Notas de MecQuant Teoria de Espalhamento

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  • 8/19/2019 Notas de MecQuant Teoria de Espalhamento

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    NOTAS DE AULAS

    MECÂNICA QUÂNTICA

    Prof.: Dr. Salviano A. Leão

    Goiânia 25 de fevereiro de 2013

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    Sumário

    1 Espalhamento   1

    1.1 O problema do espalhamento  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

    1.1.1 Potencial espalhador   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

    1.1.2 Seção de choque de espalhamento   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

    1.1.3 Grandezas físicas   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

    1.2 Espalhamento por estados estacionários: Cálculo da seção de choque . . . . . . . . . . . 3

    1.3 Forma assintótica dos estados estacionários espalhados. Amplitude de espalhamento   . . 3

    1.3.1 Comportamento assintótico da onda espalhada   . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

    1.3.2 Cálculo das seções de choque usando as correntes de probabilidade   . . . . . . . 4

    1.3.3 Corrente espalhada   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

    1.3.4 Expressão para a seção de choque   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

    1.3.5 A equação integral   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

    1.3.6 Integral da função de Green   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    1.3.7 Laplaciano de G±   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91.4 Aproximação de Born . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

    1.4.1 Interpretação dos termos da expansão de Born . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    1.5 Espalhamento por muitos centros idênticos   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    2 Espalhamento por um potencial central: Método das ondas parciais   22

    2.1 Estados estacionários de uma partícula livre   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.1.1 Partícula Livre   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.1.2 Estados estacionários com momentum bem definido. Ondas planas   . . . . . . . 23

    2.1.3 Estados estacionários com momentum angular bem definido. Ondas esféricas livres   242.2 Propriedades físicas das ondas esféricas livres   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

    2.2.1 Expansão de uma onda plana em termos de ondas esféricas livres   . . . . . . . . 26

    2.3 Onda parciais no potencial V (r )   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    2.3.1 Condição de Contorno   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    2.3.2 Equação Radial para r  → ∞   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 282.3.3 Significado Físico do Deslocamento de Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    i

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    Sumário 

    2.3.4 Potencial de Alcance Finito   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    2.4 Seção de choque em termos do deslocamento de fase   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    2.4.1 Estados estacionários espalhados a partir de ondas parciais   . . . . . . . . . . . . 31

    2.4.2 Argumento Intuitivo   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    2.4.3 Dedução explicita dos termos da expansão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    2.4.4 Obtenção da Expansão   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322.4.5 Forma da Expansão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    2.4.6 Cálculo da Seção de Choque  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    2.4.7 Comentários   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    2.4.8 Teorema Óptico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    Prof. Salviano A. Leão   ii

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    Capítulo 1

    Espalhamento

    1.1 O problema do espalhamento

    Em geral o problema físico é caracterizado por

    Alvo

    Detector 1

    Feixe incidente 

    O z

    Detector 2

    1

    2

    O resultado de uma colisão é muito complexo.

    1.1.1 Potencial espalhadorNo espalhamento, a mecânica clássica prevê corretamente os ângulos de espalhamento. Iremos con-

    siderar somente o espalhamento elástico.

    Hipóteses:

    •  Partículas sem spin;

    •  Desconsidera-se a estrutura interna tanto das partículas incidentes quanto do alvo;

    1

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    1.1. O problema do espalhamento 

    •  O alvo é fino o suficiente para desconsiderarmos múltiplos processos de espalhamento;

    •  Toda possibilidade de coerência entre as ondas espalhadas pelas diferentes partículas que consti-

    tuem o alvo, será desprezada.

    •  A interação entre as partículas e o alvo será dada por um potencial  V (r), em que r   =  r1 −

     r2 é a

    posição relativa das partículas, e além disso usaremos:

    1 µ

      =1

    m1+

    1m2

      =⇒   µ   = m1m2m1  + m2

    (1.1)

    1.1.2 Seção de choque de espalhamento

    No espalhamento o problema é caracterizado por

    Detector

    AlvoFeixe incidente

    O   z

    1.1.3 Grandezas físicas

    •   F i  é o fluxo de partículas no feixe incidente, isto é, é o número de partículas por unidade de

    tempo que atravessam uma área unitária perpendicular ao eixo de incidência (Oz). Sua dimensãoé: [F i]   = L−2T −1.

    Será considerado que o feixe é fraco o suficiente de modo que a interação entre as partículas do

    feixe possa ser desprezada.

    •   dn é o número de partículas espalhadas por unidade de tempo dentro do elemento de ângulo sólido

    d Ω. Sua dimensão é: [dn]   = T −1.

    dn   = F iσ(θ, ϕ)d Ω,   (1.2)

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    1.2. Espalhamento por estados estacionários: Cálculo da seção de choque 

    na qual σ(θ, ϕ) é a seção de choque diferencial e a seção de choque total é dada por

    σ   =

       σ(θ, ϕ)d Ω.   (1.3)

    1.2 Espalhamento por estados estacionários: Cálculo da seção de

    choque

    O Hamiltoniano do sistema é

     H   = H 0   + V (r) com   H 0   =  P2/2 µ   (1.4)

    A equação de Schrödinger que descreve a evolução temporal do sistema é

    i∂Ψ

    ∂t 

      = H Ψ =

    ⇒  Ψ(r, t )   = ϕ(r)e−iEt / (1.5)

    na qual

     H ϕ(r)   = E ϕ(r)   =⇒−

    2

    2 µ∇2 + V (r)

    ϕ(r)   = E ϕ(r) (1.6)

    Será considerado que   V (r), vai a zero no infinito mais rápido do que 1/r , o que elimina o potencial

    coulombiano.

