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ANO 11 -ABRIL DE 1989 - 23 Em defesa do verde Imagens de radar como esta constituem base de estudos sobre a Amazônia. Quando se fala em Amazônia o papo é todo no superlativo, porque tudo é grande: o rio, a floresta e o homem. Pois agora, o IBGE acaba de concluir seu primeiro trabalho sobre a Amazônia Legal e seus 5.011.331 ,4 km 2 , que correspondem a 59% do Território Nacio- nal. O trabalho foi tema da entrevista coletiva (dia 13), do Presidente Charles Mueller e do Diretor de Geociências, Mauro Pereira de Mello. Na ocasião, o Presidente enfatizou a opor- tunidade desse trabalho, num momento em que todas as atenções se voltam para a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Para ele, este é o primeiro degrau na grande escalada de reconhecimento do nosso território. Os levantamentos e análises feitos pela DGC cobriram toda a Amazônia Legal, que é formada pelos estados da Região Norte (Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá e grande parte do recém-criado Estado do Tocantins), além do Mato Grosso e de parte do Maranhão. O espaço amazônico foi analisado segundo seu relevo, vegetação, solo e geologia. Ca- da um desses temas gerou um relatório e um mapa . Relatório analítico e o mapa do zonea- mento (na escala 1:2.500.000) das potencialidades naturais da região completam a caracte- rização do território. Esse gigantesco trabalho foi feito a pedido da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia- SUDAM e mostra todas as áreas passíveis ou não de utilização econômica. Ele também aponta as melhores opções de uso do território, isto é, quais são as áreas mais indicadas para a agropecuária, mineração, extrativismo vegetal, reflorestamento e explo- ração madeireira. Dessa forma, pôde-se demarcar, também, aqueles espaços que, por suas características ambientais, devem ser preservados ou conservados. O Programa Nossa Natureza, do Governo Federal, lançou suas sementes por todo o solo brasileiro, não como uma resposta às interferências estrangeiras na nossa política ambiental, mas também como uma convocação geral em defesa do nosso Verde. (Leia Editorial.) Saiu o resultado do con- curso sobre a Campanha de Prevenção da AIDS. Os ven- cedores for am Luís Guilher- me da Mota Pereira, do DRG-Goiás, autor da me- lhor frase, e Marco Santos, da CCS, que elaborou a mensagem visual escolhida para ilustrar o cartaz da Campanha. (Página 6.) A Gerência de Medicina do Trabalho continua esclare- cendo dúvidas sobre a Sín- drome de Imunodeficiência Adquirida na seçao AIDS NÃO. Se você tem qualquer pergunta a fazer sobre a AIDS escreva para o GEMET - Av. Beira Mar, 436 - 4? andar - CEP 20021 - Rio de Janeiro-RJ. O índio não quer mais ser considerado "folclore" ou como figura exótica. Ele quer "apitar" nas decisões que envolvam a sua sobrevivência ou do meio em que vive. Pa- ra não entrar na relação de espécies em ex- tinção, ele vai à luta pelo direito de viver em sua terra, com dignidade. (Editorial e Pági- na 8.) Quem sabe realmente usar os Correios? De avião, caminhão ou outro meio qual- quer, o importante é que a sua carta chegue . .. e o mais rápido possível. Para que isso aconteça, a sua ajuda é sempre bem-vinda. Por exemplo, nunca se esqueça de colocar o CEP e usar envelopes RPC - Recomen- dados pelos Correios -, pois isto simplifica o trabalho da Empresa Brasileira de Cor- reios e Telégrafos. Com uma série de serviços em pl eno fun- cionamento e outros em fase de implan- tação, a ECT completou 20 anos em mar - ço. Saiba um pouco mais de sua história, seus servi ços e de como usar corretamente os Correios nas páginas 4 e 5. Presidente fala no Congresso N acionai O Presidente do IBGE, Charles Curt Mueller, fez uma exposição sobre índices de preços e indexador na Comissão de Econo- mia, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, em Brasflia. "Um convite que faz reforçar a existência da imagem de credibilidade do IBGE e da sua política de portas abertas", afirmou no início da apre- sentação . No final da sessão, que aconteceu no dia 6 de abril, o Presidente da Comissão, Depu- tado Ricardo Fiuza (PFL/PE), criou uma subcomissão "para analisar, em três sema- nas, todos os documentos aqui apresenta- dos", ficando o IBGE à disposição para es- clarecimentos. Essa subcomissão tem como membros os Deputados Delfim Netto (PDS / SP), Osmundo Rebouças (PMDB/CE), Vladimir Palmeira (PT /RJ) e Jorge Hage (PSDB/BA), este último autor da proposta que à mesma subcomissão a incumbência de elaborar um anteprojeto "para começar a tramitar na Casa, discipli- nando a utilização do indexador. Para que o Congresso se pronuncie e legisle sobre a questão" . Nada de fraude Charles Mueller refutou com veemência as "insinuações apócrifas de fraude e sabo- tagem", ressaltando que "dois episódios re- centes não tiveram proporções maiores graças à sólida folha de trabalho do IBGE, ao longo destes mais de 50 anos". Ele se re- feria a denúncias de "sabotagem" que surgi- ram quando foram divulgados os resultados preliminares do IPC de março e a acusações de manipulação em função da implantação do Plano Verão. - Num sistema que conta com 300 Agentes de Coleta e um número elevado de digitadores, analistas de sistemas, progra- madores, analistas de preços, todos super- visionados por chefias em diversos níveis, a fraude exigiria uma conspiração em escala monumental, fácil de ser detectada, portan- to ( ... ) . também o elevado senso de missão presente no corpo técnico. (...) Quem conhece o orgulho profissional des- ses técnicos, não pode conceber o seu en - volvimento na falsificação do IPC ou de qualquer outro índice càlculado pelo IBGE. Duas teses defensáveis Para o indexador, apontou dois cami- nhos: "Oficializar a sacralização do !PC ou aceitar que o indexador pode ser alterado, determinando, claramente, as regras que guiaram essas alterações". No primeiro ca- so, mudanças para aprimoramento e se esta, por hipótese, fosse a posição dos seg- mentos mais expressivos da sociedade, "se- ria desejável" a institucionalização do índice oficial, cabendo "ao Congresso Nacional examinar e votar uma lei estabelecendo isso claramente, em entendimento com o Exe- cutivo". É "também defensável" a tese de o indexador ser um instrumento de política econômica, como em diversos países. E, aí, alterações são admitidas, pois que o indexa- dor estaria a serviço dessa política econômi- ca, para neutralizar ou baixar a inflação, por exemplo . - argumentos sólidos a favor dessa posição. Seria fundamental que se esta.bele- cessem, também em lei, as regras básicas que regulariam as mudanças no índice ofi- cial. De qualquer forma, os episódios recentes "tornam recomendável" que se estabeleça, também de forma institucional, um meca- nismo de verificação que possibilite à socie- dade se assegurar da total lisura dos proce- dimentos do IBGE na obtenção do indexa- dor oficial: "Estou absolutamente tranqüilo quanto a esta lisura, mas, no contexto de uma institucionalização do indexador, não deveria caber ao Presidente do IBGE a últi- ma palavra sobre o assunto". O documento, com a exposição do Presi- dente do IBGE na Câmara, encontra-se à disposição dos interessados na Coordena- doria de Comunicação Social. POF sai em maio O Presidente anunciou no Congresso que os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares serão divulgados em maio. Esses resultados formarão a nova estrutura de pe - sos dos nossos índices a partir de junho . Assim , por exemplo, a a li mentação , que chegava a representar cerca de 45% da despesa familiar, continuará a ser o peso maior, mas ficará em torno dos 38% do to- tal do orçamento das famílias . Ele anunciou, também , que o projeto "Caminho dos Índices" foi estendido para a imprensa de Brasília: "Este é um projeto de inquestionável importância, pois uma im- prensa cada vez mais bem informada a res- peito dos nossos trabalhos é um caminho seguro para cada vez melhor informarmos à sociedade que nos financia". Na mesma semana, no dia 4 de abril, quem se apresentou no Congresso Nacio- nal, na Comissão do Trabalho, foi o Diretor de Pesquisas, Lenildo Fernandes Silva. Ele falou sobre o programa de trabalho do IBGE, detalhou as pesquisas por nós produ- zidas que têm a ver com o tema trabalho e fez uma exposição sobre os nossos índices e a diferença de um índice de preços e de um indexador. Na oportunidade, Lenildo de- fendeu com veemência "a lisura dos proce- dimentos da Instituição", destacando "a probidade e competência do quadro técni- co, o que é reconhecido em âmbi to naci o- nal e internacional".

N~ Em defesa do verde - IBGE | Portal do IBGE | IBGE · Presidente fala no Congresso N acionai O Presidente do IBGE, Charles Curt Mueller, fez uma exposição sobre índices de preços

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Page 1: N~ Em defesa do verde - IBGE | Portal do IBGE | IBGE · Presidente fala no Congresso N acionai O Presidente do IBGE, Charles Curt Mueller, fez uma exposição sobre índices de preços

ANO 11 -ABRIL DE 1989 - N~ 23

Em defesa do verde Imagens de radar como esta constituem base de estudos sobre a Amazônia.

Quando se fala em Amazônia o papo é todo no superlativo, porque lá tudo é grande: o rio, a floresta e o homem. Pois agora, o IBGE acaba de concluir seu primeiro trabalho sobre a Amazônia Legal e seus 5.011.331 ,4 km2

, que correspondem a 59% do Território Nacio­nal.

