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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CÉLULA EM MODELOS TÁTEIS PARA ALUNOS CEGOS
JoseliJany Vieira Bez1
Profª. Msc. Lianara Teresinha MumbachBrandenburg2
RESUMO
Este estudo enfatiza o processo de desenvolvimento da aprendizagem em Citologia, especificamente a análise da célula animal para estudantes cegos, enfocando a função de suas estruturas. Tendo em vista que o ensino da célula animal requer explicações que vão além da linguagem oral e escrita e, que se utilizam da imagem, como elemento de representação visual, inacessível ao aluno cego, a utilização de modelos concretos é necessário, uma vez que, diante da cegueira, o professor precisa adequar sua prática pedagógica e valer-se de recursos pedagógicos adaptados, que facilitem o processo de desenvolvimento da aprendizagem. O estudo justifica-se pela necessidade de estudar profundamente a metodologia de trabalho educacional junto às pessoas cegas, uma vez que pouco se conhece a respeito das metodologias pedagógicas que deem conta de oferecer educação de qualidade na educação especial e, posteriormente, tornar possível a inclusão no ensino comum. Isto implica em reconhecermos a necessidade de uma teoria norteadora para uma prática que pretende ser mais efetiva e que consiga oportunizar aos cegos o acesso às elaborações humanas que os permitam tornarem-se homens culturais de fato. Vale-se de estudos de fontes primárias, e de intérpretes do autor, bem como de estudiosos da atualidade que abordam a cegueira e a Teoria Histórico-Cultural e referente ao tema citologia animal. O material pedagógico adaptado é definido como um recurso concreto capaz de auxiliar os alunos cegos, constituindo-se de condições necessárias e mecanismos, que favoreçam uma construção rica do processo educativo, no tocante as mediações realizadas em sala de aula, e contribuindo desta forma para a ampliação das possibilidades de desenvolvimento da aprendizagem, destes indivíduos. Para elaboração desses materiais buscou-se parceria junto ao CAP Centro de Apoio Pedagógico de Francisco Beltrão, o qual orientou na forma de adaptar o material de citologia animal para que os alunos dos Primeiros anos do Ensino Médio do Colégio Estadual Reinaldo Sass, e assim, norteando a confecção das matrizes para posterior distribuição aos alunos cegos jurisdicionados ao referido CAP.
Palavras-chave: célula animal; materiais adaptados; inclusão escolar.
1Professora PDE
2Orientadora IES Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste
ABSTRACT
This study emphasizes the development process of learning in Cytology, specifically
the analysis of animal cell for blind students, focusing on the function of their
structures. The teaching of animal cell requires explanations that go beyond the
spoken and written language, and the use of the image, as an element of visual
representation, inaccessible to blind students, the use of concrete models is necessary,
since before the blindness, the teacher must adapt his teaching and use suitable
teaching resources, which facilitate the process of learning development. The study is
justified by the need to thoroughly study the methodology of educational work among
the blind people, because little is known about the teaching methods that give account
of providing quality education in special education and later make possible the
inclusion in the mainstream school. This involves recognizing the need for a guiding
theory for a practice that aims to be more effective and that can create opportunities for
blind access to human elaborations that allow them to become cultural men indeed.
Draws on studies of primary sources, and interpreters of the author, as well as scholars
of our day dealing with blindness and the Historical-Cultural Theory and referring to the
animal theme cytology. The adapted teaching material is defined as a concrete
resource that can assist blind students, constituting the necessary conditions and
mechanisms that favor a rich construction for the educational process, regarding to the
mediations conducted in the classroom, and thus contributing to expanding the
possibilities for development of learning these subjects. For preparation of these
materials was sought partnership with the Center for Educational Support PEC
Francisco Beltrão, who coached in how to adapt animal cytology material for the First
year of high school students of the Reinaldo Sass state school, and also guiding the
preparation of matrices for further distribution to blind students jurisdictional referred to
CAP.
Keywords: animal cell; adapted materials; school inclusion.
1 INTRODUÇÃO
Segundo VIGOTSKI (1991), a formulação da Zona de Desenvolvimento
Proximal nos encaminha para uma reflexão mais detalhada do processo de
desenvolvimento e aprendizagem, onde os conceitos de certo e errado
desaparecem, dando lugar ao desafio e à interação dos pares em sala de aula.
A função do professor é valorizada, não na forma tradicional do poder, da
autoridade, mas na dinâmica de conjunto, de auxiliar, de mediador da
aprendizagem, juntamente com a participação dos colegas mais experientes
nas classes, pois se lida no dia-a-dia com a heterogeneidade de alunos.
Para VIGOTSKI (1991):
A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que
ainda não amadureceram, mas que estão em processo de
maturação, funções que amadurecerão, mas que estão
presentemente em estado embrionário. Essas funções poderiam ser
chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de
“frutos” do desenvolvimento. O nível de desenvolvimento real
caracteriza o desenvolvimento mental retrospectivamente, enquanto a
zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento
mental prospectivamente (p. 97).
