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UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTEFEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA
DO PETRÓLEO
UM MODELO MATEMÁTICO BASEADO EM WAVELETS PARA ANÁLISE DOMÉTODO TÉRMICO DE RECUPERAÇÃO DE ÓLEO PESADO APLICANDO
IRRADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA
MOISÉS DANTAS DOS SANTOS
Orientador: Prof. Dr. Adrião Duarte Dória Neto
Co-orientador: Prof. Dr. Wilson da Mata
Natal, RN, abril de 2010
Agradecimentos
A Deus, força criadora do universo.
A meu pai, Antonio Luis dos Santos, pela vida, amor, educação, conforto e exemplo
de vida. Sou-lhe muito grato por ter-me feito homem.
A minha esposa Tatiana Dantas pela amor, paciência e compreensão ao longo de nossa
vida a dois e no curso desse doutorado.
Aos meus irmãos, tios e demais familiares pelo afeto, amizade, apoio, pelas comemo-
rações e momentos de lazer que nos fazem relaxar e esquecer os problemas da vida.
Aos meus orientadores Adrião Duarte Dória Neto e Wilson da Mata pelo conheci-
mento, pela acolhida, confiança e amizade. Fico feliz em ser vosso discípulo no “ad-
mirável mundo novo” da computação e engenharia do petróleo.
Aos professores e funcionários do PPGCEP/ UFRN, que contribuíram direta ou indi-
retamente na minha formação e neste trabalho. Ao professor Tarcilio Viana Dutra Junior
do PPGCEP/UFRN por sua gentil disponibilidade e apoio. Aos professores Jorge Dantas
e Ana Maria DCA/UFRN pela motivação e auxilio.
Aos professores Abel Lins Junior e José Patrocinio, membros da banca examinadora,
pelo apoio e contribuições valorosas a este trabalho.
Ao amigo Ernestro PPGCEP/UFRN pela sua ajuda e companherismo. Aos amigos e
companheiros de Campina, João Pessoa, Mossóro e Natal que deram-me força e ânimo.
Em especial à Antonio Ronaldo, Walter Martins, Iguatemi, Alana, Clarissa, Adriano,
Jamilson, João Paulo Orlando, Anthony, Elton, Rafael, Eliana, Lima, enfim a todos.
Resumo
Neste trabalho é proposto um modelo para investigar o uso de uma antena cilíndrica
utilizada no método térmico de recuperação por irradiação eletromagnética de petróleo
de alta viscosidade. A antena apresenta uma geometria simples, do tipo dipolo adaptada,
e pode ser modelada usando-se as equações de Maxwell. As transformadas de wavelets
são usadas como funções de base e aplicadas em conjunto com o método dos momen-
tos na obtenção da distribuição de corrente na antena. O campo elétrico, a distribuição
de energia e a temperatura são cuidadosamente calculadas para analise da antena como
aquecedor eletromagnético. O desempenho energético é analisado a partir de simulações
termo-fluidodinâmicas em escala de campo, através da adaptação no Steam Thermal and
Advanced Processes Reservoir Simulator (STARS) da empresa de software Computer
Modelling Group (CMG). Os resultados obtidos para poços constituídos por óleos vis-
cosos são estáveis e apresentam boa concordância com resultados da literatura.
Abstract
This work proposes a model to investigate the use of a cylindrical antenna used in
the thermal method of recovering through electromagnetic radiation of high-viscosity oil.
The antenna has a simple geometry, adapted dipole type, and it can be modelled by us-
ing Maxwell’s equation. The wavelet transforms are used as basis functions and applied
in conjunction with the method of moments to obtain the current distribution in the an-
tenna. The electric field, power and temperature distribution are carefully calculated for
the analysis of the antenna as electromagnetic heating. The energy performance is ana-
lyzed based on thermo-fluid dynamic simulations at field scale, and through the adaptation
in the Steam Thermal and Advanced Processes Reservoir Simulator (STARS) by Com-
puter Modelling Group (CMG). The model proposed and the numerical results obtained
are stable and presented good agreement with the results reported in the specialized liter-
ature.
“Dizem que o desejo de conhecimento nos fez perder o
paraíso no passado; verdade ou não, é certo que nos dará
o paraíso no futuro.”
Ingersoll
Dedicatória
Ao meu pai.
Sumário
Sumário i
Lista de fíguras iii
Lista de símbolos e abreviaturas v
Lista de tabelas ix
1 Introdução 1
1.1 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.5 Organização da tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.6 Revisão bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2 Aspectos teóricos 8
2.1 Método térmico de recuperação por aquecimento eletromagnético . . . . 8
2.1.1 Algumas considerações sobre o aquecimento eletromagnético: Tipos
de dielétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.1.2 Penetração do campo eletromagnético . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Desenvolvimento do modelo matemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2.1 Formulação do problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2.2 Modelo matemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.3 Equações para os campos elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.4 Equações de Hallén . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Distribuição de potência e temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Critérios para aplicação do método por aquecimento eletromagnético . . . 22
3 Wavelets e análise de multiresolução 24
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
i
3.2 Notação e resultados preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3 Definição de uma wavelet geratriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.4 Transformada de wavelet contínua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.5 Wavelets ortogonais e a análise de multiresolucão (AMR) . . . . . . . . . 31
3.5.1 Análise de multiresolução (AMR) . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.5.2 Introdução as wavelets ortogonais de Daubechies . . . . . . . . . 36
3.5.3 Aproximando funções com wavelets . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.5.4 Transformada rápida com wavelets: Algoritmos rápidos de de-
composição e reconstrução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4 Método dos momentos via wavelet 44
4.1 Descrição do método dos momentos (MoM) . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.2 Método dos momentos através das wavelets . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5 Materiais e métodos 49
5.1 Análise do desempenho do aquecimento eletromagnético através da im-
plementação computacional para a antena . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.1.1 Parâmetros utilizados na antena . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.2 Análise do aquecimento eletromagnético adaptando o simulador STARS
da CMG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.2.1 O simulador STARS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.3 Modelo físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.4 Avaliação econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5.4.1 Produção líquida acumulada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6 Resultados e discussões 57
6.1 Resultados e discussões obtidos para antena . . . . . . . . . . . . . . . . 57
6.2 Resultados obtidos com simulador STARS . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6.2.1 Análise do perfil de temperatura e viscosidade . . . . . . . . . . . 65
6.2.2 Análise dos fatores de produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
6.2.3 Análise técnico-econômica através da produção líquida acumulada 72
7 Conclusões e futuros trabalhos 74
7.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
7.2 Futuros Trabalhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Referências bibliográficas 77
Lista de Figuras
2.1 Ação do campo elétrico (a) campo elétrico nulo: as partículas se encon-
tram de forma aleatória (b) campo elétrico aplicado: as partículas tendem
a se alinhar, deslocar de acordo com o campo (Manichand, 2002). . . . . 9
2.2 Configuração do meio submetido ao aquecimento eletromagnético por ir-
radiação (Da Mata, 1993). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3 Antena cilíndrica isolada tipo dipolo, imersa em um meio dielétrico dis-
sipativo (Silva, 1997). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4 Dipolo cilíndrico simétrico, Silva (1997). . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.1 Análise do sinal através da Transformada de Fourier e Transformada Wavelet
Contínua. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.2 Transformada de wavelet contínua: descontinuidade no sinal . . . . . . . 31
3.3 Transformada de wavelet contínua: descontinuidade no sinal . . . . . . . 31
3.4 Função escala de Haar φ0,0 e Wavelet de Haar ψ0,0 . . . . . . . . . . . . 32
3.5 Wavelet de Haar ψ1,0 e ψ1,1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.6 wavelets de Daubechies dbN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.7 Função da amostra S em [0,8) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.8 Esquema de decomposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.9 Esquema de decomposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.10 Esquema de decomposição em todos os níveis . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1 Contribuição de cada um dos níveis em relação ao número de subdivisões
Belardi, Cardoso e Sartori (2005). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
5.1 Vista esquemática do aquecimento eletromagnético por irradiação. A an-
tena é colocada no fundo do poço, bem na frente da zona de produção
(Carrizales, Lake e Johns, 2009). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.2 Malha radial com refinamento, visão radial. . . . . . . . . . . . . . . . . 54
5.3 Malha radial com refinamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.1 Distribuição de corrente para um dipolo, MoM wavelet de Haar. . . . . . 58
iii
6.2 Distribuição de corrente para um dipolo: MoM wavelet de Haar versus
King, Trembly e Strohbehn (1983). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.3 Distribuição de corrente para dois dipolos, MoM wavelet de Haar. . . . . 58
6.4 Distribuição de corrente para os dois dipolos: MoM wavelet de Haar ver-
sus King, Trembly e Strohbehn (1983). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6.5 Distribuição de corrente utilizando os algoritmos de análise e síntese. . . . 59
6.6 Distribuição de corrente utilizando a transformada de wavelet contínua. . 60
6.7 Quantidade de elementos não nulos (pontos em cor azul), obtidas para
uma antena com 64 divisões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
6.8 Distribuição de corrente I(z) versus db2 no nível N = 3, gráfico (a). . . . 61
6.9 Distribuição espacial da componente axial do campo elétrico num meio
de água salgada e petróleo de alta viscosidade. . . . . . . . . . . . . . . . 62
6.10 Distribuição espacial da componente radial do campo elétrico num meio
com água salgada e petróleo de alta viscosidade. . . . . . . . . . . . . . . 62
6.11 Distribuição espacial do campo elétrico total num meio de água salgada e
petróleo de alta viscosidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
6.12 Distribuição espacial da potência dissipada num meio de água salgada e
petróleo de alta viscosidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
6.13 Distribuição radial da variação da temperatura num meio de água salgada
e petróleo de alta viscosidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
6.14 Distribuição de potência análise através da wavelet de Daubechies db2. . 64
6.15 Distribuição de potência análise através da transformada de wavelet con-
tínua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6.16 Perfil transversal de temperatura após trinta dias. . . . . . . . . . . . . . 65
6.17 Perfil longitudinal de temperatura após trinta dias. . . . . . . . . . . . . . 66
6.18 Perfil transversal de viscosidade após trinta dias. . . . . . . . . . . . . . . 66
6.19 Perfil longitudinal de viscosidade após trinta dias. . . . . . . . . . . . . . 67
6.20 Perfil transversal de temperatura após um ano. . . . . . . . . . . . . . . . 67
6.21 Perfil transversal de viscosidade após um ano. . . . . . . . . . . . . . . . 68
6.22 Perfil de temperatura após dez anos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
6.23 Perfil de viscosidade após dez anos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
6.24 Produção diária de óleo após dez anos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.25 Produção acumulada de óleo após dez anos. . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.26 Fração recuperada de óleo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
6.27 Consumo acumulado de energia elétrica em dez anos . . . . . . . . . . . 72
Lista de símbolos e abreviaturas
A - área de seção transversal aberta ao fluxo (cm2)
~A - vetor potencial magnético (V.m−1.rad.s−1), valor de pico.~Az - valor de pico da componente axial do vetor potencial magnético (V.m−1.rad.s−1).
a- raio externo do condutor central da antena (Região 1)(m).~B - fasor complexo associado à indução magnética (Telsa). Valor de pico.
b - raio externo do primeiro dielétrico isolante ao redor da antena (Região 2)(m).
c - raio externo do segundo dielétrico isolante ao redor da antena (Região 3)(m).
Ca - calor específico da água à pressão constante (Jkg−1.C).
ceq - calor específico equivalente do sistema óleo/água/rocha a pressão constante (Jkg−1C−1).
cw - calor específico da água a pressão constante (J.kg−1.C).
co - calor específico do óleo a pressão constante (J.kg−1.C)
c f - compressibilidade efetiva de formação (Pa−1).
d - densidade do óleo (adimensional).~D - fasor complexo associado à indução elétrica (C.m−2).~E - fasor complexo associado ao vetor campo elétrico (V.m−1); valor de pico.
E i - valor de pico do campo elétrico impresso ou incidente na superfície da antena (V.m−1).~E∗-conjugado do fasor complexo associado ao vetor campo elétrico (V.m−1).
E4r - distribuição radial do campo elétrico (V.m−1).
E4z - valor de pico da componente axial do fasor complexo associado ao campo elétrico
na Região 4 (V.m−1).
E4z - valor de pico da componente radial do fasor complexo associado ao campo elétrico
na Região 4 (V.m−1).
E iz - valor de pico da componente axial do campo elétrico incidente na superfície lateral
da antena (V.m−1).
Esz - valor de pico da componente axial do campo elétrico espalhado na superfície lateral
da antena (V.m−1).
Esr - valor de pico da componente axial do campo elétrico espalhado nas faces terminais
da antena (V.m−1).
~Etan - campo elétrico tangente à superfície condutora da antena (V.m−1).
v
f - frequência (Hz)
h - comprimento de cada elemento do dipolo simétrico (m).~H - fasor complexo associado ao campo magnético (V.m−1). Valor de pico.
I - corrente elétrica do dipolo simétrico (A).
Iz - distribuição de corrente axial desconhecida induzida pelo campo elétrico impresso ou
incidente (A).
j - número imaginário puro.~J - fasor complexo associado ao vetor densidade de corrente (A.m−2). Valor de pico.~Jc - fasor complexo associado ao vetor densidade de corrente condução (A.m−2). Valor
de pico.~Jd - fasor complexo associado ao vetor densidade de corrente de deslocamento no dielétrico
(A.m−2). Valor de pico.~Jr - fasor complexo associado ao vetor densidade de corrente de relaxação no dielétrico
(A.m−2). Valor de pico.~Jc f - fasor complexo associado ao vetor densidade de fonte (A.m−2). Valor de pico.
L - comprimento do meio poroso (m).
M - massa do sistema (Kg).
P - montante de óleo produzido em um determinado instante (bbl) ou (m3).
Po - pressão original do reservatório.
k - número de onda (rad.m−1).
K - permeabilidade total ao fluxo de um fluido (darcy).
Kw - permeabilidade total ao fluxo da fase água (darcy).
Ko - permeatório (Pa).
q - vazão de fluxo (cm3/s).
r - comprimento radial horizontal do sistema de coordenadas cilíndricas (m).
r′ - comprimento radial horizontal do sistema de coordenadas cilíndricas entre os eixos z
e z′ (m).~R - vetor posição com origem em um ponto de fonte e término em um ponto de campo
(m).
T - temperatura de equilíbrio da três fases petróleo-água-rocha (C).
Ti - temperatura inicial da jazida.
4t - tempo de aquecimento.
4T - variação de temperatura (C).
V - volume do meio a aquecer (m3).
V i0 - tensão elétrica impressa ou incidente na antena (V ).
Y - admitância intríseca do meio (ohm−1).
Y0 - admitância de entrada do dipolo simétrico (ohm−1).
Wp - termo de perdas de energia (W.m−3).
Z - Impedância por unidade de comprimento do condutor devido ao efeito pelicular
(ohm.m−1).
Y - Impedância de entrada do dipolo simétrico (ohm).
z - componente axial segundo a direção vertical em coordenadas cilíndricas (m).
z′ - eixo tangente a superfície do condutor central da antena paralelo à z (m).
LETRAS GREGAS
α - coeficiente de atenuação do meio dissipativo (Np.m−1).
β - constante de fases (rad.m−1).
δ - ângulo de perdas (rad).
ε - permissividade complexa efetiva do meio (F.m−1).
ε′ - permissividade elétrica do meio (F.m−1).
ε′′ - constante de relaxação dipolar do meio (F.m−1).
ε - permissividade complexa do meio (F.m−1).
ε0 - constante dielétrica do vácuo (1/(36π109).F.m−1).
ε′r - permissividade relativa do meio (F.m−1).
ε2 - permissividade do meio dielétrico isolante (Região 2) (F.m−1).
ε3 - permissividade do meio dielétrico isolante (Região 3) (F.m−1).
ε4 - permissividade do meio dielétrico dissipativo (Região 4) (F.m−1).
ε4 - permissividade complexa do meio dissipativo (Região 4) (F.m−1).
η - impedância intrínseca do meio (ohm).
Φ - potencial escalar elétrico (V ).
λc - condutibilidade térmica do meio (W.m−1.0C−1).
λi - comprimento de onda incidente em um meio dielétrico (m).
λ - comprimento de onda no meio dielétrico devido a antena (m).
µ - permeabilidade magnética do meio (kg.m.s−2.A−2).
µ0 - permeabilidade magnética do vácuo (4π10−7H.m−1).
µr - permeabilidade magnética do meio.
ρ - densidade volumétrica de carga elétrica (C.m−3).
ρa - massa volumétrica da água (kg.m−3).
