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Crescimento por Condensação 1
4 - Crescimento por Condensação
Anteriormente foi mostrado que uma pequena solução de gotículas tem que
exceder o valor crítico R* e S*para crescer e se tornar uma gota de nuvem. Sendo que
antes e depois da gotícula atingir o tamanho critico, ela cresceria por difusão das
moléculas de vapor água para a superfície. Agora vamos estudar a taxa de crescimento
por difusão de uma simples gota e depois para uma população onde elas têm que
competir pela umidade disponível.
Assumindo uma gota estacionária de raio r e com taxa de crescimento dr/dt.
O crescimento desta gotícula será a partir da difusão do vapor d’água do
ambiente, onde a temperatura da gota é Tr, a densidade de vapor d’água na superfície
da gota é ρvr, a temperatura do ambiente é T∞ e a densidade de vapor d’água do
ambiente é ρv∞. Finalmente, assumimos que não existe interação entre as gotículas, ou
seja, elas estão isoladas.
Aplicando a lei de difusão ou lei Fick, temos:
dr
dDF vw
ρ=
onde D é o coeficiente de difusão do vapor d’água no ar.
Analisando o fluxo de massa ou a taxa de transporte de massa através da
superfície esférica, temos:
Crescimento por Condensação 2
dt
dmccteFrT
AreaxFluxoT
ww
w
====
=
*4 2π
sendo que a qualquer raio R distante da gota, o fluxo de massa através das bordas é
constante e isotrópico. Porém a taxa de crescimento da gotícula, dr/dt, não é constante.
*4 2 cdR
dDr
dt
dm v == ρπ
∫∫∞
=∞ r
r
v R
dRcdD
vr
2*4
ρ
ρ
ρπ
=>=−∞ rc
D vrv*
)(4 ρρπ
)(4* vrvrDc ρρπ −= ∞
)(4 vrvrDdtdm ρρπ −= ∞ (1)
esta é a equação de crescimento por difusão de vapor para uma gota isolada embebida
em um ambiente com vapor d’água.
Ela expressão mostra que uma gota irá crescer se vrv ρρ >∞ e irá evaporar se
vrv ρρ
Crescimento por Condensação 3
dt
dmLdq v= (2)
assumindo que o calor é dissipado através da condução, temos que o calor é
dR
dTKRdq 24π−= (3)
onde K é a condutividade términca. Logo a partir das equações 2 e 3 podemos
encontrar a taxa de crescimento da massa baseado no gradiente de temperatura entre a
gota e o ambiente.
*14 2 cdt
dmLdQ
dR
dTKR v ===− π
dR
dTKRc 24*1 π−=
∫∫∞∞
=−r
T
Tr R
dRcRKdT 2*14π
r
c
rcTTK r
*1)
11(*1)(4 =−∞
=− ∞π
v
r
L
rTTK
dt
dm )(4 ∞−= π (4) Eq. de Condução de Calor
Utilizando as equações de Clausius Clapeyron e Kohler e as equações de Difusão e
Condução podemos resolver a equação de crescrimento (dr/dt):
−=
−==
∞∞
∞∞
rv
vs
rv
vssrrr TTR
Le
TTR
LTeeTe
11exp
11exp)()( (5)
(eq. CC)
e a equação do efeito de curvatura:
Crescimento por Condensação 4
31
r
b
r
a
e
e
s
r −+= (6) (eq. Kohler)
Iniciando com a eq. de difusão temos:
)(4 vrvrDdt
dm ρρπ −= ∞
dt
drr
dt
drrr
dt
d
dt
dm
rm
ll
l
223
3
433
4
3
43
4
πρπρρπ
ρπ
==
=
=
dt
drrrD lvrv
24)(4 πρρρπ =−∞
)( vrvl
D
dt
drr ρρ
ρ−= ∞
−=
=
∞
∞
r
r
vl T
e
T
e
R
D
dt
drr
RTe
ρ
ρ
)(
1~
1,min
rvl
r
eeTR
D
dt
drr
TTdoassu
−= ∞∞
∞
ρ
(7)
similarmente para a equação de condução temos:
)( ∞−= TTLK
dt
drr r
vlρ (8)
Crescimento por Condensação 5
Lembrando que a Saturação ambiente é: ∞
∞=se
eS
Utilizando a eq. De difusão (7), temos:
