28
Disciplina Português Curso de Técnico de Electrónica e Telecomunicações Mensagem Vs Lúsiadas Pedro Miguel Marçal Veigas Nº 90376 1

Nuno Álvares Pereira

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Nuno Álvares Pereira

Disciplina Português

Curso de Técnico de Electrónica e Telecomunicações

Mensagem Vs Lúsiadas

Pedro Miguel Marçal Veigas

Nº 90376

Data 09-2-2011

1

Page 2: Nuno Álvares Pereira

ÍndiceIntrodução...................................................................................................................................4

Quem era D. Nuno Álvares Pereira?......................................................................................5

A Mensagem..............................................................................................................................9

NUN'ÁLVARES PEREIRA..............................................................................................10

Lusíadas...................................................................................................................................11

D. Nuno Alvares Pereira.................................................................................................12

CANTO IV.............................................................................................................................12

14 - Nuno Álvares Pereira......................................................................................12

15 - Fala de Nuno Álvares Pereira........................................................................12

16.......................................................................................................................................12

17.......................................................................................................................................13

18.......................................................................................................................................13

19.......................................................................................................................................13

20.......................................................................................................................................14

21 - Preparativos de Guerra...........................................................................................14

22.......................................................................................................................................14

23.......................................................................................................................................14

24 - Ordem de batalha....................................................................................................15

25.......................................................................................................................................15

26´......................................................................................................................................15

27.......................................................................................................................................15

28 - Começa a batalha....................................................................................................16

29.......................................................................................................................................16

30 - Proeza de Nuno Álvares Pereira...........................................................................16

31.......................................................................................................................................16

32.......................................................................................................................................17

CANTO VIII...........................................................................................................................18

29 - Batalhas de Aljubarrota e Valverde.......................................................................18

30 - Nuno Álvares Pereira..............................................................................................18

31.......................................................................................................................................18

32.......................................................................................................................................18

Conclusão.................................................................................................................................19

2

Page 3: Nuno Álvares Pereira

Bibliografia:...............................................................................................................................20

3

Page 4: Nuno Álvares Pereira

Introdução

Este trabalho consiste numa comparação parcial entre Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, e A Mensagem, de Fernando Pessoa.

Era pretendido mostrar a estrutura de cada obra e encontrar a História de Portugal, bem como a história e analise por detrás da figura histórica de D. Nuno Álvares Pereira. Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em «Os Lusíadas», chamando-lhe o "forte Nuno" e logo no primeiro canto (12ª estrofe) é evocada a figura de São Nuno, ao dizer "por estes vos darei um Nuno fero, que fez ao Rei e ao Reino um tal serviço".

Existem semelhanças entre A Mensagem e Os Lusíadas. É simples dizer que são ambas semelhantes em intenção, como obras de glorificação nacional, mas essa simplicidade camufla uma complexidade enorme.

Em cada verso e palavra que os estes grandes autores escreveram, exprimiram, pensaram e sentiram, sobre o excepcional povo que é o povo Português.

4

Page 5: Nuno Álvares Pereira

Quem era D. Nuno Álvares Pereira?

Nuno Álvares Pereira, também conhecido como o Santo Condestável, São Nuno de Santa Maria ou simplesmente Nun'Álvares foi um nobre e guerreiro português do século XIV que desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal jogou a sua independência contra Castela. Nuno Álvares Pereira foi também Condestável de Portugal, Mordomo-mor da Corte, 2.º conde de Arraiolos, 7.º conde de Barcelos e 3.º conde de Ourém.

Figura 1 – D. Nuno Alvares Pereira.

