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Faculdade Redentor Departamento de Pós-Graduação em Endodontia SISTEMA BIORACE LARISSA FERREIRA MARTINS BELEM

MONOGRAFIA - LARISSA F M BELEM€¦ · LARISSA FERREIRA MARTINS BELEM SISTEMA BIORACE Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Endodontia para obtenção de título

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Faculdade Redentor

Departamento de Pós-Graduação em Endodontia

SISTEMA BIORACE

LARISSA FERREIRA MARTINS BELEM

LARISSA FERREIRA MARTINS BELEM

SISTEMA BIORACE

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Endodontia para obtenção de título de Especialista em Odontologia.

Campos dos Goytacazes – Rj

2012

LARISSA FERREIRA MARTINS BELEM

SISTEMA BIORACE

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Endodontia para obtenção de título de Especialista em Odontologia.

Área de concentração: Endodontia

Orientador: Jardel Monteiro....

Campos dos Goytacazes – Rj

2012

(Folha de rosto)

DEDICATÓRIA

A Deus, mestre dos mestres, onipresente, que sempre afaga e alenta meu coração, que nas etapas mais árduas sempre traz a paz ea confiança que preciso para prosseguir.

A toda minha família que esteve comigo a todo momento torcendo por mim,e mostrando o caminho certo para prosseguir.

A William pela compreensão, paciência e muito carinho em mais uma etapa de luta

Aos meus amigos e os demais colegas de curso, pelo convívio que tornaram a vida acadêmica uma aventura mais fácil e agradável.

“O que deve ser colocado em primeiro lugar na prática de nossa arte, é como fazer o bem para o paciente.

E se podemos fazer isso de muitas maneiras, deveríamos escolher a que causa menos problemas.”

Hipócrates

RESUMO

A eficiência do processo de sanificação do sistema de canais radiculares está

em função direta de sua aplicação. Quanto maior a ampliação melhor é a

qualidade de limpeza e sanificação, uma vez que a substância química atua

com mais efetividade e quando da necessidade de uma medicação intracanal,

esta atua com toda a sua potencialidade. Os sistemas rotatórios de NITI tem se

revelado uma inovação importante, mas os kits desenvolvidos pelos fabricantes

tem se limitado a uma ampliação reduzida da critica zona apical. O sistema

BioRace da FKG Dentaire, Swtzerland, foi desenvolvido atendendo os

princípios de segurança, efetividade e contemplando os princípios biológicos

que permitem maior ampliação do terço apical, área crítica para controle da

infecção endodôntica

Palavras chaves: Preparo do canal, instrumentos de Niti, sistema BioRace

ABSTRACT

The efficiency of sanitization of the root canal system is a direct function of your

application. The higher the expansion better the quality of cleaning and

sanitizing, since the chemical substance and acts more effectively when the

need for a temporary dressing, it acts with its full potential. The NiTi rotary

systems has become an important innovation, but the kits developed by

manufacturers has been limited to a reduced expansion of the critical apical

area. The system of BioRace FKG Dentaire, Swtzerland, was developed with

consideration to the principles of safety, effectiveness and addressing the

biological principles that allow greater expansion of the apical third, critical area

for endodontic infection control.

