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Colégio Estadual Wolff Klabin Ensino Fundamental, Médio, Normal e Profissional Curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental Modalidade Normal Metodologia do Ensino da Geografia Curso Integrado Telêmaco Borba/PR Prof. Rosângela Menta Mello http://estagiocewk.pbworks.com - 2011 1º BIMESTRE 1 METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA SUMÁRIO PLANO DE CURSO/ANUAL .............................................................................................................. 2 PROGRAMA DO 1º BIMESTRE DE DISCIPLINA ................................................................................. 7 O QUE É GEOGRAFIA? O QUE ESTUDA?QUAL A IMPORTÂNCIA TEÓRICA E POLÍTICA DESTE SABER? .... 8 DIRETRIZES CURRICULARES DE GEOGRAFIA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................ 10 ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS .... 14 No princípio a Geografia fomentava o amor pela Pátria... .................................................. 14 Por que ensinar Geografia hoje? .......................................................................................... 14 O que e como ensinar: considerações metodológicas ......................................................... 15 Considerações sobre a avaliação ......................................................................................... 18 O QUE ENSINAR EM GEOGRAFIA DO PARANÁ ......................................................................................... 19 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS LINGUAGENS DA GEOGRAFIA ................................................... 20 Avaliação ............................................................................................................................... 22 ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: O USO DE MAPAS .............................................................................. 23 1. Desenvolvimento das primeiras noções de referência espacial (lateralidade) ....................... 24 2. Construção das primeiras representações espaciais (o corpo) ............................................... 25 3. Representando espaços conhecidos ....................................................................................... 26 4. Construção de mapas básicos ................................................................................................. 28 5. Elaboração de mapas temáticos .............................................................................................. 30 6. Trabalhando com escalas ........................................................................................................ 31 7. Orientação através de pontos cardeais .................................................................................. 32 ATIVIDADES ............................................................................................................................................... 34 PROGRAMA DO 2º BIMESTRE DE DISCIPLINA .................................................................................. 37 ASPECTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS DE ENSINO DA GEOGRAFIA: A METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................................. 38 Condições de aprendizagem e níveis de ensino ................................................................... 39 Proposta programática: conteúdo e conceitos ..................................................................... 40 Objetivos e conteúdos por série ........................................................................................... 42 CADERNO PEDAGÓGICO DO ENSINO FUNDAMENTAL SÉRIES INICIAIS ................................................. 46 Estudos da natureza e sociedade no ensino fundamental ................................................... 46 Procedimentos da natureza e sociedade .............................................................................. 47 Conteúdos por ano e ciclo .................................................................................................... 49 FORMAS DE UTILIZAÇÃO DO MAPA COMO INSTRUMENTAL BÁSICO PARA O ESTUDO DA GEOGRAFIA 57 I Como trabalhar com o mapa na escola .............................................................................. 57 II A construção de um mapa com significado ....................................................................... 64

METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA SUMÁRIO PLANO DE …estagiocewk.pbworks.com/f/apostila_met_ens_geo2011_rosangelamen… · Sugestões de atividades práticas ... desenvolvendo

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    METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA

    SUMRIO

    PLANO DE CURSO/ANUAL .............................................................................................................. 2

    PROGRAMA DO 1 BIMESTRE DE DISCIPLINA ................................................................................. 7

    O QUE GEOGRAFIA? O QUE ESTUDA?QUAL A IMPORTNCIA TERICA E POLTICA DESTE SABER? .... 8

    DIRETRIZES CURRICULARES DE GEOGRAFIA PARA A EDUCAO BSICA ................................................ 10

    ORIENTAES PEDAGGICAS PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS .... 14

    No princpio a Geografia fomentava o amor pela Ptria... .................................................. 14

    Por que ensinar Geografia hoje? .......................................................................................... 14

    O que e como ensinar: consideraes metodolgicas ......................................................... 15

    Consideraes sobre a avaliao ......................................................................................... 18

    O QUE ENSINAR EM GEOGRAFIA DO PARAN ......................................................................................... 19

    ALGUMAS CONSIDERAES SOBRE AS LINGUAGENS DA GEOGRAFIA ................................................... 20

    Avaliao ............................................................................................................................... 22