Encontra-se nesta concepção uma visão diferenciada do processo de
desenvolvimento e aprendizagem, que veicula a necessidade do social, não
desprezando o biológico existente no ser humano, mas atribuindo um papel
importante ao social, que proporciona símbolos e instrumentos (que passam de
geração para geração) e que auxiliam na relação do sujeito com o mundo e as
maneiras de atuar nele. Há de se considerar ainda, que este aprendizado
contribui para o processo de desenvolvimento das funções psicológicas
superiores, que são fundamentais no trabalho com cegos.
A zona de desenvolvimento proximal de Vigotski é uma das teorias que
mostra de forma clara como elaborarum plano pedagógico para trabalhar com
crianças cegas. Esta teoria indica uma atuação do professor que medeia o
nível atual de desenvolvimento da criança, determinado pela sua capacidade
de resolver problemas sozinha, porém sob a orientação de adultos, ou ainda,
em colaboração com os pares mais capazes (VIGOTSKY,1991). Zona de
desenvolvimento proximal é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em
termos intelectuais quando lhe é dado o suporte educacional devido.
LEONTIEV (1978), afirma que:
As aquisições do desenvolvimento histórico das aptidões humanas
não são simplesmente dadas aos homens nos fenômenos objetivos
da cultura material e espiritual que as encarnam, mas são aí apenas
postas. Para se apropriar destes resultados, para fazer deles as suas
aptidões, os órgãos da sua individualidade, a criança, o ser humano,
deve entrar em relação com os fenômenos do mundo circundante
através doutros homens, isto é, num processo de comunicação com
eles. Assim, a criança aprende a atividade adequada. Pela sua
função, este processo é, portanto, um processo de educação (p. 356).
Segundo o autor, assim como qualquer indivíduo, o cego constitui-se
historicamente como sujeito humanizado através do contato com a cultura,
tanto a que se passa pelo convívio com as pessoas, tanto quanto pela
historicamente construída e registrada pelos outros homens que o
antecederam (LEONTIVEV, 1978). À margem da educação e, por
consequência, à margem do contato cultural humanizante, esses indivíduos
ficam privados das possibilidades de superação pela
aprendizagem(LEONTIVEV, 1978).
Para que a educação de cegos seja uma realidade no ensino da disciplina
de Biologia no que tange a Citologia - célula animal, é necessário que se
estude profundamente o tema e que se forneçam materiais adaptados que
possam ser manipulados pelos cegos nas formas bidimensionais e
tridimensionais.
A história do homem e suas deficiências perpassa por momentos
distintos, o que é citado por vários estudiosos (MAZZOTTA, 1996; BUENO,
1993; GLAT, 1995; ROSS, 1995; GUIMARÃES E ROSS, 2003; CARVALHO
ROCHA E SILVA, 2006) propiciando clareza e entendimento a respeito da
história das formas de concepção e tratamento das pessoas com deficiência.
Cabe aos professores, buscar uma sólida fundamentação teórica, como
também estabelecer os nexos entre a teoria e reflexões acerca da educação
especial inicial, assim como a inclusão.
GUIMARÃES e ROSS (2003) afirmam:
Primitivamente, é muito provável que aqueles seres dotados de uma
deficiência mental, cegos e surdos eram aniquilados ou faleciam
precocemente, embora muitos com pequeno comprometimento
mental sobrevivessem e contribuíssem ativamente na comunidade.
Isso se explica porque a produção da existência humana relacionada
com atividades rudimentares, que caracterizavam determinadas
sociedades em determinadas épocas, não exige maior complexidade
de elaboração mental. Embora oferecessem e ofereça resistência, a
natureza não exigia ultrapassar os limites dados individualmente pela
pessoa com pequeno comprometimento mental. Por não exercer
controle sobre a natureza e por se submeter às suas leis os seres
humanos passavam por uma ”seleção natural” em que somente
sobrevivia o mais forte. Neste sentido o abandono das pessoas com
deficiência era algo natural, causando nenhum sentimento de culpa
àqueles que continuassem a caminhada da vida (p.11).
Na Idade Média foi intensificada a crença de deficiência como obra e
intervenção direta de Deus ou de outros seres superiores, sob a forma de
castigo(GUIMARÃES E ROSS, 2003).O período denominado „„pré-científico‟‟
no atendimento às pessoas com deficiência arrastou-se ao longo dos muitos
séculos da Idade Média e alcançou parte da Idade Moderna. Mitos e
estereótipos construídos nesse longo período ainda povoam o imaginário social
até a atualidade (GUIMARÃES E ROSS, 2003).
No final do século XIX, com o desenvolvimento de pesquisas na área da
Medicina, um novo enfoque passou a ser dado à deficiência: concepções
clínicas que se encarregavam de tratar e curar (GLAT, 1995).
As primeiras práticas científicas com finalidades de segregação, em
instituições, para cuidado, proteção ou tratamento médico, caracterizam o
paradigma da institucionalização(GUIMARÃES E ROSS, 2003).
