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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA – 4º ANO RAMO CIENTÍFICO Trabalho Científico Apresentado ao ISE para a Obtenção do Grau de Licenciatura em Geologia ‘‘O PROCESSO DE INTRUSÃO SALINA A JUSANTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DA RIBEIRA SECA. A INVERSÃO DO PROCESSO E QUANTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS DA BARRAGEM.’’ Seca. Sítio da implantação do dique contra a intrusão salina AUTORA: ORIENTADOR: VERA F. SILVA GARCIA ANTÓNIO ADVINO SABINO PRAIA, SETEMBRO DE 2008

O PROCESSO DE INTRUSÃO SALINA A JUSANTE DABACIA ... · Em primeiro de tudo e de todos, agradeço a Deus pelo dom da vida, pela força e coragem ao longo do meu curso e das várias

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA – 4º ANO

RAMO CIENTÍFICO

Trabalho Científico Apresentado ao ISE para a Obtenção do Grau de Licenciatura em Geologia

‘‘O PROCESSO DE INTRUSÃO SALINA A JUSANTE DA BACIA

HIDROGRÁFICA DA RIBEIRA SECA. A INVERSÃO DO PROCESSO E

QUANTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS DA BARRAGEM.’’

Seca. Sítio da implantação do dique contra a intrusão salina

AUTORA: ORIENTADOR: VERA F. SILVA GARCIA ANTÓNIO ADVINO SABINO

PRAIA, SETEMBRO DE 2008

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA – 4º ANO

RAMO CIENTÍFICO

Trabalho Científico Apresentado ao Instituto Superior de Educação (ISE) para a Obtenção do Grau de Licenciatura em Geologia

TEMA:

‘‘O PROCESSO DE INTRUSÃO SALINA A JUSANTE DA BACIA HIDROGRÁFICA

DA RIBEIRA SECA. A INVERSÃO DO PROCESSO E IMPACTES DA

BARRAGEM.’’

Autora: Orientador: Vera Filomena Silva Garcia António Advino Sabino

PRAIA, JULHO DE 2008

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA – 4º ANO

RAMO CIENTÍFICO

Trabalho Científico Apresentado ao Instituto Superior de Educação (ISE) para a Obtenção do Grau de Licenciatura em Geologia.

‘‘O PROCESSO DE INTRUSÃO SALINA A JUSANTE DA BACIA HIDROGRÁFICA

DA RIBEIRA SECA. A INVERSÃO DO PROCESSO E IMPACTES DA

BARRAGEM.’’

ELABORADO POR:

Vera Filomena Silva Garcia

Aprovado pelos membros do júri, foi homologado pelo Presidente do Instituto Superior de

Educação com requisito parcial à obtenção do grau de licenciatura em Geologia

DATA: _____ / _____ / _____

O JURI:

……………………………………….………….

……………………………………….………….

………………………………………. ………….

………………………………………. ………….

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DEDICATÓRIA

_______________________________________________________

É com muita amizade e carinho que dedico este trabalho aos meus

amados pais, Joana Silva Moreira e José Manuel da Conceição

Garcia.

Dedico também aos meus irmãos, Samuel Garcia, Nélida Garcia e

Emanuel Garcia.

Aos meus queridos avós, Ambrosina Silva (Figuinha), Maria da

Conceição Garcia (Teté) e Dionísio Garcia.

Finalmente a Salvador Chaves, Edson Lamine, a Ronilde Patrícia

minha querida prima e a todos os meus familiares.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro de tudo e de todos, agradeço a Deus pelo dom da vida, pela força e coragem

ao longo do meu curso e das várias etapas da minha vida.

Tal como se observa na realidade, nenhum trabalho científico se realiza sem a coadjuvação

de outras pessoas.

Desta forma, quero agradecer em particular, ao meu ilustre professor e orientador, Eng.

António Advino Sabino, pela sua amizade, disponibilidade, dedicação, compreensão,

entusiasmo e paciência durante o tempo de estudos como também no término por tudo que

me disponibilizou, pois, sem ele não conseguiria terminar o meu curso com êxito.

Agradeço INGRH pela disponibilização dos dados, pois, sem eles não seria possível a

elaboração do trabalho.

Ao Eng. João Spencer pela disponibilidade em apoiar na condução do estágio sobre

qualidade de solo e água realizado no INIDA. Ao meu estimado professor Doutor Alberto

da Mota Gomes, pela sua colaboração e amizade e ao Departamento de Geociências, a

coordenadora Dr. Vera Alfama, a Dr.ª Sónia Vitória e a todos os meus professores.

Ao serviço Autónomo de Água e Saneamento de Santa Cruz, em particular ao Sr. Paulo,

pela sua paciência, amizade e pelas informações fornecidas.

Com muito carinho, passo a agradecer os meus queridos colegas no qual partilhamos

momentos bons e menos bons e que demonstraram ser óptimos companheiros: Elizandra

Garcia, Edelmira Martins, Euclides Varela Lopes, João Pedro Martins, José Eduardo de

Pina e Silvino Montrond.

O meu grande apreço a todos os meus familiares que sempre me apoiaram no decurso

deste trabalho e a todos que de forma directa ou indirecta contribuíram para a sua

realização.

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RESUMO

Os recursos hídricos na Bacia hidrográfica da Ribeira Seca não têm sido explorados numa

base auto-sustentável. Como consequência, verifica-se a deterioração da qualidade da água

dos poços e dos furos como resultado da intrusão salina que chega a avançar à volta dos

quatro quilómetros para o interior da bacia hidrográfica. Na tentativa de mitigar os efeitos

de uma exploração desequilibrada dos recursos em água, muitos projectos de conservação

do solo e água foram levados a cabo, destacando-se o Projecto de Desenvolvimento de

Bacias Hidrográficas, “Watershed Development Project” – financiado no quadro da

USAID na década de 80, (mais concretamente em 1984) e que contemplava todas as bacias

hidrográficas da ilha de Santiago. As principais actividades levadas a cabo no âmbito do

“Watershed Development Project” foram essencialmente as seguintes:

1. Infra-estruturas hidráulicas de captação, armazenamento, adução e distribuição de

água para a rega e consumo doméstico;

2. Infra-estruturas de correcção do leito da ribeira, de espalhamento e recarga das

águas de escoamento superficial;

3. Instalação de bombas eólicas para bombagem da água dos poços;

4. Adaptação ao regadio de terrenos de cultura e construção de terraços;

5. Arborização das encostas em dispositivos anti-erosivos (banquetas, muretes,

caldeiras, etc.)

6. Sistemas de “water harvesting/runoff farming” (incluindo construção de grandes

reservatórios, diques de captação de águas de escoamento superficial);

7. Plantação de feijão Congo (Cajanus cajan) em muretes e banquetas nas encostas.

No quadro do projecto de Desenvolvimento de Bacias Hidrográficas, “Watershed

Development Project”, dois projectos de luta contra a intrusão salina foram elaborados.

Um dos projectos contemplou a Ribeira de Saltos e outro na Ribeira Seca. Só o da Ribeira

de Saltos foi executado sob a orientação do coordenador técnico do projecto e os

resultados, embora evidentes, estão sendo quantificados no âmbito de um trabalho por nós

conduzido. O projecto de luta contra a intrusão salina na Ribeira Seca não foi

implementado e bem assim, os projectos considerados no PDH-Ribeira Seca financiados

no quadro da Cooperação Austríaca.

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Pretende-se com este trabalho de fim de curso não só analisar os efeitos da degradação

ecológica dos terrenos de cultura localizados a jusante e submetidos à intrusão salina,

como também, quantificar os impactos das infra-estruturas hidráulicas executadas a jusante

da Ribeira Seca, mais concretamente, o efeito da construção da Barragem de Poilão na

melhoria das condições hidrológicas do troço da bacia hidrográfica a jusante.

.

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ÍNDICE

1.INTRODUÇÃO……………………..…………………….………………………. .14

2. METODOLOGIA…………….…….………………………………………………15

3. ENQUADRAMENTO DA ILHA DE SANTIAGO………………………….....……16

3.1. Localização Geográfica……………………………….……………….…...…16

3.2. Climatologia………………………………………………………. …………19

3.3. Geomorfologia…………...………………………………………………........21

3.4. Geologia…………...…………………………………………….……………22

3.4.1. Sequência Estratigráfica…………………………………………….23

3.5. Hidrogeologia…………. …………………………………. …………...…….24

3.5.1. Unidades Hidrogeológicas…………………………………………..26

4. ENQUADRAMENTO DO CONCELHO DE SANTA CRUZ……………….….28

4.1. Localização Geográfica…………………………………………...……….28

4.2. Climatologia…………...…………………………………………………...28

4.3 Geomorfologia……………. ………………………………………...……..29

4.4. Geologia…………………………………………………………………….30

4.4.1. Sequência Estratigráfica………………………………………….30

4.5. Hidrogeologia…………...…………………………………………...…….32

4.5.1. Inventário de Pontos de Água………………………………...….32

4.5.2. Ensaio de Bombagem…………………………………………….33

4.5.2.1. Ensaios de bombagem ou de interferência……….…….34

4.5.2.2. Ensaio de rebaixamento ou avaliação do caudal….……34

4.5.3. Equipamento dos Furos……………………………………..……34

4.5.4. Rede de Observação e Controlo…………………………………35

5. ENQUADRAMENTO DA ÁREA DE ESTUDOS………….……………………….35

5.1. Localização Geográfica da Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca……………..35

5.2.Características fisiográficas……………..……………..…………………........39

5.3. Características climáticas……………………………………………………..41

10

5.3.1. Precipitação…………….………………………………………..…….........42

5.3.2.Temperatura.………..………………....…………………….........43

5.3.3. Vento………………………………………………………………...43

5.3.4. Humidade Relativa………………………………………………….43

5.3.5. Radiação solar e insolação………………………………..................44

5.3.6. Evaporação e evapotranspiração………………………………........44

5.4. Hidrologia e Recursos Hídricos……………………………………………….49

5.4.1. Hidrologia……………………………………………………. …….49

5.4.2. Recursos Hídricos…………………………………………………...57

5.4.3. Os Solos e a Vegetação……………………………………………...58

5.4.3.1. Os Solos…………...….....………………………………...58

5.4.3.2. A vegetação………………………………………………..61

5.5. Agriculturas e Pecuária………………………………………………………63

5.5.1. Agricultura de Regadio……………………………………63

5.5.2. Agricultura de Sequeiro…………………………………..63

5.5.3.Pecuária……………………………………………………64

6. DESCRIÇÃO DO MODELO…..……………………………………………………..65

6.1. Descrição do modelo de Jacob e Theis………………………………………..65

6.1.1. Fórmula simplificada de Jacob………………………………..….70

6.2. Cálculo de alguns Parâmetros Hidrogeológicos pela aplicação do Modelo

de Jacob……………………………………………………………………………71

7. A INTRUSAO SALINA E A QUANTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS..…...……….75

7.1. Lei de Gyben – Herzberg………………………………………………........75

8. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS………………………………………..84

9. AS INFRA-ESTRUTURAS DE CONSERVAÇÃO DE SOLO E ÁGUA

A JUSANTE DA BARRAGEM DE POILÃO……………………………………....84

10. O PROJECTO DA CONSTRUÇÃO DO DIQUE DE LUTA CONTRA A

INTRUSSÃO SALINA………………………………………………………………….85

11

10.1. Memória Descritiva e Justificativa………………………..………………85

10.2. Peças Desenhada………………………………………….………………..88

11. CONCLUSÃO / RECOMENDAÇÃO…………...………………………………….90

12. BIBLIOGRAFIA………………………...………………………………………….92

13. ANEXOS

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1. Distribuição Administrativa da Ilha de Santiago e sua População……………..18

Quadro 2. Estratigrafia do Concelho de Santa Cruz………………………………………31

Quadro 3. Áreas das três principais sub-bacias hidrográficas da Ribeira

Seca……………………………………………………………………….……………….37

Quadro 4. Declives médios das três principais sub-bacias hidrográficas da Ribeira

Seca………………………………………………………………………………. …. …38

Quadro 5. Características geométricas das sub-bacias hidrográficas da

Montanha, Ribeira de Mendes Faleiro Cabral, Seca e tributários………………. ….........39

Quadro 6. Características morfológicas e fisiográficas das sub-bacia hidrográficas

Da Ribeira Seca e respectivos tributários…………………………………………..……..40

Quadro 7. Valores médios mensais de temperatura, humidade relativa, velocidade do

vento, insolação, radiação solar e de evapotranspiração potencial para as áreas

a montante, intermédia e a jusante da Ribeira Seca – Estação de São Jorge (LN =

15º; Altitude = 350 metros). Período: 1987-1997……………………………………........45

Quadro 8. Valores médios mensais de precipitação real e efectiva e de evapotranspiração

potencial calculados pelo método do United States Bureau of Reclamation (USBR) para as

áreas a montante da Ribeira Seca - Estação de São Jorge/Curralino (LN = 15º; Altitudes =

350 metros e). Período: 1987-1991………………………………………………………..46

Quadro 9. Valores médios mensais de precipitação real e efectiva e de evapotranspiração

potencial calculados pelo método do United States Bureau of Reclamation (USBR) para as

áreas intermédias da Ribeira Seca - Estação de São Jorge (LN = 15º; Altitude = 350

metros). Período: 1987-1991………………………………………………………………47

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Quadro 10. Valores médios mensais de precipitação real e efectiva e de evapotranspiração

potencial calculados pelo método do United States Bureau of Reclamation (USBR) para as

áreas a jusante de Mendes Faleiro Cabral, Ribeira Seca e Ribeira de Montanha – Dados

obtidos da Estação de Santa Cruz e Achada Fátima (LN = 15º; Altitude = 15 metros).

Período: 1982-1997………………………………………………………………………..48

Quadro 11. Precipitações médias anuais e máximas diárias calculadas em função dos

períodos de retorno, Tr, de 20, 50 e 100 anos (sub-bacias hidrográficas da Ribeira

Seca)……………………………………………………………………………………….50

Quadro 12. Caudais de escoamento superficial para o conjunto das três sub-bacias

considerando períodos de retorno de 20 anos, 50 anos e 100 anos

respectivamente…………………………………………………………………………..51

Quadro 13. Valores dos números de escoamento (CN) das sub-bacias hidrográficas da

Ribeira Seca calculados em função das condições de superfície e dos grupos hidrológicos

do solo……………………………………………………………………………………..56

Quadro 14: Valores dos volumes de escoamento, Q, dos caudais de ponta de cheia, Qp,

calculados a partir de parâmetros fisiográficos e hidrológicos da bacia hidrográfica da

Ribeira Seca considerando períodos de retorno, Tr, de 20 anos, 50 anos e 100 anos

respectivamente………………………………………………………………………........57

Quadro 15. Dados agro-ecológicos da bacia hidrográfica da Ribeira seca………………..62

Quadro 16. Ensaio de bombagem do furo FT-63………………………………………….72

Quadro 17. Produção de água por furos em 2001………………………………….......…78

Quadro 18. Produção dos furos para o ano 2005…………………………………..….78

Quadro 19. Resultado de Análise Laboratorial na Bacia Hidrográfica a jusante da Ribeira

Seca, Maio de 2008……………………………………………………………………..79

Quadro 20. Salinidade dos furos do Concelho de Santa Cruz no ano 2001………….......80

Quadro 21. Quantidade de água explorada em Cutelo Coelho no furo FT-63 na bacia

hidrográfica da Ribeira Seca………………………………………………………………81

Quadro 22. Quantidade de água explorada em Ribeirão Bilim no furo FT-373 em m3 na

bacia hidrográfica da Ribeira Seca…………………………………………….…………81

Quadro 23. Quantidade de água explorada em Robão Almaço no furo FT-374 em m3 na

bacia hidrográfica da Ribeira Seca…………………………………………..…………..82

Quadro 24. Quantidade de água explorada em Librão no furo FBE-146 em m3 na bacia

hidrográfica da Ribeira Seca………………………………………..……………..………82

13

Quadro 25. Quantidade de água explorada em Macaty no furo FT-09 em m3 na bacia

hidrográfica da Ribeira Seca…………………………………………..…………………..83

Quadro 26. Quantidade de água explorada em Paulado no furo FBE-149 em m3 na bacia

hidrográfica da Ribeira Seca………………………………………………..……………..83

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Divisão Administrativa da Ilha de Santiago…………………………….…. …19

Figura 2. Rede das Unidades Hidrogeológicas da Ilha de Santiago……………………….26

Figura 3. Principais Unidades Hidrogeológicas da Ilha de Santiago……………………...27

Figura 4. Representação da Área de Estudos………………………………...………........36

Figura 5. Clima da bacia hidrográfica……………………………………………………..42

Figura 6. Ordem de Linhas de Água………………………………………………………49

Figura 7. Ajustamento à lei de distribuição Normal ou de Laplace-Gauss.