ρeq - massa volumétrica do sistema petróleo-água-rocha (kg.m−3).
ρm - massa volumétrica (kg.m−3).
ρp - massa volumétrica do petróleo pesado (kg.m−3).
σ - condutividade elétrica efetiva do meio (ohm.m)−1.
σ - condutividade elétrica (iônica) do meio (ohm.m)−1.
σ4 - condutividade elétrica (Região 4) (ohm.m)−1.
θ - ângulo entre o eixo z′ e o vetor posição R (rad).
~ν - vetor velocidade superficial (m.s−1).
ω - pulsação (rad.s−1).
Lista de Tabelas
2.1 Características dielétricas a 3 GHz e 25C . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2 Características dielétricas a 3 GHz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
6.1 Resultados de f r, Np e (Ep) para todos os casos estudados. . . . . . . . . 71
6.2 Cenários considerados na análise de produção liquida acumulada em dez
anos de produção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
ix
Capítulo 1
Introdução
1.1 Apresentação
O aumento do fator de recuperação final das jazidas de petróleo tem sido uma pre-
ocupação constante de todos os setores da indústria petrolífera. A busca por novas téc-
nicas que possam ser aplicadas na solução deste problema vem sendo alvo de vários
pesquisadores, sobretudo dos que atuam na área de Engenharia de Reservatórios. Den-
tre as várias técnicas de recuperação de reservatórios de petróleo que são utilizados na
indústria petrolífera, o método térmico usando aquecimento eletromagnético tem desper-
tado o interesse de vários grupos de pesquisas. Esse método consiste na transformação
de energia elétrica em energia térmica, aumentando a temperatura média no reservatório,
reduzindo a viscosidade dos fluidos, e conseqüentemente, aumentando a mobilidade da
fase óleo (Pizzarro, 1989). Dentre os principais estudos que comprovam a viabilidade téc-
nica do aquecimento eletromagnético como método térmico de recuperação de petróleo
destacam-se os trabalhos desenvolvido por: (ABERNATHY, 1976; DA MATA 1993;
SILVA 1997; COSTA 1998; OLIVEIRA 2010; VERMEULEN 2000; TREVISAN 1990).
O princípio do aquecimento eletromagnético é a interação direta entre o campo elétrico
aplicado e as partículas eletricamente sensíveis do meio, que podem ser íons ou molécu-
las dipolares dos fluidos. Este fenômeno é complexo, mas pode ser resumido da seguinte
forma: as partículas eletricamente sensíveis encontram-se de forma desordenada no meio
quando o campo elétrico é nulo, mas uma vez submetidas a um campo elétrico, as molécu-
las dipolares e os íons tendem a se orientar de acordo com a direção do campo. À
proporção que a frequência do campo aplicado aumenta, cresce a agitação molecular e,
conseqüentemente, maior é a transformação da energia eletromagnética em térmica por
fricção intermolecular. Neste caso o aquecimento é instantâneo, independente das carac-
terísticas térmicas do meio e dependente da frequência utilizada, da intensidade do campo
elétrico de excitação e da permissividade complexa do meio. Este fenômeno é conhecido
1
Capítulo 1. Introdução
por aquecimento dielétrico ou de altas frequências (SILVA, 1997).
Neste trabalho, a aplicação do método térmico de recuperação através do Aqueci-
mento Eletromagnético por Irradiação (AEI) é feito a partir de um irradiador ou antena
cilíndrica do tipo dipolo. A antena é inserida em reservatórios constituídos por óleos pe-
sados, caracterizados como meios dissipativos. Por se tratar de um fenômeno eletromag-
nético, o modelo matemático foi desenvolvido a partir das equações de Maxwell. Desta
forma, partindo-se das equações de Maxwell obtém-se a distribuição de corrente através
da equação integral de Hallén Balanis (2004), cuja solução numérica é obtida através
método dos momentos (MoM) Harrington (1968). Para aperfeiçoar a transferência da en-
ergia eletromagnética no meio dissipativo, também foi calculado numericamente a partir
da distribuição de corrente, o campo elétrico a potência dissipada no meio e a distribuição
de temperatura.
Originalmente a aplicação do MoM é feita a partir de funções de base clássicas como
por exemplo, funções de pulsos Harrington (1968). Em muitos casos, a aplicação do
modelo convencional do MoM aumenta o esforço computacional e não permite a apli-
cação de técnicas computacionais capazes de revelar aspectos importantes do modelo em
análise. Uma importante contribuição deste trabalho, foi a implementação do MoM uti-
lizando Wavelets de Haar como funções base. Como resultado desta aplicação foi obtido
uma redução no tempo de execução do programa devido à obtenção de matrizes esparsas
geradas a partir da aplicação das transformadas wavelets (BELARDI, CARDOSO, and
SARTORI 2005; LASHAB, ZEBIRI and BENABDELAZIZ 2008).
Neste trabalho a técnica do MoM foi desenvolvida considerando como funções de
base as wavelets ortogonais do tipo Haar para determinar a distribuição de corrente ao
longo da antena. Entretanto, é possível utilizar outros tipos de wavelets como funções
de base. Testes preliminares indicam que o uso da wavelet de Daubechies poderá reduzir
ainda mais o esforço computacional devido esta possuir N momentos nulos (Daubechies,
1998). Para revelar aspectos da modelagem em diferentes níveis de resolução, foi uti-
lizada a transformada de wavelet contínua em conjunto com os algoritmos de análise e
decomposição (MALLAT, 1989).
Para validar o comportamento do método usado na recuperação de petróleo pesado,
utilizou-se o simulador STARS da empresa de software CMG que foi adaptado e utilizado
com dados de campo.
2
Capítulo 1. Introdução
1.2 Motivação
Como atualmente as reservas de petróleo estão ficando cada vez mais escassas, as
empresas de petróleo estão tendo um perfil mais agressivo na hora de decidir desenvolver
um campo com características menos atrativas. A qualidade do óleo é um bom exemplo
desta mudança de critério de decisão. O óleo pesado tem um menor preço de mercado e
exige tecnologias mais avançadas para produção (mais caras) se comparado com o óleo
leve. Mas mesmo assim o óleo pesado vem aumentando a sua participação nas reservas
mundiais (TREVISAN, 1990).
A implementação de novas tecnologias deverá otimizar a produção dos reservatórios e
trazer um aumento do fator de recuperação dos óleos pesados viabilizando a sua produção
de maneira economicamente viável.
Inspirado por esta nova demanda e atratividade na produção de óleos pesados pretende-
se a partir deste trabalho possibilitar uma nova ferramenta técnico-econômica que con-
tribuia e auxilie significativamente com o aumento no fator de produção nos reservatórios
de petróleo.
1.3 Objetivos
O principal objetivo desta tese é desenvolver um modelo para investigar o uso de
uma antena linear do tipo cilíndrica adaptada para o aquecimento de um meio dissipa-
tivo, contendo petróleo de alta viscosidade. Nesse trabalho são utilizadas as wavelets
para revelar aspectos da modelagem em diferentes níveis de resolução, os quais não são
obtidos através de métodos usuais de processamento de sinais. Além disso, utiliza-se
o simulador STARS da empresa de software CMG para analisar, através de simulações
termofluidodinânmicas em escala de campo, o desempenho energético e econômico do
aquecimento eletromagnético por meio de um irradiador eletromagnético inserido num
poço de petróleo. Através destas simulações será possível obter o comportamento real
desse método térmico de recuperação e uma estimativa de produção de petróleo.
Pretende-se com este trabalho revelar aspectos na modelagem capazes de possibilitar
um melhor controle dos poços, de maneira que haja uma maximização na recuperação
do petróleo através do método térmico via aquecimento eletromagnético por irradiação.
Os resultados podem ser utilizados em processamento que auxiliem na automação da
produção e exploração de petróleo como também no âmbito teórico e científico.
3
Capítulo 1. Introdução
1.4 Metodologia
Neste trabalho, será formulada a técnica numérica do Método dos Momentos con-
siderando como funções de base ou de expansão as wavelets ao invés da tradicional função
pulso, com este propósito determinamos a distribuição de corrente da antena cilíndrica
estudada, visando uma melhor precisão dos resultados obtidos. Além disso, faremos a
modelagem do campo eletromagnético, da distribuição de potência e de temperatura uti-
lizando as wavelets contínuas e os algoritmos de análise e decomposição desenvolvidos
por Mallat (1989), proporcionando uma análise sistemática do comportamento dessas
grandezas no reservatório em diferentes níveis de resolução.
A metodologia aplicada no desenvolvimento deste trabalho é dividida em etapas, des-
critas a seguir:
• Estado da arte, Revisão bibliográfica sobre Engenharia de Reservatórios, Trans-
formada wavelet, Transformada de Fourier, Análise Funcional, Teoria Eletromag-
nética, Simulação Computacional.
• Formulação teórica com todo rigor matemático em todas as etapas apresentadas no
decorrer desse trabalho, bem como no desenvolvimento dos algoritmos computa-
cionais a serem implementados.
• Após a etapa de desenvolvimento teórico e implementação computacional, será pro-
cedida à fase de validação onde testes com base em dados experimentais possam ser
feitos para analisar o desempenho do trabalho. O simulador utilizado e adaptado
será o software STARS da CMG, empresa de software especializada em simulação
da Indústria Petrolífera, utilizados em várias empresas do setor. A partir de algumas
adaptações feitas, o simulador permitirá representar a estrutura e o comportamento
de produção do reservatório de petróleo na presença do dipolo modelado.
• Durante as etapas de desenvolvimento, validação e testes, os resultados obtidos
foram publicados em congressos e revistas especializadas da área, em âmbito na-
cional e internacional.
1.5 Organização da tese
No Capítulo 2 é apresentado um estudo sobre as características relacionadas com o
aquecimento eletromagnético e desenvolvido a modelagem matemática do método pro-
posto.
4
Capítulo 1. Introdução
No Capítulo 3 desenvolve-se um estudo sobre a teoria das wavelets ortogonais e sua
principal propriedade a análise de multiresolução.
No Capítulo 4 é desenvolvido o modelo numérico do método dos momentos utilizando
como funções de base as wavelets.
No Capítulo 5 são apresentados os materiais e métodos utilizados para a avaliação do
desempenho técnico e econômico do processo de aquecimento elétrico por irradiação.
No Capítulo 6 são mostrados e discutidos os resultados referentes ao AEI, utilizando
para esta análise, os programas desenvolvidos e o simulador comercial STARS da CMG.
Finalmente, no Capítulo 7 são apresentadas as conclusões sobre a avaliação do de-
sempenho energético e econômico do processo AEI e propostas de futuros estudos rela-
cionados à área.
1.6 Revisão bibliográfica
Os estudos relacionados ao método térmico de recuperação de petróleo por aque-
cimento eletromagnético podem ser divididos em dois grupos, o primeiro tratando de
aquecimento eletromagnético a baixa frequência (60 Hz) e, o segundo, utilizando fre-
quências elevadas (acima de 100 Hz). É importante notar que apesar do desenvolvimento
do método seja recente, a idéia de se utilizar energia elétrica para se levar calor até o reser-
vatório é bastante antiga. Faremos consecutivamente, uma breve discussão dos principais
trabalhos realizados referentes aos dois grupos de estudos:
Na década de 50 Ljungstrom (1951) apresentou um trabalho no qual utilizou o eletro-
magnetismo como método térmico de recuperação de hidrocarbonetos. Os estudos davam
ênfase a recuperação em folhelhos betuminosos e arenitos portadores de óleos muito pe-
sados (tar sands).
No trabalho realizado por Sarapuru (1957) foi proposto a utilização de alta densidade
de corrente elétrica para carbonizar os hidrocarbonetos, para assim aumentar a extração
via poços, objetivando desta forma, quebrar as moléculas de óleo pesado, consequente-
mente, promover a redução da viscosidade e aumentar a mobilidade do petróleo e sua
recuperação. Em Julho de 1969, foi publicado pela Petroleum Engineer, um artigo que
anunciava a aplicação do método com sucesso a 4 poços do Camoi de Little Tom, sul
do Texas. Estes poços que produziam uma média de 1 barril por dia, passaram a uma
média de 20 barris diários. Para aumentar a eficiência do método foi realizado, em cada
poço, um fraturamento hidráulico com um fluido de alta condutividade, formado por alga
salgada e partículas metálicas (PIZARRO, 1989).
O primeiro trabalho contendo resultados experimentais e de modelos numéricos foi
5
Capítulo 1. Introdução
realizado por El-Feky (1977). Nela, o autor desenvolve um modelo numérico bidimen-
sional, de malha retangular, que procura quantificar os efeitos do método no reservatório.
Também foi desenvolvido neste trabalho um modelo em laboratório, que forneceu uma
série de dados experimentais que serviram para posterior comparação com os resultados
do modelo numérico.
No trabalho realizado por Harvey e Arnold (1980) foi desenvolvido um modelo ma-
temático para representar a distribuição do aquecimento resistivo que utiliza corrente al-
ternada para aquecer um reservatório. Conclui-se que 95% da energia dissipada, em um
sistema com aquecimento elétrico, estão em até 10 pés de distância dos eletrodos.
A PETROBRAS, em 1987, iniciou a implantação de um teste piloto utilizando aque-
cimento elétrico no Campo de Estreito na área do Rio Panon, Bacia Potiguar, localizado
a 180 km de Natal. Nesta época não se cogitava a possibilidade de aplicação de qualquer
método térmico nesta área para melhorar a sua recuperação, até porque existiam dúvidas
sobre a viabilidade de sua implantação.
Pizzarro e Trevisan (1990) apresentaram alguns dados deste teste de campo no Rio
Panon. Eles ajustaram um modelo de simulação utilizando características deste campo
para extrapolar o período do teste e compararam os resultados obtidos em campo com
resultados de simulação. Também foi observado por Cursino e Da Mata (1997) com os
mesmo dados, em campo, que o dano a formação (fator Skin, S = 0,6) foi removido
com a utilização o aquecimento elétrico. O teste mostrou que os poços que utilizaram o
aquecimento elétrico, apresentaram resposta rápida e clara no aumento de produção de
fluidos.
Inserido neste mesmo projeto, destaca-se também o trabalho feito por Manichand
(2002), através de simulações do desempenho do aquecimento eletromagnético na re-
cuperação de reservatórios de petróleo associado a injeção de água. Foram considerados
dois casos de estudo: o primeiro projeto no campo em Fazenda Belém no estado de Ceará,
que contém óleo de viscosidade extremamente elevado (5000 cp), e o projeto piloto no
campo de Canto de Amaro no estado do Rio Grande do Norte, que contém óleo de vis-
cosidade moderada (30 cp). Neste trabalho mostrou-se a viabilidade técnico-econômica
deste método térmico de recuperação.
Para frequências elevadas, destacam-se os trabalhos de Da Mata (1996, 1998abc,
1999a). Nestes estudos tem-se como base de investigação analisar os efeitos causados
por um irradiador eletromagnético ou antena do tipo dipolo aplicado num reservatório
que contém petróleo de alta viscosidade. O principal objetivo neste trabalho foi o di-
mensionamento dos parâmetros da antena com a finalidade de otimizar a transferência da
energia eletromagnética para o meio dissipativo. Foi desenvolvido também neste trabalho
6
Capítulo 1. Introdução
um modelo em laboratório, que forneceu uma série de dados experimentais que serviram
para posterior comparação com os resultados do modelo numérico.
Sob o ponto de vista de estudo e simulações utilizando o aquecimento eletromag-
nético, destacam-se os trabalhos de Da Mata (1993abc, 1998be, 2000, 2001abc). Tam-
bém destaca-se o estudo realizado por Silva (1997), dando continuidade ao trabalho feito
por Da Mata (1993). Nesta dissertação foi desenvolvido um simulador para analisar os
efeitos de uma antena ou irradiador utilizado na recuperação de petróleos viscosos via
aquecimento eletromagnético.
Carrizales, Lake e Johns (2009) desenvolveu um estudo através de um simulador para
analisar os efeitos do aquecimento eletromagnético por altas frequências quando uma
fonte irradiadora é aplicada em frente a zona de produção. Nos resultados são mostrados
os perfis de pressão e temperatura e produção acumulada de óleo. Os resultados obtidos
para produção de óleo com o simulador COMSOL, utilizado no referido estudo são com-
parados com os resultados obtidos com o simulador STARS da CMG, sem o aquecimento
eletromagnético.
7
Capítulo 2
Aspectos teóricos
O principal objetivo deste capítulo é desenvolver um estudo sobre o método térmico
de recuperação por aquecimento eletromagnético em meios porosos contendo petróleo
viscoso, considerando os aspectos térmicos, eletromagnéticos e hidrodinâmicos.
