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621 Ana Lavrador-Silva* Henrique Garcia Pereira** Júlia Carvalho*** Análise Social, vol. XXXIX (172), 2004, 621-642 Percepção da paisagem da bacia hidrográfica da ribeira de Colares INTRODUÇÃO A questão ambiental, pano de fundo desta investigação, assenta no pressu- posto de que o bem-estar colectivo e individual depende do equilíbrio dos sistemas naturais (bióticos e abióticos) e da qualidade das práticas societais e individuais resultantes de sistemas de valores específicos. Neste sentido, a eficácia do ordenamento e da gestão dos recursos ambientais requer uma visão panorâmica do espaço e das suas dinâmicas de funcionamento. Requer também o estudo das características e da velocidade de mutação das identidades territoriais em questão. Ora, na dialéctica indivíduo-ambiente, a paisagem como «território visto e sentido» (Salgueiro, 2001, p. 37) exprime uma multidimen- sionalidade que combina aspectos biofísicos, culturais e estéticos (Saraiva, 1999; Monteiro et al., 1994; Andersen, 1992; Rougerie e Beroutchavili, 1991; Bernaldez, 1981). Por outro lado, a paisagem exprime a unicidade, o genius loci de cada lugar, uma vez que tem expressão territorial às escalas local ou regional, o que permite identificar os sistemas naturais e humanos que a constituem e avaliar a sua mobilidade temporal (Conselho da Europa, Conven- ção Europeia da Paisagem, 2000). A paisagem representa também um univer- so sensorial, percepcional (Saraiva, 1999; Bernaldez, 1984, in Saraiva, 1999), resultante das impressões causadas em cada observador por um enquadramento visível (físico e humano) específico. Esta última dimensão é fundamental para o êxito dos planos de ordenamento e para a gestão do território, uma * Este artigo integra alguns dados e conclusões da dissertação de mestrado em Geografia Física e Ambiente de Ana Lavrador-Silva, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. ** Investigador do Instituto Superior Técnico e professor catedrático da Universidade Técnica de Lisboa. *** Investigadora do Instituto Superior Técnico e mestre em Georrecursos.

Percepção da paisagem da bacia hidrográfica da ribeira de ...analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218707287B2uFJ4qq5Ts70QU0.pdf · Bernaldez, 1981). Por outro lado, a paisagem exprime

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Ana Lavrador-Silva*Henrique Garcia Pereira**Júlia Carvalho***

Análise Social, vol. XXXIX (172), 2004, 621-642

Percepção da paisagem da bacia hidrográficada ribeira de Colares

INTRODUÇÃO

A questão ambiental, pano de fundo desta investigação, assenta no pressu-posto de que o bem-estar colectivo e individual depende do equilíbrio dossistemas naturais (bióticos e abióticos) e da qualidade das práticas societais eindividuais resultantes de sistemas de valores específicos. Neste sentido, aeficácia do ordenamento e da gestão dos recursos ambientais requer uma visãopanorâmica do espaço e das suas dinâmicas de funcionamento. Requer tambémo estudo das características e da velocidade de mutação das identidadesterritoriais em questão. Ora, na dialéctica indivíduo-ambiente, a paisagem como«território visto e sentido» (Salgueiro, 2001, p. 37) exprime uma multidimen-sionalidade que combina aspectos biofísicos, culturais e estéticos (Saraiva,1999; Monteiro et al., 1994; Andersen, 1992; Rougerie e Beroutchavili, 1991;Bernaldez, 1981). Por outro lado, a paisagem exprime a unicidade, o geniusloci de cada lugar, uma vez que tem expressão territorial às escalas local ouregional, o que permite identificar os sistemas naturais e humanos que aconstituem e avaliar a sua mobilidade temporal (Conselho da Europa, Conven-ção Europeia da Paisagem, 2000). A paisagem representa também um univer-so sensorial, percepcional (Saraiva, 1999; Bernaldez, 1984, in Saraiva, 1999),resultante das impressões causadas em cada observador por um enquadramentovisível (físico e humano) específico. Esta última dimensão é fundamentalpara o êxito dos planos de ordenamento e para a gestão do território, uma

* Este artigo integra alguns dados e conclusões da dissertação de mestrado em GeografiaFísica e Ambiente de Ana Lavrador-Silva, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

** Investigador do Instituto Superior Técnico e professor catedrático da UniversidadeTécnica de Lisboa.

*** Investigadora do Instituto Superior Técnico e mestre em Georrecursos.

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vez que, a par dos contributos técnicos e seus reflexos nas decisões políticas,a participação da população local, agentes e destinatários dos trabalhos deplaneamento, é um importante factor de qualificação das paisagens.

Este estudo pretende pesquisar as representações individuais das paisagens dabacia hidrográfica da ribeira de Colares, cujo importante valor patrimonial(natural e histórico-cultural) é acompanhado de uma elevada e crescentevulnerabilidade. Pese embora a integração da quase totalidade da baciahidrográfica no Parque Natural Sintra-Cascais (PNSC), a pressão por parte deresidentes permanentes, de utentes de fim de semana e de turistas tem vindo aaumentar, sobretudo a partir da década de 60 do século XX. A este facto não ficaalheia a localização da bacia hidrográfica no concelho de Sintra, o concelho demaior crescimento populacional da Área Metropolitana de Lisboa e do país naúltima década do século XX. À pressão demográfica acrescem perigos naturaisassinaláveis, com destaque para as cheias rápidas, fenómeno com período deretorno inferior à década, naquele território. Este perigo, aliado à ocupaçãoindevida de leitos dos cursos de água e da praia, coloca em risco as pessoas eos seus haveres, com expressão máxima nos acontecimentos de 19 de Novembrode 1983, nos quais há registos de óbitos e de avultados prejuízos materiais.

Na avaliação de potencialidades e de fragilidades das paisagens da baciahidrográfica constam elementos de percepção estética, ambiental e do riscode cheias. As preferências estéticas são uma importante fonte de desenvol-vimento do gosto pelas paisagens, condição primeira para a sua qualificação.As questões ambientais visaram aspectos geográficos e ecológicos patentesnas paisagens locais. Com a avaliação do grau de conhecimento e processosde ajustamento relativos a cheias, é possível perspectivar o grau de anteci-pação social das consequências do fenómeno, aspecto fundamental noordenamento do território (Lima e Faísca, 1994).