O trabalho foi tema da entrevista coletiva (dia 13), do Presidente Charles Mueller e do Diretor de Geociências, Mauro Pereira de Mello. Na ocasião, o Presidente enfatizou a opor­tunidade desse trabalho, num momento em que todas as atenções se voltam para a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Para ele, este é o primeiro degrau na grande escalada de reconhecimento do nosso território.

Os levantamentos e análises feitos pela DGC cobriram toda a Amazônia Legal, que é formada pelos estados da Região Norte (Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá e grande parte do recém-criado Estado do Tocantins), além do Mato Grosso e de parte do Maranhão.

O espaço amazônico foi analisado segundo seu relevo, vegetação, solo e geologia. Ca­da um desses temas gerou um relatório e um mapa. Relatório analítico e o mapa do zonea­mento (na escala 1:2.500.000) das potencialidades naturais da região completam a caracte­rização do território.

Esse gigantesco trabalho foi feito a pedido da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia- SUDAM e mostra todas as áreas passíveis ou não de utilização econômica. Ele também aponta as melhores opções de uso do território, isto é, quais são as áreas mais indicadas para a agropecuária, mineração, extrativismo vegetal, reflorestamento e explo­ração madeireira. Dessa forma, pôde-se demarcar, também, aqueles espaços que, por suas características ambientais, devem ser preservados ou conservados.

O Programa Nossa Natureza, do Governo Federal, lançou suas sementes por todo o solo brasileiro, não só como uma resposta às interferências estrangeiras na nossa política ambiental, mas também como uma convocação geral em defesa do nosso Verde. (Leia Editorial.)

Saiu o resultado do con­curso sobre a Campanha de Prevenção da AIDS. Os ven­cedores foram Luís Guilher­me da Mota Pereira, do DRG-Goiás, autor da me­lhor frase, e Marco Santos, da CCS, que elaborou a mensagem visual escolhida para ilustrar o cartaz da Campanha. (Página 6.)

A Gerência de Medicina do Trabalho continua esclare­cendo dúvidas sobre a Sín­drome de Imunodeficiência Adquirida na seçao AIDS NÃO. Se você tem qualquer pergunta a fazer sobre a AIDS escreva para o GEMET - Av. Beira Mar, 436 - 4? andar - CEP 20021 - Rio de Janeiro-RJ.

O índio não quer mais ser considerado "folclore" ou como figura exótica. Ele quer "apitar" nas decisões que envolvam a sua sobrevivência ou do meio em que vive. Pa­ra não entrar na relação de espécies em ex­tinção, ele vai à luta pelo direito de viver em sua terra, com dignidade. (Editorial e Pági­na 8.)

Quem sabe realmente usar os Correios?

De avião, caminhão ou outro meio qual­quer, o importante é que a sua carta chegue . .. e o mais rápido possível. Para que isso aconteça, a sua ajuda é sempre bem-vinda. Por exemplo, nunca se esqueça de colocar o CEP e usar envelopes RPC - Recomen­dados pelos Correios -, pois isto simplifica o trabalho da Empresa Brasileira de Cor­reios e Telégrafos.

Com uma série de serviços em pleno fun­cionamento e outros em fase de implan­tação, a ECT completou 20 anos em mar­ço. Saiba um pouco mais de sua história , seus serviços e de como usar corretamente os Correios nas páginas 4 e 5 .

Presidente fala no Congresso N acionai O Presidente do IBGE, Charles Curt

Mueller, fez uma exposição sobre índices de preços e indexador na Comissão de Econo­mia, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, em Brasflia. "Um convite que só faz reforçar a existência da imagem de credibilidade do IBGE e da sua política de portas abertas", afirmou no início da apre­sentação.

No final da sessão, que aconteceu no dia 6 de abril, o Presidente da Comissão, Depu­tado Ricardo Fiuza (PFL/PE), criou uma subcomissão "para analisar, em três sema­nas, todos os documentos aqui apresenta­dos", ficando o IBGE à disposição para es­clarecimentos. Essa subcomissão tem como membros os Deputados Delfim Netto (PDS / SP), Osmundo Rebouças (PMDB/CE), Vladimir Palmeira (PT /RJ) e Jorge Hage (PSDB/BA), este último autor da proposta que dá à mesma subcomissão a incumbência de elaborar um anteprojeto "para começar a tramitar na Casa, discipli­nando a utilização do indexador. Para que o Congresso se pronuncie e legisle sobre a questão" .

Nada de fraude

Charles Mueller refutou com veemência as "insinuações apócrifas de fraude e sabo­tagem", ressaltando que "dois episódios re­centes só não tiveram proporções maiores graças à sólida folha de trabalho do IBGE,

ao longo destes mais de 50 anos" . Ele se re­feria a denúncias de "sabotagem" que surgi­ram quando foram divulgados os resultados preliminares do IPC de março e a acusações de manipulação em função da implantação do Plano Verão.

- Num sistema que conta com 300 Agentes de Coleta e um número elevado de digitadores, analistas de sistemas, progra­madores, analistas de preços, todos super­visionados por chefias em diversos níveis, a fraude exigiria uma conspiração em escala monumental, fácil de ser detectada, portan­to ( ... ) . Há também o elevado senso de missão presente no corpo técnico. ( .. . ) Quem conhece o orgulho profissional des­ses técnicos, não pode conceber o seu en­volvimento na falsificação do IPC ou de qualquer outro índice càlculado pelo IBGE.

Duas teses defensáveis

Para o indexador, apontou dois cami­nhos: "Oficializar a sacralização do !PC ou aceitar que o indexador pode ser alterado, determinando, claramente, as regras que guiaram essas alterações". No primeiro ca­so, mudanças só para aprimoramento e se esta, por hipótese, fosse a posição dos seg­mentos mais expressivos da sociedade, "se­ria desejável" a institucionalização do índice oficial, cabendo "ao Congresso Nacional examinar e votar uma lei estabelecendo isso

claramente, em entendimento com o Exe­cutivo". É "também defensável" a tese de o indexador ser um instrumento de política econômica, como em diversos países. E, aí, alterações são admitidas, pois que o indexa­dor estaria a serviço dessa política econômi­ca, para neutralizar ou baixar a inflação, por exemplo.

- Há argumentos sólidos a favor dessa posição. Seria fundamental que se esta.bele­cessem, também em lei, as regras básicas que regulariam as mudanças no índice ofi­cial.

De qualquer forma , os episódios recentes "tornam recomendável" que se estabeleça, também de forma institucional, um meca­nismo de verificação que possibilite à socie­dade se assegurar da total lisura dos proce­dimentos do IBGE na obtenção do indexa­dor oficial: "Estou absolutamente tranqüilo quanto a esta lisura, mas, no contexto de uma institucionalização do indexador, não deveria caber ao Presidente do IBGE a últi­ma palavra sobre o assunto" .

O documento, com a exposição do Presi­dente do IBGE na Câmara, encontra-se à disposição dos interessados na Coordena­doria de Comunicação Social.

POF sai em maio

O Presidente anunciou no Congresso que os resultados da Pesquisa de Orçamentos

Familiares serão divulgados em maio . Esses resultados formarão a nova estrutura de pe­sos dos nossos índices já a partir de junho. Assim, por exemplo, a alimentação, que chegava a representar cerca de 45% da despesa familiar, continuará a ser o peso maior, mas ficará em torno dos 38% do to­tal do orçamento das famílias .

Ele anunciou, também, que o projeto "Caminho dos Índices" foi estendido para a imprensa de Brasília: "Este é um projeto de inquestionável importância, pois uma im­prensa cada vez mais bem informada a res­peito dos nossos trabalhos é um caminho seguro para cada vez melhor informarmos à sociedade que nos financia".

Na mesma semana, no dia 4 de abril, quem se apresentou no Congresso Nacio­nal, na Comissão do Trabalho, foi o Diretor de Pesquisas, Lenildo Fernandes Silva. Ele falou sobre o programa de trabalho do IBGE, detalhou as pesquisas por nós produ­zidas que têm a ver com o tema trabalho e fez uma exposição sobre os nossos índices e a diferença de um índice de preços e de um indexador. Na oportunidade, Lenildo de­fendeu com veemência "a lisura dos proce­dimentos da Instituição", destacando "a probidade e competência do quadro técni­co, o que é reconhecido em âmbito nacio­nal e internacional".

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EDITORIAL

Ecologistas de todo o mundo são unânimes no diagnóstico: o planeta está doente. Desastres ecológicos vêm acontecendo em ritmo quase diário . A Natureza manda um .SOS ao seu filho mais dileto , aquele que é o causador do próprio estado de indigência em que ela se encontra : o Homem .

No Brasil , especialmente na Amazônia, se en­contra um dos maiores santuários ecológicos da Terra . E lá , já se faz sentir o dedo de gente que , como Midas às avessas, transforma em cinzas tu­do o que toca.

Para reverter esse quadro, governo , entidades pró-ecologia e os povos da floresta se movimen­tam para conter a ação predatória ao meio am­biente e preservar os recursos naturais . Por de­terminação governamental , foi criado o Progra­ma Nossa Natureza como forma de se estruturar um sistema de proteção ambiental.