    ALFABETIZAO CARTOGRFICA: O USO DE MAPAS .............................................................................. 23

    1. Desenvolvimento das primeiras noes de referncia espacial (lateralidade) ....................... 24

    2. Construo das primeiras representaes espaciais (o corpo) ............................................... 25

    3. Representando espaos conhecidos ....................................................................................... 26

    4. Construo de mapas bsicos ................................................................................................. 28

    5. Elaborao de mapas temticos .............................................................................................. 30

    6. Trabalhando com escalas ........................................................................................................ 31

    7. Orientao atravs de pontos cardeais .................................................................................. 32

    ATIVIDADES ............................................................................................................................................... 34

    PROGRAMA DO 2 BIMESTRE DE DISCIPLINA .................................................................................. 37

    ASPECTOS TERICOS-METODOLGICOS DE ENSINO DA GEOGRAFIA: A METODOLOGIA DO ENSINO DE

    HISTRIA E GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................................. 38

    Condies de aprendizagem e nveis de ensino ................................................................... 39

    Proposta programtica: contedo e conceitos ..................................................................... 40

    Objetivos e contedos por srie ........................................................................................... 42 CADERNO PEDAGGICO DO ENSINO FUNDAMENTAL SRIES INICIAIS ................................................. 46

    Estudos da natureza e sociedade no ensino fundamental ................................................... 46

    Procedimentos da natureza e sociedade .............................................................................. 47

    Contedos por ano e ciclo .................................................................................................... 49

    FORMAS DE UTILIZAO DO MAPA COMO INSTRUMENTAL BSICO PARA O ESTUDO DA GEOGRAFIA 57

    I Como trabalhar com o mapa na escola .............................................................................. 57

    II A construo de um mapa com significado ....................................................................... 64

    http://educar.sc.usp.br/maomassa/cartografia.htm#1#1http://educar.sc.usp.br/maomassa/cartografia.htm#2#2http://educar.sc.usp.br/maomassa/cartografia.htm#3#3http://educar.sc.usp.br/maomassa/cartografia.htm#4#4http://educar.sc.usp.br/maomassa/cartografia.htm#5#5http://educar.sc.usp.br/maomassa/cartografia.htm#6#6http://educar.sc.usp.br/maomassa/cartografia.htm#7#7

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    Disciplina: METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA Srie: 4 (2 Aulas)

    APRESENTAO DA DISCIPLINA

    A clareza terico-metodolgica fundamental para que o estudante da Formao de docentes possa contextualizar os seus saberes, os dos seus alunos, e os de todo o mundo sua volta. O estudante da Formao de docentes precisa estar consciente de que, para ser um sujeito ativo, criativo e consequnte em seu meio, como ser social, e em seu campo de trabalho, como profissional, preciso estar sensvel aos processos histricos e geogrficos em curso no meio em que vive. Sem o embasamento dos conhecimentos das Cincias Humanas, esse futuro professor pode tomar as condicionantes determinaes do meio como obstculo intransponveis para a ao pretendida. Desta forma ao tomar as determinantes do meio como problema, questes colocadas, matria-prima desafiadora para a ao que pretende desencadear. O aluno-mestre precisa estar em condies de avaliar as observaes na Prtica de Formao, de refletir sobre o profissional que deseja ser, saber lidar com a indisciplina, com os pais, com a comunidade e os problemas sociais de sua localidade. A instrumentalizao nas metodologias e recursos didticos/tecnolgicos e demais temas selecionados podem possibilitar uma prtica docente produtiva. A disciplina de Metodologia de Geografia deve criar nos alunos a capacidade de identificar e analisar, as diferentes escalas, as alteraes que as diversas sociedades humanas estabelecerem com os seus territrios, quer na utilizao do espao, quer no aproveitamento dos recursos naturais, quer na valorizao dos resultados de tipo econmico, social, poltico e ambiental destas mesmas mudanas.

