Martinesismo e Franco Maçoinaria

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    S.C.A.Sociedade das Cincias Antigas

    Martinesismo, Willermosismo, Martinismo e Franco-MaonariaPapus

    EdioSociedade das Cincias Antigas

    Fonte Digitalwww.sca.org.br

    Verso para eBookeBooksBrasil.com

    Copyright: 2001 S.C.A. - Sociedade das Cincias Antigas

    ndiceIntroduoCaptulo IOs Iluminados, Swedenborg, Martinez e Willermoz

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    Captulo IISaint-Martin, Martinismo e Franco-MaonariaCaptulo IIIO Martinismo ContemporneoCaptulo IV

    A Franco-MaonariaConcluso

    Notas

    Martinesismo, Willermosismo,Martinismo e

    Franco-MaonariaporPapus

    Traduzido do original Francs:Martinsisme, Willermosisme, Martinisme et

    Franco-Maonnerie

    Editado por Lucien Chamuel em 1899

    Contendo um resumo da histria da Franco-Maonaria at 1899 euma anlise nova de todos os graus do Escocismo, ilustrado cominmeros quadros sintticos.

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    Os profanos no vos lero, quer sejais claro ouobscuro, prolixo ou sinttico. Somente osHOMENS DE DESEJO iro ler os vossosescritos e aproveitaro vossa luz. Dai-lhes essa luzto pura e revelada quanto possvel.

    Louis Claude de Saint-Martin

    INTRODUO

    Muitos erros foram cometidos em relao ao MovimentoMartinista; muitas calnias foram proferidas contra seus fundadores esuas doutrinas, o que torna necessrio elucidar alguns pontos de suahistria, esclarecendo os objetivos deste movimento, estabelecendo adiferena entre ele e os propsitos das diversas sociedades que seligam a um simbolismo qualquer.

    Para que todo membro da Ordem e todo pesquisadorconsciencioso possa destruir definitivamente tais calnias, iremosexpor de modo imparcial os diferentes aspectos que o Movimento

    Martinista conheceu, e que podem enquadrar-se em quatro grandesperodos:a-) O Martinesismo de Martinez de Pasqually;b-) O Willermosismo de Jean-Baptiste Willermoz;c-) O Martinismo de Louis Claude de Saint-Martin;d-) O Martinismo contemporneo (fim do sculo XIX).

    CAPTULO 1OS ILUMINADOS,SWEDENBORG, MARTINEZ

    E WILLERMOZ

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    1. OS ILUMINADOS CRISTOS

    1.1 A ROSA-CRUZ

    impossvel compreender a essncia do Martinismo de todas aspocas, se antes no estabelecermos a diferena fundamentalexistente entre uma Sociedade de Iluminados e a Maonaria. UmaSociedade de Iluminados liga-se ao Invisvel por um ou por vrios deseus chefes. Seu princpio de existncia tem sua origem em um planosupra-humano; toda sua organizao administrativa se faz de cima para baixo. Os membros da fraternidade obedecem a seus chefes,obrigao que se torna ainda mais importante medida que os

    membros entram no crculo interior.A Maonaria no est ligada ao Invisvel por nenhum vnculo. Seuprincpio de existncia tem sua origem em seus membros e em nadamais. Toda sua organizao administrativa se faz de baixo para cima,com selees sucessivas por eleio.

    Infere-se disso que esta ltima forma de fraternidade nada podeproduzir para fortificar sua existncia a no ser cartas constitutivas epapis administrativos, comuns a toda sociedade profana; enquanto asOrdens de Iluminados baseiam-se, sempre, no Princpio do Invisvel

    que as dirige.A vida privada, as obras pblicas e o carter dos chefes da maioria

    das fraternidades de Iluminados demonstram que esse PrincpioInvisvel pertence ao plano Divino, sem relao alguma com Sat oucom outros demnios, como insinuam os clrigos, assustados com oprogresso dessas sociedades.

    A Fraternidade de Iluminados mais conhecida, anterior aSwedenborg, a nica da qual se pode falar no mundo profano, a dos Irmos Iluminados da Rosa-Cruz, cuja constituio e chave serodadas dentro de alguns anos. Foram os membros dessa fraternidadeque decidiram criar sociedades simblicas, encarregadas de conservaros rudimentos da Iniciao Hermtica, dando nascimento aos diversosritos da Franco-Maonaria. No se pode estabelecer nenhumaconfuso entre o Iluminismo, centro superior de estudos Hermticos,com a Maonaria, centro inferior de conservao, reservado aosdebutantes. Somente entrando nas Fraternidades de Iluminados,

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    podem os Franco-Maons obter o conhecimento prtico desta Luz,quando ento sobem de grau em grau.

    1.2 SWEDENBORG

    Atravs dos esforos constantes dos Irmos Iluminados da Rosa-Cruz, o Invisvel concedeu um impulso considervel Humanidade,atravs da iluminao de Swedenborg, o clebre sbio sueco.

    A misso de realizao de Swedenborg consistiu basicamente naconstituio de uma cavalaria laica do Cristo, encarregada dedefender a idia crist, dentro de sua pureza primitiva, e de atenuar,no Invisvel, os deplorveis efeitos das corrupes, das especulaesde fortuna e de todos os processos caros ao Prncipe deste Mundo,realizados pelos Jesutas, sob as cores do Cristianismo.

    Swedenborg dividiu sua obra de realizao em trs sees: Seo de ensinamento, constituda por seus livros e pelo relatode suas vises;

    Seo religiosa, constituda pela aplicao ritualstica de seusensinamentos;

    Seo encarregada da tradio simblica e da prtica, constitudapelos graus iniciticos do Rito Swedenborgeano.

    Esta ltima seo nos interessa mais particularmente no momento.Ela foi dividida em trs sees secundrias: a primeira era elementar

    e manica; a segunda preparava o recipiendrio para o Iluminismo; aterceira era ativa.

    A primeira seo compreendia os graus de Aprendiz,Companheiro, Mestre e Mestre Eleito; na segunda tnhamos os grausde Aprendiz Cohen (ou Mestre Eleito Iluminado), CompanheiroCohen e Mestre Cohen; na terceira, os graus de Mestre Cohen(destinado realizao elementar, ou Aprendiz Rosa-Cruz), CavaleiroRosa-Cruz Comendador, Rosa-Cruz Iluminado ou Kadosh (MestreGrande Arquiteto).

    Observa-se que os escritores manicos, entre outros Ragon, notiveram sobre o Iluminismo seno informaes de segunda mo e nopuderam fornecer os dados que hoje apresentamos, nem ver a chaveda passagem de uma seo outra, pelo desdobramento do grausuperior de cada seo.

    Observa-se, alm disso, que o nico verdadeiro criador dos altosgraus foi Swedenborg, que esses graus ligam-se exclusivamente ao

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    Iluminismo e foram diretamente hierarquizados e constitudos porSeres Invisveis. Mais tarde, falsos maons procuraram apropriar-sedos graus do Iluminismo e no conseguiram seno expor suaignorncia.

    Com efeito, posse do grau de Irmo Iluminado da Rosa-Cruz no

    consiste na propriedade de um pergaminho ou de uma faixa sobre opeito; prova-se somente pela aquisio de poderes espirituais ativos,que o pergaminho e a faixa apenas podem indicar.

    Ora, entre os iniciados de Swedenborg, houve um a quem oInvisvel prestou assistncia particular e incessante, um homemdotado de grandes faculdades de realizao em todos os planos. Essehomem, Martinez de Pasqually, recebeu a iniciao do Mestre emLondres, sendo encarregado de difundi-la na Frana.

    2. OS ILUMINADOS2.1 O MARTINESISMO

    Foi graas s cartas de Martinez de Pasqually que pudemos fixar aortografia exata de seu nome, estropiado at ento pelos crticos (1);foi ainda graas aos arquivos que possumos e ao apoio constante doInvisvel, que logramos demonstrar que Martinez no teve jamais aidia de transportar a Maonaria aos princpios essenciais, que

    sempre desprezou, como bom Iluminado que foi. Martinez passoumetade de sua vida combatendo os nefastos efeitos da propagandasem f desses pedantes de lojas, desses pseudo-venerveis que,abandonando o caminho a eles fixado pelos Superiores Incgnitos,quiseram tornar-se plos no Universo e substituir a ao do Cristopelas suas e os conselhos do Invisvel pelos resultados dos escrutniosemanados da multido.

    Em que consistia o Martinesismo? Na aquisio pela purezacorporal, anmica e espiritual, dos poderes que permitem ao homementrar em relao com os Seres Invisveis, denominados anjos pelaIgreja, chegando no somente a sua reintegrao pessoal, mastambm reintegrao de todos os discpulos de vontade.

    Martinez fazia vir sala de reunies todos os que lhe pediam a luz.Traava os crculos ritualsticos, escrevia as palavras sagradas,recitava suas oraes com humildade e fervor, agindo sempre emnome do Cristo, como testemunharam todos aqueles que assistiram s

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    suas operaes, como testemunham ainda todos os seus escritos.Ento, os seres invisveis apareciam, resplandecentes de luz. Agiam efalavam, ministravam ensinamentos elevados e instigavam orao eao recolhimento; tudo isso ocorria sem mdiuns adormecidos, semxtase, sem alucinaes doentias.

    Quando a operao terminava, os Seres Invisveis tendo sidoembora, Martinez dava as seus discpulos os modo de chegarem porsi mesmos produo dos mesmos resultados. Somente quando osdiscpulos obtinham sozinhos a assistncia real do Invisvel queMartinez lhes outorgava o grau de Rosa-Cruz, como mostram suascartas, com evidncia.

    A iniciao de Willermoz, que durou mais de dez anos, a de LouisClaude de Saint-Martin e da de outros, mostram-nos que oMartinesismo foi consagrado a outros objetivos, alm da prtica da

    Maonaria Simblica. Basta no ser admitido no prtico de um centroreal de Iluminismo, para confundir os discursos dos venerveis comos trabalhos ativos dos Rosa-Cruzes Martinistas.

    Martinez quis inovar to pouco que conservou integralmente osnomes dados aos graus pelos Invisveis e transmitidos porSwedenborg. Seria justo, ento, utilizarmos a denominao deSwedenborgismo adaptado em vez do Martinesismo (2).

    Martinez considerava a Franco-Maonaria uma escola de instruoelementar e inferior, como prova se Mestre Cohen que diz: Fuirecebido Mestre Cohen, passando do tringulo aos crculos. Istoquer dizer, traduzindo os smbolos: Fui recebido Mestre Iluminado,passando da Franco-Maonaria prtica do Iluminismo. Pergunta-seigualmente ao Aprendiz Cohen: Quais so as diferentes palavras,sinais e toques convencionais dos Eleitos Maons Apcrifos? E eleresponde: Para o Aprendiz, Jakin, a palavra de passe Tubalcain;para o Companheiro, Booz, a palavra Schiboleth; para o Mestre,Macbenac, a palavra Giblin.

    Era necessrio possuir pelo menos sete dos graus da Maonariaordinria para tornar-se Cohen. A leitura mesmo superficial doscatecismos clara a esse respeito. Martinez procurava desenvolvercada um dos membros de sua ordem pelo trabalho pessoal, deixando-lhes toda a liberdade e toda a responsabilidade por seus atos. Eleselecionava com o maior cuidado seus iniciados, conferindo os graussomente a uma real aristocracia da inteligncia.

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    Os iniciados, uma vez recrutados, reuniam-se para trabalhar emconjunto; essas reunies eram feitas em pocas astrolgicasdeterminadas. Assim se constituiu uma cavalaria de Cristo, cavalarialaica, tolerante e que se afastava das prticas habituais dos diversoscleros.

