69
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE BIOLOGIA RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANO ESTUDO DAS SUBPOPULAÇÕES DE LINFÓCITOS B NO SANGUE PERIFÉRICO E LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO DE PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA PRIMÁRIA PROGRESSIVA STUDY OF B-LYMPHOCYTE SUBPOPULATIONS IN THE PERIPHERAL BLOOD AND CEPHALORRAQUIDIAN LIQUID OF PATIENTS WITH PRIMARY PROGRESSIVE MULTIPLE SCLEROSIS CAMPINAS 2020

RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE BIOLOGIA

RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANO

ESTUDO DAS SUBPOPULAÇÕES DE LINFÓCITOS B NO

SANGUE PERIFÉRICO E LÍQUIDO

CEFALORRAQUIDIANO DE PACIENTES COM

ESCLEROSE MÚLTIPLA PRIMÁRIA PROGRESSIVA

STUDY OF B-LYMPHOCYTE SUBPOPULATIONS IN THE

PERIPHERAL BLOOD AND CEPHALORRAQUIDIAN

LIQUID OF PATIENTS WITH PRIMARY PROGRESSIVE

MULTIPLE SCLEROSIS

CAMPINAS

2020

Page 2: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANO

ESTUDO DAS SUBPOPULAÇÕES DE LINFÓCITOS B NO SANGUE

PERIFÉRICO E LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO DE PACIENTES COM

ESCLEROSE MÚLTIPLA PRIMÁRIA PROGRESSIVA

STUDY OF B-LYMPHOCYTE SUBPOPULATIONS IN THE PERIPHERAL

BLOOD AND CEPHALORRAQUIDIAN LIQUID OF PATIENTS WITH

PRIMARY PROGRESSIVE MULTIPLE SCLEROSIS

Dissertação apresentada ao Instituto

de Biologia da Universidade Estadual

de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para a obtenção

do Título de Mestre em Ciências, na

área de Fármacos, Medicamentos e

Insumos para Saúde

Dissertation presented to the Biology

Institute of the State University of

Campinas as part of the requirements

for obtaining a Master of Science

Degree in the area of Drugs,

Medicines and Health Supplies

Orientadora: Profa. Dra. Leonilda Maria Barbosa dos Santos

ESTE ARQUIVO DIGITAL

CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELO ALUNO

RAPHAEL PATRICIO DA

SILVA QUINTILIANO E

ORIENTADO PELA PROFA.

DRA. LEONILDA MARIA

BARBOSA DOS SANTOS.

CAMPINAS

2020

Page 3: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca do Instituto de Biologia

Mara Janaina de Oliveira - CRB 8/6972

Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990-

Q45e QuiEstudo das subpopulações de linfócitos B no sangue periférico e líquido

cefalorraquidiano de pacientes com esclerose múltipla primária progressiva /

Raphael Patrício da Silva Quintiliano. – Campinas, SP : [s.n.], 2020.

QuiOrientador: Leonilda Maria Barbosa dos Santos.

QuiDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de

Biologia.

Qui1. Esclerose múltipla. 2. Linfócitos B. I. Santos, Leonilda Maria Barbosa

dos, 1950-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Biologia. III.

Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Study of b lymphocyte subpopulations in the peripheral blood and

cephalorraquidian liquid of patients with primary progressive multiple sclerosis Palavras-

chave em inglês:

Multiple sclerosis

B-Lymphocytes

Área de concentração: Fármacos, Medicamentos e Insumos para Saúde

Titulação: Mestre em Ciências Banca examinadora:

Leonilda Maria Barbosa dos Santos [Orientador]

Giovanna Rosa Degasperi

Catarina Raposo Dias Carneiro

Data de defesa: 03-03-2020

Programa de Pós-Graduação: Biociências e Tecnologia de Produtos Bioativos

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a) - ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-7725-8670 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/3133115379895008

Page 4: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

Campinas, 3 de março de 2020.

COMISSÃO EXAMINADORA

Profa. Dra. Leonilda Maria Barbosa dos Santos

(Presidente da Comissão Examinadora)

Profa. Dra. Giovanna Rosa Degasperi

Profa. Dra. Catarina Raposo Dias Carneiro

Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata

de Defesa, que se encontra no processo de vida acadêmica do

aluno.

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no

SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa Biociências

e Tecnologia de Produtos Bioativos da Universidade Estadual de Campinas – Instituto

de Biologia.

Page 5: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

AGRADECIMENTOS

Ao Ser Superior a todas as entidades existentes: Deus. Que transmite a cada ser um

pedaço de Tua alma e que nela vem carregada cheia de conhecimento, sabedoria e

bondade.

Aos meus pais, Sônia e Orlando, que me deram a dádiva de viver cedida pelo Criador.

Propuseram-se a doar suas próprias forças para que pudesse continuar nos trilhos da

vida.

Aos meus queridos “pais” de coração Cláudia e Fábio, que entraram na minha vida no

decorrer da jornada humana e que depositaram fé e esperança no cerne da minha alma,

impulsionando-me sempre no caminho da justiça.

À minha família, especialmente ao Breno, Thaysa, Sinval (in memoriam), Sinval Filho

e Edna que jamais deixaram de me dar suporte.

À querida Profa. Dra. Leonilda Maria Barbosa dos Santos pela extrema bondade de

ter me acolhido e ter dado a oportunidade de ouro de aperfeiçoar o Conhecimento.

Agradeço também a todos os colegas do laboratório de Neuroimunologia: Adriel,

Vinícius, Alliny, Verônica, Amanda e Breno

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001,

FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Nº do

processo: 2014/26431-0) e INCT-NIM (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia

em Neuroimunomodulação).

Page 6: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

“O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.

Mas o que seria o oceano se não infinitas gotas?”

Isaac Newton

Page 7: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

RESUMO

Os linfócitos B participam ativamente na patogênese da Esclerose múltipla (EM). Os

autoanticorpos produzidos por estas células podem causar dano tecidual nos neurônios

contribuindo para a neurodegeneração. Os linfócitos B são células apresentadoras de

antígeno mais eficientes quando comparado a outras células, uma vez que o

neuroantígeno é reconhecido especificamente pelo receptor do antígeno de linfócitos B

(BCR), processado e apresentado aos linfócitos T CD4+ autorreativos, também

contribuem para a patogênese da EM através da produção de auto anticorpos, na

apresentação dos neuro-antígenos aos linfócitos T CD4+ e síntese de citocinas pró-

inflamatórias que amplificam a resposta efetora dos linfócitos T. Ainda, os linfócitos T

produzem citocinas pró e anti-inflamatórias que amplificam ou reduzem a resposta

inflamatória. Tecidos linfoides terciários onde predominam linfócitos B foram descritos

nas meninges de pacientes com EM nas formas primariamente progressiva (EMPP) e

secundariamente progressiva (EMSP). Nesse estudo, mostramos o aumento de linfócitos

B citotóxicos no sangue periférico e a presença dessas células no líquido céfalorraquiano

de pacientes com EM primariamente progressiva. O aumento de linfócitos B citotóxicos

está associado ao aumento do fator de transcrição Runx3. Paralelamente ao aumento de

linfócitos B citotóxicos observou-se significativo aumento de neurofilamentos no líquido

cefalorraquiano dos pacientes com EMPP e diminuição dos níveis séricos do fator

neurotrófico cerebral (BDNF). Essas evidências mostram que a citotoxicidade dos

linfócitos B pode contribuir para a neurodegeneração nas formas progressivas da EM.

Page 8: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

ABSTRACT

B lymphocytes actively participate in the pathogenesis of Multiple Sclerosis (MS). The

autoantibodies produced by these cells can cause tissue damage in neurons, contributing

to neurodegeneration. B lymphocytes are more efficient antigen presenting cells when

compared to other cells, since the neuroantigen is specifically recognized by the B

lymphocyte antigen (BCR) receptor, processed and presented to autoreactive CD4 + T

lymphocytes, also contribute to the pathogenesis of MS through the production of auto

antibodies, in the presentation of neuro-antigens to CD4 + T lymphocytes and synthesis

of pro-inflammatory cytokines that amplify the effective response of T lymphocytes.

Furthermore, T lymphocytes produce pro and anti-inflammatory cytokines that amplify

or reduce the inflammatory response. Tertiary lymphoid tissues where B lymphocytes

predominate have been described in the meninges of patients with MS in primarily

progressive (EMPP) and secondarily progressive (EMSP) forms. In this study, we showed

the increase in cytotoxic B lymphocytes in peripheral blood and the presence of these

cells in the cerebrospinal fluid of patients with primarily progressive MS. The increase in

cytotoxic B lymphocytes is associated with an increase in the Runx3 transcription factor.

In addition to the increase in cytotoxic B lymphocytes, there was a significant increase in

neurofilaments in the cerebrospinal fluid of patients with PPMS and a decrease in serum

levels of cerebral neurotrophic factor (BDNF). This evidence shows that the cytotoxicity

of B lymphocytes can contribute to neurodegeneration in progressive forms of MS.

Page 9: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

LISTA DE ABREVIATURAS

APC = Célula Apresentadora de Antígenos (Antigen Presenting Cell)

BHE = Barreira Hematoencefálica

BHL = Barreira Hematoliquórica

BHM = Barreira Hematomeníngea

BCR = Receptor de célula B

BOC = Bandas Oligoclonais

CCR6 = Receptor de quimiocina 6

CCL20 = Ligante 20 de quimiocina

CEs = Células Endoteliais Especializadas

CD = Cluster of Differentiation 4

CIS = Síndrome Clinicamente Isolada

CpG = (Cytosine Triphosphate Deoxynucleotide)

DC = Células Dendríticas

EBV - Vírus Epstein Bar

EAE = Encefalomielite Autoimune Experimental

EM = Esclerose Múltipla

EMPP = Esclerose Múltipla Primariamente Progressiva

EMSP = Esclerose Múltipla Secundariamente Progressiva

EMSR = Esclerose Múltipla Surto Remissão

FoxP3 = Forkhead Box P3

GrB = Granzima B

HLA = Antígeno Leucocitário Humano

Page 10: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

ICAM = Intercellular Adhesion Molecule

IFN-γ = Interferon-γ

IL- Interleucina

LCR = Líquido Cefalorraquiano

MBP = Proteína Básica de Mielina

MHC = Complexo Principal de Histocompatibilidade (Major Histocompatibility Complex)

MOG = Glicoproteína de Mielina presente em Oligodendrócitos

NF = Neurofilamentos

NK = Natural Killer

ODN = Oligodeoxinucleotídeos

PBMC = Peripheral Blood Mononuclear Cells

PC = Plexo Coroide

PLP = Proteolipoproteinas

SNC = Sistema Nervoso Central

TGF-β = Fator Transformador do crescimento β (Transforming Growth Factor β)

TLR 9 = Toll Like Receptor 9

Th1 = Linfócitos T helper 1

Th17 = Linfócitos T helper 17

TNF-α = Fator de necrose tumoral α (Tumor Necrosis Factor α)

VCAM = Vascular cell adhesion molecule

Page 11: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................................12

OBJETIVOS ............................................................................................................................... 23

METERIAL E MÉTODOS......................................................................................................... 24

RESULTADOS........................................................................................................................... 28

DISCUSSÃO................................................................................................................................41

CONCLUSÃO..............................................................................................................................46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................ 47

ANEXOS .................................................................................................................................... 58

Page 12: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

12

INTRODUÇÃO

A esclerose múltipla (EM) é uma doença desmielinizante inflamatória e

neurodegenerativa do sistema nervoso central (SNC). A EM é a mais comum e a principal

causa de incapacidade em adultos jovens excluindo traumatismos crânio-encefálicos

(LASSMANN, 2019). Normalmente, as mulheres são mais suscetíveis à EM, numa

proporção de 2:1 e a doença se manifesta, em geral, na terceira década de vida. No Brasil,

dado a extensão do território, poucos estudos epidemiológicos foram realizados até o

momento.

As primeiras descrições clínico-patológicas da EM foram feitas pelo neurologista

francês Jean Martin Charcot no final do século XIX (HAFLER, 2004 apud). A doença é

definida pela presença de lesões desmielinizantes inflamatórias focais na substância

branca encefálica ou na medula espinhal, que determinam os sintomas clínicos

observados nos pacientes (LASSMANN, 2019). Lesões na substância cinzenta também

são descritas em pacientes com EM e correlacionam positivamente com a incapacidade

física e transtornos cognitivos (LASSMANN, 2019).

As evidências sugerem que a EM é resultado de um processo autoimune

direcionado aos componentes da mielina do SNC. Os danos teciduais na EM resultam da

combinação de predisposição genética, estilo de vida, associados aos fatores ambientais.

