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O conflito entre Israel e Palestina
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O Conflito Israel-Palestina
Claudio Blanc
Projeto Memória Sindicato dos Padeiros
de São Paulo
Presidente: Francisco Pereira de Sousa Filho (Chiquinho Pereira) Coordenador: Aparecido Alves Tenório (Cidão)
Curador: Claudio Blanc www.padeirosspmemoria.com.br
Sindicato dos Padeiros de São Paulo - Projeto Memória
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O Conflito Israel-Palestina
Palestina. O nome evoca sangue e ódio; traz à mente o terro-
rismo de Menachem Begin contra os britânicos, logo após a Segun-
da Guerra Mundial, e a intifada palestina, a partir da década de
1980; remete, numa curiosa inversão de símbolos, à luta entre davis
palestinos jogando pedras contra bem armados golias judeus; lem-
bra a intransigência de líderes como Ariel Sharon e Yasser Arafat.
Incrivelmente, por trás de tanto medo e intolerância arde um tre-
mendo desejo de paz, alimentado pela grande maioria dos judeus e
palestinos.
Ao longo de toda a segunda metade do século XX, o conflito
entre israelenses e palestinos tem ocupado os jornais do mundo
inteiro. E em meio a tantos avanços e retrocesso no processo de
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paz, as manchetes parecem se contradizer. Ora algum grupo de um
dos lados toma a iniciativa de “dar uma chance à paz”, ora é recha-
çado por seus próprios concidadãos. E o conflito acabou se tornan-
do tão complexo, com tantos agentes externos interferindo, que,
hoje, poucos entendem como tudo começou, há mais de 150 anos.
O Movimento Sionista e a Fundação de Israel
Desde que Jerusalém foi destruída pelos romanos, no primei-
ro século d.C., os judeus foram expulsos da Palestina, a “Terra Pro-
metida” a eles por Deus. Passaram, então, a viver na Diáspora, ou
“exílio”. No entanto, eles nunca se fundiram às novas terras onde
foram morar. De acordo com o rabino Dan Cohn-Sherbok , coautor
do livro O Conflito Israel – Palestina, mesmo depois de gerações e
gerações terem vivido num mesmo país, os judeus continuavam
estranhos às culturas que os cercavam. Fechados ao redor de si
mesmos e dos seus costumes e crenças, não demorou muito para
que fossem perseguidos, atraindo todo o tipo de preconceito contra
eles. Cientes disso, eles esperavam pela vinda do Messias.
Com efeito, um traço marcante do judaísmo é seu caráter
messiânico. Durantes milhares de anos, os judeus esperaram pelo
Messias que os levaria de volta à sua terra ancestral – o Sião. No
entanto, no começo do século XIX, emergiu uma nova tendência.
Em 1834, Yehuda hai Alkalai, um rabino que tinha vivido na Palesti-
na, publicou um pequeno livro chamado Shema Yisrael, onde de-
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fendia o estabelecimento de colônias judaicas na Palestina. As ideias
de Alkalai se espalharam e se desenvol-
veram. Influenciados por elas, pensa-
dores judeus afirmavam que seu po-
vo deveria se engajar na construção
de um país, antecipando a vinda do
Messias. Era o sonho da Pátria israeli-
ta, onde todos os judeus pudessem
viver com dignidade e, principalmen-
te, em segurança. Assim nasceu o
sionismo, que além do cunho religio-
so tinha uma característica tremen-
damente política. A teoria foi posta
em prática quase que imediatamente,
e a colonização da Palestina pelos
judeus foi, aos poucos, se tornando
fato. No final do século XIX, com o
aumento das perseguições aos judeus
Yehuda hai Alkalai
russos, a imigração israelita à Palestina aumentou a ponto de preo-
cupar os nativos árabes. Com a expansão da imigração dos judeus e
a pressão que os líderes sionistas colocavam nas potências mundiais
para a criação de um Estado israelita na Terra Santa, os árabes pa-
lestinos se viram ameaçados. E começaram a se revoltar contra a
imigração judaica, buscando influenciar as autoridades otomanas,
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que, na época, governavam a Palestina. Houve rebeliões e persegui-
ções aos judeus, mas o conflito continuou sem solução.