    Procura individual da reintegrao pelo Cristo, trabalho em grupo,unio de esforos espirituais para ajudar os principiantes: tal foi, emresumo, o papel do Martinesismo. Essa Ordem recrutava seusdiscpulos diretamente junto aos profanos, como foi o caso de Saint-Martin, ou, mais habitualmente, entre os homens j titulares de altosgraus manicos.

    Em 1574, Martinez encontrava-se em presena:1 da Franco-Maonaria oriunda da Inglaterra, constituindo a

    Grande Loja Inglesa da Frana (aps 1743), que deveria, em breve,

    tornar-se a Grande Loja da Frana (1756), dando lugar s intrigas domestre de dana Lacorne. Essa maonaria era absolutamenteelementar e constituda apenas dos trs graus azuis (Aprendiz,Companheiro e Mestre); era sem pretenses e formava um excelentecentro de seleo.

    2 Paralelamente a essa Loja Inglesa, existia sob o nome deCaptulo de Clermontum grupo praticando o sistema templrio, queRamsay acrescentou em 1728 Maonaria, com os graus designadosEscocs, Novio, Cavaleiro do Templo, etc. Uma curta explicaoaqui necessria: um dos representantes mais ativos da iniciaotemplria foi Fenelon. Em seus estudos sobre Cabala, entrou emrelaes com vrios Cabalistas e Hermetistas. Aps sua luta comBosuet(3), Fenelon foi forado a fugir do mundo e a exilar-se quandopreparou, com o maior cuidado, um plano de ao que deveria maistarde proporcionar-lhe a revanche.

    O cavaleiro de Ramsay foi cuidadosamente iniciado por Fenelon eencarregado de executar esse plano com o apoio dos Templrios, que

    obteriam ao mesmo tempo sua vingana. O cavaleiro de Benevilleestabeleceu em 1754 o Captulo de Clermont, com seus graustemplrios. Ele perseguia um objetivo poltico e uma revoluosangrenta que Martinez no podia aprovar, como nenhum outrocavaleiro do Cristo aprovaria. Assim como Martinez, todos osdiscpulos de sua ordem entre os quais Saint-Martin e Willermoz,combateram energicamente esse rito templrio, que alcanou parte de

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    seus fins em 1789 e em 1793, quando mandou guilhotinar a maioriados chefes Martinistas. Mas no nos antecipemos.

    3 Alm dessas duas correntes, havia outros representantes doIluminismo na Frana. Citemos, em primeiro lugar, Dom Pernety,tradutor da obra O Cu e o Inferno de Swedenborg, fundador do

    sistema dos Iluminados de Avignon (1766) e importante personagemna constituio dos Filaletes (1773). necessrio ligar ao mesmocentro a obra de Benedict de Chastenier, que lanou em Londres em1767 as bases de seu rito Iluminados Tesofos, que brilhouparticularmente a partir de 1783.

    O Iluminismo criou vrios grupos interligados por objetivoscomuns e por Mestres Invisveis oriundos da mesma fonte, que sereuniram posteriormente no plano fsico. De Martinez de Pasquallyvem a obra mais fecunda nesse sentido, pois foi a ele que o cu deu

    poderes ativos, lembrados por seus discpulos com admirao erespeito.

    Do ponto de vista administrativo, o Martinesismo seguirexatamente os graus de Swedenborg, como podemos constatar pelasimples leitura da carta de Martinez de 16 de junho de 1760. Comefeito, o grau de Mestre Grande Arquiteto resume os trs graus daterceira seo.

    Sob a autoridade de um Tribunal Soberano constituram-se Lojas eGrupos no interior da Frana, cujo nascimento e evoluo poderemosconstatar pela leitura das cartas de Martinez, por ns publicadas.

    2.2 O WILLERMOSISMO

    Dos discpulos de Pasqually, dois merecem particularmente nossaateno pelas obras que realizaram: Jean Baptiste Willermoz, deLyon, e Louis Claude de Saint-Martin. Inicialmente iremos nosocupar do primeiro. Willermoz, negociante Lions, era maomquando comeou sua correspondncia inicitica com Martinez dePasqually. Habituado hierarquia manica, aos grupos e s Lojas,concentrou sua obra de realizao no sentido do trabalho em grupo.Tendeu, pois, a constituir Lojas de Iluminados; enquanto Saint-Martin dirigiu seus esforos para o trabalho individual.

    A obra capital de Willermoz foi a organizao de congressosmanicos, os Conventos, permitindo aos Martinistas desmascararpreviamente a obra fatal dos Templrios e apresentar o Martinismo

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    sob seu real aspecto de universalismo integral e imparcial da CinciaHermtica.

    Quando foi iniciado por Martinez, Willermoz era venervel da loja A Perfeita Amizade de Lyon, cargo que ocupou entre 1752 e 1763.Essa loja filiava-se Grande Loja da Frana. Em 1760, uma primeira

    seleo foi realizada e todos os membros portadores do grau deMestre constituram uma grande Loja de Mestres de Lyon tendoWillermoz como Gro-Mestre. Em 1765, nova seleo foi realizadaatravs da criao do Captulo de Cavaleiros da guia Negra,colocados sob a direo do Dr. Jacques Willermoz, irmo mais moode Jean-Baptiste. Ao mesmo tempo, este abandonou a presidncia da

    Loja ordinria e da loja de Mestres, em favor do Ir... Sellonf, paracolocar-se na chefia da Loja dos Elus Cohens, formada com os

    melhores elementos do Captulo. Sellonf, Jacques Willermoz e JeanBaptiste formaram um Conselho Secreto, tendo os irmos de Lyonsob tutela.

    Abordemos agora a natureza dos trabalhos realizados na Loja dosCohens, falando mais tarde dos conventos realizados.

    Constata-se nos documentos depositados no Supremo Conselho daOrdem Martinista, vindos diretamente de Willermoz, que as reunies,reservadas aos membros portadores do ttulo de Iluminado, eramconsagradas orao coletiva e s operaes, permitindo a

    comunicao direta com o Invisvel. Possumos todos os detalhesrelativos maneira de fazer essa comunicao; mas esses rituaisdevem ficar reservados exclusivamente ao Comit Diretor doSupremo Conselho. Podemos revelar, contudo, lanando grandesluzes sobre muitos pontos, que os iniciados davam o nome deFilsofo Desconhecido ao ser invisvel com o qual se comunicavam.Foi ele quem ditou, em parte, o livro Dos Erros e da Verdade deSaint-Martin, que somente adotou esse pseudnimo mais tarde, porordem superior. Provamos essa afirmao em nosso volume

    consagrado a Saint-Martin.A mais alta espiritualidade, a mais intensa submisso s vontades

    do Cu, as mais ardentes oraes a Nosso Senhor Jesus Cristo jamaisdeixaram de preceder, de acompanhar e de encerrar as reuniespresididas por Willermoz (4). Apesar disso, se os clrigos aindadesejam ver um diabo peludo e cornudo em toda influncia invisvele se esto dispostos a confundir tudo o que for supra-terrestre com

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    influncias inferiores, s poderemos lamentar uma posio desse tipo,que possibilita toda espcie de mistificao e de zombaria. OWillermosismo, assim como o Martinesismo e o Martinismo, semprefoi cristo e jamais clerical. Ele d a Csar o que de Csar e aoCristo o que de Cristo; jamais vende o Cristo a Csar.

    O Agente ou Filsofo Desconhecido ditou 166 cadernos deinstruo, possibilitando a Saint-Martin copiar os principais. Dentreesses manuscritos, cerca de 80 foram destrudos nos primeiros mesesde 1790 pelo prprio Agente, para evitar que cassem em mos deenviados de Robespierre, que se esforou para obt-los.

    2.3 OS CONVENTOS

    Em 12 de agosto de 1778, Willermoz anunciou o Convento de

    Gaules, realizado em Lyon entre 25 e 27 de dezembro do mesmo ano.Esse convento tinha como objetivo apurar o sistema escocs edestruir todos os maus germens introduzidos no sistema pelosTemplrios. Sob a influncia dos Iluminados de todo o Pas, saiudessa reunio a primeira condenao do plano de vingana sangrenta,preparado em silncio dentro de certas lojas. O resultado dostrabalhos desse convento est contido no Novo Cdigo das LojasRetificadas da Frana, mantido em nossos arquivos e publicado em1779.

    Para se compreender o grande esforo realizado no sentido daunio dos maons, necessrio lembrar que o mundo manicoestava em plena anarquia.

    O Grande Oriente da Frana fora fundado em 1772 graas usurpao da Grande Loja por Lacorne e seus seguidores, dirigidosocultamente pelos Templrios. Estes, aps terem estabelecido oCaptulo de Clermont, foram transformados em 1760 em Conselhodos Imperadores do Oriente e do Ocidente; em 1762, em Cavaleirosdo Oriente, entrando, finalmente, no Grande Oriente atravs deLacorne.

    Graas sua influncia, o sistema de lojas foi profundamentemodificado; em todos os lugares o regime parlamentar, realizandoeleies de seus oficiais, substituiu a antiga unidade e autoridadehierrquica. Com a desordem causada em todas as partes por essarevoluo, os Martinistas intervieram para trazer a todos areconciliao. Eis a razo desse primeiro convento de 1778 e de seus

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    esforos para impedir as dilapidaes financeiras que se faziam emtoda a parte.

    Encorajado por esse primeiro sucesso, Willermoz convocou, apartir do dia 9 de setembro de 1780, todas as grandes lojas escocesasda Europa ao Convento de Wilhemsbad, perto de Hanau (5). O

    Convento de Wilhemsbad foi aberto em uma tera-feira, no dia 16 dejulho de 1782, sob a presidncia de Ferdinand de Brunswick, um doschefes do Iluminismo Internacional. Desse convento saiu a Ordemdos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa de Jerusalm e umanova condenao do sistema Templrio.

    Como se observa, o Willermosismo tendeu sempre aoagrupamento de fraternidades iniciticas, constituio decoletividades de iniciados dirigidas por centros ativos religados aoIluminismo. No tem razo quem pensa que Willermoz tenha

    abandonado as idias de seus mestres; pensar isso conhecer mal seucarter elevado. Sempre at a morte, quis estabelecer a Maonariasobre bases slidas, dando como objetivo a seus membros a prtica davirtude e da caridade; mas sempre procurou fazer das lojas e doscaptulos centros de seleo para os grupos de Iluminados. A primeiraparte de sua obra era clara, a segunda oculta; por isso que as pessoasmal informadas podem no ver Willermoz sob sua verdadeirapersonalidade.

    Aps a tormenta revolucionria, tendo seu irmo JacquesWillermoz sido guilhotinado, com todos os seus iniciados, havendoele prprio escapado por milagre da mesma sorte, foi ainda ele quemreconstituiu na Frana a Franco-Maonaria espiritualista, graas aosrituais que pde salvar do desastre. Tal foi a obra deste Martinista, aquem consagraremos um volume, to logo quanto possvel, se Deus opermitir.

    CAPTULO IISAINT-MARTIN,

    MARTINISMO E FRANCO-MA ONARIA

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    1. LOUIS CLAUDE DE SAINT-MARTIN E OMARTINISMO

    Embora no se conhecesse a ortografia correta do nome deMartinez de Pasqually e a profundidade da obra real de Willermoz,antes da publicao das cartas de Pasqually, muito se escreveu sobreSaint-Martin; muitas inexatides foram publicadas em relao suaobra.

    As crticas, as anlises, as suposies e tambm as calnias feitas sua obra baseiam-se to somente nos livros e nas cartas esotricas doFilsofo Desconhecido. Sua correspondncia de Iniciado, endereadaa seu colega Willermoz, mostra os inmeros erros cometidos pelos

    crticos e, em particular, por Matter. verdade que no se pode obtermuita informao com base nos documentos atualmente conhecidos,sobretudo quando no se tem nenhuma luz sobre as chaves que d oIluminismo a esse respeito. Antes de publicar essas cartas,esperaremos que novas imprecises sejam produzidas em relao aogrande realizador Martinista, para destruir de uma s vez todas asingenuidades e todas as lendas.

