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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DENISE DE SOUZA OTTANI
CONTABILIDADE APLICADA ÀS FINANÇAS PESSOAIS:
Um estudo de caso com os acadêmicos do Centro Universitário Municipal de São José.
São José
2015
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DENISE DE SOUZA OTTANI
CONTABILIDADE APLICADA ÀS FINANÇAS PESSOAIS:
Um estudo de caso com os acadêmicos do Centro Universitário Municipal de São José.
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado para a
disciplina de Estágio III como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências
Contábeis pelo Centro Universitário Municipal de São José – USJ.
Orientação: Fernando Nitz de Carvalho, Dr.
São José
2015
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus que permitiu que tudo isso acontecesse e por tudo que me
proporcionou.
Agradeço à minha mãe pela determinação, apoio, dedicação e amor que contribuíram
para minha formação. Também agradeço ao meu pai, in memorian, pelos momentos em que
esteve presente em minha vida e por todo carinho que dedicou a minha família.
Agradeço aos meus irmãos pelo carinho, solidariedade e cumplicidade demonstrados
por todos esses anos. Em especial, agradeço ao meu irmão Breno que contribuiu para a
conclusão do meu trabalho com seus conselhos e suas experiências.
Agradeço aos amigos que fiz na faculdade, pelo convívio, pelas alegrias, pelo
incentivo e pelos momentos de descontração.
Ao meu orientador por seus ensinamentos ao longo das aulas, por seus conselhos e por
suas contribuições para a melhoria deste trabalho.
Por fim, agradeço o Centro Universitário Municipal de São José por proporcionar anos
de aprendizado e a todos os professores que contribuíram para a minha formação profissional.
Grande é aquele que deseja instruir-se; maior o que se instrui; porém muito maior, o que
oferece os seus conhecimentos aos demais.
Henrique José de Souza
RESUMO
A contabilidade e suas ferramentas possuem um papel fundamental para a organização das
finanças pessoais, pois auxiliam no seu gerenciamento e na realização de projetos individuais.
O presente estudo tem como objetivo analisar a aplicação dos conhecimentos contábeis na
vida financeira dos acadêmicos dos cursos do Centro Universitário Municipal de São José. O
trabalho consiste em uma pesquisa descritiva e exploratória, com abordagens qualitativa e
quantitativa, contendo como procedimento técnico o estudo de caso e a pesquisa bibliográfica.
Para a coleta dos dados foi aplicado um formulário eletrônico onde 216 alunos, dos cursos de
administração, ciências da religião, ciências contábeis e pedagogia responderam. Os
resultados demonstraram que os alunos utilizam as ferramentas financeiras para controlar e
registrar suas receitas e despesas e utilizam os conhecimentos contábeis para analisar
mensalmente o orçamento de forma eficiente. Porém, verificou-se que os alunos costumam
comprometer mais da metade de sua renda com obrigações e não possuem nenhum tipo de
investimento. Considera-se que os alunos possuem um entendimento mínimo sobre os temas
abordados e procuram utilizá-los na organização de suas finanças.
Palavras chaves: Contabilidade. Finanças pessoais. Ferramentas financeiras. USJ.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Como iniciar um planejamento financeiro pessoal. .............................................. 16
Quadro 2: Realização do planejamento financeiro ................................................................ 17
Quadro 3: Comportamento financeiro. ................................................................................. 18
Quadro 4: Balanço patrimonial para pessoa física ................................................................ 22
Quadro 5: Apresentação simplificada da DRE. ..................................................................... 23
Quadro 6: Apresentação simplificada do Fluxo de Caixa ...................................................... 24
Quadro 7: Iniciando um orçamento familiar ......................................................................... 25
Quadro 8: Orçamento familiar por despesas fixas e variáveis ............................................... 26
Quadro 9: Orçamento familiar por categoria......................................................................... 27
Quadro 10: Perfil do investidor ............................................................................................ 29
Quadro 11: Órgãos reguladores e fiscalizadores do mercado ................................................ 32
Quadro 12: Vantagem dos títulos públicos para pessoas físicas ............................................ 35
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Padrão do fluxo de caixa ....................................................................................... 15
Figura 2: Renda fixa e variável............................................................................................. 33
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Gênero ................................................................................................................ 42
Gráfico 2: Idade ................................................................................................................... 43
Gráfico 3: Curso .................................................................................................................. 44
Gráfico 4: Período atual na graduação .................................................................................. 45
Gráfico 5: Renda mensal individual. .................................................................................... 45
Gráfico 6: Dependentes ........................................................................................................ 46
Gráfico 7: Comportamento com os gastos 1 ......................................................................... 47
Gráfico 8: Comportamento com os gastos 2 ......................................................................... 47
Gráfico 9: Acesso ao crédito ................................................................................................ 48
Gráfico 10: Comportamento com as compras ....................................................................... 49
Gráfico 11: Controle dos gastos ........................................................................................... 50
Gráfico 12: Planejamento financeiro .................................................................................... 51
Gráfico 13: Ferramentas financeiras 1 .................................................................................. 52
Gráfico 14: Ferramentas financeiras 2 .................................................................................. 53
Gráfico 15: Análise dos registros financeiros ....................................................................... 54
Gráfico 16: Investimentos 1 ................................................................................................. 55
Gráfico 17: Tipos de investimentos ...................................................................................... 55
Gráfico 18: Investimentos 2 ................................................................................................. 56
Gráfico 19: Percentual do total de recursos que seriam investidos ........................................ 57
Gráfico 20: Estimativa de permanência do investimento ...................................................... 58
Gráfico 21: Objetivo do investimento ................................................................................... 59
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ........................... 9
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 11
1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 11
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 11
1.3 JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 11
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 13
2.1 CONTABILIDADE E FINANÇAS PESSOAIS ............................................................. 13
2.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO ................................................................................ 15
2.3 EDUCAÇÃO FINANCEIRA ......................................................................................... 19
2.4 A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE EM FINANÇAS PESSOAIS .................... 20
2.5 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UTILIZADAS NA GESTÃO PESSOAL .............. 21
2.5.1 Balanço Patrimonial .................................................................................................. 21
2.5.2 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE .................................................... 22
2.5.3 Demonstração do Fluxo de Caixa ............................................................................. 23
2.6 ORÇAMENTO FAMILIAR ........................................................................................... 24
2.7 INVESTIMENTO .......................................................................................................... 28
2.7.1 Mercado empresarial ................................................................................................ 29
2.7.2 Mercado imobiliário .................................................................................................. 30
2.7.3 Mercado financeiro ................................................................................................... 31
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 39 3.1 COLETA DE DADOS ................................................................................................... 40
3.2 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................... 41
3.3 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................................ 41
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................... 42
4.1 PERFIL DO ACADÊMICO ........................................................................................... 42
4.2 GASTOS E DESPESAS................................................................................................. 46
4.3 CONTROLE E REGISTROS ......................................................................................... 50
4.4 INVESTIMENTOS ........................................................................................................ 54
4.5 SÍNTESE DOS RESULTADOS..................................................................................... 59
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 61
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 63
APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ....................................... 68
9
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo apresenta-se uma breve contextualização sobre o tema estudado e sobre
qual problema de pesquisa o trabalho busca responder. Também se aborda os objetivos, tanto
o geral quanto os específicos, assim como a justificativa da pesquisa. Por fim, apresenta-se a
estrutura do trabalho.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
Historicamente, os anos 80 são chamados de “década perdida” no que se refere ao
desenvolvimento econômico. Neste período a inflação cresceu sem parar, resultando na
recessão da economia e nos desempregos (LEITÃO, 2011 p. 18). Ainda segundo a autora,
depois de três planos fracassados, tais como o Plano Verão, Plano Bresser e Plano Cruzado, a
inflação ganhou ainda mais força. Diante desse cenário, a população brasileira teve
dificuldades em manter um planejamento financeiro e controle de suas finanças.
Em 1994, por meio da introdução do Plano Real, o Brasil obteve como resultado o
controle bem sucedido da inflação, conforme afirma Herran (2005, p. 19). Ainda segundo
Herran, a renda média per capita aumentou em quase 25% e cerca de 10 milhões de pessoas
foram retiradas da pobreza, enquanto seis milhões superaram a pobreza extrema. Apesar do
processo significativo no controle inflacionário e na redução da pobreza os brasileiros não
conseguiram desenvolver o hábito de poupança.
Nos dias atuais surge a necessidade de desenvolver e aplicar os conhecimentos e
técnicas contábeis nas finanças pessoais. O cenário atual aponta que existem indivíduos que
possuem dificuldades em controlar suas finanças, ocasionando problemas na administração e
planejamento de sua vida financeira. Normalmente, uma das causas para estes problemas
reside na falta de conhecimento em finanças pessoais. Porém, alguns indivíduos, que possuem
noções ou conhecimentos nas áreas relacionadas, não conseguem aplicá-las em seu cotidiano
por questões comportamentais.
Conforme Dannenberg (apud MACEDO 2010, p. 1) afirma-se que “[...] não somos
disciplinados em relação ao nosso dinheiro, não aprendemos a lidar com ele em nossa
educação e nem sempre temos a oportunidade de aprimorar nossos conhecimentos”. Logo,
não temos o hábito de cultivar e garantir uma vida financeira tranquila e saudável.
10
Dessa forma, o planejamento financeiro torna-se necessário, pois ele, segundo Macedo
(2010, p.26), “é o processo de gerenciar seu dinheiro com o objetivo de atingir a satisfação
pessoal”. Controlar e planejar as finanças significa garantir tranquilidade financeira e alcançar
os objetivos de vida de cada indivíduo. Sendo assim, as finanças pessoais caracterizam-se
conforme o seguinte conceito:
É a ciência que estuda a aplicação de conceitos financeiros nas decisões financeiras
de uma pessoa ou família. Em finanças pessoais são considerados os eventos financeiros de cada indivíduo, bem como sua fase de vida para auxiliar no
planejamento financeiro. (CHEROBIM, 2011, p. 1 apud SANTOS, 2012, p. 21).
Adicionalmente, observa-se a importância que as finanças pessoais abrangem, pois são
capazes de influenciar diretamente a qualidade de vida, e com esta ferramenta o indivíduo
poderá alcançar seus objetivos financeiros.
Diante do exposto, o estudo e a compreensão destes temas se fazem necessários para
que qualquer pessoa possa utilizá-los em suas finanças pessoais, proporcionando mudanças de
hábitos e resultados positivos em sua vida financeira.
O Centro Universitário Municipal de São José, criado em 2005, oferece cursos de
graduação nas áreas de ciências humanas e ciências sociais, contribuindo com a formação
acadêmica dos jovens.
A partir destes aspectos, surgiu o interesse e a necessidade de estudar o tema no
Centro Universitário Municipal de São José, a fim de esclarecer a importância do tema
abordado, saber se os acadêmicos possuem algum conhecimento sobre o assunto, se utilizam
em suas finanças pessoais e demonstrar métodos práticos para adaptação de qualquer
indivíduo.
Surge então o problema de pesquisa: “Os acadêmicos do Centro Universitário
Municipal de São José (USJ) aplicam os conhecimentos básicos de contabilidade em suas
finanças pessoais?”
11
1.2 OBJETIVOS
Nesta seção serão apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos pretendidos
com a elaboração deste trabalho.
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar a aplicação dos conhecimentos contábeis na vida financeira dos acadêmicos
dos cursos do Centro Universitário Municipal de São José – USJ.
1.2.2 Objetivos Específicos
a) Demonstrar a utilidade e funcionamento das demonstrações contábeis aplicadas às
finanças pessoais por meio da fundamentação teórica.
b) Identificar a importância da contabilidade para a gestão das finanças pessoais por
intermédio de pesquisas bibliográfica.
c) Investigar o comportamento e o conhecimento dos acadêmicos acerca dos temas
relacionados às finanças pessoais por meio do questionário.
1.3 JUSTIFICATIVA
O meio em que vivemos, as influências familiares e as experiências da vida adulta
podem interferir no comportamento financeiro de um indivíduo (FRANKENBERG, 1999, p.
35). As dificuldades do passado, como os anos de inflação do país, influenciaram o modo de
encarar as finanças pessoais. Antigamente, era mais vantajoso gastar o dinheiro assim que o
recebesse do que pagar mais caro no mês seguinte. Contudo, o cenário atual exige que o
indivíduo esteja preparado para lidar com suas próprias finanças e para isto, surge a
necessidade de melhorar a educação financeira. Segundo Grussner (2007 apud SANTOS,
2012, p. 17), no Brasil a educação financeira é pouco explorada, ficando sob a
responsabilidade do ambiente familiar e do interesse de cada um em adquiri-la.
Segundo uma pesquisa publicada no jornal Estado de São Paulo, divulgada no sítio
Estadão em janeiro de 2014, cerca de 80% dos brasileiros não controlam suas finanças. Outra
pesquisa, publicada em outubro de 2014 na InfoMoney, revelou que 57% dos brasileiros
chegam à terceira idade sem qualquer tipo de reserva financeira ou investimentos. Essas e
outras pesquisas mostram que os brasileiros não estão preparados para lidar com este novo
cenário.
12
Entende-se também como justificativa o tema relacionar-se com a qualidade de vida,
pois a contabilidade poderá ajudar as pessoas na organização de suas finanças, na busca pela
melhor alternativa e na sua utilização (SILVA, 2007, p. 14). Sendo assim, melhorar a
organização financeira proporcionará qualidade de vida para o indivíduo.
Dessa forma, os conhecimentos contábeis podem auxiliar na organização, economia,
planejamento, poupança e investimento das finanças pessoais. Além disso, as tecnologias
podem facilitar e melhorar aplicabilidade da contabilidade no dia-a-dia. Contudo, essas
ferramentas são relevantes para a estratégia e administração financeira, pois oferecem
condições para o crescimento e sustentação financeira, gerenciando os riscos financeiros,
contribuindo para um melhor aproveitamento e planejamento do indivíduo.
Diante desta realidade, o desenvolvimento deste trabalho tem como justificativa
principal demonstrar a contribuição que ele poderá proporcionar para os acadêmicos do
Centro Universitário Municipal de São José no que concerne à administração de suas finanças
pessoais e também para a sociedade em geral, uma vez que o entendimento desse tema pode
auxiliá-los na gestão de suas finanças pessoas.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos. O capítulo 1 contempla a
introdução ao tema, a contextualização baseando-se na realidade atual, o problema de
pesquisa desenvolvido, o objetivo geral, os objetivos específicos, a justificativa da pesquisa e
a estrutura do trabalho.