Em Altamira , povos indígenas do Xingu discu­tem assuntos referentes à própria sobrevivência e à do ambiente em que vivem. Em Rio Branco, inspirados por Chico Mendes, índios e seringuei­ros, em um fato inédito, se reúnem para tratar dos problemas que os afligem e que estão direta­mente ligados ao desmate e à exploração da Amazônia.

O IBGE participa desse esforço, realizando, pela primeira vez, a Análise e a Identificação das Potencialidades dos Recursos Naturais da Ama­zônia Legal.

A tudo isso, soma-se a participação prática e pacífica dos seringueiros , castanheiros e seus fa­miliares, que se colocam diante das motosserras e tratores impedindo o desmatamento . Até ago­ra, esta forma de manifestação salvou da destrui­ção 12 .000 km2 de matas, o que corresponde a oito vezes a cidade de São Paulo , onde já existi­ram florestas .

Resiste, Brasil. Nossos bosques só terão mais vida se em nossas vidas tivermos mais amor. .. e dete rminação .

Presidente da República José Sarney

Ministro-Chefe da Secretaria de Planeja mento e Coordenação João Batista de Abreu

Secretário-Geral Ricardo Luís Santiago ,.. -~ FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE

Presidente: Char les Curt Mue ller

Diretor-Geral: David Wu Tai

Diretor de Pesquisas: Lenildo Fernandes Si lva

Diretor de Geociências: Ma uro Pereira de Mello

Diretor de Informática: José Sant'Anna Bevilaqua

JORNAL DO IBGE

ANO 11- ABRIL DE 1989- N~ 23

Publicação mensal destinada aos funcionários do IBGE Editado pela Coordenadoria de Comunicação Social - Ave nida Franklin Rooseve lt . 194-9° andar - Rio de Janeiro - Tel. : (02 1) 220· 1222

Editora Responsável: Shirley Soares (Reg. n° 12.466 MT-RJ)

Editores-Assistentes: Sheila Riera e Francisco Alchorne

Redaçlo e Reportagem: Marco Santos, Paulo Roberto Cardoso , Lecy Delfim e Edson da Costa.

Equipe de Apolo: Fátima Santos, Gilson Costa, Paulo Villas Bôas, Andrea Rodri ­gues. Maria Goreth Sala. Nélio Machado e Robson Waldhelm

Publicidade: Tereza Cristina Millions (Responsável)

Programaçlo Gráfico-Editorial : Gerência de Editoração

Fotocomposlçio, Arte-Finalizaçio, lmpress lo e Ctrculaçio : Centro de Documentação e Disseminação de Informações - CODI/ Oepartamento de Produção Gráfica e Gen~ncia de Markeling.

Tiragem: 15.000exemplares

Permitida a transcrição total ou parcia l de matéria publicada no Jornal do IBGE, des­de que citada a fonte.

Piracicaba José Uliana , da Agência de Piracicaba , em São Paulo , conta sobre a festa que acontece e·m sua cidade.

( . .. ) Trata-se da VI Festa das Nações em Pi­racicaba a realizar-se no período de 18 a 21 de maio, no Lar Franciscano de Menores . na Av. Independência, 1.146. A festa tem por objetivo arrecadar fundos para as entidades sociais do município e é coordenada pelo Fundo Social de Solidariedade de Piracicaba. Nessa ocasião, são montadas barracas com muitos pratos típi­cos de vários países ( ... ) . O Brasil é representa­do por barracas regionais ( . . . ) . Além da comi­da , há , também , danças e músicas folclóricas.

( .. . ) Essa festa já é tradicional e faz parte do calendário turístico da cidade , e gente de toda a região vem dar sua colaboração. Está aí um convite aos colegas ibgeanos para que possam aproveitar essa oportunidade de conhecer Pira­cicaba , nesses quatro dias .

Aproveito o ensejo para parabenizá-los sobre a criação desse tipo de seção , que dará abertu­ra para que os colegas mostrem o que de bom possui suas cidades e proporcionar épocas ideais para que os outros possam conhecê-las.

JORNAL DO IBGE- Abril de 1989

Conselho técnico Ronaldo Brun de Paula , chefe da Agência de São Lourenço, foi eleito no Estado de Minas Gerais para concorrer à eleição nacional do Conselho Técnico e Curador do IBGE , que se­rá realizado no dia 28 de abril.

( . .. ) Entrei no IBGE como recenseador , tra­balhando e me aprimorando sem saber e xata­mente que o futuro me aguardava( . . . ). Agora , sou Bacharel em Administração de Empresas, formado pela Fundação Tricordiana de Educa­ção, Instituto Superior de Ciências , Letras e Ar­tes de Três Corações . Trabalho no IBGE há 11 anos , sendo nove em cargo de chefia ( ... ) . Atualmente, além das atividades no IBGE , exerço a função de Administrador Regional do Departamento da Sociedade Brasileira de Eu­biose em São Lourenço e candidato-me a re­presentante do IBGE para o Conselho Técnico.

Sugestões O nosso correspondente do Espírito Santo , Jakson Silva , manda algumas sugestões para a Promoção IBGE / Nova Fronteira .

Parabenizo o Jornal do IBGE pela Promo­ção IBGE/ Nova Fronteira e aproveito para dar algumas sugestões: vocês poderiam numerar os concursos para que pudéssemos saber para que promoção estaríamos escrevendo . Seria interessante também divulgar quantas cartas estão participando de cada concurso .

N. R .: As suas sugestões fazem parte do JI , a partir deste número.

Sonhos de uma origem negra Wanderley Gualberto de Brito , do DRG de Brasí1ia , nos conta uma história impressionante , que ele afir­ma ter vivenciado.

Sou descendente de negros do Vale do Paraná ( ... ).Tendo apenas doze anos de idade , já sonhava como se fosse um estranho personagem : um negro , cujo nome era Tiago, jovem capoeirista , que traba­lhava como escravo de uma grande fazenda no inte­rior de Goiás.

( .. . )Foi uma noite terrível o dia que sonhei que fui amarrado no curral, chicoteado até perder os senti­dos . ( ... ) e me castraram a mando do Coronel Leo­nardo, que tinha ciúmes de sua única filha. ( ... ) Mi­chele ficou conhecendo Tiago na senzala ( .. . ), apaixonou-se por ele ( .. . ) e obrigava-o a encontrar­se com ela às escondidas no celeiro da fazenda. Aca­bou ficando grávida e levando o negro à desgraça .

Todas as vezes que eu tinha estes pesadelos, grita­va com uma voz completamente diferente, em diale­to africano, e normalmente chamava por Michele. ( .. . ) Certo dia, adormeci com a Bíblia na mão ( ... ); acordei minutos depois e ouvi uma estranha venta­nia abrir a porta do prédio sem as chaves . ( ... ) subi­tamente vi na minha frente um negro velho ( ... ) . Após o susto, percebi que fisicamente era muito pa­recido comigo, conservava os olhos fechados , cami­nhou lentamente até o meu leito( .. . ) e logo que aca­bou de colocar o colar no meu pescoço , desapare­ceu numa estranha nuvem de fumaça .

( ... ) no mês do incidente , passei num concurso público ( ... ) e numa das primeiras cidades a traba­lhar foi uma bem no norte do Estado de Goiás. ( ... ) Mesmo nunca tendo estado ali , conhecia como se fosse a palma da minha mão. ( ... )Ao passar na Pra­ça da Matriz, fui abraçado violentamente por um ne­gro , ( .. . ) emocionado, chorava e gritava meu nome "Tiago".

( .. . ) Saí desesperado e sem querer acabei entran­do no cemitério . E, para minha surpresa. uma das primeiras cruzes que vi foi exatamente a de Tiago. falecido a 15/ 2/ 1884, dia do meu aniversário e data de nascimento de minha avó materna .

( .. . ) no domingo voltei a sair , mas, no momento em que fotografava uma cachoeira , percebi que co­nhecia bem aquele lugar ( ... ) , onde haviam castrado Tiago . Veio uma dor aguda nos meus testículos. Se­gui um pequeno caminho, cheguei num lugar fecha­do com altos muros de pedras ( ... ) . Assustei ao ouvir a voz de uma negra velha atrás de mim ( .. . ) . Outro susto foi quando apareceu o mesmo negro da praça. ( .. . ) O casal de velhos me contou e explicou tudo o que estava acontecendo . Eu deveria ir na antiga se­de da fazenda do falecido Coronel Leonardo . numa sexta-feira , à meia-noite, e foi o que .fiz .

Chegando na porteira , Tobias me esperava. ( .. ) Com um pequeno lampião entramos na casa , com um machado comecei a destruir um fogão de lenha e, quando era exatamente meia-noite, encontrei uma pequena caixa de metal. Ao abri-la a casa toda tremeu, os móveis antigos caíram, fui jogado numa distância de três metros e surgiu da caixa uma clari­dade tamanha que me deixou quase cego . Neste momento ouvi gritos de alegria. ( ... ) Cheguei próxi­mo ao lampião e fiquei abismado ao ver que na cai­xa se encontrava o mesmo colar que Tiago teria co­locado no meu pescoço meses atrás . E mais um livro-diário de Michele , onde conta todo o seu rela­cionamento com Tiago.

Aqui está um pequeno trecho do livro : ( . .. ) "o ho­mem que estou amando é um escravo de meu pai ( ... );eu e Tiago fizemos juras de amor , andaremos por toda a terra de pés no chão, até mostrar para o mundo a razão da verdadeira vida, nem que tenha que atingir as futuras gerações".