    Willermoz foi encarregado do agrupamento de elementosMartinistas e de ao na Frana; Saint-Martin recebeu a misso decriar a iniciao individual e de exercer sua ao to longe quantopossvel. A esse respeito, permitiram-lhe estudar integralmente osensinamentos do Agente Desconhecido. Possumos nos arquivos daOrdem muitos cadernos copiados e anotados pelo punho de Saint-Martin.

    Como dissemos h pouco, o livro Dos Erros e da Verdadeoriginou-se, em grande parte, do Invisvel. Por esse motivo, provocougrande emoo no centros iniciticos desde seu aparecimento, fato

    que os crticos procuram com muita dificuldade explicar. Esseaspecto, assim como outros, sero esclarecidos quando necessrio.Alm dos estudos ligados ao Iluminismo, comeados junto a

    Martinez e desenvolvidos com Willermoz, Louis Claude de Saint-Martin ocupou-se ativamente da Alquimia. Ele possua em Lyon umlaboratrio organizado para esse fim. Mas deixemos esses detalhesque pretendemos aprofundar mais tarde; ocupemo-nos to somente doaspecto de sua obra que nos interessa aqui. Tendo estendido seu raio

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    de ao, Saint-Martin foi obrigado a fazer certas reformas dentro doMartinesismo. Os autores clssicos de Maonaria deram o nome dogrande realizador sua adaptao e designaram sob o nome deMartinismo o movimento proveniente de Louis Claude de Saint-Martin. muito divertido ver certos crticos, que nos abstemos de

    qualificar, esforarem-se em fazer acreditar que Saint-Martin jamaisfundou qualquer ordem. necessrio realmente considerar os leitoresbastante mal informados para ousar sustentar ingenuamente talabsurdo.

    A Ordem de Saint-Martin foi introduzida na Rssia sob o reino daGrande Catarina, sendo to difundida ao ponto de ser mencionada emuma pea de teatro encenada na corte. Ordem de Saint-Martin quese ligam as iniciaes individuais, referidas nas memrias dabaronesa de Oberkierch. O autor clssico da Franco-Maonaria, o

    positivista Ragon, que no simpatizava com os ritos dos Iluminados,descreve nas pginas 167 e 168 de sua Ortodoxia Manica asmudanas operadas por Saint-Martin para constituir o Martinismo(6).

    Sabemos que esses crticos no merecem ser levados a srio,principalmente por Saint-Martin ter desprezado a Franco-Maonariapositivista, fato que nunca perdoaram. O mesmo fez Martinez, querelegou a Maonaria a seu verdadeiro papel de escola elementar e decentro de instruo simblica inferior. Em suma, quando desejamnegar fatos histricos, ridicularizam.

    Aquele que os crticos universitrios denominavam Tesofo deAmboise foi um realizador bastante prtico, sob uma aparnciamstica. Empregou assim como Weishaupt (7), a iniciao individual.Foi graas a esse procedimento que a Ordem obteve facilidade deadaptao e de extenso, que muitos ritos manicos invejam. Saint-Martin foi to dedicado difuso da Cavalaria Crist de Martinez queviolentos ataques foram endereados contra sua obra, sua

    personalidade e sua vida. Seria necessrio um volume inteiro pararebater essas crticas; limitar-nos-emos dentro deste curto estudo aindicar a verdadeira essncia do Martinismo da poca de Saint-Martin, servindo-nos documentos j impressos (8).

    1.1 LIGAO DE SAINT-MARTIN COM OSENSINAMENTOS DE MARTINES DE PASQUALLY

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    Meu primeiro mestre, a quem eu fazia perguntas semelhantes emminha juventude, respondia-me que se aos sessenta anos eu tivesseatingido o termo, no deveria lamentar. Ora, tenho apenas cinqentaanos! Procurai ver que as melhores coisas aprendem-se e no seensinam, e sabereis mais que os doutores.

    Nossa primeira escola tem coisas preciosas. Eu mesmo fuilevado a acreditar que Pasqually, de quem me falais (o qual, necessrio vos dizer, era nosso mestre) tinha a chave ativa de tudoaquilo que nosso caro B...(9) expe em suas teorias, mas no nosconsiderava aptos para receber verdades to elevadas. Ele possua,tambm os pontos que nosso amigo B... no conheceu ou no quismostrar, tais como a resipiscncia do ser perverso, para a qual oprimeiro homem teria sido encarregado de trabalhar; idia que me parece ainda ser digna do plano universal, mas sobre o qual,

    entretanto, ainda no tenho nenhuma demonstrao positiva, excetopela inteligncia. Quanto Sofia e ao Rei do mundo , ele nada nosrevelou; deixou-nos nas noes elementares do mundo e do demnio.Mas no afirmarei que ele no tenha tido conhecimento de tudo isso;estou persuadido que acabaramos por chegar a esse conhecimento,se o tivssemos conservado por mais tempo.

    Resulta de tudo isso que h um excelente casamento a se fazerentre a doutrina de nossa primeira escola e a de nosso amigo B... sobre isso que trabalho; confesso-vos francamente que considero osdois esposos to bem feitos um para o outro que no encontro nadade mais completo: assim, aprendamos deles tudo o que pudermos, euvos ajudarei da melhor maneira possvel.

    1.2 A INICIAO MARTINISTA, SEU CARTER

    A nica iniciao que prego e que procuro com todo o ardor deminha alma aquela que nos permite entrar no corao de Deus efazer entrar o corao de Deus em ns, para a fazer um casamentoindissolvel, transformando-nos no amigo, irmo e esposa do Divino Reparador. No existe outro mistrio para chegar-se a essa santainiciao a no ser este: penetrar cada vez mais nas profundezas denosso ser at aflorar a viva e vivificante raiz; porque, ento, todos osfrutos que deveremos portar, segundo nossa espcie, iro se produzirnaturalmente em ns e fora de ns, como aqueles que vemos nascerem nossas rvores terrestres, porque so aderentes sua raiz

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    particular e porque no cessam de sugar seu sumo.

    A FOGO, SOFRIMENTO

    Quando sofremos por nossas prprias obras, falsas e infectas, o

    fogo corrosivo e queima; e, entretanto ele deve ser menos do queaquele que serve de fonte a essas obras falsas. Tambm tenho dito,mais por sentimento do que por luz (no livro O homem de Desejo),que a penitncia mais doce do que o pecado. Quando sofremospelos outros homens, o fogo ainda mais vizinho do leo e da luz;mesmo que ele nos rasgue a alma e nos inunde de lgrimas, nopassaremos por essas provas em delas retirar deliciosas consolaese as mais nutritivas substncias".

    B CARTER ESSENCIALMENTE CRISTO DOMARTINISMO

    Os clrigos sempre se esforaram em conservar s para si apossibilidade de comunicao com o plano Divino. A partir dessapretenso, todo contato que no vem por seu intermdio atribui-se aSat ou a outros demnios. Caluniaram ao ponto de pretender que osMartinistas no eram cristos, no servindo ao Cristo, mas a umdemnio qualquer, disfarado sob esse nome. Eis a resposta de Saint-

    Martin a essas acusaes:Acrescento que os elementos mistos foram o meio de que se

    serviu o Cristo para vir at ns; enquanto devemos quebrar eatravessar esses elementos para chegar at ele; assim, enquantorepousarmos sobre esses elementos, estaremos atrasados.

    Entretanto, como acredito falar a um homem sensato, calmo ediscreto, no esconderei que na escola onde passei h mais de vinte ecinco anos as comunicaes de todo o tipo eram numerosas e freqentes; e eu tive a minha parte como muitos outros. Nessestrabalhos, todos os sinais indicativos do Reparador estavamcompreendidos. Ora, no ignorais que o Reparador e a Causa Ativaso a mesma coisa.

    Acredito que a palavra comunicou-se sempre, diretamente e sem

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    intermedirio, desde o comeo das coisas. Ela falou diretamente a Ado, a seus filhos e sucessores, a No, a Abrao, a Moiss, aosProfetas, etc., at o tempo de Jesus Cristo. Ela falou pelo grandenome e queria tanto transmiti-lo, diretamente, que segundo a leilevita o grande sacerdote encerrava-se sozinho no Santo dos Santos

    para pronunci-lo; e, segundo algumas tradies, ele possuacampainhas na barra de seu balandrau para ocultar sua voz aos quepermaneciam nos recintos vizinhos.

    Quando o Cristo veio, tornou a pronncia dessa palavra aindamais central ou mais interior, uma vez que o grande nome que essasquatro letras exprimem a exploso quaternria ou o sinal crucial

    de toda vida. Jesus Cristo, transportando do alto o dos hebreus, oua letra S, juntou o santo ternrio ao grande nome quaternrio deveencontrar em ns sua prpria fonte nas ordenaes antigas, commais forte razo o nome do Cristo deve tambm esperar dele,exclusivamente, toda eficcia e toda luz. Tambm, ele nos disse paranos encerrarmos em nosso quarto quando desejssemos orar; aopasso que, na antiga lei, era absolutamente necessrio ir ao Templode Jerusalm para adorar; e aqui, vos envio os pequenos tratados devosso amigo sobre a penitncia, a santa orao, o verdadeiro

    abandono, intitulados: Der Weg zu Christ (O caminho de Cristo)(10);ai vereis, passo a passo, que se todos os costumes humanos nodesaparecerem, e se possvel que qualquer coisa nos sejatransmitida, verdadeiramente, se o esprito no se criar em ns,como criasse eternamente no princpio da natureza universal, ondese encontra permanentemente a imagem de onde adquirimos nossaorigem e que serviu de exemplo a Mensebwerdung. Sem dvida, huma grande virtude ligada a essa verdadeira pronncia, to centralquanto oral, deste grande nome e daquele de Jesus Cristo que comoa flor. A vibrao de nosso ar elementar uma coisa bem secundriana operao pela qual esses nomes tornam sensveis aquilo que noo foi. A virtude deles de fazer hoje e a todo momento o que fizeramno comeo de todas as coisas para lhes dar a origem; e comoproduziram toda coisa antes que o ar existisse, sem dvida que aindaesto abaixo do ar, quando desempenham as mesmas funes; no impossvel a esta Divina palavra se fazer escutar mesmo por um

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    surdo e em lugar privado de ar, pois no ser difcil luz espiritualtornar-se sensvel a nossos olhos mesmo fsicos, pelo menos noficaramos cegos e ofuscados no mais tenebroso calabouo. Quandoos homens fazem sair as palavras fora de seu verdadeiro lugar,livrando-as por ignorncia, imprudncia ou impiedade, s regies

    exteriores ou disposio dos homens de torrente, elas conservamsempre, sem dvida, sua virtude, mas da retiram muito de si prprias, porque no se acomodam por combinaes humanas;tambm, esses tesouros to respeitveis no fizeram outra coisaseno provar a escria, passando pela mo dos homens; sem contarque no cessaram de serem substitudos pelos ingredientes nulos ouperigosos, que, produzindo enormes efeitos, acabaram por encher omundo inteiro de dolos, porque ele o templo do Deus verdadeiro,que o centro da palavra.

    Ao terminar estas citaes, salientemos que a Ordem recebeu deSaint-Martin o pantculo e o nome mstico do Cristo, ,que ornamenta todos os documentos oficiais do Martinismo.

    necessrio a m f de um clrigo para pretender que esse nomesagrado relaciona-se com outro diferente de Jesus Cristo, o DivinoVerbo Criador. Antonini em seu livroDoutrina do mal afirma que oSchim hebraico sataniza todas as palavras onde entra; isso demonstrao seu conhecimento insuficiente de Simbolismo.