    EMENTA

    1. Concepes de Geografia A geografia como Cincia; 2. Compreenso do Espao produzido pela sociedade (espao relacional); 3. Aspectos tericos metodolgicos de ensino da geografia; 4. Objetivos e finalidades do Ensino da Geografia na Proposta Curricular do Curso de Formao de

    Docentes da Educao infantil e Anos Iniciais do ensino fundamental, atendendo as especificidades do estado do Paran (quilombolas , indgenas, campo e ilhas)

    5. Relao entre contedos, Mtodo e Avaliao; 6. Os contedos bsicos de Geografia na Educao infantil e Anos iniciais; 7. Diferentes Tendncias da Geografia, 8. Bibliografia e concepo de Geografia como cincia; 9. Anlise Crtica e elaborao de recursos didticos para Educao infantil e Anos Iniciais; 10. Anlise Crtica dos livros didticos dos Anos Iniciais.

    OBJETIVOS 1. Instrumentalizar as alunas do Curso de Formao de Docentes para o exerccio da ao docente; 2. Estudar as concepes de geografia, diferentes tendncias, a dimenso histrica da disciplina; 3. Analisar os fundamentos histricos metodolgicos da Geografia; 4. Revisar os contedos estruturantes de Geografia de sries iniciais e na Educao Infantil, verificando

    quais as metodologias, tcnicas pedaggicas mas adequadas a cada tema, seus recursos tecnolgicos e formas de avaliao.

    5. Desenvolver oficinas temticas, com a construo e anlise dos recursos tecnolgicos; 6. Levantamento, seleo e leitura de acervo bibliogrfico disponvel para as sries iniciais e de educao

    infantil, inclusive na rede municipal de ensino.

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    7. Conhecer as especificidades do espao geogrfico paranaense e municpio, inclusive a cultura negra, indgena, do campo e ilhas.

    8. Encaminhar os alunos para a iniciao pesquisa e explorao dos meios em que vive utilizando diversos mtodos de pesquisa e registro das atividades.

    CONTEDOS

    1 BIMESTRE:

    Concepes de Geografia.

    A Geografia como Cincia. Diferentes Tendncias da Geografia.

    O que geografia? O que estuda? Qual a sua importncia terica e poltica deste saber?

    Diretrizes curriculares de geografia para a educao bsica breve histrico

    Orientaes pedaggicas para os anos iniciais do Ensino Fundamental de nove anos SEED/PR

    Por que ensinar Geografia hoje?

    O que e como ensinar: consideraes metodolgicas

    O que ensinar em Geografia do Paran

    Algumas consideraes sobre as linguagens da Geografia

    Oficina:

    Alfabetizao cartogrfica: o uso de mapas 2 BIMESTRE:

    Aspectos tericos - metodolgicos de ensino da geografia.

    Condies de aprendizagem e nveis de ensino.

    Proposta programtica: contedo e conceitos.

    Caderno pedaggico do ensino fundamental sries iniciais

    Estudos da natureza e sociedade no ensino fundamental

    Procedimentos da natureza e sociedade

    Contedos por ano e ciclo

    Formas de Utilizao do mapa como instrumental bsico para o Estudo da Geografia.

    Como trabalhar com o mapa na escola

    A construo de um mapa com significado 3 BIMESTRE:

    Orientao em um mapa pelos pontos cardeais e colaterais

    Bssolas e meios de orientao

    Orientao em um mapa por linhas coordenadas

    Aplicao das noes de escala, legenda e orientao por pontos cardeais e por linhas coordenadas

    O plano de trabalho docente e seus recursos.

    Explicao dos termos cartogrficos mais usuais, em linguagem adequada s Sries Iniciais do Ensino Fundamental.

    Sugestes de atividades prticas

    A cartografia: elementos para produzir um mapa

    Do plano ao tridimensional: a maquete como recurso didtico

    Construo de maquetes

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    Estudo do meio

    O bairro e a cidade

    Entrevista

    Leitura da Paisagem

    Fichas, relatrios, e demais instrumentos.

    O registro dos estudos atravs da construo do livro virtual

    Maquetes das salas de aulas, frequntadas pelos alunos deficientes visuais 4 BIMESTRE:

    Jogos, Brincadeiras e resoluo de problemas

    O uso de diferentes linguagens na sala de aula

    Refletindo sobre o planejamento, os encaminhamentos metodolgicos e material didtico

    Recursos pedaggicos no ensino da Geografia

    lbuns, dirios...

    rvore genealgica e o braso da famlia, mural didtico.