Segundo Fernão Lopes, D. Nuno Álvares Pereira foi um dos filhos naturais de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital, e Iria Gonçalves. D. Nuno Álvares Pereira cresceu na casa do seu pai até aos seus treze anos e foi lá que se iniciou "como bom cavalgante, torneador, justador e lançador" e sobretudo onde ganhou gosto pela leitura, lia nos "livros de cavalaria que a pureza era a virtude que tornara invencíveis os heróis da Távola Redonda, e procurava que a sua alma e corpo se conservassem imaculados". Foi com essa idade que entrou para a corte de D. Fernando de Portugal, onde foi feito cavaleiro com uma armadura emprestada por D.João, o Mestre de Avis. Decidido a manter-se virgem, foi profundamente contrariado que aos 16 anos casou com Leonor de Alvim cerca de 1376, em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja. O nobre casal estabeleceu-se no Minho em propriedade de D. Leonor de Alvim.

Quando o Rei Dom Fernando de Portugal morreu em 1383, sem herdeiros a não ser a princesa D. Beatriz, casada com o Rei João I de Castela, D. Nuno foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões de João, o Mestre de Avis à coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de D. Pedro I de Portugal, D. João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda de independência para os castelhanos. Depois da primeira vitória de D. Nuno Álvares Pereira frente aos castelhanos na batalha dos Atoleiros em que, pela primeira vez se combateu a pé em Portugal, em Abril de 1384, D. João de Avis nomeia-o Condestável de Portugal e Conde de Ourém.

5

Page 6: Nuno Álvares Pereira

6

Page 7: Nuno Álvares Pereira

A 6 de Abril de 1385, D. João é reconhecido pelas cortes reunidas em Coimbra como Rei de Portugal. Esta posição de força portuguesa desencadeia uma resposta à altura em Castela. D. João de Castela invade Portugal pela Beira Alta com vista a proteger os interesses de sua mulher D. Beatriz. D. Nuno Álvares Pereira toma o controlo da situação no terreno e inicia uma série de cercos a cidades leais a Castela, localizadas principalmente no Norte do país.

A 14 de Agosto, D. Nuno Álvares Pereira mostra o seu génio militar ao vencer a batalha de Aljubarrota. A batalha viria a ser decisiva no fim da instabilidade política de 1383-1385 e na consolidação da independência portuguesa. Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos.

Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objectivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques. Por essa altura, foi travada em terreno castelhano a célebre Batalha de Valverde. Conta-se que na fase mais crítica da batalha e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela falta de D. Nuno. Quando já se temia o pior, o seu escudeiro foi encontrá-lo em êxtase, ajoelhado a rezar entre dois penedos. Quando o escudeiro aflito lhe chamou a atenção para a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Novamente chamado à atenção pelo escudeiro, que lhe disse: "Nada de orações, que morremos todos! responde então D. Nuno, suavemente: "Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar.". Quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, consegue que se ganhe a batalha de uma forma considerada milagrosa.

Após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que mandara construir como cumprimento de um voto). Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de Novembro de 1431, com 71 anos.

Durante o seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.

O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terramoto de 1755. O seu epitáfio era: "Aqui jaz aquele famoso Nuno, o Condestável, fundador da Sereníssima Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo."

7

Page 8: Nuno Álvares Pereira

Há uma história apócrifa, em que o embaixador castelhano teria ido ao Convento do Carmo encontrar-se com Nun'Álvares, e ter-lhe-á perguntado qual seria a sua posição se Castela novamente invadisse Portugal. Nuno terá levantado o seu hábito, e mostrado, por baixo deste, a sua cota de malha, indicando a sua disponibilidade para servir o seu país sempre que necessário e declarando que "se el-rei de Castela outra vez movesse guerra a Portugal, serviria ao mesmo tempo a religião que professava e a terra que lhe dera o ser". Conta-se também que no inicio da sua vida monástica correra em Lisboa o boato de que Ceuta estaria em risco de ser apresada pelos Mouros. De imediato Frei Nuno manifesta a sua vontade em fazer parte da expedição que iria acudir a Ceuta. Quando o tentaram dissuadir, apontando a sua figura alquebrada pelos anos e por tantas canseiras, pegou numa lança e atirou-a do varandim do convento. A lança atravessou todo o Vale da Baixa de Lisboa, indo cravar-se numa porta do outro lado do Rossio e disse Nuno Álvares: "Em África a poderei meter, se tanto for mister!" (daqui nasceu a expressão "meter uma lança em África", no sentido de se vencer uma grande dificuldade).