    C O MARTINISMO CRISTO, MAS SEUESPRITO ANTICLERICAL

    Esto a ignorncia e a hipocrisia dos padres entre as causasprincipais dos males que afligiram a Europa h sculos.

    "No falo da pretendida transmisso da Igreja de Roma, que emminha opinio nada transmite como Igreja, embora alguns de seusmembros possam transmitir algo algumas vezes, seja por virtude

    pessoal, pela f de seu rebanho ou por vontade particular do bem .D A PRTICA, OS SERES ASTRAIS

    Como todo Iluminado, Saint-Martin soube insistir sobre o perigodas comunicaes com os seres astrais, como prova acorrespondncia entre os dois amigos:

    No poderamos denominar os trs reinos que vossa escola

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    designava natural, espiritual e Divino, natural, astral e Divino?Todas essas manifestaes que vm aps a iniciao, no seriam

    do reino astral? Uma vez tendo colocado os ps nesse domnio, nose entraria em sociedade com os seres que a habitam, cuja maiorparte, se me for permitido, em assunto dessa natureza, servir-me de

    uma expresso trivial, m companhia? No se entra em contatocom seres que podem atormentar, at ao excesso, o operador quevive nessa multido, ao ponto de suscitar-lhe o desespero e deinspirar-lhe o suicdio, como testemunharam Schoroper e o Conde deCagliostro! Sem dvida que tero os iniciados os meios mais oumenos eficazes para se protegerem das vises; mas, em geral, parece-me que essa situao, que est fora da ordem estabelecidapela Providncia, pode ter antes conseqncias mais funestas do quefavorveis ao nosso progresso espiritual.

    1.3 SAINT-MARTIN E CAGLIOSTRO

    A citao acima demonstra a desconfiana que o Iluminismofrancs tinha em relao ao enviado dos irmos Templrios daAlemanha. Ningum melhor do que Saint-Martin para julgar arealidade de certos fatos produzidos por Cagliostro, alguns deinfluncia positiva, outros, que se manifestavam juntos comdetestveis entidades, que no deixavam de apossar-se do esprito e

    das almas dos assistentes.

    A CAGLIOSTRO

    Apesar da objeo de seu estado moral, descobri que seu mestreoperava pela palavra e que tinha transmitido a seus discpulos oconhecimento para operar da mesma maneira durante suaausncia.

    Um exemplo marcante desse tipo, que fiquei sabendo h alguns

    anos, foi o da consagrao da loja manica egpcia de Lyon em 26de julho de 1756, segundo seu clculo que me parece errado. Ostrabalhos duraram trs dias, as oraes cinqenta e quatro horas;havia 27 membros reunidos. Enquanto os membros oravam para oEterno manifestar sua aprovao atravs de um sinal visvel, estandoo mestre no meio de suas cerimnias, o Reparador apareceu,abenoando os membros da assemblia. Ele desceu diante de uma

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    tempo por canais diferentes; dessa maneira, esto quase semprecertos de vencer. Eis como freqentada da Alemanha, e para ondeenviamos nossos jovens para estudar.

    Intrigam tambm para colocar seus protegidos nos gabinetes dosministros da corte alem; tm tambm seus apadrinhados dentro dos

    conselhos dos prncipes e em outros lugares.Um segundo mtodo que empregam aquele de Basilio... acalnia. Esse mtodo torna-se para eles cada vez mais fcil, namedida em que a maior parte dos eclesisticos protestantes so,infelizmente, os seus agentes mais zelosos; como essa classe tem milmaneiras de penetrao em todos os lugares, podem espalhar osrumores que causam efeito, antes que se tenha tido conhecimento dacoisa e tempo de se defender.

    Essa coalizo monstruosa custou trinta e cinco anos de trabalho

    a seu chefe, que um velho homem de letras de Berlim, e, ao mesmotempo, um dos livreiros mais clebres da Alemanha. Ele redige desde1765 o primeiro jornal desse pas; chama-se Frederic Nicolai. EssaBiblioteca Germnica foi tambm amparada por seus agentes peloesprito da Gazeta Literria de Viena, que muito bem feito e quecircula em todos os pases onde a lngua alem falada. Nicolaiinfluencia ainda o jornal de Berlim e o Museu Alemo, dois veculosmuito acreditados. A organizao poltica e as sociedades afiliadas foram estabelecidas quando os jornais inocularam suficientementeseu veneno. Eles marcharam lentamente, mas com passo seguro. Atualmente seu progresso to assustador e sua influncia togrande, que no existe mais nenhum esforo que possa resistir-lhes;somente a Providncia tem o poder de nos libertar dessa peste.

    No incio, a marcha dos Nicolaistas foi muito silenciosa;associavam as melhores cabeas da Alemanha sua BibliotecaUniversal; os artigos cientficos eram admirveis; os temas de obrasteolgicas ocupavam sempre uma parte considervel de cada

    volume. Esses temas eram compostos com tanta sabedoria, quenossos professores da Sua os recomendavam em seus discursos pblicos a nossos jovens eclesisticos. Mas, pouco a pouco, elesexpeliam seu veneno, embora com bastante cautela. Esse veneno foireforado com endereo certo. Mas, por fim, tiraram a mscara e,em dois de seus jornais afiliados, esses celerados ousaram compararnosso Divino Mestre ao clebre impostor trtaro Dalai Lama (Veja o

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    artigo da Dalai Lama em Moreri). Esses horrores circularam emnossa terra, sem que ningum em toda Sua desse o menor sinal dedescontentamento. Ento, em 1790, escrevi em uma gazeta poltica, qual estava anexa uma folha onde se escrevia tudo; despertei aindignao pblica contra esses iluminadores, Aufklarer, ou

    esclarecedores, como se denominavam. Enfatizei sobre a atrocidadee a profunda asneira dessa blasfmia.Neste momento, essa gente faz ainda menos mal por seus escritos

    do que por suas afiliaes, por suas intrigas e por suas infiltraesnos postos; de sorte que a maior parte de nosso clero, na Sua, corrompida moralmente at o miolo dos ossos. Fao, por minha parte, tudo o que posso pelo menos para retardar a marcha dessagente. Algumas vezes obtive sucesso, em outros casos os meusesforos foram impotentes, porque so muito adestrados e porque seu

    nmero chama-se legio.

    3. SAINT-MARTIN E A FRANCO-MAONARIA

    O Willermosismo apoiava-se na Maonaria, para o recrutamentode seus quadros inferiores; este no foi o critrio do movimentoindividual de Saint-Martin, que s procurava a qualidade, sem jamaisse preocupar com o nmero; ele sempre teve um desprezo misturadocom piedade pelas pequenas intrigas, compls e pelas mesquinharias

    das lojas manicas.Certos maons, para os quais uma pequena faixa representa

    erudio, acreditavam que Saint-Martin professava por seu mestre esua obra o mesmo desprendimento que pelas lojas inferiores. Isto um erro derivado da confuso existente entre o Iluminismo e aMaonaria. Para demonstrar a que ingnuos erros podem chegartodos aqueles que portam julgamentos sem documentao sria,iremos transcrever abaixo um pequeno extrato da correspondncia deSaint-Martin, relativa a esta questo:

    Eu rogo (a nosso Ir..

    .) de apresentar e de admitir a demisso demeu cargo na ordem interior, de fazer-me o favor de riscar meunome de todos os registros e listas manicas onde eu possa ter sidoinscrito aps 1785; minhas ocupaes no me permitem seguirdoravante essa carreira; no me fatigarei em dar maiores detalhesdas razes que me determinam. Ele bem sabe que tirando meu nome

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    de todos os registros nada far de errado, pois no lhe sirvo paranada; ele sabe, alm disso, que meu esprito jamais a esteve inscrito;ora, na verdade no estamos ligados a no ser formalmente.Ficaremos ligados para sempre, eu o espero, como Cohens epermaneceremos da mesma forma pela Iniciao (12) ....

    Esta citao instrutiva de diversas maneiras. Inicialmente,mostramos que Saint-Martin s foi inscrito em um registro manicoem 1785 e que somente em 1790 separou-se desse meio.

    Assim como todos os iluminados franceses, recusou-se participarda reunio organizada pelos Filaletes em 15 de fevereiro de 1785.

    No somente os iluminados franceses, mas tambm Mesmes,delegado de um centro de Iluminismo alemo, e todos os membros doRito Escocs Filosfico, recusaram participar dessa reunio, ondeCagliostro foi obrigado a provar suas afirmaes.

    Saint-Martin colocou a Franco-Maonaria no seu devido lugar ejamais deixou de fazer inmeras iniciaes individuais. Um de seusdiscpulos, Gilbert, foi mais tarde discpulo de Fabre dOlivet. Outrode seus discpulos diretos, Chaptal, foi av de Delaage, de modo quepodemos seguir historicamente, na Frana, os traos da OrdemMartinista sem nenhuma interrupo. Uma das obras do CavaleiroArson mostra-nos uma organizao de sbios Martinistas em plenofuncionamento em janeiro de 1818, isto , aps a morte de Saint-Martin.(13)

    4. OPINIES SOBRE O MARTINISMO

    O nmero de Franco-Maons Martinistas que se opuseram aoprogresso da anarquia excede bastante o nmero daqueles que afavoreceram. Em 1789, o venervel de uma Loja Martinista deDauphine, sabendo que salteadores uniram-se a cultivadoresenganados por falsas ordens do rei, para pilhar e incendiar as casas denobres na campanha, enviou, por intermdio do poder civil de queestava investido, todos os reforos possveis para dar fim a essesestragos. Tentou comunicar aos demais seu zelo pela manuteno dodireito de propriedade. No se limitou em contribuir com as ordensseveras que foram dadas contra os incendirios e os ladres; conduziupessoalmente a fora armada, combateu com ela, mostrando a bravurade suas aes e a pureza de seus princpios (14).

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    4.1 OPINIO DE JOSEPH DE MAISTRE

    Durante quarenta anos, pelo menos, Joseph de Maistre esteve entreos Martinistas e outros msticos; penetrou seu esprito, suas teorias eseus projetos. Seu julgamento , pois, de grande peso. Sem dvida,

    ele os censura por odiarem a autoridade, por filiarem-se s opiniesorigenistas (15); mas teria protestado se esses msticos cristos queconhecia a fundo, tivessem sido algumas vezes satanistas ouluciferianos. muito deplorvel que na Frana tenham existido laicose mesmo padres to ignorantes do carter do Martinismo paraconfundir-lhe com a monstruosidade absurda das seitas modernas(16).

    No se deve confundir os iluminados alemes, discpulos deWeishaupt, niveladores encarniados, com o discpulo virtuoso de

    Saint-Martin, que no professa somente o cristianismo, mas que strabalha para elevar-se s mais sublimes alturas desta leiDivina (17).

    Esses homens de desejo pretendem poder elevar-se de grau emgrau at aos conhecimentos sublimes dos primeiros cristos.

    4.2 BALZAC E OS MARTINISTAS

    A curiosa citao a seguir mostra que Balzac teria certamente

    recebido, em reunio de iniciao, a filiao real da OrdemMartinista.

    A teologia mstica abrangia o conjunto das revelaes Divinas ea explicao dos mistrios. Esse ramo da antiga teologia permaneceusecreto entre ns. Jacob Boheme, Swedenborg, Martinez dePasqually, Saint-Martin, Molinos, Senhoras de Guyon, Bourignou eKrudener, a grande seita dos Extticos, dos Iluminados, em diversaspocas conservaram dignamente as doutrinas desta cincia, cujoobjetivo tem qualquer coisa de assustador e de gigantesco (18).

