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RENATO DIB
por%olio
“So. Sculptures”
“Air Embroidery” Instalação composta de esculturas feitas em tecidos
(Instala6on made with fabric made sculptures) Dimensões variáveid – maior altura 2,80m
Variable dimensions – highest 2,80m 2014
“Air Embroidery”
“Air Embroidery”
“Air Embroidery”
“Air Embroidery”
“Air Embroidery”
“Air Embroidery”
“Lágrima-‐Prego” (Drop of tear -‐ Nail) escultura em tecidos (sculpture made of fabrics)
52x34x17cm 2010
“Lágrima-‐Medusa” (Drop of tear: Medusa) escultura em tecidos e cabelo (sculpture made of fabrics and hair)
51x32x30cm 2004
“Lord n. 1 e n. 2” gravatas de seda bordadas (embroidered silk 6es)
2009
“Talismã: Coração” objeto em tecidos (object made of fabrics)
18x12cm 2003
“Talismã: Cápsula” objeto em tecidos (object made of fabrics)
18x18cm 2003
“Talismã: Fruta” objeto em tecidos (object made of fabrics)
18x18cm 2003
“Talismã: Ariadne” objeto em tecidos (object made of fabrics)
16cm diam 2003
“Deentrâncias: Ninho Fechado” escultura em tecido (sculpture made of fabric) dimensões variáveis (variable dimensions)
2003
“Deentrâncias: Ninho Aberto” escultura em tecido (sculpture made of fabric)
Dimensões variáveis (variable dimensions)
2003
"IntesKnal Embrace 1" escultura em tecido (sculpture made of fabric)
530x260x80cm 2002
“Orgãos” (Organs) escultura em tecidos (sculpture made of fabrics)
70x50x25cm 2002
“Projeto Linhas da Mão” “Lines of the Hand Project”
“Projeto Linhas da Mão: Experiência n. 22” Luvas de algodão 6ngidas e bordadas (dyed and embroidered co[on gloves)
2014
“Projeto Linhas da Mão: Experiência n. 18” Luvas de algodão 6ngidas e bordadas (dyed and embroidered co[on gloves)
2014
“Projeto Linhas da Mão: Experiência n. 13” Luvas de algodão 6ngidas e bordadas (dyed and embroidered co[on gloves)
2014
“Projeto Linhas da Mão: Experiência n. 11” Luvas de algodão 6ngidas e bordadas (dyed and embroidered co[on gloves)
2014
“Projeto Linhas da Mão: Experiência n.9” Luvas de algodão 6ngidas e bordadas
(dyed and embroidered co[on gloves)
2013
“Projeto Linhas da Mão: Experiência n. 4” Luvas de algodão 6ngidas e bordadas (dyed and embroidered co[on gloves)
2006
“Projeto Linhas da Mão: Experiência n. 1” Luvas de algodão 6ngidas e bordadas (dyed and embroidered co[on gloves)
2006
“So. PainBngs”
“SoU PainKng: Damasco” Painel em tecidos com chassis de madeira
(wall panel made of fabrics inside wooden frame) 48x38cm 2014
“SoU PainKng: Olga”
Painel em tecidos com chassis de madeira (wall panel made of fabrics inside wooden frame)
75x68cm 2014
“SoU PainKng: Fringe” Painel em tecidos com chassis de madeira
(wall panel made of fabrics inside wooden frame) 106x98cm 2008-‐14
“SoU PainKng: Ikat” Painel em tecidos com chassis de madeira
(wall panel made of fabrics inside wooden frame) 76x54cm 2013
“SoU PainKng: Lamê” Painel em tecidos com chassis de madeira
(wall panel made of fabrics inside wooden frame) 80x60cm 2013
“SoU PainKng: Saco” Painel em tecidos com chassis de madeira
(wall panel made of fabrics inside wooden frame) 105x93cm
2013
“SoU PainKng: Ring” Painel em tecidos com chassis de madeira
(wall panel made of fabrics inside wooden frame) 93x93cm 2013
“SoU PainKng: Ductus” Painel em tecidos com chassis de madeira
(wall panel made of fabrics inside wooden frame) 78x92cm 2009-‐14
“Dermatografia: XXX” Painel em tecidos (wall panel made of fabrics)
62x62cm 2005
“Dermatografia: Botões” Painel em tecidos
62x62cm 2004
“Dermatografia: 6773” Painel em tecidos
67x73cm 2002