Key words: Canal shaping , instruments of Niti, system BioRace

LISTA DE ILUSTRAÇOES

p

Figura 1 – Taxa de sucesso com culturas positivas e negativas 16

Figura 2 – Red Arrow – Fase de controle microbiano 17

Figura 3 – Tamanhos e formas naturais dos molares superiores 18

Figura 4 – Secção longitudinal da raiz mesial do molar inferior 19

Figura 5 – Redução de bactérias com instrumentação aumentada 19

Figura 6 – Tamanho mínimo recomendado para cada canal 21

Figura 7 – Característica dos sistemas rotatórios contínuos 24

Figura 8 – Segurança sem corte 25

Figura 9 – Bordas de corte 25

Figura 10 – Arestas de cortes 25

Figura 11 – Tratamento de superfícies 25

Figura 12 – Kits do sistema Biorace 26

Figura 13 – Kit básicos de biorace 27

Figura 14 – Áreas de contato com as paredes dentinárias dos instrumentos

biorace 28

Figura 15 – Conjunto ampliado biorace 29

Figura 16 – Estojo para organização das limas biorace 30

Figura 17 – Procedimentos pré-operátorios 31

Figura 18 – Fase de instrumentação manual 32

Figura 19 – Fase de instrumentação rotativa usando lima BR0 33

Figura 20 – Instrumentos rotativos com BR1 até BR3 34

Figura 21 – Fase de instrumentos rotativos com BR4 até BR7 35

Figura 22 – Casos com curvaturas severas, instrumentos específicos BR4C e

BR5C 36

Figura 23 – Radiografia com limas biorace nos canais 36

Figuras 24 – Fase de obturação 37

SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO.............................................................................................. 13

2-REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 16

3-CARACTERÍSTICA GERAIS DOS INSTRUMENTOS BIORACE.................24

4-IDENTIFICAÇÃO E CARACTERISTICAS.....................................................26

5-TECNICAS DE MOLDAGEM E OBTURAÇÃO.............................................31

6-DISCUSSÃO..................................................................................................38

7-CONCLUSÃO.................................................................................................43

1. INTRODUÇAO

Para o sucesso do tratamento endodôntico é indispensável uma perfeita

limpeza, modelagem e desinfecção do canal radicular e a obtenção de um

formato cônico afunilado, semelhante à sua forma original, viabilizando, dessa

forma, as condições para que o sistema de canais radiculares possa ser

obturado hermeticamente.

O conceito atual do preparo do canal radicular está intimamente

relacionado com o processo de sanificação do sistema de canais radiculares.

Este envolve o esvaziamento e a ampliação do canal radicular, os instrumentos

endodônticos e a técnica de instrumentação empregada bem como a

experiência do operador.

Assim, a terapia endodôntica propriamente dita, compreende em duas

fases: a fase do controle microbiano, removendo o tecido pulpar (polpa vital) ou

eliminando tecido pulpar necrótico ou infectado; e a fase de obturação, onde o

canal radicular é selado de modo mais hermético possível para que um

ambiente propício para o reparo de uma possível lesão periapical mantenha o

periodonto apical saudável.

A fase do controle microbiano implica em reduzir ao máximo possível a

população microbiana do sistema de canais radiculares. É inquestionável que

quanto menos microrganismos remanescentes estiverem presentes no

momento da obturação maior será o índice de sucesso do tratamento. A fase

do controle microbiano compreende a instrumentação, a irrigação, o uso de

uma medicação intracanal quando requerida. Cada passo desta fase tem por

objetivo direto remover microrganismo remanescentes do sistema de canais

radiculares, passo crítico na prevenção e sanificação do sistema de canais

radiculares.

Com relação à limpeza do canal radicular pela ação de solução

irrigante, várias pesquisas e experiências clínicas tem demonstrado que o

hipoclorito de sódio (NAOCI) possui características físico-químicas compatíveis

com os requisitos básicos de uma solução irrigadora ideal.

O hipoclorito de sódio é relatado na literatura como a solução mais

eficiente na limpeza dos canais radiculares, variando sua concentração de

acordo com o procedimento adotado.

Desde a introdução da liga de Níquel - Titânio na Endodontia e o

posterior desenvolvimento dos instrumentos rotatórios, várias pesquisas vem

demonstrando a superioridade e a rapidez na conclusão dos preparos

biomecânicos realizados pela instrumentação mecanizada. Diversos trabalhos

científicos buscaram analisar a eficiência dos referidos instrumentos no preparo

do canal radicular, no que diz respeito à limpeza promovida nas paredes

dentinárias e à forma final obtida na modelagem. Outro fator importante a ser

considerando durante a limpeza e a modelagem é a anatomia interna do dente

em questão, uma vez que canais radiculares achatados podem ser

considerados verdadeiros obstáculos para o preparo rotatório adequado do

canal radicular.

A maioria dos sistemas de instrumentação requer uma providência

adicional para se conseguir tamanhos mínimos em um terço apical do canal.

Isso resulta em instrumentos adicionais, tempo e despesa para o dentista.