Nuno Álvares Pereira foi beatificado aos 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto "Clementíssimus Deus" e foi consagrado o dia 6 de Novembro ao, então, beato. Iniciado em 1921, em 1940 o processo de canonização foi interrompido por razões essencialmente políticas. O país festejava então os Centenários da Fundação de Portugal e da Restauração da Independência e Salazar desejava que a canonização do Beato Nuno se revestisse de uma pompa nunca vista e num ambiente de grande exaltação nacionalista, incluindo uma possível visita papal a Portugal, para que o proprio Sumo Pontífice presidisse ás cerimónias da Canonização. O Papa de então (Pio XII) recusou, profundamente incomodado com o significado altamente político em que o facto estava a descambar. O Processo foi então suspenso e por assim dizer, caiu num "semi-esquecimento".

Entretanto, em 1953, foi inaugurada a Igreja do Santo Condestável, sede da Paróquia do mesmo nome, em Campo de Ourique (Lisboa), que contou com a Procissão de Transladação das Relíquias desde o Largo do Carmo, no meio de honras militares e de um intenso entusiasmo popular (segundo testemunhos da época, mais de metade do povo de Lisboa esteve presente na consagração da Igreja e nas restantes cerimónias religiosas) e com a presença dos mais altos dignitários da Nação. Posteriormente, em 2004 o Processo foi reiniciado por vontade do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo.

8

Page 9: Nuno Álvares Pereira

Figura 2 - Estátua em Flor da Rosa um dos locais apontados como sua terra natal. Em Honra à sua beatificação.

No Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 - acto formal no qual o Papa ordenou aos Cardeais para confirmarem os processos de canonização já concluídos -, o Papa Bento XVI anunciou para 26 de Abril de 2009 a canonização do Beato Nuno de Santa Maria, juntamente com quatro outros novos santos. O processo referente a Nuno Álvares Pereira encontrava-se concluído desde a Primavera de 2008, noventa anos após sua beatificação.

D. Nuno Álvares Pereira foi canonizado como São Nuno de Santa Maria pelo papa Bento XVI às 9h 33min (hora de Portugal) de 26 de Abril de 2009. É o Padroeiro dos Escuteiros Católicos de Portugal (Corpo Nacional de Escutas).

A Conferência Episcopal Portuguesa, em nota pastoral sobre a canonização de Nuno de Santa Maria, declarou: "(…) o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do bem comum.

Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos."[8]

9

Page 10: Nuno Álvares Pereira

A Mensagem

A Mensagem é uma obra composta por três partes, Brasão, Mar Português e Encoberto, cada uma destas partes subdivididas em noutras: Brasão – 5 partes; Mar Português – 1 parte com 12 poemas e o Encoberto – 3 partes. Esta divisão tem um simbolismo e tem como base o facto das profecias se realizarem três vezes, ainda que de modo diferente e em tempos distintos, mas também corresponde à evolução do império português (Tal qual o ciclo da vida), passando por três fases: Brasão – nascimento/fundadores; Mar Português – vida/realização e O Encoberto – morte/ressurreição.

Na parte inicial, o Brasão: o princípio da nacionalidade em que os antepassados criaram a pátria. Em o “Ulisses”, o símbolo da renovação dos mitos:

Ulisses de facto não existiu mas bastou a sua lenda para nos inspirar. A lenda, ao penetrar na realidade, faz o milagre de tornar a vida mundana insignificante. É irrelevante que as figuras de quem o poeta se vai ocupar tenham tido ou não existência histórica, “Sem existir nos bastou/Por não ter vindo foi vindo/E nos criou.”. O que importa é o que elas representam. Daí serem figuras incorpóreas, que servem para ilustrar o ideal de ser português. Em “D. Dinis”, símbolo da importância da poesia na construção do Mundo.