O capítulo 2 aborda-se a fundamentação utilizada, dividida em oito tópicos que
contemplam os seguintes temas: conceito de contabilidade, finanças pessoais, planejamento
financeiro, educação financeira, a importância da contabilidade nas finanças pessoais,
demonstrações contábeis utilizadas na gestão pessoal, orçamento familiar e investimentos.
A metodologia utilizada para a elaboração do trabalho é apresentada no capítulo 3,
onde são abordadas as modalidades da pesquisa científica, caracterizadas perante a natureza, a
abordagem do problema, os objetivos e os procedimentos técnicos utilizados.
No quarto capítulo apresenta-se a análise dos resultados junto aos alunos do Centro
Universitário Municipal de São José referente às suas finanças pessoais.
O capítulo 5 refere-se às considerações finais do estudo, contemplando a impressão do
autor, as limitações encontradas e sugestões para trabalhos futuros.
13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo serão abordados os conceitos contábeis básicos e a aplicabilidade da
contabilidade na gestão financeira pessoal.
2.1 CONTABILIDADE E FINANÇAS PESSOAIS
Segundo Ferrari (2008, p. 1), a contabilidade estuda e pratica funções de orientação,
controle e registros com o objetivo de fornecer aos usuários demonstrações e análises
econômico-financeiras. Já Marion (2004, p. 15) afirma que a contabilidade pode ser feita para
pessoa física ou pessoa jurídica, sendo que a pessoa física é a pessoa natural, o ser humano.
Na prática, a contabilidade é mais utilizada pelas pessoas jurídicas, mas os conceitos básicos
da contabilidade podem ser usados, em certos casos, também para pessoas físicas.
Tem como objeto o patrimônio da entidade e como objetivo controlar e planejar de
maneira que possa informar a situação patrimonial em determinado momento, suas variações
e a natureza das operações que o afetaram (FERRARI, 2008 p. 1). Portanto, entre as
finalidades da contabilidade estão o controle e o planejamento.
O planejamento significa escolher antecipadamente uma alternativa dentre outras
possíveis, para controlar o futuro. Assim, não bastaria apenas planejar, faz-se necessário
também controlar o planejamento, para saber se o resultado do plano foi atingido com
sucesso.
De acordo com Ferreira (2008, p. 13), o patrimônio é o conjunto de bens, direitos e
obrigações de uma pessoa, física ou jurídica, que possam ser avaliados em dinheiro. Os bens
são as coisas que satisfazem as necessidades humanas, ou seja, é aquilo que possui utilidade.
Aqueles valores a receber ou a recuperar de terceiros são os direitos, portanto, é aquilo que,
por direito, o indivíduo deverá receber futuramente. Logo, os bens e direitos compõem a parte
positiva do patrimônio, denominada de ativo. As obrigações são representadas por contas a
pagar ou a compensar de terceiros, compondo a parte negativa do patrimônio.
Os conceitos e técnicas contábeis podem ser utilizados, segundo Oliveira (2012):
Para análise, comparação e tomada de decisões durante toda a vida financeira de
uma pessoa. Permite uma organização da vida financeira, através de análises, podendo buscar a melhor alternativa na utilização de recursos. Possibilita a qualquer
14
pessoa entender e relacionar seus bens e direitos com suas obrigações, usando a
contabilidade para poupar e manter uma evolução do patrimônio.
Além disso, torna-se importante garantir o futuro financeiro pessoal sem contar com a
sorte ou com a empresa em que se trabalha. Para isto, faz-se necessário conciliar os
conhecimentos contábeis, para que se possa quantificar, analisar e equilibrar seus ativos,
passivos e seu patrimônio líquido. Com a utilização correta das demonstrações e realizada
uma análise minuciosa, pode-se garantir a sobrevivência financeira e, além disso, atingir
metas futuras.
As finanças pessoais estudam a aplicação de conceitos financeiros e empresariais nas
decisões financeiras de uma pessoa ou de uma família (COMPARCIDA, 2015, p. 12).
Utilizam-se, portanto, de práticas e métodos contábeis aplicáveis ao comportamento
financeiro pessoal. Ainda segundo Comparcida (2015, p. 12), “em finanças pessoais são
considerados todas as características da família e os diversos eventos financeiros que esta
atravessa, bem como a sua fase de vida, de modo a proporcionar um planejamento financeiro
adequado às suas necessidades e prioridades”.
Pires (2007, p. 13 apud SANTOS, 2012 p. 20) descreve que o objetivo das finanças
pessoais são o “estudo e análise das condições de financiamento das aquisições de bens e
serviços que levam à satisfação das necessidades e desejos individuais”. Sendo assim,
observa-se que o planejamento das finanças pessoais está alocado a necessidade de satisfazer
os desejos de consumo de cada indivíduo. Portanto, faz-se necessário “estabelecer e seguir
uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a acumulação de bens e valores que irão
formar o patrimônio de uma pessoa ou de uma família” (FRANKENBERG, 1999, p. 31).
Nesse contexto, as finanças pessoais têm como principal objetivo:
Ajudar as famílias a fazer um uso adequado do seu dinheiro, permitindo a satisfação
das necessidades da família de acordo com as suas prioridades. A capacidade de
analisar a melhor alocação do dinheiro no tempo é um dos principais instrumentos
de sucesso de qualquer cidadão. A maneira responsável e profissional em lidar com os recursos financeiros permite o equilíbrio no orçamento e o atingimento de metas:
de curto, médio e longo prazo. (COMPARCIDA, 2015, p. 13).
Geralmente, as pessoas físicas empregadas ganham salários significativos, mas usam
todo o dinheiro para pagar suas despesas, como ilustra figura a seguir (KIYOSAKI;
LECHTER, 2001, p. 50):
15
Figura 1: Padrão do fluxo de caixa Fonte: adaptada, Kiyosaki e Lechter, 2001, p. 50.
Ainda segundo o autor, quando essas pessoas começam a ganhar um pouco mais de
dinheiro são gerados mais passivos. Pode-se constatar que a maioria das pessoas que possuem
esse hábito tem condições financeiras para realizar seus objetivos pessoais, aplicando um
planejamento e controle financeiro.
Portanto, para alcançar os objetivos individuais faz-se necessário um controle das
finanças pessoais, visto que por meio do planejamento financeiro torna-se possível
compreender os recursos adquiridos e utilizados, bem como serão investidos e gastos.
2.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Devido aos fatores históricos, muitas pessoas continuam agindo como se ainda
estivéssemos na era da inflação constante, sem dar o devido valor ao seu dinheiro
(FRANKENBERG, 1999, p. 33). Assim, precisa-se mudar a mentalidade desses indivíduos
para que os mesmos consigam realizar um bom controle orçamentário. Aqueles que são
Demonstração
do Resultado
Balancete
Renda
Despesa
Ativo Passivo
Emprego
16
desorganizados com suas finanças pessoais dificilmente terão um bom rendimento
econômico, sendo alvo de elevados endividamentos e dependendo de seu trabalho para pagar
seus passivos, evitando expor-se a riscos que possam causar a perda do salário que recebem
mensalmente. Devido a esses fatores, pode-se entender a relevância do planejamento, pois ele
possibilita assumir o controle das finanças, escolhendo o melhor caminho.
O planejamento financeiro tem como objetivo estabelecer uma estratégia para
acumulação de bens e valores possibilitando a formação do patrimônio de uma pessoa,
alcançando o principal objetivo que é a tranquilidade e segurança financeira (SILVA, 2007, p.
19). Macedo (2010, p. 26) define planejamento financeiro como “o processo de gerenciar seu
dinheiro com o objetivo de atingir a satisfação pessoal”, permitindo alcançar as necessidades
e os objetivos no decorrer da vida. Logo, para alcançar os objetivos propostos por cada
indivíduo é indispensável o uso de um bom planejamento financeiro.
Deve-se assegurar que o indivíduo gaste de acordo com suas possibilidades, ou seja,
gastar menos do que ganha. O problema encontra-se nos recursos contraídos de terceiros o
que deve estar devidamente controlado de acordo com a capacidade financeira do indivíduo.
Portanto, sem o planejamento adequado não é possível ter este controle em mãos, por isso a
necessidade de ter os gastos controlados.
Macedo (2010, p. 27) explica que “o planejamento deve funcionar como um mapa de
navegação para a vida financeira. Mostra onde você está, onde quer chegar e que caminhos
percorrer para ser bem-sucedido”. Dessa forma, para iniciar um planejamento devem-se fazer
alguns questionamentos básicos, como demonstra o quadro a seguir:
INICIANDO UM PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
Definir o Objetivo: Qual o seu objetivo?
Tempo necessário: Quando você quer alcançá-lo?
Recursos adequados: Quanto você precisa para alcançá-lo?
Estratégia: Como você pode atingir esse objetivo?
Quadro 1: Como iniciar um planejamento financeiro pessoal.
Fonte: Rocha, 2014
Alguns passos são significativos para a realização de um planejamento, conforme
quadro a seguir:
17
1) Determine sua situação
financeira atual:
Faça um levantamento de tudo o que tem e
coloque na ponta do lápis suas receitas e
despesas mensais. Utilize algumas
ferramentas financeiras.
2) Defina sua situação financeira
atual:
É necessário traçar metas concretas. Os
objetivos realistas têm cinco características
básicas: são atingíveis; específicos;
mensuráveis; previsíveis; e priorizados.
Analise o que está ao seu alcance e escolha o
que gostaria de realizar primeiro. Defina suas
metas a curto, médio e longo prazos.
3) Crie metas de curto prazo para
cada objetivo:
Definidos os objetivos, pense no que deverá
fazer para atingi-los e em como incluí-los em
seu orçamento mensal.
4) Avalie a melhor forma de
atingir suas metas:
Inclua pequenas ações em seu dia a dia que,
juntas, encurtem o longo caminho para
alcançar o objetivo. Pessoas que economizam
dinheiro utilizam basicamente três
estratégicas: fazer regularmente um
orçamento; reservar mensalmente uma
quantia fixa para investimentos; criar uma
falsa noção de escassez.
5) Coloque em prática seu
plano de ação:
Ter um plano de ação exige que você tome
atitudes. Então, faça seu plano funcionar.
Quanto mais cedo começar a se preparar,
mais fácil será o caminho.
6) Revise as estratégias: O planejamento financeiro é um processo
dinâmico, por isso é necessário rever
regularmente suas decisões e recomeçar.
Quadro 2: Realização do planejamento financeiro Fonte: elaborado pela autora, com base em Macedo, 2010, p. 28-58.
Caso o indivíduo não queira realizar um planejamento financeiro minucioso ou não
tenha um objetivo específico, pode-se utilizar algumas dicas para ajudar na mudança do
comportamento financeiro, conforme tabela a seguir:
18
COMPORTAMENTO FINANCEIRO
1) Acompanhe as suas receitas e despesas.
Com o auxílio do fluxo de caixa devem-se
acompanhar no mínimo mensalmente as
receitas e despesas.
2) Compare os preços antes de comprar
produtos.
Utilize sites de busca ou aplicativos de
celular que facilitarão a busca por preços
menores.
3) Compre somente o que precisar. Faça uma lista e tome as decisões em casa,
evite comprar o que não estiver na lista.
4) Tente pagar à vista quando tiver desconto.
Quando tiver desconto é sempre vantajoso
pagar à vista. Na dúvida entre comprar à vista
ou a prazo, observe sempre a taxa de juros e a
taxa de atratividade. Se a taxa de juros for
maior que a taxa de atratividade é mais
vantajoso comprar à vista
5) Utilize o cartão de crédito apenas quando for
benéfico.
Os benefícios encontrados no cartão de
crédito são: as milhas, que dão a
oportunidade de fazer viagens futuras;
desconto à vista ou parcelamento maior sem
juros; locais que dão direito a descontos em
shows, cinemas, etc. Verifique se todos os
benefícios compensam a anualidade do
cartão.
6) Faça metas para alcançar o objetivo. Faz um planejamento básico, segui-lo e
verificar periodicamente como ele está indo.
7) Seja realista na hora de traçar os objetivos.
Considere que você terá menos rendimentos
que o esperado e mais gastos, assim você terá
uma posição segura e realista.
8) Analise mensalmente os objetivos.
Quando fizer um planejamento financeiro
para um prazo muito longo, não se esqueça
de fazer metas de curto prazo. Assim, as
metas de 20 anos podem ser transformadas
em metas de 10 anos.
9) Viva de acordo com o seu padrão de vida. Tenha paciência. Evite endividar-se a
qualquer custo.
10) Busque informações sobre investimentos.
Busque informações sobre como investir. A
sua educação financeira é algo essencial para
você ter um futuro financeiro próspero.
Quadro 3: Comportamento financeiro. Fonte: Rocha, 2014
Por intermédio destas dicas pode-se manter um planejamento adequado, lembrando
que precisa-se manter as informações adaptadas ao tempo, modificando-as quando necessário.
Destacam-se estas dicas mesmo não possuindo um objetivo específico, pois elas são
essenciais para qualquer situação. Devem ser implantadas para manter um rendimento
familiar próspero e acessível.
19
2.3 EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Conforme afirma Macedo (2007 apud GESSER, 2007, p. 13), a educação financeira
visa fornecer o conhecimento dos conceitos relacionados com a política monetária, mercado
financeiro e a utilização de técnicas e ferramentas contábeis e administrativas que
possibilitam as pessoas a obterem estabilidade e sucesso financeiro ao longo da vida.
Portanto, a educação financeira tem um papel fundamental para a formação do
comportamento financeiro, visto que muitos fatores externos podem influenciar na má
formação desse comportamento. Esses fatores são relatados por Frankenberg (1999, p. 35),
onde afirma que a educação recebida dos pais ou responsáveis, as experiências financeiras e o
meio em que vivemos podem influenciar na maneira de encarar o dinheiro.
Pode-se dizer que a educação financeira consiste no conhecimento necessário para
gerenciar corretamente as finanças pessoais e administrá-las, ou seja, ter a capacidade de
gerenciar seu ativo e passivo, tomando decisões essenciais quanto ao uso de seu patrimônio,
pensando nas consequências futuras.
Destaca-se o valor da educação financeira, que facilita ao indivíduo compreender e
analisar os dados coletados e transformá-los em informações que servirão para tomar
decisões, de acordo com seus respectivos objetivos, garantindo a saúde financeira e um futuro
equilibrado nas finanças pessoais (LIZOTE; SIMAS; LANA, 2012, p. 7). Para estarmos aptos
a enfrentar novas situações devemos reformular nossos princípios e dessa forma
aumentaremos as chances de alcançar a independência financeira, como destaca Frankenberg
(1999, p. 39). Quando o indivíduo tem estes conhecimentos e há aplicabilidade deles, a
consequência disto é uma melhor qualidade de vida, já que o indivíduo tem total controle de
seus planos e alcança por mérito seus objetivos de vida.
