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Pedagogia
do Esporte
E S P O R T E E S C O L A R C U R S O D E E X T E N S O
Renato Sampaio Sadi
Joo Batista Freire
Alcides Scaglia
Adriano Jos de Souza
1aedio
Braslia-DF, 2004
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Repblica Federativa do Brasil
Luiz Incio Lula da SilvaPresidente
Ministrio do Esporte
Agnelo Santos Queiroz FilhoMinistro
Francisco Cludio Monteiro
Chefe de Gabinete
Orlando Silva de Jesus JniorSecretrio Executivo
Alcino Reis RochaChefe de Gabinete
Ricardo Leyser GonalvesSecretaria Nacional do Esporte Educacional
Lino Castellani FilhoSecretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer
Andr A. Cunha Arantes
Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento
Julio Csar Soares da SilvaDiretor do Departamento de Esporte Escolar e Identidade Cultural
Renato Sampaio SadiCoordenador Geral de Esporte Escolar e Identidade Cultural
Luciana H. de CeccoCoordenadora de Apoio, Capacitao e Eventos Espor tivos
Comisso de Especialistas de Educao Fsica
Alcides ScagliaJoo Batista FreireJuarez Sampaio
Mara MedeirosMarcelo de BritoRenato Sampaio SadiSuraya Darido
Fundao Universidade de Braslia
Lauro MorhyReitor
Timothy Martin MulhollandVice-Reitor
Decanos
Sylvio Quezado de MagalhesExtenso
Nora Romeu RoccoPesquisa e Ps-Graduao
Ivan Marques de Toledo CamargoEnsino de Graduao
Thrse Hofmann GattiAssuntos Comunitrios
Erico Paulo Siegmar WeidleAdministrao e Finanas
Centro de Educao a Distncia CEAD-UnBBernardo KipnisDiretor
Mrcio da C. P. BrandoCoordenador do Ncleo de Pesquisa e Desenvolvimento NPD
Olgamir Francisco de CarvalhoCoordenadora do Ncleo de Educao e Tecnologias NET
Maritza L. dos SantosSheila SchechtmanTmara M. F. VicentineEquipe Pedaggica
Equipe de ProduoCassandra AmidaniDesignerinstrucional
Sobre os autores do mdulo
Renato Sampaio Sadi
Doutor em Educao pela PUC/SP
Docente da FEF/UFG
Joo Batista Freire
Doutor em Psicologia Educacional pela USP
Docente da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Livre Docente pela UNICAMP
Alcides Scaglia
Doutor em Educao Fsica pela FEF-Unicamp
Coordenador do curso de Educao Fsica nas Faculdades Integradas
Mdulo - SP
Docente da UNASP-SP e da ps-graduao em Pedagogia do Esporte
FEF-Unicamp
Adriano Jos de Souza
Mestrando em Coaching Pedagogy pela Kent State University (USA) e
auxili ar tcnico de voleibol da equipe feminina da Kent State University
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
Pedagogia do esporte / Renato Sampaio Sadi ... [et al.]. Braslia : Universidadede Braslia, Centro de Educao a Distncia, 2004.96 p. : il. ; 21 cm
ISBN 85-86290-30-0
1. Esporte e educao. 2. Educao fsica e esporte. 3. Metodologia do
ensino. I. Sadi, Renato Sampaio.CDU 372.879.6
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APRESENTAO 3
Apresentao
Voc comear o estudo de contedos bsicos da Capacitao Con-
tinuada em Esporte Escolar (curso de extenso), na modalidade a
distncia. Os assuntos apresentados contribuem para a sua forma-
o, pois voc necessita destes conhecimentos para o desempenho de seu
papel junto ao Programa Segundo Tempo.
Para se realizar um curso a distncia, preciso disciplina e perseveranapara conclu-lo; por isso, desenvolva seu prprio mtodo de estudo e observe
as dicas apresentadas no Manual que podero ajud-lo(a) a alcanar bons
resultados nos estudos.
Este mdulo, previsto para ser realizado em 60 horas, apresenta as carac-
tersticas da educao inclusiva e do esporte como direito social; noes
bsicas do crescimento e desenvolvimento da criana e do adolescente
relacionado ao esporte; os princpios didticos: o que, como e quando ensi-
nar esporte; questes de contedo e metodologia do ensino da educao
esportiva e alguns exemplos de vivncia da pedagogia do esporte. com-
posto por seis unidades, apresentadas a seguir:
Unidade 1 Caractersticas da aprendizagem humana e implicaes
para o esporte
Unidade 2 Objetivos da educao esportiva
Unidade 3 Noes de Didtica do esporte
Unidade 4 O Futebol Brasileiro
Unidade 5 Competies Pedaggicas e Festivais Esportivos
Unidade 6 Exemplos de Vivncia da Pedagogia do Esporte
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Apresentao 3
Unidade 1Caractersticas da aprendizagemhumana e implicaes para o esporte 6 1.1 A aprendizagem do esporte 8
1.2 Caractersticas da aprendizagem humana no ensino fundamental 10 1.3 Metodologia do ensino de esportes para crianas
de 7 a 10 anos de idade 13
1.4 Metodologia do ensino de esportes para adolescentes
de 11 a 14 anos de idade 15
Unidade 2 Objetivos da educao esportiva 19 2.1 A educao fsica e o esporte 20
2.2 Jogo e Esporte como unidade de ensino 22
Unidade 3 Noes de didtica do esporte 27
Unidade 4 O futebol brasileiro 33 4.1 As contradies do futebol brasileiro 34
Unidade 5 Competies pedaggicas e festivais esportivos 43 5.1 A estrutura do ambiente do esporte para crianas 47 5.2 Envolvimento de pais e responsveis no acompanhamento dos lhos
nas atividades esportivas 49
Sumrio
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Unidade 6 Exemplos de vivncia da pedagogia do esporte 53 6.1 Futebol 54
6.2 Voleibol 63
6.2.1 Fundamentos gerais e especiais 63 6.2.2 Os momentos que constroem o jogo de voleibol 64
6.2.3 Metodologia de ensino de jogos/esportes 65
6.2.4 Diversicao do material utilizado 71
6.2.5 Fundamentos bsicos, contedos e exerccios para 11 e12 anos 71
6.2.6 Fundamentos Derivados, contedos e exerccios para 13/14 anos 73
6.3 Basquete 80
6.3.1 Contedos e fundamentos do basquetebol 81
6.4 Handebol Queimada 84
6.4.1 Queimada com pinos 84
6.4.2 Handebol 86 6.5 Natao 89
6.6 Corridas 91
6.7 Saltos 93
Referncias bibliogrcas 96
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ID
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Caractersticas daaprendizagem humana e
implicaes paraoesporte
Apresentao Ao trmino do estudo desta Unidade, voc dever ser capaz de: Compreender o processo de aprendizagem e das caractersticas humanas
quando relacionadas ao esporte, em diferentes faixas etrias.
O homem como ser social aprende os movimentos que necessita para
viver, por meio de seu corpo. No esporte, esta aprendizagem ocorre pelasprticas, experincias, pelos exerccios, movimentos. O mundo da experin-
cia da criana o mundo das coisas prticas, dos sentidos humanos desde
os nossos primeiros contatos sociais.
Partindo dessas idias, a Unidade 1 do curso trabalha, principalmente, as
caractersticas da aprendizagem humana no ensino fundamental, dentro
de cada ciclo, a metodologia do ensino de esportes para crianas de 7 a 10
anos e para adolescentes de 11 a 14 anos.
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1.1
O gosto pelo jogo o primeiro passo para uma aprendizagem importante
do esporte. Esse gosto deve ser recheado por um ambiente com clima
estimulante e adequado, que oferea bem-estar fsico e o acesso gua
e alimentao. Fica difcil entender o esporte na misria; portanto, o jogo
como primeiro momento do esporte deve ser bem organizado, pensando
nisso tudo. Isso signica planejar jogos de acordo com o desenvolvimento
dos estudantes, com o gosto pela prtica e pela observao de como ocomportamento social dos grupos se manifesta.
Carregamos a educao que tivemos na famlia para os nossos contatos
sociais e, nessas relaes, aprendemos a nos organizar internamente. Nosso
corpo expressa a aprendizagem social, afetiva e, tambm, motora (movi-
mentos).
A motricidade humana importante para o esporte, pois ela tem in-
tenes, e o esporte fundamenta-se nas intenes. Aprendemos a chutar,
chutando; aprendemos a correr, passar, arremessar, correndo, passando, arre-
messando, nada mais bvio. O esporte de crianas e adolescentes mostra
sua cultura social pela motricidade e pelo tipo de relao que desenvolve.Por isso, chegamos assim s seguintes concluses:
A aprendizagem do esporte
Motricidade humana um
conceito complexo. O ser humano
um ser social que organiza suas
aes e intenes em arranjos que se
combinam (afetivos, socioculturais,
motores, polticos etc). Dentro da
totalidade social, podemos entender
a motricidade humana.
8 Caractersticas da aprendizagem humana e implicaes para o esporte U N I D A D E 1
?
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1 CONCLUSO 2 CONCLUSO 3 CONCLUSO
fundamental para as
crianas a oportuni-
dade de movimentos.
Em um jogo, muito
mais produtivo tocar
vrias vezes na bola doque car esperando
para jogar. As experin-
cias so contadas pelo
nmero de vezes que
temos contato com
bolas, espaos, tempos,
trocas, etc.
A aprendizagem, mui-
tas vezes, no acontece
de uma hora para outra,
mas depois de um pro-
cesso interno que torna
os gestos automticos,como dirigir um carro,
por exemplo.
Por convenes sociais,
cada jogo, cada esporte,
tem suas questes espe-
ccas, seus arremessos,
saltos, lanamentos,
chutes e cabeceios.Essas aprendizagens
ocorrem, no incio, por
imitao, tornando-se,
depois, convenes.
Essas concluses apresentam caractersticas importantes para compre-ender como as crianas e os adolescentes brincam, jogam e se organi-
zam no esporte.