Como objectivo específico desta pesquisa procurou-se identificar padrõesde atitude e de comportamento representativos de níveis de integração ambientalde residentes e utentes da bacia hidrográfica da ribeira de Colares, úteis nasacções de planeamento e na construção da cidadania. A identificação dessespadrões de atitude e de comportamento realizou-se em duas etapas. Numaprimeira etapa, a aplicação da análise factorial de correspondências (AFC) aouniverso de variáveis em análise no inquérito permitiu individualizar 12 gruposde opinião, de acordo com similitudes relativamente ao grau de sensibilidade àsquestões ambientais em avaliação. Para cada grupo de opinião, o perfil sócio--profissional dos respondentes foi identificado através da projecção em suple-mentar dessas variáveis, sobre o espaço factorial obtido a partir da AFC dasvariáveis «ambientais». Num segundo momento hierarquizaram-se os grupos deopinião segundo categorias de sensibilidade ambiental, consoante valores, atitu-des e comportamentos, reveladoras de níveis de integração nas paisagens.

Dentro dos grupos de sensibilidade ambiental e categorias de atitude e decomportamento individualizados, a técnica estatística utilizada permite iden-tificar os aspectos ambientais e estéticos mais valorizados pelos inquiridos,

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ou seja, os elementos da paisagem que constituem vínculos identitários. Estestendem a estimular sentimentos topofílicos geradores de atitudes e compor-tamentos de preservação da qualidade das paisagens. Este tipo de análisepossibilita a definição de prioridades relativamente à selecção de temas deintervenção a desenvolver e de metodologias a utilizar em eventuais acçõesde sensibilização ambiental.

Uma vez que 40% dos inquiridos são jovens com idades entre os 15 eos 19 anos, a identificação das preferências paisagísticas e a aferição deconhecimentos e lacunas relativos às questões ambientais são importantestrunfos na planificação dos trabalhos escolares e na eventual articulação daescola com outras instituições locais: câmaras municipais, juntas de fregue-sia, Parque Natural Sintra-Cascais, entre outras.

A RECOLHA DOS DADOS — O INQUÉRITO

A recolha de dados foi realizada através de inquérito, pré-testado numapopulação de uma dezena de inquiridos com residência na bacia hidrográficahá mais de vinte anos. A sua aplicação, responsabilidade da primeira autora,decorreu entre Dezembro de 1999 e Março de 2000 e integrou transeuntes,comerciantes locais e público recrutado nas seguintes instituições — CâmaraMunicipal de Sintra, Junta de Freguesia de São Martinho, SMAS de Sintra,Bombeiros de Colares, Posto da GNR de Colares, Escola Secundária de SantaMaria, na Portela de Sintra e Escola Colares-Sarrazola, em Colares. O inquéritoincidiu sobre a população local, pelo facto de se considerar que a experiênciaindividual das paisagens é decisiva na apreensão do mundo, ao determinaratitudes e estimular comportamentos (Tuan, 1984). A amostra final comporta157 indivíduos, 0,6% da população residente e utente da bacia hidrográfica,percentagem que se torna significativamente maior para a população jovem(40%) e professores (15%), motivação primordial do inquérito. As questõesdo inquérito centraram-se nas paisagens mais emblemáticas e/ou particular-mente vulneráveis da bacia hidrográfica: serra de Sintra, várzea de Colares,corredor fluvial da ribeira de Colares e Praia das Maçãs. Para cada paisagem,procurou-se repetir as questões em avaliação, alargando-se o universo devariáveis a partir das preocupações do público. O inquérito foi organizado emtrês partes: A – percepção estética e ambiental das paisagens da baciahidrográfica; B – percepção do risco de cheia; C – dados pessoais dos inqui-ridos.

Na parte A as paisagens individualizadas foram alvo de avaliação estéticae ambiental. Entre estas, destaca-se a serra de Sintra por constituir um marcode referência singular na região e na bacia hidrográfica. As restantes paisa-gens foram seleccionadas por serem ecossistemas particularmente frágeis e,portanto, mais necessitados de protecção. Introduziram-se também outrasquestões de carácter ambiental: preferências recreativas; elementos de eleva-

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do valor ambiental e patrimonial; infra-estruturas, enquanto meios de acesso/descoberta. Nesta secção, a totalidade das questões é expressa num total de67 variáveis, cada uma subdividida em quatro modalidades. Utilizaram-sequestões fechadas e uma adaptação simplificada da escala semi-quantitativade Likert: 4 – elevado; 3 – médio; 2 – reduzido; 1 – indefinido/inexistente(Zube et al., 1975, in Saraiva, 1999; Appleton, 1975, in Saraiva, 1999;Kaplan e Kaplan, 1978, in Saraiva, 1999; Lima, 2000).

Na parte B são avaliados níveis de consciencialização e padrões de ajus-tamento à ocorrência de cheias. Segundo Lima (1995), a percepção do riscode cheia depende do grau de informação, do controle percepcionado e doenvolvimento pessoal, pelo que a consciencialização do risco é fundamental nasua quantificação e previsibilidade (Bernardo, 1995). Na construção destaparte do inquérito seguiram-se os princípios metodológicos da teoria geral deadaptação a perigos, dos geógrafos Burton, Kates e White (1978), a fim deproceder à escolha das variáveis e à sua ordenação, como suporte da interpre-tação das respostas e apoio às conclusões. A totalidade das questões destasecção corresponde a um total de 148 modalidades de resposta.

Na parte C avalia-se o perfil sócio-demográfico dos inquiridos a partirde dados individuais (sexo, idade), vivência (origem, residência) e ocupações(habilitações académicas, profissão e tempos livres). Comporta questõesabertas (8) e de resposta alternativa (3), resultando um total de 45 modali-dades de resposta.

A extensão/morosidade do inquérito trouxe alguma dificuldade ao «recruta-mento» de voluntários para os inquéritos de rua. Nos respondentes institucionaisesta dificuldade foi, obviamente, menos sentida. Os jovens aderiram relativa-mente bem ao preenchimento do questionário, embora surgissem dificuldades nalinguagem e nos conteúdos relativos às questões ambientais, com destaque paraos relacionados com o risco de cheia, em parte fruto da sua falta de experiência.As questões não respondidas foram retiradas da avaliação, no caso de seremabertas (4%), e, sendo fechadas (2%), integraram-se na categoria 1 da escala deLikert utilizada, uma vez que se lhes atribuiu o sentido de falta de opinião, pordesconhecimento ou indiferença relativamente à variável em análise.

O tratamento do inquérito foi realizado em duas etapas: uma análisedescritiva por grupo (variáveis e modalidades) e para cada uma das partes(A, B e C); uma análise exploratória efectuada pela análise factorial decorrespondências, cuja metodologia e resultados são resumidos neste artigo.