Depois da Primeira Guerra Mundial, a Palestina passou a ser
controlada pelos britânicos, que, em troca da ajuda recebida dos
judeus na região durante a luta contra as potências do Eixo, prome-
teram, através da Declaração Balfour, emitida em 1917, ajudá-los a
estabelecer sua pátria na Palestina. Foram, porém, taxativos: isso
jamais poderia prejudicar os palestinos árabes. Mas a Declaração
Balfour incendiou o já volátil ânimo dos palestinos. Os conflitos re-
começaram. E enquanto a minoria israelita se armava, a Grã-
Bretanha buscava, inutilmente, conciliar as duas partes.
Britânicos na Palestina: Sir Herbert Sa-muel, Alto-comissário para a região
Com a ascensão dos nazis-
tas na Alemanha, em 1933, os
judeus daquele país começaram
a ser marcados e perseguidos.
Percebendo o perigo que o na-
zismo representava aos judeus
europeus, o movimento sionista
buscou ainda mais desespera-
damente liberar a imigração à
Palestina. Ante a iminência da
Segunda Guerra Mundial, apoia-
ram os britânicos, esperando
receber simpatia pela sua causa.
No final, porém, perceberam
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que estavam por conta própria.
A guerra acabou e o Reino Unido não apoiou os judeus na
construção de sua Pátria. Além disso, a experiência do Holocausto
modificou profundamente o caráter judeu. A impensável chacina
promovida por Hitler fez nascer o que Menachem Begin, líder d a
milícia judaica Irgun, chamou de “o judeu combatente”. Devido à
proibição da imigração à Palestina, nem mesmo os refugiados que
tinham sobrevivido aos campos de extermínio puderam entrar no
país. Cansados de esperar que as potências estrangeiras intervies-
sem a favor da sua causa e ainda mais conscientes da necessidade
de se construir uma Pátria judaica que pusesse um fim às persegui-
ções históricas, os sionistas se voltassem ao terrorismo para conse-
guirem fundar seu país.
Os grupos armados judaicos –
o Irgun e a Gang Stern – enga-
jaram-se numa atividade ter-
rorista contra o governo bri-
tânico na Palestina, semelhan-
te àquela, posteriormente,
usada por grupos palestinos
radicais contra Israel. Em
1946, um atentado à bomba
destruiu o Hotel Rei Davi, em
Jerusalém, vitimando civis e
militares. Como parte das
Declaração da fundação de Israel
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atividades terroristas do Irgun, oficiais britânicos e diplomatas fo-
ram raptados e assassinados, e, em 9 de abril de 1948, um ramo do
Irgun liderado por Manachem Begin chacinou homens, mulheres e
crianças árabes no vilarejo Deir Yassin, espalhando o pânico na regi-
ão. A ideia era aterrorizar os árabes, no que foram bem sucedidos.
Aldeias inteiras fugiram temendo sofrer o mesmo destino. O clima
de tensão criado pelos terroristas judeus era tal que a Grã-Bretanha
resolveu desistir de sustentar um conflito praticamente insolúvel e
antecipou sua retirada da Palestina. Logo depois do fim do Mandato
Britânico, David Ben-Gurion declarou a fundação do Estado de Isra-
el, em 14 de maio de 1948.
A Diáspora Palestina
Entre o século XV e a Primeira Guerra Mundial, a Palestina era
parte da Síria e estava sob o califado otomano, que a governava
como território administrativo. Os otomanos, porém, não buscaram
colonizar ou ocupar a Palestina. Seu principal foco de interesse era
Jerusalém, mas o resto do país era na maior parte inabitável e nun-
ca foi desenvolvido. A infraestrutura era mínima, senão, inexistente.
Com o declínio do Império Otomano, a Palestina foi cada vez mais
negligenciada.
O país não era, porém, uma “terra vazia”. De acordo com
Dawoud el-Alami, professor palestino da Universidade de Oxford,
coautor do livro O Conflito Israel-Palestina (Editora Palíndro-
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Camponeses palestinos no século XIX
mo), os palestinos “viviam em cidades e em centenas de aldeias”.
