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Relatório parcial 3 Rafael Pinzón OK - mma.gov.br · 4. APRENDIZADO E DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS 51 5. LACUNAS DO PPG7 EM DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO (DC) E EM POLÍTICAS

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PPRREESSIIDDÊÊNNCCIIAA DDAA RREEPPÚÚBBLLIICCAA

Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva Vice-Presidente: José Alencar Gomes da Silva MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO DDOO MMEEIIOO AAMMBBIIEENNTTEE ((MMMMAA)) Ministra de Estado: Marina Silva SSEECCRREETTAARRIIAA--EEXXEECCUUTTIIVVAA ((SSEECCEEXX)) Secretário-Executivo: Cláudio Langone SSEECCRREETTAARRIIAA DDEE CCOOOORRDDEENNAAÇÇÃÃOO DDAA AAMMAAZZÔÔNNIIAA ((SSCCAA)) Secretária: Muriel Saragoussi PPRROOGGRRAAMMAA PPIILLOOTTOO PPAARRAA AA PPRROOTTEEÇÇÃÃOO DDAASS FFLLOORREESSTTAASS TTRROOPPIICCAAIISS DDOO BBRRAASSIILL ((PPPPGG77)) Coordenadora Geral: Nazaré Soares

RREELLAATTÓÓRRIIOO PPAARRCCIIAALL DDEE AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO ((33)) DDOO PPPPGG77 Copidesque e edição: Arlete Bonelli Capa: Milton Goes Fotos: Reserva Chico Mendes/AC, Benjamin Constant e Manacapuru/AM (Juan Pratginestós - acervo PPG7/GTZ); Corredor Ecológico Central da Amazônia/AM (Cyro Soares - acervo PPG7/GTZ); e projetos Ambé, Oficina Cabocla e Couro Ecológico, Floresta Nacional do Tapajós/ PA (Jefferson Rudy - acervo PPG7/GTZ) Foto da capa: Manacapuru/AM (Juan Pratginestós - acervo PPG7/GTZ) e detalhe (acervo PPG7/GTZ)

DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE AARRTTIICCUULLAAÇÇÃÃOO DDEE AAÇÇÕÕEESS DDAA AAMMAAZZÔÔNNIIAA ((DDAAAAMM//SSEECCEEXX)) SEPN 505 - Bloco B - Ed. Marie Prendi Cruz - 2º. Andar

CEP 70730.542 - Brasília (DF) Tel.: (61) 3105.2091 e 3105.2092 - FFAAXX: (61) 3105.2094

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SSUUMMÁÁRRIIOO

SSIIGGLLAASS   6   IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO                     7 1. Hipóteses para o estudo  8 2. Metodologia de trabalho  8  11..    CCOONNCCEEIITTUUAAÇÇÃÃOO  DDEE  DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO  CCOOMMUUNNIITTÁÁRRIIOO  ((DDCC))  EE  PPOOLLÍÍTTIICCAASS  PPÚÚBBLLIICCAASS    11 1.1. O que se entende por desenvolvimento comunitário    11 1.2. Comunidade    11 1.3. Desenvolvimento comunitário (DC)         11 1.4.  Conceituação de políticas públicas       13  22..  CCOOMMPPOONNEENNTTEESS  DDOO  DDCC  NNOO  PPPPGG77     16 2.1. Sentimento de pertencer a um território 16 2.2. Capacidade de gestão social   16 2.2.1. Conscientização ambiental para a gestão social 17 2.2.2. Participação da sociedade civil na gestão social 17 2.2.3. Melhoria de renda  25 2.2.4. Capacitação e formação de lideranças comunitárias 29 2.3. Construção de lideranças em um projeto coletivo de desenvolvimento 31 2.3.1. Organização para a construção de um projeto coletivo 31 2.3.2.  Integração interinstitucional para o DC 32 2.4. Outros elementos integrantes do DC    34 2.4.1. Gênero e o DC      34 2.4.2. Preservação da cultura tradicional            35 2.4.3. Conclusão: ações comunitárias características do PPG7 37  33..  PPOOLLÍÍTTIICCAASS  PPÚÚBBLLIICCAASS   40 3.1. Influência do PPG7 na formação de políticas públicas 40 3.2. Processos desencadeados  41 3.3. Políticas públicas formuladas  42 3.4. Proambiente  47 3.5. Ações que podem ser transformadas em políticas públicas     48 3.6. Conclusão  48    44..  AAPPRREENNDDIIZZAADDOO  EE  DDIISSSSEEMMIINNAAÇÇÃÃOO  DDEE  CCOONNHHEECCIIMMEENNTTOOSS        51    55..  LLAACCUUNNAASS  DDOO  PPPPGG77  EEMM  DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO  CCOOMMUUNNIITTÁÁRRIIOO  ((DDCC)) EE  EEMM  PPOOLLÍÍTTIICCAASS  PPÚÚBBLLIICCAASS   57  5.1. Ambigüidade de propósitos   57  5.2. Falta de integração programática e operacional com outros projetos   57  5.3. Falta de estratégia municipal                       58  5.4. Falta de estratégia para formulação de políticas públicas 59  6..  PPRROOPPOOSSTTAASS  PPAARRAA  FFUUTTUURRAASS  IINNTTEERRVVEENNÇÇÕÕEESS           61  6.1. Definição de áreas geográficas para atuação              61  6.2. Incremento da renda mediante a gestão sustentável dos recursos naturais   62  6.3. Construção de uma estratégia de ação                                      64  77..  AANNÁÁLLIISSEE  DDAASS  EENNTTRREEVVIISSTTAASS   68  7.1. Resultados alcançados   68  7.2. Lacunas na execução   69  7.3. Propostas apresentadas  70    BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA   71  AANNEEXXOOSS  72

QQUUAADDRROOSS  Influências do PPG7 na formulação de políticas públicas para gestão ambiental no âmbito federal   45Influências do PPG7 na formulação de políticas públicas para gestão ambiental nos estados  45Influências do PPG7 na formulação de políticas públicas para gestão ambiental nos municípios  45Principais resultados alcançados pelo PPG7 segundo os entrevistados 68Principais lacunas na execução do PPG7, segundo os entrevistados  69Propostas apresentadas pelos entrevistados para o futuro do PPG7   70

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SSIIGGLLAASS AAFI        Agentes agroflorestais indígenas    AMA    Projeto de Apoio ao Monitoramento e AnáliseArpa  Projeto Áreas Protegidas da Amazônia Ater   Assistência técnica e extensão rural  Bid  Banco Interamericano de Desenvolvimento Bird  Banco Mundial C&T  Ciência e Tecnologia  CNTP     Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais   CPI‐Acre  Comissão Pró‐Índio do Acre CTA  Centro dos Trabalhadores da Amazônia CTA‐ZM   Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata CTI  Centro de Trabalho Indigenista Emater  Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural Embrapa  Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária  Fase  Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional Flona     Floresta nacional  FNMA    Fundo Nacional do Meio Ambiente   Funai  Fundação Nacional do Índio GTA  Grupo de Trabalho Amazônico GTZ  Cooperação Técnica Alemã IAG  Grupo de Assessoria Internacional Ieb    Instituto de Educação do Brasil 

Iepa  Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá MMA  Ministério do Meio Ambiente MIN  Ministério da Integração Nacional MP   Ministério Público   MPEG   Museu Paraense Emílio Goeldi   PDA   Projetos Demonstrativos Categoria A PDPI     Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas PFM    Produtos florestais madeireiros PFNM  Produtos florestais não‐madeireirosPMF    Plano de Manejo Florestal  PNS      Projeto Negócios Sustentáveis PPD     Projeto Pesquisa Dirigida PPTAL  Projeto Demarcação de Terras Indígenas na Amazônia LegalPTA      Projeto Tecnologias AlternativasResex     Reserva extrativista RMA    Rede Mata Atlântica RPPN  Reserva particular do patrimônio natural SAFs     Sistemas agroflorestais SCA    Secretaria de Coordenação da Amazônia Seater     Serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Acre Sectam   Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará Semas     Secretarias de Meio Ambiente TdR     Termo de Referência TI  Terra indígena UCs     Unidades de conservação ZEE  Zoneamento ecológico‐econômico  WWF     Word Wildlife Fund 

 

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IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO  

ara  facilitar  sua  compreensão  inicia‐se  este  estudo  com  uma  reflexão  sobre  desenvolvimento comunitário (DC) e sobre políticas públicas. A seguir são analisados seus principais componentes, tendo 

como ponto de partida a constatação de que a participação popular; é uma variável constante no DC e na formulação de políticas públicas; é um elemento de ligação entre eles, tornando‐os inseparáveis, pois ambos têm  como  base  a  participação  social,  fato  que  leva  à  necessidade  de  examinar  a  participação  social  no contexto nacional, realidade que certamente influenciou o caso concreto do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7).    O Programa  foi concebido, nasceu e  foi  implantado durante a última primavera política do Brasil, quando, superando o período ditatorial, estava sendo construída a redemocratização. O final da década de 1980 e a de 1990 permitiram o nascer e o crescer de novas mentalidades, de novos hábitos, de novas  instituciona‐lidades. Um dos  frutos mais  importantes  foi  a participação  social e a organização da  sociedade  civil. Este clima foi favorecido pela Constituição de 1988 que trouxe instrumentos de gestão social de políticas públicas, como  os  conselhos  gestores  na  esfera  federal,  estadual  e  municipal.  São  espaços  para  o  exercício  da cidadania e da democracia, que felizmente foram abertos no bojo do Programa.  Outro grande avanço apoiado pela Constituição de 1988 foi que, contra a centralização das políticas públicas do período militar, começou a ser descoberto o município como o lugar onde realmente se poderia inovar e construir as  respostas necessárias às demandas dos  interesses ambientais e sociais. Hoje este avanço está concretizado no  atual  governo mediante  a política pública de  territorialidade,  incluída no PPA e  levada  à prática especialmente pelos ministérios da Integração Nacional, das Cidades, do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente. Este último, por meio do Subprograma de Política de Recursos Naturais (SPRN), elaborou o macro zoneamento da Amazônia Legal e  imprimiu o enfoque territorial aos trabalhos no eixo da rodovia BR‐163, mediante  a  elaboração  do  Plano  de  Desenvolvimento  Regional  para  a  área  de  Influência  dessa rodovia.  O município é considerado uma instância decisiva para o controle social, mas insuficiente para responder aos esforços governamentais para o desenvolvimento. Daí a necessidade de se pensar na aliança de municípios que possam formar um território, entendido este como "espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, caracterizado por critérios multidimensionais que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que  indicam  identidade e coesão, social, cultural e territorial”. 1  Em que pese não  ter  sido criadas condições para medir o  incremento de  renda das populações, além das conquistas  ambientais  o  Programa  trouxe  outros  grandes  resultados  destacando‐se  os  avanços  no  eixo político da participação, na conquista da autopromoção e autogestão, base indispensável para a melhoria de renda.   Na presente  análise,  facilitar  a  compreensão da presente  análise  implica  dividir  e  subdividir os  temas de estudo;  assim  será  feito,  tendo,  porém  o  cuidado  de  mostrar  tratar‐se  de  assuntos  interdependentes, detentores apenas de tênues diferenças que atuam como divisor de águas entre as diversas etapas a serem analisadas. Esta dissecação do processo pode  levar a aparentes  repetições, necessárias para  confirmar os nexos existentes.   É preciso também esclarecer que na sua concepção o PPG7 não teve influência da política ambiental para a Amazônia  porque  à  época  não  havia  uma  definição  clara  sobre  a mesma.  Esta  apareceu mais  tarde.  A política do MMA para  a Amazônia  foi definida no documento Política Nacional  Integrada para  a Amazônia  Legal,  aprovado  em  1995  pelo  Conselho  Nacional  da  Amazônia  Legal  (Conamaz).  A compatibilização desta política com a análise dos cenários existentes na  região definiu o objetivo geral  de  atuação  da  Secretaria  de  Coordenação  da  Amazônia:  a  promoção  do  desenvolvimento 

1   MDA ‐ Série Textos para Discussão 4. Referências para o Desenvolvimento Sustentável. p. 4. 

P

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sustentável através de controle do avanço das atividades econômicas sobre a  floresta primária; e implantação de atividades econômicas sustentáveis.  Mesmo após ter sido definida esta política, houve muitas divergências na sua implementação, pois o governo estava  apenas  iniciando  a  criação  de  institucionalidades  favoráveis  à  mesma.  No  meio  das  grandes  e tradicionais instituições governamentais esta política não tinha eco, e talvez por isso tenha permanecido um pouco  no  papel  e  pouco  influenciou  o  Programa.  Contribuiu  para  tal  cenário  a  não  apropriação  forte  e decisiva do PPG7 por parte do MMA.   1. Hipóteses para o estudo  O presente estudo procurou encontrar os sinais de desenvolvimento deixados nas comunidades pelo PPG7, conforme  seu  objetivo  geral,  constante  da  introdução  do  Termo  de  Referência  (TdR):  "Maximizar  os benefícios  ambientais  das  florestas  tropicais  brasileiras  de  forma  consistente  com  as  metas  de desenvolvimento do Brasil, pela  implementação de uma  abordagem de desenvolvimento  sustentável que contribuirá para a redução contínua da taxa de desmatamento."  Levou  em  conta  a  recomendação  de  não  repetir  ou  complementar  as  revisões  anteriores,  nem  avaliar projetos  individuais. Foi dada especial  importância à recomendação do TdR considerar as características de "programa piloto", cujo "objetivo não seria, então, o impacto direto sobre o problema (desmatamento), mas a  exploração  de  possíveis  soluções,  alternativas  e modelos,  o  aprendizado  sistemático  de  lições,  e  sua disseminação, para oferecer uma base sólida a novas políticas e a programas mais abrangentes".   As áreas de análise proposta pelo TdR balizaram as seguintes hipóteses a serem comprovadas mediante o estudo:  

A sociedade civil realmente influenciou no desenho e execução do PPG7? As organizações da sociedade civil foram fortalecidas? 

  O PPG7 contribuiu para melhorar as condições de vida das comunidades onde atuou? Ele constituiu uma proposta de desenvolvimento comunitário (DC)?  

  Em que medida o PPG7 foi favorável às culturas tradicionais? 

  Aconteceu  um  processo  de  elaboração  de  políticas  públicas?  Existem  experiências  que  possam  ser transformadas em políticas públicas? 

  Os subprogramas e projetos conseguiram a conscientização ambiental? 

  As capacitações empreendidas resultaram em impactos? 

  Existem lacunas que possam ser diminuídas com a implantação de novos projetos?   

 Seguindo as orientações do TdR, são também apresentadas propostas para futuras intervenções, formula‐ das a partir das avaliações anteriores, das análises feitas e das lições aprendidas.  

 22. Metodologia de trabalho Os  trabalhos  foram  realizados em  três etapas  ‐ preparação,  realização de entrevistas e  sistematização do documento ‐, percorrendo diferentes passos em cada uma delas.  a. Preparação

Revisão  de  documentos  importantes  do  PPG7  e  de  literatura  pertinente  à  área  de  desenvolvimento comunitário, participação social, gênero, gestão social, desenvolvimento territorial e políticas públicas. A 

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revisão foi balizada pelos termos de referência, buscando resposta a cada uma das questões relativas a essas áreas. 

  Catalogação dos aspectos relevantes encontrados na revisão e sistematização dos mesmos, dentro das áreas indicadas nos termos de referência.  

Contatos para verificar as possibilidades de entrevistar as pessoas e seleção dos possíveis entrevistados.  

Busca  de  apoio  logístico  em  cada  Estado  para  preparar  agendas  e  concretizar  as  entrevistas.  Esta contribuição  foi prestada por Francisco de Assis Teixeira  (Ibama/Rondônia),  Josemar Caminha  (Ibama/ Acre), Luis Miguel Silva (Sema/PGAI/Amapá), Nelson Chada (consultor independente, no Pará) e Alberto Martins de Freitas (governo do Estado/Amazonas).  

Seleção  dos  entrevistados,  procurando  escolher  as  pessoas  com  maior  vinculação  e  atuação  em desenvolvimento comunitário, sociedade civil e políticas públicas no âmbito do PPG7. Agendamento das entrevistas.  

b. Realização de entrevistas  

Em Brasília, de novembro/2005 a março/2006, foram entrevistadas 18 pessoas; e  

no período de 22 de janeiro a 10 de fevereiro de 2006, realização de entrevistas: 12 em Rondônia, 10 no Acre, 12 no Amapá, 15 no Pará e 18 no Amazonas  

Ressalte‐se que  a  Secretaria de Meio Ambiente do Amapá  (Sedam), o  Instituto  Estadual de Pesquisas do Amapá  (Iepa)  e  a  Agência  de  Desenvolvimento  da  Amazônia  (ADA/Pará)  foram  considerados  como  um entrevistado. Entretanto, as entrevistas aconteceram em forma de reunião, com 23 pessoas na Sedam, 11 no Iepa e cinco na ADA.  c. Sistematização de entrevistas O  contato  prévio  por  telefone  e  o  apoio  prestado  pelas  pessoas  mencionadas  foram  decisivos  na racionalização  do  tempo  destinado  às  entrevistas,  uma  vez  que  houve  eficiência  na  fixação  de  horários, confirmação de entrevistas e apoio para deslocamento.  Para as entrevistas, foram selecionadas entidades e pessoas que tivessem tido, durante a execução do PPG7, bastante  envolvimento  com  os  temas  desenvolvimento  comunitário  e  políticas  públicas.  Para  compor  o universo de 85 pessoas, 42 da área governamental e 43 da não‐governamental, foram selecionadas 10% que não  tinham  tido  contato  direto  com  a  execução  do  PPG7,  visando  verificar  até  que  ponto  este  teve visibilidade, e se a divulgação dos trabalhos atingiu a sociedade em geral.  Embora  a metodologia  tenha  optado  por  perguntas  abertas,  com  possibilidade  de  respostas  descritivas, sempre foram feitas perguntas sobre nove questões específicas, selecionadas previamente com o objetivo de alcançar o produto solicitado no TdR:  

Fortalecimento das organizações da sociedade civil;  

melhoria das condições de vida das comunidades favorecidas pelos projetos;  

ações do PPG7 que poderiam ter sido transformadas em políticas públicas;  conscientização ambiental; 

  capacitação e formação de lideranças; 

  preservação da cultura tradicional das comunidades;  

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  disseminação de experiências;   

  lacunas ou falhas do PPG7; e  

  sugestões para futuras ações de proteção das florestas tropicais. 

 Pelo fato das respostas terem sido descritivas e como, na maioria dos casos, as pessoas disponibilizaram em torno de duas horas para a entrevista, nem sempre foi dada resposta às nove questões. Todos responderam sobre  a  influência  da  sociedade  civil,  desenvolvimento  das  comunidades,  conscientização  e  capacitação, falhas  do  PPG7  e  sugestões  para  futuras  ações.  Este  último  quesito  recebeu  o  maior  número  de contribuições.  Após  a  transcrição  das  entrevistas,  constatou‐se  que  havia  três  grandes  categorias  de  contribuições:  (i) resultados alcançados pelo PPG7; (ii) problemas encontrados na sua execução; e (iii) sugestões para futuras ações. Observado  o  núcleo  essencial de  cada  resposta,  foi  feito,  então,  um  esforço  de  síntese  e  aquelas relativas  à  categoria  "resultados"  foram  agrupadas nos  temas  (i)  conscientização  ambiental,  (ii) desenvol‐vimento  comunitário,  (iii)  políticas  públicas,  (iv)  fortalecimento  da  sociedade  civil;  e  (v)  capacitação  e formação.   Uma vez sistematizadas, as respostas relativas às  lacunas foram agrupadas nos temas desenvol‐vimento da comunidade, políticas públicas, disseminação de experiências e conhecimentos, deficiências em projetos  específicos  e  deficiências  na  gestão  global  no  PPG7,  como  consta  nas  respectivas  tabelas  que informam, também, a origem da contribuição, área governamental ou não‐governamental. 

   d. Sistematização do documento  

Esta tarefa contemplou:  

As  análises  comparativas  entre  os  aspectos  relevantes  catalogados,  anteriormente,  por  temas,  os resultados da sistematização das entrevistas, e a experiência e conhecimentos adquiridos pelo consultor durante sete anos de atuação no PPG7.  

A  definição  da  estrutura  do  documento  de  acordo  com  as  diretrizes  dos  termos  de  referência, observando as perguntas orientadoras;  

O aprofundamento de cada tema e a sistematização dos resultados da análise comparativa;   

A  reformulação  do  documento  preliminar  a  partir  das  sugestões  oferecidas  pelo MMA, constantes do Parecer Técnico de Relatório preliminar;   

A redação e revisão final do presente do documento.  

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11.. CCOONNCCEEIITTUUAAÇÇÃÃOO DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO CCOOMMUUNNIITTÁÁRRIIOO EE PPOOLLÍÍTTIICCAASS PPÚÚBBLLIICCAASS  1.1. O que se entende por desenvolvimento comunitário  

 partir  dos  propósitos  do  PPG7,  encontrados  nos  vários  subprojetos,  planos  operativos  ou  relatórios, percebe‐se  que  o  desenvolvimento  desejado  deve  ser  sustentável,  democrático,  com  participação 

popular,  humanista  e  solidário,  ou  seja,  é  aquele  definido  pelo  padre  Lebret,  nos  anos  1960:  "Desenvol‐vimento é a passagem de uma população determinada de uma fase menos humana a uma mais humana, ao ritmo mais  rápido  possível,  ao  custo  financeiro  e  humano  o menos  elevado  possível,  tendo  em  vista  a solidariedade entre todas as populações” 2.  Entende‐se, então, que o desenvolvimento perseguido permite que o ser humano se torne o principal ator na escolha do processo para usufruir o progresso social, em função das suas necessidades humanas e sociais. Tal definição  implica aceitar que o cidadão se encontra em condições de pensar, decidir e agir sobre o seu destino. Implica aceitar que uma comunidade se desenvolve, não apenas superando as barreiras da natureza, mediante  a  tecnologia, mas  sim  à medida  que  sua  capacidade  criadora  é  capaz  de  superar  as  barreiras sociais. Tais barreiras impedem que certas camadas da população participem das tomadas de decisão sobre seus destinos, e impedem, especialmente, que usufruam dos benefícios sociais.  Por outro  lado, essa visão do desenvolvimento  identifica‐se com aquela que, anos mais tarde, passou a ser chamada de “desenvolvimento sustentável”, cujo sentido não aceita apenas o “crescimento” econômico da população,  o  aumento  de  renda,  sem  levar  em  conta  o  aspecto  solidário  dos  cuidados  com  os  recursos naturais, para que não faltem “para as presentes e futuras gerações”.  

 1.2. Comunidade  Embora existam múltiplas definições para “comunidade”, todas possuem elementos comuns que permitem afirmar  tratar‐se de" um grupo de pessoas  reunidas em qualquer área geográfica, com  interesses comuns referentes  ao  bem‐estar  social”.  Para  alguns,  interessa mais  o  âmbito  humano  que  o  geográfico. Outros salientam que  comunidade  “é uma  área  limitada de moradia,  identificada  como  tal pelas pessoas que ali vivem”.   É  importante observar que, em geral, na Amazônia a comunidade é definida mais de acordo com o critério geográfico,  entendendo‐se  como  tal  o  grupo  de  vizinhos  que  se  conhecem mutuamente  e  costumam  se reunir, ao menos esporadicamente, por ocasião de  festas  tradicionais, encontros de  lazer ou de  trabalho. Nesse caso “a palavra comunidade denota, operacionalmente, uma população que habita uma determinada porção do território, com cujo nome se identifica e que, por viver e conviver nele, desenvolve alguma coisa em comum" 3.  1.3. Desenvolvimento comunitário    O desenvolvimento comunitário (DC) foi um conceito muito utilizado na Europa, a partir dos anos 1940, para denotar “um movimento destinado a promover a melhoria de vida da comunidade, mediante o emprego de técnicas que  façam  surgir  sua participação”. Após a 2a. Guerra Mundial, no  contexto dos programas para apoiar os países subdesenvolvidos, aparece o desenvolvimento comunitário como “medida para  integrar o esforço da população aos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social”.  Com esta concepção, o DC  foi  adotado  após  o  golpe  de  1964,  como  “tecnologia  executiva  da  política  social  governamental”  e tornou‐se, então,  instrumento para  a  implantação de programas pré‐determinados. Criou‐se,  até mesmo, uma Coordenação de Programas de Desenvolvimento de Comunidade (CODC), por meio da Portaria 114, de 4/09/1990, do Ministério do Interior.   

2 SOUZA, Maria Luiza de. ‐ Desenvolvimento de Comunidade e Participação. p.76. São Paulo: Cortez Editora, 2000.  3  Idem, p. 67. 

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O DC,  visto  como  estratégia,  comandou  os  trabalhos  do  Projeto  Sertanejo,  Pólo Nordeste,  Projeto  Baixa Renda e de todos os programas voltados ao desenvolvimento social daquele período. O sentido dado ao DC estava fortemente carregado de duas concepções dominantes na época da ditadura: um processo dirigido de intervenção externa nas comunidades, buscando melhorar  suas condições de vida; e um processo dirigido buscando somar os esforços do governo e do povo.  Hoje, não são aceitas definições de DC meramente  instrumentais, que  fazem do ser humano um meio ou objeto para atingir metas do governo. Pelo contrário, são incentivados métodos que apóiem a conquista da cidadania,  a  gestão  social,  o  empoderamento  das  pessoas  como  atores  sociais.  É  importante  salientar, também, que, no Brasil, a terminologia desenvolvimento comunitário, ao  longo dos últimos 15 anos, paula‐tinamente está  sendo abandonada. As ações, projetos e programas voltados à melhoria das condições de vida das comunidades, embora seja em um contexto um pouco mais amplo, vem recebendo a denominação de “desenvolvimento local”, “desenvolvimento territorial” e "desenvolvimento sustentável”. O MMA adota a concepção de desenvolvimento sustentável pautada no estímulo ao crescimento econômico, à conservação dos recursos naturais e à redução das desigualdades sociais.  O DC assenta‐se sobre dois pilares e nenhum dos dois pode faltar: (i) a capacidade de a comunidade gerir o seu  destino,  participando,  tomando decisões;  e  (ii)  a  capacidade  de  suprir  suas  necessidades materiais  e espirituais.  Não  há  desenvolvimento  comunitário  com  a  resolução,  apenas,  dos  problemas materiais  da sobrevivência porque sem participação dos interessados o resultado é, apenas, mero assistencialismo, como acontece em governos populistas. Entretanto, também não adianta participação e consciência política sem resolver os problemas materiais, pois a miséria consciente continua sendo miséria.    Hoje, entende‐se por desenvolvimento de  comunidade  “um método de ajuda às  comunidades  locais para fazê‐las mais  conscientes  de  suas  necessidades,  para  apreciarem  seus  recursos  de  forma mais  realista, organizarem a si mesmas e a seus recursos de tal forma que satisfaçam algumas das necessidades por meio dos  projetos  de  ação  e,  ao mesmo  tempo,  adquiram  atitudes,  experiências  e destreza  cooperativas  para repetir este processo uma e outra vez por iniciativa própria” 4.  Ou então, como afirma Maria Luiza de Souza: “Desenvolvimento de comunidade é um processo pedagógico de organização social da população comunitária, a partir da qual esta população consegue ampliar as suas condições de consumo  individual e coletivo, assim como de controle sobre estas condições, articulando‐se crescentemente para a participação em níveis mais amplos da sociedade e, sobretudo, naqueles que dizem respeito à problemática fundamental das camadas populares”.5  A  experiência  tem  demonstrado  que  a  essência  do  desenvolvimento  comunitário  é  a  organização  da sociedade e tais processos estão  intimamente  ligados e  interdependentes, pois à medida que se organiza a comunidade,  desabrocha  o  desenvolvimento  comunitário.  Pedro  Demo  afirma  que  para  se  iniciar  um processo  de  DC  deve  haver  ao  menos  “a  possibilidade  de  organizar  grupos  sociais,  relativamente homogêneos,  especialmente  em  sentido  cultural,  motivando  neles  a  consciência  de  seus  problemas históricos,  procurando  recompor  sua  caracterização  cultural  para  reforçar  a  identidade  e,  pelo  menos, mobilizando‐os para sua co‐gestão.” 6  Os componentes do DC, conforme definido anteriormente, podem ser assim sintetizados:  

Sentimento de pertencer a um território que inclui afinidades ambientais, econômicas, sociais, culturais e políticas, e implica na comunhão de problemas que afetam a todos e no esforço pela coesão social. 

  Capacidade de gestão social, que  se conquista a partir da conscientização, com o esforço de capacita‐ção, com a participação na tomada de decisões, com a organização para melhor participar, e especial‐

4   Idem, p. 56. 5   Idem, p. 57. 6   DEMO, Pedro. ‐ Participação é Conquista: noções de política social participativa. p. 187. São Paulo: Cortez Editora, 1999.  

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mente suprindo as próprias necessidades mediante o uso sustentável dos recursos disponíveis, gerando renda, base para melhorar a qualidade de vida.  

Integração de esforços coletivos para construção de um planejamento comum de desenvolvimento. Este componente  pressupõe  a  existência  de  organização  e  de  institucionalidades  que  assegurem  conti‐nuidade ao processo.        

1.4. Conceituação de políticas públicas Em  termos  genéricos,  as  políticas  públicas  são  entendidas  como  as  ações  do  setor  público  para  atender demandas articuladas pela sociedade, ou então como ações que visam contornar problemas oriundos do uso dos chamados bens públicos. Na sua essência, as políticas públicas são constituídas por dois elementos: a sociedade e o bem público.    À medida que o movimento ambientalista  foi crescendo, o conceito de "políticas" ambientais ampliou‐se e incluiu as normas técnicas e prática sociais, estabelecidas por uma coletividade pública, a serem utilizadas na administração do domínio público. Assim, o conceito de políticas públicas ganha o sentido de "conjunto de decisões  inter‐relacionadas,  feito por atores políticos que  tem por  finalidade o ordenamento,  regulação e controle do bem público" 7.      O aprofundamento conceitual permite perceber que o ciclo das políticas públicas encerra três momentos:  primeiro, o processo de negociação e formulação delas; segundo, o resultado final desse processo, isto é, leis (regulamentações,  proibições,  limitações),  programas  de  financiamento  público,  criação  de  unidades  de conservação,  criação de  instituições,  campanhas oficiais,  impostos,  subsídios,  créditos,  fundos  constitucio‐nais,  entre  outros;  e,  terceiro,  a  implementação  dessa  política,  que  é  o momento mais  importante  e  ao mesmo tempo, o mais difícil.   A efetivação de políticas públicas depende, em boa parte, da capacidade de promover o diálogo entre os diferentes grupos da sociedade, visando à formação de consenso e à construção de alianças que concretizem os  consensos.  O  único  caminho  que  permite  percorrer  tal  processo  é  a  participação.  A  recíproca  é verdadeira:  a  falta  de  participação  explica  por  que  muitas  normas  e  até  leis  que,  oficialmente,  são proclamadas como políticas públicas, não chegam a sê‐lo, pois não são praticadas, são leis que "não colam" como diz a sabedoria popular. Não basta, portanto, uma norma legal para existir uma política pública.       Na  conjuntura  atual,  no  Brasil,  a  maioria  das  políticas  públicas  é  resultante  de  ampla  mobilização  e negociação por parte da sociedade.  Isso significa que a criação de políticas públicas para um determinado setor depende, basicamente, das forças sociais atuantes naquele setor e quando essas são conservadoras é difícil criar políticas públicas adequadas à dinamização do setor. É o que acontece no Brasil, com relação às forças econômicas  interessadas pelas  florestas  tropicais, que  vêem nelas obstáculos e não oportunidades para o desenvolvimento.   Como  conseqüência,  as  políticas  vêm  priorizando  a  expansão  da  fronteira  agrícola  em  detrimento  da cobertura florestal. Há necessidade de um trabalho educativo convincente para mostrar o valor da floresta em pé, a  fim de que as  forças sociais proponham políticas públicas que  favoreçam essa situação. Em resu‐mo, as políticas públicas são formuladas a partir da correlação de forças sociais, fato que exige trabalho de conscientização  favorável ao bem comum e benefício da maioria, e não de grupos particulares. Conclui‐se que as políticas públicas só surtem efeito quando acompanhadas pelo fortalecimento do capital social.  Apenas para antecipar um exemplo,  "o ProManejo apoiou  todo o processo de  formatação e discussão da proposta de projeto de  lei para gestão de  florestas públicas:  realização de  reuniões de grupo de  trabalho composto especificamente para debater este  tema; um seminário  internacional em Belém; visita técnica à Austrália; reuniões setoriais com movimentos sociais, ONGs, empresários e governos estaduais; e cônsul       tas internas no MMA". 8 A lei foi aprovada, mas o processo de implementação ainda está em andamento.  Outro exemplo concreto, que mostra o caminho percorrido para a  formulação de uma política pública é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), resultado da pressão social exercida 

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sob a coordenação da Contag, durante vários anos. Para sua  implementação foram necessários vários "Gri‐tos  da  Terra",  9  várias  "Marchas  das Margaridas",  congressos,  seminários,  estudos,  reuniões  na  Câmara Federal, reuniões nos ministérios, no Banco Central, entre outras.                                            

 

 

 

______________________________________ 7 MMA/PPG7. Série Estudos 2. p. 13. 8 MMA/PPG7. ProManejo: Relatório de Atividades 2004. p. 20. 9 Os Gritos da  Terra  e  a Marcha das Margaridas  são movimentos patrocinados  anualmente  pela Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), a partir de reuniões e debates nos estados sobre as políticas para a área rural e que culminam com uma marcha em Brasília e entrega de reivindicações às autoridades.  

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22.. CCOOMMPPOONNEENNTTEESS DDOO DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO CCOOMMUUNNIITTÁÁRRIIOO ((DDCC)) NNOO PPPPGG77

pós a contextualização  teórica do que se entende por DC, cumpre agora examinar em que medida os seus elementos essenciais estão presentes no PPG7. 

 2.1. Sentimento de pertencer a um território A análise dos documentos e  resultados das entrevistas permite afirmar que este elemento esteve sempre presente nos projetos do Subprograma PDA, nos projetos financiados pelo ProManejo, ProVárzea e Proteger, porém,  em  um  âmbito microterritorial,  isto  é,  no  pequeno  grupo  que  recebia  o  financiamento.  Nesses projetos,  houve  o  fortalecimento  de  um  sentimento  existente,  mas  que  não  foi  ampliado  para  outras comunidades ou para todo o município.  O Projeto Resex I, o PPTAL (posteriormente apoiado pelo PDPI) e o ProManejo ‐ na Floresta Nacional (Flona) do Tapajós ‐ conseguiram os maiores avanços nesta linha porque se tratava de comunidades inseridas em um "território bem definido", isto é, a reserva extrativista, a floresta nacional ou a terra indígena, onde era mais propício trabalhar o sentimento de "pertencimento" ‐ que se configura em uma das variáveis essenciais para o  DC  ‐  e  a  coesão,  a  partir  dos  problemas  comuns  e  das  afinidades  ambientais,  sociais,  econômicas  e culturais. Pode‐se concluir que a territorialidade, meso ou macro, não foi uma marca do PPG7, visto que, em escala piloto, tal perspectiva não fez parte de seu escopo inicial.      2.2. Capacidade de gestão social  Um dos indicadores para saber se o desenvolvimento comunitário está acontecendo é a existência de gestão social do próprio desenvolvimento. Os projetos do PPG7 prestaram uma grande contribuição para alcançar esta meta, na medida em que buscaram e apoiaram, uns mais, outros menos, a participação da sociedade civil, de tal maneira que o poder decisório das organizações sociais dentro do Programa manteve um ritmo crescente.  O  PPG7  não  se  limitou  à  aplicação  de  tecnologias  ambientalmente  corretas.  Buscou  construir  a  “Gestão Social”,  entendida  como  a  capacidade  adquirida  pela  sociedade  para  gerir  seu  próprio  destino,  isto  é,  a capacidade de  controlar os  fatos  sociais  relacionados  com o  seu dia‐a‐dia. A necessidade dos agricultores familiares, extrativistas,  ribeirinhos, pescadores e  índios controlarem  suas  riquezas naturais é algo que  faz parte da sua cultura e que condiciona a sua sobrevivência. Apenas quem conhece a floresta tropical úmida pode  entender  que  são  seus  próprios moradores  as  pessoas mais  indicadas  e  capazes  de  construir  esta gestão social.   Apoiar a sociedade para a gestão social dos recursos naturais exigiu todo um trabalho de educação ambiental operacional, isto é, entendida como “instrumento estratégico para a concretização do controle social sobre o processo  de  acesso  e  uso  do  patrimônio  ambiental”,  ou  seja,  os  princípios  de  educação  ambiental disseminados não foram simples teorias, mas aplicações práticas à realidade local, visando o uso sustentável do  recurso, contando com a vigilância e monitoramento dos próprios usuários, presentes nas pessoas das lideranças, dos para‐florestais, das  comissões de  “puxiruns”, dos  signatários dos acordos de pesca ou dos agentes  ambientais  voluntários  (AAV),  como  aconteceu  nos  projetos  Resex  I,  PPTAL,  PDPI,  SPRN,  PDA, ProVárzea, ProManejo, Proteger, RMA, Mata Atlântica e Corredores Ecológicos.   O  PPG7  trouxe  uma  proposta  de  aquisição  de  cidadania,  na medida  em  que  as  pessoas  foram  tomando consciência  dos  seus  direitos  e  obrigações  e  foram  traduzindo  tal  consciência  em  comporta‐mentos  que conduziram ao uso sustentável dos recursos naturais e a uma maior democracia.  O meio ambiente deixou de ser algo distante e  indecifrável para se tornar o quotidiano de quem sabe que o patrimônio ambiental  lhe pertence, dele deve cuidar e ele deve  lhe dar condições de trabalho, renda, direitos  igualitários e melhores condições de vida.   

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A construção da gestão social, ao mesmo tempo foi o ponto de partida de boa parte das ações do PPG7, isto é,  daquelas  onde  houve  participação  popular,  e  ao mesmo  tempo,  foi  ponto  de  chegada,  pois  a meta  a alcançar era que a própria  sociedade  se  responsabilizasse, protegendo e assegurando  sustentabilidade ao manejo da biodiversidade e dos recursos naturais.   É  preciso  também  esclarecer  que  a  gestão  alcançada  pela  sociedade  civil  ficou  limitada  ao  âmbito  dos projetos e não chegou a atingir o âmbito do desenvolvimento comunitário como um todo, embora o projeto seja parte desse todo. Por outro lado não foi nítida nem bem definida a construção da institucionalidade que deveria responder pela condução do processo de gestão social, que poderia ter sido uma comissão, fórum ou conselho municipal. Houve isso sim iniciativas neste sentido em alguns projetos, mas restritas a estes e sem muita  preocupação  com  a  sustentabilidade  futura  por  meio  do  fortalecimento  da  solidariedade,  da cooperação, da confiança mútua e da distribuição de tarefas entre os diversos atores.  Pode‐se  afirmar  que  foram  colocados  os  alicerces  para  a  gestão  social  e,  em  diferentes medidas,  foram percorridos os  ciclos da mesma. Não de  forma  sistêmica, planejada e  integrada,  isto é, houve, em parte, sensibilização  e mobilização  dos  atores  locais,  esforço  para  se  ter  uma  visão  comum  de  futuro,  foram diagnosticados  entraves  ao desenvolvimento  e  foram  levados  alguns projetos para  superar os  problemas diagnosticados.  Parcialmente  chegou‐se  a  um  planejamento  participativo,  mas  não  foram  construídos instrumentos para a execução, acompanhamento e controle dos projetos  constantes nesse planejamento, como também não foi construída a coordenação desse processo.  2.2.1. Conscientização ambiental para a gestão social A  construção  da  gestão  social  na  comunidade  inicia‐se mediante  um  processo  de  conscientização. Neste campo,  o  PPG7  prestou  uma  grande  contribuição mediante  a  conscientização  ambiental,  buscando  uma mudança no  nível  intelectual,  volitivo das  pessoas, para que depois mudassem  seus hábitos,  isto  é,  suas práticas ou tecnologias. Surgiu a necessidade de utilizar metodologias que permitissem o diálogo, para que as pessoas resgatassem a construção das suas convicções.  Um bom exemplo do trabalho de conscientização ambiental é o Proteger, que chegou a atingir em torno de 54 mil pessoas na prevenção de incêndios florestais e na promoção de práticas sustentáveis de produção. A conscientização  foi crescente nas reservas extrativistas, nas terras  indígenas, nas várzeas, especialmente nos  lagos,  onde  as  pessoas  passaram  a  atuar  como  verdadeiros  Agentes  Ambientais  Voluntários.  É importante salientar que 30% dos entrevistados afirmaram que o PPG7 conseguiu difundir uma nova forma de olhar para o meio ambiente.     2.2.2. Participação da sociedade civil na gestão social A participação da sociedade civil na gestão do seu desenvolvimento pode ser considerada como o elemento mais vital para a construção da gestão social. Neste estudo limita‐se a análise ao âmbito do Dc e das políticas públicas no âmbito do PPG7.     a. Participação da sociedade civil no delineamento do PPG7  Desde os primórdios do PPG7, a presença da sociedade civil é uma constante. Tanto que, para sua criação não foi necessário fazer um diagnóstico específico a situação das florestas tropicais do Brasil, pois a proble‐mática  era  suficientemente  conhecida  e  aparecia  constantemente  na  mídia.  Na  ocasião,  problemática amazônica era objeto de análises acadêmicas, pesquisas, debates e manifestações da sociedade de eventos grupos como seminários,  reuniões, encontros, como os promovidos pelo Conselho Nacional dos Seringuei‐ros, pelos movimentos indígenas e pelo Fórum Permanente de Debates da Amazônia. 10  

 

 

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10 MMA/SCA ‐ Programa Amazônia ‐ Proposta para Discussão. Fevereiro, 2006. p. 16. 