TRATAMENTO DOS DADOS

METODOLOGIA ADOPTADA

Para retirar o máximo de informação dos resultados de um inquérito destetipo, em que a quantidade e diversidade das variáveis é considerável, é necessário

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adoptar uma estratégia de tratamento de dados que permita condensar a infor-mação de partida num sistema hierarquizado de associações que tome em contaa heterogeneidade presente na arquitectura do questionário. Para «evitar» aexplosão combinatória de tabelas de frequência e de contingência do apuramentotradicional é desejável que as associações encontradas sejam expressas simboli-camente em gráficos de leitura clara e inequívoca. No sentido de filtrar infor-mação não relevante e sequenciar, por ordem de significância, as associaçõesretidas, estas devem ser quantificáveis segundo critérios objectivos, referentessimultaneamente às variáveis e às características dos indivíduos submetidos aoinquérito. São estes critérios quantificados — relativos especialmente às «con-tribuições» dos elementos a tratar (variáveis e indivíduos) para a «importância»das relações emergentes da análise — que permitem estabelecer normas claraspara a interpretação dos gráficos, cujo carácter visualmente sugestivo tem de ser«temperado» por regras de leitura padronizadas, dependentes dos fundamentosteóricos dos métodos de processamento e ajustadas ao modelo de dados em causa(em especial, à natureza e estatuto das variáveis).

Para extrair dos dados brutos esse sistema hierarquizado de associaçõesentre os respondentes e o conjunto heterogéneo de respostas ao inquérito,exprimindo essas relações de um modo interpretável graficamente a partir das«contribuições», propõe-se uma metodologia baseada na análise factorial decorrespondências com separação entre variáveis «activas» e «ilustrativas»(Lebart, 1975; Pereira, 1987; Grangé e Lebart, 1993).

A análise factorial de correspondências foi aplicada aos resultados doinquérito, codificados numa matriz de n linhas (neste caso, n = 157, os indi-víduos que responderam ao inquérito) por p colunas que representam as variá-veis «activas» (neste caso, p = 461, as perguntas referentes à percepção estética,ambiental e de risco de cheias). Um outro bloco de dimensão (157 × 45)contendo as variáveis «ilustrativas» (neste caso, q = 45 modalidades referentesà caracterização sócio-demográfica dos indivíduos) foi projectado em «suple-mentar» sobre os eixos criados pelo primeiro bloco de dimensão (157 × 461).O estatuto teórico destes dois tipos de variáveis — as activas e as ilustrativas —é completamente distinto, o que tem importantes implicações na interpretaçãodos gráficos produzidos. Enquanto as variáveis «activas» são as que «coman-dam» a análise, combinando-se entre si para a «criação» dos eixos factoriais, asvariáveis ilustrativas são projectadas em suplementar, posicionando-se no espaçoengendrado pelas variáveis activas. Esta estratégia de tratamento é análoga aomodelo de uma regressão qualitativa em que as variáveis activas têm o estatutodas variáveis «explicativas» na regressão clássica entre números reais.

A análise factorial de correspondências — desenvolvida nos anos 60 porJean-Paul Benzécri nos círculos culturais franceses ligados à linguística matemá-tica (Benzécri, 1973) — assenta na decomposição da inércia1 total da nuvem dos

1 A inércia em variáveis qualitativas é o análogo da variância (grandeza que só tem sentidopara variáveis quantitativas), avaliando a dispersão dos pontos da nuvem em termos geomé-

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indivíduos no espaço das variáveis (ou da nuvem das variáveis no espaço dosindivíduos, o que é equivalente) segundo as direcções de maior alongamento dasnuvens, as quais dão os eixos factoriais2. A «importância» relativa de cada eixoé medida pelo seu valor próprio, grandeza que representa a parte da inércia totalda nuvem explicada por esse eixo. Com base na listagem ordenada dos valorespróprios, os eixos podem assim ser hierarquizados por ordem da sua importânciana explicação da inércia da nuvem. Aplicando um critério de selecção, pode depoisreter-se para análise um «pequeno» número de eixos para sumariar as relaçõesexpressas pelas similitudes e oposições reveladas pelas projecções dos indivíduose propriedades nesses eixos. Esta possibilidade de interpretação conjunta de indi-víduos e propriedades no mesmo gráfico (que assenta, do ponto de vista teórico,no «princípio baricêntrico»3, cf. Greenacre e Blasius, 1994) é explorada inten-samente na interpretação dos resultados deste inquérito, em que os indivíduos nãosão «anónimos», mas cujas características são analisadas em grande pormenor (oque é uma exigência da tipologia detalhada que se pretende estabelecer).

Na leitura dos gráficos que dão as projecções dos indivíduos e variáveisem cada eixo, o conceito-chave que permite quantificar a importância desseselementos para a interpretação é a sua contribuição absoluta para o eixo.A contribuição absoluta, que só se refere à matriz das variáveis activas(aquelas que «criam» os eixos), é dada pelo quociente entre a inércia par-ticular de cada indivíduo ou variável e a inércia total transportada pelo eixo(o valor próprio). A listagem ordenada das contribuições absolutas permiteassim hierarquizar os indivíduos e propriedades quanto à sua «participação»na dispersão relativa a cada eixo e identificar os elementos mais relevantespara a interpretação desse eixo.

Na presente análise foram seleccionados os seis primeiros eixos, uma vezque, embora expliquem apenas 34% da inércia da nuvem, são suficientespara interpretar a totalidade das variáveis «activas» e «ilustrativas» constan-tes do inquérito.

tricos (e não estatísticos, como é o caso da variância). A inércia — com claras analogias nodomínio da física mecânica — é definida como o produto do peso (a frequência relativa decada modalidade da variável qualitativa) pelo quadrado da distância ao centro de gravidadeda nuvem (esta distância, em análise das correspondências, é dada pelo quiquadrado).

2 O procedimento para extrair os eixos factoriais consiste na decomposição da matriz deinércia nos seus vectores próprios (direcções preferenciais da nuvem) e valores próprios(«importância» relativa dessas direcções). Com este procedimento assegura-se um compro-misso entre a redução da dimensionalidade do espaço onde se faz a interpretação e aconformidade com os dados de partida.

3 O princípio baricêntrico, que é específico da análise de correspondências e não se aplicaa outros métodos factoriais, resulta da simetria completa entre linhas e colunas da matriz de partidae consiste na propriedade de cada linha (indivíduo) se projectar no centro de gravidade dascolunas (variáveis) com as quais essa linha se encontra associada (o que é válido, mutatis mutandis,para cada variável que se encontra no centro de gravidade dos indivíduos a ela ligados).

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Definido o número de eixos, seleccionaram-se os indivíduos e as variá-veis com contribuições absolutas (> 0,6), valor obtido segundo a regra 100/n, em que n é a menor dimensão da matriz submetida à análise no caso(157). Para o primeiro eixo, o de maior percentagem explicativa (10%)4,apresenta-se, a título ilustrativo, a listagem ordenada das contribuiçõesabsolutas para as variáveis/modalidades «activas» (quadro n.º 1).

