana.
Relicário
A Proposta
Em cerca de dois meses, deveríamos ter as
ideias, encontrar um meio de construí-la, montar o
sistema eletrônico para que no dia dois de novembro
de 2011 (data de nossa segunda ida à cidade)
pudéssemos executar todo o projeto que seria
apresentado às pessoas do povoado no dia cinco de
novembro de 2011 para que pudessem interagir com
o projeto.
O Lo
cal
A cidade de Vitoriano Veloso (apelidada
carinhosamente de Bichinho por seus habitantes)
é um distrito de Prados – MG situado a doze
quilômetros do mesmo e à sete quilômetros
de Tiradentes. Nesta cidade conservadora,
onde todos se dispõem na luta para manter a
aparência e a arquitetura original da cidade, foi-
nos proposto o trabalho de realizar a intervenção
urbana. Vitoriano Veloso teve origem nas primeiras
décadas do século XVIII, decorrente do
assentamento de bandeirantes e mineradores
para a extração de ouro. A disposição de
elementos na cidade marca inclusive o próprio
modo de vida dos habitantes: as portas e janelas
posicionadas estrategicamente próximas a rua
de modo convidativo para observar o que
acontece na mesma, a ausência de muros
comuns em cidades grandes marcam essa
familiaridade, esses laços entre as pessoas e a
tranquilidade da cidade.
A cidade é composta principalmente por
construções antigas e rústicas feitas de adobe
com janelas grandes e um intenso uso de
madeira. Estas marcam o estilo da época no
povoado.
Relicário
O LOCAL
Relicário
Passamos uma tarde toda andando pela cidade, observando suas
peculiaridade, conversando com os habitantes e tentando absorver o estilo
de vida deles. Enquanto andávamos pela cidade buscando o que seria o local
para nossa intervenção urbana, uma construção em particular chamou a
atenção de nosso grupo. Esta era a loja de artesanato de Silvério, chamada
de Mucama Arts, situada na rua principal, próximo ao restaurante da Ângela.
A loja era composta por uma balaustrada cercando o local (algo não
tão corriqueiro, já que em grande parte das construções da cidade, a porta
da loja ou da casa encontra-se diretamente na rua), cores extremamente
chamativas e uma grande trepadeira que cerca uma das paredes. Esta loja,
decorada nas cores amarela (nas paredes principais), vermelha (nos detalhes
da janela e da porta) e verde (na porta e na janela) foi então nossa escolha
para o desenvolvimento do trabalho.
O LOCAL
Relicário
O LOCAL
O espaço aberto desta era ideal para o desenvolvimento de ideias
que se encaixavam e conversavam com a loja e com a cidade. O chão de
pedra que deixava o ambiente mais fresco, o grande espaço e a sombra
gerada pela prolongação do telhado exalava uma tranquilidade imensa,
uma paz e um frescor revigorante. Já as cores marcantes do Mucama
refletiam a eletricidade e a felicidade dos habitantes. A trepadeira e as
quatro árvores medianas dentro de seu espaço também poderia ser uma
vantagem dependendo do que poderíamos decidir fazer.
Com o espaço escolhido depois de muita procura, estava na
hora de começar a pensar as ideias e como executaríamos as mesmas.
Relicário
DESE
NVOL
VIM
ENTO
Relicário
Com o espaço escolhido para a
intervenção, passamos a discutir então qual
seria o propósito desta. Para isto, enquanto
estávamos em Vitoriano Veloso fizemos uma
performance na loja para a experimentação
do local, observação de detalhes minuciosos
e croquis de percepção, além de uma série de
projetos abstratos no programa SketchUp para
ressaltar as sensações do local. Primeiro, cada
integrante fez um projeto individual e, a partir
deste, nos reunimos para achar os pontos em
comum da percepção.
O que pudemos perceber em todos
os projetos individuais foi a evidenciação da
questão do espaço aberto que se comunicava
com a rua gerando um espaço tranquilo e a
barreira gerada pela balaustrada, uma vez que
esta chegava a ameaçar esta comunicação.
Também foi evidenciado o fato do espaço que
experimentamos trazer uma paz imensa, por
ser tranquilo, calmo e a prolongação do telhado
gerar um espaço de sombra inigualável, ótimo
para se ficar conversando ou descansar.