)(
)(
)(
rsvl
rs
s
vl
rvl
eSeTR
D
dt
drr
eee
e
TR
D
dt
drr
eeTR
D
dt
drr
−=
−=
−=
∞∞
∞∞
∞
∞
∞∞
ρ
ρ
ρ
Porém queremos expressar esta equação em termos de ∞s
sr
s
sr
e
eou
e
e
∞∞
∞∞ −=−= s
s
rrs
vl ee
eSeSe
D
TR
dt
drr )()(
ρ
Mas
−=
−=
∞
∞
∞
∞
∞
∞
dt
drr
De
TRSee
e
e
Xe
dt
drr
De
TRS
e
e
s
vlsrsr
s
r
sr
s
vl
s
r
ρ
ρ
−=∞
∞
∞ dt
drr
De
TRS
e
e
e
e
s
vl
r
sr
s
sr ρ (8)
Agora utilizando a eq. de CC temos
Crescimento por Condensação 6
( )
−≅
−=
−= ∞
∞∞
∞
∞∞
∞∞ TTTR
Le
TT
TT
R
Le
TTR
Lee r
v
vs
r
r
v
vs
rv
vssr 2expexp
11exp
Assumindo que ex =1+x, para x
Crescimento por Condensação 7
definindo Fk=c1 como o termo termodinâmico que está associado a condução de calor
e
Fd=c2 com o termo de difusão do vapor.
sr
rkd
sr
r
e
eFF
e
eS
dt
drr
+
−= (10)
note que não existe crescimento da gota até que exista saturação, sr
r
e
e, se a temperatura
do ambiente for fixa.
Se 1=sr
r
e
e, temos
dk FF
S
dt
drr
+−= 1
Integrando de um tempo inicial = 0 a um determinado tempo t, temos que a gotícula
saira de um raio r0 até um raio r(t)
∫∫ +−=
t
dk
tr
r
dtFF
Srdr
0
)(
0
1
tFF
Srtr
dk
+−+= 12)( 20
2
tFF
Srtr
dk
+−+= 12)( 20 (12)
Crescimento por Condensação 8
A eq 12, descreve a curva parabólica de crescimento por condensação. Para pequenos
intervalos de tempo, a taxa de crescimento é rápido (tabela abaixo)
Tabela – Adaptação de Mason (1971). Tempo gasto em segundos para uma gotícula
composta de NaCl crescer inicialmente de 0,75 microns. Cada coluna representa CCN
com massas distintas.
Raio (µm) 10-14 g 10-13 g 10-12 g
1 2,4 0,15 0,013
2 130 7 0,61
4 1000 320 62
10 2700 1800 870
20 8500 7400 5900
30 17500 16000 14500
50 44500 43500 41500
Por outro lado, podemos também utilizar essa equação para calcular a taxa de
evaporação (S < 1 e logo dr/dt < 0) de uma gotícula. Este processo é rápido para gotas
que tem CCNs grandes inicialmente. Basicamente um CCN grande necessita de uma
menor Supersaturação para crescer. Neste sentido podemos modificar a eq (12) para
levar em conta o efeito de curvatura e da solução:
sr
skd e
eFF
r
b
r
aS
dt
drr
+
+−−=
3)1(
(13)
quando as gotas são pequenas (r < 10 microns) os efeitos de 3r
b
r
a + são importantes,
mas para gotas maiores (S-1) é dominante.
Nas 4 figuras abaixo é possivel observar o efeito das partículas pequenas, ou seja,
dr/dt alto, o que implica em um crescimento rápido. Porém a medida que elas ficam
Crescimento por Condensação 9
maiores, a mesma quantidade de vapor não é suficiente para aumentar a gotícula na
mesma taxa. Por outro lado, é também importante mostrar que na presença de Super-
saturações altas o crescimento é bem maior também (Figuras b,d)
(a)
(b)
(c)
(d)
Crescimento por Condensação 10
Finalmente, podemos avaliar como a saturação varia a medida que as gotículas
começam a crescer de tamanho. A saturação pode ser descrita por um termo de
produção e outro de remoção. O termo de produção está associado ao processo de
levantamento adiabático e consequentemente à velocidade vertical. Já o termo de
remoção esta associado à remoção de vapor, ou seja, a condensação das gotículas de
nuvens.