4 É de notar que esta percentagem de explicação, embora aparentemente pequena, resultada estratégia de codificação utilizada e tem significado estatístico (Greenacre e Basilius, 1994,p. 156).

Variáveis significativas para o eixo 1 ordenadas pelas suas contribuiçõesabsolutas (F1) e classificadas segundo a sua projecção

no semieixo positivo (+) ou negativo (–)

Prejuízos inerentes a cheias: queda de muros . .Reduzido interesse: praia Verão . . . . . . . . . . . . .Prejuízos materiais em habitações. . . . . . . . . . . .Prejuízos no património arquitectónico . . . . . . .Vivência de cheias 1960-1964 . . . . . . . . . . . . . .Vivência de cheias 1980-1984 . . . . . . . . . . . . . .Sem opinião: preservação paisagem natural da

serra de Sintra . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .Sem opinião: sobre PNSC . . . . . . . . . . . . . . . . .Médio valor estético/ambiental PNSC. . . . . . . .Sem opinião: aspecto água ribeira Colares. . . . .Vivência de cheias 1965-1969. . . . . . . . . . . . . .Vivência de cheias 1975-1979. . . . . . . . . . . . . .Sem opinião: margens da ribeira Colares. . . . . . .Viveu situação de cheias na bacia hidrográfica .Reduzido valor estético/ambiental PNSC. . . . . .Sem opinião: existência fauna na ribeira Colares.Sem opinião: fundo calhaus da ribeira Colares .Elevado valor estético/ambiental pistas bici-

cleta . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . .Vivência de cheias 1985-1989. . . . . . . . . . . . . .Elevado valor estético/ambiental estradas . . . . .Reduzido valor estético/ambiental vinho Co-

lares . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . .Hobbies: espectáculos de sala. . . . . . . . . . . . . .Vivência de cheias fora da bacia hidrográfica . . .Sem opinião: ribeira Colares c/ actual área de lazerSem opinião: som da água da ribeira Colares . . .Sem opinião: tonalidade água ribeira Colares . .Reduzido valor estético/ambiental fontes . . . . .Reduzido valor estético/ambiental recantos . . . .Reduzido interesse: praia Inverno. . . . . . . . . . . .Sabe prejuízos pessoais: desalojados. . . . . . . . .Elevado valor estético/ambiental do bocage . . .

2,181,841,491,481,351,34

1,311,271,171,121,121,091,081,081,041,020,95

0,940,930,91

0,880,870,810,790,770,760,710,690,650,650,61

–1,50–1,01

–0,83–0,74–0,72–0,72

–0,58

–0,57

–0,56

Elevado valor estético/ambiental aspectoágua da ribeira Colares . . . . . . . . . . . . . . .

Médio risco de cheia à ribeira de Colares . . .Médio valor estético/ambiental fauna e flora

da ribeira Colares . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Reduzido risco cheia aviários/estábulos . . . .Médio risco cheia campos futebol . . . . . . . . .Hobbie: jardinagem/agricultura . . . . . . . . . .Médio valor estético/ambiental fundos areno-

sos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Médio valor estético/ambiental tonalidade

água ribeira Colares . . . . . . . . . . . . . . . . . .Médio valor estético/ambiental qualidade

água ribeira Colares . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[QUADRO N.º 1]

Variáveis/modalidades «activas»F1(+)

Variáveis/modalidades «activas»F1(–)

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Para cada eixo foram construídos três gráficos: um contendo as variáveis«activas» e dois outros relativos às variáveis «ilustrativas», neste caso os perfissócio-profissionais dos respondentes, colocados em suplementar. A criação dedois gráficos por eixo para as variáveis «ilustrativas» resulta da reduzidarepresentatividade (68 indivíduos, no total dos seis primeiros eixos) obtida apartir das contribuições > 0,6 — indivíduos «fortes», posicionados nos eixosa (figura n.º 1a). A restante amostra (contribuições < 0,6) fica representadanos eixos b (figura n.º 1b). Trata-se de indivíduos que, embora se enquadremno perfil desenhado pelos representados nos eixos a, têm opinião menos de-finida — indivíduos «fracos». Neste artigo exploram-se, a título de exemplo,os três gráficos correspondentes ao eixo 1: o gráfico das variáveis «activas», noqual se individualizam dois grupos de opinião, os quais, pelo teor das respostasrelativas à sensibilidade estética e à problemática ambiental do território, foramapelidados de cinzento, à esquerda, e de pragmático conservador, à direita(figura n.º 1, anexo); os dois gráficos em que se encontram representados osperfis sócio-profissionais dos indivíduos responsáveis por esses grupos de opi-nião — os considerados «fortes» (contribuições > 0,6), que determinam asvariáveis evidenciadas nesse eixo (figura n.º 1a, anexo), e aqueles que, emborade forma menos conclusiva, considerados «fracos» (contribuições < 0,6), osacompanham relativamente à percepção ambiental (figura n.º 1b, anexo).

Na definição da tipologia de atitudes e de comportamentos, as metodo-logias consultadas na bibliografia (Mckenie, 1974, in Ramos, 1988; Dubois,1993; Lima, 2000) não se ajustam à população-alvo, pelo que foi criada umatipologia mais adaptada à realidade em avaliação. Com esse objectivo, pro-cedeu-se da seguinte forma:

Num primeiro momento, para cada grupo de opinião, clarificaram-se aspercepções estético/ambientais e as relativas ao risco de cheias mais mar-cantes, ou seja, aquelas que detêm maior peso explicativo na constituiçãode cada eixo e relativamente às quais surge no gráfico um maior númerode variáveis. A título de exemplo, no eixo 1 (figura n.º 1, anexo) o grupode opinião situado à esquerda classifica unicamente a paisagem do cor-redor fluvial da ribeira de Colares, à qual atribui valor médio em termosestético/ambientais (A1) e risco de cheia (B1). A sua avaliação espelhaalguma falta de preparação relativamente à temática do risco, nomeada-mente ao classificar de reduzido o risco inerente à localização de aviáriose estábulos junto à ribeira de Colares (B2). Pela sua falta de comprome-timento relativamente à apreciação das paisagens que partilha, foi ape-lidado de cinzento. Trata-se de um grupo heterogéneo relativamente àidade e profissão, não residente na bacia hidrográfica (figura n.º 1a efigura n.º 1b, anexo). O grupo de opinião situado à direita mostra-serelativamente desinteressado em relação aos atributos estéticos e ambien-tais das paisagens, à excepção da paisagem rural tradicional (bocage),atribuindo-lhe elevado valor estético/ambiental (A2). Demonstra grande

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Percepção da paisagem da bacia hidrográfica da ribeira de Colares