Segundo Massaro (2014, p. 5), pode-se afirmar que os benefícios da educação
financeira são: “viver com menos preocupação e mais qualidade de vida; ter autonomia em
nossas decisões; poder planejar o nosso futuro e de nossa família; e ter prazer em consumir
produtos e serviços”. Logo, aqueles que são educados financeiramente tem maior facilidade
para ingerir seus próprios recursos de forma mais eficiente, tomam decisões em um momento
mais adequado, planejam melhor a vida financeira de sua família e consomem produtos e
serviços sem ter a sensação de gastar o dinheiro que não tinham.
20
2.4 A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE EM FINANÇAS PESSOAIS
Na década de 80 o Brasil vivia uma forte crise econômica, marcada pela crise cambial
da economia brasileira e pela aceleração inflacionária, conforme afirma Gremaud (1996, p.
123 apud SANTOS, 2012, p. 21). Esta época de inflação influenciou negativamente o
comportamento financeiro dos brasileiros, deixando sérias consequências, que ainda
persistem. Guardar dinheiro ou investir posteriormente numa caderneta de poupança tornou-se
uma atitude esquecida no passado, como relata Macedo (2010, p. 35). Não se estimulava a
necessidade de se ter um planejador financeiro e, além disso, havia dificuldades em se
planejar, já que aconteciam grandes oscilações nos preços todos os dias.
Dessa forma, os hábitos brasileiros relacionados ao planejamento financeiro não
mudaram. Atualmente, a maioria dos indivíduos não costumam registra seus gastos e suas
receitas e também não avaliam sua situação financeira antes de adquirir um bem, conforme
constatou uma pesquisa nacional publicada no jornal Estado de São Paulo (2014). As
consequências disso é que indivíduos não conseguem pagar suas dívidas, além de não
conseguirem atingir seus objetivos pessoais. O risco deste hábito é aumentar seu
endividamento, ficando cada vez mais difícil sair desta situação.
Segundo Macedo (2010, p. 39), os fatores históricos, como a falta de educação
financeira no Brasil, anos de inflação, desinformação e erros cometidos por sucessivos
governos do passado, resultaram em conceitos financeiros errôneos, absorvidos pela
população. Ainda segundo o autor, sugere-se reformular os conceitos adquiridos para estar
aptos a enfrentar novos tempos, além de aumentar as chances de alcançar a independência
financeira. Gallagher (2008, p. 4) afirma que “em nada adianta ter dinheiro se não sabemos
desfrutá-lo”. O autor ainda explica que “enquanto há indivíduos que só sabem guardar
dinheiro, outros vivem completamente fora da realidade de suas posses, gastando muito mais
do que seu orçamento permite”. Tendo a consciência de que usar suas finanças sem qualquer
controle e conhecimento delas trarão sérios prejuízos futuramente e, principalmente, mudar os
hábitos antigos é o primeiro passo para a implementação do planejamento financeiro pessoal.
Contudo, o uso das ferramentas contábeis pode auxiliar o indivíduo a realizar suas
convicções pessoais, visto que, por meio de um controle e planejamento financeiro, esse
indivíduo terá significativas possibilidades de alcançá-las.
21
2.5 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UTILIZADAS NA GESTÃO PESSOAL
As demonstrações contábeis, conforme Ferrari (2008, p. 4), são relatórios monetários
que informam as principais movimentações financeiras, realizados por empresas ou entidades
sem fins lucrativos. O objetivo dessas demonstrações “é o de proporcionar informação acerca
da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja
útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas.”
(RIBEIRO; COELHO, 2013, p. 401). Portanto, para as pessoas físicas essa prática é útil, pois
demonstra a posição financeira atual, obtendo informações dos ativos (como caixa, imóveis,
carros, joias, etc.) e dos passivos (contas a pagar, como aluguel, luz, água, etc.).
Para o gerenciamento das finanças pessoais, a utilização das demonstrações contábeis
torna-se eficientes, além de colaborar para o planejamento e para a tomada de decisão. Dessa
forma, não precisa estar plenamente de acordo com as normas contábeis, podendo fornecer
informações claras, objetivas e de fácil entendimento, de acordo com cada pessoa.
2.5.1 Balanço Patrimonial
Ferreira (2008, p. 353) conceitua balanço patrimonial sendo uma representação da
situação patrimonial, financeira e econômica do patrimônio, onde registra o valor dos bens,
direitos e obrigações, dividido em ativo e passivo, cujos totais são iguais. O principal
objetivo, segundo Ferrari (2008, p. 429) é “evidenciar o patrimônio de uma entidade em dado
momento”. Realizando-se um balanço patrimonial para pessoa física é possível compreender
quantitativamente os bens e direitos a receber e as obrigações a pagar, resultando-se no
patrimônio que realmente o indivíduo possui, diminuindo-se os ativos (bens e direitos) dos
passivos (obrigações).
Segundo Frankenberg (1999, p. 73), cada pessoa, casal ou família terá em seu balanço
dados diferentes, podendo ser simples e outros complexos. Ainda conforme o autor, se o
balanço for elaborado no primeiro dia de um mês qualquer, será necessário lançar no ativo
tudo o que foi recebido até o último dia do mês anterior; e no passivo, aquilo que ainda não
tenha sido pago até a mesma data.
O balanço patrimonial é dividido em ativo, passivo e patrimônio. O ativo,
representado pela coluna esquerda do quadro a seguir, compreende os bens e direitos, capazes
de gerar benefícios econômicos futuros. O passivo, representado pela coluna da direita do
quadro a seguir, compreende as origens de recursos representados pelas obrigações para com
terceiros. E o patrimônio líquido, representado logo após o passivo no quadro a seguir,
22
compreende os próprios recursos da entidade, representado pela diferença entre o total do
ativo e do passivo. Pode-se fazer um balanço patrimonial seguindo o quadro a seguir:
ATIVOS PASSIVOS
Bens R$ Dívidas R$
Dinheiro vivo R$ Empréstimo imobiliário R$
Conta-Corrente R$ Financiamento de carro R$
Caderneta de poupança R$ Dívidas em lojas R$
Fundos de investimentos R$ Cartão de crédito R$
Planos de previdências R$ Cheques especiais R$
TOTAL DO PASSIVO
Veículos R$ Patrimônio Líquido R$
Casa própria R$ O quanto eu tenho de fato R$
Sítio R$ (Ativos - Passivos) R$
Outros imóveis R$
TOTAL
Quadro 4: Balanço patrimonial para pessoa física Fonte: Macedo, 2010, p. 31
Os ativos são divididos em circulante, quando se espera que seja realizado ou mantido
dentro dos 12 meses seguintes à data do balanço, ou seja, aquilo que se tem disponível no
momento, e não circulante, contendo ativo realizável em longo prazo, investimentos,
imobilizados e intangíveis. O passivo também é dividido em circulante e não circulante, onde
deverá conter o exigível em longo prazo.
Portanto, para uma pessoa física, o ativo circulante seria composto pelo dinheiro
disponível em mãos e contas a receber, enquanto que no ativo não circulante conteriam os
investimentos e imobilizados. No passivo circulante estariam às contas a pagar, já no não
circulante, seria composto pelos financiamentos e empréstimos. O patrimônio líquido será a
diferença do ativo e passivo.
2.5.2 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE
Para Marion (1998, p.86), “no final do exercício social a contabilidade confronta
receita versus despesas para apurar o resultado do período: lucro ou prejuízo. O resultado
acresce no caso de lucro ou reduz no caso de prejuízo, o patrimônio líquido”.
23
A DRE por ser um relatório separado e um resumo ordenado de toda receita e despesa,
oferece uma análise mais objetiva das contas de resultados, facilitando na tomada de decisão.
A Demonstração do Resultado do Exercício pode ser feita da seguinte forma:
Quadro 5: Apresentação simplificada da DRE. Fonte: adaptada de Silva, 2007, p. 22.
Para pessoas físicas, as receitas correspondem aos salários recebidos mensalmente,
ganhos de capital, rendimentos de aplicações financeiras, aluguéis recebidos, pró-labore,
vendas de qualquer mercadoria, prestação de serviços, etc. As despesas são os pagamentos e
obrigações do indivíduo: alimentação, vestuários, lazer, transporte, água, energia elétrica,
impostos, telefone, internet, etc. Essa demonstração é uma forma simplificada de
compreender se a pessoa ou família obtiveram saldo positivo ou negativo no final do mês.
2.5.3 Demonstração do Fluxo de Caixa
A Demonstração de Fluxo de Caixa registra a origem de todo o recuso financeiro que
entrou no caixa, bem como a aplicação de todo o dinheiro que saiu do caixa em determinando
período, obtendo, portanto, o resultado do fluxo financeiro (MARION, 1998, p. 380).
Desse modo, o fluxo de caixa registra as operações ocorridas em determinado período.
Além disso, é possível prever as entradas e as saídas e, consequentemente, utilizá-las para
fazer um planejamento financeiro. Ainda segundo Marion (1998, p. 380), a demonstração do
fluxo de caixa é um relatório de grande utilidade interna na entidade.
Na demonstração de fluxo de caixa são apresentados os recebimentos e pagamentos
efetuados em um determinado período, e ainda o resultado do fluxo financeiro, sendo um
controle das entradas e saídas de dinheiro do patrimônio pessoal.
O fluxo de caixa é uma demonstração simples de ser elaborada, composta apenas pelas
receitas e despesas do indivíduo. Pode ser elaborado da seguinte forma:
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Receita Líquida
Salários R$
(-) Despesas
Contas a pagar R$
(=) Resultado Positivo ou Negativo
24
FLUXO DE CAIXA JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Saldo inicial
ENTRADAS
Salário
13º Salário
1/3 Férias
Total da Entrada
SAÍDAS
Habitação
Saúde
Transporte
Outras
Educação
Gasolina
Lazer
Outros
Total da Saída
Variação do Caixa (Entradas - Saídas)
Saldo final (Saldo inicial + Variação do
Caixa)
Quadro 6: Apresentação simplificada do Fluxo de Caixa Fonte: adaptada de Silva, 2007, p. 23.
O saldo inicial do fluxo de caixa consiste no valor que sobra no final do mês anterior.
As entradas são representadas pelos bens e obrigações, aquilo que é recebido pela pessoa
física, seja em forma de salário ou pagamentos de terceiros a receber. Nas saídas estão as
despesas do indivíduo, sendo as fixas aquelas recebidas todos os meses e as variáveis, aquelas
que não ocorrem todos os meses. Na variação de caixa realiza-se o confronto entre receitas e
despesas. Esta variação pode ser negativa, desde que o saldo inicial seja maior que a variação
de caixa, ficando assim, positivo.
Kiyosaki e Lechter (2001, p. 241) afirmam que não adianta ter mais dinheiro para
solucionar os problemas se o problema for à administração do fluxo de caixa. Ou seja, é
preciso saber administrar o fluxo de caixa para resolver problemas financeiros e garantir
tranquilidade financeira.
2.6 ORÇAMENTO FAMILIAR
Macedo (2010, p. 34) conceitua orçamento familiar como um “plano de gastos e
poupança”. Segundo o autor, organizar as contas mostra a real dimensão da saúde financeira e
dos hábitos de consumo do indivíduo. Por meio do orçamento torna-se possível saber, por
exemplo, quanto é gasto com alimentação e com lazer. Isso pode auxiliá-lo na gestão das
25
despesas, podendo cortar desperdícios ou diminuir gastos que não são essenciais para o
indivíduo.
Para Peixe, Lehnhard e Harres (2000, p. 73) o orçamento familiar consiste no
apontamento das receitas e despesas previstas pela família, devendo ser estruturado de forma
a abranger todos os tipos de gastos e aquisições financeiras do período para que se está
planejando. Conforme os autores sugerem a aplicação de uma Contabilidade Orçamentária
Familiar, na qual seria um tipo de auditoria do orçamento, ou seja, uma supervisão mais
detalhada do processo orçamentário. Dessa forma seriam notados os detalhes que faltam no
orçamento da família, tornando esse um controle mais confiável.
Para criar um eficiente orçamento, podem-se notar as seguintes considerações:
a) Moldar o orçamento de modo que ele se torne viável e realista, para que realmente
funcione na prática.
b) Estimar com cautela os dados de entrada e saída de recursos financeiros, para
eventuais imprevistos ou gastos adicionais.
c) Adotar hábitos simples que evitem gastos desnecessários e evitar gastos com itens
supérfluos. Isso possibilita alocação do dinheiro para: prevenção de problemas com
gastos inesperados; aplicação em investimentos financeiros; aquisição de itens de maior
necessidade no momento; entre outras.
d) Em ambientes onde há filhos na família é importante estimular a participação deles
nas decisões do orçamento doméstico e educá-los para que saibam lidar com o dinheiro.
e) É ideal que se guarde todos os documentos relacionados às finanças pessoais,
preferencialmente de forma ordenada.
f) Após projetar o orçamento familiar e estabelecer métodos de controle é necessário
que haja uma revisão do que foi feito, para se dedicar as despesas que exigem maior
esforço mensal para serem pagas e analisar se é possível fazer uma redução nas
despesas ou adquirir mais recursos mensais.
Quadro 7: Iniciando um orçamento familiar Fonte: elaborado pela autora, baseado em Wohlemberg, Braum e Rojo, 2011, p.139
Depois de realizar o orçamento, busca-se às ocorrências com gastos e receitas. O
acompanhamento desse orçamento é fundamental para o seu funcionamento, pois qualquer
erro ou falta de dados pode prejudicar na exatidão das informações, além de prejudicar o
planejamento financeiro. Em relação à previsão de receitas e gastos, define-se uma regra
constantemente utilizada nas empresas: prever para menos as receitas e para mais os gastos.
26
Para facilitar a realização desse orçamento, cada indivíduo poderá discriminar as
receitas e despesas de duas formas:
a) As despesas que ocorrem todo mês (fixas) e as despesas eventuais (variáveis),
conforme o modelo abaixo:
ORÇAMENTO FAMILIAR POR DESPESAS FIXAS E VARIÁVEIS
Receitas Mês Investimentos Mês
Salários R$........... Poupança R$...........
Aluguéis R$........... Fundos R$...........
Pensão R$........... LCI R$...........
13º salário R$........... Tesouro Direto R$...........
Férias R$........... CDB R$...........
Total R$........... Total R$...........
Despesas fixas Mês Despesas variáveis Mês
Aluguel e condomínio R$........... Médico e dentista R$...........
