Papus - Martinesismo-willermosismo-martinismo e Franco Maçonaria (PDF)

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    S.C.A.Sociedade das Cincias Antigas

    Martinesismo, Willermosismo, Martinismo e Franco-MaonariaPapus

    EdioSociedade das Cincias Antigas

    Fonte Digitalwww.sca.org.br

    Verso para eBookeBooksBrasil.com

    Copyright: 2001 S.C.A. - Sociedade das Cincias Antigas

    ndiceIntroduoCaptulo IOs Iluminados, Swedenborg, Martinez e WillermozCaptulo IISaint-Martin, Martinismo e Franco-MaonariaCaptulo IIIO Martinismo ContemporneoCaptulo IVA Franco-MaonariaConcluso

    Notas

    http://www.sca.org.br/http://www.sca.org.br/
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    Martinesismo, Willermosismo,Martinismo e

    Franco-Maonariapor

    Papus

    Traduzido do original Francs:Martinsisme, Willermosisme, Martinisme et

    Franco-Maonnerie

    Editado por Lucien Chamuel em 1899

    Contendo um resumo da histria da Franco-Maonaria at 1899 e uma anlise nova detodos os graus do Escocismo, ilustrado com inmeros quadros sintticos.

    Os profanos no vos lero, quer sejais claro ou obscuro,prolixo ou sinttico. Somente os HOMENS DE DESEJOiroler os vossos escritos e aproveitaro vossa luz. Dai-lhes essaluz to pura e revelada quanto possvel.

    Louis Claude de Saint-Martin

    INTRODUO

    Muitos erros foram cometidos em relao ao Movimento Martinista; muitas calniasforam proferidas contra seus fundadores e suas doutrinas, o que torna necessrioelucidar alguns pontos de sua histria, esclarecendo os objetivos deste movimento,estabelecendo a diferena entre ele e os propsitos das diversas sociedades que se ligama um simbolismo qualquer.

    Para que todo membro da Ordem e todo pesquisador consciencioso possa destruirdefinitivamente tais calnias, iremos expor de modo imparcial os diferentes aspectos

    que o Movimento Martinista conheceu, e que podem enquadrar-se em quatro grandesperodos:a-) O Martinesismo de Martinez de Pasqually;

    b-) O Willermosismo de Jean-Baptiste Willermoz;

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    c-) O Martinismo de Louis Claude de Saint-Martin;d-) O Martinismo contemporneo (fim do sculo XIX).

    CAPTULO 1OS ILUMINADOS, SWEDENBORG,

    MARTINEZ E WILLERMOZ

    1. OS ILUMINADOS CRISTOS

    1.1 A ROSA-CRUZ

    impossvel compreender a essncia do Martinismo de todas as pocas, se antes noestabelecermos a diferena fundamental existente entre uma Sociedade de Iluminados ea Maonaria. Uma Sociedade de Iluminados liga-se ao Invisvel por um ou por vrios deseus chefes. Seu princpio de existncia tem sua origem em um plano supra-humano;toda sua organizao administrativa se faz de cima para baixo. Os membros dafraternidade obedecem a seus chefes, obrigao que se torna ainda mais importante medida que os membros entram no crculo interior.

    A Maonaria no est ligada ao Invisvel por nenhum vnculo. Seu princpio deexistncia tem sua origem em seus membros e em nada mais. Toda sua organizaoadministrativa se faz de baixo para cima,com selees sucessivas por eleio.

    Infere-se disso que esta ltima forma de fraternidade nada pode produzir para

    fortificar sua existncia a no ser cartas constitutivas e papis administrativos, comuns atoda sociedade profana; enquanto as Ordens de Iluminados baseiam-se, sempre, noPrincpio do Invisvel que as dirige.

    A vida privada, as obras pblicas e o carter dos chefes da maioria das fraternidadesde Iluminados demonstram que esse Princpio Invisvel pertence ao plano Divino, semrelao alguma com Sat ou com outros demnios, como insinuam os clrigos,assustados com o progresso dessas sociedades.

    A Fraternidade de Iluminados mais conhecida, anterior a Swedenborg, a nica daqual se pode falar no mundo profano, a dos Irmos Iluminados da Rosa-Cruz, cujaconstituio e chave sero dadas dentro de alguns anos. Foram os membros dessafraternidade que decidiram criar sociedades simblicas, encarregadas de conservar os

    rudimentos da Iniciao Hermtica, dando nascimento aos diversos ritos da Franco-Maonaria. No se pode estabelecer nenhuma confuso entre o Iluminismo, centrosuperior de estudos Hermticos, com a Maonaria, centro inferior de conservao,reservado aos debutantes. Somente entrando nas Fraternidades de Iluminados, podem osFranco-Maons obter o conhecimento prtico desta Luz, quando ento sobem de grauem grau.

    1.2 SWEDENBORG

    Atravs dos esforos constantes dos Irmos Iluminados da Rosa-Cruz, o Invisvelconcedeu um impulso considervel Humanidade, atravs da iluminao de

    Swedenborg, o clebre sbio sueco.A misso de realizao de Swedenborg consistiu basicamente na constituio de uma

    cavalaria laica do Cristo, encarregada de defender a idia crist, dentro de sua pureza

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    primitiva, e de atenuar, no Invisvel, os deplorveis efeitos das corrupes, dasespeculaes de fortuna e de todos os processos caros ao Prncipe deste Mundo,realizados pelos Jesutas, sob as cores do Cristianismo.

    Swedenborg dividiu sua obra de realizao em trs sees: Seo de ensinamento, constituda por seus livros e pelo relato de suas vises; Seo religiosa, constituda pela aplicao ritualstica de seus ensinamentos; Seo encarregada da tradio simblica e da prtica, constituda pelos graus

    iniciticos do Rito Swedenborgeano.Esta ltima seo nos interessa mais particularmente no momento. Ela foi dividida

    em trs sees secundrias: a primeira era elementar e manica; a segunda preparava orecipiendrio para o Iluminismo; a terceira era ativa.

    A primeira seo compreendia os graus de Aprendiz, Companheiro, Mestre e MestreEleito; na segunda tnhamos os graus de Aprendiz Cohen (ou Mestre Eleito Iluminado),Companheiro Cohen e Mestre Cohen; na terceira, os graus de Mestre Cohen (destinado realizao elementar, ou Aprendiz Rosa-Cruz), Cavaleiro Rosa-Cruz Comendador,Rosa-Cruz Iluminado ou Kadosh (Mestre Grande Arquiteto).

    Observa-se que os escritores manicos, entre outros Ragon, no tiveram sobre oIluminismo seno informaes de segunda mo e no puderam fornecer os dados que

    hoje apresentamos, nem ver a chave da passagem de uma seo outra, pelodesdobramento do grau superior de cada seo.

    Observa-se, alm disso, que o nico verdadeiro criador dos altos graus foiSwedenborg, que esses graus ligam-se exclusivamente ao Iluminismo e foramdiretamente hierarquizados e constitudos por Seres Invisveis. Mais tarde, falsosmaons procuraram apropriar-se dos graus do Iluminismo e no conseguiram senoexpor sua ignorncia.

    Com efeito, posse do grau de Irmo Iluminado da Rosa-Cruz no consiste napropriedade de um pergaminho ou de uma faixa sobre o peito; prova-se somente pelaaquisio de poderes espirituais ativos, que o pergaminho e a faixa apenas podemindicar.

    Ora, entre os iniciados de Swedenborg, houve um a quem o Invisvel prestouassistncia particular e incessante, um homem dotado de grandes faculdades derealizao em todos os planos. Esse homem, Martinez de Pasqually, recebeu a iniciaodo Mestre em Londres, sendo encarregado de difundi-la na Frana.

    2. OS ILUMINADOS

    2.1 O MARTINESISMO

    Foi graas s cartas de Martinez de Pasqually que pudemos fixar a ortografia exatade seu nome, estropiado at ento pelos crticos (1); foi ainda graas aos arquivos que

    possumos e ao apoio constante do Invisvel, que logramos demonstrar que Martinez noteve jamais a idia de transportar a Maonaria aos princpios essenciais, que sempredesprezou, como bom Iluminado que foi. Martinez passou metade de sua vidacombatendo os nefastos efeitos da propaganda sem f desses pedantes de lojas, desses

    pseudo-venerveis que, abandonando o caminho a eles fixado pelos SuperioresIncgnitos, quiseram tornar-se plos no Universo e substituir a ao do Cristo pelassuas e os conselhos do Invisvel pelos resultados dos escrutnios emanados da multido.

    Em que consistia o Martinesismo? Na aquisio pela pureza corporal, anmica eespiritual, dos poderes que permitem ao homem entrar em relao com os SeresInvisveis, denominados anjos pela Igreja, chegando no somente a sua reintegrao

    pessoal, mas tambm reintegrao de todos os discpulos de vontade.Martinez fazia vir sala de reunies todos os que lhe pediam a luz. Traava os

    crculos ritualsticos, escrevia as palavras sagradas, recitava suas oraes comhumildade e fervor, agindo sempre em nome do Cristo, como testemunharam todos

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    aqueles que assistiram s suas operaes, como testemunham ainda todos os seusescritos. Ento, os seres invisveis apareciam, resplandecentes de luz. Agiam e falavam,ministravam ensinamentos elevados e instigavam orao e ao recolhimento; tudo issoocorria sem mdiuns adormecidos, sem xtase, sem alucinaes doentias.

    Quando a operao terminava, os Seres Invisveis tendo sido embora, Martinez davaas seus discpulos os modo de chegarem por si mesmos produo dos mesmosresultados. Somente quando os discpulos obtinham sozinhos a assistncia real doInvisvel que Martinez lhes outorgava o grau de Rosa-Cruz, como mostram suascartas, com evidncia.

    A iniciao de Willermoz, que durou mais de dez anos, a de Louis Claude de Saint-Martin e da de outros, mostram-nos que o Martinesismo foi consagrado a outrosobjetivos, alm da prtica da Maonaria Simblica. Basta no ser admitido no prtico deum centro real de Iluminismo, para confundir os discursos dos venerveis com ostrabalhos ativos dos Rosa-Cruzes Martinistas.

    Martinez quis inovar to pouco que conservou integralmente os nomes dados aosgraus pelos Invisveis e transmitidos por Swedenborg. Seria justo, ento, utilizarmos adenominao de Swedenborgismoadaptado em vez do Martinesismo (2).

    Martinez considerava a Franco-Maonaria uma escola de instruo elementar e

    inferior, como prova se Mestre Cohen que diz: Fui recebido Mestre Cohen, passandodo tringulo aos crculos. Isto quer dizer, traduzindo os smbolos: Fui recebidoMestre Iluminado, passando da Franco-Maonaria prtica do Iluminismo. Pergunta-se igualmente ao Aprendiz Cohen: Quais so as diferentes palavras, sinais e toquesconvencionais dos Eleitos Maons Apcrifos? E ele responde: Para o Aprendiz, Jakin,a palavra de passe Tubalcain; para o Companheiro, Booz, a palavra Schiboleth; parao Mestre, Macbenac, a palavra Giblin.

    Era necessrio possuir pelo menos sete dos graus da Maonaria ordinria para tornar-se Cohen. A leitura mesmo superficial dos catecismos clara a esse respeito. Martinez

    procurava desenvolver cada um dos membros de sua ordem pelo trabalho pessoal,deixando-lhes toda a liberdade e toda a responsabilidade por seus atos. Ele selecionava

    com o maior cuidado seus iniciados, conferindo os graus somente a uma real aristocraciada inteligncia.

    Os iniciados, uma vez recrutados, reuniam-se para trabalhar em conjunto; essasreunies eram feitas em pocas astrolgicas determinadas. Assim se constituiu umacavalaria de Cristo, cavalaria laica, tolerante e que se afastava das prticas habituais dosdiversos cleros.