Destacaram-se neste período, Itard (França, 1800), considerado
precursor da Educação Especial. Philippe Pinel, médico francês, sistematizou
os primeiros estudos sobre a mente, fazendo uma classificação para as
doenças mentais. A medicina nesse período ditava o que era ou não
normalidade. A deficiência confundiu-se com patologia, criando o estigma de
doentes mentais àqueles que a apresentavam (GUIMARÃES E ROSS, 2003).
Dessa compreensão equivocada, decorreu outra concepção que atribuía
à herança genética a origem dos inúmeros distúrbios físicos e intelectuais.
Essa concepção de desenvolvimento humano passou a incorporar ideias
inatistas e o determinismo genético. Com essas noções, descartou-se qualquer
possibilidade de intervenção para superar essa condição. A psicologia e a
educação incorporaram o forte viés do disciplinamento médico, com categorias
terapêuticas de cuidado e isolamento, em suas práticas, que passaria a ditar as
normas pedagógicas aos professores (BUENO, 1993).
O atendimento pioneiro foi acegos e surdos, ideal liberal do capitalismo
que se organizava, sendo que a educação especial para esses grupos tinha
como objetivo uma simples instrução básica, destacando-se o trabalho manual
para o treinamento industrial(CARVALHO, ROCHA e SILVA, 2006 p.45).
Em relação às demais deficiências a massa de excluídos eram asilados
em instituições e encaminhados para o trabalho forçado em troca de abrigo.
Estes lugares “serviam também de abrigo para pessoas impossibilitadas de
prover seu próprio sustento, devido a sérias limitações físicas e sensoriais”
(CARVALHO, ROCHA e SILVA, 2006 p.45).
A Educação Especial relacionada à medicina tornou-se uma área com fins
de exercer a normalização, cabendo-lhe educar, cuidar, corrigir, tratar. Nesse
período, no Brasil, também a concepção era a da institucionalização. Entre
1854 e 1857 foram criadas as primeiras instituições para surdos e cegos.
Preocupação com outras deficiências somente em torno de 1950.
Assim como no resto do mundo, as primeiras iniciativas foram de caráter
privado. Até os dias atuais as iniciativas privadas ainda são prioritárias na área.
Em meados de 1950, após fim da 2ª Guerra, a insatisfação social foisintetizada
na Declaração Universal dos Direitos Humanos(GLAT, 1995). Principal ponto
nesse período da história da Educação Especial foi à mudança da concepção
de pessoas com deficiência que passaram a ser vistas como cidadãos, embora
persistisse a visão assistencial e caritativa e o viés da medicalização em sua
educação (GLAT, 1995).
Relacionado ao “Estado do Bem Estar Social”, movimento social e político
que ocorreu em países ricos com pouca repercussão no Brasil, deu visibilidade
para a Educação Especial, reservada aos grupos que não respondiam ao
padrão de normalidade imposto pela escola.
Em 1960 foi criada a “Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de
Deficientes Mentais” (CADEME). A CADEME tinha por finalidade promover em
todo território Nacional, a “educação, treinamento, reabilitação e assistência
educacional das crianças retardadas e outros deficientes mentais de qualquer
idade ou sexo” (MAZZOTTA, 1996, p. 52).
Nesse período, junto com as discussões mais amplas sobre reforma
universitária e educação popular, o estado aumenta o número de classes
especiais, principalmente para deficientes mentais, nas escolas públicas
(BUENO, 1993).
Ao longo da década de 60, ocorreu a maior expansão no número de
escolas de ensino especial já vista no país. Em 1969, havia mais de 800
estabelecimentos de ensino especial para deficientes mentais, cerca de quatro
vezes mais do que a quantidade existente no ano de 1960 (GLAT, 1995).
Enquanto que, na década de 70, se observava nos países desenvolvidos,
amplas discussões e questionamentos sobre a integração dos deficientes
mentais na sociedade; no Brasil, acontece nesse momento a institucionalização
da Educação Especial em termos de planejamento de políticas públicas com a
criação do Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), em 1973.
Os movimentos de integração dominantes nas décadas de 70 e 80 foram
importantes historicamente pela ruptura nas ideias e práticas cristalizadas
acerca da ineficiência e incapacidade das pessoas com deficiências. Aumento
de matrículas escolares (aumento de população urbana) levou à proliferação
de classes especiais nas escolas regulares, como forma de absorver demanda
de alunos com “dificuldades de aprendizagem” na verdade os oriundos das
camadas populares que não se adaptavam às práticas homogeneizadoras
voltadas para o aluno ideal (CARVALHO ROCHA E SILVA, 2006).
À sociedade, não cabia à função de integrar, apenas “recebia” a pessoa,
cabia a ela superar sua condição pelas práticas de reabilitação (CARVALHO
ROCHA E SILVA, 2006).
Nas últimas décadas do século XX, o avanço da democracia passou a
exigir tratamento mais humanitário e proteção ao direito das minorias.