    Imagens, fotografias, desenhos, TV, vdeo, DVD, rdio. (observar as mudanas ocorridas ao longo do tempo).

    Planejamento e organizao do estudo do meio: excurso.

    Recursos naturais

    Bibliografia e Anlise Crtica dos livros didticos dos Anos Iniciais.

    Softwares, sites e recursos on-line no ensino da Geografia.

    Oficina - Ensino da Geografia, atendendo as especificidades do estado do Paran (quilombolas, indgenas, campo e ilhas).

    METODOLOGIA

    As atividades sero desenvolvidas atravs da construo dialtica do conhecimento, com atividades

    de pesquisa de campo e bibliogrfica, aulas prticas, oficinas e construo de materiais didticos. Durante o curso pretende-se que o aluno aplique todos os mtodos estudados, com apresentao

    de trabalho coletivos, independentes e aes docentes. O aluno dever fazer leituras complementares dos contedos propostos, desenvolvendo o gosto

    pela pesquisa cientfica. Desenvolver projetos pedaggicos relacionados com a diversidade cultural e temas

    contemporneos. Sero utilizados os seguintes recursos:

    A aula de campo como prtica de ensino de Geografia

    A cartografia como linguagem para o ensino da Geografia

    lbuns, dirios...

    rvore genealgica e o braso da famlia, mural didtico.

    Brincadeiras

    Bssolas e meios de orientao

    Confeco de encartes de Educao Ambiental.

    Entrevista

    Estudo do meio. Leitura da Paisagem

    Fichas, relatrios, e demais instrumentos.

    Imagens, fotografias, desenhos, TV, vdeo, dvd, rdio. (observar as mudanas ocorridas ao longo do tempo).

    Jogos pedaggicos

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    Leitura de livros e textos de autores locais e estaduais

    Linha do tempo, calendrio.

    Maquetes

    Observao, descrio e excurso.

    Plantas, Mapas, Globos.

    Recursos naturais

    Slides, transparncias, cartazes...

    Softwares, sites e recursos on-line no ensino da Geografia.

    AVALIAO Atendidos os critrios exigidos no Regimento Escolar e no PPP, ser considerado aprovado o aluno que obtiver mdia final, igual ou superior a 6,0 (seis) na Disciplina e frequncia mnima de 75%. A avaliao concebida a servio da aprendizagem dos alunos, de modo que permeia o conjunto de todas as aes pedaggicas. Ser realizada em funo dos objetivos propostos, atravs da apresentao das atividades solicitadas e da participao em todas as propostas de trabalho. A avaliao ser diagnstica, formativa e contnua, acontecer durante todo o processo de ensino-aprendizagem. Sero aplicadas provas com questes subjetivas e/ou objetivas. Sendo avaliado no decorrer do processo as produes dos estudantes, as atividades realizadas e a participao dos alunos durante as aulas. Sempre considerando os aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores dos alunos. A avaliao no ter carter seletivo ou classificatrio, fundamentar-se- em aprendizagens significativas e aplicadas em diversos contextos da prtica de formao. Todos os alunos que no se apropriarem do mnimo necessrio tero oportunidade de reviso dos contedos trabalhados e fazer novas atividades avaliativas em prazo estipulado.

    BIBLIOGRAFIA 1. ALMEIDA, Rosngela Doin de. O espao geogrfico: ensino e representao. So Paulo: Contexto,

    2005. 2. ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulao das mltiplas inteligncias. Petrpolis: Vozes, 2000. 3. ________. A sala de aula de Geografia e Histria: inteligncias mltiplas, aprendizagem significativa e

    competncias no dia-adia. Campinas: Papirus, 2001. 4. APIESP. Seminrio reas do Conhecimento. Faxinal do Cu: Universidade do Professor, 1998. 5. CARAS. Retrato do Brasil: 500 anos de Histria e Cultura. 6 fitas de vdeo e manual com os itinerrios. 6. DITZEL, Carmencita de Helleben Mello; SAHR, Cicilian Luiza Lowen. Espao e Cultura Ponta Grossa e

    os Campos Gerais. Ponta Grossa: UEPG, 2001. 7. GOVERNO DO ESTADO DO PARAN. Coleo Histria do Paran Curitiba,: Universidade Federal do

    paran, 2002. 5 v 8. ________. Diretrizes Curriculares de Geografia par a Educao Bsica. Curitiba, apostila, 2006. 9. ________. Orientaes curriculares para o Curso de Formao de Docentes da educao infantil e

    Anos iniciais do Ensino Fundamental, em nvel Mdio, na modalidade Normal. Curitiba: apostila, 2006.