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Aparecia com muita clareza a necessidade de superação de políticas desenvolvimentistas até então vigentes, de  cunho  não‐sustentável,  aplicadas  por  séculos  na  Mata  Atlântica  e  por  décadas  na  Amazônia, caracterizadas pela centralização das decisões e pouco ou nenhum envolvimento da sociedade.   O  Relatório  de  Progresso  2001‐2004  do  PPG7,  ao  caracterizar  a  sua  1a.  fase,  afirma  que  o  "Programa constituiu  a  sua  carteira de  componentes  a partir das demandas  e das propostas de diversos  setores do governo e da sociedade civil"  11, provando assim que  inicialmente  foi adotada a premissa de aceitação dos conhecimentos da sociedade civil e o acolhimento de suas demandas.  Outro exemplo que corrobora essa aceitação encontra‐se na elaboração do ProVárzea: "Os problemas foram definidos  por  técnicos  do  Ibama,  MMA,  consultores  contratados  pelo  Ibama,  representantes  de  ONGs atuantes na região, doadores e Banco Mundial. Em um segundo momento, foram organizados seminários de consulta a outros autores, como governos dos estados da Amazônia legal, Fase, Ipam, colônias de pescadores e institutos de pesquisa". 12  A própria ambiência de execução do projeto trazia elementos para definir suas prioridades. Por exemplo, os conflitos  relacionados  ao  uso  dos  recursos  pesqueiros  e  suas  correspondentes  implicações  foram  os problemas motivadores da construção de políticas públicas de ordenamento pesqueiro, no ProVárzea.    A participação da sociedade civil na formulação e execução dos projetos que integraram o PPG7 cresceu ao longo  dos  anos.  Inicialmente,  durante  as  primeiras  discussões,  o  governo  recusava  a  participação  da sociedade civil na execução dos projetos. Com a criação do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), em julho de 1991,  tal  contexto  começou  a mudar. O Decreto  563/92  criou  a  Comissão  de  Coordenação Nacional  do Programa e abriu  três vagas para as organizações da  sociedade civil, duas ocupadas pelo GTA e uma pela Rede Mata Atlântica (RMA).     A participação do GTA na formulação da primeira proposta do PDA conseguiu instituir o repasse de recursos financeiros  diretamente  às  organizações  da  sociedade  civil,  pois,  até  então,  a  idéia  era  que  o  PDA  fosse executado diretamente pelo próprio governo. 13 A evolução deste entendimento foi de tal maneira positivo que o PPG7 passou a alocar fundos específicos na construção da capacidade operacional do GTA e da RMA. "No  início do PDA, as discussões com o GTA e, posteriormente, com a RMA garantiram a  implantação do mecanismo  desburocratizado  dos desembolsos  e  a  implantação  do  Comitê  Executivo  com  50%  de  repre‐sentantes das organizações da sociedade. O PPG7 fortaleceu esta participação incluindo as duas redes (GTA e RMA)  nas  decisões  do  dia‐a‐dia,  nos  dois  planejamentos  anuais  e  nas  discussões  para  nomeação  da secretaria técnica." 14  Outro caso típico de evolução da concepção  inicial é o SPRN. Em seus objetivos  iniciais era dada ênfase ao fortalecimento  institucional dos órgãos estaduais de meio ambiente  (Oemas) e que, a partir da reunião de Bonn, em 1996, passou a ser direcionado para Projetos de Gestão Ambiental Integrada (PGAIs).  A análise da evolução  alcançada  pelo  SPRN  permite  perceber  a  influência  da  sociedade  civil  solicitando  a  gestão integrada, a partir de algumas experiências positivas realizadas em municípios do Mato Grosso, Pará e Acre.    A  análise  comparativa  entre  os  primeiros  documentos  que  deveriam  dar  origem  ao  ProManejo  e  ao ProVárzea e o documento de “projeto" aprovado para execução, permite perceber a evolução resultante das “teorias” postas em  “prática”,  isto é, os primeiros documentos, por exemplo, definiram  claramente  como objetivo  a  formulação de políticas públicas. Entretanto,  foi  a prática que definiu os meandros e passos  a serem percorridos nesta formulação, sendo necessário redefinir objetivos, atividades e metas. São   __________________ 11 MMA ‐ PPG7 ‐ Relatório de Progresso 2001 ‐ 2004. p.13. 12 MMA ‐ PPG7 ‐ Série Estudos 4. p.19. 13 ABERS, Rebecca. ‐ Civil Society Participation in the Pilot Program to Conserve the Brazilian Rain Florest, Final Version. 2000. p. 19. 14 Idem, p.50 

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 exemplos  claros  de  que  as  premissas  estavam  corretas  e  o  objetivo  era  preciso, mas  como  não  havia experiência acumulada, tratava‐se de uma aprendizagem coletiva e como tal, muitos aspectos novos pode‐riam aparecer e os projetos deveriam ter a flexibilidade suficiente para se adaptarem. Foi exatamente o que ocorreu nesta evolução positiva.   O  clima de mudanças descrito anteriormente permitiu que os diferentes projetos evoluíssem na  sua  con‐cepção e implantação, adequando‐se às necessidades e exigências da sociedade. Esta é uma prova concreta do esforço adaptativo do PPG7, mesmo obrigado a dialogar  a  com muitos  interlocutores: doadores, Bird, governo federal, governos dos estados, entidades executoras e beneficiárias.    Os  entrevistados  que  vivenciaram  os  acontecimentos  dos  primeiros  anos  do  PPG7,  narrando  como  eram redigidos os  textos os projetos, confirmaram a  influência da  sociedade civil:  (...) À grande contribuição do PPG7 é que abriu espaço à sociedade civil para a cena política e ambiental, ajudando a equilibrar o compo‐nente conservação com o de uso sustentável. Antes das experiências do PPG7, o setor ambiental não consi‐derava o ser humano; eram setores estanques. Essa aproximação foi operada especialmente pelos projetos Resex, PPTAL e PDA." 15    Os projetos desenhados mais recentemente  incluíram um esforço sistemático de participação da sociedade civil  desde  as  etapas  de  preparação,  possibilitando  assim  maiores  condições  para  os  atores  sociais influenciarem a  tomada de decisões. A  inclusão de  tais  condições, por  sua  vez  foi possível porque houve mudanças  internas  nas  estruturas  de  governo  responsáveis  pelos  projetos.  Tanto  a  Funai  como  o  Ibama permitiram a formação de equipes executoras dos projetos, compostas por pessoas conhecedoras e sensíveis à importância das organizações da sociedade civil no processo de desenvolvimento sustentável.   Pode‐se até afirmar que a participação da sociedade civil nos projetos esteve condicionada principalmente à vontade das agências governamentais permitirem tal abertura e promoverem processos participativos, como também  ao  grau  de  organização  da  sociedade  para  fazer  pressão  e  atingir  os  níveis  de  decisão.  O envolvimento do Movimento dos  Sindicatos de Trabalhadores Rurais  (MSTR), na execução do Proteger  II, promoveu processos participativos  e democráticos  e mostrou que  as  lutas  ambientais  fazem  com que  as pessoas se sintam responsáveis por elas, contribuindo para o crescimento da participação e da democracia.  Nesse sentido, o Projeto Corredores Ecológicos foi concebido não como uma simples conexão de unidades de conservação ou de fragmentos florestais, mas, também, como uma estratégia de participação dos atores locais na conservação e no ordenamento territorial. Essa participação tem sido muito importante também no planejamento da  fiscalização  e nas  ações de  vigilância,  assegurando  assim o  sucesso das operações. Este projeto abrange ordenamento  territorial participativo e o desenvolvimento de estratégias de  conservação pelos próprios moradores da área.  Em entrevista  realizada,  tem‐se:  "Embora o  grande objetivo do PPG7  fosse bloquear o desflorestamento, pelo  fato, por exemplo, do ProManejo e do ProVárzea  terem  incorporado a questão  social,  foram produ‐zidos dois aprendizados  importantes: Primeiro, os técnicos ambientalistas mudaram seus conceitos sobre a presença do ser humano nas unidades de conservação, pois muitos deles defendiam pressupostos que não tinham sido testados. Segundo, houve um aprendizado sobre questões comerciais e econômicas; ficou claro que não basta produzir, mas  é preciso que o produto  chegue  ao mercado  e que nesta  cadeia  existe um “atravessador”, problema que deve ser equacionado. 16 (...) O Projeto Corredores Ecológicos é uma prova da participação social, pois é um projeto que começou com características meramente técnicas, mas a realidade mostrou  a  necessidade  de  incluir  a  sociedade  civil  e  assim  foi  feito  tanto  na  equipe  como  no  grupo  de trabalho  que  concebeu  o  projeto.  Devido  a  essa  participação  resultou  o  atual  desenho  do  projeto  com decisões descentralizadas, por meio de comitês paritários que contam com a participação de atores locais." 17 _____________________ 15 Luiz Carlos Joels, ex‐coordenador‐geral do PPG7. Entrevista. 16 Ricardo Militão, secretário técnico do Projeto Corredores Ecológicos. Entrevista. 17 Ricardo Militão, secretário técnico do Projeto Corredores Ecológicos. Entrevista. 

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Esta nova  visão  fez  com que os novos projetos  incluíssem  elementos  fortalecedores do próprio processo participativo: o ProVárzea e o ProManejo incluíram ações comunitárias; o Proteger, educação ambiental; os Corredores Ecológicos, consultas populares e comitês executivos; e o PDPI, desenvolvimento comunitário de grupos indígenas.  O reconhecimento da importância da participação da sociedade civil cresceu, no âmbito do PPG7, à medida que  este  identificava  a  necessidade  de  criar  bases  locais  de  desenvolvimento  (as  comunidades)  e  de incorporar  os  conhecimentos  locais.  Contribuiu  para  esta mudança  a  constatação  de  que  a  questão  am‐biental e a questão social são  indissolúveis, pois a redução da pobreza está  intimamente  ligada ao manejo dos recursos naturais. Junto com tais elementos, o governo também ganhou mais experiência para trabalhar com a sociedade civil e esta adquiriu mais eficiência e eficácia mediante a capacitação.  b. Análise de caso: o Projeto Resex I Análise do Projeto Resex permite  registrar a crescente participação da sociedade civil em  seu desenho de projeto. Inicialmente, a criação das reservas extrativistas e, posteriormente, a formulação do Resex tiveram a participação apenas de  lideranças porque a própria urgência dos acontecimentos não permitia  fazer uma consulta popular, que demoraria muito, dada a dispersão dos moradores em dois milhões de hectares de florestas. Apenas na Resex Alto Juruá os moradores já estavam organizados em associações e sabiam o que era Resex.  Quando, em 1994, cogitou‐se em programar as primeiras atividades na Resex Chico Mendes, por exemplo, uma primeira providência foi saber sua população e o número de comunidades existentes. Os técnicos que fizeram este trabalho constataram que a maioria dos moradores da resex nem sabia o que era uma reserva e não tinha o mínimo de organização social; também não havia participação sindical. Foi necessário construir tudo  a  partir  da  estaca  zero.  Além  de  desconhecerem  a  proposta  de  resex,  as  pessoas  moravam extremamente afastadas umas das outras e eram vítimas do analfabetismo.   Esta situação era análoga nas Resex Cajari e Rio Ouro Preto. Durante o primeiro ano do projeto foi necessá‐rio  ganhar  a  confiança  dos moradores,  promovendo  reuniões  em  todas  as  comunidades,  explicando  as vantagens de morarem em uma resex e motivando‐os a se organizarem. Na etapa seguinte, foram realizadas incontáveis reuniões nas comunidades estimulando os moradores a proporem um Plano de Utilização para a Reserva.  Tal  trabalho  demorou  mais  de  oito  meses,  mas  resultou  em  um  documento  plenamente participativo,  proposto  pelas  comunidades  que,  a  partir  da  aprovação  oficial  do  governo,  passou  a  ser  o instrumento  de  gestão  da  área. Um  passo  extremamente  importante  porque  os moradores  se  sentiram valorizados,  perceberam  que  suas  idéias  tinham  sido  acatadas  e  suas  propostas  agora  constituíam  o regulamento para utilização dos recursos naturais.   Adquirida esta confiança as pessoas passaram a perceber a  importância da participação e o passo seguinte foi organizar as comunidades para facilitar sua participação. Surgiram assim os Núcleos de Base, células de micro  organização  comunitária,  trabalhando  com  Planos  de  Ação  Imediata  (PAI)  e  decidindo  aquilo  que deveria  ser  implementado  nessa  localidade.  Os  núcleos  aos  poucos  foram  fortalecendo  os  laços  organi‐zativos  e  foram  se  transformando  em  pequenas  associações.  Esta  organização  também  permitiu  o estabelecimento de delegacias sindicais e a adesão de muitas pessoas ao Sindicato de Trabalhadores Rurais. Esta organização favoreceu também a documentação das pessoas e a organização de eventos de capacitação para aumentar a consciência cidadã.   Simultaneamente à consolidação de tal base, foi trabalhada a macro organização dos moradores das resex em  Associações,  que  uma  vez  formalmente  constituídas  abriram  contas  no  Banco  do  Brasil,  assinaram convênios com o governo federal/Ibama e passaram a receber recursos diretamente do PPG7. O ponto alto da participação foi o planejamento anual e revisão semestral. Para receber os recursos do ano seguinte era necessário apresentar um Plano Operativo Anual (POA), indicando as prioridades dos gastos, as épocas e os responsáveis. Durante os cinco anos do projeto Resex I, o POA foi discutido em cada comunidade, aprovado pelos  moradores  e  executado  pela  associação,  conforme  o  planejado.  Pode‐se  então  afirmar  que  os beneficiários  tiveram plena autonomia até para planejar e gastar  recursos  financeiros. Naturalmente que, 

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por  falta  de  experiência,  foram  cometidos  erros,  mas  houve  um  processo  contínuo  de  capacitação  e aprendizagem da gestão.  Essa transformação de grupos sociais isolados, desarticulados, sem informação, em organizações atuantes e participativas, gestoras do seu próprio destino, foi possível mediante um  intenso programa de capacitação. Foram  realizadas  318  reuniões  para  entender  o  sentido  da  reserva  extrativista  e  construir  os  planos  de utilização, 17 oficinas para os dirigentes aprenderem a organizar e administrar as associações, 9 oficinas para as  lideranças  melhorarem  o  desempenho  nas  comunidades,  22  oficinas  para  os  núcleos  assimilarem  o associativismo, 12 capacitações sobre gestão de associações e 25 sobre administração financeira.   O Projeto Resex comprovou a crescente participação dos beneficiários na  tomada de decisões, a partir de duas colunas de sustentação: a capacitação e a organização social. Comprovou a possibilidade de a sociedade realizar  a  gestão  dos  recursos  naturais  até  em  aspectos  delicados  como  a  vigilância,  a  conservação  e  o monitoramento e especialmente mostrou  a  importância do  governo estabelecer  aliança  com  a  sociedade civil para a conservação ambiental. O processo de crescimento da participação ora descrito foi semelhante no PDA, ProVárzea e ProManejo/Flona de Tapajós.   c. Participação da sociedade civil no âmbito do DC e das políticas públicas Como  examinado  anteriormente,  a  sociedade  civil  participou  na  formulação  e  execução  dos  projetos  de forma crescente. À medida que a sociedade consegue que seus anseios e aspirações sejam levados em conta no processo decisório, está construindo as bases para atender às suas reais necessidades. Interessa verificar, portanto, em que medida a sociedade, ao participar conseguiu  influenciar decisões, adequar os projetos ao desenvolvimento comunitário, e assegurar continuidade mediante políticas públicas apropriadas.  Tem‐se que  (...) "No  início do PPG7 o caminho traçado  foi “preservacionista” e se dependesse do governo esta posição teria sido ampliada, mas a influência da sociedade civil, da questão agrária, a questão indígena e a  herança  de  Chico  Mendes  levaram  a  uma  mudança  importante  que  consistiu  na  compreensão  da importância do ser humano na conservação da natureza, pois no início os seus responsáveis eram imbuídos de  preconceitos  contra  a  presença  do  ser  humano  em  áreas  de  conservação  e  projetos  como  Resex, ProVárzea, ProManejo provaram  a  importância de  aproximar os  conceitos de  conservação  e de presença humana. Este foi um avanço enorme". 18  E (...) "Quando estava sendo desenhado o PPG7 interna e externamente, no âmbito dos doadores, dominava a  idéia de conservação  integral da  floresta tropical. Em 1992, não era possível  falar em uso sustentável da floresta. O PPG7 foi  implantado num momento histórico  importante em que começou a ser provado que o manejo florestal é possível, em que a sociedade e os ambientalistas se convenceram desta possibilidade e a contribuição do PPG7 para comprovar esta tese foi muito decisiva. Os recursos alocados pelo programa para instalar os projetos demonstrativos de manejo florestal, tanto comunitários, como com a  iniciativa privada, foram  fundamentais e  sem  tais  recursos possivelmente não  teria havida  tais demonstrações. A  tendência teria continuado sendo a proteção integral, a partir da pressão externa. Direta ou indiretamente o PPG7 está envolvido na consolidação do conhecimento sobre manejo flores‐tal, aportando recursos para capacitação, disseminação, encontros,  seminários e  formação de  rede de manejo  florestal. O  grande passo dado  foi  a compreensão de que as grandes ameaças à floresta não estão dentro da própria floresta, mas nas atividades que  propõem  acabar  com  a  própria  floresta,  provenientes  de  políticas  públicas  de  outros  setores,  como agronegócios, reforma agrária, hidrelétricas, estradas... Hoje é aceito que para conservar tem que usar". 19     ____________________ 18 Rômulo Barreto de Melo, ex‐presidente do Ibama. Entrevista.  19 Tasso Azevedo ‐ Diretor do Programa Nacional de Florestas do MMA. Entrevista.  

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Para  entender  a  evolução  do  PPG7,  favorável  ao  DC,  basta  examinar  alguns  exemplos.  O  desenho  do ProManejo  era  totalmente  diferente:  o  nome  era  florestas  nacionais  e  visava  fortalecer  o  Ibama  no desenvolvimento de flonas. Muitos eventos, reuniões, seminários, com a participação da sociedade civil mos‐traram que era mais conveniente orientar o projeto para uma política de manejo florestal mais amplo, que permitisse demonstrar o uso sustentável, a geração de renda, base para o DC.   O Projeto Resex era apenas um  componente  do  Projeto  Florestas  Nacionais,  mas  a  pressão  dos  extrativistas  conseguiu  que  fosse desmembrado, como projeto específico, possibilitando estabelecer estratégias próprias para promover o DC no meio extrativista.  Os documentos consultados provam uma mudança  importante. Os projetos  formulados a partir do quarto ano de execução do PPG7 propõem objetivos diretamente voltados para o DC, para a melhoria da qualidade de vida.   O  desenho  do  Proteger  II,  projeto  elaborado  no  ano  2000,  quando  já  se  contava  com  cinco  anos  de experiências na execução do PPG7,  incluiu no  seu Manual Operacional objetivos bastante explícitos  sobre qualidade de vida e organização social:  

Contribuir  para  a  conservação  do  ecossistema  amazônico,  a  partir  da  disseminação  do  conceito  de sustentabilidade que faz da conservação ambiental uma oportunidade de melhoria da qualidade de vida das populações locais; e  

auxiliar a organização e a mobilização dos agricultores e agricultoras familiares, extrativistas e indígenas nas áreas atingidas pelo projeto. 

 O PDPI,  formulado na segunda  fase do PPG7 manteve uma  linha de desenvolvimento humano, declarando como objetivo “buscar sustentabilidade econômica, social e cultural para os povos  indígenas da Amazônia Legal,  associadas  à  conservação  dos  recursos  naturais  existentes  em  suas  terras”.  Percebe‐se  a  grande mudança em relação aos projetos formulados anteriormente, pois a procura do desenvolvimento sustentável é declarada explicitamente como objetivo a perseguir. De forma semelhante, o Subprograma Mata Atlântica (SMA) definiu como segundo objetivo “promover o desenvolvimento sustentável”. Temos aqui, a evidência da evolução ocorrida na formulação dos projetos.    Exemplo da participação da sociedade civil na formulação de projetos mais voltados para o DC foi colhido ao entrevistar  a  coordenação  do  projeto  Corredores  Ecológicos  no  Amazonas:  “O  projeto  conseguiu  ótima participação social e fez o diagnóstico da área de 42 milhões de hectares contando com a colaboração de 560 instituições. O projeto  se articula  com o Arpa que atua na área, para evitar a  sobreposição de ações. Foi elaborado o  Plano de Gestão do Corredor,  contando  com  a participação da  unidade de  coordenação, da Fundação  Vitória  Amazônica,  do  Ibama  e  do  Ipaam.  Hoje,  o  trabalho  leva  em  consideração  os  aspectos sociais, graças à influência do GTA. Trabalha‐se para criar um “corredor institucional”, isto é, para contar com o máximo de participação das instituições da área ou voltadas ao desenvolvimento sustentável”. 20  A partir de 2001, o  IAG contribuiu bastante para o  fortalecimento desta orientação de  influenciar políticas públicas,  os  relatórios  do  grupo  passaram  a  ser  divulgados  e  seus  conteúdos  foram  direcionados  para análises de temas vitais como a questão fundiária, o novo desenho de unidades de conservação, o PPA e as obras de infra‐estrutura, o Plano BR‐163 Sustentável. Sugestões da análise do PPA incorporadas pelo governo federal  em  vários  documentos  oficiais,  incluindo  o  Plano  de  Prevenção  e  Combate  ao  Desmatamento21 comprovam  assim  a  evolução  do  PPG7  que  passou  a  recomendar  prioridade  à  formulação  de  políticas públicas.  _________________________ 20 Jasy Abreu ‐ coordenação Estadual do Projeto Corredores Ecológicos/AM. Entrevista. 21 Idem, p. 31. 22 MMA/SCA  ‐  Instrumentos Econômicos para o Desenvolvimento Sustentável na Amazônia. HADDAD, Paulo; REZEN‐DE, Fernando. p. 11. Brasília, 2002. 

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d. Entraves para a participação Nesse processo de conquista de novos espaços pela sociedade civil, no âmbito do PPG7, é preciso também reconhecer que havia e há limitações estruturais, que dificultam a participação da sociedade:   1.  Enorme  força  de  outras  importantes  políticas  públicas  que  excluíam  a  participação  da  sociedade  civil, como a política monetária, a reforma agrária e a própria estratégia global de desenvolvimento. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) aparecia como uma  ilha, defendendo o desenvolvimento sustentável. Até hoje a situação persiste:  (...)  "Temos  consciência de que  as  iniciativas  tomadas pelo MMA  ‐ Programa Amazônia Fique Legal, Programa Amazônia Solidária, Proecotur e PPG7 ‐ não atingem o sistema econômico regional. As políticas públicas que permitem  instaurar as condições  imprescindíveis para o desenvolvimento sustentável na Amazônia  são definidas e executadas  sem a participação do MMA e, em alguns  casos,  sem  considerar critérios ambientais e sociais". 22   2. A  falta de  integração entre os diferentes projetos  limitou a  capacidade de  influência da  sociedade  civil organizada,  à  medida  que  dispersou  suas  forças  para  poder  atender  múltiplas  frentes  de  trabalho desarticuladas.   A sociedade civil  teve que se desdobrar para atender a  inúmeros diagnósticos,  reuniões e encontros que, até certo ponto, eram repetitivos em cada projeto. A integração poderia ter sido conseguida mediante uma coordenação mais forte do PPG7 que forçasse a cooperação e articulação entre os projetos. Houve uma tentativa de corrigir esta falha criando a Comissão de Coordenação Conjunta, em 1999, mas esta medida pouco contribuiu para a integração real dos projetos.  Em 12 anos de atuação, o PPG7 ainda não conseguiu a  integração dos projetos,  fato que continua dificul‐tando uma participação mais coordenada e estratégica da sociedade civil. Por outra parte, não foi feita uma análise crítica para verificar as possibilidades de tal integração, e que leve em conta as áreas geográficas de atuação de cada projeto e da falta de uma coordenação estadual do PPG7, catalisadora deste propósito.   3. Possivelmente, a maior dificuldade que a sociedade civil encontrou para influenciar as decisões foi que as mais  importantes  precisavam  passar  por  várias  instâncias.  Como  chegar  aos  vários  doadores,  ao  Banco Mundial, às várias  instâncias do governo, à coordenação do projeto e à secretaria técnica? Onde encontrar número suficiente de "voluntários" com tempo suficiente para acompanhar todos esses processos?   e. Formas de participação Tanto as entrevistas como a análise dos documentos permitiram observar dois tipos de participação: formal e informal. Inicialmente, a Comissão Nacional de Coordenação não abriu espaço para decisões conjuntas com a sociedade civil. Apenas em 1999 essas organizações da sociedade civil realmente passaram a influenciar as decisões mediante a criação da Comissão Brasileira de Coordenação, com três vagas para a sociedade civil. A partir  de  então  a  participação  formal  passou  a  ter mais  importância.  Seus  representantes  foram muito atuantes  e  respeitadas  suas opiniões, porém, mesmo  assim  as decisões desta Comissão não  chegavam  a influenciar diretamente os projetos, cujas decisões eram tomadas no nível do próprio projeto.  A  Comissão  ocupava‐se mais  da  etapa  de  elaboração  e  aprovação  dos  projetos.  No  caso  do  SPRN,  por exemplo, a participação das organizações da sociedade civil na Comissão do Projeto não  foi muito efetiva, porque  embora  tivesse  poderes  deliberativos,  a  Secretaria‐Executiva  do  Subprograma,  durante  os  quatro primeiros anos de execução, não lhe deu este poder. Ali eram definidas apenas questões muito gerais. Já nos estados a participação foi mais efetiva por meio de grupos de trabalho e por meio do Conselho Estadual de Meio  Ambiente,  espaços  onde  a  sociedade  civil  prestou  e  presta  grandes  contribuições. Nos municípios também foi aberto espaço formal à sociedade civil nos fóruns e conselhos municipais de Meio Ambiente.  Já no âmbito dos projetos, suas comissões abriram mais espaços para efetivar a participação da sociedade civil, que passou a energizar a execução, como foi o caso do PDA, PPTAL, ProVárzea e ProManejo.  Entretanto,  foi de maneira  informal que a  sociedade  civil  conseguiu mais  influenciar as decisões especial‐mente  em  reuniões  com  os  tomadores  de  decisão,  apresentando  documentos  e  reivindicações.  Eram 

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reuniões  a  portas  fechadas  ou  solicitações  durante  eventos  públicos,  ou  então  contatos  com  pessoas sensíveis que ocupavam postos de comando no PPG7 ou em instituições parceiras. As secretarias técnicas e coordenadorias  dos  projetos  ora  citados,  inúmeras  vezes  atenderam  as  reivindicações  recebidas  nesses documentos, ou então, atenderam à convocação de reuniões informais para discutir propostas, às vezes com intervenção do próprio MMA/SCA. Este testemunho foi prestado por entrevistados.  f. Lições aprendidas sobre a participação A análise da participação da sociedade civil na tomada de decisão nos projetos permite  inferir estas outras observações:  

Todos  os  projetos  recomendaram  a  participação  da  sociedade  civil  e  criaram  comissões  para  tomar decisões,  incluindo membros da  sociedade civil. Entretanto, estas medidas não  foram  suficientes para uma  verdadeira  participação.  Na maioria  dos  casos  estas  comissões  só  tratavam  de  assuntos muito genéricos.  Por  exemplo,  sobre o  repasse de  recursos  financeiros,  apenas no  PDA o Comitê  Executivo tinha este poder.  

A conjuntura histórica, em tese  foi muito  favorável à participação na tomada de decisões por parte da sociedade  civil  porque  as  organizações  ambientais  e  sociais  tinham  respaldo  popular  e  o  governo precisava deste respaldo, pois era um momento de redemocratização e era necessário ouvir a sociedade. Mesmo nas situações mais difíceis sempre houve pessoas favoráveis à participação; no caso da Funai o grupo favorável à participação é que veio a coordenar o Projeto. Na prática, entretanto certas estruturas de governo, como os ministérios da área econômica e do planejamento estratégico foram refratários à participação  social. Na Amazônia  alguns  governos  tiveram  sempre  as organizações da  sociedade  civil, especialmente as ambientalistas, como contrárias ao desenvolvimento econômico.  

A participação da sociedade civil foi possível onde esta fez pressão e para tanto precisou de certo grau de organização. Onde aquela não existiu, não houve participação.   

A pressão foi mais forte onde a sociedade vislumbrava a possibilidade de melhorar as condições de vida (DC),  como é o  caso do PDA, PPTAL, Resex  I, ProVárzea, ProManejo, PDPI e Proteger.  Inicialmente,  a sociedade não teve esta percepção, por exemplo, em relação aos projetos de C&T ou do SPRN. 

  O  espaço  para  a  sociedade  civil  participar  dependeu  muito  da  compreensão  dos  técnicos  que coordenavam os projetos. No caso do Resex I a equipe tinha experiência com desenvolvimento comuni‐tário;  já no caso de C&T os técnicos não tinham experiência no trabalho com comunidades; e faltaram técnicos com esta experiência nos primeiros anos do SPRN. Outras vezes, a própria entidade executora como um todo não tinha experiência de trabalho com a sociedade civil organizada. 

  A abertura de espaços para a sociedade civil participar nas decisões aconteceu à medida que os respon‐sáveis pelos projetos passaram a perceber que  trazendo a  sociedade  civil para a  tomada de decisões, estas ganhavam respaldo, ao tempo que o projeto era desenhado e  implementado atendendo às reais necessidades do grupo. 

  A participação da sociedade civil na tomada de decisões exige dotação orçamentária para capacitação, organização, deslocamentos, atividades de campo... apenas o Resex I tinha dotação própria para isto. O PPTAL  também  fez  um  grande  esforço  para  capacitar  os  índios,  melhorando  assim  seu  grau  de participação na tomada de decisões. A experiência positiva do Resex  I mostrou a  importância de  fazer esforços  específicos  para  que  as  comunidades  adquiram  a  capacidade  de  participar  na  tomada  de decisões. O  simples  repasse de  recursos  financeiros para  as organizações não  significa que  estas  vão adquirir a capacidade decisória. Aparentemente a participação aumenta os custos de um projeto, isto é real no início, mas compensa pelos resultados que serão alcançados no futuro. O PPTAL também fez um grande  esforço  para  capacitar  os  índios, melhorando,  assim,  seu  grau  de  participação  na  tomada  de decisões.    

 

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As  vantagens  da  participação  da  sociedade  civil  na  gestão  dos  projetos  não  se  reduzem  ao  respaldo político  e  ao  atendimento  das  reais  necessidades,  pois  incluem  também  os  conhecimentos  e  capaci‐dades das pessoas. Por exemplo, no PDA esta participação permitiu uma seleção de entidades a  finan‐ciar mais justa, assegurando o sucesso do investimento, ou então evitou erros, devido ao conhecimento que as pessoas tinham dos municípios. Cálculos para a demarcação de terras  indígenas só puderam ser feitos graças à presença de índios nas instâncias decisórias. Os custos de demarcação das áreas das resex baixaram  muito  porque  seus  moradores  participaram,  indicando  nomenclatura  das  localidades, identificando limites e opinando sobre a melhor metodologia a ser aplicada em cada circunstância. Outra vantagem é que os próprios tomadores de decisão podem participar da mobilização e conscientização no momento  da  execução  daquilo  que  foi  decidido.  A maioria  dos  trabalhos  de  caráter  comunitário  do Resex  I, PPTAL, ProManejo, ProVárzea, Proteger  II precisou de muita mobilização, e esta  foi promovida facilmente porque os representantes tinham participado da decisão. 

  Uma das principais vantagens da participação é que ela é o verdadeiro caminho para o  fortalecimento das  organizações  locais  e  formação  de  lideranças,  objetivos  que  não  se  alcançam  com  a  simples capacitação ou transferência de recursos financeiros. Um projeto ao permitir a participação nas decisões e  investir na  capacitação alcança aqueles objetivos. A participação é uma espécie de capacitação  “em serviço”.  

  A participação pode aumentar alguns gastos iniciais e até atrasar um pouco a execução, devido ao tempo gasto nas negociações participativas, mas o ganho é  incalculável devido ao  trabalho voluntário que  se agrega. O atraso causado pela participação está na ordem direta ao grau de conhecimentos e experiência das organizações; daí a  importância de prever  recursos para capacitar  sobre  formas de participação e prever seus custos.  

  A participação das organizações da sociedade civil na execução dos projetos apresentou limitações, entre as  quais  se  destaca  a  falta  de  informações  reais  na  elaboração  do  projeto,  provocando  erros  na execução, como o desconhecimento do mercado, falta de assistência técnica e máquinas mal dimensio‐nadas. Outra falha muito comum, especialmente na execução de projetos do PDA foi a falta de gestão, pois a entidade  foi  financiada porque tinha uma boa organização, mas  isto não significa capacidade de gestão. Mais uma vez fica comprovado que as pessoas devem ser capacitadas para que sua participação seja eficaz.  

Alguns  projetos  conseguiram  implementar  estes  três  passos  ‐  a  conscientização  ambiental,  a  capa‐citação e a organização ‐ para poder alcançar a verdadeira participação, base para a gestão social e para o  próprio  processo  transformador  da  sociedade.   O mais  importante  é  que  estes  passos  foram  per‐corridos não em ambientes acadêmicos, mas na realidade concreta de cada comunidade. 

  Importante ressaltar, também, que a participação da sociedade civil não se limitou a consultas ou fisca‐lizações, mas foi criado um diálogo entre os diferentes atores que permitiu definir o rumo dos projetos. 

 2.2.3. Melhoria de renda A renda é fator determinante para introduzir mudanças que melhorem a qualidade de vida e é formada por todos os ganhos auferidos pela família. Nesse caso, é preciso  levar em conta que todos os elementos ‐ que suprem  as  necessidades  familiares  evitando  despesas monetárias  ‐  também  são  componentes  da  renda, como, por exemplo, quando a  família  supre  suas necessidades alimentares, habitacionais e de  transporte com  meios  próprios.  Fazem  parte  da  renda  os  benefícios  econômicos,  entendidos  como  "os  ganhos relacionados com a redução de custos de produção, o  incremento da dieta familiar, a redução de despesas com saúde e a redução de gastos com alimentação." 23   ______________________ 23 MMA ‐ PPG7 ‐ Estudos da Amazônia: Avaliação de Vinte Projetos PDA. p. 71.  

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 A questão a renda é tão importante que 64% dos entrevistados sugeriram ações para o seu fortalecimento em programas futuros semelhantes ao PPG7. Esta foi a sugestão que recebeu maior número de adesões.  A partir  da  conceituação  acima  é  possível  constatar  que  todos  os  projetos  direcionados  às  comunidades trouxeram elevação de  renda. Cumpre, então, analisar  indicadores de melhoria da qualidade de vida que permitam inferir a melhoria de renda.  Deve‐se  levar em conta o testemunho dos beneficiários que ‐ por ocasião das avaliações dos projetos Mata Atlântica, PDA, PPTAL, PDPI, Resex, ProVárzea, ProManejo e Proteger ‐ afirmaram ter conquistado melhores condições  de  vida,  perceptíveis  nos  aspectos  que  foram melhorados  pelos  projetos.  Este  testemunho  é corroborado pelos próprios avaliadores independentes, como consta nos relatórios:  

Conhecimento  ‐ as capacitações  trouxeram conhecimentos sobre diversificação da produção,  transfor‐mação para agregação de valor, organização para alcançar economia de escala, elevação da qualidade para melhorar os preços que incidem diretamente na melhoria de renda. 

  Organização ‐ as comunidades passaram a constituir associações e cooperativas para buscar eficiência da produção, a comercialização, o beneficiamento dos produtos, trazendo ganhos sensíveis na renda.  

Novas  tecnologias  ‐  as  comunidades  implantaram  sistemas  agroflorestais  (SAFs),  sistemas de manejo florestal  e  de  manejo  de  recursos  aquáticos;  conheceram  e  passaram  a  implantar  piscicultura,  a apicultura,  a melhoria  genética  de  pequenos  animais  (galinhas  e  suínos);  passaram  a  produzir  couro vegetal,  folha  de  defumação  líqüida  (FDL),  palmito  industrializado,  castanha‐do‐brasil  tipo  dry; começaram a utilizar despolpadeiras de frutas e frigorificação das mesmas, máquinas de beneficiamento do arroz, casas de farinha melhoradas e engenhos para produção de rapadura; conseguiram melhorara a qualidade  do  artesanato  e  chegaram  à  produção  sofisticada  de  instrumentos  musicais.  Tudo  isto significou agregação de valor e melhoria de renda. 

  Diversificação da produção  ‐ aqui o ganho  foi  significativo, pois, em muitas  comunidades a economia girava em torno, apenas, da farinha de mandioca; visando a melhoria da renda, os projetos apoiaram as famílias no plantio de cacau, guaraná, café, fruteiras, hortaliças, na criação de pequenos animais como galinhas e suínos ou introduziram a piscicultura e apicultura. 

  Redução  de  custos  de  produção  ‐  com  a  introdução  de  tecnologias  foi  possível  abaixar  custos  de produção que  incidem na melhoria de  renda,  como a não utilização de agrotóxicos, a diminuição das capinas, o beneficiamento, transporte e comercialização conjunta da produção.  

  Redução de despesas  ‐ produção de  itens de  custo  alto para  a  família  rural,  como o  café, o peixe,  a carne. 

  Introdução do crédito rural  ‐ além dos recursos  financiados pelo PPG7 nos diferentes subprogramas e projetos, as comunidades acessaram recursos de crédito dos programas Prodex e Pronaf com o objetivo de aumentar a produção e a renda.  

Exploração  de  recursos  não‐madeireiros  ‐  os  projetos  apoiaram  o  incremento  da  renda mediante  a exploração de castanha‐do‐brasil, borracha, andiroba, copaíba, açaí, pupunha, palha, cipó e madeira para artesanato.   

  Saneamento básico  ‐ em muitas comunidades, por meio de  trabalhos coletivos e apoio das entidades especializadas,  foi possível melhorar os hábitos higiênicos  e melhorar  a  captação de  água  e  construir privadas  higiênicas,  com  repercussão  direta  sobre  a  melhoria  na  saúda  e  aumento  da  renda  para produtividade no trabalho.  

_______________________ 24 MMA ‐ PPG7 ‐ Estudos da Amazônia: Avaliação de Vinte Projetos PDA. p. 50.  

 

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Habitação ‐ vários projetos conseguiram constatar nas suas avaliações que houve sensíveis melhorias nas habitações, com construções em madeira, em vez de palha; com o apoio de um programa específico do Incra, todas as casas dos moradores das reservas extrativistas estão sendo melhoradas. 

Segurança alimentar ‐ foi alcançada não só pela diversificação da produção, mas, também, por meio de outras medidas  como os acordos de pesca nos  lagos e  rios, a  introdução de  sistemas de  captura am‐bientalmente corretos que permitiram o aumento da disponibilidade de alimento.  

  Meios de  transporte  ‐ boa parte das  comunidades melhorou  seus meios de  transporte, o que  incidiu diretamente no escoamento da produção e na obtenção de melhor preço, o que  leva ao aumento da renda.  

  Utensílios domésticos  ‐ nos 12 anos do PPG7, muitas famílias obtiveram meios para adquirir utensílios fundamentais  como  fogão  a  gás,  geladeira,  armário,  cama, mesas,  televisão  com  antena parabólica  e bateria, e aparelho de som. 

 Os projetos demonstrativos (PDA) ‐ implantados na Mata Atlântica (44) e na Amazônia (144) ‐ na sua maioria foram  direcionados  para  demonstrar  a  viabilidade  do  aumento  da  renda  e  alcançaram  seu  objetivo.  "O aumento  de  renda  é  um  resultado  concreto  que  aparece  claramente  em  relatórios  sobre  20  projetos avaliados na Amazônia. Mas há,  também, ganhos econômicos  com  redução de  gastos  tanto na produção quanto na casa; e ganhos em alimentação e saúde que as comunidades valorizam muito". 24 

  Aumento do valor mediante a certificação orgânica do café (Simonésia/MG);  ganho adicional com a comercialização direta da banana (Ivaporunduva/SP);  comercialização direta de produtos agroecológicos (Apremavi/SC);  ecoturismo, com pousadas e locais de pesque‐pague (Apremavi/SC);  organização e comercialização coletiva e agroindústria (Centro Ecológico/RS);  classificação das ostras e marca regional para aumentar valor (Cananéia/SP);  aumento da produção de erva‐mate com nova tecnologia (AS‐PTA/PR);  supressão de agrotóxicos e diminuição em 40% da mão‐de‐obra no trabalho com café (Simonésia/MG);  abastecimento de lenha (combustível) mediante poda do SAF‐Reflorar (Recôncavo Baiano/BA);  geração de 40 novos empregos (APA ‐ Ouro preto do Oeste/RO); e  os tanques de peixes são a caderneta de poupança (Cametá/PA). 

 A avaliação de projetos PDA  (12 na Mata Atlântica e 20 na Amazônia) corrobora as afirmações anteriores, exemplificadas nos itens a seguir:   A sistematização de experiências  feita pelo PDA  revela os  resultados da comercialização com venda direta pelos produtores  ‐  coordenada pelo  Centro de Desenvolvimento Agroecológico  Sabiá  ‐, na  feira de  Serra Talhada (PE) e no bairro das Graças, em Recife (PE), mediante o Espaço Agroecológico: houve elevação média da renda mensal dos participantes em 192%, durante quatro anos, sendo que alguns produtores alcançaram um percentual de 378% de aumento em suas rendas. A  renda mensal evoluiu, por exemplo, de R$ 240,00 para R$ 1.200,00; ou de R$ 600,00 para R$ 1.300,00 e de R$ 200,00 para R$ 1.000,00.  As  iniciativas  tomadas pelo Resex  I  certamente  incidiram na melhoria de  renda:  instalação de 21  cantinas comunitárias  com  um  fundo  rotativo  de  R$  540  mil  para  evitar  lucros  abusivos  dos  intermediários; construção de 36 armazéns comunitários para assegurar a qualidade da produção; para agregação de valor  ao produto  foram  instaladas 170 unidades de beneficiamento  ‐ mandioca  (72), borracha  (65),  grãos  (19), rapadura  (12), palmito  (uma) e castanha‐do‐brasil  (uma);  implementação de 734 hortas comunitárias, 123 novos galinheiros e 35 pocilgas;  implantação de 72  viveiros  com  a produção de 200 mil mudas, especial‐mente de frutíferas.       De  forma semelhante, o ProManejo  implantou 35 projetos produtivos para melhorar a renda das  famílias: nove projetos na Flona do Tapajós, no valor aproximado de R$ 2,5 milhões, e 26 projetos nos estados da Amazônia, no valor de cerca de R$ 8 milhões. Os projetos foram direcionados ao manejo florestal, comuni‐

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tário e de uso múltiplo. O ProManejo também financiou 42 projetos de capacitação e organização social para o manejo florestal, visando à melhoria de renda, no valor aproximado de R$ 4,6 milhões.  O ProVárzea não limitou seus objetivos aos cuidados da fauna e flora, mas contribuiu de forma efetiva para a melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas. O trabalho de ordenamento pesqueiro mediante os “Acordos de Pesca” foi um processo educativo que motivou o desenvolvimento comunitário e deixou em vários  lugares comunidades organizadas e com planos para melhorar as condições de vida. Estas  iniciativas comunitárias  de  desenvolvimento  sustentável  priorizaram  a  gestão  participativa  dos  recursos  naturais  da várzea,  buscando  a  melhoria  de  renda.  Houve  concentração  de  projetos  e  de  esforços  que  muito contribuíram  para  o  DC  em  Gurupá  e  Santarém  (Pará),  e  municípios  do  Alto  Solimões,  Silves  e  Tefé (Amazonas).  O ProVárzea, por meio do Componente Iniciativas Promissoras, financiou 16 comunidades, com o montante aproximado de R$ 3 milhões, para  incrementar a renda mediante o manejo de recursos naturais de várzea.   Financiou,  ainda,  oito  projetos  de  capacitação  e  organização  para  o manejo  sustentável  dos  recursos  de várzea, no valor aproximado de R$ 1,3 milhão e um projeto de turismo ecológico no valor de R$ 635 mil.    O Projeto Negócios Sustentáveis  (PNS) potencializou vários grupos e atores  sociais para melhorar a  renda promovendo  as  seguintes  iniciativas  formação: de  arranjo  institucional para  central de  cooperativas, pes‐quisas de mercado, estudos de viabilidade econômica, apoio a comercialização, melhoria na apresentação e divulgação  de  produtos,  apoio  à  gestão  empresarial,  promoção  de  feiras  de  produtos  e  intercambio  de experiências entre produtores, apoio a iniciativas promissoras a ao artesanato regional.  O  Projeto Mata  Atlântica  implantou,  em  varias  comunidades,  SAFs  com  fruteiras  tropicais,  cacau  e  café, fazendo, também, recuperação agroflorestal de nascentes. O testemunho das pessoas entrevistadas mostrou um alto grau de satisfação devido à segurança alimentar conquistada e a diversidade econômica conseguida. Ressalte‐se que esses trabalhos foram apoiados com a produção de mudas.  No PPTAL houve um grande esforço para que a intervenção do PPG7 não fosse simplesmente a demarcação, mas  incluísse  a  capacitação,  o  planejamento  e  a  execução  de  projetos  complementares  voltados  para  a melhoria das condições de vida, daí a complementação do PDPI com projetos demonstrativos para atividades econômicas sustentáveis, valorização cultural e fortalecimento institucional das organizações indígenas.   Em depoimento tem‐se que (...) "O Programa conseguiu melhorar a qualidade de vida das comunidades onde atuou, na medida em que houve ganhos na saúde, na renda, no manejo dos recursos naturais, na qualidade ambiental,  na  consciência  política,  organizacional  e  ambiental,  na  formação  de  capital  social mediante  a capacitação de muitas lideranças e na aquisição de conhecimentos trazidos pelos repetidos cursos. A maioria das atuais lideranças foi formada pelo PPG7 e está até ocupando cargos no governo. Naturalmente que ainda há muita pobreza em comunidades onde o Programa atuou como no Cautário e Pedras Negras  (RO), mas quem conheceu tais lugares antes da intervenção do Programa poderá perceber que muita coisa melhorou." 25  Ainda nesse sentido, (...) "Quanto ao desenvolvimento comunitário o PPG7 influenciou mudanças que foram iniciadas  por  pequenos  projetos  que  vão  provando  a  viabilidade  das  inovações, mesmo  numa  estrutura regional extremamente concentradora de  terras e de oligarquias. Pode‐se afirmar que o Programa aplicou uma estratégia diametralmente oposta àquela aplicada pela Sudam  (apoiou apenas grandes  investimentos distantes da cultura e da economia local, que fracassaram totalmente). O PPG7 foi às bases, às comunidades e conseguiu mudanças. Provou que é possível criar riqueza na Amazônia."26     ________________ 25 Carolina R. da Costa Dória, vice‐presidenta da Ecoporé. Entrevista.  26 Rômulo Barreto de Melo, ex‐presidente do Ibama. Entrevista. 

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2.2.4. Capacitação e formação de lideranças comunitárias  A  capacitação  é  outra  etapa  indispensável  para  a  construção  da  gestão  social  e  38%  dos  entrevistados afirmaram que a capacitação foi o melhor resultado do PPG7 capaz de promover, nas áreas onde atuou, o desabrochar de uma nova mentalidade, mais  favorável ao desenvolvimento  sustentável. Algumas pessoas afirmaram  que  foi  formada massa  crítica  e  capital  humano  capazes  de  dar  continuidade  ao  esforço  pela sustentabilidade. Outros disseram que este foi um dos melhores investimentos do PPG7 e que se não tivesse sido assim, bem poucos resultados teriam sido alcançados.   É  válido  tecer  algumas  considerações  sobre  a  capacitação  e  conscientização  ambiental  porque  todos  os projetos tiveram ações voltadas para tal, em função de que era uma necessidade que vinha à tona no início de qualquer atividade. As populações beneficiadas pelo PPG7 geralmente moravam  isoladas dos meios de comunicação e como tal, precisavam de muita informação e capacitação.  Todos  os  projetos  examinados mostram  que  os  beneficiários  precisam  de  intensiva  assistência  técnica  e permanente  capacitação.  E  que  o  principal  papel  da  assistência  técnica  deve  ser  facilitar  a  tomada  de decisões, sem tirar das comunidades o poder de efetivar as escolhas.  A  necessidade  de  priorizar  a  capacitação  e  conscientização  aparece mais  clara  quando  são  sintetizados alguns dados sobre o tema:  

Onde  foi  implantada  a  quase  totalidade  dos  subprojetos,  a  capacitação  foi  dificultada  pela  dispersão populacional, aliada à falta de meios de comunicação e transporte eficientes.  