“Nó – Vê -‐ Lo” “Knot(not)-‐ see -‐ it = Ball of yarn, hank”
Vista da instalação na Galeria Marília Razuk – São Paulo -‐ 2010 (instala6on view at Marilia Razuk Gallery – São Paulo)
Cada painel mede 2.50x1.40m e são feitos em organza de seda (each panel measures 2.50x1.40m and are made of silk organza)
Instalação “Nó – Vê -‐ Lo” ( Instala6on “Knot(not) – se e-‐ it = Ball of yarn, hank”)
Nó-‐vê-‐lo ou não vê-‐lo. Uma obra de arte não deveria ser explicada, arte boa não necessita de explicação. Ou ela suscita
indagações, ou semelhanças cultas de es6lo, linguagem, conceitos, ou estratégias, que estão, como a beleza, nos olhos de quem vê, ou seja, na mente de quem frui uma obra de arte, ou ela não acontece para o espectador.
Na obra de Renato Dib, como em outros bons trabalhos, é possível construir uma sucessão de textos a par6r de suas estruturas, geometria, escultura, fisiologia, arquitetura ou materialidade. As telas de Renato, que são costuradas e não, pintadas, propõem desdobramentos de seus úl6mos trabalhos, as membranas, como se as diversas camadas fossem uma visão mul6facetada do tecido-‐pele.
Painéis de tecidos transparentes são colocados aleatoriamente na galeria, criando uma espécie de parede translúcida, como um labirinto de membranas. Os desenhos são formados por tubos de tecidos aplicados sobre a base, e tem como inspiração elementos orgânicos, que tanto sugerem partes internas do corpo humano, como intes6nos, ou silhuetas de partes externas, entrelaçadas, enoveladas. O fruidor e seu olhar caminham de fora para dentro e vice-‐versa.
E o pictórico alcança o espaço entre as camadas de véus. Peso, densidade, transparências são agora mais importantes do que tridimensionalidade, ou pintura.
Sua proposta é exatamente uma visão interna e externa, macro e micro, detalhista e universal. O quanto revela ou esconde, é o seu forte, mas não uma única leitura.
Olhar esse trabalho e não perceber suas múl6plas camadas e significados, é se enredar no nó da obviedade esférica do 6po que o novelo propõe, e mais uma maneira de não vê-‐lo.
Boa sorte. Knot-‐see-‐it or do not see it. A work of art should not be explained, good art needs no explana6on. It should raise ques6ons, or
cul6vated similari6es of style, language, concepts, or strategies which are in the eyes of the beholder, like beauty. Otherwise the work of art does not happen for the spectator.
In Renato Dib works, as in other good ones, it is possible to construct a series of texts based on their structure, geometry, sculpture, physiology, architecture or materiality. Renato’s screens are sewn and not painted. They propose developments of his last works, the Membranes, as if the different layers were a mul6faceted view of the fabric-‐skin.
Panels of transparent fabrics are randomly placed in the gallery, crea6ng a kind of translucent wall, like a labyrinth of membranes. The designs are formed by tubes of fabric applied to the base, and is inspired by organic elements, both sugges6ng internal parts of the human body, like intes6nes, or silhoue[es of external parts intertwined, folded. The spectator and his eyes go from outside to inside and vice versa.
And the pictorial achives the space between the layers of the veils. Weight, density, transparencies are now more important than the three-‐dimensionality or pain6ng.
His proposal is an internal and external vision, macro and micro, me6culous and universal. How much it reveals or it hides is its strength, but not in a single reading.
