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O SIGNIFICADO DA OBESIDADE NA QUALIDADE DE VIDA
DO ALUNO OBESO: VIVENCIANDO PRECONCEITOS
Silva, Airton Nery de oliveira
RESUMO: Este trabalho teve como finalidade compreender o significado da obesidade na qualidade de vida do estudante obeso. A pesquisa contou com estudantes de um Colégio Estadual da cidade de Barracão, no estado do Paraná. O estudo foi embasado no Referencial Holístico, que sustenta uma visão de qualidade de vida construída a partir do processo das interações humanas no cotidiano; integra também a complexidade das relações individuais e coletivas, sob uma perspectiva interdisciplinar. Esta pesquisa foi desenvolvida de forma qualitativa, inquirindo as experiências dos alunos obesos no ambiente escolar, por meio de entrevistas. O diagnóstico dos dados deixou evidente que as atitudes preconceituosas para com o aluno obeso, afetam sua saúde e qualidade de vida, sendo esta lesada pelas barreiras no atendimento de suas necessidades físicas, emocionais, e sociais, e pela dificuldade do ser humano de lidar com as diferenças. A mídia contribui para o estigma social, ao incentivar o culto ao “corpo perfeito”. Contudo, em meio à discriminação o aluno obeso busca reconhecimento, com vista à construção de um vínculo mais prazeroso entre o que é e o que realiza. Pela análise reflexiva dos dados surgiram propostas no sentido de atentar para a importância de transformar a visão social da obesidade, principalmente no que se refere ao respeito e a dignidade do aluno obeso, nos mais variados contextos. Há a expectativa que o ambiente escolar se torne um espaço mais humanizado e facilitador de interações menos preconceituosas, favorecendo, assim, a construção de uma qualidade de vida mais satisfatória.
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ABSTRACT: This work has had as objective to understand the meaning of obesity in the quality of life of an obese student. The research has involved students of the public school Colégio Estadual, city of Barracão, state of Paraná. The study was based on the Holistic Reference, which maintains a vision of quality of life made from the process of human interactions in daily routine; is also incorporates the complexity of individual and collective relationships, under as interdisciplinary perspective. This research was developed in a qualitative form, asking about the obese students’ experiences in the school environment, through interviews. The diagnostics of the data has left clear that biased attitudes towards obese students affect their health and quality of life, which has been harmed by the barrier that exists in the treatment of their physical needs, as well as emotional and social necessities, and the difficulty of human being to deal with the differences. The media contributes to the social stigma, encouraging the cult of the “perfect body”. However, around discrimination, the obese student seeks to be recognized in order to make a more pleasurable link between what he/she is and what he/she achieves. By the reflective analysis of the data, some proposals have arisen to reinforce the importance to convert the social vision about obesity, mainly when it regards obese students’ respect and dignity in the most varied contexts. There is the expectation that the school environment becomes a more humanized space, facilitator of less biased interactions, favoring thus the building of a more satisfactory quality of life.
Palavras-chave: Obesidade. Preconceito. Qualidade de vida.
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INTRODUÇÃO
Há duas tendências sociais angustiantes para pessoas acima do
peso ideal: uma é a grosseira e desumana discriminação estética e a outra
é encarar o obeso como uma pessoa que não tem força de vontade.
Algumas vezes, isto gera preconceito em relação ao aluno obeso,
dificuldades para relacionamentos sociais e afetivos e até mesmo quadro
de dificuldades de aprendizagem, portanto esta pesquisa teve por objetivo
principal, compreender o significado da obesidade e seus preconceitos
para o estudante obeso, e suas implicações na sua qualidade de vida. O
estudo foi embasado em uma visão que sustenta que a qualidade de vida
é construída a partir do processo das interações humanas. Esta pesquisa
foi desenvolvida de forma qualitativa, investigando as experiências dos
estudantes obesos em seu ambiente escolar, através de entrevistas,
procurou-se descobrir se a grande variedade de propostas de prevenção
ou tratamento da obesidade envolve mais uma exigência cultural dentro
de um padrão de “corpo perfeito”, do que uma preocupação com a saúde
em si investigou-se também se mediante atitudes preconceituosas no
ambiente escolar, a qualidade das interações é afetada, repercutindo em
prejuízos à sua saúde afetiva, social e cognitiva. O desafio desta pesquisa,
portanto, foi de procurar compreender o estudante obeso, e não
exclusivamente o corpo obeso, pois o ser humano não se restringe a um
corpo físico somente, mas também um ser social, afetivo e cognitivo.
Portanto esta pesquisa procurou responder como o estudante obeso da
significado a sua obesidade, tendo em vista a sua qualidade de vida, as
suas percepções e sentimentos frente ao ambiente escolar.
Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela 1ª vez o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença. (REZENDE, 1992).
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Isso ilustra como foi encaminhado o trabalho. Sem embaraço com
pequenas coisas, não focalizou a rotina do ser humano; ao contrário,
desejou captar a essência da experiência humana, notando os detalhes, a
natureza diversa e complexa dos estudantes obesos.
CONTEXTUALIZAÇÂO DO TEMA
Acometido por profunda inquietação, ao perceber que os estudantes
obesos tinham necessidade de conversar, de contar suas histórias,
sentimentos e experiências, estes estudantes têm um desejo de serem
ouvidos, de poderem compartilhar, também em virtude de a obesidade ser
um problema de saúde complexo, que favorece o aparecimento de outras
doenças, e principalmente por causa das tendências sociais, que podem
facilitar atitudes de discriminação e exclusão da comunidade escolar,
surge a curiosidade e o desejo de aprofundar o conhecimento sobre este
tema, buscamos compreender o estudante obeso. Mais do que uma rápida
conversa e exposição de suas dores, eles revelam verbal e não-
verbalmente, o desejo de serem escutados; de poderem compartilhar um
pequeno caso que acontecera até mesmo a caminho da escola. Naquelas
falas havia um verdadeiro tesouro: o encontro com o humano, com todos
os seus medos, limitações e, por outro lado, com toda a sua esperança e o
seu pedido de não serem apenas mais um, e sim, serem vistos como
pessoas repletas de dignidade.
Contagiado por estas experiências acontecidas na escola e desejando
investigar mais sobre este tema, buscamos expandir a compreensão do
aluno obeso, desta vez escolhendo sua realidade como estudante. Ao
participar do Programa de Desenvolvimento Educacional, vislumbro a
possibilidade de realização deste estudo, tendo o intuito de pesquisar o
significado da obesidade na qualidade de vida do aluno obeso.
Cabe então escutar estes alunos obesos, levando em conta suas palavras,
gestos, sentimentos, rumo à construção conjunta de conhecimentos e
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reflexões, considerando ainda as repercussões destas experiências em
sua qualidade de vida. Independentemente de quaisquer vertentes
científicas ou áreas do saber, é somente o próprio sujeito quem pode falar
de si, revelar-se e, assim, contribuir para a construção de um
conhecimento que vai além da escrita: o saber vivo, interligado vivencial e
culturalmente, configurado num todo de relações interpessoais, no qual o
ambiente escolar torna-se apenas mais um dos lugares de expressão
desta singularidade. E a abordagem holística ao compartilhar esta
perspectiva como um de seus fundamentos, contribuirá e guiará todo este
percurso.