    Procura individual da reintegrao pelo Cristo, trabalho em grupo, unio de esforosespirituais para ajudar os principiantes: tal foi, em resumo, o papel do Martinesismo.Essa Ordem recrutava seus discpulos diretamente junto aos profanos, como foi o casode Saint-Martin, ou, mais habitualmente, entre os homens j titulares de altos grausmanicos.

    Em 1574, Martinez encontrava-se em presena:1 da Franco-Maonaria oriunda da Inglaterra, constituindo a Grande Loja Inglesada Frana (aps 1743), que deveria, em breve, tornar-se a Grande Loja da Frana(1756), dando lugar s intrigas do mestre de dana Lacorne. Essa maonaria eraabsolutamente elementar e constituda apenas dos trs graus azuis (Aprendiz,Companheiro e Mestre); era sem pretenses e formava um excelente centro de seleo.

    2 Paralelamente a essa Loja Inglesa, existia sob o nome de Captulo de Clermontum grupo praticando o sistema templrio, que Ramsay acrescentou em 1728 Maonaria, com os graus designados Escocs, Novio, Cavaleiro do Templo, etc.Uma curta explicao aqui necessria: um dos representantes mais ativos da iniciaotemplria foi Fenelon. Em seus estudos sobre Cabala, entrou em relaes com vrios

    Cabalistas e Hermetistas. Aps sua luta com Bosuet(3), Fenelon foi forado a fugir domundo e a exilar-se quando preparou, com o maior cuidado, um plano de ao quedeveria mais tarde proporcionar-lhe a revanche.

    O cavaleiro de Ramsay foi cuidadosamente iniciado por Fenelon e encarregado de

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    executar esse plano com o apoio dos Templrios, que obteriam ao mesmo tempo suavingana. O cavaleiro de Beneville estabeleceu em 1754 o Captulo de Clermont, comseus graus templrios. Ele perseguia um objetivo poltico e uma revoluo sangrenta queMartinez no podia aprovar, como nenhum outro cavaleiro do Cristo aprovaria. Assimcomo Martinez, todos os discpulos de sua ordem entre os quais Saint-Martin eWillermoz, combateram energicamente esse rito templrio, que alcanou parte de seusfins em 1789 e em 1793, quando mandou guilhotinar a maioria dos chefes Martinistas.Mas no nos antecipemos.

    3 Alm dessas duas correntes, havia outros representantes do Iluminismo naFrana. Citemos, em primeiro lugar, Dom Pernety, tradutor da obra O Cu e o Infernode Swedenborg, fundador do sistema dos Iluminados de Avignon (1766) e importante

    personagem na constituio dos Filaletes (1773). necessrio ligar ao mesmo centro aobra de Benedict de Chastenier, que lanou em Londres em 1767 as bases de seu rito

    Iluminados Tesofos,que brilhou particularmente a partir de 1783.O Iluminismo criou vrios grupos interligados por objetivos comuns e por Mestres

    Invisveis oriundos da mesma fonte, que se reuniram posteriormente no plano fsico. DeMartinez de Pasqually vem a obra mais fecunda nesse sentido, pois foi a ele que o cudeu poderes ativos, lembrados por seus discpulos com admirao e respeito.

    Do ponto de vista administrativo, o Martinesismo seguir exatamente os graus deSwedenborg, como podemos constatar pela simples leitura da carta de Martinez de 16 de

    junho de 1760. Com efeito, o grau de Mestre Grande Arquiteto resume os trs graus daterceira seo.

    Sob a autoridade de um Tribunal Soberano constituram-se Lojas e Grupos nointerior da Frana, cujo nascimento e evoluo poderemos constatar pela leitura dascartas de Martinez, por ns publicadas.

    2.2 O WILLERMOSISMO

    Dos discpulos de Pasqually, dois merecem particularmente nossa ateno pelasobras que realizaram: Jean Baptiste Willermoz, de Lyon, e Louis Claude de Saint-Martin. Inicialmente iremos nos ocupar do primeiro. Willermoz, negociante Lions, eramaom quando comeou sua correspondncia inicitica com Martinez de Pasqually.Habituado hierarquia manica, aos grupos e s Lojas, concentrou sua obra derealizao no sentido do trabalho em grupo. Tendeu, pois, a constituir Lojas deIluminados; enquanto Saint-Martin dirigiu seus esforos para o trabalho individual.

    A obra capital de Willermoz foi a organizao de congressos manicos, osConventos, permitindo aos Martinistas desmascarar previamente a obra fatal dosTemplrios e apresentar o Martinismo sob seu real aspecto de universalismo integral eimparcial da Cincia Hermtica.

    Quando foi iniciado por Martinez, Willermoz era venervel da loja A Perfeita

    Amizadede Lyon, cargo que ocupou entre 1752 e 1763. Essa loja filiava-se GrandeLoja da Frana. Em 1760, uma primeira seleo foi realizada e todos os membros

    portadores do grau de Mestre constituram uma grande Loja de Mestres de Lyon tendoWillermoz como Gro-Mestre. Em 1765, nova seleo foi realizada atravs da criaodo Captulo de Cavaleiros da guia Negra, colocados sob a direo do Dr. JacquesWillermoz, irmo mais moo de Jean-Baptiste. Ao mesmo tempo, este abandonou a

    presidncia da Loja ordinria e da loja de Mestres, em favor do Ir... Sellonf, paracolocar-se na chefia da Loja dos Elus Cohens, formada com os melhores elementos doCaptulo. Sellonf, Jacques Willermoz e Jean Baptiste formaram um Conselho Secreto,tendo os irmos de Lyon sob tutela.

    Abordemos agora a natureza dos trabalhos realizados na Loja dos Cohens, falandomais tarde dos conventos realizados.

    Constata-se nos documentos depositados no Supremo Conselho da OrdemMartinista, vindos diretamente de Willermoz, que as reunies, reservadas aos membros

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    portadores do ttulo de Iluminado, eram consagradas orao coletiva e s operaes,permitindo a comunicao direta com o Invisvel. Possumos todos os detalhes relativos maneira de fazer essa comunicao; mas esses rituais devem ficar reservadosexclusivamente ao Comit Diretor do Supremo Conselho. Podemos revelar, contudo,lanando grandes luzes sobre muitos pontos, que os iniciados davam o nome de FilsofoDesconhecido ao ser invisvel com o qual se comunicavam. Foi ele quem ditou, em

    parte, o livro Dos Erros e da Verdade de Saint-Martin, que somente adotou essepseudnimo mais tarde, por ordem superior. Provamos essa afirmao em nosso volumeconsagrado a Saint-Martin.

    A mais alta espiritualidade, a mais intensa submisso s vontades do Cu, as maisardentes oraes a Nosso Senhor Jesus Cristo jamais deixaram de preceder, deacompanhar e de encerrar as reunies presididas por Willermoz (4). Apesar disso, se osclrigos ainda desejam ver um diabo peludo e cornudo em toda influncia invisvel e seesto dispostos a confundir tudo o que for supra-terrestre com influncias inferiores, s

    poderemos lamentar uma posio desse tipo, que possibilita toda espcie de mistificaoe de zombaria. O Willermosismo, assim como o Martinesismo e o Martinismo, semprefoi cristo e jamais clerical. Ele d a Csar o que de Csar e ao Cristo o que deCristo; jamais vende o Cristo a Csar.

    OAgenteouFilsofo Desconhecidoditou 166 cadernos de instruo, possibilitando aSaint-Martin copiar os principais. Dentre esses manuscritos, cerca de 80 foramdestrudos nos primeiros meses de 1790 pelo prprioAgente, para evitar que cassem emmos de enviados de Robespierre, que se esforou para obt-los.

    2.3 OS CONVENTOS

    Em 12 de agosto de 1778, Willermoz anunciou o Convento de Gaules,realizado emLyon entre 25 e 27 de dezembro do mesmo ano. Esse convento tinha como objetivoapurar o sistema escocs e destruir todos os maus germens introduzidos no sistema pelosTemplrios. Sob a influncia dos Iluminados de todo o Pas, saiu dessa reunio a

    primeira condenao do plano de vingana sangrenta, preparado em silncio dentro decertas lojas. O resultado dos trabalhos desse convento est contido no Novo Cdigo dasLojas Retificadas da Frana,mantido em nossos arquivos e publicado em 1779.

    Para se compreender o grande esforo realizado no sentido da unio dos maons, necessrio lembrar que o mundo manico estava em plena anarquia.

    O Grande Oriente da Frana fora fundado em 1772 graas usurpao da GrandeLoja por Lacorne e seus seguidores, dirigidos ocultamente pelos Templrios. Estes, apsterem estabelecido o Captulo de Clermont, foram transformados em 1760 em Conselhodos Imperadores do Oriente e do Ocidente; em 1762, em Cavaleiros do Oriente,entrando, finalmente, no Grande Oriente atravs de Lacorne.

    Graas sua influncia, o sistema de lojas foi profundamente modificado; em todos

    os lugares o regime parlamentar, realizando eleies de seus oficiais, substituiu a antigaunidade e autoridade hierrquica. Com a desordem causada em todas as partes por essarevoluo, os Martinistas intervieram para trazer a todos a reconciliao. Eis a razodesse primeiro convento de 1778 e de seus esforos para impedir as dilapidaesfinanceiras que se faziam em toda a parte.

    Encorajado por esse primeiro sucesso, Willermoz convocou, a partir do dia 9 desetembro de 1780, todas as grandes lojas escocesas da Europa ao Convento deWilhemsbad, perto de Hanau (5). O Convento de Wilhemsbad foi aberto em uma tera-feira, no dia 16 de julho de 1782, sob a presidncia de Ferdinand de Brunswick, um doschefes do Iluminismo Internacional. Desse convento saiu a Ordem dos Cavaleiros

    Benfeitores da Cidade Santa de Jerusalm e uma nova condenao do sistema

    Templrio.Como se observa, o Willermosismo tendeu sempre ao agrupamento de fraternidades

    iniciticas, constituio de coletividades de iniciados dirigidas por centros ativos

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    religados ao Iluminismo. No tem razo quem pensa que Willermoz tenha abandonadoas idias de seus mestres; pensar isso conhecer mal seu carter elevado. Sempre at amorte, quis estabelecer a Maonaria sobre bases slidas, dando como objetivo a seusmembros a prtica da virtude e da caridade; mas sempre procurou fazer das lojas e doscaptulos centros de seleo para os grupos de Iluminados. A primeira parte de sua obraera clara, a segunda oculta; por isso que as pessoas mal informadas podem no verWillermoz sob sua verdadeira personalidade.

    Aps a tormenta revolucionria, tendo seu irmo Jacques Willermoz sidoguilhotinado, com todos os seus iniciados, havendo ele prprio escapado por milagre damesma sorte, foi ainda ele quem reconstituiu na Frana a Franco-Maonariaespiritualista, graas aos rituais que pde salvar do desastre. Tal foi a obra desteMartinista, a quem consagraremos um volume, to logo quanto possvel, se Deus o

    permitir.

    CAPTULO IISAINT-MARTIN, MARTINISMO E

    FRANCO-MAONARIA

    1. LOUIS CLAUDE DE SAINT-MARTIN E O MARTINISMO

    Embora no se conhecesse a ortografia correta do nome de Martinez de Pasqually e aprofundidade da obra real de Willermoz, antes da publicao das cartas de Pasqually,

    muito se escreveu sobre Saint-Martin; muitas inexatides foram publicadas em relao sua obra.As crticas, as anlises, as suposies e tambm as calnias feitas sua obra baseiam-

    se to somente nos livros e nas cartas esotricas do Filsofo Desconhecido. Suacorrespondncia de Iniciado, endereada a seu colega Willermoz, mostra os inmeroserros cometidos pelos crticos e, em particular, por Matter. verdade que no se podeobter muita informao com base nos documentos atualmente conhecidos, sobretudoquando no se tem nenhuma luz sobre as chaves que d o Iluminismo a esse respeito.Antes de publicar essas cartas, esperaremos que novas imprecises sejam produzidas emrelao ao grande realizador Martinista, para destruir de uma s vez todas asingenuidades e todas as lendas.