Entre os fatores ambientais e estilo de vida, destacam-se exposição aos agentes

infecciosos, baixa exposição à luz solar, deficiência de vitamina D, obesidade e

tabagismo.

Os fatores genéticos são relevantes na fisiopatologia da EM, especialmente os

relacionados à resposta imune, como os genes do sistema HLA (Antígeno Leucocitário

Humano) (SVEJGAARD, 2008). Quanto mais próximo o parentesco com um paciente,

maior o risco de desenvolver a doença (SADOVNICK et al., 2009). No entanto, um

estudo com gêmeos idênticos discordantes para a doença não detectou evidências

genéticas ou epigenéticas determinantes para a manifestação da EM (BARANZINI et al.,

2010).

Page 13: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

13

Os sintomas iniciais são normalmente fraqueza nos membros inferiores, distúrbios

sensoriais, neurite ótica, diplopia, ataxia, entre outros. Conforme a doença evolui, pode-

se observar disfunção urinária, fadiga, fraqueza, dor, vertigem e espasmos, por exemplo.

Os déficits cognitivos são comuns especialmente nos casos avançados e inclui perda de

memória, déficit de atenção, dificuldade em solucionar problemas e lentidão no

processamento das informações. A EM exibe distintas formas de evolução, como em

surto-remissão (EMSR), primariamente progressiva (EMPP), e secundariamente

progressiva (EMSP). A forma inicial EMSR corresponde a 85% de todos os casos. Em

10 anos, 50% destes pacientes evoluirão para a forma secundariamente progressiva e em

25 anos, o número de casos aumenta para 90%. Aproximadamente 10-15% dos pacientes

com EM evoluem na forma primariamente progressiva. Nesses doentes, não são

observados com frequência os períodos de exacerbação da doença, normalmente acomete

indivíduos com mais idade, e não há predominância de um sexo (LASSMANN, 2019)

As evidências indicam que há diferença entre a forma surto/remissão das formas

progressivas, no entanto, não se observa diferenças entre as formas primariamente

progressiva da secundariamente progressiva, com exceção da presença de infiltrados

inflmatórios, embora em menor número nos pacientes com a forma EMPP (LASSMANN,

2019). Esta fase da EMSP se caracterizada por um déficit neurológico permanente e

progressivo, determinada por um predomínio de neurodegeneração sobre a

neuroinflamação, levando o paciente a uma dependência física cada vez maior, que pode

evoluir para um estado cadeirante e posteriormente acamado (LASSMANN, 2019).

Fisiopalogia na esclerose múltipla

O SNC foi historicamente referido como imune privilegiado, significando que o

mesmo não apresentava vasos linfáticos ou linfonodos. No entanto, esse conceito mudou

diante da descoberta de vasos linfáticos nas meninges (LOUVEAU et al, 2015) e tecidos

linfoides terciários nas meninges de pacientes com EM nas formas progressivas

(SERAFINI et al., 2004).

Page 14: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

14

Embora a mais conhecida dessas barreiras que dificultam a entrada de leucócitos

no parênquima cerebral seja a barreira hematoencefálica (BHE), outras barreiras menos

estudadas, mas ainda assim importantes, são a barreira hematomeníngea (BHM) e a

barreira hematoliquórica (BHL).

A barreira hematoencefálica é uma estrutura formada por células endoteliais

especializadas (CEs) que separam o SNC da circulação sistêmica. As CEs do SNC são

caracterizadas pela presença de fortes junções que limitam o fluxo de solutos e por uma

taxa muito baixa de transcitose. Essas propriedades permitem um controle rígido da troca

entre o cérebro e o sangue (DANEMAN e PRAT, 2015). A manutenção da BHE é

governada por elementos celulares e não celulares que interagem com as CEs, astrócitos

e a matriz extracelular para juntos fornecem suporte estrutural e funcional (JANZER e

RAFF, 1987).

As meninges são compostas por três camadas que circundam o SNC (Dura-máter,

aracnoide e Pia máter) e contêm o LCR no espaço subaracnóideo. No cérebro, a massa

cinzenta está diretamente adjacente às meninges. Enquanto as meninges foram

inicialmente consideradas como uma mera barreira física impedindo a entrada de

infecções e toxinas no SNC, descobertas mais recentes estabeleceram este tecido como

um local de imunidade ativa tanto na fisiologia como na patologia. As meninges podem

abrigar uma grande variedade de células imunocompetentes, como macrófagos, células

dendríticas, mastócitos, células linfoides e fibroblastos que fornecem proteção eficaz

contra os microrganismos e também podem ser o local de inflamação crônica em estados

patológicos.

A descrição das células imunes meníngeas associadas à EM reforçou o conceito

de que a BHM pode ser uma via importante no trafégo de células do sistema imune

(SERAFINI et al., 2004). Outra porta de entrada no SNC é o plexo coróide (PC),

formando uma barreira entre o sangue e o líquido cefalorraquiano. Essa estrutura vilosa

se estende aos órgãos ventriculares e também é responsável pela produção do LCR. O PC

é constituído por uma camada de células epiteliais em torno de um núcleo de capilares

fenestrados e tecido conjuntivo, permitindo a livre difusão de solutos do sangue para o

parênquima através de espaços interendoteliais (STEFFEN et al., 1996).

A migração de células imunes através das barreiras é normalmente regulada e

envolve um processo de várias etapas. Essas etapas incluem rolamento, adesão e

transmigração.

Page 15: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

15

O contato inicial entre leucócitos e o endotélio é geralmente mediado pela adesão

de moléculas da família das selectinas, integrinas expressas nos leucócitos ativados e

moléculas do endotélio como as moléculas de adesão intercelular (ICAM) (IFERGAN et

al., 2008).

Na EM a inflamação é iniciada pelos linfócitos T; no modelo experimental a

função autorreativa dos linfócitos T, principalmente CD4+, pode ser confirmada

diretamente, com a transferência dessas células dos animais com EAE para animais

controle. No homem, observou-se melhora significativa da doença com tratamentos que

retém os linfócitos T e B na periferia impedindo-os de migrarem para o sistema nervoso

central.

Como a doença é iniciada ainda não está totalmente elucidada. Alguns autores

acreditam que a EM tem início depois de algum dano no SNC, principalmente nos

oligodendrócitos (inside out), que posteriormente vai sensibilizar os linfócitos T.

Ultimamente é mais aceito que os linfócitos são ativados na periferia, principalmente

devido à ação de agentes infecciosos, onde o mecanismo de mimetismo molecular é o

mais provável (outside in). Linfócitos T são ativados nos linfonodos periféricos e migram

para o SNC, iniciando uma cascata de inflamação e dano tecidual. Reforçando essa ideia,

alguns estudos mostram a presença de mielina dentro das células apresentadoras de

antígeno nos linfonodos cervicais profundos (van ZWAM et al., 2009) Recentemente,

utilizando estudo de imagens, os autores mostraram aumento no tamanho dos linfonodos

cervicais profundos em pacientes com EM, independentemente de estarem em tratamento

ou não (DI GIULIANO et al., 2018).

As células presentes nos linfonodos apresentam os neuro-antígenos aos linfócitos

T CD4+ tipo Th1 e tipo Th17, as quais são ativadas e migram para o SNC. Há evidências

que dentro do SNC as células apresentadoras de antígeno, como as microglias

reapresentam os neuro-antigenos aos linfocitos T CD4+ que se polarizam para o subtipo

th17 e secretam citocinas pro-inflamatórias como IL17 e IFN-γ ampliando a cascata de

inflamação que resultará na desmielinização (KORN et al., 2009; MAHAD et al., 2015).

As células Th17 desempenham um papel crucial na patogênese da EM induzindo

um meio inflamatório (KORN et al., 2009). A IL-17A está presente em níveis elevados

nas lesões do SNC, no líquido cefalorraquiano e no soro de pacientes com EM. As células

Th17 expressam altos níveis de CCR6 que se ligam à quimiocina CCL20 nas células

endoteliais vasculares, possibilitando sua entrada através da barreira hematoencefálica,

onde secretam citocinas pró-inflamatórias (KEBIR et al., 2007).

Page 16: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

16

Receptores para a IL-17 e IL-22 nas células endoteliais da BHE nos pacientes com

EM mostraram que essa citocina está associada ao dano dessa barreira. Ainda, foi

demonstrado que os linfócitos T CD4+ Th17 atravessam com facilidade a BHE,

expressam altos níveis de Granzima B (GrB), lisam os neurônios e promovem inflamação

dentro do SNC (KEBIR et al., 2007). Esse mesmo grupo de autores mostrou a importância

de linfócitos Th17 que produzem simultaneamente IFN-γ na indução de resposta

inflamatória no SNC (KEBIR et al., 2009).

Confirmando a importância da IL-17, verificou-se que a administração de

anticorpo monoclonal anti-IL-17A humanizado (Secuquinumab) aos pacientes com EM

levou a significativa redução de lesões em comparação com indivíduos controle tratados

com placebo (VOLPE et. al, 2015).

As células do sistema imune de uma forma geral migram para o SNC, além de

produzirem citocinas pró-inflamatórias, também secretam moléculas reativas ao oxigênio

e nitrogênio além das metaloproteinases de matriz, que amplificam a resposta

inflamatória e o dano à bainha de mielina (TABARKIEWICZ et al., 2015; Van

HAMBURG et al., 2011).

Os linfócitos T CD8+ são células T citotóxicas que reconhecem peptídeos

presentes na superfície das APCs através do MHC de classe I. Os linfócitos citotóxicos

reconhecem células estranhas, infectadas ou tumorais e após a ativação proliferam e lisam

as células-alvo através da liberação de grânulos contendo perforina e GrB, assim como

fator de necrose tumoral e IFN-γ (SUN e LANIER, 2011).

Essas células estão em maior número que os linfócitos T CD4+ nas lesões da EM,

sugerindo um papel crucial na patogênese da doença (MACHADO-SANTOS et al.,

2018).

Subtipos de células T CD8+ foram identificados e agrupados em diferentes

subconjuntos com base no perfil de citocinas que eles produzem. Assim, as células Tc1

clássicas secretam IFN-γ, Tc2 secretam IL-4, Tc10 secretam IL-10, Tc21 secretam IL-21

e Tc22 secretam IL-22. Mais recentemente foi demonstrado que os linfócitos T CD8+

também secretam IL-17 (SRENATHAN, STEEL, TAAMS, 2016). No SNC, os linfócitos

T CD8+ exercem sua atividade citotóxica sobre as células que expressam as moléculas

de MHC de classe I, como os neurônios e oligodendrócitos (NEWMANN et al., 2002).

Estudos prévios mostraram que nas lesões das formas progressivas da EM predominam

os linfócitos T CD8+ de memória, sugerindo que os mecanismos citotóxicos são

essenciais na manutenção da doença (VAN NIEROP et al., 2017).

Page 17: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

17

As lesões na substância cinzenta são menos evidentes que na substância branca,

mas também são mediadas pela resposta imunológica. Lucchinetti e colaboradores (2011)

mostraram a presença de linfócitos T CD8+ nos espaços perivasculares em biopsias da

substância cinzenta de pacientes com a forma inicial (CIS) da EM (LUCCHINETTI et

al., 2011).

Os linfócitos T CD8+ são caracterizados pela alta expressão de RUNX3,

necessário para sua ativação, proliferação, citotoxicidade, migração e produção de

citocinas. O RUNX3 é um fator de transcrição que funciona como regulador chave da

expressão citotóxica durante o desenvolvimento dos linfócitos T (KOHU et al., 2005).

Durante o desenvolvimento dos linfócitos T no timo, os linfócitos T CD8+ expressam

RUNX3, enquanto os linfócitos T CD4+ expressam o fator de transcrição Th-POK

(LEVANON e GRONER, 2004, STEIN et. al, 2004).

A inflamação dentro do SNC é controlada pelas células T reguladoras (T regs) que

modulam a imunidade, mantêm a tolerância contra auto-antígenos e previnem as doenças

autoimunes. Pelo menos três populações de linfócitos T regs foram descritas: as Tregs

que expressam o fator de transcrição Foxp3+CD25+CD4++ (FONTENOT; GAVIN;

RUDENSKY , 2003), as células Tr1 que produzem IL-10 e não expressam Foxp3

(GREGORI e RONCAROLO, 2018), e as células Th3 que preferencialmente produzem

TGFβ e IL 10 e não expressam o Foxp3 (CHEN et al., 1994). Em pacientes com EM, a

participação das células T reg é controversa. Trabalho clássico mostra o aumento dessas

células no período de remissão da doença (VIGLIETTA et al., 2004), no entanto, outros

autores mostraram que o número das células Treg Foxp3+CD25+CD4++ não difere dos

apresentados pelos indivíduos saudáveis (VENKEN et al., 2008). Além disso, a

expressão mRNA e proteína de Foxp3 estão diminuídos nas células de pacientes com EM,

especialmente na EMSR, e são normalizados durante a forma secundária progressiva

(ZOZULYA et al., 2008). Estudos mais recentes mostraram que além da disfunção das

células T regs, as células T efetoras de pacientes com EM apresentam uma resistência à

supressão por essas células, um fenômeno que é chamado resistência à Treg e pode ser

mediado pelos níveis elevados de IL-6 (TRINSCHEK et al., 2013).