    10. KLABIN. Projeto Caiubi Educao Ambiental. Telmaco Borba: apostila e CD, 2002. MEDEIROS, Paulo Csar. Fundamentos tericos das cincias humanas: Geografia Curitiba: IESDE, 2004.

    11. MATINELLI, Marcelo. Mapas da Geografia e cartografia temtica. So Paulo: Contexto, 2009 12. MICHAELIS, John. Estudos Sociais. Porto Alegre: Globo, s.d. 13. MINISTRIO DA EDUCAO E CULTURA. Referencial curricular nacional para a educao Infantil.

    Braslia:MEC/SEF, 1998. v. 3 p. 163-206. 14. ________. Parmetros Curriculares: Histria e Geografia. Ensino Fundamental. Braslia: MEC/SEF,

    1997. p.99-164.

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    15. OLIVEIRA, Maria Helena Cozzolino de. Didtica de Esctudos Sociais: como aprender, como ensinar para o ensino de 2 Grau. So paulo: Saraiva, 1984.

    16. PALHARES, Jos Mauro. Paran: Aspectos da Geografia. Foz do Iguau: o autor, 2001. 17. PANNUTI, Maria Regina Viana (coord.). Estudos Sociais: uma proposta para o professor. Petropolis:

    Vozes, 1985. 18. PILETTI, Claudino (org.). Didtica Especial. So Paulo: tica , 1987 19. PREFEITURA MUNICIPAL DE TELMACO BORBA. Perfil scio econmico do municpio de Telmaco

    Borba . Apostila. 20. RUA, Joo et. All. Para ensinar geografia. Rio de Janeiro: Access, 2005. 21. SIMELLI, Maria Elena. Primeiros mapas: como entender e construir. So paulo: tica, 2004. 04

    cadernos de atividades. 22. UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE. Histria e Geografia do Paran: textos e metodologias de

    mapas e maquetes. Curitiba: Governo do Estado do Paran, 2002. 2 v, e jogo de transparncias do Paran.

    23. VESENTINI, Jos William (org,) Geografia e ensino: textos crticos. Campinas: Papirus, 1989. 24. WONS, Iaroslaw. Geografia do Paran. Curitiba: Ed. Ensino Renovado,1985.

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR 1. ACZEL, Amir D. Bssola: a inveno que mudou o mundo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. 2. ANJOS, Luiz dos. Gralha-azul: biologia e conservao. Curitiba: Companhia de Seguros Gralha Azul,

    1995. 3. BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em preto e branco. So Paulo: tica, 2005. 4. BORBA, Oney Barbosa. Telmaco manda matar e outras crnicas. Curitiba: Ed. Ltero-Tcnica. s.d. 5. CARVALHO, Dinizar Ribas de. Telmaco Borba o municpio: Histria poltica da capital do papel e da

    madeira. Curitiba: o autor, 2006. 6. COLGIO ESTADUAL DR. LUIZ VIEIRA. A Fazenda Monte Alegre conta seu Conto. So Paulo: Klick Ed.,

    1998. 7. CORAIOLA, Andr Miguel. Capital do Papel: a histria do municpio de Telmaco Borba. Curitiba, o

    autor, 2003. 8. ESCOLA MUNICIPAL CONSELHEIRO ZACARIAS. Tributo ao Caiubi. Telmaco Borba: Grfica Executiva,

    2003. 9. FUNDAO VCTOR CIVITA. Meio ambiente: conhecer para preservar. 2003. (Encarte da revista Nova