    Willermoz foi encarregado do agrupamento de elementos Martinistas e de ao naFrana; Saint-Martin recebeu a misso de criar a iniciao individual e de exercer suaao to longe quanto possvel. A esse respeito, permitiram-lhe estudar integralmente osensinamentos do Agente Desconhecido. Possumos nos arquivos da Ordem muitoscadernos copiados e anotados pelo punho de Saint-Martin.

    Como dissemos h pouco, o livro Dos Erros e da Verdadeoriginou-se, em grandeparte, do Invisvel. Por esse motivo, provocou grande emoo no centros iniciticosdesde seu aparecimento, fato que os crticos procuram com muita dificuldade explicar.Esse aspecto, assim como outros, sero esclarecidos quando necessrio.

    Alm dos estudos ligados ao Iluminismo, comeados junto a Martinez edesenvolvidos com Willermoz, Louis Claude de Saint-Martin ocupou-se ativamente da

    Alquimia. Ele possua em Lyon um laboratrio organizado para esse fim. Mas deixemosesses detalhes que pretendemos aprofundar mais tarde; ocupemo-nos to somente doaspecto de sua obra que nos interessa aqui. Tendo estendido seu raio de ao, Saint-Martin foi obrigado a fazer certas reformas dentro do Martinesismo. Os autores

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    clssicos de Maonaria deram o nome do grande realizador sua adaptao edesignaram sob o nome de Martinismoo movimento proveniente de Louis Claude deSaint-Martin. muito divertido ver certos crticos, que nos abstemos de qualificar,esforarem-se em fazer acreditar que Saint-Martin jamais fundou qualquer ordem. necessrio realmente considerar os leitores bastante mal informados para ousar sustentaringenuamente tal absurdo.

    A Ordem de Saint-Martin foi introduzida na Rssia sob o reino da Grande Catarina,sendo to difundida ao ponto de ser mencionada em uma pea de teatro encenada nacorte. Ordem de Saint-Martin que se ligam as iniciaes individuais, referidas nasmemrias da baronesa de Oberkierch. O autor clssico da Franco-Maonaria, o

    positivista Ragon, que no simpatizava com os ritos dos Iluminados, descreve naspginas 167 e 168 de sua Ortodoxia Manicaas mudanas operadas por Saint-Martinpara constituir o Martinismo (6).

    Sabemos que esses crticos no merecem ser levados a srio, principalmente porSaint-Martin ter desprezado a Franco-Maonaria positivista, fato que nunca perdoaram.O mesmo fez Martinez, que relegou a Maonaria a seu verdadeiro papel de escolaelementar e de centro de instruo simblica inferior. Em suma, quando desejam negarfatos histricos, ridicularizam.

    Aquele que os crticos universitrios denominavam Tesofo de Amboise foi umrealizador bastante prtico, sob uma aparncia mstica. Empregou assim comoWeishaupt (7), a iniciao individual. Foi graas a esse procedimento que a Ordemobteve facilidade de adaptao e de extenso, que muitos ritos manicos invejam.Saint-Martin foi to dedicado difuso da Cavalaria Crist de Martinez que violentosataques foram endereados contra sua obra, sua personalidade e sua vida. Serianecessrio um volume inteiro para rebater essas crticas; limitar-nos-emos dentro destecurto estudo a indicar a verdadeira essncia do Martinismo da poca de Saint-Martin,servindo-nos documentos j impressos (8).

    1.1 LIGAO DE SAINT-MARTIN COM OS ENSINAMENTOS DEMARTINES DE PASQUALLY

    Meu primeiro mestre, a quem eu fazia perguntas semelhantes em minha juventude,respondia-me que se aos sessenta anos eu tivesse atingido o termo, no deverialamentar. Ora, tenho apenas cinqenta anos! Procurai ver que as melhores coisasaprendem-se e no se ensinam, e sabereis mais que os doutores.

    Nossa primeira escola tem coisas preciosas. Eu mesmo fui levado a acreditar quePasqually, de quem me falais (o qual, necessrio vos dizer, era nosso mestre) tinha achave ativa de tudo aquilo que nosso caro B...(9) expe em suas teorias, mas no nosconsiderava aptos para receber verdades to elevadas. Ele possua, tambm os pontosque nosso amigo B... no conheceu ou no quis mostrar, tais como a resipiscnciado

    ser perverso, para a qual o primeiro homem teria sido encarregado de trabalhar; idiaque me parece ainda ser digna do plano universal, mas sobre o qual, entretanto, aindano tenho nenhuma demonstrao positiva, exceto pela inteligncia. Quanto Sofiaeao Rei do mundo, ele nada nos revelou; deixou-nos nas noes elementares do mundo edo demnio. Mas no afirmarei que ele no tenha tido conhecimento de tudo isso; estou

    persuadido que acabaramos por chegar a esse conhecimento, se o tivssemosconservado por mais tempo.

    Resulta de tudo isso que h um excelente casamento a se fazer entre a doutrina denossa primeira escola e a de nosso amigo B... sobre isso que trabalho; confesso-vos

    francamente que considero os dois esposos to bem feitos um para o outro que noencontro nada de mais completo: assim, aprendamos deles tudo o que pudermos, eu vos

    ajudarei da melhor maneira possvel.

    1.2 A INICIAO MARTINISTA, SEU CARTER

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    A nica iniciao que prego e que procuro com todo o ardor de minha alma aquela que nos permite entrar no corao de Deus e fazer entrar o corao de Deus emns, para a fazer um casamento indissolvel, transformando-nos no amigo, irmo eesposa do Divino Reparador. No existe outro mistrio para chegar-se a essa santainiciao a no ser este: penetrar cada vez mais nas profundezas de nosso ser ataflorar a viva e vivificante raiz; porque, ento, todos os frutos que deveremos portar,

    segundo nossa espcie, iro se produzir naturalmente em ns e fora de ns, comoaqueles que vemos nascer em nossas rvores terrestres, porque so aderentes sua raiz

    particular e porque no cessam de sugar seu sumo.

    A FOGO, SOFRIMENTO

    Quando sofremos por nossas prprias obras, falsas e infectas, o fogo corrosivo equeima; e, entretanto ele deve ser menos do que aquele que serve de fonte a essas obras

    falsas. Tambm tenho dito, mais por sentimento do que por luz(no livro O homem deDesejo), que a penitncia mais doce do que o pecado. Quando sofremos pelos outroshomens, o fogo ainda mais vizinho do leo e da luz; mesmo que ele nos rasgue a almae nos inunde de lgrimas, no passaremos por essas provas em delas retirar deliciosasconsolaes e as mais nutritivas substncias".

    B CARTER ESSENCIALMENTE CRISTO DO MARTINISMO

    Os clrigos sempre se esforaram em conservar s para si a possibilidade decomunicao com o plano Divino. A partir dessa pretenso, todo contato que no vem

    por seu intermdio atribui-se a Sat ou a outros demnios. Caluniaram ao ponto depretender que os Martinistas no eram cristos, no servindo ao Cristo, mas a umdemnio qualquer, disfarado sob esse nome. Eis a resposta de Saint-Martin a essasacusaes:

    Acrescento que os elementos mistos foram o meio de que se serviu o Cristo para virat ns; enquanto devemos quebrar e atravessar esses elementos para chegar at ele;assim, enquanto repousarmos sobre esses elementos, estaremos atrasados.

    Entretanto, como acredito falar a um homem sensato, calmo e discreto, noesconderei que na escola onde passei h mais de vinte e cinco anos as comunicaes detodo o tipo eram numerosas e freqentes; e eu tive a minha parte como muitos outros.

    Nesses trabalhos, todos os sinais indicativos do Reparador estavam compreendidos.Ora, no ignorais que o Reparador e a Causa Ativa so a mesma coisa.

    Acredito que a palavra comunicou-se sempre, diretamente e sem intermedirio,desde o comeo das coisas. Ela falou diretamente a Ado, a seus filhos e sucessores, aNo, a Abrao, a Moiss, aos Profetas, etc., at o tempo de Jesus Cristo. Ela falou pelogrande nome e queria tanto transmiti-lo, diretamente, que segundo a lei levita o grandesacerdote encerrava-se sozinho no Santo dos Santos para pronunci-lo; e, segundoalgumas tradies, ele possua campainhas na barra de seu balandrau para ocultar suavoz aos que permaneciam nos recintos vizinhos.

    Quando o Cristo veio, tornou a pronncia dessa palavra ainda mais central oumais interior, uma vez que o grande nome que essas quatro letras exprimem aexploso quaternria ou o sinal crucial de toda vida. Jesus Cristo, transportando doalto o dos hebreus, ou a letra S, juntou o santo ternrio ao grande nome quaternrio

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    deve encontrar em ns sua prpria fonte nas ordenaes antigas, com mais forte razoo nome do Cristo deve tambm esperar dele, exclusivamente, toda eficcia e toda luz.Tambm, ele nos disse para nos encerrarmos em nosso quarto quando desejssemosorar; ao passo que, na antiga lei, era absolutamente necessrio ir ao Templo de

    Jerusalm para adorar; e aqui, vos envio os pequenos tratados de vosso amigo sobre apenitncia, a santa orao, o verdadeiro abandono, intitulados:Der Weg zu Christ (Ocaminho de Cristo)(10);ai vereis, passo a passo, que se todos os costumes humanos nodesaparecerem, e se possvel que qualquer coisa nos seja transmitida,verdadeiramente, se o esprito no se criar em ns, como criasse eternamente no

    princpio da natureza universal, onde se encontra permanentemente a imagem de ondeadquirimos nossa origem e que serviu de exemplo a Mensebwerdung. Sem dvida, huma grande virtude ligada a essa verdadeira pronncia, to central quanto oral, deste

    grande nome e daquele de Jesus Cristo que como a flor. A vibrao de nosso arelementar uma coisa bem secundria na operao pela qual esses nomes tornam

    sensveis aquilo que no o foi. A virtude deles de fazer hoje e a todo momento o quefizeram no comeo de todas as coisas para lhes dar a origem; e como produziram todacoisa antes que o ar existisse, sem dvida que ainda esto abaixo do ar, quandodesempenham as mesmas funes; no impossvel a esta Divina palavra se fazer

    escutar mesmo por um surdo e em lugar privado de ar, pois no ser difcil luzespiritual tornar-se sensvel a nossos olhos mesmo fsicos, pelo menos no ficaramoscegos e ofuscados no mais tenebroso calabouo. Quando os homens fazem sair as

    palavras fora de seu verdadeiro lugar, livrando-as por ignorncia, imprudncia ouimpiedade, s regies exteriores ou disposio dos homens de torrente, elasconservam sempre, sem dvida, sua virtude, mas da retiram muito de si prprias,

    porque no se acomodam por combinaes humanas; tambm, esses tesouros torespeitveis no fizeram outra coisa seno provar a escria, passando pela mo doshomens; sem contar que no cessaram de serem substitudos pelos ingredientes nulosou perigosos, que, produzindo enormes efeitos, acabaram por encher o mundo inteirode dolos, porque ele o templo do Deus verdadeiro, que o centro da palavra.