2.1 Método térmico de recuperação por aquecimento eletro-
magnético
O aquecimento eletromagnético baseia-se na transformação da energia elétrica em
térmica, através da interação direta entre o campo eletromagnético e as partículas eletri-
camente sensíveis do meio (ions ou moléculas dipolares dos fluidos). Este aquecimento é
obtido a partir de dois tipos distintos de interação onda-matéria (SILVA, 1997):
• Aquecimento condutivo
Baseado no efeito Joule, que é originado a partir das colisões entre as partículas
do meio e os ions em movimento presentes na densidade de corrente elétrica de
condução;
• Aquecimento dielétrico
Resultante da degradação da energia transportada pela onda eletromagnética em tér-
mica, que é originado a partir da fricção intermolecular, isto é, da dessincronização
dos momentos dipolares e das forças de ligação nas moléculas dipolares do meio
em relação a relação do campo de excitação.
Para a aplicação deste tipo de aquecimento em um meio dissipativo, como no caso
de um reservatório de petróleos viscosos a forma principal vista por Da Mata (1993),
se dá através do aquecimento dielétrico para altas e hiper frequências. Este fenômeno
8
Capítulo 2. Aspectos teóricos
pode ser resumido da seguinte forma Manichand (2002): quando um material dielétrico
de moléculas polares é submetido a um campo elétrico, no qual a frequência é gradati-
vamente aumentada, suas moléculas são orientadas constantemente na direção do campo
elétrico, veja o esquema apresentado na Figura 2.1.
Figura 2.1: Ação do campo elétrico (a) campo elétrico nulo: as partículas se encontramde forma aleatória (b) campo elétrico aplicado: as partículas tendem a se alinhar, deslocarde acordo com o campo (Manichand, 2002).
A partir de uma dada frequência, a inércia própria das moléculas dipolares e a re-
sistência das ligações químicas provocam uma dessincronização do movimento destas
moléculas em relação à oscilação do campo. Esta é a banda de relaxação, onde estas
forças antagônicas exercidas sobre as moléculas se traduzem em uma dissipação de calor,
por fricção, de parte da energia do campo. Nesta faixa existe uma ou mais frequências de
relaxação onde a dissipação é máxima. Com o aumento ou a diminuição da frequência
de operação do campo de excitação, as forças de coesão e inércia tornam-se dominantes
e o aquecimento é bastante reduzido. Portanto, a aplicação de ondas em altas-frequências
(HF,V HF,UHF) ou hiper-frequências (microondas) sobre um meio dissipativo provoca
um aquecimento eletromagnético em volume, onde as propriedades térmicas do meio não
são tão importantes quanto as propriedades dielétricas, representadas pela permissividade
complexa.
9
Capítulo 2. Aspectos teóricos
2.1.1 Algumas considerações sobre o aquecimento eletromagnético:
Tipos de dielétricos
A eficiência na conversão de energia eletromagnética em térmica está diretamente
relacionada com uma boa caracterização dielétrica e condutiva do meio e com a frequên-
cia empregada. Em meios condutores, em baixas frequências (σ >> ωε′′), o processo de
condução iônica é o principal mecanismo de conversão de energia. Em meios dieletricos,
em altas frequências (σ << ωε′′), a transformação de energia deve-se principalmente à
rotação das moléculas dipolares do meio.
Os meios dielétricos são caracterizados através dos valores catalogados das constantes
dielétricas relativas ε′r e das tangentes de perdas tan(δp) em função da frequência e da
temperatura. Os dielétricos podem ser classificados a partir destes parâmetros da seguinte
forma (SILVA, 1997):
• Dielétricos a baixas perdas: São meios dielétricos que possuem moléculas de
momentos dipolares extremamente baixos e, portanto, não são muito susceptíveis
ao aquecimento dielétrico.
Material ε′r tan(δp)
polyetileno 2,26 0,0003polypropileno 2,0 0,0002
polytetrafluoretileno 2,1 0,00015
Tabela 2.1: Características dielétricas a 3 GHz e 25C.
• Dielétricos a fortes perdas: A partir de um certo limite do ângulo de perdas
(tan(δp) ≈ 0,01) e para constantes dielétricas relativas entre (1 > ε′r > 10), um
dielétrico é susceptível a se aquecer rapidamente sob à ação de altas frequências.
• Dielétricos aquosos: Por apresentarem uma configuração molecular com momento
dipolar bastante intenso, são meios ideais para ser aquecidos em altas frequências.
Água ε′r tan(δp)
líquida a 1,5C 80 0,31líquida a 95C 52 0,047
gelo 3,2 0,0009
Tabela 2.2: Características dielétricas a 3 GHz
.
10
Capítulo 2. Aspectos teóricos
Quando se trata de escoamentos em meios porosos, a geometria dos canais de fluxo é
extremamente complexa, de maneira que a equação de Navier-Stokes é impraticável. A
equação de grande utilização prática em meios porosos foi formulada por Henry Darcy,
em 1856, e que tem a seguinte forma (MANICHAND, 2002):
~u = −K
µ(~∇P+ρg~∇Z) (2.1)
Para as duas fases consideradas água e óleo temos as seguintes equações:
V0 = −K0
µ0
∂P
∂r(2.2)
Vw = −Kw
µw
∂P
∂r(2.3)
Da equação (2.1) observa-se que a velocidade de deslocamento de um fluido ~u é direta-
mente proporcional ao gradiente de pressão ~∇P e o gradiente de altura ~∇Z (no caso de
fluxo inclinado), e inversamente proporcional a viscosidade do fluido, µ. E é justamente
nesta última variável, viscosidade, que o aquecimento eletromagnético atua. Reduzindo
a viscosidade do óleo, aumenta-se a velocidade de deslocamento e consequentemente a
produção do poço.
2.1.2 Penetração do campo eletromagnético
Quando uma onda eletromagnética que se propaga em um meio atinge um dielétrico,
parte da onda é refletida e outra parte é transmitida. A energia da onda transmitida é
progressivamente atenuada, transformando-se em energia térmica no meio dielétrico.
A profundidade de penetração de uma onda eletromagnética plana em um meio dissi-
pativo, é definida por convenção Da (Mata, 1993),
p =1
2α(2.4)
onde, α é o coeficiente de atenuação do meio e depende das propriedades do material
(µr,ε′r, tan(δp)) e do comprimento de onda incidente λi, o qual determina a profundidade
de penetração da onda no meio, podendo ser calculada a partir da seguinte equação:
α =2π
λi
√µrε
′r(−1+
√1+ tan(δp)
2. (2.5)
11
Capítulo 2. Aspectos teóricos
Para o caso de um meio não-magnético, µr = 1, a profundidade de penetração da onda p,
no S.I., é dada por
p =λi
4π
√2
ε′r(−1+
√1+ tan(δp)
. (2.6)
Por outro lado, note que para (tan(δp) >> 1), temos
p =λi
4π
√2
ε′r tan(δp)
, (2.7)
de onde podemos observar que a profundidade de penetração da onda no meio é inver-
samente proporcional à frequência, à raiz quadrada da tangente de perdas e da constante
dielétrica do meio. Assim, os meios com elevadas tan(δp) e com grandes aptidões para
aquecimento eletromagnético tem uma pequena profundidade de penetração. Portanto,
nesses casos o único parâmetro a ser modificado no processo é a frequência de operação.
Para o caso do aquecimento em HF , a profundidade de penetração da onda é superior
à um metro, podendo atingir várias dezenas de metro. No aquecimento em microondas
(MO), a profundidade de penetração é muito menor que no HF . Consequentemente,
o aquecimento HF é utilizado quando o material a aquecer apresenta grande espessura,
enquanto o aquecimento (MO) é mais localizado.
A eficiência na conversão de energia eletromagnética em térmica está diretamente
relacionada com uma boa caracterização dielétrica e condutiva do meio e com a frequên-
cia empregada. Em meios condutores, em baixas frequências (σ >> ωε′′), o processo de
condução iônica é o principal mecanismo de conversão de energia. Em meios dielétricos,
em altas frequências (σ << ωε′′), a transformação de energia deve-se principalmente à
rotação das moléculas dipolares do meio. Os meios dielétricos são caracterizados através
dos valores catalogados das constantes dielétricas relativas ε′r e das tangentes de perdas
tan(δp) em função da frequência e da temperatura (SILVA, 1997).
2.2 Desenvolvimento do modelo matemático
Nesta seção iremos desenvolver um modelo matemático para investigar o uso de uma
antena cilíndrica do tipo dipolo adaptada para o aquecimento eletromagnético de petróleo
de alta viscosidade. Faremos um estudo do qual apresentaremos equações analíticas refe-
rentes as grandeza eletromagnéticas de interesse.
12
Capítulo 2. Aspectos teóricos
2.2.1 Formulação do problema
Para verificar a precisão do método, o sistema físico analisado foi uma jazida cilíndrica
contendo hidrocarbonetos pesados e água. Neste caso, a produção resultante do sistema é
obtida considerando-se um poço vertical localizado no centro da estrutura, sobre a qual, a
fonte de radiação eletromagnética é implantada.
O esquema proposto é mostrado na Figura 2.2. O problema consiste na recuperação
de reservatórios de petróleos viscosos por aquecimento eletromagnético e, neste trabalho,
é abordado a partir do estudo do modelo da antena cilíndrica isolada inserida em um meio
dissipativo. A geometria da antena adapta-se perfeitamente aos requisitos que uma fonte
de radiação eletromagnética deve ter para ser introduzido em um poço de um reservatório
de petróleo (DA MATA, 1989).
Figura 2.2: Configuração do meio submetido ao aquecimento eletromagnético por irradi-ação (Da Mata, 1993).
A geometria da antena utilizada nessa aplicação é mostrada na Figura 2.3 e consiste de
dois condutores centrais (Região 1), de comprimento (h1) e (h2) e raio a1, envolvido por
um cilindro de dielétrico constituído de uma ou duas camadas (Região 2 e 3), com raios
externos a2 e a3, respectivamente. A região externa ao cilindro dielétrico é formada por
petróleo, água e rocha, os quais constituem o meio heterogêneo a ser aquecido (Região
4). O termo z é a componente axial segundo a direção vertical em coordenadas cilíndricas
e z′ é eixo tangente a superfície do condutor central da antena paralelo a z.
13
Capítulo 2. Aspectos teóricos
Figura 2.3: Antena cilíndrica isolada tipo dipolo, imersa em um meio dielétrico dissipa-tivo (Silva, 1997).
2.2.2 Modelo matemático
As teorias da eletricidade e do magnetismo são frutos de descobertas muito antigas,
mas que receberam tratamento científico adequado somente no século XIX. Inicialmente
os fenômenos magnéticos recebiam maior atenção, principalmente, pelo interesse prático
na aplicação em navegação, ao passo que os fenômenos elétricos eram reproduzidos em
demonstrações destinadas, frequentemente, a informar ao público das curiosidades sobre
os efeitos da eletricidade estática. As pesquisas mais sistemáticas sobre a eletrostática
foram executadas por Michael Faraday, entretanto a grande contribuição no eletromag-
netismo foi a descoberta feita por Hans Christian Oersted e André Marie Ampère sobre as
ações entre ímãs e corrente elétricas e interações entre condutores portadores de correntes
elétricas. Sobre esse notável conjunto de fenômenos e leis, o matemático escocês James
Clerk Maxwell construiu uma teoria física, atualmente designada como teoria eletromag-
nética, que unifica todas as leis dos fenômenos elétricos e magnéticos num único e co-
erente formalismo matemático. O conteúdo matemático dessa teoria é formado pelas
chamadas equações de Maxwell, que na sua forma diferencial descrevem, localmente, as
leis físicas da eletricidade e do magnetismo (BATISTA, 2003).
Nesta sessão serão apresentadas estas equações, assim como as formulações potenci-
ais mais utilizadas considerando um meio homogêneo e isotrópico. A análise do campo
eletromagnético é frequentemente facilitada pela utilização de funções auxiliares conhe-
cidas como potenciais. Os vetores dos campos satisfazem as equações de Maxwell (BAL-
ANIS, 2004):
14
Capítulo 2. Aspectos teóricos
∇×~E = − jω~B (2.8)
∇× ~H = − jω~D+ ~J (2.9)
∇ ·~D = ρ (2.10)
∇ ·~B = 0 (2.11)
Entre as intensidades e as densidades de campo elétrico e campo magnético existem
ainda as seguintes relações, válidas para materiais isotrópicos lineares:
~B = µ · ~H (2.12)
~D = ε ·~E (2.13)
~J = σ~E + ~J f (2.14)
onde, a permissividade complexa do meio ε é dado por:
ε = ε′ − jε′′
Observe que quando o meio apresenta cargas elétricas livres, estas podem se deslocar
sob a ação do campo elétrico dando lugar a uma corrente de condução proporcional à
condutividade elétrica iônica do meio σ. No que segue, consideraremos que a densidade
total ~J é devida às correntes de condução ~Jc, em fase com o campo elétrico, e às de fonte~J f , ou seja
~J = ~Jc + ~J f = σ~E + ~J f
de onde temos a seguinte expressão para o campo magnético:
∇× ~H = (σ+ωε′′)~E + jωε
′~E + ~J f . (2.15)
Podemos observar na equação (2.15) a presença de três tipos de corrente: de con-
dução e de rotação, em fase com o campo elétrico, responsáveis pelo aquecimento do
meio, de deslocamento, defasada de 90 em relação ao campo elétrico, responsável pela
propagação da onda eletromagnética no meio.
• A corrente de condução~Jc = σ~E
é independente da frequência do campo elétrico, sendo responsável pelo aqueci-
15
Capítulo 2. Aspectos teóricos
mento condutivo baseado no efeito Joule. Esse efeito relaciona-se diretamente com
as partículas do meio em desequilíbrio elétrico. Neste caso, o meio poroso a aque-
cer deve apresentar boa condutividade elétrica que satisfaça às condições mínimas
de aplicação do método, onde o fluxo de corrente seja mantido pela aplicação de
níveis de tensão aceitáveis durante o processo (DA MATA, 1993) .
• A corrente de rotação~Jr = ωε
′′~E
é resultado da interação entre o campo eletromagnético de excitação e as moléculas
dipolares sensíveis às variações harmônicas do campo. Estas moléculas orientam-
se conforme as linhas do campo elétrico, e a cada variação de polaridade deste
campo ocorre a agitação molecular e consequentemente a conversão de energia
eletromagnética em térmica por fricção intermolecular.
• A corrente de deslocamento~Jd = jωε
′~E
é responsável pela propagação da onda eletromagnética no meio dissipativo, sendo
importante na penetração do campo elétrico e, portanto, do campo térmico direta-
mente relacionado ao campo elétrico.
As equações de Maxwell são raramente solucionadas na forma em que estão colo-
cadas, pois implicaria encontrar uma solução (analítica ou numérica) que satisfaça todas
as quatro equações simultaneamente, o que torna o processo de solução em geral mais
difícil, sobretudo quando se procura uma solução numérica aproximada. Desta forma,
costuma-se solucionar uma equação equivalente, a qual decorre das quatro equações
citadas. Para tanto, introduz-se uma grandeza vetorial auxiliar chamada de Vetor Poten-
cial, o qual em princípio não possui um significado físico, servindo apenas para facilitar
a solução numérica.
2.2.3 Equações para os campos elétricos
Para obtenção das equações integrais que descrevem o modelo proposto considerou-se
que o cilindro possui comprimento muito maior que seu raio (h >> a1), e o raio muito
menor que o comprimento de onda (a1 << l). Estas considerações permitem desprezar
os efeitos nas faces terminais do cilindro e impor que o campo tangencial na superfície e a
corrente (I) nas extremidades do fio são nulos [I(z =±h) = 0] Collin (1985). Admitindo-
se que somente a densidade de corrente flua pela superfície do cilindro e direcionada ao
16
Capítulo 2. Aspectos teóricos
longo do eixo z, o que é perfeitamente viável na prática, considera-se a densidade de
corrente ~J, apenas como um filamento de corrente ao longo do eixo z (BALANIS, 2004):
~J = ~azIz.
O vetor potencial magnético ~A será dependente apenas de z e é definido de tal forma que
a indução ~B seja obtida por meio do seu rotacional:
∇× ~Az = ~B (2.16)
Por outro lado, pode-se mostrar que a relação abaixo vale para qualquer função vetorial:
∇ · (∇× ~Az) = 0 (2.17)
Assim, a definição do vetor potencial dada acima satisfaz a equação (2.11), conforme se
pode verificar:
∇ ·~B = ∇ · (∇× ~Az) = 0 (2.18)
Substituindo a equação (2.12) na equação (2.16), obtém-se:
∇× ~Az = ~B = µ · ~H (2.19)
o que implica,
~H =1µ
∇× ~Az. (2.20)
Agora, introduzindo (2.12) e (2.20) em (2.8), resulta a seguinte expressão:
∇× (~E + jω~Az) = 0 (2.21)
Desde que a expressão entre parêntesis em (2.21) seja um campo elétrico de rotacional
nulo, este será um campo conservativo e comporta-se como um campo elétrico estático.
