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Robinson, J. (1953-1954) The Production Function and theTheoryof Capital. ReviewofEconomicStudies,vo\. 21(2), n.° 55, pp. 81-106. Roe, M. J. (1996) Chãos and Evolution in Law and Economics. Harvard Law Review, vol. 109, pp. 641-68 <http://www.law.columbia.edu/ center_program/law_economics/wp_listing_l/wp_listing/111_120>. 254 ] Claudia Heller 12 Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas RENATA LEBRE LA ROVERE Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro Os CONCEITOS de paradigmas tecnológicos e de traje- tórias tecnológicas foram desenvolvidos por vários autores a partir da década de 1970, sendo os mais importantes Richard Nelson & Sidney Winter (1977), Cristopher Freeman & Carlota Perez (1986) e Ciovanni Dosi(1982,1988a, 1988b). O desenvolvimento desses conceitos insere- se na construção da visão neo-schumpeteriana recente* sobre a inovação e o seu papel no crescimento económico, procurando identificar as cau- sãs e os impactos estmturais do progresso técnico no sistema produtivo. Como foi visto no Capítulo 5, Schumpeter defendeu o ponto de vista de que a mudança tecnológica é o motor do desenvolvimento capitalista, sendo a firma o locus de atuação do empresário inovador e de desenvolvi- mento das inovações. Os autores neo-schumpeterianos, também chama- dos de evolucionistas ou evolucionários, partem dessas premissas para analisar de que forma as inovações são geradas e difundidas no capitalis- mo. O processo de geração e difusão das inovações seria o principal fator determinante dos chamados ciclos longos do capitalismo. Na época em que esses conceitos foram desenvolvidos, a teoria econô- mica convencional tratava o progresso técnico resultante da adoção de ' Por visão neo-schumpeteriana recente entende-se o conjunto dos trabalhos de Christopher Freeman, Carlota Perez, Richard Nelson, Sidney Win- ter, Ciovanni Dosi, entre outros. Paradigmas e trajetórias tecnológicas \ 285

Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

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Page 1: Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

Robinson, J. (1953-1954) The Production Function and theTheoryofCapital. ReviewofEconomicStudies,vo\. 21(2), n.° 55, pp. 81-106.

Roe, M. J. (1996) Chãos and Evolution in Law and Economics. HarvardLaw Review, vol. 109, pp. 641-68 <http://www.law.columbia.edu/

center_program/law_economics/wp_listing_l/wp_listing/111_120>.

254 ] Claudia Heller

12Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

RENATA LEBRE LA ROVEREInstituto de Economia,Universidade Federal do Rio de Janeiro

Os CONCEITOS de paradigmas tecnológicos e de traje-

tórias tecnológicas foram desenvolvidos por vários autores a partir da

década de 1970, sendo os mais importantes Richard Nelson & Sidney

Winter (1977), Cristopher Freeman & Carlota Perez (1986) e Ciovanni

Dosi(1982,1988a, 1988b). O desenvolvimento desses conceitos insere-

se na construção da visão neo-schumpeteriana recente* sobre a inovação

e o seu papel no crescimento económico, procurando identificar as cau-

sãs e os impactos estmturais do progresso técnico no sistema produtivo.

Como foi visto no Capítulo 5, Schumpeter defendeu o ponto de vista de

que a mudança tecnológica é o motor do desenvolvimento capitalista,

sendo a firma o locus de atuação do empresário inovador e de desenvolvi-

mento das inovações. Os autores neo-schumpeterianos, também chama-

dos de evolucionistas ou evolucionários, partem dessas premissas para

analisar de que forma as inovações são geradas e difundidas no capitalis-

mo. O processo de geração e difusão das inovações seria o principal fator

determinante dos chamados ciclos longos do capitalismo.

Na época em que esses conceitos foram desenvolvidos, a teoria econô-

mica convencional tratava o progresso técnico resultante da adoção de

' Por visão neo-schumpeteriana recente entende-se o conjunto

dos trabalhos de Christopher Freeman, Carlota Perez, Richard Nelson, Sidney Win-

ter, Ciovanni Dosi, entre outros.

Paradigmas e trajetórias tecnológicas \ 285

Page 2: Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

inovações como um elemento exógeno ao sistema económico. Nessa

perspectiva teórica, os autores discutiam se o progresso técnico era deter-

minado pelo lado da oferta, principalmente através da dinâmica de ino-

vações determinada pelo avanço do conhecimento científico e pelas ati-

vidades de P&D industriais (technology-push); ou pelo lado da demanda,

através das preferências indicadas pêlos consumidores (demand-pull).