    Ao terminar estas citaes, salientemos que a Ordem recebeu de Saint-Martin opantculo e o nome mstico do Cristo, , que ornamenta todos osdocumentos oficiais do Martinismo.

    necessrio a m f de um clrigo para pretender que esse nome sagrado relaciona-se com outro diferente de Jesus Cristo, o Divino Verbo Criador. Antonini em seu livro

    Doutrina do malafirma que o Schim hebraico sataniza todas as palavras onde entra; issodemonstra o seu conhecimento insuficiente de Simbolismo.

    C O MARTINISMO CRISTO, MAS SEU ESPRITO ANTICLERICAL

    Esto a ignorncia e a hipocrisia dos padres entre as causas principais dos malesque afligiram a Europa h sculos.

    "No falo da pretendida transmisso da Igreja de Roma, que em minha opinio nadatransmite como Igreja, embora alguns de seus membros possam transmitir algoalgumas vezes, seja por virtude pessoal, pela f de seu rebanho ou por vontade

    particular do bem.

    D A PRTICA, OS SERES ASTRAIS

    Como todo Iluminado, Saint-Martin soube insistir sobre o perigo das comunicaes

    com os seres astrais, como prova a correspondncia entre os dois amigos:No poderamos denominar os trs reinos que vossa escola designava natural,

    espiritual e Divino, natural, astral e Divino?

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    Todas essas manifestaes que vm aps a iniciao, no seriam do reino astral?Uma vez tendo colocado os ps nesse domnio, no se entraria em sociedade com os

    seres que a habitam, cuja maior parte, se me for permitido, em assunto dessa natureza,servir-me de uma expresso trivial, m companhia? No se entra em contato comseres que podem atormentar, at ao excesso, o operador que vive nessa multido, aoponto de suscitar-lhe o desespero e de inspirar-lhe o suicdio, como testemunharamSchoroper e o Conde de Cagliostro! Sem dvida que tero os iniciados os meios maisou menos eficazes para se protegerem das vises; mas, em geral, parece-me que essa

    situao, que est fora da ordem estabelecida pela Providncia, pode ter antesconseqncias mais funestas do que favorveis ao nosso progresso espiritual.

    1.3 SAINT-MARTIN E CAGLIOSTRO

    A citao acima demonstra a desconfiana que o Iluminismo francs tinha emrelao ao enviado dos irmos Templrios da Alemanha. Ningum melhor do que Saint-Martin para julgar a realidade de certos fatos produzidos por Cagliostro, alguns deinfluncia positiva, outros, que se manifestavam juntos com detestveis entidades, queno deixavam de apossar-se do esprito e das almas dos assistentes.

    A CAGLIOSTRO

    Apesar da objeo de seu estado moral, descobri que seu mestre operava pelapalavra e que tinha transmitido a seus discpulos o conhecimento para operar damesma maneira durante sua ausncia.

    Um exemplo marcante desse tipo, que fiquei sabendo h alguns anos, foi o daconsagrao da loja manica egpcia de Lyon em 26 de julho de 1756, segundo seuclculo que me parece errado. Os trabalhos duraram trs dias, as oraes cinqenta equatro horas; havia 27 membros reunidos. Enquanto os membros oravam para o Eterno

    manifestar sua aprovao atravs de um sinal visvel, estando o mestre no meio de suascerimnias, o Reparador apareceu, abenoando os membros da assemblia. Ele desceudiante de uma nuvem azul, que servia de veculo a essa apario; pouco a poucoelevou-se ainda sobre essa nuvem que, desde o momento da descida do cu terra,tinha adquirido uma aparncia to deslumbradora que uma jovem presente, C., no

    pde suportar o esplendor da luz que dele emanava. Os dois grandes profetas e olegislador de Israel deram-lhe sinais de aprovao e de bondade. Quem poderia, comalguma plausibilidade, colocar em dvida o fervor e a piedade de vinte e sete membros?

    Entretanto, quem foi o criador da loja e o ordenador, embora ausente das cerimnias?Cagliostro! Essa nica palavra suficiente para fazer ver que o erro e as formasemprestadas podem ser a conseqncia da boa f e das intenes religiosas de vinte e

    sete membros reunidos.

    2. MARTINISMO E MATERIALISMO

    A obra perigosa de Cagliostro no foi a nica que Saint-Martin procurou combater.Ele tambm concentrou todos os seus esforos para lutar contra o progresso dosFilsofos, que se esforavam em precipitar a Revoluo espalhando por toda a Europaos princpios dos atesmo e do materialismo. Foram ainda os Templrios (11) quemanejaram esse movimento perfeitamente organizado, como nos indicam os trechosextrados de Kirchberger.

    A incredulidade formou atualmente um clube muito bem organizado. uma grande

    rvore que faz sombra em uma parte considervel da Alemanha, que porta muitos mausfrutos e que projeta suas razes at Sua. Os adversrios da religio crist tm suasafiliaes, seus observadores e sua correspondncia muito bem montada; para cadadepartamento, tem um provincial que dirige os agentes subalternos; tm os principais

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    jornais alemes sob controle, que constituem a leitura favorita do clero, que no gostamais de estudar; nossos jornais censuram artigos, aos quais do sua verso e criticamos demais; se um escritor quer combater esse despotismo, enfrentar uma enormedificuldade para encontrar um editor que queira encarregar-se de seu manuscrito. Eis omtodo para a parte literria; mas tm muitos outros para consolidar seu poderio eenfraquecer aqueles que sustentam a boa causa.

    Se h uma vaga de instruo pblica qualquer, ou se existe um senhor comnecessidade de um instrutor para seus filhos, eles tm trs ou quatro personagens

    prontos que apresentam-se ao mesmo tempo por canais diferentes; dessa maneira, estoquase sempre certos de vencer. Eis como freqentada da Alemanha, e para ondeenviamos nossos jovens para estudar.

    Intrigam tambm para colocar seus protegidos nos gabinetes dos ministros dacorte alem; tm tambm seus apadrinhados dentro dos conselhos dos prncipes e emoutros lugares.

    Um segundo mtodo que empregam aquele de Basilio... a calnia. Esse mtodotorna-se para eles cada vez mais fcil, na medida em que a maior parte doseclesisticos protestantes so, infelizmente, os seus agentes mais zelosos; como essaclasse tem mil maneiras de penetrao em todos os lugares, podem espalhar os rumores

    que causam efeito, antes que se tenha tido conhecimento da coisa e tempo de sedefender.

    Essa coalizo monstruosa custou trinta e cinco anos de trabalho a seu chefe, que um velho homem de letras de Berlim, e, ao mesmo tempo, um dos livreiros mais clebresda Alemanha. Ele redige desde 1765 o primeiro jornal desse pas; chama-se Frederic

    Nicolai. Essa Biblioteca Germnica foi tambm amparada por seus agentes peloesprito da Gazeta Literria de Viena,que muito bem feito e que circula em todos os

    pases onde a lngua alem falada. Nicolai influencia ainda o jornal de Berlim e oMuseu Alemo, dois veculos muito acreditados. A organizao poltica e as sociedadesafiliadas foram estabelecidas quando os jornais inocularam suficientemente seu veneno.

    Eles marcharam lentamente, mas com passo seguro. Atualmente seu progresso to

    assustador e sua influncia to grande, que no existe mais nenhum esforo que possaresistir-lhes; somente a Providncia tem o poder de nos libertar dessa peste.

    No incio, a marcha dos Nicolaistas foi muito silenciosa; associavam as melhorescabeas da Alemanha sua Biblioteca Universal; os artigos cientficos eramadmirveis; os temas de obras teolgicas ocupavam sempre uma parte considervel decada volume. Esses temas eram compostos com tanta sabedoria, que nossos professoresda Sua os recomendavam em seus discursos pblicos a nossos jovens eclesisticos.

    Mas, pouco a pouco, eles expeliam seu veneno, embora com bastante cautela. Esseveneno foi reforado com endereo certo. Mas, por fim, tiraram a mscara e, em doisde seus jornais afiliados, esses celerados ousaram comparar nosso Divino Mestre aoclebre impostor trtaro Dalai Lama(Veja o artigo da Dalai Lamaem Moreri). Esses

    horrores circularam em nossa terra, sem que ningum em toda Sua desse o menorsinal de descontentamento. Ento, em 1790, escrevi em uma gazeta poltica, qualestava anexa uma folha onde se escrevia tudo; despertei a indignao pblica contraesses iluminadores, Aufklarer, ou esclarecedores, como se denominavam. Enfatizei

    sobre a atrocidade e a profunda asneira dessa blasfmia.Neste momento, essa gente faz ainda menos mal por seus escritos do que por suas

    afiliaes, por suas intrigas e por suas infiltraes nos postos; de sorte que a maiorparte de nosso clero, na Sua, corrompida moralmente at o miolo dos ossos. Fao,por minha parte, tudo o que posso pelo menos para retardar a marcha dessa gente.Algumas vezes obtive sucesso, em outros casos os meus esforos foram impotentes,porque so muito adestrados e porque seu nmero chama-se legio.

    3. SAINT-MARTIN E A FRANCO-MAONARIA

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    O Willermosismo apoiava-se na Maonaria, para o recrutamento de seus quadrosinferiores; este no foi o critrio do movimento individual de Saint-Martin, que s

    procurava a qualidade, sem jamais se preocupar com o nmero; ele sempre teve umdesprezo misturado com piedade pelas pequenas intrigas, compls e pelasmesquinharias das lojas manicas.

    Certos maons, para os quais uma pequena faixa representa erudio, acreditavamque Saint-Martin professava por seu mestre e sua obra o mesmo desprendimento que

    pelas lojas inferiores. Isto um erro derivado da confuso existente entre o Iluminismo ea Maonaria. Para demonstrar a que ingnuos erros podem chegar todos aqueles que

    portam julgamentos sem documentao sria, iremos transcrever abaixo um pequenoextrato da correspondncia de Saint-Martin, relativa a esta questo:

    Eu rogo (a nosso Ir...) de apresentar e de admitir a demisso de meu cargo naordem interior, de fazer-me o favor de riscar meu nome de todos os registros e listasmanicas onde eu possa ter sido inscrito aps 1785; minhas ocupaes no me

    permitem seguir doravante essa carreira; no me fatigarei em dar maiores detalhes dasrazes que me determinam. Ele bem sabe que tirando meu nome de todos os registrosnada far de errado, pois no lhe sirvo para nada; ele sabe, alm disso, que meuesprito jamais a esteve inscrito; ora, na verdade no estamos ligados a no ser

    formalmente. Ficaremos ligados para sempre, eu o espero, como Cohens epermaneceremos da mesma forma pela Iniciao(12) ....

    Esta citao instrutiva de diversas maneiras. Inicialmente, mostramos que Saint-Martin s foi inscrito em um registro manico em 1785 e que somente em 1790separou-se desse meio.

    Assim como todos os iluminados franceses, recusou-se participar da reunioorganizada pelosFilaletesem 15 de fevereiro de 1785.

    No somente os iluminados franceses, mas tambm Mesmes, delegado de um centrode Iluminismo alemo, e todos os membros do Rito Escocs Filosfico, recusaram

    participar dessa reunio, onde Cagliostro foi obrigado a provar suas afirmaes.Saint-Martin colocou a Franco-Maonaria no seu devido lugar e jamais deixou de

    fazer inmeras iniciaes individuais. Um de seus discpulos, Gilbert, foi mais tardediscpulo de Fabre dOlivet. Outro de seus discpulos diretos, Chaptal, foi av deDelaage, de modo que podemos seguir historicamente, na Frana, os traos da OrdemMartinista sem nenhuma interrupo. Uma das obras do Cavaleiro Arson mostra-nosuma organizao de sbios Martinistas em pleno funcionamento em janeiro de 1818,isto , aps a morte de Saint-Martin.(13)

    4. OPINIES SOBRE O MARTINISMO

    O nmero de Franco-Maons Martinistas que se opuseram ao progresso da anarquiaexcede bastante o nmero daqueles que a favoreceram. Em 1789, o venervel de umaLoja Martinista de Dauphine, sabendo que salteadores uniram-se a cultivadoresenganados por falsas ordens do rei, para pilhar e incendiar as casas de nobres nacampanha, enviou, por intermdio do poder civil de que estava investido, todos osreforos possveis para dar fim a esses estragos. Tentou comunicar aos demais seu zelo

    pela manuteno do direito de propriedade. No se limitou em contribuir com as ordensseveras que foram dadas contra os incendirios e os ladres; conduziu pessoalmente afora armada, combateu com ela, mostrando a bravura de suas aes e a pureza de seus

    princpios (14).