Grupos de opinião Percepção globalTipo

de atitudeTipo de

comportamentoNível de

integração

interesse na construção de pistas para bicicleta e no desenvolvimento dasestradas (A3). Experimentou vivências de cheias (B3) e sabe de prejuízosinerentes a esses acontecimentos (B4). Porém, não surge no gráfico qual-quer variável que exprima uma eventual actuação dos respondentes naprevenção e/ou mitigação desse fenómeno. Pela sua avaliação, propôs-sea designação de pragmático conservador. É um grupo maioritariamenteadulto, do sexo masculino, quadro médio ou profissão especializada eresidente na bacia hidrográfica (figura n.º 1a e figura n.º 1b, anexo). Paraos restantes eixos apresentam-se as variáveis «activas» ou de opinião,uma vez que, no seu conjunto, representam o universo de variáveisconstantes do inquérito e oferecem alguma explicação relativamente àsdesignações escolhidas para os diferentes grupos de opinião (figura n.º 2,figura n.º 3, figura n.º 4, figura n.º 5 e figura n.º 6, anexo).Numa segunda etapa hierarquizaram-se os grupos de opinião de acordocom tipos de atitude e de comportamento representativos de níveis deconsciência ambiental, tendo resultado a seguinte classificação: catego-rias de atitude — «ambientalista», «localista», «inadaptado» e «excluí-do»; categorias de comportamento — «participativo», «passivo» e«ausente». Da combinação dos tipos de atitude com os tipos de com-portamento resultou a definição de níveis de integração dos inquiridosnas paisagens que partilham (quadro n.º 2).

Tipologia de sensibilidade ambiental face às paisagens

Consciente das ques-tões ambientais da ri-beira de Colares e actuana sua defesa

Consciente do valordas paisagens. Poucocrítico por falta de pre-paração ambiental.

Desconhecedor e/oudesinteressado naspaisagens a que atri-bui valor reduzido.Falta de preparaçãoambiental.

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2.2. RESULTADOS

No cômputo geral, definiram-se dois universos sensivelmente com omesmo peso: metade dos inquiridos (51%) está relativamente bem integradana bacia hidrográfica e gosta das paisagens que habita – os «ambientalistas»e os «localistas»; a outra metade (49%) mostra uma certa falta de integraçãonaquele território — os «inadaptados» e os «excluídos». A estes quatro tiposde atitude correspondem três tipos de comportamento — «participativo»,«passivo» e «ausente», este último o mais vulnerável às ameaças ambientaise mais exposto ao risco de cheias, ou mesmo constituindo uma ameaça paraas paisagens da bacia hidrográfica, na qualidade de potenciais poluidores e/ou desrespeitadores das normas ambientais.

Da metade considerada integrada, os «ambientalistas» estão atentos àsquestões ambientais do corredor fluvial da ribeira de Colares, em particularao risco de cheia, que consideram elevado. A sua participação em campanhasde prevenção desse risco, a par de sugestões ajustadas para o ordenamentoribeirinho, permitem classificá-los de participativos, com um nível de inte-gração elevado/médio (quadro n.º 2). Os «localistas» atribuem elevado valoraos atributos estéticos e ambientais das paisagens da bacia hidrográfica, em-bora sejam pouco críticos nessa avaliação. Apesar de conhecedores e até ví-timas de cheias, têm um comportamento passivo na prevenção desse risco.O seu nível de integração nas paisagens foi considerado médio (quadro n.º 2).

Da metade não integrada, os «inadaptados» são indivíduos desinteressa-dos nas paisagens, o que é expresso na atribuição de valor reduzido aopatrimónio histórico-cultural da serra de Sintra. Estão pouco esclarecidosrelativamente às questões ambientais e do risco de cheia, ao qual atribuemvalor médio (quadro n.º 2). Os «excluídos» atribuem valor reduzido ouinexistente às paisagens da bacia hidrográfica. Ignoram o risco de cheia naribeira de Colares ou classificam-no de médio, mas, nesse caso, têm umaatitude contrária a essa avaliação, representada na aspiração a uma residênciajunto àquele curso de água, facto que os torna potenciais vítimas.

Dentro desta tipologia de atitudes e de comportamentos destaca-se, en-quanto factor de desenvolvimento do gosto e de acções em defesa das pai-sagens, a residência na bacia hidrográfica. Dos integrados, os indivíduos dosgrupos «pragmático moderno», «ribeirinho», «imaturo», «acomodado»,«pragmático conservador» e «romântico» residem maioritariamente na baciahidrográfica, ou são sintrenses (caso do «romântico»). Contrariamente, osindivíduos inadaptados e os excluídos — grupos «amorfo», «cinzento»,«alheado», «desenraizado» e «mutante» — residem maioritariamente fora dabacia hidrográfica.

A importância marcante da vivência no desenvolvimento de atitudes ecomportamentos pró-ambientais é reforçada pelo facto de o grau de instru-ção e/ou o tipo de ocupação profissional dos inquiridos não se terem mos-

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trado determinantes na individualização dos grupos de opinião. Com efeito,existem no mesmo grupo de opinião indivíduos com diferentes níveis de instru-ção e ocupação profissional (figura n.º 1, figura n.º 1a e figura n.º 1b, anexo).Por outro lado, o grau de integração na paisagem nem sempre tem relaçãodirecta com o nível de instrução dos inquiridos. É o caso dos grupos de opiniãodo eixo 1, nos quais os indivíduos que constituem o «pragmático conservador»(parte positiva), embora com nível médio de instrução inferior aos indivíduosdo grupo «cinzento» (parte negativa), são mais atentos e críticos em relação àsquestões ambientais em avaliação (figura n.º 1, figura n.º 1a e figura n.º 1b).

A ocupação dos tempos livres é igualmente conclusiva da modelação dogosto pelas paisagens. É o caso do «acomodado», grupo particularmentesensível aos atributos estéticos da paisagem, cujos hobbies são as artes plás-ticas e/ou a fotografia. A variável «desporto» tem uma contribuição signi-ficativa na individualização dos grupos de jovens «imaturo» e «mutante»,bem como nos sintrenses do grupo «romântico».

Verificaram-se diferenças de percepção por género e classe etária. Napopulação adulta, o estereótipo do homem mais activo e pragmático vs.mulher mais passiva e sonhadora pode ser, de alguma forma, comprovado.Representa essa dicotomia o «pragmático moderno» (4% da amostra), grupomaioritariamente masculino, com participação em campanhas de risco decheias, interessado sobretudo nos recursos ribeirinhos e nos meios de acesso/descoberta das paisagens de Sintra-Colares. Por seu lado, o «acomodado»(8% da amostra), grupo maioritariamente feminino, é particularmente sen-sível aos atributos estéticos da paisagem, embora não tenha participaçãoactiva na sua defesa, logo, com comportamento passivo, comum a 50% dosinquiridos.