A novidade introduzida pêlos autores neo-schumpeterianos foi mos-

trar que esta divisão entre oferta e demanda era faladosa, uma vez que, na

visão destes autores, o progresso técnico resulta do desenvolvimento de

inovações que dependem não apenas da natureza do setor em que as

inovações são geradas ou adotadas como também de fatores institudo-

nais. Dado um determinado fluxo de inovações, sua adoção irá depender

do ambiente competitivo da empresa, que é um ambiente seletivo, uma

vez que a empresa irá decidir a respeito da adoção de inovações, tendo em

vista a taxa de lucros praticada no ramo industrial no qual ela se situa, das

condições do investimento e das condições de imitação das inovações.

Além disso, características institucionais — tais como o financiamento

às aüvidades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a estrutura da indús-

fria, afetam as condições de geração e de adoção de inovações. Considera-

se assim a existência um processo defeedback constante na atividade

inovadora, o qual anula a divisão de seus determinantes em fatores de

oferta e de demanda.

Na abordagem neo-schumpeteriana o progresso técnico é, portanto,

considerado como um elemento que afeta o processo de crescimento

económico, ao introduzir transformações nos sistemas socioeconômi-

cos que alteram as estratégias produtivas das empresas. Essas transforma-

coes são condicionadas tanto por aspectos internos, inerentes ao avanço

específico do conhecimento tecnológico adotado, gerando trajetórias e

paradigmas tecnológicos; quanto por aspectos externos, que configuram

o entorno económico, social e político do progresso técnico, constituin-

do paradigmas tecno-econômicos de produção.

A primeira seção deste capítulo apresenta de forma mais detalhada os

conceitos de paradigmas e de trajetórias tecnológicas desenvolvido pêlos

autores neo-schumpeterianos. A segunda aborda o conceito de paradig-

ma tecnoeconômico introduzido por Christopher Freeman & Carlota

Perez. E a terceira apresenta, a título de ilustração, a constituição do para-

286 | Renata Lebre La Rovere

digma tecnoeconômico atual, denominado por alguns autores de para-

digma das tecnologias da informação.

l. O Conceito de Paradigmas

e de Trajetórias Tecnológicas

Ao discutir a atividade inovadora, Dosi (1988b,p. 222)

a define como um conjunto de processos de busca, descoberta, experi-

mentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, no-

vos processos e novas técnicas organizacionais. A atividade inovadora

envolve um alto grau de incerteza, dependendo não apenas de atividades

de P&D como também da experiência adquirida e acumulada pelas pes-

soas e organizações. Assim, a adoção e a difusão de tecnologias é um

processo condicionado pela percepção dos agentes económicos das pos-

síveis alternativas tecnológicas e de seu potencial de desenvolvimento.

Conforme foi observado por Freeman (1984), as inovações podem ser

incrementais ou radicais. As inovações incrementais são aquelas que in-

traduzem aperfeiçoamentos em produtos ou processos existentes. As ino-

vações radicais são aquelas que introduzem novos produtos, novos pro-

cessas e novas formas de organização da produção.

Segundo Dosi, a tecnologia é um conjunto de conhecimentos práti-

cos" e "teóricos". Os problemas práticos estariam ligados a problemas

produtivos concretos e às relações entre produtores e usuários dos bens e

serviços. Os problemas teóricos envolveriam know-how, métodos, proce-

dimentos, experiências de sucesso e de fracasso, além da infra-estrutura

física referente aos equipamentos. O paradigma tecnológico, por sua vez, é

definido como um "modelo" ou um "padrão de soluções de um conjun-

to de problemas de ordem técnica, selecionado a partir de princípios

derivados do conhecimento científico e das práticas produtivas (Dosi

1982, p. 152).

Esta definição parte de uma analogia com o conceito de paradigma

científico" proposto porïhomas Kuhn em 1962. Em sua obra, A Estrutu-

ra das Revoluções Científicas, analisou a emergência de uma nova teoria

ou descoberta com padrões completamente opostos à "ciência normal .

A "ciência normal" é a prática da ciência através de um determinado

conjunto de regras e padrões tácitos definido como paradigma científico.

Paradigmas e trajetórias tecnológicas \ 287

Page 3: Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

O paradigma científico representa na realidade uma estmtura institucio-

nalizada de conhecimentos que coloca os problemas a serem resolvidos

e o método para enfrentá-los. A mudança de paradigma — ou seja, o

surgimento de um problema científico que não pode ser resolvido pêlos

instmmentos existentes — resultaria numa revolução científica.