    4.1 OPINIO DE JOSEPH DE MAISTRE

    Durante quarenta anos, pelo menos, Joseph de Maistre esteve entre os Martinistas eoutros msticos; penetrou seu esprito, suas teorias e seus projetos. Seu julgamento ,

    pois, de grande peso. Sem dvida, ele os censura por odiarem a autoridade, por filiarem-

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    se s opinies origenistas (15); mas teria protestado se esses msticos cristos queconhecia a fundo, tivessem sido algumas vezes satanistas ou luciferianos. muitodeplorvel que na Frana tenham existido laicos e mesmo padres to ignorantes docarter do Martinismo para confundir-lhe com a monstruosidade absurda das seitasmodernas (16).

    No se deve confundir os iluminados alemes, discpulos de Weishaupt, niveladoresencarniados, com o discpulo virtuoso de Saint-Martin, que no professa somente ocristianismo, mas que s trabalha para elevar-se s mais sublimes alturas desta leiDivina (17).

    Esses homens de desejo pretendem poder elevar-se de grau em grau at aosconhecimentos sublimes dos primeiros cristos.

    4.2 BALZAC E OS MARTINISTAS

    A curiosa citao a seguir mostra que Balzac teria certamente recebido, em reuniode iniciao, a filiao real da Ordem Martinista.

    A teologia mstica abrangia o conjunto dasrevelaes Divinas e a explicao dosmistrios. Esse ramo da antiga teologia permaneceu secreto entre ns. Jacob Boheme,Swedenborg, Martinez de Pasqually, Saint-Martin, Molinos, Senhoras de Guyon,

    Bourignou e Krudener, a grande seita dos Extticos, dos Iluminados, em diversaspocas conservaram dignamente as doutrinas desta cincia, cujo objetivo tem qualquercoisa de assustador e de gigantesco(18).

    5. UNIO DOS MARTINISTAS E DOS ROSA-CRUZES

    A tendncia desses ltimos Rosa-Cruzes de fundir a teoria cabalstica da emanaocom as doutrinas do cristianismo, tendncia que prepara o caminho unio dos Rosa-Cruzes com os Martinistas e os Iluminados (19).

    CAPTULO IIIO MARTINISMO CONTEMPORNEO

    A Frana no Invisvel a filha mais velha da Europa, devendo, por conseguinte,manter em seu seio o centro da iniciao. Mas, a maioria das lojas manicas francesas

    afastaram-se da iniciao, atendo-se aos compromissos malficos da poltica, descendode grau em grau at tornarem-se centros ativos de atesmo e de materialismo.

    Tendo abandonado o estudo dos smbolos, que estavam encarregados de transmitir sgeraes futuras, e tendo feito, sob protesto de anticlericalismo, uma guerra incessante atoda crena e a todo ideal, os Franco-Maons franceses tornaram-se logo indignos deserem contados entre os membros da grande famlia manica universal.

    Foi ento que os mestres do Invisvel dirigiram a grande reao idealista eforneceram ao Martinismo os meios para adquirir considervel expanso. Assim comoMartinez havia adaptado o Swedenborgismo ao meio no qual deveria agir, assim comoSaint-Martin e Willermoz tinham tambm feito as alteraes indispensveis, igualmenteo Martinismo contemporneo adaptou-se a seu meio e sua poca, conservando

    Ordem seu carter tradicional e seu esprito primitivo.Essa adaptao consistiu sobretudo na unio ntima dos sistemas de Saint-Martin e de

    Willermoz. Os iniciadores livres, criando discretamente outros Iniciadores e

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    desenvolvendo a Ordem pela ao individual, caracterizavam o sistema de Saint-Martin.Os grupos de Iniciados e Iniciadores, regidos por um centro nico e constitudoshierarquicamente, caracterizavam o Willermosismo. Eis porque o Martinismocontemporneo constituiu seu Supremo Conselho, mantendo Iniciadores Livres,assessorando-se de Delegados Gerais, Delegados Especiais, administrando lojas egrupos espalhados atualmente em toda a Europa e Amrica.

    No solicitando a seus membros nenhuma cotizao, nem direitos de entrada, noexigindo nenhum tributo regular de suas lojas ao Supremo Conselho, o Martinismoficou fiel a seu esprito e s suas origens, fazendo da pobreza material sua primeiraregra. Desse modo, pde evitar as irritantes questes de dinheiro, causa dos desastres decertos ritos manicos contemporneos; assim, tambm, pde exigir de seus membrosum trabalho intelectual elevado, criando escolas, distribuindo seus graus exclusivamenteatravs de exame, abrindo suas portas a todos os que justificarem uma riquezaintelectual ou moral, afastando os ociosos e pedantes que pensam ser algum apenastendo dinheiro. O Martinismo ignora a excluso de membros pelo no pagamento decotizao, desconhece o tronco de solidariedade. Apenas seus chefes so chamados a

    justificar seu ttulo, participando, segundo seus graus, do desenvolvimento geral daOrdem.

    1. FILIAO MARTINISTA: SAINT-MARTIN, CHAPTAL EDELAAGE (20)

    A organizao Martinista em grupos proporcionou-lhe grande dinamismo; ela foiefetuada por um modesto ocultista, fiel conservao da tradio inicitica doEspiritualismo, caracterizada pela Trindade, e defesa do Cristo fora de qualquer seita.So essas as caractersticas do Incgnitoa quem foi confiado o depsito sagrado: HenriDelaage, que preferiu ficar fiel sua iniciao do que fundar uma nova seita notradicional como fez Rivail (Allan Kardec).

    Delaage manteve o respeito ao segredo, nada revelando, a ponto de no falar daorigem de sua iniciao em seus livros. Somente aos ntimos falava de corao aberto doMartinismo, cuja tradio lhe foi transmitida atravs de seu av, o Senhor de Chaptal,iniciado pelo prprio Louis Claude de Saint-Martin.

    A carta que transcrevemos a seguir justificar esse ponto.

    2. SOCIEDADE ASTRONMICA DA FRANA

    Paris, 19 de janeiro de 1899

    Ao Sr. Dr. ENCAUSSE

    Meu querido Doutor,

    No vejo nenhum inconveniente em vos repetir por escrito o que j vos disse de vivavoz, a respeito de Henri Delaage. Encontrei-me freqentemente com ele, entre 1860 e1870. Lembro que falava seguido de seu av (o ministro Chaptal) e de Saint-Martin (oFilsofo Desconhecido), que Chaptal conhecia particularmente. Delaage ocupou-se,

    juntamente com o Sr. Matter, da doutrina na Livraria Acadmica Didier, onde oencontrei algumas vezes.

    Queria receber, meu caro Doutor, a expresso de meus melhores sentimentos.

    FLAMARION

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    Transcrevemos, agora, duas citaes bem caractersticas de Delaage, em relao origem de sua iniciao pessoal.

    Somos homem de tradio e unimo-nos calorosamente s sublimes instituies doCristianismo(21).

    A tradio, ou o conhecimento profundo de Deus, do Homem e da Natureza, sumamente necessrio a todos os povos. O Homem, que a recebeu pela Iniciao e queprocura manter-lhe o vu, para torn-la visvel a todos os olhos, palpvel a todas asmos, deve preocupar-se em escolher smbolos, alegorias e mitos que se relacionemcom os bons costumes, a natureza e os conhecimentos do povo a quem aspira dotar comos benefcios preciosos da Verdade. Sem isso, a revelao nada transmitiria inteligncia e ao corao. Eis que o que capaz de por algum na parvoce e faz-lo um

    perfeito cretino, so os smbolos colocados sua disposio, quando no lhescompreende o sentido; pois, quando se ordena inteligncia de conservar na memriacoisas incompreensveis, impem-se, inevitavelmente, ao esprito a ordem de suicidar-

    se(22).Afirmamos que no comeo do mundo o pecado tinha animalizado o homem,

    envelopado sua alma com rgos mortais e materiais, colocando-a em relao com ascriaturas mortais da terra, mas limitadssimas para permitir-lhe estar como antes daQueda, em relao direta com Deus. Dai a razo da luta do Iniciado com os elementosda Natureza, revoltados contra o homem cado: a terra, que triunfa, penetrando em seu

    seio; a gua, atravessando-a; o fogo, passando por ele; o ar, permanecendo nele,impassivelmente suspenso; deriva tambm da o combate com a carne pelo jejum e pelacastidade, para asujeit-la; enfim, o renascimento da alma potncia e luz davida.(23)

    Alguns meses antes de sua morte, Delaage quis passar a algum a semente que lhetinham confiado, mas dela no esperava nenhum fruto (24). Pobre depsito, constitudo

    por duas letras e alguns pontos, resumo dessa doutrina inicitica que iluminou as obras

    de Delaage. Mas o Invisvel estava presente e foi ele quem se encarregou de religar asobras sua real origem e de permitir a Delaage confiar sua semente a uma terra onde ela

    poderia se desenvolver.As primeiras iniciaes pessoais, sem outro ritual que essa transmisso oral de duas

    letras e de dois pontos, tiveram lugar entre 1884 e 1885, na rua Rochechouart (emParis). De l, passaram rua de Strasbourg, onde os primeiros grupos foram criados. A

    primeira loja foi constituda na rua Pigalle, onde Arthur Arnould foi iniciado,comeando a senda que o afastaria definitivamente do materialismo.

    Essa Loja foi em seguida transferida para um apartamento da rua Tour dAuvergne,onde as reunies de iniciao foram freqentemente e frutuosas sob o ponto de vistaintelectual. Os cadernos surgiram entre 1887-1890 e foi mais ou menos nessa poca que

    Stanislas de Guaita pronunciou seu belo discurso de iniciao. A partir desse momento oprogresso foi bastante rpido.

    O grupo Esotrico e a Livraria do Maravilhoso, to bem criada por um bacharel emdireito, membro fundador da loja, Lucien Chamuel, foram fundados em 1891. OSupremo Conselho da Ordem Martinista foi constitudo, como um local reservado sreunies e s iniciaes, primeiro na rua Trevise n 29, aps na rua Bleue e, finalmentena rua Savoie.

    Em seguida, a Ordem constituiu seus delegados e suas lojas, inicialmente na Frana enas diversas partes da Europa; mais tarde na Amrica, no Egito e na sia.

    Tudo isso foi obtido sem que jamais um Martinista pagasse uma quotizao qualquer,sem que jamais uma loja tivesse fornecido um tributo regular ao Supremo Conselho. Os

    fundadores consagraram todos os seus ganhos sua obra e o Cu lhes recompensoudignamente pelos seus esforos.O que diferencia particularmente a iniciao de Martinez o aparecimento do

    ternrio desde o primeiro grau dos Cohens. H trs colunas de cores diferentes,

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    dominadas por uma grande luz. Esse ternrio, unificado pelo quaternrio, desenvolve-seharmonicamente nos demais graus. No segundo grau, a histria da Queda e daReintegrao apresentada ao discpulo. Os graus seguintes servem para afirmar essa

    Reconciliaoda criatura com seu Criador.Todos esses detalhes so necessrios, porque os Cadernos Martinistas

    contemporneos foram impressos em 1887. Somente oito anos mais tarde foi que oSupremo Conselho tomou conhecimento dos antigos catecismos das lojas lionesas,demonstrando a integralidade da Tradio desde Martinez de Pasqually.

