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1. APRESENTAÇÃO
O projeto da via permanente entre Rondonópolis, e Aparecida do Taboado,
descrito a seguir, constitui o trabalho de graduação da disciplina de Ferrovias I, ministrada
no semestre 2013/1, do 5° Ano do Curso de Engenharia Civil.
O trabalho se divide em duas partes, sendo a primeira caracterizada pelo memorial
descritivo, e subdividida em 19 capítulos. Já a segunda parte do projeto é caracterizada
pelo memorial de cálculo, é dividido em 09 capítulos, e se caracteriza pelo
dimensionamento da via permanente e seu respectivo orçamento, além dos projetos de
AMV, indicação do trem não unitário para as condições técnicas e de demandas
estabelecidas, e por fim o projeto geométrico da via permanente no trecho indicado de
acordo com a numeração do aluno constante no diário de classe da disciplina de Ferrovias.
A malha ferroviária brasileira tem o objetivo de interligar a demanda produtiva dos
estados brasileiros, com os principais portos exportadores do país. Segundo Departamento
Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT, desde o ano 1996, quando se iniciou o
processo de desestatização das malhas ferroviárias, a quantidade de carga movimentada
nas ferrovias brasileiras aumentou em cerca de 26% e, os constantes e progressivos
investimentos nesse setor, tendem a elevar o potencial de atração de novos clientes e de
ampliação de sua importância nos transportes brasileiros.
Sendo assim e, devido à progressiva demanda de profissionais da engenharia no
mercado de trabalho, o objetivo do detalhamento deste projeto é a capacitação de
engenheiros civis, formados pelo curso de Engenharia Civil da UFMT em ferrovias,
através da consolidação dos conhecimentos fornecidos pelas disciplinas afins do escopo do
projeto.
Dentre os objetivos do trabalho pode-se destacar:
Objetivos gerais: constituir uma estratégia didático-pedagógica para
consolidação dos conhecimentos fornecidos pelas disciplinas afins do curso de Engenharia
civil;
Objetivos específicos: Dimensionamento da via permanente; Escolha
do trilho utilizado no trecho; Dimensionamento dos Aparelhos de Mudança de Via –
AM’s; Escolha e, dimensionamento do número de locomotivas e vagões; Estudo de
demanda e tempo de ciclo da composição ferroviária.
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A ligação ferroviária entre Rondonópolis e Aparecida do Tabuado, é de suma
importância para o estado de Mato Grosso, já que este é o maior produtor de soja do país.
A expectativa é que a construção desses trechos consolide a ferrovia como alternativa para
escoar a produção agrícola do Centro-Oeste, principalmente da soja.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA VIA PERMANENTE
A Via Permanente é considerada como parte integrante de uma ferrovia, é
conceituada como um conjunto de instalações e equipamentos que compõe a infra-
estrutura e a superestrutura de uma Ferrovia. Por este conceito as instalações, os
equipamentos, a superestrutura e infra-estrutura fazem parte da Via Permanente (apud
MACHADO).
Outras definições, também encontradas na literatura, definem a Via Permanente
como:
“A designação dada ao sistema de sustentação e rolamento dos
trens de circulação” (apud MACHADO); “Conjunto formado por
trilhos, pelos dormentes, pelo lastro e, se for o caso pelo sublastro”.
Tudo que estiver sob a Superestrutura denomina-se simplesmente de infra-estrutura.
Em resumo a via permanente é a superestrutura ferroviária ou metroviária elástica,
constituída por lastro, dormentes, trilho e acessórios de fixação, e que está sujeita ao
desgaste normal devido às intempéries ou ao uso continuo. A Figura 01 ilustra os
elementos componentes da via permanente.
Figura 01 – Elementos componentes da via permanente.
Fonte: PTR 2501 – Transporte Ferroviário e Transporte Aéreo.
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À exceção do sublastro, os demais elementos estão sujeitos à substituição quando é
atingido o limite de tolerância máxima, no que tange à segurança do tráfego ferroviário.
2.1.1 Bitola
A bitola é a distância entre as faces internas das duas filas de trilhos, medida a 12
mm abaixo do plano de rodagem (face superior dos trilhos). A bitola é uma característica
fundamental tanto do traçado como de exploração ferroviária. No Brasil, pelo Plano
Nacional de Viação, a bitola-padrão é a de 1,6m, chamada de bitola larga. Existem,
entretanto outras bitolas menores.
2.1.2 Superestrutura
A função da superestrutura é receber a carga provinda do peso dos rodeiros,
recebida pelo trilho através do contato Roda-Trilho, em seguida transmitir através do
princípio de redução de esforços para as placas de apoio e fixação. Dessa forma, a carga é
dissipada para os dormentes, depois para o lastro que, finalmente gera esforços para a
plataforma.
A Superestrutura é formada pelos seguintes componentes:
Lastro;
Dormentes;
Fixação;
Trilhos.
2.2 LASTRO
Lastro é o elemento da superestrutura da estrada de ferro situada entre os dormentes
e o solo ou sublastro (Figura 02) e que tem as seguintes destacadas a seguir:
Distribuir convenientemente sobre a plataforma (sublastro) os esforços resultantes
das cargas dos veículos, produzindo uma taxa de trabalho menor na plataforma;
Formar um suporte elástico, atenuando as trepidações resultantes da passagem dos
veículos;
Suprimir as irregularidades da plataforma, formando uma superfície contínua e
uniforme para os dormentes e trilhos;
Impedir o deslocamento dos dormentes quer no sentido longitudinal e transversal;
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Facilitar drenagem da superestrutura.
Figura 02 – Lastro executado sobre a via permanente
Fonte: MACHADO, Aldo Marconi Wassen.
O lastro deve possibilitar a recuperação da geometria da linha, principalmente os
nivelamentos longitudinais e transversais responsáveis pela suavidade e conforto do
rolamento do material rodante.
Deve possuir resistência suficiente aos esforços transmitidos pelos dormentes,
elasticidade para abrandar os choques, ter dimensões que possibilitem a sua interposição
entre e sob os dormentes, preenchendo as depressões da plataforma ou sublastro e
permitindo o perfeito nivelamento dos trilhos, resistência aos agentes atmosféricos,
permeabilidade para realizar a drenagem das águas das chuvas, não estar sujeito a desgaste
produtor de pó e permitir uma soca eficiente por meios mecânicos (socadores e
vibradores).
Tradicionalmente um bom lastro é aquele que possui rochas angulares, britadas e
duras, uniformemente graduadas, livre de finos e sujeira e não propenso a cimentação.
As solicitações a que está sujeita a via férrea tem as correspondentes no lastro. São
as três básicas: vertical, longitudinal e transversal.
O lastro pode ser executado com diversos tipos de materiais, considerando a
utilização prevista para o trecho que será implantado. A areia é um bom material por ser
pouco compressível e com elevada resistência, porém têm os inconvenientes de ser
facilmente carregada pelas águas superficiais, gerando desnivelamentos e por ser abrasiva
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para as engrenagens do material rodante. Deve ser empregada em trechos onde o veículo
não desenvolve altas velocidades. Os cascalhos (laterita ou seixo rolado) têm bom
desempenho e baixo custo, mas para linhas de maior tráfego deve ser lavado e britado.
O uso da escória de alto forno é recomendável para linhas próximas de usinas
siderúrgicas, já que este material possui boa dureza, desempenho e permeabilidade, o
problema é que possui pouco peso.
A solução mais adequada para a execução do lastro da via permanente é a pedra
britada, que é um material de boa dureza, elevada resistência e permeabilidade,
moderadamente elástica e resiste ao intemperismo além de não produzir poeira.
Para garantir as qualidades destacadas acima deve-se ter uma granulometria
uniforme, que é garantida quando os agregados ocorrem com poucos diâmetros, de
dimensões bem próximas umas das outras e cuja principal característica é o elevado índice
de vazios. Se os diâmetros forem de grandes dimensões (compreendidos entre 1 a 3
polegadas) tem-se então elevada elasticidade.
Os agregados empregados na execução do lastro, de acordo com AMERICAN
RAILWAY ENGENEERING ASSOCIATION – AREA, devem atender às especificações
indicadas na Tabela 01:
Tabela 01 - Especificações para o lastro
Peso específico mínimo
(min)
2,7 t/m³
Resistência à ruptura () 700 kg/cm²
Absorção máxima 8 g/dm³ (para amostras de 230g)
Los Angeles (CBR) 35%
A granulometria a ser adotado para material do lastro, também especificada pela
AREA está indicada na Tabela 02.
Tabela 02 - Granulometria do material do lastro especificada pela AREA
PENEIRAS mm % PASSANDO% RETIDA
ACUMULADA
2 ½” 63,5 100 0
2” 50,8 90 – 100 0 – 10
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1 ½” 38,0 35 – 70 30 – 65
1” 25,4 0 – 15 85 – 100
¾” 19,0 0 – 10 90 – 100
½” 12,7 0 – 5 95 - 100
A Rede Ferroviária Federal S.A – RFFSA especifica granulometria diferentes para
a linha corrida e para pátios e AMV’s. Estas faixas granulométricas estão indicadas na
Tabela 03.
Tabela 03 - Faixa granulométrica especificada pela RFFSA
LINHA CORRIDA PÁTIOS E AMV’s
PENEIRAS%
PASSANDOPENEIRAS
%
PASSANDO
POLEGADA
Smm
POLEGADA
Smm
2 ½ 63,5 100 2 ½ 63,5 100
2 50,8 90 – 100 2 50,8 90 – 100
1 ½ 38,0 35 – 70 1 ½ 38,0 65 – 85
1 25,4 0 – 15 1 25,4 40 – 65
¾ 19,0 0 – 10 ¾ 19,0 15 – 45
½ 12,7 0 - 5 ½ 12,7 0 – 15
O fato de se empregar granulometria mais fina nos pátios, do que na linha corrida,
ocorre devido à maior concentração de pessoal (operação de montagem e liberação dos
trens), pois é desconfortável transitar sobre o lastro com granulometria mais grossa.
2.2.1 Dimensionamento
A espessura da camada de lastro compreendida entre a face inferior do dormente e a
face superior da camada do sublastro, deve ter uma espessura tal que absorva parte dos
esforços transmitidos pelos dormentes, de modo que a parcela que atingir o sublastro seja
compatível com as características de resistência dos materiais empregados. Assim, quanto
mais delgada for a espessura do lastro, maior será o esforço transmitido ao sublastro, e a
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recíproca é verdadeira. Deve-se então definir uma espessura onde os esforços gerados
sejam parcialmente absorvidos.
As pressões no lastro se distribuem na forma de bulbos. A ausência de
uniformidade dessa distribuição se dá em ambas as direções, pois até mesmo ao longo do
dormente tem-se uma concentração dessas pressões nas porções sob os trilhos, na
denominada faixa de socaria, ocorrendo ainda uma ausência de pressões na parte central do
dormente. A faixa de socaria é a porção do dormente e do lastro que realmente suporta as
pressões geradas pela passagem das cargas das rodas.
2.2.1.1 Metodologia
A metodologia para realização do dimensionamento da camada de lastro é a
seguinte:
a) Definir os parâmetros básicos da via permanente:
Bitola;
Espaçamento entre dormentes;
Carga total máxima por veículo;
Afastamento entre duas rodas consecutivas;
Velocidade operacional;
b) Determinar a carga dinâmica (Pc);
c) Determinar a pressão sob a face inferior do dormente (po);
d) Determinar pressão admissível (pa) para o material a ser utilizado no sublastro
ou plataforma;
e) Determinar a altura da camada de lastro (ht).
2.2.1.2 Parâmetros
A espessura do lastro (h) pode ser calculada segundo as pressões máximas, que se
desenvolvem no centro da seção transversal do dormente, através de expressões
desenvolvidas pelo engenheiro americano Talbot, que seguem abaixo:
Espaçamento entre os dormentes
O espaçamento é dado em função da dormentação distribuída por quilômetro da
ferrovia, através da seguinte fórmula:
a= 1000dormentação
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Coeficiente de redução dinâmica
O coeficiente de redução dinâmica é calculado através da seguinte fórmula:
n=distânciaentre os eixos do veículo (base rígida)
espaçamentoentre os dormentes
Coeficiente dinâmico
Já o coeficiente dinâmico é conhecido pela seguinte expressão:
Cd=1+ V 2
30000, onde :
Cd → Coeficiente dinâmico
V → velocidade de projeto, ou máxima (Km/h);
Carga de Projeto
A carga de projeto encontra-se abaixo:
Pc=Pn
∙Cd , onde :
Pc → Carga de projeto (kg);
P → Peso da roda mais pesada (kg);
n → Coeficiente de redução dinâmica;
Cd → Coeficiente dinâmico.
Pressão na face inferior do dormente
Com os dados anteriores, tem-se a pressão na face inferior do dormente, descrita a
seguir:
po=Pc
b ∙ c,onde :
po → Pressão na face inferior do dormente (kg/cm²),
Pc → Carga de projeto (Kg);
b → largura do dormente (cm);
c → faixa de socaria (cm).
Pressão de ruptura do sublastro
A pressão de ruptura do sublastro é verificada através da equação abaixo:
pr=0,7 ∙CBR , onde :
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pr → Pressão de ruptura do sublastro (kg/cm²),
CBR → Do sublastro (20%)
Pressão admissível sobre o sublastro
Determinado po, calcula-se agora a pressão admissível sobre o sublastro:
pa=pr
F s
, onde :
pa → Pressão admissível sobre o sublastro (kg/cm²),
pr → Pressão de ruptura do sublastro (kg/cm²),
Fs → Fator de segurança (5,5)
Espessura do lastro
Com os valores das pressões no lastro, pode-se calcular a espessura necessária do
lastro, pela fórmula abaixo:
h=24,27 ∙( po
pa)
0,8
, onde :
h → espessura do lastro (cm)
pa → pressão admissível sobre o sublastro (kg/cm²),
po → pressão na face inferior do dormente (kg/cm²)
Espessura total do lastro
Por fim, a espessura total do lastro é a soma das seguintes parcelas:
ht=hs+hd , onde :
ht → Espessura total do lastro (cm);
hd → Espessura do dormente (cm);
hs → Espessura do lastro (cm).
2.2.1.3 Limites para o dimensionamento da seção
Neste tópico são sugeridos limites para o dimensionamento da seção do lastro:
O lastro não deverá cobrir os dormentes, sendo coroado a 05 cm da face
superior. No caso de dormente de concreto com blocos ligados por tirante metálico, o
lastro deve ficar 02 cm abaixo do tirante, observando o coroamento de 05 cm;
A socaria deve abranger para cada lado do eixo dos trilhos sob os
dormentes, no mínimo 40 cm para as bitolas larga e normal e 30 cm para bitola estreita;
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A faixa central não atingida pela socaria terá, pelo menos, 30 a 40 cm
de largura.
A capacidade de suporte da plataforma não deverá ser excedida pela
pressão transmitida pelo lastro, o qual terá espessura suficiente para uniformizá-la;
A ombreira terá largura adequada a estabilidade da via, recomendando-
se 30 cm para as vias com trilhos longos soldados (TLS), 20 cm para as vias com alta
densidade de tráfego sem TLS e 15 cm para as demais.