Por conta da chegada das crescentes levas de imigrantes, os quais
compravam cada vez mais terras, os judeus fundavam colônias e
escolas. Esse movimento levou os nativos a pressentir o perigo de
se tornarem minoria dentro de seu próprio país. O grande choque
para os árabes foi a Declaração de Balfour, promulgada no final da
Primeira Guerra. “Ela foi o resultado das negociações entre os sio-
nistas e o governo britânico e declarava que a Grã-Bretanha se
comprometia em assistir os judeus na aquisição de uma Pátria e que
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essa Pátria seria a Palestina”, explica el-Alami. Os palestinos, que
apoiaram os britânicos durante a guerra esperando conquistar sua
independência, além de terem seu objetivo negado pelas grandes
potências, viam seu território ser dividido entre elas. Os otomanos
se foram, mas a Palestina ficou sob o Mandato Britânico.
Colonos judeus na Palestina (final do século XIX, início do XX)
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A partir de então, a reação árabe contra os imigrantes judeus
foi cada vez mais frequente e violenta. Os palestinos buscaram,
através da autoridade britânica, suprimir as crescentes imigrações
de judeus e restringir a compra de terras. Os israelitas, por sua vez,
pressionavam para ter permissão de entrar no país. Com a situação
cada vez mais inconciliável, surgiu, na década de 1930. a primeira
proposta de divisão da Palestina. Os palestinos, porém, não viam
vantagem na divisão. Pelo contrário. “Seu futuro seria controlado
pelo Mandato Britânico e/ou pelo Estado judaico e pela política
árabe, especificamente da Transjordânia”, explica el-Alami.
Revolta palestina contra os britânicos, entre 1936 e 1939
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Em 1939, os britânicos promoveram negociações entre pa-
lestinos e judeus. A conferência terminou com as exigências árabes
de uma Palestina independente e o abandono da concepção da
Pátria judaica. A Grã-Bretanha recusou essas propostas e ofereceu
restringir a imigração judaica de cem para oitenta mil entradas em
um período de dez anos. No final, não houve qualquer acordo.
Com a declaração do Estado de Israel, depois da Segunda
Guerra Mundial e da retirada dos britânicos da Palestina, forças
jordanianas, iraquianas, egípcias, sírias e sauditas ocuparam os terri-
tórios alocados à Palestina no plano de divisão que, apesar de ter
sido recusado, era uma garantia de pátria palestina. A data da ocu-
pação foi 15 de maio de 1948, o dia seguinte à declaração do Estado
de Israel.
O Conselho de Segurança da ONU interveio no conflito, mas
sem qualquer sucesso. Houve luta entre os árabes e Israel. No acor-
do resultante do cessar-fogo, foi determinado que os envolvidos
deveriam respeitar as fronteiras estabelecidas no plano de divisão.
O saldo palestino foi, porém, um desastre: milhares de pessoas ex-
pulsas das suas terras, vivendo em campos de refugiados. Começava
a Diáspora Palestina.
Em 1958, um jovem líder da resistência palestina, Yasser Ara-
fat, fundava o Partido de Libertação da Palestina, o Fatah. Poucos
anos depois, também surgiu a Organização para Libertação da Pa-
lestina, a OLP. Os lideres mais radicais – e mais jovens – se alinha-
ram com o Fatah, enquanto os moderados atuavam na OLP. Ambas
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as organizações combatiam a presença judaica na Terra Santa, não
aceitando o Estado de Israel. Logo, porém, as ações propostas pelas
duas facções se tornaram conflitantes. O Fatah de Yasser Arafat,
temendo que o Exército de Libertação da Palestina se tornasse um
Bandeira da Fatah
fantoche dos regimes ára-
bes, queria demonstrar
sua força, atacando Israel.