(Precipitações máximas diárias e médias anuais da Estação Meteorológica de

São Jorge – Ribeira Seca, 1941-1997) ……………………………………...……………53

Figura 8. Ajustamento à lei de distribuição Normal ou de Laplace-Gauss.

(Precipitações máximas diárias e médias anuais do Posto Pluviométrico de Alto

De Figueirinha – Ribeira Seca, 1982-1997)..……………………. ……………………….54

Figura 9. Classe dos Solos da Bacia…………………………...…………………………..60

Figura 10. Cone de depressão de um aquífero…………………………………………….65

Figura 11. Aplicação do modelo de Jacob aos dados da Bacia Hidrográfica de Ribeira

Seca, parte a jusante, furo FT – 63………………………………………………………...73

Figura 12. Produção de água no ano 2001, Ribeira Seca…………..………………........77

Figura 13. Produção dos furos em 2005, Ribeira Seca…………………………………..77

Figura 14. Projecto da construção do dique na parte a jusante da Ribeira Seca – perfil

transversal…………………………………………………………………………….......88

Figura 15. Projecto da construção do dique na parte a jusante da Ribeira Seca – perfil

longitudinal…………………………………………………………………………...........89

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1. INTRODUÇÃO

Como sendo a água um elemento essencial á vida, a problemática da água é mundial,

contudo de diferentes níveis em determinadas zonas do planeta, em virtude das mudanças

climáticas, crescimento acelerado da população, urbanização e industrialização, surge

grande necessidade de realização de estudos aprofundados para a sua obtenção em maior

qualidade e quantidade. Uma das razões que faz do nosso planeta tão especial é a

existência da água no estado sólido, gasoso e principalmente no líquido.

Sendo Cabo Verde um ecossistema frágil, as medidas de luta contra a degradação

ambiental devem ser bem ponderadas tendo sempre em consideração, por um lado, as

condições de precariedade económica em que vivem as nossas comunidades rurais, e por

outro lado a necessidade de uma tomada de consciência do público em geral dos problemas

que resultam de uma gestão danosa dos recursos naturais disponíveis (apanha de arreia de

uma forma descontrolada). Com efeito, a problemática da água vem ganhando uma certa

profundidade e gravidade exigindo cada vez mais das populações e das entidades

competentes a necessidade de uma gestão criteriosa equilibrada.

Muitos trabalhos de intrusão salina têm sido realizados ainda que de forma pontual,

contudo a medida dos impactos destes trabalhos não têm sido quantificados. Daí, surge

este tema, ‘‘Processo de Intrusão Salina a jusante da Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca. A

inversão do processo. Quantificação dos impactes da Barragem’’.

O trabalho enquadra-se na óptica da conservação, valorização e gestão dos recursos

naturais, particularmente dos recursos hídricos e visa contribuir, ainda que modestamente,

para uma melhor compreensão do desenvolvimento socioeconómico da área de estudo.

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2. METODOLOGIA

A metodologia de abordagem privilegiada para a realização deste trabalho consiste no

seguinte:

1. Reconhecimento da área de estudo;

2. Pesquisas documentais;

3. Colecta de dados hidrológicos e climáticos

4. Utilização de instrumentos científicos (maquina fotográfica, GPS, sonda,

etc.) para colheita de informações;

5. Colecta de dados para a determinação da curva característica do aquífero

(ensaios de bombagem);

6. Tratamento das informações e modelização dos dados;

7. Interpretação e discussão dos resultados;

16

3. ENQUADRAMENTO DA ILHA DE SANTIAGO

3.1. Localização Geográfica

A ilha de Santiago tem uma forma adelgaçada e fica situada na parte Sul do Arquipélago

entre os paralelos 15º 20’ e 14º 50’ de latitude Norte e os meridianos 23º 50’ e 23º 20’ de

longitude Oeste do meridiano de Greenwich. Tem um comprimento máximo de 54,9 km

entre a Ponta Moreia, a Norte, e a Ponta Mulher Branca, a Sul, e uma largura máxima de

29 km entre a Ponta Janela, a Oeste, e a Ponta Praia Baixo, a Leste.

Na parte Norte da ilha observa-se um estreitamento pronunciado, entre Chão Bom, a Oeste,

e Porto Formoso, a Leste, da ordem dos 6 km.

A formação da ilha teria sido iniciada por uma actividade vulcânica submarina central,

mais tarde completada por uma rede fissural manifestada nos afloramentos. A ilha é

dominada por emissões de escoadas lávicas e de materiais piroclásticos (escórias,

bagacinas ou “lapilli” e cinzas) subáereos, predominantemente basálticos.

Administrativamente a ilha é constituída por nove (9) Concelhos, de acordo com a fig. 1, e

onze (11) Freguesias, e tem uma população total de 234.940 habitantes, distribuída nos

concelhos de acordo com o Quadro n.º 1.

Concelho da Praia – O maior, localizado na parte Sul, ocupando uma área de 96.8 km2,

com uma população total de 97.305 habitantes, distribuídos pelas freguesias de Nossa

Senhora da Graça e São João Baptista.

Concelho de São Domingos – Com uma área de cerca de 134,5 km2, com uma população

de 13.305 habitantes, repartida pelas freguesias de São Nicolau Tolentino e Nossa Senhora

da Luz.

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Concelho de Santa Catarina – O segundo maior da ilha, situado na parte central, apresenta

uma área de 214,2 km2, e uma população de 40,657 habitantes, espalhadas pela freguesia

de Santa Catarina.

Concelho de Santa Cruz – Situado na zona Oeste, ocupa uma área de 109,8km2, com uma

população de 25,184 habitantes, distribuída pela freguesia de Santiago Maior.

Concelho do Tarrafal – Situado a Norte, abrange uma área de 112 km2 e apresenta uma

população de 17,784 habitantes espalhada pela freguesia de Santo Amaro Abade.

Concelho de São Miguel – Situado a Nordeste, ocupando uma área de 91 km2, na qual

reside uma população de 16,104 habitantes, distribuída pela freguesia de São Miguel

Arcanjo.

Concelho de São Lourenço dos Órgãos – Situado na parte central da Ilha, ocupando uma

área de 39,5 km2, apresentando uma população de 7,781 habitantes, espalhadas pela

freguesia de São Lourenço dos Órgãos.

Concelho de São Salvador do Mundo – Situado central, abrangendo uma área de 28,7 km2,

com uma população de 9,172 habitantes, residentes em toda freguesia de São Salvador do

Mundo.

Concelho de Ribeira Grande – Situada a Noroeste da Ilha, com uma área total de 164,4

km2, na qual reside uma população de 8,747 habitantes, espalhadas pela freguesia do

Santíssimo Nome de Jesus.

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Quadro 1. Distribuição Administrativa da Ilha de Santiago e sua População

Concelho Área (Km2) População Residente Freguesia

Praia 96,8 Km2 97.305 N.ª Senhora da Graça

S. João Baptista

S. Domingos 134,5 Km2 13.305 S. Nicolau Tolentino

N.ª Senhora da Luz

Santa Catarina 214,2 Km2 40.657 Santa Catarina

Tarrafal 112 Km2 17.784 Santo Amaro Abade

Santa Cruz 109,8 Km2 25.184 Santiago Maior

S. Miguel 91 Km2 16.104 S. Miguel

Órgãos

39,5 Km2 7.781 S. Lourenço dos Órgãos

São Salvador do Mundo

28,7 Km2 9.172 S. Salvador do Mundo

Ribeira Grande

164,4 Km2 8.747 Santíssimo Nome de Jesus

Fonte – Instituto Nacional de Estatística,

19

Fig. 1. Divisão Administrativa da Ilha de Santiago

3.2. Climatologia

À semelhança do que acontece em todo o Arquipélago, a ilha de Santiago está enquadrada

nos tipos de clima árido e semi-árido, com duas estações, a da seca ou das «brisas» que vai

de Dezembro até Junho, e a estação das chuvas ou das «águas» que vai de Agosto até

Outubro.

Os meses de Novembro e Julho são considerados de transição, podendo apresentar

características da estação seca ou húmida, conforme for menor ou maior a duração anual

das precipitações.

20

Das estações acima referidas a mais quente é a das águas que se verifica no período das

chuvas e sobretudo quando este período é caracterizado por muita irregularidade, daí a

ligação com a deslocação setentrional de frente seca e, a menos quente, geralmente a das

brisas caracterizada nos períodos com predomínio de acção dos ventos de nordeste.

A influência do relevo e a sua exposição aos ventos dominantes faz com que haja uma

grande variabilidade climática regional, nomeadamente a aridez no litoral, a humidade e

vegetação nos pontos altos, vegetações nos pontos altos, precipitações na vertente oriental

e escassez de humidade, na vertente ocidental.

A precipitação é muito irregular, podendo verificar casos de fraca ou nula precipitação,

embora a humidade relativa atinge valores elevados.

O clima de Santiago é também condicionado pela sua Geomorfologia. Em consequência da

altitude, nota-se, que à medida que se desloca para o interior da ilha, o clima do tipo árido

da zona litoral, passa a semi-árido e, por fim, a sub-húmido.

As amplitudes térmicas são baixas, uma vez que a temperatura é praticamente uniforme

durante quase todo o ano, sendo a média anual de 25ºC.

De acordo com a altitude, as zonas climáticas classificam-se:

1. Zonas Áridas – situadas a uma altitude inferior aos 100 metros, em que as

precipitações são inferiores do que 250 mm.

2. Zonas semi-áridas – localizadas na faixa de 100 a 200 metros de altitude, registando

precipitações entre 250 a 400 mm.

3. Zonas Sub-húmidas – zonas de altitude acima de 200 metros e abaixo de 500

metros e de precipitações, que variam entre 400 a 500 mm.

4. Zonas húmidas – situadas acima de 500 metros e precipitações superiores a 500

mm.

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3.3. Geomorfologia

Na ilha de Santiago, consideram-se sete unidades Geomorfológicas, nomeadamente:

1- Achadas Meridionais (I);

2- Maciço Montanhoso do Pico da Antónia (II);

3- Planalto de Santa Catarina (III);

4- Flanco Oriental (IV);

5- Maciço Montanhoso da Malagueta (V);

6- Tarrafal (VI)

7- Flanco Ocidental (VII)

A altitude média da ilha é de 278,5 m, sendo a altitude máxima de 1392m (Pico de

Antónia). A Sul destaca-se uma série de achadas escalonadas entre o nível do mar e 300 –

500 m de altitude. A Oeste, o litoral é normalmente escarpado e, a Leste, é baixo e

constituído por achadas. No centro da ilha localiza-se o extenso planalto de Santa Catarina,

que se situa entre 400 e 600 m de altitude. Limitando a Sul e a Norte aquele planalto

erguem-se, respectivamente, os maciços montanhosos do Pico da Antónia e da Serra

Malagueta, cujos cimos ultrapassam os 1000 metros.

A Oeste, o flanco do planalto de Santa Catarina é extremamente declivoso até ao mar; a

Leste, o flanco Oriental inicia-se por encosta alcantiladas, mas os declives médios vão-se

adoçando bastante até às achadas litorais.

No Norte da ilha, destaca-se o Tarrafal, extensa região de achadas cujas altitudes variam

entre 20 e 300 m, que se desenvolvem a partir do sopé setentrional do maciço montanhoso

da Malagueta, devendo-se destacar a plataforma de Chão Bom, Tarrafal, cujas altitudes

variam entre 0 a 20 m.

Neste relevo variado e bastante movimentado, insere-se uma rede hidrográfica de regime

temporário relativamente densa e, na grande maioria dos casos, correndo em vales

encaixados cujos talvegues apresentam perfil longitudinal torrencial.

22

Nesta paisagem sobressaem os troços terminais dos vales principais das bacias

hidrográficas mais importantes cuja forma terminal em canhão é vulgar. Isto é

fundamentalmente nos troços que cortam as achadas, tanto nos litorais como nas dos

planaltos do interior da ilha. Esta forma de vale é devido à estrutura colunar que afecta as

escoadas lávicas.

3.4. Geologia

A ilha de Santiago é formada quase na totalidade por formações eruptivas, com

predominância de rochas basálticas e produtos piroclásticos (brechas, lapilli, tufo).

As rochas eruptivas deram origem a formações geológicas de idades diferenciadas. As

mais antigas encontram-se em áreas desnudadas, com especial realce nos leitos das

ribeiras. As rochas afaníticas ocupam a maior parte da ilha e as faneríticas pequenas áreas.

Dentro das rochas afaníticas os produtos de origem explosiva têm pouca importância,

caracterizados por derrame na maior parte.

Os filões encontram-se por toda a ilha; todavia, é de realçar a sua presença na formação

mais antiga da ilha (CA).

Em virtude de oscilação do nível do mar encontram-se derrames que se deram debaixo da

água. Caracterizando o aparecimento das diversas formações, pode-se afirmar que os

derrames basálticos foram os primeiros a serem projectados. Em seguida, houve uma fase

de rochas fonolíticas e traquíticas, formando chaminés, domas, necks e filões. A essa fase

seguiu-se uma nova erupção de rochas basálticas. As rochas calcárias que se podem

observar foram depositadas sobre a parte litoral ocupada por rochas basálticas que se

encontravam submersas.

Com posterior levantamento da ilha, houve actividade vulcânica manifestada pela presença

de mantos basálticos que repousam sobre as rochas calcárias e de filões que as cortam.

23

As formações sedimentares não constituem elementos essenciais à geologia de Santiago.

Contudo, se têm muita importância, principalmente as marinhas, pelo facto de conterem

fósseis.

Não se observam afloramentos das rochas metamórficas, observando – se ligeiras acções

de metamorfismo de contacto.

3.4.1. Sequência Estratigráfica

A partir dos trabalhos de António Serralheiro, estabeleceu-se a Sequência Estratigráfica da

ilha de Santiago, da Formação mais recente (7) à mais antiga (1).

7- Formações Sedimentares Recentes

Com as duas fácies, em que na marinha se encontra areias da praia (ap) e cascalheiras da

praia (cp), e a terrestre com aluviões, areias, dunas, depósitos de vertente e depósitos de

enxurrada.

6- Formação do Monte das Vacas (MV)

Formado por cones de piroclástos e escoadas lávicas associadas.

5- Formação de Assomada (A)

Possui somente a fácies terrestre com mantos e piroclástos basálticos intercalados.

4 – Complexo Eruptivo de Pico de Antónia (PA)

Apresenta as duas fácies, a terrestre, com piroclástos e escoadas intercaladas; mantos e

alguns níveis de piroclástos Tufo – Brecha (TB); fonólitos, traquitos e rochas afins; série

espessa de mantos e alguns níveis de piroclástos. A marinha, com conglomerados e

calcarenitos fossilíferos, mantos basálticos superiores; conglomerados calcários e

calcarenitos, mantos basálticos inferiores, conglomerados e calcarenitos fossilíferos.

24

3- Formação dos Órgãos (CB)

Apresenta as duas fácies, a marinha com conglomerados, calcários e calcarenitos

fossilíferos, e a terrestre, com depósitos de enxurrada, tipo lahar, com mantos intercalados.

2- Formação dos Flamengos (λρ)

Possui apenas uma fácies, a marinha, com mantos, brechas e piroclástos.

1- Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA)

Que possui apenas fácies terrestre, constituída por fase lávica, basáltica (filões, chaminés e

mantos); fonólitos traquitos (chaminé e filões) brechas profundas; rochas granulares,

complexo filoniano de natureza basáltica.

3.5. Hidrogeologia

A precipitação é a origem dos recursos hídricos. Toda a água utilizada, com excepção da

água dessalinizada, tem a sua origem nas chuvas. Assim, os recursos hídricos subterrâneos

e superficiais são alimentados pelas precipitações, embora a sua quantidade varia muito de

um ano para outro. Dessas precipitações uma certa percentagem, ao interceptar-se com o

solo e as folhas das árvores, evapora-se.