A sequência Biorace é única, foi especialmente desenhada para se

conseguir os tamanhos apicais necessários sem precisar de providências ou

limas adicionais. Se usado de acordo com as instruções, a maioria dos canais

pode ser eficientemente limpo com cinco limas de NiTi, Assim, com o uso de

somente um único sistema Biorace, o objetivo biológico do tratamento de um

canal é feito sem comprometer a eficiência.

2. REVISÃO DE LITERATURA

De fato, se uma técnica é usada que garante que os

microrganismos não podem ser cultivados antes do enchimento do canal, um

sucesso muito alto (>90%) deve ser esperado (fig. 1). Portanto, cada passo na

fase de controle microbiano de tratamento da raiz é projetado para remover

bactérias adicionais do canal radicular. A fase de controle microbiano

compreende de instrumentação mecânica, irrigação, medicação do canal

radicular (quando necessário) e obturação (fig. 2).

Figura 1 As taxas de sucesso com culturas positivas e as culturas negativas.Os resultados são sempre superiores quando uma cultura negativa é obtida antes de obturação

Figura 2 Red Arrow- Fase de controle microbiano (instrumentação mecânica, irrigação antimicrobiana e medicação intracanal). Green Arrow- RC fase de enchimento.

Instrumentação mecânica é uma etapa crítica na desinfecção do

canal radicular. Debelian & Trope (2009) mostram, em estudo, que mesmo

quando não há solução irrigante biologicamente ativo é utilizado, que, como o

canal é instrumentado para diâmetros maiores que o número de microrganismo

restante é significativamente reduzido. No entanto, existe um dilema em que o

tamanho natural do terço apical de quase todos os canais são

surpreendentemente grandes, um exemplo é mostrado na figura 3.

Figura 3 Natural tamanhos e formas dos malares inferiores.

Estes tamanhos são consideravelmente maiores do que o que é

conseguido usando a forma tradicional de instrumentação. No entanto, como

pode agora ser apreciado quando se comparam os tamanhos apical do 25 ou

30 da forma escalonada de volta para o tamanho natural do canal, que a forma

tradicional tem pouca chance de eliminar os microrganismos do canal e se

baseia quase inteiramente em soluções irrigadoras e medicação intracanal

para a desinfecção e, assim, o sucesso do tratamento. Existe evidencia

conclusiva mostrando que a técnica escalonada os tamanhos são insuficientes

para limpar a maioria dos canais (fig. 5).

Figura 4 secção longitudinal da raiz mesial do molar mandibular.

Um problema adicional do uso de tamanhos mínimos de instrumentação

apical e soluções irrigantes é que a eficácia destas soluções é “neutralizada”,

quando o terço apical do canal é instrumentado para tamanhos menores. Os

medicamentos não podem alcançar o terço apical do canal. (fig. 6).

Figura 5 Redução da bactéria com tamanhos instrumentação aumentada utilizando vermelho ou hipoclorido de sódio (solução salina ) de azul irrigação.

Apenas entre o tamanho da lima 25 para 35 faz o uso de hipoclorito de

sódio ajuda a diminuir o numero de bactérias. Aparentemente, até o tamanho

da lima 25, não há espaço suficiente disponível para o desinfetante para atingir

o terço apical.

A revolução dos instrumentos de Níquel - Titânio foi acompanhada

por muitas outras inovações na instrumentação do canal radicular. Incluem-se

as diferentes imagens de cone e comprimento de cortes diferentes. Com

instrumentos de aço inoxidável os canais foram instrumentados exclusivamente

no ápice . Isto resultou em uma grande quantidade de restos de dentina apical

e bloqueio dos canais. Com o advento das limas NiTi, a técnica crown-down

utilizando grandes instrumentos afilado se tornou a norma.

Desta forma, instrumentos com conicidades relativamente maior e

mudou-se do orifício para o ápice em uma etapa de moda sábio. Isso eliminou

os restos de dentina apical como um grande problema desde o ápice é o ultimo

segmento do canal deve ser instrumentado.

Entretanto, a técnica coroa-ápice com instrumento de diferentes

conicidades apresenta outro desafio. Como alargar o terço apical a diâmetros

biológicos sem que o terço cervical e início do terço médio não sejam

demasiadamente ampliados?