Plano de saúde R$........... Despesas com carro (mecânico,
seguro, IPVA) R$...........
Escola/Faculdade R$........... Manutenção da Casa R$...........
Total R$........... Total R$...........
Despesas Extras
(aquelas que acontecem todos os meses,
mas podemos tentar reduzir)
Mês
Despesas Adicionais
(aquelas que não precisam
acontecer todos os meses)
Mês
Contas de consumo (mecânico, seguro,
IPVA) R$........... Lazer (cinema, teatro) R$...........
Transporte público ou combustível R$........... Restaurantes R$...........
Remédios R$........... Viagens R$...........
Supermercado R$........... Roupas e calçados R$...........
Total R$........... Total R$...........
SALDO TOTAL TOTAL DO MÊS
Receitas R$...........
Investimentos R$...........
Despesas fixas R$...........
Despesas variáveis R$...........
Despesas extras R$...........
Despesas adicionais R$...........
Total R$...........
Quadro 8: Orçamento familiar por despesas fixas e variáveis Fonte: Caixa Econômica Federal, 2014.
b) Ou, se preferir, dividir os gastos por categorias, como moradia, alimentação,
transportes, saúde, educação, lazer/informação e gastos futuros (MACEDO, 2010, p.
34), de acordo com modelo a seguir:
27
ORÇAMENTO FAMILIAR POR CATEGORIAS
RECEITAS
Salários R$..................................
Receitas extraordinárias R$..................................
Subtotal R$..................................
DESPESAS
MORADIA
Aluguel/impostos R$..................................
Condomínio/prestação da casa R$..................................
Conta de luz/água/gás R$..................................
Telefone R$..................................
Consertos/manutenção R$..................................
ALIMENTAÇÃO
Supermercado R$..................................
Feira/sacolão R$..................................
TRANSPORTE
Prestação do carro/seguro R$..................................
Combustível/estacionamento R$..................................
Impostos R$..................................
Ônibus/metrô/trem R$..................................
SAÚDE
Plano de saúde R$..................................
Médicos/dentistas R$..................................
Farmácia R$..................................
EDUCAÇÃO
Mensalidades escolares R$..................................
Cursos extras - idioma/computação R$..................................
LAZER/INFORMAÇÃO
Academia/programas culturais R$..................................
Jornais/revistas R$..................................
TV por assinatura/internet R$..................................
OUTROS GASTOS
Vestuário R$..................................
Cuidados pessoais R$..................................
RESERVA PARA GASTOS FUTUROS
Impostos R$..................................
Escala R$..................................
Viagem R$..................................
Subtotal R$..................................
SALDO (Receita total - Despesas total) R$..................................
Quadro 9: Orçamento familiar por categoria Fonte: Macedo, 2010, p. 35.
Após detalhar o orçamento e calcular a diferença entre receitas e despesas analisa-se
em qual situação a família se encontra, podendo ser, como afirma Macedo (2010, p. 37):
receitas maiores que despesas, receitas iguais a despesas, e receitas menores que despesas.
28
Conforme Hoji (2009 apud WOHLEMBERG; BRAUM; ROJO, 2011, p. 139) a
família poderá se beneficiar com a aplicação do orçamento e seu controle, pois seguindo
etapas de onde se pretende chegar e de como se almeja alcançar, poderá planejar suas metas e
traçar seus objetivos. Logo, a importância do planejamento do orçamento familiar e
consequentemente do seu controle não se resume em apenas garantir que não irá faltar
dinheiro para pagar as contas no fim do mês, mas também que a família/indivíduo consiga
aplicar os seus recursos financeiros de maneira eficiente e eficaz para adquirir estabilidade
financeira e realizar os planos pessoais de maneira realista e possível.
2.7 INVESTIMENTO
Os investimentos são aplicações de recursos em ativos com objetivo de gerar algum
tipo de retorno financeiro para o investidor, isto é, o proprietário dos recursos (SILVA, 2007,
p. 41). São diferentes da poupança, pois poupar significa, segundo Gallagher (2008, p. 17),
deixar de gastar para juntar para o futuro, ou seja, ao investir são gerados novos recursos
como retorno das aplicações e ao poupar está evitando-se o seu consumo.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), em seu Guia de Orientação e Defesa
do Consumidor, diz que quando você investe, há risco maior de perder o seu
dinheiro do que quando você poupa. Mas, ao mesmo tempo, você tem a oportunidade de ganhar mais. (apud GALLAGHER, 2008, p. 17, grifo do autor).
Macedo (2010, p. 62) também difere os conceitos afirmando que “poupar é guardar
dinheiro, investir é fazer o dinheiro poupado render”. Logo, surgem inseguranças ao pensar
em investir, optando-se por uma aplicação mais segura, com rentabilidade baixa em curto
prazo. Porém, Kiyosaki e Lechter (2001, p. 251) afirmam que os negócios e investimentos
não são arriscados, como acreditam algumas pessoas. Para eles, “ser mal informado é
arriscado e acreditar num „trabalho seguro‟ é o maior risco que se pode assumir”. Por isso
pode-se definir diferentes perfis de investidores, conforme demonstrado no quadro a seguir:
29
O poupador: geralmente as pessoas que começam poupando são mais conscientes,
podendo evoluir para investidores. Segundo o autor, mais importante do que a quantidade
poupada é a ideia de colocar periodicamente certa importância de lado e de não gastar tudo
o que se ganha;
O investidor: são aquelas pessoas que não se contentam com a passividade de uma
caderneta de poupança. Normalmente, o investimento deve dar um rendimento maior que a
poupança, mas isso nem sempre acontece.
O jogador: prefere investimentos de maior risco, porque não se satisfaz com o rendimento
normal.
O especulador: semelhante ao jogador, mas é mais do tipo negociante, que enxerga uma
oportunidade de comprar algo por um preço baixo, por exemplo.
Quadro 10: Perfil do investidor Fonte: adaptado de Frankenberg, 1999, p. 89
Serão apresentadas a seguir três modalidades de investimentos: (1) mercado
empresarial; (2) mercado imobiliário; e (3) mercado financeiro (GALLAGHER, 2008, p. 18).
2.7.1 Mercado empresarial
No mercado empresarial, o empreendedor busca montar seu negócio baseando-se
naquilo que idealiza, tornando-o realidade. O empreendedor é o indivíduo que cria uma
empresa, que compra uma empresa e introduz inovações ou o empregado que introduz
inovações em uma organização. (DOLABELA, 2008, p. 23).
Gallagher (2008, p. 19) afirma que é preciso montar algo que lhe dê prazer, mas
também que torne seu negócio rentável. Além disso, Dolabela (2008, p. 23) aponta que “se
uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor é visto como algo positivo terá
motivação para criar seu próprio negócio”.
Caso o indivíduo deseje criar uma empresa é necessário que se estruture um Plano de
Negócios no qual irá abordar as metas do negócio, os planos de marketing e vendas, projeções
financeiras e os riscos do negócio (GALLAGHER, 2008, p. 20). É indispensável a dedicação
integral do indivíduo para refletir sobre o negócio e analisar o mercado onde estará inserido.
Segundo Dolabela (2008, p. 76), o Plano de Negócios pode auxiliar na descrição do negócio,
podendo evidenciar se o empreendimento tem potencial de sucesso, se existem obstáculos
jurídicos ou legais intransponíveis, se os riscos são incontroláveis ou se a rentabilidade é
aleatória ou insuficiente para garantir a sobrevivência do negócio.
30
Aqueles que desejam adquirir um negócio já em funcionamento será preciso atualizar-
se sobre negócios e adaptar-se aos cenários empresariais, como afirma Rose, Durante e
Melchor (2015, p. 1). Existem vantagens e desvantagens em comprar uma empresa ao invés
de montar um negócio novo. Ao comprar uma empresa as expectativas e sonhos do indivíduo
podem não ser totalmente atendidos, porém não haverá trabalho nem tempo para administrar a
construção do negócio (ROSE; DURANTE; MELCHOR, 2015, p. 2). Além disso, pode ser
necessária a adaptação do empreendedor ao negócio que foi adquirido. Ainda segundo os
autores, montar um negócio exigirá mais tempo e trabalho do indivíduo, mas poderá atender
as expectativas e a realização de um sonho.
Portanto, para realizar a aquisição de um negócio pretendido analisa-se o ramo da
atividade, os aspectos burocráticos, exigindo-se os documentos necessários para comprovar a
regularidade da empresa. Conforme Kiyosaki e Lechter (2000, p. 81), quanto melhor o
entendimento da contabilidade e da gestão do dinheiro melhor a análise de investimentos e,
por fim, a construção da própria empresa. Ou seja, ao utilizar-se das informações contábeis
para analisar os investimentos, melhor será a possibilidade de empreender.
2.7.2 Mercado imobiliário
No mercado imobiliário é possível investir de acordo com a economia atual do
mercado e, consequentemente, na valorização do imóvel. Por isso, é preciso estar atento às
oportunidades do ramo. Algumas pessoas gostam de investir em imóveis, pois se sentem
seguras. Todavia a flexibilidade é essencial para ter sucesso e, no tema “imóveis”, isso fica
difícil de aplicar, conforme explica Gallagher (2008, p. 25). Ainda segundo a autora, trata-se
de um mercado de baixa liquidez e de investimentos de alto vulto.
Kiyosaki e Lechter (2000, p. 100) explicam, em um trecho de seu livro, que a
economia pode influenciar consideravelmente na hora de investir em imóveis:
Era a melhor oportunidade para investir. A economia encontrava-se em má situação.
[...] Casas que valiam US$100 mil, estavam agora sendo oferecidas por US$75 mil.
Mas em vez de comprar na imobiliária local, comecei a comprar no escritório do advogado especializado em falências ou nos degraus do tribunal. Nesses lugares,
uma casa de US$75 mil podia ser adquirida por US$20 mil ou menos. Com US$2
mil que um amigo me emprestou por noventa dias e encargos de US$200, dei ao
advogado um cheque como entrada. Enquanto a aquisição estava sendo processada,
coloquei um anúncio no jornal oferecendo uma casa que valia US$75 mil por US$60
mil, sem entrada. [...] Em alguns minutos a casa estava vendida. Pedi ao comprador
US$2.500 como taxa de processamento, o que foi logo pago imediatamente, e
depois a transação passou às mãos da financeira. Devolvi a meu amigo os US$2 mil
com um adicional de US$200. [...] Vendi por US$60 mil uma casa que me custou
US$20 mil. Os US$40 mil foram criados com dinheiro que estava em minha coluna
de ativos na forma de uma promissória do comprador.
31
Contudo, investir em imóveis requer bastante cuidado e planejamento, precisando
analisar as oportunidades estabelecidas pela economia do mercado. Por se tratar de um
mercado sem liquidez, pode-se não obter o valor esperado no prazo desejado, representando
certa dificuldade de se transformar em dinheiro fácil (GALLAGHER, 2008, p. 26). Gallagher
(2008, p. 25) afirma ainda que é muito comum as pessoas investirem toda a sua poupança
num imóvel, mas deve-se ter muita cautela ao fazer esse tipo de investimento, pois não é
possível se desfazer dele com facilidade.
Portanto, existem diversas formas de investir em imóveis, sendo por meio da
economia atual, do planejamento tributário, da aquisição de cotas de fundos imobiliários, do
aluguel estabelecido, entre outros. Um exemplo, citado por Gallegher (2008, p. 26), é
participar de um fundo imobiliário, pois o investidor estará investindo em um grande bolo,
que pode ser um shopping, um hotel, um edifício comercial, enfim, qualquer negócio no
ramo, permitindo que o investidor utilize pouco dinheiro na hora de investir.
2.7.3 Mercado financeiro
O mercado financeiro difere-se do mercado imobiliário e do mercado empresarial por
ser muito dinâmico, requerendo acompanhamento mais frequente do que os demais
(GALLAGHER, 2008, p. 27). Pode-se definir mercado financeiro como um “sistema
composto por instrumentos financeiros responsáveis pela troca de recursos entre pessoas,
empresas e governos, equilibrando as necessidades de cada um.” (MACEDO, 2010, p. 109).
Normalmente, as pessoas que gostariam de investir no mercado financeiro se sentem
inseguras quanto à administração e regularidade do órgão investido. Porém, o governo faz o
papel regulador e fiscalizador por intermédio de algumas instituições, conforme quadro a
seguir:
32
Órgãos reguladores e fiscalizados do mercado
financeiro, segurador e do consumidor
Órgãos reguladores e fiscalizadores do mercado
segurador
Banco
Central do
Brasil (BC)
Algumas das suas funções podem ser resumidas em: zelar pela adequada
liquidez da economia; estimular a
formação de poupança em níveis
adequados às necessidades do Sistema
Financeiro Nacional; controlar a
emissão e circulação do dinheiro;
fiscalizar todas as instituições
financeiras do país, entre outras
(FRANKENBERG, 1999, p. 95).
Superintendência
de Seguros
Privados
(SUSEP)
Autarquia responsável pela execução da política traçada pelo Conselho
Nacional de Seguros Privados e pelo
cumprimento das normas
estabelecidas por parte dos
seguradores e corretores pessoas
jurídicas e independentes. Regula e
fiscaliza os planos de saúde e de
previdência privada (GALLAGHER,
2008, p. 30)
Comissão
de Valores
Mobiliários
(CMV)
Autarquia federal criada com o
objetivo de fiscalizar, regulamentar e
desenvolver o mercado de valores
mobiliários. Uma de suas principais
atribuições é proteger o pequeno
investidor, de modo a garantir o
cumprimento da legislação que
disciplina as diversas modalidades de
investimentos (GALLAGHER, 2008, p. 30).
Secretaria de
Previdência
Complementar
(SPC)
Órgão executivo responsável pelo
controle e fiscalização dos planos e
benefícios de previdência
complementar e das atividades das
entidades de previdência privada
fechada (GALLAGHER, 2008, p.
30)
Quadro 11: Órgãos reguladores e fiscalizadores do mercado Fonte: elaborado pela autora, 2015.
Além disso, existem diversas instituições financeiras que operam legalmente no Brasil
e que são responsáveis por auxiliar na administração das aplicações e investimentos das
finanças pessoais (FRANKENBERG, 1999, p. 94). As principais instituições são: bancos
públicos federais, bancos públicos estaduais, bancos comerciais e múltiplos privados, bancos
de investimentos, cooperativas de créditos, entidades de previdência privada complementar,
abertas e fechadas, companhias seguradoras, entre outras.
Os investimentos realizados no mercado financeiro geralmente são divididos em:
renda fixa e renda variável. Segundo Macedo (2010, p. 109), as rendas fixas referem-se a
títulos emitidos pelo governo ou por uma empresa e as rendas variáveis são as ações.