O foco principal desta pesquisa será o preconceito ao aluno obeso, e
suas implicações em sua qualidade de vida. Portanto no capítulo a seguir
faremos um estudo de todos os componentes que interferem, e de alguma
maneira são importantes para o estudo do assunto em questão.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Abordagem holística
A abordagem Holística possibilita um redirecionamento de pontos de
vista e um resgate da subjetividade humana, ela se propõe a trazer uma
nova visão de mundo e de homem, sendo que a sabedoria vinda do
cotidiano participa deste olhar. A perspectiva Holística contextualiza vai
além da escrita, é um saber vivo que interliga pesquisador-pesquisado.
Nas palavras de PATRÍCIO (1999, p.38) “o paradigma holístico considera
cada elemento de um campo como um evento, refletindo e contendo
todas as dimensões do campo”.
E por considerar a totalidade deste campo, sua potencialidade é que
esta pesquisa se configura a partir deste referencial. Não cabe separar o
tema obesidade do sujeito estudante, “... o cotidiano do ser humano seja
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no trabalho, nos deslocamentos, em casa, cumulativamente dá forma ao
seu corpo, registra historicamente sua vida” (Patrício, 1999, p.104).
Não há como desvincular os significados atribuídos por tal sujeito à
sua qualidade de vida, já que “cada um de nós é um ecossistema”
(Patrício, 1999, p. 34) e “... a qualidade de vida individual expressa a
qualidade da participação no ambiente como um todo, seja natural ou
cultural (idem, ibidem, p.53)”.
O referencial holístico confere grande valor a esta pesquisa,
principalmente quando consideramos que holístico implica em uma visão
resultante da combinação entre teoria e prática. Assim a abordagem
holística rege este trabalho sob a preferência de um discurso flexível e
emotivo.
Abordar a vida humana a partir de pressupostos holísticos é também estar
guiado pela compreensão da diversidade e transculturalidade das
necessidades individuais e coletivas de ser, estar, sentir, conhecer, fazer e
ter, que o ser humano apresenta em todo o seu processo de viver, através
da dinâmica da interação transpessoal – natureza – cotidiano – sociedade
(PATRÍCIO, 1999, p.39).
A matéria prima desta construção é composta por uma rede
interacional entre pesquisador – pesquisado, onde a abordagem holística,
especialmente neste estudo, sustenta um discurso alicerçado na
perspectiva de paradigmas emergentes, compreendendo os fenômenos
humanos e suas relações com a qualidade de vida. Entendemos esses
paradigmas como visões de mundo e de homem que indica a superação
da dicotomia entre individual – coletivo, observador – observado. Trata-se
de redirecionar o conhecimento, tendo em vista a ênfase na
complexidade, valorizando as ciências sociais, em suas dimensões
cognitivas, biológicas, afetivas e espirituais, sob o escudo do respeito à
diversidade ética e ao caráter sistemático das inter – relações humanas.
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Em se tratando das contribuições do referencial holístico acerca dos
paradigmas emergentes, PATRÍCIO (1999. p. 23) acrescenta que aquele:
Pressupõe paradigmas não apenas para produção na comunidade acadêmica, em integração com paradigmas que fazem a mediação das produções cotidianas em outras comunidades da sociedade em geral. Essa qualidade mostra uma ciência, enquanto processo e produto, mais humana, mais humanitária, mais criativa, integrando saber popular e saber científico, integrando mundos, culturas e sentimentos para uma qualidade de vida mais humana e mais saudável.
Assim, partimos do princípio de que o todo não é nem menor nem
maior do que a soma das partes, mas apenas, diferente, o que leva à
integração de conhecimentos. E é justamente por não privilegiar ou
priorizar um único aspecto destas polaridades, que tomamos o referencial
holístico como instrumento motivador desta pesquisa.
Então, procuraremos, agora esclarecer, mantendo esta perspectiva,
o que se entende por obesidade.
A obesidade humana
Para um breve esclarecimento do que se entende por obesidade,
utilizamos a definição de LEITE (1996): “A obesidade é um distúrbio
complexo relacionado com numerosos fatores que desequilibram o
balanço energético e é, em geral, doença. Esses fatores podem ser
resumidos em externos e internos. O primeiro seria a violência, o baixo
gasto energético. O segundo são os fatores genéticos”.
É interessante notarmos que os hábitos alimentares estão ligados
aos costumes e valores de cada povo.
Alimentação e cultura são temas que vem preocupando não só os
antropólogos como os estudiosos de nutrição. É uma espécie de alfa e
ômega que, investigando o passado, estabelece dados mais seguros para
o futuro.
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Estudos sistematizados da conduta humana em relação a alimentação comprovam que hábito alimentar é uma parte inseparável de uma forma de vida (ORNELLAS, 1978, p. 273)
A organização Mundial de Saúde (OMS) define sobrepeso como o
peso corporal que excede do peso normal dos indivíduos da mesma raça,
sexo, idade e constituição física. Enquanto a obesidade é a doença na qual
o excesso de gordura corporal acumulada no organismo aumentou o peso
corporal de tal forma que pode prejudicar a saúde. Ambos, sobrepeso e
obesidade podem ser provocados pelo desequilíbrio entre a quantidade de
calorias consumidas e gastas (site OMS). Contudo, “... outros autores
entendem que suas causas vão além desse desequilíbrio, podendo ser
resultantes de fatores genéticos, metabólicos, neuroendócrinos,
comportamentais, sociais e psicológicos”. (PATRÍCIO 1999 p. 140).
Atualmente, os problemas da obesidade, advindos com os avanços
da modernidade, ganham enormes proporções. GUEDES e GUEDES (1998,
p. 35-36) falam sobre isto:
A maior mecanização do trabalho e a introdução da robótica e da informática no controle dos sistemas têm produzido a necessidade de o homem moderno se expor a esforços físicos de algum significado na realização de suas tarefas profissionais. A prática de assistir à televisão por várias horas ao dia, associada aos inúmeros dispositivos que facilitam a execução dos afazeres domésticos, tem limitado ao extremo a realização de movimentos em casa. A necessidade de locomoção atualmente é atendida por eficiente sistema de transporte onde o gasto energético é minimizado par a maioria das pessoas. A difusão de atividades de lazer envolvendo prioritariamente diversões eletrônicas e as intensas campanhas publicitárias de estímulo a ocupação em tempo livre com atividades sedentárias são fortes contribuintes ao abandono de práticas lúdicas que exijam esforços físicos mais intensos.
Por estes fatores, a obesidade pode e precisa ser repensada,
levando-se em consideração, não só aspectos da saúde física e mental,
mas também questões referentes ao ambiente escolar. Por um lado, as
facilidades decorrentes da tecnologia foram muitas bem vindo, mas por
outro, acabaram acarretando um comodismo e um sedentarismo ao
jovem, prejudiciais a sua saúde.