Na segunda parte, o Mar Português a realização através do mar em que heróis com uma grande missão de descobrir foram construtores do grande destino da Nação. Em “O Infante”, símbolo do Homem universal, que realiza o sonho por vontade divina: ele reúne todas as qualidades, virtudes e valores para ser o intermediário entre os homens e Deus, “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”. Em “Mar Português”, símbolo do sofrimento por que passaram todos os portugueses: a construção de uma “supra-nação”, de uma Nação mítica implica o sacrifício do povo, “Ó mar salgado, quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!”. Em “O Mostrengo”, símbolo dos obstáculos, dos perigos e dos medos que os portugueses tiveram que enfrentar para realizar o seu sonho: revoltado por alguém usurpar os seus domínios, “O Mostrengo” é uma alegoria do medo, que tenta impedir os portugueses de completarem o seu destino, “Quem é que ousou entrar/Nas minhas cavernas que não desvendo, /Meus tectos negros do fim do mundo?”.

Na terceira parte, O Encoberto, a morte ou fim das energias latentes é o novo ciclo que se anuncia que trará a regeneração e instaurará um novo tempo. Em “O Quinto Império”, símbolo da inquietação necessária ao progresso, assim como o sonho: não se pode ficar sentado à espera que as coisas aconteçam; há que ser ousado, curioso, corajoso e aventureiro; há que estar inquieto e descontente com o que se tem e o que se é, “Triste de quem vive em casa/Contente com o seu lar/Sem um sonho, no erguer da asa.../Triste de quem é feliz!”. O Quinto Império de Pessoa é a mística certeza do vir a ser pela lição do ter sido, o «Portugal-espírito», vivente de cultura e esperança, tanto mais forte quanto a hora da decadência a estimula. Em “Nevoeiro”, símbolo da nossa confusão, do estado caótico em que nos encontramos, tanto espiritual e emocional como mentalmente: algo ficou consubstanciado, pois temos o desejo de voltarmos a ser o que éramos, “(Que ânsia distante perto chora?)”, mas não temos os meios, “Nem rei nem lei, nem paz nem guerra...”.

Com a Mensagem, Fernando Pessoa pretende dar a conhecer aos portugueses os feitos dos seus antepassados e a conquista do Quinto império.

10

Page 11: Nuno Álvares Pereira

NUN'ÁLVARES PEREIRA

Que auréola te cerca?É a espada que, volteando,

faz que o ar alto percaseu azul negro e brando.

Mas que espada é que, erguida,faz esse halo no céu?É Excalibur, a ungida,que o Rei Artur te deu.

'Sperança consumada,S. Portugal em ser,

ergue a luz da tua espadapara a estrada se ver!

Aos “Campos”, “Castelos” e “Quinas”, segue-se “A Coroa”, onde Pessoa dá o “Brasão” por concluído. Se este mesmo fosse uma imagem, seria uma imagem com um fundo de “Campos” povoada sucessivamente por “Castelos” e estes mesmos por “Quinas”. A coroa é um símbolo de poder e autoridade dos governantes que vem desde os tempos pré-históricos, mas a coroa também era dada ou posta a indivíduos que não eram monarcas em que, a coroa era símbolo de grandes feitos heróicos ou conquistas de coragem. Por uma razão de orgulho e nobreza, Pessoa deu a coroa a Nuno Álvares e não a um rei ou príncipe.

A auréola que cerca Nuno Álvares Pereira é, ao mesmo tempo, uma auréola de santidade e uma auréola de combate. A santidade que ele alcançou, foi a custo também dos seus atos de guerreiro, pois é a sua espada que desenha o círculo diáfano por cima da sua cabeça, destacando-o do comum dos homens como um Santo.

Conhecendo-se a origem da auréola que cerca Nuno Álvares Pereira - a espada - na segunda estrofe, Pessoa fala-nos sobre essa mesma espada. Diz-nos que a espada “que, erguida / Faz esse halo no céu” não é uma espada qualquer, não é a espada de um comum cavaleiro,mas “é Excalibur,a ungida”, a espada do “Rei Artur”.