Dessa maneira, temos:
CPdt
dS −= , onde P é a produção por levantamento e C a redução por condensação.
Ou
dt
dQ
dt
dzQ
dt
dS χ21 −=
Crescimento por Condensação 11
Sendo que o 1º termo é o aumento da saturação devido ao esfriamento adiabático e o segundo termo é a diminuição da saturação devido à condensação d’água. χ é o conteúdo de água líquida total. Para calcular estes termos assumimos que:
• Existe uma velocidade vertical constante (u) • Não ocorre mistura da parcela de ar com o ar ambiente, ou seja, existe uma
distribuição fixa de núcleos de condensação (NCN) e estes estão associados com uma gotícula e um NCN.
1º Passo:
Não há condensação, logo , 0=dt
dχ
dt
dzQ
dt
dS1=⇒ (1)
, lembrando que se
eS =
−==⇒
dt
dee
dt
dee
edt
eed
dt
dS ss
s
s2
1)/((1)
Porém ε
ε wpep
ew s =⇒=
Portanto
(1a)
=ε
wp
dt
d
dt
de, como não há condensação w = constante
dt
dz
gRT
pw
dt
dz
g
w
dt
dz
dz
dpw
dz
dz
dt
dpw
dt
dpw
dt
de RTp
gdz
dp
dz
dzx
ερ
εεεερ
ρ
− →− →=→=⇒=−=
dt
dz
RT
ge
dt
de −=⇒
Assim 1a torna-se
dt
dz
RT
ege
dt
dee ss −=⇒
(1b)
dt
dz
dz
dT
dT
de
dz
dz
dt
dT
dT
de
dt
dT
dT
de
dT
dT
dt
de
dt
de ssdzdz
xssdT
dTx
s =→=→⇒
Sendo que
pd
v
svs
c
g
dz
dT
TR
eLClapeyronClausius
dT
de
−=Γ=
=→ 2.
Crescimento por Condensação 12
dt
dz
c
g
TR
eL
dt
de
pv
svs2−=
Portanto temos que 2a � dt
dz
c
g
TR
eLe
dt
dee
pv
svs2−=
Inserindo 1a e 1b temos:
dt
dz
c
g
TR
L
RT
g
e
ee
dt
dz
c
g
TR
eLe
dt
dz
RT
ege
edt
Sd
pv
v
s
s
pv
svs
s
+−=
+−= 22221
dt
dz
RcTR
L
T
Sg
dt
dz
RT
g
c
g
TR
LS
dt
dz
c
g
TR
L
RT
g
e
e
dt
Sd
pv
v
pv
ve
eS
pv
v
s
s
−=
− →
+−== 11
22
Mas ε=R/Rv
dt
dz
cT
L
RT
Sg
dt
dz
RcRT
L
T
Sg
dt
Sd
p
v
p
v
−=
−= 1111 εε
Sendo assim, temos que:
−= 11p
v
Tc
L
RT
SgQ
ε
2º Passo: Temos somente condensação,
dt
dwQ
dt
dQ
dt
Sd22 −=−=
χ (2)
ctePdt
dee
dt
dee
ee
e
dt
d ss
ss
=
−=
,
12
Sendo que
dt
dwpwp
dt
d
dt
de
εε=
=
e
dt
dw
dw
dT
dT
de
dw
dw
dT
dT
dt
de
dt
de sss ==
CCdT
des .= � (2a)
Lembrando que da 1º e da 2º lei da termodinâmica em um processo isobárico temos:
p
vdppv c
L
dw
dTdpdTcdwLdQ −= →−=−= =0,α
Então temos que:
dt
dw
TRc
eL
dt
dw
c
L
TR
eL
dt
de
vp
sv
p
v
v
svs2
2
2 −=
−= � (2b)
Logo, inserindo 2a e 2b em 2
Crescimento por Condensação 13
dt
dwS
pTc
LS
e
RT
dt
dwS
pTc
L
e
e
e
RT
dt
dwS
pTc
L
e
e
e
RT
dt
dS
dt
dwS
pTc
L
e
RT
dt
dw
e
e
pTc
L
e
RT
dt
dw
P
e
Tc
LRT
edt
dS
dt
dw
PTc
eLRT
edt
dw
P
R
TcR
eLRT
edt
dS
dt
dw
cTR
eLRT
edt
dw
cTR
Le
p
edt
dS
dt
dw
cTR
eLe
dt
dwpe
edt
dee
dt
dee
ee
e
dt
d
dt
dS
p
v
p
v
sp
v
s
p
v
s
e
eS
sp
v
sp
v
s
p
v
s
R
R
pv
v
s
R
PT
pv
v
s
RTp
pv
v
s
pv
svs
s
ss
ss
s
v
+=
+=
+=
+ →
+=
+=
+ →
+ →
+ →
+=
+=
−=
=
=
==
=
222
222
22
2
2
2
2
2
2
22
11
11
11
εε
ρεε
ρεε
ρ
εε
ρεε
ρεε
ρ
ρεε
ρρε
ρ
ερ
ε
ε
ερ
ρ
dt
dw
pTc
L
e
RTS
dt
dS
p