    Por conveniência será definindo

     E   = 

    2k 2

    2 µ

      e   V (r)   = 

    2

    2 µ

    U (r) (1.7)

    Portanto, a equação de Schrödinger estacionária é

    ∇2 + k 2 − U (r)

    ϕ(r)   = 0 (1.8)

    Chamaremos os autoestados do Hamiltoniano que satisfaz a condição de estados estacionários espalhados

    de v(di f )k 

      (r). Portanto, ela sera sua função de onda.

    1.3 Forma assintótica dos estados estacionários espalhados. Am-

    plitude de espalhamento

    •   Para t  → −∞, temos uma partícula livre:  eikz;

    •   Para t  →  +∞, temos uma partícula livre:  eikz;

    •  Portanto, a função de onda v(di f )k 

      (r), representa o estado estacionário espalhado, associado a energia

     E   =  2k 2/2 µ, obtida pela superposição da onda plana eikz e a onda espalhada.

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    1.3. Forma assintótica dos estados estacionários espalhados. Amplitude de espalhamento 

    1.3.1 Comportamento assintótico da onda espalhada

    •  Em uma dada direção (θ, ϕ) sua dependência radial é da forma eikr /r . O fator 1/r  resulta do fato de

    serem três dimensões espaciais:

    ∇2

    +k 

    2e

    ikr 

     0,   porém∇

    2+

    2 eikr r 

    =

     0.   (1.9)

    Aqui o fator 1/r  assegura que o fluxo de probabilidade que passa através da superfície de uma

    esfera não dependa de r .

    •  Em geral, o espalhamento não é isotrópico, então a amplitude da onda espalhada depende da dire-

    ção (θ, ϕ) considerada. Portanto, para r  → ∞

    v(di f )k 

      (r)   ∼r →∞

    eikz +   f (θ, ϕ)eikr 

    r   (1.10)

    Nesta expressão, somente a amplitude de espalhamento   f (θ, ϕ) depende do potencial V (r).

    1.3.2 Cálculo das seções de choque usando as correntes de probabilidade

    A corrente de probabilidade é

    J(r)   = 1 µ

    ℜϕ∗(r)

    i∇ϕ(r)

      (1.11)

    A Correntes Incidentes

    Ji(r)   = 1 µ

    ℜϕ∗i (r)

    i∇ϕi(r)

      mas comp   ϕi(r)   = eikz (1.12)

    temos então que

    |Ji(r)|   =   k  µ

      (1.13)

    1.3.3 Corrente espalhada

    Como a onda espalhada é expressa em coordenadas esféricas, temos

    ∇ = êr ∂

    ∂r   +

    êθ r 

    ∂θ   +

    êϕr sen θ 

    ∂ϕ  (1.14)

    A onda onda espalhada tem a seguinte forma:

    ϕsc(r)   =

    eikr 

      f k (θ, ϕ),   (1.15)

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    1.3. Forma assintótica dos estados estacionários espalhados. Amplitude de espalhamento 

    então, temos

    (Jd )r   =  k 

     µ

    1r 2

    | f (θ, ϕ)|2,   (1.16)

    (Jd )θ   =  k 

     µ

    1r 3

    1i

     f ∗k (θ, ϕ) ∂

    ∂θ  f k (θ, ϕ)

    ,   (1.17)

    (Jd )ϕ   = k  µ

    1r 3 sen θ 

    1i

      f ∗k (θ, ϕ)  ∂∂ϕ f k (θ, ϕ)

    .   (1.18)

    Como  r  é muito grande, os termos (Jd )θ  e (Jd )ϕ  são desprezados em relação ao termo (Jd )r , com isso,

    temos uma onda espalhada que é praticamente radial.

    1.3.4 Expressão para a seção de choque

    O feixe incidente é composto por partículas independentes, então temos que o fluxo incidente é

    F i   = C |Ji|   = C 

    k  µ .   (1.19)

    O número de partículas que incide sobre o detector por unidade de tempo é proporcional ao vetor

    fluxo de corrente Jd  que cruza as superfície d S, assim:

    dn   = C Jd  · d S   = C (Jd )r r 2d Ω = C k  µ

    | f (θ, ϕ)|2d Ω,   (1.20)

    entretanto, como dn   =  F iσ(θ, ϕ)d Ω, então identifica-se o termo  σ(θ, ϕ) como sendo

    σ(θ, ϕ)   = |

     f (θ, ϕ)|2 (1.21)

    Portanto, a seção de choque diferencial é igual ao quadrado módulo da amplitude de espalhamento.

    “A interferência entre a onda incidente e a espalhada é evitada, por um posiciona-

    mento adequado do detector”

    1.3.5 A equação integral

    Temos que ∇2 + k 2ϕ(r)   = U (r)ϕ(r).   (1.22)Considere que há uma função G(r) tal que:

    ∇2 + k 2

    G(r)   = δ(r).   (1.23)

    A função G(r) é chamada função de Green do operador ∇2 + k 2. Então uma função qualquer ϕ(r), satisfaz

    ϕ(r)   = ϕ0(r) + 

      d 3r G(|r − r′|)U (r′)ϕ(r′),   (1.24)

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    1.3. Forma assintótica dos estados estacionários espalhados. Amplitude de espalhamento 

    não é definida em todo o eixo real, pois ela possui dois polos sobre o mesmo.