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A O.M.S. (Organização Mundial da Saúde), criou alguns parâmetros e
adotou a seguinte tabela para determinar e facilitar a obtenção do I.M.C.
(Índice de Massa Corporal – Quadro 01) de cada individuo, possibilitando
desta forma um melhor e maior controle sobre o índice de obesidade na
população, contribuindo desta maneira para o combate e controle da
obesidade.
Quadro 01 Classificação do índice de massa corporal (IMC)
Categoria IMCAbaixo do peso Abaixo de 18,5Peso normal 18,5 - 24,9Sobrepeso 25,0 - 29,9Obesidade Grau
I30,0 - 34,9
Obesidade Grau
II35,0 - 39,9
Obesidade Grau
III40,0 e acima
Fonte: ABESO, 2007 – www.Abeso.org.
Obesidade infantil
Muitas são as prováveis causas do sobrepeso e da obesidade na
infância e adolescência: O aumento no consumo de alimentos ricos em
gorduras, diminuição da prática de exercícios físicos, relação familiar
instável, tempo de televisão diária, avanços tecnológicos. Assim observa-
se que o aumento no número de crianças obesas pode estar relacionada à
mudança no estilo de vida e aos hábitos alimentares.
A felicidade prometida pelas aplicações indiscriminadas da ciência moderna
sob a forma de tecnologia está se transformando no seu contrário, de um
lado temos a falta elementar do alimento e conforto, que traz fome e
miséria psicológica que acompanha o excesso de alimento e conforto, que
traz fome e miséria, de outro lado temos a miséria psicológica que
Exemplo de como calcular o Índice de Massa Corporal (IMC):
80kg / 1,80m x 1,80m = 24,69 ( Normal)
IMC = Peso
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acompanha o excesso de alimento e conforto, onde crescem a Solidão, a
indiferença, as violências sob todas as formas (PATRÍCIO, 1995, P.140)
Sabemos que a origem da obesidade é influenciada por vários
fatores (genéticos, fisiológicos, metabólicos), O baixo consumo de frutas,
hortaliças e leite, a omissão do café da manhã e o consumo cada vez
maior de salgadinhos e bolachas recheadas têm relação com o excesso de
peso juntamente com a redução dos níveis de atividade física, mas existe
também uma grande relação com o ambiente onde o jovem vive.
Além dos fatores genéticos que estão entre as principais causas de obesidade, estão relacionados também fatores nutricionais, funções endócrinas e hipotalâmicas, inatividade e sedentarismo, medicamentos, fatores ambientais e sócio-econômicos (GUEDES e GUEDES, 1998).
Qualidade de vida e atividade física
Devido a grande dificuldade em encontrar, na literatura, questões
com abordagem na qualidade de vida das pessoas obesas, vamos nos
conduzir por um norte mais amplo do tema.
Para falarmos em qualidade de vida, precisamos partir das
perspectivas, concepções e experiências de cada indivíduo, na medida em
que esse tema diz respeito a visões de mundo distintas. (PATRÍCIO 1999,
p.50-53) entende qualidade de vida. “... enquanto produto e processo,
dizendo respeito aos atributos e as propriedades que qualificam essa vida,
e ao sentido que tem para cada ser humano”. “... a qualidade de vida
individual expressa a qualidade da participação social, no ambiente como
um todo, seja natural ou cultural”. Esta conquista amplia-se para uma
consciência crítica frente seus direitos e deveres, também as relações
interpessoais a favorecem. Ao pensarmos em qualidade de vida como uma
construção subjetiva, reconhecemos que a satisfação das necessidades
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humanas passa por suas relações cotidianas, tendo em vista as saúdes
físicas, mentais e sociais.
Existe uma relação positiva estabelecida entre atividades físicas e
melhores padrões de qualidade de vida, podemos dizer também que a
saúde e qualidade de vida do homem podem ser preservadas e
aprimoradas pela pratica regular de atividade física. Alguns autores e
entidades ligadas a Educação Física ratificam este entendimento.
Guedes e Guedes (1998), reconhecem as vantagens da prática de
atividades físicas regular na melhoria da qualidade de vida. Também
Nahas (1997), admite a relação entre atividade física e qualidade de vida,
o autor identifica, nas sociedades industrializadas, a atividade física
enquanto fator de qualidade de vida quer seja em termos gerais, quer seja
relacionada à saúde.
Deve ficar muito claro que relação entre atividade física e qualidade de
vida envolve uma variedade de questões, e não podemos reduzir o
homem somente a dimensão biológica, pois concordamos que ele é fruto
de um processo e de relações sociais amplas e abrangentes.
Além dos problemas decorrentes dos fatores de risco à saúde, existe
também a questão do preconceito a qual veremos a seguir.
Preconceito
Para compreendermos um pouco mais sobre preconceitos e suas
causas vejamos a definição de ROSE (1972.p.162):
Um conjunto de atitudes que provocam, favorecem ou justificam mediadas de discriminação. Estas medidas constituem um modo de comportamento observável e seriam em virtude disso, mais úteis para serem estudadas, mas o objetivo do presente estudo é determinar as causas deste comportamento: o que, portanto nos interessa aqui é o estado de espírito da pessoa que aplica tais medidas. Por preconceito, entendemos o estado de espírito que corresponde à aplicação de discriminação.
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De acordo com o autor a discriminação seria a parte concreta, e o
preconceito o estado de espírito.
A perspectiva de um reconhecimento social. Este parece ser o
grande esforço da pessoa obesa, que, além de lidar com questões de
saúde, tem que procurar também afastar o preconceito social que lhe é
dirigido. Infelizmente, presenciamos atitudes e comportamentos de
preconceito diante da criança e do adolescente obeso.
Nos parece existir uma incisiva marca social em relação aos
mesmos. A mídia e tudo mais, hoje são voltadas ao corpo “escultural”, e a
pessoa obesa acaba sendo vista como preguiçosa, ou até com desvio de
caráter, que não gosta de atividade física. Na maioria das vezes os
problemas começam na escola com apelidos de mau gosto. Isso poderá
gerar problemas psicológicos, baixa auto-estima, sentimentos de rejeição
e de depressão. O obeso sente que a sociedade, quando não o ignora o
agride. Diante de tanta discriminação e preconceito é difícil uma auto-
imagem positiva.
Procedimentos Metodológicos
Este estudo utilizou o método qualitativo, em busca dos significados
atribuídos pelos sujeitos.
A pesquisa qualitativa, não pressupõe hipóteses com o intuito de
verificação, quantificação, mas sim a descrição, compreensão e
interpretação dos significados.
Segundo PATRÍCIO (1999, p. 41) a pesquisa qualitativa “possibilita
conhecer de variadas formas, incluindo técnicas que promovam prazer
mútuo, pesquisado-pesquisador, como as pessoas vivem sua história,
compreender os significados que dão as suas vidas e auxiliá-las a
identificar suas possibilidades e limitações, bem como possibilita que
façamos a mediação no processo de transformação dessas limitações”.