Preste ateno nos movimentos, deslocamentos e atitudes de seus alunos.
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Vejamos, agora, as caractersticas da aprendizagem humana, durante as
oito sries do ensino fundamental:
Primeira Srie
Caractersticas intelectuais so o pensamento de operao e a
conscincia de ao, no jogo: mais individual do que coletiva; Caractersticas motoras a noo de espao e tempo no grupo so-
cial ainda pequena;
Caractersticas sensoriais promovem uma educao dos senti-
dos = viso, sons, cheiros, experincia ttil e sabores;
Caractersticas morais h julgamento de valores como certo e
errado e o desenvolvimento do jogo de regras;
Caractersticas sociais a manifestao cultural e coletiva do jogo
depende da cooperao. A criana comea a aprender que, para ter
sucesso na competio, o melhor caminho a cooperao;
Caractersticas afetivas A criana ainda se divide entre a famlia eoutras instituies, como a escola.
Caractersticas daaprendizagemhumana noensinofundamental
1.2
Seria muito proveitoso voc fazer
algumas comparaes entre as
caractersticas da primeira, segunda,
terceira e quarta sries: o que h decomum e o que as diferenciam?
10 Caractersticas da aprendizagem humana e implicaes para o esporte U N I D A D E 1
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U N I D A D E 1 Caractersticas da aprendizagem humana e implicaes para o esporte 11
Segunda, Terceira e Quarta Sries
Caractersticas intelectuais so o pensamento de operao e a
conscincia de ao, no jogo: mais coletiva do que individual, embora
ainda continue amigo da fantasia;
Caractersticas motoras a noo de espao e tempo no grupo so-
cial aumenta, pois a conana cresce. As crianas comeam a pensarsobre posicionamentos no jogo;
Caractersticas morais h discusso, construo e desenvolvimento
do jogo de regras com muita conversa. O jogo passa a ser muito ver-
bal, de questionamento;
Caractersticas sociais a manifestao cultural coletiva e vai tor-
nando-se mais cooperativa.
Observao Algumas crianas de 10 anos apresentam caractersticas
da pr-adolescncia, isto , possuem conhecimentos mais avanadosdo que o grupo. Da, surgem as maiores diferenas entre a terceira e a
quarta sries. Lembre-se tambm que a diviso de faixas etrias ape-
nas um modo de compreender as crianas e os adolescentes. Na prtica,
todos estes aspectos esto muito ligados.
Quinta e Sexta Sries
Caractersticas intelectuais h o incio de uma certa transformao entre
o plano concreto (real) e o plano virtual (que no existe concretamente); Caractersticas motoras surgem problemas devido a modicaes
internas no organismo e a aparncia fsica (morfolgica), como o
crescimento, o desenvolvimento do corpo e as alteraes sexuais.
Tudo isso tambm ajuda a organizar a coordenao e as habilidades
dentro do espao e tempo;
Caractersticas morais importante, para construir o pensamento
crtico, fazer suposies e reformular normas e conduta em grupo.
Os conitos no jogo podem ser discutidos e resolvidos com um
ambiente saudvel e democrtico;
Caractersticas sociais pertencer ao grupo, o sentimento de acei-tao e a auto-estima dependem, em boa parte, da participao do
jovem junto de seu grupo. No esporte, as vrias oportunidades de
discutir regras e a vontade de se sair bem coletivamente criam opor-
tunidades de socializao;
Caractersticas sensoriais as experincias anteriores tornam-se
mais apuradas. O mundo abstrato pode ser mais bem explorado, a pr-
tica corporal pode aproximar-se das experincias do mundo artstico;
Caractersticas afetivas a identicao, a auto-armao e a auto-
estima so sentimentos de difcil elaborao; por isso, deve-se levar
em conta as experincias positivas e negativas para criar base e darsolidez no desenvolvimento humano.
Certamente, voc tirou bom proveito da
comparao feita da 1 a 4 srie. Ento,
trace os pontos comuns e as diferenas
entre as 5 e 8 sries. Lidar com crianas
e adolescentes requer que o educador
que atento s caractersticas do aluno.
Dilogo!
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Stima e Oitava Sries
Caractersticas intelectuais o plano concreto j est bem organizado.
O plano virtual o mais importante. O adolescente levanta hipteses,
organiza sua crtica e sua estratgia de enfrentamento com o adulto.
O grupo compreende melhor as orientaes para o jogo e o esporte;
Caractersticas motoras ocorrem coordenaes no muito firmesdo corpo. Movimentos que estavam bem coordenados podem tor-
nar-se inadequados. Pode ocorrer tambm vcio de postura. Fora e
velocidade aparecem mais desenvolvidas nas atividades;
Caractersticas morais a moral social dos mais velhos passa a ser
alvo dos adolescentes, pois eles constatam que muitos aspectos, boa
parte das vezes, so falsos;
Caractersticas sociais por ser um perodo difcil, os adolescentes
precisam de atividades que ativem o raciocnio formal, a inteligncia
ttica. Deve-se tambm tentar organizar eventos, passeios, acampa-
mentos, atividades voltadas ao benefcio das comunidades, etc. Oadolescente deve ser educado como adolescente e o esporte deve ser
visto como um meio de educao e no um m;
Caractersticas afetivas os comportamentos variam da extrema
agressividade extrema passividade. um perodo de emoes con-
fusas, de alegria, frustrao e tristeza. O ambiente deve favorecer o
tratamento de tais conflitos de sentimentos e o professor-monitor
criar oportunidades concretas de atividades.
12 Caractersticas da aprendizagem humana e implicaes para o esporte U N I D A D E 1
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1.3
No incio deste mdulo voc estudou as questes sobre a aprendizagem hu-
mana vinculadas ao esporte. As principais caractersticas foram apresenta-
das por faixa de idade e pelos aspectos afetivos, morais e motores da crian-
a e do adolescente. O que mais importa ter-se o maior nmero possvel
de alunos no esporte.
Agora, sero apresentados os ciclos de escolarizao e a metodologia do
ensino de esportes para crianas de 7 a 10 anos e de 11 a 14 anos. Os ciclosno acontecem por etapas e por que o conhecimento est presente na es-
cola e na sociedade, independente da idade (1992).
A essncia do problema compreender como as crianas se apresen-
tam, nestas fases. Portanto, cabe a voc, professor/monitor, a proposta
de atividades esportivas.
Vejamos, agora, cada ciclo de escolarizao:
O primeiro ciclo da pr-escola at a terceira srie. o ciclo em que
se organiza a identidade dos dados da realidade. O aluno encontra-
se com as idias desordenadas ( o que chamamos de sncrese), com
uma viso confusa da realidade. A experincia sensvel desta fase, a
afetividade e as primeiras experincias com a bola so pontos importan-
tes para voc considerar quando for desenvolver uma metodologia
adequada, pois essa metodologia traz o como fazerdas atividades.
Metodologia do ensino deesportes para crianas de7 a 10 anos de idade
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O segundo ciclo da quarta at a sexta srie. o ciclo em que o aluno
comea a organizar os seus conhecimentos. Ele vai adquirindo a cons-
cincia de sua atividade mental, suas possibilidades de abstrao e
suas possibilidades de comparao dos dados da realidade. No espor-
te, o momento em que passamos sutilmente da brincadeira ao jogo.
Atualmente, temos uma certa miscelnea entre o primeiro ciclo e o se-gundo. Isso por que as turmas so diferentes umas das outras: h crianas
mais novas e mais velhas convivendo e nem sempre estas divises tericas
(dos ciclos) conrmam o que mostra a prtica. Alm disso, consideramos
que a quinta srie, que tem mais alunos por volta de 10 anos, um marco,
uma primeira ruptura com os padres da escola.
Para o ensino de esporte diferente da educao fsica da escola, podemos
agrupar crianas de 7 e 8 anos para a denio de uma primeira fase e
de 9 e 10 anos para a denio de uma segunda fase. Isto, no entanto,no deve ser visto como um modelo, mas uma sugesto de organizao
das atividades.
14 Caractersticas da aprendizagem humana e implicaes para o esporte U N I D A D E 1
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Muitos dos professores e monitores consideram que a criana, quando
entra nesta faixa etria (11 anos), j domina grande parte dos conhecimen-
tos necessrios prtica esportiva. Resta, ento, o treinamento. A primeira
questo que fazemos : isto verdade? Observe que depois do primeiro
rompimento da organizao escolar (quinta srie ou dez anos), o ensino
passa a ser mais tcnico, mais frio.
A ao do esporte escolar forma a idia do terceiro ciclo e este d base para: as Competies Pedaggicas e os Festivais Esportivos (assuntos das
unidades 5 e 6);
uma educao integral e ampla, que considere o ser humano, as suas
necessidades e os seus desejos.
O terceiro ciclovai da 7 8 srie. Nele, podemos ter aes educativas de
qualidade, de criatividade, de inteligncia. o ciclo em que o aluno amplia
a organizao do conhecimento, as referncias conceituais do seu pensa-
mento; enm, ele toma conscincia das teorias.
No esporte, possvel fazer a passagem do brincar (aspecto ldico) paraa atividade tcnicae ttica, sem excluir o prazer do jogo. preciso orientar
os Festivais Esportivos (manifestaes festivas do esporte, sem nfase na
competio), para os 11 e 12 anos, e as Competies Pedaggicas, para os
13 e 14 anos. Esta fase adequada aos festivais e competies por ser um
momento de mudana na vida do estudante. Tal mudana um longo proces-
so de quatro anos ou mais. O professor concretiza melhor sua atividade com o
esporte, quando h uma diviso de idade (11 e 12/13 e 14).
1.4Metodologia do ensino deesportes paraadolescentesde 11 a 14 anos de idade
Atividade tcnica no esporte
toda ao corporal (e os gestos) so tc-
nicas. No jogo, a atividade tcnica pode
ser eciente(erros e acertos) e, cada
vez mais, renada. Contudo, sempre
todos os alunos apresentam movimentos
ecazes. Resumindo: no jogo, o desenvol-
vimento da tcnica passa do gesto ecaz
para o gesto eciente.