    Note que a função  q2 − k 2 = (q + k )(q − k ), possui duas raízes, ou seja, q   = ±k . Portanto temos doispossíveis contornos de integração no plano complexo:

    Im q

    Re q+k-k

    No caso anterior o polo q   = −k  foi excluído da integração, assim usando o teorema de resíduos temos+∞ 

    −∞

    eiqr 

    q2

    −k 2

      = 2π(q + k )

      eiqr 

    (q + k )(q−

    k )

    q

    =−k 

    = −2πi2k 

     e−ikr  = −πik 

     e−ikr  (1.45)

    Neste caso então, a função de Green é

    G−(r )   =  14π2r 

    dr 

    −πi

    k  e−ikr 

      = −   1

    4πr e−ikr  (1.46)

    Portanto temos que a função de Green

    G−(r )   = −   14πr e−ikr  .   (1.47)

    A seguir a integral (1.44) será realizada, excluindo-se o segundo polo, ou seja, q   = +k , portanto nessecaso o contorno da integração é:

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    1.3. Forma assintótica dos estados estacionários espalhados. Amplitude de espalhamento 

    Im q

    Re q+k-k

    No caso anterior o polo q   = +k  foi excluído da integração, assim usando o teorema de resíduos temos

    +∞ −∞

    eiqr 

    q2 − k 2   = 2π(q − k )

      eiqr 

    (q + k )(q − k )

    q=+k 

    = 2πi

    2k e+ikr  =

     πi

    k eikr  (1.48)

    Neste caso então, a função de Green é

    G+(r )   =1

    4π2r 

    dr  πi

    k  eikr    = −

      1

    4πr 

    eikr  (1.49)

    Portanto temos que a função de Green

    G+(r )   = −   14πr eikr  .   (1.50)

    Dos dois resultados anteriores temos então que

    G±(r )   = −   14πr e±ikr  .   (1.51)

    1.3.7 Laplaciano de G±

    Agora que temos o valor da função de Green, podemos calcular o seu laplaciano, ou seja,

    ∇2G±(r)   = e±ikr ∇2

      14πr 

    −   1

    4πr ∇2

     e±ikr 

    + 2

      14πr 

    ·∇

    e±ikr 

      (1.52)

    Devemos lembrar que

    ∇2

    1r 

      = −4πδ(r) (1.53)

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    1.4. Aproximação de Born

    modo que

     f k (θ, ϕ)   = −   µq8π2ǫ 02 limα→0 

      d 3r ′ e−iK·r′ 

      d 3r ′′ e−α|r

    ′−r′′ |

    |r′ − r′′|− Zqeδ(r) + ̺ (r′′)

    .   (1.77)

    A introdução do fator e−α|r′−r′′ | não altera o valor da integral quando tomamos o limiteα → 0. Isso ocorrer

    porque ele difere de 1 somente nas regiões que essencialmente não contribuem para a integral. Agora a

    mudança de ordem da integração é permitida e com isso faremos a seguinte mudança de variável

    r′   = u + r′′   (1.78)

    e com isso podemos escrever

     f k (θ, ϕ)   = −   µq8π2ǫ 02 

      d 3r ′′ − Zqeδ(r) + ̺ (r′′) · limα→0

       d 3u′ e−iK·r

    ′ e−α|r′−r′′ |

    |r′ − r′′|= −   µq

    8π2ǫ 02

       d 3r ′′

     − Zqeδ(r) + ̺ (r′′) e−iK·r′′ · limα→0 

      d 3u′ e−αu−iK·u

    u

    A integral acima é dada por:

     I   = limα→0

       d 3u′

     e−αu−iK·u

    u  = lim

    α→0

       2π0

    d ϕ

       π0

    sen θ  d θ   ∞

    0du e−αu−iK·u

    como o vetor K, está em uma direção qualquer do espaço e vamos somar sobre todas elas, logo por uma

    questão de simplicidade vamos escolher K   = K ê z, assim teremos que

     I   = limα→0

       2π0

    d ϕ

       π0

    sen θ  d θ    ∞

    0udu e−αu−iKu cos θ 

    = limα→0

       2π0

    d ϕ

       ∞0

    udu e−αu   π

    0sen θ  d θ e−iKu cos θ 

    Na última integral do lado direito fazemos a seguinte mudança de variável  y   = −iKu cos θ , logo  dy   =iKu sen θ  d θ , assim temos que   π

    0sen θ  d θ e−iKu cos θ  =

      1iKu

       iKu−iKu

    dy e y =  1iKu

    eiKu − e−iKu

      =

      2Ku

     sen(Ku).

    Portanto, temos que,

     I   = limα→0

    4πK 

       ∞0

    du e−αu sen(Ku)

    = limα

    →0

    2πiK  

     ∞

    0

    du e−αu eiKu

    −e−iKu

    = limα→0

    2πiK 

      ∞0

    duei(K +iα)u − e−i(Ku−iα)u

    = limα→0

    2πiK 

      ei(K +iα)u

    i(K   + iα)  +

    e−i(K −iα)u

    i(K  − iα)∞

    0

    = limα→0

    2πK 

      1

    K   + iα  +

      1K  − iα

    = limα→0

    2πK 

    2K K 2 + α2

      = limα→0

    4πK 2 + α2

    Prof. Salviano A. Leão   15

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    1.5. Espalhamento por muitos centros idênticos

    significantemente na amostra. Portanto, conforme o exposto, a aproximação de Born continua válida e

    podemos escrever

     f k (θ, ϕ)   = −  14π 

      d 3r e−iK·r2 µ2

     N i=1

    v(r − ri) (1.88)

    Tirando a somatória para fora da integral e introduzindo a seguinte mudança de variável  ρ   =   r

     − ri,

    obtemos

     f k (θ, ϕ)   = − 14π N i=1

       d 3 ρ e−iK·(ρ+ri)

    2 µ2

     v(ρ)

    =

    −   µ

    2π2

       d 3 ρ e−iK·ρv(ρ)

    ·

     N i=1

    e−iK·ri (1.89)

    Portanto,   f k (θ, ϕ) é igual a amplitude de espalhamento devido ao potencial  v(r), multiplicada pela soma

    das exponenciais e−iK·ri .