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JORNAL DO IBGE- Abril de 1989

Em apenas três -anos

foram criados 200 municípios

Entre 1. 0 de setembro de 1980 e 1. 0 de julho de 1985 foram criados e instalados 101 municípios em todo o país. Apenas 11 meses depois surgiram 58 novas unidades. E, daí para cá, até 1. 0 de janeiro de 1989, foram emancipados mais 202. Ou seja, pu­lamos dos 3.991 municípios, em 1980, pa­ra os atuais 4.352, em uma progressão qua­se geométrica: 159 em seis anos contra mais de 200 em menos de três anos. E mais um detalhe: já ocorreram eleições este mês em 45 municípios, que estarão instalados em 1. 0 de julho próximo, elevando o total para4.397.

- Em princípio, nos assusta a velocidade e o volume de criação de municípios, como se fosse uma represa, que, durante muitos anos, acumulou um volume de água tão grande que a abertura das comportas gerou velocidade e volume.

Esta é exatamente a imagem que o Dire­tor de Geociências, Mauro Mello, está fa­zendo no momento, atribuindo o problema à necessidade de articulação das bases parti­dárias em períodos de abertura política. Desde 1940 é constatado um maior surgi­mento de municípios nas proximidades de eleições municipais e, com pluripartidaris­mo, "prevalece o sentido político da organi­zação em detrimento do administrativo"' garante Mauro.

Novas leis

Porém, isso pode estar mudando. Até a promulgação da atual Constituição, a Lei Complementar que regulamentava a cria­ção de municípios era de competência da União, fixando critérios iguais para todos os estados e territórios. Entre esses critérios, o IBGE informava sobre população, número de casas no centro urbano e uso de topôni­mo (nome próprio de lugar). Agora, cada estado terá sua Lei Complementar. Alia-se a isso a reforma tributária, que responsabili­za os estados pela gerência dos recursos a serem distribuídos para os municípios:

- O estado passa a ter uma noção de li­mites muito mais clara e vai procurar obstar a proliferação de unidades municipais não auto-sustentáveis, porque isso é drenar o fundo sem um retorno de serviços públicos à altura- afirma Mauro Mello.

Desde 5 de outubro de 1988 não há uma Lei Complementar sobre criação de municí­pios, que só será elaborada, em cada esta­do, depois das constituintes estaduais. Até lá, as Assembléias Legislativas podem criar municípios sem obrigatoriedade de cumprir os requisitos da Lei Complementar n. 0 1, de 9 de novembro de 1967, revogada pela atual Constituição. E isso é motivo de preo­cupação para o IBGE, principalmente nos

próximos três anos, quando estará sendo realizado o X Recenseamento Geral do Bra­sil. Assim, a Diretoria de Geociências prepa­rou dois documentos, um, de caráter mais amplo, e outro, específico.

O primeiro documento foi distribuído aos participantes da reunião de Diretoria, anali­sando os efeitos da Constituição nos traba­lhos em andamento no IBGE. Foi identifica­do cada paragrafo que continha vocábulos cujo conteúdo conceitual correspondia às atividades do IBGE, como ordenação terri­torial, aglomeração urbana, complexo geoeconômico-social, plano-diretor, região metropolitana etc.

Limite variável

As Unidades Regionais, seguindo orien­tação da Direção de acompanhar as consti­tuintes estaduais, solicitaram um texto que servisse de base para os seus trabalhos. Sur­giu, então, o segundo documento, intitula­do Contribuição às novas constituições esta­duais quanto à organização político­administrativa do .território, que, em vez de fixar critérios, alerta para a necessidade de elaboração daqueles mais adequados a ca­da realidade. "Estamos destacando a im­portância de se racionalizar a organização territorial e que critérios poderiam ser usa­dos nesse sentido", ensina.

Entre as sugestões está o limite de popu­lação para a criação de municípios, variável de acordo com a realidade de cada estado. Pela Lei Complementar n. 0 1, exigia-se um mínimo de 10 mil habitantes ou um número não inferior a cinco milésimos da população do estado. Uma outra idéia da DGC é utili­zar o contingente População Economica­mente Ativa - PEA como indicador para a criação de municípios:

- É um critério lógico, pois se eu tenho uma População Economicamente Ativa ele­vada, isto significa que eu tenho processos diversificados de produção de município. Portanto, tenho expressão econômica e posso me auto-sustentar.

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O documento também sugere que os li­mites que circunscrevem o município terão que estar claramente definidos para evitar vazio de administração, superposição. So­bre o número de casas no centro urbano, são apontados elementos a serem levados em conta. Anteriormente, exigia-se que a área urbana proposta como sede do municí­pio tivesse mais de 200 casas. O Diretor de Geociências explica que esse número tem uma lógica, porque nos Censos realizados pelo IBGE o setor censitário é definido com um mínimo de 200 edificações.

Topônimos iguais

Outro item que deveria ser obedecido an­teriormente, e que cabia ao IBGE analisar, era evitar a repetição de topônimos. Só que essa era uma exigência da Lei Complemen­tar n. 0 42 , de 21 de agosto de 1984, e que também foi revogada. A DGC alerta para que seja evitada a multiplicidade de topôni­mos, pois "isso traz transtorno para diversos serviços prestados basicamente pela União. O uso de um mesmo topônimo é um desas­tre" .

Uma outra preocupação do IBGE é a criação de municípios nos meses que ante­cedem o início do Censo Demográfico, em 1. 0 de setembro de 1990, que prejudicaria o trabalho de Base Operacional. "Os traba­lhos vão ficar que nerr( pronto-socorro em dias de calamidade pública." Mauro garante que montou um "pronto-socorro" e que as Unidades Regionais estão acompanhando atentamente esse processo e foram orienta­das para, "na primeira notícia sobre criação de municípios", informar à Sede. Criado e instalado o município, é certo que o IBGE pode produzir todos os efeitos em termos de Base Operacional.

As Unidades também estão esclarecendo às Assembléias Legislativas so.bre a "impro­priedade" da criação de municípios entre ju­nho e dezembro de 1990: "O ideal é que em junho de 90 se tenha cristalizado a divi­são territorial para que a coleta possa, en­tão, ser planejada e organizada".

Lei determina estimatt·vas anuats da população A partir de agora o IBGE estã realizando estimativas anuais de

população dos municípios, em cumprimento à Lei Complemen­tar n. 0 59, de 22 de dezembro de 1988. Até então, as estimati­vas oficiais eram revisadas apenas nos anos terminados em zero e cinco e enviadas ao Tribunal de Contas da União, responsãvel pelo cãlculo das cotas do Fundo de Participação dos Munidpios.

O artigo 159 da atual Constituição determina que a União de­verã entregar, ao Fundo, 22,5% da arrecadação com impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados. Os municípios são classificados de acordo com a população, em faixas que vão de "até 10.188 habitantes" a "além de 156.216". Nesta última faixa existem somente 107 mu­nicipalidades.

Estimativa por tendência

Segundo o chefe em exercício do Departamento de População da Diretoria de Pesquisas, Luiz Armando de Medeiros Frias, as estimativas sempre foram baseadas na tendência observada na década anterior, ou seja, para 1985 utilizou-se o período de 1970 a 1980. Essa estimativa leva em conta a participação relati­va do município na população total do país:

- O que se avalia é que realmente não é o crescimento da po­pulação absoluta em si, mas a participação relativa da população no total. Por exemplo, grosso modo, um município que em 1970 tinha 1% da população do Brasil e em 1980 chegou a 1,5%, da­ria uma estimativa de 1,875% em 1985. Esse percentual aplica­do à população do país, jã previamente conhecida, possibilita a estimativa da população municipal - explica Luiz Armando.

Contagem rápida

Porém, hã municípios que apresentaram crescimento atípico, provocado, entre outras coisas, por movimentos migratórios in­tensos, que podem elevar significativamente o volume da popu-

!ação existente."E, justamente por isso, em 1983, o Departamen­to de População solicitou à Direção que se fizesse uma contagem rãpida da população em 1985, para poder repassar ao Tribunal de Contas da União uma informação mais atualizada. O alto cus­to da operação impediu o trabalho, e, então, jã bem próximo a 1985, foi pedido às Unidades Regionais que informassem os mu-

nicípios que teriam, por quaisquer motivos, apresentado cresci­mento atípico entre 1980 e 1985 em relação a 1970-1980.

O resultado desse levantamento, conta Luiz Armando, foi uma contagem rãpida, que inclui apenas dados essenciais, como identificação do número de moradores em cada domicílio, em 42 munldpios, além de todo o Estado de Rondônia, que era um exemplo clãssico de elevado crescimento demogrãfico. Para os outros municípios foram feitas estimativas com a metodologia tradicional. Quando o Fundo de Participação dos Municípios foi distribuído, alguns deles discordaram dos dados do IBGE e solici­taram contagem de população. A realização dos levantamentos foi feita com a concordância do TCU. Assim, 130 munidpios fir­maram convênio com o IBGE e assumiram os custos da opera­ção, que constatou casos de população acima e até mesmo abai­xo das estimativas.

Consulta ao TCU

E agora, com a Lei Complementar n. 0 59, o IBGE teve de realizar estimativas para mais 195 municfpios que foram criados entre 1986 e 1988. Os municípios que foram desmembrados ti­veram tratamento especial, enquanto os outros municípios foram tratados como em 1985, apenas utilizando-se estimativas de po­pulação para 1989 do Brasil e dos estados.