Atividade ttica adaptaes
pontuais para uma nova congurao de
jogo, novas formas de circulao de bola
e novos ajustes organizados, a partir de
informaes de defesa e ataque do jogo.
U N I D A D E 1 Caractersticas da aprendizagem humana e implicaes para o esporte 15
Eu quero voltar pra
4 srie!!!
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Para voc visualizar melhor os ciclos escolares, veja o diagrama abaixo:
Agora com vocFim da primeira etapa. Aps tantas informaes, importante, neste momento,tentar perceber qual o entendimento que voc teve dos assuntos. Qual a
concluso que voc chegou sobre as caractersticas humanas dos alunos?
E o que voc apreendeu sobre os ciclos escolares? Diante disso, como voc
tem pensado a sua prtica?
Analise as suas dvidas; se no conseguir resolv-las sozinho, mande-as
ao seu tutor. No deixe tambm de discutir com colegas, porque durante
essas conversas muitas coisas cam mais claras.
Vamos, agora, comear os estudos da prxima unidade.
16 Caractersticas da aprendizagem humana e implicaes para o esporte U N I D A D E 1
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Apresentao Observe os objetivos a serem atingidos ao nal desta Unidade:
Compreender as diferenas e semelhanas entre Educao Fsica e Esporte;
Diferenciar esporte educacional, esporte de lazer e esporte de rendimento;
Identicar oportunidades de participao para todos os estudantes;
Adaptar e exibilizar as regras do esporte formal e das estruturas dos jogos;
Registrar as mudanas signicativas.
No novidade que mudanas urgentes so necessrias para que a edu-
cao atual seja mudada, porque ela exclui, em vez de dar oportunidades
de crescimento. E a prtica do esporte escolar pode, de alguma forma,
contribuir com esse objetivo. Diante disso, esta Unidade apresentar dis-
cusses que do base para se praticar o esporte de modo mais inclusivo.
Objetivos daeducaoesportiva
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2.1
A Educao Fsica um contedo do esporte e o esporte escolar um
complemento da Educao Fsica. Ambos se interligam pelo conceito de
educao esportiva.
Apresentamos, a seguir, descrio de algumas caractersticas negativas
na prtica do esporte escolar, para podermos compar-las com possveis
mudanas:
O esporte escolar refora O esporte escolar no refora
os valores da competio; os valores da cooperao;
o individualismo; a solidariedade;
as atividades repetitivas e mecnicas; a liberdade de movimento, a criatividade e aludicidade;
apenas a ao diretiva do professor; o dilogo e a liberdade de expresso.
A prtica das modalidades esportivas
mais conhecidas e que tm prestgio
social, como o voleibol e o basquete;
o conhecimento apenas a execuo tc-
nica e ttica de fundamentos como o
passe, o drible, a cortada, etc. de certas
modalidades esportivas
a idia de ascenso social atravs do
esporte (Souza, 1994, p. 81).
A educao fsicae o esporte
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U N I D A D E 2 O b j e t i v o s d a e d u c a o e s p o r t i v a 21
Quais so os aspectos positivos que nos auxiliam a construir as mudanas
de que precisamos? Pense a respeito de sua prtica, perguntando-se:
1. O esporte escolar pode reforar a cooperao, atravs da criatividade
crtica do professor, da educao da sensibilidade, da tica, da esttica
e dos conhecimentos construdos pela experincia dos alunos?
2. O esporte escolar pode reforar o coletivismo, ensinando que depen-demos dos outros, para poder atuar com mais inteligncia, mais estra-
tgia na atividade desenvolvida?
3. O esporte escolar pode levar crianas e jovens a prticas prazerosas,
sem negar as competies pedaggicas? O prazer pode estar junto da
tcnica, da disciplina e do estudo rigoroso sobre determinada atividade?
4. O esporte escolar pode diminuir o acreditar na idia de que alguns
atletas certamente subiro socialmente? Pode, tambm, espalhar um
discurso democrtico de que sua existncia (do esporte escolar) deve ser
baseada na possibilidade de ensino para todos (Souza, 1994, p. 82)?
Organize estas idias e discuta com
outras pessoas, buscando caminhos.
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2.2Jogo e Esportecomounidadede ensino
O que, na verdade, precisa mudar? Em primeiro lugar, o problema a falta
de oportunidade (e a excluso) da prtica e do conhecimento do esporte.
D uma olhada no tringulo, conhecido por pirmide da educao brasilei-
ra, a seguir:
A escola inclusiva aquela que luta contra essa pirmide que refora a
excluso e busca inverter esse modo de atuao. A educao fsica e o espor-
te tambm participam dessa pirmide, de modo que quase no se percebe,
muitas vezes no oferecendo oportunidades de entrada queles que j
esto no sistema, mas que so excludos (competies, aulas para poucos,
desmotivao, etc.).
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A educao fsica, como parte do currculo, normalmente chamada de
educao fsica escolar. Porm, entre a educao fsica e o esporte escolar
h uma pequena diferena apenas tcnica e didtica, pois as duas esto
ligadas entre si. Podemos dizer, ento, que o esporte escolar um com-
plemento da educao fsica escolar, sendo esta, digamos, de carter mais
regular. Da mesma forma, jogo e esporte formam uma unidade de ensino.
Como o esporte escolar ainda compreendido como base para o esporte derendimento e limitado a crianas e adolescentes considerados talentos esportivos, a
mudana mais importante pode ser aquela que une o jogo ao esporte.
Na nossa realidade, ainda h uma distncia entre a prtica do jogo e do
esporte educacional. Isso traz excluso nas prticas escolares e desigualda-
de de oportunidades, pois esse um processo que se inicia, sendo ofereci-
do para poucos.
E o que fazer para se ir contra essa pirmide injusta? Precisamos buscar o
seguinte:
aumentar o nmero de alunos envolvidos;
aumentar a continuidade de participao esportiva na vida escolar,
para se chegar a uma educao integral; e
projetar formas de espalhar a prtica e a cultura esportiva do Pas.
Isso um novo entendimento da prtica esportiva que busca mais par-
ticipantes, maior nmero de entendedores do esporte e um maior nmero
de pessoas envolvidas no mundo de negcios dos esportes.
Assim, vemos a necessidade de se aumentar a prtica esportiva nas
escolas, por meio de um projeto pedaggico e educacional, competies
regionais, estaduais e nacionais, eventos e festivais esportivos.
Na prtica, como mudar a realidade
da excluso e oferecer um esporte
inclusivo, para todos os estudantes,
mesmo sabendo que continuar a
haver desistncia e excluso? E, ainda,
o esporte de rendimento, que reproduz
a pirmide da educao brasileira e do
esporte, pode ser modicado?
Didticauso de diversas maneiras
para facilitar a aprendizagem.
Arte de ensinar (Dicionrio Aurlio).
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Agora com vocAo nal desta unidade, preciso pensar sobre alguns pontos importantes:
como voc atuaria com o esporte diante de uma situao de erro ou insucesso
da criana/adolescente? Como voc aborda a questo da afetividade (agres-
ses, paixes, alegria, dor, etc) durante as atividades esportivas? possvel con-
ciliar competio e cooperao? Como? Agora, pense nas atividades mistas e
atividades separadas por sexo e discuta com o seu grupo ou tutor.Veja, os assuntos esto aumentando. Como anda seu horrio de estudo?
Voc est seguindo o cronograma? No deixe as coisas se acumularem, porque
ser prejudicial ao seu aprendizado.
Passemos para a Unidade 3.
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Apresentao Ao trmino do estudo desta unidade, voc dever ser capaz de: Compreender as diferenas da Didtica.
Noes dedidticadoesporte
A atividade do professor/monitor de esporte uma atividade pedaggi-
ca (educativa) que busca objetivos como:
promover os conhecimentos prticos do esporte (experincias, tcnicas,comportamentos sociais);
criar condies e meios para que as crianas e adolescentes desenvol-
vam capacidades e habilidades fsicas, a partir da conscincia de movi-
mento; e
orientar as tarefas de ensino para objetivos educativos de formao
da personalidade, isto , ajudar os alunos a escolher seus caminhos,
suas prprias experincias, coordenando suas decises.
A Didtica parte dos objetivos, das metas a serem seguidas e, para isto, ne-
cessrio um processo e um planejamento de quem ensina. O que planejar?
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Podemos dizer que planejar estudar, ter uma conduta curiosa, mas
sria, diante de uma situao a ser resolvida. Diante de uma certa
realidade, procuramos pensar sobre as melhores aes para se alcanar
determinados objetivos.
E o que so objetivos?
So descries claras daquilo que se busca alcanar como resultado da
aprendizagem contida em atividades.
Os objetivos podem ser gerais ou especcos, que devem ser redigidos
da seguinte forma:
Objetivo geral: utilize verbos que se prestam a muitas interpretaes, verbosgenricos como desenvolver, facilitar, xar, memorizar, praticar, socializar.
Objetivos especficos: utilize verbos que se prestam a poucas inter-
pretaes como arremessar, cabecear, cobrar, driblar, fintar, lanar,
passar, saltar.
O plano, que uma parte do planejamento, deve ter principalmente:
compreenso segura da matria a ser ensinada, dos objetivos, do con-
tedo e da metodologia;
conhecimento das caractersticas sociais, culturais e individuais dosalunos, de seu nvel atual e das possibilidades de alterao deste nvel;
conhecimento dos contedos a serem ensinados;
conhecimento de um ou mais mtodos de ensino para os mesmos
objetivos; e
uma ou mais formas de avaliao do processo do ensino.