Looking at this work and not realize its mul6ple layers and meanings, is to tangle the node of spherical obviousness the same way that the ball of lines proposes, and one more way of not seeing anything.
Good luck. João Pedrosa Maio 2010
“Membranas” “Membranes”
“Membrana n. 1” Painel em tecido (wall panel made of fabrics)
230x170cm 2005
“Membrana: Rachmaninov n. 1” Painel em tecido (wall panel made of fabrics)
1,40x1,40m 2007
“Membrana: Rachmaninov n. 2” Painel em tecido
(wall panel made of fabrics)
1,40x1,40m 2007
“Membrana: Rachmaninov n. 3” Painel em tecido
(wall panel made of fabrics)
1,40x1,40m 2007
“Membrana: Rachmaninov n. 4” Painel em tecido
(wall panel made of fabrics)
1,40x1,40m 2007
“Membrana: Rachmaninov n. 6” Painel em tecido
(wall panel made of fabrics)
1,40x1,40m 2009
Textos críBcos Cri6ques
Curriculum
Objetos Moles: Obras do desejo Em seus mais recentes trabalhos, Renato Dib refina e tenciona cada vez mais os materiais
com que vem operando há já bastante tempo. Retalhos de veludos, sedas, brocados e gazes funcionam como suporte da obra, enquanto costuras, 6ntas, pérolas, botões e demais adereços remodelam a maleabilidade dos tecidos e elucidam a presença do processo de trabalho. Na maior parte, são objetos de parede, objetos moles sem chassis, objetos escultóricos que usufruem da bidimensionalidade da pintura e, por vezes, agregam também o desenho. Outras vezes, invadem o espaço tridimensional, como a gota, os véus, a casa-‐mole, objetos que estão incrustados -‐ mais que outros talvez -‐ numa certa herança de Hélio Oi6cica e Lygia Clark.
A costura surgiu ainda na época em que o ar6sta era aluno de Leda Catunda. Rapidamente o bordado se inseriu também, enquanto desenho. Desenho que é delineado por delicados fios bordados, por botões, por pérolas, como colagens, formando pequenos e intrincados aglu6namentos fibrosos. A trama adere ao tecido, ao corpo, e cauciona uma expansão oculta, que se dissemina como um murmúrio confrangido, na aderência vibrá6l à pele. O desenho ocorre no plano, mas procura estabelecer um lugar para além de si próprio: a sobreposição volumétrica engendra necessariamente uma relação direta com o objeto, isto é, transforma a pintura-‐desenho em objeto.
Sem desprezar de todo a idéia de construção, esses corpos se movem numa inves6gação crí6ca e afe6va aos suportes tradicionais, ao mesmo tempo que driblam con6nuamente qualquer ilusão de harmonia. Operam como elementos dissonantes, como corpos estranhos, segmentados, grumosos, inaptos à harmonização dos materiais, apesar da insistente afinidade entre bordados e tecidos e da irreduuvel concentração das tonalidades róseo-‐avermelhadas que permeia quase todas as obras. Como conseqüência, forçam o olhar a iden6ficar com precisão a maneira como cada um foi elaborado.
Esses objetos são também momentos, lugares, espaços de embate, onde as ar6culações ambíguas não se entregam a uma verdade de modo direto, pois não pretendem equacionar qualquer verdade. Entretanto, há neles um ato doloroso de exposição, de fugacidade e melancolia, entrecortado pela insistência das velaturas e transparências. Ato que se cons6tui em subje6vidade e caracteriza uma mitologia pessoal. Mas não há aqui, nessa auto-‐referência, uma perspec6va cínica: esses objetos enfrentam a idéia do corpo humano como procura de sua expressão no espaço. Não à-‐toa, evocam sintonias e correspondências em suspensão na obra de Ismael Nery: são corpos impelidos a encontrarem seu suporte ideal, para poderem alcançar sua desmaterialização, seja como imagem projetada do conteúdo do inconsciente, seja como frêmito espiritual. Por isso, movem-‐se entre o prazer e a dor, entre a maciez da pele e a escara sangüínea, entre o desejo e o pecado.