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Como instrumento escolhemos o estudo de casos múltiplos, em
razão que a pesquisa ocorreu com mais de um sujeito, por ser esta um
tipo de pesquisa qualitativa que visou retratar a realidade de maneira
contextualizada, enfatizando a importância descritiva dos dados. Desta
forma escolhemos a técnica da entrevista semi-estruturada, como forma
de investigação, pois assim, valorizou a presença do pesquisador,
oferecendo espaço para que o pesquisado discorresse espontaneamente,
aprofundando a investigação.
Etapas da Pesquisa
1ª Etapa: Fase exploratória - dedicado a interrogar-nos, sobre os
objetivos, os pressupostos, as teorias, a metodologia, as possibilidades de
execução da pesquisa, na medida em que escolhemos o Colégio, os
contatos foram feitos para viabilizar a coleta do material de investigação.
Nesta etapa foi apresentados os objetivos e finalidades, bem como o
formulário de pesquisa a carta de apresentação às autorizações da escola
e individuais para realização da pesquisa, também realizamos a
entrevista-piloto.
Para participar da pesquisa, escolhemos os estudantes de um
Colégio Estadual da cidade de Barracão, estudantes estes do ensino
fundamental e médio. Além disto, levaremos em conta como critério o
estudante que tiver IMC > 30, o qual será avaliado também através da
mensuração de dobras cutâneas para verificar se o percentual de gordura
indica obesidade. Motivo este que sustenta nosso objetivo de investigar
estudantes realmente considerados obesos, independentemente da idade
e do sexo.
2ª Etapa: Agendamento das entrevistas com os estudantes obesos,
entrando verdadeiramente em contado com eles. Todas as formas de
registro foram importantes à construção do conhecimento qualitativo. É
importante mencionar que, nesta pesquisa, a análise de dados será feita
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concomitantemente a coleta dos mesmos. Desta forma, após a realização
e transcrição das entrevistas, tomamos nota dos temas essenciais ao
estudo.
3ª Etapa: Nesta etapa, retornamos aos sujeitos do estudo, para
compartilharmos o que foi produzido. Algumas distorções de interpretação
foram sanadas. Colocamo-nos a disposição para sanar eventuais dúvidas,
questionamentos, críticas e sugestões. Este também foi o momento de
agradecer a todos que participaram do estudo. Aqui também coube a
descrição e interpretação dos dados.
Após todos os procedimentos elencados, foram convidados a
participar da pesquisa os alunos que se encontram dentro dos parâmetros
estabelecidos. Assim, de acordo com os requisitos, participaram da
pesquisa oito (8) alunos, independentemente de idade e sexo. Todos os
alunos participantes foram entrevistados na escola, em horário que não
interferisse em suas atividades curriculares.
A entrevista teve duração de aproximadamente uma hora e trinta
minutos. Elas foram registradas em um gravador e transcritas em seguida.
O primeiro passo da entrevista foi a escolha de um codinome para cada
participante, todos optaram por usar as iniciais dos próprios nomes.
Nossos “entrevistados”, sujeitos desta pesquisa, são, então: A.C..; D. L;
L.L.Z.; L.S.; M.M.S.; M.A.C.; N.N.; N.R.. Deste total, cinco alunos são do
sexo feminino, e três do sexo masculino. As idades variam entre catorze e
dezessete anos.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO
Este capítulo trata da riqueza de conhecimentos que foram
construídos e contextualizados, a partir das falas dos sujeitos de pesquisa.
È importante esclarecer que escolhemos descrever e interpretar os dados
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simultaneamente, a fim de tornar mais interessante e criativa a leitura e a
compreensão desse capítulo.
MINAYO (1997) entende que a análise e a interpretação são muito
mais do que a descrição e a articulação dessa descrição, respectivamente.
Esta autora compartilha a idéia que “... a análise e a interpretação estão
contidas no mesmo movimento; o de olhar atentamente para os dados da
pesquisa” (idem, 1997, p. 68).
Desta forma, segundo já mencionamos, as discussões dos dados
coletados perpassaram os sentimentos e os significados de ser uma aluno
obeso, a compreensão a respeito de qualidade de vida e, ainda, de que
forma os padrões de beleza atuais maciçamente veiculados pela mídia
interferem nas relações pessoais dos alunos obesos.
Como categorias a serem destacadas ressaltamos a vivência do
preconceito pela pessoa do aluno obeso e a busca que este aluno produz,
na tentativa de alcançar reconhecimento no ambiente escolar. Forma-se
um círculo vicioso, uma vez que, a qualidade de vida deste ser humano
acaba comprometida por uma exigente demanda sócio-cultural de ter um
“corpo perfeito’, invalidando capacidades outras, como a criatividade, o
esforço, a afetividade, o compromisso, e o cognitivo do aluno obeso”.
É importante ressaltar, que, frente à complexidade com que
surgiram os significados nas falas dos sujeitos, nossa reflexão não teve a
intenção de reproduzir toda a riqueza deste estudo. Isto seria impossível
principalmente, pelo cunho qualitativo e emocional que esta abordagem
permite. Vale registrar, contudo, que nossa intenção é “provocar novas
reflexões, que sirvam de questionamentos para outras pesquisas”.
A Vivência do Preconceito pelo Aluno Obeso
O homem e sociedade se diferem dia após dia, fundamentados
numa linguagem que fragmenta o pensamento da atitude e o sentimento
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da ação responsável. Ocupamo-nos do confinamento, da segregação, da
figura do “diferente”. Desprezamos a singularidade, a criatividade; enfim,
o simples e, ao mesmo tempo, complexo direito de ser.
MAFFESOLI observou que “a modernidade, ao mesmo tempo em que
multiplicou a possibilidade das relações sociais, esvaziou-as, em parte de
todo o conteúdo real” (1998 p.126). Notamos um grande descaso pelo
destino que a sociedade vem dando aos sujeitos, principalmente àqueles
que vê como diferentes. A marginalização da pessoa humana e a
alienação frente às relações sociais imperam, de maneira incorporada, no
cotidiano palavras de L.L.Z. (sujeito de nossa pesquisa), a marca do
preconceito, experimentada pelo aluno obeso:
“O preconceito conta muito na escola; quem tem melhor aparência, quem tem pior aparência; conta muito. Sinto-me muito triste. A pessoa obesa sofre muito; ela sofre para andar; sofre na hora de comprar roupa; sofre quando vai a um lugar e não tem como se sentir confortável. É muito complicado Não tem como separar o obeso do preconceito. Os professores e funcionários me tratam com muito carinho, minhas colegas me tratam super bem, mas os meninos riem de mim”.
Não estamos aqui para culparmos a sociedade, da qual também
fazemos parte, pelas aflições e repulsas que destroem as relações. Ao
contrário queremos mostrar o quanto somos cegos às necessidades dos
alunos obesos, e pior ainda por muitas vezes desconhecemos. Não
estamos preparados e nem fomos educados para atendermos as
necessidades destes. Aprendemos, ao contrário, a separá-los de nosso
convívio, a afugentá-los de nossos olhos.