Para articular esse plano com a realidade, deve haver uma direo do
ensino e da aprendizagem e, para isso, importante que o papel de quem
ensina seja orientado democraticamente. Veja algumas das caractersticas:
habilidade de expressar idias, dar exemplos, falar com clareza, partin-
do da linguagem que os alunos entendam;
habilidade de tornar o contedo signicativo, aproveitando-se de
questes dos alunos. importante o aluno gostar da atividade pro-
posta e se envolver com o coletivo;
habilidade de formular problemas para que os alunos possam resolv-
los. Os problemas devem ser adequados e dosados conforme a situa-
o concreta do conhecimento da maioria;
adoo de uma linha de conduta amigvel e respeitvel. Implica agre-
gar ao relacionamento prossional, doses de afetividade.
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U N I D A D E 3 N o e s d e d i d t i c a d o e s p o r t e 29
Vamos agora diferenciar um ensino tradicional de um ensino mais
aberto e democrtico:
Ensino tradicional Ensino mais aberto e democrtico
o professor passa a matria, o
aluno recebe e reproduz me-
canicamente o que absorveu;
busca a compreenso e assimilao slida dos
conhecimentos disponveis;
o elemento ativo o profes-
sor que fala e interpreta o
contedo;
a atividade do professor deve ter como referncia
a prtica social, da qual os alunos (e o professor)
so parte integrante;
dada excessiva importncia
matria que est no livro
e/ou nos conhecimentos do
professor, sem preocupao
de torn-la mais signicativa
e mais viva para os alunos.
este ensino um processoque busca alcanar
resultados pela conscincia crtica dos alunos,
de suas capacidades e habilidades em processo
de desenvolvimento. Aquele que ensina deve,
portanto, ser um contnuo estimulador deste
processo.
Se aceitamos o ensino mais aberto e democrtico como algo mais produ-
tivo, possvel compreendermos que existe uma unidadeentre ensino e
aprendizagem, ou seja, que ensino e aprendizagem so duas facetas de um
mesmo processo.
Apenas para efeito de visualizao da didtica do esporte, na prtica,
daquilo que realmente fundamental para a aplicao das atividades,
iremos denir e caracterizar o processo de ensino e de aprendizagem:
Ensino = Processo que visa estimular, dirigir, incentivar, impulsionar eavaliar a aprendizagem dos alunos.
O ensino possui trs funes inseparveis:
1) colocar o contedo a partir dos questionamentos do aluno, traduzindo
didaticamente pontos especcos deste contedo;
2) ajudar os alunos a conhecerem suas possibilidades com mtodos e
atividades que os levem a aprender de forma autnoma e independente;
3) dirigir e controlar as atividades para que os objetivos possam ser
atingidos.
Aprendizagem = Processo organizado e intencional que visa tornar
disponvel determinados conhecimentos, capacidades e habilidades.
Quanto mais ativo for este processo, melhor o desenvolvimento da percep-
o, motivao, compreenso, Tmemria, ateno, atitudes e inteligncia
motora. A ligao direta da aprendizagem com o meio social deve ser com-
preendida como possibilidade de inovar o ensino.
Aprtica socialconsidera a realidade
social, poltica, econmica e cultural dos
alunos e professores.
Realmente, o ensino tradicional domina
a prtica escolar. Muitos educadores
tentam modicar o modo de trabalhar
com os alunos. E voc, quais idias pensa
em adotar para concretizar ou mesmo se
aproximar de um ensino mais aberto e
democrtico?
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Observao: A unidade entre o ensino e a aprendizagem ca compro-
metida quando o ensino voltado para a memorizao, quando o
professor concentra nele mesmo a exposio do contedo, quando
no estimula o envolvimento dos alunos. Por outro lado, tambm se
quebra a unidade quando os alunos so deixados sozinhos, com o
pretexto de que o professor somente deve facilitar a aprendizagem
e no ensinar.
A estruturao das atividades esportivas deve considerar a ordem:
1) Orientao inicial dos objetivos de ensino e aprendizagem o professor/
monitor orienta os alunos na atividade, apresenta os objetivos do
contedo e estimula o desejo de vivenciar para aprender;
2) Transmisso/assimilao do contedo novo conversa inicial com
todos, em uma roda e vivncia do contedo pela experincia com
materiais. O objetivo desta fase que os alunos formem idias claras
sobre o assunto, compondo aquilo que j se sabe com a contnuaestimulao de novos saberes;
3) Consolidao e aprimoramento dos conhecimentos, capacidades e habili-
dades e hbitos o professor/monitor prope exerccios de recorda-
o para formar capacidades, habilidades e hbitos. A forma de propor
e o prprio contedo dos exerccios devem superar a simples memo-
rizao de regras ou treinamento de gestos tcnicos tradicionais;
4) Aplicao e vericao (avaliao) de conhecimentos o processo todo
deve ser vericado e avaliado, levando-se em considerao registros
(no incio, meio e m) de perodo (Bimestre, Semestre, Ano).
Agora com vocEssa parte do curso apresentou algumas noes bem tericas. Talvez existam
alguns conceitos que ainda no so familiares. Continue listando suas d-
vidas e busque tir-las relendo o contedo. Se ainda no for possvel clarear
esses pontos com um estudo mais atento, hora de conversar com o seu tutor.
A educao rea que sempre exige estudos paralelos, para que a
prtica seja coerente com o que se pensa. O importante voc continuar
animado, e cumprindo um horrio de estudo.
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Apresentao Ao trmino do estudo desta unidade, voc dever ser capaz de:
Compreender por que o futebol um esporte de massa e um fenmeno
sociocultural; Compreender o futebol e suas contradies, quando praticado como esporte
escolar.
Para que voc possa iniciar a prtica escolar do futebol, preciso conhecer
alguns pontos centrais do futebol brasileiro, pois ele o principal esporte
nacional. Muitas crianas sonham em ser jogadores de futebol. Por qu?
Como aconteceu essa popularidade? Essas perguntas, dentre outras, leva-
ram muitas pessoas a estudar esse esporte. Para muitos desses estudiosos,
o futebol brasileiro tornou-se mais do um esporte, pois traz com ele carac-
tersticas sociais e culturais.
Ofutebolbrasileiro
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4.1As contradiesdofutebolbrasileiro
O Brasil conheceu o futebol em 1885, quando os jovens da classe
alta o trouxeram da Inglaterra para c. Eles criaram equipes em
clubes e fundaram clubes especcos de futebol. E, claro, esses
clubes eram locais sociais em que a prtica de esportes trazia a
cultura dominante da elite.
Porm, j nos primeiros anos do sculo 20, comearam a
surgir equipes de futebol como a Ponte Preta, em 1900 ou oCornthians, em 1910, com jogadores de classes mais pobres,
mulatos e negros. Essa situao cou bem clara quando, em
1923, no Rio de Janeiro, o Vasco da Gama venceu o campeonato
estadual com um time formado por negros e mulatos pobres.
Em 1933, foi adotado o prossionalismo com grande resistn-
cia da elite branca, porque ela ainda no havia desistido de um
futebol brasileiro mais puro. O interessante que a entrada
desse esporte aconteceu nas classes populares, em especial
negros e mestios. Mas uma pergunta nos faz pensar: se o fu-
tebol um esporte de gringos, como pode ter-se tornado topopular, no nosso pas? Se pensarmos que, naquela poca, a
divulgao de eventos esportivos era limitada (a televiso nem
existia) e que, conforme Lopes (1994, p. 68), desde 1910, o Jor-
nal do Brasil do Rio podia eventualmente dedicar uma pgina
a um grande jogo de futebol (...), essa popularizao ainda
mais impressionante.
Existem vrias explicaes para essa popularizao. Alguns
estudiosos dizem que uma das explicaes a disposio ge-
ntica corporal dos negros que os levariam a praticar atividades
fsicas rtmicas de forma mais coordenada. Os representantesdessa teoria defendem as vantagens atlticas dos negros em
Ser que est no
sangue??
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competies esportivas, utilizando-se de vrios jogadores negros como
exemplos, destacando-se, entre eles, Pel.
Mas qual o problema desse pensamento? Parece que essa teoria acredita
na existncia de um gene para o futebol, porque explica a sua populariza-
o atravs do componente biolgico da populao negra. verdade que
h uma grande populao negra na prtica do futebol, mas claro que isso
no acontece por causa da disposio gentica e sim da maior concentra-o de negros e mulatos nas camadas populares.
Prximo desse pensamento est a idia de Gilberto Freyre(1980), para
quem o estilo brasileiro de jogar futebol, deve-se inuncia negra. Essa
idia defende que o negro contribuiu com um estilo danante de jogo,
diferente do jogador europeu, que tinha um estilo rgido:
O jogo brasileiro de futebol como se fosse uma dana. Isto pela inuncia, certa-
mente, dos brasileiros de sangue africano, ou que so marcadamente africanos em
sua cultura: eles so os que tendem a reduzir tudo a dana trabalho ou
jogo , tendncia esta que parece se faz cada vez mais geral no Brasil, em vez decar somente caracterstica de um grupo tnico ou regional (Freyre, 1980, p. 58).
Ocorre que, quando Freyre escreveu Casa grande e senzala, era uma
poca em que praticamente havia uma certa proibio de jogadores
negros no futebol brasileiro. Lembra-se que o Vasco da Gama do Rio
de Janeiro foi a primeira equipe a utilizar jogadores negros no futebol
brasileiro, em 1923?
Uma coisa que acontecia muito, naquela poca, era o embranquecimento
de alguns negros, com p de arroz, para no parecerem to negros quanto
eram. Assim, eles seriam aceitos pelos scios brancos dos clubes.Porm, as idias de explicarem o futebol brasileiro pela gentica da
raa negra foram muito criticadas aps as derrotas nas Copas do Mundo
de 1950 e 1954. Passa a se dizer que o futebol mestio no deu certo,
porque os jogadores negros e mulatos tinham um suposto desequilbrio
emocional para os jogos decisivos. Essa situao se inverte, novamente,
com a conquista brasileira da Copa de 1958, e o pensamento do negro
emocionalmente instvel no tinha mais valor.
Outra explicao para a popularizao do futebol brasileiro seria a
facilidade de espao, equipamentos e regras para a prtica desse esporte.