    O primeiro caso que investigaremos é aquele de materiais, cujos centros espalhadores movem-se

    constantemente, por exemplo: líquidos e gases. A seção de choque diferencial envolve o quadrado do

    módulo da soma de exponenciais complexas, (1.89). Portanto, podemos escrever N 

    i=1

    e−iK·ri

    2

    =

     N i=1

    e−iK·ri N 

     j=1

    eiK·r j = N i, j

    e−iK·(ri−r j) = N   + N i j

    e−iK·(ri−r j).   (1.90)

    Enquanto o número de centros espalhadores for muito grande, o ambiente de todos os centros que se

    encontram afastados dos limites (contornos) da amostra, em média, são os mesmos. Seja então  n(r) a

    densidade média de centros espalhadores no ponto r  com relação a um dado centro. Então, com isso,

    pode-se escrever  N i j

    e−iK·(ri−r j) = N ≫1

     N 

       d 3r n(r)e−iK·r,   (1.91)

    de modo que, definindo

    F atm(θ )   = −   µ2π2 

      d 3 ρ e−iK·ρv(ρ) (1.92)

    então podemos escrever a seção de choque diferencial como

    σ(θ, ϕ)   = N  · |F atm(θ )|2 ·1 +

       d 3r n(r)e−iK·r

    .   (1.93)

    A seção de choque diferencial é portanto proporcional, a amplitude de espalhamento atômico, ao númerototal de centros espalhadores, e está relacionada com a probabilidade com que um centro espalhador está

    posicionado com relação a outro, ou seja, a probabilidade de sua posição relativa.

    O segundo caso que será investigado, é o de um cristal perfeito, isto é, um material cujos os centros

    espalhadores estão distribuídos sobre uma rede periódica. Seja a, b  e c os vetores de translação funda-

    mentais da rede. Será considerado que o cristal é um paralelepípedo. A posição dos centros espalhadores

    é dada na figura 1.4, por

    ri   = naa + nbb + ncc.   (1.94)

    Prof. Salviano A. Leão   18

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    1.5. Espalhamento por muitos centros idênticos

    logo o seu módulo é 1 − eix   = −2i sen( x/2)eix/2   = 2 sen( x/2).   (1.100)Portanto, podemos escrever,

     N 

    i=1

    e−iK

    ·ri

    2

    = F a(K · a)F b(K · b)F c(K · c) (1.101)

    em que a função

    F α(K · α)   =sen2( 12 N αK · α)

    sen2( 12 K · α)  ,   com   α   = a, b, c.   (1.102)

    Portanto, a seção de choque diferencial é dada por

    σ(θ, ϕ)  =

    14π

       d 3 ρ e−iK·ρ

    2 µ2

     v(ρ)

    2

    × F a(K · a)F b(K · b)F c(K · c) (1.103)

    Dado que N α é grande o suficiente, a função F α(K · α) mostra um máximo agudo nos pontos em queK · α ’um múltiplo inteiro de 2π, ou seja, K ·  α   =  2πqα, com  qα   =  0, 1, 2, · · · . O comportamento deF α(K ·  α), em torno do seu valor máximo  N 2α, é mostrado no gráfico 1.5.  O intervalo entre dois zerosconsecutivos em ambos os lados do máximo central é 4π/ N α. A área sobre aquele máximo é da ordem

    de N α.

    0

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    0

    Fator de forma atômico

    Figura 1.5:  A função  F α(K · α). Note que o valor máximo de  F α(K · α) é  N 2α.

    Prof. Salviano A. Leão   20

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    Capítulo 2

    Espalhamento por um potencial central:

    Método das ondas parciais

    No caso especial de um potencial central  V (r), o momentum angular orbital L  é uma constante demovimento. Portanto, existem estados estacionários com momentum angular bem definido: isto é, au-

    toestados comuns de  H , L2 e  L z. Chamaremos as funções de onda associadas a estes estados de ondas

    parciais e as designaremos por ϕk ,l,m(r). Assim temos que

     H ϕk ,l,m(r)   =  E k ϕk ,l,m(r)   =

    2k 2

    2 µ ϕk ,l,m(r) (2.1)

    L2ϕk ,l,m(r)   = l(l + 1)2ϕk ,l,m(r) (2.2)

     L zϕk ,l,m(r)   = mϕk ,l,m(r).   (2.3)

    Como o potencial  V (r) influência somente a parte radial da equação de Schrödinger, então a depen-

    dência angular de ϕk ,l,m(r) será dada pelos harmônicos esféricos  Y ml   (θ, ϕ).

    Quando r  for grande o suficiente, espera-se que as ondas parciais se aproximem das autofunções

    comuns de  H 0, L2 e  L z, na qual  H 0 é o operador Hamiltoniano de uma partícula livre, e em particular,

    de uma que possuí um momentum angular bem definido. Neste caso, as correspondentes funções de

    onda  ϕ(0)k ,l,m

    (r) são ondas esféricas livres: sua dependência angular, de fato, são aquelas dos harmônicos

    esféricos, e será visto que a expansão assintótica da sua função radial é a superposição de uma onda

    incidente e−iKi·r e uma onda que sai eiKi·r com uma diferença de fase bem determinada.

    2.1 Estados estacionários de uma partícula livre

    2.1.1 Partícula Livre

    O Hamiltoniano de uma partícula livre,

     H 0   = P2

    2 µ,   (2.4)

    22

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    2.1. Estados estacionários de uma partícula livre 

    não constitui por si só um C.S.C.O e seus autovalores são infinitamente degenerados. Entretanto, os 4

    observáveis

     H 0,   P x,   P y,   P z   (2.5)

    formam um C.S.C.O. Seus autoestados comuns são estados estacionários de um momentum bem defi-

    nido. Uma partícula livre pode ser considerada como uma partícula num potencial central nulo, nesse

    caso os três observáveis

     H 0,   L2,   L z   (2.6)

    formam um C.S.C.O. Seus correspondentes autoestados, serão estado estacionários com momentum an-

    gular L bem definido, mais precisamente com L2 e  L z bem definidos.