    5. UNIO DOS MARTINISTAS E DOS ROSA-CRUZES

    A tendncia desses ltimos Rosa-Cruzes de fundir a teoriacabalstica da emanao com as doutrinas do cristianismo, tendnciaque prepara o caminho unio dos Rosa-Cruzes com os Martinistas e

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    os Iluminados (19).

    CAPTULO IIIO MARTINISMO

    CONTEMPORNEO

    A Frana no Invisvel a filha mais velha da Europa, devendo, porconseguinte, manter em seu seio o centro da iniciao. Mas, a maioriadas lojas manicas francesas afastaram-se da iniciao, atendo-seaos compromissos malficos da poltica, descendo de grau em grauat tornarem-se centros ativos de atesmo e de materialismo.

    Tendo abandonado o estudo dos smbolos, que estavamencarregados de transmitir s geraes futuras, e tendo feito, sobprotesto de anticlericalismo, uma guerra incessante a toda crena e atodo ideal, os Franco-Maons franceses tornaram-se logo indignos deserem contados entre os membros da grande famlia manicauniversal.

    Foi ento que os mestres do Invisvel dirigiram a grande reaoidealista e forneceram ao Martinismo os meios para adquirirconsidervel expanso. Assim como Martinez havia adaptado oSwedenborgismo ao meio no qual deveria agir, assim como Saint-Martin e Willermoz tinham tambm feito as alteraesindispensveis, igualmente o Martinismo contemporneo adaptou-sea seu meio e sua poca, conservando Ordem seu cartertradicional e seu esprito primitivo.

    Essa adaptao consistiu sobretudo na unio ntima dos sistemas

    de Saint-Martin e de Willermoz. Os iniciadores livres, criandodiscretamente outros Iniciadores e desenvolvendo a Ordem pela aoindividual, caracterizavam o sistema de Saint-Martin. Os grupos deIniciados e Iniciadores, regidos por um centro nico e constitudoshierarquicamente, caracterizavam o Willermosismo. Eis porque oMartinismo contemporneo constituiu seu Supremo Conselho,mantendo Iniciadores Livres, assessorando-se de Delegados Gerais,

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    Delegados Especiais, administrando lojas e grupos espalhadosatualmente em toda a Europa e Amrica.

    No solicitando a seus membros nenhuma cotizao, nem direitosde entrada, no exigindo nenhum tributo regular de suas lojas aoSupremo Conselho, o Martinismo ficou fiel a seu esprito e s suas

    origens, fazendo da pobreza material sua primeira regra. Desse modo,pde evitar as irritantes questes de dinheiro, causa dos desastres decertos ritos manicos contemporneos; assim, tambm, pde exigirde seus membros um trabalho intelectual elevado, criando escolas,distribuindo seus graus exclusivamente atravs de exame, abrindosuas portas a todos os que justificarem uma riqueza intelectual oumoral, afastando os ociosos e pedantes que pensam ser algum apenastendo dinheiro. O Martinismo ignora a excluso de membros pelo nopagamento de cotizao, desconhece o tronco de solidariedade.

    Apenas seus chefes so chamados a justificar seu ttulo, participando,segundo seus graus, do desenvolvimento geral da Ordem.

    1. FILIAO MARTINISTA: SAINT-MARTIN,CHAPTAL E DELAAGE (20)

    A organizao Martinista em grupos proporcionou-lhe grandedinamismo; ela foi efetuada por um modesto ocultista, fiel conservao da tradio inicitica do Espiritualismo, caracterizadapela Trindade, e defesa do Cristo fora de qualquer seita. So essasas caractersticas do Incgnito a quem foi confiado o depsitosagrado: Henri Delaage, que preferiu ficar fiel sua iniciao do quefundar uma nova seita no tradicional como fez Rivail (AllanKardec).

    Delaage manteve o respeito ao segredo, nada revelando, a pontode no falar da origem de sua iniciao em seus livros. Somente aosntimos falava de corao aberto do Martinismo, cuja tradio lhe foi

    transmitida atravs de seu av, o Senhor de Chaptal, iniciado peloprprio Louis Claude de Saint-Martin.A carta que transcrevemos a seguir justificar esse ponto.

    2. SOCIEDADE ASTRONMICA DA FRANA

    Paris, 19 de janeiro de 1899

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    Ao Sr. Dr. ENCAUSSE

    Meu querido Doutor,

    No vejo nenhum inconveniente em vos repetir por escrito o quej vos disse de viva voz, a respeito de Henri Delaage. Encontrei-mefreqentemente com ele, entre 1860 e 1870. Lembro que falavaseguido de seu av (o ministro Chaptal) e de Saint-Martin (o FilsofoDesconhecido), que Chaptal conhecia particularmente. Delaageocupou-se, juntamente com o Sr. Matter, da doutrina na LivrariaAcadmica Didier, onde o encontrei algumas vezes.

    Queria receber, meu caro Doutor, a expresso de meus melhoressentimentos.

    FLAMARION

    Transcrevemos, agora, duas citaes bem caractersticas de Delaage,em relao origem de sua iniciao pessoal.

    Somos homem de tradio e unimo-nos calorosamente ssublimes instituies do Cristianismo (21).A tradio, ou o conhecimento profundo de Deus, do Homem e

    da Natureza, sumamente necessrio a todos os povos. O Homem,que a recebeu pela Iniciao e que procura manter-lhe o vu, paratorn-la visvel a todos os olhos, palpvel a todas as mos, deve preocupar-se em escolher smbolos, alegorias e mitos que serelacionem com os bons costumes, a natureza e os conhecimentos dopovo a quem aspira dotar com os benefcios preciosos da Verdade.

    Sem isso, a revelao nada transmitiria inteligncia e ao corao.Eis que o que capaz de por algum na parvoce e faz-lo umperfeito cretino, so os smbolos colocados sua disposio, quandono lhes compreende o sentido; pois, quando se ordena intelignciade conservar na memria coisas incompreensveis, impem-se,inevitavelmente, ao esprito a ordem de suicidar-se (22).

    Afirmamos que no comeo do mundo o pecado tinha animalizado

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    Tudo isso foi obtido sem que jamais um Martinista pagasse umaquotizao qualquer, sem que jamais uma loja tivesse fornecido umtributo regular ao Supremo Conselho. Os fundadores consagraramtodos os seus ganhos sua obra e o Cu lhes recompensoudignamente pelos seus esforos.

    O que diferencia particularmente a iniciao de Martinez oaparecimento do ternrio desde o primeiro grau dos Cohens. H trscolunas de cores diferentes, dominadas por uma grande luz. Esseternrio, unificado pelo quaternrio, desenvolve-se harmonicamentenos demais graus. No segundo grau, a histria da Queda e daReintegrao apresentada ao discpulo. Os graus seguintes servempara afirmar essaReconciliao da criatura com seu Criador.

    Todos esses detalhes so necessrios, porque os CadernosMartinistas contemporneos foram impressos em 1887. Somente oito

    anos mais tarde foi que o Supremo Conselho tomou conhecimentodos antigos catecismos das lojas lionesas, demonstrando aintegralidade da Tradio desde Martinez de Pasqually.

    3. CARACTERSTICAS DO MARTINISMOCONTEMPORNEO

    Derivando diretamente do Iluminismo Cristo, o Martinismoacabou adotando seus prprios princpios. Eis porque as nomeaesso feitas de cima para baixo: o Presidente da Ordem nomeia oComit Diretor, este designa os membros do Supremo Conselho, osDelegados Gerais e administra os negcios correntes. Os DelegadosGerais nomeiam os chefes das lojas, os quais designam seus oficiais eso mestres de suas lojas. Todas as funes so inspecionadasdiretamente pelo Supremo Conselho, atravs de seus inspetoresprincipais e de seus inspetores secretos. Eis a sntese destaorganizao que pde, sem dinheiro, adquirir considervel extenso e

    resistir at o presente todas as tentativas de desmoralizao, lanadassucessivamente por diversas confisses e, sobretudo, peloclericalismo ativo. A Ordem sobreviveu a tudo, mesmo s calniaslanadas contra seus membros, considerados enviados dos Jesutas,subordinados ao Inferno ou magos negros. Os Chefes sempre foramprevenidos em relao a essas intrigas e aconselhados sobre amaneira de evit-las. O sucesso da Ordem vem confirmar a altaorigem das instrues recebidas.

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    atravs dos membros do Supremo Conselho que o Martinismoliga-se ao Iluminismo Cristo. A Ordem em seu conjunto antes detudo uma escola de cavalaria moral, que se esfora em desenvolver aespiritualidade de seus membros, pelo estudo do Mundo Invisvel ede suas Leis, pelo exerccio do devotamento e da assistncia

    intelectual e pela criao em cada esprito de uma f cada vez maisslida, baseada na observao e na cincia. O Martinismo constituiuma cavalaria da Altrusmo, oposta liga egosta dos apetitesmateriais, uma escola onde se aprende a dar ao dinheiro o seu justovalor, no o considerando como influxo Divino; , finalmente, umcentro onde se aprende a permanecer impassvel diante dos turbilhespositivos ou negativos que subvertem a Sociedade! Formando oncleo real desta universalidade viva, que far um dia o casamento daCincia sem diviso com a F sem atributos, o Martinismo esfora-se

    em tornar-se digno de seu nome, criando escolas superiores decincias metafsicas e fisiognicas, desdenhosamente separadas doensino clssico, sob pretexto de serem ocultas.

    Os exames institudos nessas escolas abrangem: o simbolismo detodas as tradies e de todas as iniciaes; as chaves hebraicas e osprimeiros elementos da lngua snscrita, permitindo aos Martinistasaprovados nos exames explicar sua tradio a muitos Franco-Maonsdos altos graus e mostrar que os descendentes dos Iluminadospermaneceram dignos de sua origem.

    Tal o carter do Martinismo. Compreende-se que impossvelencontr-lo integralmente em cada um dos membros da Ordem, poiscada iniciado representa uma adaptao particular dos objetivosgerais. Mas esta poca de ceticismo, de adorao da fortuna materiale do atesmo tem grande necessidade de uma reao francamentecrist, ligada sobretudo cincia e independente de todos os cleros,sejam catlicos ou protestantes. Em todos os pases onde penetrou, oMartinismo salvou da dvida, do desespero e do suicdio muitas

    almas; trouxe compreenso do Cristo muitos espritos que asmanipulaes clericais e seu objetivo de baixo interesse material, isto, de adorao de Csar, tinham distanciado de toda f. Aps ter feitoisso, no importa se caluniem, difamem ou excomunguem oMartinismo ou seus chefes. A Luz atravessa os vidros mesmoimundos e ilumina todas as trevas fsicas, morais e intelectuais.

    4. OS ADVERSRIOS DO MARTINISMO E SUAS

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    OBJEES

    Apesar dos fracos recursos materiais, os progressos da OrdemMartinista foram rpidos e considerveis. Mas seu sucesso originoutrs tipos de adversrios: 1 os materialistas ateus, representantes do

    Grande Oriente da Frana; 2 os clrigos; 3 as sociedades eindivduos que combatem o Cristo e procuram diminuir sua obra,aberta ou ocultamente. A partir da surgem inmeras objees, mal-entendidos e calnias que devem ser denunciados a fim de permitiraos membros da Ordem destru-las.

    4.1 OS MATERIALISTAS

    Os Materialistas, aps terem acusado os Martinistas de Jesutas,

    alienados, sonhadores de outra era que nada podem fazer nosculo da luz e da razo ficaram admirados pelo rpido progressodessa Ordem e procuraram copiar a organizao dos GruposMartinistas sem bons resultados; imaginaram formar grupos dejovens ateus ligados ao sistema eleitoral do Grande Oriente.