Segundo lendas pagãs de origem irlandesa a espada Excalibur foi dada ao Rei Artur pela Dama do Lago. Era mágica e tornava-o quase invencível. Excalibur devia às suas qualidades místicas, não podia ser quebrada e o seu nome tem origem céltica e quer dizer "relâmpago duro". De acordo com uma tradição guerreira muito antiga, era costume ser dado nome a uma arma notável pela sua beleza ou qualidade. Em "S.Portugal em ser"- considera-se a personificação do que há de místico em Portugal (ou do melhor e mais puro em Portugal).

Pessoa pede a Nuno Alves Pereira, nos dois últimos versos, que erga a luz da sua espada “para a estrada se ver”, para sabermos que caminho seguir no futuro mas também inspira-nos para que encontremos o caminho (da grandeza de Portugal).

11

Page 12: Nuno Álvares Pereira

Lusíadas

Os Lusíadas são uma obra escrita por Luís Vaz de Camões, que está dividida em dez Cantos tendo cada estrofe oito versos e cada verso tem dez sílabas métricas. Esta grande epopeia está internamente dividida em cinco partes:

Proposição (I, 1-3); Invocação (I, 4-5); Dedicatória (I, 6-18); Narração (I, 19; X, 144); Epílogo (X, 145-156);

Ainda em Os Lusíadas é possível encontrar ainda quatro planos de acção:

o plano da viagem; o plano da mitologia; o plano da história de Portugal; o plano das considerações do poeta.

Em relação ao plano da viagem, a acção central é a viagem de Vasco da Gama, “As armas e os Barões assinalados/ Que da Ocidental praia Lusitana/ Por mares nunca de antes navegados/ Passaram ainda além da Taprobana,/ Em perigos e guerras esforçados/ Mais do que prometia a força humana,/ E entre gente remota edificaram/ Novo Reino, que tanto sublimaram;”(I,1).

Escrevendo mais de meio século depois, Luís de Camões tinha já o distanciamento suficiente para perceber a importância histórica desse acontecimento, devido às alterações que provocou, tanto em Portugal, como na Europa. Por essa razão considerou a primeira viagem marítima à Índia como o episódio mais significativo da história de Portugal, Tratando-se, no entanto, de um acontecimento relativamente recente e historicamente documentado.

Para manter a ferocidade, o poeta estava obrigado a fazer um relato relativamente objectivo e potencialmente monótono, o que constituía um perigo fatal para o seu projecto épico. Daí a necessidade de introduzir um segundo nível narrativo.

No plano mitológico (conflito entre os deuses pagãos), Camões imaginou um conflito entre os deuses pagãos com Baco a opor-se à chegada dos portugueses à Índia, por recear que o seu prestígio seja colocado em segundo plano pela glória dos portugueses, enquanto Vénus, apoiada por Marte, os protege, “Quando os Deuses no Olimpo luminoso,/ Onde o governo está da humana gente,/ Se ajuntam em consílio glorioso,/ Sobre as cousas futuras do Oriente.”(I,20), “O padre Baco ali não consentia/ No que Júpiter disse, conhecendo/ Que esquecerão seus feitos no Oriente/ Se lá passar a Lusitana gente.”(I.30), “Os fortes Portugueses que navegam./ Sustentava contra ele Vénus bela,/ Afeiçoada à gente Lusitana/ Por quantas qualidades via nela/ Da antiga, tão amada, sua Romana; / Nos fortes corações, na grande estrela/ Que mostraram na terra Tingitana, / E na língua, na qual quando imagina,”(I,32-33), “Mas Marte, que da Deusa sustentava/ Entre todos as partes em porfia, / Ou porque o amor antigo o obrigava, / Ou porque a gente forte o merecia,”(I,36).