Já a OLP temia perder o
apoio dos países árabes e
buscou moderação. Em
1966, o governo saudita
começou discretamente a
abastecer o Fatah com
armas. Apesar de a maioria dos países árabes que fazia fronteira
com Israel relutar em estimular os ataques palestinos a Israel, a luta
estourou no ano seguinte. A Guerra dos Seis Dias, como ficou co-
nhecida, envolveu, além dos guerrilheiros palestinos, o Egito, a Síria
e a Jordânia. No balanço final do conflito, Israel se tornou o poder
militar dominante na região. As tropas israelenses passaram a con-
trolar toda a Palestina, inclusive a Cisjordânia, a Faixa de Gaza, Jeru-
salém, a Península do Sinai, além de 1,6 mil km2 do território sírio,
nas Colinas de Golan. Cerca de um milhão de árabes foi desalojado
durante a guerra.
Na esteira da Guerra dos Seis Dias, a OLP e o Fatah se fundi-
ram sob a liderança de Arafat. A tática, agora, era fazer uma guerra
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de atrito. Mas, acuada e sem recursos, a OLP passou a se dedicar
praticar a atos de terror. No final dos anos 1960, a relação entre a
OLP e seus aliados árabes tinha se deteriorado sobremaneira.
Israel, por sua vez, começou a se resolver com os vizinhos á-
rabes a partir da década de 1970. Não sem conflito. Em 1973, o
Egito e a Síria iniciaram uma bem sucedida guerra em larga escala
contra Israel – a Guerra do Yom Kipur –, ocupando o Sinai e as Coli-
nas de Golan. Quatro anos depois, em 1977, Anuar Sadat, presiden-
te do Egito, foi a Jerusalém oferecer paz aos judeus. Agora, os pales-
tinos estavam completamente isolados.
Forças egípcias cruzam o Canal de Suez durante a Guerra do Yom Kipur
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O foco da luta dos palestinos mudava lentamente. Não era
mais centrada em combater a existência do Estado de Israel, mas na
recuperação do seu território ocupado, a Faixa de Gaza e a Cisjor-
dânia, legalmente garantida à Palestina pela resolução 242 do Con-
selho de Segurança da ONU, promulgada logo depois da Guerra dos
Seis Dias. Sem apoio e falidos, reduzidos pela opinião pública inter-
nacional a um povo de terroristas, restava muito pouco aos palesti-
nos. Sua arma passou, então, a ser o desespero.
Davi contra Golias: coragem e indignação levaram ao movimento intifada
Na década de 1980, surgiu espontaneamente o movimento
Intifada . A população dos territórios ocupados – humilhada e im-
pedida de se desenvolver, submetida como estava ao duro controle
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do exército israelense – viu que não tinha mais nada a perder e,
armada de pedras e coquetéis molotov, se dispôs a enfrentar um
dos mais sofisticados e equipados exércitos do planeta. O mundo
passou a testemunhar garotos lançando pedras contra soldados
munidos de rifles automáticos, uma luta como a de Davi e Golias. As
imagens comoveram a opinião internacional, e a questão palestina
voltou a ser discutida. Sob o patrocínio da Noruega e dos Estados
Unidos, as negociações de paz avançaram. Em 1993, a OLP reconhe-
cia o Estado de Israel, declarava-se comprometida com o processo
de paz e renunciava ao terrorismo e a outros atos de violência.
Apesar dos avanços, o processo de paz sofreu um tremendo
revés. Em 1995, o primeiro-ministro Ytzak Rabin, o principal mentor
das negociações de paz com os palestinos, foi assassinado a tiros
por um extremista de direita israelense, em um comício pela paz,
em Tel-Aviv. Em seguida, o partido Likud venceu as eleições israe-
lenses, sob o líder linha-dura Benjamin Netanyahu. O novo governo
rejeitou o legado de paz deixado por Rabin, e a esperança de os
palestinos criarem um Estado palestino independente na Cisjordâ-
nia e em Gaza foi abalada. Os conflitos recomeçaram, e a perspecti-
va de solução para a questão palestina se diluiu.
Então, os líderes palestinos passaram a usar a disposição do
povo contra alvos civis em Israel. Um tipo de arma antes impensável
surgiu: homens e mulheres-bomba, explodindo-se em atentados
suicidas. O desespero era evidente e a opinião internacional come-
çou a se perguntar o motivo daqueles jovens fanáticos. A posição de
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vítima do povo palestino – sofrendo com líderes radicais de um lado
e com a brutalidade israelense de outro – ficava clara.