A partir do levantamento sensorial,
iniciamos o processo de brainstorm, o que nos
gerou cinco ideias básicas.
DESENVOLVIMENTO
Ambiente luminoso:
Para criar um espaço de convivência que convidasse a pessoa a
ficar, pensamos em colocar luzes escondidas na trepadeira e em volta das
janelas e nas árvores que piscassem conforme a pessoa se aproximasse ou
se afastasse.
Projeção nA trePAdeirA:
Para evidenciar a cultura de bichinho, queríamos projetar na
trepadeira fotos, mensagens que remetessem às ligações das pessoas
entre elas e para com o espaço em que vivem.
sombrA PArA o interior:
Para quebrar a barreira do público-privado, pensamos em utilizar
holofotes potentes que ficariam do lado de fora da área da balaustrada
para gerar sombras das pessoas que passariam por fora e as projetasse na
parede da loja.
Relicário
mudAnçA no modo de se entrAr
Como só se pode entrar na loja por uma entrada (que seria o
portão que fica na balaustrada), pensamos em modificar o modo de se
entrar nesta. Para fazer isto, pensamos em vários meios de se entrar no
Mucama: pulando a balaustrada, subindo por uma escada que ficaria na
balaustrada, ou escorregando por um escorregador.
Ambiente musicAl:
Para evidenciar a tranquilidade do local, pensamos em colocar
sons que começassem a tocar sendo acionado por algum contato. Depois
de trabalhar esta ideia, pensamos em montar puffs que, ao entrarem em
contato, acionassem um sistema que iniciaria o som, que seria tranquilo e
relaxante, assim como o local.
DESENVOLVIMENTO
Pensando nestas ideias, decidimos
focar nosso projeto em três delas: o ambiente
musical, o luminoso e a mudança no modo de
se entrar.
Decidimos portanto fazer puffs para
criar uma espacialidade no local. Estes
acionariam um sistema de som ao serem
encostados, de modo que uma parte de uma
música, ou músicas diferentes que quando
juntas formariam uma melodia tranquila,
seriam acionadas, transformando o local em
não só um local de passagem pela loja, mas que
despertasse a atenção das pessoas e a fizesse
querer ficar no ambiente.
Quanto ao sistema luminoso, tentamos
estabelecer um diálogo com o sistema de som que
era acionado por contato entre os puffs. Para
isto, decidimos fazer com que as luzes, que
agora seriam espalhadas apenas pela trepadeira
e não mais por todo o espaço piscassem no
ritmo da música acionada pelo puff.
Para resolver a ideia de como se deveria
entrar no local, pensamos em fazer uma escada
mais rustica e um escorregador de madeira.
Relicário
Mon
tage
m
Agora com todas as ideias fixadas, o primeiro problema era
encontrar um modo de se executá-las. Para melhor explicar este processo,
dividirei nos principais tópicos da intervenção: o sistema de som e de
iluminação (já que estes são integrados), a montagem dos puffs e a do
escorregador.
o sistemA de som e iluminAção: Para fazer o sistema, utilizamos dois equipamentos de som que,
em suas saídas possuem acoplados um Diodo Controlado de Silício
(SCR) que age como uma “chave eletrônica” sensível que liga de acordo
com os sinais elétricos aplicados ao seu elemento de controle, o gate. O
que fizemos então, foi pegar parte do sinal de som que iria para os alto-
falantes e, através de um transformador, aplicá-lo à comporta do SCR. O
SCR controla justamente a corrente que vai para a lâmpada, de modo que
ela pisque juntamente nos momentos em que ele ligar. Para controlar a
intensidade, foi acoplado um potenciômetro (P1) de modo que o SCR só
fosse acionado com os picos no volume. O resistor R1 é outro elemento
importante do circuito pois ele evita que excesso de potência seja drenada
do sistema de som, o que poderia saturar o circuito do SCR.
Relicário
Diagrama completo do sistema de luz rítmica
Por Newtom C. Braga
No caso temos a representação de apenas um dos
canais. Para um sistema de quatro canais, devem ser montados
mais quatro circuitos iguais. Para o disparo remoto do som
pelo puff, acrescentar entre a entrada A e B o circuito da figura
a seguir. A montagem pode ser feita tanto com base numa
placa de circuito impresso como ponte de terminais.