O talude do lastro não terá inclinação superior a 1:1,5 (altura:base);
A altura da camada de lastro sob os dormentes deve variar entre 40 cm
e 20 cm nas linhas de bitola larga e normal e entre 30 cm e 15cm nas linhas de bitola
estreita;
Em linhas de grande solicitação, seja pela carga ou pela velocidade, a
espessura poderá ser aumentada até atingir o valor do afastamento face a face dos
dormentes, usando então uma camada de brita graduada (lastro) e uma de sublastro com
material de menor granulometria;
Quando a altura da camada lastro calculada ultrapassar a altura
recomendada para a classe da linha, pode ser utilizado, por medida econômica, material de
categoria inferior como sublastro, desde que ofereça boa condição de drenagem e tenha
capacidade de suporte para a pressão que deve ser transmitida.
2.2.1.4 Aspectos Construtivos
Em relação a aspectos construtivos podem-se inferir os seguintes tópicos:
A escolha do material para lastro deve obedecer ao critério econômico,
observados os dispositivos das normas técnicas;
O lastro ou sublastro somente deve ser lançado sobre a plataforma
devidamente regularizada, nivelada, compactada, abaulada e que apresente adequada
condição de drenagem;
A socaria do lastro deve ser executado preferencialmente por processo
mecânico e ser feita, em qualquer caso em camadas de aproximadamente 15 cm, sendo
recomendado até reduzir este valor para 10 cm em linhas de grande responsabilidade.
2.3 DORMENTES
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O dormente é um componente fundamental da via férrea, que tem por função
receber e transmitir ao lastro os esforços produzidos pelas cargas dos veículos, servindo
como suporte dos trilhos, permitindo a sua fixação e mantendo invariável a distância entre
eles (bitola), mantendo as condições de segurança do tráfego e a substituição adequada dos
dormentes inservíveis contribui na manutenção da linha.
Atualmente são usados três tipos de dormentes: madeira, aço e concreto. Existem
também os mistos, constituídos de dois blocos de concreto armado ligados por uma barra
metálica.
Os primeiros dormentes para o leito dos trilhos foram feitos de blocos de pedra, em
1820, quando foram utilizados nos trilhos de várias ferrovias americanas. Devido a
problemas de rigidez e inabilidade de segurar a bitola, esses dormentes foram logo
abandonados.
Na mesma época, uma linha de Boston experimentou-se a colocação de dormentes
de madeira, que provou ser um sucesso, sendo, posteriormente igualado pelas demais
ferrovias. Os primeiros dormentes eram de carvalho, pinho, cedro, castanheira, cipreste e
muitas outras madeiras. A abundância dessa matéria-prima, localizada sempre próxima às
ferrovias, não preocupou os empresários de então sobre a sua durabilidade.
Com o passar dos anos, houve um aumento no consumo de madeira, levando à
necessidade de se pensar em prolongar a vida útil, bem como utilizar certas madeiras
consideradas macias. Inicialmente, os dormentes não possuíam um padrão e cada ferrovia
tinha uma especificação. Os primeiros dormentes eram quase sempre roliços,
confeccionados a machado e, na sua grande maioria, lavrados nas suas duas faces.
No Brasil, devido à existência de inúmeras madeiras duras, onde somente se
utilizava o cerne, dava-se a preferência para os dormentes de essências nobres, como
maçaranduba, aroeira, faveiro, ipê, jacarandá etc. Atualmente em face do escasseamento
dessas espécies, partiu-se para a madeira de florestas plantadas, como o eucalipto.
2.3.1 Características dos dormentes
Para que o seu papel na via seja desempenhado de maneira satisfatória, é necessário
que o dormente possua alguns atributos, como durabilidade, rigidez, elasticidade e
resistência aos esforços, ser isento de fendas e/ou fraturas transversais de forma a permitir
a realização da “socaria”, opondo-se a deslocamentos (transversais ou longitudinais) na
via.
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A quantidade de dormentes a ser utilizada em uma via depende do tipo deste e do
material a ser usado. Numa via em bitola métrica, a taxa de dormentação em madeira é em
geral de 1.600 a 1.750 unidades por quilômetro, já em dormentação de aço, a quantidade
varia de 1.500 a 1.600 unidades por quilômetro.
Segundo apud Pacha (2003), os materiais mais utilizados para dormentes são:
Madeira: que apresenta as melhores propriedades mecânicas, devido
ao seu elevado módulo de elasticidade e grande flexibilidade;
Aço: que reduz em 20% a demanda de peças por quilômetro e permite a
reciclagem, porém, por ser um material leve, prejudica a estabilidade da via;
Concreto: que apresenta menor elasticidade em relação ao dormente de
madeira;
Plástico: que tem a durabilidade de um dormente de aço e a leveza de
um dormente de madeira, porém seu custo é elevado quando comparado ao de outros
materiais.
Na tabela a seguir comparam-se estes materiais em relação a sua finalidade de
dormentação.
Tabela 04 – Comparação de materiais para dormentação.
CaracterísticaMaterial
Madeira Aço Concreto Plástico
Propriedades MecânicasElevado módulo de
elasticidade e Grande Flexibilidade
Média Estabilidade
Alta durabilidade e Baixa
elasticidade
Alta Leveza
Custo de Aquisição Baixo Alto Alto Alto
DurabilidadeMédio
(15 anos)Alta
(50 anos)Alta
(50 anos)Alta
Reutilização Sim Sim Não SimNecessidade de
Tratamento químico para proteção
Sim Não Não Não
Resistência adescarrilamentos
alta Alta Baixa Baixa
Fonte: Os dormentes ferroviários, seu tratamento e meio ambiente.
A escolha do material a ser utilizado para estes fins depende de um estudo da
análise de viabilidade econômica, que considere entre outros fatores, o custo de fabricação,
o preço de colocação, substituição e a manutenção e o valor residual.
Segundo apud Silva (2003), o dormente quanto à sua geometria, pode ser:
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Roliço: Tipo de dormente que utiliza a madeira na sua forma mais
natural e, os cortes horizontais são feitos apenas nos pontos de pregação;
Semi-roliço: Tipo de dormente que apresenta apenas a parte serrada;
De duas faces: Tipo de dormente que apresenta duas faces serradas e
duas faces abauladas;
As primeiras ficam nas partes superior e inferior do leito da ferrovia e servem para
apoio e fixação dos pregos;
Prismático: tipo de dormente mais aprimorado em que as quatro faces
são serradas e a peça é quadrada.
A dimensão dos dormentes varia com a bitola da via e com o tipo de utilização da
mesma. Por exemplo, os dormentes de uma via em bitola larga onde as cargas por eixo são
mais elevadas, são mais compridos e robustos que os de uma via em bitola estreita.
A literatura técnica mostra que nas vias com bitola métrica ou normal (1,435 m), os
dormentes seguem um espaçamento de 55 a 58 cm, enquanto que nas vias com bitola larga
(1,60m) o espaçamento é entorno de 58 a 60 cm.
Em resumo, os dormentes de maneira geral devem apresentar as seguintes
características:
Suas dimensões, no comprimento e na largura, devem fornecer uma
superfície de apoio suficiente para que a taxa de trabalho no lastro não ultrapasse certo
limite;
Sua espessura deve proporcionar a necessária rigidez, permitindo,
entretanto alguma elasticidade;
Ter resistência suficiente aos esforços;
Ser durável;
Permitir, com relativa facilidade, o nivelamento do lastro (socaria), na
sua base;
Se opuser eficazmente aos deslocamentos longitudinais e transversais
da via;
Permitir uma fixação firme do trilho sem ser excessivamente rígida.
2.3.2 Especificações gerais dos dormentes
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Em relação a sua geometria e seção transversal dos dormentes podem-se
destacar as seguintes definições:
Altura: a menor dimensão do paralelepípedo retângulo;
Largura: a menor das dimensões perpendicular a altura;
Comprimento: a maior dimensão do paralelepípedo retângulo.
Faces horizontais (superior e inferior): são as correspondentes aos
retângulos formados pelo comprimento e a largura;
Faces verticais: são os retângulos formados pelo comprimento e a
altura;
Topos: são os retângulos formados pela altura e pela largura.
2.3.3 Dormentes de Madeira
Os dormentes de madeira apresentam vantagens sobre aqueles produzidos com aço
e concreto, por ter altos valores de resistência específica, por necessitar-se de baixo
consumo de energia na sua produção, pelo baixo preço e pela possibilidade de uso da
matéria-prima de forma sustentada e ambientalmente correta.
2.3.3.1 Características tecnológicas dos dormentes de madeira
As principais características e, propriedades tecnológicas desejáveis para os
dormentes de madeira são apresentados a seguir:
Massa específica - esta propriedade reflete bem a contextura das fibras
da madeira, conferindo a ela a resistência aos efeitos mecânicos transmitidos pelos trilhos,
ressaltando que a grande causa de degradação dos dormentes é o seu desgaste mecânico e
não o seu apodrecimento. Os dormentes, ao sofrerem a ação de pesadas cargas, estarão
sujeitos a severos desgastes nas zonas de entalhe, pelo patim dos trilhos.
Dureza - Como a madeira trabalha em contato direto com a ferragem
dos trilhos ou de blocos de apoio ou com as pedras de lastre, é conveniente que a madeira
utilizada para a fabricação de dormentes tenha uma dureza Janka variando entre 645 a
1.108 kg/cm².
Resistência ao arrancamento de pregos - As composições ferroviárias
em movimento exercem consideráveis pressões laterais e verticais sobre os trilhos, em
função de seu peso e do efeito da força centrífuga, que é consideravelmente aumentada nas
curvas. Diante disso, considera-se a resistência ao arrancamento de pregos e tirefões, uma
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característica extremamente importante para um dormente evitar que o afrouxamento dos
mesmos enfraqueça o sistema de fixação.
Resistência à flexão estática
Módulo de elasticidade
Flexão dinâmica (choque) - como as solicitações das cargas rolantes
se apresentam sob a forma de choques sucessivos e de intensidade variável, a flexão
dinâmica ou choque se torna um índice muito importante para a previsão do
comportamento do material na linha férrea.
Fendilhamento - é uma das características mais importantes na
qualidade da madeira para dormente. As rachaduras e o fendilhamento provocam o
afrouxamento dos pregos ou tirefões, exigindo-se furar novamente a peça e,
conseqüentemente, causando o enfraquecimento do sistema de fixação. Dentre as
patologias que podem ocorrer pode-se mencionar a tendência de fendilhamento na seção
radial, rachando em duas partes e inviabilizando a utilização posterior do dormente,
embora ele pudesse apresentar perfeitas condições de sanidade. Como tratamento, para
peças que apresentem moderara tendência ao fendilhamento, pode-se citar a aplicação de
conectores anti-rachantes (“gang-nail”) ou cintamento (cinta externa).
2.3.3.2 Tipos de dormentes de madeira
Basicamente existem quatro tipos de dormentes:
a) Dormente roliço - é o tipo de dormente utilizado na sua forma mais natural e os
cortes horizontes são feitos apenas nos pontos de pregação. As costaneiras ficam integrais
na madeira. É a forma mais primitiva de dormente.
b) Dormente semi-roliço - é o tipo de dormente que apresenta apenas a parte
superior serrada, onde se fixarão os grampos.
c) Dormente de duas faces - é o tipo de dormente que apresenta duas faces
serradas e duas faces abauladas. As faces serradas ficam nas partes superior e inferior do
leito da ferrovia e servem para apoio e fixação dos pregos.
d) Dormente prismático - é o tipo de dormente em que as quatro faces são
serradas e a peça é quadrada. É a forma mais aprimorada de dormente.
2.3.3.3 Tratamento dos dormentes de madeira
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A espécie da madeira utilizada para a fabricação de dormentes influencia na vida
útil destes elementos. As madeiras de 1ª classe têm uma estimativa de duração de 30 anos,
enquanto as de 2ª classe resistem aproximadamente 20 anos. A Tabela 05 classifica
algumas as espécies de madeira utilizadas como dormentes como 1ª e 2ª classe.
Tabela 05 - Classificação das espécies utilizadas como dormentes de madeira
1ª Classe 2ª ClasseAroeira AngelimSucupira AraribáJacarandá AmarelinhoAmoreira Braúna
AngicoCarvalho do
BrasilIpê Canela Preta
Bálsamo Guarabu------------
-Massaranduba
-------------
Peroba
-------------
Pau-Brasil
-------------
Baru
-------------
Eucalipto
Além da espécie da madeira outros fatores que influenciam na durabilidade da
madeira são clima, drenagem da via, peso e velocidade dos trens, época do ano em que foi
cortada, grau de secagem, tipo de fixação dos trilhos, tipo de placa de apoio e tipo de
lastro.
A escolha do dormente deve ser bem estudada, analisando todos estes fatores, para
que se evite troca dos dormentes prematuramente. Por isto deve ser verificada a resistência
a destruição mecânica, coesão da madeira, resistência ao apodrecimento, facilidade de
obtenção e custo.
Devido a fatores como a suscetibilidade e a deterioração da madeira por bactérias,
insetos e fungos, é necessário um controle das espécies de madeira a serem empregadas
para estes fins. Os agentes biológicos destruidores necessitam para sua sobrevivência, de
madeiras em condições propícias; uma fonte de material alimentício para sua nutrição,
temperatura adequada para seu crescimento, umidade suficiente para seu desenvolvimento
e quantidade adequada de oxigênio. Ao existirem condições que permitam o crescimento
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destes agentes biológicos, o ataque produz alterações importantes tanto na resistência
mecânica como no aspecto exterior da madeira.
Assim, os dormentes de madeira precisam de um tratamento químico preservante
para garantir-lhes maior resistência.
A madeira para uso em dormentes deve resistir bem aos agentes de putrefação, ser
dura, no entanto, sem se opor à penetração dos agentes anti-sépticos destinados à sua
conservação (exceto quando dispensar o tratamento), e permitir a execução de furos para
receber o grampo ou tirefão sem se fendilhar e ser elástica para permitir rolamento suave.
A durabilidade dos dormentes depende também do clima, da drenagem e do lastro
da ferrovia, do volume e da velocidade de tráfego da via, bem como o peso da carga
transportada através da mesma, da curvatura geométrica da ferrovia, do uso de placas de
apoio, da época em que a madeira foi cortada, da idade da madeira, da natureza do solo em
que a árvore cresceu e para madeiras não tratadas, da espécie da madeira empregada.
Pelo fato da madeira ser um material orgânico, sujeito a apodrecimento, um
tratamento químico deve ser aplicado, também visando a maior durabilidade do dormente.
Os tratamentos químicos podem ser com preservativos oleosos ou hidrossolúveis.
Os preservativos oleosos mais utilizados são o creosoto, obtido da destilação do
alcatrão da hulha, aplicados a uma taxa de 128 kg/m³ de madeira ou o Pentaclorofenol,
solúvel em óleo diesel e aplicado à mesma taxa do creosoto.
O preservativo hidrossolúvel utilizado são os sais de potássio, sulfato de cobre, ácido
arsênico, sulfato de zinco, todos aplicados a uma taxa de 16 kg/m³ de madeira.
2.3.3.4 Vantagens da utilização de dormentes de madeira
O emprego dos dormentes de madeira é consagrado em todo o mundo.