Segregação social de segmentos populacionais não era compatível com
direitos de acesso e participação. Desde a década de 80, inúmeras leis foram
aprovadas, organismos internacionais elaboraram documentos norteadores de
políticas púbicas. ROSS (1995, p. 45) nos alerta para visão ingênua da crença
que à igualdade de direitos baseadas apenas em leis amplia concretamente
esses direitos, e que a aceitação abstrata da igualdade, apenas no plano legal,
contribui para a sociedade eximir-se de seu papel histórico de socializar todos
os seres humanos.
No Brasil, o instrumento jurídico precursor em relação à inclusão foi a
Constituição Federal de 1988. Pela primeira vez se explicita que o atendimento
educacional especializado aos alunos com deficiência deverá ocorrer,
preferencialmente, na rede regular de ensino, e estabelece diretrizes para tratar
a Educação Especial como modalidade da educação escolar obrigatória e
gratuita, ofertada em estabelecimentos públicos, integrando escolas especiais
aos sistemas de ensino (MEC/SEESP,2002).
Na década de 90 todos esses princípios foram reforçados nos textos
legais subsequentes, inspirados em documentos internacionais como: Proposta
de Educação para Todos (Jomtien-Tailândia - 1990), Declaração de
Salamanca, Espanha (1994). Também: Plano Nacional de Educação para
Todos (1990); a Lei de Diretrizes e Bases - LDB de 1996, em seu capítulo V
(Artigos 58, 59 e 60) destinado à Educação Especial, apontam novos caminhos
para essa modalidade e reafirmam a perspectiva progressiva de seu caráter
pedagógico ligado à educação escolar e ao ensino público, desde a Educação
Infantil até o Ensino Superior(MEC/SEESP,2002).
Tantas mudanças trazem controvérsias e polêmicas, como a preparação
da escola, dos professores, das condições de materiais adequados para
acesso e permanência de todos os alunos na escola. Os argumentos acima
citados são inconsistentes, pois os mesmos vêm de uma discussão de vários
anos, desde o preceito Constitucional. Infelizmente, hoje ainda está presente o
mesmo discurso, uma atitude que demonstra preconceito e discriminação em
uma escola que deveria atender a todos (MEC/SEESP,2002).
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) não
houve qualquer proposta vinculada à área, apenas em 1999, o Governo
Federal publicou um caderno chamado: ”Adaptações Curriculares dos
Parâmetros Curriculares Nacionais-Estratégias para a educação de alunos com
necessidades educativas especiais” (BRASIL,2002), que oferece subsídios aos
professores considerando a inclusão dos alunos com necessidades
educacionais especiais.
Entre 1996 e 2002, a SEED Secretaria de Estado da Educação do Paraná
realizou um trabalho alinhado às Diretrizes Nacionais, usando em seus
programas de formação a fundamentação teórica e filosófica do MEC/SEESP.
A partir daí houve uma ruptura ideológica na concepção educacional entre as
duas instâncias. O MEC/SEESP defende a chamada inclusão total, ou seja, a
matrícula incondicional de todos os alunos com necessidades educacionais
especiais na escola regular, independente do grau de comprometimento. A
SEED /DEEIN - Departamento de Educação Inclusiva, por ter outro
entendimento em relação à inclusão, defende a inclusão responsável.
No Paraná, a Educação e a Inclusão avançaram muito na última década,
esse avanço deve-se principalmente a uma política de inclusão responsável,
que busca de forma processual o redimensionamento das concepções e
práticas educacionais visando contemplar a diversidade do aluno no que
apresenta necessidades educacionais especiais, sejam elas decorrentes ou
não de deficiências (SEED/DEEIN, 2010).
A escola pública, criada a partir dos ideais da Revolução Francesa como
veículo de inclusão e ascensão social, vem sendo em nosso país um espaço
de exclusão, não só dos deficientes, mas de todos aqueles que não se
enquadram dentro do padrão imaginário do aluno. Segundo BARROSO (2003,
p.27)existe várias formas de exclusão fabricadas pela escola, estas divididas
em quatro modalidades: “a escola que exclui porque não deixa entrar os que
estão fora; a escola que exclui os que estão dentro; a escola que exclui
“incluindo”; a escola que exclui porque a inclusão deixou de fazer sentido”.
As classes especiais, por sua vez, se tornaram verdadeiros depósitos de
todos aqueles que, por uma razão ou outra, não se enquadram no sistema
escolar (GLAT, 2000. p. 18). Não podemos perder de vista que, como lembra, a
segregação social e a marginalização dos indivíduos com supostas deficiências
têm raízes históricas profundas, e a sua inclusão escolar não pode ser vista
apenas como um problema de políticas públicas, pois envolve, sobretudo, “o
significado ou a representação que as pessoas (no caso, os professores) têm
sobre o deficiente, e como esse significado determina o tipo de relação que se
estabelece com ele”(GLAT, 2000). O ensino deve se adaptar às necessidades
dos alunos ao invés de buscar a adaptação do aluno a paradigmas
preconcebidos a respeito do ritmo e da natureza dos processos de
aprendizagem.
VIGOTSKI (1997 p.87) faz refletir e rever conceitos em relação ao ritmo
de aprendizagem quando faz o seguinte questionamento: “Por acaso a enorme
massa de crianças sadias da humanidade alcança tudo o que eles poderiam e
deveriam obter na sua estrutura psico - fisiológica”?