Page 18: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

18

Linfócitos B na esclerose múltipla

Trabalhos, relativamente recentes, mostram que os linfócitos B têm uma

participação importante na patogênese da EM. Hauser e colaboradores (2008) mostraram

que os pacientes com a forma surto/remissão da EM se beneficiavam com o tratamento

com o anticorpo monoclonal humanizado rituximabe, que depleta a população de

linfócitos B CD20+ (HAUSER et al., 2008).

. A produção de anticorpos que reconhecem os componentes da mielina, axônios

e neurônios contribui ativamente para a patogênese da EM. Os autos anticorpos podem

causar dano tecidual através da fixação do complemento ou através de citotoxicidade

mediada pelos anticorpos. Essa possibilidade foi comprovada em estudos

histopatológicos do SNC de pacientes com EM, onde foi demonstrados depósitos de

proteínas do sistema complemento sobre as bainhas de mielina, indicando a presença

dessas moléculas na patogênese da doença (COLOMBO et al, 2000). Mais recentemente,

anticorpos antineurofascina, uma proteína localizada na interface mielina-axônio (nódulo

de Ranvier) foram detectados no sangue de pacientes com EM, e na EAE esse anticorpo

causou injuria axonal (MATHEY et al, 2007). Outro dado importante é a maior

frequência de bandas oligoclonais (IgG e IgM) no líquido cefalorraquiano (LCR) de

pacientes com EM que indica síntese intratecal de anticorpos (BRANDÃO et al. 2005).

Além da produção de anticorpos, os linfócitos B apresentam o antígeno para os

linfócitos T CD4+. Os linfócitos B são apresentadores de antígenos muito mais eficientes

que os macrófagos e as células dendríticas, pois há o reconhecimento direto do antígeno

pelos receptores de antígeno dos linfócitos B (BCR). Além do reconhecimento e

apresentação do antígeno, os linfócitos B também produzem citocinas pró-inflamatórias

que por sua vez estimulam a polarização de linfócitos Th1 e Th17 o que amplificará o

dano tecidual no sistema nervoso central. Além disso, o estudo dos linfócitos B na

patogênese da EM assume uma importância inquestionável diante da descrição da

formação de centros germinativos nos tecidos linfoides terciários, nas meninges dos

pacientes, principalmente na fase progressiva da EM.

Page 19: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

19

A inflamação nas meninges também foi observada na fase inicial da EM e está

associada com uma evolução mais grave da doença (SERAFINI et al., 2004,

LUCCHINETTI et al., 2011). Por outro lado, vários estudos indicam que as células B

podem exercer função imunomoduladora nas doenças autoimunes desmielinizantes.

Dentro da função reguladora dos linfócitos B foi observado que essas células facilitam o

recrutamento das Tregs para o SNC na EAE (FILLATREAU, 2019).

Ainda no modelo da EAE foi demonstrado que os linfócitos B secretores de IL-

10 são importantes para a recuperação da doença (MATSUSHITA et al., 2008,). Trabalho

realizado em nosso laboratório mostrou que a administração in vivo de ODN-CpG um

agonista do TLR 9 reduziu de forma significativa a gravidade da EAE através do aumento

de linfócitos B produtores de IL-10 (LONGHINI et al., 2014).

Estudos neuropatológicos recentes indicam um papel importante de células B nos

mecanismos de neurodegeneração da EM que está associado a uma meningite crônica

autoimune (SERAFINI et al., 2004, MAGLIOZZI et al., 2018). Necropsias demonstraram

a presença de tecido linfoide terciário onde predomina agregados de células B na pia-

máter em 20 de 34 pacientes (54%) com a forma secundariamente progressiva da EM.

Estudando biopsia do tecido nervoso central, os autores demonstraram que a inflamação

nas meninges estão presentes em pacientes com EM mesmo no início da doença (CIS)

(LUCCHINETTI et al, 2011).

Subpopulações de linfócitos B também foram descritas de acordo com o

desenvolvimento dessas células. Pelo menos três populações foram descritas B1, B2 e

linfócitos B da zona marginal. Os linfócitos B1 ou CD5+ participam da imunidade inata

enquanto os linfócitos B2 são os convencionais que atuam na resposta imune adaptativa.

Os linfócitos B1 estão associados à produção espontânea (natural) das IgM. Os linfócitos

B CD5+ foram associados com algumas doenças autoimunes como o lúpus eritematoso

sistêmico, a artrite reumatoide, síndrome de Sjogren atuando principalmente no aumento

da produção dos auto anticorpos (FERRACCIOLI e TOLUSSO, 2007). Mais

recentemente, uma subpopulação de linfócitos B produtores de GrmB foi descrita, e

possivelmente essa população celular também contribui para a patogênese da EM (HAGN

e JAHRSDÖRFER, 2012).

Page 20: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

20

Estes tecidos linfoides terciários estão associados a uma importante

desmielinização na região subpial e atrofia cortical, com a formação de um gradiente de

perda neuronal e astrocitária principalmente nas camadas mais superficiais do córtex

cerebral (HOWELL et al., 2011). O tecido linfoide se localiza mais frequentemente na

profundidade dos sulcos e giros cerebrais em uma área de baixa circulação do LCR.

Diante de uma ausência de infiltrado celular no córtex, levanta-se a hipótese de

que fatores solúveis, como citocinas e anticorpos, produzidos nestes folículos se

difundiriam e lesariam os neurônios da região subpial (MAGLIOZZI et al, 2018,

LASSMANN, 2019). Além disso, os autores apontam que essa neurodegenração pode ser

mantida pelas células B infectadas com o vírus Epstein Bar (EBV), uma vez que o

aumento dessa infecção já foi descrita na EM (AHMED et al., 2019). A produção de IL-

17 nesses nichos favorece a ação deletéria dos linfócitos B, pois essa citocina foi descrita

como importante auxiliadora na produção de anticorpos, e assim contribuiria para a

síntese de auto anticorpos nos tecidos linfoides terciários (MITSDOERFFER et al., 2010).

Moléculas relevantes na neurodegeneração e neuroregeneração da

esclerose múltipla

Neurofilamentos

Os neurofilamentos são componentes do citoesqueleto dos neurônios e são

particularmente abundantes nos axônios. Os neurofilamentos têm como função dar

suporte estrutural para a manutenção do tamanho, forma e calibre dos neurônios

(PETZOLD, 2005). Essas estruturas pertencem à família dos filamentos intermediários,

e de acordo com o tamanho da molécula são classificados em neurofilamentos de cadeia

leve (NF-L~68kDa), neurofilamentos de cadeia média (NF-M~145 kDa) e

neurofilamento de cadeia pesada (NF.H ~200 kDa) (ZETTERBERG, 2016).

O dano axonal no SNC libera os neurofilamentos para o líquido cefalorraquiano e

o aumento no nível dessas moléculas indica dano axonal. Uma vez que os

neurofilamentos estão no citoplasma dos neurônios, qualquer condição patológica onde

há dano axonal e neuronal leva ao aumento dessas moléculas.

Page 21: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

21

Assim, níveis aumentados de NF foram detectados em várias doenças como na

esclerose lateral amiotrófica (ELA), Doença de Alzheimer, acidente vascular cerebral e

EM (ZETTERBERG, 2016, YUAN et al., 2017). Embora o aumento dos NF não seja

específico para uma determinada patologia, a quantificação dessas moléculas tem sido

utilizada com êxito, como biomarcador da neurodegeneração.

Na EM, os NF estão sendo utilizados como biomarcadores do processo de

neurodegeneração (VARHAUG et al., 2019), sendo extremamente uteis na caracterização

da fase da doença, prognóstico e resposta ao tratamento. A presença de NFL no LCR tem

sido motivo de muito estudo e tem mostrado a associação positiva entre os elevados níveis

desse marcador e aumento da gravidade da doença em pacientes com EMSR (PETZOLD,

2007). Estudos recentes, inclusive, mostram que os níveis de NFl no LCR serve como

preditor de EM nos pacientes que apresentaram os sintomas iniciais de neuromielite

optica (OLESEN et al., 2019).

Os níveis de neurofilamentos são facilmente detectados no LCR, no entanto, por

ser um procedimento invasivo, novos métodos foram desenvolvidos com sensibilidade

suficiente para detectá-los no soro ou no plasma, como a plataforma SIMOA (single

molecular assay), que detecta uma molécula isolada de neurofilamento. Estudos recentes

mostram que há correlação positiva nos níveis de NF quantificados em amostras pareadas

de soro e LCR (KUHLE et al.2016, DISANTO et al., 2017)

BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro)

As neurotrofinas são moléculas essenciais na regulação das sinapses. São

sintetizadas e secretadas de acordo com a atividade sináptica, agindo nas sinapses ativas

e aumentando a eficiência da neurotransmissão (CANOSSA et al., 2002). Em particular,

o BDNF (Brain-derived neutrophic factor) sintetizado também pelos dendritos tem

atividade crítica na manutenção da neurogênese, diferenciação neuronal, maturação e

desenvolvimento dos neurônios (PARK e POO, 2013).

O BDNF encontra-se em abundância no hipocampo e córtex cerebral (CONNER

et al, 1997), onde exerce atividade neuroprotetiva como aumento da sinaptogenese e

neurotransmissão (Panja & Bramham, 2014). Embora a atividade do BNDF esteja bem

descrita nos neurônios, trabalhos relativamente recentes mostra a sua importância

também nos oligodendrócitos, particularmente após a desmielinização.

Page 22: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

22

Por exemplo, em culturas o BDNF aumenta o número dos oligodendrocitos da

região frontal do cérebro (Du et al., 2003). Experimentos conduzidos em animais

mostraram que os oligodendrócitos de camundongos deficientes em BDNF produzem

níveis diminuídos de mielina na fase precoce do desenvolvimento (XIAO et al., 2010).

Na EM, o BDNF é expresso nos astrócitos, linfócitos, micróglia, na região

perivenular e dentro das lesões (KERSCHENSTEINER et al 1999, STADELMANN et

al 2002). Os estudos ainda demonstraram que na fase secundária progressiva da EM, os

níveis de BDNF do LCR estão diminuídos em relação à fase surto/remissão da doença

estável (SARCHIELLI et al., 2002), sugerindo que na fase progressiva da doença, o nível

diminuído de BDNF pode estar associado à progressão da doença. Além disso, muitos

aspectos da biologia celular do BDNF são regulados pela atividade neuronal, que já está

comprometida nessa fase da doença. Além disso, as interações sinérgicas entre a atividade

neuronal e a plasticidade sináptica do BDNF o tornam um regulador ideal e essencial dos

processos celulares subjacentes à cognição e outros comportamentos complexos. De fato,

numerosos estudos estabeleceram que o BDNF desempenha um papel crítico na

regulação das formas de plasticidade de sinapses dependentes de atividade como as de

potência de longa duração (LTP – long-term potentiation), que é o aumento da eficiência

excitatória das sinapses, e está envolvido no aprendizado e na memória (LEAL,

BRAMHAM e DUARTE, 2017). Recentemente, evidências convergentes sugerem que

os déficits na sinalização do BDNF contribuem para a patogênese de várias doenças e

transtornos importantes, como a doença de Huntington, a doença de Alzheimer e a

depressão (LU, NAGAPPAN, LU, 2014). Assim, o BDNF pode tanto atuar nos

mecanismos de neurodegeneração e inflamatórios que regulam também os transtornos

neuropsiquiátricos, transtornos esses que podem ser observados mesmo nas as formas

precoces da EM.

A possibilidade de linfócitos B citotóxicos contribuírem para as lesões na EM

principalmente nas fases progressivas motivou este estudo associando essas observações

com a síntese de marcadores biológicos como o NFL e BDNF.

Page 23: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

23

OBJETIVOS

- Estudar as subpopulações de linfócitos B na forma primariamente progressiva da

esclerose múltipla.

Objetivos secundários:

- Identificar a expressão de granzima B (GrB) nos linfócitos B no sangue periférico

e dosar o Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF) no soro de pacientes com

EM.