Paz Inatingível
A morte de Yasser Arafat, em 2004, abriu uma premissa para
a volta das negociações. Arafat se colocava como o único represen-
tante do povo palestino, mas sua intransigência esbarrava na exi-
gência de boa vontade que Israel demandava dos palestinos. A Au-
toridade Nacional Palestina, que preencheu o vazio deixado por
Arafat, tinha, aos olhos da rigorosa administração Ariel Sharon (o
mentor da chacina de refugiados palestinos nos campos de Sabra e
Shatila, no Líbano, em 1982), condições de levar o processo adiante.
Apesar dos ânimos deteriorados, em agosto de 2005, Israel come-
çou a cumprir – com um atraso de 38 anos – a resolução 242 do
Conselho de Segurança da ONU. A devolução das terras ocupadas
pelos judeus na Faixa de Gaza partiu do primeiro-ministro Ariel Sha-
ron, notório por sua política linha-dura. A premissa seria a garantia
para a formação de um Estado Palestino, o que poria um fim ao
longo conflito.
O plano apresentado por Sharon vem causou grande polêmi-
ca no país. Grupos religiosos acreditam que Israel tem o direito divi-
no de permanecer em Gaza – ao contrário do que, de acordo com
pesquisas, pensaria a maioria dos israelenses. Para os opositores do
plano, a Faixa de Gaza iria se tornar uma base para a realização de
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ataques contra Israel. Os palestinos também não estão satisfeitos.
Reclamam da intromissão de Israel em assuntos internos, uma vez
que os israelenses exigem negociar apenas com os líderes que ele-
ge, sem considerar a vontade do povo palestino. O Hamas, partido
palestino radical, volta e meia, ataca alvos judeus. Israel, em retalia-
ção,ataca a população civil, destruindo casas e vidas, buscando,
dessa forma, o extermínio do povo palestino e a conquista de seu
território. Ao que parece, o conflito só irá terminar com a chacina
total dos palestinos pelos israelenses, diante de uma comunidade
mundial indiferente.
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Cronologia
Um raio-X do conflito 1862 – 2005
1862 Publicação de Roma e Jerusalém, de Moses Hess, um marco
do sionismo.
1882 – 1903 Primeiro Aliyah (emigração para a Palestina).
1891 Protestos árabes contra os colonos sionistas na Palestina.
1897 Primeiro Congresso Internacional Sionista
1903 Perseguição de judeus em Kishinev, na Rússia.
1904 Começo do Segundo Aliyah
1908-9 Oposição árabe aos colonos sionistas se intensifica.
1917 A Declaração de Balfour pelos britânicos apoia a fundação
de uma pátria israelita.
1919-23 Terceiro Aliyah.
1920-21 Tumultos antijudeus na Palestina.
1924-32 Quarto Aliyah.
1930 O Documento Branco de Passfield, emitido pela Grã-
Bretanha, busca isentar os britânicos do apoio à pátria na-
cional dos Judeus feito na Declaração Balfour.
1931 O Irgun Tzevai Leumi, a milícia judaica, é estabelecido
1933-5 Quinto Aliyah
1937 A Comissão Peel, estabelecida pela Grã-Bretanha, recomen-
da a divisão da Palestina.
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1939 Conferência no Palácio St. James: o Documento Branco fa-
vorece um Estado palestino independente.
1939 Cooperação entre as forças britânicas e os judeus na Pales-
tina durante a Segunda Guerra Mundial.
1945 Depois do Holocausto, o presidente americano Truman a-
poia a exigência de um número maior de imigrantes na Pa-
lestina.
1946 Truman apoia a exigência da admissão de cem mil refugia-
dos na Palestina. Isto é recusado pelos britânicos. Opera-
ções de sabotagem judaicas por toda a Palestina. O Irgun
explode o Hotel King David, em Jerusalém, matando oficiais
britânicos. Truman endossa a separação da Palestina e a cri-
ação de um Estado judaico.