E se surgirem novas discordâncias a partir da distribuição do Fundo deste ano? Quem responde é o chefe em exerdcio do DE­POP:

- O IBGE jã enviou ao TCU uma consulta a respeito do as­sunto, em face das solicitações de alguns munid pios que discor­dam das atuais estimativas enviadas ao TCU. A Direção Superior estã avaliando a possibilidade ou não de atender a estes pedidos, à medida que estamos a menos de um ano e meio do Censo De­mogrãfico de 1990, que, seguramente, irã sanar as dúvidas exis­tentes.

Page 4: N~ Em defesa do verde - IBGE | Portal do IBGE | IBGE · Presidente fala no Congresso N acionai O Presidente do IBGE, Charles Curt Mueller, fez uma exposição sobre índices de preços

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Vinte anos correndo o Brasil

A atividade dos Correios no Brasil existe há 326 anos, fundada por iniciativa da Cor­te de Lisboa. Mas a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT é uma jovem que completou 20 anos em março. Apesar da pouca idade, não é inexperiente . Já ga­nhou o mundo e, através da eficiência e di­versidade de serviços prestados, fez dos nossos Correios um dos mais respeitados, em nível internacional, pela qualidade dos serviços que apresenta.

Nesses 20 anos, perto de 30 bilhões de objetos postais e mensagens telegráficas, re­presentando uma média de 1.5 bilhão/ ano. foram movimentados, segundo informa Lia Brando, assessora da Diretoria da ECT no Rio de Janeiro . "No início da década de 70, o país possuía cerca de 90 milhões de habi­tantes, que postavam 2,2 objetos/ ano . Ho­je, com uma população em torno dos 140 milhões, essa média atinge 23 objetos per capita."

De acordo com a assessoria , "o cresci­mento da atividade postal está diretamente ligado ao desenvolvimento do país . Afinal, é preciso uma instituição postal eficiente, que seja capaz de apoiar este progresso. A ECT teve papel relevante frente às crescen­tes atividades econômico-sociais e financei ­ras nesses 20 anos".

Passos mais ousados

Com uma estrutura administrativa com­patível com suas necessidades, a ECT é uma empresa que se auto-sustenta. Mas no início não era assim . Limitada a prestar os serviços tradicionais de correios, a infra­estrutura existente à época não permitia passos mais ousados. Com recursos transfe­ridos do Tesouro Nacional, foi possível uma ampla reformulação em toda a sua estrutu­ra.

Possuindo uma vasta gama de produtos e serviços capaz de atender às necessidades e exigências atuais do mercado, a ECT conta com um efetivo de cerca de 25 mil carteiros e mensageiros, 221 Centros de Distri­buição, mais de 12 mil Agências e Postos de Correio e 75 Centros Operacionais do Ser­viço de Correspondência Agrupada -SERCA. Em média, são percorridos, men­salmente, 4 milhões de quilômetros para o transporte de encomendas e objetos não ur­gentes, por linhas rodoviárias. "Navios, bar­cos ou outra espécie qualquer de transporte também são utilizados, basta ser ne­cessário."

Para Lia, a confiabilidade nos serviços postais e telegráficos é resultado da estrutu­ração administrativa, da introdução e mo­dernas técnicas operacionais. Além disso, foi muito importante a modificação radical do sistema de transporte, iniciada com a im­plantação da Rede Postal Aérea - RPN, em 1974. "Esse é um verdadeiro marco na história dos Correios." A RPN é responsável por 90% da carga aérea postal através de 46 aeronaves .

Implantado em 1973, o Sistema de Cai­xas de Coleta e Posto de Vendas de Selos possui hoje 24 mil caixas e mais de 18 mil postos . Apesar da resistência de muitos usuários, a ECT garante que as caixas de coleta são 100% confiáveis e que existem em vários países. Desde 1978, o Correio

está presente em todos os municípios brasi­leiros e, a partir de 1985, vem expandindo essa presença com a criação, até agora, de aproximadamente 5 mil postos de Correio Rural, que permitem o atendimento postal básico aos habitantes da zona rural.

Entre as melhores e maiores

Hoje, a infra-estrutura da ECT permite que uma correspondência postada em Por­to Alegre seja entregue no dia seguinte em Manaus. De acordo com Lia, a manutenção desse ritmo de qualidade e desenvolvimen­to só será viável através da expansão da ba­se física da rede de atendimento . Além dis­so, é fundamental o aprimoramento profis­sional dos empregados, a racionalização operacional e a conseqüente modernização tecnológica, entre outras coisas . Assim, "a manutenção dessa qualidade dependerá também da eficiência da triagem. da distri­buição e, principalmente, do aprimoramen­to do atendimento nas agências . Para tanto. na próxima década , a ECT pretende manter e melhorar a posição conquistada perante a opinião pública, mediante o emprego gra­dativo da automação em suas atividades".

A qualidade e a confiabilidade da ECT podem ser comprovadas pelas pesquisas de opinião pública e destaques como o recebi­do da revista Exame, que em 1986 e 1987, entre os "Melhores e Maiores", apontou a ECT como a empresa de maior produtivida­de do Setor de Serviços Públicos.

Do manual ao eletrônico

Muitos serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT são ampla­mente conhecidos. Mas outros, recente­mente lançados, ainda não estão divulga­dos, mas foram criados ou aperfeiçoados para atender às necessidades e exigências atuais do mercado.

A maior novidade é a Poupança Postal. Esse serviço permitirá a qualquer pessoa abrir caderneta de poupança, depositar e sacar dinheiro nas agências e postos dos Correios . Lançada primeiramente no Ceará, a Poupança Postal, fruto de um con­vênio com a Caixa Econômica Federal, será estendida aos outros estados até o final do ano . A grande vantagem desse serviço é que ele possibilita "esticar" um pouco mais o horário bancário, possibilitando depósitos até nos fins de semana. Além disso, ele su­pre a carência de agências bancárias em al­guns municípios.

Para a exportação e importação de obje­tos, cuja natureza requer declaração de va­lor, foi criado o Export Post, que já conta com 23 países conveniados - os principais parceiros comerciais do Brasil. O Express Mail Service - EMS surgiu da necessidade de um sistema mais eficiente e regular de comunicação postal a partir do crescimento do comércio exterior brasileiro. É um servi­ço voltado para as empresas, seus clientes e fornecedores estabelecidos em outros paí­ses. O EMS atinge 72 países e é um dos ser­viços da ECT com melhor desempenho.

Pelo Sedex, encomendas com até 20 kg, observados os horários-limite de expedição, são entregues no dia seguinte à postagem. Esse serviço, que funciona entre os Municí­pios do Rio de Janeiro e São Paulo, futura­mente será estendido a outras localidades.

JORNAL DO IBGE- Abril de 1989 JORNAL DO IBGE- Abril de 1989

Correspondêócia sem mistérios Escrever uma carta é simples. Basta papel e caneta ou lápis.

Para enviá-la é preciso envelope, pagar a tarifa postal e algum cuidado no preenchimento dos dados necessários.

O Franqueamento Autorizado de Cartas -FAC é a modalidade de franqueamento de cartas simples, do tipo auto-envelopável , emitidas por computador. Destina-se a em­presas com grande fluxo de correspondên­cia.

Para a transmissão de documentos com a mesma validade de cópias xerográficas , através de aparelhos de fac símile conecta­dos à rede telefônica , foi criado o Post­Grama Nacional e Internacional. Já a Carta Eletrônica foi o meio encontrado pela ECT para agilizar o tempo de entrega de mensa­gens, principalmente bancárias.

Outro produto importante é o Cecogra­ma. Objeto de correspondência entregue pela ECT, impresso em relevo pelo sistema cecográfico para o uso de cegos. O peso máximo para postagem é de 7 kg e, quando expedidos por via de superfície, o serviço é gratuito.

A ECT também emite selos comemorati­vos . Campanhas beneficentes, culturais e artísticas, propaganda turística, congressos . personalidades e fatos, competições esporti­vas, visitas de chefes de Estado e vultos pátrios são homenageados. O IBGE. por três vezes, apareceu num selo comemorati­vo . A primeira, em 1950, com o 6° Recen­seamento Geral do Brasil . a segunda, em 1970, quando do ~ Recenseamento, e a última, em 1972, comemorando o 1° Cen­tenário do Censo.

O usuário IBGE Para suprir a necessidade de comuni­

cação entre o Rio de Janeiro e as Unidades Regionais, o IBGE mantém contrato com o Serviço de Correspondência Agrupada -SERCA, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - . ECT. Esse serviço permite que os malotes remetidos para todo o país cheguem ao destinatário no dia seguinte, ou no máximo em 36 horas, exceto para o Es­tado do Amapá.

"Os malotes carregam toda a documen­tação e correspondência do IBGE. Todos os dias, cerca de 540 envelopes e pacotes são remetidos para as Unidades Regionais, car­regando tudo o que se possa imaginar em termos de documentos", conta Carlos Hen­rique Cunha, supervisor da Equipe de Re­cepção e Expedição da Subgerência de Co­municações.

A Gerência de Marketing, por sua vez, através do serviço de Marketing Direto, di­vulga as publicações e periódicos do IBGE. Manda folhetos promocionais pelos Cor­reios e, através de caixa postal, recebe as cartas-resposta comercial e cadastra assi­nantes.