De fato, comparadas s regras de outros esportes, as do futebol so fceisde serem compreendidas. Pode-se jogar futebol no campo, terreno baldio,
na quadra, praia, rua, enm, em qualquer lugar. A bola, o nico material
obrigatrio, pode ser de meia, de plstico, uma lata, uma tampinha, etc.
Mesmo no tendo uma bola de couro, um campo ou uniforme, as pessoas
jogam futebol.
Mas mesmo todas essas facilidades ainda no nos fazem compreender
a grande fama desse esporte no nosso pas. Por que outras modalidades
esportivas, que chegaram na mesma poca que o futebol, com pouco
exigncia de materiais e regras de fcil compreenso, no se tornaram to
populares? De qualquer forma, explicar o futebol pelas suas diferenas dasoutras modalidades no parece ser o mais acertado.
Gilberto Freyre autor de Casa
grande e senzala, livro de 1933.
Vai usar p de arroz,sim senhor!
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Para Daolio(1999), nem a explicao pelas vantagens fsicas da raa
negra (explicao biolgica), nem a facilidade da prtica do futebol
(explicao funcionalista). Parece que o contexto cultural brasileiro
combinou com os cdigos do futebol, pois esse esporte exige um estilo
de jogo e uma tcnica que se adequaram cultura do povo brasileiro.
O novo esporte oferecia, alm de momentos de brincadeiras e de lazer,
a vivncia de situaes e emoes prprias do homem brasileiro. O futebol
mostra valores importantes para a sociedade, porque nos avisa que onde
tem a rigidez, tem jeitinho; onde tem vencedor, tambm tem perdedor;
enm, onde tem um, tem outro.
Basta observarmos o quanto o futebol est presente em nossas vidas.
Quantas msicas retrataram o futebol; quantos lmes, peas de teatro e
novelas tiveram o futebol como personagem principal ou como cenrio
para suas tramas. Quantas horas dirias a TV gasta com o futebol; quanto
espao dirio de jornal dedicado a esse esporte, em detrimento dacobertura de outros; quantas emissoras de rdio transmitem o mesmo jogo
nas tardes de domingo.
Para se ter uma idia, a nal do campeonato brasileiro de futebol, de 1997,
entre Vasco da Gama e Palmeiras, levou ao Maracan mais de 100 mil tor-
cedores, alm de muitos outros que acompanharam o jogo pela televiso,
ao vivo, ou pelas retransmisses posteriores. comum muitos torcedores
acompanharem seus times, chegando a viajar para apoiar seus jogadores.
Os nmeros do futebol brasileiro so grandiosos. Dizem que um estdio
com 10 mil pessoas est vazio. Ora, em qual outro esporte uma quantidade
de torcedores como essa seria considerada pequena? Essa armaoparece vir das enormes construes dos estdios de futebol espalhados
pelo Brasil, muitos deles, de to grande que so, jamais tm sua lotao
esgotada.
Voc j percebeu como as conversas do nosso dia-a-dia so repletas de
termos futebolsticos? Termos tais como pisar na bola, fazer o meio cam-
po, dar um chute, bater na trave, fazer um gol de placa fazem parte de as-
suntos que no se limitam ao futebol. Essas expresses foram absorvidas pela
sociedade brasileira e todos conhecem bem o signicado delas.
Um outro exemplo da popularidade do futebol a delidade dos
torcedores aos seus times. Ainda que a fase no esteja boa ou que a equipecaia para a segunda diviso, o torcedor no muda de time. Sofre com ele,
acreditando em dias de sucesso, tornando-se ainda mais fantico.
Chega a ser um costume o brasileiro decidir para qual time o seu lho, que
ainda no nasceu, ir torcer a vida toda. Essa delidade, muitas vezes, est
pregada na porta do quarto da maternidade, quando os pais penduram
um par de chuteiras e um uniforme em miniaturas, representando o time
de futebol da famlia.
Enquanto a criana cresce, so apresentados a ela os valores e hbitos
positivos do time da famlia ou do chefe do lar. Claro que, para as equipes
adversrias, s resta o lado negativo. Assim, se aprende no nosso pasa torcer por uma determinada equipe de futebol, diferentemente de
Vamos citar o lme Boleirossobre
futebol. E existe uma msica do grupo
Skanksobre o tema. Voc capaz de
lembrar de mais alguma msica, lme
ou novela que tenha enfocado o futebol?
Faa uma experincia: observe quantosminutos so dedicados ao futebol e aos
outros esportes nos programas de TV e
quantas pginas nos jornais impressos.
Daolio pesquisador do futebol
brasileiro e suas contradies.
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muitas equipes de voleibol ou basquetebol que, como representantes de
empresas, mudam de nome a cada temporada.
O papel do futebol, no Brasil no fcil explicar. Tudo indica que houve
uma combinao entre as exigncias tcnicas do futebol e os aspectos
socioculturais do povo brasileiro. O futebol seria, ao mesmo tempo, um
modelo da sociedade brasileira e um exemplo para ela se apresentar. por
isso que Roberto DaMattaarma que cada sociedade tem o futebol que merece.
Mais que tudo isso, o futebol uma maneira da sociedade brasileira se
expressar; uma forma de colocar para fora emoes como paixo,
dio, felicidade...
no futebol que o torcedor macho chega s lgrimas; que a gente
aprende que, aps muitas derrotas, a vitria vir; que no se pode
comemorar antes do apito nal; que no se deve entrar em campo de saltoalto nem considerar menor o adversrio. Enm, o futebol brasileiro uma
forma do homem brasileiro se expressar. Tambm as atitudes da torcida,
dos jogadores, ou dos dirigentes e jornalistas no podem ser analisadas de
forma desvinculada de todas as outras questes nacionais.
Pensando nisso, chegamos questo da violncia no ambiente do
futebol. Esta uma situao que tem preocupado tanto os brasileiros que
chegou a afetar na ida aos campos de futebol para assistir determinados
campeonatos. Qual o motivo da violncia, nesse esporte? Mais uma vez
existem vrios pensamentos que tentam uma explicao para isso.
A teoria do po e circo uma delas. Os Imperadores Romanos, noperodo em que existia muita violncia contra o povo e entre o povo,
diziam que a populao precisava receber po, para parar de urrar, e
circo (divertimento), para esquecer suas duras situaes de vida. O po
e circo passou a signicar o apaziguamento das massas. Resumindo: o
povo se distrai, esquece a realidade e isso resulta numa despolitizao das
massas, uma alienao. Por isso, muitos estudiosos acreditam que o futebol
e o carnaval fazem parte desta teoria, pois as pessoas se envolvem tanto
com esses eventos que acabam por no se revoltarem contra tudo o que
acontece.
H quem no aceite essa teoria. Perrusi (2000) no acredita que aspartidas de futebol distraiam tanto que o povo se esquea da dura realidade
brasileira. Ele diz que o futebol sim uma forma de distrao, mas que no
chega a anestesiar o senso crtico.
Para outros, a violncia no futebol devido violncia existente na
prpria sociedade:
Roberto DaMatta estudioso
do futebol como fenmeno culturalbrasileiro.
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Para Daolio, a violncia dos torcedores, por vezes exagerada, no
pode ser explicada de forma simplista como manifestao de alguns
marginais, como dizem certos jornalistas esportivos. Ela expresso
da violncia da sociedade brasileira por vezes reprimida em outras
ocasies. Por isso, a questo mais oportuna parece ser: o que vem
acontecendo com a sociedade brasileira ultimamente que tem gerado
tantas expresses de violncia nos estdios de futebol?
importante compreender que o futebol est junto com a sociedade
brasileira; por isso que ganhar ou perder uma Copa mexe tanto com as
pessoas.
O Brasil o nico pas participante de todas as Copas do Mundo e o
nico pentacampeo. O Brasil construiu os maiores estdios de futebol do
mundo. As outras selees tm profundo respeito e at um certo temor do
futebol brasileiro. Alm disso, os nossos jogadores, que vo para todas as
partes do mundo, tm feito fama.Infelizmente, fora do campo, o pas no tem a mesma competncia. No
existe calendrio denido, os campeonatos internos so muito desorgani-
zados, com equipes que chegam a jogar at trs vezes na mesma semana. A
organizao dos campeonatos sofre inuncias polticas e constantemente
tem suas normas alteradas. A maioria dos clubes no bem administrada, o
que pode ser visto pelo fato de que um grande nmero deles tem dbitos
enormes com a Previdncia Social e com jogadores e treinadores. No s
isso: enquanto jogadores de grandes equipes recebem altas somas, a maio-
ria esmagadora de prossionais vive com salrios ridiculamente baixos.
Muitas equipes demitem seus jogadores e o tcnico aps o trmino decada campeonato. Isso porque no conseguem manter o seu quadro de
prossionais durante o ano. E quem no se lembra dos vrios polticos que,
para ganhar votos, investiram em alguns times nos perodos eleitorais,
esquecendo-se completamente deles quando as eleies terminavam?
Temos, ainda, outros quadros feios: j so conhecidas as risadinhas
quando anunciado, nos estdios, o pblico-pagante. incrvel, mas o
nmero de pagantes quase sempre menor do que o nmero de pessoas
que esto l, presentes nos jogos. Sempre ca a pergunta: para onde foi o
dinheiro todo? E o que dizer das propinas recebidas por juzes, bandeirinhas
e at mesmo de jogadores para resultados de jogos serem comprados?Ainda assim, o futebol brasileiro continua.
Daolio diz que a grandeza do futebol brasileiro talvez seja a combinao
do jogo coletivo com o individualismo dos jogadores.
O futebol, como esporte coletivo, exige ttica grupal para uma equipe
obter vantagem sobre outra.
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Ocorre, porm, um fato curioso: nem sempre a equipe que domina o
jogo consegue atingir sua principal meta: fazer gols. E por que isso acontece?
Porque, alm da dinmica ttica da equipe, necessrio o individualismo
dos jogadores para vencer a defesa adversria.