    Foi ento que se ativeram ao problema financeiro. Uma Ordemque avana muito rapidamente deveria tornar-se muito onerosa a seusfundadores. Com quanto seus membros contribuem mensalmente?Nada... Quanto custam os diplomas dos Delegados? Nada... Quem

    paga as despesas de impresso, de correio, de secretaria e dosdiplomas, necessrias a movimentao de tal organismo? Os chefes.Estes no podero, pois, serem acusados de obterem lucro com ummovimento ao qual consagraram a maior parte de suas rendas.Entretanto, as pessoas prticas acabaram por se persuadirem queos Martinistas so pelo menos muito convencidos.

    4.2 OS CLRIGOS

    Os ataques dos clrigos so mais desleais e mais diretos.Abandonando toda questo material, atm-se aos espritos. Apesar detodas as afirmaes e evidncias contrrias, lhes impossvel admitirque os ocultistas (e ns em particular) no consagrem ao diabo algumculto secreto. Por conseguinte, os Martinistas devem ocultar seuobjeto; todos aqueles que ousam defender o Cristo, mantendo em seudevido lugar o clero que o vende todos os dias ao mercador do

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    templo, livram-se, segundo esses bons clrigos, s mais terrveisevocaes de Sat e de seus mais ilustres demnios.

    muito difcil convencer escritores clericais que o clero e Deuspossam agir independentemente um do outro; que podemosperfeitamente admitir a bondade de Deus e a cobia material do clero

    (que age dizendo ser em seu nome), sem confundir-lhes um instante.Segundo eles, atacar um inquisidor atacar a Deus.Os Martinistas querem ser Cristos, livres de toda dependncia

    clerical; as acusaes de satanismo lhes faro balanar os ombros,pedindo perdo ao Cu para aqueles que os caluniam injustamente.

    Ouviremos novamente a esse respeito a grande farsa de Lo Taxilsobre o tema dos ocultistas diablicos? Veremos sob seuverdadeiro aspecto essa bizarra sociedade secreta do Labarum, cujosdignatrios nos so conhecidos? Ouviremos quanto Taxil deve estar

    disposto a montar uma nova mistificao baseada na maonariafeminina? No seria melhor tolerar o insulto, a calnia, o descrdito,sem responder de outra maneira a no se pelo perdo e peloesquecimento?

    Cada novo ataque, sendo injusto e vil no fica jamais semrecompensa e vale ao Martinismo um novo sucesso. Eis a verdadeiramanipulao das leis ocultas e o verdadeiro uso das faculdadesespirituais do homem. Quando acusamos os escritores clericais deenganar o pblico ingnuo, que aceita suas afrontas, e de empregarprocessos polmicos, indignos do autor de respeito, poder-se-iaacreditar que existe de nossa parte certa animosidade e tendncia aoexagero. Para evitar essa dvida, iremos submeter ao prprio leitoralguns desses processos, para seu julgamento. Escolheremos a ltimadeslealdade cometida. O autor ficar certamente muito feliz por serapresentado ao pblico. Chama-se Antonini, professor do InstitutoCatlico de Paris, e seu livro intitula-seA Doutrina do Mal.

    Nessa obra, fala-se muito de Sat, de Lcifer, do Diabo e de culto

    secreto. Entretanto, falta a esse autor a veia do excelente Taxil; ele ,ademais insosso e sem imaginao. No temos mais esse bom Bitru,de quem Taxil extraiu parte do apndice para oferec-lo aos Jesutas,que o aceitaram com reconhecimento. Fica bem entendido que osocultistas (benzei-vos), e em particular vosso servidor, passam umaparte de seu tempo em companhia do Diabo, fazendo anagramas, dosquais o Sr. Antonini tem bastante dificuldade em encontrar a chave.

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    Mas vejamos uma pequena amostra dessa prosa:Aulnaye, Eliphas Levi, Desbarolles, Stanislas de Guaita, para

    no citar mais do que esses iniciados, reconhecem que luz Astralsignifica LUZ DA TERRA, chamada astralporque a terra um astro.Sobre o que fundamentada to estranha alegao? A declarao

    dos iniciados passa geralmente desapercebida, ou ento, faz rir. E,entretanto, constitui a confisso mais grave e mais conclusiva de seuensinamento.

    Denominam a terra um astro porque engloba A GRANDEESTRELA CADA DOS CUS, como o Apocalipse denomina Lcifero arcanjo portador da luz e precipitado no FOGO central da terra,por ter querido igualar-se a Deus. (25)

    Analisemos essas passagens:

    4.3 LUZ ASTRAL SIGNIFICA LUZ DA TERRAAntonini, tendo grande dificuldade em citar as palavras exatas de

    seus autores, no procurou justificar a presente citao com umareferncia real, porque ela simplesmente idiota. Ele sai do embaraoinventando a citao, permitindo-lhe dizer as extravagnciasseguintes:

    A Terra contm uma estrela! Oh! meus professores deAstronomia! Onde est este Sol, pois uma estrela um sol; se creio

    em meu amigo e mestre Flamarion, onde est esse Sol, cado sobre aterra, eis que deve ser bem maior que ela, onde est esse monstro Solque no se v mais?...

    Esse Sol, meus amigos, um arcanjo; esse arcanjo Lcifer eLcifer est no fogo central da Terra, e a Terra no explodiu aoreceber esse novo Sol em seu seio! Eis como os Ocultistas confessamque so satanistas! Isso muito simples e essa a base daargumentao de Antonini. No podemos mais ser amveis.

    4.4 OS ADVERSRIOS DO CRISTO

    Os Clrigos acusam, pois, os Martinistas de evocar Sat ou algumoutro demnio em suas reunies secretas, que jamais existiram a noser em sua imaginao. Outras sociedades que pretendem estudar oOcultismo e desenvolver as faculdades latentes no homem, semcrer, de resto, na existncia do diabo, hipocritamente fazem circular

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    cartas acusando os Martinistas de praticar Magia Negra.Ora, a prtica da Magia Negra consiste em fazer o mal consciente

    e covardemente; nada mais distanciado do objetivo e dos processosessencialmente cristos do Martinismo de todos os tempos. OsMartinistas no praticam magia, nem a branca, e muito menos a

    negra. Estudam, oram e perdoam as injrias da melhor maneirapossvel.Os Rosa-Cruzes sempre combateram os feiticeiros, aproveitadores

    da ignorncia e do ceticismo popular, para exercerem seus poderessobre vtimas inocentes, prevenindo abertamente a todos aqueles aquem tinham dado o batismo da luz. Esse trabalho foi sempreoculto, realizado atravs da prece.

    Os Martinistas, como os Rosa-Cruzes, sempre defenderam averdade, agindo sem subterfgios, publicando seus atos e suas

    decises. Pelo contrrio, aqueles que difamam na sombra, ocultando-se quando se vm descobertos, escrevendo circulares hipcritas ecaluniando sorrateiramente os Martinistas, temendo sua lealdade, nomerecem seno a piedade e o perdo. Vendo as faculdades latentesmanifestadas atravs desses processos, somos levados a mostrar aesses homens que a Magia Negra comea pela difamao annima,to geradora de larvas no plano mental quanto a baixa feitiaria docampons iletrado no plano astral.

    5. LUGARES ONDE O SUPREMO CONSELHO DAORDEM MARTINISTA OFICIALMENTEREPRESENTADO POR SEUS DELEGADOS GERAIS ESUAS LOJAS. (26)

    A sede do Supremo Conselho da Ordem Martinista encontra-se emParis, com trs lojas (Hermanubis, Esfinge e Voluspa). A Frana dividida em 14 delegaes, cujos delegados tm sua sede nas

    seguintes cidades (27)N 1 (Chartres), Beauvais;N 2 (Lille), Abbeville;N 3 (Caen), Le Havre;N 4 (Nancy), Chlons-sur-Marne;N 5 (Rennes), Nantes;N 6 (Poitiers), La Roche -sur-Yon;

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    N 7 (Bordeaux), Pau;N 8 (Tolouse), Cahors;N 9 (Montpellier), Perpignan;N10 (Marseille), Nice e Algerie;N11 (Lyon), Roanne;

    N12 (Dijon), Troyes;N13 (Clermont-Ferrand), Tulle;N14 (Grenoble), Valence.Cada uma dessas delegaes dirige lojas ou grupos.

    Para evitar qualquer indiscrio, suprimimos o nome da cidadeonde se encontra a sede das diversas delegaes no exterior.

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    6. RGOS DA ORDEM MARTINISTA

    Possumos uma revista mensal de cem pginas: Linitiation,editada em Paris. o rgo oficial da Ordem Martinista (28).Editamos igualmente um jornal semanal de oito pginas in-4: Le

    Voile dIsis e um boletim mensal autografado e reservado aosDelegados: Psiqu.No exterior, a Ordem Martinista dispe, atravs de seus

    Delegados, de rgos especiais nos seguintes idiomas: ingls, alemo,espanhol, checoslovaco e sueco.

    7. AFILIAES DA ORDEM MARTINISTA

    A Ordem Martinista afiliada aos seguintes rgos e ordens:

    Unio Idealista Universal (Internacional); Ordem Cabalstica da Rosa-Cruz (Frana); Grupo Independente de Estudos Esotricos (Frana); Ordem dos Iluminados (Alemanha); Sociedade Alqumica da Frana (Frana); Universidade Livre de Altos Estudos (Fac. de Cincias Hermt.)

    (Frana); Babistas (Egito, Prsia, Sria); Sociedades Chinesas (Em negociao em 1891).

    CAPTULO IVA FRANCO-MAONARIA

    1. MARTINISMO E FRANCO-MAONARIAOs escritores que se ocuparam do Martinismo, sobre tudo os

    clrigos, confundiram muitas vezes com uma m f voluntria oMartinismo com a Franco-Maonaria. O Martinismo, no exigindonenhum juramento de obedincia passiva de seus membros e no lhesimpondo nenhum dogma (muito menos o dogma materialista ou

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    clerical) deixa-lhes inteiramente livres em suas aes; ele independente da Franco-Maonaria como ordem, tal como praticadaatualmente na Frana.

    Como toda a ordem de iluminados, o Martinismo d acesso, emalgumas reunies, a Franco-Maons instrudos (sobretudo a membros

    do Rito Escocs) quando possuem pelo menos o grau 18 (Rosa-Cruz);mas essas relaes limitam-se a uma simples questo de delicadeza.Os Martinistas contemporneos no agem de maneira diversa nasmesmas circunstncias, como agiram seus antepassados dosConventos de Gaules e de Wilhemsbadt.

    Portando o nome cabalstico do Cristo e o reconhecimento doVerbo Criador na mente, em todos os seus atos, o Martinismo s podemanter relaes com potncias manicas que trabalhem segundo aconstituio dos Rosa-Cruzes Iluminados, que fundaram a Franco-

    Maonaria. Todo rito que subtrai Deus de suas pranchas e transforma,sem referncias tradicionais, o simbolismo que lhe confiaram, noexiste mais para os Martinistas, assim como tambm para todos osiniciados de um centro real e srio.

    Eis porque o Grande Oriente da Frana, que est distanciado daverdadeira e universal Franco-Maonaria, no deve ser confundidocom o Martinismo, como os clrigos procuram fazer. Isso nos induz aexpor a situao atual dos diferentes ritos da Franco-Maonariafrancesa, traando sua histria.