As entidades e programas educacionais existentes são insuficientes para atingir essa população.  

Avaliações de programas  implantados na região concluíram ter sido a falta de conhecimentos,  isto é, a falta de capacitação dos produtores uma das principais causas do fracasso de muitos projetos.  

Avaliações do ProVárzea e do ProManejo recomendam a capacitação como instrumento para assegurar bons resultados em qualquer projeto na Amazônia.   

Por  ocasião  da  avaliação  dos  projetos  PDA,  as  ONGs  e  os  beneficiários  de  projetos  consideraram prioritária a  capacitação em aspectos ambientais,  tecnológicos e gerenciais; e atribuíram a destruição dos recursos naturais à falta de conhecimentos, isto é, falta de informação/capacitação.   

É  pertinente  salientar  que  uma  análise  mais  aprofundada  das  políticas  públicas  na  Amazônia  tem demonstrado  a  suficiência  de  instrumentos  de  gestão  ambiental,  porém  alicerçados  em  ações  de comando  e  controle,  comprovadamente  ineficazes  para  conter  a  destruição  ambiental.  Os  analistas concluem que não é suficiente contar com uma ótima  legislação ambiental e com todo um aparato de repressão e fiscalização, pois o que está faltando é educação ambiental para que as pessoas mudem seu comportamento  e  se  transformem  em  defensores  do  meio  ambiente.  Estas  mudanças  são  obtidas apenas por meio da conscientização e capacitação. 

 Na Mata Atlântica existem algumas diferenças, pois, nessa  região, a maioria das pessoas deseja a  conser‐vação da  floresta remanescente, mas  faltam tecnologias para aumentar a produtividade nas áreas antropi‐zadas, evitando avanços sobre aquelas que ainda conservam seus recursos naturais.  Tomando como base que o ponto de partida para capacitar deve ser o conhecimento das necessidades do beneficiário do projeto,  foi  feito um esforço para assegurar a participação, a  fim de  levar em conta os co‐nhecimentos da comunidade e respeitar seus desejos. A evolução do PPG7, na busca de maior participação social,  formulou e executou projetos voltados  totalmente para o campo da mobilização  social e educação ambiental,  como  ocorre  com o  Proteger  II,  que  buscou  trabalhar  a  formação  de  lideranças  de  entidades locais. Por sua vez, as  lideranças multiplicariam a  formação para outros atores com o objetivo de prevenir incêndios florestais e promover práticas sustentáveis de produção (puxiruns ambientais).  

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O Proteger atingiu mais de 54 mil pessoas, a partir da realização das seguintes atividades:  

28 seminários de capacitação de monitores com 650 participantes;  150 reuniões municipais com 2.900 participantes;  1.087 cursos locais para 34.713 participantes;  2.656 visitas domiciliares e contato com 10.624 pessoas;  125 puxiruns ambientais com a participação de 3.982 pessoas;  26 visitas de intercâmbio de experiências positivas para 642 pessoas; e  29 seminários sobre produção sem fogo com 696 participantes. 

 O  Resex  I  capacitou  1.718  famílias,  200  lideranças  e  137  Agentes  Ambientais  Voluntários  abrangendo aspectos  diversos,  como  gestão  das  associações,  participação  social  e  cidadania,  técnicas  agroecológicas, tecnologias para melhorar a qualidade da produção e agregar valor ao produto, associativismo e coopera‐tivismo, gênero, liderança e solução de conflitos, vigilância e fiscalização das reservas. O projeto considerou de tal importância a capacitação que, na proposta original para o Resex II, solicitou‐se a instalação de centros de formação em cada reserva extrativista.  O reconhecimento da necessidade de capacitação, por parte do SPRN, fez com que este subprograma criasse um  programa  específico  para  tal:  o  Programa  de  Capacitação  Ambiental  (PCA)  que,  implementado  entre 1999 e 2003, promoveu cerca de 450 cursos e treinamentos e atingiu, diretamente, mais de 10 mil pessoas. Dando  continuidade  a  essas  ações,  estão  sendo  implementados  os  programas  estaduais  de  Capacitação Ambiental (Peca).  O PDPI visualizou a necessidade de  formar  lideranças com conhecimentos mais abrangentes e montou um curso  com duração de um  ano para  formação de  gestores de projetos  indígenas. Executou,  também, um amplo  programa  de  capacitação  para  acompanhamento  indígena  das  demarcações  e  implementação  de ações de vigilância e proteção das terras indígenas.   Praticamente  todos  os  beneficiários  dos  projetos  PDA,  ProVárzea  e  ProManejo  participaram  de  vários eventos de conscientização e capacitação. Pode‐se até afirmar que quase todos os subprojetos financiados por  esses  projetos  continham  componentes  de  capacitação  e  conscientização.  A  partir  do  número  de projetos  financiados e  contando os  seminários, oficinas e  cursos, o PDA  realizou mais de 200 eventos de capacitação. Além de 42 projetos de capacitação e organização social patrocinados pelo ProManejo, no valor aproximado  de  R$  4,6 milhões,  foram  realizados muitos  seminários  e workshops  para  compreensão  das estratégias de manejo  florestal.  "De 1999  a 2004, o ProManejo havia  capacitado e  sensibilizado  cerca de 4.600 pessoas, na Amazônia Legal, a partir da pratica de 'dias de campo', palestra e seminários." 27  

Os  inúmeros eventos de  capacitação patrocinados pelo ProVárzea  sempre  tiveram  a marca do  "aprender fazendo" à procura de modelos de gestão desse rico ecossistema onde tudo estava por ser feito. Tratava‐se de descobrir e consolidar sistemas para o uso sustentável. O projeto todo foi uma aprendizagem contínua.  No subcomponente co‐gestão, boa parte das ações era de capacitação junto ao Grupo de Trabalho de Várzea (GTV), aos agentes ambientais voluntários  (AAV), à Unidade  Integrada de Defesa Ambiental  (Unida) ou às associações e conselhos municipais.     

A análise dos dados apresenta elementos muito positivos:  

Graças ao grande empenho na capacitação pode‐se constatar que a consciência ambiental, a vontade de participara na conservação do meio ambiente, o esforço para fazer uso sustentável dos recursos naturais cresceu muito tanto na Mata Atlântica como na Amazônia. 

    ______________________________ 

27  MMA ‐ PPG7 ‐ Série Estudos 3. p. 19. 

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Nas  comunidades  onde  o  PPG7  atuou  por  vários  anos  foi  possível  estabelecer  um  diálogo  que  com‐preendeu diagnóstico da  realidade  rural,  construção  coletiva de projetos  (planejamento), acompanha‐mento da execução  (monitoramento) e medição de  resultados  (avaliação), visando um melhoramento contínuo. Há exemplos no ProManejo, ProVárzea e Resex I. 

  A maioria dos participantes dos eventos de capacitação foi formada por lideranças comunitárias. 

  A  capacitação  atuou  como  instrumento  de  apoio  aos  projetos  nas  suas  várias  etapas,  como  a  sensi‐bilização das pessoas, construção de objetivos comuns, identificação de áreas de atuação, construção de parcerias, execução participativa do monitoramento e avaliação. 

  Foram procedimentos  eminentemente práticos,  a partir de  realidades  concretas, de  troca de  saberes com pessoas que vivenciavam situações concretas. 

  Como a capacitação era direcionada às comunidades e a grupos sociais específicos, foi possível praticar uma aprendizagem social e coletiva, formando, assim, uma “comunidade de aprendizagem”. Os grupos ocuparam posições centrais nas práticas educativas ‐ encontros, identificações, trocas e buscas de solu‐ções alternativas para problemas comuns  ‐ e estabeleceram compromissos solidários entre as pessoas envolvidas no processo, em busca dessas  soluções compartilhadas. É normal esperar que as  “comuni‐dades de aprendizagem”,  isto é, os diversos grupos que foram capacitados nas comunidades amadure‐çam e assumam o papel de colaboradores na gestão dos recursos naturais e no próprio desenvolvimento comunitário. 

 2.3. Construção de lideranças em um projeto coletivo de desenvolvimento O  terceiro elemento  fundamental do DC é o planejamento, entendido  com movimento  capaz de  levar ao alcance de uma situação desejada de um modo eficiente e eficaz com o maior aproveitamento de esforços e recursos disponíveis. O planejamento requer conhecimento da realidade (diagnóstico), propósito de mudar para melhor esta  realidade por meio de programas e projetos  (estratégias) que  levem ao  futuro desejado (visão  de  futuro),  organização  para  dar  suporte  à  operacionalização  das  estratégias  e  integração  de programa, projetos e instituições.  Considerando que o PPG7 não tinha como objetivo montar e executar uma estratégia de DC, a atuação na construção de um projeto coletivo de desenvolvimento foi limitada. Na Flona do Tapajós (ProManejo) e nas resex, chegou a ser elaborado um plano de desenvolvimento local. Com apoio do ProVárzea e do ProManejo várias  comunidades  elaboraram  planos  setoriais  comunitários  e  o  SPRN  contribuiu  em  alguns municípios para a construção da Agenda 21 Local. Houve, também, atuação nos campos da organização e da integração, a seguir examinadas.   2.3.1. Organização para a construção de um projeto coletivo  O amadurecimento do processo mostrou que não bastava o conhecimento e a capacitação para participar na gestão social, mas  ficou evidente que os  representantes da sociedade civil precisavam de  legitimidade, do respaldo das suas comunidades. Então surgiu a necessidade de  investir no  fortalecimento  institucional, na organização social, aspecto que  infelizmente não foi suficientemente entendido por alguns doadores e por isso  o  fortalecimento  institucional  teve  restrições  em  alguns  projetos.  A  sociedade  civil  não  consegue participar na gestão social, tomando decisões legítimas e válidas para toda a comunidade se não existir certo grau de organização. É necessário, portanto investir na organização e no fortalecimento institucional. 

    _______________________ 28 MMA ‐ PPG7 ‐ Construindo a Sustentabilidade: Lições Aprendidas no Programa Piloto. p. 7. Junho de 2002.  29 MMA ‐ PPG7 ‐ Relatório de Progresso 2001 ‐ 2004. p. 37. 

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Desde o  início o  PPG7  sentiu  a necessidade de  fortalecer  a organização  social  e de  imediato  financiou  a estruturação e operacionalização das redes GTA e Mata Atlântica que se tornaram parceiras  indispensáveis para a implantação de vários projetos. Ambas as redes tiveram um crescimento exponencial e uma melhor atuação local. O GTA chegou a se organizar em 18 unidades regionais. Mais recentemente foram aprovados projetos para Apoio  Institucional das redes que abrigam 257 entidades na Mata Atlântica e 600 no GTA, as quais buscam defender, preservar, conservar e recuperar as florestas tropicais.   A necessidade de investir na organização social, para a conservação e uso sustentável dos recursos naturais, também  foi mais bem  compreendida  ao  longo da  execução do PPG7 que  "propiciou o  fortalecimento da sociedade  civil  da  Amazônia  e  da Mata  Atlântica,  incentivando  a  participação,  na  gestão  ambiental,  de setores historicamente excluídos das discussões sobre políticas públicas. A participação das suas redes, que reúnem cerca de 800 entidades, tem contribuído para os avanços na implementação de políticas orientadas para o desenvolvimento sustentável no país”. 28  Tem‐se, ainda, que  (...) “Os estudos  realizados pelo PDA  sobre projetos da Amazônia e da Mata Atlântica destacaram a maior freqüência de benefícios relacionados com o fortalecimento organizacional, incluindo a participação em fóruns de decisão política e o aumento da capacidade de proposição”. 29 O reconhecimento dos benefícios da organização social fez com que o ProManejo, em 2004 ao iniciar a segunda fase lançando os editais para implementação incluísse a temática "apoio aos processos de organização comunitária para o manejo florestal”. 29  Graças ao trabalho na organização comunitária ou com comunidades organizadas o Proteger tem contribuído para a construção da governança social para a região amazônica, mediante o fortalecimento da participação e do protagonismo de base local, com ênfase em gênero e na formação continuada de lide‐ranças. Devido a essas experiências positivas, o Proteger  II enfatiza, como um dos seus objetivos "auxiliar a organização e a mobilização  dos  agricultores  e  agricultores  familiares,  extrativistas  e  indígenas  nas  áreas  atingidas  pelo projeto".  2.3.2. Integração interinstitucional para o DC

A  integração  interinstitucional deve  ser um dos principais  resultados da  construção do projeto  coletivo. É uma condução fundamental para o DC e todas as autoridades na matéria afirmam que, embora seja este o elemento mais necessário, comumente é relegado a segundo plano. É necessário, portanto, examinar o que aconteceu no caso do PPG7.  A análise dos documentos e a própria organicidade do PPG7 permite inferir que, de um modo geral, não foi dada muita importância à integração interinstitucional. A análise da execução dos projetos deixa a impressão de que o Programa se considerou auto‐suficiente e não precisou integrar‐se a outras ações, coordenadas por outras esferas da administração pública, voltadas para o desenvolvimento das regiões de florestas tropicais. Apenas tardiamente houve preocupação de  integrá‐lo a outros programas executados no âmbito do MMA. Apenas  em  2004, devido  às  crises provocadas pelos  crimes  ambientais  cometidos na  região do  “Arco do Desmatamento”, e devido à decisão de pavimentar a estrada BR 163 é que se pensou em articular ações do PPG7 com outros ministérios.  Esta falta de orientação  integradora  limitou o alcance de todos os projetos executados. Pode‐se  imaginar a eficácia  dos  investimentos  realizados  se  tivessem  sido  integrados  programática  e  operacionalmente  aos realizados pelos Ministérios da Integração Nacional, do Desenvolvimento Agrário, da Educação, da Saúde, do Desenvolvimento Social, bem como aos programas e projetos estaduais e municipais. Infelizmente a visão foi outra,  a  de  suprir  o  Estado  onde  ele  não  atuava,  tentando  solucionar  apenas  determinados  entraves, deixando suposta‐mente para outras áreas do Governo, sem prévio pacto cooperativo, a solução dos demais problemas impeditivos do DC.  Em que pese esta falha do PPG7, no dia‐a‐dia dos projetos, nos municípios e até nos estados, por imposição às vezes da própria conjuntura, às vezes por  iniciativa da  lucidez dos executores, houve ações  integradoras 

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de programas e projetos sem alcançar, porém, a repercussão necessária em nível do programa, por se tratar de casos pontuais.  

 O Projeto Resex I, por exemplo, buscou integração com a Secretaria do Patrimônio da União, Procuradoria da República e Incra para promover a concessão de uso das áreas das reservas extrativistas aos seus moradores. Buscou ainda integração com entidades oficiais e privadas responsáveis por comercialização, para facilitar a venda dos produtos florestais não‐madeireiros. Mediante inúmeras negociações conseguiu que o Ministério da Educação  levasse para as reservas extrativistas o programa Escola Ativa e chegou a negociar uma grade curricular específica para as escolas de filhos de extrativistas.   Com o Ministério da Saúde negociou o apoio da Funasa, que passou a melhorar os serviços sanitários e de captação  de  água  nas  reservas  extrativistas.  Com  o  Incra  foi  feita  integração  para  que  este  Instituto reconhecesse  as  famílias  moradoras  das  resex  como  beneficiárias  dos  programas  de  reordenamento fundiário, estendendo a elas os benefícios dos assentados da reforma agrária. Observa‐se, entretanto, que estas integrações de ações foram alcançadas mais pelo contato direto entre os executores das atividades, do que por uma negociação interinstitucional de integração programática. 

 Resultados  semelhantes  foram alcançados pelo ProVárzea, ProManejo e PDA, pois durante a  implantação das  atividades  apareceram  as  necessidades  práticas  de  integração  de  ações  com  outros  programas, mas foram  integrações caso a caso, especialmente com  instituições ou programas estaduais. Houve até subpro‐jetos que para solicitar os  recursos ao PDA  justificaram os  investimentos mediante o compromisso de que programas e projetos dos governos  locais complementariam o ciclo de atividades financiadas; nem sempre esta integração foi concretizada. 

 O ProManejo também empreendeu ações de integração, mas como será visto a seguir, foram momentos de integração  e  não  um  processo  contínuo:  ação  conjunta  com  o  Incra  e MDA  para  definir  capacitação  de técnicos  nas  áreas  de manejo  florestal,  silvicultura,  recuperação  de  áreas  degradadas  e  agroecologia  em assentamentos  e para definir modalidade de  assentamento de  produção  florestal; parceria  com o  Fundo Nacional do Meio Ambiente para edital de  capacitação; para a  criação do  ‐ Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (Cenaflor) foi realizado um trabalho junto com a Fundação Floresta Tropical (IFT), KfW, GTZ, Bird, Governo do Acre, Senai‐MT,  Instituto Natureza Amazônica  (Inam),  Instituto de Manejo e Certificação Florestal  e Agrícola  (Imaflora),  Instituto  do Homem  e Meio  Ambiente  da  Amazônia  (Imazon),  Embrapa  e empresas ligadas ao ramo madeireiro como Cikel, Gethal, Mil Madeireira e Caterpillar. 

 O  ProManejo  conseguiu  integrar  várias  entidades  para  a  gestão  da  Flona  do  Tapajós,  como  associações comunitárias, Programa Saúde e Alegria (PSA), Ipam, sindicatos de trabalhadores rurais, prefeituras, Funasa e o 8º. Batalhão de Engenharia e Construção, do Exercito. No Conselho Consultivo dessa  flona  têm assento sete associações de moradores, um sindicato de trabalhadores rurais, cinco ONGs, três universidades, duas prefeituras,  a  Emater,  Embrapa  e  Ibama. No  estímulo  à  co‐gestão  o  ProVárzea  apoiou  novas  formas  de cooperação  interinstitucional  das  entidades  responsáveis  pela  fiscalização  e  pelo  controle  ambiental utilizando sempre métodos participativos. 

 Alguns documentos do PPG7 deixam transparecer uma vaga vontade integradora, recomendada nos fóruns e avaliações, mas  que  infelizmente  não  foi  traduzida  em  decisões  e  determinações  práticas.  Aliás,  houve inúmeros seminários, workshops, capacitações para equacionar aspectos relativos aos vários projetos, com a participação praticamente de todas as  instituições e ONGs voltadas para a questão ambiental, mas mesmo assim, após os eventos não aconteceu a integração programática e operacional.  ___________________ 30 MMA ‐ PPG7 ‐ GTA/Proteger ‐ Fazendo Gênero na Amazônia ‐ Ações pela Inclusão e Igualdade. 2005.  31 Idem. p. 9.   32 Idem. p. 10.   33 Idem. p. 18.   34 Idem. p. 22.   

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2.4. Outros elementos integrantes do DC As políticas públicas podem  ser  consideradas  como  resultantes do processo de desenvolvimento  comuni‐tário (DC), pois, à medida que a sociedade adquire autonomia por meio de processos participativos, passa a formular as políticas mais convenientes ao seu desenvolvimento. O DC, entretanto, será tratado em capítulo separado em função da ênfase que  lhe é dada no TdR. Transversalmente, vários temas fazem parte do DC. Serão  analisados  apenas  dois,  um  por  constar  no  TdR  (a  cultura  tradicional)  e  outro  pela  sua  atualidade (gênero).  

 2.4.1. Gênero e DC É  impossível pensar em DC sem pensar na eqüidade de gênero, elemento  fundamental para o verdadeiro desenvolvimento. Considerando que em 2005 o PPG7 patrocinou um estudo sobre o tema: “Fazendo Gênero na Amazônia ‐ Ações pela Inclusão e Igualdade" 30, são transcritas algumas conclusões:  "No PPG7, a abordagem das relações de gênero ocorre de maneira pontual em alguns programas e projetos. O Proteger destaca‐se no conjunto, pois vem pensando o papel das mulheres de forma estrutural. O Proteger revelou que há uma grande lacuna em termos de formação técnica para mulheres, especial‐mente nas áreas de produção e gestão de recursos naturais. Para os homens, cursos técnicos. Para as mulheres, cursos sobre saúde, numa permanente reprodução das convenções que, historicamente, operam a discriminação das um‐lheres.  Em  geral,  mulheres  também  não  são  vistas  como  gestoras  dos  recursos  naturais,  o  que  é  um equívoco. O Proteger, então,  investiu bastante na  formação  técnica de mulheres no  campo.  (...) Uma das estratégias adotadas pelo Proteger, nesse sentido, foi estabelecer uma cota para mulheres nos seus cursos de formação técnica. Há críticas contra as políticas de cotas, mas se a luta das mulheres não tivesse caminha‐do nesse sentido, não  teríamos assistido às conquistas que ai estão. É preciso entender que o  sistema de cotas é um ponto de partida, não de chegada. No caso do PDA, uma avaliação  recente de sua carteira de projetos  revelou  que muitos  sistemas  agroflorestais  (SAFs)  foram  implementados  sem  que  as mulheres tivessem sido ouvidas. Esse dado demonstra que as mulheres, freqüentemente, são desvalorizadas naquilo em que têm um papel importantíssimo: a segurança alimentar. Num projeto para a produção de alimentos, como os projetos de SAFs, as mulheres têm sido excluídas. "Trata‐se de mais um reflexo da separação entre o técnico e o doméstico, o primeiro visto como uma esfera de domínio masculino, vetado às mulheres." 31 

   “O ProVárzea  conta com uma experiência de microcrédito dirigido às mulheres. Essa é uma  iniciativa muito interessante, pois o acesso das mulheres aos recursos simbólicos e materiais em nossa sociedade é restrito." 32 

  “As  desigualdades  nas  relações  de  gênero  é  um  aspecto  importante  a  ser  considerado  em  todas  as etapas de execução das ações do PPG7. No entanto, grande parte dos  seus  subprogramas e projetos ainda não adota a abordagem de gênero.” 33 

  “De modo geral, gênero não é um  tema de  reflexão e não  conta com ações específicas no âmbito da gestão das equipes do PPG7. Carência que vai se refletir na execução de grande parte de seus subpro‐gramas e projetos.” 34 

  “Já no projeto Resex, não obstante as associações‐mães das reservas serem espaços de predominância masculina, pequenas associações de mulheres têm sido criadas a cada ano.” 35      

_________________________ 35 Idem. p. 23.   36 Idem. p. 24 37 Idem. p. 44 38 Muriel Saragoussi, secretária de Coordenação da Amazônia (SCA/MMA). Entrevista. 

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“De um modo geral, conclui‐se que o PPG7 não dispõe de uma política de estímulo à adoção de um olhar atento às relações de gênero, em suas ações em campo. O resultado das entrevistas revela que apenas um  terço  de  seus  subprogramas  e  projetos  apresenta  preocupação  e  interesse  pela  temática. Mas mesmo entre esses, as ações desenvolvidas com o fim de contribuir para a redução de desigualdades nas relações de gênero não são sistemáticas. Em grande parte dos casos, essas ações também decorrem da sensibilidade de alguns secretári@a técnic@, coordenadores/as, técnic@, não estando assim enraizadas na estrutura dos subprogramas e projetos.” 36 

 O documento apresenta quatro sugestões a serem incorporadas pelo PPG7:  

1. Criação  de  uma  linha  específica  de  projetos,  voltada  ao  fortalecimento  das  organizações  de mulheres; 

2. cento das mulheres, como agentes do desenvolvimento sustentável; 3. desburocratização das linhas de apoio a projetos de produção sustentável; e 4. adoção  de  estratégias  que  garantam  a  abordagem  de  gênero,  de  forma  estrutural,  em  todos  os 

subprogramas e projetos do PPG7. 37  2.4.2. Preservação da cultura tradicional  Entre uma das fortes afirmações registradas, tem‐se que (...) "É considerável o avanço que o PPG7 propiciou à valorização das populações e da cultura  tradicionais, chegando até a promover o debate e a adoção de medidas para valorizar as populações  tradicionais e  reconhecer seus direitos. Hoje as pessoas  têm menos vergonha de serem populações tradicionais".38  No mundo  inteiro é  reconhecido o  valor das  culturas  tradicionais  como uma  riqueza, uma diversidade na visão  e  interpretação  da  vida  que  encerra  muitos  conhecimentos,  muitas  vezes  restritos  a  pequenas comunidades. Ao mesmo tempo é reconhecido que esses conhecimentos vêm‐se perdendo velozmente com a destruição do habitat dessas populações, como é o caso das florestas tropicais. Neste caso a  importância da cultura tradicional diz  respeito especialmente aos conhecimentos que ela abriga sobre a conservação e utilização  sustentável  da  diversidade  biológica. Os  especialistas  na matéria  nos  dizem  que  essas  culturas abrigam parte considerável do saber sobre diversidade biológica conhecido hoje pela humanidade.  Muito sabiamente a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), no seu artigo 8º ‐ j,  estabelece que cada parte  contratante  deva:  “Em  conformidade  com  sua  legislação  nacional,  respeitar,  preservar  e manter  o conhecimento,  inovações  e  práticas  das  comunidades  locais  e  populações  indígenas  com  estilo  de  vida tradicionais relevantes à conservação e à utilização sustentável da diversidade biológica e incentivar sua mais ampla aplicação com a aprovação e participação dos detentores desse conhecimento, inovações e práticas; e encorajar  a  repartição  eqüitativa  dos  benefícios  oriundos  da  utilização  desse  conhecimento,  inovações  e práticas”.  No artigo 10, parágrafo c, a convenção determina que cada parte contratante deva “proteger e encorajar a utilização  costumeira dos  recursos biológicos de acordo  com as práticas  culturais  tradicionais  compatíveis com as exigências de conservação ou utilização sustentável”.  O PPG7, consciente do seu papel de proteção da diversidade biológica, conforme expresso nos objetivos de vários  projetos,  e  consciente  de  que  os  conhecimentos  tradicionais  representam  uma  riqueza  para  as comunidades  e  potencialmente  para  a  humanidade,  apoiou  a manutenção  das  culturas  tradicionais  nos vários projetos, entre os quais alguns eram específicos para atender populações tradicionais, o PPTAL, o PDPI e  o  Resex.  Mas  saliente‐se  que  outros  projetos  como  ProVárzea,  ProManejo,  PDA,  Proteger  também trabalharam com estas populações. Uma das metodologias foi a valorização da produção destas populações tradicionais mediante a busca de canais de comercialização e participação e até organização de exposições e feiras de produtos da floresta.  

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Entre  os  projetos  financiados  pelo  PDA,  ProVárzea  e  ProManejo,  vários  buscavam  valorizar  a  cultura tradicional,  aperfeiçoando  técnicas  tradicionais  como  o  manejo  de  recursos  florestais  e  faunísticos, meliponicultura, artesanato tradicional e beneficiamento de alimentos locais.    O  Projeto  Negócios  Sustentáveis  (PNS)  também  colaborou  com  o  fortalecimento  da  cultura  tradicional apoiando projetos de beneficiamento e de comercialização de frutas regionais, promovendo de varias formas a  meliponicultura,  a  comercialização  de  artesanatos  típicos,  o  processamento  de  copaíba,  andiroba  e murumuru, a criação de animais silvestres em cativeiro e o cultivo de plantas medicinais.    O ProManejo  ‐ além de apoiar diretamente  comunidades  tradicionais no  fortalecimento da  sua economia mediante o manejo sustentável  ‐ financiou atividades para manter e fortalecer a cultura  local, promoveu a publicação  de  livretos  e  cartilhas  com  o  objetivo  de  preservar  contos,  lendas  e  tradições,  bem  como  a história das comunidades. Esses conteúdos também foram gravados em CDs, com músicas feitas e cantadas por membros das comunidades locais.  O  ProVárzea  ‐  na  sua  estratégia  de  comunicação  ‐  divulgou  a  cultura  local  e  apoiou  publicações  que valorizassem  cantos,  histórias,  lendas  e  tradições,  contribuindo,  assim,  para  a  preservação  da  identidade local. Vale à pena mencionar a criação de uma coleção de publicações intitulada "Retrato Regional", entre as quais Amazônia: pescadores contam histórias, que resgata e documenta as "histórias de pescador".  Desde o  início da elaboração do PPG7  foi priorizado o atendimento às populações  tradicionais particular‐mente vulneráveis às  formas de ocupação e de exploração da  região; daí a prioridade nas negociações do PPTAL e Resex. Estes projetos atingiram a meta mais importante, garantir às populações tradicionais a terra, seu habitat,  condição  indispensável para que elas possam manter  viva  sua  cultura. Em  segundo  lugar, os trabalhos  realizados  pelo  PPG7  nessas  áreas  foram  planejados  e  executados  com  a  participação  das populações,  exatamente  com  o  objetivo  de  respeitar  sua  cultura.  O  Plano  de  Utilização  das  reservas extrativistas é um exemplo; ali constam as atividades que podem ser feitas e as que não podem ser feitas, conforme os usos tradicionais e o interesse na conservação dos recursos naturais.  Para  valorizar  a  cultura  tradicional mediante  a  ampliação  da  participação  indígena,  o  PPTAL  fomentou  e apoiou  o  acompanhamento  indígena  das  demarcações  das  suas  terras  e  a  vigilância  das mesmas.  Esta estratégia além de ampliar o conhecimento das terras vem fortalecendo a consciência política no sentido de conhecer seus direitos e de fortalecer os laços da coletividade.  Este projeto  também promoveu  levantamentos  etnoecológicos para  gerar  um  conhecimento  ambiental  e cultural integrado a ser aplicado pelas comunidades indígenas na gestão de suas áreas.  Avançando nesta mesma  linha da valorização cultural o PDPI executa curso com duração de um ano para a formação de gestores de projetos  indígenas, com participantes  indicados por organizações  indígenas. Uma análise sintética do PDPI mostra que entre as  linhas apoiadas, uma é voltada totalmente para as questões culturais:   

1. Valorização cultural 2. proteção das terras indígenas  3. acompanhamento nas demarcações. 

Outra  forma de  valorização  cultural das populações  tradicionais  incentivada pelo PPG7  foi  a  aplicação de métodos participativos no  trabalho de proteção e defesa dos  recursos naturais dos seus  territórios. Assim aconteceu  na  demarcação  de  terras  indígenas,  na  gestão  de  reservas  extrativistas  e  nos  projetos comunitários do ProVárzea e do ProManejo.   _______________________ 39 MMA ‐ PPG7 ‐ Arquivos: Relatório da XXII Reunião do IAG. 40 Muriel Saragoussi, secretária de Coordenação da Amazônia (SCA/MMA). Entrevista. 

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A análise do  IAG,  realizada no período de 25 de  julho a 12 de agosto de 2005, sobre o  tema: “Fomento a Atividades Produtivas Sustentáveis na Amazônia: O quadro atual, tendências e desafios” e sobre populações tradicionais concluiu: (...) "se por um lado, o fomento às atividades produtivas sustentáveis representa uma oportunidade  para  as  populações  locais,  por  outro  lado,  há  necessidade  de  garantir  a  sua  segurança fundiária, a promoção da sua organização social e produtiva, a garantia de seus direitos  intelectuais e seu acesso ao sistema financeiro”. 39    Seguindo  esta  recente  recomendação  do  IAG,  é  conveniente  dar  continuidade  ao  esforço  de  resolver  a questão fundiária das populações tradicionais, assegurando‐lhes seu habitat para que possam ser defendidas suas práticas de manejo sustentável da floresta, como vem acontecendo no PDPI, Resex, Promanejo (Flona do Tapajós) e ProVárzea (solução fundiária para as várzeas).  Outro  avanço  a  favor  da  cultura  tradicional  foi  a  participação  do  PPG7  em  trabalhos  promovidos  pela Coordenação Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, resultando em um documento que orienta,  com nova mentalidade os  serviços de  assistência  técnica que devem ser prestados às populações  tradicionais, com  técnicos qualificados que  respeitem e valorizem  sua cultura.  2.4.3. Conclusão: ações comunitárias características do PPG7  O desenvolvimento comunitário alcançado pelo Programa Piloto é mais visível em dois aspectos:   

A inclusão de populações na socioeconomia do país; e   

a organização dessas comunidades que estavam excluídas.   Dois depoimentos permitem delinear o alcance obtido pelo PPG7 em relação a esta questão: "Em relação  ao desenvolvimento comunitário houve avanços em todos os lugares onde atuou o PDA, até nas localidades onde atuou apenas na organização social. Todas as comunidades passaram a  ter um nível de vida melhor, palpável  na  melhoria  da  higiene,  do  aumento  da  produção,  da  diversificação  da  produção  ou  do comportamento em relação ao meio ambiente. É quase impossível verificar este melhoramento do ponto de vista da renda monetária por dois motivos: primeiro porque não houve uma avaliação inicial de marco zero, medindo a situação das comunidades antes do projeto e, segundo, porque a maioria das comunidades utiliza muito pouco a economia monetária". 40  

Outro depoimento afirma que  (...)  "Em parte não houve melhores  respostas no desenvolvimento comuni‐tário porque este processo depende muito da integração entre as políticas públicas, fator que não depende só do Programa Piloto. O principal vácuo para acontecer o desenvolvimento foi a falta de visão do Governo sobre a Amazônia, pois há uma grande discrepância entre o discurso e a prática, porque de um lado propõe o desenvolvimento  sustentável  e  do  outro  financia  grandes  programas  que  não  levam  em  conta  a  susten‐tabilidade ambiental. Estas grandes obras não dialogam com a questão ambiental, com o desenvolvimento do território. Não há diálogo porque a construção de agendas é um processo mais lento e difícil e porque por trás das aparências estão escondidos interesses econômicos e políticos de particulares." 41  Estes dois depoimentos  resumem a essência dos  resultados alcançados pelo PPG7, no âmbito do DC, uma vez que seu objetivo final é melhorar as condições de vida e em muitas áreas de atuação isto foi alcançado, como  prova  a melhoria  da  habitação,  da  higiene,  da  alimentação,  dos  conhecimentos  básicos  para  viver melhor, para produzir mais, para agregar valor aos produtos. Por outra parte foi aumentada a autoconfiança das  pessoas,  sua  capacidade  de  participar,  seu  espírito  gregário,  sua  vontade  de  conquistar  cidadania, autonomia, organização  social, ou  seja, o DC não pode  ser  visto  só  sob o ponto de  vista do  aumento de renda; este, como Muriel Saragoussi explica, é muito difícil medir. Seguramente não aumentou  _______________________ 41 Brent Milikan, ex‐coordenador do Projeto AMA. Entrevista. 42 MMA ‐ PPG7 ‐ Relatório de Progresso, 2001 ‐2004. p. 36.  

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significativamente, como diz Brent, porque faltou integração entre as políticas públicas, faltou a visão sobre a Amazônia. Existem entraves estruturais e conjunturais cuja superação não era papel do PPG7, como acesso ao mercado para comunidades que se encontram a centenas de quilômetros do consumidor; fornecimento de  infra‐estrutura  para  produzir  como  energia,  armazenamento,  transporte  para  juntar  a  produção  e máquinas para transformá‐la e agregar valor. 

 Por  se  tratar  de  um  programa  piloto, mesmo  que  seu  objetivo  fosse melhorar  as  condições  de  vida  das populações, seu enfoque era ambiental, de proteção, de diminuição do desmatamento e como tal contava com o pressuposto de que a  infra‐estrutura e demais exigências para possibilitar o DC seriam supridas pelo Governo.  Não  se  pode,  portanto,  responsabilizar  o  PPG7  pelo  desenvolvimento  das  comunidades  onde atuou, pois seu papel era apenas de colaborador, de apoiador desse processo.  A análise dos diferentes projetos  implementados pelo PPG7 permite afirmar que eles procuraram “contri‐buir”, “apoiar”, “fortalecer” setores econômicos ou camadas  sociais, apenas alguns componentes específi‐cos  da  comunidade, mas  não  a  comunidade  como  um  todo.  Isto  é,  o  PPG7  não  era  um  programa  de desenvolvimento  integrado,  local ou territorial. A contribuição para o desenvolvimento dirigia‐se sempre a um segmento da economia ou da sociedade. Mesmo nos casos em que trabalhou com áreas bem definidas, como  é  o  caso  do  Projeto  Resex  e  do  PPTAL,  os  investimentos  eram  direcionados  apenas  para  aspectos específicos.  Por  exemplo,  não  havia  recursos,  oriundos  de  outros  parceiros,  para  resolver  importantes problemas como saneamento, saúde, educação e infra‐estrutura de estradas, pontes, eletrificação...  Mesmo assim, os resultados obtidos permitem concluir que os projetos tiveram, na sua intencionalidade e na sua execução, espaços e momentos de “ações comunitárias”, entendidas como “as atividades desenvolvidas pelas comunidades a partir da tomada de consciência dos seus problemas, da organização para resolvê‐los, da utilização dos seus recursos e potencialidades, contando com a colaboração das entidades existentes”.     Embora tenham sido  identificados espaços onde o PPG7 executou ações comunitárias que  influenciaram o desenvolvimento comunitário,  isto aconteceu de  forma parcial. Segundo avaliação do PDA, deve ser consi‐derada  lição  aprendida  a  conclusão  de  que  “projetos  comunitários  com  caráter  inovador  demonstrativo necessitam de, pelo menos, dez anos de amadurecimento para gerar resultados concretos” 42. Nessa mesma avaliação, na maioria das consultas às comunidades, o maior benefício citado é o aprendizado e o estímulo ao  trabalho coletivo  ‐ “... os empreendimentos comunitários devem  respeitar o  ritmo de amadurecimento das entidades...” indicando assim a necessidade da “paciência pedagógica”.  É preciso  reconhecer que as ações comunitárias não chegaram a promover uma mudança substancial. Tal situação foi explicitada por um dos entrevistados com as seguintes palavras: “Todo o esforço do PPG7 com inúmeras pequenas experiências  contribuiu muito pouco para o  combate à pobreza, pois essas pequenas coisas não modificam o grande mercado. Um programa que pretenda modificar substancialmente a situação da Amazônia deve  ter  a ótica do mercado. A ótica do PPG7 era outra, que  a  solução estava  a partir das comunidades,  lá  dentro  da  floresta,  e  a  solução  está  fora.  A  verdadeira  solução  consiste  em  encontrar arranjos produtivos que liguem a cidade ao setor florestal. As pequenas experiências positivas devem ganhar escala e se transformar em políticas públicas." 43             ___________________________ 43  Alberto Góis, secretário de Estado de desenvolvimento Econômico do Amapá. Entrevista. 

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33.. PPOOLLÍÍTTIICCAASS PPÚÚBBLLIICCAASS  3.1. Influência do PPG7 na formação de políticas públicas

o tratar das questões estratégicas para o futuro do PPG7, o Documento para Discussão,   elaborado em agosto de 2004 pelo MMA, afirma que “existe um amplo consenso entre os parceiros do PPG7 de que, 

na  atual  fase de  implementação, o principal  enfoque deve  ser  a  consolidação de  iniciativas  inovadoras  e sistematização e aplicação de  seus  conhecimentos em outros  contextos, especialmente na  formulação de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável na Região Amazônica e na Mata Atlântica”. 44 Em que pese  toda  esta  preocupação  com  as  políticas  públicas,  ainda  não  se  alcançaram  avanços  significativos resultantes  da  influência  do  PPG7, mas  existe  a  esperança  de  que  isto  aconteça  com  o  apoio  do  atual governo.  O  insucesso  pode  ser  explicado  pelas  enormes  dificuldades  que  aparecem  para  consolidar  uma  política pública. O estudo  realizado pelo PPG7  sobre as  contribuições do  SPRN para  a descentralização da gestão ambiental no Acre constata que “embora houvesse uma expectativa por parte do governo federal, do Bird e dos países doadores de que o SPRN contribuísse efetivamente para a criação e  implementação de políticas públicas  ambientais,  os  parceiros  prioritários  do  SPRN  (os  órgãos  estaduais  de meio  ambiente)  possuíam sérias  limitações operacionais e pouco peso político. O SPRN somente apresentou progressos palpáveis nos estados nos quais havia interesse constante ou momentâneo entre as instâncias políticas superiores”. 45  Outra  explicação  plausível  é  que  a  correlação  de  forças  necessária  não  foi  prioridade  para  o  PPG7,  que devido à sua dimensão e pluralidade de ações no campo, dedicou  todas suas  forças à operacionalização e não dedicou  tempo à  interlocução com o setor agrícola, agrário, viário, energético, sanitário, educacional, como condição para assegurar sustentabilidade mediante uma orientação política mais adequada.   Faltou também a participação das instâncias superiores decisórias, como analisa o perito da GTZ/SPRN Hans Krüger:  “cuidou‐se  do  operacional  e  abandonou‐se  o  estratégico”.  Para  ele,  “poderia  ter  sido  criado  um projeto para o  âmbito  federal,  a  fim de  integrar melhor  a  ação dos órgãos públicos que participaram da implementação do projeto, e da relação destes com outros setores da administração, como os Ministérios da Agricultura  e  da  Fazenda”. Hans  Krüng  acredita  que  o  Programa  de Gestão  Ambiental  Integrada  (PGAI), principal instrumento de gestão do SPRN, “era um pacote vazio” porque o mesmo não foi capaz de articular atores  na  esfera  federal,  os  quais  deveriam  ser  capazes  de  suprir  a  falta  de  visão  estratégica  e  de comprometimento  político  que marcaram  a  execução  do  SPRN.  “Achamos  que  um  processo  estratégico poderia surgir dos próprios estados, agora vejo que a esfera federal tem que liderar”. 46  

O MMA  reconhece o  insucesso ao afirmar que “de maneira geral, a primeira  fase do programa contribuiu para a primeira Política Nacional para a Amazônia Legal e  inúmeras políticas ambientais restritas ao MMA. Por outro lado, pouco contribuiu para a inserção de princípios de desenvolvimento sustentável entre outras políticas e programas de desenvolvimento do governo, com fortes impactos sobre a ocupação territorial e a utilização  de  recursos  naturais  na  Amazônia.  Por  exemplo,  instrumentos  econômicos,  política  fundiária, programas de infra‐estrutura de transporte e energia, mantendo a tendência histórica de isolamento da área ambiental do governo. Esta situação, ao  lado de recursos técnicos financeiros compatíveis com seu caráter piloto, dificultou o alcance dos objetivos globais do PPG7, com destaque para a  frustração no objetivo de reduzir a  taxa bruta de desmatamento na Amazônia. A persistência de graves  incoerências entre políticas públicas dificultou, em muitos casos, o desempenho de projetos individuais do Programa Piloto.” 47 

  _______________ 44 MMA ‐ PPG7 ‐ Arquivos: Questões Estratégicas sobre o Futuro do Programa Piloto ‐ Documento para Discussão ‐p. 10. Versão 5/08/2004. 45 MMA ‐ PPG7 ‐ Série Estudos 5. p. 24.  46 MMA ‐ PPG7 ‐ Série Estudos 5. p. 25.  47 MMA ‐ PPG7 ‐ Arquivos: Questões Estratégicas sobre o Futuro do Programa Piloto ‐ Documento para Discussão ‐p. 8. Versão 5/08/2004.  