- Identificar a expressão de granzima B (GrB) nos linfócitos B e dosar

Neurofilamentos (NF) no líquido cefalorraquidiano (LCR) de pacientes com EM.

Page 24: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

24

MATERIAIS E MÉTODOS

Participantes: Foram incluídos neste estudo pacientes de EMPP, EMSP e EMSR,

atendidos no Ambulatório de Neurologia do Hospital das Clínicas da Universidade

Estadual de Campinas (UNICAMP).

Critérios de Inclusão: Tanto a coleta de material dos indivíduos saudáveis como

dos pacientes com EM, ocorreu após cada participante ter assinado uma cópia do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) proposto para este trabalho. O

estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP - UNICAMP),

registrada sob o número CAAE: 58498516.3.0000.5404.

Critérios de Exclusão: Foram excluídos da pesquisa indivíduos que:

1. Possuíam histórico de malignidades ou eram portadores de doenças infecto-

contagiosas;

2. Não se enquadravam nos critérios estabelecidos por McDonald revisados.

Page 25: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

25

Durante os anos de 2017-2019, foram recrutados 36 pacientes com EM (19 EMPP,

6 EMSP e 11 EMSR) e 25 indivíduos saudáveis para realização deste estudo. Os

dados demográficos dos pacientes estudados estão apresentados na tabela 1:

Tabela 1: Achados clínicos dos grupos de pacientes EMPP, EMSP, EMSR e

controles estudados.

Parâmetros EMPP EMSP EMS

R

Con

troles

Número de

participantes 19 6 11 25

Relação ♀/♂ 10:9 4:2 7:4 15:

10

Idade – média

(faixa), anos

52

(30-76)

51

(36-72)

36

(18-59)

48

(25-65)

EDSS - média (faixa) 6.7

(5.5 – 9.0)

6.6

(6.0 – 8.0)

2.1

(1.0 – 6.0) n.a.

Duração média da

doença (faixa), anos

13 (2

– 30)

12 (4

– 20)

6 (1-

17) n.a.

Presença de BOC 16+/3

- 5+ 6+/4- n.a.

n.a. – não se aplica; BOC – bandas oligoclonais; EDSS – Escala expandida de

incapacidade

Page 26: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

26

Coleta de sangue e LCR: As amostras foram obtidas durante o acompanhamento

ambulatorial dos pacientes. As amostras de soro e LCR foram armazenadas em tubos

de polipropileno em biofreezer (Sanyo, USA), à -80°C, para preservação até a

realização do teste de ELISA.

Separação dos linfócitos: As PBMCs dos pacientes EMPP, EMSP, EMSR e

controles foram separados por gradiente de Ficoll-hypaque (Sigma-Aldrich, USA).

O gradiente foi centrifugado por 30 minutos a 1400 rpm e a nuvem de células

mononucleares foi retirada e lavada com solução salina de Hanks (Sigma-Aldrich,

USA). Após contagem das PBMCs obtidas, através da câmara de Neubaeur, foi

possível direcionar a marcação de células para a citometria de fluxo.

Citometria de Fluxo de a partir das PBMC’s: Após separação por gradiente e

obtenção das PBMC’s foi realizada marcação de superfície: CD3 – Percp Cy5.5;

CD5 – PE cy7; CD8+ - APC Cy7 e PE; CD19+ - FITC; CD4+9d - APC (BD

Biosciences USA) e posteriormente intracelular: GrB – Alexa Fluor 700 (BD

Biosciences, USA) e RunX3 – eFluor 660 (Invitrogen, USA)) após permeabilização.

A aquisição foi realizada em citômetro de fluxo Facs Verse (BD Bioscience, USA) e

para as análises utilizou-se o software FlowJo®.

Determinação dos níveis de BDNF e NF por ELISA: Os níveis BDNF presente no

soro dos pacientes EMPP, EMSP, EMRR e indivíduos do grupo controle foram

investigados pelo método de ELISA utilizando o kit R&D Systems® (USA). Os

soros obtidos a partir de centrifugação de sangue periférico total sem anticoagulante

foram diluídos (1:20) em solução PBS (10 microlitros da amostra em 190 microlitros

de PBS) e colocados nas placas contendo anticorpo monoclonal anti BDNF. Foram

adicionados 100 microlitros do diluente (PBS) em cada poço, 50 microlitros do

padrão (concentrações conhecidas de BDNF), controle ou amostra por poço e

incubado por 2 horas. Foi adicionado 100 microlitros do conjugado de BDNF

(anticorpo anti BDNF) e incubado por uma hora. Realizado lavagens e adicionado

200 microlitros da solução de substrato (peróxido de hidrogênio e

tetrametilbenzidina) e incubado por 30 minutos protegido da luz. Após este período

colocado 50 microlitros de solução de parada (ácido sulfúrico 0.1N) que interrompeu

a ação.

Page 27: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

27

As microplacas foram lidas em leitor de microplacas Synergy HT (Biotek,

USA) a 450 nm e as concentrações finais foram obtidas em picogramas/mL (limite

de detecção: 20pg/mL). Os níveis de NFs presentes no LCR dos pacientes EMPP,

EMRR e indivíduos do grupo controle foram investigados pelo método de ELISA

com o kit NF light® (Uman, Sweden). Foi realizado a diluição das amostras de LCR

(1:1) em diluente de amostra (PBS) até que o volume total seja 210 microlitros, foi

realizado lavagens da placa e então adicionado 100 microlitros do padrão

(concentrações conhecidas de NFl) e das amostras em duplicata. Foi realizado

incubação por uma hora em temperatura ambiente (20-25°C) em agitação (800 rpm).

Após lavagens foram adicionados 100 microlitros do anticorpo anti NFL marcado

com biotina, em cada poço e incubado por 45 minutos em agitação. Após lavagens

foram adicionados 10 microlitros do anticorpo anti NFL conjugado (streptavidin-

HRP) e incubado novamente por 30 minutos em agitação. Após lavagens foram

adicionados 100 microlitros da solução de substrato (tetrametilbenzidina e peróxido

de hidrogênio) e incubado por 15 minutos. Adicionado 50 microlitros de solução de

parada (ácido sulfúrico 0.1N) que interrompeu a ação. As microplacas foram lidas

em leitor de microplacas Synergy HT (Biotek, USA) a 450 nm e as concentrações

finais foram obtidas em picogamas/mL (limite mínimo: 100pg/mL).

Análise estatística: os resultados foram analisados empregando-se os testes não

paramétricos no software GraphPad Prism 6. O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado

para a comparação entre três ou mais grupos e Mann-Whitney para análise de dois grupos

de amostras. Diferenças foram consideradas signifitivas se apresentaram um valor P <

0,05. Os dados foram expressos como mediana e variação entre os valores mínimos e

máximos

Page 28: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

28

RESULTADOS

Quantificação dos linfócitos T CD8++ expressando GrB em indivíduos normais e

pacientes com EM nas formas surto e remissão e primariamente progressiva.

A predominância de linfócitos T CD8+ em relação ao número de linfócitos T CD4+ nas

lesões cerebrais de pacientes com EM indica a participação dessas células na patogênese

da doença, inclusive nas formas precoces da doença (LUCCHINETTI et al., 2011). Esse

grupo de experimentos foi conduzido no sentido de quantificar os linfócitos T CD8++

produtores de GrB no sangue periférico de pacientes com as formas surto-remissão e

primária progressiva da EM.

Figura 1. Quantificação dos linfócitos T CD8++ expressando GrB em indivíduos

normais e pacientes com EM nas formas primariamente progressiva e

surto/remissão da doença.

1A

1B

1C

C o n tr o le

n = 2 5

E M P P

n = 1 1

E M S R

n = 9

0

2 0

4 0

6 0

8 0

CD

8+

(%

)

C o n tr o le

n = 2 5

E M P P

n = 1 1

E M S R

n = 9

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

CD

8+

Gz

mB

+ (

%)

Page 29: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

29

Os linfócitos T CD8+ foram marcados tanto para a molécula CD8+ da superfície, como

intracelularmente para a detecção de GrB. A identificação dessas moléculas foi feita por

citometria de fluxo. Os três grupos foram analisados pelos métodos de Kruskal-Wallis, e

não houve diferença estatisticamente significativa entre eles. A figura 1A mostra a

estratégia de análise utilizada. A figura 1B mostra a percentagem de linfócitos T CD8++

em indivíduos normais e pacientes com EM nas formas surto-remissão e primariamente

progressivas. Não se observou diferença estatisticamente significativa entre os grupos:

[(CTR) = 25,1 (variação de 12,0 – 50,8); EMPP = 20,0 (variação de 9,95 – 63,7); EMSR

= 22,3 (variação de 11,6 – 35,9). A figura 1C mostra a percentagem de CD8+ GrB + nos

três grupos estudados. Não se observou diferenças estatisticamente significativas: [CTR

= 22,7 (variação de 0,27 – 65,6); EMPP = 20,0 (variação de 3,12 – 63,7); EMSR = 30,4

(variação de 19,4 – 44,4)].

Page 30: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

30

Quantificação dos linfócitos B CD19++ expressando GrB no sangue periférico de

pacientes com EM nas formas surto-remissão e de indivíduos normais.

Os linfócitos B são conhecidos pela capacidade de produzir anticorpos, enquanto a

atividade citotóxica estava reservada para os linfócitos T citotóxicos e células NK. Em

conflito com essas observações, recentes estudos mostraram que linfócitos B ativados

podem produzir e secretar GrB (HAGN et al., 2009, 2012). Esse grupo de estudo foi

conduzido no sentido de verificar a presença de linfócitos B citotóxicos no sangue

periférico de pacientes com as formas surto-remissão e primariamente progressiva da EM.

Figura 2. Quantificação dos linfócitos B CD19++ expressando GrB no sangue

periférico em indivíduos normais e pacientes com EM nas formas primariamente

progressiva e surto/remissão da doença.

2A

2B

2C

C o n tro le

n = 2 5

E M P P

n = 1 5

E M S R

n = 9

0

5

1 0

1 5

2 0

CD

19

+ (

%)

(p = 0 ,0 0 5 6 )

(p = 0 ,0 0 0 8 )

* *

* * *

C o n tro le

n = 2 5

E M P P

n = 1 5

E M S R

n = 9

0

2 0

4 0

6 0

8 0

CD

19

+ G

zm

B+

(%

)

* *

*(p = 0 ,0 1 0 4 )

(p = 0 ,0 0 1 5 )

Page 31: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

31

Os linfócitos B CD19+ foram marcados tanto para a molécula CD8+ da superfície, como

intracelularmente para a detecção de GrB. A identificação dessas moléculas foi feita por

citometria de fluxo. Os três grupos foram analisados pelos métodos de Kruskal-Wallis e

Mann-Whitney e a diferença entre os grupos foi demonstrada pelo *p<0.05, ** p<0.01,

***p<0.001.

A estratégia de gate é apresentada na figura 2A. A figura 2B mostra uma redução

significativa da porcentagem de linfócitos B no sangue periférico de pacientes com EMPP

em relação ao grupo de indivíduos normais e pacientes com a forma surto-remissão

***p<0.001, **P<0.01. [CTR = 5,00 (variação de 1,64 – 14,6); EMPP = 3,16 (variação

de 0,83 – 8,07); EMSR = 6,41 (variação de 1,51 – 10,20)]. A produção de GrB por

linfócitos B CD19++ no sangue periférico de pacientes EMPP e EMSR é

significativamente maior quando comparada ao grupo controle **p<0.01, *p<0.05. [CTR

= 1,97 (variação de 0,38 – 12,3); EMPP = 7,85 (variação de 0,91 – 22,8); EMSR = 1,83

(variação de 0,50 – 5,66)] (figura 2C).

Page 32: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

32

Quantificação dos linfócitos B CD19++ expressando RunX3 e integrina CD4+9d no

sangue periférico.

Durante o desenvolvimento de linfócitos T no timo, o fator de transcrição Runx3 inibe a

expressão de CD4+ nas células duplo-positivas e contribui para a expressão de CD8+

(LOTEM et al., 2013, MILNER et al, 2017) No sentido de verificar se esse fator de

transcrição também está envolvido na expressão de GrB pelos linfócitos B de pacientes

com EM, Runx3 foi quantificado nos linfócitos B de indivíduos saudáveis e pacientes

com EM.

Figura 3. Expressão de Runx3 nos linfócitos B em indivíduos normais e pacientes

com EM nas formas primariamente progressiva e surto/remissão da doença.

Os linfócitos B foram marcados tanto para a molécula CD19+ da superfície, como

intracelularmente para a detecção de RunX3. A identificação dessas moléculas foi feita

por citometria de fluxo. A análise estatística foi feita empregando-se os métodos de

Kruskal-Wallis e Mann-Whitney e a diferença entre os grupos foi demonstrada pelo

*p<0.05, ** p<0.01.