Enquanto que o conceito de paradigma científico refere-se à produção

de conhecimento científico, o conceito de paradigma tecnológico está

relacionado com a produção de conhecimento tecnológico. Assim, o

paradigma tecnológico inclui uma série de escolhas (trade-offs) técnicas

e económicas, que serão feitas pelas empresas de acordo com as caracte-

nsticas do setor e do ambiente institucional onde elas se situam.

O paradigma tecnológico representa uma heurística seletiva, ou um

conjunto de prescrições, que definem as direções das mudanças tecnoló-

gicas a serem seguidas e aquelas a serem negligenciadas. Como foi obser-

vadoporDosi (1982), o paradigma tecnológico pode ser configurado

tanto por um "objeto exemplar" (como um circuito integrado) que passa

a ser adotado, quanto por um "conjunto heuristico na medida em que

inclui procedimentos para a solução de problemas específicos. A especi-

ficidade dos problemas gera determinadas escolhas entre as possíveis

alternativas de desenvolvimento tecnológico vislumbradas. Essas esco-

lhas, ao estarem contidas num determinado arcabouço técnico-produti-

vo, conformam o que Dosi (1982) denomina de trajetórias tecnológicas:

uma atividade "normal" de solução de problemas técnicos, recorrente

dos padrões produtivos determinados pelo paradigma tecnológico.

Dito de outra forma, como foi observado por Nelson & Winter (1977),

a trajetória tecnológica é a direção tornada pelo desenvolvimento tecno-

lógico uma vez que as firmas escolheram determinadas tecnologias vi-

sando à obtenção de lucros. Trajetórias que se caracterizam por um po-

tente conjunto de procedimentos seriam consideradas, por esses autores

como trajetórias "naturais". Este seria o caso, por exemplo, da busca por

economias de escala e pela crescente mecanização da produção, que ca-

racterizaram a dinâmica da inovação no século XX. De fato, essas são

trajetórias tecnológicas características do período fordista, cuja crise le-

vou vários autores, entre os quais os autores neo-schumpeterianos, a se

debruçar sobre a questão da importância do progresso técnico e da inova-

cão no desenvolvimento económico.

288 | Renata Lebre La Rovere

Assim, enquanto o conceito de paradigma tecnológico foi desenvolvi-

do para entender a geração e a adoção de inovações, o conceito de trajetó-

ria tecnológica refere-se muito mais à difusão de inovações. Nelson &

Winter (1977) destacam em seu texto que o objetivo de desenvolver esses

conceitos é fundamentar uma teoria que explique as diferenças intra-

setoriais no crescimento da produtividade, visando à proposição de polí-

ticas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

2. O Conceito de Paradigma Tecnoeconômico

Os autores neo-schumpeterianos são também chama-

dos de evoludonários, porque na sua visão o processo inovador resulta de

escolhas condicionadas pelo ambiente competitivo. Como será visto no

próximo capítulo deste livro, esses autores consideram que firmas de

diferentes ramos industriais podem ser vistas como organismos em dife-

rentes ambientes ou nichos. Da mesma forma que na natureza, o código

genético mais adequado às condições do ambiente acaba se tornando

predominante, num processo competitivo as firmas adotam determina-

dos procedimentos e rotinas visando a organização das suas atividades,

que acabarão sendo imitados por outras firmas e tomando-se o procedi-

mento ou a rotina predominante. O paradigma tecnológico seria assim o

conjunto de procedimentos e rotinas predominantes. O conceito de tra-

jetória tecnológica, ao ser definido como a direção tornada pelo desen-

volvimento tecnológico, dadas as escolhas constantes do paradigma, su-

gere que as firmas têm um processo de desenvolvimento tecnológico que

é condicionado pelas escolhas passadas que elas fizeram. As firmas se-

riam assim dependentes de sua trajetória (ou estariam numa situação de

path dependence, conforme capítulo anterior deste livro).

Segundo foi observado por Dantas et al. (2002, p. 31) e também por

Pessali & Fernandez no próximo capítulo deste livro, a contribuição da

teoria neo-schumpeteriana ou evolucionária para a teoria da firma con-

temporânea foi a de mostrar que a empresa é um agente que acumula ca-

pacidades organizacionais. As escolhas da firma portanto não seriam base-

adas numa racionalidade maximizadora conforme é proposto pela teoria

económica convencional, mas sim em rotinas que coordenam a sua ati-

vidade interna, baseadas no conhecimento adquirido pela empresa ao

Paradigmas e trajetórias tecnológicas \ 289

Page 4: Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

longo de sua atividade (radonalidade procedural). Esta visão põe assim

em destaque o papel das competências e da capacidade de geração de

conhecimento tácito e codificado da empresa no processo competitivo.