    Escola) 10. GUIA QUATRO RODAS TERRA. Turismo ecolgico no Brasil. So Paulo: Ed. Abril, s.d. 11. IAROCHINSKI, Ulisses. Saga dos Polacos: a Polnia e seus emigrantes no Brasil. Curitiba: O autor, 2000. 12. PEIXOTO, Ilka Rocha. O mapa do tesouro e outros mapas. Rio de Janeiro: Ao livro tcnico, 1988. 13. ISTO . Paran. Srie Guias Empresa das Artes de Turismo Ecolgico do Brasil. So Paulo: Empresa das

    Artes, 2005. 14. JUSTINO, Maria Jos (org.). Passeio pela pintura paranaense. Curitiba: Ed. UFPR, 2002. 15. LANGE, Francisco Lothar Paulo. Campos Gerais: vises do paraso. Curitiba: o autor, 2002. 16. MERCER, Jos Carlos Quarentei. Sol da vida. Ponta Grossa: Indstria Pontagrossense de Artes Grfica,

    1986. p.40-42. 17. MERCER, Luiz Leopoldo. ltima aventura no garimpo. Separata do 14 v. da Estante Paranista. 1981. 18. PREFEITURA MUNICIPAL DE TIBAGI. O turismo est transformando a nossa histria. Livreto. 19. SEMA SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HDRICOS. Rio Limpo. Curitiba:

    PETROBRS, s.d. 20. VARGAS, Tlio. Indomvel Republicano. Curitiba: o autor, 1970. 21. WESTPHALEN, Ceclia Maria. Atlas Histrico do Paran. Curitiba: Chain, 1986.

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    PROGRAMA BIMESTRAL DE DISCIPLINA CARGA HORRIA DO 1 BIMESTRE: 22 horas/aula OBJETIVOS: Instrumentalizar os estudantes do Curso de Formao de Docentes para

    o exerccio da ao docente; Estudar as concepes de geografia, diferentes tendncias, a dimenso

    histrica da disciplina; Analisar os fundamentos histricos metodolgicos da Geografia; Revisar os contedos estruturantes de Geografia de sries iniciais e na

    Educao Infantil, verificando quais as metodologias, tcnicas pedaggicas mais adequadas a cada tema, seus recursos tecnolgicos e

    formas de avaliao. Desenvolver oficinas temticas, com a construo e anlise dos recursos

    tecnolgicos; Encaminhar os alunos para a iniciao pesquisa e explorao dos meios

    em que vive utilizando diversos mtodos de pesquisa e registro das atividades.

    CONTEDOS BSICOS

    CONTEDOS ESPECFICOS PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    RECURSOS AVALIAO

    CRITRIOS INSTRU-MENTOS

    Concepes de Geografia. A Geografia como Cincia.

    O que geografia? O que estuda? Qual a sua importncia terica e poltica deste saber?

    Diretrizes curriculares de geografia para a educao bsica breve histrico.

    Diferentes Tendncias da Geografia.

    Orientaes pedaggicas para os anos iniciais do Ensino Fundamental de nove anos SEED/PR

    Por que ensinar Geografia hoje?

    O que e como ensinar: consideraes metodolgicas

    O que ensinar em Geografia do Paran

    Algumas consideraes sobre as linguagens da Geografia

    Oficina:

    Alfabetizao cartogrfica: o uso de mapas

    Apresentao do programa. Construo de mapa conceitual. Leitura e interpretao do texto. Anotaes de atividades no caderno. Apresentao de esquema na TV Multimdia. Aula prtica. Oficinas

    Textos Imagens Apostila Vdeos TV Multimdia Barbante Papel em metro

    Compreenda o objeto de estudo da Geografia e sua importncia para o Ensino de Nove Anos. Analise os temas importantes para a formao do pensamento geogrfico no estudante. Posicionar-se pedagogicamente diante das vrias vertentes no ensino da Geografia. Aproprie-se da linguagem geogrficas no ensino de 9 anos. Alfabetize-se geograficamente.

    Prova bimestral Valor 4,0 Trabalho escrito Valor 3,0 Aulas prticas e atividades Valor 3,0

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    O QUE GEOGRAFIA? O QUE ESTUDA? QUAL A IMPORTNCIA TERICA E POLTICA DESTE SABER?