3A 3B

C o n tro le

n = 7

E M P P

n = 6

E M S R

n = 5

0

2 0

4 0

6 0

8 0

CD

19

+ R

un

x3

+ (

%)

(p = 0 ,0 2 2 1 )

(p = 0 ,0 0 5 1 )* *

*

Page 33: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

33

A estratégia de gate é apresentada na figura 3A. A expressão de Runx3 foi quantificada

intracelularmente em linfócitos B, por citometria de fluxo. Houve aumento

estatisticamente significativo da expressão de Runx3 no grupo de pacientes com EMPP e

EMSR em relação ao grupo de indivíduos saudáveis *p<0.05, ** p<0.01.

(figura 3B). [CTR = 18,9 (variação de 10,3 – 35,5); EMPP = 57,7 (variação de 19,5 –

60,5); EMSR = 54,94 (variação de 32,9 – 73,1)].

Quantificação dos linfócitos B CD19++ expressando integrina CD4+9d no sangue

periférico.

A transmigração de linfócitos pela barreira hematoencefalica requer a expressão de

integrinas como a alfa 4 (CD4+9d) beta 1 nos leucócitos ativados que se ligam às

moléculas de adesão do endotélio as VCAM-1 (RICE, HARTUNG, CALABRESI, 2005).

Esse grupo de experimentos foi idealizado no sentido de mostrar que os linfócitos B de

pacientes com EM expressam as integrina a4b1 e também migram para o sistema nervoso

central.

Figura 4. Expressão de CD4+9d nos linfócitos B em indivíduos normais e pacientes

com EM nas formas primariamente progressiva e surto/remissão da doença.

4A

4B

C o n tro le

n = 7

E M P P

n = 7

E M S R

n = 5

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

CD

19

+ C

D4

9d

+ (

%)

* * *

* *(p = 0 ,0 0 1 2 )

(p = 0 ,0 0 0 6 )

Page 34: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

34

Os linfócitos B foram marcados tanto para a molécula CD19+ e CD4+9d da superfície.

A identificação dessas moléculas foi feita por citometria de fluxo. A análise estatística foi

feita empregando-se os métodos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney e a diferença entre

os grupos foi demonstrada pelo ** p<0.01, ***p<0.001

A estratégia de gate é apresentada na figura 4. Houve aumento estatisticamente

significativo da expressão da molécula de superfície CD4+9d nos linfócitos B CD19++

no grupo de pacientes com EMPP e EMSR em relação ao grupo de indivíduos saudáveis

***p<0.001, ** p<0.01 (figura 4B) [CTR = 41,0 (variação de 33,7 – 59,6); EMPP = 91,1

(variação de 84,7 – 96,6); EMSR = 83,5 (variação de 60,6 – 86,3].

Page 35: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

35

Quantificação dos linfócitos B CD19++ expressando CD5+.

Nos últimos 30 anos a nomenclatura das subpopulações dos linfócitos B tem sofrido

modificações e a população que expressa o marcador CD5 foi também chamada de B1 e

posteriormente foi descrita uma população B1a que expressa CD5 e B1b que não expressa

CD5 (ZHAO et al, 2019).

Esse grupo de experimentos foi desenvolvido com o objetivo de estabelecer se há relação

entre a população de linfócitos B CD5+ e a função citotóxica.

Figura 5. Expressão de CD5 e GrB nos linfócitos B em indivíduos normais e

pacientes com EM na forma primariamente progressiva.

Os linfócitos B foram marcados tanto para a molécula CD19+ e CD5 da superfície, como

intracelularmente para a detecção de GrB. A identificação dessas moléculas foi feita por

citometria de fluxo. Os grupos foram analizados pelo método de Mann-Whitney e não

houve diferença estatisticamente significativa entre eles.

5A

5B

5C

C D 5 + C D 5 - C D 5 + C D 5 -

0

1 0

2 0

3 0

4 0

E M P PC o n tr o le

n = 8 n = 8

CD

19

+ G

rB

+ (

%)

C o n tr o le E M P P

0

2 0

4 0

6 0

n = 8 n = 8

CD

19

+ C

D5

+ (

%)

Page 36: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

36

A estratégia de gate é apresentada na figura 5A. A figura 5B mostra que não há aumento

significativo da expressão de CD5+ no grupo EMPP em relação ao grupo controle [CTR

= 18,1 (variação de 11,6 – 28,1); EMPP = 18,7 (variação de 6,36 – 54,2). Também não

houve diferença estatisticamente significativa entre os linfócitos B CD5+ e B CD5-

produtores de GrB (figura 5C). [CTR CD5+ = 9,29 (variação de 1,77 – 15,4); CTR CD5-

= 3,41 (variação de 2,64 – 15,3); EMPP CD5+ = 8,02 (variação de 0,84 – 31,1); EMPP

CD5- = 6,99 (variação de 0,81 – 36,2).

Page 37: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

37

Linfócitos B produtores de Granzima B no líquido cefalorraquiano de pacientes com

EM primariamente progressiva

Apesar de o SNC ter sido historicamente referido como imune privilegiado, esse conceito

mudou diante da descoberta de vasos linfáticos nas meninges. A transmigração de

linfócitos pela barreira hematoencefalica pela integrina alfa 4 (CD4+9d) beta 1 pode estar

relacionada a migração de linfócitos B para o sistema nervoso central. Linfócitos esses

que podem estar exercendo uma atividade citotóxica, produzindo e secretando GrB. Esse

grupo de estudo foi conduzido no sentido de verificar a presença de linfócitos B

citotóxicos no líquido cefalorraquidiano de pacientes com a forma primariamente

progressiva da EM.

Figura 6. Quantificação dos linfócitos B CD19++ expressando GrB no líquido

cefalorraquidiano em indivíduos normais e pacientes com EM na forma

primariamente progressiva.

6A

6B

CD

19

+ (

%)

C o n tr o le

L C R

n = 4

E M P P

L C R

n = 8

0

5

1 0

1 5

2 0(p = 0 ,0 2 8 3 )

*

CD

19

+ G

zm

B+

(%

)

C o n tr o le

L C R

n = 4

E M P P

L C R

n = 8

0

1 0

2 0

3 0

4 06C

Page 38: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

38

Os linfócitos B foram marcados tanto para a molécula CD19+ da superfície, como

intracelularmente para a detecção de GrB. A identificação dessas moléculas foi feita por

citometria de fluxo. O método de Mann-Whitney mostrou que há aumento

estatisticamente significativo dos linfócitos B no LCR *p<0.05

A estratégia de gate é apresentada na figura 6A A figura 6B mostra um aumento

significativo da porcentagem de linfócitos B no líquido cefalorraquidiano de pacientes

com EMPP em relação ao grupo de indivíduos normais *p<0.05 [CTR = 1,70 (variação

de 0,59 – 3,27); EMPP = 8,80 (variação de 2,72 – 17,9). Não houve diferença

estatisticamente significativa entre os linfócitos B CD19++ produtores de GrB entre os

pacientes com EMPP e o grupo controle (figura 6C) [CTR = 12,1 (variação de 7,06 –

20,0); EMPP = 13,7 (variação de 2,72 – 35,0).

Page 39: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

39

Quantificação dos níveis de Neurofilamentos leves no líquido cefalorraquiano e de

BDNF no soro de pacientes com esclerose múltipla nas formas surto e remissão,

secundária e primariamente progressiva.

Os neurofilamentos foram estudados extensivamente em diferentes condições

neurológicas e são considerados promissores marcadores da destruição axonal tanto

aguda como crônica. (BERGMAN, 2016, ZUCCHI et al., 2018). Por outro lado, as

neurotrofinas como o BDNF emergem como importantes moduladores da regeneração

axonal (MCGREGOR & ENGLISH, 2019). Esse grupo de experimentos foi conduzido

no sentido de quantificar os níveis de NF e BDNF no LCR e soro de pacientes com EM

(respectivamente) e em indivíduos saudáveis.

Figura 7. Níveis de neurofilamentos leves no LCR de pacientes com esclerose

múltipla (6A) e BDNF no soro (6B).

A figura 7A mostra o resultado da quantificação de NFL no LCR dos pacientes com EM.

Os dados foram analisados pelos métodos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney que

demonstrou aumento estatisticamente significativo dos níveis de NFL no LCR de

pacientes EMPP [CTR = 314,88 (variação de 173,40 – 452,61); EMPP = 1254,08

(variação de 593,06 – 2185,29)] **p<0.01 e EMSR [CTR = 314,88 (variação de 173,40

– 452,61); EMSR = 2508,93 (variação de 220,91 – 6553,91) ***p<0.001.

7A 7B

C o n tr o le

n = 1 0

E M P P

n = 8

E M S R

n = 1 1

0

2 0 0 0

4 0 0 0

6 0 0 0

8 0 0 0

NF

- L

CR

(p

g/m

L) * *

* * *

(p = 0 ,0 0 2 8 )

p < 0 ,0 0 0 1 )

BD

NF

So

ro

pg

/mL

C o n t r o le

n = 9

E M P P

n = 9

E M S P

n = 6

E M S R

n = 1 0

0

1 0 0 0

2 0 0 0

3 0 0 0

4 0 0 0

5 0 0 0

*

* *(p = 0 ,0 0 1 6 )

(p = 0 ,0 1 0 6 )

Page 40: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

40

A figura 7B mostra diminuição estatisticamente significativa dos níveis de BDNF de

pacientes com EMPP *p<0,05 [CTR = 2316,34 (variação de 1343,34 – 3813,99); EMPP

= 1554,00 (variação de 930,43 – 2435,30)] e EMSP **p<0.01 [EMSP = 1310,55 (variação

de 801,14 – 1828,85); CTR = 2316,34 (variação de 1343,34 – 3813,99)]. Entanto, não

houve mudança dos níveis de EMSR em relação ao grupo saudável.

Page 41: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

41

DISCUSSÃO

Nesse estudo demonstramos o aumento de linfócitos B citotóxicos nos pacientes

com EM primariamente progressiva. Embora a atividade citotóxica não seja comum nos

linfócitos B, esse estudo sugere que a citotoxicidade é um dos mecanismos que leva ao

dano tecidual na EM a exemplo do que ocorre com os linfócitos T CD8+ e células NK.

Estudos prévios mostraram que o número de linfócitos T CD8+ supera o de

linfócitos T CD4+ nas lesões da substância branca de pacientes com EM, e os linfócitos

T CD8+ estão associados às lesões dos axônios e oligodendrocitos (LIBLAU et al., 2002,

NEUMANN et al., 2002). Linfócitos T CD8+ expressando GrB e IFN-γ também foram

encontrados em níveis aumentados no líquido cefalorraquiano (LCR) (IFERGAN et al.,

2011). Estudando material de biopsia do SNC, Lucchinetti e colaboradores (2011)

mostraram aumento de linfócitos T CD8+ na região perivenular nas lesões

desmielinizantes corticais de pacientes com a forma precoce (CIS) da EM

(LUCCHINETTI et al., 2011). Ainda, a análise das células que infiltram o SNC mostrou

a maior expansão oligoclonal de linfócitos T CD8+ e não T CD4+ dentro das lesões

(BABBE et al., 2000, JUNKER et al., 2007) e no LCR (JACOBSEN et al., 2002).

Os TCR dos linfócitos T CD8+ (TCR) reconhecem o peptídeo antigênico

apresentado pela célula alvo através das moléculas de MHC de classe I. Estudos prévios

mostraram associação entre alelos de MHC de classe I e suscetibilidade à EM (FUGGER

et al., 2009, MARS et al., 2011).

No conjunto, esses resultados sugerem que linfócitos T CD8+ específicos para os

neuroantigenos migram para o SNC e estão envolvidos na patogênese da EM. Uma vez

feita a ligação do TCR dos linfócitos T CD8+ e o peptídeo antigênico, juntamente com

as moléculas de MHC de classe I, os linfócitos T CD8+ liberam proteases como as

perforinas e granzimas no citoplasma das células alvo levando-as à apoptose (IZAAZ et

al., 1995). A GrB é uma serina protease que normalmente age em colaboração com as

perforinas. As perforinas formam poros nas membranas das células alvo, enquanto a GrB

age sobre vários substratos intracelulares que são clivados dependendo ou não das

caspases (ANDRADE et al., 1998).

Page 42: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

42

Na ideia de evitar a destruição das células produtoras de GrB pelas próprias

proteases, as células lançam mão de mecanismos inibidores como, a GrB que é secretada

como zimogênio inativo ou ainda moléculas como as serpinas, que estão presentes no

citoplasma celular inibem a atividade citotóxica das GrB (POTEMPA, KORZUS e

TRAVIS, 1994).