A análise do processo competitivo, na visão neo-schumpeteriana, re-

quer a compreensão dos conceitos de paradigma tecnológico e de trajetó-

ria tecnológica, uma vez que estes permitem entender a dinâmica da

inovação e da obtenção de ganhos de competitividade. O conceito de

paradigma tecnoeconômico, proposto por Cristopher Freeman & Cario-

ta Perez em 1988, pretende ampliar o escopo do conceito de paradigma

tecnológico, para incluir na análise do processo competitivo outros ele-

mentos além do progresso técnico. Freeman & Perez sugerem que a aná-

lise da inovação deveria adotar com o conceito de paradigma tecnoeco-

nômico ao invés do conceito de paradigma tecnológico. Isto porque este

último restringe as mudanças técnicas a mudanças em produtos e em

processos produtivos, sem levar em consideração mudanças nos custos

associadas a condições de produção e distribuição (Freeman & Perez,

1988, p. 47). O conceito de paradigma tecnoeconômico pretende assim

incluir na análise neo-schumpeteriana da inovação fatores económicos

que não são destacados nas análises de Dosi. Efetivamente, este autor se

concentra mais nas características técnicas da inovação, sem levar em

consideração o fato de que em várias economias, principalmente as eco-

nomias de países em desenvolvimento, diversos fatores institucionais

podem ser determinantes nos processos de inovação e modernização das

empresas (La Rovere, 1990, pp. 12-6).

A preocupação em definir o conceito de paradigma tecnoeconômico

está relacionada à necessidade percebida pêlos autores neo-schumpete-

rianos de compreender as mudanças que ocorrem ao longo dos ciclos de

crescimento. A ideia, verificada empiricamente por Nicolai Dmitrievich

Kondratiev (1926), de que as economias têm ciclos de crescimento, foi

retomada por Schumpeter, o qual assinalou que a evolução desses ciclos é

condicionada por "ondas de destmição criadora" (Freeman, 1984, p. 497).

Essas ondas, chamadas por Freeman de revoluções tecnológicas, advi-

riam da introdução de conjuntos de inovações radicais e incrementais

que se difundem em todos os setores da economia, mudando as formas

de organização da produção. Segundo este autor, uma revolução tecnoló-

gica caracteriza-se pela introdução de: tecnologias que promovem uma

250 ] Renata Lebre La Rovere

drástica redução nos custos de muitos bens e serviços; e uma dramática

melhoria nas características técnicas de muitos bens e serviços que não

agridem o meio-ambiente e são aplicáveis a diversos setores.

Assim, o paradigma tecnoeconômico é definido por Freeman & Perez

(1988) como uma combinação de inovações de produto, de processo,

técnicas, organizacionais e administraüvas, abrindo um leque de oportu-

nidades de investimento e de lucro. O paradigma tecnoeconômico cons-

titui portanto o resultado de um processo de seleção de uma série de

combinações viáveis de inovações técnicas, organizacionais e institucio-

nais, provocando transformações que permeiam toda a economia e que

exercem uma importante influência no comportamento da mesma (Las-

três & Ferraz, 1999, p. 32).

Cada paradigma tecnoeconômico é caracterizado por um conjunto

específico de insumos. Este conjunto, denominado pêlos autores de fa-

tor-chave do paradigma, tem as seguintes características:

• promove mudanças significativas nos custos relativos, o que leva os

engenheiros e administradores a modificar suas regras de decisão;

• os insumos que o compõem têm oferta ilimitada;

• os insumos que o compõem são utilizados em inovações de produto

e de processo em todas as atividades económicas.

Além disso, um novo paradigma tecnoeconômico envolve uma série

de elementos e tendências, a saber (Freeman&Perez, 1988, p. 59):

— uma nova melhor prática de organização da produção;

— novas qualificações da mão-de-obra;

— novo mix de produtos;

novas tendências nas inovações radicais e incrementais que levam

à progressiva utilização do novo fator-chave;

— novos padrões de investimento à medida que muda a estrutura de

custos relativos das empresas;

— novas infra-estruturas ligadas ao fator-chave;

entrada de novas firmas empreendedoras nos mercados em cresci-

mento devido às oportunidades geradas pela mudança de paradigma;

— aumento da participação de grandes empresas, seja por crescimen-

to ou por diversificação, nos mercados onde o fator-chave é produzido;

— novos padrões de consumo de bens e de ser/iços e novas formas de

comercialização da produção.