Analisando o esquema a seguir, é possível observar a diferença entre estes dois conceitos:
33
Figura 2: Renda fixa e variável Fonte: Macedo Jr, 2010, p. 110.
Existem várias formas de investimentos em nosso país. Serão apresentadas algumas
opções de investimentos que podem ser utilizadas pelas pessoas físicas, são elas: produtos de
renda fixa: caderneta de poupança e tesouro direto; produtos de renda variável: ações e
previdência privada.
2.7.3.1 Produtos de renda fixa
Para Frankenberg (1999, p. 135), “essa modalidade de aplicação é muito difundida em
nosso país e contempla especialmente aplicações e investidores com pouco capital ou que se
consideram conservadores e não desejam correr muito risco”. Por meio desses produtos
possibilita-se determinar sua rentabilidade no momento da contratação do produto, como
afirma Gallagher (2008, p. 45). Por esse fato, os produtos de renda fixa são considerados de
menor risco do que os produtos de renda variável.
Esse tipo de investimento funciona da seguinte forma: o indivíduo empresta
dinheiro ao emissor do título, que em troca paga juros positivos até a data de vencimento
desse empréstimo, quando ocorre o resgate do título.
Para o investidor, segundo Frankenberg (1999, p. 137):
O importante é conhecer a estratégia do fundo em que vai colocar seu dinheiro e
concordar com ela. [...] O investidor deve estar ciente que existe também a retenção de imposto de renda na fonte, que pode variar de 10% a 20% sobre o ganho bruto
alcançado. Conhecer o ganho líquido, após o desconto do imposto de renda e
compará-lo à taxa de inflação do período é o segredo para saber se você lucrou
efetivamente ou não.
Portanto, é preciso ter cautela na hora de investir, procurando saber informações a
respeito do fundo que será utilizado e fazendo comparações entre as opções disponíveis, para
saber qual deverá ser investido.
Se você
investe
em...
Renda Fixa
Renda Variável
Empresta dinheiro
Recebe juros
Compra ações de
uma empresa
Recebe lucros
34
A seguir serão apresentados dois tipos de produtos de renda fixa:
a) Caderneta de poupança
Caderneta de poupança é a mais tradicional forma de investimentos de recursos em
renda fixa. Segundo Macedo (2010 p. 114), “a caderneta de poupança sempre foi um
instrumento simples e seguro”. Por ter uma aplicação com maior liquidez, segurança,
simplicidade e rentabilidade, que as demais categorias, faz com que esta aplicação seja a mais
procurada no país. Segundo Frankenberg (1999, p. 141), uma das vantagens desse produto
que pode servir como um incentivo para todas as classes socioeconômicas é o fato de não
incidir imposto de renda sobre a caderneta de poupança.
Frankenberg (1999, p. 141) afirma que os principais atributos da caderneta de
poupança são a liquidez, pois permite ao aplicador fazer o resgate total ou parcial, perdendo o
rendimento do mês já iniciado apenas da quantia retirada e a renda, onde a principal forma de
remuneração são os juros. A caderneta de poupança é indicada para as pessoas que não tem
acesso à internet e às informações referentes a outras opções mais rentáveis de investimento,
além de ser um aliado em momentos de imprevistos financeiros (MACEDO, 2010, p. 114).
Dessa forma, os poupadores que decidem usar esse recurso para investir geralmente são os
que têm menos informações e disposição para buscar outras formas de investir.
b) Tesouro direto
Segundo Macedo (2010, p. 115), “o Tesouro Direto é um programa de venda de títulos
públicos a pessoas físicas via Internet, desenvolvido pelo Tesouro Nacional em parceria com
a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia”. Ainda segundo o autor, o governo passa a
ser seu devedor e se compromete a pagar o empréstimo mais juros decorrentes dele no resgate
do título. Caso o investidor desejar resgatar o investimento antes do prazo de vencimento, ele
pode vender os títulos de volta ao governo, que serão comprados por um valor de mercado,
podendo ser menor do que o contratado no início da operação (GALLAGHER, 2008, p. 56).
Os títulos públicos possuem algumas vantagens para pessoas físicas, conforme a
seguir:
35
Não oferecem limites mínimos de aplicações, assim com pouco dinheiro é possível
adquirir títulos de emissão do Tesouro Nacional.
A remuneração oferecida pelo governo deverá ser superior à oferecida pelo banco para
pequenos valores.
Normalmente oferece risco muito menor que um título de um banco, ou até mesmo que
uma caderneta de poupança.
Quadro 12: Vantagem dos títulos públicos para pessoas físicas Fonte: Frankenberg 1999, p. 57
Macedo (2010, p. 119) afirma que existem duas grandes categorias de títulos: os
prefixados, a taxa de juros é conhecida no momento da compra; e os pós-fixados, que depende
da rentabilidade da taxa básica de juros da economia (Selic) ou de uma taxa de inflação
futura.
Para os prefixados existem as LTN (Tesouro Prefixado) e as NTN-F (Tesouro
Prefixado com Juros Semestrais). Esses títulos possuem como principal característica
conhecer exatamente a rentabilidade que receberá até o vencimento (MACEDO, 2010, p.
120). Ainda segundo o autor, em épocas de inflação, pode ocorrer a perda de poder aquisitivo,
podendo obter rentabilidade inferior à prevista.
Nos pós-fixados existem as LFT (Tesouro Selic) e as NTN-B (Tesouro IPCA+ com
Juros Semestrais). Conforme Macedo (2010, p. 122), os pós-fixados são ideais para pessoas
que não querem correr riscos de flutuações na inflação ou na taxa de juros futura.
Além desses produtos, existem outros disponíveis em sítios, como o do Tesouro
Nacional e o do Banco do Brasil. Para investir em títulos públicos é necessário o
acompanhamento nas variações de preços e também no acompanhamento dos investimentos.
Destaca-se também a importância de estar atento na economia, podendo ser vantajosa tanto
para títulos prefixados (mais arrojados) quanto para títulos pós-fixados (mais conservadores).
2.7.3.2 Produtos de renda variável
De acordo a Receita Federal (2015), os produtos de renda variável são compostos de
ativos de renda variável cuja remuneração ou retorno de capital não pode ser dimensionado no
momento da aplicação. Logo, esses produtos não têm sua rentabilidade previamente
conhecida, como os produtos de renda fixa. Para Frankenberg (1999, p. 149), os fundos de
36
renda variável são uma espécie de cooperativa, para o qual um grupo de pessoas entra
aplicando individualmente certa importância, podendo os lucros ou prejuízo serem divididos
proporcionalmente entre os quotistas.
Para entender como funcionam os fundos de renda variável observa-se exemplo a
seguir:
Caso um investidor coloque R$ 5.000,00 num fundo de ações, cuja carteira é
constituída de 25 empresas, estará investindo R$ 200,00 em cada uma delas. Mesmo
que uma delas tenha sua falência decretada, o prejuízo não terá maiores
consequências para o investidor, que ainda poderá ter lucro com as outras 24 empresas restantes (FRANKENBERG, 1999, p. 149).
Sendo assim, há certa vantagem em investir em mais de uma empresa ao mesmo
tempo, diminuindo as chances de ter prejuízos futuros. Além disso, os fundos e seus
administradores contam com profissionais especializados em análises de balanços, em
avaliação das empresas que possam crescer, e outros especialistas que supervisionam os
mercados em geral, obtendo melhor resultado para seus aplicadores (FRANKENBERG, 1999,
p. 150).
A seguir serão apresentadas duas formas de investimentos em produtos de renda
variável.
a) Ações
Ações são pedaços de capital de uma determinada empresa, que poderá ter lucro e
dividi-lo com o investidor (dividendos e juros sobre o capital). Segundo Martins (2004, p.80)
“o possuidor de ações tem dois rendimentos advindos delas: os dividendos, representando a
parte do lucro que a empresa distribui aos seus acionistas, e o ganho com a elevação do preço
da ação.”.
Silva (2004, p. 83) afirma que investir em ações pode ser um investimento interessante
desde que você tenha consciência de que é o único responsável pelo desempenho de seus
investimentos. Com o avanço nas tecnologias, disponibilizando a internet como principal
meio de informação, entrar no mercado financeiro está mais fácil e basta ter interesse em
aprofundar os seus conhecimentos.
As corretoras e autoridades monetárias são responsáveis por organizar e fiscalizar as
transações de compra e venda de ações em mercado livre e aberto, conforme afirma Macedo
(2010, p. 138). Dessa forma, inicialmente torna-se cliente de uma corretora para comprar suas
37
ações, cada uma tem suas particularidades, por isso, segue algumas dicas, oferecidas por
Macedo, de como escolher uma corretora:
Solidez e segurança vêm em primeiro lugar: só aceite negociar com uma corretora
membro da Bovespa; Preste atenção nos custos cobrados: cada corretora tem seus
próprios custos, porém existem algumas que não cobram pela manutenção da conta.
Comodidade: escolher a corretora vinculada ao banco do qual você já é cliente,
pode trazer benefícios nas transações bancárias; Segregação: escolher a corretora
diferente de seu banco dificulta a retirada de dinheiro dos investimentos;
(MACEDO, 2010, p. 138).
Com o auxílio dos sítios disponibilizados pelas instituições financeiras fica mais fácil
para as pessoas físicas estudarem uma forma de investir suas finanças. Adicionalmente,
utilizar-se de informações contábeis para analisar se os investimentos serão rentáveis ou não.
b) Previdência privada
O plano de previdência privada, conforme afirma Silva (2007, p. 46):
É uma reserva financeira formada por depósitos mensais feitos pela pessoa e que
serão aplicados por uma instituição financeira, cujos rendimentos são incorporados
sobre o capital, para garantir a renda na aposentadoria, conforme o prazo escolhido
pela pessoa. Ao se aposentar tem se uma reserva, que poderá sacar de várias formas:
uma renda vitalícia, uma renda temporária ou um saque único.
O ideal para uma aposentadoria tranquila é possuir capital e/ou rendimento apropriado
para ter a livre escolha sobre se deseja ou não continuar trabalhando, segundo Frankenberg
(1999, p. 255). Para isso, deve-se planejar a aposentadoria com antecedência, ficando cada
vez mais complicado com o decorrer do tempo.
De acordo com Halfeld (2007, p. 107 apud SILVA, 2007, p. 47) existem dois tipos de
planos de previdência:
1. Benefício definido: O valor que você vai receber no futuro, é definido agora,
independentemente do resultado obtido pelo administrador da previdência. Representa
menos riscos para o contribuinte e mais riscos para o administrador;
2. Contribuição definida: O que é pago hoje é definido, o que se receberá no futuro não
está combinado, depende da competência do administrador em gerenciar bem sua
poupança.
Existem diversas formas possíveis que o cidadão pode adotar para criar uma renda
complementar, sendo algumas delas (FRANKENBERG, 1999, p. 259):
38
Adquirir determinadas apólices de seguro de vida [...]; obter renda de aluguéis de
imóveis residenciais ou comerciais; promover dividendos e lucros através de carteira
ou fundo de ações; trabalhar e obter pró-labore e lucros em participações societárias;
obter juros em títulos de renda fixa, obrigações, debêntures, fundos, etc.; obter
benefícios (aposentadoria ou pensão) da aposentadoria oficial do INSS; obter
benefícios da aposentadoria de entidades de previdência complementar fechada ou
aberta; manter atividade autônima de comércio, indústria ou prestação de serviços
pós-aposentadoria.
Dessa forma, a pessoa que deseja se aposentar com tranquilidade e com uma boa renda
complementar, precisa administrar suas futuras fontes de renda. Para isso, Frankenberg (1999,
p. 260) afirma que é preciso fazer uma escolha cuidadosa de uma ou mais entidades de
previdência com sólidas credenciais e tradição no mercado, podendo aumentar muito a
probabilidade de obter uma futura tranquilidade financeira.
39
3 METODOLOGIA
A pesquisa científica voltada para esclarecer situações, problemas ou novas
descobertas, utiliza-se de processo científicos, dependendo do campo de conhecimento
(SILVA; KARKOTLI, 2011, p. 9). Portanto, a metodologia atua de forma a estruturar a
pesquisa, ordenando-a e desenvolvendo procedimentos para a obtenção do seu
esclarecimento. Menezes e Villela (2006 apud SILVA; KARKOTLI, 2011, p. 9) afirma que
os pesquisadores necessitam de métodos e procedimentos adequados que passem confiança e
credibilidade tanto aos envolvidos quanto no resultado do trabalho. Dessa forma, a pesquisa
será classificada perante: a natureza; a abordagem do problema; dos objetivos e de acordo os
procedimentos técnicos.
O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa aplicada, pois objetiva gerar
conhecimentos para aplicação na prática dirigidos a solução de problemas específicos.
Appolinário (2004, p. 152 apud VILAÇA, 2000, p. 65) salienta que pesquisas aplicadas têm o
objetivo de “resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas”, por exemplo.
Em relação à forma de sua abordagem o estudo apresentou duas abordagens:
quantitativa e qualitativa. Para Rodrigues (2007, p. 5) a pesquisa quantitativa traduz em
números as opiniões e informações para serem classificadas e analisadas, além de utilizar-se
de técnicas estatísticas. Diante desta pesquisa, tornou-se possível descrever informações a
respeito da bibliografia existente sobre o assunto além de facilitar a compreensão do mesmo.
Contudo, a pesquisa buscou descrever fatos e fenômenos da realidade com enfoque
quantitativo, por meio de levantamento de dados por intermédio da aplicação de um
questionário.
Gerhardt e Silveira (2009, p. 31) afirmam que a pesquisa qualitativa preocupa-se com
aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e
explicação da dinâmica das relações sociais. As autoras ainda afirmam que o cientista é ao
mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. As análises dos dados conforme
percepções e conhecimento do pesquisador podem ser caracterizados como qualitativos.
Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser classificada como descritiva, pois visou
descrever as características de determinada população, apresentando um levantamento geral
realizado mediante questionário (SILVA; KARKOTLI, 2011, p. 11). Por meio de uma revisão
literária será possível aplicar uma pesquisa exploratória, cujo objetivo é de proporcionar
maior familiaridade ao problema.
40
Dentro dos tipos de pesquisa, o estudo de caso é o que melhor se adaptou ao problema
proposto, cujo objetivo é analisar profundamente uma unidade específica (GODOY, 1995, p.
25). Será realizada também uma revisão bibliográfica, citada por Silva e Karkotli (2011, p.
11), como sendo uma pesquisa desenvolvida por meio de materiais já elaborados, constituídos
de livros e artigos científicos.