    Segundo Cavalcanti apud Fantin, 2005, devemos iniciar respondendo as perguntas: o que e por que nesse lugar? Demonstra uma perspectiva particular da disciplina, que a localizao, a necessidade de justific-la, ou seja, ir alm da descrio dos aspectos (da estrutura padro) dos lugares e buscar sua significao para isso so necessrias referncias tericas, conceituais. Para entender o significado dos lugares necessria outra questo: como este lugar? Desta forma podemos dizer que o contedo geogrfico tambm deve considerar em conjunto os convencionais aspectos fsicos, humanos, econmicos, que poderiam ser recolocados sob formas mais complexas e globalizantes, como aspectos culturais, ambientais, geopolticos... Partindo desta reflexo, em duplas, escreva em seu caderno sua opinio sobre:

    Onde e como o lugar (bairro, distrito, municpio, rea rural...) onde mora?

    Por que ele e est desta maneira?

    Que relaes este lugar estabelece com lugares distantes (outros municpios, estados, pases...)? Por que ele estabelece estas relaes e no outras?

    Observe que a primeira das questes propostas acima exige a capacidade de localizao e descrio do lugar. A segunda envolve aspectos culturais e histricos do lugar. Finalmente, a terceira questo requisita reflexes acerca das relaes econmicas e polticas do lugar com o mundo e exige pesquisa para ser respondida. Questes como estas convidam o leitor a exercitar o pensamento geogrfico. A geografia estuda o espao geogrfico, em qualquer escala (local, regional, nacional, global) e numa perspectiva relacional. De acordo com Santos apud Fantin, 2005, p. 22, este espao geogrfico composto de materialidade (natural e construda) e de relaes sociais, polticas, econmicas, culturais. O autor define o espao geogrfico como sistemas de objetos mais sistemas de aes. Para ele, os objetos so a materialidade, tudo que existe na superfcie da Terra, toda herana histrica natural e da ao humana que se objetivou [...] isso que se cria fora do homem e se torna instrumento material de sua vida, em ambos os casos uma exterioridade. Ainda em suas palavras:

    As aes resultam de necessidades, naturais ou criadas. Essas necessidades: materiais, imateriais, econmicas, sociais, culturais, morais, afetivas que conduzem os homens a agir e levam a funo [que], vo desembocar nos objetos. Realizadas atravs das formas sociais, elas prprias conduzem a criao e ao uso de objetos, formas geogrficas.

    Nesse sentido, impossvel pensar a geografia apenas como a cincia da localizao e da descrio dos fenmenos. Muito mais que isso, ela investiga a ao humana (em suas relaes complexas), modelando a superfcie terrestre em parceria e/ou oposio natureza, materializando tempos histricos sobrepostos. Por essas caractersticas, o pensar geogrfico requer treinamento, ateno e investigao.