Normalmente são peças prismáticas, possuindo como principais vantagens:
Apresentam bom desempenho diante de grandes cargas por eixo, pois
apresentam satisfatória distribuição de tensões;
São dotados de boa flexibilidade, absorvendo as vibrações causadas
pela passagem dos veículos, protegendo o material rodante e o trilho;
Garante suavidade no deslocamento dos veículos, devido à flexibilidade
natural da madeira;
Devido ao peso e as formas geométricas, são de fácil manuseio,
transporte, estocagem e assentamento;
19
São bons isolantes para corrente elétrica, o que facilita a instalação de
circuitos elétricos de sinalização;
Permitem o reaproveitamento em outras linhas ou ramais;
A inspeção visual é extremamente facilitada;
Absorvem os impactos causados pelos descarrilamentos sem grandes
danos, podendo-se reaproveitá-los no mesmo local sem prejuízo da segurança do tráfego;
Podem ser empregados em qualquer tipo de linha;
Possui menor custo inicial de produção.
2.3.4 Dormentes de Concreto
Apesar dos primeiros dormentes de concreto terem sido produzidos no final do
século 19, até o início da década de 1940 as ferrovias utilizavam quase que exclusivamente
os dormentes de madeira. A escassez da madeira de boa qualidade em muitos países,
principalmente após a 2ª guerra mundial, levou a uma grande intensificação no emprego
dos dormentes de concreto.
Atualmente, com mais 400 milhões de unidades em serviço comercial e mais de 60
anos de experiência e desenvolvimento tecnológico, os dormentes de concreto já se
tornaram um produto consagrado em âmbito mundial, sendo que seu uso vem se tornando
cada vez mais freqüente principalmente devido a sua incontestável superioridade técnica
frente aos demais tipos de dormentes.
2.3.4.1 Vantagens da utilização dos dormentes de concreto
Algumas das vantagens dos dormentes de concreto que justificam o crescimento do
interesse mundial pelo seu uso estão citadas abaixo:
Maior resistência lateral e vertical, devido à maior massa do concreto
em relação aos demais materiais utilizados na fabricação dos dormentes;
Proporcionar uma geometria mais uniforme na via férrea, resultando em
um rolamento mais suave e seguro, com menores chances de ocorrência de
descarrilamento por parte dos veículos;
Maior vida útil do dormente;
Menores índices de manutenção e menor custo total pelo ciclo de vida
útil;
Menores espaçamentos longitudinais em comparação com outros tipos
de dormentes, exigindo um menor número de unidades por quilômetro de via;
20
Elevada homogeneidade e consistência na qualidade da produção;
São Inerentes em relação à adequação e ao emprego de trilhos
continuamente soldados;
Possui elevado desempenho sob condições de tráfego muito severas,
incluindo as vias de carga pesada (heavy haul) e de alta velocidade;
Apresenta versatilidade no emprego dos mais diversos sistemas de
fixação dos trilhos;
Possui custo bastante competitivo em comparação com os outros tipos
de dormentes, sobretudo se forem considerados todos os custos envolvidos na manutenção
da via permanente a médio e longo prazos.
Os dormentes de concreto não sofrem corrosão, não queimam, não são atacados por fungos
ou larvas de insetos.
2.3.4.2 Desvantagens dos dormentes de concreto
Como desvantagens dos dormentes de concreto podem-se citar a dificuldade de
manejo e estocagem, utilização apenas em linhas de alto padrão e não recuperação no caso
de descarrilamento.
Devido à grande rigidez dos dormentes de concreto armado, aliada a vibração
produzida pelo tráfego de trens, levarão à fadiga prematura e à conseqüente ruptura.
Assim, passou-se para outros tipos de dormentes, entre eles concreto protendido, misto
(concreto e aço) e polibloco.
Ao longo dos últimos 50 ou 60 anos houve um grande desenvolvimento em âmbito
mundial na tecnologia de projeto e fabricação de dormentes de concreto. Nesse período,
diversos tipos de dormentes de concreto foram testados, mas apenas os dois deles se
mostraram realmente adequados dos pontos de vista técnico e econômico. Cada um deles,
por sua vez, apresenta características e vantagens particulares que os tornam mais ou
menos apropriado para uma determinada aplicação.
2.3.4.3 Dormentes Bi-bloco de concreto armado
Os dormentes de concreto bi-bloco consistem basicamente de dois blocos de
concreto armado interligados por um perfil metálico, e pesa aproximadamente 190 kg.
Este design resulta da otimização da forma monolítica tradicionalmente utilizada
pelos dormentes ferroviários, visando a obtenção de um apoio mais bem definido e
homogêneo sobre o lastro, maior resistência lateral e melhor estabilidade, bem como a
21
redução do peso total do dormente de concreto. A fixação do trilho ao dormente é feita por
parafuso ancorado na viga metálica e grampos que apertam o patim do trilho.
Como as cargas de roda aplicadas aos trilhos são distribuídas pelos dormentes
apenas sobre a porção de lastro situada na região sob os trilhos, a massa de concreto da
parte central do dormente pode ser eliminada. Esta solução permite dobrar a área de apoio
lateral do dormente contra o lastro, eliminando os riscos de fratura no centro do dormente
por flexão negativa e perda de estabilidade resultantes do apoio da parte central do
dormente sobre o lastro.
Além das vantagens tipicamente proporcionadas pelos dormentes de concreto, os
dormentes bi-bloco de concreto armado apresentam as seguintes vantagens adicionais:
Suas quatro faces laterais de apoio contra o lastro proporcionam a maior
resistência lateral dentre todos os tipos de dormentes disponíveis, diminuindo o risco de
desvios geométricos e flambagem lateral dos trilhos;
Dentre os dormentes de concreto é o que apresenta o menor peso
próprio, facilitando e barateando as operações de transporte, manuseio, assentamento,
manutenção e substituição;
Proporcionam vias mais flexíveis, resultando em menor desgaste dos
trilhos e rodas dos trens, bem como em maior conforto, qualidade de rolamento e
tolerância aos impactos dinâmicos;
Por se apoiarem apenas na porção de lastro consolidada pela operação
de socaria, asseguram a perfeita estabilidade da via;
Devido à presença da viga de interligação em aço estrutural de alta resistência, possuem
maior tolerância a deficiências de manutenção do lastro e recalques na plataforma da via,
sendo muito menos sensíveis aos momentos fletores negativos no centro do dormente.
2.3.4.4 Dormentes Monobloco de concreto protendido
Os dormentes de concreto monobloco consistem de uma viga monolítica de
concreto protendido (Figura 03). Podem ser aplicados em vias de bitola mista, nas regiões
dos aparelhos de mudança de via (AMV’s) e tendem a ser mais competitivos quando as
cargas por eixo na via são muito elevadas.
São em geral peças de concreto robustas capazes de atender aos requisitos de
desempenho estabelecidos pelas mais rigorosas normas nacionais e internacionais do setor
ferroviário (e.g. ABNT/NBR, AREMA, CEN, BNCF, UIC, etc.).
22
Figura 03 – Dormente monobloco de concreto protendido.
Fonte: CONPREM - CONCRETO PREMOLDADO LTDA
Além das vantagens tipicamente proporcionadas pelos dormentes de concreto, os
dormentes monobloco de concreto protendido apresentam as seguintes vantagens
adicionais:
Em virtude de sua forma monolítica, podem ser instalados em vias de
bitola mista, com três ou quatro fiadas de trilhos;
Sua elevada massa lhes confere uma excelente estabilidade;
Podem ser utilizados como suportes dos trilhos nos aparelhos de
mudança de via (AMV’s), melhorando muito o desempenho desses equipamentos;
Para as aplicações envolvendo cargas por eixo muito elevadas e produção em larga escala,
tendem a ser mais econômicos que os dormentes bi-bloco em virtude do seu menor
consumo de aço por dormente.
2.3.4.5 Tecnologia de fabricação
Para a fabricação dos dormentes monobloco são utilizados fios ou cordoalhas de
protensão da alta aderência e baixa relaxação, além de concreto plástico de alta resistência
(fck > 45 MPa) endurecido por processo de cura térmica acelerada a vapor. Os dormentes
monobloco são produzidos em pistas de protensão com moldes contínuos ou módulos
independentes dispostos em linha (processo long-line), ou em fôrmas autoportantes
(processo short-line).
23
Por exigir o emprego de um grande número de fôrmas metálicas, o processo de
fabricação dos dormentes monoblocos é especialmente recomendado para produções em
larga escala que não requeiram frequentes alterações no modelo de dormente produzido.
2.3.5 Dormentes metálicos
São peças constituídas de chapa de aço em forma de “U” invertido, curvado para
baixo nas suas extremidades, formando garras de ancoragem no lastro, impedindo o
deslocamento transversal da linha.
2.3.5.1 Vantagens e desvantagens dos dormentes metálicos
A utilização de dormentes metálicos nas ferrovias apresentam vantagens
econômicas, operacionais, ecológicas e de segurança, em relação aos dormentes de
madeira e de concreto, sendo algumas elencadas a seguir:
Menor custo no assentamento dos dormentes na linha férrea.
Menor quantidade de dormentes por km de ferrovia.
Menor custo de reparação ou substituição de dormentes.
Menor peso, oferecendo maior facilidade, rapidez e menor custo no
transporte e manuseio do dormente.
Maior vida útil, estimada acima de 60 anos, enquanto os dormentes de
madeira têm uma vida de 20 anos e os de concreto, de 50 anos, em média.
Ganhos com o lastro ferroviário, com menor volume de brita ou de
escória.
Intervalos maiores de manutenção da linha férrea obtendo-se maior
produtividade.
O aço é reciclável e imune ao ataque dos fungos e ao risco de incêndios.
Pelos fatores acima, os Dormentes de Aço certamente representam economia de
custo e aumento de produtividade. O Dormente de Aço é um produto duplamente
ecológico, pois é reciclável, não agredindo a natureza e elimina a necessidade do corte de
florestas para a produção dos dormentes de madeira.
Ecologicamente, o dormente de aço é um produto perfeito para substituição das
peças de madeira. Além de ser reciclável (quando está desgastado o aço da peça pode ser
reaproveitado) contribui para a preservação das florestas, evitando a retirada de árvores,
que demoram dezenas de anos para alcançar o ponto de corte.
24
No entanto, os dormentes de aço são contra indicados para linhas de tráfego pesado,
são barulhentos, a um preço elevado, com limitação para um determinado tipo de trilho
além da dificuldade de reparos na linha.
2.3.6 Dormentes utilizados no projeto ferroviário
Os dormentes empregados neste projeto serão blocos, concreto protendido de 360
kg para a linha corrida e de madeira para os desvios e acessos.
A escolha do dormente de concreto para a linha corrida foi devido à maior
durabilidade e resistência, aliada à maior estabilidade que será proporcionada à linha e a
invulnerabilidade aos fungos e às bactérias.
Nos desvios e acessos, o dormente de madeira é mais interessante, já que a
velocidade dos trens nesses trechos será menor. Os dormentes utilizados serão de 2,80 x
0,25 x 0,20 (m) e peso aproximado de 360 kg após tratamento.
2.4 TRILHOS
O trilho é o elemento da superestrutura que constitui a superfície de rolamento para
as rodas dos veículos ferroviários. São elementos da via permanente que guiam o veículo
no trajeto e dão sustentação ao mesmo. Funcionam como viga contínua e transferem as
solicitações das rodas para os dormentes.
É um produto laminado a quente, obtido em laminador de trilhos e perfis. Pode ser
produzido em aço-carbono, aço-liga de cromo-magnésio e silício, ou aço niobrás 200,
conforme a utilização a que se destina. Os trilhos são designados pelo peso que apresentam
por metro linear.
Existem diversos tipos de forma e de peso de trilhos empregados pelas indústrias
mundiais, sendo que, a forma mais usual no Brasil é o perfil Vignole (Figura 04).
Figura 04 – Perfil vignole.
25
Fonte: Superestrutura Ferroviária – Trilhos. UFRS
A geometria do perfil Vignole favorece a resistência à flexão. Relembrando, um
maior momento de inércia indica que a geometria da seção concentra a maior parte da
massa do trilho nos pontos onde as tensões normais são maiores, otimizando o uso do
material.
Os trilhos são designados pelo peso, em quilogramas, que apresentam por metro
linear. Sendo assim, o trilho TR-45, indica que uma barra de 1,00 metro desse trilho deverá
pesar aproximadamente 45 quilogramas. Os trilhos mais utilizados no Brasil são os
seguintes: TR-32, TR-37, TR-45, TR-57 e TR-68.
O emprego de cada tipo de trilho depende do tipo de tráfego que utiliza cada linha.
Geralmente, para trens pesados de minério, com tráfego intenso, são utilizados os trilhos
TR-57 e TR-68. Para uma linha de trens de carga geral, transportados em contêineres e
vagões especializados, é normal a utilização de trilhos TR-45. Para linhas secundárias,
ramais e desvios, é normal a utilização de trilhos usados. Os trilhos mais leves, abaixo do
TR-45, são utilizados em minas, indústrias e pontes rolantes.
Os trilhos mais leves, TR-32 e TR-37 permitem a circulação de locomotivas e
vagões com a carga máxima de 16 e 18 t/eixo respectivamente. O TR-45 e o TR-57
admitem 20 t/eixo e 25 t/eixo respectivamente. As ferrovias modernas, para trens longos e
pesados para o transporte minério e grãos, utilizam os trilhos TR-68 que permitem a
circulação de material rodante com 30 toneladas por eixo.
Nas Tabelas 06 e 07 são apresentadas as características geométricas, e dimensões,
dos perfis de trilhos empregados nas ferrovias brasileiras.
Tabela 06 - Características geométricas dos trilhos
26
TRILHOSTipo Brasileiro - TR 25 32 37 45 50 57 68
Tipo Americano5040
ASCE6540
ASCE7540
ASCE9020
ASCE10025AREA
115215AREA
13637AREA
Peso Calculado, kg/m 24,654 32,045 37,105 44,645 50,349 56,897 67,560Peso Calculado, lb/jds 49,70 64,60 74,80 90,00 101,50 114,70 136,20
Boleto
ÁREA 13,23 17,16 19,87 20,58 24,51 25,22 31.35
Áreacalculada
daseção(cm²)
% Total 42,00 42,00 42,00 36,20 38,20 34,80 36.40Alma ÁREA 6,58 8,58 9,94 13,68 14,52 19,68 23.35
% Total 21,00 21,00 21,00 24,00 22,60 27,10 27.10Patim ÁREA 11,61 15,10 17,48 22,64 25,16 27,68 31.47
% Total 37,00 37,00 37,00 39,80 39,20 38,10 36.50Área Total 31,42 40,84 47,29 56,90 64,19 72,58 86.12
Momento de Inércia 413,7 703,4 951,5 1610,8 2039,5 2730,5 3950,0Módulo de
Resistência (cm³)Boleto 81,60 120,80 149,10 205,60 247,40 295,00 391,60Patim 86,70 129,50 162,90 249,70 291,70 360,70 463,80
Raio de Giração (cm) 3,63 4,15 4,49 5,32 5,63 6,13 7,11FONTE: RFFSA, 1991
Tabela 07 – Dimensões padrão dos trilhos
TipoDimensões
A B C D Peso
TR-37 (ASCE 7540)122,
2122,2 62,7 13,5 37,11
TR-40 (ASCE 80)127,
0127,0 63,5 13,9 39,68
TR-45 (90 ARA-A)142,
9130,2 65,1 14,3 44,64
TR-50 (100 RE)152,
4136,5 68,2 14,3 50,35
TR-52131,
7131,7 65,1 23,8 52,13
TR-57 (115 RE)168,
3139,7 69,0 15,9 56,90
TR-68 (136 RE)185,
7152,4 74,6 17,4 67,56
FONTE: Norma AREMA (AREA)
Os trilhos, em suas funções básicas na via, de suporte das cargas transportadas e
guia das rodas, sofrem o efeito de vários tipos de solicitações causadas pelo peso do eixo,
frequência de carga, velocidade, variação de temperatura, vento, força centrífuga e várias
outras que provocam acumulação de tensões internas que não raro, ultrapassam o limite de
escoamento dos aços de que são fabricados, provocando degradação da superfície do
boleto, ao lado de vários outros efeitos nocivos.