Diante desse cenário histórico de como foi e está sendo construída a
Educação Especial no mundo e no Brasil, em face de esse foco de estudo vale
compreender como foi e está sendo construída a educação das pessoas cegas
no mundo e no Brasil.
Para as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Secretaria de
Estado do Paraná na disciplina de Biologia, ao definir qual a formação se quer
proporcionar a esses sujeitos, a escola contribui para determinar o tipo de
participação que lhes caberá à sociedade. Por isso, as reflexões sobre
currículo tem na sua natureza, um forte caráter político. Nestas diretrizes
propõe-se uma reorientação na política curricular com objetivo de construir uma
sociedade justa, onde as oportunidades sejam iguais para
todos(PARANÁ/SEED,2008).
Valoriza-se a construção histórica dos conhecimentos biológicos,
articulados à cultura científica, socialmente valorizada. A formação do sujeito
crítico, reflexivo e analítico, portanto consolida-se por meio de um trabalho em
que o professor reconhece a necessidade de superar concepções pedagógicas
anteriores, ao mesmo tempo em que compartilha com os alunos a afirmação e
a produção de saberes científico a favor da compreensão do fenômeno vida
(PARANÁ/SEED, 2008).
As decisões sobre a ordenação do conteúdo continuam sendo objeto de
discussão entre os professores de Biologia. Embora atualmente seja
impossível prescrever uma forma melhor, é fundamental que se tenha sempre
em mente não só a disciplina, mas principalmente os alunos e que se organize
o currículo de forma que eles possam aprender com mais facilidade
(KRASILCHIK, 2005 p.49).
Portanto, uma aproximação dos conceitos científicos, tarefa própria da
escola, não pode ser feita levando-se em conta as características próprias do
conhecimento, mas deve também levar em consideração as caraterísticas dos
alunos,sua capacidade de raciocínio, seus conhecimentos prévios, etc
(BIZZO,1998 p. 28).
A observação nas aulas de Biologia revela que o professor fala ocupado com as preleções cerca de 85% do tempo. Os outros 15% restantes são preenchidos por períodos de confusão e silêncio pela falta dos estudantes que maior parte das vezes consiste em pedidos de esclarecimento sobre as tarefas que devem executar. Evidentemente, na situação descrita os jovens não têm grandes oportunidades de melhorar sua capacidade de expressão, pois os professores não os ouvem, não ficam sabendo como eles falam e o que pensam. Uma mudança que se impõem é a substituição de aulas expositivas por aulas em que se estimule a discussão de ideias, intensificando a participação dos alunos, por meio de comunicação oral, escrita ou visual (Krasilchik 2005 p 58 ).
Segundo Orlando e colaboradores (2009) o ensino de tópicos de Biologia
Molecular constitui um dos conteúdos do Ensino Médio de Biologia que mais
requer a elaboração de material didático de apoio ao conteúdo presente nos
livros textosjá que se empregam conceitos abstratos e se trabalha com
aspectos microscópicos.
A célula é definida como uma unidade anatômica funcional, fisiológica e a
menor parte do ser vivo (CARVALHO,1997, p.48). Portanto, a Citologia se faz
necessário para a compreensão de como o organismo funciona.
O conteúdo de Citologia para que haja aprendizado requer visualização,
e, portanto, para o aluno cego isso é impossível, resultando em desinteresse,
não levando - o a questionar e interagir. Para tanto se faz necessário adaptar
em auto relevo esses materiais, uma vez que o deficiente visual utiliza-se do
tato para observar e adquirir determinados conteúdos.Grande parte do
conteúdo de citologia trata-se de organoides microscópicos, o que para os
videntes se torna difícil, já para alunos cegos impossível compreensão. A
construção da célula com diferentes materiais e texturas fará com o aluno cego
assimile e possa de fato sentir-se incluso nas aulas de Biologia.
As projeções sobre a situação do ensino de Biologia nos próximos anos
indicam que as mudanças previstas vão exigir dos professores um profundo
envolvimento nos processo decisório e um ajustamento que sirvam de
elemento entre a escola e a comunidade. Nessa função, eles deverão
reconhecer os anseios da população e traduzir essas expectativas sem
currículo,atividade extremamente desafiadora. O período que começamos a
viver no ensino de Biologia exigirá dos docentes uma ação para mudar o atual
estado de coisas, e este será sem dúvida um trabalho difícil, mas compensador
(KRASILCHIK, p. 192, 2005).
O que contribui para construção do conhecimento do aluno é a utilização
de atividades práticas e manipuláveis para que o mesmo aproprie-se dos
conteúdos pertinentes da disciplina de Biologia, para os alunos cegos e de
baixa visão construção de material em 3D contribui na formação de conceitos,
assim a cada dia somos desafiados a pesquisar e estudar mais e a aprimorar
nossa prática pedagógica, para tanto é fundamental que o professor esteja
sempre buscando atualização formação, para que de fato aconteça um
trabalho inclusivo e de qualidade.