Estudo prévio mostrou que linfócitos T CD4+ encefalitogênicos expressam GrB

o que facilita a passagem da BHE no modelo da EAE (KEBIR et al., 2007).

Nesse estudo, os linfócitos T CD8+ de pacientes com EM nas diferentes formas

clínicas e de indivíduos normais foram analisados. Verificou-se que não houve diferença

estatisticamente significativa entre os grupos de indivíduos estudados em relação à

quantidade de linfócitos T CD8+ no sangue periférico.

Os linfócitos T CD8+ são encontrados no SNC, inclusive nas leptomeninges, no

entanto, estas células circulam num equilíbrio dinâmico, sendo que em pacientes com EM

não tratados a quantidade dessa população celular não se altera significativamente. Sob

tratamento, no entanto, os linfócitos T CD8+ têm a concentração alterada para mais ou

para menos dependendo do tratamento ao qual o paciente com EM é submetido.

Os linfócitos B são conhecidos pela capacidade de produzir anticorpos, enquanto

a atividade citotóxica era observada normalmente nos linfócitos T CD8+ e células NK.

Em conflito com essas observações, estudos relativamente recentes mostraram que

linfócitos B ativados produzem e secretam GrB (HAGN et al., 2012).

Como foi mencionado, o tratamento com anticorpos monoclonais (quimérico)

humanizados anti linfócitos B (anti CD20) tem beneficiado os pacientes com EM

(HAUSER et al., 2008). Mais recentemente, outro anticorpo monoclonal humanizado anti

CD20 foi lançado no mercado brasileiro, com a vantagem de não ser quimérico e causar

menos inflamação pós infusional, o ocrelizumab (BARKHOF et al., 2019). Esse novo

arsenal terapêutico para a EM visa diminuir o efeito patogênico dos linfócitos B, tanto os

circulantes que podem atravessar a BHE como os presentes nos centros germinativos do

tecido linfoide terciário das meninges. É interessante, portanto, entender que subtipo de

linfócito B responde ao tratamento, ou se todos os linfócitos B expressam a molécula

CD20 da mesma forma, sofrendo igualmente a ação dos anticorpos anti CD20.

No intuído de investigar se os linfócitos B citotóxicos participam do dano tecidual

na EM nas formas progressivas, estudamos essa população celular nos pacientes com EM

primariamente progressiva em comparação com indivíduos saudáveis.

Page 43: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

43

Nossos dados mostram aumento significativo de linfócitos B citotóxicos no

sangue periférico de pacientes com EMPP e a presença dessas células no LCR. Por razões

óbvias, não foi colhido LCR de indivíduos normais, e nesses dados apenas mostramos

que há linfócitos B citotóxicos no LCR desses pacientes com EM.

É muito importante ressaltar que as células do sistema imune podem ter acesso ao

SNC através do LCR. Estudos prévios mostraram que quimiocinas como a CCL20 são

liberadas por células do plexo coróide no LCR, e ligam-se aos receptores CCR6 de

linfócitos ativados atraindo-os para o parênquima cerebral (REBOLDI et al., 2009).

Durante a resposta inflamatória, o endotélio dos vasos inflamados aumentam a expressão

de moléculas de adesão como a molécula de adesão intercelular 1 (ICAM-1) e VCAM-1

e seus respectivos ligantes, as integrinas (LFA1 e α4β1 (very late antigen 4) expressas

nas células T autorreativas (CAYROL et al., 2008), contribuindo para a entrada dessas

células no parênquima do SNC. Nossos resultados estão em concordância com esses

estudos, pois mostramos que os linfócitos B de pacientes com EMPP expressam níveis

elevados da integrina CD4+9d (VLA 4).

A migração dos linfócitos B para o SNC é um fenômeno bem conhecido. Estudos

mostraram que os linfócitos B residem em compartimentos distintos dentro do SNC como

nas meninges, no LCR e no parênquima. Dentro do SNC as células B participam da

produção de anticorpos que formam as bandas oligoclonais e a presença desses anticorpos

auxiliam no diagnóstico da EM, uma vez que cerca de 81% desses doentes apresentam a

bandas (BRANDÃO et al., 2005). Ainda, os linfócitos B são as células mais abundantes

nos tecidos linfoides terciários observados nas meninges dos pacientes com EM

(SERAFINI et al. 2004). Mais recentemente, foi demonstrado que os linfócitos B do SNC

estão em equilíbrio dinâmico e circulam para a periferia. Estudando clones de linfócitos

B, os autores demonstraram que as células que estavam presentes no LCR também foram

encontradas na periferia (von BUDINGEN et al., 2012).

Nossos dados mostram ainda que os linfócitos B citotóxicos não pertencem ao

subgrupo de linfócitos CD5+, os quais estão associados à algumas doenças autoimunes

(FERRACCIOLI e TOLUSSO,2007).

No sentido de entender a atividade citotóxica dos linfócitos B, determinou-se a

expressão do fator de transcrição RUNX3 e os resultados mostram que a expressão desse

fator está significativamente elevada no grupo de pacientes com EM estudado. RUNX é

uma família de fator de transcrição responsável por vários processos de desenvolvimento,

proliferação e diferenciação celular.

Page 44: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

44

Nos vertebrados esse fator de transcrição consiste em três grupos RUNX1,

RUNX2 e RUNX3. Desses três grupos de proteínas o RUNX1 e RUNX3 são importantes

na hematopoese, sendo que o RUNX3 é importante para as funções dos linfócitos e

células mielóides.

As proteínas RUNX são cruciais para a determinação da expressão da molécula

CD4+ ou CD8+ durante a maturação das células T no timo. Modificação genética

(silenciar) o fator de transcrição RUNX1 ou o ThPOK nos timócitos duplo positivos

reprime a expressão de CD4+, enquanto a supressão de RUNX3 impede o

desenvolvimento da linhagem de linfócitos T CD8++ (COLLINS et al.,

2011; SETOGUCHI et al., 2008). O RUNX3 regula positivamente a expressão de CD8+

e participa na indução de células T citotóxicas (HASSAN et al., 2011; KOHU et al.,

2005).

Os fatores de transcrição RUNX2 e RUNX3 também estão envolvidos na

maturação tardia dos linfócitos B, embora o exato mecanismo ainda não esteja elucidado.

Foi demonstrado que animais KO para RUNX3 não produzem IgA quando os linfócitos

B foram estimulados in vitro (SHI e STAVNEZER, 1998).

Nesse estudo mostramos que o aumento da expressão de RUNX3 está associado

ao aumento da função citotóxica dos linfócitos B citotóxicos. No entanto, não

apresentamos evidência da função citotóxica dessas células. Os mecanismos pelos quais

os linfócitos B contribuem para as lesões na EM estão sendo estudados. Trabalhando com

o sobrenadante de linfócitos B in vitro de pacientes com EMSR e de indivíduos normais

previamente ativados in vitro, os autores mostraram a presença de várias citocinas como

TNF-α, IL-6, IL-10 TGF-β1 e a co-cultura desses fatores provenientes de pacientes com

EM e não de indivíduos saudáveis causavam morte de oligodendrócitos. No entanto, os

autores não foram capazes de identificar o fator responsável pela morte celular, podendo

ser uma ou a combinação de várias moléculas (LISAK et al., 2012). Outro estudo mostra

que linfócitos B de pacientes com EMSR não estimulados in vitro secretam fatores

tóxicos para neurônios humanos e de murinos. Os autores não identificaram esse fator,

mas sugerem que moléculas secretadas pelos linfócitos B dos pacientes com EM

contribuem para a formação das lesões na doença (LISAK et al., 2017).

Nosso estudo terá continuidade no sentido de verificar o efeito da GrmB nas

células do SNC. Não excluímos a possiblidade de os linfócitos B citotóxicos estarem

agindo diretamente sobre as células do sistema nervoso central.

Page 45: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

45

O neuroantígeno pode ser apresentado aos linfócitos B através das células

dendríticas presentes nos centros germinativos tanto da periferia como no SNC. Essa

apresentação ativaria os linfócitos B a liberarem GrB levando ao dano tecidual. Ainda, os

linfócitos B podem reconhecer o neuroantígeno através do BCR e apresentá-los aos

linfócitos T CD4+ (Th1 ou Th17) que por sua vez causariam o dano tecidual.

Nosso estudo mostra a expressão de integrina α4β1 na superfície dos linfócitos B

e a presença dessas células no LCR, confirmando que as células B citotóxicas migram

para o sistema nervoso central.

No sentido de mostrar que os linfócitos B citotóxicos podem contribuir para a

neurodegeneração no SNC, quantificamos os neurofilamentos leves e observamos níveis

aumentados desse biomarcador de neurodegeneração no LCR de pacientes com EMPP.

Nosso estudo está em concordância com outros que mostraram a associação positiva dos

elevados níveis do NFL e aumento da gravidade da doença em pacientes com EMSR.

Estudos recentes, inclusive, mostram que os níveis de NFl no LCR serve como preditor

de EM nos pacientes que ainda apresentam os sintomas de neuromielite optica (OLESEN

et al., 2019).

A neurodegeneração pode ser explicada, pelo menos em parte, pela redução de

neurotrofinas como o BDNF. O BDNF tem atividade crítica na manutenção da

neurogênese, diferenciação neuronal, maturação e desenvolvimento dos neurônios

(PARK e POO, 2013). Nosso estudo mostra significativa diminuição dos níveis séricos

de BDNF em pacientes com EM. Na EM os resultados sobre as dosagens de BDNF são

conflitantes. Alguns autores mostraram aumento dessa neurotrofina nos leucócitos e soro

na EMSR (CAGGIULA et al., 2005, SARCHIELLI et al., 2002). No entanto, outros

autores mostraram significativa redução do BDNF no soro dos pacientes com EM

também na fase surto/remissão da doença (AZOULAY et al., 2008, AZOULAY et al.,

2005).

Resumindo, nosso estudo mostra o aumento de linfócitos B citotóxicos no sangue

e LCR de pacientes com EM na forma progressiva primária. O aumento desse grupo de

células está associado ao aumento de neurofilamentos no LCR dos pacientes o que indica

que a citotoxicidade apresentada por esses linfócitos pode contribuir para o processo de

neurodegeneração observado nas formas progressiva da EM. Assim, novas terapias com

os imunobiológicos que têm como objetivo lisar os linfócitos B ganham espaço no arsenal

terapêutico que visa inibir a progressão da EM.

Page 46: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

46

CONCLUSÕES

Os resultados apresentados nesse estudo permitem as seguintes conclusões:

1. Não existe mudança significativa na porcentagem de linfócitos CD8++ no

sangue periférico, entre os pacientes com EMPP e EMSR quando comparado

aos indivíduos saudáveis;

2. Linfócitos CD19++ do sangue periférico de pacientes com EMPP expressam

aumento significativo de GrB, RunX3 e CD4+9d em comparação aos

linfócitos B de indivíduos saudáveis.

3. Não há diferença significativa na expressão de GrB pelos linfócitos CD19++

CD5+ no sangue periférico, entre indivíduos com EMPP quando comparado

aos indivíduos saudáveis.

4. Não existe diferença significativa na expressão de GrB pelos linfócitos

CD19++ no líquido cefalorraquidiano, entre indivíduos com EMPP quando

comparado a indivíduos saudáveis.

5. Existe significativa redução dos níveis de BDNF no soro de pacientes EMPP

quando comparado aos indivíduos saudáveis.

6. Foi observado aumento estatisticamente significativo de NFL no LCR de

pacientes com MSPP e MSSR.

Page 47: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ahmed SI, Aziz K, Gul A, Samar SS, Bareeqa SB. Risk of Multiple

Sclerosis in Epstein-Barr Virus Infection. Cureus. 2019;11(9): e5699.

Andrade F, Roy S, Nicholson D, Thornberry N, Rosen A, Casciola-Rosen

L. Granzyme B Directly and Efficiently Cleaves Several Downstream

Caspase Substrates: Implications for CTL-Induced Apoptosis. Immunity:

1998; 8: 451–460.

Azoulay D, Urshansky N, Karni A. Low and dysregulated BDNF secretion

from immune cells of MS patients is related to reduced neuroprotection.

Journal of Neuroimmunology: 2008; 195:186–93.

Azoulay D, Vachapova V, Shihman B, Miler A, Karni A. Lower brain-

derived neurotrophic factor in serum of relapsing remitting MS: reversal by

glatiramer acetate. Journal of Neuroimmunology: 2005; 167:215–8.