A obra deita raízes no tempo, numa reflexão sobre a situação do ser humano no mundo contemporâneo, conturbado e incerto. Ganha traços biográficos circunstanciais, como registros que se insinuam na fatura, ao se expressar através da costura, do bordado. É um fazer do co6diano, que visa estabelecer um diálogo com o espectador. Ao mesmo tempo, não interrompe a circulação de experiências da trama interna, marcadamente pessoal. A relação entre a subje6vidade e o mundo se configura como exercício de autonomia do sujeito que intervém no tempo, interrompe seu curso e coloca o corpo ero6zado no caminho do conhecimento. Passando pelas percepções sensíveis, pela intuição e pelos arqué6pos, as formulações plás6cas desses objetos jogam con6nuamente com a dicotomia interno/externo e procuram 6rar par6do da busca infindável pela consciência e pela racionalidade. Para tanto, é preciso lançar-‐se no abismo infernal, em convite análogo à viagem libertária de Baudelaire: “mergulhar no fundo do redemoinho, Inferno ou Céu, que importa? / nas raias do Desconhecido para encontrar o novo!”*
Stella Teixeira de Barros Janeiro 2001 * Baudelaire. Le Voyage. Tradução livre da A.
So.-‐objects: works of desire In his most recent pieces, Renato Dib refines and stresses even more the materials on which he has been working for a period of 6me. Scraps of velvet, silk, brocades and gauze func6on as a support to each work, moreover needlework; paints, pearls, bu[ons and other adornments recast the fabrics flexibility elucida6ng the presence of the working process. In the greater part they are wall pieces, so� objects without internal structure; sculptural objects that usufruct the pain6ng two-‐dimensionality, by that a[aining drawing quality. On some instances they invade the three-‐dimensional space, such as the drop, the veils, so� house, they are incrusted objects (some more than others), and they bring up a Helio Oi6cica and Lygia Clark heritage tradi6on. The sewing of Renato’s works appeared during a 6me when the ar6st was Leda Catunda’s pupil. Rapidly the embroidery inserted itself like a drawing. This drawing is delineated by delicate strings embroidered by bu[ons and pearls, like collages forming small and intricate fibrous aglu6naments .The weave s6cks to the fabric/body and it calcifies a hidden expansion that disseminates like an oppressed whisper in the vibra6le adherence on the skin. The drawing occurs on the plane but it searches to establish a place beyond itself: the volumetric juxtaposi6on necessarily engender a straight rela6on with the object, in other means, pain6ng/drawing transform themselves in an object. Without despising the idea of construc6on, these “bodies” move themselves in a cri6cal and affect ional inves6ga6on through the tradi6onal support. They dribble con6nuously any harmony illusion. They operate as discordant elements, strange bodies, segmented and clo[ed, they are inapt to the materials harmony. Although there are persistent similari6es among the embroidery and the fabric, an irreducible reddish-‐pink concentra6on tonality permeates in almost all pieces. As a consequence it forces the eye to iden6fy with precision the way the piece was elaborated. These objects are as well, moments, places, and spaces of impact, in which ambiguous ar6cula6ons don’t surrender themselves to truth in a direct way, for they don’t pretend to equate to any truth. However there is in them a painful act of exposi6on, fugacity and melancholy, intersected by the concealments and transparencies persistency.