A inabilidade para a aceitação social plena, também culmina em
segregação e discriminação. Estas atitudes além de se manifestarem nas
relações em si, influenciam a própria identidade do sujeito, ele caminha
muitas vezes parra um certo isolamento. N.R. comentou uma experiência,
tendo em vista esta questão da discriminação:
“Você chega numa loja e diz: eu quero ver aquela blusa ali. A pessoa olha para você com cara de desprezo. Cansei de passar por isto, não só eu, mas algumas pessoas com quem já conversei, disseram a mesma coisa. Ela olha para você e diz: não tem seu número, e nem vai verificar se tem ou não. Na
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escola já fui alvo de piadas, você é sempre o ultimo a fazer amigos e fica se sentindo inferior ao grupo, eu era tratada com muita discriminação, até troquei de escola, pois não queria mais ver ninguém”.
Desta forma, o ambiente escolar, palco de sustentação desta
identidade, tende a fragmentar o “eu individual” do “eu social”. Além do
preconceito vivido pelo aluno em relação à sua pessoa, ele ainda sofre
com brincadeiras, piadas, e provocações dos colegas de escola, que
repetem o mesmo mecanismo discriminatório da sociedade como um
todo.M.M.S. expressou sua sensação no contexto da escolar:
“Humilhado, bem humilhado por ser gordo; todos fazem questão de lembrar a todo o momento que você é gordo, principalmente na escola, ficam incomodando, peço para parar, mas daí que incomodam mais e mais, fico arrasado, com raiva, com ódio, esses são meus sentimentos e minha atitude é partir para a briga”.
N.N. também desabafou, trazendo o aspecto da atitude
preconceituosa que por vezes nem precisa ser verbalizada: “Eu acho que
a pessoa gorda sempre fica de lado na escola, as pessoas tem
preconceito. Isto é até difícil de falar, mas a gente nota”.
Além das conseqüências sociais, as repercussões do preconceito
atingem de maneira intensa, a vida psíquica e emocional das pessoas
obesas. Na tentativa de sobreviver ao preconceito entre outras atitudes,
alguns mecanismos compensatórios são empregados, com a finalidade de
se proteger.Vejamos a narração de L. S.
Entra o lado da compensação; algumas pessoas entram nas drogas, outras no álcool, outras entram em depressão, e outras caem no vício da comida. Por isso é que eu digo: obesidade é doença sim; ninguém é gordo porque quer. Todo mundo queria comer de tudo e não engordar.
É urgente retomarmos o sentido social, deixar de tratar o aluno
obeso como “objeto”, isto diz respeito a noções de consciência e
responsabilidade. A grande questão disso tudo é que o preconceito incide
justamente no sentido da existência, este mesmo preconceito se alastra
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no cotidiano, indo desde o rechaço em razão de uma peça de vestuário,
até o desprezo pela sensibilidade do indivíduo. N. R. demonstra sua
indignação a este respeito:
Quando eu vejo um estilista dizer que ele faz as roupas daquele tamanho; se a manequim não servir, ela não serve para vestir as roupas dele. Dentro dessa área, acho que é uma coisa extremamente cruel. E vende-se a imagem do que é bonito. Você vê na televisão que é bonito a magra, sim é a coisa do corpo, porque o ser humano está extremamente materialista. A mídia introduz moda pensamento, corpo perfeito, grife, malhação, nada disso combina com os gordinhos, geralmente aquele modelito que está nas novelas com o corpo dos gordinhos, e fazem você sonhar com o que eles julgam ser perfeito. O negócio é o que está fora, você não se preocupa se aquela mulher é maravilhosa, sensacional, uma extrema mãe, uma baita mulher, não você quer saber quanto ela mede de peito, de cintura bunda. Isso interfere, porque há uma cobrança das pessoas para que você esteja de um padrão. Então qual é a filosofia do mundo de hoje? É o corpo sarado, mente sarada, a busca da juventude. Uma busca até exagerada, porque o ser humano tende muito ao radicalismo, ao extremismo da coisa.
Sobre isso vejamos também um comentário de D. L.
Incomoda-me ver essas coisas, pois eu acho que os gordinhos também têm que ter sua vez, não só os magrinhos. Acho que deveria mudar um pouco isso. Não me sinto bem, pois não olham as pessoas gordas pela pessoa que é, e sim pela imagem.
Algumas considerações de L. L. Z. sobre o mesmo assunto
A mídia prega que uma pessoa bonita é uma pessoa magra, portanto há um certo preconceito indireto, pois não há pessoas mais gordas onde se anunciam coisas bonitas, logo se pensa que pessoas gordas não são bonitas. Assim não sou visto como bonito.
Verificamos, assim que as repercussões em relação ao preconceito
vêm alcançando, duas dimensões importantes que merecem ser
assinalada: os preconceitos do indivíduo obesos conseguem mesmo e com
o outro igual, e o preconceito experimentado no âmbito escolar, nas
relações interpessoais.
Quando não compreendemos verdadeiramente o nosso ser, com
todas as suas limitações e capacidades, ficamos mais dependentes do
outro, seja do seu gesto, da sua palavra, ou de um simples olhar. Neste
19
caso, está é a forma possível encontrada para conseguirmos
reconhecimento.
Uma das possíveis conseqüências deste processo na fase adulta é,
uma forte insegurança e uma grande dificuldade de o ser humano se
conscientizar daquilo que pode ou não realizar. Acaba sempre
dependendo de uma manifestação ou de uma ajuda alheia. Tomado pela
vergonha e pelo preconceito consigo mesmo, a pessoa obesa busca se
reconhecer através do olhar do outro. E, valida a atitude preconceituosa a
ela endereçada mergulhando num estado de isolamento. N. R. contou uma
experiência:
Eu me incomodo, vendo meu reflexo lá na academia. Eu estou muito acima do meu peso ainda, e você não quer se olhar no espelho. Você não quer ver o que você é, se eu olho no espelho, eu vejo como os outros me vêem. E você vê que a visão é desagradável. Então você vai se isolando, vai ficando em casa, cada vez tem menos atividades.
O gordo faz freqüentemente o papel de espelho, tornando-se alvo
dos sentimentos de baixa estima e de discriminação projetados pelo
sujeito obeso, no caso enquanto agente da ação. Vejamos a observação
de D. L;
È besteira, sabe, eu gostaria de ser um pouco mais magra só para dar na cara dessas pessoas que ficam me incomodando... Eu sei que não sou nem uma magrinha, sou gordinha, e não tenho vergonha de assumir isso, só que eu acho que está na hora de eu tomar uma atitude, fazer uma dieta para que as pessoas me olhem com outros olhos, mas eu não consigo resistir as tentações, minha mãe me ajuda fala pêra eu começar um regime, eu faço duas semanas daí emagreço uns dois quilos, daí penso que não precisa mais e volto a comer tudo de novo.