    A Franco-Maonaria compreende, na Frana, trs Ritos:1 O Grande Oriente da Frana, o mais potente, na Frana,

    pelo nmero de lojas e de membros, rito materialista e ateu peloesprito e pela ao, causa real da decadncia momentnea de nossoPas;

    2 O Rito Escocs, dividido em duas sees:a) O Supremo Conselho e suas Lojas, que admite os Altos Graus

    Manicos;

    b) A Grande Loja Simblica Escocesa, Federao de AntigasLojas Escocesas, que no admite Altos Graus.Em 1897, um acordo estabelecido entre essas duas sees deu

    nascimento Grande Loja da Frana. Carter desse rito:espiritualismo ecltico. por este rito que a Frana liga-se aos ritosde outros pases.

    3 O Rito de Misraim, decadente, caiu no ridculo por no ter

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    nem vinte membros para constituir suas lojas, seu captulo e seuarepago.

    Retomemos rapidamente a histria de cada rito:

    2. A FRANCO-MAONARIA DESDE SUA CRIAO

    AT 17892.1 O GRANDE ORIENTE E SUAS ORIGENS

    O Grande Oriente da Frana nasceu de uma insurreio de algunsde seus membros contra as constituies e a hierarquia tradicionais daFranco-Maonaria. Algumas linhas de explicao so aquinecessrias.

    A Franco-Maonaria foi fundada na Inglaterra por homens que

    faziam parte de uma das potentes fraternidades secretas do Ocidente:a Confraria dos Rosa-Cruzes. Esses homens, sobretudo Ashmole,tiveram a idia de criar um centro de propaganda onde pudessemformar, sem que se soubesse abertamente, membros instrudos para aRosa-Cruz. Assim, as primeiras lojas manicas foram mistas ecompostas por obreiros reais e por obreiros da inteligncia (livresmaons). Os primeiros trabalhos de Ashomole datam de 1646; masfoi somente em 1717 que a Grande Loja de Londres foi constituda.Foi essa Loja quem forneceu as cartas regulares s Lojas francesas de

    Dunkerque (1721), Paris (1725), Bordeaux (1732) etc...As lojas de Paris multiplicaram-se rapidamente, nomearam um

    Gro-Mestre para a Frana, o Duque DAntin (1738 a 1743), sobinfluncia do qual foi idealizada e publicada a Enciclopdia, comoveremos adiante. Eis a origem real da revoluo realizadainicialmente no plano intelectual, passando aps ao plano formal.

    Em 1743, o Conde de Clermont sucedeu ao Duque dAntin comoGro-Mestre e tomou a direo da Grande Loja Inglesa da Frana.

    Esse conde de Clermont, muito negligente para ocupar-se seriamentedessa sociedade, nomeou substituto um mestre de dana, Lacorne,indivduo intrigante e de costumes deplorveis. Esse Lacorne fezentrar nas lojas grande quantidade de indivduos de sua espcie, o queoriginou a ciso entre a loja constituda por Lacorne (Grande LojaLacorne) e os antigos membros que formavam a Grande Loja daFrana (1756).

    Aps uma tentativa de reconciliao entre as duas faces rivais

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    (1758), o escndalo tornou-se to grande que a polcia interveio efechou as lojas de Paris.

    Lacorne e seus adeptos aproveitando-se desse acontecimento,obtiveram o apoio do Duque de Luxemburgo (15 de junho de 1761)(29). Fortes por esse apoio, conseguiram entrar na Grande Loja de

    onde tinham sido banidos. Fizeram nomear uma comisso decontrole, cujos membros foram previamente comprados. Ao mesmotempo, os irmos do Rito Templrio (Conselho dos Imperadores)associaram-se em segredo s intrigas dos comissrios e, em 24 dedezembro de 1772, um verdadeiro golpe de estado manico foi dadopela supresso da inamovibilidade dos presidentes das Lojas e peloestabelecimento do regime representativo. Revoltados vitoriososfundaram, desse modo, o Grande Oriente da Frana. Um maoncontemporneo pode escrever: No demais dizer que a revoluo

    manica de 1773 foi a precursora e o estopim da Revoluo de1789 (30)

    O que se faz necessrio enfatizar a ao secreta dos irmos doRito Templrio. Foram eles os verdadeiros fomentadores dasrevolues; os demais no passaram de dceis agentes. Assim, oleitor poder compreender nossa afirmao: O Grande Oriente nasceude uma insurreio. Retornemos sobre dois pontos: a)A Enciclopdia(Revoluo Intelectual); b) A Histria do Grande Oriente de 1773 a1789.

    2.2 A ENCICLOPDIA

    Dissemos que os fatos sobre os quais os historiadores baseiam-seforam, na maioria dos casos, conseqncia de aes ocultas. Ora,pensamos que a revoluo no seria possvel se esforosconsiderveis no tivessem sido feitos precedentemente, para orientarem um novo caminho a intelectualidade da Frana. agindo sobre osespritos cultivados, criadores da opinio, que se prepara a revoluosocial. Iremos encontrar, agora, uma prova decisiva sobre esse fato.

    Em 25 de junho de 1740, o Duque DAntin, Gro-Mestre daFranco-Maonaria da Frana, pronunciou um importante discurso noqual anunciou o grande projeto em curso, como demonstra a seguintecitao:

    Todos os Gro-Mestres da Alemanha, Inglaterra, Itlia e deoutros lugares, exortam todos os sbios e artesos da

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    confraternidade a se unirem para fornecer os materiais de umdicionrio universal das artes liberais e das cincias teis, excetoteologia e poltica. J se comeou a obra em Londres; e pela reuniode nossos confrades, poder-se- conduzi-la perfeio em poucosanos.

    Amiable e Colfavru, em seus estudos sobre a Franco-Maonariano sc. XVIII, compreenderam perfeitamente a importncia desseprojeto, pois, aps terem falado da Enciclopdia Inglesa de Chambers(Londres 1728), acrescentam:

    Bem mais prodigiosa foi a obra publicada na Frana, contendo28 volumes in-flio, sendo 17 com texto de 11 com gravuras, aosquais foram acrescentados, em seguida, cinco volumessuplementares, obra cujo autor principal foi Diderot, secundado poruma pliade de escritores de elite. Mas no lhe bastava ter

    colaboradores para a boa execuo de sua obra; foi-lhe necessriopotentes protetores. Como poderia ter sido protegido sem a Franco-Maonaria?

    Alm disso, as datas aqui so demonstrativas: O Duque DAntinpronunciou seu discurso em 1740; sabe-se que, desde 1741 Diderot preparava sua grande empresa. O privilgio indispensvel publicao foi obtido em 1745. O primeiro volume da Enciclopdiaapareceu em 1751.

    Assim a revoluo j se manifestava em duas etapas: a)RevoluoIntelectual, originada da Enciclopdia, com apoio da Franco-Maonaria Francesa, sob a alta impulso do Duque DAntin (1740);b) Revoluo Oculta nas lojas, promovida em grande parte pelosmembros do Rito Templrio e executado por um grupo de Franco-Maons expulsos, depois anistiados do Duque de Luxemburgo (1773)e presidncia do Duque de Chartres.

    A revoluo patente na sociedade, isto , a aplicao sociedadedas constituies das lojas no tardou. Retomemos a histria do

    Grande Oriente no ponto onde a deixamos. Uma vez constituda, anova potncia manica apelou a todas as lojas para ratificar anomeao do Duque de Chartres como Gro-Mestre.

    Ao mesmo tempo (1774), o Grande Oriente instalava-se no antigonoviciado dos Jesutas, rua do Pot-de-Fer, procedendo expulsodas ovelhas sarnentas. Centro e quatro lojas aderiram ao novo estadode coisas; mais tarde, 195 (1776); finalmente, em 1789 havia 629

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    lojas em atividade.Mas um fato, em nossa opinio considervel, produziu-se em

    1786. Os captulos do Tiro Templrio tornaram-se oficialmentealiados ao Grande Oriente, chegando a fundir-se com ele. Vimoscomo os irmos desse rito ajudaram na revolta de onde nasceu o

    Grande Oriente. Passemos a resumir, agora, a histria do RitoTemplrio.

    2.3 O RITO TEMPLRIO E O ESCOCISMO

    A Franco-Maonaria, como vimos, foi estabelecida na Inglaterrapor membros da Fraternidade dos Rosa-Cruzes, desejosos deconstituir um centro de propaganda e recrutamento para sua ordem. AFranco-Maonaria Inglesa possua somente trs graus: Aprendiz,

    Companheiro e Mestre. Em razo disso, a Franco-MaonariaFrancesa e o Grande Oriente, seu ramo principal, eram formados pormembros possuidores apenas dos trs primeiros graus. Mas, logodeterminados homens pretenderam ter recebido uma iniciaosuperior, de acorde com os mistrios da fraternidade dos Rosa-Cruzes. Os ritos criaram-se concedendo graus superiores ao grau deMestre, chamados altos graus.

    O esprito dos ritos dos graus superiores, assim criados, eranaturalmente diferente daquele da maonaria propriamente dita. Foi

    assim que RAMSAY instituiu o Sistema Escocs, cuja base erapoltica e cujo ensinamento tendia a fazer de cada irmo um vingadorda Ordem do Templo (31). Eis porque demos o nome de RitoTemplrio a essa criao de RAMSAY.

    As reunies dos irmos detentores de altos graus passaram adenominar-se no mais lojas, mas captulos. Os principais captulosestabelecidos na Frana foram:

    1 O Captulo de Clermont(Paris 1752), de onde saiu o Baro deHunt, criador da alta maonaria alem ou iluminismo alemo;

    2 Aps o captulo de Clermont, nasceu o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente (Paris, 1758), do qual certosmembros, separando-se de seus irmos, formaram:

    3 Os Cavaleiros do Oriente (Paris, 1763), cada uma dessaspotncias expedia cartas de lojas e os principais irmos (Tshoudy,Boileau, etc. ) criaram ritos especiais no interior da Frana.

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    Em 1782, o Conselho dos Imperadores e os Cavalheiros do

    Oriente uniram-se para formar o Grande Captulo Geral da Frana,cujos principais membros tinham ajudado na constituio do GrandeOriente por suas intrigas. Assim, tambm vemos em 1786, esses

    irmos realizarem a fuso do Grande Captulo Geral da Frana.Qual foi o resultado dessa fuso? Os membros do Grande Captulo,bem disciplinados, perseguindo um objetivo preciso e sendointeligentes, puderam dispor do nmero fornecido pelo GrandeOriente.

    Compreende-se agora a gnese manica da Revoluo Francesa.A maior parte dos historiadores confunde esses membros do RitoTemplrio, verdadeiros inspiradores da revoluo (32), com osMartinistas.

    3. A FRANCO MAONARIA DE 1789 A 1898

    3.1 HISTRICO

    Seguimos a histria do Grande Oriente e do Rito Templrio at1789; continuemo-la at nossos dias.

    a) Grande Oriente O Grande Oriente possui a tradio mais oumenos integral dos trs primeiros graus e aps 1786, detm

    igualmente a tradio dos graus templrios e de outros grausformando a Maonaria de perfeio com 25 graus, analisada a seguir.Um grande colgio de ritos foi encarregado de conservar essatradio que permitia realizar os maons sados do Grande Orientecom os do resto do universo.

    Em 1804, um acordo foi estabelecido, durante alguns meses, queconcedia ao Grande Oriente o poder de conferir os graus 31, 32, 33por intermdio do Rito Escocs, do qual falaremos adiante.

    Mas sob pretexto de livrar a Franco-Maonaria das supersties edos erros do passado, os membros do Grande Oriente, instigadospelos deputados das Lojas do interior, cada qual mais ignorante dovalor dos smbolos, transformaram ao gosto da multido eleitoral olegado que lhes tinham confiado e tornaram-se um centro de polticaativa, professando abertamente o materialismo e o atesmo.

