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“Vivi, amei, bebi. Tal como tu, morri.” POEMAS DE LORD BYRON

Poemas de lord byron

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“Vivi, amei, bebi. Tal como tu, morri.”

POEMAS DE LORD BYRON

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UMA TAÇA FEITA DE UM CRÂNIO HUMANO(TRADUÇÃO DE CASTRO ALVES)

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Não recues! De mim não foi-se o espírito...

Em mim verás - pobre caveira fria -

Único crânio que, ao invés dos vivos,

Só derrama alegria.

Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte

Arrancaram da terra os ossos meus.

Não me insultes! empina-me!... que a larva

Tem beijos mais sombrios do que os teus.

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Mais vale guardar o sumo da parreira

Do que ao verme do chão ser pasto vil;

- Taça - levar dos Deuses a bebida,

Que o pasto do réptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,

Vá nos outros o espírito acender.

Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro

...Podeis de vinho o encher!

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Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,

Quando tu e os teus fordes nos fossos,

Pode do abraço te livrar da terra,

E ébria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida

Tanto mal, tanta dor ai repousa?

É bom fugindo à podridão do lado

Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!...

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ADEUS.

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Adeus! e para sempre embora,

Que seja para nunca mais:

Sei teu rancor - mas contra ti

Não me rebelarei jamais.

Visses nu meu peito, onde a fronte

Tu descansavas mansamente

E te tomava um calmo sono

Que perderás completamente:

Que cada fundo pensamento

No coração pudesses ver!

Que estava mal deixá-lo assim

Por fim virias a saber.

Louve-te o mundo por teu ato,

Sorria ele ante a ação feia:

Esse louvor deve ofender-te,

Pois funda-se na dor alheia.

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Desfigurassem-me defeitos:

Mão não havia menos dura

Que a de quem antes me abraçava

Que me ferisse assim sem cura?

Não te iludas contudo: o amor

Pode afundar-se devagar;

Porém não pode corações

Um golpe súbito apartar.

O teu retém a sua vida,

E o meu, também, bata sangrando;

E a eterna idéia que me aflige

É que nos vermos não tem quando.

Digo palavras de tristeza

Maior que os mortos lastimar;

Hão de as manhãs, pois viveremos,

De um leito viúvo despertar.

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E ao achares consolo, quando

A nossa filha balbuciar,

Ensiná-la-ás a dizer "Pai",

Se o meu desvelo vai faltar?

Quando as mãozinhas te apertarem

E ela teu lábio -houver beijado,

Pensa em mim, que te bendirei

Teu amor ter-me-ia abençoado.

Se parecerem os seus traços

Com os de quem podes não mais ver,

Teu coração pulsará suave,

E fiel a mim há de tremer.

Talvez conheças minhas faltas,

Minha loucura ninguém sabe;

Minha esperança, aonde tu vás,

Murcha, mas vai, que ela em ti cabe.

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Abalou-se o que sinto; o orgulho,Que o mundo não pôde curvar,Curvou-se a ti: se a abandonaste,Minha alma vejo-a a me deixar.

Tudo acabou - é vão falar -,Mais vão ainda o que eu disser;Mas forçam rumo os pensamentosQue não podemos empecer.

Adeus! assim de ti afastado,Cada laço estreito a perder,O coração só e murcho e seco,Mais que isto mal posso morrer.

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ESTÂNCIAS PARA MÚSICA

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Alegria não há que o mundo dê, como a que tira.

Quando, do pensamento de antes, a paixão expira

Na triste decadência do sentir;

Não é na jovem face apenas o rubor

Que esmaia rápido, porém do pensamento a flor

Vai-se antes de que a própria juventude possa ir.

Alguns cuja alma boia no naufrágio da ventura

Aos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados;

O ímã da rota foi-se, ou só e em vão aponta a obscura

Praia que nunca atingirão os panos lacerados.

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Então, frio mortal da alma, como a noite desce;

Não sente ela a dor de outrem, nem a sua ousa sonhar;

toda a fonte do pranto, o frio a veio enregelar;

Brilham ainda os olhos: é o gelo que aparece.

Dos lábios flua o espírito, e a alegria o peito invada,

Na meia-noite já sem esperança de repouso:

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É como na hera em torno de uma torre já arruinada,

Verde por fora, e fresca, mas por baixo cinza anoso.

Pudesse eu me sentir ou ser como em horas passadas,

Ou como outrora sobre cenas idas chorar tanto;

Parecem doces no deserto as fontes, se salgadas:

No ermo da vida assim seria para mim o pranto

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