Constata-se também existir uma certa inversão na avaliação das paisagenspor parte dos mais novos face aos mais velhos. Representativo desta realida-de, destaca-se o grupo «imaturo», maioritariamente jovens do sexo masculi-no, com conhecimento e agrado por potencialidades das paisagens da baciahidrográfica, nomeadamente estéticas, embora evidenciem falta de maturida-de relativamente às questões ambientais, porventura por falta de experiênciade vida. As raparigas estão representadas em maior número do que osrapazes nos grupos com maior consciência dos conflitos ambientais, nomea-damente do risco de cheias: «ribeirinho», «acomodado» e «romântico», numtotal de 27% dos inquiridos.

No plano dos comportamentos não existem grandes diferenças entre osjovens dos dois géneros. À data do inquérito nenhum jovem tinha partici-pado em campanhas de prevenção de cheias, embora os dois sexos se dis-ponham a colaborar com as entidades responsáveis na manutenção da qua-lidade ambiental do território, inclusive a trabalhar na limpeza de cursos deágua. Especialmente grave é a elevada percentagem (20%) de jovens que se

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excluem do meio em que vivem, classificados com comportamento «ausen-te». Com este padrão de comportamento estão representadas raparigas nogrupo feminino «sonhador» (7%) e os jovens do sexo masculino que cons-tituem a totalidade do grupo «desenraizado» (2%). Na base da tabela, jovensdos dois sexos constituem o grupo «mutante» (13%). Trata-se de indivíduosque desconhecem e não têm interesse em conhecer os recursos e as fragili-dades das paisagens em que se movimentam.

RECOMENDAÇÕES

Uma vez que a vivência/experiência surge como factor decisivo nainteriorização de conhecimentos ambientais, bem como no desenvolvimen-to do gosto pelas paisagens, as instituições com responsabilidades cívicas— escolas, câmara municipal, juntas de freguesia, grupos ambientalistas, co-municação social, entre outras — deverão dar apoio à divulgação de conhe-cimentos científicos de carácter ambiental. É também importante promoveractividades ao ar livre — desporto, jornadas fotográficas ou ateliers de pintura—, práticas que esta avaliação mostra serem do agrado de um númeroimportante de inquiridos. Trata-se de um primeiro passo para o desenvolvi-mento do gosto pelas paisagens, logo de eventuais futuras actuações emdefesa do ambiente. Por outro lado, é porventura uma forma de dar mais cora circunstâncias de vida que o inquérito revelou serem pouco satisfatóriaspara grande parte dos respondentes. As actividades no terreno e os trabalhosde campo são particularmente importantes, sobretudo para os jovens, maisinexperientes e, em número considerável, sem raízes àquelas paisagens. Comefeito, a experimentação é uma via mais rápida de transmissão de conheci-mentos, de desenvolvimento da sensibilidade às questões ambientais e dogosto pelas paisagens.

Verifica-se uma significativa mudança geracional no padrão de atitudestradicional, no qual as preocupações ambientais eram, fundamentalmente, atri-butos masculinos e as questões estéticas «coisa» de mulheres, mais passivas esonhadoras. Dos jovens inquiridos, as raparigas mostraram maior consciênciaambiental do que os jovens do sexo masculino. Por seu lado, estes últimosmostraram-se sensíveis às potencialidades estéticas das paisagens. É necessárioque essa mudança se verifique também, e sobretudo, nos comportamentos dosmais novos, o que só será possível desenvolvendo a sua identidade ecológica— reflexo do conhecimento, intuição e afecto relativamente às relações eco-lógicas (Thomashow, 1998) —, factor primordial das responsabilidades decidadania. O papel das instituições locais é determinante, como também o éo daqueles que, nas suas diferentes valências, tenham vontade de intervir nessamudança. Nesse sentido, os inquiridos, jovens e menos jovens, do grupo

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«ambientalista» são potenciais agentes de sensibilização para as questões am-bientais do corredor fluvial da ribeira de Colares. Seria importante averiguara sua disponibilidade para integrarem campanhas de sensibilização ou paraservirem de guias em percursos ambientais, uma vez que a técnica estatísticautilizada permitiu identificar os inquiridos com precisão.

Outra possibilidade emergente do facto de se poderem confrontar osinquiridos com as suas respostas é o conhecimento da sensibilidade ambientaldos jovens estudantes. Esse facto pode ajudar os professores a planificaremas actividades escolares de forma mais ajustada aos interesses e dificuldadesdos alunos, logo a um maior envolvimento e êxito nos trabalhos educativos.Neste sentido, a maior valorização do corredor fluvial da ribeira de Colarespelos jovens, relativamente à população adulta, poderá ser fruto de algumdesconhecimento da falta de qualidade ambiental daquele curso de água, masé também uma importante pista a explorar no desenvolvimento de activida-des de educação ambiental e enquanto recurso recreativo.

No caso de serem levadas a cabo algumas das recomendações aquiindicadas, seria interessante repetir o inquérito aos mesmos indivíduos dentrode dois/três anos a fim de comprovar eventuais mudanças de atitude e decomportamento. Com efeito, divulgar conhecimentos e monitorizar, de for-ma estruturada e continuada, atitudes, valores e comportamentos dos cida-dãos face às questões ambientais (Observa, 2001, in R. Lima, M. VillaverdeCabral, J. Vala e A. Ramos, 2002) tem a maior importância para a susten-tabilidade dos sistemas biofísicos e para a recriação valorativa das paisagensherdadas.

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EIX

O 2

(7

%)

Hob

bies

: Pi

ntur

a D

esen

ho

Foto

graf

ia

Hab

. aca

dém

.: 3.

º cic

lo

Elev

. val

or e

st./a

mb.

: H

otel

aria

P. M

açãs

M

arge

ns ri

beira

Col

.

Elev

ado

valo

r est

./am

b.:

Boca

ge

Cam

pos c

ultu

ra

Font

es

Arq

. cas

as tr

adic

iona

is Fa

una

e flo

ra ri

beira

Col

. Á

gua

ribei

ra C

olar

es

Cam

inho

s pé

/bic

icle

ta

Elev

ado

valo

r am

bien

tal:

Jard

ins j

unto

ribe

ira C

ol.

Cam

pos c

ultu

ra

Red

. val

or e

st./a

mb.

: R

ibei

ra C

ol. p

oten

cial

ár

ea la

zer

Pass

ear e

spaç

os n

at.

Patri

m. h

ist./c

ultu

ral

Red

uzid

o va

lor

est./

amb.

serr

a Si

ntra

: Pa

ssei

os V

erão

V

ista

s pa

norâ

mic

as

Vis

tas

p/ s.