    3. CARACTERSTICAS DO MARTINISMO CONTEMPORNEO

    Derivando diretamente do Iluminismo Cristo, o Martinismo acabou adotando seusprprios princpios. Eis porque as nomeaes so feitas de cima para baixo: o Presidenteda Ordem nomeia o Comit Diretor, este designa os membros do Supremo Conselho, osDelegados Gerais e administra os negcios correntes. Os Delegados Gerais nomeiam oschefes das lojas, os quais designam seus oficiais e so mestres de suas lojas. Todas asfunes so inspecionadas diretamente pelo Supremo Conselho, atravs de seusinspetores principais e de seus inspetores secretos. Eis a sntese desta organizao que

    pde, sem dinheiro, adquirir considervel extenso e resistir at o presente todas astentativas de desmoralizao, lanadas sucessivamente por diversas confisses e,sobretudo, pelo clericalismo ativo. A Ordem sobreviveu a tudo, mesmo s calniaslanadas contra seus membros, considerados enviados dos Jesutas, subordinados aoInferno ou magos negros. Os Chefes sempre foram prevenidos em relao a essasintrigas e aconselhados sobre a maneira de evit-las. O sucesso da Ordem vemconfirmar a alta origem das instrues recebidas.

    atravs dos membros do Supremo Conselho que o Martinismo liga-se aoIluminismo Cristo. A Ordem em seu conjunto antes de tudo uma escola de cavalariamoral, que se esfora em desenvolver a espiritualidade de seus membros, pelo estudo doMundo Invisvel e de suas Leis, pelo exerccio do devotamento e da assistnciaintelectual e pela criao em cada esprito de uma f cada vez mais slida, baseada naobservao e na cincia. O Martinismo constitui uma cavalaria da Altrusmo, oposta liga egosta dos apetites materiais, uma escola onde se aprende a dar ao dinheiro o seu

    justo valor, no o considerando como influxo Divino; , finalmente, um centro onde seaprende a permanecer impassvel diante dos turbilhes positivos ou negativos quesubvertem a Sociedade! Formando o ncleo real desta universalidade viva, que far umdia o casamento da Cincia sem diviso com a F sem atributos, o Martinismo esfora-se em tornar-se digno de seu nome, criando escolas superiores de cincias metafsicas efisiognicas, desdenhosamente separadas do ensino clssico, sob pretexto de seremocultas.

    Os exames institudos nessas escolas abrangem: o simbolismo de todas as tradies e

    de todas as iniciaes; as chaves hebraicas e os primeiros elementos da lngua snscrita,permitindo aos Martinistas aprovados nos exames explicar sua tradio a muitos Franco-Maons dos altos graus e mostrar que os descendentes dos Iluminados permaneceramdignos de sua origem.

    Tal o carter do Martinismo. Compreende-se que impossvel encontr-lointegralmente em cada um dos membros da Ordem, pois cada iniciado representa umaadaptao particular dos objetivos gerais. Mas esta poca de ceticismo, de adorao dafortuna material e do atesmo tem grande necessidade de uma reao francamente crist,ligada sobretudo cincia e independente de todos os cleros, sejam catlicos ou

    protestantes. Em todos os pases onde penetrou, o Martinismo salvou da dvida, dodesespero e do suicdio muitas almas; trouxe compreenso do Cristo muitos espritos

    que as manipulaes clericais e seu objetivo de baixo interesse material, isto , deadorao de Csar, tinham distanciado de toda f. Aps ter feito isso, no importa secaluniem, difamem ou excomunguem o Martinismo ou seus chefes. A Luz atravessa os

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    vidros mesmo imundos e ilumina todas as trevas fsicas, morais e intelectuais.

    4. OS ADVERSRIOS DO MARTINISMO E SUAS OBJEES

    Apesar dos fracos recursos materiais, os progressos da Ordem Martinista foramrpidos e considerveis. Mas seu sucesso originou trs tipos de adversrios: 1 os

    materialistas ateus, representantes do Grande Oriente da Frana; 2 os clrigos; 3 associedades e indivduos que combatem o Cristo e procuram diminuir sua obra, aberta ouocultamente. A partir da surgem inmeras objees, mal-entendidos e calnias quedevem ser denunciados a fim de permitir aos membros da Ordem destru-las.

    4.1 OS MATERIALISTAS

    Os Materialistas, aps terem acusado os Martinistas de Jesutas, alienados, sonhadores de outra era que nada podem fazer no sculo da luz e da razo ficaramadmirados pelo rpido progresso dessa Ordem e procuraram copiar a organizao dosGrupos Martinistas sem bons resultados; imaginaram formar grupos de jovens

    ateusligados ao sistema eleitoral do Grande Oriente.Foi ento que se ativeram ao problema financeiro. Uma Ordem que avana muitorapidamente deveria tornar-se muito onerosa a seus fundadores. Com quanto seusmembros contribuem mensalmente? Nada... Quanto custam os diplomas dos Delegados?

    Nada... Quem paga as despesas de impresso, de correio, de secretaria e dos diplomas,necessrias a movimentao de tal organismo? Os chefes. Estes no podero, pois,serem acusados de obterem lucro com um movimento ao qual consagraram a maior

    parte de suas rendas. Entretanto, as pessoas prticas acabaram por se persuadiremque os Martinistas so pelo menos muito convencidos.

    4.2 OS CLRIGOS

    Os ataques dos clrigos so mais desleais e mais diretos. Abandonando toda questomaterial, atm-se aos espritos. Apesar de todas as afirmaes e evidncias contrrias,lhes impossvel admitir que os ocultistas (e ns em particular) no consagrem ao diaboalgum culto secreto. Por conseguinte, os Martinistas devem ocultar seu objeto; todosaqueles que ousam defender o Cristo, mantendo em seu devido lugar o clero que ovende todos os dias ao mercador do templo, livram-se, segundo esses bons clrigos, smais terrveis evocaes de Sat e de seus mais ilustres demnios.

    muito difcil convencer escritores clericais que o clero e Deus possam agirindependentemente um do outro; que podemos perfeitamente admitir a bondade de Deuse a cobia material do clero (que age dizendo ser em seu nome), sem confundir-lhes um

    instante. Segundo eles, atacar um inquisidor atacar a Deus.Os Martinistas querem ser Cristos, livres de toda dependncia clerical; as acusaesde satanismo lhes faro balanar os ombros, pedindo perdo ao Cu para aqueles que oscaluniam injustamente.

    Ouviremos novamente a esse respeito a grande farsa de Lo Taxil sobre o tema dosocultistas diablicos? Veremos sob seu verdadeiro aspecto essa bizarra sociedadesecreta do Labarum, cujos dignatrios nos so conhecidos? Ouviremos quanto Taxildeve estar disposto a montar uma nova mistificao baseada na maonaria feminina?

    No seria melhor tolerar o insulto, a calnia, o descrdito, sem responder de outramaneira a no se pelo perdo e pelo esquecimento?

    Cada novo ataque, sendo injusto e vil no fica jamais sem recompensa e vale ao

    Martinismo um novo sucesso. Eis a verdadeira manipulao das leis ocultas e overdadeiro uso das faculdades espirituais do homem. Quando acusamos os escritoresclericais de enganar o pblico ingnuo, que aceita suas afrontas, e de empregar

    processos polmicos, indignos do autor de respeito, poder-se-ia acreditar que existe de

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    nossa parte certa animosidade e tendncia ao exagero. Para evitar essa dvida, iremossubmeter ao prprio leitor alguns desses processos, para seu julgamento. Escolheremosa ltima deslealdade cometida. O autor ficar certamente muito feliz por ser apresentadoao pblico. Chama-se Antonini, professor do Instituto Catlico de Paris, e seu livrointitula-seA Doutrina do Mal.

    Nessa obra, fala-se muito de Sat, de Lcifer, do Diabo e de culto secreto. Entretanto,falta a esse autor a veia do excelente Taxil; ele , ademais insosso e sem imaginao.

    No temos mais esse bom Bitru, de quem Taxil extraiu parte do apndice para oferec-lo aos Jesutas, que o aceitaram com reconhecimento. Fica bem entendido que osocultistas (benzei-vos), e em particular vosso servidor, passam uma parte de seu tempoem companhia do Diabo, fazendo anagramas, dos quais o Sr. Antonini tem bastantedificuldade em encontrar a chave. Mas vejamos uma pequena amostra dessa prosa:

    Aulnaye, Eliphas Levi, Desbarolles, Stanislas de Guaita, para no citar mais doque esses iniciados, reconhecem que luz Astral significa LUZ DA TERRA, chamadaastralporque a terra um astro. Sobre o que fundamentada to estranha alegao? Adeclarao dos iniciados passa geralmente desapercebida, ou ento, faz rir. E,entretanto, constitui a confisso mais grave e mais conclusiva de seu ensinamento.

    Denominam a terra um astroporque englobaA GRANDE ESTRELA CADA DOS

    CUS, como o Apocalipse denomina Lcifer o arcanjoportador da luze precipitado noFOGO central da terra, por ter querido igualar-se a Deus.(25)

    Analisemos essas passagens:

    4.3 LUZ ASTRAL SIGNIFICA LUZ DA TERRA

    Antonini, tendo grande dificuldade em citar as palavras exatas de seus autores, noprocurou justificar a presente citao com uma referncia real, porque ela simplesmente idiota. Ele sai do embarao inventando a citao, permitindo-lhe dizer asextravagncias seguintes:

    A Terra contm uma estrela! Oh! meus professores de Astronomia! Onde est esteSol, pois uma estrela um sol; se creio em meu amigo e mestre Flamarion, onde estesse Sol, cado sobre a terra, eis que deve ser bem maior que ela, onde est essemonstro Sol que no se v mais?...

    Esse Sol, meus amigos, um arcanjo; esse arcanjo Lcifer e Lcifer est no fogocentral da Terra, e a Terra no explodiu ao receber esse novo Sol em seu seio! Eis comoos Ocultistas confessam que so satanistas! Isso muito simples e essa a base daargumentao de Antonini. No podemos mais ser amveis.

    4.4 OS ADVERSRIOS DO CRISTO

    Os Clrigos acusam, pois, os Martinistas de evocar Sat ou algum outro demnio emsuas reunies secretas, que jamais existiram a no ser em sua imaginao. Outrassociedades que pretendem estudar o Ocultismo e desenvolver as faculdades latentes nohomem, sem crer, de resto, na existncia do diabo, hipocritamente fazem circular cartasacusando os Martinistas de praticar Magia Negra.

    Ora, a prtica da Magia Negra consiste em fazer o mal consciente e covardemente;nada mais distanciado do objetivo e dos processos essencialmente cristos doMartinismo de todos os tempos. Os Martinistas no praticam magia, nem a branca, emuito menos a negra. Estudam, oram e perdoam as injrias da melhor maneira possvel.

    Os Rosa-Cruzes sempre combateram os feiticeiros, aproveitadores da ignorncia e doceticismo popular, para exercerem seus poderes sobre vtimas inocentes, prevenindoabertamente a todos aqueles a quem tinham dado o batismo da luz. Esse trabalho foisempre oculto, realizado atravs da prece.

    Os Martinistas, como os Rosa-Cruzes, sempre defenderam a verdade, agindo semsubterfgios, publicando seus atos e suas decises. Pelo contrrio, aqueles que difamam

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    na sombra, ocultando-se quando se vm descobertos, escrevendo circulares hipcritas ecaluniando sorrateiramente os Martinistas, temendo sua lealdade, no merecem seno a

    piedade e o perdo. Vendo as faculdades latentes manifestadas atravs desses processos,somos levados a mostrar a esses homens que a Magia Negra comea pela difamaoannima, to geradora de larvas no plano mental quanto a baixa feitiaria do camponsiletrado no plano astral.