Assim, da identidade vetorial
∇×∇Φ ≡ 0, (2.22)
definimos o vetor potencial escalar elétrico como sendo
~E + jω~Az = −∇×Φ. (2.23)
17
Capítulo 2. Aspectos teóricos
Agora, impondo a condição de Lorentz:
∇ · ~Az = − jωµεΦ, (2.24)
podemos especificar o campo
~E = − jω~Az +1
jωµε∇(∇ · ~Az). (2.25)
O campo elétrico total ~E é obtido em termos das componentes axial ~Ez e radial ~Er e será
dado por:
~E = ~Ez + ~Er = − jω~Az +1
jωµε∇(∇ · ~Az) (2.26)
o que implica,
~E = ~Ez + ~Er = − jω~Az +1
jωµε[(
∂~r
∂r+
∂~z
∂z)](∇ · ~Az) (2.27)
de onde segue,
~E = ~Ez + ~Er = (− jωAz +1
jωµε
∂2Az
∂z2 )~z+1
jωε
∂2Az
∂r∂z~r. (2.28)
Portanto, o campo radial e axial na forma escalar são dados pelas seguintes equações:
Er =1
jωε
∂2Az
∂r∂z, (2.29)
Ez =
(− jω+
1jωµε
∂2
∂z2
)Az (2.30)
onde, j é um número imaginário puro, representa a frequência angular em rad.s−1, ε é a
permissividade complexa efetiva do meio dada em F.m−1 e µ representa a permeabilidade
magnética do meio em Kg.m.s−1.A−2.
Por outro lado, substituindo (2.20) e (2.13) em (2.9) obtemos
∇× ~H = ∇×∇× ~Az = jωµε~E +µ~Iz (2.31)
Observe que usando a seguinte identidade vetorial
∇×∇× ~Az = ∇(∇ · ~Az)−∇2~Az, (2.32)
18
Capítulo 2. Aspectos teóricos
segue por (2.24) e (2.31),
∇2~Az +ω2µε~Az −∇( jωµΦ+∇ · ~Az) = −µ~Iz (2.33)
Portanto, através da condição de Lorentz, obtemos por (2.33)
∇2~Az + k2~Az = −µ~Iz; k = ω√
µε (2.34)
que é uma equação diferencial parcial de segunda ordem, conhecida na literatura como
equação da onda vetorial.
Para o caso unidimensional, segundo Collin (1985), o vetor potencial magnético Az
pode ser obtido em função da distribuição de corrente Iz
Az =Z −h
hI(z
′)
e jkR
4πRdz
′(2.35)
onde, ~R =∣∣∣~r−~r
′∣∣∣ é o vetor do ponto de fonte ao ponto de campo, cujo módulo em coor-
denadas retangulares é dado por,
~R =√
a2 +(z− z′)2. (2.36)
Por outro lado, substituindo a equação (2.35) em (2.29) e (2.30), temos respectivamente,
as equações para o campo axial e radial na região 4:
E4z(r,z) =1
jωε
Z −h
h
[k2F(z,z′)+
∂2
∂z2 F(z,z′)
]I(z
′)dz′ (2.37)
E4r(r,z) =1
jωε
Z −h
h
[∂2
∂r∂zF(z,z′)
]I(z
′)dz′; (2.38)
onde, F(z,z′) = e jkR
4πRé a função de Green. Finalmente a equação para o módulo do campo
elétrico total será dada por:
|E(r,z)|2 = |E4z(r,z)|2 + |E4r(r,z)|2 (2.39)
2.2.4 Equações de Hallén
Na formulação da equação integral de Hallén, assume-se uma antena linear tipo dipolo
como um fio cilíndrico de raio finito e de comprimento , sendo alimentado em seu centro
19
Capítulo 2. Aspectos teóricos
com uma tensão de espaçamento V , como mostra a Figura (2.4),
Figura 2.4: Dipolo cilíndrico simétrico, Silva (1997).
Para obter a equação de Hallén, considera-se como condições de contorno, que o
campo elétrico tangencial à superfície da antena deve ser nulo, E4z = Etam = 0, ou seja,
os efeitos das faces terminais do fio cilíndrico podem ser negligenciados e a corrente Iz
anula-se em z = ±h, isto é, Iz(±h) = 0. Assim, a partir da equação (2.34) obtemos a
seguinte equação diferencial (COLLIN, 1985):
∂2~Az
∂z2 + k2~Az = 0. (2.40)
Desta forma, efetuando-se algumas manipulações algébricas, Segundo Balanis (2004), a
solução para equação (2.40) pode dada por:
Az =j
2YV i
0sen(k | z | +Ccos(kz) (2.41)
onde, C é uma constante determinada a partir das condições de contorno, Y = 1/√
µ/ε
representa a admitância do meio em Ω−1 e V i0 é a tensão elétrica impressa ou incidente na
antena em Volts. Finalmente, igualando-se a equação (2.35) a equação (2.41), obtém-se a
equação integral de Hallén,
Z h
−hIz
e− jkR
4πRdz′ = − j
2YV i
0sen(k | z | +Ccos(kz). (2.42)
20
Capítulo 2. Aspectos teóricos
2.3 Distribuição de potência e temperatura
Em óleos de alta densidade, a quantidade de gás dissolvido é pequena de modo que
consideraremos a presença de dois componentes apenas (óleo e água) em duas fases. O
escoamento é considerado bifásico (óleo viscoso e água) com as duas fases em equilíbrio
térmico. A troca de calor é efetuada por condução, por convecção e por radiação entre a
fonte e as fases fluida e sólida (rocha). As equações diferenciais que regem o problema
dependem do tempo de forma bidimensional e não-linear, pois as propriedades físicas dos
fluidos e da rocha evoluem em função da temperatura e das posições espaciais no meio.
Toda fundamentação para o modelo utilizado no processo de recuperação de petróleo
através do aquecimento eletromagnético para escoamento horizontal de fluidos é obtida
em função da equação de energia dada por (DA MATA, 1993):
ρeqceq∂T
∂t+(ρoco~νo +ρwcw~νw)
∂T
∂r= W (r) (2.43)
onde, ρeq e ceq representam, respectivamente, a massa volumétrica equivalente e o
calor específico equivalente do sistema óleo-água-rocha, ρo representa a massa volumétrica
do petróleo, co representa o calor específico do óleo e o representa ~νo vetor velocidade
superficial do óleo. Os termos ρw, cw e~νw são respectivamente, a massa volumétrica da
água, o calor específico da água e o vetor velocidade superficial da água. O termo W
representa a distribuição de potência ativa dissipada no meio, transmitido pela antena e
depende diretamente da condutividade elétrica efetiva do meio (σ) e da intensidade do
campo elétrico, podendo ser calculada pela seguinte expressão (DA MATA 1993):
W =σ
2~E ·~E∗ =
σ
2
(|E4z(r,z)|2 + |E4r(r,z)|2) (2.44)
onde, ~E∗ é o complexo conjugado do campo elétrico.
Finalmente, para calcular a distribuição de temperatura no meio dielétrico dissipa-
tivo, considera-se o caso em que não existe fluxo de fluido na direção do poço produtor,
conseqüentemente, a equação reduz-se a:
T (r, t) = Ti +W (r)
ρeqceqt. (2.45)
aqui, Ti representa a temperatura inicial e t o tempo.
21
Capítulo 2. Aspectos teóricos
2.4 Critérios para aplicação do método por aquecimento
eletromagnético
O método de aquecimento eletromagnético não apresenta limitações tais como vis-
cosidade, profundidade, espessura da zona, temperatura, permeabilidade média, trans-
missibilidade, salinidade da água de formação, porosidade, saturação de óleo e pressão
estática, porém algumas condições podem apresentar-se como ideais para a sua aplicação
(MANICHAND, 2002):
• Quanto mais viscoso o óleo, melhor a eficiência como método térmico, não apre-
sentando limitação como a injeção de vapor, pois tem que se injetar o vapor de
água e, caso não seja possível pela alta viscosidade do óleo, o método não pode
ser aplicado. Para o caso de reservatórios com óleo de viscosidade intermediária, o
aquecimento eletromagnético pode ser associado com injeção de água, tornando-o
uma técnica muito atraente, sob o ponto de vista de deslocamento de fluido no meio
poroso;
• Pode ser aplicado para qualquer profundidade;
• A temperatura do reservatório pode ser qualquer, porém o rendimento do processo
pode ficar prejudicado para temperaturas acima da temperatura de ebulição da água,
nas condições de reservatório. Isto é devido ao fato da condutividade elétrica ficar
prejudicada pela vaporização da água. Este problema pode ser solucionado pela
variação de frequência do sinal elétrico operante, pois, neste caso, quanto maior
a frequência, menor a dependência da condutividade elétrica do meio no processo
físico de aquecimento eletromagnético;
Em relação aos métodos convencionais de recuperação térmica, o aquecimento eletro-
magnético apresenta ainda as seguintes vantagens:
• Pode ser aplicado sem a injeção de qualquer outro fluido no reservatório, como água
quente ou vapor. Desta forma, o gasto energético é otimizado, pois se evita perda
de fluido aquecido para zonas de falha ou de alta permeabilidade;
• Pode ser aplicado em reservatórios que apresentem problemas de inchamento de
argilas em presença de água ou vapor;
• É um processo limpo ambientalmente, pois não produz rejeitos;
22
Capítulo 2. Aspectos teóricos
• Não tem limite de profundidade para o reservatório;
• Pode promover a geração de vapor "in situ";
• Pode ser aplicado em reservatórios que apresentem deposição de parafinas;
• Pode ser aplicado em áreas extremamente frias, pois não tem problema de perda de
calor para o ambiente, como no caso dos geradores de vapor;
• Atua na região desejada e pode independer da condutividade térmica do meio.
23
Capítulo 3
Wavelets e análise de multiresolução
O objetivo deste capítulo é apresentar de uma forma condensada os principais resulta-
dos sobre a teoria básica das wavelets ortogonais e a sua principal propriedade, a análise
de multiresolução (AMR).
São discutidos os conceitos envolvidos na definição de uma análise de multiresolução,
a qual pode ser encarada como o enquadramento geral que permite a definição e constru-
ção dos sistema de wavelets que combinados com resultados de análise funcional veremos
que é possível aproximar uma função arbitrária como uma combinação linear de wavelets
ortogonais.
3.1 Introdução
A chamada teoria das wavelets constitui um desenvolvimento recente e fascinante da
Matemática, com aplicações importantes nas mais diversas áreas da Ciências e Engen-
harias. Uma variedade de informações sua voz, sua impressão digital, uma fotografia,
uma raio-x pedido pelo médico, sinais de rádio do espaço sideral, ondas sísmicas po-
dem ser traduzidas nesta nova linguagem, que emergiu independentemente em diversas
áreas. Na verdade, apenas recentemente foram entendidas como uma mesma linguagem.
Em vários casos, essa transformação em wavelets torna-o mais fácil de ser transmitido,
comprimido e analisado ou de se extrair informações apesar do "ruído"envolvente e até
mesmo a fazer cálculos mais rápidos.
Como veremos aqui, as funções wavelets surgem como uma nova forma de ver o
mundo, onde as representações são feitas em diferentes escalas e pode-se escolher a re-
lação de compromisso desejada entre a resolução temporal e em frequência. Com a trans-
formada wavelet podemos escolher dentre várias formas de representação no domínio
tempo-frequência. Os diferentes níveis de detalhes em cada representação constituem
informações contidas em diferentes bandas de frequências, de forma que a análise em re-
24
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
soluções múltiplas é uma forma de seccionar o espaço em diversas faixas de frequências
não sobrepostas. É possível assim segregar informações de diferentes faixas espectrais.
Todas essas propriedades da análise wavelet nascem naturalmente decorrente da relação
de escala que satisfazem.
As wavelets são um produto da colaboração de várias áreas, desde a matemática e
física puras, até engenharia e processamento de sinais. Várias pesquisas independentes
nessas áreas buscavam objetivos semelhantes, mas utilizavam abordagens diferentes. Bus-
cavam novas formas de representar sinais no domínio tempo-frequência. As diversas
linhas de pesquisa convergiram para um ponto no final da década de 80, sendo então
formalizada a teoria de wavelets. A unificação de todos os pensamentos tornou-se um fa-
tor primordial para a subsequente popularidade das wavelets, impulsionando assim novas
pesquisas na área.
A teoria é muito extensa, não sendo possível em um único texto fornecer todas as
informações. Diversos livros existem sobre wavelets e sua aplicações, e muito mais ainda
textos de conferências e jornais. A maioria dos textos é dedicada a um público que já
possua algum conhecimento sobre o assunto e mesmo os textos introdutórios assumem
uma maturidade e dedicação do leitor.
3.2 Notação e resultados preliminares
Nesta seção são apresentadas as notações matemáticas, definições e teoremas que são
utilizados na literatura das wavelets e neste trabalho. Importantes conceitos matemáticos
são revisados, para uma discussão detalhada ver Kreyszing (1989). Iremos começar o
nosso estudo definindo o seguinte espaço:
Definição 1 Dizemos que uma função f está contida no espaço das funções quadratica-
mente integráveis, ou seja, f ∈ L2(R) se,
Z +∞
−∞| f (t)|2dt < ∞.
Podemos observar pela definição acima que a energia de f ∈ L2(R) é limitada ao
longo de todo eixo dos reais, neste contexto dizemos que f possui energia finita. O
produto escalar e a norma do L2(R) são definidos como segue:
〈 f ,g〉 =Z +∞
−∞f (t)g(t)dt, ‖ f ‖=
√〈 f , f 〉.
25
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
Definição 2 Uma sequência ( fn) num espaço de Hilbert H é ortonormal se,
〈 fm, fn〉 = δm,n.
Se para f ∈ H existe αn tal que
limN→∞
‖ f −∞
∑n=0
αn fn‖ = 0,
então ( fn)n∈N é chamada uma base ortogonal de H. Para que uma base seja ortonormal
necessitamos que ‖ fn‖ = 1.
Todo espaço de Hilbert que admite uma base ortogonal é separável e a norma de f ∈H
é dada por
‖ f‖2 =∞
∑n=0
| < f , fn > |2.
Seja ( fn)n∈N uma sequência linearmente independente e completa em L2(a,b), isto
significa que a expansão linear fechada de ( fn) gera o L2(a,b). Dizemos que ( fn)n∈N
forma uma base de Riesz se existe A > 0 e B > 0 tal que
A∑ |ci|2 ≤‖ ∑ci fi ‖2≤ B∑ |ci|2
para cada sequência (ci) de números complexos. O teorema da representação de Riesz
garante a existência do dual ( fn) ∈ L2(a,b) tal que
(1) ( fn) é a única sequência ortogonal para ( fn), isto é, 〈 fm, fn〉 = δm,n.
(2) Se (cn) ∈ l2, cada ∑cn fn converge em L2(a,b).
(3) Para cada f ∈ L2(a,b), (〈 f , fn〉) ∈ l2.
(4) Para cada f ∈ L2(a,b),
f =∞
∑n=1
〈 f , fn〉 fn =∞
∑n=1
〈 f , fn〉 fn.
3.3 Definição de uma wavelet geratriz
Definição 3 Dizemos que uma função ψ : R → R é uma wavelet geratriz se:
ψ ∈ L2(R), ‖ψ‖2 = 1 (3.1)
26
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
Cψ = 2π
ZR
| ˆψ(a)|2|a| da < ∞. (3.2)
Construímos as wavelets associadas a uma dada wavelet geratriz (mencionada sim-
plesmente wavelet) da seguinte forma: Fixado um real não nulo arbitrário a, denotamos
por
ψa(t) :=1√|a|
ψ( t
a
),
que corresponde a uma compressão ou uma dilatação do gráfico de ψ no eixo horizontal,
conforme seja |a| menor ou igual que 1, seguida de, respectivamente, uma dilatação ou
uma compressão relativamente ao eixo vertical. No caso de a < 0, tem-se também uma
reflexão com relação ao eixo vertical. Observamos ainda que essa troca de escala preserva
a relação (3.1), pois
Z|ψa|2 =
1|a|
Z ∣∣∣ψ( t
a
)∣∣∣2
dt =1|a|
Z|ψ(s)|2ds = 1.