Paradigmas e trajetórias tecnológicas \ 291

Page 5: Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

O Quadro 12.1 é uma versão resumida do quadro apresentado por

Freeman & Perez (1988), listando as principais características dos su-

cessivos paradigmas tecno-econômicos desde a Revolução Industrial.

Pode-se constatar pela análise do mesmo que cada paradigma possui um

conjunto específico de fatores-chave e de indústrias propulsoras do cres-

cimento ou indústrias-chave. As formas de organização industrial e de

competição também mudam.

Quadro 12.1. Os paradigmas tecnoeconômicos

Períodos Descrição Indústrias-chave Fatores-chave Organizaçãoindustrial

1770-1840 Mecanização Têxtil, química,metalmecãnica,

Algodão e ferro Pequenas empresas

locais

1840-1890

1890-1940

Máquinas a vapore ferrovias

Motores a vapor,

mâquinas-

ferramenta,

maquinas para

ferrovias

Carvão, sistema de Empresas pequenastransportes e grandes;

cescimento das so-

ciedades anónimas

1940-1980

1980-pen'odo

atual

e elétrica

Fordista

Tecnologiasdeinformação ecomunicação

produtos químicos,armas, maquinas

elétricas

Automobilística, Derivados dearmas, aeronáutica, petróleo

bens de consumo

duráveis,

petroquímica

Computadores, Microprocessadores

produtoseletrônicos,software,

telecomunicações,

novos materiais,

servi cos deinformação

Monopólios eoligopólios

Competiçãooligopolistaecrescimento das

multinacionais

Redes de firmas

Fonte: Freeman & Perez (1988), pp. 50-7.

O Quadro 12.2 mostra as principais diferenças entre os paradigmas

mais recentes, a saber os paradigmas fordista e o das tecnologias de infor-

mação e comunicação. Como mostra o quadro, o paradigma fordista,

apoiado na produção em massa, tinha procedimentos específicos de or-

ganização da produção cuja lógica era a obtenção de retornos crescentes

252 | Renata Lebre La Rovere

de escala e a expansão dos mercados, viabilizada por energia de baixo

custo. Com os choques do petróleo e o esgotamento dos ganhos de escala

nos anos 19 70, tomou-se cada vez mais difícil obter ganhos com base em

produtos padronizados. As empresas passaram então a buscar cada vez

mais mercados globais, a buscar procedimentos de produção mais flexí-

veis e tentar diversificar seus produtos. Esta busca levou à formação de

redes de empresas e à simplificação das estmturas hierárquicas e de pro-

dução das firmas. As firmas começaram também a dar mais ênfase às

aüvidades de serviços relacionados a seus produtos, visando assegurar a

fidelidade de seus clientes. Finalmente, neste novo modelo o papel do

Governo torna-se diferente do modelo fordista.

A medida que o processo de globalização se acelera, os fluxos de capi-

tais e de tecnologia se deslocam com mais rapidez, reforçando a impor-

tânda do papel regulador dos Estados nacionais. O Quadro 12.2 ilustra

como vários elementos da organização da produção variam em função da

mudança do paradigma tecnoeconômico. As tecnologias da informação

e comunicação assumem um papel cada vez mais importante no modelo

de produção pós-fordista, gerando novas formas de organização da pro-

dução, compatíveis com o novo paradigma e novas trajetórias tecnológi-

cãs daí resultantes.

Quadro 12.2: Comparação entre os paradigmas fordista e as tecnologias de

informação e comunicação

Fordista Tecnologias de Informação e Comunicação

Intensivo em energiaPadronização de produtosMix de produtos estávelFirmas isoladas

Organização hierárquica da firma

Produção em departamentosProdutos com serviçosCentralização das informaçõesEspecialização da mão-de-obra

Planejamento EstratégicoControle governamental

Intensivo em informação

Produção sob medidaRápidas mudanças no mix de produtosRedes de firmasOrganização simplificada da firmaProdução integradaServiços com produtosDistribuição de inteligênciaPolivalência da mão-de-obra

Visão Estratégica

Governo como coordenador eregulador

Fonte: Ti gre(199S).