Isso signica que as jogadas individuais so necessrias, porque se os dois
times se limitarem s tticas treinadas, possivelmente, os jogos sempre ter-
minariam empatados. claro que essas jogadas individuais nem sempre
do certo, podendo resultar at na derrota do time. Por outro lado, um
lance bem feito, aproveitando as oportunidades, pode levar a gols ou
mesmo vitria.
Porm, se a posio individual no for bem trabalhada, poder estimular
o jogador fominha, aquele que no pensa no sucesso da equipe. Mas a
situao do jogador fominha no seria a prpria expresso do modocomo o brasileiro se coloca no mundo, conciliando e tirando vantagem da
expresso individual sobre um plano coletivo?
Da mesma forma que a nta do futebol pode ser considerado um
jeito malandro de jogar, o malandro brasileiro tem que dar um jeito para
sobreviver, para conseguir dinheiro, para levar alguma vantagem; enm,
para conseguir marcar gols. Apesar de ele precisar do grupo, no abre mo
da sua jogada individual.
Outro tipo de contradio do futebol brasileiro so os tipos de dolos
que gera. Os heris construdos pela popularidade desse esporte so
exemplos de comportamentos para a populao.dolos como Pel, Scrates, Rivelino foram construdos pelo futebol.
Da mesma forma, Romrio e Edmundo foram gerados por esse mesmo
esporte. Porm, mesmo tendo grande capacidade tcnica, so indivduos
com atitudes polmicas, dentro e fora do campo.
Daolio exemplica a situao com o jogador Edmundo, conhecido como
animal, no tanto pelo seu desempenho no futebol e sim por suas atitudes
discutveis. interessante lembrar que a carreira de Edmundo, sempre
marcada por comportamentos polmicos, nunca impediu sua transferncia
para outras equipes de futebol e ser idolatrado pelos torcedores, fato que
sugere identicao com o craque.Mas de qual contradio est se falando? que o futebol brasileiro cria
heris, por um lado, como Ronaldinho (o bom rapaz), e por outro, como
Edmundo (o Animal). Essa contradio apenas aparente, porque o perl
desses dois jogadores representa as faces humanas: a calma e a rebeldia, a
mansido e a ferocidade, o bom e o mau, o humano e o animal. por isso
que se diz que o futebol expresso da sociedade e que cada sociedade
tem o futebol como seu prprio espelho.
Uma outra contradio est na resistncia da torcida, de dirigentes, dos
atletas, tcnicos e jornalistas em aceitar mudanas de regras. O problema :
as modicaes, ainda que necessrias, realmente no acontecem. Por isso,a resistncia.
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As regras do futebol favorecem o jogador mais habilidoso, porque
ele pode car com a bola por tempo indeterminado. Diferente de outros
esportes, a posse de bola permite a famosa cera, que aceita pelas regras,
desde que ocorra com a bola em jogo.
Alm disso, a regra prev que o juiz de futebol o dono e senhor do
jogo; ele tem todo o poder. Porm, sofre com a diculdade para marcar
corretamente tudo o que acontece no jogo. Assim, no so poucas as vezesque comete erros. E nesse momento que o torcedor do time injustiado
se revolta, enquanto que a torcida da equipe protegida o aplaude. Em
compensao, ao mesmo tempo em que a torcida revoltada o xinga, pensa
que ele um rbitro humano e que, da prxima vez, poder errar a favor
do seu time.
Toda a discusso feita ao longo desse texto foi procurando compreen-
der o futebol como expresso da nossa sociedade e da nossa cultura, tendo
caractersticas e desejos do homem brasileiro. Como disse Roberto DaMatta,
o Brasil um pas que tem no futebol a melhor traduo do seu jeito de
pensar e de viver.
Agora com vocEssa etapa do curso mostrou bem a relao existente entre o futebol e a
sociedade brasileira. Vamos a algumas reexes: o Futebol um fenmeno
de massas. Para voc, alm do jogo propriamente dito, de que forma o
Futebol pode ser compreendido como cultura? Voc j seria capaz de
elaborar aulas alternativas com o contedo do Futebol, abordando por
exemplo, aspectos da cultura desse jogo?
Aps pensar sobre tais aspectos, v em frente e inicie os estudos da
Unidade 5.
Da mesma forma que o autor Roberto
DaMatta explorou o futebol e seus
signicados e sua importncia na
sociedade brasileira, seria possvel
analisar o basquetebol para a sociedade
americana, o beisebol para os japoneses,
as artes marciais para os chineses.
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Apresentao Ao trmino do estudo desta Unidade, voc dever ser capaz de: Compreender um novo mtodo para competies escolares esportivas;
Compreender o carter educacional das competies;
Adequar seu planejamento incluindo as competies pedaggicas e os
festivais esportivos;
Elaborar formas de integrar o esporte de carter educacional realidade
dos pais e responsveis; Conhecer os mecanismos de elaborao e promoo de uma ocina de
pais ou reunies peridicas de avaliao.
O que so Competies Pedaggicas e Festivais Esportivos? O que h
em comum e de diferentes nessas duas formas de trabalhar o esporte?
No que cada uma delas contribui? Qual o papel dos pais nesses eventos, e
como envolv-los? Fique atento(a) a estas perguntas e leia o texto a seguir,
procurando compreender como isso pode ser operado no seu dia-a-dia.
As atividades que chamamos de Competies Pedaggicas so as ativi-
dades tradicionais ajustadas com o carter pedaggico, isto , de ensinodo esporte, numa perspectiva diferenciada. Festivais Esportivos so aque-
las atividades mais ldicas, com maior participao, etc. Uma no exclui a
outra. Competies Pedaggicas no excluem os Festivais Esportivos. Ns
estamos s tratando de uma forma de organizar o pensamento.
Chamamos de Festivais Esportivos as atividades para as crianas de 7 a 8
anos, mas isso no exclui a possibilidade de pensar os Festivais Esportivos
para crianas de 9 a 10 anos, para de 11 e 12, para de 13 e 14. Porm, em al-
gumas regies e localidades, isso muda porque a criana vai querer praticar
o esporte, ela vai querer o esporte com as regras tradicionais, com as regras
olmpicas, etc. e ns temos que ter exibilidade para isso.
Competies pedaggicase festivais esportivos
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As competies pedaggicas devem ser estruturadas em um plano mais
horizontal, com um m nelas mesmas. Para efetivar uma mudana de quali-
dade, preciso superar a idia dos campees que nascem para as disputas
em etapas, no municpio, no estado e no pas, para poder se destacar.
Essa uma questo-chave: a competio tem que se esgotar nela mes-ma e esse ponto de vista pedaggico (dela ter que se esgotar em si pr-
pria) poderia, no mximo, se estender ao municpio.
O fundamental no esporte associar jogos, festivais, brincadeiras, e isso
pode ser melhor alcanado atravs das competies locais. Essas manifesta-
es da cultura ao esporte tanto podem ser feitas pelo preparo para o esporte
como pelo preparo para viver a realidade da infncia/adoles-
cncia no esporte.
Por isso, a idia de ensinar esportes antes, durante e de-pois das competies ganha flego. Este um desao para
os professores/monitores do Programa Segundo Tempo.
As competies podem marcar relaes sociais no muito
simples de lidar, entre as pessoas, porque tais competies
no iniciam quando o rbitro apita o jogo, e no se encerram
quando o rbitro o naliza. As competies comeam desde
a preparao, passando por uma srie de manifestaes, de
relaes sociais e culturais, entre os estudantes, se eles tive-
rem uma participao ativa garantida na organizao das
competies. Por isso, deve-se ensinar esportes antes, duran-te e depois das competies.
Existe, tambm, a idia de se ensinar no s a tcnica, mas tambm de
construir um conhecimento do esporte. Ns temos hoje tecnologias que
nos permitem entrar no mundo todo, para que esse ensino possa ser pro-
cessado, de forma veloz.
Quando terminam as competies, preciso que a escola, o professor e
os estudantes continuem envolvidos com o esporte. Durante esses eventos,
necessrio observar o seguinte:
quais foram os resultados, quais foram as questes centrais que ocor-reram?;
a competio foi lmada? Essa lmagem possibilita s pessoas verem
seus corpos em movimento, suas aes e atitudes?
houve fotograas? Algum tipo de registro?
Pensando nas Competies Pedaggicas e nos Festivais Esportivos de
forma mais igualitria, busca-se saber quais as justicativas para a existn-
cia desse tipo de projeto. Vejamos os principais motivos:
Como trabalhar umacompetio que comea
j na sua preparao e noapenas com a ocorrncia
do evento?
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Como pensar, portanto, as Competies Pedaggicas e os Festivais Es-
portivos?
Um modelo que pode ser considerado adequado por agregar o valor do
esporte e considerar as questes nacionais e as coisas que so exclusivas
do Brasil est representado no diagrama a seguir:
Esse modelo pode ser traduzido da seguinte forma: as Competies
Pedaggicas, a partir dos Festivais Esportivos, estimulam a prtica, o conhe-
cimento do esporte para todos, encaminhando os alunos que se destacam
aos plos de treinamento. Sempre lembrando que esse esporte pode ser
masculino, feminino ou misto, diversicado e amplo. Nessa lgica haveria,
ento, uma certa transio entre os Festivais e as Competies, em uma fai-
xa etria chave, que o incio da adolescncia formal, os 13, 14 anos. Nessa
faixa etria, as crianas querem competir. Querem competir e muito.
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A estrutura do ambientedo esporte para crianas
Para que as crianas possam se apropriar do esporte, as estruturas devem
ser modicadas. Devemos, ento, pensar em construir estruturas para o
desenvolvimento dos esportes, adaptadas para os tamanhos das crianas.