Em seguida, a função resultante ψa é submetida a translações:
ψa,b := ψa(t −b) =1√|a|
ψ
(t −b
a
). (3.3)
A família ψa,b, a 6= 0, b ∈ R2 é a familía de wavelets geradas por ψ.
O exemplo mais antigo (1910) para a função ψ são as funções construídas por Haar:
ψ
(t −b
a
)=
1 ; t ∈ [b,b+ a2 ]
−1 ; t ∈ (b+ a2 ,b+a]
0 ; t 6∈ [b,b+a].
(3.4)
È imediato verificar que para a > 0, a equação (3.4) satisfaz às condições impostas na
definição (3).
As funções wavelets possuem suporte compacto, ou decaem exponencialmente a zero
quando t →±∞. Isto significa que as wavelets são funções que possuem uma boa locali-
zação no tempo, contribuem localmente na análise de funções, ao contrário do que ocorre
nas funções de base da análise de Fourier (seno e cosseno), que são não nulas em todo
intervalo de definição, e portanto contribuem globalmente. Outra propriedade importante
é possuir momentos de diferentes ordem iguais a zero Pan (2003). Dizemos que uma
27
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
wavelet ψ possue momento de ordem M igual a zero, quando
Zxkψ(x)dx k = 0, . . . ,M (3.5)
Isto significa que os coeficientes das wavelets para polinômios de ordem até M são todos
nulos. A informação de detalhe gerada no processo de decomposição será toda nula, ou
seja, a informação de polinômios de ordem até M pode ser suprimida.
3.4 Transformada de wavelet contínua
Como se sabe, um dos objetivos fundamentais do processamento de um sinal consiste
na extração de informação relevante sobre esse sinal, através da sua transformação. Por
exemplo, no caso de um sinal analógico de energia finita, uma ferramenta importante para
esse fim é a transformada de Fourier, definida por:
f (ξ) = F f (ξ) :=Z ∞
−∞e−iξt f (t)dt, (3.6)
a qual nos dá uma descrição do comportamento do sinal em frequência (espectro do sinal).
Na representação espectral de um sinal através da sua transformada de Fourier, perde-
se, todavia, toda a informação desse sinal no tempo, veja Figura 3.1. Assim, em muitas
aplicações, tais como análise de sinais não-estacionários ou processamento de sinal em
tempo real, a simples utilização da transformada de Fourier não é adequada. Um processo
de obter localização de frequências no tempo é a chamada transformada de wavelet con-
tínua, que permite ultrapassar essa dificuldade, originando uma análise com janelas flexí-
veis cuja largura e altura se adaptam às frequências.
A idéia da transformada contínua de wavelet é também, como no caso da transformada
de Fourier em tempo curto, calcular o produto interno de f com a família de funções ψa,b
dependentes de dois parâmetros. Como pode ser visto na secção (3.3) essas funções ψa,b
são obtidas de uma função básica ψ (chamada wavelet mãe) por dilatações ou contrações,
isto é, mudanças de escala controladas pelo parâmetro a e translações controladas pelo
parâmetro b.
Definição 4 Fixado uma wavelet ψ, a transformada wavelet de uma função f ∈ L2(R)
28
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
com relação a essa função ψ é definida por:
Wψ f : R2∗ −→ C
(a,b) −→ Wψ f (a,b) :=< f ,ψa,b >L2(R)= |a|−1/2 R ∞−∞ f (t)ψ( t−b
a)dt
(3.7)
Para fixar a definição considere a função de Haar da definição (3), calculemos a transfor-
mada wavelet de ψ
Wψ f (a,b) =1√|a|
(Z b+ a2
b−Z b+a
b+ a2
)f (t)dt =
√|a|2
(a
2
(Z b+ a2
b−Z b+a
b+ a2
))f (t)dt (3.8)
Assim, o valor da transformada é a diferença entre a média da função f nos dois intervalos
adjacentes determinados por a,b.
A condição que a função ψ deve satisfazer para a existência de uma inversa da trans-
formada Wψ f é chamada condição de admissibilidade (PAN 2003):
Cψ :=Z ∞
0
|ψ(ξ)|2ξ
dξ < ∞. (3.9)
Na prática, para wavelets que satisfaçam razoáveis condições de decaimento, exigir que
ψ satisfaça a condição 3.9 é equivalente a exigir que
Z ∞
−∞ψ(t)dt = 0. (3.10)
Isto significa que de algum modo, ψ deve oscilar, isto é, comportar-se como uma onda.
Ao efetuar a transformação de um sinal, é naturalmente importante dispor de um
processo de recuperar o sinal depois de transformado. Assumindo que ψ é admissível,
pode-se provar que a correspondência f → Wψ f é invertível no seu contradomínio, sendo
a função f completamente caracterizada pelos valores de Wψ f (a,b) e podendo ser recu-
perada através do uso da fórmula
f =1
Cψ
Z ∞
−∞
Z ∞
0Wψ f (b,a)ψa,b
da
a2 db. (3.11)
Na Figura 3.1, temos um exemplo da análise espectral através da Transformada de
Fourier e através da Transformada Wavelet contínua de dois sinais. O primeiro sinal (a)
consiste da superposição de duas frequências (sen10t) e (sen20t), e o segundo consiste
das mesmas frequências aplicadas a cada uma das metades da duração do sinal (b). As
29
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
Figuras (c) e (d) mostram os espectros dos dois sinais obtidos através da Transformada de
Fourier, ou seja, de (a) e (b) respectivamente e finalmente as Figuras (d) e (e) mostram
a magnitude da Transformada Wavelet dos mesmos sinais. Observa-se com isso a pro-
priedade de localização.
Figura 3.1: Análise do sinal através da Transformada de Fourier e Transformada WaveletContínua.
Uma outra característica importante que pode ser observada através da Transformada
Wavelet contínua é a capacidade de detectar pontos de descontinuidades ou singularidade
presentes no sinal como são mostrados nas Figuras 3.2 e 3.3.
30
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
Figura 3.2: Transformada de wavelet contínua: descontinuidade no sinal
Figura 3.3: Transformada de wavelet contínua: descontinuidade no sinal
3.5 Wavelets ortogonais e a análise de multiresolucão (AMR)
Os sistemas de wavelets ortogonais são bastantes recentes. Estes sistemas surgiram
como uma continuidade de diversos trabalhos na área da discretização de funções por
sistemas ortogonais. A análise de multiresolução em wavelets foi formulada em traba-
31
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
lhos desenvolvidos por Mallat (1989) e Meyer (1989). O método consiste em representar
funções como um conjunto de coeficientes que fornecem informação sobre a posição e
a frequência da função. Podemos afirmar sem perda de generalidade que toda funda-
mentação teórica das wavelets ortogonais são decorrentes das funções escalas de Haar e
funções wavelet de Haar definidas como segue;
Definição 5 Seja ϕ : [0 1] 7−→ R uma função mensurável. As funções escala de Haar ou
escala são definida como
ϕ(t) =
1 se t ∈ [0, 1]
0 se t 6∈ [0, 1].(3.12)
Definição 6 Seja ψ : [0 1] 7−→R uma função mensurável. Definimos as wavelets de Haar
da seguinte forma:
ψ(t) =
1 se t ∈ [0, 12 ]
−1 se t ∈ (12 , 1]
0 se t 6∈ [0, 1].
(3.13)
Nas Figuras 3.4 e 3.5, temos a representação de algumas das funções escala de Haar
e wavelets de Haar efetuando-se dilatação e translação consecutivamente:
Figura 3.4: Função escala de Haar φ0,0 eWavelet de Haar ψ0,0 Figura 3.5: Wavelet de Haar ψ1,0 e ψ1,1
Por indução, observamos que de forma geral podemos representar as funções escalas
de Haar as wavelets de Haar através das seguintes equações:
ϕ j,k(x) = 2 j/2ϕ(2 jx− k) (3.14)
e
ψ j,k(x) = 2 j/2ψ(2 jx− k) (3.15)
32
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
onde, j denota a escala ou nível e k a translação ou deslocamento. Na prática o que está
ocorrendo em (3.14) é uma discretização de (3.3) com a chamada rede diática definida
por:
a = 2− j, b = 2− jk; j,k ∈ Z (3.16)
3.5.1 Análise de multiresolução (AMR)
Uma das mais importantes propriedades das wavelets é a análise de multiresolução
(AMR) Pan (2003). Um sinal pode ser visto como uma componente suave acrescido de
flutuações, detalhes. A distinção entre o que é suave e o que são detalhes é feita de acordo
com o nível de resolução empregado, isto é, uma escala a partir das quais os detalhes não
podem mais ser distinguidos. Uma análise em resolução múltiplas ou de multiresolução
é uma forma de representar uma função em diferentes resoluções.
Nesta seção estudaremos como são desenvolvidos os algoritmos de análise e síntese
desenvolvido por Mallat (1989), a partir da tal (AMR). Também veremos como uma base
de wavelets ortonormal pode ser construída a partir da análise de multiresolução, definida
como segue:
Definição 7 A análise de multiresolução de L2(R) é definida como uma sequência de
(Vj) j∈Z de subespaços fechados de L2(R) e uma função escala ϕ associada satisfazendo
as seguintes propriedades:
(1) Vj ⊂Vj+1 ⇐⇒ . . . ⊂V−2 ⊂V−1 ⊂V0 ⊂V1 ⊂V2 ⊂ . . .
(2) Os subespaços V j com j ∈ Z devem ter uma intersecção trivial, isto é,
\j∈Z
Vj = 0.
(3) A união dos espaços V j com j ∈ Z é densa
[j∈Z
Vj = L2(R).
(4) Se uma função f (t) esta definida em Vj então f (2t) está definida em Vj+1, ou seja, os
diferentes subespaços têm que estar relacionados de tal forma que
f (t) ∈Vj ⇐⇒ f (2t) ∈Vj+1.
33
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
(5) ∃ ϕ(t) ∈ V0 tal que a coleção ϕ(t − k) ; k ∈ Z constituem uma base ortonormada
de Vj.
Façamos algumas observações referente as propriedades desta definição:
• Para cada j ∈ Z, as funções
ϕ(t) j,k(t) = 2 j/2ϕ(2 jt − k)
constituem uma base ortonormada de Vj.
• Como podemos observar, sendo√
2ϕ(2t − k) uma base ortonormada em V0 ⊃ V1, e
das propriedades da definição que garantem as hipóteses do teorema da representação de
Riesz, então, existe uma sequência (hn) ∈ l2 tal que
ϕ(t) =√
2 ∑n∈Z
hnϕ(2t − k) ; t ∈ R (3.17)
onde, os coeficientes hn são dados por
hn = 〈ϕ(t),√
2ϕ(2t − k)〉.
Pode ser mostrado por Daubechies (1988), que o suporte de φ é o intervalo [0,2N − 1],
cujo tamanho aumenta com o parâmetro N.
A equação funcional em (3.17) é chamada equação de dilatação, de refinamento ou de
dupla escala para a função ϕ.
• As propriedades de uma AMR permitem-nos escolher uma função f j em cada um dos
espaços Vj para aproximar uma dada função f ∈ L2(R). Uma maneira de construir f j
será, por exemplo, através da projeção ortogonal no espaço Vj, isto é, tomar f j = Pj f
onde,
Pj f := ∑n∈Z
〈 f ,ϕ(t) j,k〉ϕ(t) j,k. (3.18)
As propriedades AMR2 e AMR3 combinados com os teoremas de análise funcional
garantem que
limj→∞
Pj f = f .
• As propriedades AMR4 e AMR5 significam que todos os subespaços aproximadores
Vj são, no fundo, versões dilatadas de um espaço básico V0 e que, além disso, cada um
desses subespaços Vj é invariante por translação proporcionais a 2− j. São precisamente
estas propriedades que dão o caráter de multiresolução a esta cadeia de subespaços.
Suponhamos, então, que dispomos de uma AMR e denotamos por Wj o complemento
34
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
ortogonal de Vj em Vj+1, isto é, seja Wj o subespaço de L2(R) tal que
V j+1 = Vj+⊕Wj. (3.19)
Da definição de W j, e atendendo o fato de os subespaços Vj estarem encaixados, con-
cluímos de imediato que os subespaços Wj são mutualmente ortogonais. Das propriedades
AMR2 e AMR3 podemos então, concluir que o espaço L2(R) admite a seguinte decom-
posição como soma ortogonal:
L2(R) = ⊕Wj. (3.20)
Assim, se dispusermos de uma base ortonormada para cada um dos espaços Wj, a
coleção dessas bases formará uma base ortonormada do espaço L2(R). Mas, os espaços
Wj herdam, dos respectivos Vj, a propriedade de dilatação AMR4. Isto significa que,
se for possível encontrar uma função ψ ∈ W0 tal que ψ(t − k) ; k ∈ Z seja uma base
ortonormada de W0, a coleção
ψ j,k = 2 j/2ψ(2 j − k) ; k ∈ Z,
constituirá uma base ortonormada de Wj, sendo, portanto, o conjunto ψ j,k ; j,k ∈ Zformam uma base ortonormada de L2(R). O princípio básico de uma AMR é que tal
função ψ existe sempre e será construída implicitamente. Mais precisamente, pode provar
o seguinte resultado; ver, (DAUBECHIES, 1988).
Teorema 1 Dada uma AMR e sendo (hn) a sequência dos coeficientes da equação de
dilatação (3.17), a função ψ definida por
ψ(t) =√
2 ∑n∈Z
(−1)ngnφ(2t − k), gn ∈ l2, (3.21)
é uma wavelet ortogonal. Mais precisamente, as funções ψ j,k formam uma base ortonor-
mada de L2(R).
O teorema (1) indica-nos como dada uma AMR, é possível encontrar uma base orto-
normada de wavelets. Os coeficiente gn da equação (3.21), são chamados de filtros de
passa baixa, enquanto os temos hn em (3.17) são referidos como filtros de passa alta. Ve-
remos adiante que esses coeficientes determinam completamente essas funções, ou seja,
tudo o que é necessário para uma análise wavelet são os coeficientes de filtro. Apenas
conhecê-los é suficiente para determinar o valor da função em qualquer ponto, com a
precisão desejada, através de um algoritmo recursivo que será mostrado posteriormente.
35
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
3.5.2 Introdução as wavelets ortogonais de Daubechies
Existem uma infinidade de outros exemplos de wavelets com características seme-
lhantes às da wavelet de Haar. Para definir estas wavelets os principais ingredientes são
os filtros gn e hn, que dão origem ao banco de filtros dos algoritmos de análise e sín-
tese. Portanto, existem tipos de wavelets que podem ser representadas através de funções,
como exemplo a wavelet de Haar. Já em outros casos são definidas através de um banco
de filtro como a wavelet de Daubechies.
Os filtros utilizados para a construção das wavelets desenvolvidos por Ingrid Daubechies
são formados a partir dos coeficientes gn e hn, gerando um sistemas de wavelets organi-
zados em diferentes famílias, cada uma das quais caracterizada por um número diferente
de coeficientes não nulos. Cada família tem um número (wavelet number), denotado por
dbN , o qual está diretamente relacionado com o nível de decomposição do sinal.
A partir das equações (3.17) e (3.21), impondo certas condições sobre os coeficientes
hn obtemos o seguinte sistema de equações (PAM 2003):
2N−1
∑k=0
hk = 2
2N−1
∑n=0
hnhn+2k = 2δ0k ; k = 0, . . . ,N −1
2N−1
∑n=0
(−1)khkk j = 0
A resolução deste conjunto de equações não lineares permite recuperar os valores, dos
coeficiente para cada uma das famílias.
Para fixar o algoritmo, exemplifica-se a obtenção destes coeficientes para o caso da
família de Daubechies com N = 3.
Para N = 3 temos da primeira equação:
h0 +h1 +h2 +h3 +h4 +h5 = 2
Da segunda equação:
k = 0 : h20 +h2
1 +h22 +h2
3 +h24 +h2
5 = 2
k = 1 : h0h2 +h1h3 +h2h4 +h3h5 = 0
k = 2 : h0h4 +h1h5 = 0
36
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
E por fim da última equação temos:
j = 1 : −h1 +2h2 −3h3 +4h4 −5h5 = 0
j = 1 : −h1 +4h2 −9h3 +16h4 −25h5 = 0
A resolução numérica deste sistema nos permite obter os seguintes coeficientes dos filtros
para esta família.h0 = 0.235233603892082
h1 = 0.570558457915722
h2 = 0.325182500263116
h3 = −0.09546720778416
h4 = −0.06041610415519
h5 = 0.0249073356548795
São apresentados na Figura 3.5.2 algumas das wavelets de Daubechies. Observa-se
que, ao contrário do caso de Haar, as wavelets de Daubechies são funções suaves, e esta
suavidade é controlada de acordo com o parâmetro N. Em contrapartida, o seu suporte fica
cada vez maior. Já o domínio de frequências, a localização das wavelets de Daubechies é
significativamente melhor do que das wavelets de Haar.