    As bases no espaço de estados definidos pelos operadores de (2.5) e (2.6) são distintas, já que os

    operadores P e L são quantidades incompatíveis.

    2.1.2 Estados estacionários com momentum bem definido. Ondas planasA base {|p} dos autoestados comuns dos operadores de (2.5) são:

    P |p   = p |p   e   H 0 |p   =  p2

    2 µ|p .   (2.7)

    Portanto, o espectro de  H 0 é contínuo e inclui o zero. Cada um dos autovalores são infinitamente dege-

    nerados: para uma energia positiva fixa  E  existe um número infinito de kets |p correspondentes, já queexiste um número infinito de vetores ordinários p cujo o módulo satisfaz

    |p|  =  

    2 µ E   =   p2

     x  + p2

     y  + p2

     z.

      (2.8)As funções de onda associadas ao ket |p são

    r| p   =

      12π

    3/2eip·r/ (2.9)

    Introduzindo o vetor de onda k, que caracteriza uma onda plana, como

    k   = p

      (2.10)

    então podemos definir o ket|k como

    |k   =  3/2 |p   (2.11)O kets k são estados estacionários com momentum bem definidos, assim

    P |k   =  k |k   e   H 0 |k   =   2k2

    2 µ  |k .   (2.12)

    e eles são ortonormais no senso estendido

    k| k′   = δ(k − k′),   (2.13)

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    2.2. Propriedades físicas das ondas esféricas livres

    e formam uma base no espaço de estados 

      d 3k  |k k|   = 1.   (2.14)

    As funções de onda, são ondas planas normalizadas em todo o espaço

    r| k   =

     12π

    3/2

    eik·r.   (2.15)

    2.1.3 Estados estacionários com momentum angular bem definido. Ondas esféri-

    cas livres

    As funções de onda associadas com os estados estacionários de momentum angular bem definidoϕ(0)k ,l,m

     de uma partícula livre, são as ondas esféricas livres, as quais são dadas por

    r| ϕ(0)k ,l,m

      = ϕ(0)k ,l,m(r)   =

     2k 

    2

    π  jl(kr ) Y ml   (θ, ϕ) (2.16)

    na qual as funções   jl( ρ), são as funções esféricas de Bessel definidas por:

     jl( ρ)  =  (−1)l ρl

    1 ρ

    d  ρ

    l sen( ρ) ρ

      .   (2.17)

    As ondas esféricas são ortonormais no senso estendido e satisfazem a seguinte relação

    ϕ(0)k ,l,m ϕ(0)k ′ ,l′,m′   =2

    π

    kk ′∞

     0

     jl(kr ) jl′(k ′r )r 2dr     d ΩY ml ∗(θ, ϕ)Y m

    ′l′  (θ, ϕ)   = δ(k 

    −k ′)δl,l′δm,m′   (2.18)

    e formam uma base no espaço de estados, logo elas também satisfazem a seguinte relação de completeza

    ∞ 0

    dk 

    ∞l=0

    +lm=−l

    ϕ(0)k ,l,m

    ϕ

    (0)k ,l,m

      = 1.   (2.19)

    2.2 Propriedades físicas das ondas esféricas livres

    Dependência angular:  Ela deve-se completamente aos harmônicos esféricos  Y ml   (θ, ϕ), os quais são

    fixados pelos autovalores de L2 e L z, ou seja, os índices l e  m.

    Comportamento próximo da origem: Consideremos um ângulo sólido infinitesimal  d Ω0 em torno

    da direção (θ 0, ϕ0); quando o estado da partículaϕ(0)

    k ,l,m

    , a probabilidade de encontrar a partícula nesse

    ângulo sólido entre r  e  r  + dr  é proporcional a

    r 2 j2l (kr )Y ml   (θ, ϕ)2 dr d Ω0.   (2.20)

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    2.2. Propriedades físicas das ondas esféricas livres

    Esse resultado é fisicamente muito importante, pois ele implica que uma partícula no estadoϕ(0)

    k ,l,m

    praticamente não é afetada pelo que ocorre dentro de uma esfera centrada em O de raio

    bl(k )   =1k 

     l(l + 1).   (2.25)

    b

    L

     p

    Figura 2.2:  Definição do parâme-

    tro de impacto de uma partícula.

    Note que na mecânica clássica, uma partícula livre de momentum pe momentum angular L move-se em uma linha reta cuja distância  b ao

    ponto O é dada por:

    b   =|L||p| ,   (2.26)

    que é chamado de parâmetro de impacto da partícula relativa a ori-

    gem O. Se |L|   for trocado por   √ l(l + 1) e o módulo de |p|  por   k ,obtemos uma expressão para  bl(k ), a qual pode ser interpretada semi-

    classicamente.

    Comportamento assintótico:  Pode-se mostrar que para   r  → ∞temos

     jl( ρ)   ≃ ρ→∞

    1 ρ

    sen ρ − lπ

    2

      .   (2.27)

    Como sen θ   = (eiθ − e−iθ )/2i, logo o comportamento assintótico da ondas esférica livre é

    ϕ(0)k ,l,m

    (r)   ≃r →∞

    − 

    2k 2

    π  Y ml   (θ, ϕ)

    e−ikr eilπ/2 − eikr e−ilπ/22ikr 

      (2.28)

    No infinito,  ϕ(0)k ,l,m

    (r → ∞

    ) resulta, portanto, na superposição de uma onda chegando  e−

    ikr /r  e uma

    onda saindo eikr /r , cujas amplitudes diferem por um fator de fase igual  lπ.