A outra parte origina o escoamento superficial, atingindo o oceano através das redes

hidrográficas; há infiltração de uma pequena percentagem de água através das fendas e

fracturas, até às rochas armazéns – aquífero principal. A evaporação também acontece ao

longo do percurso, assim como, no oceano.

Hidrogeologicamente, as formações com maior interesse são as mais extensas e espessas

que tem influência no movimento das águas, como é o caso do PA (Complexo Eruptivo

Principal).

A exploração das águas superficiais é pouca devida a fraca existência de dispositivos de

captação e armazenamento (barragens, cisternas, etc.)

25

Quanto às águas subterrâneas, a ilha de Santiago possui vários pontos de água (furos,

poços e nascentes), dos quais se fazem exploração contínua, embora muitas vezes sem

controlo adequado.

A formação do Complexo Eruptivo do Pico de Antónia constitui o principal aquífero da

ilha de Santiago.

A Ilha de Santiago apresenta três grandes áreas de drenagem, definidas a partir de linhas

tiradas do Pico de Antónia, como podemos observar na Fig. 2 – mapa de rede hidrográfica

da Ilha de Santiago:

1- Linha que parte de Pico de Antónia para a baía do Medronho passando pela

Quebrada.

2- Linha que parte do Pico de Antónia para a baía de Santa Clara, passando pela

Achada Lagoa.

3- Linha que parte do Pico da Antónia para a Ponta Prinda, através de Pedra Branca e

Ribeirão Chiqueiro.

26

Fig. 2. Rede das Unidades Hidrogeológicas da Ilha de Santiago Fonte – Amaral, (1964).

3.5.1. Unidades Hidrogeológicas

Os trabalhos realizados de inventário de pontos de água, perfurações, ensaios de

bombagem, equipamentos, exploração, gestão e controle hidrogeológico e características

das formações geológicas permitiram estabelecer três grandes unidades hidrogeológicas

(As Principais Unidades Hidrogeológicas da ilha de Santiago - Alberto da Mota Gomes e

colaboradores, Março de 2004).

1- Unidade de base

Constituída pelo Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA), pela Formação dos Flamengos

(λρ) e pela Formação dos Órgãos (CB). Essas formações são caracterizadas por possuírem

alto grau de alteração, bastante argilosa, por conseguinte, a permeabilidade é relativamente

baixa e, daí, a designação do substrato.

27

2- Unidade Intermédia

Constituída pelo Complexo Eruptivo de Pico da Antónia. É formada essencialmente pelos

mantos basálticos subáereos, com intercalação de material piroclástico e mantos basáltico

submarino.

Essa é a formação mais extensa e mais espessa, possuindo um coeficiente de

armazenamento relativamente elevado devido a fracturação, porosidade e permeabilidade

muito superiores às de unidade de base, permitindo a circulação e retenção das águas

constituindo, assim, o aquífero principal da ilha de Santiago. Possui melhor qualidade de

água para as necessidades populacionais.

Essa unidade integra também, Formação Geológica de Assomada.

3-Unidade Recente

Integra a formação de Monte das Vacas que é constituída por cones de piroclástos e, alguns

derrames associados. Trata-se de uma unidade geológica muito permeável e que, por isso,

não permite a retenção de água, que se dirige para o aquífero.

Inclui os aluviões na unidade recente.

Fig. 3. Principais Unidades Hidrogeológicas da Ilha de Santiago Fonte: Gomes et al (2004)

28

4. ENQUADRAMENTO DO CONCELHO DE SANTA CRUZ

4.1. Localização Geográfica

O concelho de Santa Cruz fica situado na zona Leste da Ilha de Santiago,

aproximadamente entre os paralelos 15º 05’ e 15º 11’ de latitude Norte e entre os

meridianos 23º 38’ e 23º 30’ de longitude Oeste de Greenwich.

Santa Cruz encontra-se limitada a Norte pelo Concelho de São Miguel, a Oeste pelos

Concelhos de Santa Catarina, São Salvador do Mundo e São Lourenço dos Órgãos, a Sul

pelo Concelho de São Domingos e a Este pelo mar.

A sua população é de 25.184 habitantes, ocupa uma área de 109.8 km2, e a sua freguesia é

São Tiago Maior. A sua sede fica em Vila de Pedra Badejo (centro da Vila).

Em termos de agrupamentos populacionais está repartida em três grandes zonas:

1. Sul – Barril, Porto Madeira.

2. Norte – Pedra Badejo, Salina, Ponta Achada, Rocha Lama, Achada Ponta, Santa

Cruz, Cancelo, Achada Laje, Ribeirão Boi e Achada Belbel.

3. Centro – Renque Purga, Boa Ventura, Saltos Abaixo, Aguada e Serelho.

4.2. Climatologia

Santa Cruz apresenta um tipo de clima semi-árido e árido com precipitação variável,

temperatura média anual da ordem de 25º C. Em termos climáticos é caracterizada por

duas estações bem determinadas:

1. A estação “seca” ou das brisas que vai de Dezembro a Junho, a mais seca e fresca;

durante esta estação predomina a acção dos alísios do nordeste que, de uma

maneira geral, sopram durante todo o ano.

29

2. A estação da “chuva” ou das” águas”, que vai de Agosto até Outubro, em que

geralmente se concentram as chuvas irregulares e está intimamente relacionada

com as imigrações da Convergência Inter-tropical (CIT).

Os meses de Julho e Novembro são considerados de transição.

A altitude em relação aos ventos dominantes, alísios do nordeste, associada à orientação

das massas do relevo, ocasiona uma série de microclimas, os climas locais, distribuídos

da seguinte forma:

1. Aridez no litoral.

2. Humidade e vegetação nos pontos mais altos.

3. Precipitações maiores na vertente Oriental.

4. Humidade e vegetação na zona da maior altitude.

4.3. Geomorfologia

A Geomorfologia do Concelho de Santa Cruz caracteriza-se por relevos acidentados por

formas variáveis, entre as quais se destacam:

Rasto, com 723 m de altitude e João Façanha com 464 m de altitude.

Existe uma determinada extensão em direcção Norte – Sudeste. É a partir desta extensão

que nasce a Ribeira Seca, a Ocidente, uma das ribeiras mais importantes da ilha de

Santiago no que concerne aos recursos hídricos e, consequentemente, à agricultura e

pecuária.

Segundo Ilídio do Amaral, Santiago de Cabo Verde – ‘‘A Terra e os Homens’’ – (1964),

na parte litoral do Concelho, a costa apresenta ondulações recortadas ao longo do percurso

Norte / Sul, coberta por uma rede de alguns vales que partem da Serra do Pico de Antónia

e terminam em terras relativamente baixas, nos quais abrem-se em várzeas de fundo plano,

comunicando com o mar através de um curto e estreito corredor.

30

4.4. Geologia

Os mantos basálticos subáereos e os mantos basálticos submarinos são as rochas

predominantes no Concelho. Material piroclástico, argila, areias, cascalheiras da praia,

aluviões, também se encontram em quantidades consideráveis (Quadro 2).

4.4.1. Sequência Estratigráfica

A sequência estratigráfica que se observa no Concelho de Santa Cruz, da mais antiga (1) à

mais recente (6), é a que abaixo se descreve:

6- Formação Sedimentares Recentes

Representando as duas fácies. A terrestre, constituída por aluviões, depósitos de vertentes,

depósito de enxurrada, calcários, conglomerado e calcarenitos fossilíferos. A marinha

possui areia da praia, cascalheiras da praia e duna fóssil.

5 - Formação de Monte das Vacas (MV)

Fácies terrestre representado por cones de piroclástos e derrames associados.

4 - Formação do Complexo Eruptivo Principal do Pico de Antónia (P.A.)

Apresenta as duas Fácies, a terrestre, com mantos basálticos subáereos e piroclástos

indiferenciados, basálticos, basanitóides e depósito brechóide, e a fácies marinha com

mantos basálticos submarinos.

3 - Formação dos Órgãos (CB)

Com ambas a fácies. A terrestre com depósito conglomerático brechóide e a marinha, com

conglomerados, calcarenitos e calcarenitos fossilíferos.

31

2 - Formação de Flamengos (λρ)

Somente com a fácies marinha; mantos de basaltos, basanitos, ancaratritos brechas e

piroclástos.

1 - Formação do Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA)

Fácies terrestre com gabros alcalinos, olivínicos, complexo filoniano de ancaratritos,

limburgitos.

Quadro 2. Estratigrafia do Concelho de Santa Cruz

Formação Fáceis Terrestre Fáceis Marinhas Idade/Era Sedimentos

Recentes

Aluviões, depósito de vertente

Areia da praia Cascalheiras

Holocénico

QuaternáriaCalcários conglomerados

Fossilíferos

Da praia Duna fóssil

Plistocénico

Monte das vacas

Cones de piroclástos, escórias

________ PlistocénicoQuaternária

Complexo Eruptivo de

Pico de Antónia (PA)

Mantos subáereos e indiferenciados;

basálticos, basanitos, basanitóides, depósito

brechóide

Mantos submarinos inferiores

Pliocénico Miocénico

Terciária

Formação dos Órgãos (CB)

Depósito Conglomerático-

brechóide

Conglomerados, calcarenitos fossilíferos

Miocénico

Terciária

Formação dos Flamengos (λ

P)

_________

Mantos de basálticos, basanitos,

ancaratritos e piroclástos

Miocénico

Terciária

Complexo Eruptivo

Interno Antigo (CA)

Gabros alcalinos, Olivínicos, complexo

filoniano de ancaratritos,

limburgitos, etc.

_______

Anti-Miocénico

Terciária

Fonte: Serralheiro, (1976)

32

4.5. Hidrogeologia

Como se verifica em toda a Ilha de Santiago, em Santa Cruz a origem das águas

subterrâneas e superficiais é a chuva. Para que a água subterrânea seja aproveitada teve de

se fazer perfurações que é precedida de inventários.

4.5.1. Inventário de Pontos de Água

O inventário de pontos de água baseia-se na obtenção, por meio de inquérito e análise de

dados relacionados com a hidrologia subterrânea da região que se estuda, resultante das

informações recolhidas dos utentes de pontos de água.

Ponto de água é tudo ou qualquer lugar, obra civil ou circunstância que permite um acesso

directo ou indirecto a um determinado aquífero, tais como sondagens, furos, poços,

nascentes, emergências, galerias, lagoas ou lagunas.

Considera-se que o inventário de pontos de água é um processo muito importante que

permite começar a conhecer rapidamente as características hidrológicas de uma zona, pelo

menos nas primeiras etapas do estudo, sem se ter de recorrer a sondagens, em que o estudo

é custoso e moroso.

O inventário de pontos de água deve ser feito por pessoal competente, experiente, dedicado

e responsável no trabalho.

Depois de realizado o inventário de pontos de água podem-se conhecer os seguintes dados:

1. Perfil litológico da perfuração ou a situação geológica da zona;

2. Posição de nível piezométrico;

3. Características químicas da água extraída;

4. Volume da água utilizado por unidade de tempo;

5. Evolução com o tempo dos dados anteriores.

Os pontos de água inventariados são implantados numa carta chamada Carta de Inventário.

O cadastro de ponto de água será feito numa ficha própria.

33

A exploração dos dados obtidos com o inventário dos pontos de água fornece a indicação

do valor total de água extraída da zona e, consequentemente, um factor importante do

balanço hídrico do aquífero em questão, pois, constitui na realidade, parte das saídas do

aquífero.

O historial dos caudais, dos níveis piezométricos e características químicas da água

subterrânea são importantíssimos para o conhecimento da evolução do tempo da

exploração do aquífero, podendo ser decisiva no momento da planificação das futuras

actuações humanas sobre os aquíferos.

Normalmente são explorados os seguintes pontos de água: nascentes, poços, galerias e

furos para a satisfação das necessidades da população no seu dia-a-dia.

1. Nascentes – resultam de fissuras, gretas, ou qualquer situação que permite a saída

de água subterrânea à superfície, escoando naturalmente.

2. Poço – perfuração vertical de pequena profundidade (em metros) e diâmetro

relativamente grande (entre 1,5 a 5 metros).

3. Galerias – capitações no sentido Sub-horizontal de comprimento superior à secção.

A escavação tem a forma de um túnel com paredes filtrantes, geralmente com nível

de água livre.

4. Furo – perfuração, de diâmetro relativamente pequeno (20 a 30 cm) e de grandes

profundidades (várias dezenas de metros).

4.5.2. Ensaios de Bombagem

Os ensaios de bombagem são instrumentos principais que se dispõem para o estudo de

comportamento de furos e poços, prevenção de caudais e rebaixamentos resultantes da

exploração e obtenção de valores representativos das características dos aquíferos, com a

finalidade de determinar os parâmetros hidráulicos fundamentais.

34

Existem dois tipos de ensaios de bombagem para o estudo das características dos furos e

poços:

4.5.2.1. Ensaios de bombagem ou de interferência

Em que se observam os rebaixamentos produzidos em furos ou piezómetros próximos,

além de observação no próprio furo ou poço submetido a bombagem.

4.5.2.2. Ensaio de rebaixamento ou avaliação do caudal

Em que se medem os níveis de água durante todo o tempo de bombagem, apenas nos furos

ou poços submetidos a bombagem.

Mede-se o nível de água ao longo da bombagem e durante a recuperação. O tempo de

medição do nível de água durante a recuperação deve ser igual ao tempo de medição

durante a bombagem. Pode-se obter, com um ensaio de rebaixamento ou avaliação do

caudal, os seguintes dados:

1. Caudal óptimo ou aconselhável de exploração de furo ou poços;

2. Curva característica do furo ou poço;

3. Características próprias do aquífero ou relacionados com o seu contorno;

4. Presença e situação de limites;

5. Dados para se poder extrapolar, razoavelmente, os rebaixamentos;

6. Eficiência do furo ou do poço;

4.5.3. Equipamento dos Furos

Os furos foram equipados com bombas de eixo vertical da marca Grundfos, do tipo BP,

acoplados por motores de marca lister dos tipos LR, SR e ST accionados por meio de

correias.

35

É vantajoso e conveniente a manutenção dessas marcas, visto que, resistiram muito bem e

deram provas concludentes em Cabo Verde.

As bombas e os motores são de tipos variáveis de acordo com as características dos furos

(profundidade, nível estático, nível dinâmico, caudal de exploração) e altura mono métrica

total. Além das bombas do tipo BP, alguns furos foram equipados com bombas

submersíveis também da marca Grundfos, mas do tipo SP.

Os motores lister são refrigerados por meio de ar, de arranque manual por meio de

manivela circular. Deve ser colocado em local arejado onde o ar possa circular

convenientemente.

4.5.4. Rede de Observação e Controlo

A rede de observação e controlo fornece informações contínuas e periódicas necessárias e

indispensáveis para a pesquisa e exploração dos recursos hídricos, desde que seja cumprida

com rigor.

As precipitações constituem fontes naturais da recarga dos aquíferos. Devido a sua

irregularidade nos últimos anos e, simultaneamente, o aumento da exploração, tornou-se

evidente e necessário estabelecer um controle apertado da exploração dos pontos de águas,

com a finalidade de se precaver da possível intrusão salinas, das zonas a jusante dos vales

(casos da Ribeira Seca, Saltos, Picos e Santa Cruz) e do empobrecimento ou, mesmo,

esgotamento das reservas, nas zonas altas.

5. ÁREA DE ESTUDO

5.1. Localização Geográfica da Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca

A Bacia Hidrográfica de Ribeira Seca localiza-se no nordeste da ilha de Santiago com uma

área total de 71,5 km2, representa cerca de 7,21% da área total da mesma. Estende-se de

Pico de Antónia, a montante, até a foz de Pedra Badejo a nível do mar.

36

No conjunto a bacia apresenta nos extremos das linhas de cumeada as seguintes

coordenadas geográficas:

1. Latitudes:

15º 03´ 45” N;

15º 08´ 15” N.

2. Longitudes:

23º 39´ 45” W;

23º 31´ 06” W.

Fig.4 Representação da Área de Estudos Fonte: INIDA (2006)

A bacia hidrográfica da Ribeira Seca é constituída por três sub-bacias hidrográficas -

Ribeira de Montanha, Ribeira de Mendes Faleiro Cabral e Ribeira Seca (leito principal da

bacia hidrográfica) descriminados no Quadro 3.