Entende-se que ser professor mediador é fazer com que o aluno entre em
contato com o conhecimento científico; desta forma, acredita-se ser de
fundamental importância sua formação frente à política da inclusão, na busca
por uma prática pedagógica que respeite as diferenças presentes na sala de
aula.
Para o desenvolvimento deste trabalho, as matrizes foram construídas
pelos alunos dos 1º anos do Ensino Médio do Colégio Reinaldo Sass, sob a
supervisão dos profissionais que atuam no CAP Centro de Apoio Pedagógico
de Francisco Beltrão, e sob a coordenação do professor de Biologia para
posterior distribuição aos municípios com alunos cegos inclusos no Ensino
Médio, jurisdicionados a referida entidade.
Espera-se contribuir para mudanças metodológicas, no sentido de
garantir um ensino de qualidade a todos os educandos, atendendo assim,
premissas constitucionais que legitimam a educação nacional.
Quando o professor proporciona ao aluno com cegueira diferentes formas de
acesso ao conteúdo escolar, por meio do veículo que lhe permite significar o
mundo, seja ele tátil, auditivo ou outro, respeitando o tempo necessário para tal,
cria condições favoráveis à sua aprendizagem, proporcionando-lhe igualdade de
condições com outros alunos (REILY, 2004).
Além de atuar como mediador na construção do conhecimento no ensino de
Biologia, o professor pode utilizar outros recursos que possibilitem ao aluno cego e
de baixa visão, o acesso às formas das diferentes células animais.
A pessoa que realiza as adaptações necessita ter conhecimento sobre o
conteúdo a que se refere à adaptação e fazer-lhe uma avaliação para que consiga
transmitir todos os detalhes necessários para o entendimento da pessoa cega.
A definição de ajudas técnicas está conceituada no Decretonúmero 3298 de
20 de dezembro de 1999, em seu artigo 19, parágrafo único.
Essa definição, no âmbito pedagógico, relaciona-se com a ajudaque pode ser
proporcionada a alunos e professores e está contemplada noParecer CNE/CEB
número 17/2001:
[...] Todos os alunos, em determinado momento de sua vida escolar
podem apresentar necessidades educacionais especiais, e seus
professores em geral conhecem diferentes estratégias para dar
respostas a elas. No entanto, existem necessidades educacionais
que requerem, da escola, uma série de recursos e apoios de caráter
mais especializados que proporcionem ao aluno, meios para acesso
ao currículo (MEC: SEESP, 2002, fascículo 1).
A adaptação a ser escolhida depende da complexidade existente em que
se deseja adaptar. Por isso, é necessário que o professor de Biologia
proporcione ao aluno cego, diferentes formas de adaptações, em diferentes
situações, para que ele possa se familiarizar, optar pela forma mais adequada
à sua condição tátil.
Reyli (2004) afirma que muitas vezes ao se falar em equiparação de
oportunidades para pessoas com deficiência, entende-se erroneamente que se
deve oferecer o mesmo tipo de tratamento a todos os alunos. Claramente as
oportunidades devem ser equiparadas, mas para tanto os alunos com deficiência
precisam fazer uso de formas alternativas de aprendizagem, que devem ser
desenvolvidas em conjunto com todos os alunos inseridos na escola
comum(REYLI, 2004).
Segundo Gil (2000) a visão é o canal mais importante para que o
indivíduo estabeleça um relacionamento com o mundo exterior, tornando-se
uma espécie de “sistema-guia”, que permite capturar e registrar informações
trazidas de outros órgãos. Sendo assim, é fácil entender como é complexo a
aquisição de conhecimentos para as crianças deficientes visuais, pois quando
as crianças são acometidas de cegueira na infância não possuem “memórias
visuais” guardadas no cérebro, o que ocasionalmente dificulta entender certos
conceitos como: a cor do sol, o azul do céu, o verde da grama e tantas outras
definições.
Os autores Cerqueira e Ferreira (2000) concordam que por esse motivo
“talvez em nenhuma outra forma de educação os recursos didáticos assumam
tanta importância como na educação de pessoas deficientes visuais” Um dos
grandes entraves é a dificuldade de contato com o ambiente físico; a carência
de material adequado pode conduzir a aprendizagem da criança deficiente
visual a um mero verbalismo, desvinculado da realidade;a formação de
conceitos depende do íntimo contato da criança com as coisas do mundo;tal
como a criança de visão normal, a deficiente visual necessita de motivação
para a aprendizagem (CERQUEIRA E FERREIRA, 2000).
Com base nas reflexões de Vigotski (1997) acerca da educação de
pessoas com deficiência visual, pode-se afirmar que os materiais pedagógicos
favorecem a apropriação do conhecimento e desenvolvimento destes alunos,
pois promove por meio da ação mediada a formação de sistemas funcionais
que levam ao desenvolvimento de suas potencialidades favorecendo a
aquisição de autonomia.
Alguns recursos podem suprir lacunas na aquisição de informações pela
criança deficiente visual. O manuseio de diferentes materiais possibilita o
treinamento da percepção tátil, facilitando a discriminação de detalhes e
suscitando a realização de movimentos delicados com os dedos. (CERQUEIRA
E FERREIRA, 2000).