v
+=→2ε
ερ
Portanto, temos que Q2
+=pTc
L
e
RTSQ
p
v2
2
εε
ρ
Sendo assim a taxa de variação da saturação pode ser expresso como:
dt
d
pTc
L
e
RTS
dt
dz
Tc
L
RT
Sg
dt
dQ
dt
dzQ
dt
dS
p
v
p
v χεε
ρεχ
+−
−=−=2
21 1
Então, utilizando a equação de crescimento da gotícula com o efeito da saturação, curvatura e soluto, ou seja,
dk FFr
b
r
aS
dt
drr
+
+−−=
3)1(
e a equação da variação da saturação, podemos avaliar a evolução do espectro de gotículas, a partir da definição de uma distribuição de NCN e uma velocidade vertical. Por exemplo, assumindo uma velocidade vertical (dz/dt) de 15 cm/s e uma concentração de NCN moderado na base da nuvem, Mordy (1959) apresentou os seguintes resultados, Figura 1.
Crescimento por Condensação 14
Figura 1. Crescimento de gotículas de nuvens (curva contínua preta) para diferentes massas e variação da super-saturação acima da base da nuvem (Adaptado de Mordy, 1959) (linha tracejada em vermelho) Destas simulações os seguintes resultados podem ser concluidos:
• As gotículas pequenas se movem com o ar a uma velocidade de 15 cm/s, porém as maiores não;
• Todas as gotículas começam a crescer a medida que elas ascendem na base da nuvem, umas com maior eficiência do que as outras.
• A super-saturação (SS) aumenta e tem uma máximo de 0,5% aproximadamente a 10 m acima da base da nuvem. Basicamente, o termo de produção (Q1xdz/dt) proporciona um aumento da saturação, entretanto várias gotículas começam a se formar (condensação) até um ponto que o termo de produção não vence a quantidade de vapor condensada. Adicionalmente, observa-se um segundo máximo da S entre 50 e 70 m acima da nuvem. Basicamente, as gotículas pequenas (
Crescimento por Condensação 15
Figura 2. Caracteristicas do crescimento de gotículas de nuvens em uma nuvem com corrente ascendente de 0,5 m/s (azul) e 2 m/s (vermelho) a partir da base da nuvem, ou seja, quando a saturação é 1,0.
• A saturação é maior para uma parcela de ar com velocidade vertical maior. Basicamente com o aumento da velocidade vertical maior é a produção de vapor. O nível de SS máxima também é mais alto, uma vez que mais partículas pequenas serão ativadas, o que irá proporcionar uma equiparação com o termo de remoção por condensação.
• A concentração de gotículas ativas é proporcional à SS, ou seja, quanto maior a
SS maior o número de particulas menores a ser ativadas. Sendo que o máximo coincide com o máximo de super-saturação. Uma vez ativadas, a concentração não varia.
• A parcela de ar com menor velocidade vertical apresenta gotículas com maior
raio, uma vez que para SS baixas, somente os NCN grandes são ativados, e o mesmo raciocínio vale para o conteúdo de água liquida