MONTAGEM
110 ou 220 V
S1 F1 3 A
A
B
R1T1
C1 10 nF R2
10 kΩ
P1
10 kΩ
D1 1N4148
R3
1 kΩ
SCRMCR106 ou
TIC106
X1 até 200 W
Montagem com base numa ponte de terminais.
Por Newtom C. Braga
Relicário
P1R3
110 ou 220 V
S1
F1
SCR
X1
B AR1
T1
C1R2
D1
Circuito de disparo pelo puff
Por Newton C. Braga e Ricardo Destro
O transformador usado deve ter um enrolamento de 6 V que será
ligado do lado de R1, e um enrolamento de 110 V que deve ser ligado do
lado de P1. Para os pisca-piscas usados, usamos um resistor para eliminar
tensão residual mesmo sendo opcional, (de 10 kΩ para 110 V e 20 kΩ para
220 V na saída de alimentação).
MONTAGEM
110 ou 220 V
S2 F2 0,5 A
T2
D2
C2
S3
RL 1
A B
Saída do AP. de Som 1, 2, 3 ou 4
CX
Conexão ao aparelho de som, sem o controle de disparo do puff.
Por Newton C. Braga
Relicário
Aparelho de Som
CaixaA
Caixa B
AB
X1Luz
rítmica
110 ou 220 V
Feita a conexão, alimentamos o sistema de luz rítmica e ligamos
o aparelho de som a médio volume. Depois ajustamos P1 do sistema
de luzes rítmicas até que elas comecem a piscar a acompanhando a
música. Para teste e fazer o ajuste fino no potenciômetro pode ser usada
uma lâmpada menor, de 5 a 25 W, por exemplo. Na figura à esquerda
mostramos como devem ser ligadas as lâmpadas para formar um conjunto
conectado a saída do sistema de luzes rítmicas, não se esquecendo que
para leds deve-se colocar um resistor de no mínimo 10 kΩ para 110 V ou
20 kΩ para tensão de 220 V em paralelo com a entrada a X1.
MONTAGEM
Alimentando um conjunto de lâmpadas.
Por Newton C. Braga
Relicário
aX1
Até300 X
(110 V)
MONTAGEM
Relicário
Feita a conexão, alimentamos o sistema de luz rítmica e ligamos o
aparelho de som a médio volume. Depois ajustamos P1 do sistema de luzes
rítmicas até que elas comecem a piscar a acompanhando a música. Para teste e
fazer o ajuste fino no potenciômetro pode ser usada uma lâmpada menor, de 5
a 25 W, por exemplo. Na figura da página anterior mostramos como devem ser
ligadas as lâmpadas para formar um conjunto conectado a saída do sistema de
luzes rítmicas, não se esquecendo que para leds deve-se colocar um resistor de
no mínimo 10 kΩ para 110 V ou 20 kΩ para tensão de 220 V em paralelo com
a entrada a X1.
MONTAGEM
listA de mAteriAl
Semicondutores:
SCR – TIC106-B ou D – Conforme rede de energia
D1 e D2 – 1N4148 ou 1N4002 – Diodo de silício
Resistores: (1/8 W. 5%)
R1 – Conforme potência do equipamento de som
R2 – 10 k Ohms – Marrom, preto, laranja
R3 – 1 k Ohms – Marrom, preto, vermelho
P1 – 10 k Ohms – Potenciômetro lin ou log
Capacitores:
C1 – 10 nF (103) – Cerâmico
C2 – 1000uF x 16V
Relicário
Diversos:
F1 – Fusível de 5 A
F2 – Fusível de 500 mA
T1 – Transformador com primário de 110 V e secundário de 6V
com corrente de 200 a 500 mA
T2 – Transformador com primário de 110 – 220 – 12V 500 Ma
RL1 – Relê de 12 V com dois contatos NA
X1 – Lâmpadas incandescentes até 300 W (rede de 110) e até
600 W (rede de 220 V).
S1 e S2 – Interruptor simples
S3 – Interruptor de toque conforme o tamanho do puff
CX – Caixas de som
Placa de circuito impresso ou ponte de terminais, suporte para fusível,
radiador de calor para o SCR, cabo de força, caixa para montagem,
botão para o potenciômetro, fios, solda.