Em resumo, o presente trabalho caracterizou-se do ponto de vista da sua natureza
como uma pesquisa aplicada, com abordagens qualitativa e quantitativa, do tipo pesquisa
descritiva e exploratória, com procedimentos técnicos de estudo de caso e pesquisa
bibliográfica.
3.1 COLETA DE DADOS
O método utilizado para o estudo de caso foi a aplicação de um questionário por meio
de um formulário eletrônico, contemplando os alunos do curso de Administração, Análise de
Desenvolvimento Tecnológico, Ciências Contábeis, Ciências da Religião e Pedagogia do
Centro Universitário Municipal de São José. O questionário foi aplicado no segundo semestre
do ano de 2015. Os cursos possuem 1.079 alunos matriculados, sendo 334 em Administração,
90 em Análise de Desenvolvimento Tecnológico, 353 em Ciências Contábeis, 60 em Ciências
da Religião e 242 em Pedagogia.
O questionário utilizado foi elaborado com base nas monografias e nos artigos dos
autores Braido (2014), Santos (2012), Wohlemberg, Braum e Rojo (2011) e Gesser (2007), e
com base em um formulário para análise do perfil do investidor (API).
O questionário formulado para a coleta de dados contém a identificação da instituição,
do pesquisador e a intenção de sua aplicação, além de garantir aos entrevistados o anonimato.
Foram realizadas 19 perguntas, sendo divididas em 3 (três) categorias: em relação aos gastos e
despesas, aos controles e registros e aos investimentos. Antes da aplicação do questionário,
para que a interpretação das questões fosse a melhor possível, foi realizado um pré-teste entre
10 (dez) acadêmicos e se efetuou algumas alterações com base nas sugestões propostas.
No Apêndice A encontra-se o questionário formulado durante a elaboração deste
trabalho.
41
3.2 ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados consiste em categorizar os resultados obtidos durante o processo
de aplicação da pesquisa, com o objetivo de compará-los e interpretá-los para que possibilite o
fornecimento das respostas ao problema proposto. De acordo com Teixeira (2003, p. 191), a
análise de dados é o processo de formação de sentido além dos dados, e esta formação se dá
consolidando, limitando e interpretando o que as pessoas disseram e o que o pesquisador viu e
leu, isto é, o processo de formação de significado.
Os dados quantitativos foram categorizados e elaborados em gráficos, conforme
resultados obtidos. As análises dos dados qualitativos foram feitas com base nas percepções e
no conhecimento do pesquisador, obtido por meio da observação direta e da revisão
bibliográfica acerca dos temas estudados.
3.3 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA
O presente trabalho delimitou-se a estudar o comportamento e conhecimento dos
alunos matriculados no Centro Universitário Municipal de São José acerca dos temas
relacionados às finanças pessoais. A aplicação do questionário iniciou-se em 14 de setembro
de 2015 e encerrou-se em 9 de outubro de 2015. Por ser uma amostragem por conveniência e
não estatística impossibilita-se fazer generalizações, limitando-se as considerações aos
respondentes.
42
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A pesquisa sobre finanças pessoais buscou relacionar a teoria estudada e apresentada
com a prática e conhecimento dos acadêmicos. Este estudo foi realizado com 216 alunos que
fizeram parte da amostra, da população de alunos do Centro Universitário Municipal de São
José (USJ). A pesquisa foi realizada por meio de um formulário eletrônico, enviado para os
coordenadores dos respectivos cursos do USJ, no período de 14 de setembro de 2015 a 9 de
outubro de 2015.
Dessa forma, neste capítulo apresentam-se os resultados e análise da pesquisa, sendo
divididos em: perfil do acadêmico, análise dos fatores relacionados aos gastos e despesa, aos
controles e registros e aos investimentos.
4.1 PERFIL DO ACADÊMICO
Inicialmente foram realizadas seis perguntas destinadas a conhecer as características
dos acadêmicos, tais como: gênero, idade, curso, período atual na graduação, renda mensal
individual e se possui dependentes.
No que se refere ao gênero dos acadêmicos, identifica-se a predominância do sexo
feminino, conforme gráfico a seguir:
Gráfico 1: Gênero Fonte: elaborado pela autora.
27%
73%
Masculino
Feminino
43
Observa-se que mais da metade dos acadêmicos respondentes, cerca de 73%, são do
sexo feminino contra 27% do sexo masculino. O ingresso nos cursos de graduação tem sido
majoritariamente feminino nos últimos anos. Conforme dados divulgados pelo Censo do
Ensino Superior (2011, 2012, 2013), 55,8% dos ingressantes em 2011, 54,6% dos
ingressantes em 2012 e 54,7% dos ingressantes em 2013 foram do sexo feminino.
Em relação à faixa etária tem-se o predomínio de acadêmicos mais jovens, sendo a
minoria com idade superior aos 41 anos, como se pode analisar no gráfico a seguir:
Gráfico 2: Idade Fonte: elaborado pela autora.
A faixa etária coletada pela pesquisa demonstra o cenário comum entre os acadêmicos,
cerca de 52% são jovens entre 20 e 25 anos, 19% possuem idade entre 26 e 30 anos e 10% são
menores de 20 anos. Os ingressantes com idades entre 18 e 24 anos têm sido os mais
frequentes nos últimos anos. Por isso, quanto mais cedo o indivíduo dominar os assuntos
relacionados às finanças pessoais, melhor será para formação de seu comportamento
financeiro. De acordo com Lizote, Simas e Lana (2012, p.37) a educação financeira facilita ao
indivíduo compreender e analisar os dados coletados e transformá-los em informações que
servirão para tomar decisões, garantindo um futuro equilibrado nas finanças pessoais. Em
relação ao investimento de risco, as pessoas mais jovens terão mais tempo de recuperá-lo,
diferentemente de uma pessoa com mais idade que deverá ter maior cautela com os negócios
(FRANKENBERG, 1999 p. 61). Entre os entrevistados, 9% dos respondentes possuem entre
31 e 35 anos, 5% possuem 36 a 40 anos e 5% possuem acima de 41 anos. Os adultos
normalmente tiveram influências de fatores externos que prejudicam a formação de seu
10%
52%
19%
9%5% 5%
Menos de 20
anos
20 a 25 anos 26 a 30 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos Acima de 41
anos
44
comportamento financeiro, contudo, o aprendizado no meio acadêmico pode auxiliar na
mudança desse hábito.
Quanto ao curso da amostra foram alcançados maior volume de respostas dos alunos
de Administração, Ciências Contábeis e Pedagogia, apresentados de acordo com o gráfico:
Gráfico 3: Curso Fonte: elaborado pela autora.
Nota-se que a pesquisa obteve mais respostas dos cursos de Ciências Contábeis (57%)
e de Administração (25%). Esses cursos de graduação são os que fornecem, em sua grade
curricular, temas relacionados com as finanças pessoais. Dessa forma, afirma-se que 82% dos
entrevistados possuem algum contato com o tema abordado. Os acadêmicos de Pedagogia
(16%) e de Ciências da Religião (2%) possuem apenas influência do meio acadêmico em
relação aos temas. Os alunos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas não responderam o
questionário.
No que se refere ao período atual na graduação, a maioria dos respondentes, cerca de
24%, estão no oitavo semestre de seus respectivos cursos, como mostra o gráfico:
Administração
25%
Ciências
Contábeis
57%
Ciências da
Religião
2%
Pedagogia
16%
45
Gráfico 4: Período atual na graduação Fonte: elaborado pela autora.
Os respondentes do sexto período representam 15% do total e 13% estão no quarto,
quinto e sétimo semestre mutuamente. No terceiro semestre encontram-se 11% dos
acadêmicos e 12% estão no primeiro e segundo semestre reciprocamente. Observa-se uma
tendência de aumento dos respondentes com a proximidade do término do curso.
Quanto à renda mensal individual dos acadêmicos prevalecem aqueles que recebem
até dois salários mínimos (48%), conforme as seguintes respostas:
Gráfico 5: Renda mensal individual. Fonte: elaborado pela autora.
Considerando o salário mínimo atual de R$ 788,00, percebe-se que 48% dos
entrevistados recebem até dois salários mínimos; 36% recebem até quatro salários mínimos;
9% não possuem renda mensal individual e nenhum dos respondentes recebem mais do que
6% 6%
11%13% 13%
15%
13%
24%
1º
semestre
2º
semestre
3º
semestre
4º
semestre
5º
semestre
6º
semestre
7º
semestre
8º
semestre
9%
48%
36%
7%
Não possui Até dois salários
mínimos
De dois até quatro
salários mínimos
De quatro até dez
salários mínimos
46
dez salários mínimos. Portanto, afirma-se que a maioria dos respondentes recebem R$
1.576,00 individualmente.
No que se refere aos dependentes pode-se perceber que a maioria dos alunos não
possui filhos ou parentes que dependem de sua renda mensal, conforme gráfico a seguir:
Gráfico 6: Dependentes Fonte: elaborado pela autora.
Dos acadêmicos participantes 83% não possuem dependentes; 13% possuem um
dependente; 3% possuem dois dependentes e 1% possui três dependentes. De certa forma, os
alunos que não possuem dependentes têm mais facilidade em administrar suas finanças de
acordo com seu planejamento. Diferentemente dos alunos com dependentes, pois eles
precisam tentar aproximar ao máximo os objetivos dos outros membros da família.
4.2 GASTOS E DESPESAS
Durante a pesquisa foram realizadas perguntas relacionadas aos gastos e despesas com
o intuito de analisar o comportamento dos alunos, visto também a possibilidade de realizar
um planejamento financeiro. Na primeira questão buscou-se verificar o comportamento dos
alunos em relação aos seus gastos. Percebe-se que as respostas se equilibraram entre dois
tipos de comportamentos: aqueles que gastam menos do que recebem (40%) e aqueles que
gastam igual ao que recebem (39%).
83%13%
3%
1%
Não possui
Possui um dependente
Possui dois dependentes
Possui três dependentes
47
Gráfico 7: Comportamento com os gastos 1 Fonte: elaborado pela autora.
Portanto, 39% dos acadêmicos costumam gastar no limite de suas possibilidades,
correndo o risco de serem alvos de elevados endividamentos, como acontece com pessoas que
começam a possuir dividas superiores a seus gastos. Essas pessoas, segundo Macedo (2010, p.
27), deixarão de ter crédito e ficarão impossibilitadas de consumir. Isso poderá ocorrer com
19% dos alunos que afirmam possuir gastos acima da sua capacidade financeira. Porém, 40%
dos alunos costumam gastar menos do que recebem, sendo mais organizados com suas
finanças pessoais e somente 2% afirmam que não possuem gastos atualmente.
A segunda questão buscou identificar a porcentagem da renda dos alunos que está
comprometida com prestações e/ou obrigações:
Gráfico 8: Comportamento com os gastos 2 Fonte: elaborada pela autora.
40% 39%
19%
2%
Gasto menos do que
recebo
Gasto igual ao que
recebo
Gasto mais do que
recebo
Não possuo gastos
Em relação aos seus gastos, você diria que:
14%
30%
34%
19%
3%
de 0% a 24% de 25% a 50% de 51% a 75% de 76% a 100% acima de 100%
Quanto da sua renda está comprometida com prestações/obrigações?
48
Nota-se que a maior parte dos acadêmicos (34%) afirmam que mais da metade de sua
renda está comprometida com prestações e obrigações; 19% possuem comprometimento de
quase toda a renda; e 3% buscam outras formas de cumprir com suas obrigações ou atrasam o
pagamento delas. Esse tipo de comportamento com os gastos dificultam o uso de recursos
para outros compromissos, como educação, lazer ou investimentos. Conforme Macedo (2011,
p. 39), aqueles que protelam o pagamento de suas obrigações costumam torná-las cada vez
mais caras, podendo agregar um novo tipo de despesas: os juros. A segunda maior parte dos
acadêmicos (30%) compromete sua renda entre 25% e 50% e apenas 14% dos respondentes
não costumam gastar mais do que 24% de sua renda. Apesar de não existir nenhum nível ideal
de dívidas, deve-se fazer a manutenção dos passivos, equilibrando-os entre o capital próprio e
capital de terceiros.
A terceira questão se refere ao acesso ao crédito em que os respondentes mais
utilizam, conforme gráfico:
Gráfico 9: Acesso ao crédito Fonte: elaborado pela autora.
Observa-se que 34% não utilizam nenhum tipo de acesso ao crédito e 36% utilizam o
cartão de crédito ou o limite do cheque especial. Em seguida, 23% dos respondentes procuram
o crediário no comércio e/ou cartão de lojas e 5% preferem o empréstimo em financeiras,
empréstimo pessoal e/ou empréstimo em bancos. Alguns acadêmicos utilizam mais de uma
das alternativas, sendo que 11% utilizam cartão de crédito e/ou limite do cheque especial e
crediário no comércio e/ou cartão de lojas. Percebe-se que as pessoas que utilizam o crédito
36% 34%
23%
5%2%
Rotativo do cartão de crédito e/ou
limite do cheque
especial
Nenhum Crediário no comércio e/ou
cartão de lojas
Empréstimo em financeiras,
empréstimo
pessoal e/ou
empréstimo em bancos
Outros
Em relação ao acesso ao crédito, qual você utiliza?
49
de terceiros estão mais propícias a pagar “mais caro”. De acordo com Macedo (2010, p. 39) a
falta de planejamento de finanças adequado é a principal razão do pagamento de juros, que
são decorrentes do descontrole de cartões de crédito e de cheques pré-datados. Porém,
destacam-se os acadêmicos que não utilizam nenhum tipo de acesso ao crédito, pois evitam
pagar juros altos.
A quarta questão se refere ao comportamento dos acadêmicos com as compras, como
demonstra o gráfico:
Gráfico 10: Comportamento com as compras Fonte: elaborado pela autora.
Dos respondentes, 36% afirmam que compram somente quando tem necessidade, 24%
costumam gastar a mesma quantia que planejou e 23% costumam comprar o produto que está
na promoção. Esse tipo de comportamento financeiro demonstra que o indivíduo possui
hábitos que poderão ajudá-lo a atender suas necessidades e alcançar seus objetivos. Logo,
aqueles que costumam ter esse comportamento terão mais facilidade em seguir com seu
planejamento financeiro. Apenas 9% dos alunos responderam que fazem compras de produtos
que não precisam ou que já têm e 3% afirmam que costumam comprar coisas ou contratar
serviços sem ter condições de arcar com eles financeiramente. Alguns alunos assinalaram
duas alternativas e a maioria deles (11%) afirma que compram somente quando tem
necessidade e costumam comprar quando o produto está na promoção. Dos alunos que
assinalaram três alternativas 8% costumam gastar a mesma quantia que planejou, compram
somente quando tem necessidade e costumam comprar quando o produto está na promoção.