Desta forma podemos dizer que a experiência do preconceito vivida
pelo aluno obeso para consigo, espelha uma tentativa de, por um lado
excluir, de si mesmo sentimentos indesejados, e, por outro colocar a
máscara social, que busca esconder e invalidar os potenciais das pessoas
que discrimina. Neste sentido, beleza e feiúra, magreza e obesidade, por
exemplo, não são fenômenos do indivíduo isolado, mas sim fenômenos
sociais.
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Ilustrando ainda esta questão D. L. revela: “Eu sou muito insatisfeita
com meu jeito de ser, com minhas roupas com meu modo de vestir. Tudo
em função da minha obesidade”.
L.L.Z. reafirmou este aspecto ao contar uma situação relacionada ao
contexto escolar; “... eu cheguei a conclusão que a própria pessoa se
discrimina. Se for ver, de forma muito sutil, eu acabo fazendo isto comigo.
Por exemplo, esta historia de eu não perguntar ao professor sobre minhas
dúvidas, isto talvez já seja uma forma de me discriminar, ou de me sentir
inferior. Isto é uma coisa forte em mim”.
Estas falas expressam a dimensão alcançada pelo preconceito que
invade, não só o ser humano em relação a si próprio, mas também em
relação ao mundo social e o ambiente escolar.
Em contrapartida, na tentativa de propor uma visão mais otimista
desta situação Frei Beto (2000, p. 10) nos trouxe uma curiosa e pertinente
contribuição. Ele pontuou: “Como me espelho no olhar do outro? Como o
outro se espelha no meu olhar? Só posso saber isso pelo caminho mais
curto – o diálogo, que é a possibilidade de expressarmos o que somos e
sentimos, mais do que aquilo que pensamos. E, através dessa expressão,
começamos a apreender a riqueza do grupo social, da comunidade que
nós formamos”.
Diante dessas palavras, se não for possível começar pelo social, que
seja pelo próprio sujeito obeso. Desta forma, é importante que nós,
professores possamos transcender nosso olhar preconceituoso,
propiciando um espaço para a própria desmistificação da obesidade,
favorecendo, como conseqüência, a desmistificação do preconceito.
Percorrendo histórias de preconceito experimentadas pelo sujeito
obeso com relação a si mesmo e ao outro – igual, ampliamos nossas
reflexões sobre as vivências discriminatórias no contexto social e no
ambiente escolar. É interessante ressaltar que a forte pressão social para
ser magro, iniciou a muito tempo atrás quando as revistas começaram a
mostrar imagens de modelos mais magras. Temos consciência de que a
ênfase na magreza, hoje tem servido, entre outras coisas, como forma de
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controle social, principalmente no que se refere às propagandas e ideais
consumistas.M.M.S. nos falou sobre isto: “A questão do corpo perfeito é
demais; a pressão é muito grande. Só é bonito o que é perfeito. Cada vez
mais a gente esta caminhando para valorizar isto. A mídia faz com que
seja assim. A valorização da parte física é muito grande nos dias de hoje.
Cada vez as pessoas estão olhando menos para dentro de si mesmas”.
O crescente culto ao “corpo perfeito” tem acarretado um contínuo
desgaste emocional à pessoa do obeso, uma vez que este tenta seguir os
padrões pré-estabelecidos, a fim de não se sentir mais excluído do que já
é.
As dores do desprezo, da marca e da repressão abalam a saúde
física, mental emocional e intelectual do indivíduo obeso. Especificamente
sobre o ambiente escolar D.L. mostrou que:
Na escola, há problemas sim; a gordura afeta o seu ambiente na escola, porque sua vida lá fora também não fica boa; é claro que você chega com toda essa carga negativa, e daí não produz o que você produziria, principalmente quando os colegas olham com ar de zombaria. Ninguém diz que você esta gorda, que esta feia, afinal são seus amigos. Mas eles têm pena, é um sentimento ruim, pena é o sentimento pior que podem sentir por um ser humano.
Sobre este assunto vejamos os comentários de N. R:
Eu já passei por várias situações de preconceito na escola, na hora eu não
falo nada, mas depois vem uma vontade de chorar, me sinto tão mal. Daí
por causa dessa raiva que eu passo, que ma faz comer mais ainda, eu me
“atraco” a comer chocolate, tudo quanto é besteira.
O preconceito também atingiu os contextos interpessoais no
ambiente escolar resultando em emoções dolorosas, que podem favorecer
uma espécie esvaziamento nas relações interpessoais e que, em se
tratando das relações no contexto escolar, o desempenho das tarefas
escolares pode ficar comprometido por este tipo de discriminação.
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As Repercussões na Qualidade de Vida do Aluno Obeso
Qualidade de vida envolve um conceito, cuja construção se dá de
forma subjetiva, intermediada pelas relações interpessoais que
experimentamos em nosso cotidiano. Considerando o ambiente escolar,
observamos a existência de uma contínua busca por qualidade de vida
principalmente no que se refere à construção de uma identidade pessoal e
social. Discutimos, portanto, a importância de mo ambiente escolar ser um
suporte à aquisição da qualidade de vida do aluno obeso, desejosos de
que este ambiente pudesse funcionar como confirmador de suas
capacidades, em vez de fomentador da exclusão e do estigma. Não
podemos esquecer que também que a maior ou menor facilidade na
conquista da qualidade de vida na escola também está relacionada às
condições ergonômicas, aqui referentes à ergonomia física. L.L.Z. contou
sua experiência: “O que mais me revolta é que às vezes, minha barriga
encosta-se a mesa e eu não consigo chegar lá onde eu quero”.
É necessário não limitar a conquista de qualidade de vida no
ambiente escolar ao bem estar físico, ou a satisfação corporal. Os alunos
obesos expuseram outras questões nesta busca de qualidade de vida na
escola. N. R. se expressou que “ter qualidade de vida na escola é ser útil,
é poder crescer, praticar esportes, se relacionar com as pessoas e ser
feliz”. M.M.S. também deixou seu recado particular sobre este assunto “a
socialização, se eu me sentir bem em um determinado grupo, estarei
automaticamente tendo qualidade de vida e produzirei mais nas
atividades escolares”. Já L.S. formulou o seguinte conceito: “Ter boa
saúde, ser positiva ter harmonia em casa com minha família, e ter muitos
amigos na escola contribuem para minha qualidade de vida”. D.L. deixou
um recado muito importante, que revela seus sentimentos em relação à
discriminação Sua fala percorre caminhos de otimismo exacerbado,
23
passando por pontos de conformismo, e sentimentos de impossibilidade
de mudança no que aí esta posta.
Eu acho que qualidade de vida é você ser feliz, e não se importar com o que os outros falam de você. Temos que ser feliz e viver a vida do jeito que ela é se Deus fez assim quem sou eu para mudar alguma coisa. Na escola é o lugar onde mais eu sou feliz porque tenho meus amigos, converso com todos e sou amiga de todos.