27
2.4.1 Características gerais dos trilhos
Para apresentar uma resistência adequada às diversas solicitações a que é
submetido, o trilho deve apresentar as seguintes características:
Elevados limites de escoamento e de resistência à tração, conjugados
com boa plasticidade;
Elevada resistência à fadiga por contato;
Elevada dureza e resistência ao desgaste;
Elevada resistência à propagação de fratura (boa tenacidade);
Boa soldabilidade;
2.4.2 Requisitos de segurança
Os trilhos da via devem apresentar alguns requisitos garantindo assim a sua eficácia
e segurança tanto para passageiros como para cargas transportadas sobre os mesmos, sendo
os mais importantes listados abaixo.
Boleto
O boleto deve ser “massudo”, para que o desgaste não afete o momento
de inércia;
Deve possuir altura suficiente para resistir à flexão. Quanto maior a
alma, maior a distância do boleto e do patim com relação à linha neutra da seção.
Conseqüentemente, maior será o momento de inércia
Sabemos que quanto mais a massa do trilho estiver concentrada no
boleto e no patim, mais resistente esse trilho será à flexão. Entretanto, deve-se conservar
uma espessura mínima na alma capaz de garantir adequada resistência e rigidez
transversal. Tal espessura leva ainda em consideração o desgaste provocado pela corrosão
atmosférica
Patim
Não deve ser muito fino, garantindo dessa forma que a alma continue
perpendicular ao dormente (ou placa de apoio) durante solicitações transversais (em
curvas, por exemplo). Se não possuir espessura adequada ao nível de solicitação
transversal, pode acumular deformações permanentes ao longo da vida útil e provocar
acidentes.
28
A espessura deve ser suficiente ainda para reduzir o nível de tensões
residuais decorrentes do resfriamento diferenciado (durante aprodução) entre o boleto e o
patim;
Assim como na alma, a espessura de fábrica do patim deve prever a
diminuição da mesma com o tempo devido a ação da corrosão;
A espessura nas extremidades é função do gabarito da fixação elástica;
O patim é a parte do trilho que fica em contato com o dormente (ou com a placa de apoio,
dependendo da via) transferindo-lhe as tensões. Dessa forma, sua largura define o nível
com o qual solicitará o dormente (ou placa).
2.4.3 Principais ligas utilizadas para fabricação de trilhos
O aço é o material utilizado nos trilhos por diversas razões relacionadas á
resistência e qualidade:
Elevada tensão de escoamento e ruptura (σe e σr);
Composição química uniforme;
Isenção (garantida pelo processo de fabricação) de inclusões não
metálicas, vazios e trincas térmicas;
O aço comum possui como impurezas o Manganês (Mn) ou o Silício (Si).Quando
combinado com o Fósforo (P), fica quebradiço.
Os trilhos de aço especial são trilhos de alta qualidade (mais resistência e dureza),
produzidos com ligas que combinam em geral o ferro com Vanádio (V), Cromo (Cr),
Molibdênio (Mo), Titânio (Ti), Nióbio (Nb), entre outros.
Para um aumento da dureza superficial, os trilhos podem ainda ser tratados
termicamente. Tal processo consiste num resfriamento rápido do trilho, que é reaquecido
pelo calor interno, esfriando lentamente depois. Sendo assim, após tratamento específico os
trilhos podem ser de aço carbono, aço liga ou especiais.
2.4.4 Seleção do perfil – Dimensionamento
A escolha do correto perfil é fundamental na construção da via permanente. A
seleção do perfil do trilho mais indicado para cada caso é de acordo com os esforços aos
quais o trilho estará sujeito. Os esforços máximos de cálculo devem ser menores que as
tensões máximas admissíveis, que são características próprias de cada perfil e são
fornecidas pelo fabricante. O roteiro para escolha do perfil será mostrado a seguir.
29
Para a escolha do trilho a ser utilizado na via permanente é necessário
primeiramente determinar o coeficiente do dormente (D), em seguida o coeficiente da
superestrutura, o momento máximo de cada trilho e por fim a tensão máxima (σ). A
escolha é feita em relação ao trilho com menor peso que atenda a seguinte condição: de σ <
1500 kg/cm².
Coeficiente do dormente
O coeficiente do dormente é determinado em função da seguinte equação:
D=0,9∙ C ∙b ∙ c , onde :
D → Coeficiente do dormente (kg/cm);
C → Coeficiente do lastro;
b → largura do dormente (cm);
c → faixa de socaria (cm)
Coeficiente de Superestrutura
O coeficiente da superestrutura varia de acordo com a seção do trilho escolhido,
portanto tem-se para cada trilho selecionado os seguintes coeficientes:
γ=6 × E × ID × a ³
, onde :
E → Módulo de Elasticidade (2,1x106 kg/cm²);
I → Momento de Inércia de cada trilho (cm4);
D → Coeficiente do dormente (Kg/cm);
a → Espaçamento entre dormentes (cm)
Para escolha do trilho é necessário conhecer as características geométricas dos
perfis de trilhos empregados nas ferrovias brasileiras, valores que são apresentados na
Tabela de Características geométricas dos trilhos. Serão verificados três tipos de trilhos.
Momento máximo
O momento máximo também depende do trilho selecionado e seu valor é calculado
pela seguinte equação:
M= 7+8× γ8 × (5+2× γ )
× PR × Cd × a, onde :
M → Momento máximo (t.cm);
30
γ → Coeficiente de superestrutura;
PR → Carga por roda (kg);
Cd → Coeficiente dinâmico;
a → Espaçamento entre dormentes (cm);
Tensão Máxima
A tensão máxima também depende do trilho selecionado e seu valor é calculado
pela seguinte equação:
σ=MW
, onde :
σ → Tensão máxima (kg/cm²);
M → Momento máximo (t.cm);
W → Módulo de resistência do boleto (m³).
Trilho selecionado
A escolha do trilho é feita em relação ao trilho com menor peso que atenda a
seguinte condição: de σ < 1500 kg/cm².
2.4.5 Trilho Longo Soldado (TLS)
Quando a temperatura sofre variação nos trilhos, estes tendem a sofrer alteração no
comprimento, o que dá o nome de dilatação. Esta dilatação ou contração é permitida na
tecnologia de implantação de trilhos curtos sendo absorvida pelas juntas.
Tais descontinuidades, entretanto, provocam impactos das rodas dos veículos, nos
trilhos que resultam consequentemente em dispendiosa manutenção e considerável
desconforto ao passageiro. Os trilhos longos soldados simplesmente impedem que o trilho
se movimente nas variações de temperatura, tornado desnecessário as folgas.
O trilho longo soldado também é chamado de trilho contínuo, que são aqueles
trilhos obtidos pela soldagem de várias barras, de tal forma que a sua parte central não se
dilata, muito menos se contraia, quando se encontra no estado de tensão máxima, e as
extremidades estão sujeitas apenas a dilatação ou contração limitada.
A dilatação limitada consiste em impedir a dilatação livre no trilho, através do
sistema trilho – lastro – dormente, de modo que se reduzam as folgas necessárias a
dilatação dos trilhos. Sob essa condição, os trilhos estão em estado de tensão, mas elas não
se refletem no desalinhamento do trilho.
31
Como a dilatação se dá da extremidade do trilho, para o seu interior (figura 05), a
reação acumulada do sistema focalizado impede qualquer movimentação da parte central
do trilho
Figura 05 – Representação do TLS como viga bi-engastada.
Fonte: PTR 2501 – Ferrovias. USP.
A força normal que aparece no trilho devido à variação de temperatura
simplesmente não depende do comprimento do mesmo. Ou seja, uma vez estabelecida a
máxima variação de temperatura que algum dia o trilho pode vir a sofrer, determina-se
também a força normal a que o mesmo estará submetido. Se os fixadores nas extremidades
resistirem a esta força, o limite superior para o comprimento do trilho (a princípio) não
interessa mais.
Os retensores na parte comprimida não sofrem esforço longitudinal de origem
térmica e, portanto, também não se deslocam. Cada um dos retensores assinalados nas
extremidades livres está submetido a uma parcela da força N, de forma que se desloca “um
pouquinho” e resiste “um pouquinho”. A soma das resistências de cada lado resulta na
força de reação a N (equivalente ao engaste da figura) e a soma dos deslocamentos resulta
na folga (junta) necessária nas extremidades. Ou seja, no trecho ld há movimentação
devido à temperatura. Ressaltando que este comprimento ld é variável, pois:
A força normal a ser resistida pelo trecho ld depende do ΔT imposto ao
trilho (diferença entre a temperatura ambiente atual e aquela no
instante da instalação do trilho);
32
Os retensores oferecem resistências iguais, de forma que através de
ensaios pode-se determinar a contribuição de cada metro da via na resistência à força
normal N. Esta resistência por metro de via é conhecida como r;
A extremidade do trilho está ligada a outro trilho por uma tala de junção. Esta
ligação fornece uma contribuição R na extremidade do trilho, que normalmente pode ser
desprezada.
2.4.5.1 Dimensionamento
O Trilho Longo Soldado (TLS) contém um trecho central da linha onde a tensão no
trilho será máxima, chamada de Zona Neutra (ZN) e, suas extremidades são chamadas de
zona de respiração (ld), descrito a seguir.
O primeiro passo para o dimensionamento do TLS é definindo as temperaturas. A
temperatura média deve ser calculada inicialmente com uma tolerância de 5°C. Essa é a
temperatura ideal para o assentamento do trilho por apresentar esforços de tração e
compressão nulos.
A partir deste resultado, deve-se determinar a faixa de aperto dos parafusos do
trilho. Como o efeito de flambagem longitudinal da via, que surge com as tensões de
compressão, é mais danoso que o cisalhamento do parafuso da junta ou do trilho, gerados
pelas tensões de tração, adota-se uma margem de segurança na tolerância das faixas de
temperatura de aperto, dada por ± 5 ºC.
Sendo a seqüência de dimensionamento mostrada logo a seguir:
Temperatura média.
De acordo com Tabela Características da via permanente, as temperaturas máximas
e mínimas para assentamento dos trilhos são:
Temperatura máxima → 60°C
Temperatura mínima → 10°C
Considerando uma variação de 5°C, pode-se calcular a temperatura média:
T média=T máxima+T mínima
2+5→ T média=
60+102
+5 → Tmédia=40℃
Temperatura de assentamento
A temperatura de assentamento é selecionada da seguinte forma:
T ' c=T mádia+5→ T ' c=40+5→ T ' c=45℃
33
T } rsub {c} = {T} rsub {mádia} -5→ {T c=40−5→ T ' c=35℃
Logo:
Para compressão:
Δc=T máxima−T } rsub {c} →Δc=60-35 → Δc=25 ℃ ¿
Para tração:
Δt=T ' c−Tmínima → Δt=45−10 → Δt=35℃
Portanto, em função de seu maior valor, Δt=35℃
Faixa de temperatura neutra
Por fim, pode-se concluir que a faixa de temperatura neutra para assentamento dos
trilhos será:
35℃≤T neu tra ≤ 45℃
Reação Longitudinal da via
A resistência longitudinal da via é definida pela relação entre a resistência da via e
o espaçamento entre dormentes, sendo assim, tem-se:
r=r a
a, onde :
r → Reação longitudinal da via (kg/m);
ra → Resistência da via (kg/dormente)
a → Espaçamento entre dormentes (cm)
Zona de respiração
A zona de respiração (ld) é definida em função da dilatação do trilho e é definida
por:
ld=( S . E . α . Δt )
r, onde :
ld → Zona de respiração (m)
S → Área da Seção do Trilho (cm²)
E → Módulo de Elasticidade (kg/cm²);
α → Coeficiente de dilatação (115x10-7);
r → Reação longitudinal da via (kg/m);
Δt → °C
34
TLS – Trilho Longo soldado
Logo o comprimento do TLS será:
TLS=2∙ ld+ZN , onde :
TLS → Trilho Longo Soldado (m)
ld → Zona de respiração (m)
ZN → comprimento da zona neutra (m)
Ressaltando que o TLS ficará ainda em função da extensão comercial das barras de
aço, que são de 12m cada uma, e do comprimento do trem de transporte do mesmo. O
comprimento máximo a ser utilizado deve ponderar o custo de soldagem e transporte com
a economia na conservação das juntas. No entanto, deve-se evitar o uso de trilhos longos
soldados com comprimentos próximos ao mínimo, o que levaria a trechos instáveis,
distribuição de tensões assimétrica no trilho e maior número de retensores e juntas.
2.4.5.2 Assentamento do TLS
Para o assentamento do TLS soldado em estaleiro deve ser feita a descarga no eixo
da via, no caso de serviço de substituição, ou em outra situação, no caso de implantação.
As barras descarregadas das composições deverão ser ponteadas provisoriamente
nos dormentes, para permitir a circulação dessas composições.
Quando a temperatura do trilho na descarga e ponteamento forem inferiores a
neutra, será necessário colocar calços nas juntas, que possibilitem a futura dilatação do
TLS, e liberação de tensões.
A fixação do TLS aos dormentes devera ser feita das extremidades para o centro,
com juntas paralelas com tolerância de 1,50 m; Após o assentamento provisório, deverá ser
feito o reajustamento do TLS, obedecendo a faixa de temperatura definida para o
assentamento final, observando a seqüência adiante:
Cada cinco trilhos de uma fila deverão ser totalmente liberados das talas
e fixações, colocando-se as talas e parafusos normais nas pontas que poderão sofrer os
deslocamentos devidos a liberação das tensões;
Atingida a temperatura de assentamento do TLS, serão executados os
trabalhos de reajustamento do TLS, deslocando-se os mesmos com o auxilio de tensões
hidráulicas, ou batendo-se na seção de topo, auxiliando a expansão, e aliviando as tensões
internas;
35
Após a execução do reajuste do TLS, este deverá ser fixado
definitivamente, com as fixações e talas de junção, deixando-se uma folga de 2 mm nas
juntas, assim sucessivamente;
Após o reajuste final do dia, no trecho da linha nova ou substituição, se
houver folga superior a 3 mm, na extremidade do ultimo TLS, deverá ser colocado uma
seção de trilho na folga existente, para assegurar o trafego;
Nos dias quentes, quando a temperatura do TLS ultrapassar a faixa de
temperatura neutra, deverá ser providenciado o assentamento de uma fila de trilhos pelo
turno da manhã, e outra pela tarde, observando: no período da manhã, com a temperatura
em elevação, quando atingir o limite inferior da faixa, os serviços devem atender as
seguintes ordens:
- Assentamento do TLS com folgas entre barras adjacentes, obedecendo as tabelas
de comprimento de calços estabelecidos previamente;
- Após a colocação do TLS, executar a fixação provisória, que consiste em
abotoar o trilho em um dormente, em cada grupo de 4 (1:4);
- Quando a temperatura neutra for calculada, as barras assentadas
provisoriamente, deverão ser soltas e reajustadas, como já se descreveu
anteriormente;
- No período da tarde, quando a temperatura em declínio atingir o limite superior
da faixa, os serviços serão reiniciados, conforme item anterior.