Paradigmas e trajetórias tecnológicas \ 293

Page 6: Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

Conforme foi observado por Perez (1992), o paradigma tecnoeconô-

mico não é a simples abertura de uma nova e ampla gama de possibilida-

dês técnicas. Na medida em que cada fator-chave requer uma nova infra-

estmtura facilitadora e pode introduzir mudanças organizacionais, há

penados nos quais diferentes paradigmas coexistem. Além disso, um novo

paradigma não apenas propicia o surgimento de novas indústrias como

renova e transforma as indústrias maduras existentes. Um novo paradig-

ma redefine desta forma as condições de competitividade das empresas e

cria oportunidades para países em desenvolvimento reduzirem o hiato

tecnológico que os separa dos países desenvolvidos. O surgimento do

paradigma das tecnologias da informação e comunicação propiciou, por

exemplo, oportunidades produtivas para países asiáücos como a Coreia e

Taiwan, que se especializaram na produção de componentes para equipa-

mentos voltados a esse tipo de tecnologia.

Um paradigma tecnoeconômico pode ser caracterizado por um ciclo

de expansão e de contração de investimentos, através de quatro períodos

sucessivos (Figural2.1): i) difusão inicial, quando surgem as inovações

radicais em produtos e processos, proporcionando múltiplas oportunida-

dês de novos investimentos e o surgimento de novas indústrias e de novos

sistemas tecnológicos; ii) crescimento rápido (prematuro), quando as

novas indústrias vão se firmando e explorando inovações sucessivas; iii)

crescimento mais lento (tardio), quando o crescimento das novas indús-

trias começa a desacelerar-se e o paradigma se difunde para os setores

menos receptivos; iv) fase de maturação, ou última fase do ciclo de vida

do paradigma, na qual os mercados começam a saturar-se, os produtos e

processos se padronizam, o conjunto de produtos chegam a um ponto de

esgotamento e as inovações incrementais nos processos trazem pouco

aumento de produtividade. Nesta última fase, a experiência acumulada

em cada indústria e no mercado é tal que os novos produtos alcançando

sua maturidade cada vez mais rapidamente (Perez, 1992).

294 | Renata Lebre La Rovere

Figura 12.1. Fases de um paradigma tecnoeconômico

Fase lDifusão Inicial

(+ IV do anterior)

Grau de ^maturação !

(e desdobramento)

Paradigma:'anterior

(fase

Fase IVMaturidade

(mais l do novo)

íConhedmentoáe experiência

ècmca acessive'elhas tecnotogii

;t

privatizaçâo í,'ecimento,

:1a técnica e)w-how ^, conhecimentos

livrementedisponíveis-

Conhecimentos -livrementedisponíveis

novas tecnotogiasespecíficase gengr-ícas)

N O V Oyparadigma(fase! l)

Dupla oportunidade tecnológicaTempo

Fonte: perez^C. Cambio técnico, restruciuración compeiiliva y reforma institucional en los países endesarrollo. ElTrimestre Económico, vol. 61, 1992, p.38.

A Figura 12.1 indica que os conhecimentos na última fase de um

paradigma tecnoeconômico e na fase inicial de um novo paradigma es-

tão livremente disponíveis. Isto porque nesta fase as inovações associadas

ao velho paradigma já se difundiram por toda a economia e as inovações

associadas ao novo paradigma ainda estão sendo geradas. À medida que as

inovações associadas ao novo paradigma se difundem, os agentes econô-

micos vão se apropriando dos ganhos associados a essas inovações, me-

diante a acumulação de conhecimento tácito, e protegendo estes ganhos

recorrendo a medidas de proteção intelectual. Assim, o conhecimento vai

sendo privaüzado ao longo das fases do paradigma. Os países em desenvol-

vimento têm portanto oportunidades de desenvolvimento tecnológico ace-

lerado na fase inicial de um novo paradigma e na última de um anúgo, pois

nestas fases há maior disponibilidade de conhecimentos.

3. O Paradigma Tecno-econômico Atual:

a Importância das Tecnologias da Informação

e Comunicação

A importância das tecnologias de informação e comu-

nicação (TICs) na economia vem aumentando desde a década de 1990,

Paradigmas e trajetórias tecnológicas \ 295

Page 7: Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

com a sua consolidação como fator-chave do modelo de produção nos

países desenvolvidos. Do ponto de vista da organização da produção nas

firmas, as mudanças descritas no Quadro 12.1 referem-se a três tendên-

cias principais: crescimento do trabalho cognitivo e relacional; mudança

nos padrões de competição resultante da globalização; e redefinição das

relações entre as firmas, com uma diversidade maior de situações. Essas

tendências estimulam e ao mesmo tempo são o resultado de um aumen-

to da difusão de tecnologias de informação e comunicação, uma vez que

estas permitem redefinir relações de trabalho, apoiam as relações entre

as firmas e permitem a sua inserção num contexto global de transações.