    Em 1885, a transformao estendeu-se ao Colgio dos Ritos, aindadepositrio de um resto de tradio. O elo que unia a maior parte dos

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    maons franceses ao resto do universo foi definitivamente rompido.No momento em que tinha maior necessidade de estender sua

    influncia ao exterior, exercer uma vigilncia efetiva na ao daspotncias estrangeiras no interior dos centros manicos de outrospases, a Frana estava excluda da comunidade manica

    internacional por culpa do Grande Oriente. Por ocasio da ExposioUniversal de Chicago, quando o presidente do novo Conselho dosRitos (o mais alto oficial do Grande Oriente) apresentou-se portadas Lojas americanas, foi colocado na rua como um vulgar profano,como na realidade ele era, para os verdadeiros maons.

    Eis o teor de to grave ato cometido em 1885:

    Por decreto promulgado em 9 de novembro de 1885, o GrandeOriente da Frana, conforme deciso tomada em 31 de outubro

    ltimo pela Assemblia Geral da Lojas Simblicas da Obedincia,ordena a dissoluo do Grande Colgio do Ritos e encarrega oConselho da Ordem de velar por sua reconstituio.

    O grande chanceler protestou da seguinte maneira, mas em vo:

    Vs me enviastes uma ampliao do decreto da AssembliaGeral das Lojas Simblicas, com data de 31 de outubro ltimo(1885), pronunciando a dissoluo do Soberano Conselho dosGrandes Inspetores Gerais do Rito Escocs Antigo e Aceito, que sobo ttulo de Grande Colgio dos Ritos, constitui, no seio do GrandeOriente da Frana, o Supremo Conselho para a Frana e ColniasFrancesas.

    Esta deciso, que sob pretexto de reorganizao, derrubou todosos princpios e todas as tradies da Franco-Maonaria Universal, absolutamente ilegal pela incompetncia de todos aqueles que atomaram.

    FERDEUIL(Grande Chanceler do Grande Conselho dos Ritos)

    Todos os esforos possveis foram feitos no Grande Oriente paraocultar aos irmos que entravam na Ordem a maneira pela qual osmembros desse rito so julgados no exterior e tomou-se o cuidado dedizer-lhes que no seriam recebidos em nenhuma parte uma vez

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    sados da Frana ou de qualquer uma de suas colnias. As grandespalavras de razo, superstio esmagada, princpios de liberdade, etc.,substituem as tradies da Maonaria Universal. Esses grandessimplrios ficam ainda bem lisonjeados quando um maom deorigem estrangeira vem, como visitante, verificar se a separao da

    Frana e do resto do mundo ainda continua. Recebe-se o visitantecom grandes honras, mas este, retornando, esforar-se- em colocarna rua o venervel da loja francesa, se ousar apresentar-se, por seuturno, a uma reunio em seu pas.

    Assim, o Grande Oriente est destinado a desaparecer, mesmocom sua prosperidade aparente, se no retornar rapidamente a umamelhor compreenso dos interesses reais do Pas.

    Terminaremos esta exposio, citando algumas palavras de AlbertPike: "O Grande Oriente da Frana esteve sempre nas mos dos trs

    "I": Ignorantes, Imbecis e Intrigantes".(33)

    3.2 O ESCOCISMO

    Em 1786, o Rito Templrio fundiu-se com o Grande Oriente. EsseRito Templrio era composto de 25 graus; deixando de lado seuobjetivo de vingana poltica, era de fato um rito de perfeio, ondeos maons ordinrios foram levados a conhecer alguns ensinamentosconcernentes tradio cabalstica dos Templrios.

    Ora, em 1761, isto , antes da fuso com o Grande Oriente, oConselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente tinha dado a um judeu denominado Morin os poderes necessrios para estabelecer osistema templrio na Amrica, para onde esse tal Morin deslocou-se.

    Quando Morin chegou ao seu destino, apressou-se em dar o 25grau a muitos de seus camaradas, os quais em comum acordo comele, iniciaram por sua vez inmeros cristos em 1797.

    Quando os novos iniciados sentiram-se suficientemente fortescolocaram seu iniciador na rua e, separando-se dele, acrescentaram 8graus hermticos aos 25 j existentes, o elevou o nmero de graus dosistema escocs a 33. Foi assim que fundaram em Charleston, em1801, um Supremo Conselho que deveria, em seguida, conquistaruma grande influncia. Por que esse nmero de 33 graus? Um antigomaom, possuidor desse grau, Rosen, disse que esse nmerorepresenta o grau de latitude de Charleston, e isso pode sermaliciosamente verdadeiro; pois, como veremos, o nmero de graus

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    pouco importa, desde que o sistema manico seja realmentesinttico.

    A relao dos presidentes do Rito Escocs da Amrica, desde seunascimento, a seguinte:

    Conta-se entre nomes Grasse-Tilly. Foi ele quem retornou Europa em 1804, trazendo o sistema de 33 graus, com o poder deconstituir arepagos. Foi precedido de alguns meses por outro

    iniciado direto de Morin, um tal de Hacquet, cuja tentativa no gerounada imediato.

    Grasse-Tilly e os irmos que tinha iniciado fizeram um acordocom o Grande Oriente em 1804; esse tratado foi rompido por comumacordo em 6 de setembro de 1805. Sublinhamos esse comumacordo e enviamos o leitor a Ragon (ortod. Ma., p.313) para osdetalhes que provam em oposio ao que diz Rosen em seu livro(Sat e Cia.), que no houve histrias de dinheiro nesse negcio.

    O que se infere de tudo isso, que os pretensos graus manicosdados por Frederico da Prssia so de inveno de Bailache, emcolaborao com Grasse-Tilly.

    Entre 1806 e 1811, o Supremo Conselho fundado por Grasse-Tillys expedia os mais altos graus, 31, 32 e 33, deixando ao cargo doGrande Oriente a expedio dos demais. Em 1811, o SupremoConselho declara-se independente. Em 1815, De Grasse-Tillyretornou dos Pontons ingleses e fundou um novo Supremo

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    Conselho. O antigo Supremo Conselho colocou Grasse-Tilly emjulgamento e o condenou. Mas o novo Supremo Conselho, presididopelo Duque Decaze, tomou uma tal importncia que em 1820 o antigouniu-se a ele e em 1821 foi constitudo o Supremo Conselho do RitoEscocs Antigo e Aceito para a Frana e suas Colnias.

    Em 1875 teve lugar em Lausana um convento importantssimo dosdiversos Supremos Conselhos Escoceses. Em 1879, algumas lojasescocesas de Paris separam-se do Supremo Conselho, protestandocontra a existncia dos altos graus e fundaram a Grande LojaSimblica Escocesa, que se tornou mais tarde muito potente.

    Durante esse tempo, os negcios do Supremo Conselho iam mal ea penria de fundos tornou-se tal que em 1897 o Supremo Conselhoteve que ceder um pouco e entender-se com as lojas rebeldes.Segundo esse entendimento, o Supremo Conselho passou Grande

    Loja Simblica todas as suas lojas e guardou somente os captulos earepagos. Assim se constituiu a Grande Loja da Frana, quecometeu logo um grave erro com a supresso da meno do GrandeArquiteto em suas pranchas o que permitiu cortar o fraco elo deligao que ainda unia a Frana ao estrangeiro.

    3.3 O RITO DE MISRAIM

    O que podemos dizer do ltimo rito que nos resta falar, o Rito de

    Misraim? Eis como Clavel relata sua fundao:Foi em 1805 que vrios irmos de costumes desacreditados, no

    podendo ser admitidos na composio do Supremo ConselhoEscocs,fundado nesse mesmo ano em Milo, imaginaram o regimemisraimita. Um irmo, Lechangeur, foi encarregado de recolherelementos, classific-los, coorden-los e redigir um projeto deestatutos gerais. No incio, os postulantes s podiam chegar ao 87grau. Os trs outros, que completavam o sistema, foram reservadosaos Superiores Incgnitos, os nomes desses graus foram ocultadosaos irmos dos graus inferiores. Foi com essa organizao que oRito de Misraim espalhou-se no reino da Itlia e Npoles. Ele foiadotado sobretudo por um captulo da Rosa-Cruz, chamado LaConcorde que tinha sua sede nos Abruzzes.Na parte inferior de umdiploma expedido em 1811 pelo captulo ao irmo B. Clavel,comissrio das guerras, figura a assinatura de um dos chefes do rito,o irmo Marc Bedarride, que na poca s tinha o grau 77. Os irmos

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    Lechangeur, Joly e Bedarride trouxeram para a Frana, em 1814, oMisraimismo. (34)

    Aps 1814, o rito se enfraqueceu rapidamente. Atualmente possuiem Paris no mximo vinte membros, constituindo sua nica loja, seucaptulo e seu arepago; estando praticamente excludo da Maonaria

    Universal.

    3.4 GRANDE ORIENTE E ESCOCISMO

    muito curioso ver os que transformam completamente odepsito de tradies e de smbolos, que lhes foram confiados,desconhecerem os caracteres da grande fraternidade universal daFranco-Maonaria ao ponto de se tornarem indignos de todas asiniciaes da terra. curioso, repito, ver os descendentes de Lacorne

    tomar grande ares de dignidade para solicitar aos irmos do RitoEscocs seus arquivos e sua Filiao.Atravs de Grasse-Tilly, Francken e Morin, os maons escoceses

    ligam-se diretamente a Ramsay e aos templrios. Eles tem, pelomenos, o mrito de no haverem subvertido em demasia sua tradio,apesar dos defeitos. Enquanto o Grande Oriente, tendo abandonadoem 1773 suas constituies originais e destrudo em 1885 seu GrandeColgio de Ritos, para transform-lo em uma praa parlamentar, stem da Franco-Maonaria o nome e est condenado a desaparecer

    bruscamente, desde que os franceses do Rito Escocs tenham acoragem de se recuperar, de deixar de lado as questes de dinheiro ede reconstituir uma Maonaria Nacional espiritualista, solidamenteligada ao resto do Universo.

    Mas, admitamos que esse fato no se produza. Vamos supor queos procedimentos daqueles que sonham em isolar definitivamente aFrana, me, para Morin, de todos os Supremos Conselhos do RitoEscocs Antigo e Aceito atuais, vencessem, e que a iniciadora pareadefinitivamente morta para aqueles que foram iniciados por ela.Algum iria acreditar que a lenda de Hiram no se tornaria uma vivarealidade? Que os Iluminados no tornariam a criar aquilo que j forafeito anteriormente por eles?

    Veramos nascer uma nova forma manica adaptada nossapoca e baseada nos mesmos princpios pelos quais foi geradaoutrora. Em breve essa criao seria suficientemente forte paraimpor-se em todos os lugares, sem pergaminho, sem rvore

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    genealgica, bastando uma ordem do Invisvel a um dos SuperioresIncgnitos que velam sempre dentro de um plano ou de outro. E osrestos das velhas e anteriores criaes afundar-se-iam rapidamente, sefosse necessrio. Pois, alm de sua filiao templria, cujo objetivosempre foi perigoso para a tolerncia de um Martinista, o Rito

    Escocs conquistou o direito de grande naturalizao, por suasprprias foras e pelo seu carter verdadeiramente internacional.Enquanto que um maom do Grande Oriente no poder entrar em

    nenhuma loja fora da Frana ou de suas Colnias, o maom escocsser fraternalmente recebido dentro da jurisdio dos vinte e seteSupremos Conselhos, originados de Charleston. O quadro a seguirmostra essa filiao para os principais Supremos Conselhos.

    Da mesma forma, se os Iluminados julgarem necessrioreconstruir um centro j existente para o estudo e a prtica do

    simbolismo, em vez de criar um novo centro, ser ao Escocismo quedariam essa funo, de preferncia, pois o nico rito capaz de tirar aMaonaria francesa do atesmo e do baixo materialismo, onde poderperder-se definitivamente.

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    4. OS GRA