Para a execução de trilhos soldados na via, deve-se prever uma folga pra permitir a
execução. As folgas entre os trilhos devem atender, para os trilhos de ate 50 Kg/m, folgas
entre 12 e 14 mm, e trilhos de 50 a 68 Kg/m, 14 a 16 mm de folgas.
Quando os trilhos a serem soldados tiverem furos para talas, a distância dos furos a
seção do topo pode ser inferior a cinco cm.
Para proceder a soldagem, devem ser afrouxados três dormentes em cada trilho, e
controle de nivelamento e alinhamento.
2.4.6 Soldagem dos trilhos
Os trilhos de uma via podem ser montados em duas configurações: trilhos curtos ou
trilhos longos soldados. Em ambos os casos, é necessário a aplicação de soldas, pois os
trilhos são laminados em perfis com comprimentos de 12 ou 18 m e a menor unidade
inteiriça que aparece entre duas folgas numa via é de 36 mm (trilhos curtos).
36
A soldagem no estaleiro e feita com o emprego de solda por eletrofusão, e na via
ela é feita com emprego de solda aluminotérmica. A soldagem feita no estaleiro apresenta
o inconveniente do transporte das barras soldadas, mas o método aumenta a produtividade.
A dificuldade reside no acondicionamento das barras soldadas nos trens de serviço,
principalmente nas linhas de alta sinuosidade.
Diante disto, emprega-se o processo conjugado de solda de barras de determinada
dimensão nos estaleiros, e complementação com solda aluminotérmica na via.
2.4.6.1 Solda Aluminométrica
É o tipo de solda feita no campo (fusão in loco), obtida por reação química
exotérmica. Na junta dos trilhos a serem soldados é feito um molde de barro onde são
entornados os componentes reagentes. A folga deixada entre os topos dos trilhos
(aproximadamente 17 a 26 mm) é preenchida com a liga fundida produzida na reação
química.
Este tipo de solda é caro e exige habilidade do soldador. Além disso, o acabamento
não é muito bom, contribuindo para o desconforto do passageiro. Como vantagem facilita
o transporte de barras maiores que serão soldadas no campo. As operações para execução
da soldagem aluminotérmica são descritas abaixo:
Verificar se as extremidades dos trilhos a serem soldados apresentam deformações
ou outros defeitos (trincas, furos abertos, etc.) que deverão ser cortados, eliminando os
pedaços defeituosos.
As folgas entre os topos de trilhos devem ser, obrigatoriamente, as seguintes
(Tabela 08):
Tabela 08 - Folgas entre os topos dos trilhos
Trilhos Folgas
até 50 Kg/m 12 mm a 14 mm
de 50 a 69 Kg/m 14 mm a 16 mm
A distância mínima entre as extremidades do trilho e o ferro do parafuso de tala
mais próximo é de 5 cm. Para a execução da solda aluminotérmica na linha, é necessário
afrouxar a fixação dos trilhos, pelo menos, nos três primeiros dormentes de cada lado da
junta.
37
Após proteger o lastro, com a colocação de um pedaço de chapa ou folha (coletor)
sob a junta, fixa-se a prensa niveladora universal sobre o boleto de trilho, examinando-se
os canais de fundição e respiradores de ambas as partes das formas, enche-se a fenda de
parte inferior da forma com uma mistura de areia e argila bem úmida (teor de água de dez
por cento, aproximadamente) e veda-se a parte inferior da forma.
Colocam-se as partes da forma nas caixas de fundição, bem ajustadas, colocam-se
também, de um lado, a calha para a corrida do aço e bandeja para receber a escória,
nivelando-se cuidadosamente.
Seguem-se os processos de limpeza do Cadinho; o Pré-aquecimento; verificando o
Maçarico, o Regulador de Pressão, e as Mangueiras.
A inspeção deverá ser procedida uma vez por mês, no mínimo em cada frente de
serviço e deverão ser observadas:
As rebarbas devem ser cuidadosamente esmerilhadas, de modo a se apresentarem
perfeitamente em nível com a superfície de rolamento dos trilhos. As condições
geométricas, verificadas com uma régua de 1,00m, metálica, com precisão retilínea de 0,1
mm.
Dentre as vantagens de seu uso pode-se citar:
Pequeno investimento em equipamentos;
Indicada para trilhos já assentados;
Não exige instalações fixas;
Não exige o transporte de barras soldadas.
2.4.6.2 Solda por Caldeamento
O caldeamento é um processo de soldagem feito por uma máquina de solda no
estaleiro. Constitui na fusão dos topos dos trilhos a serem soldados, ao serem pressionados
de 400 a 700 kgf/cm² em uma temperatura de 1.100°C. Este processo produz a melhor
solda, com quase as mesmas condições de resistência do material laminado. Entretanto, por
limitações de transporte, os comprimentos das barras soldadas são limitados.
O alinhamento do trilho na máquina de solda deve ser pelo boleto, com
alinhamento vertical pelo lado da bitola.
Deve ser observados os seguintes requisitos: Não é permitida na superfície qualquer
concordância cônica, e caso o trilho não esteja de acordo, por problemas de nivelamento de
socarias, etc., a máquina deve ser dotada de equipamento possível de aplicar contra-flecha
38
no trilho. A contra-flecha ou inclinação dos trilhos para cima não devem ser superiores a
0,70 mm.
2.4.7 Esmerilhamento
O tráfego provoca o encruamento da superfície de rolamento, ocasionando a fadiga
dos trilhos, que conseqüentemente causa o desgaste prematuro e avaria de componentes
das composições ferroviárias. A solução para este tipo de problema apresentado pelos
trilhos, que pode ser realizada através do processo denominado Esmerilhamento.
2.4.7.1 Esmerilhamento convencional
O esmerilhamento convencional consiste na recuperação da superfície de contato
roda/trilho mediante aplicação de um número elevado de passes do equipamento, até que
sejam inteiramente eliminadas as irregularidades.
2.4.7.2 Esmerilhamento Assimétrico
É feito de forma que se aumenta a superfície de contato roda/trilho, e, por
conseguinte, reduzindo as tensões de contato. Com essa medida obtém-se uma melhor
distribuição das tensões na superfície de contato, reduzindo as probabilidades de fadiga
precoce e o acentuado desgaste do trilho.
O esmerilhamento recomendado é do tipo assimétrico, pois, no processo
convencional, ocasiona o aparecimento de novos defeitos. Isto se dá pelo fato de que o
esmerilhamento convencional além de alterar a superfície de contato, alterava a bitola na
eliminação das rebarbas criadas no canto da bitola localizada no boleto. A folga criada
pela eliminação dessas rebarbas (shelling) introduzia um desgaste acentuado, não se
resolvendo então o problema instalado.
2.4.8 Avaria dos Trilhos
Os trilhos quando usados de forma continua, sem conservação adequada da via
permanente, resulta em avarias que podem levar a inviabilização do trilho para aquele uso.
As avarias mais comuns são as seguintes:
a) Deformação das pontas – essas deformações são devidas aos choques e flexões
nas juntas, em decorrência do desnivelamento dos dormentes;
39
b) Autotêmpera superficial - é a patinagem das rodas da locomotiva, resultando
em um superaquecimento da camada superficial do boleto, e que em seguida se resfria
rapidamente, causando fissuras na superfície de contato do bordo do boleto (couro de
crocodilo ou pele de cobra), que, eventualmente, pode se aprofundar danificando a seção
do boleto;
c) Escoamento superficial do boleto - resulta da ação continua de martelamento
no boleto, que se torna mais largo e delgado, produzindo rebarbas laterais;
d) Desgaste por ação química – esse tipo de desgaste acarreta o afinamento da
alma e do patim, e é causado pela ação de agentes químicos de certas mercadorias como
ácidos, salitre, enxofre. E muito comum o desgaste provocado pela maresia nos ramais nos
litorais (pólos e distritos petroquímicos) é comum também a oxidação nos túneis;
e) Desgaste por atrito - o boleto pode se desgastar pela ação do atrito do friso das
rodas, maior nas curvas de raios pequenos, maior nos trilhos externos e onde ocorre a
inscrição forçada.
f) Desgastes ondulatórios - a ondulação da superfície do boleto provocado pelos
deslizamentos elementares nas rodas, que gera desconfortos, ruídos em excesso e perda da
aderência;
g) canoa solda – a superfície de contato do boleto sofre um abatimento na região
da solda, causado pela mudança das características da liga que não resistiu ao processo de
soldagem, ou então devido à maneira errada como foi procedida a solda.
Essas inúmeras avarias e defeitos dos trilhos têm o objetivo de reforçar alguns
cuidados que devem ser tomados na execução do projeto, para uma vida útil do trilho
maior, bem como para buscar soluções que reduzam os custos de conservação da via
permanente.
2.5 FIXAÇÕES
As fixações são elementos que têm como função manter o trilho na posição correta
e garantir a bitola da via. Oferecem resistência ao deslocamento longitudinal e horizontal
do trilho, provocado por variação de temperatura ou frenagem dos veículos.
As cargas horizontais e verticais devem ser transferidas para os dormentes sem
prejudicar o sistema de fixação. Sendo que as mesmas devem permitir a substituição dos
trilhos sem afrouxar seus embutimentos no dormente de madeira.
40
Dentre os principais objetivos esperados dos fixadores são:
Garantir a manutenção da bitola;
Garantir a transmissão dos esforços gerados pela passagem dos veículos aos
dormentes, sem danificar a fixação;
Garantir elevada resistência aos deslocamentos longitudinais dos trilhos;
Garantir resistência a torção do trilho no plano horizontal (flambagem
horizontal);
Permitir fácil instalação e manutenção;
Possuir vida útil longa;
Assegurar a inclinação transversal dos trilhos.
2.5.1 Fixações Elásticas
Mantêm pressão constante sobre o trilho, não afrouxando-se com o tráfego.
Existem diversos modelos, como a Pandrol, McKay e Vossloh.
A fixação utilizada neste projeto é classificada como elástica, porque absorve parte
dos esforços gerados pela passagem dos veículos, transmitem esses esforços aos
dormentes. Podemos dizer ainda que é um tipo de fixação indireta (o elemento de fixação
do trilho não se liga diretamente ao dormente, utilizando-se um elemento intermediário,
e de assentamento indireto (emprego de placa de apoio).
Já o modelo de fixação utilizado neste projeto é o do tipo grampo ou pandrol
(figura 06), cujo sistema é constituído por palmilhas, dois chumbadores e dois isoladores
colocados entre os grampos e o patim do trilho. A fixação pandrol admite uma série de
modificações em função do tipo de dormente empregado e das fixações esperadas.
Figura 06 – Fixadores Elásticos - Modelo Pandrol.
41
Fonte: PANDROL USA.
2.5.2 Fixações Rígidas
As fixações rígidas são constituídas pelos pregos de linha (cabeça de cachorro e asa
de barata) e parafusos (Tirefond), conforme figura abaixo. Seu principal inconveniente é
que eles se soltam com o tempo devido à vibração (figura 08), perdendo a capacidade de
resistir a esforços longitudinais
Figura 07: Pregos cabeça de cachorro, asa de barata e tirefões.
Fonte: Brasil Trilhos
O tirefão é rosqueado no furo feito no dormente enquanto o prego de linha é
cravado com marreta.
Figura 08 – Instalação de fixadores rígidos
42
Fonte: PTR 2501 – Ferrovias. USP.
2.6 RETENSORES
Estes dispositivos são grampos metálicos empregados na fixação dos trilhos
(Figura 09), que tem por finalidade transmitir aos dormentes os esforços que tendem a
deslocar os trilhos longitudinal ou transversalmente como os esforços gerados pelos
fenômenos de movimento de reptação, atrito dos frisos das rodas, ação dos freios, choques
nas seções das juntas, esforço trator das locomotivas e dilatação dos trilhos. Trata-se de
uma peça metálica fixada ao patim do trilho por pressão, sendo posicionado encostado à
face lateral dos dormentes, transferindo a estes, os esforços longitudinais.
Figura 09 – Retensor utilizado na via permanente.
43
Fonte: Indústria Molaco
A sua utilização é o processo mais eficiente para evitar o arrastamento do trilho. O
retensor é preso por pressão ao patim do trilho, constituindo-se em um tipo cantoneira que
passa por baixo do trilho e se apóia na face lateral do dormente. Como o dormente está
engastado no lastro, o deslocamento do dormente provocado pela imobilização do trilho
fica impedido.
De uma maneira geral, usam-se retensores para qualquer tipo de fixação dado o seu
desempenho satisfatório para impedir a flambagem da linha. Os tipos de retensores mais
usados são o FAIR V e o FAIR T.
Emprega-se o retensionamento para impedir o arrastamento das extremidades do
TLS (zona de respiração), onde se manifesta a dilatação.
Já na parte central do TLS (zona neutra), o fenômeno que deve ser combatido é a
fratura do perfil por cisalhamento, o que pode ocorrer no estado máximo de tensão de
tração. Os retentores, neste caso, impedem o afastamento da seção na fratura.
A indicação da taxa de retensionamento é feita empiricamente, e são indicados para
emprego em caixa, sendo a taxa adotada neste projeto de 4 x 1/1 nas zonas de respiração e
4x 1/21 na zona neutra.
Para alcançar a dilatação limitada tanto para trilhos longos, como para trilhos
curtos, foi indicado o retensionamento com retensores do tipo "FAIR V", com o sistema
"em caixa", com 04 (quatro) unidades para cada dormente, de modo a impedir movimento
dos trilhos nos dois sentidos. Esse procedimento resultará num aumento considerável na
resistência longitudinal da via, através do sistema lastro – dormente – trilho.
Nos ld's (zona de respiração) o retensionamento será feito (instalação de 04
retensores em um dormente) a cada dormente, já nas zonas neutras na relação o
retensionamento será a cada 21 dormentes instalados.
2.7 JUNTAS DE DILATAÇÃO
Denominam-se juntas de dilatação (Figura 10), as seções a linha onde estão
instaladas as talas de junção, que são empregadas para a união dos trilhos. São calculadas
para evitarem as tensões de compressão que os trilhos poderiam vir a desenvolver uns
contra os outros na região da junta.
44
Figura 10 – Junta de dilatação
Fonte: Miranda. Trilhos e Acessórios
Quanto à disposição, as juntas podem ser classificadas em Paralelas ou Alternadas.
São Paralelas quando as de um trilho estão de frente para as juntas do outro trilho; são
denominadas Alternadas quando as juntas do outro trilho estão na direção do ponto médio
dos outros trilhos.
Na Europa, parece mais generalizado o uso das juntas paralelas. Na América do
Norte, bem como no Brasil, é adotado o sistema de juntas alternadas. As juntas paralelas
favorecem o chamado movimento de galope, enquanto as juntas alternadas favorecem o
movimento de balanço.
Para linhas de padrão médio ou inferior, a prática indicou como mais prejudicial o
movimento de galope, causando maior número de acidentes.
As juntas podem ser ainda classificadas como apoiadas e em balanço (Figura 11).
No caso das primeiras, as pontas dos trilhos ficam sobre um dormente, ao passo que, na
junta em balanço, colocam-se dois dormentes mais próximos (dormentes de junta),
deixando-se, entretanto as extremidades dos trilhos em balanço.