Sin

tra

Patri

món

io h

istó

rico-

cultu

ral

Sem

opi

nião

est

./am

b.:

C

asas

P. M

açãs

; lim

peza

are

ia P

. Maç

ãs;

faun

a/flo

ra s.

Sin

tra

Sem

opi

nião

est

./am

b.:

Car

ácte

r úni

co s

. Sin

tra

Hob

bie:

D

espo

rto

Viv

ênci

a ch

eias

: Ba

nzão

e fo

ra d

a

b. h

. em

65-

69, 7

5-89

; 85

-89

Prej

uízo

s pes

soai

s:

Ani

mai

s

Cas

as ju

nto

à rib

eira

C

olar

es p

or h

eran

ça

Méd

io ri

sco

de c

heia

: C

asas

j. ri

beira

Col

. C

ampo

s cul

tivo

Cas

as ju

nto

à rib

eira

Col

. pe

la b

elez

a pa

isag

em

Sem

opi

nião

ocu

paçã

o da

s m

arge

ns:

Cas

as e

est

rada

junt

o rib

eira

Col

ares

A

Prej

uízo

s pes

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s:

Via

tura

Leg

enda

: A

– P

erce

pção

est

étic

a e

ambi

enta

l B

– P

erce

pção

risc

o de

che

ia

C –

Dad

os p

esso

ais d

os in

quiri

dos

Ele

vado

val

or a

mbi

enta

l: A

viár

ios/

está

bulo

s ju

nto

à rib

eira

Col

.

Page 19: Percepção da paisagem da bacia hidrográfica da ribeira de ...analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218707287B2uFJ4qq5Ts70QU0.pdf · Bernaldez, 1981). Por outro lado, a paisagem exprime

639

Percepção da paisagem da bacia hidrográfica da ribeira de Colares

Eix

o 3

— V

ariá

veis

de

opin

ião

[FIG

UR

A N

.º 3]

C

C

.___

____

____

____

____

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____

____

____

____

____

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____

____

____

____

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____

____

____

____

____

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____

____

____

____

____

____

.___

____

____

____

____

__.

-3

-2

-

1

0

1

2

3

EIX

O 3

(5

%)

Con

side

ra q

ue v

ive

em

luga

r de

risco

de

chei

a

Viv

ênci

a ch

eias

Sin

tra

Prej

uízo

s pe

ssoa

is/fa

míli

a:

Ani

mai

s V

iatu

ras

Ute

nsíli

os

Cas

as j.

ribe

ira C

ol.:

Her

ança

Lo

cal t

raba

lho

Elev

ado

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de

chei

a:

Estu

fas

Es

trada

s

Méd

io v

alor

est

./am

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Vist

as d

a vá

rzea

Col

ares

p/

s. S

intra

Elev

ado

valo

r est

./am

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Faun

a ra

ra s

. Sin

tra

Rib

eira

pot

enci

al á

rea

laze

r

Elev

ado

valo

r est

./am

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Cor

redo

res

ripíc

olas

C

urso

s sin

uoso

s

Sint

rens

es

Sem

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nião

: C

ampo

s cul

tura

peq

uena

dim

ensã

o Q

ualid

ade

hote

leira

da

P. M

açãs

Sem

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nião

: R

ique

za

cultu

ral/p

atrim

onia

l s.

Sin

tra

Hob

bie:

D

espo

rto

A

Sem

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: N

úmer

o pa

rque

s Es

taci

onam

ento

da

P. M

açãs

Sem

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: M

anut

ençã

o ca

mpo

s cu

ltura

na

várz

ea C

olar

es Pr

ejuí

zos:

Pa

trim

ónio

ar

quite

ctón

ico

Dat

as d

e vi

vênc

ia c

heia

s:

60-6

4 65

-69

75-7

9 80

-84

85-8

9

Viv

eu c

heia

s fo

ra

da b

. h.

Méd

io v

alor

est

./am

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Vis

tas s

. Sin

tra

Esta

cion

amen

to d

a

Prai

a M

açãs

Es

tufa

s j.

ribei

ra C

olar

es

B

Parti

cipo

u ca

mpa

nha

prev

ençã

o ris

co c

heia

Leg

enda

: A

– P

erce

pção

est

étic

a e

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enta

l B

– P

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risc

o de

che

ia

C –

Dad

os p

esso

ais

dos i

nqui

ridos

Elev

ado

inte

ress

e am

bien

tal:

Estu

fas

j. R

.ª C

olar

es

Cam

pos

fute

bol

Sem

opi

nião

: C

ondo

mín

ios f

echa

dos j

. rib

eira

Col

ares

Page 20: Percepção da paisagem da bacia hidrográfica da ribeira de ...analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218707287B2uFJ4qq5Ts70QU0.pdf · Bernaldez, 1981). Por outro lado, a paisagem exprime

640

Ana Lavrador-Silva, Henrique Garcia Pereira, Júlia Carvalho

C

C

C

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____

____

____

__. _

____

____

____

____

____

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____

____

____

. -1

0

1

2

3

4

5

EIX

O 2

(4

%)

Ele

vado

val

or e

st./a

mb:

M

arge

ns ri

beira

Col

ares

C

afés

/esp

l. j.

ribei

ra C

olar

es

Tanq

ues

pisc

icul

tura

Red

uzid

o va

lor

est./

amb:

A

rranj

o pa

isag

ístic

o da

s m

arge

ns

Hobbie:

So

ciai

s H

obbi

e:

Des

porto

Sem

opi

nião

est

./am

b.:

Flor

a ra

ra s.

Sin

tra

Faun

a e

flora

ribe

ira C

olar

es

Veg

etaç

ão ri

píco

la

Méd

io v

alor

est

./am

b.:

Estu

fas j

. rib

eira

Col

ares

C

ampo

s gol

fe C

olar

es

Cam

pos f

uteb

ol

Viv

e j.

ribei

ra C

olar

es:

Tran

spor

tes/

aces

sos

Des

conh

eci/c

heia

s Lo

cal d

e tra

balh

o

Prej

uízo

s pes

soal

/fam

iliar

es:

Ferid

os

Ani

mai

s U

tens

ílios

Ele

vado

val

or e

st./a

mb.