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Uma análise semelhante à constatação do MMA foi feita por um dos entrevistados: "O PPG7 não conseguiu fazer  articulação  com  a  formulação de políticas públicas que poderiam  ter mudado  a  situação da  região. Poderia ter contribuído para que as agências tradicionais que atuam na Amazônia tivessem adquirido uma nova visão das  florestas, mas, por exemplo, o  Incra, o Basa, a Emater  (atual  Idam) nunca  se preocuparam com  o manejo  florestal  e  as  agências  da  área  rural  sempre  tiveram  o  viés  técnico  dos  seus membros, geralmente agrônomos. O PPG7 tem que deixar de ser um programa e se transformar numa política pública, entrando no  âmago das  instituições  ajudando  a mudar o  Incra, o Basa,  a Emater. O PPG7 deveria  apoiar ações estratégicas como o licenciamento ambiental, para que o manejo se torne mais fácil que obter licença para desmatamento, e não como ocorre hoje, quando é mais  fácil desmatar que obter  licença de manejo florestal. O ProManejo não se articulou com o Estado, pois deveria ter acompanhado as políticas públicas do Estado e ir onde as coisas estavam acontecendo". 48  3.2. Processos desencadeados  É preciso também  levar em conta, primeiro, que a prática de determinadas políticas  leva à modificação de outras políticas implantadas na região. Neste caso pode‐se citar o PPG7 como sendo uma política pública de conservação das florestas tropicais e que ao exercitá‐la modificou a política de ocupação da Amazônia, pois permitiu a rápida apropriação de boa parte do território por parte de índios e extrativistas. A preocupação do PPG7 com a formulação de políticas públicas comprova‐se ao se examinar o SPRN que na verdade ajudou a criar  políticas  de  ordenamento  territorial  mediante  a  criação  de  condições  técnicas  para  seguir  uma metodologia  segura  e padronizada. A maioria dos  entrevistados  reconheceu  a  grande  contribuição que o Programa prestou nesta área, cuja definição é a base para o planejamento do desenvolvimento sustentável.  Os  projetos  que mais  evoluíram  empenhando‐se  explicitamente  na  preparação  de  novas  políticas  e  na influência das existentes são o Projeto Rede Rede Mata Atlântica, ProVárzea, ProManejo e o SPRN. A prática demonstrou,  posteriormente,  que  o  aspecto  fundamental  é  o  estímulo  à  participação  da  sociedade  na formulação das políticas  públicas,  incluindo  etapas de mobilização da população  para  que  construa uma visão  real do  seu  futuro, etapas de  convencimento dos  responsáveis pela  aplicação das políticas públicas para que entendam  sua  função  integradora do processo, e etapas que permitam o exercício das políticas públicas em articulação com programas e serviços existentes.   Essa descoberta implicou em percorrer etapas reforçando os espaços “formativos” dos projetos, mediante a multiplicação  de  eventos  educativos  como  reuniões,  encontros,  seminários,  workshops,  para  poder estabelecer pactos de convivência, de  integração e alianças de cooperação. O Subprograma Mata Atlântica (SMA) prioriza entre suas propostas “proposição e acompanhamento de ações e de políticas de preservação, conservação, recuperação e uso sustentável...” O Subprograma prioriza entre suas propostas “proposição e acompanhamento de ações e de políticas de preservação, conservação, recuperação e uso sustentável...”  O SMA acompanha o Projeto de Lei 3.285, de 1993 (Lei da Mata Atlântica), aprovado na Câmara dos Depu‐tados, e apoiou a criação do Grupo de Trabalho Mata Atlântica, com 20 membros de entidades públicas e privadas que debate  importantes  temas  relativos àquela  região, como áreas prioritárias para conservação, resultados da  força  tarefa Araucárias do  Sul  e  a elaboração do Programa Mata Atlântica. Apoiou  ainda  a criação do Grupo de Trabalho Araucárias‐Sul e da Força‐Tarefa Sul da Bahia. Incentivou o processo de gera‐ção de políticas públicas mediante vários eventos, entre os quais se destaca a Primeira Oficina de Articulação para  Intervir no  Plano  Plurianual  (PPA  2004‐2007)  que  incluiu  em  um  dos  seus  objetivos  “estabelecer  as bases de uma estratégia para a sociedade civil atuar no processo de elaboração do PPA".  

É importante salientar que o ProManejo não só buscou apoiar a formulação de políticas públicas, como evo‐luiu e implantou estratégias que servem para defender o bem público. O caminho para alcançar tais propó‐sitos foi percorrido mediante inúmeras capacitações objetivando consensuar aspectos fundamentais como a visão integrada da floresta incluindo produtos “madeireiros” e “não‐madeireiros”, ou então a visão de “ma‐nejo comunitário” ou de “planos integrados”, além do estabelecimento de bases jurídicas para a “Concessão de Uso da Floresta Pública”. ___________________ 48  Virgilio Viana, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas. Entrevista. 

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Outra conquista alcançada, com base no exercício de implantação do ProManejo foi a implantação do Grupo Interinstitucional  de  Monitoramento  da  Dinâmica  de  Florestas  da  Amazônia  Brasileira  e  da  Rede  de Monitoramento da Dinâmica de Florestas da Amazônia Brasileira, geradores de conhecimentos para a região. "Com o ProManejo mudou um pouco o quadro na Amazônia, começando pela própria postura do Ibama que investe no manejo  florestal das  flonas e a sociedade que acredita no manejo como resultado de  inúmeros debates e capacitações." 49  O  ProVárzea  trouxe  boas  contribuições  para  a  proposta  de  políticas  públicas  direcionadas  à  institucio‐nalização da gestão compartilhada dos  recursos pesqueiros. Constatou as deficiências de políticas públicas para os moradores de várzeas, pois os  investimentos nos  serviços  sociais básicos  são direcionados para a área urbana, ou para localidades de terra firme. Devido ao desconhecimento que o Estado tem das várzeas, não há políticas voltadas para o seu setor produtivo, nem sequer para resolver a questão fundiária. Nestes casos, as dificuldades são ainda maiores para a formulação de políticas adequadas.  Seu principal mérito  foi  ter  contribuído para  sistematizar processos de diálogo e negociação das políticas públicas.  Institucionalizou os acordos de pesca como  instrumentos de ordenamento pesqueiro –  Instrução Normativa do Ibama nº 9 ‐ e a figura do Agente Ambiental Voluntário ‐ Instrução Normativa do Ibama nº 19 ‐ Implementou  ainda  a  Unidade  Integrada  de  Defesa  Ambiental  (unida)  voltada  para  a  gestão  ambiental, espaço  de  cooperação  conjunta  entre  Governo  do  Estado  do  Pará  (Polícia Militar,  Polícia  Civil),  Ibama, Ministério Público Estadual e Federal, Capitania dos Portos e Prefeitura de Santarém (PA).  Os  estudos  realizados  pelo  ProVárzea  servem  também  para  subsidiar  a  elaboração  de  políticas  públicas específicas  para  a  várzea,  como  o  reconhecimento  oficial  da  ocupação  de  certos  territórios,  o  estabele‐cimento de período de  “defeso” para determinadas espécies da  fauna  aquática ou para ordenamento da pesca de outras.  “O processo de transformar estudos estratégicos da várzea em políticas públicas leva muitos anos. Para que os tomadores de decisão entendam a necessidade de mudar para políticas mais sustentáveis de apoio aos ribeirinhos, serão necessários mais uns dez anos”  (Marcel Viergever  ‐ coordenador do DfID).  50   Da mesma forma, o  Fortalecimento  Institucional  da  Rede GTA,  visando  a definição de políticas  públicas,  tem  contri‐buído com atividades como as descritas a seguir:  

Debates para assimilação do PPA 2004‐2007;  

consultas públicas para colher sugestões sobra o Projeto de Lei de Concessões Florestais;  

ação pública internacional para anular o registro irregular da marca “cupuaçu”, no Japão, Estados Unidos e Europa;  

ampliação  de  importantes  debates  para  a  região  amazônica  como:  grilagem  de  terras,  conflitos fundiários,  grandes  projetos  de  infra‐estrutura,  expansão  da  fronteira  agropecuária,  exclusão  digital, políticas rurais e defesa de conhecimentos tradicionais; e  

participação oficial em espaços definidores de políticas públicas como: Comissão Nacional de Florestas, Conselho  Internacional do Fórum Social Mundial, Comissão Nacional da Agenda 21, Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, Comissão Nacional de Biodiversidade, Fórum Brasileiro de ONGs. 

 3.3. Políticas públicas formuladas A  seguir  é  apresentada uma  síntese das políticas públicas que  foram  formuladas  contando  com  a  contri‐buição do PPG7.   _______________ 49 Antonio Carlos Hummel, secretário técnico do ProManejo e diretor de Florestas do Ibama. Entrevista. 50 Informativo JIRAU do ProVárzea nº 7. 2004. 

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          a. Política florestal   

Definição  do  Programa Nacional  de  Florestas  (PNF):  as  experiências  conquistadas  na  implantação  do ProManejo  serviram  de  base  para  estruturar  esse  programa,  que  se  configura  em  um  instrumento norteador da política  florestal. Durante mais de um  ano  foi estabelecido um diálogo e mútua  coope‐ração  entre  a  Diretoria  de  Biodiversidade  e  Florestas  no  MMA  e  o  ProManejo  na  formulação  do Programa. 

   Impedimento,  graças  à  atuação  do  GTA  e  RMA,  da  tentativa  de  Revisão  do  Código  Florestal  para aumentar  os  desmatamentos mediante  a  redução  da  reserva  legal.  Setores  ligados  ao  agronegócio iniciaram, no Congresso Nacional, uma campanha para modificar a lei, mas a sociedade conseguiu reagir e reverter o processo.     

Elaboração da Lei de Gestão de Florestas Públicas, nº 11.284, de 2/03/2006. O ProManejo não só serviu de  inspiração para formular os pontos essenciais da  lei, como contribuiu  financeiramente para estudos estratégicos, reuniões, consultas e trabalhos preparatórios.      

Criação  do  Programa  de  Crédito  para  o  Agroextrativismo  (Prodex)  objetivando  implantar  alternativas econômicas ao desmatamento. Esta foi uma conquista a partir das experiências do Resex I, do PDA com apoio do GTA. O Prodex  foi criado por voto do Conselho Monetário Nacional e passou a ser operacio‐nalizado pelo Basa. Financiou em torno de 10 mil agroextrativistas.  

Criação de  linha de crédito para exploração  florestal, o Pronaf Florestal e o Manejo Florestal Comuni‐tário, no Basa. Duas linhas de crédito totalmente negociadas a partir do ProManejo, com apoio do GTA e Proambiente, em inúmeras reuniões de trabalho, seminários e consultas populares. 

  Preservação e controle de incêndios florestais, com o Proteger, que conseguiu estabelecer metodologias e estratégias válidas para o controle de  incêndios  florestais, que podem  ser consolidadas em políticas públicas.  

Criação do Centro Nacional de Capacitação Florestal  (Cenaflor) que é uma  realidade e poderá  ser um ponto de referência para o manejo florestal.   

        b. Política de ocupação espacial  

Zoneamento Econômico e Ecológico/Georreferenciamento, uma política iniciada pelo SPRN nos estados, está formalmente consolidada e com legislação própria em cada um deles.     

Criação de novas unidades de conservação de uso direto, por influência do Projeto Resex. O PPG7 atuou em quatro reservas extrativistas (resex) apenas, mas os resultados positivos transformaram as resex em política pública de ocupação espacial. Hoje, existem cerca de 40 resex. Essa experiência inspirou a criação de  nova  categoria  de  unidade  de  conservação  ‐  a  reserva  de  desenvolvimento  sustentável  (RDS)  ‐  e motivou o Incra a criar os projetos de desenvolvimento sustentável (PDS).  

Reconhecimento da demarcação de novas terras  indígenas por  influência do PPTAL, ou seja, aquilo que era apenas uma experiência piloto transformou‐se em linha programática da Funai, que passou a alocar recursos próprios e estendeu a ação à maioria das terras indígenas. 

  Ocupação  nacional  de  várzeas  e  lagos  por  influência  do  ProVárzea:  nas  áreas  onde  atuou,  há  um verdadeiro ordenamento territorial e de recursos pesqueiros, mostrando o caminho para uma legislação que  formalize  a  experiência  como  política  pública.  Foi  criada  regulamentação mediante  portarias  do Ibama. 

  

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Lei  Estadual  de  Ordenamento  Espacial  do  Estado  do  Amapá:  esta  lei  está  orientando  a  ocupação territorial e foi gestada no âmbito do PGAI e Iepa, ao amparo do SPRN.   

     c. Política de proteção da Mata Atlântica 

  Criação  do  Subprograma  Mata  Atlântica  e  criação  do  PDA  Mata  Atlântica:  são  dois  instrumentos importantes como políticas regionais que nasceram e cresceram no PPG7.  

  Lei da Mata Atlântica, nº 3.286: até o momento da aprovação pela Câmara Federal, todos os trabalhos foram acompanhados pela Rede Mata Atlântica (RMA), com financiamento do PPG7. 

  Reconhecimento da RMA como interlocutor qualificado nos fóruns de discussão de políticas para a Mata Atlântica, como audiências, reuniões, e seminários, com capacidade de monitorar e influenciar processos legislativos e de políticas públicas, e de mobilizar a sociedade.   

            d. Política de gestão e educação ambiental  

Conscientização ambiental: "O conceito da sustentabilidade sócio‐ambiental se generalizou no estado e na sociedade". 51  

Planejamento integrado das questões ambientais, com maior ou menor sucesso nos diferentes estados: os estados assimilaram essa linha de trabalho como algo necessário.  

Sistema  de  Licenciamento Ambiental  em  Propriedades Rurais  (Slarp): o  SPRN  apoiou  este  sistema  de licenciamento que, iniciado no Mato Grosso, aos poucos caminha para se transformar em política pública para a Amazônia. Para consolidar essa  iniciativa  foi criado o Sistema Compartilhado de  Informações de Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais na Amazônia Legal (Siscom), em parceria com o Ibama.  

Fortalecimento do Ministério Público: sob o patrocínio do SPRN, o Ministério Público passou a trabalhar a questão ambiental como algo prioritário, formando um fórum regional para trocar experiências.   

Institucionalização, por meio de Portarias do  Ibama, do ordenamento pesqueiro mediante Acordos de Pesca. O fato de o Ibama emitir portarias é o reconhecimento ou formalização de uma  linha política de atuação.   

Institucionalização dos Agentes Indígenas Ambientais no Acre: o PPG7, por meio dos projetos PDA, con‐tribuiu muito  para  a  capacitação  dos  Agentes  Ambientais  Indígenas.  Hoje,  constituem  uma  política pública ao serem contratados pelo Estado que os reconhece como gestores ambientais: são 150 em 20 territórios indígenas e formam a Associação do Movimento de Agentes Ambientais Indígenas do Acre. 52  

Elaboração de Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), apresentado ao Bid, no  Acre, inspirado na atuação do SPRN e outros projetos do PPG7 no Estado.     

Criação  de  secretarias  e  conselhos municipais  de meio  ambiente,  planos  diretores  e  leis  ambientais municipais.   

           e. Política de fortalecimento da sociedade civil  

Criação dos  projetos GTA  e RMA:  as  duas  redes  constituem  forças  necessárias  para  a  formulação  de políticas públicas.  

_______________________  51 MMA ‐ PPG7‐ Arquivos: Relatório da XXIII Reunião do IAG. Agosto, 2005. 52 Renato Antônio Gabazzi, coordenador da Comissão Pró‐Índio (CPI), executora de projetos do PPG7. Entrevista. 

  

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IINNFFLLUUÊÊNNCCIIAASS  DDOO  PPPPGG77  NNAA  FFOORRMMUULLAAÇÇÃÃOO  DDEE  PPOOLLÍÍTTIICCAASS  PPÚÚBBLLIICCAASS  PPAARRAA  GGEESSTTÃÃOO  AAMMBBIIEENNTTAALL  NNOO  ÂÂMMBBIITTOO  FFEEDDEERRAALL    

  PPRROOJJEETTOO

SSUUBBSSÍÍDDIIOOSS PPAARRAA FFOORRMMUULLAAÇÇÃÃOO DDEE PPOOLLÍÍTTIICCAASS PPÚÚBBLLIICCAASS    

  Proambiente     Conscientização e fomento da organização social  

  PDPI    Colaboração interministerial 

  Pronaf Florestal   Colaboração interministerial  

  

IINNFFLLUUÊÊNNCCIIAASS  DDOO  PPPPGG77  NNAA  FFOORRMMUULLAAÇÇÃÃOO  DDEE  PPOOLLÍÍTTIICCAASS  PPÚÚBBLLIICCAASS  PPAARRAA  GGEESSTTÃÃOO  AAMMBBIIEENNTTAALL  NNOOSS  EESSTTAADDOOSS    

 UUFF

  SSUUBBSSÍÍDDIIOOSS PPAARRAA FFOORRMMUULLAAÇÇÃÃOO DDEE PPOOLLÍÍTTIICCAASS PPÚÚBBLLIICCAASS   

Acre   Institucionalização dos agentes indígenas agroflorestais  

Tocantins    Elaboração do plano de desenvolvimento sustentável para a região do Bico do Papagaio  

Pará      Criação da Diretoria de Desenvolvimento Local e Agricultura Familiar   

    

IINNFFLLUUÊÊNNCCIIAASS  DDOO  PPPPGG77  NNAA  FFOORRMMUULLAAÇÇÃÃOO  DDEE  PPOOLLÍÍTTIICCAASS  PPÚÚBBLLIICCAASS  PPAARRAA  GGEESSTTÃÃOO  AAMMBBIIEENNTTAALL  NNOOSS  MMUUNNIICCÍÍPPIIOOSS    

LLOOCCAALLIIDDAADDEE

UUFF

SSUUBBSSÍÍDDIIOOSS PPAARRAA FFOORRMMUULLAAÇÇÃÃOO DDEE PPOOLLÍÍTTIICCAASS PPÚÚBBLLIICCAASS

Cametá   PA   Institucionalização de acordos de pescaJuína   MT   Apoio municipal aos sistemas agroflorestais

 Apoio à elaboração e a criação do Código Ambiental do Município, pelo PGAICurralinho   PA   Parceria comercial com a Prefeitura Municipalitaituba  PA   Elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável   Ouro Preto d’Oeste   RO   Projeto de lei para doaçõesApremavi   SC   Licenciamento desburocratizado

Aimorés   MG   Lei municipal de recuperação ambiental

Torres   RS   Apoio a novos produtos agropecuáriosAntonina   PR   Criação de um pólo de agricultura orgânicaRecôncavo Baiano   BA   Criação de uma área de proteção ambiental municipal 

        

Criação de novos espaços para participação da  sociedade  civil,  tais  como  conselhos,  fóruns, entre outros. Alguns  conselhos estaduais de meio ambiente e o  fórum que os une passaram a existir  com o PPG7, e o mesmo ocorreu com vários conselhos municipais de meio ambiente. 

  Fortalecimento de associações e cooperativas mediante os projetos Resex, ProVárzea, ProManejo, PDA, PDPI e Proteger.       

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         f. Política de serviços públicos  

Incorporação, pela Funai, de metodologias para demarcação de terras a parir da experiência adquirida com o PPTAL.  

Incorporação,  pelo    Ibama,  da metodologia  de  gestão  de  flonas  e  de manejo  florestal,  a  partir  dos trabalhos no ProManejo.   

Incorporação,  pelo  Ibama,  da  decisão  estratégica  de  criar  Resex  e  criação  de  nova  modalidade  de unidade de conservação, por influência das Resex, a reserva de desenvolvimento sustentável (RDS).  

Reativação, pelo  Incra, da política de agroextrativismo mediante revitalização dos assentamentos agro‐extrativistas e criação dos assentamentos de desenvolvimento sustentável, por influência do Resex I.  

Criação da Ater Florestal, no Acre, um novo paradigma de extensão rural. Por  influência do SPRN e de outros projetos, o Estado percebeu a necessidade de  ter extensionistas especializados e dedicados ao manejo florestal. É o primeiro caso no país.   

Revitalização do  Instituto Estadual de Pesquisa do Amapá (Iepa), cujo diretor afirma: "O Programa con‐tribuiu não  só com  recursos materiais, mas  favoreceu um  clima de  trabalho que permitiu ao  Instituto consolidar sua metodologia e missão no estado, voltando suas pesquisas para servir à sociedade". 53 

  g. Políticas regionais  

Programa Amazônia  Fique  Legal: para prevenção e  fiscalização dos desmatamentos e das queimadas, reunindo Ibama, outras entidades do governo federal, forças armadas, governos estaduais, municipais e a sociedade civil.   

Programa Amazônia Sustentável  (PAS): em elaboração, mas com algumas diretrizes  incorporadas a ou‐tros planos.  

Plano de Desenvolvimento Regional para a Área de Influência da Rodovia BR‐163.  

Programa Amazônia: em formatação.  

A ministra Marina Silva afirmou que “a experiência acumulada do PPG7 tem servido de base para as políticas públicas do governo  federal para a Amazônia. O marco maior dessas políticas é o Plano Amazônia Susten‐tável  (PAS),  que  constitui  o marco  para  a  continuação  do  PPG7  e  que  irá  coordenar  as  ações  federais  e estaduais para o desenvolvimento  integrado da  região. É para o PAS que devem  ser direcionados  tanto o precioso  acúmulo  de  conhecimentos  sobre  como  lidar  com  a  Amazônia,  quanto  o  apoio  da  cooperação internacional.  O  compromisso  do  governo  é  que  o  PAS  estará  em  funcionamento  no  prazo mais  curto possível, ainda este ano no que depender do MMA e da Integração Nacional". 54  (...)   "O  desafio  enfrentado  pelo  PPG7  de  contribuir  para  a  construção  de  políticas  públicas  sustentáveis  na Amazônia a partir de suas experiências piloto, ainda se mantém como questão central a ser superada pelos diferentes participantes do Programa. A proposta do PAS  ‐ pensando como a  instância para generalizar as experiências do PPG7 ‐, embora constitua um modelo desejável de articulação de todas as políticas públicas para a região, demonstrou ainda ser  inviável na atual conjuntura político‐institucional. Apesar dos esforços de  implementar  uma  agenda  ambiental  transversal  no  governo,  alguns  órgãos  governamentais  a  quem caberia  promover  o  desenvolvimento  da  região  amazônica  em  bases  sustentáveis  o  fazem  de  forma subsidiária.  A  maior parte dos investimentos ainda é,  prioritariamente, voltada ao fomento das atividades  ___________________________ 53 Entrevista diretor do Iepa. 54 MMA ‐ PPG7‐ Arquivos: Relatório da XXIII Reunião do IAG. Agosto, 2005. 

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baseadas no modelo  tradicional de ocupação da  região, muitas  delas predatórias,  sem que  a  variável da sustentabilidade  socioambiental  seja  considerada. Parte das  instituições públicas não  leva em  conta prin‐cípios básicos da noção de sustentabilidade. Assim, projetos que utilizam  recursos naturais sem promover desmatamento  são  considerados  sustentáveis,  mesmo  quando  não  consideram  de  forma  adequada  as variáveis sociais e ambientais". 55  No âmbito das políticas públicas é  importante  salientar que o PPG7 mais  recentemente  tem  sofrido  ade‐quações com o objetivo de atender políticas emergenciais, como é o caso das decisões tomadas, em abril de 2005, pela Comissão Conjunta de Coordenação objetivando priorizar  apoio  ao Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a Área de Influência da Rodovia BR‐163 Cuiabá‐Santarém.  

 3.4. Proambiente  É  conveniente  comentar  alguns  aspectos  do  Programa  de Desenvolvimento  Socioambiental  da  produção Familiar Rural na Amazônia  (Proambiente), por  se  tratar de um exemplo de política pública  cujos passos, durante  a  formulação,  foram  apoiados  por  projetos  do  PPG7. O  Proambiente  foi  concebido  e  nasceu  no PPG7,  fruto  da  experiência  acumulada  pelo  PDA  e  SPRN,  e,  especialmente,  da  experiência  na  gestão  de reservas extrativistas e de assentamentos agroextrativistas que mostrou às famílias o potencial de  inserção nos mercados de  compensação ambiental emergentes,  induzindo a necessidade de  implantar um modelo agroecológico para o assentamento rural na Amazônia. A novidade do Proambiente, como política pública, é a  combinação de  instrumento  creditício  com  recursos a  fundo perdido oriundos da prestação de  serviços ambientais.  A  proposta  inclui  um  programa  intensivo  de  assistência  técnica  e  conscientização  ambiental,  além  da certificação, por  terceiros, da permanência e  validade dos  serviços  ambientais, os quais devem  ser  finan‐ciados, em parte, pelo mercado global de carbono. Com o Proambiente, o espaço rural amazônico adquire um novo papel perante a  sociedade: de  simples  fornecedor de produtos primários a produtor de serviços ambientais, valorizando o caráter multifuncional de produção com a conservação ambiental. Esse programa é, ainda, um processo em andamento cuja construção já dura mais de três anos.   Foram  realizadas várias  reuniões com  lideranças dos produtores  familiares da  região,  incluindo um grande seminário na cidade de Macapá (AP), em novembro de 2001, oportunidade em que se aprovou o documento intitulado  Proposta  Inicial  do  Proambiente.  A  partir  daí,  iniciou‐se  uma  seqüência  de  dez  seminários estaduais,  com  participação  de mais  de mil  lideranças,  além  de  consultas  a  especialistas  e  debates  com instituições internacionais.  O PDA cumpriu um papel fundamental no momento crítico de consolidação da proposta do Proambiente. O financiamento dos primeiros dois anos da equipe técnica do programa foi essencial para a consolidação da proposta e sua  inserção nas estruturas do MMA. A análise da criação do Proambiente pode  fornecer uma idéia sobre o prazo e os passos necessários à criação de uma política pública:  (i) a  formulação durou  três anos; (ii) aprovada a proposta em maio de 2000; (iii) passou a fazer parte do PPA 2004 ‐ 2007, em junho de 2003; e (iv) foi constituído como programa institucional do MMA, em janeiro de 2004.   O processo de construção e formatação definitiva ocorreu em 12 seminários estaduais e setoriais. Em 2002, foi constituído o Conselho Gestor Nacional do Proambiente, composto pela Contag, Fetagri, Fetagro, CNS, GTA, Coiab, Monape, Ipam, Fase, MMA, MDA, MIN, Embrapa, Basa e BNDES. O Grupo de Trabalho Intermi‐nisterial do Proambiente, criado em abril de 2003, representou compromisso ainda maior do governo federal com o programa. Nesse mesmo mês, houve a entrega da proposta definitiva do Proambiente ao governo federal. Em agosto de 2005, o IAG afirma que "pensando no papel da sociedade civil, em colaboração com o MMA,  o  Proambiente  representa,  provavelmente,  iniciativa  de  grande  potencial,  capaz  de  conectar, diretamente, produtores familiares e questões globais, e se tornar uma política pública de porte.” 56 _________________________ 55 Idem. Item 8. 56 MMA ‐ PPG7‐ Arquivos: Relatório da XXIII Reunião do IAG. Agosto, 2005. 

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3.5. Ações que podem ser transformadas em políticas públicas Considera‐se  que,  se  tivesse  havido  um  bom  trabalho  de  disseminação  das  boas  experiências  do  PPG7, algumas  teriam  se  transformado em políticas públicas,  seguindo o processo normal que parte da pressão social. Entre essas ações podem ser citadas:    

Ordenamento do território de várzeas e gestão dos seus recursos naturais. Há elementos suficientes para criar um arcabouço de políticas para este importante ecossistema. 

  Política de Compensação de  Serviços Ambientais  (CSA), por meio da  concretização  e  regulamentação oficial das propostas do Proambiente.  

  Metodologia de controle de incêndios florestais aproveitando as experiências do Proteger II. 

    Instituição do Sistema de Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais (Slarp) em todos os estados da Amazônia Legal, a partir da experiência de Mato Grosso. 

   Sistema de Assistência Técnica e Extensão Rural Florestal: criação por meio de lei e implantação em toda a região florestal.  

  Fundo  para  Produção  Sustentável  compreendendo,  também,  a  educação,  capacitação,  processos produtivos e comerciais, e gestão administrativa, aproveitando os ensinamentos do PDA/ProManejo e do ProVárzea, especialmente.   

   Ordenamento territorial que significa estabelecer um programa com fundos próprios para ampliação da ocupação  espacial  por  meio  do  modelo  reservas  extrativistas  (Resex),  reserva  de  desenvolvimento sustentável (RDS), projetos de desenvolvimento sustentável (PDS/Incra) e atendimento às terras  indíge‐nas mediante demarcação e recursos para produção sustentável. As experiências do Resex, PPTAl e PDPI devem ser ampliadas.   

 Além dessas propostas que derivam diretamente das experiências do PPG7, há outras que poderão contri‐buir para viabilizar e/ou apoiar as anteriores:  

 Reformulação dos incentivos fiscais para as regiões de florestas tropicais.  

Criação de um Fundo Verde, nos moldes da proposta da  senadora Marina Silva, podendo  ser uma das suas fontes determinado percentual do Fundo de Participação dos Estados e Municípios. O mérito dessa proposta é assegurar o caráter constitucional e, como tal, a sustentabilidade futura. 

  Regulamentar e sistematizar o trabalho em "territórios" e com enfoque territorial.  

  Elevar os municípios à  condição de ator principal do processo de gestão ambiental e desenvolvimento sustentável.  

3.6. Conclusão Em  que  pese  o  PPG7  não  ter  conseguido  influenciar,  de  maneira  notável  e  generalizada,  as  políticas estratégias para a Amazônia e a Mata Atlântica, houve esforço em patamares menores e bons  resultados foram alcançados até no próprio Programa: por exemplo, onde  ‐ sob  influência da  sociedade civil  ‐  foram criados  o  Subprograma Mata Atlântica  (SMA),  o  PDA  da Mata Atlântica  e  o  PDPI. A  própria  dinâmica  de execução  dos  projetos  alimentou  processos  geradores  de  políticas.  A  avaliação  dos  projetos  do  PDA  na Amazônia  e  na Mata  Atlântica mostrou  que  50%  conseguiram  algum  nível  de  influência  sobre  políticas públicas. 57 __________________ 57 MMA ‐ PPG7‐ Relatório de progresso 2001 ‐2004. p. 37. 

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O PPG7 prestou grande a contribuição à formulação de políticas públicas na Amazônia, como o ZEE, melhoria do monitoramento, fortalecimento do Ministério Público na área ambiental, manejo florestal, multiplicação de reservas extrativistas por influência do Projeto Resex e o lançamento do Programa Amazônia Legal, pelo MMA, que é fruto da experiência adquirida pelo PPG7. 58  Na entrevista acima  referenciada, menciona‐se as políticas públicas  importantes para a Amazônia que não chegam a ser estratégicas, nos sentido de provocarem mudanças substanciais, como seria uma política fiscal, tributária, de crédito especifico, uma política de ocupação territorial, uma política de fortes investimentos na área ambiental, de manejo de recursos florestais ou hídricos. Tal opinião é comprovada pela condução que tiveram os programas "Brasil em Ação" e "Avança Brasil", de 1996 a 2003, que ‐ na sua formatação ‐ sequer consultaram  o MMA,  situação  reconhecida  pelo ministro  Sarney:  "...  as  forças  econômicas  e  sociais  são interlocutoras privilegiadas na definição das políticas para a Amazônia...".   Mais adiante, depois de enumerar todos os programas e esforços que o MMA aplica à questão ambiental, o ministro  reconhece que  "...  temos  consciência de que essas  iniciativas não  atingem o  sistema econômico regional  (...) as políticas públicas de corte macroeconômico, aquelas que permitem  instaurar as condições imprescindíveis para o desenvolvimento sustentável  (...) são definidas e executadas sem a participação do MMA e, em alguns casos, sem considerar critérios ambientais e sociais". 59  

Situação  semelhante é encontrada em 2006, por ocasião das discussões  sobre a  formatação do Programa Amazônia: "Historicamente, os  investimentos em  infra‐estrutura na Amazônia,  (...) baseiam‐se em análises socioambientais  estanques  (...)  somente  nos  últimos  anos,  a  idéia  de  impactos  ambientais  vem  sendo discutida, mas ainda com poucos resultados práticos. Em conseqüência disso, a decisão sobre a construção de  infra‐estrutura na região tem se dado por meio de batalhas  judiciais e não pelo seu sentido estratégico dentro de uma visão de desenvolvimento sustentável." 60  

Muriel Saragoussi confirma: "A análise da  influência do PPG7 nas políticas públicas permite constatar que o Programa  foi um quisto dentro do governo. A partir de 1997, houve  tentativas para que o PPG7  fosse do governo, mas só com a gestão da ministra Marina Silva é que o Programa começa a ser visto como política pública. Um passo significativo nesse sentido foi o reforço que recebeu a Coordenação do PPG7, repassando os  projetos  para  as  áreas‐fins  dento  do MMA.  Começa  a  existir  uma  possibilidade  do  PPG7  influenciar políticas nacionais". 61    ______________________________________________________________ 58  Elke Urbanovicius Costanti, ex‐assessora da Coordenação Geral do PPG7. Entrevista. 59 MMA/SCA ‐ Instrumentos Econômicos para o Desenvolvimento Sustentável na Amazônia. HADDAD, Paulo; REZENDE, Fernando. p. 11. Brasília, 2002. 60  MMA/SDT ‐ Programa Amazônia ‐ Proposta para Discussão. Fevereiro, 2006. 61 Muriel Saragoussi, secretária de Coordenação da Amazônia (SCA/MMA). Entrevista. 

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44.. AAPPRREENNDDIIZZAADDOO EE DDIISSSSEEMMIINNAAÇÇÃÃOO DDEE CCOONNHHEECCIIMMEENNTTOOSS   necessidade de sistematizar as experiências vivenciadas nos projetos e disseminá‐las para multiplicar os resultados é uma recomendação constante em documentos e eventos do PPG7. Os projetos de  forma 

individualizada  produziram materiais mais  para  informar  sobre  o  andamento  dos  trabalhos  do  que  para “disseminar  conhecimentos”.  Houve  a  produção  de  bastante  material  “informativo”  e  quase  nada “formativo”.  Sobre  os  temas  desenvolvimento  comunitário  e  políticas  públicas  não  foram  produzidos documentos  orientadores  da  condução  desses  processos.  Faltou  perceber  que  a  disseminação  de conhecimentos  é  poder,  no  sentido  de  que  ela  potencializa mudanças  comportamentais,  cria  senso  de responsabilidade ambiental e motiva para a participação.  O material  produzido  pode  auxiliar  em  processos  de mobilização, mas  não  chega  a  sensibilizar  para  a mudança  comportamental,  uma  vez  que  desperta  apenas  o  interesse  das  pessoas  por  um  determinado assunto,  mas  não  cria  condições  favoráveis  para  que  a  mudança  de  comportamento  das  pessoas  e organizações  aconteça. Os materiais não ensinam  alguma prática  ambiental ou  economicamente  correta; servem apenas para  informar o que o PPG7 ou subprogramas e projetos  fizeram ou se propõem  fazer. Os materais poderiam ter mostrado a "lição aprendida",  isto é, o como fazer, a metodologia para replicar com sucesso as experiências. Faltou chegar a manuais operacionais e documentos que claramente mostrassem o caminho a ser percorrido.  Deveriam ter sido criadas então estratégias pedagógicas que mexessem com o lado da reflexão, da vontade, do querer: reuniões, trabalhos em grupo, distribuição e execução de tarefas, visitas a  lugares previamente escolhidos, intercâmbio de experiências. É o fato de querer mudar que faz com que as pessoas busquem as formas de viabilizar essa mudança.  Uma  vez  que  sempre  era  recomendado  disseminar  as  experiências  positivas,  deveria  ter  sido  criado  um grupo  ad  hoc  competente  e  experiente, para  sistematizar  as  experiências, montar uma  estratégia  e  criar instrumentos  apropriados  para  a  disseminação  dos  novos  conhecimentos.  Entre  esses  deveria  ter  sido utilizado  o  rádio,  com  programas  educativos,  por  se  tratar  do  meio  mais  comum  de  comunicação  na Amazônia, bem  como  ferramentas modernas  como  fitas de  vídeo, pois a  televisão é bastante  comum no meio rural.  O aprendizado e disseminação de conhecimentos gerados deveria ter sido organizado a partir, no mínimo, dos seguintes elementos:  

Cadastro de experiências exitosas;  

análise, estudo e sistematização de cada experiência e publicação da mesma;  

seminários e oficinas para divulgação das experiências;   

estudos para intercâmbio de experiências e realização dos mesmos;  

apoio financeiro para a replicação das experiências, com a produção de subsídios didático‐pedagógicos;   

trabalhos de campo; aquisição de materiais, deslocamentos, entre outros itens; e  

 manutenção de uma página na internet para disseminação de novos conhecimentos.  O  Proteger,  diante  do  desafio  de mobilizar,  conscientizar  e  sensibilizar  sobre  os  perigos  do  uso  do  fogo, optou por uma metodologia baseada na disseminação, mediante processos participativos que  levavam as pessoas a multiplicarem as mensagens. Um bom exemplo de disseminação foi a troca de experiências entre as comunidades e lideranças sobre práticas alternativas de produção sustentável, promovidas pelo Proteger, que  trabalhou muito  com material escrito de divulgação,  cartilhas,  cartazes, vinhetas para  rádios  comuni‐

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tárias, reuniões e visitas domiciliares. Utilizando  todos esses meios pode ter atingido em  torno de 120 mil pessoas, enfatizando a importância do uso controlado do fogo nas práticas agropecuárias.  A  disseminação  do  Projeto  de  Apoio  Institucional  à  RMA  avançou  publicando  os  trabalhos  Caderno  de Debate e Sustentabilidade Agenda 21  ‐ Mata Atlântica e a Avaliação do Esforço de Conservação, Recupe‐ração  e  Uso  Sustentável  dos  Recursos  Naturais  da  Mata  Atlântica.  Além  disso,  realizou  as  campanhas Desmatamento Zero e S.O.S. Araucárias, e criou o site da RMA, e produzir o boletim eletrônico e  impresso editado e distribuído semanalmente.  É  lamentável  que  não  tenham  sido  aproveitadas  todas  essas  experiências  positivas  criando  instrumentos para  multiplicá‐las.  É  significativo  observar  que  boa  parte  dos  entrevistados  lamentou  não  terem  sido disseminadas as experiências positivas do PPG7 visando, especialmente, a construção de políticas públicas.  O  Projeto  Apoio  ao  Monitoramento  e  Análise  (AMA)  ‐  criado  especificamente  para  disseminação  ‐  foi concebido  para  identificar,  sistematizar  disseminar  lições  e  outros  conhecimentos  adquiridos  no  PPG7, gerando subsídios para políticas públicas voltadas à conservação das  florestas  tropicais do Brasil. Todos os subprogramas  e  projetos  publicaram materiais  informando  o  andamento  das  atividades  e  os  resultados alcançados. O AMA procurou desempenhar esse papel de forma mais sistematizada.   Publicações sob a responsabilidade do AMA:  

Aplicação do Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações Geográficas no Monitoramento e Controle do Desmatamento na Amazônia Brasileira. MMA/SCA. PPG7. Brasília, 2002.  

Aprendizados do Projeto de Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea). Série estudos nº 04, por Marli Teresinha Santos. MMA.  Brasília, 2005.  

Causas e dinâmicas do desmatamento na Amazônia. MMA/SCA. Projeto AMA/PPG7. Brasília, 2001.  

Décima Reunião do BCDAM. Livro e CD‐ROM. Publicação sobre o Seminário realizado em agosto de 2005, Rio Branco (AC). MMA. Brasília, 2005.  

  Gestão Integrada de resíduos sólidos na Amazônia: a metodologia e os resultados de sua aplicação.  Livro. 

  Gestão ambiental descentralizada: um estudo comparativo de três municípios da Amazônia Brasileira. Série Estudos 6, por Fabiano Toni e Pablo Pacheco. MMA. Brasília, 2005.  

Influência do ProManejo sobre políticas públicas de manejo florestal sustentável na Amazônia. Série Estudos 3, por Adalberto Veríssimo. MMA. Brasília, 2005.  

Instrumentos Econômicos para o Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Brasileira. 2005.   

Lessons from the Rain forest. MMA/SCA.  Projeto AMA ‐ PPG7. Brasília.  

Monitoramento e Avaliação de Projetos: Métodos e Experiências. Série Monitoramento e Avaliação 1. MMA/SCA. PPG7. 243 p. Brasília, 2004. 

  Para sistematizar experiências.  Série Monitoramento e Avaliação 2. 

  Políticas de desenvolvimento sustentável no Acre: Contribuições do SPRN. Série estudos 5, por Olympio Barbanti Jr. MMA.  Brasília, 2005.  

Políticas Públicas e Financiamento para o Desenvolvimento Agroflorestal no Brasil. Livro e CD‐ROM. Publicação sobre o Seminário realizado de 18 a 20 de agosto de 2004. MMA. Brasília, 2005.  

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Políticas Públicas e Financiamento para o Desenvolvimento Agroflorestal no Brasil, resultados do seminário promovido pela Rede Brasileira Agroflorestal (Rebraf) e Ieb, com apoio do Projeto AMA. Publicação c/CD ROM encartado. 2005.  

Prevenção de incêndios florestais na Amazônia: lições aprendidas no Projeto Proteger. Série estudos 1, por Sérgio Sauer. MMA. Brasília,2005.  

Primeiro Seminário de Sistemas Implantados de Monitoramento e Controle do Desmatamento e Queimadas na Amazônia Legal. MMA/SCA. PPG7. Brasília, 2006.  

Produção de folder e agenda do Projeto AMA. Atividade não prevista no POA 2005.  

Projetos Demonstrativos (PDA) sua influência na construção do Proambiente. Série Estudos 2, por Paul E. Little. MMA. Brasília,2005.  

Relatório de progresso do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (2001‐2004). MMA/SCA. PPG7. Brasília, 2005. 

  Sistema de Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais do Estado de Mato Grosso: análise de sua implementacão. Série Estudos 7. 

  A grilagem de terras públicas na Amazônia Brasileira. Série estudos 8. 

  Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7). Versão em português, espanhol e inglês.  

 O  ProManejo, por meio do seu Componente I, financiou os estudos e publicações:  

Mogno na Amazônia Brasileira: Ecologia e Perspectivas de Manejo  Amazônia e Reservas Extrativistas ‐ Estratégia 2010  Concessões Florestais e Exploração Madeireira no Brasil   Preços da Madeira em Pé em Pólos Madeireiros Próximos de Cinco Florestas Nacionais na Amazônia  A Reserva Extrativista que Conquistamos ‐ Manual do Brabo  Rentabilidade da Produção de Madeira em Terras Públicas e Privadas na Região de Cinco Florestas Nacionais na Amazônia 

Identificação de Áreas com Potencial para Criação de Florestas Nacionais no Estado do Pará  Informações e Sugestões para Criação de Florestas Tropicais na Amazônia  Diagnostico de Comercialização de Produtos Florestais  Bench Marking  na Comercialização de Produtos Florestais  Perspectivas Estruturais na Comercialização de Produtos Florestais  Proposta para Melhoria da Comercialização de Produtos Florestais  Status do Mogno na Amazônia Brasileira  Políticas e Manejo do Mogno  Síntese da Situação do Mogno em Nível Internacional  Abertura das Exportações Brasileiras de Madeiras Tropicais em Toras: um Ensaio de Tendências  O estado da arte da certificação florestal  Comércio de Madeiras Tropicais: susbsidio para a sustentabildiade das florestas do Brasil  Florestas Nacionais da Amazônia  Espécies de madeiras substitutas do mogno  Substituição da madeira castanheira  A Expansão da Atividade Madeireira na Amazônia  Exportando sem crises – A indústria de madeira tropical brasileira e os mercados internacionais  Fatos Florestais da Amazônia 2003 

 

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Publicações do ProVárzea:  

Criação de abelhas sem ferrão. Ibama/ProVárzea. Coleção Cartilhas Iniciativas Promissoras. Manaus, 2005.   

Projeto  Pé‐de‐Pincha:  parceria  de  futuro  para  conservar  quelônios  na  várzea  amazônica.  Coleção Cartilhas Iniciativas Promissoras. Ibama/ProVárzea. Manaus, 2005.   

Manejo comunitário de camarões. Ibama/ProVárzea. Coleção Cartilhas Iniciativas Promissoras. Manaus, 2005.  

A vida da piramutaba e da dourada. Ibama/ProVárzea. Coleção Cartilhas Estudos Estratégicos. Manaus, 2005.    

A posse da terra no ambiente de várzea: debates para uma possível solução. Ibama/ProVárzea. Coleção Cartilhas Estudos Estratégicos. Manaus, 2005.  

 A Pesca na Região Amazônica. Ibama/ProVárzea. Coleção Cartilhas Estudos Estratégicos. Manaus, 2005.   

Acordos de Pesca: A comunidade é quem faz. Oviedo, A. Vasquez, R. & Ruffino, M.L.  Ibama/ProVárzea WWF Brasil. Brasília, 2003.   

Estatística Pesqueira do Amazonas e Pará ‐ 2001. RUFFINO, M.L. (coord). Ibama/ProVárzea. Manaus, 2002. 

Estatística Pesqueira do Amazonas e Pará ‐ 2003. RUFFINO, M.L. (coord). Ibama/ProVárzea. Manaus, 2005. 

Diversidade  socioambiental  nas  várzeas  dos  Rios  Solimões  e  Amazonas:  perspectivas  para  o  desen‐volvimento sustentável. LIMA, D. M. (ORG.). Ibama/ProVárzea. Manaus, 2005.  

Iniciativas de co‐gestão dos recursos naturais da várzea: Estado do Amazonas. PEREIRA, H.S. Série Documentos Técnico 2.  Ibama/ProVárzea. Manaus, 2004.   

Avaliação e monitoramento de impactos dos acordos de pesca: região do Médio Amazonas. ISAAC, Victoria Judith; CERDEIRA, Regina Glória Pinheiro. Série Documentos Técnicos 3. Ibama/ProVárzea. Manaus, 2004.    

Co‐gestão: um processo em construção na várzea amazônica. AZEVEDO, Cleidimar Ribeiro de; APEL, Marcelo. Série Documentos Técnicos 4.  Ibama/ProVárzea. Manaus, 2004.    

Gestão do uso dos recursos pesqueiros na Amazônia. RUFFINO, M. L. Ibama/ProVárzea.  Brasília, 2005.   

Plano Municipal  de Desenvolvimento  Rural  Sustentável:  Parintins  ‐ Amazonas,  2005‐2012.  COUTO,  R. (ORG.) Ibama/ProVárzea, Manaus, 2005.   