    5. LUGARES ONDE O SUPREMO CONSELHO DA ORDEMMARTINISTA OFICIALMENTE REPRESENTADO POR SEUSDELEGADOS GERAIS E SUAS LOJAS. (26)

    A sede do Supremo Conselho da Ordem Martinista encontra-se em Paris, com trslojas (Hermanubis, Esfinge e Voluspa). A Frana dividida em 14 delegaes, cujosdelegados tm sua sede nas seguintes cidades (27)

    N 1 (Chartres), Beauvais;N 2 (Lille), Abbeville;N 3 (Caen), Le Havre;

    N 4 (Nancy), Chlons-sur-Marne;N 5 (Rennes), Nantes;N 6 (Poitiers), La Roche -sur-Yon;N 7 (Bordeaux), Pau;N 8 (Tolouse), Cahors;N 9 (Montpellier), Perpignan;N10 (Marseille), Nice e Algerie;N11 (Lyon), Roanne;N12 (Dijon), Troyes;N13 (Clermont-Ferrand), Tulle;N14 (Grenoble), Valence.

    Cada uma dessas delegaes dirige lojas ou grupos.

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    Para evitar qualquer indiscrio, suprimimos o nome da cidade onde se encontra asede das diversas delegaes no exterior.

    6. RGOS DA ORDEM MARTINISTA

    Possumos uma revista mensal de cem pginas: Linitiation, editada em Paris. orgo oficial da Ordem Martinista (28). Editamos igualmente um jornal semanal de oito

    pginas in-4: Le Voile dIsis e um boletim mensal autografado e reservado aosDelegados:Psiqu.

    No exterior, a Ordem Martinista dispe, atravs de seus Delegados, de rgosespeciais nos seguintes idiomas: ingls, alemo, espanhol, checoslovaco e sueco.

    7. AFILIAES DA ORDEM MARTINISTA

    A Ordem Martinista afiliada aos seguintes rgos e ordens: Unio Idealista Universal (Internacional);

    Ordem Cabalstica da Rosa-Cruz (Frana); Grupo Independente de Estudos Esotricos (Frana); Ordem dos Iluminados (Alemanha); Sociedade Alqumica da Frana (Frana);

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    Universidade Livre de Altos Estudos (Fac. de Cincias Hermt.) (Frana); Babistas (Egito, Prsia, Sria); Sociedades Chinesas (Em negociao em 1891).

    CAPTULO IVA FRANCO-MAONARIA

    1. MARTINISMO E FRANCO-MAONARIA

    Os escritores que se ocuparam do Martinismo, sobre tudo os clrigos, confundirammuitas vezes com uma m f voluntria o Martinismo com a Franco-Maonaria. OMartinismo, no exigindo nenhum juramento de obedincia passiva de seus membros e

    no lhes impondo nenhum dogma (muito menos o dogma materialista ou clerical) deixa-lhes inteiramente livres em suas aes; ele independente da Franco-Maonaria comoordem, tal como praticada atualmente na Frana.

    Como toda a ordem de iluminados, o Martinismo d acesso, em algumas reunies, aFranco-Maons instrudos (sobretudo a membros do Rito Escocs) quando possuem

    pelo menos o grau 18 (Rosa-Cruz); mas essas relaes limitam-se a uma simplesquesto de delicadeza. Os Martinistas contemporneos no agem de maneira diversa nasmesmas circunstncias, como agiram seus antepassados dos Conventos de Gaules e deWilhemsbadt.

    Portando o nome cabalstico do Cristo e o reconhecimento do Verbo Criador namente, em todos os seus atos, o Martinismo s pode manter relaes com potncias

    manicas que trabalhem segundo a constituio dos Rosa-Cruzes Iluminados, quefundaram a Franco-Maonaria. Todo rito que subtrai Deus de suas pranchas etransforma, sem referncias tradicionais, o simbolismo que lhe confiaram, no existemais para os Martinistas, assim como tambm para todos os iniciados de um centro reale srio.

    Eis porque o Grande Oriente da Frana, que est distanciado da verdadeira euniversal Franco-Maonaria, no deve ser confundido com o Martinismo, como osclrigos procuram fazer. Isso nos induz a expor a situao atual dos diferentes ritos daFranco-Maonaria francesa, traando sua histria.

    A Franco-Maonaria compreende, na Frana, trs Ritos:1 O Grande Oriente da Frana, o mais potente, na Frana, pelo nmero de lojas

    e de membros, rito materialista e ateu pelo esprito e pela ao, causa real da decadnciamomentnea de nosso Pas;2 O Rito Escocs, dividido em duas sees:a) O Supremo Conselho e suas Lojas, que admite os Altos Graus Manicos;

    b) A Grande Loja Simblica Escocesa, Federao de Antigas Lojas Escocesas, queno admite Altos Graus.

    Em 1897, um acordo estabelecido entre essas duas sees deu nascimento GrandeLoja da Frana. Carter desse rito: espiritualismo ecltico. por este rito que a Franaliga-se aos ritos de outros pases.

    3 O Rito de Misraim, decadente, caiu no ridculo por no ter nem vinte membrospara constituir suas lojas, seu captulo e seu arepago.

    Retomemos rapidamente a histria de cada rito:

    2. A FRANCO-MAONARIA DESDE SUA CRIAO AT 1789

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    2.1 O GRANDE ORIENTE E SUAS ORIGENS

    O Grande Oriente da Frana nasceu de uma insurreio de alguns de seus membroscontra as constituies e a hierarquia tradicionais da Franco-Maonaria. Algumas linhasde explicao so aqui necessrias.

    A Franco-Maonaria foi fundada na Inglaterra por homens que faziam parte de uma

    das potentes fraternidades secretas do Ocidente: a Confraria dos Rosa-Cruzes. Esseshomens, sobretudo Ashmole, tiveram a idia de criar um centro de propaganda ondepudessem formar, sem que se soubesse abertamente, membros instrudos para a Rosa-Cruz. Assim, as primeiras lojas manicas foram mistas e compostas por obreiros reais e

    por obreiros da inteligncia (livres maons). Os primeiros trabalhos de Ashomole datamde 1646; mas foi somente em 1717 que a Grande Loja de Londres foi constituda. Foiessa Loja quem forneceu as cartas regulares s Lojas francesas de Dunkerque (1721),Paris (1725), Bordeaux (1732) etc...

    As lojas de Paris multiplicaram-se rapidamente, nomearam um Gro-Mestre para aFrana, o Duque DAntin (1738 a 1743), sob influncia do qual foi idealizada e

    publicada a Enciclopdia, como veremos adiante. Eis a origem real da revoluorealizada inicialmente no plano intelectual, passando aps ao plano formal.

    Em 1743, o Conde de Clermont sucedeu ao Duque dAntin como Gro-Mestre etomou a direo da Grande Loja Inglesa da Frana. Esse conde de Clermont, muitonegligente para ocupar-se seriamente dessa sociedade, nomeou substituto um mestre dedana,Lacorne, indivduo intrigante e de costumes deplorveis. Esse Lacorne fez entrarnas lojas grande quantidade de indivduos de sua espcie, o que originou a ciso entre aloja constituda por Lacorne (Grande Loja Lacorne) e os antigos membros queformavam a Grande Loja da Frana(1756).

    Aps uma tentativa de reconciliao entre as duas faces rivais (1758), o escndalotornou-se to grande que a polcia interveio e fechou as lojas de Paris.

    Lacorne e seus adeptos aproveitando-se desse acontecimento, obtiveram o apoio doDuque de Luxemburgo (15 de junho de 1761) (29). Fortes por esse apoio, conseguiramentrar na Grande Loja de onde tinham sido banidos. Fizeram nomear uma comisso decontrole, cujos membros foram previamente comprados. Ao mesmo tempo, os irmos doRito Templrio (Conselho dos Imperadores) associaram-se em segredo s intrigas doscomissrios e, em 24 de dezembro de 1772, um verdadeiro golpe de estado manico foidado pela supresso da inamovibilidade dos presidentes das Lojas e peloestabelecimento do regime representativo. Revoltados vitoriosos fundaram, desse modo,o Grande Oriente da Frana. Um maon contemporneo pode escrever: No demaisdizer que a revoluo manica de 1773 foi a precursora e o estopim da Revoluo de1789(30)

    O que se faz necessrio enfatizar a ao secreta dos irmos do Rito Templrio.Foram eles os verdadeiros fomentadores das revolues; os demais no passaram de

    dceis agentes. Assim, o leitor poder compreender nossa afirmao: O Grande Orientenasceu de uma insurreio. Retornemos sobre dois pontos: a) A Enciclopdia(Revoluo Intelectual); b) A Histria do Grande Oriente de 1773 a 1789.

    2.2 A ENCICLOPDIA

    Dissemos que os fatos sobre os quais os historiadores baseiam-se foram, na maioriados casos, conseqncia de aes ocultas. Ora, pensamos que a revoluo no seria

    possvel se esforos considerveis no tivessem sido feitos precedentemente, paraorientar em um novo caminho a intelectualidade da Frana. agindo sobre os espritoscultivados, criadores da opinio, que se prepara a revoluo social. Iremos encontrar,agora, uma prova decisiva sobre esse fato.

    Em 25 de junho de 1740, o Duque DAntin, Gro-Mestre da Franco-Maonaria daFrana, pronunciou um importante discurso no qual anunciou o grande projeto em curso,

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    como demonstra a seguinte citao:Todos os Gro-Mestres da Alemanha, Inglaterra, Itlia e de outros lugares,

    exortam todos os sbios e artesos da confraternidade a se unirem para fornecer osmateriais de um dicionrio universal das artes liberais e das cincias teis, excetoteologia e poltica. J se comeou a obra em Londres; e pela reunio de nossosconfrades, poder-se- conduzi-la perfeio em poucos anos.

    Amiable e Colfavru, em seus estudos sobre a Franco-Maonaria no sc. XVIII,compreenderam perfeitamente a importncia desse projeto, pois, aps terem falado da

    Enciclopdia Inglesade Chambers (Londres 1728), acrescentam:Bem mais prodigiosa foi a obra publicada na Frana, contendo 28 volumes in-

    flio, sendo 17 com texto de 11 com gravuras, aos quais foram acrescentados, emseguida, cinco volumes suplementares, obra cujo autor principal foi Diderot, secundadopor uma pliade de escritores de elite. Mas no lhe bastava ter colaboradores para aboa execuo de sua obra; foi-lhe necessrio potentes protetores. Como poderia ter

    sido protegido sem a Franco-Maonaria?Alm disso, as datas aqui so demonstrativas: O Duque DAntin pronunciou seu

    discurso em 1740; sabe-se que, desde 1741 Diderot preparava sua grande empresa. Oprivilgio indispensvel publicao foi obtido em 1745. O primeiro volume da

    Enciclopdiaapareceu em 1751.Assim a revoluo j se manifestava em duas etapas: a) Revoluo Intelectual,

    originada da Enciclopdia, com apoio da Franco-Maonaria Francesa, sob a altaimpulso do Duque DAntin (1740); b) Revoluo Oculta nas lojas, promovida emgrande parte pelos membros do Rito Templrio e executado por um grupo de Franco-Maons expulsos, depois anistiados do Duque de Luxemburgo (1773) e presidncia doDuque de Chartres.

    A revoluo patente na sociedade, isto , a aplicao sociedade das constituiesdas lojas no tardou. Retomemos a histria do Grande Oriente no ponto onde adeixamos. Uma vez constituda, a nova potncia manica apelou a todas as lojas pararatificar a nomeao do Duque de Chartres como Gro-Mestre.