Até a seqüência Biorace (FKG Dentaire) ser introduzido, o dentista

tinha que escolher entre um passo preparação apical (inferior a limpeza e

confiando na irrigação) ou outra alternativa que é a utilização de dois conjuntos

de imagens, o primeiro jogo é chegar a terço apical com a diminuição dos

instrumentos cônicos (crown-down) e, em seguida, um segundo conjunto de

limas com menor conicidade, a fim de limpar adequadamente o segmento

apical do canal (alargamento apical). A pesquisa mostrou que o uso de dois

conjuntos de limas com uma técnica híbrida é superior à alternativa de Black –

passo (do ápice para coroa) e, na realidade, em muitos casos com

complementos adequados sempre tornar a cultura canais negativos. No

entanto, uma vez que um segundo conjunto de limas é necessário a adição de

tempo adicional e gastos com procedimentos, a maioria dos fabricantes

promoveu canal passo para trás(instrumentação do ápice para coroa) desta

forma menos instrumentos são necessários e, portanto, eles são mais

atraentes para o dentista, que também é utilizado para o preparo de canais

para este formato.

Figura 6 Quadro anatômico mostrando o tamanho mínimo recomendado para cada canal.

O Estudo de Green em 1957 de 100 molares inferiores apontou que na

raiz mesial, o diâmetro do forame principal gira em torno de 0.64mm e a

distância do forame ao vértice radiográfico é de 0.43mm. Na raiz distal o

diâmetro é de 0.52mm e a distância do forame ao vértice radiográfico é de

0.45mm.

Estudo de Wu et al. (2008) e Batista, Sydney (in print) apontaram para

um diâmetro anatômico clínico a 1mm do vértice em raízes mesiais de molares

inferiores, correspondente ao diâmetro de um instrumento 25 e entre 20 e 25

para as vestibulares de molares superiores.

Estudo de Card et. al (2002) e Baugh, Wallance (2007) dentre outros,

tem demonstrado que quanto maior for à ampliação maior a qualidade de

limpeza e desinfecção da maioria dos canais radiculares. A figura enfatiza o

diâmetro mínimo recomendado para se obter o melhor em termos de limpeza

do canal radicular.

Até o presente momento, os sistemas rotatórios de NiTi têm sido

empregados utilizando kits disponíveis no mercado, sugeridos pelos fabricantes

com 5 instrumentos, mas sem ampliar a região apical.

O sistema Biorace (FKG Dentaire, Lachaux-defonds,Switzerland)

emprega uma sequência baseada no conhecimento do diâmetro anatômico dos

canais radiculares com intuito de minimizar o número de limas requeridas para

adequadamente limpar e modelar o terço apical, reduzindo o estresse sobre

cada instrumento.

Há muitos anos, a prática endodôntica dispõe de contra-ângulos para

instrumentação automatizada entre os quais pode ser citado o Giromatic

(micro-mega, Suíça) na década de 1980. Nesses aparelhos, são empregados

limas de aço inoxidável. Sempre permanecia latente durante o seu uso o perigo

da fratura do instrumento, da criação de falsas vias e, ainda, da perfuração

radicular. Posteriormente a esses métodos de instrumentação, apresentaram

notoriedade os aparelhos de ação vibratória. Assim, a partir da década de 80

surgiram no mercado odontológico diferentes sistemas de instrumentação

sônica e ultrassônica.

Nos anos 60, a liga de Níquel – Titânio foi desenvolvida por Buehler, um

investigador do Programa Espacial do Laboratório de Artilharia Naval em Silver

Springs, Maryland – EUA. Tratava-se de um metalurgista, pesquisador de ligas

não-magnéticas que fossem à prova d`água e resistentes ao sal. As

propriedades termodinâmicas apresentadas por essa liga intermetálica foram

verificadas por meio da capacidade de produzir um efeito memória de forma

quando se empregava especificamente o tratamento térmico controlado. A liga

foi denominada de Nitinol, em virtude dos elementos pelos quais o material é

composto: de “ni” de níquel (56%), “ti” de titânio (44%) e “nol” como referencia

ao local no qual foi pesquisada, Naval Ordenance Laboratory. Nitinol é, então,

o nome dado à família de liga intermetálicas de níquel-titânio que tem sido

utilizada por apresentarem propriedades únicas de efeito memória de forma e

superelasticidade. A superelasticidade dos fios de Nitinol significa que estes

retornam à sua forma original após uma deformação. Foram descritos uma

grande resistência em baixo modulo de elasticidade para as citada liga quando

comparada ao aço inoxidável, sendo essa uma vantagem no uso de

instrumentos endodônticos para o preparo de canais curvos.