An act that cons6tutes itself in subjec6vity and characterizes a personal myth. As a self-‐reference there is no cynical perspec6ve, these projects face the idea of the human body searching for its own expression in space. It’s not for granted, they evoke syntonies and correspondences in suspension with the works of Ismael Nery; they are bodies hindered to find their ideal structure, in order to reach their dematerializa6on, whether as an image projected as an unconscious content or as a spiritual quiver. That’s why they move themselves among pain and pleasure, skin so�ness and bloody scab and lust and sin .The work lays roots on 6me in a reflec6on about the human being in contemporary, troubled and uncertain world. By expressing themselves through the sewing of the embroidery, the pieces gain biographical traits, like records that insinuate the results. It’s a daily making that aims to establish a dialogue with the spectator. At the same 6me, it does not interrupt the experience of an internal plot that is strikingly personal .The rela6onship among subjec6vity and the world configures itself like an autonomous exercise of the subject, that intervenes its 6me, interrupts its course and puts the ero6cized body on the path to knowledge. While they are passing through sensi6ve percep6ons, intui6on and archetypes, the plas6c formula6on of these objects plays con6nuously with the internal/external dichotomy, trying to take sides for the endless search for conscious and ra6onality.
Therefore it needs to throw itself in the infernal abyss, as an analogous invita6on to a libertatory journey from Baudelaire: “to dive in the depth of the whirlpool, heaven or hell, does it ma[er? /In the borders of the Unknown to meet the new!”*
Stella Teixeira de Barros
January 2001 *Baudelaire. Le Voyage.Tradução livre da A.
(...) Los “almohadones” y “cohines” de Renato Dib son estructuras objetuales com bordados, patchworks y collages de um fino ero6smo. Com mónadas barroca, nos dan a ver interiores cerrados, pero em plena ac6vidad y ebulición, em los que se duplican imágenes sinestésicas, des6nadas a dar cuenta de enlaces masculinos y femeninos, el universo de la gestación, los líquidos y ori�cios depositários del cuerpo próprio y aleno: lagrimas, saliva, sangre, esperma, etc. Subrayamos aqui el valor del anclaje semân6co de estos trabajos, logrado a par6r del empleo de uma acertada poé6ca de la 6tulación: “Lenguas”, “Huevo”, “Humedad” y “Dermatografia XXX”. ( ...) Renato Dib’s “cushions” and “pillows” are objectual structures with embroidery, patchwork and collage of a fine ero6cism. Like Baroque monads, show us closed interiors, but full of ac6vity and boiling, in which synesthe6c images are doubled, made to account male and female links, the universe of gesta6on, fluids and orifices of the body: tears, saliva, blood, semen, etc. We emphasize here the value of the seman6c anchoring of these works, made from the successful use of poe6cs on the 6tles: “Tongues", "Egg", "Humidity" and “Dermatografia XXX”. Dra. Claudia Láudano -‐ 2006 “(...) Dib se revela um cultor de in6mismos, em trabalhos na escala do corpo humano. Seus objetos escultóricos de parede sugerem peças vesuveis de aura fe6chista e, ao mesmo tempo, promovem uma lúdica “aula de dissecação” em intrincadas superposições de tecidos recortados com formas viscerais e tons sanguíneos.(...)” (…) Dib reveals himself as a cul6vator of in6macy, in works on the scale of the human body. His sculptural objects suggest wearable pieces of fe6shis6c aura and at the same 6me, promote a playful "dissec6on class" in intricate overlays of 6ssues cut with visceral shapes and blood tones.(…) Angélica de Moraes -‐ no Guia da Folha – 2001 “Renato Dib constrói objetos moles de parede feitos com tecidos. À primeira vista funcionais, lembrando o universo domés6co e u6litário de almofadas, bolsas, calças, eles tomam emprestada a forma orgânica, arredondada de suas partes e ás sensações ligadas ao corpo. Porém, dependurados na parede, lisa e dura, esses objetos funcionam como um corpo de ausências. O aconchego de texturas e espessuras dos quais os objetos são feitos contrapõem a promessa de um abraço á frieza decora6va de sua acomodação junto à parede. “ "Renato Dib constructs so� objects for the wall made with fabrics. At first glance func6onal, recalling the domes6c world and u6lity pads, bags, trousers, they borrow the organic form, the rounded parts and sensa6ons linked to the body. But hanging on the wall, smooth and hard, these objects func6on as a body of absences. The warmth of texture and thickness of which objects are made opposes the promise of a hug with the decora6ve coolness of your accommoda6on along the wall. ” KáBa Canton -‐ em Novíssima Arte Brasileira – 2001