Recursos didáticos são todos os recursos físicos, utilizados com maior ou
menor frequência em todas as disciplinas, áreas de estudo ou atividades,
sejam quais forem às técnicas ou métodos empregados, visando auxiliar o
educando a realizar sua aprendizagem mais eficientemente, constituindo-se
num meio para facilitar, incentivar ou possibilitar o processo ensino-
aprendizagem(CERQUEIRA E FERREIRA, 2000).
O bom aproveitamento dos recursos didáticos está condicionado aos
seguintes fatores, como capacidade do aluno;experiência do educando;
técnicas de emprego; oportunidade de ser apresentado;uso limitado, para não
resultar em desinteresse.
De acordo com Bechara e Ferreira - Professores do Instituto Benjamin
Constant,1998,na educação especial de deficientes visuais, os recursos
didáticos podem ser obtidos por uma das três seguintes formas:
Seleção: Dentre os recursos utilizados pelos alunos de visão normal,
muitos podem ser aproveitados para os alunos cegos tais como se
apresentam. É o caso dos sólidos geométricos, de alguns jogos e outros.
Adaptação: Há materiais que, mediante certas alterações, prestam-se
para o ensino de alunos cegos e de visão subnormal. Neste caso estão os
instrumentos de medir, como o metro, a balança, os mapas de encaixe, os
jogos e outros.
Confecção: A elaboração de materiais simples, tanto quanto possível,
deve ser feita com a participação do próprio aluno. É importante ressaltar que
materiais de baixo custo ou de fácil obtenção podem ser frequentemente
empregados, como: palitos de fósforos, contas, chapinhas, barbantes,
cartolinas, botões e outros.
Critérios: Na seleção, adaptação ou elaboração de recursos didáticos
para alunos deficientes visuais, o professor deverá levar em conta alguns
critérios para alcançar a desejada eficiência na utilização dos mesmos, tanto
para crianças cegas como para as crianças de visão subnormal.
Tamanho: os materiais devem ser confeccionados ou selecionados em
tamanho adequado às condições dos alunos. Materiais excessivamente
pequenos não ressaltam detalhes de suas partes componentes ou perdem-se
com facilidade. O exagero no tamanho pode prejudicar a apreensão da
totalidade (visão global).
Significação Tátil: o material precisa possuir um relevo perceptível e,
tanto quanto possível, constituir-se de diferentes texturas para melhor destacar
as partes componentes. Contrastes do tipo: liso/áspero, fino/espesso, permitem
distinções adequadas.
Aceitação: o material não deve provocar rejeição ao manuseio, fato que
ocorre com os que ferem ou irritam a pele, provocando reações de desagrado.
Estimulação Visual: o material deve ter cores fortes e contrastantes para
melhor estimular a visão funcional do aluno com baixa visão.
Fidelidade: o material deve ter sua representação tão exata quanto
possível do modelo original.
Facilidade de Manuseio: os materiais devem ser simples e de manuseio
fácil, proporcionando ao aluno uma prática utilização.
Resistência: os recursos didáticos devem ser confeccionados com
materiais que não se estraguem com facilidade, considerando o frequente
manuseio pelos alunos.
Segurança: os materiais não devem oferecer perigo para os educandos.
Os modelos devem ser criteriosamente escolhidos e, sempre que
possível, sua apresentação ao aluno ser acompanhada de explicações verbais
objetivas. Objetos muito pequenos podem ser ampliados, para que se tornem
perceptíveis detalhes importantes. Objetos situados a grandes distâncias,
inacessíveis, portanto, precisam ser apresentados sob forma de modelos. O
formato de uma nuvem, a forma do sol, da lua, só pode ser apreendido pelos
alunos através de modelos miniaturizados.
Um dos modelos de matrizes reproduzidas pelos alunos do Colégio
Estadual Reinaldo Sass, serão posteriormente duplicados em Thermoform que
é duplicador de materiais, empregando calor e vácuo, para produzir relevo em
película de PVC, para posterior distribuição para alunos cegos e de baixa visão
jurisdicionados ao CAP Centro de Apoio pedagógico de Francisco Beltrão.
2 IMPLEMENTAÇÃO - DA TEORIA À PRÁTICA
Uma vez definido o conteúdo de Citologia Animal, o qual seria
transformado em matrizes táteis, o estudo seguiu com a delimitação de quais
atividades seriam adaptadas.Como um dos objetivos seria, na fase de
implementação do plano de trabalho, apoiar os alunos cegos e de baixa visão
no sentido de propiciar aos mesmos, condições de equidade na disciplina de
Biologia. Dessa forma fez-se necessário falar do aluno cego presente na sala
de aula, para tanto também se faz necessário o professor se sensibilizar e
respeitar as diferenças, conhecer sobre a cegueira para poder atuar como um
dos mediadores do conhecimento na escola. Assim procurou-se organizar com
os alunos dos primeiros anos do Ensino Médio do Colégio Estadual Reinaldo
Sass que confeccionariam essas matrizes táteistrês ações para efetivar o
trabalho, e posteriormente tornar possível o objetivo.