    Ao mesmo tempo (1774), o Grande Oriente instalava-se no antigo noviciado dosJesutas, rua do Pot-de-Fer, procedendo expulso das ovelhas sarnentas. Centro equatro lojas aderiram ao novo estado de coisas; mais tarde, 195 (1776); finalmente, em1789 havia 629 lojas em atividade.

    Mas um fato, em nossa opinio considervel, produziu-se em 1786. Os captulos doTiro Templrio tornaram-se oficialmente aliados ao Grande Oriente, chegando a fundir-se com ele. Vimos como os irmos desse rito ajudaram na revolta de onde nasceu oGrande Oriente. Passemos a resumir, agora, a histria do Rito Templrio.

    2.3 O RITO TEMPLRIO E O ESCOCISMO

    A Franco-Maonaria, como vimos, foi estabelecida na Inglaterra por membros daFraternidade dos Rosa-Cruzes, desejosos de constituir um centro de propaganda erecrutamento para sua ordem. A Franco-Maonaria Inglesa possua somente trs graus:Aprendiz, Companheiro e Mestre. Em razo disso, a Franco-Maonaria Francesa e oGrande Oriente, seu ramo principal, eram formados por membros possuidores apenasdos trs primeiros graus. Mas, logo determinados homens pretenderam ter recebido umainiciao superior, de acorde com os mistrios da fraternidade dos Rosa-Cruzes. Os ritoscriaram-se concedendo graus superiores ao grau de Mestre, chamados altos graus.

    O esprito dos ritos dos graus superiores, assim criados, era naturalmente diferentedaquele da maonaria propriamente dita. Foi assim que RAMSAY instituiu o Sistema

    Escocs, cuja base era poltica e cujo ensinamento tendia a fazer de cada irmo um

    vingador da Ordem do Templo (31). Eis porque demos o nome de Rito Templrio a essacriao de RAMSAY.

    As reunies dos irmos detentores de altos graus passaram a denominar-se no mais

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    lojas, mas captulos. Os principais captulos estabelecidos na Frana foram:

    1 O Captulo de Clermont(Paris 1752), de onde saiu o Baro de Hunt, criador daalta maonaria alem ou iluminismo alemo;

    2 Aps o captulo de Clermont, nasceu o Conselho dos Imperadores do Oriente edo Ocidente (Paris, 1758), do qual certos membros, separando-se de seus irmos,formaram:

    3 Os Cavaleiros do Oriente (Paris, 1763), cada uma dessas potncias expediacartas de lojas e os principais irmos (Tshoudy, Boileau, etc. ) criaram ritos especiais nointerior da Frana.

    Em 1782, o Conselho dos Imperadores e os Cavalheiros do Oriente uniram-se paraformar o Grande Captulo Geral da Frana, cujos principais membros tinham ajudadona constituio do Grande Oriente por suas intrigas. Assim, tambm vemos em 1786,esses irmos realizarem a fuso do Grande Captulo Geral da Frana. Qual foi oresultado dessa fuso? Os membros do Grande Captulo, bem disciplinados, perseguindoum objetivo preciso e sendo inteligentes, puderam dispor do nmero fornecido peloGrande Oriente.

    Compreende-se agora a gnese manica da Revoluo Francesa. A maior parte doshistoriadores confunde esses membros do Rito Templrio, verdadeiros inspiradores darevoluo (32), com os Martinistas.

    3. A FRANCO MAONARIA DE 1789 A 1898

    3.1 HISTRICO

    Seguimos a histria do Grande Oriente e do Rito Templrio at 1789; continuemo-laat nossos dias.

    a) Grande Oriente O Grande Oriente possui a tradio mais ou menos integral dostrs primeiros graus e aps 1786, detm igualmente a tradio dos graus templrios e deoutros graus formando a Maonaria de perfeio com 25 graus, analisada a seguir. Umgrande colgio de ritos foi encarregado de conservar essa tradio que permitia realizaros maons sados do Grande Oriente com os do resto do universo.

    Em 1804, um acordo foi estabelecido, durante alguns meses, que concedia ao GrandeOriente o poder de conferir os graus 31, 32, 33 por intermdio do Rito Escocs, do qualfalaremos adiante.

    Mas sob pretexto de livrar a Franco-Maonaria das supersties e dos erros dopassado, os membros do Grande Oriente, instigados pelos deputados das Lojas dointerior, cada qual mais ignorante do valor dos smbolos, transformaram ao gosto damultido eleitoral o legado que lhes tinham confiado e tornaram-se um centro de polticaativa, professando abertamente o materialismo e o atesmo.

    Em 1885, a transformao estendeu-se ao Colgio dos Ritos, ainda depositrio de umresto de tradio. O elo que unia a maior parte dos maons franceses ao resto douniverso foi definitivamente rompido.

    No momento em que tinha maior necessidade de estender sua influncia ao exterior,exercer uma vigilncia efetiva na ao das potncias estrangeiras no interior dos centrosmanicos de outros pases, a Frana estava excluda da comunidade manicainternacional por culpa do Grande Oriente. Por ocasio da Exposio Universal deChicago, quando o presidente do novo Conselho dos Ritos (o mais alto oficial doGrande Oriente) apresentou-se porta das Lojas americanas, foi colocado na rua comoum vulgar profano, como na realidade ele era, para os verdadeiros maons.

    Eis o teor de to grave ato cometido em 1885:

    Por decreto promulgado em 9 de novembro de 1885, o Grande Oriente da Frana,

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    conforme deciso tomada em 31 de outubro ltimo pela Assemblia Geral da LojasSimblicas da Obedincia, ordena a dissoluo do Grande Colgio do Ritos eencarrega o Conselho da Ordem de velar por sua reconstituio.

    O grande chanceler protestou da seguinte maneira, mas em vo:

    Vs me enviastes uma ampliao do decreto da Assemblia Geral das LojasSimblicas, com data de 31 de outubro ltimo (1885), pronunciando a dissoluo doSoberano Conselho dos Grandes Inspetores Gerais do Rito Escocs Antigo e Aceito,que sob o ttulo de Grande Colgio dos Ritos, constitui, no seio do Grande Oriente da

    Frana, o Supremo Conselho para a Frana e Colnias Francesas.Esta deciso, que sob pretexto de reorganizao, derrubou todos os princpios e

    todas as tradies da Franco-Maonaria Universal, absolutamente ilegal pelaincompetncia de todos aqueles que a tomaram.

    FERDEUIL(Grande Chanceler do Grande Conselho dos Ritos)

    Todos os esforos possveis foram feitos no Grande Oriente para ocultar aos irmosque entravam na Ordem a maneira pela qual os membros desse rito so julgados noexterior e tomou-se o cuidado de dizer-lhes que no seriam recebidos em nenhuma parteuma vez sados da Frana ou de qualquer uma de suas colnias. As grandes palavras derazo, superstio esmagada, princpios de liberdade, etc., substituem as tradies daMaonaria Universal. Esses grandes simplrios ficam ainda bem lisonjeados quando ummaom de origem estrangeira vem, como visitante, verificar se a separao da Frana edo resto do mundo ainda continua. Recebe-se o visitante com grandes honras, mas este,retornando, esforar-se- em colocar na rua o venervel da loja francesa, se ousarapresentar-se, por seu turno, a uma reunio em seu pas.

    Assim, o Grande Oriente est destinado a desaparecer, mesmo com sua prosperidade

    aparente, se no retornar rapidamente a uma melhor compreenso dos interesses reais doPas.

    Terminaremos esta exposio, citando algumas palavras de Albert Pike: "O GrandeOriente da Frana esteve sempre nas mos dos trs "I": Ignorantes, Imbecis e

    Intrigantes".(33)

    3.2 O ESCOCISMO

    Em 1786, o Rito Templrio fundiu-se com o Grande Oriente. Esse Rito Templrioera composto de 25 graus; deixando de lado seu objetivo de vingana poltica, era defato um rito de perfeio, onde os maons ordinrios foram levados a conhecer algunsensinamentos concernentes tradio cabalstica dos Templrios.

    Ora, em 1761, isto , antes da fuso com o Grande Oriente, o Conselho dosImperadores do Oriente e do Ocidente tinha dado a um judeu denominado Morin os

    poderes necessrios para estabelecer o sistema templrio na Amrica, para onde esse talMorin deslocou-se.

    Quando Morin chegou ao seu destino, apressou-se em dar o 25 grau a muitos deseus camaradas, os quais em comum acordo com ele, iniciaram por sua vez inmeroscristos em 1797.

    Quando os novos iniciados sentiram-se suficientemente fortes colocaram seuiniciador na rua e, separando-se dele, acrescentaram 8 graus hermticos aos 25 jexistentes, o elevou o nmero de graus do sistema escocs a 33. Foi assim que fundaram

    em Charleston, em 1801, um Supremo Conselho que deveria, em seguida, conquistaruma grande influncia. Por que esse nmero de 33 graus? Um antigo maom, possuidordesse grau, Rosen, disse que esse nmero representa o grau de latitude de Charleston, e

  • 5/26/2018 Papus - Martinesismo-willermosismo-martinismo e Franco Maonaria (PDF)

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    isso pode ser maliciosamente verdadeiro; pois, como veremos, o nmero de graus poucoimporta, desde que o sistema manico seja realmente sinttico.

    A relao dos presidentes do Rito Escocs da Amrica, desde seu nascimento, aseguinte:

    Conta-se entre nomes Grasse-Tilly. Foi ele quem retornou Europa em 1804,trazendo o sistema de 33 graus, com o poder de constituir arepagos. Foi precedido dealguns meses por outro iniciado direto de Morin, um tal de Hacquet, cuja tentativa nogerou nada imediato.

    Grasse-Tilly e os irmos que tinha iniciado fizeram um acordo com o Grande Orienteem 1804; esse tratado foi rompido por comum acordo em 6 de setembro de 1805.Sublinhamos esse comum acordo e enviamos o leitor a Ragon (ortod. Ma., p.313)

    para os detalhes que provam em oposio ao que diz Rosen em seu livro (Sat e Cia.),que no houve histrias de dinheiro nesse negcio.

    O que se infere de tudo isso, que os pretensos graus manicos dados por Fredericoda Prssia so de inveno de Bailache, em colaborao com Grasse-Tilly.

    Entre 1806 e 1811, o Supremo Conselho fundado por Grasse-Tilly s expedia osmais altos graus, 31, 32 e 33, deixando ao cargo do Grande Oriente a expedio dosdemais. Em 1811, o Supremo Conselho declara-se independente. Em 1815, De Grasse-Tilly retornou dos Pontons ingleses e fundou um novo Supremo Conselho. O antigo

    Supremo Conselho colocou Grasse-Tilly em julgamento e o condenou. Mas o novoSupremo Conselho, presidido pelo Duque Decaze, tomou uma tal importncia que em1820 o antigo uniu-se a ele e em 1821 foi constitudo o Supremo Conselho do Rito

    Escocs Antigo e Aceito para a Frana e suas Colnias.Em 1875 teve lugar em Lausana um convento importantssimo dos diversos

    Supremos Conselhos Escoceses. Em 1879, algumas lojas escocesas de Paris separam-sedo Supremo Conselho, protestando contra a existncia dos altos graus e fundaram aGrande Loja Simblica Escocesa, que se tornou mais tarde muito potente.

    Durante esse tempo, os negcios do Supremo Conselho iam mal e a penria defundos tornou-se tal que em 1897 o Supremo Conselho teve que ceder um pouco eentender-se com as lojas rebeldes. Segundo esse entendimento, o Supremo Conselho

    passou Grande Loja Simblica todas as suas lojas e guardou somente os captulos earepagos. Assim se c