    2.2.1 Expansão de uma onda plana em termos de ondas esféricas livres

    Há duas bases distintas formadas pelos autoestados de H 0: a base {|k} associada com uma onda planae a base {

    ϕ(0)k ,l,m

    } associada com as ondas esféricas livres. É possível expandir qualquer ket de uma base

    em termos dos vetores de estado da outra base.

    Considere uma partícula cujo o estado é dado pelo ket |0, 0, k , o qual está associado com uma onda

    plana de vetor de onda k direcionado ao longo do eixo  z, ou seja k   = k ̂e z, logo o ket |k   = |0, 0, k , é dadopor

    k| 0, 0, k    =

     12π

    3/2eikz =

     12π

    3/2eik·r .   (2.29)

    O ket |0, 0, k   representa um estado com energia   E   =   2k 2/2 µ  bem definida e momentum |p|   =   k ,direcionado ao longo do eixo z. Note porém que como

    eikz = eikr  cos θ  = eik·r ,   (2.30)

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    2.2. Propriedades físicas das ondas esféricas livres

    então a onda plana é independente do ângulo  ϕ  e como a componente   L z  do momentum angular na

    representação |r é dada por L z   =

    i

    ∂ϕ ,   (2.31)

    então, o ket |0, 0, k  também é um autovetor de  L z, com autovalor zero,

     L z |0, 0, k    = 0   ⇐⇒   i

    ∂ϕeikr cos θ  = 0 (2.32)

    Usando a relação de completeza das ondas esféricas livres podemos escrever

    |0, 0, k   =∞ 

    0

    dk ′∞

    l=0

    +lm=−l

    ϕ(0)k ′ ,l,m

    ϕ

    (0)k ′,l,m

     0, 0, k    (2.33)

    como  L z |ϕ   =  ml |ϕ e como |0, 0, k  eϕ

    (0)k ′,l,m

     são dois autoestados de  H 0, então eles são ortogonais se

    os correspondentes autovalores forem diferentes. Portanto o seu produto escalar deve ser proporcional a

    δ(k ′ − k ). Similarmente, eles são ambos autoestados de  L z e o seu produto escalar é proporcional a δm,0.Portanto a expressão anterior, toma a seguinte forma

    ϕ

    (0)k ′,l,m

     0, 0, k    = C k ,lδ(k − k ′)δl,l′δm,0 .   (2.34)Portanto, podemos escrever

    |0, 0, k   =∞

    l=0

    C k ,lϕ(0)

    k ,l,0

      ,   (2.35)

    Os coeficientes C k ,l podem ser calculados através da expansão

    eikz =

    ∞l=0

    il 

    4π(2l + 1) jl(kr )Y 0l (θ ) .   (2.36)

    Um estado de momentum linear bem definido, é portanto formado pela superposição dos estados

    correspondentes a todos os possíveis momenta angulares.

    Note ainda que, como os harmônicos esféricos  Y 0l (θ ) são proporcionais aos polinômios de Legendre

    Pl(cos θ ), ou seja, como

    Y 0

    l (θ )   =  2l + 1

    4πP

    l(cos θ ) ,   (2.37)

    então também podemos escrever

    eikz =

    ∞l=0

    il(2l + 1) jl(kr )Pl(cos θ ) .   (2.38)

    Prof. Salviano A. Leão   27

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    2.3. Onda parciais no potencial  V (r )

    2.3 Onda parciais no potencial V (r )

    Para um potencial central V (r ) qualquer, o operador Hamiltoniano do problema é

     H   = H 0   + V (r )   =P2

    2 µ  + V (r ) ,   (2.39)

    na qual H 0 corresponde o Hamiltoniano da partícula livre. Portanto, o problema a ser resolvido é

    ( H 0   + V )ϕk ,l,0   =  E  ϕk ,l,0   .   (2.40)

    Como na representação |r, temos que as ondas parciais ϕk ,l,0(r) possuem a seguinte forma

    r| ϕk ,l,0

      = ϕk ,l,0(r)   = Rk ,l(r ) Y ml   (θ, ϕ)  =1r 

    uk ,l(r ) Y ml   (θ, ϕ) (2.41)

    na qual uk ,l(r ) é a solução da equação radial

    −  

    2 µd 2

    dr 2  +

      l(l + 1)22 µr 2

      + V (r )

    uk ,l(r )   =  2k 2

    2 µuk ,l(r ) ,   (2.42)

    2.3.1 Condição de Contorno

    Na origem temos que:

    uk ,l(0)   = 0.   (2.43)

    Esse problema é análogo ao de uma partícula de massa µ, sobre a influência de um potencial efetivo

    unidimensional V e f (r ), como o da figura 2.3, cuja forma é O potencial efetivo  V e f (r ) é

    V e f (r )   =

    V (r ) +

    l(l + 1)2

    2 µr 2  r  > 0

    ∞   r  

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    2.3. Onda parciais no potencial  V (r )

    Figura 2.3:  Comportamento do potencial efetivo que entra na equação radial.

    a direita. Desde que, não pode haver onda transmitida, pois  V (r )   = ∞  para  r  <  0, a corrente refletidana origem deve ser igual a incidente. Portanto, vemos que a condição (2.43) implica que, na expressão

    assintótica (2.48), os valores das constantes A e  B são tais que,

    | A|   = | B|,   (2.47)

    e consequentemente, a equação (2.48) toma a forma

    uk ,l(r )