37

Quadro 3. Áreas das três principais sub-bacias hidrográficas da Ribeira Seca

Sub-bacias hidrográficas

Áreas (km2)

Ribeira de Montanha

12.50

Ribeira de Mendes Faleiro Cabral

25.50

Ribeira Seca (leito principal)

33.50

Total

71.50

Fonte: Sabino et al (1999)

As sub-bacias hidrográficas da Ribeira Seca são servidas por vários tributários,

destacando-se as Ribeiras de Godim, Mendes Faleiro, São Cristovão, Furna, Pico de

Antónia, Lage, Covada, Longueira, Grande e Santa Helena. As sub-bacias hidrográficas de

Montanha, Mendes Faleiro Cabral e Seca estendem-se respectivamente desde a foz ao

nível do mar (cota zero) até os pontos mais altos de Montainha (691 metros), Réma-Réma

(599 metros) e Pico de Antónia a 1394 metros (Ribeira de Pico de Antónia – montante da

Ribeira Seca, vencendo as distâncias de 9,700 metros, 11,000 metros e 18,200 metros. Os

declives médios são para as três sub-bacias os indicados no Quadro 4.

38

Quadro 4. Declives médios das três principais sub-bacias hidrográficas da Ribeira Seca

Sub-bacias hidrográficas

Declive médio (%)

Ribeira de Montanha

13.50

Ribeira de Mendes Faleiro Cabral

3.79

Ribeira Seca (Leito principal)

7.54

Fonte: Sabino et al (1999)

As três sub-bacias hidrográficas - Ribeira de Montanha, Ribeira Seca (leito principal),

Ribeira de Mendes Faleiro Cabral, foram consideradas como sub-unidades de um todo,

para permitir uma melhor compreensão das componentes do sistema hidrográfico em

termos de contribuição para a produção de cheias. Embora as três sub-bacias hidrográficas

apresentam características homogéneas em termos das condições de superfície (tipos de

cobertura vegetal), dos grupos hidrológicos do solo, fisiografia e das condições de

drenagem, a Ribeira de Montanha pelas características morfológicas próprias, foi tratada

como uma unidade biofísica sem descurar o seu peso no todo do sistema. As outras duas

sub-bacias hidrográficas foram seccionadas em partes distintas para se poder estimar o

peso da contribuição das pequenas bacias tributárias na ocorrência de águas de escoamento

superficial e por conseguinte, das condições hidrológicas do conjunto das sub-bacias. As

características geométricas da bacia hidrográfica da Ribeira Seca estão ilustradas no

Quadro 5.

39

Quadro 5. Características geométricas das sub-bacias hidrográficas de Montanha, Ribeira

de Mendes Faleiro Cabral, Seca e tributários

Sub-bacias hidrográficas

Superfície (km2)

Talvegue ou linha de

água principal (m)

Declive médio

(%)

Ribeira de Montanha

12.50

9,700

13.50

Ribeira de Mendes Faleiro Cabral/Godim: Ribeira de Godim; Ribeira de Mendes Faleiro (tributário direito a montante); Ribeira de São Cristovão/Volta Romão.

25.50

4.79

4.10 11.65 4.96

11,000

5,000

3,600 6,000 6,000

3.79

7.56

7.56 4.45 4.42

Ribeira Seca: Ribeira de Pico de Antónia; Ribeira Pico de Antónia/Lage; Ribeira da Covada; Ribeira da Longueira; Ribeira Grande; Ribeira de Santa Helena; Ribeira Seca (Restante)

33.50 5.10

18.60 1.65 7.89 6.01 2.14

14.90

18,200 5,000 9,000 4,000 9,700 5,000 4,500

-

7.54 22.74 13.79 15.50 10.00 13.40 8.33

Médias Totais

-71.50

18,200

-132.58 10.20

Fonte: Sabino et al (1999)

5.2. Características fisiográficas

A bacia hidrográfica da Ribeira Seca tem uma superfície aproximada de 71.50 km2

repartidos pelas sub-bacias hidrográficas e tributários. Ela tem a forma rectangular bem

definida. A altitude média é de 290 metros. O declive é caracterizado por variações bruscas

em determinados troços das linhas de água mas em média anda a volta de 8.6 %. As partes

a jusante da bacia hidrográfica da Ribeira Seca, como por exemplo, a sub-bacia

hidrográfica de Santa Helena têm declives mais suaves. O Quadro 6 ilustra as

40

características morfológicas e fisiográficas da bacia hidrográfica da Ribeira Seca e

respectivas sub-bacias.

As altitudes da bacia hidrográfica, como já foi referido, variam desde 0.0 metros ao nível

do mar, na foz da Ribeira Seca, a altitude 1394 metros no ponto mais alto em Pico de

Antónia o que determina diversos tipos de microclimas.

Quadro 6. Características morfológicas e fisiográficas das sub-bacia hidrográficas da

Ribeira Seca e respectivos tributários Sub-bacias hidrográficas

Superfície (km2)

Perímetros (m)

Talvegues (m)

Declive médio (%)

Densidade drenagem, λ

Coeficiente Forma, kf

Índice de Gravelius, kc

Ribeira de Montanha:

12.50 25,000

9,700

13.50

2.78

0.13

1.98

Rª Mendes Faleiro Cabral/FRS*: Ribeira de Godim; Ribeira de Mendes Faleiro (montante); Ribeira de São Cristovão; Ribeira da Furna.

25.50 4.79 4.10 11.65 4.96

21,200 10,000

9,200 13,500 13,000

11,000 5,000 3,600 6,000 6,000

3.79 7.56 7.56 4.45 4.42

2.73 2.04 3.80 2.53 2.62

0.21 0.19 0.32 0.32 0.14

1.17 1.28 1.27 1.11 1.63

Ribeira Seca: Ribeira de Pico de Antónia e Ribeira de Lage; Ribeira da Covada; Ribeira da Longueira; Ribeira Grande; Ribeira de Santa Helena; Ribeira Seca (Restante).

33.50 5.10 18.60 1.65 7.89 6.01 2.14 14.90

39,800 11,000 21,000 8,000 12,500 10,100 8,200 -

18,200 5,000 9,000 4,000 9,700 5,000 4,500 -

7.54 22.74 13.79 15.50 10.00 13.40 8.33 -

6.31 6.07 3.63 7.25 4.65 5.41 6.30 -

0.10 0.20 0.23 0.10 0.08 0.24 0.11 -

1.93 1.36 1.36 1.74 1.25 1.15 1.57 -

Médias Totais

23.83 71.50

86,000 28,667

73,100 8,122

132.58 10.20

56.61 4.31

2.37 0.18

18.88 1.45

FRS = Foz da Ribeira Seca Fonte: Sabino et al (1999)

41

5.3. Características climáticas

A bacia hidrográfica de Ribeira Seca é caracterizada por vários microclimas que vão desde

árido a jusante onde PMA/EVP = 0.25 <1 a semi-árido a sub-húmido nos pontos mais a

montante (Fig.5).

O clima da Ribeira Seca enquadra-se no âmbito do clima geral da ilha de Santiago. Há uma

alternância entre uma longa estação seca, geralmente de oito a nove meses e a

concentração da estação húmida, de Agosto a Outubro.

Os microclimas da bacia variam do árido na parte jusante ao sub-húmido de altitude, no

montante e são determinados, entre outras, pelas acções da temperatura, humidade e

pluviosidade.

Consta-se que, em termos de pluviosidade a melhores parâmetros da Ribeira Seca e os

piores da sub-bacia de Mendes Faleiro Cabral.

A temperatura, a humidade relativa, a pluviosidade e a evapotranspiração variam com a

altitude. Os Quadro 7-10 indicam os valores climáticos médios anuais (temperatura,

humidade relativa, velocidade do vento, insolação, radiação solar e evaporação) calculados

a partir de dados obtidos da Estação Meteorológica de São Jorge para o período de 1987-

1997, assim como os valores médios mensais e anuais de evapotranspiração e precipitação

real e efectiva para as áreas a montante, intermédia e a jusante do sistema hidrográfico

constituído pelas três sub-bacias hidrográficas da Ribeira Seca, Ribeira de Montanha, e

Ribeira de Mendes Faleiro Cabral. Verifica-se que de uma maneira geral as

evapotranspirações são sempre superiores as precipitações, embora durante o período de

Agosto a Outubro haja uma compensação devido ao aumento de precipitações que não

deixam de continuar a ser inferiores a evapotranspiração na sua globalidade. Os gráficos

dos balanços hídricos ilustrados nas Fig. 7 e 8 caracterizam melhor as condições hidro-

climáticas da bacia hidrográfica, mostrando a variação mensal dos valores médios de

precipitação real e efectiva e da evapotranspiração potencial.

42

Fig. 5 - Clima da bacia hidrográfica Fonte: INIDA (2006)

5.3.1. Precipitação

Como sabemos, a precipitação é a fonte de alimentação dos recursos hídricos subterrâneos

e superficiais. Uma parcela da água da precipitação ao interceptar-se com o solo e as folhas

das árvores evapora-se. A outra parte escoa-se à superfície, designada por escoamento

superficial, atingindo o oceano através das redes hidrográficas e uma pequena quantidade

infiltra-se alimentando desta forma os aquíferos.

De acordo com o balanço hidrológico, do “Esquema Director para a Exploração dos

Recursos Hídricos (1993-2005), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento –

Conselho Nacional de Águas, Instituto Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos, Abril de

1993” mostra que a precipitação se reparte em média da seguinte maneira:

67% - Evapora-se;

20% - Escoa-se, sob a forma de escoamento superficial;

13% - Infiltra, recarga dos aquíferos;

43

As precipitações estão concentradas em poucos dias entre os meses de Julho, Agosto,

Setembro e Outubro.

No período húmido é possível registar cerca de 91.3% das chuvas anuais, com destaque

para o mês de Setembro, considerando o mês húmido por excelência.

A precipitação condiciona fortemente a prática da agricultura não só na bacia hidrográfica

da ribeira seca como em todo o país.

5.3.2. Temperatura

A temperatura é geralmente moderada devido à influência marítima.

Os dados de temperatura, entre 1987-1997, indicam uma média anual de 22º C, sendo o

mês mais frio, Janeiro, com uma média de 16.1º C. Os meses mais quente, Agosto e

Setembro, com uma média de 24.7º C.

5.3.3. Vento

A velocidade do vento é mais moderada na parte alta e intermediária da Ribeira Seca, com

valor médio de 1,3 km/dia, contra 1,6 a jusante da referida Ribeira.

Os tipos de ventos predominantes são: alísio do nordeste, monção do Atlântico do sul e

harmatão. De Julho a Outubro sopram os ventos do SW e de Novembro a Julho

predominam os alísios soprando do quadrante NE, a semelhança do que acontece no país.

5.3.4. Humidade Relativa

A bacia hidrográfica da Ribeira Seca apresenta um valor da humidade relativa elevada,

devido ao efeito do factor altitude que, faz com que a temperatura se baixe, por cada 100m

0,6ºC e a humidade relativa ao contrário aumenta (na troposfera).

44

A humidade relativa é menor de Janeiro a Junho e maior de Agosto a Outubro e decresce

novamente em Novembro e Dezembro.

5.3.5. Radiação Solar e Insolação

Apesar de a nebulosidade ser relativamente elevada, a insolação é também elevada,

principalmente nos meses de Abril, Maio e Junho e menor nos meses de Setembro e

Outubro, a radiação solar é maior igualmente nos meses de Abril a Junho e menor nos

meses de Dezembro a Fevereiro, de acordo com o Quadro 7.

5.3.6. Evaporação e evapotranspiração

A evaporação elevada e uma precipitação demasiada baixa conferem a bacia e, de uma

maneira geral, ao arquipélago, a nota de aridez que apenas nas zonas de maior altitude se

consegue atenuar. De acordo com os dados apresentados no Quadro 7, os valores da

evapotranspiração são maiores de Abril a Junho e diminui de Dezembro a Janeiro.

45

Quadro 7. Valores médios mensais de temperatura, humidade relativa, velocidade do

vento, insolação, radiação solar e de evapotranspiração potencial para as áreas a montante,

intermédia e a jusante da Ribeira Seca – Estação de São Jorge (LN = 15º; Altitude = 350

metros). Período: 1987-1997.

Meses Temperatura (ºC)

Humidade relativa (%)

Velocidade do vento (km/dia)

Insolação (horas)

Radiação solar (mm/dia)

Evapotranspiração potencial (mm/dia)

Janeiro

16.1 69

104

5.5

3.1

3.12

Fevereiro

19.9 67

112

6.7

3.9

4.08

Março

20.0 69

130

7.1

4.6

4.57

Abril

21.4 67

130

8.2

5.2

5.21

Maio

22.5 67

121

8.6

5.4

5.38

Junho

23.7 69

121

8.9

5.5

5.47

Julho

23.9 76

121

5.7

4.6

4.50

Agosto

24.7 80

104

4.8

4.4

4.12

Setembro

24.6 82

78

4.7

4.2

3.82

Outubro

23.8 78

86

6.6

4.3

4.07

Novembro

22.6 73

95

6.0

3.6

3.68

Dezembro

20.9 74

95

5.5

3.1

3.24

Anual

22.0 72

108

6.5

4.3

1559

Fonte: Sabino et al (1999)

46

Quadro 8. Valores médios mensais de precipitação real e efectiva e de evapotranspiração

potencial calculados pelo método do United States Bureau of Reclamation (USBR) para as

áreas a montante da Ribeira Seca - Estação de São Jorge/Curralino (LN = 15º; Altitudes =

350 metros e). Período: 1987-1991.

Meses Precipitação real (mm)

Precipitação efectiva (mm)

Evapotranspiração potencial (mm/dia)

Janeiro

14.0 13.6

3.12

Fevereiro

5.0 5.0

4.08

Março

1.0 1.0

4.57

Abril

0.0 0.0

5.21

Maio

0.0 0.0

5.38

Junho

0.0 0.0

5.47

Julho

20.0 19.2

4.50

Agosto

162.0 109.5

4.12

Setembro

104.0 82.4

3.82

Outubro

55.0 48.9

4.07

Novembro

14.0 13.6

3.68

Dezembro

8.0 7.9

3.24

Anual

383.0 301.1

1559

Fonte: Sabino et al (1999)

47

Quadro 9. Valores médios mensais de precipitação real e efectiva e de evapotranspiração

potencial calculados pelo método do United States Bureau of Reclamation (USBR) para as

áreas intermédias da Ribeira Seca - Estação de São Jorge (LN = 15º; Altitude = 350

metros). Período: 1987-1991.

Meses Precipitação real (mm)

Precipitação efectiva (mm)

Evapotranspiração potencial (mm/dia)

Janeiro

14.0 13.6

3.12

Fevereiro

5.0 5.0

4.08

Março

1.0 1.0

4.57

Abril

0.0 0.0

5.21

Maio

0.0 0.0

5.38

Junho

0.0 0.0

5.47

Julho

20.0 19.2

4.50

Agosto

162.0 109.5

4.12

Setembro

104.0 82.4

3.82

Outubro

55.0 48.9

4.07

Novembro

14.0 13.6

3.68

Dezembro

8.0 7.9

3.24

Anual

383.0 301.1

1559

Fonte: Sabino et al (1999)

48

Quadro 10. Valores médios mensais de precipitação real e efectiva e de evapotranspiração

potencial calculados pelo método do United States Bureau of Reclamation (USBR) para as

áreas a jusante de Mendes Faleiro Cabral, Ribeira Seca e Ribeira de Montanha – Dados

obtidos da Estação de Santa Cruz e Achada Fátima (LN = 15º; Altitude = 15 metros).

Período: 1982-1997.

Meses Precipitação real (mm)

Precipitação efectiva (mm)

Evapotranspiração potencial (mm/dia)

Janeiro

1.1 1.0

3.12

Fevereiro

0.4 0.4

4.08

Março

0.0 0.0

4.57

Abril

0.0 0.0

5.21

Maio

1.1 1.0

5.38

Junho

0.0 0.0

5.47

Julho

2.8 2.8

7.50

Agosto

71.5 61.3

4.12

Setembro

62.5 54.7

3.82

Outubro

30.0 28.2

4.07

Novembro

19.3 18.6

3.68

Dezembro

3.0 3.0

3.24

Anual

191.4 170.7

1559

Fonte: Sabino et al (1999)

49

5.4. Hidrologia e Recursos Hídricos

5.4.1. Hidrologia

Quanto à referência, o escoamento no curso de água da Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca

classifica como efémeros, uma vez que só apresentam curso de água, nos anos húmidos e

por outro lado, raramente a escorrência superficial supera um período superior a 30 dias.