36%
24% 23%
9%4% 3%
Compra somente quando
tem necessidade
Costuma gastar a mesma
quantia que
planejou
Costuma comprar quando
o produto está
na promoção
Faz compras de produtos que
não precisa ou
que já tem
Nenhuma das alternativas
Compra coisas ou contrata
serviços sem ter
condições de
arcar com eles financeiramente
Em relação ao seu comportamento com as compras:
50
Esses resultados demonstram que os acadêmicos do USJ possuem um comportamento
financeiro adequado para manter um planejamento próspero e acessível.
4.3 CONTROLE E REGISTROS
Neste tópico serão analisados os aspectos relacionados ao controle e registro dos
acadêmicos, podendo evidenciar o conhecimento dos acadêmicos acerca dos temas tratados e
de que forma os alunos utilizam as ferramentas contábeis. Por intermédio da primeira questão
investigou-se a forma como os alunos costumam controlar seus gastos, conforme gráfico:
Gráfico 11: Controle dos gastos Fonte: elaborado pela autora.
Os acadêmicos que costumam fazer anotações do que recebem e do que gastam
representam a maioria dos respondentes (48%). Os que utilizam planilhas ou demonstrações
contábeis representam 34% dos respondentes e 15% dizem que controlam seus gastos por
meio de faturas e notas fiscais. Dessa forma, percebe-se que os alunos do Centro Universitário
Municipal de São José utilizam algumas ferramentas contábeis ou outros métodos para avaliar
seus gastos. Alguns alunos costumam controlá-los de duas formas: anotam o que recebem e o
que gastam e utilizam planilhas ou demonstrações contábeis (7%). Outros alunos preferem
controlá-los por meio de anotações, faturas, notas fiscais e planilhas ou demonstrações
contábeis (4%). Porém 18% dos alunos afirmam que não costumam registrar seus gastos,
podendo acarretar no descontrole financeiro.
48%
34%
18%15%
Faço anotações do
que recebo e do que
gasto
Utilizo planilhas ou
demonstrações
contábeis
Não costumo
registrar meus gastos
Controlo por meio
de faturas e notas
ficais
Como você controla seus gastos?
51
Buscou-se identificar na segunda questão a forma como os acadêmicos costumam
fazer seu planejamento financeiro:
Gráfico 12: Planejamento financeiro Fonte: elaborado pela autora.
Observou-se que a maioria dos acadêmicos (43%) afirmam que realizam o
planejamento financeiro considerando as receitas, despesas e ainda provisionam as sobras.
Dos respondentes, 31% consideram apenas suas receitas e despesas e 14% consideram apenas
as despesas. Percebe-se que a maioria dos alunos procura fazer um planejamento financeiro,
que, segundo Frankenberg (1999, p. 31), significa estabelecer e seguir uma estratégia precisa,
deliberada e dirigida para acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma
pessoa ou família. Logo, aqueles que utilizam um planejamento financeiro possivelmente
terão mais chances de alcançar seus objetivos pessoais. Aumentam as chances quando o
indivíduo começa a investir as sobras que foram provisionadas. Somente 12% dos alunos
responderam que não costumam fazer seu planejamento financeiro.
Na terceira questão buscou-se verificar quais ferramentas financeiras os acadêmicos
utilizam e constatou-se que 40% dos acadêmicos não utilizam nenhuma das ferramentas
citadas na pesquisa, conforme gráfico:
43%
31%
14%12%
Faço considerando
receitas, despesas e
provisionando sobras
Faço considerando
receitas e despesas
Faço considerando
somente as despesas
Nunca faço
Como você faz seu planejamento financeiro?
52
Gráfico 13: Ferramentas financeiras 1 Fonte: elaborado pela autora.
De acordo com os respondentes, 33% utilizam o orçamento familiar e 24% utilizam o
fluxo de caixa para auxiliar na gestão de suas finanças pessoais. O orçamento familiar
costuma abranger as receitas e despesas dos membros da família e o fluxo de caixa registra os
recebimentos e pagamentos ocorridos em determinado período. Apenas 3% dos alunos
utilizam outras demonstrações como balanço patrimonial ou demonstração do resultado do
exercício. O balanço patrimonial compreende quantitativamente os bens que geram renda, os
bens que não geram renda, as dívidas e o que realmente o indivíduo tem de fato e a DRE
evidencia no final de cada mês o lucro ou prejuízo, confrontando receitas e despesas. Alguns
acadêmicos afirmam que utilizam duas ferramentas como o fluxo de caixa e o orçamento
familiar (5%); outros afirmam que além dessas duas utilizam o balanço patrimonial ou a
demonstração do resultado do exercício (1%). Ao comparar os resultados obtidos, percebe-se
que 60% dos respondentes utilizam as ferramentas contábeis citadas na pesquisa e apenas
40% dos alunos não costumam utilizá-las.
Com o intuito de identificar com que frequência os acadêmicos utilizam essas
demonstrações foi obtido as seguintes respostas:
40%
33%
24%
2% 1%
Nenhuma das
alternativas
Orçamento
Familiar
Fluxo de Caixa Demonstração
do Resultado do
Exercício
Balanço
Patrimonial
Quais das ferramentas financeiras a seguir você utiliza?
53
Gráfico 14: Ferramentas financeiras 2 Fonte: elaborado pela autora.
Nota-se que 43% dos acadêmicos afirmam que utilizam mensalmente as ferramentas
financeiras e 17% dizem que utilizam diariamente. Cerca de 27% dizem que nunca utilizaram,
mas gostariam de utilizá-las; 8% dos alunos já utilizaram e apenas 5% afirmam que nunca
utilizaram e não tem interesse em utilizar essas ferramentas financeiras para registrar suas
receitas e seus gastos. Percebe-se que ao utilizar as ferramentas diariamente ou mensalmente
o aluno possui a real dimensão de sua saúde financeira e quais são seus hábitos de consumo,
segundo Macedo (2010, p. 34). Destaca-se também o interesse dos alunos em utilizar essas
ferramentas, pois entendem que elas podem auxiliar no controle e na percepção de suas
finanças.
A última questão busca investigar a forma como os acadêmicos utilizam os registros
de compras e despesas, sejam por meio de ferramentas financeiras ou por meio de anotações
ou planilhas:
43%
27%
17%
8%5%
Utilizo
mensalmente
Nunca utilizei,
mas gostaria de
utilizar
Utilizo
diariamente
Já utilizei Nunca utilizei e
não tenho
interesse em
utilizar
Com que frequência você utiliza as ferramentas financeiras para
registrar suas receitas e seus gastos?
54
Gráfico 15: Análise dos registros financeiros Fonte: elaborado pela autora.
Segundo os respondentes, 50% costumam analisar o orçamento para saber onde está
sendo gasto o dinheiro e para controlar e planejar melhor suas despesas futuras e 16% não
costumam planejar as despesas futuras, porém analisam o orçamento e costumam controlá-lo.
Alguns acadêmicos (22%) costumam anotar no início do mês suas despesas, sem realizar
nenhum controle ao logo do mês e outros (13%) não têm o hábito de fazer nenhum tipo de
controle dos seus gastos. É possível perceber que ao implementar o orçamento a maioria dos
acadêmicos utilizam-no de forma eficiente. Portanto, para construir a independência
financeira, segundo Macedo (2010, p. 57), é preciso criar o hábito de poupar e não
desperdiçar o dinheiro.
4.4 INVESTIMENTOS
As próximas perguntas foram realizadas com a intenção de investigar se os
acadêmicos dos cursos do USJ possuem investimentos, de que forma costumam investir e se
aplicariam seus recursos em investimentos.
Buscou-se verificar na primeira questão se os alunos possuem algum tipo de
investimento atualmente:
50%
22%16%
13%
Analiso o orçamento
para saber onde está
sendo gasto o
dinheiro e para
controlar e planejar
melhor despesas
futuras
Anoto no início do
mês quais serão as
despesas, mas não
realizo nenhum
controle ao longo do
mês
Analiso o orçamento
para saber onde está
sendo gasto o
dinheiro e para
controlar as despesas,
mas não faço o
planejamento de
despesas futuras
Não costumo fazer
nenhum tipo de
controle de gastos
De que forma você utiliza os registros de compras, gastos e despesas?
55
Gráfico 16: Investimentos 1 Fonte: elaborado pela autora.
Segundo a pesquisa, 59% dos acadêmicos não possuem nenhum tipo de investimento
contra 41% que possuem. Nota-se que a maioria dos alunos não costuma investir, porém para
obter outras fontes de renda é preciso desenvolver o hábito de poupar e de investir. De acordo
com a resposta, o respondente era direcionado a uma pergunta diferente. Para aqueles que
possuem investimentos foi realizado a seguinte pergunta:
Gráfico 17: Tipos de investimentos Fonte: elaborado pela autora.
Percebe-se que entre os acadêmicos, a caderneta de poupança (47%) é a mais
tradicional forma de investimento. Por ser um instrumento simples e seguro faz com que esta
aplicação seja a mais procurada. Em segundo lugar vem os imóveis (25%) como fonte de
Não
59%
Sim
41%
Possui algum investimento?
47%
25%
11% 10%4% 2%
Poupança Imóveis Previdência Outros Negócio
próprio
Ações
Quais investimentos a seguir você possui?
56
investimento dos acadêmicos. Por se sentirem mais seguras tendo um imóvel, algumas
pessoas preferem investir no mercado imobiliário. Nesse ramo é preciso ser flexível e estar
preparado para as oportunidades estabelecidas no mercado. Alguns acadêmicos possuem dois
tipos de investimento, sendo os mais assinalados: poupança e imóveis (9%) e poupança e
previdência (6%). Investir em previdência privada é a forma de garantir uma renda na
aposentadoria, portanto é um investimento de longo prazo. Outros possuem três tipos de
investimento (14%), sendo os principais: poupança, imóveis e previdência (3%), poupança,
negócio próprio e imóveis (2%) e poupança, negócio próprio e previdência (2%). Ao adquirir
um negócio próprio é necessário investir em algo que o indivíduo se identifique e que seja
rentável. No entanto, uma empresa requer principalmente dedicação integral e análise de
mercado. Destaca-se que a maioria dos respondentes costuma investir sua renda em poupança
ou possuem duas formas de investimento. Segundo Macedo (2010, p. 88) é recomendável
acompanhar o desempenho dos ativos e estar bem informado sobre os assuntos de economia e
política que possam afetar seu investimento. Portanto, devem estar atendo as influências que
seu investimento pode sofrer e procurar a melhor opção para ele.
Para aqueles entrevistados que afirmam não possuir nenhum tipo de investimento,
conforme gráfico 16, perguntou-se:
Gráfico 18: Investimentos 2 Fonte: elaborado pela autora.
Destaca-se que 76% dos respondentes não possuem fundos suficientes para fazer
investimentos. Normalmente, as pessoas não costumam possuir fundos, porque consomem
todo seu rendimento com despesas correntes e não possuem ativos que geram renda
76%
13%7% 3%
Não possui fundos
suficientes para
fazer investimentos
Tem receio Desconhece o
assunto
Outros
Em relação ao investimento, você diria que:
57
(MACEDO, 2010, p 42). Consequentemente, não desenvolvem o hábito de poupar e
costumam adquirir ativos que geram novas despesas. No entanto, o planejamento financeiro
pode contribuir para que o indivíduo consiga cortar gastos e desperdícios e desenvolver o
hábito de poupar. Do restante, 13% tem receio de fazer qualquer tipo de investimento e 7%
desconhecem o assunto. Conforme afirma Macedo (2010, p. 82), “normalmente surge alguma
insegurança sempre que alguém pensa em começar a investir e isso acontece pela falta de
conhecimento em relação ao assunto”. Os 3% deram outros motivos como: “analisando as
opções”, “aguardando uma boa oportunidade para investir” e “pretendo fazer em um futuro
próximo”.
Caso os acadêmicos fossem aplicar sua renda em algum investimento, a maioria deles
(48%) investiria menos de 25%, conforme gráfico:
Gráfico 19: Percentual do total de recursos que seriam investidos Fonte: elaborado pela autora.
Verifica-se que o perfil de risco de 48% dos acadêmicos é classificado como "o
poupador", segundo Frankenberg (1999, p. 89), pois são mais conservadores e procuram não
gastar tudo o que ganham e, segundo Gallagher (2008, p. 15) esse perfil é classificado como
"conservador", pois são aqueles que não gostam de correr riscos, dando a preferência à
preservação do capital. Entre o restante dos acadêmicos, 42% estariam dispostos a investir
entre 25% a 50% do total de seus recursos e esse perfil é classificado como "o investidor", por
Frankenberg (1999, p. 89), pois necessitam de um rendimento maior que o da poupança e
como "moderado", por Gallagher (2008, p. 15), pois aceitam correr algum risco. Apenas 3%
investiram mais da metade dos seus rendimentos sendo, conforme Frankenberg (1999, p.89),
um perfil de “o jogador”, pois preferem investimentos de maior risco e “agressivo”, conforme
48%42%
3% 7%
Menos de 25% Entre 25% e 50% Entre 50% e 75% Não aplicaria
Qual percentual do total dos seus recursos você aplicaria em
investimentos?
58
Gallagher (2008, p. 15), pois acreditam que o risco é importante para se ter um retorno acima
da média. Dos respondentes, apenas 6% não aplicariam seus recursos em investimentos.
Buscou-se responder também qual seria a estimativa de permanência do investimento:
Gráfico 20: Estimativa de permanência do investimento Fonte: elaborado pela autora.
A maioria dos acadêmicos (46%) estaria disposta a aguardar o retorno do seu
investimento de um ano até três anos. Logo, estariam dispostos a correr algum risco e
aguardariam um prazo maior para recuperar seu investimento. Entre os respondentes, 22%
esperariam de três a seis anos e 18% esperariam por um prazo superior a dez anos. Esses
alunos estão dispostos a assegurar seu investimento por um longo prazo, tendo a
probabilidade de ganhos elevados. Apenas 9% dos respondentes não esperariam menos de um
ano e 6% não pretendem investir.
O principal objetivo do investimento de 74% dos alunos seria para utilizá-lo na
compra de um carro ou de uma casa própria, por exemplo, conforme gráfico:
9%
46%
22%18%
6%
Menos de 1 ano De 1 ano a 3
anos
De 3 anos a 6
anos
Superior a 10
anos
Não investiria
Qual seria a estimativa de permanência do seu investimento, caso
fosse investir?