Todo mês, por via postal , são remetidas uma média de 500 publicações . O Marke­ting Direto tem obtido um resultado acima do esperado. Basta dizer que foram vendi­dos antecipadamente quase 2 mil volumes do Anuário Estatístico de 1987/ 88.

Também através dos Correios , o IBGE mantém intercâmbio nacional e internacio­nal de publicações e periódicos com órgãos públicos, fundações e universidades, entre outras entidades.

O Manual de procedimentos e Endereça· mento de Correspondência e Demais Obje· tos Postais, da Empresa Brasileira de Cor· relos e Telégrafos - ECT, ensina como o usuário deve proceder para que sua corres­pondência seja triada e remetida ao desti­no certo o mais rápido possível.

Antes de tudo, toda carta deve conter o Código de Endereçamento Postal, o famo­so CEP. Para obtê-lo basta consultar o Guia Postal Brasileiro, à disposição e à venda em todas as agências dos Correios. O envelope também é um Item Importante. Deve-se usar os que apresentam a sigla RPC - Recomendados pelos Correios -, pois apresentam características que favo­recem o seu tratamento, agilizando a en­trega da correspondência.

Aqueles envelopes antigos, do tipo "via aérea", com listras verde e amarelo nas bordas, embora não sejam proibidos, não são recomendados. Nunca houve legisla­ção regulamentando o seu uso e , segundo a ECT, há desvantagens: no manuseio, por serem mais finos, são mais fáceis de ser danificados; não possuem local apropriado para o CEP e não aceitam triagem eletrôni­ca. Assim sendo, a triagem é feita manual­mente, o que aumenta o período de entrega

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da carta. Nem para as correspondências in­ternacionais eles são obrigatórios. Pode-se usar qualquer envelope. A única vantagem que o tipo "aéreo" apresenta é que pesa menos, o que pode reduzir um pouco a tari­fa.

As recomendações para sua carta chegar certo e rápido não param por aí. O proces­so de leitura ótica dos Correios funciona da esquerda para a direita e de baixo para cima. Somente os cinco primeiros caracte­res da última Unha são interpretados como o número do CEP. Nilo existem restrições quanto ao que for escrito após o CEP, des­de que seja separado, no mínimo, por dois espaços em branco em máquina de escre­ver.

A forma mais correta de colocar o CEP, segundo o Manual de Procedimentos e En­dereçamento, é escrevê-lo isoladamente na última Unha do endereçamento do enve· lope.

Nos envelopes RPC, que contêm local apropriado para o CEP, damos mais uma dica: o número do CEP deve ser colocado a caneta. Se for datilografado, ele não será H­do eletronicamente. Passará, então, à tria­gem manual e a carta levará mais tempo para chegar.

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Usando os Correios com certa freqüência, Thereza Cristina Seabra Torres, 25 anos, Datilógrafa Especiali· zada do Departamento de Segurança e Saúde Ocupacional, afirma que nunca usou o envelope "aéreo". "Nem nas cartas para o exterior", garante . E acrescenta que "usar os serviços da ECT, nem sempre é uma coisa barata e parte da população não pode arcar com essa despesa".

"Costumo usar o envelope do tipo "aéreo". Pensava ser o modelo oficial e desconhecia não ser recomendado pe­los Correios", confessa a Agente de Coleta da Unidade Regional do Rio de Janeiro, Valéria Pereira Lopes, 23 anos. "Os Correios precisam oferecer um melhor atendimento nos fins de ano. Leva-se horas na fila para mandar um cartão de Natal."

"Não sabia que o envelope "aéreo" prejudica o trabalho dos Correios. Te -

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A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, uma das instituições mais confiáveis do país , segun­do pesquisas de opinião, vem procurando diversificar e agilizar seus serviços . O envelope modelo "aéreo" não é mais recomendável para a triagem de cartas da ECT, que passa de eletrônica para manual, mas pouca s pes· soas esta o a par desse "segredinho".

Uma boa parte dos funcionários do IBGE desconhece esse detalhe, mas o envelope RPC - Recomendado pelos Correios-, além de simplificar os tra balhos, faz as corres pondências chegarem a seu destino com mais rapidez.

nho um grande número desses envelo­pes e vou usá-los até acabar", diz Valter Jesus de A lmeida , 37 anos, Analista Especializado da D ivisão de Recursos Naturais , na Praça da Bandeira, que es­creve para amigos de Minas Gerais e de São Paulo e nunca teve problemas com aECT.

"Quando escrevo uma carta, sempre uso o envelope branco. Não tenho na­da a reclamar dos Correios, mas não sabia que o do tipo "aéreo" atrapalha a triagem de cartas da ECT. Acho que is­so deveria ser mais bem divu lgado", so ­licita Agenéa Lemos Bastos, 49 anos, Técnico de Controle da Gerência de Aquisição de Dados, em Mangueira.

"Se existe um envelope que facilita a vida dos Correios, eu desconheço",

afirma Arnaldo Muniz Ribeiro da Costa , 47 anos, Analista Especializado do Núcleo de Planejamento e S upervisão da Diretoria de Geociências, em Parada de Lucas. Ele diz que usa o do tipo "via aérea", mas não tem nada contra o ou· tro modelo, gosta de ter selos em casa e prefere colocar suas cartas em caixas de coleta.

"A maior parte das pessoas usa o do tipo "aéreo". Quando escrevo sempre uso esse envelope e não sabia que os Correios não o recomef'ldam, mas, mes­mo assim, as cartas sempre chegam. " Constatação de Urahi Brum de Olivei­ra, 33 anos, Auxiliar Técn ico-Admi· nistrativo da Coordenação do Censo Agropecuário, em Mangueira .

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Página 6 JORNAL DO IBGE- Abril de 1989

,., AIDS na o CLASSIFICADOS

1 - O que devo fazer para me prevenir contra a AIDS? - Evite a troca freqüente de parceiros em suas relações sexuais; se seu parceiro for desconheci­do, proteja-se. A proteção mais segura até a9ora é o uso de preservativos de borracha (camisa-de­vênus), que só podem ser utilizados uma vez. Após o uso devem ser descartados. - Converse com seu parceiro ou parceira sobre qualquer preocupação quanto à AIDS. - Nunca compartilhe agulhas e seringas; se pre­cisar utilizá-las, estas devem ser descartáveis ou esterilizadas cuidadosamente. - Assegure-se que todo o material utilizado pelo dentista esteja esterilizado; o mesmo deve ser fei­to com as agulhas de acupuntura, instrumentos de manicure e pedicure, agulhas de tatuagem, materiais usados em farmácias, laboratórios e consultórios. - Exija o exame de controle de qualidade de sangue e derivados, se precisar de transfusão; sangue contaminado pode transmitir não só

AIDS como também hepatite, sífilis e doença de Chagas, entre outras. 2 - Qual a relação entre o uso de drogas e a AIDS?

- Os usuários de drogas injetáveis estão mais propensos a ter AIDS, pois com freqüência usam seringas não descartáveis e o ambiente de pro­miscuidade em que tomam drogas, com a seringa passando de mão em mão, facilita a contami­nação; basta um do grupo estar infectado para a doença se espalhar; além disso, o próprio orga­nismo do viciado em drogas é mais suscetível a infecções em geral, pois o seu sistema imunológi­co está debilitado pelo uso de drogas. - O viciado deve procurar abandonar .o vício, mas, enquanto não consegue, só deve usar serin­gas e agulhas descartáveis ou rigorosamente este­rilizadas. 3 - Quanto tempo depois de ter tido contato com o vírus da AIDS, o exame laboratorial torna­se positivo ?

- Geralmente de 6 a doze semanas após o contágio, podendo levar até 8 meses. Não pode­mos esquecer que os testes laboratoriais existen­tes não fornecem diagnóstico de AIDS; eles ape­nas apóiam o diagnóstico que é sempre feito pe­los sinais e sintomas clínicos analisados pelo mé­dico; testes confirmadamente positivos (após rea­lização de dois diferentes métodos e positivo em ambos) indicam que a pessoa está ou esteve em contato com o vírus da AIDS (HIV), mas não sig­nifica que está ou irá desenvolver a doença. Nes­te caso, a pessoa deve saber que pode transmitir o vírus HIV e, portanto, deve seguir todas as me­didas preventivas para que isto não ocorra; é cla­ro que também não significa que ela esteja imune à doença. Novos contatos com esperma, se­creções vaginais ou sangue contaminados podem fazer com que a AIDS se manifeste.

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E TEM GENTE OUE NEM SE TOCA.oo

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Cerca de 300 cartas chegaram à Redação e, dentre estas, foram sorteados e responderam Grande Sertão: Veredas à pergunta do teste: Nivaldo Conceição Pimentel (Unidade Regional - MG), Maurino João Genoveva (Unidade Regional - SÇ), Maria Sõnia de Medeiros (Unida­de Regional - PB), Lilia Leda Ferreira de Andrade (DGC/DERNA) e Cristóvão Guimarães (SRH/DESSO).

r-----:.:-~:-:~::~:~-:::~:;~::~:=~-~:-:~~:~~~.-~.::::=-:~::----:::1:: "o cavaleiro da triste figura e seu fiel escudeiro" ? a) Robin Hood e Frei Tuck b) Stan Laurel e Oliver Hardy c) Ricardo Coração-de-Leão e lvanhoé d) Dom Quixote e Sancho Pança

Nome .................................................................................................... . Lotação .................................................................................................. . Telefone/Ramal .................................................. .......... . .......................... . Cidade ........................ . ... . .... . ........... Estado ...... . ..................................... .