No trabalho de Renato, a disciplina constru6va da tessitura decora6va de fundo se confronta
com seu barroquismo implícito, acrescido pela tac6bilidade das veladuras ora coladas, ora costuradas e por vezes perfuradas de materiais que vão da densidade profunda do veludo à fina película da renda. Nesse assentamento de pele sobre pele, derme sobre derme, o embate das formas não se dá como luta de um elemento contra o outro, mas como impossível à estabilidade de qualquer hierarquia estrutural. É uma conjunção exacerbada de sobreposições, exaltação sensorial liberadora do construcionismo embrionário da tela. Os rasgos e aberturas por onde correm as células sanguíneas da pintura reforçam núcleos de sedução, enquanto os es6ramentos dos tecidos, sua voluptuosidade ou transparência, deslocam e embaçam o olhar, perturbando a determinação de planos e tornando tensionados, adentra e reforça o redemoinho explosivo e convulso da sensualidade e das pulsões, deflagrando o inquietante e incerto terreno da ambivalência.
In Renato’s works, the construc6ve discipline of the decora6ve weaving background is faced
with its implicit baroquism. Plus the tac6bilility of the layers some6mes glued, s6tched and some6mes perforated materials ranging from the deep density of velvet to thin film of lace. In this se[lement of skin on skin, of dermis on dermis, the clash of forms is not given as an element of struggle against each other, but as impossible for the stability of any structural hierarchy. It is an exacerbated conjunc6on of overlaps, libera6ng sensorial exalta6on of the screen’s embryonic construc6onism. Tears and holes through which run blood cells of the pain6ng reinforce the core of seduc6on. While the 6ssue stretches, his voluptuosness or transparency, move and blur the look, disturbing the determina6on of plans and making it strained, penetrates and strengthens the explosive and convulsive swirl of sensuality and drives, triggering the unse[ling and uncertain terrain of ambivalence.
Stela Teixeira de Barros Outubro/ October 1995
“O tecido aparente” (“The apparent 6ssue”)
Tudo o que vemos é, em úl6ma instância, subje6vo. Isto acontece não só porque nossas emoções e experiências filtram o que vemos, mas também porque desde o surgimento da �sica quân6ca se discute se existe uma realidade a ser observada ou se tudo o que observamos é constantemente construído pela consciência, ou experimentação, que tomamos do mundo. Ou seja, existe algo pré-‐definido por detrás, independente de nossa observação, esperando para ser descoberto? O que o trabalho de Renato Dib nos traz é exatamente isto: tentar ver o que está subentendido, o que está por detrás, uma realidade (se existe tal coisa) que foge a nossa percepção imediata. Suas transparências, por exemplo, funcionam como uma pele translúcida, nos trazem a imagem de um mundo em vasta parte orgânico, pulsante, com vida própria, às vezes lascivo, eró6co, sensual. Mas também um desejo de volta ao útero, à vida perfeita que todos 6vemos e perdemos. Símbolos fálicos e feminilidade são, portanto, essenciais a sua obra, fazendo uma interconexão entre signos masculinos e femininos.
Assim, ver o mundo pelo avesso onde tudo tem no mínimo dois lados, que constantemente lutam um com o outro, é essencial ao trabalho de Renato. Figuras que são formadas ao acaso, resultados aleatórios de um trabalho que foi construído a par6r das possibilidades dos materiais usados e têm, mesmo que marginalmente, um certo grau de organização, emergem no lado avesso do combate entre o que se pretendeu, conscientemente, e o que resultou, inconscientemente. Outra faceta do seu trabalho está na compac6ficação das dimensões espaciais: o que vemos como um plano à distância, muda para um volume espacial ao nos aproximarmos. Nesta linha, o jogo com as dimensões espaciais, observadas de acordo com a distância que estamos do objeto, remete a teorias modernas da ciência, que dizem nosso mundo tri-‐dimensional é apenas a percepção limitada que temos de um mundo hiper-‐dimensional. De novo, estamos lidando com a experiência visual de ver de mais de uma maneira algo que, numa primeira leitura, nos passaria despercebido, algo que precisa ser sen6do através de, por sob de, por dentro de...