Vários estudos têm demonstrado que a difusão dessas tecnologias pode

levar a novas experiências na organização do trabalho, a modelos alter-

nativos de organização industrial e a novos modos de organização econô-

mica regional (La Rovere, 1999).

De fato, as tecnologias de informação e comunicação podem promo-

ver um aumento da troca de conhecimentos entre trabalhadores situados

em plantas produtivas da mesma empresa situadas em diferentes locais;

podem fundamentar a formação de redes de empresas, com sistemas de

comércio eletrônico e de distribuição da produção; e podem simplificar

as relações de comércio exterior e permitir às firmas acesso imediato a in-

formações sobre o mercado mundial. Além disso, no atual paradigma tec-

noeconômico, as empresas estão lidando com produtos cada vez mais

intensivos em conhecimentos e tecnologia, cujos ciclos de vida têm dimi-

nuído e que muitas vezes requerem processos de produção flexíveis. Neste

contexto, é fundamental para qualquer empresa não apenas definir uma

estratégia competitiva adequada como também monitorar constantemen-

te o seu desempenho para realizar ajustes nesta estratégia. As TICs podem

desempenhar um papel importante na construção de sistemas de informa-

cão que alimentam a definição de estratégias competitivas das empresas.

Por exemplo, com o uso de TI Cs as empresas podem integrar as aüvidades

dos seus departamentos de vendas, produção, finanças e recursos huma-

nos, implementando um sistema denominado Enterprise Resource Plan-

ning (ERP). O ERP é um sistema cujo software permite monitorar os pedi-

dos dos clientes e das relações com os fornecedores, coletar informações

sobre os fluxos produtivos que servirão para identificar mudanças nas

demandas dos clientes e responder a estas demandas com mais rapidez.

296 | Renata Lebre La Rovere

A adoção de TICs também pode proporcionar às empresas significati-

va redução de custos, ao diminuir os custos associados à gestão de infor-

mações. Por exemplo, pelo custo de uma página inteira em revistas sema-

nais de grande circulação no Brasil podia-se constmir em 1999 uma

home-pflge com mais de trezentas páginas de informação (Tigre, 1999).

Além disso, as TICs incluem os sistemas de comércio eletrônico, no qual

as firmas podem acessar clientes, fornecedores e estoques eletronica-

mente. Os sistemas de comércio eletrônico, em particular aqueles basea-

dos na internei, permitem a aquisição de vantagens competitivas ao redu-

zir os custos de marketing, distribuição dos produtos e atendimento ao

consumidor, além de melhorar os canais de comunicação com os clien-

tes. O comércio eletrônico também aumenta a competitividade ao per-

mitir uma gestão mais eficaz do conteúdo informadonal do produto ao

longo da cadeia de valor (Cunningham &Tynan, 1993).

Entretanto, os sistemas de comércio eletrônico, principalmente os

sistemas de padrão proprietário, nos quais os usuários precisam pagar

licenças de uso ao produtor do software, podem aumentar as barreiras à

entrada em determinados mercados, na medida em que inttoduzem cus-

tos financeiros e de aprendizado para os usuários. Estes custos aumentam

os custos de mudança das firmas, modificando as relações entre as fir-

mas, seus clientes e fornecedores (Bloch 1996). Por exemplo, a implanta-

cão de um sistema de comércio eletrônico proprietário entre uma grande

empresa e um grupo de pequenas empresas fornecedoras reforça o poder

de negociação da grande empresa. Isto porque, se o sistema de comércio

eletrônico for proprietário, as empresas fornecedoras só poderão utili-

zá-lo para suas transações com a empresa grande, o que pode desestimu-

lá-las a procurar outros grandes clientes como forma de melhorar suas

condições de comercialização. Em outras palavras, as tecnologias de in-

formação e comunicação, ao afetar os custos de mudança das empresas,

modificam suas condições de aprisionamento. Como foi observado por

Shapiro & Varian (1999), esse aprisionamento ocorre quando os custos

de mudança de uma tecnologia para outra são substanciais, e quando os

sistemas de informação costumam prover várias oportunidades para as

empresas alterarem os custos de mudança de seus clientes ou fomecedo-

rés, através de ciclos de aprisionamento. Assim, o desenvolvimento de

sistemas de informação baseados em tecnologias da informação e comu-

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Page 8: Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

nicação terá impactos significativos nas transações entre as firmas e seus

clientes. Esses impactos serão contudo diferenciados de acordo com a

natureza da informação, das características setoriais e da oferta de tecno-

logias da informação e comunicação (Brousseau, 1995).