Principais sistemas rotatórios contínuos.

As principais características dos sistemas rotatórios contínuos podem ser

observadas no quadro 1.

Figura 7 Resumo das principais características dos sistemas rotatórios contínuos.

3-Características gerais dos instrumentos Biorace

Os instrumentos Biorace possuem as mesmas características físicas do

sistema Race: a) ângulo de corte alternado; b) ponta inativa; c) área seccional

triangular sem banda radial; d) tratamento eletrolítico de sua superfície.

Biorace difere dos instrumentos Race no que diz respeito ao taper,

diâmetro e identificação. O maior triunfo do Biorace é possibilitar um preparo

apical a diâmetro maiores com segurança, permitindo maior eficiência da

solução irrigadora que efetivamente promoverá a sanificação do canal

radicular.

Biorace deve ser usado com 500-600 rpm e a torque 1ncm

Figura 8 Dicas de segurança sem corte

Figura 9 Alternando bordas de corte

Figura 10 Arestas de corte (seção transversal triangular)

Figura 11 Tratamento de superfície eletro químico exclusiva

4-Identificação e características dos instrumentos

Figura 12 Biorace tem 2 kits de instrumentos: básicos e avançados.

O kit básico contém 6 instrumentos: BR0-25/0.08, BR1-15/0.05, BR2-

25/0.04, BR3-25/0.06, BR4-35/0.04 e BR5-40/0.04 Este kit é recomendado

para a maioria das anatomias radiculares (fig. 13).

Figura 13 Instrumentos do kit básico de Biorace.

Um aspecto único desta sequência é que as áreas de contato de

cada lima minimizam o estresse no instrumento de modo que podem ser

Empregadas com segurança até o comprimento de trabalho (fig.14).

Figura 14 Áreas de contato com as paredes dentinárias dos instrumentos Biorace. As áreas verdes mostram aonde dentinas é removida em pequenas quantidades e as áreas vermelhas onde a remoção é maior. As áreas não marcadas são aquelas aonde o instrumento não amplia o canal.

O código de identificação no cabo foi simplificado de modo que BR0

não tem identificação; BR1, BR2, BR3 possuem respectivamente 1, 2 e 3

linhas de fácil visualização. Os instrumentos BR4 e BR5 possuem uma faixa

larga e 1 e duas linhas respectivamente.

Um aspecto único da sequência deste sistema é que o diâmetro

apical da maioria dos dentes pode ser alcançado com 5 a 7 instrumentos,

dependendo da anatomia.

O kit avançado do sistema Biorace contém 4 instrumentos: dois são

dedicados a canais com curvaturas severas (BR4C-35/0.02 e BRC5-40/0.02) e

dois são para canais mais amplos (BR6-50/0.04 e BR7-60/0.02).

Figura 15 O BR4C e BR5C – instrumentos para curvatura severa.

Os instrumentos BR4C e BR5C são empregados quando o

instrumento BR3-25/0.06 encontra dificuldade em alcançar a medida de

trabalho. Isto significa que instrumentos com conicidade 0.04 do kit básico

trabalhariam sobre grande estresse para alcançar a medida de trabalho. Assim,

os instrumentos com conicidade 0.02 alcançam este objetivo de forma mais

suave e propiciando uma maior ampliação do terço apical.

Estante (estojo) Endo-organizador de instrumentosRecomendamos

usar o conjunto Básico de instrumentos (BRO,BR1,BR2,BR3,BR4,BR5) em

quatro casos, no máximo, por isso o estojo endodôntico tem um indicador

especial de uso com 4 pétalas.