All that we see is ul6mately subjec6ve. This happens not only because our emo6ons and
experiences filter what we see, but also because, since the advent of quantum physics, it is discussed whether there is a reality to be observed or if all that we see is constantly built by conscience, or trial, all we took from the world. In other words, is there something pre-‐defined behind wai6ng to be discovered, independent of our observa6on? What the work of Renato Dib brings us is exactly that: trying to see what is implied, which is behind a reality (if there is such a thing) that escapes our immediate percep6on. His transparencies, for example, act as a translucent skin, bring us a picture of a world in large part organic, pulsa6ng with life itself, some6mes lewd, ero6c, sensual. But also a desire to return to the womb, the perfect life that we all had and lost. Phallic symbols and femininity are thus essen6al to his works, making an interconnec6on between male and female signs.
So, seeing the world upside down where everything has at least two sides, who constantly fight with each other, it is essen6al to the work of Renato. Figures that are formed at random, aleatory results of a study that was built from the possibili6es of the materials used and have, even if marginally, a degree of organiza6on, emerged on the wrong side of the fight between what was intended, consciously and which resulted unconsciously. Another facet of his works is the compac6fica6on of spa6al dimensions: what we see as a plane at a distance, moves to a spa6al volume as we approach. In this line, the game with the spa6al dimensions, observed according to the distance that we object, refers to modern theories of science, they say our three dimensional world is only limited percep6on that we have a hyper-‐dimensional world. Again, we are dealing with the visual experience of seeing more than one way something that, at first glance, have escaped, something needs to be felt through…., beneath that…, inside of…
Fernanda Steffens Outubro 2007
Renato Dib nasceu em 1973 e reside em São Paulo – Brasil, desde os 13 anos se dedica à Arte, através de diversos cursos nas áreas de Artes, História da Arte, Decoração, Design, Moda, Joalheria, entre outros. Em 1995, graduou-‐se em Artes Plás6cas ao mesmo tempo em que recebia orientação par6cular de Leda Catunda e Sérgio Romagnolo, entre outros. Nesse meio tempo, par6cipou dos cursos para monitores e trabalhou na 22a Bienal Internacional de São Paulo e na Bienal Brasil Século XX (1994). Desde então, par6cipa de mostras cole6vas e projetos individuais de exposição. Fez parte do grupo de ar6stas independentes “Linha Imaginária“ que propõe intercâmbio cultural por todo país. Trabalhou também como curador dos produtos e idéias para o ambiente da loja Conceito: Firma Casa de 2002 a 2015 Principais Exposições: Individuais “Re-‐Trabalhos” – Espaço independente – São Paulo – 2011; “Nó-‐Vê–Lo” – Galeria Marília Razuk – São Paulo – 2010; “O tecido aparente” – Galeria Marília Razuk – São Paulo – 2007; “Dermatografias” – Joalheria de Carla Amorim – São Paulo – 2007; “Renato Dib” -‐ Individual na Galeria Leme -‐ São Paulo – 2006; “Objetos moles” – individual na Galeria Baró Senna – São Paulo – 2001; Cole6vas “Bienal del Fin del Mundo” – Mar del Plata – Argen6na – 2014; “PoéKcas do Feito á