Iniciativas  de  desenvolvimento  das  comunidades  da  várzea  do  rio  Amazonas/Solimões.  SANTOS, M. Ibama/ProVárzea. Manaus, 2 004.   

Initiatives  in  sustainable development  in Amazonian  river  communities.  SANTOS, M.  Ibama/ProVárzea.  Manaus, 2004.  

A questão  fundiária e o manejo dos  recursos naturais da  várzea: Análise para  a elaboração de novos modelos  jurídicos. BENATTI,  J.H. et al. Coleção Documentos Técnicos Estudos Estratégicos.  Ibama/Pro‐Várzea. Manaus, 2005. 

  Homem em sintonia com a natureza. ALBUQUERQUE. E. ; ALBUQUERQUE F.; LINS, F. Coleção Retrato Regional. Ibama/ProVárzea. Manaus, 2005.   

 

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Histórias de uma vida dedicada à preservação da natureza. CAVALCANTE, J. Coleção Retrato Regional. Ibama/ProVárzea. Manaus, 2004.    

Amazônia: pescadores contam histórias. GALUCIO, M. D. R. Coleção Retrato Regional. Ibama/ProVárzea. Manaus, 2005.  

A pesca  e os  recursos pesqueiros  na Amazônia brasileira.  RUFFINO, M.  L.  (Coord.).  Ibama/ProVárzea. Manaus, 2004.    

O manejo da pesca dos grandes bagres migradores: piramutaba e dourada no eixo Solimões‐Amazonas. FABRÉ, N. N.; BARTHEM, R. B. Coleção Estudos Estratégicos. Ibama/ProVárzea. Manaus, 2005.    

Peixes  comerciais de Manaus.  SANTOS, G. M.;  FERREIRA,  Efrem  J.G.;  ZUANON, A.S.  Ibama/ProVárzea. Manaus, 2006.   

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

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55.. LLAACCUUNNAASS DDOO PPPPGG77 EEMM DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO CCOOMMUUNNIITTÁÁRRIIOO ((DDCC)) EE EEMM PPOOLLÍÍTTIICCAASS PPÚÚBBLLIICCAASS  

omo o título acima ilustra, trata‐se de refletir sobre aspectos estratégicos que faltaram para que o PPG7 tivesse  alcançado  melhores  resultados  no  âmbito  do  desenvolvimento  comunitário  e  das  políticas 

públicas. Para  facilitar a análise, são apontadas quatro principais  lacunas: ambigüidade de propósitos,  falta de integração programática e operacional com outros projetos e programas, falta de estratégia municipal, e falta de estratégia para formulação de políticas públicas.  5. 1. Ambigüidade de propósitos  A ambigüidade aparece no mais alto nível de concepção do PPG7, quando, no seu objetivo geral, propõe‐se “implementar uma abordagem de desenvolvimento sustentável”, mas não é definido exatamente qual é seu grau  de  comprometimento  com  tal  desenvolvimento.  Tudo  indica,  e  aqui  está  a  ambigüidade,  que  o pressuposto colocado como base de tudo, a posteriori  mostrou‐se vulnerável, isto é, o governo brasileiro, os governos estaduais e municipais, automaticamente,  fariam sua parte alocando, por exemplo, a  infra‐estru‐tura necessária para o desenvolvimento acontecer. A ambigüidade persistiu por não  terem sido definidos, exatamente, quais eram as obrigações do PPG7 e quais as dos governos. Em alguns municípios, os prefeitos não investiram em certas áreas porque a “responsabilidade era do PPG7”, quando sabemos que o Programa não  dispunha  de  recursos  para  ações  fundamentais  como  saneamento,  educação,  saúde,  transporte  e eletrificação.  Algo semelhante aconteceu com as políticas públicas. Em nenhum momento, o PPG7 ‐ como programa ‐ se sentiu  na  responsabilidade  de  priorizá‐las  com  ações  concretas,  como  contratação  de  especialistas  na matéria, dotação orçamentária, elaboração de estudos, contatos no mais elevado escalão da política e da administração, orientações para  todos os projetos,  entre outros  fatores. Apoiou,  apenas,  as  ações  indivi‐duais de cada subprograma ou projeto.  Essa ambigüidade se repete no bojo dos projetos. Houve avanços, como foi visto, conseguindo‐se incorporar na  formulação  dos  projetos mais  recentes  a  intenção  explícita  de  fazer  desenvolvimento  comunitário  e formular políticas públicas. Novamente, há a impressão de que os projetos tomaram tal propósito como uma meta final, algo a ser alcançado ‐ que se alcança automaticamente ‐, executando os componentes do projeto. Propõe‐se, mas não se montam estratégias, não se planejam ações com metas e cronogramas: permanece como um  subproduto do projeto. Tal  falha é  conseqüência da anterior, porque uma vez que o PPG7 não priorizou, estrategicamente, as ações, não propagou orientações claras nem acompanhou sua execução, em uma visão macro e holística, como os projetos isolados poderiam alcançar esse nível mais elevado?  A ambigüidade poderia ser reduzida se tivesse havido debates  ‐ seminários e oficinas  ‐ para harmonização conceitual  dos  temas  desenvolvimento  comunitário  e  políticas  públicas.  Isso  não  aconteceu  e  cada  um trabalhou de acordo com o seu entendimento. São amplamente reconhecidos os resultados alcançados em termos  de  “ações  comunitárias”,  como melhoria  da  habitação,  alimentação,  higiene,  renda,  autonomia, cidadania, entre outras, componentes do desenvolvimento comunitário, mas a falta de definição estratégica impediu que  se  chegasse a  resultados mais estruturados,  com  sustentabilidade assegurada para o  futuro. Aliás,  a  falta  de  continuidade  apontada nas  avaliações  foi  a  tônica  de muitos  projetos  PDA  e de manejo florestal comunitário.  5.2. Falta de integração programática e operacional com outros programas e projetos  Levantamentos  realizados  pelo  consultor  demonstram  que,  mesmo  nos  municípios  mais  afastados  dos centros de decisão, como, por exemplo, Brasiléia (Acre),  funcionam, no mínimo, 20 programas ou projetos dos diferentes ministérios: Educação, Saúde, Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Agrário,  Integração Nacional, Cidades, Minas  e  Energia,  e Comunicações,  além dos  projetos do  próprio  Estado  e projetos de outras instituições como Incra, Caixa Econômica e Banco do Brasil.   Sabe‐se que  cada  subprograma ou projeto do PPG7,  com o objetivo de alcançar  seus  resultados, quando necessário,  procurou  integração,  mais  por  necessidade  operacional  que  por  convicção  filosófica  e 

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metodológica. Nesse ponto, novamente,  faltaram  ‐ por parte da Coordenação do PPG7  ‐ ações mais enér‐gicas como definição de uma estratégia de  integração, alocação de recursos para tal, estudos para tornar a integração eficaz, alianças  interinstitucionais e programáticas mediante convênios, acordos de cooperação, consórcios, isto é, arranjos institucionais.  Ao que parece esse  foi o ponto mais  fraco do PPG7, ao menos  sob o ponto de vista do desenvolvimento comunitário e das políticas públicas,  temas essencialmente  integradores e que exigem  a  convergência de programas e projetos para poder alcançar resultados. É  fácil entender: o desenvolvimento comunitário e a promoção  de  políticas  públicas  não  dependem  da  atuação  da  instituição  ou  do  projeto  A,  B,  ou  C, mas dependem,  essencialmente,  da  participação  da  sociedade  e  exige  a  convergência  de  todas  as  forças propulsoras existentes.  O PPG7 teve todas as condições para promover essa integração, ao menos nos municípios onde atuou com mais  de  um  projeto  porque,  por  ser  visto  como  um  programa  federal,  promovido  pelo MMA,  era muito respeitado e tinha força política para tal. Destaca‐se um ponto muito fraco: nem mesmo os subprogramas e projetos integradores do PPG7 conseguiram formular ao menos uma estratégia comum para atuarem com as comunidades e com as políticas, em nenhum dos três níveis, federal, estadual ou municipal.  5.3. Falta de estratégia municipal  A Constituição Brasileira de 1988 procurou abrir espaços legais para os governos municipais se engajarem em diversas  políticas,  inclusive  a  ambiental. A  proteção  ambiental  se  enquadra  no  âmbito  das  competências comuns concorrentes entre União, estados e municípios. A descentralização buscando o protagonismo dos municípios, atualmente, é a tônica do desenvolvimento uma vez que inúmeros exemplos mostram que tudo acontece no município. A união e os estados  têm, como objetivo, apoiar os municípios. Algo muito óbvio, uma vez que a realidade é composta de espaço ‐ recursos naturais ‐ e pessoas que habitam um município.   A municipalização  das  ações  está  sendo  procurada  por  todos  os ministérios, mas  isso  infelizmente  não aconteceu com o PPG7, ou melhor, as atividades foram executadas nos municípios, mas sem uma estratégia municipal  de  desenvolvimento.  Em  alguns  deles  vários  projetos  atuaram,  porém  de  forma  isolada  e  sem coordenação.  A  situação  descrita  é  corroborada  pela  Comissão  de  Coordenação  Brasileira  que  ‐  Proposta  para  Estru‐turação, da 2a. Fase do PPG7, no item 8.3 ‐ reconhece que a “inserção dos municípios no PPG7 foi precária no âmbito da primeira fase, e encontra dificuldades em vista do grande número de municípios existentes nas regiões envolvidas, sem que disponham de articulação própria na área de meio ambiente. Pretende‐se que, na  2a.  Fase,  o  PPG7  possa  viabilizar  experiências  de  gestão  ambiental  local,  envolvendo  conjuntos  de municípios  de  forma  integrada,  e  estimule  a  formulação  de  instrumentos  tributários  que  incentivem  a proteção dos recursos naturais. Exemplos: as experiências existentes na  implantação do  ICM ecológico em alguns estados e a discussão de instrumentos similares no âmbito federal. Tais demandas serão integradas às ações estratégicas voltadas ao desenvolvimento territorial.” 62  Com exceção do SPRN, criado para fortalecer os órgãos estaduais de meio ambiente e produzir um modelo de gestão ambiental nos estados, os relatórios de progresso dos projetos, em raríssimos casos, mencionam algumas articulações com os governos estaduais e as prefeituras. Colhe‐se a impressão de que as atividades eram realizadas sem considerar a existência de programas e projetos estaduais e municipais.  Os projetos, isoladamente, não podem ser culpados por tal falha, uma vez que faltou diretriz ‐ por parte da coordenação  do  PPG7  ‐,  aliada  a  instrumentos  operacionais  para  fortalecer  uma  estratégia  estadual  ou municipal. Também não se pode atribuir a não integração municipal ao fato dos prefeitos serem contrários a uma  política  ambientalmente  correta,  ou  ao  fato  de  desconhecerem  a  problemática  ambiental,  pois  a municipalidade  e  a  questão  “pública”  não  se  restringem  à  prefeitura.  Há muitos  outros  caminhos  para trabalhar a municipalidade e, aos poucos, ganhar a confiança da prefeitura. ___________________ 62 Idem. 

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As citações a seguir provam que, apenas agora, o PPG7 começa a se aproximar dos municípios:   “O MMA busca um modelo de descentralização no qual haja complementaridade e cooperação entre os três níveis  de  governo  e  ampla  participação  social.  Com  isso,  espera‐se  chegar  a  uma  gestão  ambiental compartilhada,  na  qual  a  sociedade  e  governos municipais,  estaduais  e  o  governo  federal  trabalhem  em conjunto. Mais  importante  ainda:  a  gestão  ambiental  deve  integrar‐se  a  outras  políticas  públicas,  parti‐cularmente àquelas voltadas ao desenvolvimento, gerando o que  recentemente passou a ser chamado de ‘transversalidade', que deve estar presente nas políticas dos três níveis de governo e,  idealmente, estariam articuladas entre si. Essa diretriz requer, portanto, que os governos municipais estejam não apenas aptos a se envolver diretamente com a gestão ambiental ‐ o que já é algo difícil ‐, mas que o façam em conjunto com os  órgãos  estaduais  e  federais,  de maneira  integrada  às  outras  áreas  de  políticas  públicas  e  com  ampla participação social”. 63  Outra  forma  de  aproximação  dos  municípios  é  o  direcionamento  das  ações  para  o  desenvolvimento local/territorial,  como é  reconhecido e expresso  ao  selecionar as  linhas  temáticas para uma 2a. etapa do PPG7,  durante  o  seminário  ad  hoc  realizado  em  dezembro  de  2001.  Naquela  ocasião,  uma  das  linhas escolhidas foi o "desenvolvimento territorial" com o objetivo de “contribuir para uma maior integração entre as políticas ambientais e demais políticas de desenvolvimento, tais como fundiária, agrícola e de transportes, incluídas nos PPAs federal, estaduais e municipais.” 64  Apenas no SPRN‐Consolidação, em 2005, aparecem ações com enfoque de território, embora não  intencio‐nalmente  buscando  esse  tema  e  sim  buscando  a  solução  de  um  problema  que  atinge  vários  territórios vizinhos. Trata‐se do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a área de  influência da Rodovia Cuiabá‐Santarém,  conhecido  como  Plano  BR‐163  Sustentável.  O  SPRN  foi  convidado  a  contribuir  para  a concretização desse plano, com as seguintes ações:  5.4. Falta de estratégia para formulação de políticas públicas  As  inúmeras  boas  experiências  levadas  a  bom  termo  pelo  PPG7  constituem  a  matéria‐prima  para desencadear  um  processo  de  formulação  de  políticas  publicas.    Infelizmente,  não  foi  praticada  uma estratégia  para  aproveitar  toda  essa  riqueza.  O  Programa  deveria  ter  potencializado  sua  capacidade  de influenciar políticas públicas a partir da sistematização e disseminação dos conhecimentos gerados. Deveria ter replicado as principais experiências.  Todos  os  relatórios  dos  projetos  apontam  os  resultados  alcançados  e  as  lições  aprendidas, mas  não  foi tomada uma decisão, tanto no âmbito de cada projeto como, especialmente, no âmbito da Coordenação do PPG7 para replicar tais experiências e dedicar tempo e recursos financeiros à procura de parceiros para tal replicação.  Não  se  procurou  negociar  parcerias  com  os  governos  federal,  estaduais  e  municipais  para transformar  as  experiências  em  programas  de  governo.  O  PPG7  perdeu  a  oportunidade  de  influenciar políticas públicas, de ser internalizado pelo governo como uma “ação de governo”, e continuou sendo visto como uma “ajuda externa” aos programas de governo.             _______________________ 63 MMA/PPG7 ‐ Série Estudos 6. p. 21. 64 MMA/PPG7 ‐ Arquivos: Relatório do Seminário sobre Linhas Temáticas para a 2a. Fase. 

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66.. PPRROOPPOOSSTTAASS PPAARRAA FFUUTTUURRAASS IINNTTEERRVVEENNÇÇÕÕEESS  

 Termo  de  Referência  solicita  “formular  propostas  para  facilitar  a  consolidação,  sistematização  e disseminação de experiências do PPG7 com políticas públicas voltadas ao desenvolvimento comunitário 

sustentável”. Para esta formulação buscou‐se manter coerência entre os textos revisados, as entrevistas e as conclusões a que se chegou na presente Avaliação.   As propostas ora apresentadas são válidas se houver uma decisão prévia de que realmente o Programa terá como  objetivo  o  desenvolvimento  comunitário,  a  melhoria  das  condições  de  vida,  e  a  procura  de  um arcabouço político que  lhe assegure sustentação. Ou seja, atinentes aos temas da consultoria, as propostas visam concretizar a produção sustentável, a participação social e a cidadania como vertentes que sustentam o desenvolvimento comunitário.  Para sintetizar e consolidar as propostas são apresentados três elementos estratégicos, bases sólidas para a construção do desenvolvimento comunitário e a formulação de políticas públicas:   

1. Definição de áreas geográficas para atuação;  2. prioridade à gestão sustentável dos recursos naturais; e 3. construção de uma estratégia de atuação.  

6.1. Definição de áreas geográficas para atuação  A extensão e as complexidades das florestas tropicais trouxeram a grande lição de que é pura utopia lançar um programa para atender  todos os  seus municípios e  comunidades. O PPG7 definiu de  forma vaga  suas áreas geográficas de atuação. O PDA funcionou mais como balcão de oferta de projetos, igual ao ProManejo e, mesmo  quando  apoiados  por  editais,  foram  favorecidas  as  áreas mais  organizadas  e  preparadas  para elaborar as propostas. No SPRN, a escolha das áreas coube aos estados, mas os PGAIs chegaram a poucos municípios.  O  Proteger  e  o  Projeto  Corredores  Ecológicos  atuaram  em  regiões  imensas.  Essa  dispersão aconteceu porque, desde o  início do PPG7, permitiu‐se entender que cada município ou comunidade tinha direito a uma porção dos recursos, mediante a apresentação de um projeto.  Caso seja tomada a decisão de promover o desenvolvimento comunitário, na continuidade das ações, uma condição sine qua non é a delimitação geográfica das áreas de atuação. Com toda a experiência acumulada, hoje, a sociedade civil e o governo ‐ ajudados pela pesquisa e a academia ‐ têm condições de definir critérios para  a  escolha  de  tais  áreas.  Aliás,  muitas  vezes  as  emergências  obrigam  a  isso,  como  ocorreu  na concentração de ações na rodovia BR‐163, que não deixa de ser um macroterritório.   As rápidas e profundas mudanças que aconteceram nos últimos 50 anos, na economia, produção, comuni‐cação e  transportes,  somadas aos avanços  tecnológicos, mudaram o  caminho para alcançar o desenvolvi‐mento. Assim como as pessoas não se desenvolvem sozinhas, mas precisam de um ambiente social, também as localidades e os municípios precisam de um entorno territorial. O desenvolvimento engloba características e exige condições que são alcançadas apenas no âmbito territorial.  Para  o  futuro,  é  fundamental  negociar  com  os  estados,  outros ministérios  e  outros  programas  as  áreas geográficas precisas para implementação das ações, sem fechar as possibilidades de atingir todas as áreas de florestas  tropicais  com  programas  de  conscientização,  educação  ambiental  e  disseminação  de  práticas ambientalmente corretas. Essas ações deverão utilizar métodos de alcance massivo, como campanhas, rádio, televisão e materiais didáticos.  Uma vez definidas as áreas é necessário que nelas se trabalhe com enfoque territorial, abordando de forma integrada as potencialidades e problemas de cada unidade territorial, entendida como aquela que conta com certa coesão e  identidade ambiental, econômica, política e sociocultural. Tal enfoque permite aproveitar a proximidade  social  para  apoiar  a  cooperação,  a  solução  de  interesses  comuns,  articular  os  diferentes projetos e  iniciativas públicas e privadas. Permite, ainda, planejar uma estratégia de  integração para o uso sustentável  dos  recursos  naturais  do  local,  buscando  sempre  a melhor  qualidade  de  vida  da  população, 

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tendo como eixos estruturantes o fortalecimento do capital humano e social, dos sistemas produtivos locais, integrando políticas públicas e construindo a gestão participativa do território.  A  escolha  de  áreas  geográficas  precisas  para  atuação  permitirá  a  integração  e  apoio mútuo  com  outros programas do governo federal e dos governos estaduais que atuam com enfoque territorial e visão essencial‐mente  integradora  de  espaços,  atores  sociais,  agentes, mercados  e  políticas  públicas  de  intervenção.  As metas  fundamentais a serem atingidas e conquistadas são eqüidade, respeito à diversidade, solidariedade, justiça social, inclusão social e sentimento de pertencimento cultural. 

 6.2. Incremento da renda mediante a gestão sustentável dos recursos naturais  Propõe‐se,  como base do  futuro PPG7, dar prioridade  à  gestão  sustentável dos  recursos naturais, por  se tratar de um programa da área ambiental e principalmente porque os recursos naturais do local devem ser o pivô do processo de desenvolvimento. Para que o acesso aos recursos naturais seja ambientalmente correto, socialmente  justo  e  eqüitativo,  há  necessidade  de percorrer quatro momentos  que  se  interligam  em  um único processo: conservação, uso sustentável, capacitação para o uso sustentável e organização para manter o equilíbrio entre eles. Tais momentos não podem ser tratados como etapas estanques e seqüenciais e, sim, como espaços de atuação que acontecem de  forma cíclica e progressiva, em espiral ascendente, enrique‐cendo o processo com novos elementos.    a. Conservação  O trabalho de conservação, seja de áreas para uso restrito, seja no sentido amplo dos recursos naturais como um todo, é plenamente compatível e faz parte do desenvolvimento comunitário, uma vez que a base para o desenvolvimento sustentável é a conscientização sobre o uso ambientalmente correto dos recursos. O PPG7 deverá envidar esforços para que a sociedade entenda e valorize os princípios da conservação e apóie sua aplicação no caso específico de unidades de conservação.   Essa  linha  de  trabalho  é  o  reconhecimento  da  lição  aprendida  no  PPG7,  que mostrou  ser  impossível  a conservação sem a participação comunitária, especialmente em regiões  isoladas como a Amazônia onde as comunidades podem assumir o papel de executores de uma política pública de conservação. Cumpre disse‐minar as experiências positivas testadas como os conselhos municipais de meio ambiente, comitês de gestão ambiental,  grupos  de  trabalho,  acordos  de  pesca,  conselhos  deliberativos  e  consultivos  de  unidades  de conservação,  planos  de  gestão  ambiental  determinando  áreas  de  conservação,  e  agentes  ambientais voluntários.    b. Uso sustentável dos recursos locais  A avaliação do PPG7 quanto ao desenvolvimento comunitário mostrou que, em  seus 12 anos de atuação, foram  colocados os elementos  fundamentais desse processo: participação  social,  fortalecimento organiza‐cional, conscientização ambiental e compreensão do processo como um todo. Entretanto, pouco se avançou no  fomento  ao uso  sustentável dos  recursos naturais  visando  impactar  a  geração de  emprego  e  renda  e conseqüente melhoria das condições de vida. Para o  futuro, a prioridade deve  ser a promoção do desen‐volvimento sustentável a partir do  fortalecimento de uma economia territorial  fundada na valorização dos recursos  locais,  na  inovação  e  diversificação  de  iniciativas,  garantindo  aumento  da  renda  e  da  oferta  de empregos.  O  modelo  de  desenvolvimento  tradicional  deve  ser  modificado  para  que  possa  ser  iniciada  a  geração descentralizada de riquezas, com a valorização dos recursos locais. Deve ser quebrada a concentração social e  espacial  da  riqueza,  mediante  a  dinamização  da  produção  nos  locais  que  forem  selecionados  como prioritários. Trata‐se, portanto, de evitar processos migratórios, geralmente prejudiciais ao migrante e a toda a  sociedade.    É  preciso  criar mecanismos  para  que  os  investimentos  públicos  sejam  descentralizados  e aplicados na utilização dos recursos existentes no local.  

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O  uso  sustentável  dos  recursos  locais  deve  contar  com  espaços  para  inclusão  de  arranjos  produtivos  e participação não só dos excluídos, mas do capital privado, pois o desenvolvimento não acontece apenas com recursos públicos. É extremamente importante prever negociações e alianças para que o capital privado seja incluído no uso sustentável e geração de emprego e renda.  Todos os territórios possuem um conjunto de recursos (econômicos, humanos, institucionais e culturais) não explorados que constituem seu potencial de desenvolvimento. Cada  localidade ou território se caracteriza, por exemplo, por uma determinada estrutura produtiva, um mercado de trabalho, uma dotação de recursos naturais  e  infra‐estruturas,  sobre  os  quais  se  articulam  os  processos  de  desenvolvimento  econômico  e territorial. O  futuro  PPG7  deverá  promover  e  dinamizar  tais  processos. Naturalmente,  a  capacitação  e  a organização são momentos  facilitadores desses processos, como veremos a seguir, uma vez que os atores territoriais, públicos e privados são os responsáveis pelas ações de investimento.  

   c. Capacitação para gestão sustentável dos recursos locais 

 O PPG7  trouxe  lições  importantes sobre a capacitação e é  reconhecida sua atuação nessa  temática, como sendo um dos seus principais resultados. Muitos relatórios e avaliações sugerem continuidade das ações pela razão óbvia de que a atualização de conhecimentos e a incorporação de tecnologias deve ser progressiva.  O  programa  futuro  deverá  estruturar  um  verdadeiro  sistema  de  capacitação,  com  visão  integradora  e formativa que busque não só objetivos  funcionais para operacionalizar processos produtivos e tecnologias, mas se preocupe, principalmente, com a emancipação humana. Essa é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento  econômico,  social,  cultural  e  político  de  seus  protagonistas  e  para  construção  de  uma participação mais crítica. A capacitação objetiva, também, instrumentalizar as pessoas para a gestão social.  A capacitação deverá ser concatenada e progressiva, para que produza mudanças nas estruturas cognitivas e comportamentos:  um  processo  educativo  e  formativo  de  troca  e  produção  de  conhecimentos,  voltado  à dinamização econômica das áreas selecionadas. Processo educativo porque objetiva produzir mudanças nas estruturas  de  pensamento  e  comportamento,  de  forma  que  seus  beneficiários  sejam  instrumentalizados para solucionar seus próprios problemas.  

A capacitação, entendida dessa maneira, respeita o ser humano como sujeito ativo de sua história e de seu destino,  contribuindo  para  a  gestão  social,  fornecendo  planejamento,  foco  estratégico,  sistemática  de intervenção que  assegure  a participação dos  “capacitandos”. Deve provocar mudanças  comportamentais, que  resultem  na  dinamização  econômica  das  próprias  comunidades.  Avalia‐se  a  capacitação mediante  a aprendizagem de novos comportamentos, o que exige um processo de capacitação eminentemente prático, a partir de realidades concretas, de troca de saberes com pessoas que vivenciam situações concretas. Não se aprende a não ser como resultado de um fazer.  

O ideal é que ‐ além de cada projeto ter sua equipe de capacitação ‐ haja uma coordenação geral que possa orientar todos os projetos nos aspectos didáticos, educativos e estratégicos para manter o caráter sistêmico, aproveitar melhor  os  especialistas  e  produzir materiais  didáticos  de melhor  qualidade.  Não  se  trata  de produzir apenas folhetos informativos e sim subsídios para o processo de aprendizagem.    d. Organização para a gestão dos recursos locais  Mais uma vez deve‐se tirar proveito das lições do PPG7 que nos mostrou a importância da organização social, passo  prévio  para  a  implantação  dos  projetos.  Deseja‐se  que  as  futuras  intervenções  façam  alguma diferença,  consigam  um  resultado  duradouro?  Então  deve‐se  investir muito  na  organização  social,  única maneira da sociedade passar a participar efetivamente e garantir continuidade aos processos. A organização tem como objetivo possibilitar a participação, entendida como capacidade de tomar decisões. Por sua vez, decisões coletivas só podem ser tomadas quando existe organização.   A organização social fortalece a participação à medida que desperta o ideal de lutar por interesses comuns, objetivos  reais,  mas  percebidos  coletivamente.  Tal  percepção  do  coletivo  é  adquirida  no  exercício  da organização,  isto  é, mediante  reuniões,  trabalhos  comunitários  e  capacitações.  O  objetivo  comum,  por 

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exemplo,  fortalecer a produção sustentável ofertando produtos de qualidade e nas quantidades pactuadas será resultado da organização social conquistada mediante o processo de capacitação.  Um dos resultados da capacitação deve ser a capacidade adquirida pelas comunidades de realizar a gestão social do desenvolvimento.  Deverá ser implantada uma estratégia para fortalecer e/ou apoiar o surgimento de  iniciativas  no  campo  de  associativismo  e  cooperativismo,  que  tenham  relação  com  a  dinamização econômica dos municípios  selecionados.   A estratégia  terá  como ponto  focal a capacitação para a criação e/ou bom  funcionamento de  tais organizações. Um dos objetivos da organização  social deverá  ser a pro‐moção do desenvolvimento de redes sociais de cooperação, incrementando a capacidade técnica, gerencial e articuladora dos atores sociais, além do empoderamento das comunidades. Essas  redes deverão  facilitar a circulação das informações e conhecimentos, ampliando as capacidades humanas e institucionais e facilitan‐do o mútuo relacionamento. 

 6.3. Construção de uma estratégia de ação  Para  estruturar  o  desenvolvimento  comunitário  alicerçado  em  políticas  públicas  que  lhe  assegurem  sus‐tentabilidade e possuam características sistêmicas,  integrando “programa” para as  florestas  tropicais, uma das condições é que sejam emanadas diretrizes e orientações precisas que possam guiar os executores sem perigo  de  dubiedades.  Uma  primeira  vertente  de  tais  diretrizes  será  o  apoio  às  comunidades  para  que construam a gestão social do seu desenvolvimento, entendida como um processo participativo de gestão de assuntos públicos, em sua conotação ampla.   Esse  processo,  normalmente,  conduz  à  formação  de  arranjos  para‐institucionais,  que  podem  evoluir  até instituições formalmente constituídas, destinados a qualificar políticas públicas por meio do controle social como forma de ampliar sua eficácia e efetividade, estabelecendo mecanismos de articulação entre as mes‐mas e as demandas sociais. Construir a gestão social é contribuir com as decisões sobre questões estraté‐gicas  do  desenvolvimento  e,  ao mesmo  tempo,  enriquecer  a  auto‐estima  das  pessoas  e  desenvolver  sua cidadania.  A segunda vertente é a  integração de projetos e programas,  isto é, o  reconhecimento de que o desenvol‐vimento  comunitário  não  é  resultado  de  um  “programa  para  as  florestas”, mas  dos múltiplos projetos  e programas que atuam no município. O reconhecimento de que o desenvolvimento sustentável não depende unicamente das políticas e instituições ambientais, deve levar a acordos de cooperação, ao planeja‐mento e execução das ações de forma integrada. Essa pode ser a etapa mais difícil do processo, mas é a única forma de potencializar as ações governamentais e não‐governamentais nos municípios.  As diretrizes devem constituir uma estratégia de ação adaptável às diferentes situações dos municípios e que conte, pelo menos, com os seguintes elementos:   

Diagnóstico do local (município ou grupo de municípios) onde serão executados os trabalhos;  

mobilização e sensibilização;  

planejamento participativo de ações prioritárias, com base no diagnóstico;  

efetivação de parcerias, acordos de cooperação, arranjos institucionais e divisão de tarefas;  

fomento à produção sustentável, conforme sugerido no item anterior; e  

fortalecimento ou criação de institucionalidades que assegurem continuidade ao processo.         

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      a. Diagnóstico    O diagnóstico permitirá verificar a direção que deve ser tomada no esforço coletivo. Deve ser participativo para constituir o primeiro elo de uma série de atividades interinstitucionais e em parceria com o setor não‐ governamental. É a oportunidade do mútuo conhecimento para saber o que cada instituição está fazendo, as dificuldades, avanços e áreas prioritárias onde devem ser concentrados os esforços.  O diagnóstico é um elemento chave para valorizar aquilo que foi feito e evitar repetições de ações executa‐das.  Muitas  vezes,  até  o  próprio  diagnóstico  está  feito,  basta  socializar  as  informações  e  aprovar  as prioridades. A  troca de experiências entre os diferentes atores  sociais, nesse primeiro momento, é muito enriquecedora para todos, ao mesmo tempo em que evita desperdício de recursos por parte daqueles que “querem inventar a roda”, partindo do falso pressuposto de que antes deles não existia nada.        b. Mobilização e sensibilização  A mobilização consiste em usar  todos os recursos disponíveis na  localidade para despertar o  interesse das pessoas por um determinado assunto: avisos, convites, reuniões, folhetos, faixas, cartazes, debates, progra‐mas  de  rádio,  entre  outros meios. A  sensibilização  busca  criar  condições  favoráveis para  que  aconteça  a mudança de  comportamento das pessoas e organizações. Utilizam‐se, então, estratégias pedagógicas que mexem  com  a  reflexão,  a  vontade  e o querer:  reuniões,  trabalhos  em  grupo, distribuição  e  execução de tarefas, visitas a  lugares previamente escolhidos e  intercâmbio de experiências. É o  fato de querer mudar que faz com que as pessoas busquem as formas de viabilizar essa mudança.  Durante o processo de mobilização  e  sensibilização devem  ser  disseminados os princípios do desenvolvi‐mento comunitário e da sua sustentabilidade, por meio da formulação de políticas públicas. O momento da mobilização e sensibilização acontece e avança de forma cíclica, sempre acrescentando novas  informações, entre as quais deve ser dada prioridade à produção sustentável.             c. Planejamento participativo   Esse  também é um momento muito delicado porque, geralmente, as  instituições elaboram  seus planeja‐mentos de forma isolada. Às vezes, a cultura institucional dificulta o diálogo, mas é fundamental que se faça esforço  para  tomada  de  decisões  estratégicas  que  definam  prioridades  de  intervenção  no município(s)  a partir das capacidades e recursos mobilizados (materiais, humanos, tecnológicos, financeiros, entre outros). É  o  momento  da  formatação  dos  planos,  programas  e  projetos  de  ação,  de  eixos  aglutinadores.  O planejamento segue, também, uma espiral progressiva ampliando e aperfeiçoando os planos operacionais, na medida em que os atores sociais conseguem maior informação e articulação.  O  planejamento  pressupõe  a  capacidade  dos  agentes  reconhecerem  a  situação  atual,  projetarem  um horizonte desejado, identificando os entraves para chegar até ele, e arranjar ‐ de maneira inteligente e viável ‐ os recursos necessários para tanto. As ações realizadas nesse momento devem contribuir para gerar nos agentes  locais (ou para agregar a eles) as habilidades e competências necessárias para tal empreitada.  Por isso é  fundamental que haja,  aqui,  a preocupação em  realizar  eventos e  iniciativas  capazes de definir os objetivos e eixos aglutinadores das ações de desenvolvimento.              d. Efetivação de parcerias e arranjos institucionais    A  análise  sobre  a  influência do PPG7 no desenvolvimento  comunitário e  formulação de políticas públicas indicou,  como  lição  principal,  que  ações  futuras  devem  fundamentar‐se  em  parcerias  e  arranjos  institu‐cionais. Todos os  atores e participantes do PPG7 defendem, unanimamente, acordos em  torno da  imple‐mentação dos programas e projetos pactuados e de  interesse comum. Defendem os arranjos  institucionais como  forma  de  catalisar  habilidades  e  competências,  e  operar  tais  atributos  colocando‐os  a  serviço  da dinamização da economia local.   

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A  futura  estratégia  operacional,  ora  proposta,  para  alcançar  maior  efetividade  no  desenvolvimento comunitário deverá  ter entre suas prioridades a construção de  relações de  confiança, cooperação e ajuda recíproca  entre  todos  os  participantes  do  processo.  Não  basta  contar  com  um  tecido  local  de  arranjos institucionais se na base dos mesmos não existir confiança e cooperação, único caminho para contar com forças sociais e técnicas, atuantes e coesas buscando conquistas comuns.  Os acordos são apenas instrumentos. A validade desses acordos encontra‐se na sua aplicação prática, daí que os  arranjos  institucionais  devam  ser  entendidos  como  espaços  de  diálogo,  onde,  apesar  dos  conflitos,  a tônica principal seja a construção da confiança e da cooperação               e. Fortalecimento ou criação de institucionalidades que continuem o processo 

 Interessa para a sociedade e o governo que um processo de desenvolvimento comunitário apoiado por um programa ‐ expressão de uma política pública ‐ consiga continuidade. Para que isto aconteça é fundamental que exista algum ente  coordenador e dinamizador do processo. A experiência da administração pública e privada na implantação de programas e projetos tem demonstrado, ao longo dos anos, que tudo desaparece ou  fica  paralisado  quando  termina  o  prazo  dos  desembolsos.  Causa  principal  dos  fracassos:  durante  a execução dos projetos não se constroem estruturas ou  institucionalidades capazes de dar continuidade às ações.  Desde o primeiro momento, devem ser procurados espaços que assegurem o “pós‐programa”, fortalecendo o capital social local, as organizações da sociedade civil e espaços que os atores sociais do local considerarem mais adequados para a continuidade do processo de desenvolvimento. Esses espaços podem existir ou estar em construção, ou serem encontrados municípios onde sua criação é necessária. É preciso lembrar que cada caso  é  um  caso. Não  existe  camisa  de  força. O  essencial  é  que  se  atenda  à  necessidade  de  contar  com institucionalidades para a continuidade das ações. 

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77.. AANNÁÁLLIISSEE DDAASS EENNTTRREEVVIISSTTAASS  

s  entrevistas  são  analisadas  considerando  sua  classificação  em  três  temas que  foram  recorrentes  em    todas  elas:  resultados  alcançados,  lacunas  na  execução  e  propostas  para  o    futuro.  Os  percentuais 

apresentados a seguir tomam como base as 77 pessoas que realmente conheciam o Programa,  isto é, não são contabilizadas as oito pessoas que  foram entrevistadas apenas para verificar a sua visibilidade e, que, portanto, não opinaram  sobre  resultados ou  lacunas. Deve  ser observado que, do  total de opiniões  rece‐bidas  (234)  sobre  resultados e  lacunas do PPG7, 62%  (145)  referem‐se aos bons  resultados e 38%  (89) às deficiências. Mostram, assim, visão bastante favorável da perfomance do Programa, em sua totalidade.   7.1. Resultados alcançados  A análise das contribuições relativas a resultados alcançados pelo PPG7 mostra que o tema políticas públicas foi  interpretado  em  um  sentido  muito  amplo  e  se  tornou  o  mais  comentado,  65%  dos  entrevistados, recebendo  48  contribuições,  seguido  do  tema  da  capacitação  e  formação  com  30  contribuições  (41%). Esperava‐se  que  o  desenvolvimento  de  comunidade  tivesse  maior  reconhecimento,  mas  alcançou  o percentual de 21%, 16  contribuições. É  importante observar, entretanto, que dois  importantes  resultados foram atribuídos ao PPG7 por 31% das pessoas, provando que causaram  impacto:  (i) a população adquiriu mentalidade ambiental e, (ii) foram formadas pessoas para apoiar o desenvolvimento sustentável.  

PPRRIINNCCIIPPAAIISS RREESSUULLTTAADDOOSS AALLCCAANNÇÇAADDOOSS PPEELLOO PPPPGG77 SSEEGGUUNNDDOO OOSS EENNTTRREEVVIISSTTAADDOOSS

RREESSUULLTTAADDOOSS  PPOORR  TTEEMMAASS     ÁÁRREEAA  GGOOVV. 

NNÃÃOO GGOOVV. 

TTOOTTAALL 

Conscientização Ambiental 1. A população adquiriu mentalidade ambiental. 2. Trouxe visão socioeconômica à questão florestal.                                                                                                                                                                                                        Total   

 10 2 12  

 13 3 16  

23 5 28  

Desenvolvimento comunitário 1. Melhoraram as condições de vida nas comunidades onde atuou  (moradia, segurança alimentar e projetos econômicos). 

2. Propiciou amadurecimento para trabalhar pelo desenvolvimento. 3. Valorizou as populações e culturas tradicionais. 

Total   

  3 3 1 7 

  6 2 1 9  

 9 5 2 16  

 Influência nas Políticas Públicas 1. A sociedade está assimilando a política de uso sustentável da floresta. 2. A sociedade recebeu apoio para participar na formação de políticas públicas. 3. Governos e sociedade aceitam o ZEE para racionalizar a política de ocupação espacial. 4. A cultura do planejamento passou a ser adotada por órgãos estaduais. 5. O modelo de manejo florestal e de gestão de flonas passou a fazer parte da  política gestionária do Ibama. 

6. Os agentes ambientais indígenas passaram a compor a estrutura governamental de monitoramento e vigilância ambiental no Acre. 

7. Foram realizados estudos que permitem propor políticas públicas. 8. Criação da Lei Estadual de Ordenamento Territorial no Amapá.  9. Ordenamento pesqueiro mediante acordos de pesca legalizados.                                                                                                                                                                                                   Total  

  8 5 5 6 3  2  1 1 1 32   

 2 4 3 2 1  2  2 0 0 16  

10 9 8 8 4  4 

   3      1  1 48  

Fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil1. Houve real participação da sociedade civil nas decisões. 2. Foram fortalecidas as redes GTA e RMA e associações beneficiadas. 3. As comunidades receberam apoio para sua organização.                                                                                                                                                                                           Total   

 4 2 2 8  

 5 6 4 15  

9 8 6 23  

Capacitação e Formação 1. Foram formadas pessoas para apoiar o desenvolvimento sustentável. 2. Houve ganho de conhecimentos em todas as áreas do meio ambiente.                                  

Total    

 5 2 7  

 18 5 23  

23 7 30  

A

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No segundo resultado é notório o percentual de reconhecimento do setor não‐governamental (78%) contra 22%  do  setor  governamental.  Observa‐se,  ainda,  que  o  setor  não‐governamental  contribuiu muito mais (76%) que o setor governamental  (24%) no  tema capacitação e  formação, naturalmente por  ter sido mais beneficiado e, assim, percebendo melhor o  impacto. No  tema das políticas públicas a  situação  inverte‐se, 67%  de  contribuições  do  setor  governamental  e  33%  da  sociedade  civil:  seguramente  porque  a  área governamental está mais próxima das dificuldades burocráticas para a formulação de políticas públicas.  7.2. Lacunas na execução  As contribuições dos dois setores, governamental e não‐governamental mantiveram certo equilíbrio, a não ser no  tema disseminação de experiências onde o  governamental  trouxe 67% das  contribuições e o não‐governamental  resultou  em  33%.    O  campo  alvo  das  maiores  críticas  foi  no  da  execução  de  projetos específicos, o que é natural por  se  tratar do  tema mais  conhecido,  tendo em vista que grande parte dos entrevistados  estava  envolvida  neles:  foram  27  participações  (23%)  e  a maior  queixa  dirige‐se  ao  PGAI, porém,  sempre  fazendo  referência  aos  três últimos  anos de  execução quando houve muitas mudanças  e paralisações.  

PPRRIINNCCIIPPAAIISS LLAACCUUNNAASS NNAA EEXXEECCUUÇÇÃÃOO DDOO PPPPGG77,, SSEEGGUUNNDDOO OOSS EENNTTRREEVVIISSTTAADDOOSS

LLAACCUUNNAASS  OOUU  DDEEFFIICCIIÊÊNNCCIIAASS  PPOORR  TTEEMMAASS    Área Gov 

NãoGov  Total 

Desenvolvimento Comunitário 1. As experiências ficaram limitadas a pequenas comunidades. 2. Faltou orientação quanto à participação dos municípios. 

Total 

 3 2 5 

 4 1 5 

7 3 10  

Políticas Públicas 1. Não  foram  comunicadas  experiências  que  poderiam  ter  ajudado  a  formular  políticas   públicas. 

2. Não foram consideradas contribuições da sociedade civil feitas durante inúmeras  reuniões, encontros e treinamentos. 

3. Não houve estratégia explícita para formulação de políticas públicas.  4. Faltou visão estratégica de futuro para articular políticas com os estados.                                                                                                                                                                      Total   

 5   0  4 1 10 

 4  5  1 0 10 

9  5  5 1 20  

Deficiências em Projetos Específicos 1. O PGAI realizou, apenas, muitas reuniões de planejamento: muita burocracia e mudan‐ças nas regras da execução.  

2. Faltou pessoal para execução do PDPI. 3. Faltou monitoramento e capacitação nos projetos PDA. 4. Recursos e tempo insuficientes para tornar os projetos PDA auto‐sustentáveis. 5. A paralisação do Resex está sendo muito prejudicial. 6. O PGAI não foi internalizado pela máquina estatal de Rondônia. 

Total 

 6  2 0 2 1 0 11 

 4  2 4 2 3 1 16  

10  4 4 4 4 1 27  

Disseminação de Experiências e Conhecimentos1. Fraca disseminação de experiências e conhecimentos. 2. O PPG7 não alcançou visibilidade.                                                                                                                                                                                                            Total  

 5 1 6  

 3 0 3  

8 1 9  

Gestão Geral do PPG7 1. Descontinuidade administrativa dos governos federal e estaduais, e mudanças nas regras de execução administrativa. 2. Atraso nas liberações dos recursos. 3. Falta de integração com outros programas e projetos.                                                                  

Total    

 7  3 1 11  

 8  3 1 12 

15  6 2 23  

 Pelas  mesmas  razões  de  conhecimento  temático,  o  segundo  tema,  onde  aflorou  o  descontentamento, refere‐se  à  gestão do  PPG7  (27%). Aqui  é posta  em  evidência  a  falha de  descontinuidade das  ações que 

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resulta em contínuas modificações nas regras do jogo (20%). Sobre o tema da disseminação de experiências e  conhecimentos,  12%  (nove  pessoas)  manifestaram  falhas.  Deve  ser  considerada  a  mesma  falha  que aparece  nos  temas  desenvolvimento  comunitário  (as  experiências  ficaram  limitadas  a  pequenas  comuni‐dades ‐ sete pessoas) e no tema políticas públicas (não foram comunicadas as experiências ‐ nove pessoas), mostrando, portanto, que 34% manifestaram tal preocupação.   7.3. Propostas apresentadas

 Na apresentação de propostas, a área não‐governamental foi muito mais fértil, apresentando um total 138 (64%), quando comparada à governamental, que apresentou 78 (36%). Para facilitar a visualização e análise, a tabela a seguir apresenta as propostas na ordem decrescente de adesões recebidas, onde se percebe que as quatro primeiras  foram  apoiadas por mais de 32% dos  entrevistados, destacando‐se  a necessidade de incrementar aspectos produtivos e geração de renda, que recebeu 64% de adesões. Este número reflete um anseio  geral  de  que  a  continuidade  do  PPG7  priorize  ações  econômicas  como  a melhor  forma  de  evitar problemas sociais e, em conseqüência, seja possível o uso sustentável dos recursos naturais.  Chama, também, a atenção o desejo de que o PPG7 seja realmente descentralizado em direção aos municí‐pios, onde as coisas acontecem. É ali onde estão os recursos naturais e onde o PPG7 deve atuar. As outras instâncias devem, apenas, apoiar. Em consonância com as contribuições contidas nos itens resultados Alcan‐çados  e  lacunas,  32%  solicitam  a  disseminação  de  experiências  positivas  e  a  continuidade  do  trabalho iniciado de capacitação e formação.   Aparece uma proposta nova que á adoção de um enfoque  territorial na estratégia do PPG7, com 13% de adesões, o qual merece atenção, por se tratar de uma política pública, contemplada no PPA e que está sendo adotada por vários ministérios. 