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JORNAL DO IBGE- Abril de 1989 Página 7

A Paixão em Pernambuco Uma cidade-teatro, cercada por muralha

de pedras, com sete portas e 70 torres, é palco há 22 anos de um dos maiores even­tos turísticos do país: O Drama da Paixão de Cristo. Nova Jerusalém, como é chamada, fica a 180 quilômetros do Recife, na estân­cia hidromineral de Fazenda Nova, no Mu­nicípio de Brejo da Madre de Deus, em ple­no agreste pernambucano.

Foi Plínio Pacheco, um gaúcho, que des­cobriu a estância hidromineral como o local ideal para contar a história de Cristo. Com muito trabalho e o apoio da Sociedade T ea­tral Fazenda Nova criou o maior teatro ao ar livre do mundo, onde cerca de 500 atores revivem na Semana Santa a vida e a crucifi­cação de Jesus.

Ocupando uma área de 70 mil metros quadrados, Nova Jerusalém corresponde a um terço da área murada da cidade santa de Jerusalém, na Judéia, à época em que Cristo viveu. Por seus 12 palcos-edifícios, construídos em granito, um teatro móvel, com 60 cenas, apresenta um espetáculo de impressionante realismo e beleza, onde ca­da espe<.:tador se transforma em figurante do enredo apresentado.

Para se chegar a Nova Jerusalém existem dois caminhos. Saindo de Recife, atrav.és da BR-232, passando por Vitória de Santo An­tão, Gravatá e Bezerros. Ao chegar a Ca­ruaru, no Quilômetro 24, pega-se a rodovia estadual PE-145 até chegar a Fazenda No­va. Ou pelas rodovias BR-408 e PE-90, passando por Pau-D'Aiho, Carpina, Limoei-

PELO BRASIL AFORA

Em todo o país, começou, em abril, o treinamento para a Pesqui­sa da Cultura. Este inquérito está acontecendo como resultado do convênio entre o IBGE e o Ministé­rio da Cultura - MINC. Serão le­vantadas, em 11 diferentes módu­los de questionários, diversas in­formações sobre instituições cul­turais. O treinamento para esta pesquisa foi organizado por técni­cos das próprias Unidades Regio­nais, com a participação de Agen­tes de Coleta da capital e do inte­rior. Além desta, estão sendo reali­zadas as Pesquisas Sindical e de Assistência Médico-Sanitária.

Região Norte

A Unidade Regional do Acre e técnicos da prefeitura local iniciaram os trabalhos de cooperação mútua para a Oficialização dos limites dos bairros da capital acreana. Isso vai permitir, também, a atualização dos se­tores censitários, tendo em vista o Censo Geral de 1990.

Ainda no Acre, a Unidade Regional ini­ciou a coleta de dados em todo o estado pa­ra as pesquisas da 53~ Campanha de Esta­tísticas de 1989. Para aprimorar a qualidade de serviço de coleta, alguns funcionários es­tiveram no Rio, no final de março, partici­pando de um treinamento ministrado pelos

departamentos responsáveis pelas pesqui­sas.

Num trabalho conjunto envolvendo os técnicos do Distrito Federal, a Unidade Re­gional do Amapá já iniciou as atividades referentes à Base Operacional com vistas ao Censo de 90. O intercâmbio de informações e experiência tem sido proveitoso para que a conclusão do trabalho na Base Cartográfi­ca seja dentro do cronograma estabelecido.

Da Unidade Regional do Pará chega a notícia de que os Agentes de Coleta Ernani Alvares da Silva e Valdir Borges de Oliveira estiveram presentes no 1~ Encontro dos Po­vos Indígenas do Xingu, realizado de 20 a 24 de fevereiro, em Altamira. Contando com a presença de ecologistas nacionais e estrangeiros, o Encontro reuniu nações indí­genas de norte a sul do país e, também, re­presentantes de outros países. Foi uma cele­bração da mais alta importância, pois as questões do índio e da ecologia, principal­mente na Amazônia, foram assuntos que ti­veram um tratamento à altura .

Região Nordeste

O Setor de Desenvolvimento e Assistên­cia ao Empregado, da Unidade Regional de Pernambuco, e o Centro de Desenvolvi­mento Empresarial de Pernambuco -CEAG realizaram o Curso de Contabilidade Básica, com a participação de 20 servidores de diversos setores da UR.

O curso, com 15 horas/ aula, durou uma semana e teve como objetivo o aperfeiçoa­mento e aplicação de novos métodos.

A Unidade Regional de Alagoas foi esco­lhida para sede - entre os dias 18 e 21 de

ro e Toritama, onde, pegando a BR-104, seguindo em direção sul, chega-se à PE-145 até Brejo da Madre de Deus.

Na Semana Santa, o visitante de Nova Jerusalém certamente se encantará com o drama da Paixão de Cristo, que é conside­rado por muitos como o maior espetáculo móvel da Terra.

abril - do Curso de Habilidades Gerenciais Básicas. O curso conta com a participação de Gerentes de Pesquisas e Administração, Chefes dos Setores de Base Operacional, Documentação e Disseminação. Vão parti­cipar, também, os Assessores de Planeja­mento do Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Espírito Santo e Alagoas. A coor­denação do curso é de Maria das Graças Gomes, Subgerente de Desenvolvimento do SRH/ DEPLA. O principal objetivo do encontro é a valorização profissional diante da realidade do IBGE.

Região Centro-Oeste

O Departamento Regional de Informá­tica - DERIN, em Brasília, manda avisar que está reformulando, com recursos da SEPLAN, suas instalações para melhor atender aos usuários. Por isso, foi adquirido um sistema no break, que elimina as cons­tantes quedas de energia elétrica que tanto prejudicavam o Centro de Processamento de Dados.

O trabalho dos Agentes de Coleta da Uni­dade Regional do Mato Grosso do Sul tem sido intenso para que possam obter o resul­tado final da LSPA da safra 88/89.

Região Sudeste

A promoção IBGE/ Nova Fronteira faz sucesso na Unidade Regional do Espírito Santo. Pelo menos um funcionário já foi premiado, Jakson Silva, por coincidência, nosso correspondente no estado.

Com o objetivo de dividir todo o território do estado em comunidades, o IBGE firmou convênio com o Instituto Jones dos Santos Neves, um dos principais órgãos do sistema de planejamento do governo do Espírito

Cantando pelas ruas

J' que estamo• falando da ~erra do frevo e do maracatu", quem 1' esteve, doa dias 22 a 26 de março, foi o Coral doe Funclon6r1oo do IBGE, pa· ra participar do 11 Feotlval Nacional de Corala, em Pernambuco. Promovido pela Confederaçlo Nacional de Corala, pela Federaçlo Pernambu· cana de Corais e pela Prefeitura do Recife, o fea· tlval congregou 35 grupoa de todo o Brasil. De lo· ra do Nordeate, aó 12 foram aeleclonadoe, entre o$ qualo o do IBGE, que foi representando o Rio de Janeiro.

A ida do• 39 cortatae e do regente Adellton Balrralfol patroclnsda pela Tlcket Reotaurante e contou com o apolo da Dlreçlo do IBGE. Além do leattval, o Coral do IBGE participou de uma caminhada, no dia 22, pelao ruao da capital per· nambucana, que' tennlnou na Praça da Indepen­dência. U , todoe: oa coral• do festival cantuam m6alcao de Caplba, Mozart e Haendel, juntoo com a Orquestra Stnf6nlca do Recife. No dia 23, o Coral do• Funclonú:los cantou no Teatro Gua­rarapea e , no úbado, fu uma apreeentaçlo e•pe­clal para o o paclenteo do Hoopltal do Clncer, a convite da Federaçlo Pernambucana de Cor alo.

- Cantamo• no featlval para qua•e 3 mil pes­soas que lotaram o Teatro Guararapes. no Centro de Convenç6ea de Recife - aftrmou AdeUton, acreacentando que. no encenamento, todos oa coral& entoil:ram a Aleluia, de Haendel, e o frevo Va.aourlnha. Ele também avisa que o coral agora tem uma eeçlo no Núcleo Sede, que começou os ensaios no Início de março.

Santo. Baseada nessa divisão, a Unidade Regional vai elaborar a malha setorial para o Censo de 1990.

A Unidade Regional capixaba acaba de receber um equipamento Cobra 480, que substituirá o HP. No momento, estão sendo digitados os questionários da PNAD do Ma­to Grosso e o Registro Civil do Ceará.

Uma linha telefônica e um terminal de ví­deo são os novos equipamentos do Posto SIAS da UR/ES. Assim, o contato com o Rio de Janeiro ficou mais rápido, agilizando o atendimento aos associados.

Da Unidade Regional do Rio de Janeiro vem a notícia de que as agências municipais de Macaé e Volta Redonda passaram a con­tar, em suas jurisdições, com os novos Mu­nicípios de Quissamã e Itatiaia, respectiva­mente.