Resumindo, asTICs são o fator-chave do atual paradigma tecnoeconô-

mica, e sua difusão tem impactos diferenciados sobre as empresas. Al-

guns autores, como por exemplo Camagni (1991) sugerem que as TI Cs,

ao promover a difusão de conhecimento, reduzem as incertezas associa-

das ao processo de escolha tecnológica, aumentando a capacidade inova-

dora das empresas. Esse aumento da capacidade de inovação das empre-

sãs, associado à difusão deTICs, não é porém um ponto consensual na

literatura. Isto porque a inovação depende não apenas de conhecimento

codificado, ou seja, do conhecimento que pode ser transcrito para um

formato compacto e padronizado, mas também de conhecimento tácito,

que é o conhecimento adquirido pêlos trabalhadores ao longo de sua

experiência de trabalho (Foray& Lundvall, 1996, p. 21). As TI Cs promo-

vem a difusão de conhecimento codificado, o que aumenta as possibili-

dades de educação e qualificação da mão-de-obra, e em certos casos, faci-

litam sua internacionalização (Petit, 2000, p. 4). AsTICs fazem parte

portanto da infra-estrutura necessária para o desenvolvimento de inova-

coes no novo paradigma. Mas na medida em que a atividade inovadora

depende também das competências adquiridas pelas empresas, como

visto anteriormente, não se pode afirmar a prior; que a simples adoção de

tecnologias da informação e comunicação irá melhorar a posição com-

petitiva de determinada empresa.

Conclusão

A introdução dos conceitos de paradigma tecnológico e

de trajetória tecnológica, na análise neo-schumpeteriana teve implica-

coes importantes do ponto de vista da análise da inovação e do seu papel

no crescimento económico. Como foi observado por Nelson (1995, pp.

84-5), a teoria evolucionária prove análises fundamentadas a partir de

um amplo e diversificado conjunto de dados, diferentemente da teoria

convencional, que tem uma tendência à formalização que vai perdendo

poder explicativo à medida que a complexidade do fenómeno analisado

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aumenta. Ao reconhecer que o ambiente competitivo é muito mais com-

plexo do que supõe a teoria convencional, os autores neo-schumpeteria-

nos põem em relevo o conjunto de elementos necessários para compre-

ender de que forma o progresso técnico introduz mudanças que irão

afetar o sistema produtivo e a organização industrial. O conceito de para-

digma tecnoeconômico, ao introduzir as mudanças nas condições de

produção e de distribuição no conjunto de parâmetros da análise da con-

corrência capitalista, permite entender por que determinadas indústrias

são propulsoras do crescimento em determinados períodos e por que as

estratégias competitivas das empresas mudam à medida que inovações

vão sendo geradas e difundidas.

O conceito de paradigma tecnoeconômico enriquece assim a análise

neo-schumpeteriana da concorrência capitalista. Como foi mostrado pelo

Quadro 12.1, a partir do desenvolvimento deste conceito, os autores neo-

schumpeterianos podem identificar o impacto do progresso técnico nas

estruturas produtivas ao longo do tempo, valendo-se dos conceitos de in-

dústria-chave, fator-chave e formas de concorrência. Outra contribuição

importante dos autores neo-schumpeterianos é fornecer uma explicação

fundamentada para a ocorrência de ciclos económicos, destacando o papel

da atividade inovadora neste processo, como mostrado na Figura 12.1.

Finalmente, a análise neo-schumpeteriana permite entender de que

forma o posicionamento das empresas em seus mercados muda à medi-

da que o ciclo de vida dos produtos avança, e por que determinadas indús-

irias são motores do desenvolvimento em determinados períodos. Como

foi visto no Quadro 12.2, no paradigma tecnoeconômico atual, atributos

como produção sob medida, a capacidade de introduzir rápidas mudan-

cãs no mix de produtos, e organização simplificada das firmas conferem

vantagens competitivas às empresas. Ao mesmo tempo em que esses atri-

butos são facilitados pela difusão deTICs, esta difusão modifica as rela-

coes entre as empresas, como foi visto na Seção 3. Portanto, o fato do

novo paradigma tecnoeconômico ser baseado em tecnologias da infor-

mação e da comunicação não implica necessariamente que apenas as

indústrias intensivas em informação têm sucesso na acumulação de capi-

tal. A riqueza da análise neo-schumpeteriana consiste exatamente em

fornecer instrumentos para lidar com a complexidade das formas de

concorrência capitalista.

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Page 9: Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas

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