 PPRROOPPOOSSTTAASS AAPPRREESSEENNTTAADDAASS PPEELLOOSS EENNTTRREEVVIISSTTAADDOOSS PPAARRAA OO FFUUTTUURROO DDOO PPPPGG77

  PPRROOPPOOSSTTAASS         Área Gov. 

 Não Gov.  Total 

Incrementar aspectos produtivos de geração de renda.   19  28  47 Descentralizar, para os municípios, a gestão ambiental e manejo florestal.  15  10  25 Sistematizar e multiplicar experiências positivas do PPG7 para que se tornem políticas públicas.  

8 16  24

Investir muito em educação e capacitação.    7  17  24 Fortalecer instituições da sociedade civil.   1  10  11 Apoiar a questão indígena.   2 9  11Adotar enfoque e abordagem territoriais.    6  4  10 Fornecer assistência técnica aos projetos.   2  8  10 Dar continuidade aos projetos que estão em andamento.   5  5  10 Solucionar os conflitos fundiários.   2 6  8Criar fundo para dar continuidade ao Proambiente. 2 5  7Criar agência estadual (fundação) para integração e gestão dos projetos com participação da sociedade civil.  

3  3  6 

Monitorar melhor os projetos.   1  4  5 Negociar as doações diretamente com os estados. 3 1  4Direcionar a pesquisa para o manejo florestal.   0  4  4 Criar projeto específico para beneficiar pescadores.  0  4  4 Concluir os projetos PDA que estão desativados.   0  3  3 Promover a integração de programas e projetos. 2 1  3

Total 78  138  216

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BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA  ABERS, Rebecca  ‐ Civil Society Participation  in  the Pilot Program  to Conserve  the Brazilian Rain Forest, Final Version, 2000. Apostila. 

  AMARAL, Paulo. ‐ Manejo Florestal Comunitário: processos e aprendizagens na Amazônia Brasileira e na América Latina. Belém: IEB/Imazon, 2005.  AMIGOS DA TERRA ‐ Políticas Públicas Coerentes para a Região Amazônica. São Paulo, 1994.  BARBIERI,  José Carlos.  ‐ Desenvolvimento  e Meio Ambiente. As  Estratégias de Mudanças  da Agenda  21.  Petrópolis: Vozes, 2001.  BROSE, Markus. ‐ Agricultura familiar, desenvolvimento local e políticas públicas. Santa Cruz do Sul, 1999.  CAPOBIANCO, João Paulo Ribeiro et alii. ‐ Biodiversidade na Amazônia Brasileira: avaliações e ações prioritárias para a conservação, uso sustentável e repartição de benefícios. São Paulo: ISA, 2001.  DEMO, Pedro. Participação é Conquista. São Paulo: Cortez Editora, 1999.  ECHEVERRI, Rafael. ‐ Ruralidade, Territorialidade e Desenvolvimento Sustentável. Brasília: IICA, 2005.  IBAMA ‐ Desenvolvimento Sustentável: a Institucionalização de um Conceito. Brasília, 2002.  LIMA, E. Leite. ‐ Florestas Familiares. Belém: Ipam, 2003.  LITTLE, Paul E. ‐ Organizador‐ Políticas ambientais no Brasil. Brasília IIEB, 2003.  LOUREIRO, Carlos Frederico e outros ‐ Organizadores. São Paulo: Cortez Editora, 2000.  MDA/SDT ‐ Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável. Brasília, 2005  ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐Referências para a Gestão Social de Territórios Rurais. Brasília, 2005.  ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐Referências para o Desenvolvimento Territorial Sustentável. Brasília, 2003.  MMA/CONAMA ‐ Diálogo de Política Social e Ambiental: Aprendendo com os Conselhos Ambientais Brasileiros. Brasília, 2002.  MMA/SDF  ‐  Saberes  Tradicionais  e  Biodiversidade  no  Brasil.  (Org.  Antônio  Carlos  Diegues).  Brasília,  2001.  Série Biodiversidade 4.  MMA/SDS  ‐  Fórum  Permanente  para  o Desenvolvimento  Sustentável  do  Brasil. Memória  da  Reunião  de  Instalação. Brasília, 2000.  MIRANDA, Carlos. COSTA, Cristina. ‐ Gestão Social do Território. Experiências no Estado do Maranhão. Brasília: IICA, 2005.  PINZÓN RUEDA, Rafael.  ‐ Capacitação e Disseminação. Projeto  Integrado de Biodiversidade Aquática e dos Recursos Hídricos na Amazônia. Brasília: Aquabio, 2004.  ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ Reservas Extrativistas. Bruxelas: IUCN, 1997.  SCHNEIDER, Marcelo. ‐ Organizador. Políticas Públicas e Participação Social no Brasil Rural. Porto Alegre, 2004.  SEPÚLVEDA,  Sérgio.  ‐ Desenvolvimento  sustentável microrregional: métodos  para  planejamento  local.  Brasília:  IICA, 2005.  SOUZA, Maria Luiza de. ‐ Desenvolvimento de Comunidade e Participação. São Paulo: Cortez Editora, 2000.  TRIGUEIRO, André ‐ Organizador. Meio Ambiente no Século XXI. Rio de Janeiro: Sexante, 2006.  

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AANNEEXXOOSS

  AANNEEXXOO  II..    Entrevistas    73AANNEEXXOO  IIII..  Entrevistados e entidades de origem   106AANNEEXXOO  IIIIII..  Documentos revisados       107 

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EENNTTRREEVVIISSTTAASS  

1. Luiz Carlos Joels (ex‐coordenador geral do PPG7 ‐ 1997 a 1999). Entrevista em 22/11/2005.  Tem contato com o PPG7 desde 1993, quando  ‐ como pesquisador do  Inpa  ‐ colaborou na  formatação da proposta de zoneamento do SPRN. Participou, em 1996, das discussões para  formatação do Projeto Corre‐dores Ecológicos, ainda como representante do Inpa. De 1997 a 1999, atuou na SCA/MMA como coordena‐dor geral do PPG7.    Indagado  se conhecia a atuação do PPG7 nos municípios, explicou que o desenho do Programa não foi claro quanto à participação dos municípios. O subprograma responsável pela atuação em políticas públicas, o SPRN, inicialmente deixou tudo por conta dos estados. Alguns, como Amazonas, Acre e Amapá chegaram a atuar nos municípios. O desempenho dependia,  fundamentalmente, da maturidade do órgão  ambiental  estadual  e  é  preciso  reconhecer  que,  naquela  época,  os  órgãos  estaduais  não  estavam preparados para a formulação de políticas públicas. Juntavam‐se dois fatos: primeiro, não havia orientações claras  sobre  o  assunto,  havia  apenas  uma  declaração  de  princípios;  segundo,  o  contexto  estadual  não facilitava a atuação nesse campo, isto é, não havia ambiência. A grande contribuição do PPG7 foi dar o passo inicial, necessário para deslanchar um processo de formulação das políticas.  O período durante o qual coordenou o PPG7 (de 1997 a 1999) pode ser considerado um período áureo do Programa:  embora  não  existissem  formalmente  espaços  de  coordenação,  informalmente  havia  muitas reuniões  de  coordenação  e  existia  uma  grande  harmonia  entre  a  coordenação  do  PPG7  e  os  órgãos executores,  como, por exemplo,  Ibama e  Funai.  Joels  considera que, na  formulação de políticas públicas, inicialmente os projetos Resex e PPTAL e, posteriormente, ProManejo e ProVárzea prestaram boas contri‐buições,  além  do  Projeto  Ciência  e  Tecnologia:  ao  fortalecer  os  Centros  de  Pesquisa,  estes  passaram  a transmitir confiança aos  tomadores de decisão e aumentaram os  investimentos de pesquisa na Amazônia. Considera que o PPG7 falhou por não ter investido mais na disseminação de conhecimentos.  O PPG7 trouxe ensinamentos para o MCT, como o lançamento de editais específicos, com bons resultados e aumento da qualidade das pesquisas. Outra grande contribuição do PPG7 é que  inclusão da sociedade civil na  cena  política  e  ambiental,  contribuindo  para  equilibrar  o  Componente  Conservação  com  o  de  Uso Sustentável. Antes das experiências do PPG7, o setor ambiental não considerava o ser humano. Eram setores estanques. Essa aproximação foi operada, especialmente, pelos projetos Resex, PPTAL e PDA.  2.  Alberto  Martins  de  Freitas  (secretário‐adjunto  da  Secretaria  Estadual  de  Produção  do  Amazonas). Entrevista em Manaus (AM), em 26/11/05.  Tomou contato como PPG7, em 1995, como gerente de planejamento do Instituto Fundiário do Amazonas; presidiu  a Comissão Agroextrativista do  Estado do Amazonas,  foi  assessor da Associação Amazonense de Municípios, do  Icoti e do  Idam. Ocupa, desde 2003, a Secretaria Executiva Adjunta da Sepror. Embora ocu‐pando cargos tão importantes no Amazonas, apenas tomou conhecimento da existência do PGAI e do apoio prestado ao ZEE do sul do Estado. Não tomou conhecimento de alguma ação do PPG7 que tenha influenciado políticas públicas ou de ações que tenham contribuído para o desenvolvimento comunitário.  3. Viviane Gonçalves  (coordenadora do Componente 4 do ProManejo).  Entrevista em  Santarém  (PA), em 2/12/2005.  Desde 1998 atua no PPG7, participando dos estudos preliminares que deram origem ao ProManejo e, a partir de 1999, assumiu a coordenação do Componente 4 desse projeto  (gestão da Flona do Tapajós). Considera que  o  PPG7,  em  si mesmo,  foi  uma  política  pública, mas  pouco  contribuiu  para  a  formação  de  políticas públicas. O ProManejo contribuiu ‐ de forma micro e pequena ‐ com políticas públicas pressionando para a edição de portarias do Ibama favoráveis à gestão participativa da flona.  A grande falha do PPG7 foi ser um programa do MMA e, ao mesmo tempo, ter ficado à margem do MMA. O ministério  não  internalizou  nem  capitalizou  o  Programa.  Muitas  e  muitas  reuniões  do  Programa  não contaram  com  a  participação  do  MMA.    O  ProManejo,  por  exemplo,  não  participou,  amplamente,  na preparação do projeto de  Lei das Concessões  Florestais. Outra  falha do  Programa:  foi  executado, na  sua 

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quase totalidade, por pessoas que não estavam vinculadas ao serviço público. Tal carência de  funcionários públicos levava a não poder planejar a médio e longo prazo, executando ações para “apagar incêndio”.   Como  assegurar  a  continuidade  das  ações  com  equipes  que  são  contratadas  apenas  por  períodos  e  que sabem que não vão continuar? Que compromisso podem construir? Não foi resolvido o problema básico, isto é,  que  o  serviço  público  tenha  condições  para  cumprir  suas  tarefas,  como,  por  exemplo,  fiscalizar corretamente. Caso se pense em um programa semelhante para o futuro, o principal é institucionalizá‐lo por parte do  governo: que  seja,  realmente, um programa  de  governo, para  enfrentar os  problemas maiores, como a vigilância, controle e fiscalização da Amazônia, e fortalecer as estruturas de governo. Em experiências semelhantes sempre é positiva a presença da GTZ que ajuda a agilizar a execução.  4.  Carlos  Henrique  Aragon  Castillo  (ex‐coordenador  geral  do  PPG7,  de  1999  a  2002).  Brasília  (DF), 07/12/2005.  Teve contato com o PPG7 desde sua formatação em 1992, participou da elaboração e execução do Projeto Resex  (de 1993 a 1999), atuou como coordenador geral do PPG7, de 1999 a 2002. Considera que uma das falhas  do  Programa  foi  a  falta  de  preparação  dos  estados  para  a  execução  de  atividades  que  lhes  eram delegadas, especialmente pelo SPRN.  A participação da sociedade civil, no  início,  foi muito  importante e era  facilitada porque suas organizações tinham objetivos  ambientalistas muito bem definidos: naquela  época elas não  tinham  interesses político‐partidários. O processo de participação da sociedade civil se  iniciou com os movimentos da  Igreja Católica, que executava trabalhos de organização social no meio rural. Considera que o PPG7 trouxe pouca  inclusão social.   Para o futuro, o programa que se quiser implantar não deveria ser denominado “piloto”, pois a política para a  Amazônia  está,  hoje,  centrada  no  Programa  Amazônia  Sustentável  (PAS).  A  integração  com  outros ministérios está começando com o atual governo, embora  tal  integração ainda conste apenas no papel. O PPG7 conseguiu influenciar a política florestal.  5. Muriel Saragoussi (secretária de Coordenação da Amazônia/SCA/MMA). Brasília (DF), 08/12/2005.  A  influência  da  sociedade  civil  no  desenho  do  PPG7  foi  decisiva.  Havia  um  grupo  de  ambientalistas preocupados  com  a  destruição  das  florestas  tropicais,  que  conseguiram  sugerir  os  primeiros  passos  do Programa, uma vez que não havia  interlocutores de peso  representando o governo. O governo veio e  foi assumindo  responsabilidades  a  reboque  da  pressão  social.  Alguns  eventos  importantes  realizados  na Amazônia serviram como diagnóstico: o Encontro de Seringueiros, o Encontro de  Índios em Altamira e dois fóruns de debates sobre o desenvolvimento da Amazônia que tiveram o Inpa à frente.  Em relação ao desenvolvimento comunitário, houve avanços em todos os lugares onde o PDA atuou, até nas localidades onde atuou, apenas, na organização social. Todas as comunidades passaram a ter um padrão de vida melhor,  palpável  na melhoria  da  higiene,  aumento  da  produção,  diversificação  da  produção  ou  do comportamento em relação ao meio ambiente. É quase  impossível verificar tal melhoramento do ponto de vista da renda monetária, por dois motivos: primeiro, porque não houve uma avaliação inicial de marco zero, medindo  a  situação das  comunidades  antes dos projetos e,  segundo, porque  a maioria das  comunidades utiliza muito pouco a economia monetária.  É importante observar que os recursos do PPG7 foram pequenos demais quando comparados ao tamanho da região amazônica e da Mata Atlântica. Sendo assim, não era possível esperar uma transformação total das duas  regiões,  ainda mais  porque  a  implantação  de modelos  econômicos  sustentáveis  encontrou  grande resistência  das  elites.  É  considerável  o  avanço  que  o  PPG7  propiciou  a  valorização  das  populações  e  da cultura  tradicionais,  chegando  a  promover  o  debate  e  a  adoção  de medidas  para  valorizar  populações tradicionais  e  reconhecer  seus direitos. Hoje,  as pessoas  sentem menos  vergonha  ao  serem  identificadas como populações tradicionais.   

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O  PPG7  contribuiu,  bastante,  para  uma  visão  socioambiental  da  questão  florestal  e  criou  uma  série  de ferramentas que auxiliaram o planejamento. A própria sociedade civil começou a perceber o que podia fazer sozinha. Outra contribuição positiva do PPG7: a formação de pessoas na gestão pública, seja nas ONGs ou no governo.  No  início,  as  pessoas  que  desenhavam  os  projetos  não  tinham  nenhuma  experiência  na administração pública, não conheciam a burocracia oficial.   O  PPG7  prestou  sua  maior  contribuição  no  processo  de  geração  de  políticas  públicas,  e  podem  ser enumerados os seguintes avanços:  

Capacitação de recursos humanos para trabalhar com políticas públicas, pois todas as estruturas do PPG7 são compartilhadas e, como tal, as pessoas exercitam a capacidade de negociar políticas públicas;  

aumento da rede de informações e criação de uma espécie de elite e, hoje, a qualidade das propostas é bem consistente;  

muitas  pessoas  que  estão  no  comando  do  Ministério  do  Meio  Ambiente  (MMA)  participaram  do processo inicial, o que permitiu a concretização de idéias originais;  

a capacidade propositiva aumentou, em função da experiência vivenciada no PPG7;  

hoje, o governo não tem receio de discutir com a sociedade as propostas, pois a tecnocracia tinha e tem a tendência a discutir só no seu meio; e  

houve um grande aprendizado ao se tratarem as questões diretamente com o povo.  A análise da influência do PPG7 nas políticas públicas permite constatar que o Programa foi um quisto dentro do governo. A partir de 1997, houve  tentativas para que o PPG7  fosse do governo, mas apenas durante a gestão da ministra Marina Silva o PPG7 começa ser visto como política pública. Um passo significativo nesse sentido foi o reforço recebido pela a Coordenação do Programa, repassando os projetos para as áreas‐fins do MMA. Começa a existir uma possibilidade do PPG7 influenciar políticas nacionais.  O fato do Programa não ter adotado uma estratégia de desenvolvimento territorial, selecionando determi‐nados  territórios  para  atuar,  explica  porque  a  sociedade  civil  nunca  aceitou  tal  estratégia,  posição  que continua ainda hoje. Todo mundo deseja algum benefício para o seu território, ou seja, desde o início houve uma demanda para  atuar  em  todas  as  regiões. Outra  explicação dessa dispersão de projetos nas  regiões encontra‐se na tendência do PPG7 substituir o Estado, onde este não atuava.  6.  Edson  Barcelos  (secretário‐executivo  adjunto  da  Secretaria  de  Produção  Rural  do  Amazonas. Manaus (AM), 27/11/05.  Foi chefe da Embrapa, no Amazonas, de 2001 a 2003, e secretário‐executivo adjunto de Planejamento, de 2003 a 2004. Desde 1992, tomou conhecimento do PPG7 devido às suas ligações com a pesquisa. Considera que o PPG7 não alcançou visibilidade no Estado. Essa hipótese foi comprovada por ele mesmo, pois embora tenha sempre ocupado cargos importantes conhece apenas as ligações do programa com a pesquisa, com o ProManejo, ProVárzea e com o zoneamento (PGAI). Desconhecia trabalhos do PDA, Resex, PPTAL e AMA.  Considera  que  o  PPG7,  nos  aspectos  de  pesquisa,  foi muito  acadêmico:  faltou  vínculo  com  a  prática  e interação  com  a  comunidade,  mediante  projetos  demonstrativos  e  levando  em  conta  o  "querer"  da comunidade. Considera que, com relação ao Subprograma de Ciência e Tecnologia (SPC&T,) as propostas do Programa foram aceitas porque traziam dinheiro, mas não houve credibilidade em relação a elas.  7. Jorg Zimmermann (secretário técnico do Subprograma PDA, integrante da equipe que contribuiu para o desenho inicial do PPG7, de 1991 a1992). Brasília (DF), 9/12/2005.  

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Considera que, no momento da avaliação do PPG7, pensa‐se que este deveria ter cumprido algumas tarefas que, na verdade, ele não tinha obrigação de cumprir, porque não estava explícito nos seus objetivos. Outras vezes,  os  doadores  exigiram  tarefas  que  o  PPG7  não  tinha  condições  de  executar  devido  às  condições conjunturais.  Por  exemplo, não  fez políticas públicas porque,  neste  campo,  é necessário um processo de amadurecimento que não chegou a ser alcançado, especialmente pela falta de maturidade dos estados.  Nesta  linha de  raciocínio  ‐ exigir aquilo que o do PPG7 não podia alcançar  ‐, devem ser considerados dois elementos de análise: o primeiro, a mentalidade dominante sobre o desenvolvimento da Amazônia que não levava  em  conta  as  questões  ambientais;  e,  segundo,  o montante  de  recursos  aplicados  na  região.  Por exemplo,  o  crédito  rural  aplicado  foi muito  superior  aos  recursos  do  PPG7  destinados  a  proteger  cinco milhões de quilômetros quadrados. No caso do PDA, uma vez que se tratava de projetos “demonstrativos”, deveria ser perguntado se o projeto ajudou a mudar. A mudança é conseqüência, como réplica da demons‐tração, portanto o que deve ser avaliado é se o “demonstrativo” foi bem implantado.  Um projeto que, realmente, pode provocar mudanças é o Proambiente, mas ainda está em  implantação. O Proambiente procura mudar políticas radicalmente uma vez que o crédito passa a ser adaptado ao sistema de produção e não a um produto e, ao mesmo tempo, resolve um problema crônico que é a dificuldade em operacionalizar o pagamento de serviços ambientais. Reconhece que o PDA deveria ter atuado com enfoque territorial,  fortalecendo  determinados  territórios,  mas  se  dispersou  demais.  No  início,  as  pessoas consideravam que o PDA  seria a  salvação e cada um queria o  seu pedaço. O PDA  se  transformou em um balcão de oferta de projetos e beneficiou quem tinha mais competência para apresentá‐los. Assim, não foi possível beneficiar, talvez, a quem mais precisava ou a quem poderia oferecer respostas mais positivas.  Comentou sobre o avanço alcançado quando as prefeituras colaboram, pois o projeto previa um trabalho de articulação  municipal  e  estadual.  Considera  que  houve  maiores  avanços  onde  os  movimentos  sociais possuíam melhor organização. O PDA foi mais atuante no fortalecimento institucional. Salientou a dificulda‐de  em  articular  os  diferentes  projetos. Alguns  projetos  foram  prejudicados  pelos  interesses  locais,  como ocorreu com o SPRN ao tentar apoiar a organização territorial. Neste campo, a atuação foi melhor em Mato Grosso e no Acre. Houve mais dificuldades no Pará.  A  Avaliação  deve  levar  em  conta  que  a  Amazônia,  sem  o  PPG7,  não  seria  igual  que  o  fortalecimento institucional aconteceu com as camadas mais pobres. Outro aspecto deve ser considerado pela Avaliação: outra  conceituação  de  renda,  que  leve  em  conta  a  segurança  alimentar  alcançada  e  as  melhorias  na qualidade de  vida  sem  interferência  direta  de  aspectos monetários.  Considera  que  o  PPG7 propiciou  um período de amadurecimento para alcançar o desenvolvimento comunitário e, neste momento, há condições de fazer a colheita, isto é, fazer sistematização e articulação das experiências, formar redes para concretizar o aprendizado, buscar boa assessoria  técnica. Quanto a  futuras ações, considera que deve ser dada maior importância ao enfoque territorial e maior integração com outros programas, buscando maior visibilidade.  8. Ricardo Militão (secretário técnico do Projeto Corredores Ecológicos). Brasília (DF).   Tem conhecimento do PPG7 desde a preparação dos primeiros documentos. Acredita que,  inicialmente, o viés  era mais  ambiental  e  faltou mais  diálogo  com  a  sociedade.  Prova  disto  é  que  os  Projetos Demons‐trativos  tipo B  (PD/B), que  seriam projetos  com a  iniciativa privada, nunca  foram,  sequer, discutidos para implantação.  Percebe‐se  uma  evolução  clara  a  respeito da participação  comunitária, que  a  cada dia  vem crescendo, provando que o PPG7 foi direcionado às camadas mais pobres.   O caso do Projeto Corredores Ecológicos é uma prova da participação social, pois é um projeto que começou com características meramente técnicas, mas a realidade mostrou a necessidade de incluir a sociedade civil e assim  foi  feito  tanto  na  equipe  como  no  grupo  de  trabalho  que  concebeu  o  projeto.  Devido  a  essa participação  resultou  o  atual  desenho  do  projeto  com  decisões  descentralizadas,  por  meio  de  comitês paritários que contam com a participação de atores locais.  Para  chegar  a  esta  participação  da  sociedade  civil  houve  toda  uma  evolução,  porque,  por  exemplo,  no Amazonas  inicialmente o governo não queria  tal participação e quem  representava a sociedade civil era a 

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associação de municípios. Por outra parte a sociedade civil não aceitava o projeto sem a sua participação. Aos poucos, foi estabelecido o diálogo e estabelecida a participação que foi essencial para poder realizar as 18 reuniões de disseminação do projeto e consulta popular, sendo três oficinas em cada uma das seis áreas prioritárias. Esta participação comunitária está se transformando em política pública.  No  caso da Bahia, o  comitê é muito  ativo, mas  ficou no nível das ONGs, no nível  técnico, não  atingiu  as comunidades  de  base  para  obter  sua  participação.  Também  não  conseguiu  a  suficiente  repercussão  no Estado para ser transformado em política pública. No Espírito Santo, o comitê é muito ativo e conta com o apoio total da Secretaria de Meio Ambiente. A Unidade de Coordenação do Projeto possui boa equipe (11 pessoas) e se  tornou órgão exemplar dentro da secretaria, desencadeou estudos para  ICM ecológico, está trabalhando  para  aprovar  uma  lei  de  RPPN  estadual.  Disseminou  muito  bem  o  conceito  de  corredor ecológico realizando reuniões por microrregiões e discutindo a formação de corredores com todas as forças sociais do campo: proprietários, quilombolas, MST, entre outros.  Percebe  que,  na  Amazônia,  a maior  participação  da  sociedade  civil  se  deve  a  duas  causas:  primeiro,  as comunidades  possuíam  base  de  organização  criada  pela  Igreja  Católica,  nos  últimos  40  anos;  segundo,  a contribuição do PPG7 para fortalecimento do GTA e CNS teve um papel decisivo. Quanto às políticas públi‐cas, acredita que sua concretização depende de uma série de condições, muitas vezes até conjunturais. O Estado do Amazonas, por exemplo, passou a valorizar as unidades de conservação de uso sustentável, a fazer consulta à população local, a buscar maior cidadania para a população, mas, até que ponto isso é resultado do PPG7? O processo é muito amplo.  O certo é que para estabelecer políticas públicas é necessário criar um ambiente, um clima, para que chegue o  momento  de  amadurecimento.  O  PPG7  criou  esse  ambiente:  no  Pará,  por  exemplo,  a  consciência ambiental está crescendo. É preciso,  também,  reconhecer que  tal ambiente pode ser deteriorado e haver retrocesso,  sem nunca  voltar  ao ponto original, pois alguma  coisa permanece,  como  aconteceu em Mato Grosso. Uma das condições para que a política pública se estabeleça é a população perceber os benefícios, como acontece no Acre.  Embora o grande objetivo do PPG7 fosse bloquear o desflorestamento, o fato, por exemplo, do ProManejo e do ProVárzea terem  incorporado a questão social resultou em dois aprendizados  importantes: primeiro, os técnicos  ambientalistas  mudaram  seus  conceitos  sobre  a  presença  do  ser  humano  nas  unidades  de conservação, pois muitos deles defendiam pressupostos que não tinham sido testados; segundo, houve um aprendizado sobre questões comerciais e econômicas, e ficou claro que não basta produzir, mas o produto precisa chegar ao mercado, e existe um “atravessador”, problema que deve ser equacionado;  terceiro, os prazos  estabelecidos  nos  projetos  para  alcançar  resultados  são muito  curtos.  A mudança  de  hábitos  da população é de longo prazo. Os projetos foram otimistas demais ao incluírem metas de tão curto prazo.  9. Silvia Nicola (assessora do GTA/Proteger). Brasília (DF), 14/01/2006.  Todos os projetos do PPG7 deixaram inúmeras lições de desenvolvimento comunitário e, no Proteger, muito mais. No Proteger, o desenvolvimento  comunitário é promovido mediante dois  instrumentos principais: a capacitação e a  implantação de experiências agrícolas para melhoria da renda. Houve, também, esforço de articulação com outros projetos do PPG7, como, por exemplo, o SPRN/PGAI.  Um dos melhores ganhos do Proteger é  ter  conseguido que as  federações de  trabalhadores  rurais e  seus sindicatos  incorporassem  a  questão  ambiental  entre  suas  principais  reivindicações  e  preocupações,  a  tal ponto que a Federação de Rondônia chegou a mudar seu estatuto para valorizar mais a temática ambiental. O PPG7 deveria ter trabalhado melhor a questão das políticas públicas apoiando a abertura de caminhos, nos diferentes projetos, para chegar à formulação dessas políticas.  Nunca  houve  uma  estratégia  explícita  do  PPG7  para  políticas  públicas,  nem  orientações  e  recursos financeiros específicos para  tal. Considera que houve uma queda na qualidade da coordenação do PPG7 e que futuros trabalhos deveriam levar em conta três aspectos principais:  

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1. Fortalecimento das instituições na Amazônia; 2. concentração de esforços em determinadas regiões; e 3. combinação de duas estratégias: trabalhar alguns temas em toda a Amazônia e outros em deter‐

minadas regiões.  

10.  Celso  Shenkel  (coordenador  dos  programas  de meio  ambiente  da  Unesco,  no  Brasil).  Brasília  (DF), 6/01/2006.  Foi diretor do Ibama até 1994 e conhece o PPG7 desde 1990, durante as primeiras negociações. No Ibama, em relação às unidades de conservação o grande problema era como conciliar novas áreas com a necessi‐dade de  resolver o  problema da  gestão das unidades.  Inicialmente o  PPG7  foi  visto  como  catalisador de novas possibilidades de adquirir capacidade de gestão por meio de pólos regionais, uma vez que o grande gargalo que se enxergava naquela época era a gestão. Foi criada muita expectativa, mas ao mesmo tempo não foi possível propiciar ao PPG7 a atenção merecida porque o  Ibama estava recém criado (1989), estava estruturando  seus  programas  e  tinha  uma  boa  quantidade  de  dinheiro  do  FNMA  para  implementar  de imediato tais programas, como também estava preocupado com a realização da Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, a Rio‐92, então o eixo das prioridades era outro.  Considera  que  o  PPG7  não  conseguiu  a  visibilidade  que merecia,  faltou  disseminação,  uma  densa  e  boa comunicação, de forma sistemática. O que houve  foi altos e baixos. Em relação às políticas públicas houve uma certa frustração porque houve muita consulta popular, mas as contribuições dessa consulta não foram transformadas em política pública, não se disseminou, faltou a extensão ambiental.   Por outro lado, a consulta popular foi desorganizada, isto é, cada projeto fazia a mesma consulta, quando os diagnósticos deveriam ter servido para vários programas e projetos, criando a  integração necessária. Faltou organizar  e  sistematizar  as  informações  para  utilização  por  todos  os  projetos.  Sobre  o  desenvolvimento comunitário  como a  informação é muito  fragmentada e  focada em  aspectos que  repercutem na mídia, é muito  difícil  perceber  até  que  ponto  e  onde  houve,  realmente,  desenvolvimento  comunitário.  Falta sistematizar  e  disseminar  algumas  experiências.  Paras  futuros  trabalhos,  sugere  a  descentralização  que permita maior  liberdade ‐  inclusive na utilização orçamentária ‐ para projetos que conseguem avançar com mais agilidade.  11. Alberto Lourenço (coordenador geral do PPG7, em 2002). Brasília (DF), 17/01/2006.  Conhece o PPG7 desde as negociações  iniciais. Considera o ProVárzea o projeto que mais contribuiu para o desenvolvimento comunitário, especialmente na região de Santarém  (PA). Os primeiros anos do PPG7 não permitiram avanços na questão de políticas públicas porque a estrutura existente no Programa fazia com que fosse  tudo  controlado  pelos  doadores  e  pelo  Bird,  tendo  uma  coordenação  sem  nenhum  poder.  Isso  se explica porque não havia experiência precursora que pudesse minimizar o risco do governo brasileiro mani‐pular os recursos financeiros, isto é, faltava confiança dos doadores no governo. Muito pouco foi alcançado quanto  às políticas públicas, muito  aquém do  esperado. O ProVárzea deveria  ter  sido disseminado  como política pública.  A participação social, que cresceu ao  longo do PPG7, significa política pública  fortalecida. A dificuldade de contribuir com as políticas públicas deve‐se a dois  fatores principais: primeiro, o próprio governo não  tem uma política pública bem definida para a Amazônia; e, segundo, falta um contexto institucional mínimo para chegar  a  acordos  em  câmaras  técnicas  territoriais  e  setoriais.  Entende  que, mesmo  atualmente,  não  foi definida  tal  política  para  a Amazônia  porque  o  PAS  não  foi  implementado,  uma  vez  que  se deu  atenção apenas  às medidas  emergenciais,  tirando do primeiro plano  as medidas  estruturais.  Isso  significa que  foi abandonado o caminho das negociações que  leva à construção de políticas públicas, para adotar o apagar fogo com medidas de cima para baixo.     

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12. Tasso Azevedo (diretor do Programa Nacional de Florestas do MMA). Brasília (DF), 17/01/2006.  Quando estava sendo desenhado o PPG7, interna e externamente, no âmbito dos doadores dominava a idéia de conservação integral da floresta tropical. Em 1992, não era possível falar em uso sustentável da floresta. O PPG7 foi  implantado em um momento histórico  importante, quando começou a ser provado que o manejo florestal é possível, a sociedade e os ambientalistas se convenceram dessa possibilidade e a contribuição do PPG7  para  comprovar  tal  tese  foi muito  decisiva.  Os  recursos  alocados  pelo  Programa  para  instalar  os projetos  demonstrativos  de manejo  florestal,  tanto  comunitários  quanto  com  a  iniciativa  privada,  foram fundamentais  e  sem  tais  recursos  possivelmente  não  teria  havido  tais  demonstrações.  A  tendência continuaria sendo a proteção integral, a partir da pressão externa.  Direta ou  indiretamente, o PPG7 está envolvido na consolidação do conhecimento sobre manejo  florestal, aportando  recursos para capacitação, disseminação, encontros, seminários e  formação de  rede de manejo florestal. O grande passo dado foi a compreensão de que as grandes ameaças à floresta não estão dentro da própria floresta, mas nas atividades que acabam com a própria floresta, provenientes de políticas públicas de outros  setores,  como  o  agronegócio,  reforma  agrária,  hidrelétricas  e  estradas.  Hoje,  é  aceito  que  para conservar tem que usar.  O PPG7 propiciou o ambiente para canalizar as demandas. O manejo  florestal pode ser considerado como uma política pública derivada do ProManejo, bem como a decisão de fazer a gestão em florestas nacionais (flonas). Os estudos estratégicos, o processo de construção, as consultas públicas, a mobilização viabilizados pelo  ProManejo  possibilitaram  preparar  o  Projeto  de  Lei  para  a  concessão  florestal  que  trata  de  quatro políticas importantes:  

1. Regras para uso das florestas públicas; 2. criação de um serviço florestal; 3. criação de um fundo de desenvolvimento florestal; e  4. descentralização da execução das políticas florestais, passando atribuições concorrentes a estados 

e municípios.  

O  trabalho de diálogo  com os diversos  setores  ligados  às questões  florestais,  executado pelo  ProManejo permitiu a revitalização da Comissão Coordenadora do Programa Nacional de Florestas (Conaflor). Faltou ao PPG7 articulação e diálogo  com os  fóruns  internacionais que  tratam das questões  florestais, pois o Brasil pode oferecer  experiências muito positivas  como  a  capacitação  em manejo  florestal, os modelos  empre‐sariais  em  média  e  grande  escala,  o  manejo  comunitário  e  os  instrumentos  de  monitoramento.  Para trabalhos futuros deveria ser elaborado um grande projeto de gestão de florestas públicas que considerasse as seguintes prioridades:   

Apoio à questão indígena;  

fortalecimento do Arpa ou algo semelhante;  

fortalecimento  das  unidades  de  conservação  de  uso  sustentável,  com  recursos  para  seu  desenvol‐vimento, como planos de manejo e monitoramento;  

descentralização da gestão florestal para os estados;  

ampliação para uma escala grande o manejo florestal comunitário e criação de distritos florestais; e  

financiamento  para  fundos  fiduciários  (viabilizar  o  fundo  de  serviços  ambientais  do  Proambiente  e  o fundo fiduciário para flonas). 

    

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13. Brent Milikan (assessor do MMA, ex‐secretário técnico do AMA). Brasília, 17/01/2006.  O desenvolvimento comunitário (DC) alcançado pelo PPG7 é mais visível em dois aspectos:  

1. A inclusão de populações na socioeconomia do país; e 2. organização dessas comunidades que estavam excluídas. 

 O DC não evoluiu em termos de proposta de desenvolvimento territorial e recebeu mais apoio na região de Santarém (PA). Em outros casos, contribuiu para a formulação do plano de desenvolvimento regional, como é o caso de Parintins (AM). São inúmeros os casos em que o PPG7 melhorou, realmente, as condições de vida das comunidades, mesmo que tenha havido certa dependência dos projetos. Houve melhoras na segurança alimentar, mas faltou mostrar como continuar andando com as próprias pernas.  Em parte, não houve melhores respostas no DC porque esse processo depende muito da integração entre as políticas públicas e tal fator, que não depende só do PPG7. O principal vácuo que prejudicou o DC: falta de visão do governo sobre a Amazônia, pois há uma grande discrepância entre o discurso e a prática, ou seja, de um lado propõe o desenvolvimento sustentável e, do outro, financia grandes programas que não consideram a sustentabilidade ambiental. As grandes obras não dialogam com a questão ambiental e o desenvolvimento do  território.  Não  há  diálogo  porque  a  construção  de  agendas  é  um  processo mais  lento  e  difícil.    As aparências escondem interesses econômicos e políticos de particulares.  O PAS era a grande oportunidade para influenciar as políticas públicas, pela força integradora que propunha. Por exemplo, nada avança na área ambiental enquanto não for resolvida a questão fundiária com apoio do Incra e do Ministério da Justiça, mas faltou força política para o MMA fazer com que fosse implantado, pois a influência política da Região Norte é pequena.  Faltou, ainda, uma estratégia gerencial para disseminar as experiências tornando‐as caminhos para as políticas públicas. Não bastava publicar as experiências positivas, era necessário ter meios para ampliar a escala.  Na  hipótese  de  implementação  de  um  novo  programa,  deveriam  ser  pensados  processos  de  construção ascendente  do  planejamento,  visando  territórios  que  tenham  afinidades  e  trabalhando  com  territórios homogêneos.  Fomentar  experiências  onde  houver  mais  capital  social  e  avançar  com  processos  de planejamento de desenvolvimento  territorial, a exemplo do que está ocorrendo com a  rodovia BR‐163. O próximo programa deveria ser como o PGAI, que tinha áreas selecionadas. As experiências positivas do PPG7 deveriam ser peças para o desenvolvimento territorial. O cenário desejável seria um plano de governo para a Amazônia, onde os doadores pudessem escolher suas preferências para aplicações e as experiências do PPG7 pudessem ser ampliadas e multiplicadas.  14. Alexandre (chefe do CNPT/Ibama, executor do Resex II). Brasília (DF), 18/01/2006.  O  novo  governo  parece  que  entrou  com  desconfiança  sobre  o  PPG7.  A  principal  crítica  é  a  demora  na preparação dos projetos e  liberação dos  recursos. É preciso dar  flexibilidade nas aplicações  (semoventes). Não  é necessário  tanto  estudo  preparatório,  é  preciso  reunir  os  estudos  existentes  e  partir  para  a  ação. Gasta‐se muito com administração e estudos.  Os projetos conseguiram incentivar o DC, especialmente o ProVárzea. Um futuro programa deveria manter a linha de conservação dos recursos naturais e combate à pobreza. O programa deveria ter duas esferas: a) a parte de  coordenação  feita pelo MMA; e b) Unidades de Gestão dos Projetos  com ampla  autonomia nas unidades  executoras.  O  novo  programa  deveria  cuidar mais  de  unidades  de  uso  sustentável  do  que  de proteção integral. Essa proteção pode ser realizada nas próprias unidades de uso sustentável.  15. Rômulo Barreto de Melo (diretor de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, ex‐presidente e ex‐diretor de Planejamento). Brasília (DF), 18/01/2006.  Conhece  o  PPG7  desde  suas  negociações  em  1990.  A  expectativa  era muito  grande: US$  1,5  bilhão  . O processo  de  doação  é muito  complicado  e  a  administração  gera  um  enorme  gasto  (em  torno  de  50%, 

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segundo  alguns  cálculos).  Os  melhores  projetos  são  os  executados  pelo  Ibama:  Resex,  ProVárzea  e ProManejo. O PPG7, ao dar prioridade às camadas excluídas da Amazônia, quebrou um pouco as estruturas oligárquicas que dominam a região,  fato mais perceptível ao permitir a representação dessas camadas nos fóruns de tomada de decisões.  No início do PPG7, o caminho traçado foi “preservacionista” e, se dependesse do governo, esta posição teria sido ampliada. A  influência da sociedade civil, da questão agrária, a questão  indígena e a herança de Chico Mendes levaram a uma mudança importante que consistiu na compreensão da importância do ser humano na conservação da natureza. No início, seus responsáveis eram imbuídos de preconceitos contra a presença do  ser  humano  em  áreas  de  conservação  e  projetos  como  Resex,  ProVárzea,  ProManejo  provaram  a importância de aproximar conceitos de conservação e de presença humana. Este foi um avanço enorme.  Dentro do próprio  Ibama o PPG7 provocou mudanças porque  fortaleceu a ala que considera  importante a presença humana para a conservação.  O PPG7 não teve, inicialmente, uma visão completa da problemática da  floresta  tropical,  tanto  assim  que  o  trabalho  com  fauna  ictiológica  veio  tardiamente.  Quanto  ao desenvolvimento  comunitário  influenciou mudanças  iniciadas por pequenos projetos que  vão provando  a viabilidade das  inovações, mesmo em uma estrutura regional extremamente concentradora de terras e de oligarquias. Pode‐se até afirmar que o PPG7 aplicou uma estratégia diametralmente oposta àquela aplicada pela  Sudam  que  apenas  apoiou  grandes  investimentos  ‐ distantes da  cultura  e  economia  local  ‐ que  fra‐cassaram  totalmente. O PPG7  foi às bases, às comunidades e conseguiu mudanças. Provou que é possível criar riqueza na Amazônia.  O PPG7 teve falhas por não se  integrar a outros programas e projetos, e não ter persistido na obtenção de apoio das bases políticas e autoridades  locais, especialmente de outras áreas diferentes da ambiental. Era importante dialogar com outros atores como  fizeram, em parte, o ProVárzea e o ProManejo. Para  futuras ações seria recomendável que o PPG7 priorizasse a agregação de valor à produção  local, o maior problema da região e continuasse dando prioridade às pequenas comunidades locais, pois o Brasil está desenhado para favorecer os grandes. No futuro, as ações deveriam focar determinadas regiões, questões específicas como aconteceu  com ProManejo, Resex e ProVárzea. O  trabalho  com pequenos extrativistas e produtores deve funcionar com regras de mercado, para que conquistem autonomia e financiamento.  16.  Antonio  Carlos  Hummel  (diretor  do  Ibama  e  secretário  técnico  do  ProManejo),  Cristina  e  André (assessores). Brasília (DF), 18/01/2006.  Desde 94, participa das negociações do ProManejo que,  inicialmente, estava  concebido  como um projeto para apoiar as florestas nacionais e o manejo florestal. Dessa forma, conseguiu o apoio de todas as catego‐rias  de  pessoas  que  trabalham  com  a  exploração  florestal.  Essas  mudanças  são  devidas,  em  parte,  à formatação da proposta que partiu do Imaflora, contratado para tal. Com o ProManejo mudou um pouco o quadro na Amazônia, a partir da própria postura do Ibama (que investe no manejo florestal das flonas) e da sociedade (que acredita no manejo como resultado de inúmeros debates e capacitações).  O bom  trabalho  realizado pelo ProManejo, na Flona do Tapajós, é comprovado pelos próprios moradores, dos quais 90% desejavam sair da  flona antes de  iniciar o projeto e, agora, 90% querem permanecer o que mostra seu grau de satisfação. O ProManejo contribuiu, muito, para mudar a política florestal no Acre onde todas  as  iniciativas  comunitárias  tiveram  apoio  desse  projeto.  No  Amazonas,  também  há  mudanças concretas com adoção do manejo comunitário.  Uma das principais contribuições do ProManejo para a formação de políticas públicas foi o amplo programa de  capacitação executado, que  culminou  com a  criação de um  centro de  formação, o Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal  (Cenaflor). Lamenta‐se a  falta de  integração entre os projetos do PPG7. Com o SPRN,  implementado pela autoridade estadual, não houve diálogo nos estados do Pará e Mato Grosso. É lamentável que o SPRN não tenha priorizado a questão florestal, o maior ativo ambiental da Amazônia.  O problema mais sério para a boa implantação do PPG7 foi a falta de quadros técnicos nas instituições. Caso haja um programa parecido no futuro, a prioridade deveria ser o apoio a processos de descentralização da 