Faremos agora uma discussão sobre a mídia, buscaremos mostrar
como sua influência incide sobre a qualidade de vida do aluno obeso nos
dias atuais. Weil (1998, p. 93) faz um breve comentário sobre este
assunto, mais que um comentário é também um alerta:
Um dos poderes mais importantes e por isso mesmo mais perigosos na vida moderna é o poder de informar, de comunicar, o poder da mídia. Jornais, revistas, rádio, tv, órgãos publicitários não se limitam à informação, mas de fato contribuem para formar a opinião pública, modificar a adesão a valores e por isso podem chegar a mudar o comportamento efetivo dos cidadãos isolados ou mesmo de uma população inteira.
A comunicação alcançou um patamar de expressão e rapidez em
sua divulgação que chega a surpreender o próprio homem, mas em
contrapartida, o poder de persuasão e de controle destes meios,
principalmente os de comunicação através da mídia, tem tomado
proporções que estão afetando os valores, opiniões o os comportamentos
de toda a sociedade. Transformaram-nos em imitadores de modelos sócio-
culturais dos mercados internacionais. Além disso, o desenvolvimento da
mídia motivou a compra de bens de consumo, legitimando a ideologia de
grupos dominantes. Não podemos negar os aspectos positivos, porém
temos que reconhecer que repercutiu no âmbito das relações
interpessoais, inclusive no ambiente escolar, resultando muitas vezes em
fatos negativos ao estudante obeso. Temos as propagandas com fins
econômicos, que com seu poder de persuasão podem até mudar hábitos
alimentares culturalmente colocados a nossa população. Frei Beto (2000,
p. 07) demonstrou sua indignação ao verbalizar que “existe uma máquina
publicitária que não está interessada em formar cidadãos, esta
24
interessada em formar consumidores”. Diante disso, as aspirações
despertadas pela mídia, dificilmente seriam satisfeitas, a distância entre a
real possibilidade de consumo e o desejo de consumir acarretaria uma
frustração intensa. Vejamos o que pensa L.S. sobre as “armadilhas da
propaganda”:
Eu acho que a mídia usa discriminação a pessoa obesa para arrumar dinheiro, tem propaganda, digamos de remédios, que oferecem centenas de oportunidades para o gordo, aí ele vai lá e se entope de remédio, mas não era isso que ele estava precisando, e sim isto que estamos fazendo, ele precisa conversar, precisa de conscientização.
Alguns sujeitos estão indignados com o que a mídia é capaz de fazer
para perpetuar a discriminação, e com isso poder aumentar seu
faturamento anunciando seus medicamentos e tratamentos. A. C.
comenta o seguinte: “ Acho que a mídia discrimina. O padrão de beleza é
ser magro eu me sinto desprezada por estar acima do peso, e o que eles
querem é fazer comércio com o gordo”. Vejamos o que M. A. C. diz:
O bonito é magro, não existem gordos bonitos, eles colocam na televisão só mulher bonita magra, elegante. Nas revistas, mostram o que as mulheres fazem por vaidade. Eles acham que temos que viver em função da beleza estereotipada. A gente vê na televisão que tem que ser magro, ninguém se importa com o caráter das pessoas; você não consegue emagrecer e aí dá aquela angustia de ser gordo.
A cultura do “corpo perfeito” abre espaço para excessiva valorização
da aparência, em detrimento da essência. Esses caminhos da cultura
moderna afetaram e continuam afetando a experiência do estudante
obeso, pois além de lidar com a discriminação perante seu corpo físico,
ainda sofre com o preconceito dos colegas de escola e demais pessoas
dificultando seu reconhecimento a partir de suas qualidades. Mas ainda
assim este sujeito vem resistindo e persistindo em sua jornada existencial,
em busca de reconhecimento e respeito, que o ajude a se sustentar. Este
reconhecimento é buscado no ambiente escolar, cuja contradição de um
local de discriminação e preconceito é também visto como o lugar onde
ser reconhecido é ainda possível.
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Hoje, a sociedade prega a inexistência da discriminação; porém seu
discurso não condiz com a realidade. È claro que sabemos que a pessoa
obesa não tem condições de realizar todas as tarefas, que exijam um
biótipo magro, por exemplo, profissões como a de bombeiros salva vidas
etc. nestas atividades teriam mais dificuldades. Então nos cabe a
conscientização da própria limitação. É muito diferente esta pessoa obesa
reconhecer seus limites, a ser discriminada por sua condição física, sem
ter sua capacidade valorizada.
A partir das experiências dos estudantes obesos, percebemos que a
busca por reconhecimento no ambiente escolar envolve uma re-
significação do sentido de estudar: por um lado a constante prova de
superação frente a sua condição física, por outro lado a necessidade de
demonstrar que são capazes de realizar suas tarefas com eficiência.
Conquistar o respeito dos colegas, da família e da sociedade é uma árdua
tarefa. Entretanto como relatou N.R., eles talvez precisem começar por si
próprios. Nos diz ela: “eu preciso aprender a respeitar a mim mesma, eu
tenho que correr atrás do que eu quero”.
É necessário frisarmos que o reconhecimento é um sentimento que
vai além da gratificação. Nos casos apresentados nesta pesquisa
verificamos que, mesmo a auto-realização ficando restrita pelo contexto
discriminatório, a valorização pessoal no ambiente escolar é uma das
principais metas a serem alcançadas por estes sujeitos.
Patrício (1999, p. 55) confirmou a importância da busca pela
satisfação das necessidades: “A satisfação das necessidades, em toda sua
dimensão é essencial à existência da vida e ao bem viver, incluindo
morrer com dignidade. Portanto, é possível dizer que ”estar“ou ”ser”
doente, sentir-se limitado, sentir-se triste ou desanimado ou em
desarmonia, é apresentar dificuldades para atender necessidades
primitivas e culturais”.
Neste estudo, ousamos deduzir que, em virtude de a comida ganhar
significados diversos e particulares, ela pode estar camuflando a tentativa
de satisfação de uma necessidade de estima ou de auto-realização. Neste
26
sentido, a obesidade poderia ser entendida como a busca pela
reapropriação de si mesmo a partir do ambiente escolar. Isto porque este
ambiente tem se transformado no lugar ideal para tentar minimizar as
feridas causadas pelo preconceito social. O estudante obeso está tentando
vencer suas dores física e psíquica demonstrando suas habilidade e
capacidades.
Portanto, esperamos que a conquista pelo reconhecimento, nas
dimensões particular e coletiva, possam acontecer em conjunto com uma
reconfiguração da visão social da obesidade, onde o “diferente”seja
Apreendido como possibilidade e não como perpetuação de um estigma.
A obesidade é hoje considerada uma doença, tipo crônica, que
provoca ou acelera o desenvolvimento de muitas doenças e que causa a
morte precoce.Tudo isso é verdade, mas de qual doença estamos falando?