No plano da história de Portugal, o objectivo de Camões era enaltecer o povo português, não podia por isso, limitar a matéria épica à viagem de Vasco da Gama. Tinha que introduzir na narrativa todas aquelas figuras e acontecimentos que, no seu conjunto, afirmaram e afirmam o valor de todos os portugueses ao longo dos tempos. E fê-lo, recorrendo a duas narrativas secundárias, inseridas na narrativa da viagem, cujo narrador é o poeta. Isto foi feito de três maneiras sendo a primeira a narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde, que ao chegar a este porto indiano, o rei recebe-o e procura saber quem é ele e donde vem. Para lhe responder, Vasco da Gama localiza o reino de Portugal na Europa e conta-lhe a História de Portugal até ao reinado de D. Manuel I, conta inclusivamente a sua própria viagem desde a saída de Lisboa até chegarem ao Oceano Índico, visto que a

12

Page 13: Nuno Álvares Pereira

narrativa principal iniciara-se "in media res", isto é quando a armada já se encontrava em frente às costas de Moçambique. Em segundo, a narrativa de Paulo da Gama ao Catual. Em Calecut, uma personalidade hindu (Catual) visita o navio de Paulo da Gama, que se encontra enfeitado com bandeiras alusivas a figuras históricas portuguesas. Este visitante pergunta-lhe o significado daquelas bandeiras, o que dá a Paulo da Gama o pretexto para narrar vários episódios da História de Portugal. E por último, as profecias – Os acontecimentos posteriores à viagem de Vasco da Gama que não podiam ser introduzidas na narrativa como factos históricos. Por isso, Camões recorreu a profecias colocadas na boca de Júpiter, Adamastor e Thétis.

Para finalizar, temos o quarto plano, o plano das considerações do poeta, normalmente em final de canto, a narração é interrompida para o poeta apresentar reflexões de carácter pessoal sobre assuntos diversos, a propósito dos factos narrados.

Em suma, podemos dizer que os Lusíadas pretendem enaltecer os feitos do povo português, e para isso, Luís de Camões escreveu esta obra onde relata toda a História de Portugal, com principal destaque, a Viagem de Vasco da Gama a Índia, que ocorreu mais de meio século primeiramente ao autor escrever esta obra. Assim com esta obra Luís Vaz de Camões conseguiu engrandecer os feitos heróicos dos portugueses.

D. Nuno Alvares Pereira

CANTO IV

14 - Nuno Álvares Pereira

"Mas nunca foi que este erro se sentisseNo forte Dom Nuno Alvares; mas antes,

Posto que em seus irmãos tão claro o visse,Reprovando as vontades inconstantes,

Aquelas duvidosas gentes disse,Com palavras mais duras que elegantes,A mão na espada, irado, e não facundo,Ameaçando a terra, o mar e o mundo:

15 - Fala de Nuno Álvares Pereira

—"Como! Da gente ilustre PortuguesaHá-de haver quem refuse o pátrio Marte?,

Como! Desta província, que princesaFoi das gentes na guerra em toda a parte,

Há-de sair quem negue ter defesa?Quem negue a Fé, o amor, o esforço e arte

De Português, e por nenhum respeitoO próprio Reino queira ver sujeito?

16

13

Page 14: Nuno Álvares Pereira

—"Como! Não seis vós inda os descendentesDaqueles, que debaixo da bandeira

Do grande Henriques, feros e valentes,Vencestes esta gente tão guerreira?

Quando tantas bandeiras, tantas gentesPuseram em fugida, de maneira

Que sete ilustres Condes lhe trouxeramPresos, afora a presa que tiveram?

17

—"Com quem foram contino sopeadosEstes, de quem o estais agora vós,Por Dinis e seu filho, sublimados,

Senão co'os vossos fortes pais, e avôs?Pois se com seus descuidos, ou pecados,Fernando em tal fraqueza assim vos pôs,

Torne-vos vossas forças o Rei novo:Se é certo que co'o Rei se muda o povo.

18

—"Rei tendes tal, que se o valor tiverdesIgual ao Rei que agora alevantastes,Desbaratareis tudo o que quiserdes,

Quanto mais a quem já desbaratasses.E se com isto enfim vos não moverdes

Do penetrante medo que tomastes,Atai as mãos a vosso vão receio,

Que eu só resistirei ao jugo alheio.