mão” – Galeria Oma – S. Bernardo do Campo – 2013; “Arte Gourmet” – Hotel Galeria – São Paulo – 2012; “Roupa de Domingo na Arte Popular” –Galeria Pontes – São Paulo – 2010; “Roupa de Domingo” –Galeria Virgílio – São Paulo – 2009; “Recortar e Colar-‐ Ctrl C+Ctrl V” –Sesc Pompéia – São Paulo – 2007; “InKmidades” – Galeria Marília Razuk – São Paulo -‐ 2007 ; “Marte é Aqui” – mostra independente na casa de Kika Nocolela – São Paulo – 2007; “Paris é aqui” – mostra independente na casa de Juliana Monachesi -‐ São Paulo – 2006; “Scape Point “ – Proj. Linha Imaginária – Braunschweig – Alemanha – 2006; “Ocupação” –Paço da Artes -‐ São Paulo – 2005; “Plural III” –Galeria Regina Pinho de Almeida – São Paulo – 2004; “Vizinhos” –Galeria Vermelho – São Paulo – 2003; “Small” – Son Space – Girona – Espanha – 2003; “Casa de Todos” -‐ Proj. Linha Imaginária na Galeria ECCO – Brasília – 2000; “Feira” – Espaço Virgílio – São Paulo – 2002; “Socle du Monde” – Bienal do Herning Kunstmuseum – Herning – Dinamarca – 2002; “Casa de todos” – Proj. Linha Imaginária – Gal. Sesiminas – Belo Horizonte -‐ 2000; “SenKmentos para comer com os olhos”-‐Proj. Linha Imaginária -‐C.C.P.E.– Fortaleza –1997; “Corporis Misterium”-‐ Proj. Linha Imaginária -‐ CCBEU-‐ Belém – 1997 “Territórios “-‐ mostra cole6va independente na Casa de Minas-‐ São Paulo -‐ 1996
Renato Dib was born in 1973 and has been living in São Paulo -‐ Brazil. Since his thirteens, he has been devo6ng himself to Art, through many courses of Arts, Art History, Decora6on, Design, Fashion, Jewelry, Theater and others. In 1995 he got the degree in Fine Arts and besides that he took private ar6s6c orienta6on from renowned teachers-‐ar6sts as Leda Catunda, among others. Meanwhile, he joined the courses to be a Monitor and worked so in the 22nd Interna6onal Biennial of São Paulo and in the Brazil Biennial XX Century (1994).
Since then, he has been par6cipa6ng in group shows and individual projects. He used to take part to “Linha Imaginária “, an independent ar6sts group that proposes cultural interchanges throughout the country and abroad. Besides giving private classes, he used to create original cloth objects for decora6on. He also developed new products and ideas for the environment in one of the “hypest” conceptual design stores in São Paulo, Conceito: Firma Casa, from 2002 to 2015
Main exhibi6ons: Solo “Re-‐Trabalhos” at an independent space – São Paulo – 2011; “ Nó-‐ Vê-‐Lo “ at Marilia Razuk Gallery -‐ São Paulo – 2010; “O Tecido Aparente” at Marilia Razuk Gallery -‐ São Paulo – 2007; “Dermatografias” at Carla Amorim Jewelry Shop – 2007; “Renato Dib” at Galeria Leme -‐ São Paulo – 2006; “Objetos Moles” at Baró Senna Gallery -‐ São Paulo-‐ 2001; Group “Bienal del Fin del Mundo” – Mar del Plata – Argen6na – 2014; “PoéKcas do Feito á mão” – Galeria Oma – S. Bernardo do Campo – 2013; “Arte Gourmet” – Hotel Galeria – São Paulo – 2012; “Roupa de Domingo na Arte Popular” –Galeria Pontes – São Paulo – 2010; “Roupa de Domingo” at Virgílio Gallery – São Paulo – 2009; “Ctrl C+ Crtl V” at Sesc Pompéia -‐ São Paulo – 2007; “Ocupação” at Paço das Artes -‐ São Paulo – 2005; “Vizinhos” at Vermelho Gallery -‐ São Paulo – 2003; “Small” at Son Space in Girona – Spain – 2003; “Feira” at Virgílio Gallery – São Paulo – 2002; “Socle du Monde” at Herning Kunstmuseum -‐ Denmark-‐ 2002;