Em geral, quando ocorrem grandes precipitações, sobretudo nos finais de Agosto e durante

o mês de Setembro, são registados grandes fluxos de cheias, correspondentes às correntes

de água com grande carga sólida, normalmente procedentes das vertentes. São frequentes

os casos de inundação das áreas cultivadas nas margens das ribeiras provocando em alguns

casos danos significativos.

No caso de persistência das águas, entre os meses de Setembro a Dezembro, as culturas

irrigadas ganham uma certa expansão nas margens das ribeiras.

A convivência com os ciclos de seca durante os vários séculos de vivência na ilha e

sobretudo, a persistência da seca nas últimas décadas permitiu aos camponeses o

desenvolvimento de uma estratégia tradicional de gestão de águas superficiais, como por

exemplo, cisternas familiares e comunitárias, reservatório de água de escorrência, poços

tradicionais, barragem, melhoramento de nascentes e espelhos de captação.

Fig. 6 - Ordem de Linhas de Água Fonte: INIDA (2006)

50

As precipitações máximas diárias geradoras dos caudais de ponta de cheia, obtidas em

função dos períodos de retorno de 20 anos, 50 anos e 100 anos respectivamente obtidas das

estações e postos pluviométricos das três sub-bacias hidrográficas da Ribeira Seca, estão

ilustradas no Quadro 11. Os caudais de escoamento superficial para o conjunto das três

sub-bacias considerando períodos de retorno de 20 anos, 50 anos e 100 anos

respectivamente no Quadro 12.

Quadro 11. Precipitações médias anuais e máximas diárias calculadas em função dos

períodos de retorno, Tr, de 20, 50 e 100 anos (sub-bacias hidrográficas da Ribeira Seca) 1

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS

Período de retorno, Tr, de 20 anos

Período de retorno, Tr, de 50 anos

Período de retorno, Tr, de 100 anos

PMáxD PMedA

PmáxD

PMedA

PmáxD

PmedA

Ribeira de Montanha 90

400

95

415

100

430

Rª.Mendes Faleiro Cabral/Godim: Ribeira de Godim; Ribeira Mendes Faleiro (montante) Ribª. São Cristovão/Volta Romão.

120 120 138

510 510 467

125 125 148

520 520 476

127.5 127.5 152

530 530 486

Ribeira Seca: Ribeira de Pico de Antónia; Ribeira Pico de Antónia/Lage; Ribeira da Covada; Ribeira da Longueira; Ribeira Grande; Ribeira de Santa Helena.

118 125 115 118 120 110

512 565 1060 565 510 500

129 137 128 137 125 115

529 592 1190 592 520 520

135 143 143 143 127.5 120

541 615 1200 615 530 530

1 As precipitações foram obtidas pela lei de distribuição Normal.

Fonte: Sabino et al (1999)

51

Quadro 12. Caudais de escoamento superficial para o conjunto das três sub-bacias

considerando períodos de retorno de 20 anos, 50 anos e 100 anos respectivamente2

Sub-bacias hidrográficas Período de retorno, Tr, de 20 anos

Período de retorno, Tr, de 50 anos

Período de retorno, Tr, de 100 anos

Ribeira de Montanha 102.21

151.62 109.04

160.05 115.87

168.47

Ribeira de Mendes Faleiro Cabral

242.74

233.37

257.13

244.84

266.71

252.50

Ribeira Seca (leito principal)

232.64

296.79

254.40

324.55

275.53

351.53

Ribeira Seca (total) 755

878 727

922

967

1021

2 Os caudais de ponta de cheia foram calculados pelo modelo conceptual proposto pelo SCS-USDA e pela Fórmula

Racional respectivamente.

Fonte: Sabino et al (1999)

Com efeito, os escoamentos superficiais são de tal ordem que urge interceptar os

respectivos caudais a montante com obras de correcção torrencial e infra-estruturas

hidráulicas de armazenamento que poderiam contribuir para o aumento do regadio

temporário e para a recarga das nascentes de uma forma significativa. Aliás, a bacia

hidrográfica da Ribeira Seca é do ponto de vista agrícola das mais importantes do país e as

potencialidades são grandes em termos de recursos em solo, água e vegetação em relação a

totalidade das bacias hidrográficas.

Estudo hidrológico da bacia hidrográfica da Ribeira Seca

Fez-se um estudo hidrológico da Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca que teve como

objectivo principal fornecimento dos caudais de ponta de cheia das sub-bacias

hidrográficas da Ribeira Seca para o cálculo dos descarregadores de superfície das

pequenas infra-estruturas hidroagrícolas (pequenas barragens de retenção), diques de

correcção do leito de ribeiras ou de espalhamento, canais de diversão e obras de arte para a

evacuação de cheias (túneis, aquedutos, pontes, etc.) a serem executadas no âmbito do

Projecto de Desenvolvimento Hidráulico da Ribeira Seca. Poder-se-ia fazer inúmeros

52

cálculos hidrológicos mas para não fugir ao escopo do trabalho e para não sobrecarregar,

deixaram outros aspectos aprofundados e detalhes para os especialistas que vierem a

utilizar as informações contidas no trabalho para a elaboração de projectos e estudos

específicos bem concretos.

Foram registadas séries de precipitações médias anuais e máximas diárias (séries temporais

de dimensão igual ou superior a 17 anos) obtidas dos postos pluviométricos da Ribeira

Seca (Montanha, Mendes Faleiro Cabral e Seca – leito principal)) e Pico de Antónia (para

a Ribeira Seca, montante) foram utilizados para o processamento estatístico e

probabilístico como também para a determinação das precipitações médias mensais.

Tratando-se de séries muito representativas, para uma melhor interpretação dos dados

traçou-se os histogramas representativos das frequências. O teste de ajustamento de S-K,

Smirnov e Kolmogorov foi utilizado para a escolha do modelo de distribuição, “model of

the best fit”.

Calculou-se neste estudo os valores dos caudais de ponta de cheia para períodos de retorno

de 20 anos, 50 anos e 100 anos. Contudo, para as infra-estruturas de correcção do leito de

ribeiras aconselha-se a utilização dos caudais de ponta com períodos de retorno, Tr = 20

anos e para as pequenas e médias barragens hidroagrícolas localizadas não a montante de

aglomerados populacionais, aconselha-se a utilização de valores de Tr = 50 anos e 100

anos respectivamente. Para a conversão das precipitações máximas diárias em caudais de

ponta de cheia os dois modelos abaixo indicados foram propostos:

1. O modelo proposto pelo SCS-USDA (1974) que se baseia nas condições de

superfície nos grupos hidrológicos do solo e;

2. A fórmula racional para as bacias hidrográficas com características de

superfície agro-climaticamente semelhantes (A <25 km2).

Contudo, para não sobrecarregar este trabalho com preferimos utilizar o modelo conceptual

por ser o mais complexo e perfeito por considerar uma série de parâmetros obtidos da

bacia hidrográfica em estudo. Também, foram estimados os caudais de ponta cheia

53

apresentados no Quadro 11 pela utilização da fórmula racional para os períodos de retorno

considerados e comparados com os do modelo conceptual proposto pelo SCS/USDA.

Análise estatística das precipitações máximas diárias

A interpretação estatística da distribuição das precipitações máximas diárias foi feita pela

aplicação da lei de Gumbel ou de distribuição assimptótica de tipo I e pela lei de

distribuição de Laplace-Gauss.

As Fig. 7 e 8 Ilustram rectas teóricas de ajustamento à lei de distribuição Normal ou de

Laplace-Gauss.

Fig. 7. Ajustamento à lei de distribuição Normal ou de Laplace-Gauss. (Precipitações

máximas diárias e médias anuais da Estação Meteorológica de São Jorge – Ribeira Seca,

1941-1997) Fonte: Sabino et al (1999)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0,0000 0,1000 0,2000 0,3000 0,4000 0,5000 0,6000 0,7000 0,8000 0,9000 1,0000

PROBABILIDADE (%)

PREC

IPIT

ÃO

(mm

)

PPptMA PptMD Linear (PPptMA) Linear (PptMD)

54

Fig. 8. Ajustamento à lei de distribuição Normal ou de Laplace-Gauss. (Precipitações

máximas diárias e médias anuais do Posto Pluviométrico de Alto de Figueirinha – Ribeira

Seca, 1982-1997)

Fonte: Sabino (1999)

A correlação estatística entre as precipitações máximas diárias e as precipitações médias

anuais foi também analisada (Fig. 7), mostrando que existe uma estreita correlação entre as

duas variáveis para os pôstos meteorológicos da bacia hidrográfica da Ribeira Seca. A

importância desta recta deve-se ao facto de permitir obter o valor de uma variável

conhecendo a outra (faltosa) para o referido posto udométrico.

Teste de ajustamento à função de distribuição das amostras

O teste de Kolmogorov e Smirrnov, K-S, que se baseia na comparação da função

cumulativa das frequências, F´(x), para a série, com a função de distribuição, F(x), para a

população, foi utilizado para a definição da equação matemática da função de distribuição

escolhida, que para o caso presente, foi a de Laplace Gauss.

0

200

400

600

800

1000

1200

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

PROBABILIDADE (%)

PREC

IPIT

ÃO

(mm

)

PMaxD PMedA Linear (PMedA) Linear (PMaxD)

55

Para a determinação do volume de escoamento ou precipitação útil, Q, em milímetros, a

partir das precipitações máximas diárias, Ppt, em milímetros, considerou-se um período de

retorno de 20 anos e 50 anos, que fornecem valores bastantes seguros para infra-estruturas

hidráulicas de engenharia, conservação do solo e água e mesmo para pequenas barragens

hidroagrícolas (50 anos) situadas não a montante de povoações ou comunidades rurais.

O Valor do volume de escoamento é função da máxima retenção potencial, S, e da

abstracção inicial ou perdas iniciais da chuvada antes de se iniciar o processo de

escoamento superficial (I= 0.2S) Quadro 14.

Os valores dos números de escoamento, CN, da bacia hidrográfica foram calculados em

função das condições de superfície e dos grupos hidrológicos do solo, a máxima retenção

potencial, S, e a abstracção inicial, I, estão ilustrados no Quadro 13.

56

Quadro 13. Valores dos números de escoamento (CN) das sub-bacias hidrográficas da

Ribeira Seca calculados em função das condições de superfície e dos grupos hidrológicos

do solo

Sub-bacias hidrográficas

Grupos

hidrológicos do solo

Condições de

superfície

Percentagem

(%)

Nº de

escoamento (CN)

Produtos

(4X5)

CN

ponderado

Max.

retenção potencial

(S) (mm)

Abstracção inicial (I)

(mm)

Ribeira de Montanha:

B

D

C

D

1. Agricultura em terraços e muretes nas encostas e vales corrigidos e c/ árvores dispersas;

2. Zonas dispersas;

3. Aflo.rochoso c/alguma vegetação;

4. Pastagens das encostas urbanizadas.

35

35

30 2

64

94

62 98

2240

3290

1860 196

7756/100= 75.86

16.17

3.23

Ribeira de Mendes Faleiro Cabral: Ribeira de Godim; Ribeira de Mendes Faleiro (montante); Ribeira de São Cristovão.

B

D

C

D

5. Agricultura de sequeiro e regadio em terraços e muretes nas encostas e vales corrigidos, c/ árvores dispersas;

6. Afl .rochoso c/ alguma vegetação;

7. Pastagens das encostas c/ árvores dispersas;

8. Z. urbanizadas.

30

35

25 2

64

94

62 98

1920

3290

1550 196

6956/100= 69.56

22.23

4.45

Ribeira Seca: Ribeira de Pico de Antónia e Ribeira de Lage; Ribeira da Covada; Ribeira da Longueira; Ribeira Grande; Ribeira de Santa Helena; Ribeira Seca (Restante).

B

D

C

D

1. Agricultura de sequeiro e regadio em terraços e muretes nas encostas e vales corrigidos, c/ árvores dispersas;

2. Afl. rochoso c/vegetação;

3. Pastagens das encostas c/árvores dispersas;

4. Zonas arborizadas

5. Z. urbanizadas.

32

30

30 5

3

64

94

62 46 94

2048

2840

1860 230 282

7260/100= 72.60

19.17

3.83

Totais - - 294

996

21802

218.02

57.57

11.51

Médias - - - - 7267

72.67

19.19

3.84

*De acordo com “SCS/USDA (1974) Fonte: Sabino et al (1999)

57

Quadro 14: Valores dos volumes de escoamento, Q, dos caudais de ponta de cheia, Qp,

calculados a partir de parâmetros fisiográficos e hidrológicos da bacia hidrográfica da

Ribeira Seca considerando períodos de retorno, Tr, de 20 anos, 50 anos e 100 anos

respectivamente.

Bacias hidrográficas

Superfíc

ie (A)

(km2)

Talveg

ue (L)

(m)

Decli

ve (d)

(%)

Tempo

concentração (tc) (horas)

Precipitaçã

o(Ppt) * (mm)

Volume

escoamento (Q) **

(mm)

Abstracção inicial

(I) (mm)

Tempo

crescimento (tp) (horas)

Caudal de ponta

De cheia (m3/s)

Ribª. de Montanha

12.50

9,700

13.50

0.8244

90/95/100

73.15/78.04/82.93 3.23

2.49

102.21/109.04/115.87

Ribeira de Mendes Faleiro Cabral (FRS) 1. Ribeira

de Godim 2. Rª de M.

F. 3. Rª de

S.Cri 4. Rª de

Furna

25.50 4.79 4.10 11.65 4.96

11,000 5,000 3,600 6,000 6,000

3.79 7.56 7.56 4.45 4.42

1.4812 0.6187 0.4804 0.8731 0.8754

122/128/132

120/125/127.5

120/125/127.5

138/148/152

110/115/120

98.74/104.70/108.60

96.89/101.77/111.37

96.89/101.77/111.37

114.48/124.29/128.22

87.17/92.03/96.89

4.45 4.45 4.45 4.45 4.45

2.89 2.37 2.29 2.52

242.74/257.13/266.71

54.50/57.25/62.6548.28/50.71/55.49147.31/159.93/16

4.99 47.75/50.42/53.08

Ribeira Seca 1. Rª

PicoAnt./Lag

2. Ribª.Covada

3. Rª de Longueira

4. Ribª. Grande

5. Rª de santa Helena

6. Ribª. Seca (Restante)

33.50 5.10 1.65 7.89 6.01 2.14 14.90

18,200 5,000 4,000 9,700 5,000 4,500

-

7.54 22.74 15.50 10.00 13.40 8.33

0.4049 0.3952 0.9254 0.4963 0.5496

116/127/13

4118/129/13

5115/128/14

3118/137/14

3120/125/12

7.5 110/115/12

0

95.81/104.77/113.48

97.77/108.56/114.46

94.83/107.58/122.34

97.77/116.43/122.34

99.73/104.63/107.09

89.95/94.83/99.73

3.83 3.83 3.83 3.83 3.83 3.83

2.24 2.24 2.56 2.30 2.33

61.96/68.80/72.5319.44/22.06/25.0883.87/99.88/104.9

572.53/76.10/77.8922.30/24.24/25.50

Os valores mais elevados de Ppt e Q correspondem as áreas a montante e T20 e T50 aos períodos de retorno de 20 e 50 anos respectivamente. Fonte: Sabino et al (1999)

5.4.2. Recursos Hídricos

De acordo com os estudos realizados no âmbito do programa de desenvolvimento da bacia

hidrográfica da Ribeira Seca, o caudal da quantidade de água de escoamento superficial

que drena no mar durante a época das chuvas varia entre 750 m3/segundo a 100 m/segundo

58

em3 função do período de retorno considerado de 20, 50 ou 100 anos, ou seja cerca de

4.498.627 m3/ano desagua, por escoamento, no mar, enquanto o volume total de produção

de água é de 2.422.830 m3/ano.

Esta água é mal aproveitada a nível da bacia devido a falta de infra-estruturas adequadas

para uma maior mobilização e utilização mais eficaz da mesma. Pelo facto há uma grande

quantidade da água das chuvas resultante do escoamento superficial e que frequentemente,

permanecem no leito das ribeiras durante três a quatro meses perde-se para o mar. Esta

água poderia ser captada e armazenada para ser utilizada na rega de compensação ou para

consumo de animais e/ou da população depois de devidamente tratada. Agora com a

construção da barragem as condições a da bacia melhoraram.