19

—"Eu só com meus vassalos, e com esta(E dizendo isto arranca meia espada)

Defenderei da força dura e infestaA terra nunca de outrem sojugada.Em virtude do Rei, da pátria mesta,

Da lealdade já por vós negada,Vencerei (não só estes adversários)

Mas quantos a meu Rei forem contrários."—

14

Page 15: Nuno Álvares Pereira

20

Bem como entre os mancebos recolhidosEm Canúsio, relíquias sós de Canas,Já para se entregar quase movidos

A fortuna das forças Africanas,Cornélio moço os faz que, compelidos

Da sua espada, jurem que as RomanasArmas não deixarão, enquanto a vidaOs não deixar, ou nelas for perdida:

21 - Preparativos de Guerra

"Destarte a gente força e esforça Nuno,Que, com lhe ouvir as últimas razões,

Removem o temor frio, importuno,Que gelados lhe tinha os corações.Nos animais cavalgam de Neptuno,

Brandindo e volteando arremessões;Vão correndo e gritando a boca aberta:—"Viva o famoso Rei que nos liberta!"—

22

"Das gentes populares, uns aprovamA guerra com que a pátria se sustinha;

Uns as armas alimpam e renovam,Que a ferrugem da paz gastadas tinha;

Capacetes estofam, peitos provam,Arma-se cada um como convinha;

Outros fazem vestidos de mil cores,Com letras e tenções de seus amores.

23

"Com toda esta lustrosa companhiaJoane forte sai da fresca Abrantes,Abrantes, que também da fonte friaDo Tejo logra as águas abundantes.

Os primeiros armígeros regiaQuem para reger era os mui possantes

Orientais exércitos, sem conto,Com que passava Xerxes o Helesponto.

15

Page 16: Nuno Álvares Pereira

24 - Ordem de batalha

"Dom Nuno Alvares digo, verdadeiroAçoute de soberbos Castelhanos

Como já o fero Huno o foi primeiroPara Franceses, para Italianos.

Outro também famoso cavaleiro,Que a ala direita tem dos Lusitanos,

Apto para mandá-los, e regê-los,Mem Rodrigues se diz de Vasconcelos.

25

"E da outra ala, que a esta corresponde,Antão Vasques de Almada é capitão,

Que depois foi de Abranches nobre Conde,Das gentes vai regendo a sestra mão.Logo na retaguarda não se esconde

Das quinas e castelos o pendão,Com Joane, Rei forte em toda parte,

Que escurecendo o preço vai de Alarte.

26´

"Estavam pelos muros, temerosas,E de um alegre medo quase frias,

Rezando as mães, irmãs, damas e esposas,Prometendo jejuns e romarias.

Já chegam as esquadras belicosasDefronte das amigas companhias,

Que com grita grandíssima os recebem,E todas grande dúvida concebem.

27

"Respondem as trombetas mensageiras,Pífaros sibilantes e atambores;Alférezes volteam as bandeiras,

Que variadas são de muitas cores.Era no seco tempo, que nas eiras

Ceres o fruto deixa aos lavradores,Entra em Astreia o Sol, no mês de Agosto,

Baco das uvas tira o doce mosto.

16

Page 17: Nuno Álvares Pereira

28 - Começa a batalha

"Deu sinal a trombeta Castelhana,Horrendo, fero, ingente e temeroso;

Ouviu-o o monte Artabro, e GuadianaAtrás tornou as ondas de medroso;

Ouviu-o o Douro e a terra Transtagana;Correu ao mar o Tejo duvidoso;

E as mães, que o som terríbil escutaram,Aos peitos os filhinhos apertaram.

29

"Quantos rostos ali se vêem sem cor,Que ao coração acode o sangue amigo!

Que, nos perigos grandes, o temorÉ maior muitas vezes que o perigo;E se o não é, parece-o; que o furorDe ofender ou vencer o duro amigo

Faz não sentir que é perda grande e rara,Dos membros corporais, da vida cara.