Crianas menores devem jogar em quadras menores, em tabelas menores,
que possibilitem uma imitao. A imitao que ns trazemos, transformada
em smbolo, na qual o espelho est na imaginao, uma imitao interes-
sante porque prpria do ser, uma imitao peculiar.Nesse sentido, o professor Joo Batista Freire (1998) apresenta as se-
guintes idias, assim resumidas: ns sentimos o mundo, em nossa cabea,
atravs da capacidade de simbolizar e extravasamos este smbolo a partir
da motricidade. Assim, quando internalizamos imagens, operamos a partir
das condies concretas e o espelho em que nos vemos individual. A re-
produo prpria do ser, sendo que esse mesmo ser aquele que detm
o julgamento de essa imitao est correta ou no.
inegvel que o jogo o espao das representaes humanas, que o
jogo o espao onde temos oportunidade de manifestar o que gostara-
mos de viver no mundo real, que o jogo o espao do mundo irreal. Porisso, podemos dizer que vivenciamos, no mundo do jogo, a liberdade que o
mundo real cerceia.
Esta chance dada quando podemos controlar algumas estruturas do
jogo, mas se alterarmos estruturas, poderemos conseguir bons resultados, e
criar um ambiente de jogo que ajude a extravasar essas necessidades e es-
ses desejos. E ns podemos alterar as estruturas dos nossos jogos. A prtica
esportiva e a educao fsica escolar necessitam de espaos adequados
que possam dar vazo ao processo de ensino e aprendizagem diferenciado,
seno camos limitados.
5.1
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Envolvimento de paise responsveis noacompanhamento dos lhosnas atividades esportivas
J fala repetitiva a importncia da presena dos pais no acompanha-
mento escolar dos lhos. Por isso, na medida do possvel, organize reuni-
es de pais e responsveis, preparando material de acompanhamento do
desenvolvimento das crianas e adolescentes no esporte. Os registros das
atividades so importantes para tal acompanhamento. Muitas vezes os pais
e responsveis alegam desconhecimento do processo educativo de seus
lhos, e uma das razes o fato de no se ter registro dos acontecimentos.Lembre-se sempre da situao econmica-social da GRANDE MAIORIA
dos pais brasileiros, ao tentar envolv-los.
Por outro lado, a integrao dos pais e responsveis pode ser feita por
meio de informativos e recados mais rpidos. Isso cria a oportunidade de
participao e organizao da comunidade no processo de envolvimento
com o esporte.
Na verdade, so aes prticas e fceis que podem estruturar tal envolvimen-
to, como por exemplo, as competies pedaggicas e os festivais esporti-
vos, as atividades de nal de semana, as conversas e troca de mensagens.
Apresente suas idias aos pais e responsveis solicitando ajuda. Esta umaforma bastante agradvel de participao.
Voc discute o seu planejamento de forma integrada e ainda pode
com este processo ter novas idias e reformular as velhas. Os alunos tero
segurana no seu trabalho e voc pode colher dados que posteriormente
podero ser teis.
Para a comunidade escolar, o esporte passa a ser respeitado e torna-
se legtimo, imprescindvel. Isso bem diferente do ensino tradicional,
das reunies sem sentido e do esporte como uma atividade largada, sem
planejamento, sem conduo, sem avaliao.
5.2
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Quando se est aprendendo algo ou atuando de forma a buscar algum
resultado, importante receber incentivos de pessoas prximas, pois o
conforto emocional traz tranqilidade ao sentir a aceitao das pessoas
que so importantes para ns. Principalmente quando tratamos de crianas, o
incentivo fundamental.
O uso de informativos, para trazer os pais mais prximos dos estudos (e
das atividades esportivas) realizados pelos seus lhos, tem grande impor-tncia no desenrolar da educao e formao dos alunos.
Agora com vocVoc percebeu que os conhecimentos aumentaram e as reexes se apro-
fundaram. A essa altura, algumas idias j devem ter surgido; assim, hora
de pensar: como voc pretende construir e desenvolver seu trabalho?
Como voc pode ensinar esporte antes, durante e depois das competi-
es? Quais seriam os materiais que poderiam estar mais adequados a um
processo de ensino e aprendizagem, no simplesmente diminuindo o seu
tamanho, mas sim, pensando na lgica do jogo, pensando na leitura quese possa fazer deste jogo e pensando naquilo que voc possa garantir que
meu aluno conseguir colocar em prtica? Como envolver os pais, de forma
efetiva, nesse processo?
Conscientizar-se de uma educao inclusiva, que faa diferena para
melhor, exige que os educadores pensem e discutam essas questes. A
maneira como tudo isso pode concretizar-se tambm deve fazer parte de
tais debates.
Agora, vamos ltima Unidade de estudo.
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Futebol
O contedo do Futebol bastante amplo. Os aspectos da cultura desse
jogo-esporte foram apresentados para uma compreenso de sua prtica.
Agora, trataremos de exemplicar a pedagogia do Futebol. Dividiremos o
contedo em temas de aula: Finalizao, Passe, Controle, Conduo, Desar-
me, Drible, Lanamento, Cruzamento, Cabeceio e Defesas (goleiro).
Estes so os fundamentos do jogo, muitas vezes utilizados separada-
mente pelo professor, ou seja, exerccios de chute a gol em que os alunos
permanecem em la e demoram a chutar. Os exemplos a seguir so base-ados no livro Pedagogia do Futebol, de Joo Batista Freire (1998). Eles de-
monstram a necessidade de se pensar em formas de oportunidade para os
alunos. Quanto mais contato com a bola, melhor.
I Finalizao (o Gol): o gol o objetivo maior do jogo; no importa se
feito com um chute, cabeceio, de peito ou at de barriga.
Exemplos de atividades:
1) Gol a Gol com quatro ou seis em cada time a regra bsica a bola no
parar e apenas um jogador do time poder toc-la com as mos. Pode-se fazer por tempo, para que um maior nmero de alunos participem;
2) Controle vrios alunos se posicionam diante de uma meta defendida
por um goleiro. Tentam fazer gols, mas antes de nalizar, a bola tem
que ser tocada por trs ou quatro alunos, sem que ela caia no cho.
claro que a nalizao no pode ser feita com as mos;
3) Corrida sob a corda e chute trata-se de uma variao das brincadeiras
com corda. Por exemplo, dois alunos batem uma corda, de uns seis
metros de comprimento, enquanto outro passa por baixo, controlan-
do a bola e batendo para o gol. Evite grande quantidade de aluno por
corda, pois a demora pela vez pode desestimular o aluno. Por isso, bom formar vrios grupos;
6.1
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Ilustrao:FREIRE, J. B.Pedagogia do Futebol, 1998. p. 50.
4) Bolas dentro da Meta as traves podem ser improvisadas com sacos
de areia, tijolos etc. O objetivo desse jogo que cada aluno termine,
dentro de um tempo marcado pelo professor, com o menor nmerode bolas do outro dentro da sua rea de gol.
Ilustrao: FREIRE, J. B.Pedagogia do Futebol, 1998, p. 51.
5) Boliche jogado como o boliche, conforme mostra a gura abaixo:
Ilustrao: FREIRE, J. B.Pedagogia do Futebol, 1998, p. 52.
II Passe: a ao de levar a bola de um jogador para outro. O passe pode
ser em forma de assistncia, lanamento, cruzamento ou passe comum.
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Exemplos de atividades:
1) Bobinho crculo de alunos com um, dois ou trs bobinhos, podendo
dar um, dois ou trs toques;
2) Passa 10 duas equipes tentam passar a bola entre os seus compo-
nentes, visando contagem de 10. A equipe que conseguir 10 passes
consecutivos, sem que a adversria toque a bola, marca um ponto;
caso contrrio, a equipe que tomou a bola inicia a contagem. Crianasmenores podem comear com o Passa 5;
3) Trana formao de trs alunos, chutando em forma de trana (ima-
gine uma trana de cabelos). O aluno do meio passa a bola para o
aluno sua direita e vai para o lugar dele. O aluno que cou no centro
passa a bola para o colega esquerda e vai para o lugar dele. Quem
passa a bola, corre por trs para no atrapalhar aquele que recebe a
bola. Assim vai at o nal do campo.
Ilustrao: FREIRE, J. B.Pedagogia do Futebol, 1998, p. 62.
4) Pega-pega dois alunos cam com uma bola e so pegadores dos
demais (que so os fugitivos), dentro de um espao delimitado. Os
pegadores tentam correr atrs dos fugitivos que s podem ser pegos
se tiverem com a bola. O pegador pode tocar o fugitivo com qualquer
parte do corpo. Cada fugitivo, que for pego, torna-se um pegador.
Ilustrao: FREIRE, J. B. Pedagogia do Futebol, 1998, p. 64.
III Controle de Bola: a habilidade de reter a bola em condies de rea-
lizar uma jogada, em tempo mnimo.
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Exemplos de atividades:
1) Futetnis pode ser jogado com um ou dois jogadores de cada lado.
No h necessidade de se seguir as regras do tnis de campo.
Ilustrao: FREIRE, J. B. Pedagogia do Futebol, 1998, p. 60.
2) Bexiga especial enrole algumas bexigas mais resistentes com panos;
assim, elas cam mais fceis de serem controladas, principalmente porcrianas de seis e sete anos (inexperientes no futebol).
Ilustrao: FREIRE, J. B.Pedagogia do Futebol,1998, p. 66.
3) Controle de bola com arco dois movimentos so possveis: a) um alu-
no segura um arco junto ao corpo, enquanto o outro chuta no peito
do colega e este a amortece e tenta jog-la para dentro do arco; b)
tambm pode-se amortecer a bola com a cabea. O aluno que no
tem experincia para chutar a bola, pode lan-la com as mos.
Ilustrao: FREIRE, J. B.Pedagogia do Futebol, 1998, p. 68.
IV Conduo: a habilidade que permite ao jogador levar a bola de um
ponto a outro do campo, sem ser desarmado antes de efetuar um cru-zamento ou outra jogada qualquer.
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2) Jogo de Trs normalmente, joga-se 3 x 3. Quem zer o gol torna-se o goleiro.
Ilustrao: FREIRE, J. B.Pedagogia do Futebol, 1998, p. 79.
3) Bobinho com dribles
VII Lanamento: chute de longa distncia de um jogador para outro.