Figura 3.6: wavelets de Daubechies dbN .
Outra propriedade importante da wavelet de Daubechies é possuir momentos de di-
ferentes ordem iguais a zero. No caso em que apenas o momento de ordem 1 é nulo, a
wavelet é equivalente à wavelet de Haar.
37
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
3.5.3 Aproximando funções com wavelets
A partir de todo estudo desenvolvido, podemos observar que através da AMR para
qualquer nível de escala ou deslocamento a família de funções ϕ j,k e ψ j,k formam um
sistema ortonormal completo no espaço de Hilbert L2(a,b), ainda mais, estas formam
uma base de Riesz Daubechies (1988). Isto significa que dado um conjunto de funções
φ(t) j,k e ψ(t) j,k gerando todo espaço L2(R), qualquer função f ∈ L2(R) pode ser escrita
como uma expansão em série das funções escalas e wavelets, ou seja,
f (t) = a−n,0φ−n,0(x)+ ∑j=−n
2 j+n−1
∑k=0
d j,k(x)ψ j,k(x). (3.22)
Os parâmetros d j,k são os coeficientes wavelets, e a sequência a−n,0 representa o sinal de
mais baixa resolução em frequência no nível j.
A seguir, mostraremos, através de um exemplo, como aproximar uma dada função
através da transformada discreta de uma forma direta. Acreditamos que este exemplo
ajudará a fixar os conceitos e o entendimento do método numérico que utilizaremos no
próximo capítulo. Em seguida, introduzimos o algoritmo desenvolvido em Mallat (1989),
conhecido como transformada rápida de wavelets (do inglês Fast Wavelet Transform), que
é utilizado para calcular a DWT. Escolhemos para trabalhar, a mais simples e antiga de
todas as wavelets, a wavelet de Haar ψ.
Considere S = (s0,s1, . . . ,s2n−1) nossa amostra, de tamanho 2n, de um sinal qualquer.
A decomposição em wavelets de f (x) será da forma
f (x) = a−n,0φ−n,0(x)+−1
∑j=−n
2 j+n−1
∑k=0
d j,k(x)ψ j,k(x) (3.23)
onde, f (x) é uma aproximação de f (x), a−n,0 e d j,k são os coeficientes associados à φ−n,0
e ψ j,k, respectivamente.
Vamos fixar nossa amostra S e calcular a decomposição explicitamente. Seja S =
(1,0,−3,2,1,0,1,2). A função f correspondente pode ser vista na figura 3.7
Os coeficientes de (3.23) podem ser calculados diretamente, através da equação matri-
cial a seguir. Observe que a matriz operadora é formada pela multiplicação da constante
2 j/2 pela wavelet correspondente, nos níveis de escala j = −3,−2 e −1. É importante
ressaltar também, que cada equação descrita neste sistema é responsável pela represen-
tação de uma parte do sinal. Assim, a primeira equação descreve a função no intervalo
x ∈ [0,1), a segunda no intervalo x ∈ [1,2) e assim sucessivamente, e é por isso que apare-
38
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
Figura 3.7: Função da amostra S em [0,8)
cem os elementos 0 na matriz operadora. Estes são consequência do valor da wavelet
utilizada no intervalo considerado. Por exemplo: a primeira equação descreve o sinal em
x ∈ [0,1). Neste intervalo, as wavelets ψ−2,1, ψ−1,−1, ψ−1,2 ψ−1,3 tem valor zero. Por-
tanto, os elementos da primeira linha da matriz operadora que correspondem a cada uma
destas wavelets serão iguais a 0.
1
0
−3
2
1
0
1
2
=
12√
21
2√
212 0 1√
20 0 0
12√
21
2√
212 0 − 1√
20 0 0
12√
21
2√
2−1
2 0 0 1√2
0 01
2√
21
2√
2−1
2 0 0 − 1√2
0 01
2√
2− 1
2√
20 1
2 0 0 1√2
01
2√
2− 1
2√
20 1
2 0 0 − 1√2
01
2√
2− 1
2√
20 −1
2 0 0 0 1√2
12√
2− 1
2√
20 −1
2 0 0 0 − 1√2
·
a−3,0
d−3,0
d−2,0
d−2,1
d−1,0
d−1,1
d−1,2
d−1,3
(3.24)
39
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
A solução de 3.24 é dada por
a−3,0
d−3,0
d−2,0
d−2,1
d−1,0
d−1,1
d−1,2
d−1,3
=
√2
−√
2
1
−11√2
− 5√2
1√2
− 1√2
(3.25)
De onde podemos obter a aproximação,
f (x) =√
2φ−3,0(x)−√
2ψ−3,0(x)+ψ−2,0(x)−ψ−2,1(x)+ (3.26)
+1√2
ψ−1,0(x)−5√2
ψ−1,1(x)+1√2
ψ−1,2(x)−1√2
ψ−1,3(x)
A solução é de fácil verificação. Por exemplo, se x ∈ [0,1)
f (x) =√
2.1
2√
2−√
2.1
2√
2+1.
12
+1
2√
2.
1
2√
2= 1 = f (x) (3.27)
O problema de se calcular os coeficientes por esta forma direta é que, a medida que S
vai crescendo, o custo computacional para resolver o sistema de equações se torna muito
alto. Para superar esta dificuldade, foi desenvolvido por Mallata (1989), um algoritmo que
calcula a DWT em (n) operações, dando um vetor de tamanho (n), ou seja, sua complex-
idade é de ordem (n) (O(n)). Tal algoritmo é conhecido como Transformada Rápida de
Wavelets (FWT, do inglês Fast Wavelet Transform) e será apresentado na próxima seção.
3.5.4 Transformada rápida com wavelets: Algoritmos rápidos de de-
composição e reconstrução
Vejamos agora como o esquema de AMR permite obter um algoritmo muito eficiente
para a expansão de um sinal discreto numa base de wavelets. Este algoritmo, que está inti-
mamente ligado com sistemas de decomposição de sinais em duas bandas, foi introduzido
por Mallat (1989). O algoritmo é um esquema clássico conhecido para processamento de
sinal como codificador de sub banda de dois canais. Este prático algoritmo dá origem à
transformada rápida de Wavelet uma caixa na qual o sinal passa, e na saída são obtidos os
40
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
coeficientes de Wavelet.
Consideremos, então, uma AMR com funções escala φ e wavelet mãe ψ, e denotamos
por Pj e Q j, os operadores de projecção ortogonal nos espaços V j e Wj, respectivamente,
isto é, sejam
Pj f = ∑k∈Z
a j,kφ j,k Q j f = ∑k∈Z
d j,kψ j,k, (3.28)
de tal forma que
a j,k =< f ,φ j,k >, d j,k =< f ,ψ j,k > .
Se os dados a serem analisados são discretos, isto é, são uma sequência (ak),k ∈ Z,
podemos sempre encará-los como representando a aproximação de um sinal contínuo f (t)
num determinado espaço aproximador VJ , cuja escala está relacionada com o intervalo de
amostragem.
Por uma questão de simplicidade, consideremos que essa escala é J = 0, ou seja,
partimos de
f0 = ∑k∈Z
akφ0,k. (3.29)
Recordemos que utilizamos a convenção
. . . ⊂V2 ⊂V1 ⊂V0 ⊂V−1 ⊂V−2 ⊂ . . . ⊂ L2,
portanto j ↓, Vj ↑. Essa aproximação pode, então, ser decomposta como soma de uma
aproximação f−1, de mais fraca resolução, com uma função w−1 ∈ W−1 que "contém"a
informação que é perdida ao representar f na escala mais grosseira. Este processo pode
ser repetido sucessivamente, até se chegar a uma escala −J desejada. Assim, o se pretende
é obter a seguinte decomposição
f0 = ∑k∈Z
a−J,kφ−J,k +−J
∑j=−1
∑k
d j,kψ j,k. (3.30)
ou, mais precisamente, obter as sequências (a−J,k) e d j,k; j = −1, · · · ,−J, a partir da
sequência inicial ak.
O algoritmo da transformada rápida com wavelets baseia-se no uso (3.17) e (3.21).
Mostra-se que a partir destas equações se deduzem as seguintes fórmulas de decom-
posição:
a j−1,k = ∑n∈Z
h2n−ka j,n. (3.31)
De modo análogo se pode obter uma relação para d j−1,k , a partir de φ j−1, e das wavelets
41
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
ψ j expressa por:
d j,k = ∑n∈Z
gn−2ka j,n, (3.32)
onde
gn := (−1)nh1−n.
Estas relações mostram que o cálculo dos coeficientes pode ser feito recursivamente,
partindo da sequência (a0,k) := (ak). O algoritmo pode ser esquematizado da seguinte
forma:
Figura 3.8: Esquema de decomposição
Construirmos desta maneira um algoritmo rápido para passar de uma escala para outra
escala subsequente. Para tanto é necessário apenas conhecermos os coeficientes a j,k que
representam a função f numa dada escala j e também os coeficientes de filtro hn da função
escala associada á análise. De forma semelhante obtemos uma maneira simples de obter
os detalhes perdidos ao se passar de uma escala de maior para uma de menor resolução,
sendo agora necessário os coeficientes de filtro gn da wavelet associada.
Verifica-se que são efetuadas multiplicações que totalizam um fator linear com relação
ao total de dados de entrada, ou seja, O(N). Observamos ainda uma diferença entre o
tratamento da aproximação com as wavelets e outras técnicas, utilizamos as projeções em
diferentes espaços, não apenas uma análise mais fina é efetuada, mas por assim dizer,
numa parte, num intervalo do espectro. Além disso, a divisão do sinal permite a análise
separada de cada uma de suas partes, revelando aspectos locais, como pode ser visto nas
Figuras (3.10) e (3.9).
A transformação anterior pode ser invertida, ou seja, é possível reconstruir o sinal
original (ak), partindo do conhecimento das sequências (a−J,k) e d j,k; j = −1, · · · ,−J.
Por outras palavras, o sinal pode ser recuperado juntando "camadas"sucessivas de por-
42
Capítulo 3. Wavelets e análise de multiresolução
menores a uma versão mais grosseira. A fórmula que descreve essa transformada inversa
também é deduzida das equações (3.17) e (3.21) e é a seguinte:
a j,k = ∑n∈Z
(hk−2na j−1,n +gk−2nd j−1,n) (3.33)
As expressões (3.32) e (3.33) indicam que apenas uma tabela com valores de hn e gn são
exigidas para dar partidas aos cálculos.
Figura 3.9: Esquema de decomposição
Figura 3.10: Esquema de decomposição em todos os níveis
43
Capítulo 4
Método dos momentos via wavelet
Neste capítulo foi desenvolvida uma metodologia para calcular a distribuição de cor-
rente através da antena em estudo. A metodologia envolve o método dos momentos,
utilizando as Wavelets de Haar como funções base.
Os métodos utilizados na resolução de problemas, nos vários ramos da Engenharia
ou ciências aplicadas, baseiam-se, atualmente, em duas categorias: métodos analíticos e
métodos numéricos.
Por exemplo, na resolução de equações diferenciais, é raro se encontrar um problema
que possa ser resolvido analiticamente, a menos que se imponham condições de simpli-
ficação nos modelos respectivos. Com o desenvolvimento de rápidos e eficientes com-
putadores, o papel dos métodos numéricos tem vindo a aumentar significativamente a
resolução de problemas.
4.1 Descrição do método dos momentos (MoM)
O método dos momentos (MoM) é uma das mais poderosas técnicas numérica para
a resolução de equações integrais que envolvem problemas eletromagnéticos (Harring-
ton, 1968). O MoM é essencialmente um esquema de discretização no qual o operador da
equação é transformado em uma equação matricial que pode ser resolvido computacional-
mente (Cardoso e Satori, 2005). Na formulação pelo MoM, considera-se uma equação
não homogênea,
L( f ) = g (4.1)
onde, L é um operador linear, g é uma função conhecida e f é a função a ser obtida.
Expandindo-se f numa série de funções f1, f2, ...., fn, definidas no domínio do operador
L, tem-se:
44
Capítulo 4. Método dos momentos via wavelet
f = ∑n
αn fn (4.2)
onde, os αn representam constantes e as funções fn são conhecidas como funções de
base ou funções de expansão. Para soluções exatas o segundo termo da equação (4.2) é
um somatório infinito e os fn formam um conjunto completo de soluções de base. Caso
seja uma solução aproximada, f é dado por um somatório finito.
Fazendo uso da linearidade do operador L, obtemos:
L( f ) = L(∑n
αn fn) = ∑n
αnL( fn) = g (4.3)
O próximo passo consiste em calcular o produto interno usando um conjunto de
funções conhecidas, wm, definidas como funções de teste ou funções peso.
〈wm,g〉 = 〈∑n
αnL( fn),wm〉 = ∑n
αn〈L( fn),wm〉 (4.4)
Finalmente, após algumas manipulações algébricas, o conjunto de equações descrito
em (4.4) assume a forma matricial dada a seguir:
[lmn] [αn] = [hm] (4.5)
onde,
[lmn] =
〈w1,L( f1)〉 〈w1,L( f2)〉 . . .
〈w2,L( f1)〉 〈w2,L( f2)〉 . . .
. . . . . . . . .
,
[αn] =
α1
α2
. . .
[hm] =
〈w1,g〉〈w2,g〉
. . .
Se a matriz [lmn] for não singular, sua inversa [lmn]−1 existe, conseqüentemente, as con-
stantes αn podem ser obtidas da seguinte forma:
[αn] = [lmn]−1 [hm] . (4.6)
Desta forma, a solução para f é obtida a partir de (4.2). Finalmente, considerando
todas as funções de base, [ fn] = [ f1, f2, f3, ...], a equação (4.2) poderá ser reescrita da
seguinte forma:
45
Capítulo 4. Método dos momentos via wavelet
[ f ] = [ fn][α1] = [ fn] [lmn]−1 [hm] . (4.7)
Podemos observar que a solução pode ser exata ou aproximada, dependendo apenas
da escolha das funções fn e wn. Como o nosso objetivo é sempre obtermos uma melhor
aproximação, se considerarmos as funções fn linearmente independentes, então alguma
superposição de (4.2) pode aproximar f razoavelmente bem.
4.2 Método dos momentos através das wavelets
Nesta seção o método dos momentos será aplicado em conjunto com as transformadas
de wavelets. Aqui, as wavelets do tipo Haar serão aplicadas como função de expansão
para calcular a distribuição de corrente. Neste procedimento a antena é subdividida em m
segmentos iguais de comprimento (∆z′m = h
m).
A partir da equação (2.42), a qual representa integral de Halén, pode-se definir o
operador linear L:
L : L2(−z′,z′) −→ R
I 7−→ L(I) =R h−h Iz(z
′)e− jkR
4πRdz′ = j
2YV i0sen(k | z′ |)+Ccos(kz′).
(4.8)
Como Iz ∈ L2(R), da equação (3.22) conclui-se que a distribuição de corrente (Iz)
pode ser escrita como uma combinação linear das funções wavelets de Haar e funções
escala:
Iz = a−n,0φ−n,0 +N
∑j=−n
2 j+n−1
∑k=0
c j,kψ j,k (4.9)
De acordo com a equação (4.9) para o nível (N = 2), o cálculo da distribuição de
corrente em cada ponto será expresso por:
Iz = a0,0φ0,0 + c0,0ψ0,0 + c1,0ψ1,0 + c1,1ψ1,1 + c2,0ψ2,0 + c2,1ψ2,1 + c2,2ψ2,2 + c2,3ψ2,3
Observe que neste caso, o número de wavelets envolvidas são oito, de onde pode-se
concluir que existe uma relação direta entre o número de segmentos m sobre a antena e
a quantidade de wavelets envolvidas. Por exemplo, na Figura 4.2, a antena de compri-
mento h foi dividida em oito comprimentos iguais. Nota-se nesta figura os intervalos e as
amplitudes para wavelet de Haar, até o nível dois de resolução (N = 2), representando a
46
Capítulo 4. Método dos momentos via wavelet
amplitude da função obtida através da variação do nível j e do deslocamento k.
Figura 4.1: Contribuição de cada um dos níveis em relação ao número de subdivisões Belardi, Cardoso e
Sartori (2005).
Considerando as funções de testes como sendo as funções Delta de Dirac,
wm =
1 se z
′ ∈ ∆z′m
0 se z′/∈ ∆z
′m
(4.10)
onde, o subscrito m em z′m indica o seguimento da antena e aplicando as equações (4.9),
(4.8) e (4.10) na equação (4.4), após algumas manipulações algébricas obtém-se o seguinte
sistema matricial:
−Ccos(kz1)
lmn...