1947 A assembleia geral das Nações Unidas vota pela separação
da Palestina num Estado palestino e num judeu.
1948 O Irgun, liderado por Menachem Begin, massacra aldeões
em Deir Yassin. Civis palestinos fogem em massa temendo
destino semelhante.
Ben Gurion declara o Estado de Israel.
Fim do Mandato Britânico.
Exércitos árabes ocupam áreas destinadas ao Estado pales-
tino sob o plano de separação para apoiar a resistência pa-
lestina. A ONU nomeia como mediador o Conde Folke Ber-
nadotte.
Armistício entre Israel e os Estados árabes.
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Bernadotte é assassinado pelos judeus.
Luta entre Israel e o Egito.
Moshe Dayan retira todos os civis palestinos de Lydda e
Ramlah à força.
A Resolução 194 das Nações Unidas declara que os refugia-
dos palestinos que desejam voltar às suas casas devem re-
ceber permissão para isto e que seja paga indenização por
perda ou dano de propriedade.
1949 Israel faz acordos de armistício com o Egito, o Líbano e a
Síria.
A ONU vota em favor da internacionalização de Jerusalém.
Ben Gurion declara Jerusalém a capital de Israel.
1950 Início da imigração a Israel de judeus provenientes de países
árabes.
O Rei Abdullah da Jordânia anexa formalmente a Cisjordânia
na faixa do Rio Jordão.
A Lei do Retorno, promulgada por Israel, dá a judeus do
mundo todo o direito de se estabelecer no país.
1954 O exército judeu ataca Nahalin, na Cisjordânia.
1955 Israel lança um grande ataque contra os egípcios.
Pacto militar entre o Egito e a Síria.
Ben-Gurion se torna Primeiro-Ministro.
1956 Ataques israelenses no Sinai.
Guardas de fronteira israelenses massacram quarenta e no-
ve civis em Kufr Kassem.
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A Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas
exigindo a retirada israelense do Sinai é vetada pela Grã-
Bretanha e França.
1957 Israel anuncia intenção condicional de se retirar do Sinai.
O Partido de Libertação Palestino (Fatah) é fundado.
1958 O Relacionamento entre Israel e os Estados Unidos é forta-
lecido.
1964 Fundação da Organização para Libertação da Palestina
(OLP).
1967 O presidente Nasser do Egito envia tropas para o Sinai.
Nasser fecha o Estreito de Tiran para os navios israelenses.
Guerra dos Seis Dias.
Promulgação da Resolução 242 do Conselho de Segurança
das Nações Unidas, determinando a devolução dos territó-
rios ocupados por Israel.
1968 Golda Meir se torna Primeira-Ministra de Israel.
O Egito inicia guerra de atrito com Israel.
Yasser Arafat é eleito presidente do comitê executivo da
OLP.
1970 Setembro Negro: o exército jordaniano age contra guerri-
lheiros da OLP na Jordânia.
1971 Os guerrilheiros da OLP deixam e Jordânia e vão para a Síria
e o sul do Líbano.
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1972 A organização Setembro Negro captura atletas israelenses
nas Olimpíadas de Munique. Nove israelenses morrem em
tiroteio no aeroporto.
1973 O Egito e a Síria iniciam guerra em larga escala contra as
forças israelenses, ocupando a Península do Sinai e as Coli-
nas de Golan.
1974 A reunião de cúpula dos líderes árabes em Rabat declara
que a OLP é o único representante legitimo do povo palesti-
no.
1975 A guerra civil estoura no Líbano. Guerrilheiros palestinos
lutam ao lado de esquerdistas libaneses e de muçulmanos
contra cristãos maronitas.
1976 Depois de uma intervenção da Síria na guerra civil libanesa,
os líderes árabes concordam com um cessar-fogo.
1977 Anuar Sadat, presidente do Egito, vai a Jerusalém oferecer
paz.
1978 Israel invade o sul do Líbano e ataca bases de guerrilheiros
palestinos.
Acordos de Camp David assinados pelo Egito, Israel e EUA.