30 - Proeza de Nuno Álvares Pereira

"Começa-se a travar a incerta guerra;De ambas partes se move a primeira ala;

Uns leva a defensão da própria terra,Outros as esperanças de ganhá-la;

Logo o grande Pereira, em quem se encerraTodo o valor, primeiro se assinala:

Derriba, e encontra, e a terra enfim semeiaDos que a tanto desejam, sendo alheia.

31

"Já pelo espesso ar os estridentesFarpões, setas e vários tiros voam;

Debaixo dos pés duros dos ardentesCavalos treme a terra, os vales soam;

Espedaçam-se as lanças; e as frequentesQuedas coas duras armas, tudo atroam;

Recrescem os amigos sobre a poucaGente do fero Nuno, que os apouca.

17

Page 18: Nuno Álvares Pereira

32

"Eis ali seus irmãos contra ele vão,(Caso feio e cruel!) mas não se espanta,

Que menos é querer matar o irmão,Quem contra o Rei e a Pátria se alevanta:

Destes arrenegados muitos sãoNo primeiro esquadrão, que se adianta

Contra irmãos e parentes (caso estranho!)Quais nas guerras civis de Júlio e Magno.

18

Page 19: Nuno Álvares Pereira

CANTO VIII

29 - Batalhas de Aljubarrota e Valverde

"Olha: por seu conselho e ousadiaDe Deus guiada só, e de santa estrela,

Só pode o que impossível parecia:Vencer o povo ingente de Castela.

Vês, por indústria, esforço e valentia,Outro estrago e vitória clara e bela,Na gente, assim feroz como infinita,

Que entre o Tarteso e Goadiana habita?

30 - Nuno Álvares Pereira

"Mas não vês quase já desbaratadoO poder Lusitano, pela ausência

Do Capitão devoto, que, apartadoOrando invoca a suma e trina Essência?Vê-lo com pressa já dos seus achado,

Que lhe dizem que falta resistênciaContra poder tamanho, e que viesse,

Por que consigo esforço aos fracos desse?

31

"Mas olha com que santa confiança,— Que inda não era tempo, — respondia,

Como quem tinha em Deus a segurariaDa vitória que logo lhe daria.

Assim Pompílio, ouvindo que a possançaDos inimigos a terra lhe corria,

A quem lhe a dura nova estava dando,—"Pois eu, responde, estou sacrificando." —

32

"Se quem com tanto esforço em Deus se atreve,Ouvir quiseres como se nomeia,

Português Cipião chamar-se deve;Mas mais de Dom Nuno Alvares se arreia:

Ditosa pátria que tal filho teve!Mas antes pai, que enquanto o Sol rodeia

Este globo de Ceres e Netuno,Sempre suspirará por tal aluno.

19

Page 20: Nuno Álvares Pereira

Conclusão

No final deste trabalho chegamos à conclusão que A Mensagem não é um “poema nacional, uma versão moderna, espiritualista e profética de Os Lusíadas”.

O que seria uma exaltação de valores nacionais foi convertido numa exortação renovadora e corajosa a D. Sebastião .

Os Lusíadas forame são dedicados a um povo guerreiro e a um Rei aventureiro quando em A Mensagem, esse mesmo Rei está humilhado e despido de coisas humanas sendo por isso, e se considerarmos que toda a História, toda alegria, toda emoção, toda aventura e toda glória descrita Os Lusíadas constitui uma esperança e A Mensagem, um sonho, uma utopia, “Sem a loucura que é o homem/mais que a besta sadia,/cadáver adiado que procria?”(Mensagem).

Como Prado Coelho afirmou, “Em contraste com o realismo de Os Lusíadas (…) a Mensagem reage pela altiva rejeição a um «Real» oco, absurdo, intolerável, propondo-nos em seu lugar a única coisa que vale a pena: o imaginário”.

20

Page 21: Nuno Álvares Pereira

Bibliografia:

A mensagem – Fernando Pessoa;

Os Lusíadas – Luís Vaz de Camões;

Wikipédia;

Sites Diversos;

Apontamentos Professora;

21