      ≃r →∞ | A

    | eikr 

    + e−ikr eiϕb   (2.48)a qual ainda pode ser reescrita na forma

    uk ,l(r )   ≃r →∞

    C  sen (kr − βl)   (2.49)

    Esse mesmo resultado pode ser obtido, observando que para os estados ligados temos que  uk ,l ∈ ℜ oque significa então que podemos escrever  A   =  B∗   = (C /2i)e−i βl , e com isso C  ∈ ℜ, portanto,

    uk ,l(r )   ≃r →∞

    2i

    ei(kr − βl) − e−i(kr − βl)

      = C  sen(kr − βl).   (2.50)

    A fase βl introduzida, é completamente determinada impondo a continuidade entre a solução da equa-

    ção radial e com o seu comportamento assintótico. Assim, como surgiu o fator lπ/2 no comportamento

    assintótico da onda esférica livre, vamos introduzir o mesmo, fazendo  βl   =   lπ/2 − δl, na qual  δl  é odeslocamento de fase. Assim,

    uk ,l(r )   ≃r →∞

    C  sen

    kr − lπ2

      + δl

      (2.51)

    A quantidade δl definida desse modo, é chamada de  deslocamento de fase da onda parcial  ϕk ,l,m(r);

    ela obviamente depende de  k , isto é da energia.

    Prof. Salviano A. Leão   29

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    2.3. Onda parciais no potencial  V (r )

    2.3.3 Significado Físico do Deslocamento de Fase

    Conforme o exposto, ao considerarmos (2.41) e (2.43), podemos escrever o comportamento assintó-

    tica da onda parcial ϕk ,l,0(r) na seguinte forma:

    ϕk ,l,0(r)   ≃r →∞ C sen kr − l

    π2   + δl

    r  Y 

    m

    l   (θ, ϕ)

    ≃r →∞

    −CY ml   (θ, ϕ)e−ikr ei(lπ/2−δl ) − eikr e−i(lπ/2−δl)

    2ir   (2.52)

    Desse resultado, vê-se que tanto as ondas parciais ϕk ,l,0(r) como as ondas esféricas livres, (2.28), resultam

    da superposição de uma onda chegando com uma onda saindo.

    Note então que se multiplicarmos o comportamento assintótico da onda parcial acima, (2.52) pelo

    fator de fase  eiδl e fizermos C   = 1, obtemos o mesmo comportamento assintótico da onda esférica livre

    que chega, (2.28), ou seja,

    ϕ̃k ,l,0(r)   = eiδl

    ϕk ,l,0(r) (2.53)

    ≃r →∞

    −Y ml   (θ, ϕ)e−ikr eilπ/2 − eikr e−ilπ/2e2iδl

    2ir   (2.54)

    Esta expressão pode ser interpretada da seguinte forma: na saída temos a mesma onda que chega como

    no caso de uma partícula livre. Quando a onda incidente se aproxima da zona de influência do potencial

    ela é mais perturbada por este potencial. Quando ela é refletida, ela é transformada numa onda que sai,

    com um deslocamento de fase 2δl acumulado, relativo ao resultado obtido para uma onda livre saindo,

    quando o potencial V (r )   =  0. O fator  e2iδl , o qual varia com  k  e   l, sumariza o efeito total do potencial

    sobre uma partícula de momentum angular  l

    Portanto, a onda que sai, acumulou um  deslocamento de fase de 2δl  relativo a onda que chega, e o

    fator e2iδl sumariza o efeito do potencial.

    2.3.4 Potencial de Alcance Finito

    Considere o potencial central  V (r ), com um alcance  r 0 finito, ou seja,

    V (r )   = 0 Para   r  >  r 0   (2.55)

    Como vimos uma onda esférica livre penetra muito pouco numa esfera de raio  bl(k ), centrada em O.

    Então os potenciais de curto alcance como na eq. (2.55) não atuam sobre uma onda parcial fora do seu

    alcance, ou seja, se

    bl(k ) ≫  r 0 ,   (2.56)pois a correspondente onda incidente retorna antes de atingir a zona de influência do potencial   V (r ).

    Portanto, para cada valor de energia há um valor máximo de momentum angular   l M , o qual de acordo

    com (2.25) é aproximadamente  l M (l M   + 1) ≃  kr 0 .   (2.57)

    Prof. Salviano A. Leão   30

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    2.4. Seção de choque em termos do deslocamento de fase 

    Os deslocamento de fase só são apreciáveis para valores de  l menores ou da ordem de l M .

    Para os potenciais de curto alcance e uma baixa energia incidente, o momentum angular   l M  é pe-

    queno. Nestes casos pode acontecer que os únicos deslocamentos de fase  δl  não nulos, sejam aqueles

    correspondentes as primeiras ondas parciais: A onda  s (l   = 0) em baixa energia, seguida pelas ondas  s e

     p com energias um pouco maiores, etc.

    2.4 Seção de choque em termos do deslocamento de fase

    O deslocamento de fase caracteriza as modificações, do comportamento assintótico dos estados es-

    tacionários com momentum angular bem definido, causadas pelo potencial. Conhecendo-se o desloca-

    mento de fase será possível determinar a seção de choque. Para demonstrar isso, deve-se expressar o

    estado estacionário v(dif f  )k 

      (r) em termos das ondas parciais, e calcular a amplitude de espalhamento desta

    maneira.