Equipe de Apoio nas Unidades Regio­nais: Claudionora Paiva-AC; José Ci­rino de Santana-AL; Isabel Bernadete Barbosa-AP; Alcemyr de Carvalho­AM; Celeste Moreira-BA; Roberto Aragão-CE; Antônio Pereira da Silva Marinho-DF; Jakson Silva-ES; Sebas­tião de Matos-GO; Marlene Moreira­MA; Cide A. Fonseca-MG; Benedito Azamor-MS; Tereza Nogueira-MT; Cláudia Hortides-PA; Hélio Caldas-PB; Vicente Bento da Silva-PE; Pedro de Oliveira-PI; Afonso da Silva Biali-PR; Dante Chaves-RJ; Maria Ednaide de Oliveira-RN; Maria do Socorro-RO; Jo­sé Monteiro da Silva-RR; Jair Silveira­RS; Vera Lúcia-SC; Ruy Régis-SE; e Guilherme Bittencourt-SP.

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Foi preciso Jorge Ben - neto de índios pe­lo lado materno - cantar em prosa e samba as desventuras do povo indígena, para que fosse lembrado que nem só de 19 de abril vi­ve o índio.

Comemorado em todas as Américas, o Dia do Índio foi escolhido por decisllo do Congresso lndigenista lnteramericano, reu­nido em Patzcuaro. no México, no dia 19 de abril de 1940. O representante brasileiro foi o antropólogo Edgard Roquette-Pinto, o mesmo que fundou, na década de 30, a pri­meira estação de rádio do Brasil.

O índio recebeu este nome por engano do navegador genovês Cristóvlo Colombo. Es­te, ao chegar ao recém-descoberto continen­te americano, julgava ter atingido as Índias.

E foi aí que o homem branco começou a er­rar ao tratar com o nativo da América.

tlficativa dessa preocupação, como conta o historiador Porto Seguro: "( ... ) não se tem nenhuma prevenção contra os filhos de San­to Inácio (os jesuitas), que tantos serviços prestaram ao cristianismo, mas há irregula­ridades documentadas ( ... ). Representou o povo em contra, provando que os índios que pertenciam às Missões da Companhia de Je­suítas eram protegidos contra toda a classe de pessoas estranhas, mas que, bem consi­derando, eram verdadeiros servos, traba­lhando nos Colégios e nas terras chamadas dos índios que nada mais eram do que fazen-

das e engenhos da Igreja( ... )".

Holocausto

Ao contrário do holocausto judeu, pou-

JORNAL DO IBGE- Abril de 1989

duos mulatos, mamelucos, cafuzos e índios, segundo informou o Departamento de Popu­lação. Mas eles serão incluídos a partir do Censo de 90.

Rondon: amargura

Hoje, o índio e suas propriedades estão protegidos constitucionalmente. Quer dizer, cabe à União a tutela dos indígenas e de suas terras. Existem órgãos governamentais para a sua proteção, como a FUNAI - Fundação Nacional do Ín~lo, criada a partir do Serviço

de Proteção ao lndio, do indigenista Cândido Rondon, descendente dos índios guanás.

Rondon, aliás, em que pese o mito de ser o "General da Paz" e "Civilizador dos

Sertões", perto do fim de sua vida reavaliou, amargurado, todo o seu trabalho como indi-

O primeiro a mostrar alguma preocu­pação com o índio brasileiro foi, sem dúvida, Pero Vaz de Caminha. Na sua famosa carta escrita em 1? de maio de 1500, ele já alerta-

quíssimo se escreveu sobre a matança indis­criminada da populaçao Indígena aqui ou no resto do mundo. Um dos mais antigos auto­

res que escreveu sobre o Brasil, o abade francês Durand, relatou que em toda a Bacia

genista: "Estou convicto de que já não se de­veria nacionalizar os índios, pois isso cria problemas graves de desajustamentos". Rondon chegou à conclusão de que se deve-

Amazônica e ao longo da costa, os índios "eram tão numerosos que pareciam enxa­

mes de mosquitos".

va ao Rei D. Manuel sobre os novos súditos de Sua Majestade: "( ... ) mas o melhor fruto

que nela (a terra) se pode fazer será salvar esta gente (os índios)( ... )". Hoje, ao contrário dos insetos citados, que

multiplicaram a sua população·, o índio, em seu estado mais puro (sem sandália havaia­

na e short Adidas), tornou-se um espécime somente encontrado em restritíssimos san­

tuários.

ria preservar as culturas tribais, tomando por base os padrõe!i econômicos de cada

uma delas, e favorecer sua integração à vida econômica das regiões em que vivem.

O conselho de Caminha não foi seguido. Os primeiros colonizadores portugueses uti­

lizavam larga e fartamente a mão-de-obra indígena como escrava. Simão de Vasconce­

los, fidalgo português, narrou, certa vez, ao rei, "que os índios da América não eram tra­

tados como verdadeiros homens. Poder-se-Segundo Pandiá Calógeras, havia cerca

de 1 mUhão e 200 mil índios no Brasil à épo-

A coexistência de brancos e índios no mes­mo espaço foi uma utopia várias vezes tenta­

da. A cultura branca européia procurou sem­pre se inserir na do índio, levando padrões

que ele não pôde assimilar de imediato. A catequese, primeira via de contato entre as

culturas, preliminarmente operava na men-ia servir-se deles como de um boi ou de um

escravo, feri-los e maltratá-los". O jesuíta Frei Bartholomeu, em carta a

sua Congregação, contou que os colonizado­res "chegaram a sustentar seus dles com a

carne dos índios, que matavam e faziam em pedaços como a qualquer bicho do mato".

ca do Descobrimento. Mas, segundo Berto­nl, outro historiador, havia "só do rio-mar (Amazonas) a Gurupâ e seus arredores, uma

populaçao de dois milhões e meio de almas

talidade do índJo. Procurava substituir brus­camente a concepção fetichista de sua orga­nização mental por outra, que ele não podia

compreender - a dos valores cristãos.

Diante de tamanha barbaridade "cristã", o Papa Paulo III declarou, na bula Verltas ip­

sa, de 1537, que os nativos da América eram "homens, gente, e, como tal. senhores

de seus bens, de sua vida e liberdade".

e, para todo o vale do Amazonas, cerca de 10 milhões".

A prevalecer a estimativa de Bertoni, te­mos em nosso território um holocausto que superaria em dezenas de vezes a mortandade

Compulsoriamente, ele foi perdendo o di­reito à sua religião, à sua terra, à sua organi­zação social. Da proteçio que a Consti­

tuição lhe garante à prática dos grileiros, vai uma distância como a do curso do rio Ama-

de judeus na 11 Guerra Mundial. A estimativa zonas. do número de índios existentes atualmente é Hoje ele tem de se comprimir cada vez

A defesa do índio pela Igreja é conhecida desde essa época. Nem tllo difundida é a jus-

de cerca de 200 mil. O IBGE não possui da- mais em faixas de terreno cada vez menores. dos exatos sobre a populaçio indígena do Hoje, ele só tem o dia 19 de abril. Ou nem is­

Brasil, incluindo como "Pardos" os indiví- so.

Atualmente, todas as agressões à ecologia na Amazônia passam, necessariamente, pe-la questão do índio. Problemas como in­vasões de garimpeiros nas reservas indíge­nas, trazendo poluentes como o mercúrio, que utilizam na depuração do ouro, a justa­posição de reservas ecológicas com áreas in­dígenas e a não-demarcação das suas terras são apenas afluentes do rio de tormentos por que passam os índios.

delimitadas e, em seguida, demarcadas; por ato baixado pelo Presidente da Rep6bUca.

Quando se pensa que, com a demarcaç8o, os problemas do índio acabam, novas questões são criadas. A mesma mão oficial que assina o decreto assentando uma reser­va Indígena pode autorizar a criação de um garimpo em terras dos índios ou em parques ecológicos. Entre vários casos, há a área re­servada à garimpagem dentro da reserva dos índios Kaiapó, próximo à cidade de São Fé­lix do Xingu, no sul do Pará.

E, por falar nos Kaiapós, eles participa­ram, em fevereiro, do 1«:! Encontro dos Povos Indígenas no Xingu, junto com tribos como

nais, como o cantor inglês Sting, vários as­suntos foram discutidos, mas o mais impor­tante para os índios da região foi o caso da Usina Hidrelétrica de Kararaô. Os índios estão reclamando porque a barragem da usi­na, que desviará o rio Xingu, vai inundar 1.225 km2 de floresta, sendo que uma boa parte dentro de território indígena. Isso sig­nifica uma área mais ou menos do tamanho do Município do Rio de Janeiro ou quatro ve­zes maior do que as cidades de Belo Horizon­te ou Salvador, ou ainda duas vezes Madri ou Paris.

Segundo Angélica Alves Magnago, do De­partamento de Geografia, até uma área ser oficialmente reconhecida como reserva, ela passa por quatro fases. "O ponto zero do processo são as áreas não-ide_11tj,fi.cadas, com localização precária e sem maiores dados sobre o grupo que ocupa estas terras. Poste-

as dos Xavantes, Gavião, Assurlni, Para­kaná, Jurana, Terena e até de índios norte­americanos. Nesse encontro, que contou

com a presença de ecologistas de várias par­riormente, elas são identificadas, isto é, ob­

têm algum tipo de reconhecimento pela FUNAI." Após a identificação, as áreas são

A nação Kaiapó protesta, inclusive pela escolha do nome, uma vez que "Kararaô" é o grito de guerra dessa tribo. De onde se vê que o branco não se apropria somente das terras dos índios, nem se contenta em des· troçar uma cultura milenar, mas toma para

si até mesmo os mais altos valores que o Ín· dio ainda tem: sua identidade. tes do mundo e personalidades internado-