O dentista retirará uma pétala depois de cada uso. As pétalas

remanescentes indicam o número de vezes que o conjunto básico ainda pode

ser usado.

A informação sobre a quantidade de uso é gravada ao longo de toda

a vida do conjunto básico.

O estojo Biorace é compacto, robusto para enfrentar todos os tipos

de esterilização. Assegurando que o dentista tenha a ferramenta certa nas

mãos para executar os tratamentos.

Figura 16 organizador de lima Biorace.

5- Técnicas de moldagem e obturação

1-Procedimentos pré- operatórios.

*tirar radiografias paralelas pré- operatórias.

*colocar o alça de borracha (a alça de borracha pode ser colocada depois de

penetrar o teto da câmara da polpa, no caso de um acesso difícil).

*fazer o acesso

*localizar o canal com uma prova endodôntica

*remover curvaturas coronárias e estabelecer uma linha de acesso direta para

os orifícios dos canais.

*usar desinfetante sobre a câmara da polpa, do dente a 1cm da alça de

borracha circundante.

*estabelecer o comprimento do trabalho com um localizador eletrônico com

lima K 55 (25 mm-08-15).

Figura 17 Inicio do procedimento Pré-operatório.

2-Fase de instrumentação manual.

*irrigação abundante com solução adequada.

*instrumentação manual com 0.02 (taper) limas 55t de 08 a 15 no total

comprimento de trabalho (CT).

*irrigação

*se necessário, verificar radiograficamente o CT (comprimento de trabalho)

com 55t lima 15.

Figura 18 iniciando instrumentação manual.

3-Fase de instrumentação rotativa acessar pelo uso de instrumento BR0

*não começar esta fase antes que uma lima K 15 alcance com folga o CT.

*ajustar o motor para 500-600rpm.

*encher o canal e a câmara de polpa com irrigante.

*BR0-“somente” 4 golpes suaves - limpe os dutos.

*repetir até aproximadamente 4 a 6mm da parte coronal do canal até que tenha

sido preparada.

Figura 19 Instrumentação Rotativa com BR0.

4-Instrumentos rotativos alcance de trabalho com BR1 até BR3

*após o uso do BR0 repetir a irrigação.

*recapitular toda instrumentação para completar CT com 55t-15

*encher o canal e a câmara da polpa com irrigante.

*usar BR1 com 4 toque suaves. Se esse instrumento não alcançar o CT, limpar

o instrumento e repita tudo até que CT seja obtido (se necessário, reconfirmar

o CT com um localizador eletrônico).

*usar BR2 e BR3 como descrito para BR1.

*não usar BR3 para CT em canais com severas curvaturas apicais.

*irrigar bastante entre os instrumentos.

Figura 20 Instrumentação com BR1 e BR3.

5-Fase de instrumentação rotativos, preparação apical final com BR4 ate BR7.

*na maioria dos casos a preparação apical final é obtida com instrumentos BR4

e BR5. Dependendo da anatomia da raiz do canal. Dois instrumentos

adicionais BR6 e BR7 podem ser usados para canais mais largos.

*o mesmo principio explicado para BR1-3 deve ser usado para a preparação

apical.

Note bem: irrigar abundantemente todas às vezes e a limpeza dos estiletes

(agulhas) após 4 toques suaves é essencial para o uso seguro e eficiente

destes instrumentos.

Figura 21 Instrumentação com BR4 até BR7.

6-Casos com curvaturas apicais severas, instrumentos específicos: BR4C e

BR5C

*para curvaturas apicais pronunciadas deverão ser usados instrumentos BR4C

e BR5C.

*se o instrumento não alcançar o CT com 4 toque suaves NÃO FORÇAR o

instrumento. Irrigar os canais, e repita o toque suave com instrumento.

*para curvaturas complicadas recomenda-se o uso adicional dos instrumentos

FKG.

Figura 22 Curvaturas severas usando BR4C e BR5C.

Figura 23 Radiografia mostrando as lima biorace nos canais até a odontometria.

7-Fase de obturação

*colocar o ponto de obturação correspondente aos tamanhos apicais finais.