MONTAGEM
Relicário
os Puffs: Para fazermos os puffs, recorremos à
tutoriais na internet, já que pretendíamos fazê-los
leves, resistentes e ainda sim, com um bom aspecto
visual. Após muita procura, encontramos um
tutorial para se fazer puffs utilizando garrafas pets, o
que seria econômico (apesar da grande quantidade
de garrafas) e ao mesmo tempo resistente.
Como os puffs teriam o formato de
peças de tetris básicas (como vemos na figura ao
lado), dividimos eles em cubos de três por três.
Para cada cubo, seriam necessárias nove pares
de garrafas. Para agrupar primeiramente as
duplas, deveríamos fazer um corte próximo à boca
de uma delas, de modo que separaria a garrafa
em duas (a boca e o restante). Colocamos então, a boca
da garrafa cortada dentro do corpo cortado.
Portanto teríamos duas garrafas: uma com a boca
encaixada no corpo e outra inteira. Depois de fazer
isto, deveríamos encaixar a garrafa que está inteira
dentro da cortada, de modo que a boca da inteira
encaixe na boca da cortada, lembrando que ambas
devem estar lavadas e com tampa.
A pressão do ar preso dentro das
garrafas fazem com que ela se torne mais
resistente. Fazemos o mesmo então com os outros
oito pares e agrupamos em cubos. Com este
grupo fechado, agruparíamos na posição certa e
fecharíamos tudo com fita adesiva.
Com a forma montada, colocamos uma
camada de papel calandrado na parte superior do
puff (para dar maior sustentação) e duas camadas
de espuma (para que o puff fique mais confortável).
MONTAGEM
Relicário
MONTAGEM
Relicário
MONTAGEM
Relicário
o escorregAdor: Para fazer a montagem do escorregador, mandamos o projeto à uma madeireira,
onde foram feitas quatro placas de madeira que se encaixavam, formando um escorregador
plano. As placas de MDF foram cortadas nas seguintes medidas:
– Duas placas triangulares de 1,50 m (base) por 0,95 m (altura), formando um ângulo reto
entre elas
– Uma placa retangular de 0,90 m de altura e 0,50 m de espessura
– Uma placa retangular de 0,50 m de espessura e 1,78 m de altura.
As placas seriam presas por parafusos. Aproveitando estes parafusos, decidimos
pendurar marcadores para CD, que não saem com água, para que as pessoas pudessem
desenhar, escrever e deixar sua marca na intervenção.
MONTAGEM
Relicário
PROJ
ETO
FINAL
Relicário
No dia dois de novembro de 2011 fomos então para Vitoriano Veloso
onde executamos o projeto. Foram três dias de montagem para que no dia
cinco de novembro de 2011 este fosse apresentado aos moradores. Após
muitos contratempos, o projeto foi finalizado e experimentado por todos que
estavam na cidade.
Projeto Final
Relicário
Projeto Final
Relicário
Utilizamos músicas das bandas Beirut (Scenic Word, Postcards From Italy e
Nantes tocadas no ukulele por Grant, dos Estados Unidos) e Beatles (em uma
versão instrumental), sons de pássaros e de chuva para construir a atmosfera
desejada no local. O redirecionamento para caixas diferentes foi um ponto crucial
para o projeto, já que isto possibilitou a utilização de duas caixas de som com o
mesmo som, só que em posições diferentes, atingindo pessoas diferentes.
Projeto Final
Relicário
O efeito visual criado pelo pisca-pisca junto com a música gerou
realmente o que desejávamos: um ambiente acolhedor e aconchegante para
se ficar e não mais algo passageiro. Quanto ao escorregador, crianças faziam
fila para brincar e deixar suas marcas e brincar nos puffs. A barreira criada
pela balaustrada também foi completamente destruída com a inserção do
escorregador, já que todos que por ali passavam queriam escorregar, mesmo
que com muito receio.
Projeto Final
Relicário