O volume de água de recarga dos aquíferos calculado na base dos estudos de sondagem

geofísica, considerando as taxas de recarga de 15% e 5% para as formações de Pico de

Antónia / Aluviões e dos Órgãos respectivamente (Apolloner e tal, 1998), indica que o

valor médio da capacidade de recarga dos aquíferos é de 2.143.253 m3/ano. Esta

capacidade de recarga pode ser reforçada pela construção de infra-estruturas que

contribuam também para reduzir o escoamento superficial, aumentar a infiltração das

águas de chuvas e proteger o solo contra a erosão e de aumentar a infiltração da água no

solo. Actualmente existem na bacia hidrográfica várias infra-estruturas acima referidas

construídas para o efeito. Entretanto a maior parte dessas infra-estruturas de mobilização

de água pelo facto de terem sido construídas há muito tempo estão em péssimo estado de

conservação e em consequência precisam de manutenção ou mesmo de substituição.

Assim, ou já se encontram amortizadas ou em mau estado de conservação que não

conseguem responder as necessidades e merecendo ser assim adaptada a nova demanda.

5.4.3. Os Solos e a Vegetação

5.4.3.1. Os solos

Sob o ponto de vista pedológico os solos da bacia hidrográfica da Ribeira Seca a

semelhança de toda a ilha de Santiago classificam-se em:

59

Vertissolos - que são solos que apresentam as características da rocha mãe (basalto)

particularmente ricas em bases;

Solos pouco evoluídos de transporte ou de erosão sobre aluviões que são caracterizadas por

uma grande heterogeneidade textural e pela ausência de evolução devido aos materiais

provenientes da rocha mãe recente que são constantemente removidas e transportadas pelas

águas das cheias;

Solos pouco evoluídos de transporte ou de erosão sobre coluviões de encostas que são

solos formados sobre materiais diversos resultante da acumulação de resíduos de alteração

mecânica de rochas vizinhas;

Solos isohúmicos - (sierozem de cor cinzenta) que são solos climaciques das zonas áridas

e sub-áridas do arquipélago. Caracterizam-se por uma mineralização rápida da matéria

orgânica profundamente incorporada no perfil.

Solos isohúmicos - (castanhos) que são solos de cor castanhos de estrutura poliédrica bem

individualizada de textura média a fina. Estão bem representadas das zonas húmidas e Sub-

húmidas do arquipélago

Solos fersialíticos - que se caracterizam por uma cor vermelham que traduz o alto teor em

óxido de ferro. Localizam-se nas zonas áridas e semi-áridas e tem pH ligeiramente inferior

a neutralidade.

60

Fig.9. Classe dos Solos da Bacia Fonte: INIDA, (2006)

61

5.4.3.2. A Vegetação

A vegetação em toda a bacia hidrográfica da ribeira seca é considerada homogénea. De um estudo agro-ecológico feito da bacia em 1986,

encontrada na obra de Garcia da Horta, temos o seguinte:

SÍMBOLO MORFOLOGIA

ALTITU

DES

MÉDIAS (M) DECLIVE (%)

GEOLOGIA/

LITOLOGIA

ZONA

CLIMÁTIC

A

SOLOS VEGETA

ÇÃO

LIMITAÇÕES

PRINCIPAIS

USO ACTUAL

DOS SOLOS

UTILIZAÇÃO

PRECONIZADA

AIp.1 Orlas da praia da foz

das ribeiras

<5 1 - 3 Depósitos arenosos Áridalitorânea

Regossolos

psamíticos (Rg)

Ipomoea,

Patelifolia,

Sporobolos,

Tribulos, Zaleya,

Philoxerus,

Sesuvium

- - Recreio, actividade

piscatória

AIx.5 Baixa ribeirinhasmuito expressivas 4-50

1 - 3 Depósitos aluvionaisfinos e grosseiros

Áridalitorânea

Fluvissolosêutricos (Je), deorigem aluvionar eFluvissolos emfundo de vale enos terraçosfluviais antigos

Clitoria,Boerhavia,Chorchorus,Aerva, Plantago,Acanthospemum,Dotura

Riscos deinundação;carência dedisponibilidadeshídricas

Ocupação ruralintensa;culturasdiversificadasde regadio(bananeira,mandioca,hortícolas, cana,batata doce,papaeiras)

Melhorias das condições

de utilização: defesa

contra inundações e

controlo das enxurradas,

intensificação cultural

AIa.15 Aplanação muitoperfeita, plana ou deondulação suaves

15/90 –100/150

3 - 8 Mantos subaéreos denatureza basáltica doPA

Áridalitorânea esublitorânea

Xerossolos lúvicos(XI) associados axerossolosháplicos (Xh),dominantes;Phaeozemeslúvicos (HI) compoucarepresentação

Helitropium,Leucas, Sesbania,Mollugo, Cleone,Paranychia, Sida,Waltheria,Abutilon

Bastantepedregosidade,ventos fortes epersistentes

Ocupação ruralalgo incidente,fundamentadasobretudo naactividadeagrícola emvales adjacentese no pastoreio

Florestação com

espécies de valor

forrageiro para fomento

da pecuária; Pastagem

melhorada

AIIIx.7 Bases de valerelativamente

60/250 –120/340

3 - 45 Depósitos aluvionaismais ou menos finos

Sub-húmidointerior e

Fluvissolosêutricos (Je) finos

Amaranthus,Argemone,

Recursos hídricoslimitados; áreas de

Ocupação ruralintensa; com

Medidas de

62

estreitas irradiandodo interior

sub-húmido/semiáridasublitorânea

e grosseiros; deorigem aluvionar ecoluvionar(terraços e base deencosta)

Sonchus, Bidens,Brachiaria,Panicum,Cynodon

depósitosgrosseirosimpróprias

culturas deregadio emorlas da baixa,terraços ebanquetas, estasnos fundos dasencostas

intensificação cultural:

aumentos dos recursos

hídricos; correcção

torrencial; expansão das

áreas (diques, etc.)

AIIIe.20 Relevo miudamenteretalhado em cristase vales que irradiamde interflúvioprincipal

100/250 –400/470

25 - 65 Depósitos-Conglomerático-Brechoide dos órgãos(CB); mantosbasálticos nocoroamento dosrelevos e piroclástosdo PA

Sub-húmido/semiáridasublitorâneae interior

Cambissolosêutricos (Be)associados aLitossolos (L)

Blainvillea,Desmanthus,Pennisetum,Indigofera,Caylusea,Hyparrhenia,Setaria

Superfíciedissecadaescoamentorápido; solosdelgados nassituaçõesconvexos eespessos nasconchoidais

Ocupação ruralbastanteincidente, masesparsa, comsequeiros nasencostas epequenosregadios nosvales

Compartimentação douso da terra consoante amorfologia: florestaçãoacima dos 45% dedeclive; culturas desequeiro nas restantesáreas (pequenosregadios em fundo devales)

AIVu.20 Relevo acidentado,de salientesinterflúvios e valesmuito encaixados

250/400 –500/650

30 - 50 Formação dosFlamengos (mantos epiroclástos);formação do PA(mantos subaéreos esubmarinos)

Sub-húmidointerior

Litossolos (L)cambissolosêutricos (Be)dominantes;cambissolos líticos(Bt)

Blainvillea,Desmanthus

Condicionamentomorfológico; solosdelgados;escoamento rápido

Ocupação ruralmuito incidente(vales ecutelos);diversificaçãocultural;florestação

Compartimentação deacordo com amorfologia florestação(eucalipto, bissilão) emsituações declivosas;culturas perenes ou emconsociação (feijãoCongo, lablab, milho)em declives inferiores a45%; pastagemmelhorada

AIVb.8 Formas alargadas esuavizadas de valepor vezesenglobando terraçosfluviais

190/340 3 – 8 Terraços decascalheiras no fundodos vales; orlas eleitos de aluviões;encostas suaves emconglomerado do CB

Sub-húmidointerior

Cambissolosêutricos (Be) ephaezemosháplicos (Hh) nasencostas do vale;fluviossolos (Je)em terraços nofundo do vale

Amarathus,Bidens, Nicandra,Corchorus,Trichodesma,Hyparhenia,Borreia

Recursos hídricosescassos limitandoa intensificaçãocultural

Ocupação ruralintensa;diversificaçãode culturas(milho,fruteiras, cana,café, bananeira)

Intensificação agrícola:culturas diversas(hortícolas, feijões,milho, mandioca) efruteiras (mangueira,abacate, citrinos)

Quadro 15. Dados agro-ecológicos da bacia hidrográfica da Ribeira Seca

63

5.5. Agriculturas e Pecuária

5.5.1. Agricultura de Regadio

A agricultura de regadio é geralmente praticada no leito dos vales, embora nas zonas de

Pico de Antónia, Covada, Longueira e Chã de Vaca, se encontrem áreas de cultura em

regime de regadio tradicional nas encostas alimentadas através de pequenas nascentes

captadas por meio de diques. A extensão destas áreas é bastante variável oscilando com

a quantidade e distribuição das precipitações. As áreas actuais e potencialmente

regáveis, depende não só da ocorrência das precipitações, como também, dos recursos

hídricos disponíveis, das necessidades das culturas e da eficiência de rega. Pode-se

observar manchas regadas em toda a bacia hidrográfica mas as maiores concentrações

das áreas de regadio se localizam no fundo dos vales e, mais precisamente, na foz da

Ribeira Seca, nas áreas de Jaracunda e São Cristovão.

Nos perímetros de regados praticam-se as culturas de mandioca, banana, cana sacarina,

batata-doce, batata comum, hortaliças e fruteiras. Por vezes a quantidade de água

disponível para rega é tão irrisória que mal chega para a sobrevivência das plantas,

resultando por esta razão, quebras de produção devido aos rendimentos muito baixos.

Os rendimentos médios das culturas regadas são muito variáveis dependendo de muitos

factores, destacando-se os recursos em água, a qualidade dos solos (características

físicas e químicas) e dos “inputs” agrícolas e outros factores de produção.

As culturas dominantes são a cana sacarina, a banana, mandioca e outros tubérculos.

5.5.2. Agricultura de Sequeiro

A agricultura praticada na bacia hidrográfica da Ribeira Seca é predominantemente de

sequeiro, sendo o milho, o feijão, a batata-doce, a mandioca e o feijão Congo as culturas

dominantes. Muitas vezes a agricultura é consociada com fruteiras, em particular nas

zonas mais privilegiadas devido a exposição aos ventos dominantes e precipitação

oculta, destacando-se mangueiras, papaieiras, abacateiros, jamboeiros, mamoeiros,

64

goiabeiras, citrinos, árvores de fruta-pão, marmeleiro, etc. Os rendimentos são baixos e

as produções bastantes aleatórias. A área total do sequeiro cultivada é da ordem dos

3000 hectares ou seja cerca de 43% da área total da bacia hidrográfica. Os rendimentos

e as produções são função da pluviometria, da topografia e da altitude. A topografia e a

orografia condicionam em certa medida outros factores como a precipitação, a

evapotrasnpiração, o coberto vegetal e a espessura dos solos.

É um tipo de cultivo que se pratica nos três meses de ‘‘As Águas’’ e depende

principalmente da chuva.

A montante, pratica-se impropriamente, a cultura de sequeiro na estação das chuvas em

áreas com acentuado declive, mais vocacionadas para a conservação do solo e água,

florestação e agro-florestação. Aliás, pratica-se a agricultura consociada com fruteiras e

essências florestais, nomeadamente, mangueiras.

5.5.3. Pecuária

Como se pode verificar em quase todas as ilhas de Cabo Verde, assim também decorre

na ilha de Santiago e particularmente em Santa Cruz, em que a actividade pecuária é

realizada por quase toda a população do rural e semi-urbanas e depende muito das

práticas agrícolas do sequeiro ou do regadio para o seu sucesso.

A criação dos animais que se verificam nesses lugares, em primeira-mão é para o uso

familiar embora haja pessoas que criam animais para o uso familiar com para a venda

aos comerciantes.

Os animais que mais as pessoas investem para a criação ou que a sua exploração é mais

expressiva nesses meios são: caprinicultura, bovinicultura, suinicultura e avinicultura.

Em Santa Cruz a pecuária é considerada uma actividade ligada a agricultura, envolve

quase todas as famílias por isso é considerada uma actividade tradicional.

65

6. DESCRIÇÃO DO MODELO

6.1. Descrição do Modelo de Jacob e Theis

Existem aquífero com regime de escoamento permanente, em que é alimentado por um

caudal igual ao caudal que dele se extrai. Na maior parte dos casos reais o regime é não

permanente, isto é, a medida que se extra um volume de agua de um poço, cria-se em

redor do aquífero um cone de depressão que aumenta a medida que a bombagem se

prossegue.

O regime é, portanto, variável, podendo eventualmente atingir um estado em que as

variações de nível são tão pequenos que o regime se possa considerar como permanente.

Considere-se um poço aberto num aquífero confinado de espessura constante, apoiado

numa camada horizontal. Seja ϕ0 a carga ou peso hidráulico inicial sobre a horizontal.

Num ponto a distanciar r, o nível piezométrico vai baixando de s a medida que se vai

extraindo um volume V.

O rebaixamento S = ϕϕϕϕ0 –ϕϕϕϕr, em função do instante t e da distância r: S = f (r, t)

Fig.10 – Cone de depressão de um aquífero Fonte: Sabino, documentos da aula de Hidrogeologia, ISE, (2007)

66

Para definir esta relação, há primeiro que estabelecer a equação do escoamento em

regime variável num meio poroso e saturado.

Assim, de acordo com a lei da conservação da massa, no escoamento em regime

variável através de um meio poroso e saturado, tem que ser iguais a diferença entre os

caudais da massa do fluido, entrada e saída de um volume elementar e a taxa de

variação com o tempo da massa do mesmo fluído armazenada no interior desse mesmo

volume elementar.

A equação da continuidade reveste neste caso, a seguinte forma:

∂ (ρ Vx) + ∂(ρ Vy) + ∂(ρ VZ) = ∂ (ρn)∂x ∂y ∂ Z ∂t

Em que:

ρ - é a massa específica da água;

n- a porosidade do meio saturado;

Vx, Vy e VZ - componentes da velocidade do escoamento segundo as várias direcções.

Para um liquido incompressível ou que como tal possa ser considerado, como ê

normalmente o caso da água, as variações da massa especifica, ρ, podem ser

desprezadas. Então ρ é constante, pelo que a equação anterior pode ser simplificada

para:

∂(Vx ) + ∂(Vy) + ∂(Vz) = ∂(n)∂x ∂ y ∂ Z ∂ t

Aceitando que o armazenamento específico do aquífero, Ss, pode ser expresso, por

definição, por:

Ss = ∂n /∂ t

∂s /∂ t

E recorrendo a lei de Darcy generalizada, admitindo que ∂ϕ = -∂s, a equação pode ser

transformada em:

67

∂ (Kx ∂s) + ∂ (KX ∂s) + ∂ (Kz∂s ) = Ss ∂ s∂z ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z ∂t

Que é a equação do escoamento no regime variável num meio poroso saturado

anisotrópico.

Se o meio for homogéneo e isotrópico, a equação reduz-se a:

∂2s + ∂2s + ∂2s = Ss ∂s∂X

2 ∂y2 ∂z

2 K ∂t

Para o caso especial de um aquífero confinado horizontal de espessura b, ∂s/ ∂z = 0,

S = Ss.b e T = K.b, pelo que a equação anterior reveste a seguinte fórmula:

∂2s + ∂2s = S ∂s∂X

2 ∂y2 T ∂t

Pode-se também escrever em coordenadas cilíndricas, através da relação r =√x2

+ y2

∂2s + 1 + ∂s = S ∂s∂r

2 r ∂r T ∂t

Esta equação foi desenvolvida por Theis a partir das seguintes condições de fronteira

para:

s = (r, t)

s (r, o)= 0 ( para qualquer valor de r)

s (∞, t)= 0 (para qualquer valor de t)

Lim (r) (∂s ) = Q (para t>0) r→0 ∂t 2πT

A terceira condição resulta da aplicação da lei de Darcy a parede cilíndrica de um poço,

e exige que o caudal Q extraído seja constante.