    2.4.1 Estados estacionários espalhados a partir de ondas parciais

    Devemos encontrar uma superposição linear de ondas parciais cujo comportamento assintótico seja

    da forma

    v(di f )k 

      (r)   ≃r →∞

    eikz +   f k (θ, ϕ)eikr 

    r   (2.58)

    Desde que o estado estacionário é um autoestado do Hamiltoniano  H , a expansão de  v(dif f  )k 

      (r) envolve

    somente ondas parciais tendo a mesma energia   2k 2/2 µ. Note também que no caso de um potencial

    central   V (r ), o problema de espalhamento que estamos investigando é simétrico com respeito a umarotação do feixe incidente em torno do eixo  z. Consequentemente, a função de onda do espalhamento

    estacionário  v(dif f  )k 

      (r) é independente do ângulo azimutal  ϕ, então esta expansão inclui somente ondas

    parciais para as quais m é zero. Finalmente, temos uma expressão da forma:

    v(di f )k 

      (r)   =∞

    l=0

    C lϕ̃k ,l,0(r) .   (2.59)

    Então o problema consiste em determinar os  C l

    2.4.2 Argumento Intuitivo

    Quando   V (r )   =  0, a função de onda   v(di f )k 

      (r) reduz-se a uma onda plana   eikz e as ondas parciais

    tornam-se ondas esféricas livres, ou seja,

    v(di f )k 

      (r) →  eikz e ϕ̃k ,l,0(r) → ϕ(0)k ,l,0(r) .   (2.60)

    Vimos que

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    2.4. Seção de choque em termos do deslocamento de fase 

    •   para V (r )   0,  v(di f )k 

      (r) inclui uma onda divergente e uma onda plana;

    •  ϕ̃k ,l,0(r) difere de ϕ(0)k ,l,0(r) no seu comportamento assintótico somente pela presença da onda saindo,

    a qual tem a mesma dependência radial da onda espalhada. Esse termo da onda incidente possui o

    termo do deslocamento de fase.

    Portanto, os coeficientes da expansão (2.58) seja os mesmo da da (2.36), com isso, temos

    v(di f )k 

      (r)   =∞

    l=0

    il 

    4π(2l + 1)ϕ̃k ,l,0(r) .   (2.61)

    2.4.3 Dedução explicita dos termos da expansão

    Mostraremos que (2.61) é defato a expansão correta. Para isso, temos que

    l=0

    il  4π(2l + 1)ϕ̃k ,l,0(r)   ≃r →∞∞l=0

    il 

    4π(2l + 1)Y 0l (θ )e−ikr eilπ/2 − eikr e−ilπ/2e2iδl

    2ir 

    Note ainda que:

    e2iδl = cos(2δl) + i sen(2δl)

    = 1 − 2sen2(δl) + 2i sen(δl)cos(δl)= 1 + 2sen(δl) [− sen(δl) + i cos(δl]

    = 1 + 2i sen(δl) [i sen(δl) + cos(δl]= 1 + 2i sen(δl)e

    iδl

    Substituindo na expressão anterior

    2.4.4 Obtenção da Expansão

    l=0

    il  4π(2l + 1)ϕ̃k ,l,0(r)   ≃r →∞∞

    l=0

    il 

    4π(2l + 1)Y 0l (θ )×

    e−ikr eilπ/2 − eikr e−ilπ/22ir 

    −  eikr 

    r · 1

    k · e−ilπ/2eiδl sen(δl)

    Como, vimos

    ϕ(0)k ,l,m

    (r)   =

     2k 2

    π  jl(kr ) Y 

    ml   (θ, ϕ)

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    2.4. Seção de choque em termos do deslocamento de fase 

    eikz =

    ∞l=0

    il 

    4π(2l + 1) jl(kr )Y 0l (θ )

    =

    ∞l=0

    il 

    4π(2l + 1)

       π

    2k 2ϕ

    (0)k ,l,m

    (r)

    Entretanto como a expansão assintótica de  ϕ(0)k ,l,m

    (r) é dada por

    ϕ(0)k ,l,m

    (r)   ≃r →∞

    − 

    2k 2

    π  Y 0l (θ )

    e−ikr eilπ/2 − eikr e−ilπ/22ikr 

    então

    eikz ≃r →∞

    −∞

    l=0

    il 

    4π(2l + 1)

       π

    2k 2

     2k 2

    πY ml   (θ, ϕ)×

    e−ikr eilπ/2 − eikr e−ilπ/22ikr 

    Portanto, o termo eikz é identificado como,

    eikz ≃r →∞

    − ∞l=0

    il 

    4π(2l + 1)Y 0l (θ )e−ikr eilπ/2 − eikr e−ilπ/2

    2ikr .

    2.4.5 Forma da Expansão

    Portanto, a expansão das ondas parciais é:∞

    l=0

    il 

    4π(2l + 1)ϕ̃k ,l,0(r)   ≃r →∞

    eikz +   f k (θ )eikr 

    r   (2.62)

    na qual usamos o fato de que:  e−ilπ/2 = (

    −i)l = (1/i)l, para escrever

     f k (θ )   = 1k 

    ∞l=0

     4π(2l + 1)eiδl sen(δl)Y 

    0l (θ ) (2.63)

    2.4.6 Cálculo da Seção de Choque

    A seção de choque diferencial de espalhamento é

    σ(θ )   = | f k (θ )|2 = 1k 2

    ∞l=0

     4π(2l + 1)eiδl sen(δl)Y 

    0l (θ )

    2

    (2.64)

    e portanto, a seção de choque é dada pela integral sobre todo o ângulo sólido d Ω

    σ   =

       d Ω σ(θ )  =

     1k 2

    ∞l=0

    ∞l′=0

    4π 

    (2l + 1)(2l′  + 1)ei(δl−δl′ )×

    sen(δl)sen(δl′) 

      d Ω Y 0l′ (θ )Y 0l (θ ) (2.65)

    Como os harmônicos esféricos são ortonormais, obtemos:

    σ   = 4π

    k 2

    ∞l=0

    (2l + 1)sen2(δl)   =∞

    l=0

    σl   (2.66)

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