−Ccos(kzm)
(N +1×N)...
−Ccos(kzN+1)
a−1,0
c0,0...
cm,N
C
=
− j2YV i
0sen(k | z1 |)...
− j2YV i
0sen(k | zm |)...
− j2YV i
0sen(k | zN+1 |)
(4.11)
onde,
lmn =Z
∆z′m
In(z′)e− jkRm
4πRmdz
′; Rm =
√a2 +(z− z′m)2 (4.12)
47
Capítulo 4. Método dos momentos via wavelet
com
I0 = φ0,0
I1 = ψ0,0
I2 = ψ1,0
...
In = ψ j,k,
Para implementar a técnica descrita nas sessões anteriores, um programa computa-
cional foi desenvolvido na linguagem MATLAB utilizando um Microprocessador PEN-
TIUM CoreTM2 Quad, 4GB com MRAM de 2 GB. Para obtenção dos resultados a
wavelet utilizada foi do tipo Haar, com o nível de resolução N = 6. Portanto, de acordo
com a equação (4.9) o número de wavelets envolvidas é 64. Desde que 64 wavelets foram
envolvidas, um sistema de matriz de (64× 64) elementos é gerado a partir da equação
(4.2).
Neste trabalho também foram utilizadas as transformadas de wavelets contínua e os
algoritmos de análise e de síntese desenvolvidos por Mallat (1989), para revelar aspectos
e características na modelagem em diferentes níveis de resolução.
48
Capítulo 5
Materiais e métodos
Neste capítulo são apresentadas as ferramentas, as considerações e os procedimentos
adotados para o desenvolvimento do trabalho. As ferramentas são os programas desen-
volvidos e os simuladores computacionais utilizados. As considerações envolvidas são
a modelagem da antena, a modelagem do reservatório e de algumas características do
processo.
Para avaliar o desempenho do aquecimento eletromagnético como método de recu-
peração térmica vamos considerar como caso de estudo um reservatório que apresenta
algumas característica similares aos encontrados nas bacias sedimentares do Nordeste
Brasileiro (PIZARRO, 1989).
5.1 Análise do desempenho do aquecimento eletromag-
nético através da implementação computacional para
a antena
Para analisar o comportamento do irradiador eletromagnético (antena cilíndrica do
tipo dipolo) inserido num reservatório com características idênticas às encontrados em
reservatórios contendo de óleo de alta viscosidade, foi utilizado dados semelhantes aos
usados por Da Mata (1993), a partir de um protótipo desenvolvido em laboratório. O
irradiador eletromagnético é inserido em um meio heterogêneo, ou seja, num reservatório
contendo areia saturada com água salgada e petróleo de alta viscosidade. Na busca de
uma melhor adaptação e de controle do método, tendo como principal objetivo aumentar
e controlar a temperatura interna no reservatório a antena foi posicionada no fundo do
poço, como mostra a Figura 5.1.
49
Capítulo 5. Materiais e métodos
Figura 5.1: Vista esquemática do aquecimento eletromagnético por irradiação. A antena écolocada no fundo do poço, bem na frente da zona de produção (Carrizales, Lake e Johns,2009).
5.1.1 Parâmetros utilizados na antena
A estrutura usada como fonte de irradiação, mostrada na Figura (2.3) tem compri-
mento h1 = h2 = 15cm, condutor central de raio a1 = 0,0179cm, o dielétrico isolante
possui uma camada central de raio externo a2 = 0,0584cm com permissividade elétrica
ε2 = 2,1 e uma camada mais externa de raio a3 = 0,080cm e permissividade dielétrica
ε3 = 2,1. Para o meio heterogêneo (Região 4), os dados foram: permissividade relativa
real ε4 = 19.9, condutividade elétrica efetiva σ44 = 0.257S/m, massa volumétrica equiv-
alente do meio poroso ρeq = 1995Kg.m−1, calor especifico ceq = 1235J.Kg−1.oC−1 e a
temperatura inicial Ti = 40oC.
A frequência de operação aplicada tem a função de efetuar o controle efetivo do
processo. Os valores simulados são decorrentes das possíveis situações que podem acon-
tecer na prática. O nosso objetivo, ao testar o programa desenvolvido com dados de
laboratório, foi validar este trabalho e testar o funcionamento do modelo com dados reais.
Com as simulações foram obtidas as soluções numéricas aproximadas referentes as
equações (2.42), (2.37), (2.38), (2.37), (2.44) e (2.45) que determinam respectivamente
o comportamento da densidade de corrente ao longo da antena, do campo elétrico axial,
radial e total, da distribuição de potência e temperatura. A fim de otimizar o processo
foram feitas várias simulações onde, o principal parâmetro de controle é a frequência de
operação aplicado na antena.
50
Capítulo 5. Materiais e métodos
5.2 Análise do aquecimento eletromagnético adaptando
o simulador STARS da CMG
Com os dados de caracterização do reservatório (porosidade, permeabilidade, permis-
sividade, saturação, entre outros), foram feitas simulações adaptando o simulador comer-
cial STARS da CMG e utilizando o módulo de expansão térmica.
5.2.1 O simulador STARS
O programa STARS da CMG é um simulador térmico que pode envolver reações
químicas e considerações geomecânicas nas três dimensões. A entrada de dados do reser-
vatório pode ser realizado através de uma malha cartesiana, radial ou de coordenadas.
Neste módulo podem ser modelados reservatórios com diferentes processos térmicos tais
como: injeção contínua de vapor, injeção cíclica de vapor, combustão in situ, expansão
térmica, aquecimento eletromagnético resistivo (60 Hz) entre outros, tanto na escala de
laboratório quanto na escala de campo (OLIVEIRA, 2010).
Os parâmetros de controle durante a aplicação do aquecimento eletromagnético no
campo real são as variáveis estudadas durante as diversas simulações a fim de avaliar o
seu efeito sobre a produção de óleo e água são: a frequência de operação aplicado na
antena e a potência aplicada no poço.
Através da adaptação no STARS, pode-se obter a produção diária de óleo (Qo) e acu-
mulada de óleo (Np), os perfis de temperatura e de viscosidade nos casos da produção
primária e com aquecimento eletromagnético. Pode-se observar também consumo de en-
ergia, dentre outras características decorrentes do AEI.
5.3 Modelo físico
O modelo físico adotado neste trabalho, para o reservatório de petróleo em escala de
campo, foi um modelo tridimensional de malha do tipo radial. No centro da estrutura
existe um poço produtor onde a fonte de irradiação de calor é colocada, frente à zona de
produção. As propriedades da malha, rocha e fluidos utilizados no modelo computacional
são apresentados da seguinte forma:
Características Gerais:
• Tipo de Malha: radial;
51
Capítulo 5. Materiais e métodos
• Raio do poço rw: 0,0889 m (0.298 f t);
• Espessura do reservatório: 8,5 m (55.5 f t);
• Profundidade base do reservatório: 139,59 m (458 f t);
• Pressão inicial: 15,0 kg/cm2 (213.35 psi);
• Temperatura inicial: 37 C (98 F);
• Condutividade elétrica da formação: 0.43 S/m;
• Número total de blocos: 21×1×10 = 210 blocos;
• Número de blocos na direção i = 21 blocos: 17 blocos de 1 f t, 2 blocos 6.56 f t, 1
bloco de 9.84 f t e 1 bloco de 13.21 f t;
• Número de blocos na direção j = 1;
• Número de blocos na direção k (sentido descendente) = 10 blocos: 5 blocos de
5.578 f t e 5 blocos de 1.116 f t.
Características físicas da rocha:
• Porosidade: 30 %;
• Permeabilidade, direção i : 1000 md;
• Permeabilidade, direção k : 100 md;
• Permeabilidade, direção j : 1000;
• Compressibilidade da rocha: 0,0025 (Kg/cm2)−1 (0.0355 psia);
• Condutividade térmica 2,5 W/mK.
Características físicas da óleo:
• Massa específica: 961,20 kg/m3;
• Compressibilidade 0,0001 (kg/cm2)−1;
• Calor específico 2000 J/kgF ;
• Viscosidade do óleo 2452 cp a 37 C (98 F) e 100 cp a 104,4 C;
52
Capítulo 5. Materiais e métodos
• Condutividade térmica 0,1 W/mK;
• Saturação de óleo inicial: 62 %.
Características físicas da água:
• Massa especifica: 1000,0 kg/m3;
• Compressibilidade 1,0×10−6(kg/cm2)−1;
• Calor específico 4182 J/KgF ;
• Saturação inicial de água: 38 %;
• Condutividade térmica = 0,65 W/mK.
É importante destacar que o STARS apresenta limitações para aplicações em altas
frequências. Para superar estas limitações foram feitas algumas adaptações, utilizando o
módulo de expansão térmica, onde o principal parâmetro de entrada é a potência aplicada
em cada célula da malha. Esta adaptação foi realizada utilizando valores da potência, cal-
culados a partir da equação (2.44) e distribuídos para cada célula da malha considerando
a direção k e a distância radial i.
Aqui somente o aquecimento eletromagnético é utilizado o que já é suficiente para re-
duzir a viscosidade do óleo e aumentar ainda mais a vida produtiva do poço. Com carac-
terísticas semelhantes aos encontrados num reservatório do Nordeste brasileiro, Trevisan
e Pizarro (1990), faremos um estudo paramétrico do processo onde, a partir das simu-
lações realizadas com o simulador STARS teremos uma idealização prática do processo.
O modelo computacional faz o uso da interação das propriedades do reservatório,
dos fluidos envolvidos, juntamente com o aquecimento eletromagnético em uma porção
contínua de um reservatório de petróleo que também possui suas propriedades e peculiari-
dades. Assim, é necessário que as dimensões das células da malha de simulação estejam
ajustadas para que o modelo tenha uma boa representação dos processos existentes no
reservatório que utilizam aquecimento eletromagnético como método de recuperação de
petróleo. As Figuras 5.2 e 5.3 ilustram a malha utilizada no processo.
Para comprovar a viabilidade econômica do método foi realizada uma análise econô-
mica do processo.
5.4 Avaliação econômica
A análise de investimentos abrange desde a definição do projeto, a determinação de
alternativas até a tomada de decisão, ou seja, a escolha entre alternativas. Para que um
53
Capítulo 5. Materiais e métodos
Figura 5.2: Malha radial com refinamento, visão radial.
investimento seja atrativo, ele deve ser mais rentável que as oportunidades ordinárias apre-
sentadas pelo mercado. Deve-se observar que não só a rentabilidade é importante num
empreendimento. Outros fatores devem ser considerados como a liquidez e a Confiabili-
dade, ou seja, o risco do negócio (MANICHAND, 2002).
Cada método de recuperação avançada possui suas limitações e trazem consigo custos
inerentes. Quando as características do reservatório são favoráveis para a aplicação de um
determinado processo, este pode trazer uma grande vantagem econômica, enquanto que,
quando aplicado em reservatórios com outras características, pode ser economicamente
inviável. Isto nos leva a questionarmos ou indagarmos, se o projeto desenvolvido nesta
tese é economicamente viável. Motivados por esta peculiaridade fizemos o estudo da via-
bilidade técnico-econômica da aplicação do AEI como método de recuperação avançada.
O método utilizado neste trabalho de modo a avaliar o retorno financeiro, considerando
o preço do petróleo produzido e da energia elétrica será o método da produção liquida
acumulada (OLIVEIRA, 2010).
54
Capítulo 5. Materiais e métodos
Figura 5.3: Malha radial com refinamento
5.4.1 Produção líquida acumulada
A produção líquida acumulada pode ser definida de forma simplificada, como sendo
o resultado da receita do projeto descontando os custos ou despesas para a realização do
processo. Isto pode ser representado pela seguinte equação:
NpLiq = P−C; C = Roe.CE (5.1)
onde, P é o montante de óleo produzido em um determinado instante, C é o custo montante
de óleo necessário para pagar a despesa com a energia elétrica no mesmo instante, CE
indica o consumo de energia e Roe (razão óleo-energia) é definido como sendo a relação
econômica existente entre um volume de óleo e uma quantidade de energia elétrica, ou
seja, é o volume necessário para pagar certo montante de energia elétrica consumida e
pode ser expresso pela seguinte equação:
Roe =Volume
Energia[m3 de óleo ST D/MWh] (5.2)
55
Capítulo 5. Materiais e métodos
Portanto, de forma prática e admitindo algumas considerações podemos obter o Roe da
seguinte forma:
US$/bbl︸ ︷︷ ︸Preço do Petróleo
· R$/MWh︸ ︷︷ ︸Preço da energia
· US$/R$︸ ︷︷ ︸Taxa de cãmbio
= bbl/MWh︸ ︷︷ ︸Roe
(5.3)
US$/bbl︸ ︷︷ ︸Preço do Petróleo
· R$/MWh︸ ︷︷ ︸Preço da energia
· USS/R$︸ ︷︷ ︸Taxa de cãmbio
· 0,159m3
bbl︸ ︷︷ ︸Conversão de unidade
= m3/MWh︸ ︷︷ ︸Roe
(5.4)
Para fixar a nossa metodologia vamos considerar um exemplo hipotético. Admitindo-
se o preço do barril de petróleo a 50 US$, a taxa de cambio de USS 1,00 a R$ 2,00 e o
preço da energia para instalações industriais de R$ 200/MWh, temos:
bbl
US$ 50· R$ 200
MWh· US$ 1
R$ 2= 2 bbl/MWh (5.5)
o que equivale a:
bbl
US$ 50· R$ 200
MWh· US$ 1
R$ 2· 0,159m3
bbl= 0,318m3/MWh. (5.6)
Assim, para pagar o custo com 1 MWh é necessário que seja produzido ao menos 0,318m3
Pode-se observar através da equação (5.1) que para o projeto ser economicamente
viável, o termo C deve ser significativamente menor do que o montante adicional de óleo
produzido durante a execução do processo.
56
Capítulo 6
Resultados e discussões
Neste capítulo são apresentados os principais resultados encontrados referentes às in-
fluências de análise paramétrica, análise econômica e otimização dos parâmetros opera-
cionais e de reservatório na aplicação do processo do aquecimento eletromagnético.
6.1 Resultados e discussões obtidos para antena
Neste seção são apresentados os principais resultados e parâmetros operacionais a
partir do programa desenvolvido no software MATLAB para a análise do comportamento
da antena linear do tipo dipolo inserida num reservatório de petróleo utilizada para o AEI.
Na Figura 6.1 é apresentada ao longo de um dipolo simétrico isolado a distribuição de
corrente, obtida através da solução da equação de Hallén, onde utilizamos como função
de expansão no MoM as wavelets de Haar. A Figura 6.2, mostra a distribuição de corrente
para um dipolo utilizando o método proposto por King, Trembly e Strohbehn (1983) em
comparação com MoM, utilizando como funções de expansão as wavelets de Haar. Na
Figura 6.3, temos a distribuição de corrente para os dois dipolos obtido através do MoM
(wavelet de Haar). Também é apresentado na Figura 6.4, a comparação entre os dois
métodos.
57
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.1: Distribuição de corrente para um dipolo, MoM wavelet de Haar.
Figura 6.2: Distribuição de corrente para um dipolo: MoM wavelet de Haar versus King, Trembly e Stro-
hbehn (1983).
Figura 6.3: Distribuição de corrente para dois dipolos, MoM wavelet de Haar.
58
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.4: Distribuição de corrente para os dois dipolos: MoM wavelet de Haar versus King, Trembly e
Strohbehn (1983).
Utilizando os algoritmos de análise e decomposição proposto por Mallata (1989),
podemos observar na Figura 6.5 a distribuição de corrente em diferentes níveis de re-
solução e sua reconstrução, onde nota-se com os níveis de detalhamento as condições de
contorno.
Figura 6.5: Distribuição de corrente utilizando os algoritmos de análise e síntese.
Através da transformada de wavelet contínua é apresentado uma análise da distribuição
de corrente ao longo da antena por um gráfico de cores (diferentes níveis de resolução)
onde, pode ser observado a influência do espaçamento gap (Figura 6.6), ou seja, os pontos
de descontinuidades presentes no sinal.
59
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.6: Distribuição de corrente utilizando a transformada de wavelet contínua.
Devido a esparsidade da matriz formada a partir das transformadas wavelets de Haar,
notou-se uma redução no esforço computacional e conseqüentemente uma redução consi-
derável no tempo simulação. A Figura. 6.7 mostra a quantidade de elementos não nulos,
obtidas para a antena com variação no número de divisões.