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gestão ambiental, incluindo a gestão florestal. Outro cuidado a ser levado em conta em um futuro programa de proteção das  florestas  tropicais é assegurar quadros  técnicos para as  instituições executoras. Trabalhar com técnicos com contratos temporários é preparar a falta de continuidade das ações. Deveria ser financiado o  pessoal  das  instituições,  tendo  o  cuidado  de  selecionar  técnicos  com  perfil  mais  adequado  para  os trabalhos de manejo florestal.  É  importante considerar também que a agilidade do ProManejo pode ser alcançada porque sua coordena‐ção funcionava na Amazônia. O maior desafio para o êxito de um futuro programa são os seguintes fatores: (i) descentralização; e (II) fortalecimento dos municípios e do serviço florestal para concretizar a concessão em terras públicas.  17. Onice Dall'Oglio (secretária técnica do AMA). Brasília, 18/01/2006.  As próprias pessoas que trabalham nos projetos têm dificuldade de visualizar um programa e desconhecem o papel  do  AMA.  Isso  ocorre,  principalmente,  devido  às  enormes mudanças  de  pessoal  ocorridas  nos  três últimos anos por causa das novas regras estabelecidas pelo Pnud. O AMA mudou seu foco, pois em vez de perseguir a meta de realizar monitoramento e avaliação, presta assessoria e capacitação aos projetos para que  eles mesmos  desempenhem  tal  papel.  Hoje,  a  ênfase  é  dada  ao monitoramento  de  impactos  (ou resultados) e não do processo.  O AMA desenvolve um esforço  concentrado para  realizar estudos,  cujo objetivo é  resgatar experiências e disseminar  conhecimentos.  Nos  dois  últimos  anos,  tem  recebido  diferentes  demandas  por  parte  dos trabalhos na rodovia BR‐163. Reconhece que uma das principais necessidades é sistematizar as experiências positivas  e disseminá‐las para  a  formação de políticas públicas, na  linha da  produção  sustentável. Assim, aconteceu com os acordos de pesca, com a participação comunitária e a sistemática para evitar  incêndios florestais.  A disseminação não avançou muito, embora recomendada na Reunião de Cuiabá (MT), em 2001, por falta de recursos financeiros e de pessoal especializado no AMA. O desenvolvimento comunitário pode ser observado nas ações de melhoria de qualidade de vida promovido pela melhor qualidade da produção sustentável.  Os  objetivos  do  PPG7  foram  expressos  de  forma  muito  ampla,  como  contribuir  com  a  diminuição  do desmatamento, que não é tarefa só do Programa. As experiências positivas de vários projetos compro‐varam a existência de meios para frear o desmatamento. Falta disseminar e  incorporar ao, dia‐a‐dia, tais práticas, ou seja, transformar tais transferências em políticas públicas.  18. Artur Mendes Nobre  (diretor da Diretoria Fundiária da Funai e  secretário  técnico do PPTAL).   Brasília (DF), 20/01/2006.  Participou da interlocução para formatação do PPTAL desde o primeiro momento do PPG7. A  idéia original, em 1992, era que o projeto para apoiar as populações  indígenas  fosse um conjunto de experiências piloto em sete ou oito áreas. À medida que houve avanço nas discussões, decidiu‐se formatar o PPTAL tendo como carro chefe a demarcação de terras  indígenas. Foram três anos de negociações até o  início do projeto, em 1996. Na Funai, o PPTAL foi fundamental para a demarcação de terras indígenas em uma dimensão de mais de 50 milhões de hectares.  Mais importante do que o dinheiro repassado à Funai, o grande ganho obtido pelo PPTAL foi o compromisso que o governo brasileiro assumiu de marcar as terras indígenas, transformando‐se assim em política pública, tendo continuidade com recursos próprios do Brasil. Hoje, a dinâmica do PPTAL está internalizada na Funai, embora ainda haja alguns setores que não a assimilaram bem. Uma das causas dos bons resultados do PPTAL é ter  formado uma equipe com pessoas do órgão e pessoas contratadas por meio do Pnud, pois trabalhar apenas com pessoal da Funai teria sido quase impossível devido à grande mobilidade e ascensão funcional.  O PPTAL conseguiu fazer com que a demarcação incluísse os desdobramentos posteriores, isto é, ações para assegurar  a  ocupação  das  terras  mediante  a  contribuição  de  outros  setores  do  órgão  e  projetos  de 

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acompanhamento  da  demarcação,  elaborados  com  a  participação  dos  índios.  Essa  sistemática  permitiu melhorar as normas demarcatórias da Funai e  trouxe,  como  lição, que demarcação não devia  ser um ato mecânico de engenharia, mas transformada em oportunidade para estabelecer uma estratégia de proteção dos limites.  Esse modelo, hoje, está sendo  internalizado pela Funai e o momento da demarcação está sendo entendido como um processo mais amplo que consiste em garantir o espaço para os  índios. O PDPI nasceu sob essa ótica,  ou  seja,  não  basta  fazer  uma  demarcação  fria,  é  preciso  que  os  índios  se  sintam  estimulados  e instrumentalizados  para  ocupar  o  espaço  e melhorar  suas  condições  de  vida.  No  início  foram  feitos  os levantamentos etnoecológicos que determinam os recursos existentes e o uso que os  índios fazem deles, e serve para negociar e atrair outros projetos de melhoria da produção.  Acredita  que,  para  o  futuro,  a  ajuda  externa deveria  ser  concentrada  na  proteção  da  biodiversidade  nas terras  indígenas, buscando seu aproveitamento mediante a transformação dos recursos naturais, acesso ao mercado, introdução de tecnologias. Ou seja, é urgente oferecer uma alternativa econômica aos índios para que não caiam na tentação de alugar suas terras, ou permitir a exploração predatória por terceiros.  19. Elke Urbanavicius Costanti (assessora da Coordenação do PPG7, 1995 a 2000).  Brasília (DF).   Está  convicta  de  que  a  grande  contribuição  prestada  pelo  PPG7  à  formação  de  políticas  públicas  na Amazônia.  Salienta  que  o  zoneamento  econômico‐ecológico,  a melhoria  do monitoramento,  o  fortaleci‐mento do Ministério Público na área ambiental, o manejo florestal, a multiplicação de reservas extrativistas por  influência  do  Projeto  Resex  e  o  lançamento  do  programa  Amazônia  Legal,  pelo  MMA,  é  fruto  da experiência adquirida com o PPG7.  Afirma  que  houve,  realmente,  desenvolvimento  comunitário  especialmente  com  a  intervenção  do  Resex, PDA e PPTAL, que  influenciaram comunidades  indígenas para melhorarem  suas condições de vida. Sugere que, para o  futuro,  seja  feita  concentração  de  investimentos  em  determinadas  áreas  buscando  produtos mais concretos, como aconteceu na Flona do Tapajós onde, realmente, as pessoas melhoraram as condições de  vida.  Deveria  haver  um  projeto  para  desenvolvimento  das  florestas  de  uso  sustentável.  Deve‐ria  ser formado um fundo do governo brasileiro para multiplicar a metodologia do ProVárzea e do ProManejo, em determinadas áreas. A solução de conflitos fundiários é outra vertente para aplicação de recursos.  20. Sebastiana S.S. Almeida (coordenadora de programas para extrativismo na Secretaria de Meio Ambiente, desde 1995 trabalha em atividades relacionadas ao PPG7). Porto Velho (RO), 23/01/2006.  O  PPG7  permitiu  alcançar  resultados muito  positivos  como  a melhoria  do monitoramento  das  questões ambientais mediante  o  equipamento  da  Secretaria  de Meio  Ambiente  (Sedam),  e maior  participação  da sociedade  civil  do  que  programas  anteriores  como  o  Planafloro.  Sugere  que  para  dar  continuidade  aos resultados alcançados seja  implantado um projeto de fomento florestal, nos municípios que perderam suas florestas  (reflorestamento) e que seja  iniciado um projeto de apoio à gestão das resex, com a participação das comunidades do entorno dessas unidades de conservação.  21.  Ivaneide Bandeira Cardozo  (presidenta da ONG Canindé), Oswaldo Castro de Oliveira  (presidente da Organização dos Seringueiros de Rondônia) e Silvânio    (coordenador estadual do GTA). Estas  lideranças de movimentos sociais acompanham o PPG7 há vários anos, trabalharam em alguns projetos como PDA, Resex, PGAI e participam de conselhos e fóruns cujos trabalhos ambientais se relacionam com o PPG7. Porto Velho (RO), 23/01/2006.  Observaram  que  o  PAS  trouxe muita  decepção  porque  até  agora  é  apenas  uma  lista  de  boas  intenções. Sugerem que o  tempo de execução dos projetos  seja maior, pois  três anos  são  insuficientes e permitem, apenas,  preparar  as  comunidades.  Consideram  que  houve  desperdício  de  recursos  no  Programa  anterior porque  houve  pouco  tempo  para  execução  dos  projetos.  Quando  as  comunidades  começavam  a  dar resposta, o projeto terminava, as ações eram interrompidas sem ter colhido os frutos.   

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Os projetos devem ser mais flexíveis: durante a execução aparecem necessidades que devem ser resolvidas e quando  o  projeto  não  permite  tais  investimentos,  não  se  chega  ao  resultado  esperado.  É  necessário continuar investindo muito na capacitação da sociedade civil para a gestão dos projetos, que foi o ponto mais fraco. Para obedecer  à  legislação brasileira era necessário mudar as diretorias dos órgãos executores dos projetos e a nova diretoria deveria ser capacitada, mas não havia recursos para tal, pois os recursos tinham sido gastos com a capacitação da diretoria anterior. Capacitar não só a diretoria, mas a comunidade que dará sustentabilidade.  É  necessária  uma  avaliação  no meio  termo  de  execução  dos  projetos  para  redirecionar  e  corrigir  o  que estiver errado. Deve ser previsto, nos projetos, um montante para monitoramento estendido a um período posterior ao término das liberações de recursos, isto é, até que a comunidade possa continuar o projeto com recursos próprios. Quando se abandona um projeto que ainda não é sustentável, o dinheiro foi jogado fora. As lideranças afirmaram desconhecer projetos concluídos, isto é, que conquistaram sustentabilidade.  Quanto ao PPTAL, consideram que foram realizados bons estudos, mas não foram implementados os planos de  gestão,  deixando  o  projeto  pela metade.  Por  outra  parte  os  estudos  não  foram disponibilizados,  pois poderiam ter servido para fazer os planos de gestão. Quanto à participação da sociedade civil na tomada de decisões do PPG7  consideram que houve muitas  consultas, mas na hora de decidir não eram  levadas em conta as opiniões das mesmas. Tratava‐se, apenas, de espaços para legitimar as decisões que eram tomadas pelos coordenadores dos projetos.  Apontaram  uma  grande  falha  na  disseminação  ‐  que  não  aconteceu  ‐  das  experiências  positiva, mesmo porque  os  projetos  não  previam  recursos  para  tal.  Não  houve  troca  de  experiências  para  permitir  a replicação  de  boas  experiências.  Futuros  projetos  deverão  contemplar  três  linhas  de  ação:  ambiental, econômica e social. É fundamental que os próximos projetos considerem a geração de renda, pois as pessoas abandonam a  floresta por  falta de opções econômicas. Não se  trata, portanto, de projetos piloto e sim de consolidação daquilo que foi feito. Deverá, por exemplo, apoiar ações para que a produção possa chegar ao mercado:  as  comunidades  produzem,  mas  não  melhoram  a  renda  porque  entregam  a  produção  ao intermediário.  Afirmam que o PPG7 conseguiu melhorar as condições de vida de muitas comunidades, mas tudo isso precisa ser  consolidado.  O  PPG7  também  consolidou  a  Rede  GTA  e  fortaleceu  a  base  social,  especialmente oferecendo meios para mobilização e articulação. Esse  apoio permitiu  a  troca de experiências, não  só na região  amazônica,  mas  também  com  o  pessoal  da  Mata  Atlântica.  Pode‐se  afirmar  que,  hoje,  existe articulação da sociedade civil em torno da questão ambiental. Este apoio deve continuar, pois sem recursos financeiros é impossível fazer mobilização em uma região tão grande como a Amazônia.  Outro apoio importante fornecido pelo PPG7: a conscientização ambiental que atingiu milhares de pessoas e obteve repercussão positiva. Esse trabalho permitiu mudanças muito  importantes de mentalidade no Acre, Amazonas  e  Amapá,  especialmente.  O  PPG7  permitiu  adquirir  conhecimentos  e  introduzir  mudanças comportamentais  na  sociedade  quanto  ao  planejamento,  diagnóstico  ambiental,  proteção  de mata  ciliar, agroecologia, e providências para evitar incêndios florestais.  Quanto ao SPRN, as lideranças afirmaram que este subprograma não funcionou bem em Rondônia. Realizou inúmeras  reuniões,  muitos  planejamentos  e  re‐planejamentos,  mas  nada  de  ações  concretas.  As reivindicações  e  projetos  da  sociedade  civil  não  foram  atendidos  e,  como  havia  muitas  consultas  sem resultados, aos poucos, os membros de tais colegiados deixaram de participar.  Para o futuro, deveria haver uma espécie de regionalização de recursos para evitar que as regiões com maior capacidade  de  apresentar  projetos  fiquem  com  todos  os  recursos.  A  ação  nos  territórios  deveria  ser diferenciada, conforme a carência das diferentes camadas sociais e capacidade dos territórios. Sugerem que, com  o  PPG7  não  realizou  a  integração  dos  projetos,  é  necessário  criar  agência  estadual  que  faça  essa integração  entre  as  entidades  implementadoras. Outra  sugestão:  incluir  um  projeto  que  apóie  a  cultura regional, para recuperar a identidade regional e local que estão sendo esquecidas.  

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22. Francisco de Assis Teixeira (técnico do Ibama, coordenador substituto do CNPT e chefe da Resex Lago de Cunião, ex‐coordenador da Resex Rio Ouro Preto, beneficiária do PPG7). Porto Velho (RO), 23/01/2006.   Sugere  que  o  recurso  para  trabalhar  no  Projeto  Resex  seja  descentralizado  do  Ibama.  Considera  que  a paralisação do Resex durante 2001 a 2003 trouxe enormes prejuízos, pois os moradores da reserva ficaram esquecidos e desiludidos. Muitos invasores aproveitaram esta circunstância e hoje a reserva encontra sérias dificuldades. Há necessidade de  retomar os  trabalhos mediante um novo Resex  II,  cuja prioridade  seja os projetos produtivos, vigilância, monitoramento e fiscalização, e que resolva a questão fundiária que continua indefinida.  23. Alexis Bastos (presidente da ONG Rio Terra, participou do Grupo Estadual de Trabalho do SPRN). Porto Velho (RO), 23/01/2006.  O SPRN consistia, apenas, em muitas  reuniões, muito planejamento, mas  sem  resolver nada. A população está cansada de reuniões. O novo governo ainda veio para replanejar tudo, mas, até agora, não se viu nada concreto. O  foco  para  um  novo  programa  seria  estudar mais  a  floresta  para  preservá‐la.  Deveria  incluir estudos que levem à geração de renda sustentável. Deve‐se cuidar da cultura e identidade do povo. Sugere que a gestão dos projetos não  fique com o governo, pois pode haver  retrocessos como está acontecendo com o governo do Estado atualmente. Criar uma câmara técnica ou algo parecido para a gestão, incluindo a sociedade civil e o governo.  24.  Valdineusa  Maria  do  Nascimento  (presidenta  do  Centro  de  Pesquisas  de  Populações  Tradicionais Cuniã/CPPT) e Marcos Augusto Gomes Sussuarana (assessor).  Porto Velho, 23/01/2006.  A ONG dedica‐se a promoção do desenvolvimento  local sustentável e  integra o GT  ‐ SPRN e vários  fóruns ambientais.  No  SPRN  nunca  foi  executado,  nunca  executou  o  era  planejado.  Por  isso,  os membros  da sociedade civil se afastaram, aos poucos, pois não adiantava participar apenas do planejamento e ver que eram executadas outras coisas. Desconhecem outros projetos do PPG7.   Sugestões:  

Criação de uma coordenação estadual que coordene todos os projetos e que tenha representatividade dos vários segmentos da sociedade;  

descentralizar os projetos e fazer monitoria mais freqüente para que não se fique só no planejamento;  

apoiar mais a articulação da  sociedade  civil, no GTA deve haver uma proposta para  cada Estado, que inclua as comunidades ribeirinhas;  

valorizar o setor produtivo apoiando as experiências comunitárias em negócios sustentáveis e levando‐as até o mercado;  

possibilitar que os projetos atendam as comunidades mais carentes mediante editais que permitam sua inclusão;  

evitar a descontinuidade dos projetos como aconteceu com o PPG7, e o acompanhamento deve ser mais demorado, pois projetos pontuais não fazem o desenvolvimento;  

um novo programa deve incluir o serviço de assistência técnica para os ribeirinhos;  

um  novo  programa  deve  dar  prioridade  à  educação  do  campo  com  parâmetros  que  contemplem  as peculiaridades do campo; e  

um novo programa deve tratar a organização social como prioritária para poder melhorar a produção.  

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25. Irmã Emília (Cimi) ‐ Porto Velho, 23/01/2006.  Deve ser reforçada a necessidade de incrementar a capacitação para que as comunidades tenham condições de elaborar seus projetos. Deve ser dada continuidade à demarcação de terras indígenas.  26. Carolina Rodrigues da Costa Doria (vice‐presidenta da Ecoporé, ex‐coordenadora das ações da Secretaria de  Coordenação  da  Amazônia/SCA/MMA,  em  Rondônia,  em  2003,  integrou  o  GT/SPRN),  Ieda  Cella (assessora). Porto Velho (RO), 24/01/2006.  Essa ONG executou projetos PDA e tem assento nos principais fóruns ambientais do Estado. Consideram que o PPG7 conseguiu melhorar a qualidade de vida das comunidades onde atuou, à medida que houve ganhos na saúde,  renda, manejo dos  recursos naturais, qualidade ambiental, consciência política, organizacional e ambiental,  formação  de  capital  social  mediante  a  capacitação  de  muitas  lideranças,  e  aquisição  de conhecimentos trazidos pelos repetidos cursos. A maioria das atuais  lideranças,  formada pelo PPG7, ocupa cargos no governo.   Naturalmente,  ainda há muita pobreza  em  comunidades onde o PPG7  atuou  como no Cautário  e Pedras Negras (RO), mas quem conheceu tais lugares antes da intervenção do PPG7 pode perceber que muita coisa melhorou.  Avaliam  que  a  participação  da  sociedade  civil  permitiu  adequar  melhor  os  projetos  às características do Estado.  A atual paralisação do Projeto Resex e de outras ações do PPG7 é fatal, pois acontece a desarticulação e as lideranças se afastam. É necessário retomar o Programa o mais rápido possível. Quanto ao SPRN, consideram que  conseguiu  chegar  ao  nível municipal  em  Ouro  Preto  do  Oeste  e Mirante  (RO).  A  falha  é  que  esse subprograma  não  foi  absorvido  ou  assimilado  pelo  Estado,  porque  não  foi  executado  com  pessoas  dos quadros funcionais estaduais.  Sugestões:  

Para a futura execução haja concentração de ações em determinadas áreas como fez o ProVárzea, que alcançou  resultados  importantes, pois doses picadas e espalhadas  são menos eficazes, entretanto, há ações  que  devem  ser  previstas  para  toda  a  região  como  é  o  caso  da  conscientização  e  educação ambiental;  

os projetos devem ter um horizonte de execução mais amplo, porque nos casos onde foram alcançados bons resultados a sociedade civil tinha sido trabalhada ‐ por exemplo, pela Igreja Católica ‐ durante mais de 30 anos, como ocorreu no ProVárzea; em comunidades novas, os trabalhos devem durar, no mínimo, 10 anos;  

descentralizar a pesquisa e torná‐la mais objetiva, direcionada para o manejo florestal;  

dar prioridade à capacitação, tanto da sociedade civil como dos órgãos públicos, fomentando, também, a troca de experiências;  

dar continuidade àquilo que foi feito para não perder investimentos e replicar as boas experiências; e  

implementar  as  unidades  de  conservação  de  uso  direto, mediante  os  serviços  de  vigilância,  saúde  e educação. 

 27.  Emmanuel  Fulton  Casara  (coordenador  do  Projeto  Resex,  de  1997  a  2000,  gerente  de  Ciência  e Tecnologia na Sedam, de 2003 a 2005, subsecretário de Meio Ambiente na época do Planafloro. Porto Velho (RO), 24/01/2006.  O SPRN  foi a grande oportunidade de  tecer a  cooperação entre governo e  sociedade  civil, mas o  subpro‐grama  foi mal  conduzido  e  causou  choque  de  interesses  entre  os  dois.  A  sociedade  civil  não  aceitava 

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imposições e passou a denunciar os desmandos. Não foram adotadas metodologias para diluir os conflitos. O principal motivo para o  fracasso do SPRN é não  ter atingido os municípios. Qualquer projeto para  a área ambiental  de  Rondônia  deve  levar  em  conta  que  o  Estado  foi  colonizado  por  pessoas  que  ‐  expulsas  do campo em outros estados ‐ vieram com a missão de acabar com a floresta, na qual percebem um obstáculo para a produção de riqueza. Tal mentalidade é muito difícil de mudar, pois são pessoas que não conheciam a floresta. Avalia o principal ganho  trazido pelo PPG7: elevação da  consciência ambiental,  conquistada pela população. Sugestões:  

Verticalização da produção florestal e da fauna aquática;  

articulação para maior participação da sociedade civil;  

disseminação de tecnologias apropriadas para a produção sustentável, contando com a participação da pesquisa, academia e iniciativa privada; e  

incrementar o desenvolvimento nas unidades de conservação de uso sustentável.  28. Aidee Maria Moser  (corregedora  estadual,  trabalhou  no Ministério  Público  e  o  representou  no GT  ‐SPRN). Porto Velho (RO), 24/01/2006.  A falta de continuidade na coordenação estadual do SPRN e Sedam dificulta muito o trabalho. As mudanças ocorridas  em  Brasília  obrigaram  a  replanejar  tudo. Há muita  burocracia, muito  planejamento  que  não  é executado. A Sedam paralisou sua atuação, o que repercute no Ministério Público, pois diminuem as ações a serem desenvolvidas por falta de autos de infração. Hoje, o Ministério Público possui peritos para produzir as provas  periciais.  O  SPRN  contribuiu,  definitivamente,  para  a  estruturação  do  Ministério  Público.  O subprograma foi bom, os órgãos estaduais é que falharam.   Sugestões:  

Incrementar o trabalho nas flonas e resex;  

criar monitoramento do projeto para apoiar tecnicamente e não simplesmente examinar a prestação de contas, e exigir resultados concretos e não apenas que as prestações de contas estejam completas;  

capacitar as pessoas para que não precisem planejar a toda hora; e  

capacitar  a  equipe  da  coordenação  nacional,  em  Brasília,  que  não  atende  às  demandas  por  falta  de conhecimentos. 

 29. Francisco Priante (secretário extraordinário dos povos indígenas). Rio Branco (AC), 25/01/2006.  O PPG7 contribuiu bastante com a capacitação para atender à nova política de proteção florestal defendida pelo governo do Estado. Contribuiu para que a população entendesse melhor a proposta do governo. Agora, a sociedade entende o sentido de cuidar da floresta e há menos ameaças às terras indígenas porque o PPG7 permitiu uma aliança dos índios com o governo.  Sugestões:  

Fornecer  infra‐estrutura  institucional e política para assegurar essa conquista e dar prioridade à educa‐ção para que se possa fortalecer a política florestal; e  

mobilização em prol da floresta.  

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30. Foster Brown (pesquisador do Parque Zoobotânico e professor da Universidade Federal do Acre/Ufac). Rio Branco (AC), 25/01/2006.  O  recurso para pesquisa  é  insuficiente porque não  remunera pessoal. Deve haver  canais menos burocrá‐ticos. Não se deve exigir da pesquisa aquilo sobre o qual ela não é responsável. Muitas vezes, o que falta é desenvolver tecnologias, o qual não é objeto da pesquisa.   31. Eugênio Pantoja (técnico da Sema, trabalha no SPRN/PGAI). Rio Branco (AC), 25/01/2006.  O PPG7  contribuiu muito para a estruturação da Sema/Imac, para a  capacitação, extensão agroflorestal e manejo florestal comunitário.  32. Josemar Caminha (coordenador do Projeto Resex, 1995 a 2002). Rio Branco (AC), 25/01/2006.  Fez  uma  ampla  descrição  da  execução  do  Projeto  Resex,  descendo  aos  detalhes  da  sua  implantação, descrevendo as dificuldades iniciais, devido à falta de organização social nas reservas extrativistas. Mostrou, como  resultado  principal,  o  enorme  avanço  conquistado  pelos  moradores  das  reservas  em  termos  de participação, organização, cidadania, empoderamento e gestão social.   Grande  satisfação  quanto  à  organização  administrativa  do  PPG7  afirmando  não  ter  encontrado  entraves burocráticos,  atrasos  ou  qualquer  dificuldade  que  impedisse  ou  dificultasse  a  execução.  Comparou  com outros programas e projetos e disse que o PPG7 foi o mais ágil e fácil de executar.  Mostrou,  ainda,  o  grande  esforço  que  feito  para  fortalecer  a  economia  dos  extrativistas,  apoiando  a produção e comercialização de borracha, castanha‐do‐brasil, óleos vegetais, açaí, artesanato e diversificação da produção com sistemas agroflorestais, criação de abelhas, piscicultura e criação de galinhas. Considera a interrupção do Projeto Resex, no período de 2001 a 2003, a principal falha: o esquecimento em que ficaram as reservas causou muitos prejuízos e um dos principais é a descrença nas ações de governo. Atualmente, está sendo muito difícil tentar recuperar os avanços alcançados.  33. Renato Antonio Gabas  (coordenador da ONG Comissão Pro‐Índio/CPI e executor de PDA). Rio Branco (AC), 25/01/2006.  O PPG7, por meio dos projetos PDA, contribuiu muito para a capacitação dos agentes ambientais  indígenas que,  hoje,  constituem  uma  política  pública  ao  serem  contratados  pelo  Estado,  que  os  reconhece  como gestores  ambientais.  Hoje,  são  150  agentes  em  20  territórios  indígenas  e  formam  a  Associação  do Movimento de Agentes Ambientais Indígenas do Acre. Não houve problemas com relatórios ou prestação de contas.   O PDPI também está indo bem, enquanto o PGAI é extremamente complicado, com excessivo planeja‐mento e sem cumprir as datas definidas para execução. O planejamento nunca foi cumprido e a mesma ação chega a ser replanejada quatro vezes.  Sugestões:  

Priorizar a educação, que é a base de tudo. A capacitação ministrada com apoio do PPG7 trouxe trans‐formações positivas nas comunidades,  introduzindo alternativas econômicas como a criação de quelô‐nios ou a instalação de sistemas agroflorestais para segurança alimentar.  

apoiar  iniciativas  para  que  uma  vez  capacitados  os  indígenas  gerenciem  suas  terras  buscando  o desenvolvimento econômico;  

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a Escola de Magistério  Indígena deve ser apoiada, pois esta experiência está sendo  levada para outras regiões  do país,  como Alto  Xingu, Oiapoque  e  Rio Negro,  ou  seja,  está  sendo  transformada  em uma política pública;  

outro programa que deve ser apoiado é o intercâmbio entre atores sociais que trabalham com a gestão do território, para discutir propostas amplas de sustentabilidade e melhoria das condições de vida; e   

finalmente  outro  programa  deveria  ser  a  disseminação  de  tecnologias  baratas  e  adaptáveis  para transformação das matérias primas, para captação de água, para melhoria sanitária, entre outras. 

  34. Edgar de Deus (secretário do Meio Ambiente). Rio Branco (AC), 26/01/2006.  Importância  decisiva  do  SPRN  para  realizar  o  zoneamento  econômico‐ecológico  (ZEE)  do  Acre  e  para  a capacitação de servidores da Sedam e da sociedade civil.   35. José Maria de Aquino (coordenador estadual do Conselho Nacional dos Seringueiros/CNS, presidente do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região do Alto Acre). Rio Branco (AC), 26/01/2006.  A burocracia do PPG7  foi excessiva. Houve muitos  recursos para consultoria, poucos para a execução e as comunidades. Faltou disseminação das experiências acumuladas e projetos que assegurem a continuidade.  Sugestões:  

Aprovar um projeto que desenvolva os aspectos econômicos das  reservas extrativistas, preparando as comunidades  para  chegarem  até  o  mercado,  ensinando  as  pessoas  a  administrarem  os  próprios negócios; e   

aprovar um projeto que permita pequenos financiamentos para atividades produtivas das comunidades, experiência comprovada como altamente positiva. 

 36. Mary E Leila Medeiros (Ministério Público). Rio Branco (AC), 26/01/2006.  O Ministério Público (MP) do Acre reconhece de grande valia a contribuição do PPG7 para a estruturação dos serviços ambientais. Entretanto, essa conquista exige um convênio direto com o MMA porque no Estado, durante  vários  anos,  só  houve  planejamento  e  nenhuma  ação  concreta  favorável  ao MP. A  estruturação permitida pelo SPRN ampliou os serviços e aumentou a credibilidade do MP. A  integração dos ministérios públicos estaduais, o intercâmbio de experiências entre os vários órgãos ambientais da Amazônia e o MMA e Bird, são outros ganhos importantes, proporcionados pelo PPG7.  Sugestões:  

Apoiar  o  Conselho  Federal  de  Direitos  Difusos  para  que  seus  recursos  ajudem  a  reparar  os  danos ambientais; e  

delegar ao Conselho Estadual do Meio Ambiente a atribuição de integrar os vários projetos do Programa.  37. Maria Sebastiana Oliveira de Miranda  (presidenta da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Acre/Fetacre). Rio Branco (AC), 26/01/2006.  Reconhece a  importância do PPG7, mas  lamenta a dificuldade de acesso aos  recursos do PGAI porque as demandas não eram atendidas e só se fazia programação e mais programação. Sugere que em uma segunda fase  os  recursos  do  PGAI  não  passem  pelo  governo,  mas  sejam  repassados  diretamente  às  entidades executoras, porque os gastos administrativos do governo são muito altos. Quanto ao Proteger,  reconhece 

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sua  total  importância, mas  acha que os  recursos  foram muito  limitados e devem  ser  aumentados para o futuro.  Sugestões:  

Incrementar o Projeto Resex cuja paralisação está trazendo enormes prejuízos como invasões, pecuária e crimes ambientais, e deve ser promovida a parte econômica das reservas;  

o Proambiente deve ser um projeto da próxima etapa;  

criar um projeto para geração de  renda utilizando os  recursos naturais, agregando valor e apoiando o artesanato, que é a única maneira de mostrar que a saída não é a criação de gado; e  

criar um projeto para fortalecimento das entidades sindicais e associações da sociedade civil.  38.  Luis Miguel  Silva de  Carvalho  (gerente do PGAI)  e Maurício de  Souza  (gerente de descentralização). Manaus (AM), 30/01/2006.  O Amapá  segue um Programa  Estadual de Gestão Ambiental  (Pegam). A  integração procurada pelo  PGAI consiste na integração institucional, horizontal e vertical, com Embrapa, Iepa, Ministério Público (MP), Escola de  Administração  Pública  (EAP),  Agência  de  Desenvolvimento  do  Estado  do  Amapá  (Adap),  Conselho Nacional  dos  Seringueiros  (CNS)  e municípios.  Procura‐se  a  integração  das  pesquisas  e  o  PGAI  financia consultorias e deslocamentos. As demandas são aprovadas pelo GT  ‐ SPRN, no Estado, a partir das quais é formado o Plano Operativo Anual  (POA).   Existem quatro convênios do SPRN no Estado: Sema,  Iepa, MP e EAP.  39. Emanuel  (coordenador do PGAI/Ibama) e  Lourdival Romano  (executor do Resex/Ibama). Brasília  (DF), 30/01/2006.  No  último  ano  houve  uma  aproximação  entre  Ibama  e  o  PGAI,  que  era  algo  desconhecido  no  Instituto. Embora atuando no GT do Amapá, não têm conhecimento de outros projetos do PPG7 no Estado. O principal legado do PGAI foi a cultura de planejamento criada no Estado. Mesmo havendo integração entre a Sema e o Iepa, não ocorreu  integração  com os municípios. Houve um esforço mediante a oferta de  capacitação de pessoal e criação do Departamento Municipal de Meio Ambiente. A mudança do governo estadual paralisou tudo e as pessoas capacitadas saíram dos cargos ocupados no município.  A paralisação do Resex trouxe sérios prejuízos. Sugerem que, para  investimentos  futuros, seja prioritário o fortalecimento econômico das comunidades do entorno das unidades de conservação, para evitar a pressão sobre seus recursos naturais. Em segundo  lugar, propõem que sejam alocados recursos para  incrementar o manejo florestal.  40.  Pedro Ramos  (assessor  da  gerência  de  florestas da  Secretaria  de Agricultura,  representa,  também,  a Cooperativa de Produtores do Alto Cajari, no Amapá, e as associações da resex). 30/01/2006.  Participou, desde 1991, nos debates para  criação do PPG7. Testemunhou a entrada da  sociedade  civil no Programa e a evolução das suas diversas versões, aperfeiçoadas durante as discussões com a sociedade civil. Salientou que ‐ por falta de  informação no primeiro momento ‐ a sociedade civil rejeitou o PPG7. Informou que  tudo  partiu  de  um  diagnóstico  inicial  sobre  a  Amazônia,  utilizado  como marco  de  referência  para  a primeira versão do PPG7. O grande problema existente, até hoje, é que a sociedade civil foi preparada pela luta pelo meio ambiente, mas não para a  luta de produzir e resolver a questão econômica. Essa situação é resultante da falta de políticas públicas que contemplassem a capacitação das populações tradicionais.  As cooperativas e associações não sabem fazer a gestão dos negócios. O PPG7 contribuiu muito, mas deveria apresentar melhor desempenho se tivesse atacado a origem econômica de todos os problemas. Os aspectos em que o PPG7 mais contribuiu  foram: educação e conscientização ambiental, monitoramento de áreas, e 

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agilidade  para  fiscalização.  As  principais  falhas  apontadas  são  a  falta  de  acompanhamento  durante  a execução dos projetos e de continuidade dos projetos.  Sugestões:   

Levar  à  prática  os  resultados  do  ZEE,  alocando  recursos  para  concretizar  o  que  ele  preconiza,  como investimentos  produtivos,  estradas,  entre  outros,  ou  seja,  integrar  as políticas  públicas  estaduais  e  o PPG7;  

preparar a sociedade civil para apresentar projetos e chegar aos órgãos federais e estaduais; e  

apoiar a agregação de valor aos produtos, capacitando para tal e multiplicar a educação ambiental.   41. Alberto Góis (secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, ex‐assessor e chefe‐de‐gabinete da SCA/MMA, em 1997/1998;  iniciou contatos com o PPG7 durante  sua  concepção, contribuiu  com a  forma‐tação do projeto de apoio ao Museu Goeldi, Componente Ciência e Tecnologia). Manaus (AM), 30/01/2006.  Acredita  que  PPG7  fortaleceu  a  tese  segundo  a  qual  não  se  faz  proteção  da  floresta  sem  conhecimento científico prévio. É preciso estudar antes de  intervir. Estudar, especialmente, as questões sociais e urbanas. Reconhece que o PPG7, mediante o SPRN, ajudou muito a construir as  relações  interinstitucionais,  trouxe para a discussão o Ministério Público, Assembléia Estadual, os municípios e a polícia. Ou seja, construiu as articulações  institucionais. Considera que o PPG7 não percebeu que o problema urbano cria destruição da floresta, mediante a expansão da fronteira agrícola.   Todo o esforço do PPG7, com  inúmeras pequenas experiências, contribuiu muito pouco para o combate à pobreza,  pois  essas  pequenas  coisas  não  modificam  o  grande  mercado.  Um  programa  que  pretenda modificar, substancialmente, a situação da Amazônia deve ter a ótica do mercado. A ótica do PPG7 era outra: a solução estava nas comunidades, lá dentro da floresta, e a solução está fora.  Outra  falha  no  PPG7:  não  houve  comprometimento  do  governo  brasileiro  para  colocar  a  parte  social  e construir  um  programa  econômico.  Os  estados  não  tinham  meios  para  suprir  essas  necessidades.  A verdadeira  solução  consiste  em  encontrar  arranjos  produtivos  que  liguem  a  cidade  ao  setor  florestal. As pequenas experiências positivas devem ganhar escala e se transformar em políticas públicas. Um programa para o futuro deveria ter sustentabilidade fiscal, dando ao Estado o direito de receber recursos  financeiros pela concessão de exploração de florestas, provando aos céticos que o modelo é viável e deve ter como base o ordenamento territorial.  Para futuros investimentos sugere como prioridades:   

Manejo florestal que comprove retorno econômico; e   

fortalecimento das instituições municipais, apoiando também o Estado nesta implementação.  42. Reunião na Sema (secretário de Meio Ambiente e assessores ‐ 23 pessoas). Macapá (AP), 31/01/2006.  O  PPG7  ofereceu  o  fortalecimento  institucional  que  o  órgão  estadual  do meio  ambiente  (Oema)  estava precisando. A proposta de novos investimentos deve levar em conta não só o desmatamento, mas a situação de  cada  Estado  da  Amazônia,  pois  a  prioridade  ao  combate  do  desmatamento  termina  prejudicando  os estados  onde  ocorre  pouco  desmatamento  como  é  o  caso  do  Amapá.  Novos  investimentos,  portanto, deveriam ser negociados diretamente com cada Estado de acordo com os problemas de cada um. Em alguns casos,  a  prioridade  deveria  ser  os  povos  indígenas  e  os  extrativistas.  Há  necessidade,  por  exemplo,  de reforçar a estrutura dos municípios para conservar as  florestas, pois a  fraqueza econômica dos municípios não permite, sequer, cobrir as folhas de pagamento dos funcionários.  

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O componente de educação ambiental deve ser  incluído em  futuras propostas de apoio à conservação na Amazônia. O  fato  de  o  SPRN  ter  aplicado  determinados montantes  em  cada  Estado  permitiu  o  fortaleci‐mento do Oema. Entretanto, limitou a criatividade, pois o recurso não foi direcionado para as necessidades mais importantes, pois o recurso vinha carimbado. Durante a Revisão de Meio Termo do PPG7 foi proposta uma série de mudanças para  facilitar a  flexibilização, que não  foram aplicadas. Hoje, o Amapá apresentou uma  idéia muito  interessante ‐ os corredores da biodiversidade  ‐ e novos  investimentos deveriam  levar em conta  tal  proposta. Uma  nova  etapa  do  PPG7  deveria  ser  focada  no  apoio  à  descentralização  da  gestão ambiental,  fortalecendo os municípios e o Estado, considerando que os municípios não possuem estrutura para executar essas tarefas.  Como grandes resultados do SPRN podem ser citados:  

Sensibilização ambiental (hoje a população conhece algo sobre meio ambiente);  

estruturação  do  Estado  na  área  ambiental  (sistema  de  licenciamento  da  pequena  propriedade  e bibliotecas ambientais);  

criação  de  uma massa  crítica  de  funcionários  ligados  às  questões  ambientais, mediante  eventos  de capacitação;  

criação de base cartográfica digital mediante o geoprocessamento;  

zoneamento econômico‐ecológico do sul do Estado e decisão do governo estadual estender os trabalhos para as outras regiões;  

monitoramento de recursos hídricos; e  

início das transferências de competências do Ibama para o Estado.  

Podem  ser  citados  ainda  como  resultados  do  PPG7,  os  passos  que  o  Amapá  está  dando  para  formular políticas públicas nas seguintes áreas:  

ordenamento  territorial mediante a  continuação do  zoneamento e a  criação do Conselho Estadual de Gestão Integrada do Território (Cegit);  

criação do Programa de Agentes Ambientais Voluntários;  

destinação de áreas para as “florestas de produção”;  

criação de corredores da biodiversidade;  

monitoramento de recursos hídricos e valorização dos recursos pesqueiros; e  

formação de parcerias internacionais.  A participação da sociedade civil na tomada de decisões sobre questões ambientais é real e suas sugestões são acatadas nos diferentes  fóruns.  Lamenta‐se a perda de  força política da SCA e o enfraquecimento da equipe de coordenação do SPRN, fatos que repercutiram negativamente no Estado.  Sugestões para um futuro programa de apoio internacional:   

Relacionar diretamente o doador com o Estado;  

priorizar  o  fortalecimento  dos  municípios  em  gestão  ambiental,  oferecendo  pessoal  e  estrutura adequada; 

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contemplar não só a floresta, mas a biodiversidade da Amazônia;  

estabelecer  instrumentos  mais  rígidos  de  monitoramento  para  que,  ao  longo  da  execução,  haja realmente mudanças de comportamento;  

investir muito na formação de pessoal;  

apoiar o Slarp, continuar o ZEE e fortalecer a ação conjunta dos Oemas e Ministério Público;  

disseminar as experiências positivas de uso sustentável das florestas;  

promover a troca de experiências regionais; e  

criar uma coordenação do PPG7 que tenha mais força.  43. Reunião no  Instituto Estadual de Pesquisas  (Iepa)  (diretor e 11  técnicos do  Iepa, que  conta  com um Centro de Ordenamento Territorial que executa o zoneamento).  O PPG7 contribuiu não só com recursos materiais, mas favoreceu um clima de trabalho que permitiu ao Iepa consolidar sua metodologia e missão no Estado do Amapá, voltando suas pesquisas para servir à sociedade. Na prática, contribuiu para:  

Criação da lei estadual de ordenamento do Estado, processo totalmente participativo;  

consolidação dentro da equipe de governo de uma visão estratégica de desenvolvimento com base no planejamento;  

aquisição  de  capacidade  técnica  do  Estado  para  fazer  seu  zoneamento  de  forma  participativa,  com círculos de debate, seminários nos distritos e na capital; e  

concepção das florestas estaduais de produção.  Riscos que corre a continuidade dos trabalhos:  

Desmantelamento  da  equipe  técnica  por  falta  de  concurso  público  e  plano  de  cargos  e  salários  que permita estabilidade no serviço público;  

falta de programa agressivo de difusão de conhecimentos adquiridos;  

falta de  instrumentos que  transformem os  resultados alcançados em publicações mais compreensíveis pela sociedade; e  

falta de aplicação dos  resultados a  casos concretos  (aconteceu apenas em Mazagão e  Laranjal do  Jarí (AP), mediante o planejamento municipal). 

 Sugestões para futuros trabalhos do PPG7:  

Levantar informações básicas nas áreas de conflito de ocupação; e   

Elaborar um programa  cuja prioridade  seja o desenvolvimento  territorial,  contemplando o manejo de florestas, o setor mineral e a área agropecuária. 

 44. Francisco Dos Santos Vieira (presidente da Associação do Assentamento Agroextrativista do Maracá/AP). 31/01/2006.        

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Sugeriu que, para o  futuro, o PPG7  invista nos aspectos produtivos e apóie a  implantação de uma  fábrica beneficiadora de castanha‐do‐brasil.  45. Oberdan Mascarenhas de Andrade (diretor do Instituto de Estudos Sociais e Ambientais/Iesa, secretário‐executivo do GTA, durante seis anos, no Amapá). Macapá (AP), 31/01/2006.  Manifestou insatisfação com a execução do SPRN pelo excesso de burocracia e por ser um subprograma que repassava recursos diretamente para o Estado, que, sistematicamente, excluiu a sociedade civil. Considerou que o PGAI gastou todas as suas energias fazendo diagnósticos e pagando consultores e não chegou até os municípios, onde  se encontram os  recursos naturais a  serem protegidos.  Lamenta que a  carta de Cuiabá, enviada pelo GTA ao PPG7, em 2001, oferecendo sugestões para melhorar o Programa não tenha sido levada em conta.  Sugestões para futuros programas:  

Priorizar as ações nos municípios;  

Centralizar o esforço em evitar o desmatamento;  

Criar o fundo para dar sustentação ao Proambiente; e  

Repassar o recurso diretamente para a sociedade civil realizar os trabalhos.  46. Elizeu Cardoso Viana (representante da Organização das Cooperativas do Brasil/OCB para a Região Norte e presidente da Cooperativa de Laranjal do Jarí/Comaja). Belém (PA), 31/01/2006.  Fez  referência aos projetos apoiados pelo PDA, que considerou de execução  simples, com boa assessoria. Sugeriu para o futuro:  

Ampliar equipe e capacitá‐la para prestar assistência técnica aos projetos; e  

destinar recursos para complementar os projetos que foram financiados, mas não estão funcionando por alguma deficiência, como beneficiamento de subprodutos que apareceram ao longo da execução. 