Figura 11 – Junta Apoiada e Junta em Balanço.
45
Fonte: Miranda. Trilhos e Acessórios
A presença das juntas pode causar amassamento nas seções de topo do trilho, nas
juntas paralelas; e concentração de esforços na extremidade do trilho que tende a criar
rotação no dormente (Figura 12), quando este não resiste, e afrouxar a tala de junção, no
caso das juntas alternadas.
Figura 12 – Descalçamento do dormente na junta de dilatação
Fonte: Miranda. Trilhos e Acessórios
A presença das juntas deve ser evitada ao máximo, deve-se restringir o uso das
juntas apenas nos pontos onde são a única solução, como:
Em entradas e saídas de AMV’s;
Em entrada e saída de túneis;
Entrada e saída de pontes e viadutos de viga metálica de grandes alturas de
pilares.
Mesmo nesses casos, já está sendo estudada uma maneira de eliminá-las.
2.7.1 Dimensionamento
A junta de dilatação é definida pela seguinte equação:
J=ld2 ∙ r
S ∙ E;onde :
J = Comprimento da junta de dilatação (cm);
ld = Zona de respiração (m);
46
r = Reação longitudinal da via (kg/m);
S = Área da Seção do Trilho (cm²);
E = Módulo de Elasticidade do Trilho (kg/cm²).
2.8 ACESSÓRIOS
Dentre os acessórios utilizados na via permanente pode-se citar as talas de junção e
as placas de apoio, descritas a seguir.
2.8.1 Talas de junção
As Talas de junção são perfis de seção transversal padronizada, disponíveis em
placas com 4 ou 6 furos (Figura 13), cuja finalidade é articular trilhos sucessivos, curtos ou
longos colocadas nos dois lados do patim. Ou também, segundo ABNT-TB-52 (1958),
tala de junção é um segmento de seção transversal especial, destinado a unir trilhos
sucessivos.
São elementos que atuam na emenda mecânica dos trilhos. A junta é feita por duas
talas de junção justapostas, montadas na alma do trilho e apertadas com quatro ou seis
parafusos de alta resistência com um torque pré-estabelecido.
Figura 13 – Juntas de dilatação de 04 e 06 furos
Fonte: Brasil Trilhos
47
Estas peças introduzem grandes esforços adicionais (vibrações, solicitações
dinâmicas) e defeitos nas extremidades dos trilhos. Os furos são ovais para permitir
dilatação das extremidades.
As talas de junção podem ser de dois tipos: lisa ou de cantoneira, destacando-se as
seguintes particularidades:
a) Os parafusos atravessam as chapas e a alma do trilho
b) Os parafusos têm "gola" ovalada para que não girem quando apertados;
c) Os orifícios das chapas são ovalados para não impedir um mínimo de dilatação
dos trilhos na região da junta;
d) As arruelas são de pressão para impedir afrouxamento devido á trepidação e
vibração gerada pelo tráfego.
Quanto à disposição, as talas de junção, aplicadas sobre as juntas de dilatação,
podem ser classificadas em Paralelas ou Alternadas (Figura 14). São Paralelas quando as
de um trilho estão de frente para as juntas do outro trilho; são denominadas Alternadas
quando as juntas do outro trilho estão na direção do ponto médio dos outros trilhos.
Figura 14: Disposição das talas de junção na via
Fonte: PTR 2501 – Ferrovias. USP.
2.8.1.1 Normas de fabricação
A CSN fabrica talas de junção adequadas aos tipos de trilhos para ferrovias que
produz, e pode elaborá-los nas qualidades de aço padronizadas pela ABNT, cujas
48
características são dadas na Tabela 09, obedecendo, quanto a tipos, dimensões, forma,
furação e tolerância às normas da ABNT respectivas.
Tabela 09 - Qualidade das talas de junção
QualidadeAço
Características mecânicasTração
DobramentoLRN/mm²
LEN/mm²
Alongamento
mínimo %M (médio carbono)
470 a 570 -- 20ConformeMB - 945
A (alto carbono) 550 a 650 -- 18T (temperado) 690 mín. 480 mín. 12
2.8.1.2 Comprimento das talas
Os comprimentos das talas de junção, em função do número de furos estão na
Tabela 10:
Tabela 10 - Comprimentos das talas em função o número de furosNúmero de
furosComprimento (mm)
4 609,606 914,40
2.8.1.3 Identificação
As talas de junção são identificadas no lado externo, por impressão em relevo
durante a laminação a quente com a sigla CSN, a palavra BRASIL, o tipo de tala e o ano de
fabricação, aparecendo pelo menos parte dessa marcação em cada tala produzida.
2.8.2 Placas de apoio
Placa de Apoio (Figura 15) é um produto laminado a quente, obtido no laminador
de Trilhos e Perfis, destinados á fixação dos trilhos nas vias férreas, como elemento
intermediário entre esses e os dormentes.
Figura 15 – Placas de Apoio
49
Fonte: PTR 2501 – Ferrovias. USP
O emprego da placa de apoio assegura melhor distribuição dos esforços sobre os
dormentes, e protege estes do atrito direto do trilho com o dormente. Além da nervura que
encaixa o patim, podem ser dotadas de declividade de 1:20, o que elimina a necessidade de
entalhação dos dormentes de madeira, podendo ser de 3,4 ou 6 furos.
Destacam-se as seguintes características das placas de apoio:
a) Elimina o atrito do trilho com o dormente;
b) É rigidamente fixada ao dormente, para servir de base da fixação elástica;
c) Possui inclinação de 1:20 (5%) ou 1:40 (25%) idêntica à do trilho.
50
3. MEMORIAL DE CÁLCULO
3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
Tabela 11 - Caracteristicas Gerais da Via permanente
Via PermanenteBitola (m) 1,60Carga por Eixo (t) 37Tensão Máxima Admissível (kg/cm²) 1.500,0Temperatura máxima °C 60Temperatura mínima °C 10Retensionamento no Ld 4 x 1/1Retensionamento na ZN 4 x 1/21Fixações ElásticasBrita 3 1/2" a 1 1/2"Faixa de Drenagem em Corte (m) 1,50Faixa de drenagem em Aterro (m) 1,50Largura do Boleto do Trilho CBTU
Tabela 12 - Caracteristicas do Material RodanteMaterial Rodante
a) LocomotivaModelo DASH 9
51
Peso (t) 180Base rígida (m) 3,0
Área Frontal (m²) 9,0Comprimento (m) 20,80Altura do CG (m) 3,15
Deslocamento do CG (m) 0,10Velocidade crítica (km/h) 24Potência Indicada (HP) 4400,0
Nº de eixos 6Rendimento (%) 82
M 0,0091m' 0,0044
b) Vagões hopperBase rígida (m) 2,15
Área Frontal (m²) 10,0M 0,015m' 0,00092
c) Vagões pranchaBase rígida (m) 2,15
Área Frontal (m²) 6,0M 0,011m' 0,00012
d) Vagões tanqueBase rígida (m) 3,15
Área Frontal (m²) 8,0M 0,022m' 0,00049
e) Vagões de carga geralBase rígida (m) 2,15
Área Frontal (m²) 11,0M 0,036m' 0,00044
3.2 VARIÁVEIS DE PROJETO
Tabela 13 - Variáveis de Projeto - Diário de Classe
Características referentes ao número do aluno na lista de chamadaNúmero da lista 21Espaçamento entre dormentes (m) 57Faixa de socaria (cm) 90Resistência da via (kg/dormente) 210Coeficiente de lastro 12Comprimento mínimo da ZN (m) 280Peso máximo do vagão hopper (t) 110
52
Tara do vagão hopper (t) 21Comprimento do vagão hopper (m) 12,8Peso máximo do vagão prancha-TEU (t) 66Tara do vagão prancha-TEU (t) 22Comprimento do vagão prancha-TEU (m) 21,6Peso máximo do vagão prancha-BITREM (t)
84
Tara do vagão prancha-BITREM (t) 20Comprimento do vagão prancha-BITREM (m)
20,8
Peso máximo do vagão tanque (t) 96Tara do vagão tamque (t) 20Comprimento do vagão tanque (m) 14Peso máximo do vagão carga geral (t) 84Tara do vagão carga geral (t) 22Comprimento do vagão carga geral (m) 13,5
Comprimento útil do pátio (m)Esta grandeza corresponde ao
pátio de Rondonópolis fornecida na tabela de movimento
Entrelinha (m) 4,5N°do coração 6Velocidade de projeto (km/h) 65Ombreiras do lastro (cm) 90Trem de transporte do TLS (m) 218Raio de curvatura da pêra (m) 195Peso do dormente de concreto (kg) 360
3.2.1 Raios de curvaturas
Os raios de curvatura horizontais são apresentados na tabela 14:
Tabela 14 - Raios de curvaturas da linha corrida
R1 R2 R3
605 1.387 618
3.2.2 Dados Geométricos do Trecho
Os dados geométricos consistem no projeto em planta e perfil indicando
seus comprimentos, ângulos e rampas, descritas nas tabelas 16 e 17.
Tabela 15 – Azimute e coordenadas
Nº Estaca Inicial Coordenadas Azimute
53
21 1.020 + 05,3865 16,3567 S/ 53,4564 W 272,6623
Tabela 16 - Projeto em planta
Tangente (m) Ângulo central (o)
8.585 8.764 7.170 8.628 -20,504 20,23 20,481
Tabela 17 - Projeto em perfil
Rampas (%) Tangente (m)
- 0,362 0,000 + 0,372 6.361 15.611 8.028
3.3 DIMENSIONAMENTO DO LASTRO
3.3.1 Espessura do lastro
3.3.1.1 Espaçamento dos dormentes
O espaçamento é dado em função da dormentação distribuída por quilômetro da
ferrovia, através da seguinte fórmula:
a= 1000dormentação
, onde :
a → espaçamento entre os dormentes (m)
De acordo com a Tabela 13 – Características da via permanente, o
espaçamento entre os dormentes é de 57 cm.
3.3.1.2 Coeficiente de redução Dinâmica
O coeficiente de redução dinâmica é calculado através da seguinte fórmula:
n=distânciaentre os eixos do veículo (base rígida)
espaçame ntoentre os dormentes
Logo:
n= 3,00,57
→ n=5,263
54
3.3.1.3 Coeficiente dinâmico
Já o coeficiente dinâmico é conhecido pela seguinte expressão:
Cd=1+ V 2
30000, onde :
Cd → Coeficiente dinâmico
V → velocidade de projeto, ou máxima (Km/h);
De acordo com a Tabela 13 – Características da via permanente, a velocidade de
projeto é de 65 km/h, logo:
Cd=1+ 652
30000→Cd=1,141
3.3.1.4 Carga de Projeto
A carga de projeto encontra-se abaixo:
Pc=Pn
∙Cd , onde :
Pc → Carga de projeto (kg);
P → Peso da roda mais pesada (kg);
n → Coeficiente de redução dinâmica;
Cd → Coeficiente dinâmico.
Segundo Tabela 11 – Dados da via permanente, a carga por eixo é de 37,0t,
resultando em 18,5t por roda, então:
Pc=185005,263
∙ 1,141→ Pc=4010,03 kg
3.3.1.5 Pressão na face Inferior do Dormente
Com os dados anteriores, tem-se a pressão na face inferior do dormente, descrita a
seguir:
po=Pc
b ∙ c,onde :
po → Pressão na face inferior do dormente (kg/cm²),
Pc → Carga de projeto (Kg);
b → largura do dormente (cm);
c → faixa de socaria (cm).
55
De acordo com a Tabela 13 – Características da via permanente, a faixa de socaria
definida é de 90 cm, e a largura do dormente é dimensionado em função do peso do
dormente de concreto, descrito a seguir: Sabendo-se que o dormente de concreto possui um
peso de 360 kg, peso especifico de 2.500 kg/m³, e fixando um comprimento de 2,80m, e
altura do mesmo em 20cm:
b= pesodo dormente
γ concreto ∙altura100
∙ comprimento→ b= 360
25 ∙20
100∙ 2,8
→ b≅ 25 cm
Portanto:
po= 4010,0325 ∙ 90
→ po=2,005 kg /cm²
3.3.1.6 Pressão de ruptura do sublastro
A pressão de ruptura do sublastro é verificada através da equação abaixo:
pr=0,7 ∙CBR , onde :
pr → Pressão de ruptura do sublastro (kg/cm²),
CBR → Do sublastro (20%)
pr=0,7 ∙ 20→ pr=14 kg /cm ²
3.3.1.7 Pressão admissível sobre o sublastro
Determinado po, calcula-se agora a pressão admissível sobre o sublastro:
pa=pr
F s
, onde :
pa → Pressão admissível sobre o sublastro (kg/cm²),
pr → Pressão de ruptura do sublastro (kg/cm²),
Fs → Fator de segurança (5,5)
pa=145,5
→ pa=2,545 kg /cm²
3.3.1.8 Espessura do lastro
56
Com os valores das pressões no lastro, pode-se calcular a espessura necessária do
lastro,pela formula abaixo:
h=24,27 ∙(Po
Pa)
0,8
, onde :
h → espessura do lastro (cm)
pa → pressão admissível sobre o sublastro (kg/cm²),
po → pressão na face inferior do dormente (kg/cm²)
h=24,27 ∙( 2,0052,545 )
0,8
→ h≅ 19 cm
3.3.1.9 Espessura total do lastro
Por fim, a espessura total do lastro é a soma das seguintes parcelas:
ht=hs+hd , onde :
ht → Espessura total do lastro (cm);
hs → Espessura do dormente (cm);
hd → Espessura do lastro (cm).
ht=20+19 → ht=39 cm
3.3.2 Volume de brita no lastro
Figura 16 - Seção Transversal da superestrutura
3.3.2.1 Área total da seção
A área total da seção é definida por:
ST=(B+b ) ∙ h
2
ST=10,7 x0,24 → ST=2,568 m2
3.3.2.2 Seção de Vazios
57
Sv=B ∙ h'
2→ Sv=
6,1 ∙0,092
→ Sv=0,2745 m2
3.3.2.3 Volume ocupado pelos dormentes
O volume ocupado pelos dormentes é definido pela equação abaixo:
V D=comprimentototal do trecho×(V dormente
a )
V D=33.137 ∙( 2,8 ∙ 0,25 ∙0,200,57 )→ V D=8.138,943 m3
3.3.2.4 Volume total da Seção
O volume total da seção será então:
V t=( St−Sv ) × comprimentototal do trecho
V t=(2,2935 ) ∙33.137 → V t=76.000,00 m3
3.3.2.5 Volume de Brita
O volume de brita então será:
V b=V t−V D
V b=76.000,00−8.138,943 → V b=67.860,8 m ³
3.4 SELEÇÃO DO TRILHO
Para a escolha do trilho a ser utilizado na via permanente é necessário
primeiramente determinar o coeficiente do dormente (D), em seguida o coeficiente da
superestrutura, o momento máximo de cada trilho e por fim a tensão máxima (σ). A
escolha é feita em relação ao trilho com menor peso que atenda a seguinte condição: de σ <
1500 kg/cm².