Figura 6.7: Quantidade de elementos não nulos (pontos em cor azul), obtidas para umaantena com 64 divisões.
Para efeito de teste, também utilizamos a wavelet do tipo Daubechies (db2 no nível
N = 3) para mostrar (Figura 6.8 (a)), que é possível obtermos a aproximação do sinal
(distribuição de corrente I(z′)) utilizando outro tipo de wavelet ortogonal.
Pode-se perceber que através da wavelet de Daubechies já obtemos uma boa aproxi-
mação, com nível de resolução N = 3. Isto deve-se ao fato que a wavelet de Daubechies
possui N momentos nulos, consequentemente, este fato implicará numa provável redução
60
Capítulo 6. Resultados e discussões
no esforço computacional caso desejássemos implementar no programa desenvolvido
(MoM wavelet de Haar - software MATLAB), a wavelet de Daubechies. Também é
mostrado, (Figura 6.8 (b)-(c)), os detalhes presentes no sinal, onde, observa-se os picos
de descontinuidades provocados pelas condições de contorno impostas na antena.
Figura 6.8: Distribuição de corrente I(z) versus db2 no nível N = 3, gráfico (a).
Nas Figuras 6.9, 6.10, 6.11, 6.12 e 6.13 mostram as soluções numéricas das equações
(2.38), (2.37), (2.37), (2.44) e (2.45) respectivamente. A partir destes resultados pode-se
observar o comportamento do campo elétrico axial, radial e total, bem como o comporta-
mento da transferência de potência e de temperatura dissipada no meio heterogênio.
61
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.9: Distribuição espacial da componente axial do campo elétrico num meio de água salgada e
petróleo de alta viscosidade.
Figura 6.10: Distribuição espacial da componente radial do campo elétrico num meio com água salgada e
petróleo de alta viscosidade.
Figura 6.11: Distribuição espacial do campo elétrico total num meio de água salgada e petróleo de alta
viscosidade.
Através das Figuras 6.9, 6.10 e 6.11, pode-se perceber que as componentes espaciais
do campo elétrico, em torno da antena isolada dentro do meio dissipativo, diminuem
62
Capítulo 6. Resultados e discussões
muito rapidamente com o aumento da distância radial.
Figura 6.12: Distribuição espacial da potência dissipada num meio de água salgada e petróleo de alta
viscosidade.
Observa-se nas Figuras 6.12 e 6.13, que a distribuição de potência dissipada e a dis-
tribuição de temperatura, também diminuem muito rapidamente com o aumento da dis-
tância radial. Através desta análise poder-se-ia até concluir que a potência dissipada e a
distribuição de temperatura é praticamente uniforme, o que veremos, através da análise
em multiresolução é que isto não acontece na prática.
Figura 6.13: Distribuição radial da variação da temperatura num meio de água salgada e petróleo de alta
viscosidade.
A Figura 6.14 foi obtida através dos algoritmos de análise e decomposição. A partir
destes algoritmos pode-se revelar aspectos da potência dissipada em diferentes níveis de
resolução permitindo uma análise sistematizada das grandezas em estudo. A Figura 6.15
mostra a potência dissipada utilizando-se a transformada de wavelet contínua. A partir
destas análises em diferentes níveis de resolução pode-se concluir que esta grandeza não
apresenta uma distribuição uniforme, ou seja, existem pontos de descontinuidade, o que
não pode se observar apenas com a solução dada a partir da solução obtida por (2.44).
63
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.14: Distribuição de potência análise através da wavelet de Daubechies db2.
Figura 6.15: Distribuição de potência análise através da transformada de wavelet contínua
6.2 Resultados obtidos com simulador STARS
Neste seção são apresentados os principais resultados encontrados referentes às in-
fluências de análise paramétrica, análise econômica e otimização dos parâmetros opera-
64
Capítulo 6. Resultados e discussões
cionais e de reservatório na aplicação do processo do AEI. Os resultados foram mostrados,
analisados e discutidos da seguinte forma:
• Comparação entre o modelo sem o AEI e com AEI;
• Análise de parâmetros operacionais de reservatórios investigados através do Np, da
fração recuperada ( f r) e do consumo de energia;
• Análise da componente de volume produzido devido ao AEI;
• Análise econômica através da produção liquida acumulada;
6.2.1 Análise do perfil de temperatura e viscosidade
Para validação do modelo de aquecimento eletromagnético foram obtidos os perfis de
temperatura e viscosidade durante os dez primeiros anos após o início da aplicação do
método. As Figuras 6.16 a 6.23 mostram o perfil de temperatura após trinta dias, um ano
e dez anos do início do projeto.
Figura 6.16: Perfil transversal de temperatura após trinta dias.
Observa-se que após trinta dias o fenômeno do aquecimento eletromagnético já é rele-
vante, com o aumento da temperatura nas proximidades do poço (Figuras 6.16 e 6.17), e a
redução da viscosidade (Figuras 6.18 e 6.19). Pode-se perceber claramente a evolução da
temperatura no fundo do poço produtor onde o irradiador é aplicado e consequentemente
a diminuição da viscosidade.
65
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.17: Perfil longitudinal de temperatura após trinta dias.
Figura 6.18: Perfil transversal de viscosidade após trinta dias.
Após um ano nota-se claramente a evolução da temperatura (Figura 6.20) e uma con-
siderável redução da viscosidade (Figura 6.21) por todo o volume considerado (grid sim-
ulado).
Ao longo de dez anos houve o aquecimento de todo o volume considerado (Figura
6.22), exceto nas áreas distantes do poço produtor. Isto se explica pelo fato de que o
66
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.19: Perfil longitudinal de viscosidade após trinta dias.
Figura 6.20: Perfil transversal de temperatura após um ano.
aquecimento é causado por irradiação eletromagnética, ou seja, o aquecimento é local.
No perfil da viscosidade (Figura 6.23), nota-se que houve uma redução da viscosidade
em todo o grid estudado.
É importante destacar que próximo ao poço, a temperatura atinge os maiores valores
e diminui rapidamente em função da distância radial. Este fenômeno físico mostra a pre-
67
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.21: Perfil transversal de viscosidade após um ano.
Figura 6.22: Perfil de temperatura após dez anos.
cisão do modelo teórico usado neste trabalho para este tipo de análise. A temperatura
próximo ao poço produtor alcança valores próximos de 742oF (372oC) e cerca de 400oF
68
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.23: Perfil de viscosidade após dez anos.
(204,4oC) a uma distância de 15 f t (4.57m) do poço, isto significa que um considerá-
vel volume do reservatório é aquecido reduzindo a viscosidade para o mesmo volume
considerado.
6.2.2 Análise dos fatores de produção
As Figuras 6.24 e 6.25 mostram a produção diária (Qo) e a produção acumulada de
óleo (Np), considerando os respectivos níveis de potência.
A presença do aquecimento eletromagnético fica evidenciada através do deslocamento
das curvas de produção de óleo (Qo) e de produção acumulada (Np) em relação à pro-
dução primária. Observa-se um considerável aumento na produção do reservatório como
conseqüência da elevação de temperatura provocada pelo aquecimento eletromagnético.
Isso ocorre devido a uma redução da viscosidade do óleo no reservatório, resultando em
um maior fluxo de fluido na direção do poço produtor.
A Tabela 6.1 mostra os resultados: da fração recuperada de óleo f r(%) (como pode
ser observado na Figura 6.26), da produção acumulada de óleo e do acumulado de energia
elétrica (Ep) gasto no processo ( como pode ser visto na Figura 6.27), durante dez anos
de produção para os casos estudados com o aquecimento elétrico por irradiação eletro-
magnética.
69
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.24: Produção diária de óleo após dez anos.
Figura 6.25: Produção acumulada de óleo após dez anos.
Observa-se que, de uma forma geral, em todos os casos simulados ocorre um aumento
da fração recuperada. Nota-se um considerável aumento na fração recuperada de 7,7%
no caso da produção primária, para 40,7% no caso do aquecimento eletromagnético com
70
Capítulo 6. Resultados e discussões
Tabela 6.1: Resultados de f r, Np e (Ep) para todos os casos estudados.Potência kW f r(%) Np(m
3) Ep/MWh
0 7,7 107,32 0100 12,06 167,77 305,670150 25,44 356,75 703,677200 40,7 566,41 939,828
potência aplicada de 200 kW mostrando a eficiência do método.
De forma qualitativa pode-se perceber que os ganhos são bastante significativos, o que
faz do aquecimento eletromagnético uma ferramenta de gerenciamento de reservatório
bastante interessante, pois pode representar, em um determinado cenário de preços de
petróleo no mercado mundial, uma substancial receita econômica.
Figura 6.26: Fração recuperada de óleo.
71
Capítulo 6. Resultados e discussões
Figura 6.27: Consumo acumulado de energia elétrica em dez anos .
6.2.3 Análise técnico-econômica através da produção líquida acumu-
lada
Nesta seção é feita uma análise econômica através da produção liquida acumulada
(NpLiq). Esta análise foi realizada para mostrar a viabilidade econômica do processo AEI
com diferentes cenários de preço do petróleo.
Os preços da energia elétrica (P.E (R$/MWh)) e o preço do petróleo (P.O (US$)) po-
dem variar de acordo com o mercado, com as técnicas e tecnologias. Desta forma, foram
escolhidos alguns cenários de preços, e distintos valores da potência aplicada (P.A (kW ))
mostrados na Tabela 6.2. O cálculo da relação (Roe), do custo (C) e da produção liquida
acumulada foi realizada de acordo com o estudo realizado na seção (5.4.1).
Observa-se que, de uma forma geral, em todos os casos estudados com o aumento da
potência aplicada há um considerável aumento da produção acumulada de óleo. Porém,
ocorreu um aumento no acumulado de energia elétrica, este fato implica em uma menor
produção liquida acumulada, ou seja, um menor interesse econômico do projeto. A par-
tir deste resultados podemos concluir que a principal variável de controle no processo,
ou seja, de maior interesse econômico do projeto será a potência, que esta diretamente
relacionado com o aumento do consumo de energia elétrica e obviamente com o custo do
processo.
A relação (Roe) varia segundo o preço do óleo e da energia, mas se acontece um
72
Capítulo 6. Resultados e discussões
Tabela 6.2: Cenários considerados na análise de produção liquida acumulada em dez anosde produção.
Cenário P.A (kW ) P.O (US$) P.E (R$ MWh) Roe C NpLiq
01 200 78 100 0,11 103,55 462,8402 200 60 200 0,28 269,24 297,203 200 50 300 0,51 484,3 81,7604 150 78 100 0,11 77,14 279,5505 150 60 200 0,28 200,56 156,1306 150 50 300 0,51 361,02 -4,3207 100 78 100 0,11 33,67 134,4208 100 60 200 0,28 87,55 80,5409 100 50 300 0,51 105.06 63,06
incremento do preço do óleo e proporcionalmente um aumento do preço da energia, não
haverá mudança na relação óleo-energia (Roe).
Os resultados da análise técnico-econômica mostram a importância do preço do óleo
e da energia na (NpLiq). Se o preço da energia acompanha o preço do óleo a relação (Roe)
não vai ser muito afetada, mostrando que o preço pode ser viável, mas valores altos da
(Roe) podem fazer com que o processo não seja viável.
73
Capítulo 7
Conclusões e futuros trabalhos
Finalizamos, neste capítulo, o nosso estudo sobre o método térmico de recuperação
de petróleo utilizando aquecimento eletromagnético por irradiação com as conclusões e
algumas considerações finais. Procuramos, também, traçar metas para a continuidade de
nossos estudos sobre o tema através de propostas para futuros trabalhos.
7.1 Conclusões
As análises dos resultados obtidos pelo modelo e apresentados no capítulo anterior
levam-nos as seguintes conclusões:
• De acordo com os resultados obtidos podemos observar que o método numérico
apresentado é eficiente e preciso nas soluções de problemas em eletrostática;
• Dado o fato de que a matriz da transformada das wavelets de Haar produz matrizes
esparsas, temos uma redução no tempo total de execução do programa. Através
da transformada de wavelet contínua e dos algoritmos de análise e decomposição
revelamos aspectos na modelagem em diferentes níveis de resolução;
• As componentes espaciais teóricas do campo elétrico em torno da antena isolada
dentro do meio dissipativo diminui muito rapidamente com o aumento da distân-
cia radial ao redor da antena. No campo próximo, a componente radial do campo
elétrico é predominante. As componentes do campo elétrico apresentam um decai-
mento elevado na extremidade da antena;
• As distribuições de potência e de temperatura dentro do meio dissipativo a aquecer
diminuem muito rapidamente com o aumento da distância radial. Pode-se concluir
que essas distribuições são praticamente uniforme a menos de ponto de singulari-
74
Capítulo 7. Conclusões e futuros trabalhos
dade como apresentados nos gráficos de cores através da transformada de wavelet
contínua;
• Pelo estudo realizado podemos concluir que o método de aquecimento eletromag-
nético não apresenta limitações em relação à viscosidade, profundidade, espessura
da zona, temperatura, permeabilidade média, transmissibilidade, porosidade e sa-
turação de óleo. Porém, algumas condições podem apresentar-se como ideais para
a sua aplicação, tais como: quanto mais viscoso o óleo, melhor a eficiência do
método, a temperatura pode ser qualquer desde que não ultrapasse a temperatura de
ebulição da água nas condições de reservatório;
• A eficiência do aquecimento eletromagnético esta relacionada a diversos fatores,
como por exemplo: uma boa caracterização dielétrica do meio dissipativo (condu-
tividade e permissividade elétrica), a existência de fluidos de moléculas dipolares,
a escolha da frequência de operação ideal, a distribuição espacial dos aplicadores,
e por conseguinte, do campo elétrico;
• O aquecimento eletromagnético apresenta várias vantagens em relação aos métodos
convencionais de recuperação térmica dentre dos quais podemos citar a sua aplica-
bilidade sem a injeção de qualquer outro fluido no reservatório, sua aplicabilidade
em reservatórios argilosos ou com parafinas, além de não existir limitação quanto à
profundidade.
• Quanto à avaliação econômica pode se concluir que o aquecimento eletromagnético
por si só reduz significativamente a viscosidade do óleo, aumentando assim sua
mobilidade e a produtividade. Os resultados obtidos tornam evidentes as vantagens
do método do aquecimento eletromagnético incentivando sua aplicação.
7.2 Futuros Trabalhos
Uma vez alcançados nossos objetivos iniciais nos estudos sobre o método térmico de
recuperação de petróleo utilizando aquecimento eletromagnético, existem várias possi-
bilidades para trabalhos futuros que nos permitam consolidar e expandir nossos conheci-
mentos na área, dentre estes podemos destacar as seguintes:
• As distribuições de potência e de temperatura diminuem muito rapidamente com o
aumento da distância radial;
75
Capítulo 7. Conclusões e futuros trabalhos
• Dado o fato de que a matriz da transformada das wavelets de Haar produz matrizes
esparsas, temos uma redução no tempo total de execução do programa;
• Através da transformada de wavelet contínua e dos algoritmos de análise e decom-
posição revelamos aspectos na modelagem em diferentes níveis de resolução;
• Analisar o AEI associado com outro método;
• Adaptar o programa desenvolvido nesta tese para inserir os dados automaticamente
no simulador STARS;
• Fazer um estudo detalhado no tempo execução computacional, ou seja, otimização
do MoM fazendo uma comparação com diferentes wavelets;
• Com a adaptação no simulador STARS foi desenvolvido uma nova "ferramenta"que
proporciona uma análise técnica e econômica do processo do AEI com dados de
campo;
• Pode se concluir que o aquecimento eletromagnético por si só reduz significativa-
mente a viscosidade do óleo, aumentando assim sua mobilidade e a produtividade;
• Quanto à avaliação econômica, com resultados obtidos através da NpLiq torna-se ev-
idente as vantagens do método do AEI mostrando a viabilidade técnica e econômica
do método e incentivando sua aplicação;
• Seria interessante a construção de um modelo experimental para a investigação la-
boratorial dos efeitos do método e sua posterior comparação com os resultados do
simulador;
• Fazer um estudo mais aprimorado das propriedades físicas da rocha e dos fluidos
em relação a variação de temperatura.
76
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Trabalhos Publicados, aceitos e submetidos decorrentes desta tese
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nal of Petroleum Science and Engineering, artigo aceito, em processo de revisão para
publicação.
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New wavelet-based modeling for analysis of heavy oil thermal recovery applying electro-
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New antenna modeling using wavelets for heavy oil thermal recovering methods, Progress
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Uso da Transformada Wavelet para a Análise do Método Térmico de Recuperação de
Petróleo Aplicando Ondas Eletromagnéticas, Revista IEEE América Latina, artigo sub-
metido.
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