 47. João Alberto Capiberibe (ex‐senador e ex‐governador do Estado do Amapá). Macapá (AP), 31/01/2006.  Lamenta a descontinuidade administrativa e as mudanças na coordenação dos programas, fazendo com que se perca a memória dos acontecimentos. Lamenta que tenha havido paralisação em projetos como o Resex. Salienta a  constatação de que, no Estado, está havendo aumento dos desmatamentos e um  relaxamento geral  nas  regras  de  gestão  ambiental.  Reconhece  que  não  existe  um  plano  claro  para  a  conservação  e desenvolvimento sustentável da Amazônia, uma vez que o PAS não saiu do papel.  Sugestões para continuidade das ações do PPG7:  

Implementação de  linhas de  crédito que  financiem  a  cadeia  completa de produtos da biodiversidade como madeira e produtos não‐madeireiros:  a principal  fonte de  financiamento, no atual momento, o FNO, financia a destruição porque prioriza a agropecuária e não tem cultura institucional para financiar o manejo florestal;   

deveriam ser direcionados 50% dos recursos do PNO para apoiar a extração de produtos florestais;  

continuar o ZEE do Estado e proceder à regularização fundiária das áreas ocupadas;  

continuar apoiando projetos como os apoiados pelo PDA que, além de  fortalecer a economia  florestal, contribuem para a conscientização ambiental; 

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dar prioridade a ações transfronteiriças;  

aumentar a auditagem por parte da área federal e melhorar a gestão dos recursos naturais, pois quando houver controle vão sobrar recursos; e  

os países doadores, além da doação, deveriam modificar suas práticas de consumo, pois, por exemplo, ao incrementarem as importações de soja, indiretamente estão financiando o desmatamento. 

 48. Francisco Carlos Fonseca (representante do MMA/SDS para acompanhar a execução do PGAI dos estados do Pará, Amapá e Maranhão). Belém (PA), 1/02/2006.  Considera  que  ‐  a  partir  do  repasse  dos  recursos  do  PGAI  ao  FNMA  e  lançamento  do  último  edital  ‐  os municípios passaram a acessar  recursos diretamente. Entretanto,  fica mais  complexo o acompanhamento por parte da coordenação estadual. Antes desta medida, o PGAI conseguiu chegar a alguns municípios como Santarém,  Itaituba,  Marabá,  no  Pará,  para  apoiar  a  gestão  ambiental  mediante  planos  municipais  de desenvolvimento, criação de conselho de desenvolvimento ou de fundo específico para tal.  Explicitou  a  dificuldade  de  mostrar  resultados  por  falta  de  indicadores  previamente  selecionados,  por exemplo, quais indicadores para definir que houve influência nas políticas públicas? Apontou como um deles a Lei do Zoneamento que foi discutida inicialmente a partir do PGAI e aplicada em Santarém e Itaituba, como também  salientou a descentralização da gestão  ambiental para os municípios,  apoiada por  resoluções do Conselho Estadual de Meio Ambiente. Outros  resultados alcançados pelo  SPRN  foram a base  cartográfica construída e a prática do licenciamento ambiental.  49. Claudinei Lopes (GTA), Sérgio Queiroz e Jorge Pinto (Fase). Belém (PA), 1/02/2006.  Consideram a falta de regularização fundiária como a principal dificuldade ao desenvolvimento sustentável da Amazônia. Quanto ao desempenho do PPG7 afirmam que o PDA, por  ter sido o primeiro projeto a ser implantado,  errou mais  que  os  outros  por  não  se  fundamentar  nos  conhecimentos  populares  e  não  ter fornecido  suficiente  capacitação para  a  gestão dos projetos. No  início,  foi muito difícil entender  como  se elaboravam os projetos e isso gerou muita frustração nas comunidades.   O ProManejo também teve  falhas porque a  legislação para o manejo é muito confusa e  faltou capacitação para os  executores.  Em  todos os projetos houve dificuldades na prestação de  contas devido  às muitas  e diversas normas que chegavam aos beneficiários. O projeto que obteve mais sucesso foi o ProVárzea.   Apontam como principais resultados do PPG7:   

A adoção de novas normas por parte do Ibama para o manejo florestal comunitário, obtidas mediante a pressão exercida por beneficiários do PPG7;  

início das discussões para resolver a questão fundiária nas várzeas;  

valorização  dos  conhecimentos  tradicionais  e  fornecimento  de  suficiente  capacitação  por  parte  do ProVárzea;  

realização de monitoramento, pesquisas e obtenção de dados concretos e publicações sobre a pesca por parte do ProVárzea;  

criação  da  reserva  de  desenvolvimento  sustentável  (RDS),  resultado  da  pressão  exercida  por beneficiários de projetos do PPG7;  

capacidade adquirida pelas associações para gerenciarem seus próprios projetos;  

o sucesso do plano de manejo de uso múltiplo para o manejo de andiroba; 

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o sucesso do Projeto de Manejo de Camarão em Gurupá, com recursos do ProVárzea; e  

acordos de pesca a partir das associações de pescadores.  Propõem para o futuro do PPG7:  

Melhorar a comunicação nas comunidades mediante instalação de radiofonias;  

apoiar a comercialização da produção das comunidades, o transporte, os estudos de mercado; e  

criar um fundo que possa apoiar iniciativas produtivas com base familiar, isto é, com base em pequenos grupos de, no máximo,  cinco  famílias, pois o  ribeirinho mora muito afastado um do outro e  são mais estimulados a trabalhos de caráter familiar. 

 50. Lourdes Spineli (assessora de desenvolvimento institucional do Ipam). Belém (PA), 1/02/2006.  Está há pouco tempo na instituição e não conhecia o PPG7   51. Lourenço Balcão "Manelis" (coordenador do Movimento dos Pescadores do Pará/Mopepa, representou o GTA durante as negociações para formatação do PDA) e Carita Rosa das Chagas (secretária). Belém (PA), 2/02/2006.  Considera que os  recursos do PDA, em muitos  casos,  foram  insuficientes para  levar o projeto à  sustenta‐bilidade. O atraso na  liberação dos  recursos prejudicou muito porque as parcelas do  financiamento eram liberadas com atraso de até seis meses ou mais, ocasionando diferenças no orçamento previsto, devido à inflação. O  projeto  foi  acumulando  dívidas  ou  não  conseguia  adquirir  os materiais  na  qualidade  exigida. Muitas vezes, os atrasos eram ocasionados por  falhas na prestação de contas, devido à exigência de nota fiscal e no interior os comerciantes não vendem com nota fiscal.  Sugestões:  

Consolidar as reservas extrativistas de pescadores;  

investir muito em conscientização ambiental, capacitação e educação ambiental que é a base para tudo, chegando até os próprios comunitários;  

apoiar a organização dos pescadores e fortalecê‐las com infra‐estrutura;  

criar um projeto específico para beneficiar os pescadores;  

dar continuidade e reativar os projetos não concluídos e os que precisam de reforço, melhorando, por exemplo, o transporte ou a comercialização;  

o  teto  dos  projetos  deve  ser  aumentado  para  chegar,  por  exemplo,  a  financiar  os  aspectos  de comercialização; e  

constituir um grupo técnico que possa prestar assistência técnica aos pescadores.  52. Fátima Cristina da Silva (assessora do Conselho Nacional dos Seringueiros/CNS). Belém (PA), 2/02/2006.  O Projeto Resex prestou  importante apoio à consolidação do cooperativismo e do associativismo nas áreas onde atuou. A sua principal contribuição: demonstrou a viabilidade das reservas extrativistas,  influenciando as políticas públicas para apoiar a criação de novas resex. Considera outro resultado  importante a capacita‐ção das diretorias das associações das resex que passaram a fazer a gestão das mesmas, uma vez que essas 

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associações  recebiam diretamente  recursos  financeiros do PPG7 e  tinham plena  autonomia para planejar gastos e executá‐los.  O Proteger também alcançou bons resultados e que conseguiu mudar os comportamentos de muitas famílias em relação aos cuidados com o meio ambiente.  Sugestões:  

Dar continuidade ao Proteger alocando maiores recursos;  

priorizar recursos para organização comunitária e aprendizado da gestão;  

criar um projeto para apoiar a construção dos planos de manejo das reservas extrativistas;  

alocar recursos para a prestação de assistência técnica, pois os projetos precisam de acompanhamento técnico, ou seja, não basta financiar e deixar as comunidades sozinhas, sem garantir sustentabilidade;  

priorizar o monitoramento dos projetos durante  sua execução  e não  simplesmente  avaliá‐los quando todo o recurso já foi aplicado;  

fortalecer a disseminação mediante troca de experiências e divulgação dos bons resultados alcançados, utilizando linguajar compreensível pelas comunidades; e  

criar um projeto específico para apoiar os pescadores.  53. Agostinho Guimarães (técnico do Programa Pobreza e Meio Ambiente/Poema, parceiro na execução do PPG7). Belém (PA), 2/02/2006.  Considera  que  os  projetos  PDA  não  consideraram  a  necessidade  de  recursos  para  dar  continuidade  aos investimentos  feitos,  isto  é,  o  recurso  foi  insuficiente  porque  não  levou  em  conta  as  despesas  para comercialização  da  produção  obtida  no  projeto.  Apenas  foram montadas  unidades  produtivas  que  não conseguiram dar continuidade ao processo.  O aspecto mais difícil  foi a gestão do  investimento após a conclusão das obras  físicas. Considera que não devem  ser  aprovados  projetos  em  duas  etapas,  como  ocorreu  em  alguns  casos,  que  financiaram  as construções  e  esperaram  o  envio  de  um  segundo  projeto  para  assegurar  a  produção  e  comercialização. Acontece que a coordenação nacional do PDA mudou, mudaram as regras do jogo e o segundo projeto não foi aprovado, desperdiçando, assim, recursos para as obras físicas porque tudo se encontra parado.  Sugestões para um futuro PPG7:  

Aprovar  projetos  que  contemplem  todas  as  etapas  da  cadeia  produtiva,  até  a  comercialização, priorizando a potencialidade produtiva local; e   

reativar os projetos da primeira fase que estão parados, permitindo uma linha para capital de giro.  54. Georgett Motta Cavalcante  (diretora da Agência de Desenvolvimento da Amazônia/ADA), André  Luiz Lopes Souza  (gerente‐executivo de Meio Ambiente) e Milton Guimarães Lima  Júnior  (gerente de Projetos Especiais). Belém (PA), 2/02/2006.   Não  houve  atuação  conjunta  entre  o  PPG7  e  a  ADA.  Há  grandes  possibilidades  de  atuação  no  ZEE  da Amazônia. Deverá haver uma integração maior do PPG7 com a ADA, que voltará a ser Sudam.    

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Propostas para o futuro:  

Atuar de acordo com os arranjos produtivos locais mapeados pela ADA;  

utilizar os estudos realizados pela ADA na aplicação dos recursos internacionais;  

estudar a possibilidade de que o Fundo para o Desenvolvimento da Amazônia  (FDA)  reserve  recursos para aplicações em compensação ambiental pelos serviços ambientais prestados pelas florestas em pé; 

  trabalhar de forma articulada um programa de certificação ambiental; e 

  integrar o PPG7 ao Núcleo de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia. 

 55.  Carlos  Augusto  (presidente  da  Federação  dos  Trabalhadores  na  Agricultura/Fetagri,  do  Pará,  que congrega 142  sindicatos de  trabalhadores  rurais de 142 municípios do Estado, ex‐membro da diretoria do GTA). Belém (PA), 3/02/2006.  Conhece o PPG7 desde o início. A luta pela terra é a raiz de tudo. A falta de definição fundiária é a causa de todos os males no setor rural. O PGAI não chegou a resultados concretos. Houve, apenas, muita propaganda de  resultados  que  não  são  reais.  Acredita  que  o  verdadeiro  programa  que  pode  melhorar  a  situação ambiental na Amazônia é o Proambiente, porque apóia a  implementação da unidade produtiva como um todo e oferece diretrizes de verdadeira política para a Amazônia.  Sugestões para o futuro do PPG7:  

Dar continuidade ao PDA, mas com recursos que  fechem o ciclo do projeto,  isto é, que cheguem até à comercialização;   

disseminar as boas práticas para que o governo as adote como políticas públicas;   

criar uma  rede de assistência  técnica às comunidades  rurais, com metodologias, conteúdos e  técnicas próprias e adaptadas à região;   

apoiar  a  educação no  campo  em moldes  adequados  à  realidade para que os  jovens permaneçam no campo atuando em atividades econômicas atraentes;   

apoiar a formação de dirigentes sindicais e de dirigentes de associações rurais e apoiar as escolas famílias rurais; e   

implementar o Proambiente.  56. Carlos Souza e Paulo Amaral  (coordenadores do  Imazon e parceiros na execução do PPD, ProManejo, ProVárzea e PDA). Belém (PA), 3/02/2006.  Consideram que o PPG7 trouxe muitos avanços, especialmente por meio de apoio a estudos que mostraram a  realidade,  por  exemplo,  da  atividade madeireira  e  do  apoio  à  construção  de  uma  metodologia  para monitoramento da atividade florestal. Salientaram que o terceiro edital do PPD provocou um retrocesso ao permitir  o  acesso,  apenas,  de  projetos  propostos  por  entidades  que  tivessem  determinado  número  de doutores nos seus quadros. A medida permitiu o acesso apenas da academia, excluindo as entidades que realmente estão com a mão na massa. Consideram pequeno o prazo para execução dos projetos e lamentam que não haja incentivo à construção de redes.  Quanto  ao  ProManejo,  embora  tenha  permitido  a  construção  de  uma  proposta  de  monitoramento  da exploração madeireira, com acompanhamento durante o  transporte, ainda há dificuldade para  integrar os componentes do projeto. A grande falha do PPG7: não ter investido com maior decisão na disseminação dos 

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resultados  positivos,  visando  à  formação  de  políticas  públicas  e,  por  este  motivo,  não  houve  a  imple‐mentação do sistema de monitoramento desenhado.  As  experiências  vividas  precisam  ser  expandidas  e  as  aprendidas  precisam  ser multiplicadas.  Para  tanto, faltou  fazer  uma  síntese  analítica  de  resultados  e  recursos  financeiros  para  consolidar  os  resultados  das análises. As mudanças  administrativas do PPG7  trazem  sérios prejuízos,  como no  caso do Mamirauá que financiou a primeira etapa do manejo e a nova administração não aprovou o projeto de continuidade.  Sugestões para o futuro do PPG7:  

Criar um programa que consolide o aprendizado adquirido e não apoiar projetos apenas piloto, pois  já existe conhecimento acumulado;  

que o novo programa consolide as cinco políticas essenciais: fundiária, crédito, assistência técnica, infra‐estrutura e mercado;  

criar um projeto que apóie a construção e implementação de planos de manejo; e  

criar um projeto para sistematizar o conhecimento gerado.  57. Enrico Bernard (Conservação Internacional/CI, participou das negociações iniciais do Projeto Corredores Ecológicos). Belém (PA), 3/02/2006.  Considera  que  o  PPG7  ajudou muito  a mudar  o  foco  para  visualizar  a  Amazônia.  Hoje,  há muito mais consciência sobre a importância do meio ambiente.  Sugestões: 

  Implantar um sistema estadual de gestão das unidades de conservação; 

  criar um projeto que apóie o estudo da biodiversidade,  considerando que  seus  resultados  são  funda‐mentais para orientar as políticas públicas; e  

apoiar as pesquisas especialmente no Amapá, Roraima e Rondônia, com recursos  financeiros, uma vez que existem recursos humanos capazes. 

 58.  Ademar  da  Cruz  (coordenador  da  Coordenação  de  Extrativismo  da  Secretaria  de  Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, ex‐representante do CNS e coordenador de atividades nas reservas extrativistas). Manaus (AM), 6/02/2006.  O PPG7 teve ótimas intenções e durante bom tempo ajudou. De 2002 para cá, quase nem se houve falar do Programa.  A  paralisação  do  Projeto  Resex,  por  exemplo,  causou  enormes  prejuízos,  pois  a  falta  de continuidade é um grande retrocesso que traz desconfiança e tira toda a credibilidade. A burocracia de todos os projetos foi muito pesada e os gastos elevados, chegando poucos recursos aos beneficiários que estão na ponta do processo. No caso específico do Resex, os principais  resultados  foram: melhoria da qualidade de vida (moradias, diversificação das atividades econômicas); e aumento da cidadania, do empoderamento, pois as comunidades, hoje, têm capacidade de negociar com o poder público.  Sugestões para um futuro PPG7:  

Investir na geração de renda, especialmente no beneficiamento da produção;  

capacitar as comunidades para produzir melhor;  

investir na organização comunitária; 

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criar um programa específico para apoiar os pescadores;  

criar, no governo, estruturas que realmente possam apoiar as comunidades; e  

articular melhor  os  projetos  com  as  ações  do  poder  público  local  e  estadual  para  que  não  seja  um simples conjunto de projetos, mas uma ação organizada. 

 Quanto aos projetos PDA,  considera que houve boa divulgação e o acesso  foi  facilitado. Considera que o ProVárzea  conseguiu  bons  resultados  porque  soube  valorizar  aquilo  que  já  existia  na  região,  isto  é,  a organização das comunidades,  resultado de um  trabalho de 30 anos da  Igreja Católica, por meio do Movi‐mento de Educação de Base (Meb).  Sugere que  o  governo  federal  tenha mais  cuidado na  seleção  dos  representantes da  sociedade  civil, que devem  ser  originários,  realmente,  das  comunidades,  conhecedores  dos  verdadeiros  problemas,  e  não simplesmente pessoas eleitas por entidades que dizem representar os extrativistas.  59. Malvino Salvador (presidente da Agência Estadual de Florestas). Manaus (AM), 6/02/2006.  Considerando que o Estado  já  fez um grande esforço para modificar  suas políticas públicas  sobre manejo florestal, buscando atender às necessidades dos pequenos extratores de produtos  florestais, sugere que o PPG7 também invista nessa linha, pois o Estado do Amazonas, ao contrário do Pará, não conta com grandes empresas madeireiras e a exploração é de cunho familiar. Considera que o manejo comunitário dos recursos florestais é um passo posterior, após a organização das famílias que exploram tais recursos. Deve‐se começar com o apoio à extração  familiar, especialmente mediante capacitação, elaboração de planos de manejo e assistência técnica.  60. Virgílio Viana  (secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas).  Manaus (AM), 6/02/2006.  Conhece o PPG7 desde a sua concepção, no  início da década de 1990. Colaborou na concepção do ProMa‐nejo.  Considera  grande  a  contribuição  do  PPG7  para  o  desenvolvimento  da  Amazônia  com  projetos inovadores  como  o  PDA  (apoiando  novas  alternativas  econômicas),  ProManejo  (valorizando  a  exploração florestal),  PGAI  (oferecendo  estrutura  aos  órgãos  ambientais  estaduais)  e  ProVárzea  (reconhecendo  a importância deste ecossistema).  Entretanto, a burocracia para sua  implantação foi excessiva a tal ponto que, em alguns casos, ocorreu uma verdadeira  tragédia,  como no  PGAI nos últimos  três  anos,  cuja negociação  em  2005  durou um  ano,  sem liberação de nenhum recurso financeiro para executar aquilo que se programou cinco vezes. O PPG7 sofreu com a centralização decisória em Brasília, reuniões e reuniões, além de mudança de pessoal. O PPG7 sofreu, também, por não ter uma visão estratégica de futuro e perder oportunidades de multiplicar sua efetividade, como no caso de não  ter entendido e apoiado o Programa Zona Franca Verde, no Amazonas. As grandes mudanças  ocorridas  no  Amazonas,  quanto  à  concepção  do  desenvolvimento  sustentável  não  tiveram influência do PPG7, foi algo construído no próprio Estado.  O PPG7 não conseguiu fazer articulação com a formulação de políticas públicas que poderiam ter mudado a situação  da  região.  Poderia  ter  contribuído  para  que  as  agências  tradicionais  que  atuam  na  Amazônia tivessem  adquirido uma nova  visão das  florestas: por exemplo,  Incra, Basa,  Emater  (hoje  Idam) nunca  se preocuparam  com o manejo  florestal e as  agências da área  rural  sempre  tiveram o  viés  técnico dos  seus membros,  geralmente  agrônomos.  O  PPG7  deve  deixar  de  ser  um  programa  e  se  transformar  em  uma política pública, entrando no âmago das instituições ajudando a mudar o Incra, Basa e a Emater.  O PPG7 deveria apoiar ações estratégicas como o licenciamento ambiental, para que o manejo se torne mais fácil do que obter  licença para desmatamento, e não como ocorre hoje, quando é mais fácil desmatar que obter  licença  de  manejo  florestal.  O  ProManejo  não  se  articulou  com  o  Estado,  pois  deveria  ter acompanhado as políticas públicas do Estado e ir aonde as coisas estavam acontecendo. 

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Sugestões:  

As  negociações  deveriam  ser  bilaterais,  diretamente  com  os  estados,  com  pequeno  projeto  de coordenação nacional;  

Mudar o sistema de gestão do PPG7, envolvendo fundações ou entidades não governamentais; e  

Capacitar gestores da administração pública para que não cometam os erros que foram cometidos e haja monitoramento dos projetos. 

 61. Rita Mesquita  (secretária adjunta da SDS) e Maria do Carmo Costa  (coordenadora do PGAI). Manaus (AM), 6/02/2006.  É  lamentável  o  atraso  que  houve  nos  últimos  três  anos.  Em  2005,  o  PGAI  não  recebeu  nada  para  sua execução. Algo  foi  feito com  recursos do Estado e da GTZ. Mudou muito o contexto do PGAI, em Brasília, obrigando‐o às adequações do POA, com prazo reduzido para execução. A imposição para remanejamentos que devem ser aprovados provoca novos atrasos. Deveria, isso sim, haver maior flexibilidade para adaptar a execução  à  realidade  de  cada  Estado.  Por  que  tanto  rigor  na  temática  técnica?  Não  bastaria  o  rigor  na fiscalização financeira?  Os  trabalhos  iniciados,  como o  zoneamento  e o  apoio  à  construção de políticas públicas,  continuou  com recursos do Estado. Outro aspecto muito negativo para o PGAI: as contratações de técnicos feitas em 2004, visando à  sustentabilidade do projeto,  com  investimentos em  capacitação,  foram  jogados  fora porque  tal equipe se dispersou tendo em vista que, em 2005, não houve recursos para pagamento de tais profissionais. A  interrupção  traz muito  desgaste  político  nos municípios,  por  que  não  são  cumpridos  os  cronogramas estabelecidos com a comunidade.  A  imposição do macrozoneamento  foi outra medida politicamente  incorreta, pois permitiu  fortalecimento dos  opositores  à  conservação  ambiental,  à  medida  que  não  ficou  claro  quanto  à  legenda  das  áreas protegidas. O PGAI conseguiu chegar com algumas ações de planejamento aos municípios de Boca do Acre, Lábrea, Humaitá, Manicoré, Apuí,  Itacoatiara e Presidente Figueiredo. No Amazonas não há ações do PGAI com outros projetos do PPG7.  Sugestões:  

Priorizar as ações nos municípios,  fornecendo melhores  informações,  construindo os espaços públicos (conselhos e secretarias de meio ambiente) com a participação mais direta da sociedade, e prestar apoio não  só material, mas, especialmente, de  caráter  formativo e educativo, de  compromisso e agenda de trabalho; e  

priorizar  o manejo  florestal  fortalecendo  políticas  ligadas  ao  Proambiente  (serviços  ambientais), mas desatrelando‐o da agricultura, isto é, incluindo a parte florestal, e também poderiam ser criados fundos ambientais para pagar os serviços ambientais. 

 62. Hildemberg Cruz (coordenador substituto do ProManejo). Manaus (AM), 7/02/2006.  Aponta como principais resultados:  

A  implantação  do  Programa  Nacional  de  Florestas  (PNF)  como  política  pública,  mediante  estudos estratégicos e apoio logístico de 2000 a 2005;  

criação  de uma  linha  de  crédito  no Basa  para manejo  florestal  comunitário  e  do  Centro Nacional  de Capacitação Florestal (Cenaflor);    

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implementação, no Basa, de abertura de crédito para manejo florestal em geral, porém com restrições porque o corpo técnico e a cultura institucional ainda não conhecem o trabalho de manejo florestal;  

apoio a subprojetos demonstrativos que fomentaram a gestão florestal;  

criação  de massa  crítica  sobre manejo  florestal mediante  a  capacitação  de  4.600  pessoas  e  50 mil hectares (ha) manejados;  

concepção  de  um  novo  sistema  de  controle  da  exploração  florestal,  o  Sistema  de  Rastreamento  e Transporte de Madeira em Toras (Sismat);  

modelo de  gestão de  uma  floresta nacional  (Flona), mediante  a  gestão da  Flona do  Tapajós, modelo aplicado em outras flonas; e  

modernização das normas de concessão  florestal, mediante a concessão comunitária de 32.500 ha na Flona do Tapajós à Cooperativa Flona do Tapajós Verde. 

 Sugestões para o futuro:  

Fazer com que os assentamentos do Incra trabalhem com manejo florestal;   

apoiar a gestão florestal estadual; e   

fazer o ordenamento fundiário (territorial).  63. Jasy Abreu (coordenadora do Projeto Corredores Ecológicos). Manaus (AM), 07/02/2006.  O  Projeto  Corredores  Ecológicos  conseguiu  ótima  participação  social  e  fez  o  diagnóstico  da  área  de  42 milhões de ha, com a colaboração de 560  instituições. O projeto se articula com o Arpa que atua na área, para evitar a sobreposição de ações. O Plano de Gestão do Corredor  foi elaborado com a participação da unidade de coordenação, da Fundação Vitória Amazônica (FVA),  Ibama e  Ipaam. Hoje, o trabalho considera os aspectos  sociais, graças à  influência do GTA. Trabalha‐se para  criar um  “corredor  institucional”,  isto é, contar com o máximo de participação das instituições da área ou voltadas ao desenvolvimento sustentável.  64. Escrawen Sompre  (gerente do PDPI), Fábio Vaz Ribeiro de Almeida e Sérgio Sá  (assessores do PDPI). Manaus (AM), 08/02/2006.  O PDPI apresenta sérios problemas na sua execução por  falta de pessoal  tanto para assistência  técnica às populações  indígenas  como  para  a  área  administrativa,  que  não  foram  contratadas  porque  a União  não repassou a contrapartida prevista para tal. Embora a gerência do projeto seja em Manaus, sua administração depende do apoio prestado por Brasília, o que dificulta, enormemente, a execução. O PDPI, por  ser uma experiência  nova  que  atua  com  indígenas  em  situações  completamente  diferentes,  abriga  projetos  com grupos que ainda estão aprendendo a fazer a gestão.  Consideram como principais ganhos:  

Aumento  da  capacidade  de  gestão  das  associações  indígenas,  aumentando  a  experiência  e  autocon‐fiança;  

capilaridade  da  Funai,  na  região,  embora  em  alguns  casos  isso  atrapalhe,  devido  à mentalidade  de algumas pessoas; e   

levantamento de políticas públicas para indígenas, existentes na região.   

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Sugestões:  

Realizar melhor articulação com o governo do Estado e construir as políticas públicas a partir das bases;  

fortalecer a Coiab para que, institucionalmente, possa fazer o acompanhamento do projeto e assegurar a sustentabilidade do pós‐projeto;  

continuar o PDPI com mecanismos realmente descentralizados;  

aumentar o desenvolvimento  institucional das organizações  indígenas, não  só com estrutura material, mas, especialmente, com capacitação;  

lançar  o  projeto  pedagógico  já  testado  como  política  pública  para  todos  os  estados,  com  apoio  do movimento indígena;  

criar uma assistência técnica específica para as populações indígenas, contando com núcleos regionais de apoio, inclusive na elaboração de projetos;  

disseminar todas as experiências positivas, que devem ser documentadas e sistematizadas;  

disseminar o sistema de monitoria de projetos que foram criados; e  

incluir no projeto os índios da Mata Atlântica.  65. Jorge Luiz e Marta Valéria Andrade Cunha (coordenadores da CPT)  Desconhecem  o  PPG7,  mas  conhecem  o  ProVárzea.  Sobre  o  PPTAL,  PDPI,  PDA  e  Proteger  só  viram propaganda  em  folhetos.  Participaram  de  oficinas,  encontros,  planejamentos  do  Projeto  Corredores Ecológicos, mas  só  para  referendar,  sem  ter  direito  à  tomada  de  decisões. Ouviram  falar muito  bem  do Resex,  há  alguns  anos.  Nos  últimos  anos,  conhecem  apenas  os  trabalhos  que  o  Estado  faz  nas  resex estaduais. Não sabiam nada sobre o PGAI.   Sugestões:   

Apoiar o desenvolvimento econômico das  reservas extrativistas até à comercialização. Não basta criar reservas;  

incrementar o desenvolvimento econômico dos Projetos da Assentamento Agroextrativista criados pelo Incra;  

apoiar a regularização das terras de várzea;  

dar continuidade ao Proteger com a participação direta das entidades de base municipais, e não só com o GTA que, muitas vezes, não representa, realmente, as comunidades de base;  

apoiar o fortalecimento institucional de associações e a possibilidade de se tornarem operacionais; e  

apoiar a preservação de lagos na Amazônia contra a pesca predatória.  66. Genival de Oliveira dos Santos (coordenador da Coiab) e Maria Miquelina Barreto Machado (secretária). Manaus (AM), 8/02/2006.  Não estão  satisfeitos com a execução do PDPI: a  falta de estrutura administrativa em Manaus  torna  tudo dependente de Brasília e cria uma enorme burocracia.  

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Sugestões:  

Dar continuidade ao PDPI, porém com descentralização total para Manaus e simplificação dos procedi‐mentos para que  as  comunidades  indígenas mais  atrasadas possam obter os  recursos destinados  aos pequenos projetos, e colocar técnicos que prestem assistência e ajudem essas comunidades a conseguir os projetos;  

incluir, no PPTAL, áreas selecionadas para demarcação, sem excluir nenhuma, pois agora algumas áreas anteriormente programadas foram excluídas; e  

aprovar um projeto de fortalecimento da Coiab, assim como foi feito com o GTA.  67.  Almir  Astério  Carvalhal  (secretário  do  Conselho  Estadual  de  Desenvolvimento  Rural  Sustentável; coordenou o órgão de terras do Estado. Manaus (AM), 09/02/2006.  Chegou ao seu conhecimento apenas o PGAI e o considera um bom projeto por ter fornecido equipamento que contribuiu para o zoneamento do sul do Estado. Tomou conhecimento da existência do ProVárzea, mas não sabia que fazia parte do PPG7.  68. Wigold B. Schäffer (coordenador técnico do Projeto Mata Atlântica). Brasília (DF), 3/03/2006.  O PPG7 possibilitou uma nova fase de participação de movimentos sociais e socioambientais organizados em torno de políticas públicas, no Brasil. Antes do PPG7, os movimentos não estavam organizados para tal e se organizaram graças ao apoio recebido. A participação era  incipiente, cada organização tentava trabalhar da melhor maneira,  porém  de  forma  isolada  e,  com  o  PPG7,  institucionaliza‐se  a  participação  por meio  das redes. Tal mudança também exigiu organização das entidades individuais.  A participação tornou‐se mais efetiva em função do fortalecimento, pelo PPG7, das redes e as organizações e, por meio de diversos subprogramas, ajudou as comunidades de base. A questão ambiental passou a ser matéria‐prima das reuniões de centenas de comunidades na Mata Atlântica e na Amazônia. Os movimentos, uma vez fortalecidos, passaram a participar de outras políticas mais amplas.   Quanto aos objetivos da participação, há um grande diferencial entre a Mata Atlântica e Amazônia. Tratava‐se de promover o uso  sustentável da  floresta. Na Mata Atlântica, a prioridade era evitar a destruição do pouco  que  restava  de  floresta,  a  luta  contra  a  expansão  imobiliária,  contra  a  exploração  madeireira predatória e a substituição da floresta por agropecuária ou monocultura. Esta é a principal explicação porque não  aparecem  muitos  projetos  de  uso  sustentável  dos  recursos  naturais.  Mesmo  assim,  houve  boas experiências com quilombolas e caiçaras.  O foco principal das organizações ambientalistas na Mata Atlântica sempre foi a conservação e a recupera‐ção de áreas degradadas. A maioria dos projetos aprovados possuía esse viés. Atualmente, o Projeto Mata Atlântica  faz um grande esforço para  criar unidades de conservação buscando aliança  com outros  setores que têm o mesmo objetivo. Considera que poderia ter sido melhor a participação na formulação de políticas públicas, com maior agressividade.  A disseminação do PPG7 quase não existiu e o material produzido mostrou uma espécie de propaganda do que se pretendia fazer. Faltou uma política agressiva de comunicação e disseminação de boas experiências, verdadeiras campanhas educativas que atingissem o grande público, levando ensinamentos verdadeiros para a  conservação  dos  recursos  naturais. Os materiais  produzidos,  até  agora,  não  apresentam  exemplos  que possam ser replicados em outras partes.  Para o  futuro do PPG7, considera que deveria haver um programa específico para a Mata Atlântica e que esse  programa  está  sendo  elaborado, mas  não  se  sabe  como  será  seu  funcionamento,  uma  vez  que  os instrumentos  legais para  internalização dos  recursos  foram aprovados pelo Congresso Nacional, direciona‐dos à Amazônia. 

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69. Miriam Prochnow (coordenadora da Rede de ONGs da Mata Atlântica). Brasília (DF), 6/03/2006.  Considera que, no  caso da Mata Atlântica, o  tratamento para proteção da  floresta  tropical deve  ser dife‐rente daquele dispensado à Amazônia, uma vez que as prioridades na Mata Atlântica são: preservação dos espaços  que  ainda  não  foram  desmatados,  manutenção  de  sua  integridade,  recuperação  de  áreas degradadas, e criação de unidades de conservação.   A preocupação principal, portanto, não tem sido a geração de renda para as comunidades tradicionais, mas, mesmo  assim,  várias  delas  ‐  especialmente  quilombolas  ‐  foram  favorecidas  pelo  PPG7  e  algumas  estão conquistando autonomia para pleitear recursos e continuar suas atividades de produção sustentável. No  trabalho do PPG7, na Mata Atlântica, é mais difícil medir  resultados de desenvolvimento  comunitário porque não há o tipo de comunidade da Amazônia e porque o raio de ação foi muito mais amplo do que as simples  comunidades.  O  público  é  muito  diferente,  mais  urbano,  mais  letrado  e  não  vive  o  sistema comunitário. As ações visavam o público em um sentido mais amplo do que comunidades específicas.  Sugere que, se o futuro PPG7 tiver um corte geográfico, na Mata Atlântica a seleção de tais espaços seja feita com critérios de preservação da biodiversidade, concentrando ações nas áreas conservadas e naquelas que estão  sendo  mais  ameaçadas.  A  recuperação  de  áreas  degradadas  não  deveria  se  limitar  a  critérios geográficos, pois a necessidade é geral.  É necessário trabalhar com os estados a questão das políticas públicas. Muitas vezes, as leis federais não são cumpridas pela falta de participação dos estados. Há necessidade de criar diretrizes para essa integração com os estados. Está faltando a transversalidade. Vale a pena investir mais nas políticas públicas.  Lamenta que o PPG7 não  tenha dado mais  importância ao  trabalho com os municípios, pois a experiência mostra que não adianta ter normas gerais para todo o Brasil, se estas não forem aplicadas nos municípios. Sobre  futuros  trabalhos  com o enfoque de  territorialidade,  considera que é uma boa estratégia, especial‐mente  levando‐se  em  conta  ‐  nos  critérios  de  formação  dos  territórios  ‐  a  existência  de  microbacias hidrográficas e, especialmente, se for realizada a integração de projetos e programas. Propõe que as futuras ações  incluam  continuidade  do  apoio  ao  fortalecimento  institucional,  vinculadas  às  ações  do  PPG7,  por exemplo, na forma de prestação de serviços.                

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EENNTTRREEVVIISSTTAADDOOSS EE EENNTTIIDDAADDEESS DDEE OORRIIGGEEMM        

 Área Governamental  

 Área Não-Governamental

1. Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA)2. Aidee Maria Moser ‐ Ministério Público/RO 3. Alberto Góis ‐ sec. do Governo/AP 4. Alberto Lourenço ‐ MMA/SBF 5. Alberto Martins de Freitas ‐ sec. de Governo/AM 6. Alexandre ‐ Ibama/CNPT 7. Antônio Carlos Hummel ‐ Ibama/DF 8. Artur Mendes Nobre ‐ Funai  9. Edgar de Deus ‐ sec. do Governo/AC 10. Edson Barcelos ‐ sec. do Governo/AM 11. Elke Urbanovicius ‐ MRE/ABC 12. Emanuel ‐ Ibama/P 13. Eugênio Pantoja ‐ Imac/AC 14. Fábio Vaz ‐ PPG7/PDPI 15. Francisco C. Fonseca ‐ MMA/SDS ‐ PA 16. Francisco de Assis Teixeira ‐ Ibama/RO 17. Francisco Priante ‐ sec. do Governo/AC 18. HildebrandoCruz ‐ Ibama/ProManejo/AM 19. Inst. Estadual de Pesquisas do Amapá (Iepa) 20. Jacy Abreu ‐ SDS/ Corredores Ecológicos/AM 21. Jorg Zimmermann ‐ PPG7/PDA 22. Josemar Caminha ‐ Ibama/AC 23. Leila Medeiros ‐ MP/AC 24. Lourdival Romano ‐ Ibama/AP 25. Luiz Carlos Joels ‐ MCT 26. Luis Miguel S. Carvalho ‐ Sema/PGAI/AP 27. Malvino Salvador ‐ SDS/Ag. Florestas/AM 28. Maria do Carmo ‐ SDS/AM 29. Mary ‐ MP/AC 30. Maurício de Souza ‐ Sema/PGAI/AP 31. Ricardo Militão ‐ PPG7/Corredores Ecológicos 32. Muriel Saragoussi ‐ MMA/SCA 33. Onice Dall'Oglio ‐ PPG‐7/AMA 34. Rita Mesquita ‐ SDS/AM 35. Rômulo Barreto de Melo ‐ Ibama 36. Sebastiana S.S. Almeida ‐ Sedam/RO 37. Secretaria de Meio Ambiente ‐ Sema/AP 38. Sérgio Sá ‐ PPG7/PDPI/AM 39. Tasso Azevedo ‐ MMA/SBF 40. Virgílio Viana ‐ sec. do Governo/AM 41. Viviane Gonçalves ‐ ProManejo 42. Wigold Schaffer ‐ MMA/SDF/SMA  

1. Ademar da Cruz ‐ liderança/AM 2. Agostinho Guimarães ‐ Poema‐PA 3.  Aléxis Bastos ‐ Rio Terra/RO 4.  Brent Milikan ‐ consultor 5.  Cáritas das Chagas ‐ Monape/PA 6.  Carlos Augusto ‐ Fetagri‐PA 7.  Carlos E. Aragon ‐ OTCA/GTZ 8.  Carlos Souza ‐ Imazon/PA 9.  Carolina R. Dória ‐ Ecopor/RO 10. Celso Shenkel ‐ Unesco 11. Claudinei Lopes ‐ GTA/PA 12. Elizeu Cardoso Viana ‐ OCB/AP 13. Emmanuel Casara ‐ consultor/RO 14. Escrawen Sompre ‐ Coiab/AM 15. Eurico Bernard ‐ CI/PA 16. Fátima C Silva ‐ CNS/PA 17. Foster Brown ‐ UFAC/AC 18. Francisco Vieira ‐ Maracá/AP 19. Genival de Oliveira ‐ Coiab/AM 20. Ieda Cella‐Ecoporé ‐ RO 21. Ivaneide Bandeira ‐ Canindé/RO 22. Irmã Emília ‐ CPT‐RO 23. João A. Capiberibe ‐ ex‐governador/AP 24. Jorge Luis ‐ CPT‐AM 25. Jorge Pinto ‐ Fase‐PA 26. José M. de Aquino ‐ CNS/AC 27. Lourdes Spinelli ‐ Ipam/PA 28. Lourenço Balcão ‐ Mopepa/PA 29. Marcos Sussuarana ‐ CPPT‐RO 30. Ma. Miquelina B.‐ Coiab/AM 31. Marta Valéria Cunha ‐ CPT‐AM 32. Oberdan M. Andrade ‐ Iesa/AP 33. Oswaldo C. Oliveira ‐ STR‐PV/RO 34. Paulo Amaral ‐ Imazon/PA 35. Pedro Ramos ‐ CNS/AP 36. Renato A. Gabazzi ‐ CPI‐AC 37. Sebastiana ‐ Fetacre‐AC 38. Sério Queiroz ‐ Fase‐PA 39. Silvânio ‐ GTA/RO 40. Silvia Nicola ‐ GTA/Proteger II 41. Valdineusa do Nascimento ‐ CPPT 42. Almir Astério Carvalhal ‐ CEDRS‐AM 43. Miriam Prochnow ‐ RMA 

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DDOOCCUUMMEENNTTOOSS RREEVVIISSAADDOOSS  Câmara dos Deputados  Comissão da Amazônia e do Desenvolvimento Sustentável ‐ Agenda Positiva da Amazônia. Brasília, 2001.  MMA/SCA  Agenda Amazônia 21‐ Bases para Discussão. Brasília, 1997. HADDAD, Paulo; REZENDE, Fernando. ‐ Instrumentos econômicos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Brasília, 2002. Política Nacional Integrada para a Amazônia Legal. Brasília, 1995.  MMA/PPG7  Atas das Reuniões da Comissão de Coordenação Brasileira Atas das Reuniões da Comissão de Coordenação Conjunta Construindo a Sustentabilidade: Lições Aprendidas no Programa Piloto. Brasília, 2002. Estudos da Amazônia: Avaliação de Vinte Projetos PDA. 2004 Estudos da Mata Atlântica: Avaliação de Doze Projetos PDA. 2004 Gestão Compartilhada e Desenvolvimento Local ‐ Apostila.  2006. GTA/Proteger II ‐ Fazendo Gênero na Amazônia. Brasília, 2005 Instrumentos Econômicos para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia: experiências e visões. Brasília, 2005. Lições da Floresta para o Desenvolvimento Sustentável. Brasília, 2005. Pontos para Revisão do Documento‐Base para a Estruturação da 2ª. Fase. Brasília, 2001. Programa Amazônia. Proposta para Discussão. Fevereiro de 2006. Proposta do Governo Brasileiro para um Novo Programa Piloto. Brasília, 1999. Proposta para a Estruturação da 2ª. Fase do Programa Piloto. Brasília, 2002. Questões Estratégicas sobre o Futuro do PPG7: Documento para Discussão. Brasília, agosto de 2004. Relatório de Atividades do ProManejo, 2002, 2003, 2004, 2005. Relatórios das Reuniões de Doadores Relatórios das Reuniões do Grupo de Assessoria Internacional (IAG) Relatório das Reuniões dos Participantes Relatório de Avaliação de Meio Termo do Projeto Resex. 1997. Relatório de Avaliação do SPRN (1995‐2002). 2003. Relatório de Progresso 2001‐2004. Brasília, junho de 2005. Relatórios de Progresso dos Projetos e Subprogramas: AMA, PPTAL, SPC&C, ProManejo, ProVárzea, Resex,  Projeto Corredores Ecológicos, PNS, SMA, PDA, PDPI, SPRN, GTA, RMA e Proteger Relatório Final da Revisão de Meio Termo do PPG7 ‐ Indufor OU STPC Engenharia de Projetos Ltda. Relatório Final Projeto Centros de Ciência ‐ 1999. Relatório Físico Financeiro ‐ Cenaflor ‐ 2005. Resumo Comentado da Proposta Brasileira para Reformulação do PPG7. Brasília, outubro de 1999. Rumo a uma Estratégia para o PPG7. Banco Mundial. Abril 2001. Série Estudos 1 ‐ Prevenção de incêndios florestais na Amazônia: lições aprendidas no Proteger. Brasília, 2005. Série Estudos 2 ‐ Projetos Demonstrativos ‐ PDA Sua influência na construção do Proambiente. Brasília, 2005. Série Estudos 3 ‐ Influência do ProManejo em políticas públicas de manejo florestal sustentável na Amazônia. Brasília, 2005. Série Estudos 4 ‐ Aprendizado do Projeto de Manejo dos Recursos Naturais da Várzea ‐ ProVárzea. Brasília, 2005. Série Estudos 5 ‐ Políticas de Desenvolvimento Sustentável no Acre: Contribuições do SPRN. Brasília, 2005. Série Estudos 6 ‐ Gestão ambiental descentralizada: estudo comparativo de três municípios da Amazônia Brasileira. Brasília, 2005.  Ibama ‐ PPG7/ProManejo PADOVAM, M. P. Belterra. Avaliação do Manejo da Floresta Nacional do Tapajós. 2004. Desafios, Resultados, Ameaças e Oportunidades em uma UC na Amazônia: A Flona do Tapajós. Santarém, 2004.  Ibama ‐ PPG7/ ProVárzea  Grupos de interesse e atores na região da várzea amazônica. Manaus, junho de 2002.  Ibama ‐ PPG7/Resex Projeto Resex: um futuro sustentável para a Amazônia. Brasília, 1999.