Babbe H, Roers A, Waisman A, Lassmann H, Goebels N, Hohlfeld R,

Friese M, Schröder R, Deckert M, Schmidt S, Ravid R, Rajewsky K. Clonal

Expansions of CD8++ T Cells Dominate the T Cell Infiltrate in Active

Multiple Sclerosis Lesions as Shown by Micromanipulation and Single Cell

Polymerase Chain Reaction. Journal Experimental Medicine: 2000;192:

393–404.

Baranzini SE, Mudge J, van Velkinburgh JC, Khankhanian P, Khrebtukova

I, Miller NA, Zhang L, Farmer AD, Bell CJ, Kim RW, May GD, Woodward

JE, Caillier SJ, McElroy JP, Gomez R, Pando MJ, Clendenen LE, Ganusova

EE, Schilkey FD, Ramaraj T, Khan OA, Huntley JJ, Luo S, Kwok PY, Wu

TD, Gary P. Genome, epigenome and RNA sequences of monozygotic

twins discordant for multiple sclerosis. Nature: 2010; 464: 1351–1356.

Barkhof F, Kappos L, Wolinsky JS, Li DK, Bar-Or A,Hartung HP,

Belachew S, Jian Han J, Julian L, Sauter A, Napieralski J, Koendgen H,

Hauser SL. Onset of clinical and MRI efficacy of ocrelizumab in relapsing

multiple sclerosis. Neurology: 2019;93: e1778-e1786.

Page 48: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

48

Bennett J, Basivireddy J, Kollar A, Biron AK, Reickmann P, Jefferies WA,

McQuaid S. Blood–brain barrier disruption and enhanced vascular

permeability in the multiple sclerosis model EAE. Journal of

Neuroimmunology: 2010; 229: 180–191.

Brandão CO, Ruocco HH, Farias AS, Oliveira C, Hallal-Longo DE,

Mirandola SR, Oliveira EC, Cendes F, Damasceno BP, Santos LM.

Cytokines and intrathecal IgG synthesis in multiple sclerosis patients during

clinica remission. Arquivos de Neuropsiquiatria: 2005; 63:914-919.

Caggiula M, Batocchi AP, Frisullo G, Angelucci F, Patanella AK, et al.

Neurotrophic factors and clinical recovery in relapsing-remitting multiple

sclerosis. Scandinavian journal of immunology: 2005; 62:176–82.

Canossa M, Giordano E, Cappello S, Guarnieri C, Ferri S. Nitric oxide down-

regulates brain-derived neurotrophic factor secretion in cultured hippocampal

neurons. Proceedings of the national academy of sciences 2002; 99:3282-7.

Cayrol R, Wosik K, Berard JL, Dodelet-Devillers A, Ifergan I, Kebir H,

Haqqani AS, Kreymborg K, Krug S, Moumdjian R, Bouthillier A, Becher

B, Arbour N, David S, Stanimirovic D, Prat A. Activated leukocyte cell

adhesion molecule promotes leukocyte trafficking into the central nervous

system. Nature Immunology: 2008; 9:137-45

Chen Y, Kuchroo VK, Inobe JI, Hafler DA, Weiner HL. Regulatory T Cell

Clones Induced by Oral Tolerance: Suppression of Autoimmune

Encephalomyelitis. Science: 1994; 265:1237-1240

Choi S, Howell OW, Carassiti D, Magliozzi R, Gveric D, Muraro PA, et al.

Meningeal inflammation plays a role in the pathology of primary

progressive multiple sclerosis. Brain: 2012; 135:2925–37.

Collins A, Hewitt SL, Chaumeil J, Sellars M, Micsinai M, Allinne J, Parisi

F, Nora EP, Bolland DJ, Corcoran AE, Kluger Y, Bosselut R, Ellmeier W,

Chong MM, Littman DR, Skok JA. RUNX Transcription Factor-Mediated

Association of CD4+ and CD8+ Enables Coordinate Gene Regulation.

Immunity: 2011; 34: 303–314

Page 49: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

49

Colombo M, Dono M, Gazzola P, Roncella S, Valetto A, Chiorazzi N,

Mancardi GL, Ferrarini M. Accumulation of clonally related B

lymphocytes in the cerebrospinal fluid of multiple sclerosis patients. The

Journal of Immunology: 2000; 164: 2782-9.

Conner JM, Lauterborn JC, Yan Q, Gall CM, Varon S. Distribution of

Brain-Derived Neurotrophic Factor (BDNF) Protein and mRNA in the

Normal Adult Rat CNS: Evidence for Anterograde Axonal Transport. The

Journal of Neuroscience: 1997; 17:2295–2313

Daneman R, Prat A. The Blood–Brain Barrier. Cold Spring Harbour

Perspective Biology: 2015; 2015;7: a020412.

Dapeng Wang D, Diao H, Getzler AJ, Rogal W, Frederick MA, Milner J,Yu

B, Crotty S, Goldrath A, Pipkin ME. The Transcription factor Runx3

establishes chromatin accessibility of cis-regulatory landscapes that drive

memory cytotoxic T lymphocyte formation. Immunity: 2018; 17; 48: 659–

674.

Di Giuliano F, Albanese M, Picchi E, Mori F, Buttari F, Marfia GA, Garaci F,

Mercuri NB, Floris R, Centonze D, Marziali S. Abnormal cervical lymph

nodes in multiple sclerosis: a preliminary ultrasound study. Radiology Med.

2018;123:202-208.

Disanto G, Barro C, Benkert P, et al. Serum neurofilament light: a

biomarker of neuronal damage in multiple sclerosis. Annals of Neurology:

2017; 81:857–870.

Dressel A, Chin JL, Sette A, Gausling R, Höllsberg P, Hafler DA.

Autoantigen recognition by human CD8+ T cell clones: enhanced agonist

response induced by altered peptide ligands. The Journal of Immunology:

1997; 159:4943-4951.

Du Y, Fischer TZ, Lee LN, Lercher LD, Dreyfus CF. Regionally Specific

Effects of BDNF on Oligodendrocytes. Dev Neuroscience: 2003; 25:116–

126

Ferraccioli G, Tolusso B. Infections, B cell receptor activation and

autoimmunity: Different check-point impairments lead to autoimmunity,

clonal B cell expansion and fibrosis in different immunological settings.

Autoimmunity Reviews: 2007; 7:109–113.

Page 50: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

50

Fillatreau S. Regulatory functions of B cells and regulatory plasma cells.

Biomedical Journal. 2019; 42:233-242.

Fontenot JD, Gavin MA, Rudensky AY. Foxp3 programs the development and

function of CD4++CD25+ regulatory T cells. Nature Immunology. 2003;4: 330-

36.

Fugger L, Friese MA, Bell JI. From genes to function: the next challenge to

understanding multiple sclerosis. Nature Reviews Immunology: 2009; 408-417.

Gafson A, Giovannoni G, Hawkes CH. The diagnostic criteria for multiple

sclerosis: From Charcot to McDonald. Multiple Sclerosis and Related

Disorders 2012; 1: 9–14.

George P.A. Rice, Hans-Peter Hartung, Peter A. Calabresi. Anti-α4 integrin

therapy for multiple sclerosis. Mechanisms and rationale: 2005; 64 (8)

Gondek DC, Lu LF, Quezada SA, Sakaguchi S, Noelle RJ. Cutting edge:

contact-mediated supression by CD4++ CD25+ regulatory cells involve a

granzyme B-dependent, perforin-independent mechanism. The Journal of

Immunology: 2005; 174:1783-1786.

Gonzalez MC, Radiske A, Cammarota M. On the Involvement of BDNF

Signaling in Memory Reconsolidation. Frontiers in Cellular Neuroscience:

2019; 13:383

Gregori S, Roncarolo MG. Engineered T Regulatory Type 1 Cells for

Clinical Application. Frontiers of Immunology. 2018;9:233eColletion.

Hafler D. Multiples Sclerosis. J. Clin. Invest: 2004; 113:788–794

Hagn M & Jahrsdörfer B. Why do human B cells secrete granzyne B?

Insights into a novel B-cell differentiation pathway. Oncoimmunology:

2012; 1: 1368–1375.

Hagn M, Schwesinger E, Ebel V, Sontheimer K, Maier J, Beyer T, Syrovets

T, Laumonnier Y, Fabricius D, Simmet T, Jahrsdörfer B. Human B cells

secrete granzyme B when recognizing viral antigens in the context of the

acute phase cytokine IL-21. The Journal of Immunology: 2009; 183: 1838-

45.

Page 51: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

51

Hassan H, Sakaguchi S, Tenno M, Kopf A, Boucheron N, Carpenter AC,

Egawa T, Taniuchi I, Ellmeier W. CD8+ enhancer E8I and Runx factors

regulate CD8+α expression in activated CD8++ T cells Proceedings of the

National Academy of Sciences; 2011; 108: 18330–18335 .

Hauser SL, Waubant E, Arnold DL, Vollmer T, Antel J, Fox RJ, Bar-Or A,

Panzara M, Sarkar N, Agarwal S, Langer-Gould A, Smith CH, HERMES

Trial Group. B-cell depletion with rituximab in relapsing-remitting multiple

sclerosis. New England Journal of Medicine: 2008; 358: 676 – 688.

Howell OW, Reeves CA, Nicholas R, Carassiti D, Radotra B, Gentleman

SM. Meningeal inflammation is widespread and linked to cortical

pathology in multiple sclerosis. Brain: 2011; 134: 2755–71.

Ifergan I, Kébir H, Bernard M, Wosik K, Dodelet-Devillers A, Cayrol R,

Arbour N and Prat A. The blood-brain barrier induces differentiation of

migrating monocytes into Th17-polarizing dendritic cells. Brain: 2008;

131: 785-799.

Ifergan I, Kebir H, JI Alvarez, Marceau G, Bernard M, Bourbonniere L,

Poirier J, Duquette P, Talbot PJ, Arbour N, Alexandre Prat A. Central

nervous system recruitment of effector memory CD8++ T lymphocytes

during neuroinflammation is dependent on a4 integrin. Brain :2011; 134:

3560–3577

Isaaz S, Baetzl K, Olsen K, Podackz E, Griffithsl GM. Serial killing by

cytotoxic T lymphocytes: T cell receptor triggers degranulation, re-filling

of the lytic granules and secretion of lytic proteins via a non-graniule

pathway. European. Journal of Immunology: 1995; 25: 1071-1079.

Jacobsen M, Cepok S, Quak E, Happel M, Gaber R, Ziegler A, Schock S,

Oertel WH, Sommer N, Hemmer B. Oligoclonal expansion of memory

CD8++ T cells in cerebrospinal fluid from multiple sclerosis patients.

Brain: 2002; 125: 538-550.

Janzer RC, Raff MC. Astrocytes induce blood-brain barrier properties in

endothelial cells. Nature: 1987;325: 253-57.

Junker A, Ivanidze J, Malotka J, Eiglmeier I, Lassmann H, Wekerle H,

Meinl E, Hohlfeld R, Dornmair K. Multiple sclerosis: T-cell receptor

expression in distinct brain regions. Brain: 2007; 130, 2789-99.

Page 52: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

52

Kebir H, Ifergan I, Alvarez JI, Bernard M, Poirier J, Arbour N, Duquette P, Prat

A. Preferential recruitment of interferon-gamma-expressing TH17 cells in

multiple sclerosis. Annals of Neurology: 2009; 66:390-402.

Kebir H,Kreymborg K, Ifergan I, Dodelet-Devillers A, Cayrol R, Bernard

M, Giuliani F, Arbour N, Becher B, Prat A. Human TH17 lymphocytes

promote blood-brain barrier disruption and central nervous system

inflammation: Nature Medicine: 2007; 13: 1173–1175.

Kerschensteiner M, Gallmeier E, Behrens L, Leal VV, Misgeld T, Klinkert WE,

Kolbeck R, Hoppe E, Oropeza-Wekerle RL, Bartke I, Stadelmann C, Lassmann

H, Wekerle H, Hohlfeld R. Activated human T cells, B cells, and monocytes

produce brain-derived neurotrophic factor in vitro and in inflammatory brain

lesions: a neuroprotective role of inflammation?: Journal of Experimental

Medicine: 1999;189: 865-70.

Kohu K, Sato T, Ohno S, Hayashi K, Uchino R, Abe N, Nakazato M,

Yoshida N, Kikuchi T, Iwakura Y, Inoue Y, Watanabe T, Habu S, Satake

M. Overexpression of the Runx3 Transcription Factor Increases the

Proportion of Mature Thymocytes of the CD8+ Single-Positive lineage.

TheJournal of Immunology: 2005; 174:2627-2636

Korn T, Bettelli E, Oukka M, Kuchroo VK. IL-17 and Th17 Cells. Annual Review

of Immunology. 2009; 27:485-517.