59
Gráfico 21: Objetivo do investimento Fonte: elaborado pela autora.
Dos respondentes, 14% preferem investir com o objetivo de preservar o patrimônio
sem arriscar; 8% arriscariam um pouco da sua renda para obter uma rentabilidade maior do
que proporcionadas pelos investimentos mais tradições e 2% arriscariam de forma a obter um
substancial ganho de capital, aceitando prejuízos na mesma proporção. Segundo Macedo
(2010, p. 46) os objetivos devem ser: atingíveis, específicos, mensuráveis, previsíveis e
priorizados. Além disso, precisam estar de acordo com os valores pessoais, proporcionar
melhoria na qualidade de vida e permitir obter tranquilidade financeira.
4.5 SÍNTESE DOS RESULTADOS
Ao identificar os resultados obtidos, percebe-se que a maioria dos acadêmicos é do
sexo feminino, possuem idades entre 20 e 25 anos, estudam Ciências Contábeis, estão no
oitavo semestre, recebem até dois salários mínimos e não possuem filhos ou dependentes.
Em relação aos seus gastos e despesas os resultados ficaram divididos entre: os que
costumam gastar menos do que recebem e os que gastam no limite de suas possibilidades.
Essas formas de comportamento evidenciam que alguns acadêmicos costumam ser
organizados com suas finanças e outros passam a correr riscos de serem alvos de elevados
endividamentos. Ao comprometer sua renda com obrigações, a maior parte dos alunos
74%
14%8%
2% 2%
Poupar afim de
utilização futura
(compra de carro,
casa própria,
faculdade do
filho, viagem)
Preservar o
patrimônio sem
precisar arriscar
Arriscar um
pouco para obter
uma rentabilidade
maior que as
proporcionadas
pelos
investimentos
mais tradicionais
Arriscar, de
forma que se
obtenha um
substancial ganho
de capital, mas
aceitando
prejuízos na
mesma proporção
Outros
Qual seria o principal objetivo do seu investimento financeiro?
60
costuma comprometer mais da metade de sua renda, podendo dificultar o uso de recursos com
outros compromissos. A maioria dos respondentes afirma que não utilizam nenhum tipo de
acesso ao crédito e costumam comprar somente quando tem necessidade.
Em relação ao controle e registro de seus gastos, os acadêmicos que costumam fazer
anotações do que recebem e do que gastam representam a maioria dos respondentes.
Costumam fazer o planejamento considerando as receitas, despesas e provisionando sobras,
tendo chances de alcançar seus objetivos pessoais, principalmente se começarem a investir as
sobras provisionadas. Percebe-se também que a maior parte dos alunos utiliza algumas das
ferramentas contábeis, sendo as mais utilizadas: o orçamento familiar e o fluxo de caixa.
Costumam utilizá-las mensalmente e analisam o orçamento para saber onde está sendo gasto o
dinheiro e para controlar e planejar melhor suas despesas futuras, o que evidencia a forma
eficiente com que utilizam as ferramentas.
Por fim, em relação aos investimentos, a maioria dos alunos não possui investimentos
e um dos principais motivos é por não possuir fundos suficientes para investir. Os acadêmicos
que costumam investir procuram uma forma tradicional e segura: a caderneta de poupança,
que recentemente está rendendo nominalmente valor inferior à inflação. Se caso fossem
investir, a maior parte dos acadêmicos aplicaram menos de 25% dos seus recursos,
classificando o seu perfil como "poupador", segundo Frankenberg (1999, p.89) e como
"conservador", segundo Gallagher (2008, p. 15), pois são aqueles que não gostam de correr
riscos e procuram não gastar tudo o que ganham. Entre os respondentes, a maioria estaria
disposta a aguardar o retorno do seu investimento por um ou até três anos e o principal
objetivo desse investimento seria para utilização futura, podendo ser na compra de um carro,
de um imóvel, investir na faculdade do filho ou utilizá-lo para fazer uma viagem.
61
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A contabilidade e suas ferramentas podem ser úteis para a organização, controle,
planejamento, poupança e investimento das finanças pessoais. O indivíduo que detém de uma
boa educação financeira possui a capacidade de gerenciar suas finanças e tomar decisões
essenciais quanto ao uso de seu patrimônio. Ao realizar um planejamento financeiro, o
indivíduo mudará seu comportamento financeiro e estará mais perto de alcançar seus
objetivos pessoais. Logo se percebe que o uso das ferramentas contábeis pode auxiliar no
gerenciamento eficaz de suas finanças e na realização de convicções pessoais.
Dessa forma, o presente trabalho buscou analisar a aplicação dos conhecimentos
contábeis na vida financeira dos acadêmicos dos cursos do Centro Universitário Municipal de
São José. O objetivo geral proposto foi alcançado por meio da aplicação de um questionário
com 216 alunos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Ciências da Religião e
Pedagogia. Cabe lembrar que a pesquisa limitou-se a fazer considerações aos respondentes,
porém serve como instrumento para medir o conhecimento e comportamento dos alunos
perante aos fatores abordados.
Por meio da pesquisa, os resultados demonstraram que os alunos utilizam as
ferramentas financeiras para controlar e registrar suas receitas e despesas e utilizam os
conhecimentos contábeis para analisar mensalmente o orçamento de forma eficiente. Em
relação aos objetivos específicos atendidos foi possível investigar o comportamento
financeiro dos acadêmicos. Com os resultados obtidos verificou-se que os alunos costumam
gastar menos do que recebem e não utilizam nenhum tipo de acesso ao crédito, porém
comprometem mais da metade de sua renda com obrigações, podendo ser alvos de elevados
endividamentos e não possuem nenhum tipo de investimento, sendo o principal motivo
relatados por eles a falta de recursos. Por meio da fundamentação teórica, foi possível
evidenciar a utilidade das demonstrações contábeis aplicadas às finanças pessoais. Buscou-se
também identificar a importância da contabilidade para a gestão das finanças pessoais, sendo
a melhor forma de mudar o comportamento financeiro dos indivíduos e auxiliá-los por meio
de suas ferramentas, controle e planejamento para o alcance de seus objetivos e metas
pessoais.
Torna-se possível relatar que os alunos possuem um entendimento mínimo sobre os
temas relacionados às finanças pessoais e procuram utilizá-lo na organização de suas finanças.
Porém, em relação ao comportamento financeiro, os alunos procuram gastar seus rendimentos
62
com despesas correntes e dificilmente conseguem poupar e, por esse fato, não costumam
investir. Dessa forma, percebe-se que a contabilidade tem importante papel na contribuição
para satisfação pessoal, uma vez que pode proporcionar ao indivíduo o alcance de seus
objetivos pessoais por meio do planejamento financeiro e do uso de ferramentas contábeis.
Por fim, sugere-se para trabalhos futuros, o cruzamento de informações entre os cursos
ou entre os períodos, podendo aumentar o número da amostra. Adicionalmente, pode-se
aprofundar a pesquisa em apenas um dos itens tratados neste trabalho, como o planejamento
financeiro, o investimento ou a educação financeira.
63
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VILAÇA, M. L. C. Pesquisa e ensino: considerações e reflexões. E-scrita, Nilópolis, v.1, n.2,
p.59, ago. 2010.
67
WOHLEMBERG, Tiago Ramos; BRAUM, Loreni Maria dos Santos; ROJO, Claudio
Antonio. Finanças pessoais: uma pesquisa com os acadêmicos da UNIOESTE campus de
Marechal Cândido Rondon. Ciências Sociais Aplicadas em Revista, v. 11, p.133-152, 2011.
Disponível em: < http://e-
revista.unioeste.br/index.php/csaemrevista/search/authors/view?firstName=TIAGO&middleN
ame=RAMOS&lastName=WOHLEMBERG&affiliation=Unioeste>. Acesso em: 13 jun.
2015.
68
APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Prezado (a) acadêmico (a),
O propósito deste questionário consiste em investigar o comportamento e o
conhecimento dos universitários do Centro Universitário Municipal de São José – USJ acerca
do tema finanças pessoais.
Os dados serão analisados coletivamente, ou seja, não serão divulgadas as informações
individuais, que serão mantidas em sigilo, por isso peço que responda as questões com o
máximo de veracidade possível.
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso ao pesquisador para eventuais dúvidas
ou esclarecimentos adicionais pelo e-mail: [email protected].
Agradeço antecipadamente sua contribuição à minha pesquisa.
1) Gênero:
a) ( ) Masculino
b) ( ) Feminino
2) Idade:
a) ( ) Menos de 20 anos
b) ( ) 20 a 25 anos
c) ( ) 26 a 30 anos
d) ( ) 31 a 35 anos
e) ( ) 36 a 40 anos
f) ( ) Acima de 41 anos
3) Curso:
a) ( ) Administração
b) ( ) Análise e Desenvolvimento de Sistemas
c) ( ) Ciências Contábeis
d) ( ) Ciências da Religião
e) ( ) Pedagogia
4) Período atual na graduação, considerando o seu principal semestre letivo:
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a) ( ) 1º semestre
b) ( ) 2º semestre
c) ( ) 3º semestre
d) ( ) 4º semestre
e) ( ) 5º semestre
f) ( ) 6º semestre
g) ( ) 7º semestre
h) ( ) 8º semestre
5) Renda mensal individual, considerando o valor atual do salário mínimo de R$ 788,00:
a) ( ) Não possui
b) ( ) Até dois salários mínimos
c) ( ) De dois até quatro salários mínimos
d) ( ) De quatro até dez salários mínimos
e) ( ) De dez até vinte salários mínimos
6) Dependentes:
a) ( ) Não possui
b) ( ) Possui 1 dependente
c) ( ) Possui 2 dependentes
d) ( ) Possui 3 dependentes
e) ( ) Possui 4 ou mais dependentes
7) Em relação aos seus gastos, você diria que:
a) ( ) Gasto mais do que recebo.
b) ( ) Gasto igual ao que recebo.
c) ( ) Gasto menos do que recebo.
d) ( ) Não possuo gastos.
8) Quanto da sua renda está comprometida com prestações/obrigações?
a) ( ) de 0% a 24%
b) ( ) de 25% a 50%
c) ( ) de 51% a 75%
d) ( ) de 76% a 100%
70
e) ( ) acima de 100%
9) Em relação ao acesso ao crédito, qual você utiliza? (Pode ser assinalado mais de uma
alternativa)
a) ( ) Rotativo do cartão de crédito e/ou limite do cheque especial.
b) ( ) Crediário no comércio e/ou cartão de lojas.
c) ( ) Empréstimo em financeiras, empréstimo pessoal e/ou empréstimo em bancos.
d) ( ) Nenhum.
e) ( ) Outros____________________________________________________________.
10) Em relação ao seu comportamento com as compras: (Pode ser assinalado mais de
uma alternativa)
a) ( ) Costuma gastar a mesma quantia que planejou.
b) ( ) Compra somente quando tem necessidade.
c) ( ) Faz compras de produtos que não precisa ou que já tem.
d) ( ) Compra coisas ou contrata serviços sem ter condições de arcar com eles
financeiramente.
e) ( ) Costumar comprar quando o produto está na promoção.
f) ( ) Nenhuma das alternativas.
11) Como você controla seus gastos? (Pode ser assinalado mais de uma alternativa)
a) ( ) Faço anotações do que recebo e do que gasto.
b) ( ) Controlo por meio de faturas e notas fiscais.
c) ( ) Utilizo planilhas ou demonstrações contábeis, como fluxo de caixa.
d) ( ) Não costumo registrar meus gastos.
12) Como você faz seu planejamento financeiro?
a) ( ) Nunca faço.
b) ( ) Faço considerando somente as despesas.
c) ( ) Faço considerando receitas e despesas.
d) ( ) Faço considerando receitas, despesas e provisionando sobras.
13) Quais das ferramentas financeiras a seguir você utiliza? (Pode ser assinalado mais
de uma alternativa)
71
a) ( ) Fluxo de caixa.
b) ( ) Orçamento familiar.
c) ( ) Balanço Patrimonial.
d) ( ) Demonstração do Resultado do Exercício.
e) ( ) Nenhuma das alternativas.
14) Com que frequência você utiliza as ferramentas financeiras para registrar suas
receitas e seus gastos?
a) ( ) Utilizo diariamente.
b) ( ) Utilizo mensalmente.
c) ( ) Já utilizei.
d) ( ) Nunca utilizei, mas gostaria de utilizar.
e) ( ) Nunca utilizei e não tenho interesse em utilizar.
15) De que forma você utiliza os registros de compras, gastos e despesas?
a) ( ) Analiso o orçamento para saber onde está sendo gasto o dinheiro e para controlar e
planejar melhor despesas futuras.
b) ( ) Analiso o orçamento para saber onde está sendo gasto o dinheiro e para controlar as
despesas, mas não faço o planejamento de despesas futuras.
c) ( ) Anoto no início do mês quais serão as despesas, mas não realizo nenhum controle ao
longo do mês.
d) ( ) Não costumo fazer nenhum tipo de controle dos gastos.
16) Possui algum investimento?
( ) Sim
a) ( ) Poupança.
b) ( ) Ações.
c) ( ) Negócio próprio.
d) ( ) Imóveis.
e) ( ) Títulos do governo.
f) ( ) Previdência.
g) ( ) Outros________________________________________________________.
( ) Não
a) ( ) Não possui fundos suficientes para fazer investimentos.
72
b) ( ) Não acredita ser necessário investir.
c) ( ) Desconhece o assunto.
d) ( ) Tem receio.
e) ( ) Outro motivo:__________________________________________________.
17) Qual percentual do total dos seus recursos você aplicaria em investimentos?
a) ( ) Menos de 25%
b) ( ) Entre 25% e 50%
c) ( ) Entre 50% e 75%
d) ( ) Mais de 75%
e) ( ) Não aplicaria
18) Qual seria a estimativa de permanência do seu investimento, caso fosse investir?
a) ( ) Menos de 1 ano.
b) ( ) De 1 ano a 3 anos.
c) ( ) De 3 anos a 6 anos.
d) ( ) Superior a 10 anos.
e) ( ) Não investiria.
19) Qual o principal objetivo do seu investimento financeiro?
a) ( ) Poupar afim de utilização futura (compra de carro, casa própria, faculdade do filho,
viagem).
b) ( ) Preservar o patrimônio sem precisar arriscar.
c) ( ) Arriscar um pouco para obter uma rentabilidade maior que as proporcionadas pelos
investimentos mais tradicionais.
d) ( ) Arriscar, de forma que se obtenha um substancial ganho de capital, mas aceitando
prejuízos na mesma proporção.
e) ( ) Outros ____________________________________________________________.