*completar com o material e técnica de obturação preferida

*para condensação lateral, é sugerida a técnica NiTi espaçador digital 20/0.04.

*nos casos em que se planeja usar uma condensação vertical torna um plugger

(tomada) fino ou médio deve ser usado quando a preparação final apical

houver sido completada com BR4 ou BR5.

Figura 24 Iniciando a obturação do canal.

3. Discussão

Diversos estudos comparativos são realizados freqüentemente com o objetivo

de analisar os sistemas sob diferentes aspectos como: limpeza e modelagem,

habilidade na remoção de smear layer e debris, transporte apical, extrusão

apical de debris, perda de comprimento de trabalho, formação de zips, degraus

e perfurações, taxa de deformações e fraturas de limas e tempo para o preparo

do canal radicular.

No que diz respeito à limpeza do canal radicular, vários trabalhos

compararam a remoção de debris e smear layer, tanto com a técnica manual

como com a rotatória. Todos comprovaram que nenhuma técnica promoveu

total limpeza do canal radicular.

Quanto à remoção de debris e smear layer, comparando-se a técnica

manual e a rotatória, Ahlquist et al (2001) concluíram que a instrumentação

manual, com lima S de aço, resultou em menor quantidade de debris na região

apical do que o sistema ProFile. Esse estudo corrobora os resultados

alcançados por Barbizam et al (2002); esses autores também concluíram que a

técnica manual empregada lima K-file foi mais eficiente na limpeza dos canais

radiculares do que a técnica rotatória com ProFile.

Estudo de Zand et al (2007) não esta de acordo com os anteriores,

pois os resultados indicaram que o instrumento manual NITI foi o que mais

deixou debris e smear layer quando confrontado com FlexMaster e Race.

Foschi et al (2004) compararam os sistema rotatórios MTwo e

ProTaper e observaram que ambos os instrumentos proporcionaram uma

superfície limpa e livre de debris nos terços cervical e médio, mas foram

incapazes de produzir uma superfície livre de debris no terço apical. Já Schafer

et al (2006) confrontaram os sistema MTwo, K3 e Race e chegaram à

conclusão de que o MTwo apresentou o melhor resultado na limpeza do canal

radicular.

Com relação ao tratamento endodôntico, principalmente com

instrumentos rotatório, um ponto muito importante a ser avaliado é a questão

do transporte apical. Alguns estudos tratam desse assunto. Hata et al.(2002)

verificaram que no milímetro apical final do canal o transporte foi mais

frequente na direção externa da curvatura. Hartmann et al. (2007) compararam

a instrumentação manual com K-file, a instrumentação oscilatório com K-file e a

instrumentação rotatória com ProTaper e concluíram que a manual foi a que

menos gerou transporte apical.

Javaheri e Javaheri (2007), no qual se afirmou que o sistema

ProTaper deve ser empregado em combinação com outro sistema de menor

Taper, como o Race, para evitar o transporte apical, e o de Loizides et al.

(2007), que na comparação entre ProTaper e Hero detectaram a tendência ao

transporte apical do ProTaper e recomendaram a hibridização a fim de gerar

um resultado melhor no preparo do canal.

Quando à extrusão apical de debris, os instrumentos rotatórios

apresentam menor extrusão do que as técnicas manuais. Isso se deve à ação

rotatória dos instrumentos, que leva as raspas dentinárias à porção cervical da

raiz, sendo facilmente removidas pela irrigação. Hinrichs et al. (1998) e Reddy

e Hicks (1998) afirmaram que talvez esse fato auxilie na recuperação dos

tecidos periapicais, além de diminuir a dor pós – operatória. Zarrabi et al.

(2006) realizaram um estudo comparativo in vidro dos debris extruídos

apicalmente resultantes da instrumentação manual e da instrumentação

rotatório dos sistemas ProFile, Race e FlexMaster e concluíram que o sistema

Race foi o que menos extruiu debris apicalmente, e a técnica manual foi a que

mais extruiu. Kustarci et al. (2008) também demonstraram os mesmos

resultados, indicando que a técnica manual extruiu mais debris do que o

sistema rotatório com Race, K3 e FlexMaster.