3.4.1 Coeficiente do dormente
O coeficiente do dormente é determinado em função da seguinte equação:
D=0,9∙ C ∙b ∙ c , onde :
D → Coeficiente do dormente (kg/cm);
C → Coeficiente do lastro;
58
b → largura do dormente (cm);
c → faixa de socaria (cm)
De acordo com a Tabela 13 – Características da via permanente, o coeficiente do
lastro tem valor de 12 e a faixa de socaria 90 cm, e o item 3.2.1.5 mostra que o dormente
possui largura de 25 cm, logo:
D=0,9∙ 12 ∙25 ∙90 → D=24.300kgcm
3.4.2 Coeficiente de Superestrutura
O coeficiente da superestrutura varia de acordo com a seção do trilho escolhido,
portanto tem-se para cada trilho selecionado os seguintes coeficientes:
γ=6× E × ID × a ³
, onde :
E → Módulo de Elasticidade (2,1x106 kg/cm²);
I → Momento de Inércia de cada trilho;
D → Coeficiente do dormente (Kg/cm);
a → Espaçamento (cm)
Para escolha do trilho é necessário conhecer as características geométricas dos
perfis de trilhos empregados nas ferrovias brasileiras, valores que são apresentados na
tabela abaixo:
Tabela 18 - Características geométricas dos trilhos
TRILHOSTipo Brasileiro - TR 25 32 37 45 50 57 68
Tipo Americano5040
ASCE6540
ASCE7540
ASCE9020
ASCE10025AREA
115215
AREA
13637AREA
Peso Calculado, kg/m24,65
432,045 37,105 44,645 50,349 56,897 67,560
Peso Calculado, lb/jds 49,70 64,60 74,80 90,00 101,50 114,70 136,20Bolet
oÁREA 13,23 17,16 19,87 20,58 24,51 25,22 31.35
Áreacalculada
daseção(cm²)
% Total 42,00 42,00 42,00 36,20 38,20 34,80 36.40Alma ÁREA 6,58 8,58 9,94 13,68 14,52 19,68 23.35
% Total 21,00 21,00 21,00 24,00 22,60 27,10 27.10Patim ÁREA 11,61 15,10 17,48 22,64 25,16 27,68 31.47
% Total 37,00 37,00 37,00 39,80 39,20 38,10 36.50Área Total 31,42 40,84 47,29 56,90 64,19 72,58 86.12
59
Momento de Inércia 413,7 703,4 951,5 1610,8 2039,5 2730,5 3950,0Módulo de
Resistência (cm³)Boleto 81,60 120,80 149,10 205,60 247,40 295,00 391,60Patim 86,70 129,50 162,90 249,70 291,70 360,70 463,80
Raio de Giração (cm) 3,63 4,15 4,49 5,32 5,63 6,13 7,11FONTE: RFFSA, 1991
Serão verificados três tipos de trilhos, os quais os cálculos e análises são descritas a
seguir:
TR – 57
γ=6 ∙(2,1 ×106) ∙2730,5
24.300 ×57³→ γ=7,645
TR – 61
γ=6 ∙(2,1 ×106) ∙3250
24.300 ×57³→ γ=9,1
TR – 68
γ=6 ∙(2,1 ×106) ∙3950
24.300 ×57³→ γ=11,06
3.4.3 Momento máximo
O momento máximo também depende do trilho selecionado e seu valor é calculado
pela seguinte equação:
M= 7+8× γ8 × (5+2× γ )
× PR × Cd × a, onde :
M → Momento máximo (t.cm)
γ → Coeficiente de superestrutura
PR → Carga por roda (kg);
Cd → Coeficiente dinâmico;
a → Espaçamento (cm)
TR – 57
M= 7+8∙ 7,6458 × (5+2×7,645 )
×18,5×1,141 ×57 → M=505,16 t . cm
TR – 61
M= 7+8∙ 9,18 × (5+2× 9,1 )
×18,5 ×1,141 ×57 → M=519,24 t .cm
60
TR – 68
M= 7+8∙ 11,068 × (5+2×11,06 )
× 18,5× 1,141× 57 → M=529,42 t . cm
3.4.4 Tensão Máxima
A tensão máxima também depende do trilho selecionado e seu valor é calculado
pela seguinte equação:
σ=MW
, onde :
σ → Tensão máxima (kg/cm²);
M → Momento máximo (t.cm);
W → Módulo de resistência do boleto (m³).
TR – 57
σ=535784294,8
→ σ=1.713,56kg
cm2
TR – 61
σ=548601310
→ σ=1.519,57kg
c m2
TR – 68
σ=561519391,6
→ σ=1.351,94kg
c m2
3.4.5 Trilho selecionado
A escolha do trilho é feita em relação ao trilho com menor peso que atenda a
seguinte condição: de σ < 1500 kg/cm². Sendo assim o trilho que atende a estas condições
é o TR – 68, cujas características estão descritas a seguir:
Figura 17 – Seção transversal do trilho TR-68.
61
Fonte: Brasil Trilhos
Os demais valores característicos estão na tabela 06 – Características geométricas
dos trilhos.
3.5 PROJETO DO TLS
O Trilho Longo Soldado (TLS) contém um trecho central da linha onde a tensão no
trilho será máxima, chamada de Zona Neutra (ZN) e, suas extremidades são chamadas de
zona de respiração (ld), descrito a seguir.
3.5.1 Temperatura média.
De acordo com Tabela 11 – Características da via permanente, as temperaturas
máximas e mínimas para assentamento dos trilhos são:
Temperatura máxima → 60°C
Temperatura mínima → 10°C
Considerando uma variação de 5°C, pode-se calcular a temperatura média:
T média=T máxima+T mínima
2+5→ T média=
60+102
+5 → Tmédia=40℃
62
3.5.2 Temperatura de assentamento
A temperatura de assentamento é selecionada da seguinte forma:
T ' c=T mádia+5→ T ' c=40+5→ T ' c=45℃
T } rsub {c} = {T} rsub {mádia} -5→ {T c=40−5→ T ' c=35℃
Logo:
Para compressão:
Δc=T máxima−T } rsub {c} →Δc=60-35 → Δc=25 ℃ ¿
Para tração:
Δt=T ' c−Tmínima → Δt=45−10 → Δt=35℃
Portanto, em função de seu maior valor, Δt=35℃
3.5.3 Faixa de temperatura neutra
Por fim, pode-se concluir que a faixa de temperatura neutra para assentamento dos
trilhos será:
35℃≤T neutra ≤ 45℃
3.5.4 Reação Longitudinal da via
A resistência longitudinal da via é definida pela relação entre a resistência da via e
o espaçamento entre dormentes, sendo assim, tem-se:
r=r a
a, onde :
r → Reação longitudinal da via (kg/m);
ra → Resistência da via (kg/dormente)
a → Espaçamento entre dormentes (cm)
Conforme Tabela 13 – Características da via permanente, a resistência da via é de
210 kg/dormente e o espaçamento entre os dormentes de 57 cm, assim:
r= 2100,57
→ r=368,421kgm
3.5.5 Zona de respiração
A zona de respiração (ld) é definida em função da dilatação do trilho e é definida
por:
63
ld=( S . E . α . Δt )
r, onde :
ld → Zona de respiração (m)
S → Área da Seção do Trilho (cm²)
E → Módulo de Elasticidade (kg/cm²);
α → Coeficiente de dilatação (115x10-7);
r → Reação longitudinal da via (kg/m);
Δt → °C
ld=( 86,12∙2,1× 106 ∙115× 10−7 ∙ 35 )
384,421→ ld=114,02 m
3.5.6 TLS – Trilho Longo Soldado
Logo o comprimento do TLS será:
TLS=2∙ ld+ZN , onde :
TLS → Trilho Longo Soldado (m)
ld → Zona de respiração (m)
ZN → comprimento da zona neutra (m)
Segundo a Tabela 13 – Características da via permanente, o comprimento da zona
neutra será de 280 m, logo:
TLS=2∙ 114,02+280 → TLS=508,04 m
Considerando que cada barra possui uma extensão de 12 m, será necessário então
43 barras de TLS:
43 × 12m →TLS=516m
3.5.7 Junta de dilatação
A junta de dilatação é definida pela equação a seguir:
J=ld
2 ×rS × E
, onde :
ld → Zona de respiração (m);
r → Reação longitudinal da via (kg/m);
S → Área da Seção do Trilho (cm²)
E → Módulo de Elasticidade (kg/cm²);
64
J=114,022 ∙368,42186,12∙ 2,1 ×106 → J=0,02648 m
3.5.8 Definição da Zona Neutra
Tendo em mãos o comprimento do TLS e do ld, é necessário definir o comprimento
real da Zona Neutra:
TLS=2∙ ld+ZN → 516=2∙ 114,02+ZN → ZN=287,96 m
3.5.9 Resumo do TLS
Por fim, pode-se ter o número de TLS por trecho da via permanente:
Tabela 19 – Resumo do TLS
Trechos
Comp. Trecho (m) TLS (m)TLS inteiro
(No)Sobra TLS Sobra TLS (m)
01 33137,125 516 63 1,219 629,125Total 33137,125 - 63 1,219 629,125
3.6 RETENSIONAMENTO
3.6.1 Quantidade de retensores
3.6.1.1 Retensores no ld padrão
O número de retensores no ld padrão é dado pela seguinte equação:
N Ld=2 ∙ N 0 ∙ ld
a× retensores no ld ;onde :
Nld → Retensores no Ld padrão (ud)
N0 → Número de TLS (ud)
ld → zona de respiração (m)
a → Espaçamento entre dormentes (cm)
Conforme Tabela 11 – Características da via permanente, o espaçamento entre os
dormentes de 57 cm, e o Retensionamento no ld é 4x1 assim:
N Ld=2 ∙ 114,02
0,57×
41
→ N Ld≅ 1604 retensores
3.6.1.2 Retensores na Zona Neutra
O número de retensores na zona neutra é dado pela seguinte equação:
65
NZN=( N0∙ ZN
a×retensores na ZN)
NZN → Retensores na Zona Neutra
N0 → Número de TLS (ud)
ZN → zona neutra (m)
a → Espaçamento entre dormentes (cm)
Conforme Tabela 11 – Características da via permanente, o espaçamento entre os
dormentes de 57 cm, e o Retensionamento na ZN é 4x1/21 assim:
NZN=( 1∙32909,08480,65
×4
21 )→ NZN≅ 11000retenaores
3.6.1.3 Número total de retensores
O número total de retensores será então:
NTR=N ld+N ZN → N TR=1604+11000→ NTR=12604 retensores
3.7 SOLDAS
Como o comprimento máximo do trem de transporte de TLS é de 256 m, admite-se
que a situação ótima é para o transporte do TLS soldado no estaleiro com comprimento
igual á metade do TLS, ou seja, 128 m. Assim, a distribuição entre soldas em estaleiro e no
campo é a seguinte:
TLSo=TLS3
→TLSo=5163
→TLSo=172 m
17212
≅ 15 barras
Sendo:
(14 x 2 = 28) soldas no estaleiro
02 barras solda em campo (de cada lado)
3.7.1 Soldas no TLS no estaleiro
N soldas estaleiro=2 ∙28 ∙ (63 ) → N soldasestaleiro=3.528,00
3.7.2 Soldas no TLS no estaleiro
N soldas campo=2 ∙ 2∙ (63 ) → N soldas campo=252,00
66
3.7.3 Soldas no TLS no estaleiro
N soldas campo=2 ∙( 629,12512 )→ N soldas campo≅ 104,854
3.7.4 Soldas no TLS no estaleiro
NTotal soldas campo=252,000+104,854 → N soldas campo=357 soldas
3.8 DORMENTES
O número de dormentes no trecho será dimensionado através da equação abaixo:
Ndormentes=extensão do trecho
a,onde :
a → Espaçamento entre dormentes (cm)
Conforme Tabela 14 – Características da via permanente, o espaçamento entre os
dormentes de 65 cm, então:
Ndormentes=33.137,125
0,57→ N dormentes=58.136 dormentes
3.9 ACESSÓRIOS
Os acessórios são as placas de apoio e as fixações elásticas, quantificadas a seguir:
3.9.1 Placas de Apoio
Cada dormente recebe duas placas de apoio, uma de cada lado, então:
N Placasdeapoio=2× Ndormentes → N Placasde apoio=2×58.136
N Placasdeapoio=116.272unidades
3.9.2 Fixações Elásticas
Cada dormente recebe quatro fixações elásticas, logo:
N Fixaçõeselásticas=4 × N dormentes→ N Fixações elásticas=4 × 58.136
N Fixaçõeselásticas=232.544 unidades
3.9.3 Talas de junção
67
São aplicadas na união entre as barras de aço ao fim de cada lado do TLS, sendo
que cada ligação são usadas 2 talas, mas como são 2 eixos de trilhos são necessárias 4 talas
de junção.
N talas de junção=4 ∙ N0 ∙ 2→
N talas de junção=4 ∙1∙ 2 → N talas de junção=8ud
3.9.4 Trilho Aço – Liga
A quantidade de trilho aço-liga e feita da seguinte forma:
Q=2 × (extensão do trecho+ perdas ) ∙ pesounitário
1000
Q=2 × (33.137,125+6,875 ) ∙67,560
1000→ Q=4.478,417 ton.