A expressão obtida para a incógnita s foi a seguinte:

68

s = Q W (u) = 0,08 Q W (u) 4πT T

Em que:

u = S r2

4 Tt

A função W (u)= ∫u e-u du é conhecida por «função do poço» u

Na prática, para calcular a transmissividade (T) e o coeficiente de armazenamento (S)

de um aquífero usando os valores de ensaios de bombagem, a caudal constante,

procede-se do seguinte modo:

1. Marca-se um sistema de eixos ortogonais logarítmicos, u e W, sendo u arbitrado

e W dado pelas tabelas; a curva assim obtida designa-se por curva padrão.

2. Noutro sistema de eixos, em papel logarítmico transparente com as mesmas

escalas que o anterior, marcam-se os seguintes valores próprio do aquífero em

estudo: log (s) e log (r2/t), sendo s os rebaixamentos obtidos em vários

piezómetros instalados à distância r do poço, no instante t. Obtém-se assim a

curva do poço.

3. Sobrepõe-se os dois gráficos de modo que a curva do poço coincida o mais

possível com a curva padrão, de forma que os eixos fiquem paralelos.

4. Selecciona-se então um ponto qualquer, tanto quanto possível comum às duas

curvas. Este ponto chama-se ponto de coincidência e é definido por quatro

coordenadas (W (u), u) no gráfico no gráfico de base e por s e r2/t no gráfico

transparente.

O ponto de coincidência deve corresponder a um tempo grande de bombagem (da

ordem de 12h, por exemplo).

A relação entre estas coordenadas é dada pela equação:

s = Q W (u) = 0,08 Q W (u) 4πT T

69

Em que:

u = S r2, vindo na forma logarítmica: 4 Tt

Log s = log (Q/4πT)+ log W (u) =log b + log W (u)

Log u = log (S/4T) + log (r2/t) =log a + log(r2/t)

em que a e b representam valores constantes.

Daqui resulta que a equação

Log s = log (Q/ 4πT)+ log W (u) =log b + log W (u),

Pode ser resolvida em ordem a T usando as ordenadas do ponto de coincidência, s e W

(u). da mesma forma, a equação:

Log u = log (S/4T) + log (r2 /t) =log a + log (r2 /t)

Pode ser resolvida em ordem a S, usando u e r2/t do ponto de coincidência e o valor de,

T trás calculado, ou seja:

u = 6+ 102 ; W(u) = 2,3

s = 1,05 m ; r2/t = 1,04m2/s

A equação de Theis pode ser aplicada aos aquíferos freáticos, desde que possam

admitir, sem grande erro, os pressupostos gerais em que foi estabelecida. Assim os

rebaixamentos ocorridos, s, devem ser reduzidos quando comparado com a espessura

saturada do aquífero, b = h0 (10 s <b = h0). Os movimentos da superfície livre devem ser

lentos e a inclinação da mesma superfície deve ser pequena (zona longe do poço).

Na aplicação da equação de Theis aos aquíferos freáticos, e de acordo com o referido (T

= K (z) dz,), o valor do coeficiente de armazenamento, S, deverá ser substituído pelo da

porosidade efectiva, ne.

70

6.1.1. Fórmula simplificada de Jacob

A função W (u) pode ser desenvolvida em série:

W (u) = ∫ux e-u du = 0,5772 – ln u - Σ (-u)i (_1_)u i=1 i . i!

Expressão que permite o cálculo de u e W (u).

.

Para valores de u muito pequenos (u < 0,03), pode dispensar-se a série, vindo a fórmula

simplificada de Jacob expressa em logaritmos decimais:

s = 0,183 Q log (2,25 (T /S).(t / r2)T

Ou:

s = 0,183 log (2,25 T + 0,183 log t )Q T S T r2

Marcando em ordenadas s/Q e em abcissas log (t2/r), valores estes obtidos a partir de

ensaios de bombagem, para o que se pode utilizar papel semi-logarítmico, obtém-se

uma recta, cujo coeficiente angular:

tg α 0.183T

o que permite calcular a transmissividade do terreno.

Para obter a tg α, procura-se, por facilidade, o valor de ∆ (s/Q)10 correspondente a dois

valores de (t/r2) afastado de um módulo logarítmico completo. Será, então:

T = 0,183∆ (s/Q)10

A recta corta o eixo das abcissas num ponto (t/r2)0 definido por s/Q = 0, isto é:

71

0 = 0,183 log (2,25 T) + 0,183 log (t/ r2)0T S T

= 0,183 log [[[[2,25 T (t/ r2)0]]]]T S

pelo que :

2,25 (T/S) (t/r2) o = 1

Donde se obtém o coeficiente de armazenamento da formação, S:

S = 2,25 T (t/r2)o

6.2. Cálculo de alguns Parâmetros Hidrogeológicos pela aplicação do Modelo de

Jacob

Para o cálculo de Parâmetros Hidrogeológicos, necessitamos de dados inventariados

durante um ensaio de bombagem. A partir dos dados registados pelo Instituto Nacional

de Gestão dos Recursos Hídricos (INGRH) do furo FT – 63 situada na Ribeira Seca na

parte a jusante nos permitiram determinar as características do aquífero, a

Transmissividade (T) e o Coeficiente de Armazenamento (S), que são exemplos de

Parâmetros Hidrogeológicos.

Os dados de Ensaio de Bombagem estão ilustradas no Quadro 16.

72

Quadro 16. Ensaio de bombagem do furo FT-63 Nº DE ORDEM REBAIXAMENTO

(METRO) TEMPO DE BOMBAGEM

(SEGUNDOS) 1 1.65 1.2 x 102

2 1.69 1.8 x 102

3 1.725 2.4 x 102

4 1.76 3 x 102

5 1.84 6 x 102

6 1.895 9 x 102

7 1.90 1.2 x 103

8 1.91 1.5 x 103

9 1.93 1.8 x 103

10 1.98 2.1 x 103

11 2.00 2.4 x 103

12 2.03 2.7 x 103

13 2.06 3 x 103

14 2.07 3.3 x 103

15 2.08 3.6 x 103

16 3.51 3.9 x 103

17 3.63 4.2 x 103

18 3.69 4.5 x 103

18 3.77 4.8 x 103

19 3.85 5.1 x 103

20 3.91 5.4 x 103

21 3.92 5.7 x 103

22 3.93 6 x 103

23 3.95 6.3 x 103

24 3.97 6.6 x 103

25 4.00 6.9 x 103

26 4.03 7.2 x 103

27 5.85 7.5 x 103

28 5.85 7.8 x 103

29 5.85 8.1 x 103

30 5.86 8.4 x 103

31 5.87 8.7 x 103

32 5.89 9 x 103

33 5.91 9.3 x 103

34 5.92 9.6 x 103

35 5.98 9.9 x 103

36 5.97 1.02 x 104

37 6.00 1.05 x 104

38 6.12 1.08 x 104

39 7.45 1.11 x 104

41 7.66 1.14 x 104

42 7.83 1.17 x 104

43 7.91 1.2 x 104

44 8.03 1.23 x 104

45 8.03 1.26 x 104

46 8.08 1.29 x 104

47 8.17 1.32 x 104

48 8.18 1.35 x 104

49 8.23 1.38 x 104

50 8.27 1.41 x 104

51 8.28 1.44 x 104

Fonte: Dados fornecidos por INGRH, Praia

73

O ∆ s10 corresponde à diferença de rebaixamentos entre dois valores de t afastados de

um módulo logarítmico completo e to corresponde a s = 0.

Tempo marcado desde o início da bombagem (segundos)

Figura 11. Aplicação do modelo de Jacob aos dados da Bacia Hidrográfica de Ribeira

Seca, parte a jusante, furo FT – 63.

O modelo de Jacob relatado anteriormente foi utilizado para calcular a transmissividade

(T) e o coeficiente de armazenamento (S) com os dados de ensaio de bombagem do furo

FT-63 em ribeira seca. Para o cálculo foi utilizado o papel semi-logarítmico de três

ciclos com os valores de variação do rebaixamento e do valor to onde o tempo é zero

encontrados após o traçado da recta teórica de ajustamento, demonstrados acima no

Quadro 16 e na figura 11.

to = 4.80 x 10 2

(∆∆∆∆s)10 = 4,55 m

2

4

6

8

10

Dados calculados

Dados observados

12

14

16

18

Recta teórica de ajustamento

102103 104 105

74

A partir da figura ilustrada acima, pode se verificar que os dados não se ajustaram muito

bem a recta teórica do ajustamento devido a algum erro cometido no momento do

ensaio de bombagem no registo dos dados.

Foi considerado uma distância de 200 metros entre o furo de exploração, FT - 63 e o seu

piezómetro, de acordo com os dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Gestão dos

Recursos Hídricos INGRH, em que foi processado os dados observados permitiu

calcular a transmissividade (T) e o coeficiente de armazenamento (S) em que são

apresentados os cálculos e os resultados abaixo:

Cálculo da Transmissividade (T), partindo que:

T = 0,183∆ (s/Q)

Em que:

Q = 0,00139 m3/s

∆ s10 = 4,55m

Teremos:

T = 0,183 x 0,002194m3/s4,55 m

T = 8,83 x 10-5 m2 /s

Cálculo do Coeficiente de Armazenamento

S = 2,25 T (t/r2)o

Para T (transmissividade do aquífero estudado) = 8,83 x 10-5 m2/s;

t0 (tempo correspondente ao rebaixamento s = 0) = 4,80 x101 s,;

r2 (distância entre o furo de exploração e o piezómetro) = 200 m;

O coeficiente de armazenamento será o seguinte:

75

S = 2,25 x 8,83 x 10-5 m2/s x 4,55 x101 s(200 m)2

S = 2,26 * 103

7. A INTRUSAO SALINA E A QUANTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS

Em todas as zonas costeiras existem aquíferos que estão em contacto directo com a água

do mar e enquanto a água doce se escoa para o mar, a água salgada que é a mais densa,

tende a penetra no aquífero, constituindo uma cunha sob a água doce – Este fenómeno é

designado por intrusão salina.

7.1. Lei de Gyben – Herzberg

A lei de Gyben – Herzberg descreve correctamente a posição da interface apenas se a

espessura da zona de mistura for pequena, comparada com a profundidade, e se o

movimento da água for praticamente horizontal e permanente. No entanto, mesmo na

ausência de uma zona de mistura das águas, a lei indicada não descreve correctamente a

posição da interface junto ao afloramento do aquífero no mar, uma vez que o

estreitamento da secção de saída no escoamento da água doce, motivado pela cunha de

água salgada, provoca a aceleração da velocidade de circulação da água doce e

aparecimento de componentes verticais. Este aumento de velocidade provoca um

aumento do gradiente, dele resultando que o nível de água no aquífero terá uma cota

superior à que seria de esperar considerando o escoamento como rigorosamente

horizontal.

A extracção de grandes caudais de água doce subterrânea, perto da linha da costa, pode

reduzir ou mesmo inverter o seu gradiente natural em relação ao mar, com

consequências catastróficas, provocando o avanço da cunha de água salgada no interior

do aquífero e o consequente salgamento dos poços que nele se abastecem. Uma vez

ocorrido este fenómeno, é muito demorada a sua correcção, devido à maior densidade

da água do mar do que a da água doce.

76

Como métodos de prevenção ou controle da intrusão salina podem ser indicado os

seguintes:

1. Redução dos caudais captados nos poços costeiros;

2. Recarga artificial directa da água doce nos pontos mais indicados;

3. Manutenção de uma barreira à penetração de água salgada, ao longo da costa,

por bombagem de água salgada;

4. Manutenção de uma barreira à penetração de água salgada, ao longo da costa,

por injecção de água doce;

5. Construção de barreiras físicas artificiais subterrâneas.

77

As Figuras 12-13 e os Quadros 17-26 ilustram os resultados da produção dos furos

existentes na área do projecto em termos quantitativos e qualitativos.

0100002000030000400005000060000700008000090000

quantidade produzida

FT-63 FT-373 FT-374 FBE-146

FT-09 FBE-169

furos

Produção de água por furo em 2001

Série1

Fig. 12. Produção de água no ano 2001, Ribeira Seca

Produção dos furos para o ano 2005

02000400060008000

10000120001400016000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

meses

quan

t.m3/

mês

FT-63 m3FT-373 m3FT-374 m3FBE-146 m3FT-09 m3FBE-169 m3

Fig. 13. Produção dos furos em 2005, Ribeira Seca

78

Quadro 17. Produção de água por furos em 2001

Furos Quantidade Produzida FT-63 84688 FT-373 84990 FT-374 0 FBE-146 18984 FT-09 84263 FBE-169 80667

Fonte: projecto nº 1917 – Cooperação Austria-Cabo Verde

Quadro 18. Produção dos furos para o ano 2005

MESES FT-63 FT-373 FT-374 FBE-146 FT-09 FBE-169 m3 m3 m3 m3 m3 m3

JAN. 13131 7440 0 1985 10825 5135 FEV. 6447 6555 135 1139 10578 5180 MARÇO 14235 8398 188 1670 12591 2945 ABRIL 0 0 0 0 0 0 MAIO 12672 9090 0 1823 12711 6001 JUNHO 12672 9090 0 1823 12711 6001 JULHO 10717 7133 132 1677 9381 4590 AGOS. 10808 5663 192 1424 9843 4393 SET. 8353 2437 218 795 3992 2239 OUT. 10634 1920 242 1565 7036 4183 NOV. 12353 3802 294 1623 10588 4087 DEZ. 12657 9324 413 1025 11350 5183

Fonte: SAAS-SantaCruz

79

Quadro 19. Resultado de Análise Laboratorial na Bacia Hidrográfica a jusante da

Ribeira Seca, Maio de 2008

Localidade Pontos de

Água pH Condutividade

(mS/cm) TDS (mg/l) Sal

(%) Cutelo Coelho

FT – 63 8.0 0.94 459 0.5

Macaty FT – 09 8.1 1.12 552 0.6 Ribª. Seca 55 - 50 7.8 3.20 1645 1.7 Bila Quente P - 46 7.9 1.16 571 0.6 Poço R. Seca Fornalha 8.3 2.08 1044 1.0 Poço Ribª. Seca

Piscina 7.7 2.06 1034 1.0

Zimbrão 55 - 46 7.5 10.27 5610 5.6 Chã D’Oril 55 - 36 7.3 12.42 6870 6.9 Chã D’Oril 55 - 43 7.3 11.58 6380 6.4 Jaracunda FT -12 7.7 9.51 5170 5.2 Chã D’Oril BAS - 144 7.9 9.30 6050 6.0 Achada Colaço

55 - 47 7.4 7.33 3900 4.0

A. Colaço 55 - 48 7.6 5.68 2990 3.0 Ribeirão Belim

Poço 8.6 1.24 611 0.6

Lagoa Lagoa 7.0 120.6 - - Chã Grande 55 -204 7.8 2.12 1069 1.1 Jaracunda BAS - 133 7.3 8.39 4520 4.5 Achada Igreja 55 - 04 7.3 20.9 1220 12 Achada Igreja 55 -05 7.9 8.16 4390 4.4 Ribª. Seca 55 - 12 7.0 14.67 8230 8.5 Ribª. Seca 55 - 11 7.3 13.60 7580 7.8 Ribª. Seca 55 - 08 7.3 16.95 9600 10 Ribª. Seca 55 - 17 7.7 11.03 6060 6.3 Ribª. Seca 55 - 24 7.8 11.60 6390 6.6 Ribª. Seca 55 - 20 7.5 10.43 5710 5.9 Ribª. Seca Didi

P - 153 7.5 7.00 3720 3.8

Robão Almaço

FT - 374 7.4 1.52 765 0.8

Paulado FBE -169 7.6 1.19 586 0.6 Librão FBE - 146 7.6 1.23 598 0.7 Ribeirão Bilim

FT- 373 7.5 1.20 595 0.6

Fonte: INIDA, (2008)

80

Quadro 20. Salinidade dos furos do Concelho de Santa Cruz no ano 2001

Fonte: Fortes, (2001)

Localidade Pontos de Água Condutividade (mS/cm) Cutelo Coelho FT – 63 1.12 Ribeirão Bilim FT – 373 0.90 Librão FBE – 146 1.00 Paulado FBE – 169 1.19 Macaty FT – 09 1.04 Robão Almaço FT -374 1.44 Jaracunda FT - 12 1.15