Exemplos de atividades:
1) Futetnis: jogo com um ou dois pingos (com a rede de vlei baixa,
igual ao tnis);
2) Artilharia formam-se equipes, sendo que um jogador de cada time
chuta a bola nas latinhas. O nmero de pontos igual ao nmero de
latinhas derrubadas. A distncia do jogador at a pilha varia conforme
a idade e tcnica dos alunos.
Ilustrao: FREIRE, J. B. Pedagogia do Futebol, 1998, p.83.
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3) Bobo Roda gigante: formao em crculo (como o do Bobinho), mas
fazendo uma roda grande (gigante), com distncia entre os jogadores
de, pelo menos, 15 metros.
Ilustrao: FREIRE, J. B. Pedagogia do Futebol, 1998, p. 84.
VIII Cruzamento: chute da linha de fundo para a rea adversria. um
tipo de passe semelhante ao lanamento que, tambm, pode ser feito
a partir das reas laterais do campo.
Exemplos de atividades: 1) Cruzamento da linha de fundo um jogador, repetidamente, cruza
bolas na direo das traves. Vrios jogadores se colocam prximos s
traves, procurando nalizar, ou de cabea ou com os ps;
2) Cruzamento da linha de fundo em movimento o jogador que vai
cruzar, parte com a bola dominada e corre pela lateral at a linha de
fundo, de onde cruza na direo das traves;
3) Cruzamento com goleiro trs a trs, o do meio o goleiro que tenta
interceptar a bola.
IX Cabeceio: uma habilidade utilizada para bolas altas. Pode ser ofensi-
vo ou defensivo.
Exemplos de atividades:
1) Jogo do cabeceio trs a trs, s vale gol de cabea;
2) Cruzamento com cabeceio: so feitos passes s com cabeceios e a na-
lizao s vlida tambm por cabeceio;
3) Passe de cabea.
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X Defesas (Goleiro)
Exemplos de atividades:
1) Futetnis para goleiro joga-se como o futetnis descrito no Controle de
Bola, mas aqui, um do time pode defender ou pegar a bola com as mos;
2) Queimada a adaptao da queimada: uma das equipes ca no
centro de um quadrado ou de um crculo traado no cho. Fora da -gura cam os jogadores da outra equipe, de posse de uma ou duas bolas.
O objetivo dos jogadores de fora chutar a bola contra os jogadores de
dentro, procurando queim-los. S no considerado queimado aquele
jogador que conseguir segurar ou rebater a bola com as mos. Batendo a
bola em qualquer outra parte do corpo, o jogador considerado quei-
mado. Todos aqueles queimados passam para fora da gura e ajudam
a queimar, at no restar mais nenhum do lado de dentro;
3) Paredo um jogador chuta a bola em uma parede. A bola rebate
defendida pelo goleiro.
Ilustrao: FREIRE, J. B.Pedagogia do Futebol, 1998, p. 90.
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Voleibol
Os fundamentos especiais so aqueles que priorizam as aes espec-
cas e tm jogadores especializados para a sua execuo, no sendo desem-
penhados por todos, ou seja:
O passe um fundamento especial porque, no necessariamente, precisa
ser executado por todos os atacantes de uma equipe; pode ser feito tanto portodos, como por atacantes pr-determinados pela ao ttica da equipe.
6.2
Saque Defesa Bloqueio
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Combinando funes e fundamentos
O voleibol um esporte que possui basicamente duas funes que carac-
terizam dois tipos de jogadores:
1. Levantador: tem a funo de levantar e executa, durante o jogo, os
fundamentos gerais (sacar, defender e bloquear). O levantador ter
sempre a responsabilidade de organizar e armar o ataque da equipe; e 2. Atacante.
O nmero de toques permitido
Durante um jogo ocial de voleibol, so permitidos 3 (trs) toques de cada
equipe antes de envi-la para a quadra adversria, mas durante a aprendi-
zagem deste esporte podemos facilitar para os aprendizes, criando e recrian-
do jogos com o limite de nmero de toques, diferentes do jogo ocial.
6.2.2 Os momentos que constroem o jogo de voleibol
Desde o incio at o trmino de uma disputa por um ponto ou vantagem,(disputa pela posse do saque), o jogo de voleibol possui quatro momentos.
Ressalta-se que o terceiro e quarto momentos podem se repetir chegando
ao que chamamos de rally. Vejamos os quatro momentos do jogo:
Rally o termo utilizado para identi-
car que aps o ataque de uma equipe, a
equipe adversria conseguiu recuperar a
bola, no permitindo que a jogada fosse
interrompida, devolvendo a mesma
para a quadra adversria. Assim, h uma
seqncia de jogadas e a manuteno da
bola no ar e em jogo.
Levantamento Passe Ataque
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Os quatro
Momentos
do Jogo
1. Ataque Inicial:
Saque
No momento da execuo do saque comea a disputa por
um ponto a favor da equipe que sacou ou pela retomada da
vantagem de fazer o prximo saque, pela equipe que faz a
recepo do mesmo. Chamamos o saquede ataque inicial
porque sacar signica ter a primeira chance de colocar a
bola no solo da quadra adversria, ou fazer com que a equipe
adversria no consiga devolver a bola para a equipe pr, ou ainda,se esta devoluo acontecer, que seja ineciente, facilitando assim
o contra-ataque da equipe pr.
2. Ataque:
Construindo
a Recepo, o
Passe, o
Levantamento e
o Ataque
Quando uma equipe faz a recepo de um saque comea
a construir, concretamente, o ataqueque ir fazer contra a
equipe adversria. Aps a recepo, ocorre a preparao para o
ataque, feita pela movimentao dos atacantes e pela ao do
levantador, denindo qual jogador ir complementar o ataque.
um ataque construdo porque, para que este momento
acontea, necessria a utilizao de trs fundamentos, ou
ao menos dois, caso o levantador ataque uma bola ao invsde levantar para um atacante. Portanto, com a utilizao dos
fundamentos manchete, toque e ataque, e com os jogadores
distribudos em suas posies e desempenhando suas
funes de passador, levantador e atacante, desenvolve-se o
ataque construdo.
3. Defesa:
bloqueio e
defesa.
A defesa tem incio com uma movimentao para o melhor
posicionamento para defender a quadra pr, do ataque adversrio.
O bloqueio o fundamento do momento de defesa que possibilita
a tentativa de parar o ataque fazendo com que este volte para a
quadra adversria ou que ao menos, possa amortecer o mesmo
ataque para facilitar que a recuperao de bola possa ser feita
pela equipe pr. Depois que a bola passa pelo bloqueio,
sendo ou no amortecida pelo mesmo, os jogadores que no
participaram da ao de bloquear tm a funo de defender
a quadra pr, para que a bola no caia no cho, assim, dando
incio a possibilidade de se fazer um contra-ataque
4. Contra-Ataque
Construdo:
levantamento/ataque
O contra-ataque construdos acontece se houver a defesa
aps um ataque adversrio. Depois da defesa, a construo do
ataque ocorre como no ataque construdo, movimentaodos atacantes e deslocamento do levantador para fazer o
levantamento, denindo o jogador que ir realizar o ataque.
6.2.3 Metodologia de ensino de jogos/esportesA metodologia de ensino de jogos/esportes, que apresentamos a partir de
agora, busca tambm a aquisio do conhecimento e da compreenso do
esporte e no unicamente a execuo da tcnica. Esta tcnica vir com a
necessidade de sua execuo para a resoluo de problemas tticos e termais valor na sua prtica.
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medida que o aluno entende o jogo e descobre a necessidade de
melhorar as suas habilidades, o aprendizado e desenvolvimento da tcnica
sero valiosos e recompensador para ele, pois estar internalizando seu co-
nhecimento sobre o contedo aprendido. Pode assim utiliz-lo em prticas
posteriores e recriaes das mesmas.
As habilidades dos estudantes devem ser vistas por meio de conheci-
mentos que eles j tm sobre o assunto a ser tratado. Logo, o jogo paraa aprendizagem deve ser estimulado. Jogando se aprende. Na verdade,
entendemos que, os alunos querem realmente jogar e, os professores no
necessariamente precisam ensinar primeiro a tcnica e depois o jogo. Esta
relao pode ser modicada pela aprendizagem atravs de jogos com
regras adaptadas, muito prximas do jogo ocial, que podem estimular a
participao dos alunos por serem menos complexas e adequadas s suas
possibilidades e nvel de compreenso.
Atravs desta abordagem, Ensinando Jogos para Compreenso, acredi-
tamos que os professores devam fazer o possvel para estimular os alunos a
pensarem o jogo e, posteriormente, valoriz-lo, porque o compreendem.Apresentamos, a seguir, um quadro que visualiza o caminho da aprendi-
zagem pela aproximao Ensinando Jogos para a Compreenso.
Adaptao de BUNKER& THORPE, 1982; THORPE, BUNKER& ALMOND, 1986 e MITCHELL,1996. Tactical Approaches to Teaching Games - Improving
Invasion Game Performance. v. 67, n. 2, p. 30-33, Joperd, 1996.
Este quadro permite explicar os trs passos da seguinte forma:
1) No primeiro passo, o professor utiliza-se de formas exageradas de re-
presentao do jogo/esporte para explic-lo aos alunos;
2) No segundo passo, o prprio aluno percebe as necessidades do jogo e
se questiona buscando o que fazer? para poder jogar;
3) Com esta aproximao, propicia-se, tambm, o desenvolvimento da
tcnica, ou seja, no momento depois de perceber e saber o que fazero aluno busca como fazer?.
Voc consegue visualizar sua forma de
trabalho sem iniciar com o ensino datcnica para, aps, lidar com o jogo?
2Conscincia
Percepo da ttica
O que fazer?
3Execuo da
habilidade
Como fazer?
1Modelo de jogo
Representao/
exagero
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4Tomando as Decises Apropriadas
O que fazer? Como fazer?
1Jogo
2Avaliao do Jogo
3Percepo/Conscincia
da Ttica
6Performance
5Execuo da Habilidade
Passos da aprendizagem do esporte/jogo
Acreditamos ser muito importante salientar que ao pr