3.10 SUPERELEVAÇÃO
Para a determinação da superelevação, deve-se calcular o valor teórico e o prático,
adotando-se assim o maior valor que é crítico. Este cálculo será elaborado para as curvas
que apresentarem raio menor que 900m. Dentre as três curvas previstas no projeto, duas
possuem raio menor. A seguir o cálculo para os dois menores raios
3.10.1 Teórica
A superelevação teórica é definida por:
h= B ∙V 2
127 ∙ R,onde :
h → superelevação (m)
R → raio da curva (m),
B → bitola do rodeiro (m), onde
B=b+c→ B=1,6+0,0746 → B=1,6746 m
b → bitola (m)
c → largura do boleto (m)
Curva 01
h=1,6746 ∙652
127 ∙605→ h=0,092 m
68
Curva 02
h=1,6746 ∙652
127 ∙1387→ h=0,0402 m
Curva 03
h=1,6746 ∙652
127 ∙618→ h=0,0902 m
3.10.2 Máxima
Já a superelevação máxima é definida por:
hp=h− Bn ∙ H ( B
2−d )
hp → superelevação máxima (cm)
h → superelevação (m)
B → bitola do rodeiro (m),
n → coeficiente de reviramento (5,0)
H → altura do centro de gravidade (aprox.3,15m)
d → deslocamento do centro de gravidade (aprox. 0,1m)
Curva 01
hp=0,092−1,67465 ∙ 3,15 ( 1,6746
2−0,1)→ hp=0,0137 m
Curva 02
hp=0,0402−1,67465 ∙ 3,15 ( 1,6746
2−0,1)→ hp=−0,0383 m
Curva 03
hp=0,0902−1,67465 ∙ 3,15 ( 1,6746
2−0,1)→ hp=0,0117m
3.10.3 Cálculo do lc mínimo
3.10.3.1 Em função da velocidade
lc=0,07 ∙V 3
Ronde :
lc → comprimento mínimo de transição (m),
V → velocidade máxima (km/h);
69
R → raio da curva (m),
Curva 01
Lcmin=0,036 ∙653
605=16,34 m
Curva 02
Lcmin=0,036 ∙653
1387=7,12 m
Curva 03
Lcmin=0,036 ∙653
618≅ 16,00 m
3.10.3.2 Em função do raio
lc=3,2√ R , onde :
lc → comprimento mínimo de transição (m),
R → raio da curva (m),
Curva 01
Lcmin=0,32∙√605 = 78,71 m
Curva 02
Lcmin=0,32∙√1387=¿ 119,18 m
Curva 03
Lcmin=0,32∙√618=¿ 79,55 m
É prática comum utilizar Lc’s múltuplos de 10, arredondando-se para valores
superiores. Dessa forma os comprimentos de transição para cada curva foi adotado como o
seguinte:
Curva 01: De=80 m
Curva 02: De=120 m
Curva 03: De=80m
3.10.4 Distribuição da Superelevação
Curva 01
70
ht=hp
lc
=0,013780
=0,0171 cm /m
Curva 03
ht=hp
lc
=0,011780
=0,0147 cm /m
3.10.5 Notas de Serviço
Curva 01
Estacas principais
Estaca TS = 1040 + 13,3635m
Estaca SC = 1044 + 13,3635m
Estaca CS = 1051 + 9,8735m
Estaca ST = 1055 + 9,8735m
Cota TS = 516,9732 m
ht = 0,0171 cm/m
irampa=0,00 %
ESTACAPROJET
Oli (m)
Projeção (m)
hi (cm)Cotas dos trilhos (m)Interno Externo
1040 + 13,3635 TS 0,0 0,0 0,0 516,9732 516,97321041 6,6365 6,6365 0,1134 516,9730 516,97411042 26,6365 20,0 0,4552 516,9730 516,97761043 46,6365 20,0 0,7970 516,9730 516,98101044 66,6365 20,0 1,1388 516,9730 516,98441044 + 13,3635 SC 80,0 13,3635 1,3672 516,9730 516,98671045 80,0 6,6365 1,3672 516,9730 516,98671046 80,0 20,0 1,3672 516,9730 516,98671047 80,0 20,0 1,3672 516,9730 516,98671048 80,0 20,0 1,3672 516,9730 516,98671049 80,0 20,0 1,3672 516,9730 516,98671050 80,0 20,0 1,3672 516,9730 516,9867
71
1051 80,0 20,0 1,3672 516,9730 516,98671051 + 9,8735 CS 80,0 9,8735 1,3672 516,9730 516,98671052 69,8735 10,1265 1,1942 516,9730 516,98491053 49,8735 20,0 0,8524 516,9730 516,98151054 29,8735 20,0 0,5105 516,9730 516,97811055 9,8735 20,0 0,1687 516,9730 516,97471055 + 9,8735 ST 0,0 9,8735 0,0 516,9730 516,9730
Curva 03
Estacas principais
Estaca TS = 1836 + 16,5964 m
Estaca SC = 1840 + 16,5964 m
Estaca CS = 1847 + 17,5174 m
Estaca ST = 1851 + 17,5174 m
Cota TS = 526,0064 m
ht = 0,0147 cm/m
irampa=+0,372%
ESTACA PROJETO li (m)Projeção
(m)hi (cm)
Cotas dos trilhos (m)Interno Externo
1836 + 16,5964 TS 0,0 0,0 0,0 526,0064 526,00641837 3,4036 3,4036 0,095 526,0191 526,02001838 23,4036 20,0 0,389 526,0935 526,09741839 43,4036 20,0 0,683 526,1679 526,17471840 63,4036 20,0 0,977 526,2423 526,25201840 + 16,5964 SC 80,0 16,5964 1,176 526,3040 526,31581841 80,0 3,4036 1,176 526,3040 526,31581842 80,0 20,0 1,176 526,3040 526,31581843 80,0 20,0 1,176 526,3040 526,3158
72
1844 80,0 20,0 1,176 526,3040 526,31581845 80,0 20,0 1,176 526,3040 526,31581846 80,0 20,0 526,3040 526,30401847 80,0 20,0 1,176 526,3040 526,31581847 + 17,5174 CS 80,0 17,5174 1,176 526,3040 526,31581848 77,5174 2,4826 1,095 526,2948 526,30571849 57,5174 20,0 0,801 526,2204 526,22841850 37,5174 20,0 0,507 526,1460 526,15101851 17,5174 20,0 0,213 526,0716 526,07371851 + 17,5174 ST 0,0 17,5174 0 526,0064 526,0064
3.11 SUPERLARGURA
Antes do cálculo da Superlargura, deve-se verificar o raio mínimo para dispensar a
Superlargura, sendo assim, tem-se:
3.11.1 Verificação do Raio mínimo para superlargura
Este raio é obtido através da seguinte equação:
R=20 × r× Bj
;onde :
r → raio do veículo (m);
B → bitola do rodeiro (m), onde
B=b+c→ B=1,6+0,0746 → B=1,675 m
j → jogo da via (m)
Sendo a locomotiva de linha corrida modelo (C–C) DASH9, pode-se concluir pela
tabela 11, que o diâmetro da roda da mesma é de 1016 mm, logo seu raio será de 508 mm.
R=20 × 0,508× 1,6750,015
→ R=1.134,533 m
Sendo assim, de acordo com a tabela 21 – Raios de curvatura da linha pode-se
calcular o valor da superlargura de cada um deles:
S=20 × r× BR
− j ; onde :
r → raio do veículo (m);
73
B → bitola do rodeiro (m),
R → Raio da linha corrida (m)
Para R = 1.387m
S=20 × 0,508× 1,6751387
−0,015 → S=−0,0028 m
Para R = 618m
S=20 × 0,508× 1,675618
−0,015 → S=0,0125 m
Para R = 605m
S=20 × 0,508× 1,675605
−0,015 → S=0,0281 m
3.12 INSCRIÇÃO LIVRE E FORÇADA
3.12.1 Avanço do friso
O avanço do friso é calculado a seguir pela seguinte equação:
μ=√D × m, onde :
D → Diâmetro da roda da locomotiva (mm);
m → Altura do friso (mm)
μ → Avanço do friso (mm)
Sendo a locomotiva de linha corrida modelo (C–C) DASH9, pode-se concluir pela
tabela 11, que o diâmetro da roda da mesma é de 1016mm, e altura do mesmo de 30mm,
tem-se:
μ=√1016 × 30→ μ=174,585 mm
3.12.2 Raio mínimo para inscrição forçada para truque de três eixos
O raio mínimo para que haja a inscrição forçada para um truque de três eixos é dada
pela expressão:
R=( p+2 × μ )2
8 × f,onde :
R → Raio da curva do trilho (m)
74
p →Base rígida do veículo (mm)
μ → Avanço do friso (mm)
f → folga da linha (mm)
Sendo a folga no trilho calculado da seguinte forma:
f =S+ j , onde :
S → Superlargura (mm)
j → jogo de via(mm)
f =28,1+15 → f =43,1mm
Logo:
R=(3000+2 ∙ 174,585 )2
8× 43,1→ R=32,53 m
3.12.3 Raio mínimo para inscrição forçada para truque de dois eixos
Já o raio mínimo para que haja a inscrição forçada para um truque de dois eixos é
dada pela expressão:
R= p × μf
, onde :
R → Raio da curva do trilho (m)
p →Base rígida do veículo (mm)
μ → Avanço do friso (mm)
f → folga da linha (mm)
Sendo a folga no trilho calculado da seguinte forma:
f =S+ j , onde :
S → Superlargura (mm)
j → jogo de via (mm)
f =28,1+15 → f =43,1mm
R=3000 ×174,58543,1
→ R=12,152 m
3.12.4 Raio mínimo de curvatura para inscrição livre (pêra ferroviária)
O raio mínimo para inscrição livre será obtido da seguinte equação:
R=( p ²−2× p× μ )
2× f, onde :
75
R → Raio da curva do trilho (m)
p → Base rígida do veículo (mm)
μ → Avanço do friso (mm)
f → Folga da linha (mm)
R=(3000²−2× 3000 ×174,585 )
2 × 43,1→ R=92,256 m
3.12.5 Contra trilhos
Para impedir o descarrilamento, os contra trilhos são instalados em curvas, onde o
espaçamento em relação ao trilho é dado a seguir:
ε=(b+S )−(c+e ) , onde :
ε → afastamento do contratrilho
b → bitola (m)
S → superlargura (m)
c → gabarito do rodeiro (distância interna das rodas)
e → espessura do frisos (m)
ε=(1,60+0,0281 )−(1,500+0,025 ) → ε=0,1031 m → ε=10,31 cm
3.13 ELEMENTOS DAS CURVAS HORIZONTAIS
Os elementos de curva são necessários para o estaqueamento da circular, sendo assim,
os cálculos necessários para se ter as perfeitas coordenadas são descritas a seguir.
3.13.1 Ângulo da espiral
Sc=lc
2 R, onde :
Sc → ângulo da espiral
lc → comprimento mínimo de transição (m),
R → raio da curva (m),
Curva 01
Sc= 802 ∙ 605
=0,0661 rad=3,788 °
76
Curva 02
Sc= 1202 ∙ 1387
=0,04325 rad=2,4785°
Curva 03
Sc= 802 ∙ 618
=0,0647 rad=3,708°
3.13.2 Ângulo da circular
θ=AC−2 ∙ Sc , onde :
AC → ângulo da central;
Sc → ângulo da espiral
Curva 01
θ=20,504−2∙ 3,788 °=28,080 °
Curva 02
θ=20,230−2 ∙ 2,4785°=15,273 °
Curva 03
θ=20,481−2 ∙3,708 °=13,065 °
3.13.3 Coordenadas Xc e Yc
X c=lc ∙ Sc
3 (1− Sc2
14+
Sc4
440 ) , onde :
lc → comprimento mínimo de transição (m),
Sc → ângulo da espiral (radianos)
Y c=lc (1−Sc
2
10+
Sc4
440 ) , onde :
lc → comprimento mínimo de transição (m),
Sc → ângulo da espiral (radianos).
Curva 01
77
Xc=80 ∙ 0,06613
∙(1−0,06612
14+ 0,06614
440 )=1,762 m
Yc=80 ∙(1−0,06612
10+ 0,06614
216 )=79,965 m
Curva 02
Xc=120 ∙0,043253
∙(1−0,043252
14+0,043254
440 )=1,73 m
Yc=120 ∙(1−0,043252
10+ 0,043254
216 )=119,984
Curva 03
Xc=80 ∙ 0,06473
∙(1−0,06472
14+ 0,06474
440 )=1,725 m
Yc=80 ∙(1−0,06472
10+ 0,06474
216 )=79,967 m
3.13.4 Recuo do PC e PT
q= yc−R ∙ sen Sc , onde :
q → recuo do PC e PT (m)
R → raio da curva (m),
Sc → ângulo da espiral
Curva 01
q=79,965−605 ∙sin 0,0661=40,004 m
Curva 02
q=119,984−1387 ∙ sin 0,04325=60,015 m
Curva 03
q=79,967−618 ∙sin 0,0647=40,01 m
3.13.5 Deslocamento do centro de curva
p=Xc−R∙ (1−cos Sc)
p → deslocamento do centro de curva (m)
R → raio da curva (m),
78
Sc → ângulo da espiral
Curva 01
p=1,762−605 ∙ (1−cos0,0661 )=0,44m
Curva 02
p=1,73−1387 ∙ (1−cos0,04325 )=0,433 m
Curva 03
p=1,725−618 ∙ (1−cos0,0647 )=0,432 m
3.13.6 Tangente da espiral
T s=q+( R+ p ) ∙ tg( AC2 ) , onde :
q → recuo do PC e PT (m)
p → deslocamento do centro de curva (m)
AC → ângulo da circular;
Curva 01
T s=40,004+(605+0,44 ) ∙ tg( 20,5042 )=177,023 m
Curva 02
T s=60,015+ (1387+0,433 ) ∙ tg( 20,2302 )=307,529 m
Curva 03
T s=40,01+(618+0,432 ) ∙ tg( 20,4812 )=151,735 m
3.14 ELEMENTOS DAS CURVAS VERTICAIS
79
Variáveis utilizadas no cálculo:
i1 (%) i2 (%) g L (m) F (m) L0 (m) y0 (m)curva1 -0,362% 0,000% -0,00362 160,00 -0,072 160,00 -0,290curva2 0,000% 0,372% -0,00372 160,00 -0,074 0,00 0,000
Onde:
3.15 ORÇAMENTO
N Discriminação Unidade QuantidadeCustos (US$)
UnitárioTotal (x
10³)
1 Lastro de brita 3,5'' a 1,5" m³ 67.861,05 44,0
02985,8861
2 Dormente de concreto protendido uni 58.136,00 41,0
02383,576
3 Trilho aço-liga TR- t 4.478,42 4.500,0
020152,877
4 Solda no campo uni 357,00 29,0
010,353
5 Retensores uni 12.604,00 2,5
031,51
80
6 Placa de apoio completa uni 116.272,00 3,5
0406,952
7 Tala de junção de 6 furos uni 8,00 4,5
00,036
8 Fixações elásticas uni 232.544,00 1,9
0441,8336
Total 26413,023Custo/km 0,7970825
3.16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REVISTA DA MADEIRA. A madeira de eucalipto para dormentes. N 75, ano 13,
agosto de 2003. Disponível em: http://www.remade.com.br/pt/ revista_materia.php?
edicao=75&id=398
CONPREM – Concreto pré-moldado LTDA. Dormentes. Disponível em:
http://www.conprem.com.br/produtos/dormentes.htm. Acesso em 04 de ago. 2008.
81
DORBRÁS – Companhia Brasileira de dormentes DORBRÀS. Dormentes de concreto
para vias convencionais com lastro. Disponível em:
http://www.dorbras.com.br/dormentes.html. Acesso em 04 de ago. 2008.
Hidremec – Indústria de materiais ferroviários. Lançamento pioneiro no Brasil:
Dormentes de aço. Disponível em: http://www.hidremec.com.br/ produtos.asp?pag=0072.
Acesso em 04 de ago. 2008.
GE TRANSPORTATIL. Locomotiva DASH9. Disponível em: http://www.g
etransportation.com/br/pr/loco_dash_9.html. Acesso em 04 de ago. 2008.
GE TRANSPORTATIL. Locomotiva UC – 23. Disponível em: http://www.g
etransportation.com/br/pr/loco_u_23.html. Acesso em 04 de ago. 2008.
MIRANDA, Luiz Miguel de. Notas de aula – Ferrovias. Universidade Federal de Mato
Grosso; Departamento de Engenharia Civil; Cuiabá – MT: 2008.
PORTO, Prof. Dr. Telmo Giotto. Notas de aula – PTR 2051: Ferrovias. Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo; Departamento de Engenharia de São Paulo; São
Paulo – SP: 2004. 81p.
Alves, Gleicy Karen Abdon. Os dormentes ferroviários, seu tratamento e o meio
ambiente. Tese para obtenção de Mestrado em Engenharia de Transportes; Instituto
Militar de Engenharia – IME; Rio de Janeiro – RJ: 2005.
BRASIL TRILHOS. Produtos: AMV, Talas de Junção, Acessórios. Disponível em:
http://www.brasiltrilhos.com.br. Acesso em 04 de ago. 2008.
MACHADO, Aldo Marconi Wessen. Uma contribuição à metodologia de recebimento,
manutenção e desempenho do lastro ferroviário. Monografia para obtenção de
Especialista em Transporte Ferroviário de Carga; Ministério da Defesa – Exército
Brasileiro; Instituto Militar de Engenharia; Rio de Janeiro – RJ: 2006. 64p.
Santa Fé. Vagões Santa Fé - Produtos: vagões hooper, prancha, carga geral e tanque.
Disponível em: http://www.santafevagoes.com.br/inde x.php?section=produtos&lang=por.
Acesso em 04 de ago. 2008.