: C

ampo

s cu

ltivo

C

heiro

mar

gens

Fu

ndos

are

noso

s/ca

scal

hent

os

Jard

ins

Ele

vado

val

or e

st./a

mb.

da

ribe

ira

Colares

: R

eal á

rea

laze

r A

spec

to á

gua

To

nalid

ade

água

Sem

opi

nião

: C

arác

ter ú

nico

serr

a Si

ntra

Viv

eu c

heia

s em

G

alam

ares

Méd

io ri

sco

de c

heia

s rib

eira

Col

ares

Foi c

ampa

nha

de p

reve

nção

ris

co c

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A

B

Cas

as j.

ribe

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Des

conh

eci/c

heia

s

Cas

as j.

ribe

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Hab

itaçã

o fim

de

sem

ana

Elev

ado

risco

che

ia:

Jard

ins

j. rib

eira

Col

ares

Red

uzid

o va

lor e

st./a

mb:

C

asar

io P

. Maç

ãs

Elev

ado

risco

che

ia:

Cam

pos d

e cu

ltivo

A

viár

ios

e es

tábu

los

Estu

fas

Sem

opi

nião

est

./am

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Som

águ

a rib

eira

Col

ares

Q

ualid

ade

água

Sabe

lixo

s dom

éstic

os n

a rib

eira

Col

ares

Sabe

do

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de

chei

as ri

beira

Col

ares

Hobbie:

Pa

ssea

r

Leg

enda

: A

– P

erce

pção

Est

étic

a e

Am

bien

tal

B –

Per

cepç

ão ri

sco

de c

heia

C

– D

ados

pes

soai

s dos

inqu

irido

s

Figu

ra 4

– E

ixo

4– V

ariá

veis

de

opin

ião

Eix

o 4

— V

ariá

veis

de

opin

ião

[FIG

UR

A N

.º 4]

EIX

O 4

4,3%

Page 21: Percepção da paisagem da bacia hidrográfica da ribeira de ...analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218707287B2uFJ4qq5Ts70QU0.pdf · Bernaldez, 1981). Por outro lado, a paisagem exprime

641

Percepção da paisagem da bacia hidrográfica da ribeira de Colares

C

A

B

.___

____

____

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____

____

____

.___

____

____

___.

____

____

____

__._

____

____

____

.___

____

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____

____

____

_.__

____

____

___.

____

____

____

_.__

____

____

__.

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

EIX

O 5

(4

%)

Sem

opi

nião

: C

arác

ter ú

nico

serra

Si

ntra

Sem

opi

nião

s/ P

raia

M

açãs

: Li

mpe

za a

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Q

ualid

ade

da á

gua

Núm

ero

pass

adei

ras

Red

uzid

o va

lor e

st./a

mb:

Pa

ssea

r esp

aços

nat

urai

s

Sem

opi

nião

: Fr

escu

ra

ribei

ra

Col

ares

no

Ver

ão

Méd

io v

alor

est

étic

o:

Form

a da

s. S

intra

Red

uzid

o va

lor e

st./a

mb:

el

éctri

co S

intra

/P. M

açãs

Elev

ado

valo

r est.

/am

b:

Aut

o-es

trada

s

Hab

. aca

dém

icas

: 4.

ª cla

sse;

2.º

cicl

o

Sabe

cam

panh

a pr

even

ção

risco

che

ia

pela

CM

S

Elev

ado

risco

che

ia n

a rib

eira

de

Col

ares

Viv

ênci

a ch

eias

rzea

Col

ares

Prej

uízo

s: Es

trada

s Lo

jas

Pont

es

Cas

as

Disp

onív

el p

ara

ajud

ar a

com

bate

r pr

oble

mas

c/ c

urso

s ág

ua

Dar

aju

da e

conó

mic

a p/

pr

even

ção

risco

che

ia

Sabe

pre

juíz

os:

Que

da m

uros

Cham

a se

rviç

os

reco

lha

eflu

ente

s e

lixo

Leg

enda

: A

– P

erce

pção

est

étic

a e

ambi

enta

l B

– P

erce

pção

risc

o de

che

ia

C –

Dad

os p

esso

ais d

os in

quiri

dos

Elev

ado

inte

ress

e am

bien

tal:

Ta

nque

s pisc

icul

tura

j. ri

beira

C

olar

es

Figu

ra 5

– Ei

xo 5

– V

ariá

veis

de

opin

ião

Eix

o 5

— V

ariá

veis

de

opin

ião

[FIG

UR

A N

.º 5]

EIX

O 5

3,9%

Page 22: Percepção da paisagem da bacia hidrográfica da ribeira de ...analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218707287B2uFJ4qq5Ts70QU0.pdf · Bernaldez, 1981). Por outro lado, a paisagem exprime

642

Ana Lavrador-Silva, Henrique Garcia Pereira, Júlia Carvalho

C

C

A

B

.___

____

____

____

.___

____

____

____

_.__

____

____

____

___.

____

____

____

____

_.__

____

____

____

___.

____

____

____

____

_.__

____

____

____

__._

____

____

____

____

. -4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

EIX

O 6

(4

%)

Elev

ado

valo

r est

./am

b.:

Faun

a ra

ra s.

Sin

tra

Fund

os a

reno

sos

Hob

bie:

So

cial

Elev

ado

valo

r est

./am

b.:

Equi

pa/h

otel

eiro

s da

P

raia

das

Maç

ãs

Sem

opi

nião

sobr

e rib

eira

Col

ares

: C

heiro

So

m

Tona

lidad

e da

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a M

arge

ns

Red

uzid

o va

lor E

st./A

mb.

: Pa

trim

ónio

hist

óric

o/cu

ltura

l da

serra

Sin

tra e

regi

ão

Red

uzid

o va

lor e

st./a

mb.

: PN

SC

Prai

a no

Ver

ão

Méd

io v

alor

est

./am

b.:

Faun

a aq

uátic

a

Sem

opi

nião

: Ca

ract

er ú

nico

s.

Sint

ra

Hob

bie:

. D

espo

rto

Sabe

da

ocor

rênc

ia d

e ch

eias

ribe

ira C

olar

es:

65-6

9 75

-79

Viv

ênci

a ch

eias

em

Sin

tra

Prej

uízo

s oco

rrid

os:

Psic

ológ

icos

A

nim

ais

Ute

nsíli

os

Cas

as j.

ribe

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es:

Boa

aces

sibili

dade

Lo

cal

traba

lho

Elev

ado

valo

r am

bien

tal:

Cam

pos g

olfe

j. ri

beira

Col

.

Res

ide

r/c p

rédi

o

Quí

mic

os fa

bris

na

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ra C

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es M

éd. r

isco

de c

heia

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eira

Col

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Pens

a vi

r a te

r cas

a, c

/ pi

lare

s, j.

ribei

ra

Col

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Leg

enda

: A

– P

erce

pção

est

étic

a e

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enta

l B

– P

erce

pção

risc

o de

che

ia

C –

Dad

os p

esso

ais d

os in

quiri

dos

Figu

ra 6

– E

ixo

6 –

Variá

veis

de

opin

ião

Eix

o 6

– V

ariá

veis

de

opin

ião

[FIG

UR

A N

.º 6]

EIX

O 5

3,6%