81

Quadro 21. Quantidade de água explorada em Cutelo Coelho no furo FT – 63 em m3 na bacia hidrográfica de ribeira seca na parte a jusante

ANO MESES TOTAL/ANO(M3)

JAN. FEV. MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOS. SET. OUT. NOV. DEZ. MÉDIAANUAL

2001 - - - - - - - - - - - - 84688 7057,32005 13131 6447 14235 - 12672 12672 10717 10808 8353 10634 12353 12657 124679 10389,92006 13106 11990 9380 6199 12541 10080 8700 8770 6200 10284 9934 9421 116675 9722,92007 8555 7553 7316 9145 8139 6757 3063 3574 3745 5135 7555 7422 77959 6496,5TOTALem m3

34792 25990 30931 15344 33352 29509 22480 23152 18298 26053 29842 29500 - -

MÉDIAMENSAL

11597,3 8663,3 10310,3 5114,6 11117,3 9836,3 7493,3 7717,3 6099,3 8684,3 9947,3 9833,3 - -

Fonte: SAAS - Santa Cruz

Quadro 22. Quantidade de água explorada em Ribeirão Belim no furo FT – 373 em m3 na bacia hidrográfica de ribeira seca na parte a jusante

ANO MESES TOTAL/ANO(M3)

JAN. FEV. MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOS. SET. OUT. NOV. DEZ. MÉDIAANUAL

2001 - - - - - - - - - - - - - -2005 7440 6555 8398 - 9090 9090 7133 5663 2437 1920 3802 9324 70852 5904,32006 6840 10137 17137 7313 5627 11246 10765 8889 5580 8284 8982 8788 109588 9132,32007 6808 8021 8370 11599 6835 9762 3964 11599 0 0 0 0 66958 5579,8TOTALem m3

21088 24713 33905 18912 21552 30098 21862 26151 8017 10204 12784 18112 - -

MÉDIAMENSAL

7029,3 8237,6 11301,6 9456 7184 10032,6 7287,3 8717 4008,5 5102 6392 9056 - -

Fonte: SAAS - Santa Cruz

82

Quadro 23. Quantidade de água explorada em Robão Almaço no furo FT – 374 em m3 na bacia hidrográfica de ribeira seca na parte a jusante

ANO MESES TOTAL/ANO(M3)

JAN. FEV. MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOS. SET. OUT. NOV. DEZ. MÉDIAANUAL

2001 - - - - - - - - - - - - - -2005 0 135 188 - 0 0 132 192 218 242 294 413 1214 101,22006 588 444 636 0 48 120 132 120 168 168 132 2844 3372007 366 399 - 37 322 371 154 168 700 420 324 132 3393 282,7TOTALem m3

954 978 824 37 370 371 406 492 1038 830 786 677 - -

MÉDIAMENSAL

477 326 412 37 185 371 135,3 164 346 276,6 262 225,6 - -

Fonte: SAAS - Santa Cruz

Quadro 24. Quantidade de água explorada em Librão no furo FBE – 146 em m3 na bacia hidrográfica de ribeira seca na parte a jusante

ANO MESES TOTAL/ANO(M3)

JAN. FEV. MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOS. SET. OUT. NOV. DEZ. MÉDIAANUAL

2001 - - - - - - - - - - - -2005 1985 1139 1670 - 1823 1823 1677 1424 795 1565 1623 1025 14726 1338,72006 1560 1363 1440 1369 1357 1274 1325 933 228 1026 989 1447 14311 1192,62007 1323 1124 1294 1209 1206 1112 1077 1092 689 953 1030 1288 13397 1116,4TOTALem m3

4868 3626 4404 2578 4386 4209 4079 3449 1713 3544 3642 3760 - -

MÉDIAMENSAL

1622,6 1208,6 1468 1289 1462 1403 1359,6 1149,6 571 1181,3 1214 1253,3 - -

Fonte: SAAS - Santa Cruz

83

Quadro 25. Quantidade de água explorada em Macaty no furo FT – 09 em m3 na bacia hidrográfica de ribeira seca na parte a jusante

ANO MESES TOTAL/ANO(M3)

JAN. FEV. MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOS. SET. OUT. NOV. DEZ. MÉDIAANUAL

2001 - - - - - - - - - - - - 84263 7021,92005 10825 10578 12591 - 12711 12711 9381 9843 3992 7036 10588 11350 111606 101462006 11645 12048 15472 12960 13148 8070 10080 6852 0 0 8508 11957 110740 1384252007 13476 11406 15001 15388 13229 15423 8372 4943 3245 4805 10906 11837 128031 10669,2

TOTALem m3

35946 24511 43064 28348 39088 36204 19383 21638 7237 11841 30002 35144 - -

MÉDIAMENSAL

11982 8170,3 14354,6 9449,3 13029,3 12068 6461 7212,6 3618,5 3947 10000,6 11714,6 - -

Fonte: SAAS - Santa Cruz

Quadro 26. Quantidade de água explorada em Paulado no furo FBE – 169 em m3 na bacia hidrográfica de ribeira seca na parte a jusante

ANO MESES TOTAL/ANO(M3)

JAN. FEV. MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOS. SET. OUT. NOV. DEZ. MÉDIAANUAL

2001 - - - - - - - - - - - - 80667 6722,32005 5135 5180 2945 - 6001 6001 4590 4393 2239 4183 4087 5183 49937 4539,72006 4899 3323 4763 3811 3931 3438 3905 4070 2249 3990 3493 3444 45316 3776,32007 3367 3067 5157 3257 2836 3226 1882 1788 618 2122 3677 3924 23330 1944,2

TOTALem m3

13401 11570 12865 7068 12768 12665 10377 10251 5106 10295 11257 12551 - -

MÉDIAMENSAL

4467 3856,6 4288,3 3534 4256 4221,6 3459 3417 1702 3431,6 3752,3 4183,6 - -

Fonte: SAAS - Santa Cruz

84

8. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Uma análise dos Quadros 17-26 mostra que a barragem de Poilão não obstante um

impacte positivo no aumento do regadio e da produção agrícola nas áreas a montante

reduziu grandemente a realimentação dos poços e furos a jusante. Com efeito,

comparando o Quadro 17-20 e 21-26 nota-se que a redução da quantidade de água

fornecida em m3 pelos furos foi acompanhada de deterioração da qualidade em termos

de condutividade eléctrica (µS/cm).

Os resultados encontrados aconselha a uma maior precaução com os terrenos a jusante

que podem correr o perigo de se degradarem ecologicamente transformando toda a área

num deserto ecológico. Por conseguinte a construção do dique para evitar o avanço da

água do mar seria uma alternativa para mitigar os impactos negativos resultantes da

captação de uma grande parte das águas de escoamento superficial interceptadas pela

barragem de poilão.

9. AS INFRA-ESTRUTURAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA A

JUSANTE DA BARRAGEM DE POILÃO

As infra-estruturas existentes na bacia hidrográfica da Ribeira Seca foram inventariadas

pela Delegação do Ministério de Agricultura, Alimentação e Ambiente do Concelho de

Santa Cruz, com a sede em Jaracunda.

Ao longo dessa bacia verificaram construção de infra-estruturas hidráulicas (diques,

banquetas, muretes, etc.) plantações de árvores para a arborização de terrenos em leitos

das ribeiras e em zonas costeiras com acácias americanas, camareiros e coqueiros para a

fixação do solo para a diminuição da erosão, aumento da infiltração, reflorestação, etc.

Essas infra-estruturas foram levadas a cabo não só para a conservação do solo e da água

como também para a minimização dos impactes negativos da intrusão salina, pois,

verifica-se maior infiltração que alimenta os aquíferos e se dá a lixiviação do solo.

85

Os solos dos vales são protegidas por diques de correcção do leito das ribeiras que,

embora de importância fundamental para a defesa das propriedades a jusante e para a

restauração da parte dos solos desagregados dos terrenos de cultura situadas nas

encostas a montante, se têm revelado nalguns casos insuficientes e pouco eficientes para

os objectivos pretendidos de conservação do solo e água. Com efeito, se limitam na

maioria dos casos, a protecção pontual de algumas localidades, fugindo assim a filosofia

de desenvolvimento integrado de bacias hidrográficas que considera todos os outros

componentes como fazendo parte de um sistema global de montante para jusante.

10. O PROJECTO DA CONSTRUÇÃO DO DIQUE DE LUTA CONTRA A

INTRUSSÃO SALINA

10.1. Memória Descritiva e Justificativa

O dique que se tem de construir na zona a junte da Ribeira Seca é subterrâneo, com

intuito de impedir a entrada da água salgada para dentro e diminuir o escoamento das

águas doce para o mar Figuras 14 e 15.

No quadro do Projecto de Desenvolvimento Hidráulico da Ribeira Seca foram levadas a

cabo uma série de estudos pluridisciplinares baseados em dados e informações obtidas

localmente visando fornecer elementos indispensáveis a elaboração de projectos nos

mais variados domínios de actividades (Sabino, 1999). Para isso, uma equipa

pluridisciplinar constituída por elementos das várias especialidades nas áreas de

engenharia, sociologia, economia e pecuária encarregaram-se de fazer o processamento

dos dados e obter os parâmetros e índices técnicos e sociais por bacia hidrográfica,

relevantes para a elaboração dos projectos de desenvolvimento a curto, médio e longo

prazo.

Esses projectos que na nossa opinião deles, devem ser considerados no âmbito do PDH

- Ribeira Seca, podem ser, fundamentalmente do tipo de desenvolvimento integrado e

que abordam as seguintes actividades socioeconómicas com impacto no controlo de

86

erosão/sedimentação, processo de escoamento superficial e por conseguinte com

impacto directamente no ciclo hidrológico da bacia hidrográfica da Ribeira Seca.

Projectos de Agricultura:

1 - Cultura do feijão Congo;

2- Fruticultura pluvial e de regadio;

3- Horticultura pluvial e de regadio;

4- Melhoramentos fundiários;

Projectos de Pecuária:

1 - Desenvolvimento da pecuária familiar e de pequenos

ruminantes;

2 - Intensificação e desenvolvimento da suinicultura;

3 - Intensificação e desenvolvimento da avicultura.

Projectos de Infra-estruturas Hidráulicas e Rodoviárias:

1 – Furos;

2 - Diques de captação;

3 - Diques de correcção torrencial;

4 – Barragens (Poilão - já foi executado);

5 - Reservatórios descobertos para rega temporária;

6 - Reservatórios cobertos para abastecimento doméstico;

7 - Estudo de construção e reabilitação de estradas para escoamento dos

produtos agrícolas;

Projectos de Infra-estruturas Sanitárias:

1 - Complexos sanitários, constituídos por fontanários e

87

latrinas.

Projectos de Arborização (Silvo - pastorícia):

1 - Arborização destinada a conservação do solo e água, controlo de erosão

produção de material lenhoso e pastagens.

88

10.2. Peças Desenhadas

Fig. 14. Projecto da construção do Dique na parte a jusante da Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca – Perfil Transversal

89

Fig. 15- Projecto de construção do Dique a jusante da Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca – Perfil Longitudinal

90

11. CONCLUSÃO / RECOMENDAÇÃO

Os efeitos da intrusão salina na parte a jusante da Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca

com já foi referido contribuíram para a degradação das áreas de cultura a jusante

formando autênticos desertos ecológicos áreas anteriormente cobertos com culturas

diversas, de entre as quais a cultura da banana e outras fruteiras. Os estudos conduzidos

na área mostram que a intrusão salina chega a avançar valores da ordem dos 4 km

reduzindo drasticamente a produção agrícola empobrecendo as populações rurais.

A exploração irracional dos furos e poços existentes vem sendo agravada pela falta de

precipitação que se verifica em Cabo Verde nos últimos anos e particularmente na Bacia

Hidrográfica da Ribeira Seca uma das bacias hidrográficas mais importantes do

arquipélago.

Ainda podemos constatar algumas causas da intrusão salina e deterioração da qualidade

de água de rega e baixa de produtividade dos terrenos agrícolas e algumas

recomendações que podem ser destacadas as seguintes:

1. Apanha descontrolada de areia na praia levou a contaminação dos aquíferos,

porém nos dias de hoje já são registadas maior controlo;

2. Extracção de caudais excessiva dos aquíferos da região continua a levar cada vez

mais o agravamento da situação;

3. Aquecimento global que leva o aumento do nível das águas do mar,

principalmente nos países insulares;

4. Melhor controlo dos pontos de água explorados, a fim de se diminuir o tempo de

bombagem que está sendo excessiva na parte a jusante principalmente;

5. Evitar a apanha de areia no litoral e nas ribeiras;

6. Construir o mais urgente possível um dique de retenção das águas superficiais e

de recarga dos aquíferos a jusante, cujo projecto se encontra elaborado há

alguns anos a espera de ser implementado;

7. Promover secções de formação, informação e sensibilização às populações

regionais afectadas e aos agricultores em particular, sobre o problema da

intrusão salina, como minimizar os seus efeitos negativos.

91

Apesar da escassa quantidade e irregular distribuição das chuvas na Bacia Hidrográfica

da Ribeira Seca a situação melhorou grandemente com a construção da barragem de

Poilão em termos do aumento do regadio e da produção agrícola a montante. Contudo,

os primeiros resultados de investigação ilustrados nos Quadros 17-26 mostram que

houve uma redução na realimentação dos aquíferos a jusante acompanhados da

deterioração da qualidade de água. Por esta razão recomenda-se que o projecto de luta

contra intrusão salina, isto é, o dique a ser construído na foz da ribeira seca seja

construído o mais rápido possível pelas razões acima apontadas.

92

12. BIBLIOGRAFIA

AMARAL, Ilídio, (1964) – Santiago de Cabo Verde. “A Terra e os Homens”, Junta de

Investigação do Ultramar, Lisboa.

BEBIANO, J.B. (1932) – ‘‘ A Geologia do Arquipélago de Cabo Verde’’ – Oficina Gráfica,

Lda., Lisboa, 268pp.

BURGEAP, (juillet 1974) - “La Mise en Valeur des aux souterraines dans l`Archipel du

Cape Vert”.

FORTES, Heloisa Mª Furtado, (2001) – ‘‘Problemática da Intrusão salina no Concelho

de Santa Cruz’’.

INIDA - Fichas técnicas, relatórios e aditamentos não publicados. São Jorge, Cabo Verde.

INGRH - Fichas técnicas, relatórios e aditamentos não publicados. Praia, Cabo Verde.

MOTA GOMES, Alberto, (1980) - “A Hidrogeologia de Santiago”. Praia, Cabo Verde.

ORTA, GARCIA DA, (1986) - “Carta de Zonagem Agro-Ecologica da Vegetação de

Cabo Verde I – Iha de Santiago, Lisboa.”

PROJECTO Nº 1917 – Cooperação Áustria - Cabo Verde (2002). “Estudo tarifário da

Bacia Hidrográfica de Ribeira Seca”. Ilha de Santiago.

SAAS- Santa Cruz - Fichas técnicas e relatórios não publicados. Pedra Badejo, Cabo

Verde.

SABINO, A. Advino, “Águas subterrâneas” – Cadeira de Conservação de Solo e Água

– INIDA, Praia, Cabo Verde.

93

SABINO, A. Advino, (1990) - Contribuição para o Plano Director de Rega – FAO,

MAAP, Praia, Cabo Verde.

SABINO, A. Advino, (1994) - “Project of Water Supply for Domestics Needs and

Agrisystems”, Volume II.

SABINO, A. Advino - “Apontamento das aulas de seminário – Modelo

Hidrogeológico.” Instituto Superior de Educação, Praia, Cabo Verde.

SABINO, A. Advino, (1999) - ‘‘Estudo Hidrológico e Recursos Hídricos Superficiais

na Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca’’. Praia, Cabo Verde.

SERRALHEIRO, António, (1976) - ‘‘ A Geologia da Ilha de Santiago’’, Faculdade de

Ciências – Universidade de Lisboa, 328pp.

94

13. ANEXOS: ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DAS ÁREA DE RIBEIRA SECA

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Fig.1. Área da prática de cultura de regadio R. S. Fig.2. Barragem de Poilão

Fig.3. Cultura a jusante a barragem Fig.4. Dique para conservação de solo e água R.S

96

Fig.5. Área de execução do projecto do Dique de captação e retenção

Fig.6. Cultivo com pouco desenvolvimento Fig.7. Área degradada da Ribeira Seca