1979 Egito e Israel assinam tratado de paz.
1981 Guerra de Katyusha entre a OLP e Israel no Líbano.
Anuar Sadat é assassinado por militantes egípcios durante
um desfile militar em comemoração à vitória da guerra de
1973.
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1982 Israel invade novamente o Líbano numa ofensiva maciça
contra a OLP. As forças israelenses chegam aos arredores de
Beirute. Depois do cerco, a OLP deixa o Líbano, estabele-
cendo quartéis em Tunis, na Tunísia, e espalhando seus
combatentes por todos os países árabes.
Massacre de refugiados palestinos nos campos de Sabra e
Shatila, no Líbano, estimulado por Ariel Sharon.
Líbano e Israel assinam armistício.
1985 A força aérea israelense ataca os quartéis da OLP em Tunis.
Começa a intifada palestina no Faixa de Gaza e na Cisjordâ-
nia, ocupados por Israel.
Khalil al-Wazir (Abu Jihad), líder palestino, é assassinado por
comandos israelenses em Tunis.
O Conselho Nacional Palestino declara um Estado palestino
independente.
Arafat reconhece Israel e renuncia ao terrorismo nas Nações
Unidas em Genebra.
Os EUA concordam em abrir o diálogo.
Começa a emigração em massa dos judeus soviéticos para
Israel, estabelecendo-se no território palestino ocupado por
Israel.
1992 O Partido Trabalhista de Izak Rabin vence as eleições em
Israel e inicia diálogo com a OLP.
1994 O colono judeu Baruch Goldstein assassina muçulmanos
palestinos que rezavam na mesquita de Hebron.
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Acordo do Cairo entre Israel e a OLP.
Tratado de Paz entre Israel e a Jordânia: no gramado da Ca-
sa Branca, Rabin, Peres e Arafat apertam as mãos; os três
recebem o Prêmio Nobel da Paz.
As forças israelenses começam a se retirar de Jericó e da
Faixa de Gaza.
1995 Rabin é assassinado por um extremista judeu numa cami-
nhada pela paz em Tel-Aviv.
1996 Benjamin Netanyahu se torna primeiro-ministro de Israel.
1998 Acordo de Wye River entre Netanyahu e Arafat.
2000 Israel se retira do Líbano.
Insurreição palestina.
Colapso final do Acordo de Wye, quando os palestinos rejei-
tam o plano israelense que manteria grandes áreas da Cis-
jordânia sob controle de Israel.
Num lance de provocação, Ariel Sharon visita o al-Haram al-
Sharif, o Templo do Monte, detonando a intifada Al-Aqusa.
2001 Ariel Sharon é eleito Primeiro-Ministro de Israel.
A discoteca Dolphinarium, em Tel-Aviv, é destruída num a-
taque suicida.
Atentado suicida à bomba da Jihad islâmica à pizzaria “Sbar-
ro” em Jerusalém.
Israel assassina Abu Ali Mustafá.
Partido da Frente de Libertação da Palestina assassina o Mi-
nistro do Turismo Israelense Rehav’am Ze’evi.
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2002 Israel monta a operação “Muro de Defesa” em retaliação
aos bombardeios suicidas.
Invasão do campo de refugiados de Jenin e de cidades da
Cisjordânia.
O Presidente Arafat é aprisionado no complexo “Mukata”
em Ramallah.
Fim do cerco ao Mukata e à Igreja da Natividade.
Israel começa a construção da “Cerca de Separação”.
O Presidente Bush pede a retirada de Israel e a formação de
um Estado Palestino, mas insiste que a Autoridade Nacional
Palestina seja reformada e que seus líderes sejam substituí-
dos.
2003 Conferência de grupos palestinos no Cairo.
Ariel Sharon é reeleito Primeiro-Ministro.
2004 Morre Yasser Arafat
2005 Colonos judeus são retirados da Faixa de Gaza, devolvendo
com isso parte das terras tomadas da Palestina.
Ariel Sharon sofre derrame, jamais retornando à vida pú-
blica, até sua morte.
Fonte: O Conflito Israel-Palestina, São Paulo, Editora Palíndromo, 2006
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Projeto Memória
Sindicato dos Padeiros
de São Paulo
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