Para tal, utilizou-se a metodologia de apresentar a teoria que expressasse
o porquê, o quando e o como se trabalhar, ou seja, teoria combinada com
demonstração prática, bem como o planejamento das aulas, usando as mídias
de áudio visual e, nas práticas, os materiais utilizados no dia-a-dia dos alunos
cegos e de baixa visão na disciplina de Biologia - Citologia Animal.
Durante as aulas foram realizadas as seguintes ações totalizando 32
horasde efetivo trabalho:
Primeira ação: Os alunos tiveram uma palestra proferida pelo CAP
(Centro de Apoio Pedagógico) na Área Visual de Francisco Beltrão sobre
adaptações de materiais para cegos.
Segunda ação:Os alunos foram divididos em grupos de cinco e realizou-
se explicação de como seriamelaboradas as matrizes, quais os materiais
seriam utilizados e a forma de confecção de cada uma, para serem
posteriormente duplicadas em thermoform no CAP Centro de Apoio
Pedagógico que fará a distribuição para os alunos cegos e de baixa visão
jurisdicionados ao referido CAP.
Terceira ação: Produção das matrizes táteis referentes ao conteúdo de
Citologia animal pelos alunos dos primeiros anos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Opresente estudo teve como objetivo criar e produzir materiais
pedagógicos adaptados a fim de proporcionar a ampliação de possibilidades de
conhecimento e equidade de direitos nas aulas de Biologia, através da
utilização destes recursos.
Após a fase do estudo, passou-se a organização logística da confecção
das matrizes táteis, que se tornou possível pelo apoio do CAP – Centro de
Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual de Francisco Beltrão.
Tentou-se, em cada uma das ações, não enfatizar somente o conteúdo
eas técnicas de aplicação dos mesmos, mas em fazer um feed-back com os
alunos de que o movimento pela educação inclusiva, defende o direito de
todos os alunos estarem e estudarem juntos, e é um movimento mundial,
desencadeado pela defesa aos direitos humanos, que não permite nenhum tipo
de discriminação. A educação inclusiva conjuga igualdade e diferença como
valores não separáveis, com o fim de conseguir a equidade de chances para
todas as crianças da escola independente de terem ou não necessidades
especiais. E queconfeccionando essas matrizes táteis referentes ao conteúdo
de Citologia Animal estariam contribuindo com esses alunos cegos e de baixa
visão.
Dentro deste contexto inclusivo, procurou-se oferecer aos alunos, todas
as informações referentes aos materiais que seriam utilizados e o modo de
fazer de cada uma das matrizes.
A primeira ação foi a palestra realizada pelos professores do CAP Centro
de Apoio Pedagógico onde se abordou quem é a pessoa cega, como se
relacionar com a mesma e a forma como se utilizam do tato para aprender.
Na segunda ação foi realizada explicação para todos os alunos de como
seriam elaboradas as matrizes para serem posteriormente duplicadas em
thermoform no CAP Centro de Apoio Pedagógico. Para que essas matrizes
possam ser meios de adaptação para alunos deficientes visuais, seria
necessário que se levasse em conta critérios como: tamanho, significação
tátil,aceitação, estimulação visual, fidelidade, facilidade de manuseio,
resistência e segurança para alcançar a desejada eficiência na utilização dos
mesmos.
Na terceira ação foram produzidas as matrizes táteis referentes ao
conteúdo de Citologia Animal pelos alunos dos primeiros anos,Maquete da
célula em 3D, Célula de biscuit em 3D,Célula Sensorial (Tortinha feita de
feltro colorido em 3D), Célula nervosa Neurônio, Célula reprodutora
masculina e feminina (óvulo e o espermatozoide), Célula Adiposa, Célula
sanguínea, Glóbulo branco (leucócito) Célula Animal (matriz),que foram
duplicadas em thermoform e posteriormente distribuídas para alunos cegos e
de baixa visão jurisdicionados ao CAP Francisco Beltrão.As matrizes táteis
foram enviadas para os municípios de Santo Antônio do Sudoeste, Francisco
Beltrão, Guarapuava, Clevelândia, Pato Branco, Rio Bonito do Iguaçu, Ponte
Nova do Cotegipe e União da Vitória, a escolha destes municípios deu-se pelo
fato de ter alunos cegos inclusos no Ensino Médio.
Ao final das aulas, foi realizada uma avaliação com os alunos, onde 100%
deles afirmaram que aprenderam muito do conteúdo quando produziam as
matrizes e que conheceram a forma como as pessoas cegas e de baixa visão
também adquirem conhecimento, e que se sentiam mais solidários e inclusivos.
Pela atenção, interesse e aproveitamento dos alunos,percebeu-se que
estavam muito comprometidos e satisfeitos em colaborar com os alunos cegos
e de baixa visão que se utilizariam dessas matrizes para aprenderem.
Estes resultados indicam que o aluno precisa também receber formação e
colaborar no sentido de tornar a inclusão realidade.
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