Considerações Finais e Sugestões
Os jornais as revistas, as reportagens na televisão trazem inúmeras
propostas de como emagrecer, como conquistar sucesso, como cuidar da
saúde o do corpo. Mais uma vez a enfaze no culto ao “corpo perfeito” se
sobrepõe a uma estética do belo, entretanto, há uma diferença entre
corpo bonito e corpo saudável, certamente um corpo saudável tende a ser
um corpo bonito e vice – versa, não queremos pregar dicotomias, porém
falamos aqui de uma supremacia da beleza física, que muitas vezes
esconde um corpo biológico e emocional tenso, artificial.
Nas entrelinhas das relações cotidianas, percebemos que a
intimidade humana seja para partilhar conquistas ou dificuldades, está
dando lugar a relações competitivas, empobrecidas de significação e,
principalmente, contaminadas pelo mito da beleza física como imagem de
importância social. Aqueles que se distanciam destes padrões,
principalmente os obesos, têm uma tarefa difícil: de superar o preconceito
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e buscar reconhecimento a todo custo, para que sua condição física tenha
menos impacto diante do coletivo. CASTRO (1997, p. 51) reflete sobre esta
questão, ao dizer que:
A obesidade surge, pois, na ausência ou precariedade do fluido compartilhar em relação a si e aos outros – servindo de máscara protetora e prisão. Ela é o sintoma da fome de amor não saciada, da raiva não expressa, do medo de rejeição e da solidão escondidos por um silêncio “recheado” de comida. Onde o alimento ganha um valor simbólico que vai além dos aspectos fisiológicos, constituindo-se em substituto e compensação.
É importante enfatizar que, além do significado simbólico, de cunho
emocional, trazido de forma quase unânime pelos sujeitos desta pesquisa,
não podemos deixar de frisar que o problema da obesidade também
reside em disfunções hormonais e endócrinas, podendo ser geradoras
desta condição.
Várias pesquisas em relação às causas e conseqüências da
obesidade têm trazido contribuições, tanto aos profissionais quanto ao
próprio obeso. Entretanto nenhum pode trazer qualquer tipo de certeza,
principalmente em se tratando de pesquisa qualitativa, que levam em
conta aspectos subjetivos do cotidiano e das relações pessoais dos
sujeitos. Nesta pesquisa, reconhecemos enquanto uma das limitações do
estudo, que não demos conta de compreender todos os aspectos
inerentes às interações do ser humano consigo e com o ambiente.
Além desta limitação, ressaltamos a dificuldade em encontrar
referências mais específicas a respeito de obesidade e qualidade de vida.
Esta restrição, contudo, não foi empecilho ao estudo uma vez que, em
pesquisa qualitativa, o que interessa são as realidades, as quais nos
propusemos a investigar. Outro aspecto a ser levantado é de que o tema
qualidade de vida diz respeito a diversas áreas do conhecimento, sendo
abordado sob inúmeros enfoques. Mesmo assim pensamos que esta
pesquisa possa contribuir como produção de conhecimento básico para a
disciplina de Educação Física.
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Neste estudo a relação entre qualidade de vida e o ambiente escolar
do sujeito obeso trouxe uma visão diferenciada, no sentido de conjugar
aspectos novos e peculiares da vida do estudante obeso. Observamos, a
partir da análise compreensiva dos dados obtidos, que é fundamental
alimentarmos uma perspectiva livre de preconceito entre aluno obeso,
escola e sociedade. Que eles tenham espaço para exercitar sua liberdade
de expressão, falando sobre seus medos, seus anseios e suas histórias.
A partir de todo o processo de pesquisa, acrescido das contribuições
da literatura e dos dados vividos dos sujeitos, consideramos poder validar
os pressupostos deste estudo. Concordamos que é possível ao aluno
obeso conseguir o respeito de todos no ambiente escolar, mesmo em meio
a situações de preconceito, embora ainda tenha desistir de alguns desejos
pessoais.
As exigências culturais, preocupadas com o padrão de “corpo
perfeito”, figuram como pano de fundo das propostas de tratamento da
obesidade. E os meios de comunicação social em geral eternizam um
modelo consumista, visando ganhos financeiros, em prejuízo da
preocupação com a saúde em si.
E finalmente, a partir das entrevistas ficou evidente que as situações
de preconceito vivenciadas no cotidiano pelos estudantes obesos,
repercutem em sua saúde afetiva e social, desequilibrando a construção
de uma qualidade de vida satisfatória. Favorecendo também interações
pessoais com alguns colegas empobrecidas tendendo a um desequilíbrio
na saúde afetiva, social e intelectual do estudante obeso. Em meio a este
processo, o atendimento das necessidades físicas, emocionais, intelectuais
e sociais destes ficam comprometidas, principalmente no que diz respeito
a sua auto-estima e à sua necessidade de ser respeitado pelo que ele é.
Verificamos, portanto, que o desajuste em suas relações interpessoais e
sociais, compromete sua saúde de forma integral, o que acaba
favorecendo uma contaminação na coletividade.
Após estas reflexões, nossas sugestões vão alem da importância de
reconhecermos as potencialidades dos estudantes obesos. E ainda, muito
29
além de promessas ilusórias a estas pessoas. Propomos, sim, um convite a
estes estudantes, para que sejam os “indicadores vivos” de mudanças
necessárias ao contexto social e no ambiente escolar tendo em vista sua
qualidade de vida e, conseqüentemente, sua saúde física e mental.
Sugerimos que os próprios estudantes obesos sejam sensibilizados a
serem “espelho vivo” de uma reconstrução social, baseada no respeito às
diferenças; a criarem oportunidades de transformação individual e coletiva
frente ao mundo de interações, principalmente no ambiente escolar. Que
a transmissão de suas vivências pessoais possa contribuir para um
repensar da sociedade diante do preconceito e da discriminação.
Assim como o pedido é de que o obeso não se esconda atrás de um
prato de comida, que nós professores, e membros dessa sociedade,
também não nos escondamos de nossas responsabilidades diante de
atitudes preconceituosas e discriminatórias em relação aos obesos e a
outros grupos em geral. Que saibamos conduzir um diálogo,
principalmente nas escolas, que integre o espírito humano, em busca de
uma qualidade de vida satisfatória para todos.
Esta pesquisa, portanto, ao permitir vincular teoria e prática,
pensamento e ação, contendo uma relevância e originalidade próprias,
pretende ser semente de uma transformação inicial, capaz de “Habitar
corpos desabitados” ou que sofreram forte preconceito, transitando da
ciência ao cotidiano, percorrendo os mundos do ambiente escolar, da
família do social e da subjetividade; enxergando talentos, escutando
pessoas, estudante, indivíduos obesos. Tudo isso demanda assumirmos
um compromisso, inicialmente de sermos nós mesmos e, a partir de então
talvez estejamos prontos para decidir. E, assim esperamos que a decisão
de sermos mais solidários e menos preconceituosos, que possamos
praticar a arte da convivência humana,contribuindo para a construção de
uma qualidade de vida mais satisfatória. E que possamos nos tornar cada
vez mais humanos. Que isto não seja simplesmente uma obrigação para
com o social, mas que faça parte de uma escolha responsável e
consciente diante do coletivo e de nós mesmos.
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