Kuhle J, Barro C, Disanto G, et al. Serum neurofilament light chain in early

relapsing remitting MS is increased and correlates with CSF levels and with

MRI measures of disease severity. Multiple Sclerosis Journal: 2016;

22:1550–1559.

Lassmann H. Pathogenic Mechanisms Associated With Different Clinical

Courses of Multiple Sclerosis. Frontiers of Immunology: 2019; 10; 9: 3116.

Levanon D, Groner Y. Structure and regulated expression of mammalian

RUNX genes. Oncogene: 2004; 23, 4211–4219.

Liblau RS, Susan Wong SF, Lennart T. Mars LT, Santamaria P.

Autoreactive CD8+ T Cells in Organ-Specific Autoimmunity: Emerging

Targets for Therapeutic Intervention. Immunity: 2002; 17: 1–6.

Page 53: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

53

Lisak RP, Benjamins JA, Nedelkoska L, Barger JL, Ragheb S, Fan B,

Ouamara N, Johnson TA, Rajasekharan S, Bar-Or A. Secretory products of

multiple sclerosis B cells are cytotoxic to oligodendroglia in vitro. Journal

of Neuroimmunology 2012; 246: 85-95.

Longhini AL, Santos MP, Pradella F, Moraes AS, Dionete AC, Andrade

MD, Russini PG, Oliveira EC, de Paula RO, Morais AD, Fonseca ES, Farias

AS, Santos LM. In vivo Administration of TLR9 Agonist Reduces the

Severity of Experimental Autoimmune Encephalomyelitis. The Role of

Plasmacytoid Dendritic Cells and B Lymphocytes. CNS Neuroscience &

Therapeutics: 2014;20: 787–790

Louveau A, Harris TH, Kipnis J. Revisiting the concept of CNS immune

privilege. Trends in Immunology: 2015; 36: 569–577.

Lucchinetti CF, Popescu FG, Bunyan RF, Moll NM, Roemer SF, Lassmann

H, Brück W, Parisi JE, Scheithauer BW, Giannini C, Weigand SD,

Mandrekar J, Ransohoff RM. Inflammatory Cortical Demyelination in

Early Multiple Sclerosis. New England Journal of Medicine: 2011; 365:

2188–2197.

Machado-Santos, J. et al. The compartmentalized inflammatory response in

the multiple sclerosis brain is composed of tissue resident CD8++ T

lymphocytes and B cells. Brain 2018, 141: 2066–2082

Magliozzi R, Howell OW, Nicholas R, Cruciani C, Castellaro M, Romualdi

C, et al. Inflammatory intrathecal profiles and cortical damage in multiple

sclerosis. Annals of Neurology: 2018; 83:739–55.

Mahad DH, Trapp BD, Lassmann H. Pathological mechanisms in

progressive multiple sclerosis. Lancet Neurology: 2015; 14: 183–93.

Mars LT, Saikali P, Liblau RS, Arbour N. Contribution of CD8+ T

lymphocytes to the immuno-pathogenesis of multiple sclerosis and its

animal models. Biochemical and Biophysical Acta: 2011; 151–161

Mathey EK, Derfuss T, Storch MK, Williams KR, Hales K, Woolley DR,

Al-Hayani A, Davies SN, Rasband MN, Olsson T, Moldenhauer A, Velhin

S, Hohlfeld R, Meinl E, Linington C. Neurofascin as a novel target for

autoantibody-mediated axonal injury. Journal of Experimental

Medicine:2007; 204: 2363-2372

Page 54: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

54

Matsushita T, Yanaba K, Bouaziz JD, Fujimoto M, Tedder TF. Regulatory

B cells inhibit EAE initiation in mice while other B cells promote disease

progression. The Journal of Clinical Investigation: 2008; 118:3420–3430.

Milner JJ, Toma C, Yu B, Zhang K, Omilusik K, Phan AT, Wang D, Getzler

AJ, Nguyen T, Crotty S, Wang W, Pipkin ME,Goldrath AW. Runx3

programs CD8++ T cell residency in non-lymphoid tissues and tumours.

Nature: 2017; 552: 253–257.

Mitsdoerffer M, Lee Y, Jäger A, Kim HJ, Korn T, Kolls JK, Cantor H,

Bettelli E, Kuchroo VK.Proinflammatory T helper type 17 cells are effective B-

cell helpers. Proceedings of the National Academy of Science U S A. 2010

;107:14292-7.

Neumann H, Medana IM, Bauer J, Lassmann H. Cytotoxic T lymphocytes

in autoimmune and degenerative CNS diseases. Trends in Neurosciences:

2002;25: 313-319.

Olesen MN, Soelberg K, Debrabant B, Nilsson AC, Lillevang ST, Grauslund J,

Brandslund I, Madsen JS, Paul F, Smith TJ, Jarius S, Asgari N. Cerebrospinal

fluid biomarkers for predicting development of multiple sclerosis in acute optic

neuritis: a population-based prospective cohort study. Journal of

Neuroinflammation: 2019; 16:59 eCollection

Omar HH, Nasef SI, Ghaly MS. CD5+ B lymphocytes in systemic lupus

erythematosus patients: relation to disease activity. Clinical Rheumatology

2017; 36:2719–2726

Park H, Poo MM. Neurotrophin regulation of neural circuit development and

function. Nature Review of Neuroscience. 2013; 14:7-23.

Petzold A. CSF biomarkers for improved prognostic accuracy in acute CNS

disease.Neurol Res. 2007;29:691-708.

Potempa J, Korzus E, Travis J. The Serpin Superfamily of Proteinase

Inhibitors: Structure, Function, and Regulation. The Journal of biological

chemistry: 1994; 269:15957-15960.

Reboldi A, Coisne C, Baumjohann D, Benvenuto F, Bottinelli D, Lira S, Uccelli

A, Lanzavecchia A, Engelhardt B, Sallusto F. C-C chemokine receptor 6-

regulated entry of TH-17 cells into the CNS through the choroid plexus is

required for the initiation of EAE. Nature Immunology. 2009; 10:514-23.

Page 55: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

55

Sarchielli P, Greco L, Stipa A, Floridi A, Gallai V. Brain-derived neurotrophic

factor in patients with multiple sclerosis. Journal of Neuroimmunology:

2002;132: 180-88.

Serafini B, Rosicarelli B, Magliozzi R, Stigliano E, Aloisi F. Detection of

ectopic B-cell follicles with germinal centers in the meninges of patients

with secondary progressive multiple sclerosis. Brain Pathology:

2004; 14:164–74.

Setoguchi R, Tachibana M, Naoe Y, Muroi S, Akiyama K, Tezuka C,

Okuda T, Taniuchi I. Repression of the Transcription Factor Th-POK by

Runx Complexes in Cytotoxic T Cell Development. Science.2008;

319:822-825.

Shi MJ, Stavnezer J CBF alpha3 (AML2) is induced by TGF-beta1 to bind

and activate the mouse germline Ig alpha promoter. The Journal of

Immunology. 1998;161:6751-60.

Stadelmann C, Kerschensteiner M, Misgeld T, Brück W, Hohlfeld R, Lassmann

H. BDNF and gp145trkB in multiple sclerosis brain lesions: neuroprotective

interactions between immune and neuronal cells? Brain: 2002; 125: 75-85.

Steffen BJ, Breier G, Butcher EC, Schulz M, Engelhardt B. ICAM-1,

VCAM-1, and MAdCAM-1 Are Expressed on Choroid Plexus Epithelium

but Not Endothelium and Mediate Binding of Lymphocytes in Vitro.

American Journal of Pathology: 1996; 148:1820-1838.

Stein GS, Lian JB, van Wijnen AJ, Stein JL, Montecino M, Javed A, Zaidi

SK, Young DW, YongChoi J, Pockwinse SM. Runx2 control of

organization, assembly and activity of the regulatory machinery for skeletal

gene expression. Oncogene: 2004; 23:4315–4329.

Srenathan U, Steel K, Taams LS. IL-17+ CD8++ T cells: Differentiation,

phenotype and role in inflammatory disease Immunological Letters. 2016

;178:20-6.

Svejgaard A. The immunogenetics of multiple sclerosis. Immunogenetics:

2008; 60:275–286

Trinschek B., Luessi F., Haas J., Wildemann B., Zipp F., Wiendl H., Becker C.,

Jonuleit H. Kinetics of Il-6 production defines T effector cell responsiveness to

regulatory T cells in multiple sclerosis. PLoS ONE. 2013;8: e77634.

Page 56: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

56

Varhaug KN, Torkildsen Ø, Myhr KM, Vedeler CA.

Neurofilament Light Chain as a Biomarker in Multiple Sclerosis. Frontiers of

Neurology: 2019; 10:338 eCollection

Viglietta V, Baecher-Allan C, Weiner HL, Hafler DA. Loss of functional

suppression by CD4++CD25+ regulatory T cells in patients with multiple

sclerosis. Journal of Experimental Medicine: 2004; 199: 971-79.

van Nierop GP, van Luijn MM, Michels SS, Melief MJ, Janssen M, Langerak

AW, Ouwendijk WJD, Hintzen RQ, Verjans GMGM. Phenotypic and functional

characterization of T cells in white matter lesions of multiple sclerosis patients.

Acta Neuropathology. 2017; 134:383-401

van Zwam M, Huizinga R, Melief MJ, Wierenga-Wolf AF, van Meurs

M, Voerman JS, Biber KP, Boddeke HW, Höpken UE, Meisel C, Meisel

A, Bechmann I, Hintzen RQ, 't Hart BA, Amor S, Laman JD, Boven LA

Brain antigens in functionally distinct antigen-presenting cell populations

in cervical lymph nodes in MS and EAE. Journal of Molecular Medicine

(Berl). 2009;87:273-86

Venken K, Hellings N, Thewissen M, Somers V, Hensen K, Rummens JL,

Medaer R, Hupperts R, Stinissen P. Compromised CD4++ CD25 high

regulatory T-cell function in patients with relapsing-remitting multiple

sclerosis is correlated with a reduced frequency of FOXP3-positive cells

and reduced FOXP3 expression at the single-cell level. Immunology: 2007;

123, 79–89.

von Büdingen HC, Kuo TC, Sirota M, van Belle CJ, Apeltsin L, Glanville

J, Cree BA, Gourraud PA, Schwartzburg A, Huerta G, Telman D, Sundar

PD, Casey T, Cox DR, Hauser SL. B cell exchange across the blood-brain

barrier in multiple sclerosis. Journal of Clinical Investigation: 2012; 122:

4533-4543.

Zetterberg H. Neurofilament Light: A Dynamic Cross-Disease Fluid

Biomarker for Neurodegeneration. Neuron.2016; 91: 1-3.

Zhao M, Duam N, Wang Y, Zhu H, Liu H, Wang H, Xing L, Sjao Z. CD5+

B lymphocytes secrete IL-10 rather than TGF-β1 which control the immune

response in autoimmune haemolytic anaemia/Evans syndrome.

Autoimmunity: 2019; 52: 12-20.

Page 57: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

57

Zozulya A, Wiendl H. The role of regulatory T cells in multiple sclerosis.

Nature Clinical Practice Neurology: 2008; 4:384–398.

Page 58: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

58

ANEXO

Anexo 1: Parecer consubstanciado do CEP – Comitê de ética

Page 59: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

59

Page 60: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

60

Page 61: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

61

Page 62: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

62

Page 63: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

63

Page 64: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

64

Page 65: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

65

Page 66: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

66

Page 67: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

67

Page 68: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

68

Page 69: RAPHAEL PATRÍCIO DA SILVA QUINTILIANOrepositorio.unicamp.br/.../1/Quintiliano_RaphaelPatricioDaSilva_M.pdf · Quintiliano, Raphael Patrício da Silva, 1990 - Q45e Qui Estudo das

69

Anexo 2: Declaração de direitos autorais

DECLARAÇÃO

As cópias de artigos de minha autoria ou de minha co-autoria, já publicados ou submetidos para a publicação em revistas científicas ou anais de congresso sujeitos a arbitragem, que constam de minha Dissertação/Tese de Mestrado/Doutorado, intitulada "Estudo das sobpopulações de linfócitos B no

sangue periférico e líquido cefalorraquidiano em pacientes com esclerose múltipla primária progressiva", não infringem os dispositivos da Lei n. 9.610/98, nem o direito autoral de qualquer editora.

Campinas, 03 de maio de 2020

Assinatura

Nome do(a) autor(a): Raphael Patrício da Silva Quintiliano

RG n. 47097860-0

Assinatura:

Nome do (a) orientador (a): Profa. Dra. Leonilda Maria Barbosa dos Santos

RG n. 5549245-9