Um tópico de extrema importância, quando se trata de instrumentos

rotatórios, é a deformação e a fratura da lima. Inúmeros trabalhos versam

sobre esse assunto.

Necchi et al. (2008) examinaram o comportamento mecânico dos

instrumentos rotatórios e verificaram que a maior demanda de trabalho deles é

em canais severamente curvos, especialmente nas áreas de maior diâmetro do

instrumento. Para prevenir possíveis prejuízos e fratura dos instrumentos, eles

devem ser periodicamente analisados, e é preciso descartá-los quando há

mínima notabilidade de distorções e após certo número de uso. Ounsi et al.

(2007) e Lopes et al.(2007) descreveram que principalmente os instrumentos

F3 do ProTaper, inicialmente utilizados em canais curvos, são suscetíveis a

fratura por fadiga cíclica. Barbosa et al. (2007) demonstraram que as

sucessivas torções, juntamente com a fadiga flexural, reduzem a resistência

mecânica das limas se NiTi, levando-as à fratura.

Em relação ao tempo de preparo do canal radicular com instrumentos

rotatórios, todos os autores que realizam pesquisas nesse campo são

unânimes em afirmar que tal preparo é significativamente mais rápido do que

com a técnica manual

Quando a aspectos como formação de degraus, zips e perfurações,

perda de comprimento de trabalho e entupimento apical, todos esses

problemas são passíveis de ocorrer, e realmente acontecem, como se viu nos

estudos analisados, mas são tão comuns e preocupantes a ponto de superar

as vantagens proporcionadas pelos sistemas rotatórios.

Quando se trata de sistemas rotatórios, também é necessário falar a

respeito do retratamento com esses sistemas. No estudo de Gergi e Sabbagh

(2007), no qual foi avaliada a efetividade de limas Hedstroen, ProTaper e R-

Endo na remoção de guta-percha de canais radiculares severamente curvos,

os resultados indicaram que todos os instrumentos deixaram material no

interior do canal.

Demonstraram também que o ProTaper e o R-Endo são inadequados

para a completa remoção de material obturador do sistema do sistema de canal

radicular. Em trabalho semelhante, Tasdemir et al. (2008) avaliaram os

mesmos instrumentos, incluindo MTwo, e concluíram que nenhum deles

removeu totalmente o material obturador e que o ProTaper foi o que

apresentou o melhor resultado, principalmente quando comparado ao MTwo.

Mais um estudo que relatou o fato de nenhum instrumento remover todo o

material obturador foi o de Saad et al. (2007). Esses autores analisaram os

instrumentos rotatórios ProTaper, K3 e limas manuais Hedstroem e

averiguaram que os instrumentos rotatórios foram mais efetivos que a técnica

manual.

Com base nos trabalhos analisados, percebe-se que todos os

sistemas rotatórios são viáveis e eficazes no preparo do canal radicular. Desde

a década de 1990 têm surgido no mercado diversas pesquisas, sempre com

modificações, buscando a correção de falhas existentes e o aprimoramento dos

materiais.

A respeito dos sistemas mais recentes BIORACE e TWISTED FILE

estudos precisam ser realizados para comprovar as suas características, que

parecem torná-los os mais promissores do momento.

4. Conclusão

Então concluímos que mesmo necessitando de, mas estudos o

sistema BIORACE tem se mostrado extremamente eficiente em ampliar o terço

apical favorecendo a fase do controle microbiano, sendo também rápido e

seguro.

E com relação aos outros sistemas rotatórios conclui-se:

Eles são eficazes no preparo do canal radicular ;

Nenhum sistema promove a limpeza e a modelagem total do canal

radicular ;

A extrusão apical de debris gerada pelos sistemas é mínima ;

As deformações tanto do canal radicular como das limas são

passiveis de ocorrer, assim como as fraturas;

Para o retratamento endodôntico, os sistemas rotatórios são mais

eficazes que a técnica manual, mas nenhuma instrumento remove totalmente o

material obturador;

Os sistemas Protaper Universal, K3, Hero,Mtwo e Race são os mais

representativos no momento atual e os sistemas Biorace parece ser o mais

promissores, pois estudos a seu respeito ainda precisa ser realizados.

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