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    Se voc quiser pensar geograficamente o lugar onde mora, dever refletir sobre as construes (objetos tcnicos) como prdios, casas, pontes, usinas, fbricas, rodovias, praas, escolas, entre outras. So todas da mesma idade? Ou foram construdas em perodos histricos diferentes? A que funes serviam inicialmente? Que relaes sociais possibilitavam? E hoje, para que servem? Quem os ocupa/usa? Quem excludo deles? Ser preciso refletir tambm sobre que base natural esses objetos tcnicos foram construdos (plancie, planalto, vale, depresso, morro) e que tipo de influncia essa base exerceu na paisagem desse lugar? Havia alguma cobertura vegetal anterior ocupao desse lugar? O que aconteceu com ela? Essas e outras consideraes tipo clima, origem tnica dos habitantes, motivaes histricas para a ocupao do lugar, atividade produtiva ali desenvolvida, relaes econmicas e culturais que estabelece com outros lugares so fundamentais para a compreenso do espao geogrfico de qualquer lugar. A partir desse tipo de raciocnio, fica mais fcil pensar sobre para que serve o saber geogrfico? A anlise geogrfica do lugar onde moramos pressupe (para alm da observao e da descrio) investigaes histricas, sociais, econmicas, polticas, culturais, etc. Melhor ainda, para entender geograficamente o seu lugar, voc precisa estabelecer relaes entre a materialidade que o constitui e a dinmica social que a produziu e faz uso dela. Na escola, sobretudo no Ensino Fundamental, o objetivo geral da Geografia alfabetizar o aluno para leitura do espao geogrfico, compreendendo a sociedade/realidade atravs do estudo de seus aspectos fsicos, humanos, econmicos, considerando que uma construo social e histrica, desta forma este o objeto de conhecimento da disciplina. Para organizar o pensamento pedaggico necessrio estabelecer os objetivos do ensino da geografia, os contedos e a metodologia, considerando seus aspectos ideolgicos e polticos. Os contedos so os meios de se desenvolver o raciocnio geogrfico, organizado em dois eixos: a formao de conceitos e a alfabetizao geogrfica. No encaminhamento metodolgico ficar explcito a linha ideolgica adota e a que tipo de cidado e sociedade se deseja construir, portanto imprescindvel que o professor conhea as posturas tericas-prticas das escolas pedaggicas. O nosso desejo que o aluno seja capaz de ler o espao geogrfico e compreend-lo com criticidade, instrumentalizando-o para interferir na construo consciente desse espao. Uma maneira interessante para se efetivar esta prtica apresentar situaes-problemas. Durante as atividades de Prtica de Formao (estgio), o aluno-mestre vivenciar vrias situaes no ensino da geografia, que devero ser apresentadas e discutidas com a turma, pesquisando referenciais tericos sobre o tema e propostas/alternativas para um trabalho mais eficiente, no caindo em situaes simplistas ou a atuaes muito complexas para os educandos da educao infantil e sries iniciais do Ensino Fundamental. REFERENCIAL TERICO: 1. FATI N, Maria Eneida; TAUSCHECK, Neusa Maria. Metodologia do Ensino de Geografia.

    Curitiba: IBPEX, 2005. 2. PENTEADO, Helosa Dupas. Metodologia do ensino de Histria e Geografia. So Paulo:

    Cortez, 2008.

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    DIRETRIZES CURRICULARES DE GEOGRAFIA PARA

    A EDUCAO BSICA

    DIMENSO HISTRICA DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA

    As relaes com a natureza e com o espao geogrfico fazem parte das estratgias de sobrevivncia dos grupos humanos desde suas primeiras formas de organizao. Na Antigidade clssica:

    Ampliaram-se os conhecimentos sobre as relaes sociedade-natureza, extenso e caractersticas fsicas e humanas dos territrios imperiais. Estudos descritivos.

    Desenvolveram-se conhecimentos como os relativos elaborao de mapas; discusses a respeito da forma e do tamanho da Terra, da distribuio de terras e guas...

    Na Idade Mdia:

    A idia de que a Terra era um disco se generalizou e tornou-se para a Igreja de ento uma verdade que no podia ser contrariada, conforme os ensinamentos dos sbios e santos.

    Sculo XVI:

    Os saberes geogrficos, nesse processo histrico, passaram a ser evidenciados nas discusses filosficas, econmicas e polticas, que buscavam explicar questes referentes ao espao e sociedade.

    Sculo XIX:

    Foram criadas diversas sociedades geogrficas, que tinham apoio dos Estados colonizadores como Inglaterra, Frana e Prssia que, mais tarde, viria a ser a atual Alemanha. Estas sociedades organizavam expedies cientficas para a frica, sia e Amrica do Sul.

    O pensamento geogrfico, da escola alem, teve como precursores:

    Humboldt (1769-1859)

    Ritter (1779-1859)

    Ratzel (1844-1904) fundador da geografia sistematizada, institucionalizada e considerada cientfica.

    O pensamento geogrfico da escola francesa, por sua vez, teve como principal representante Vidal de La Blache (1845-1918).

    Para Ratzel e a escola alem, a relao sociedade-natureza influenciava o que ele denominava conquistas cultas de um povo, ou seja, as condies naturais do meio, onde vivia determinado povo, estabeleciam uma relao direta com seu nvel de vida, seu domnio tcnico, sua forma de organizao social etc.

    Quanto mais culto um povo, maior o domnio sobre a natureza, o que proporcionaria melhores condies de vida, conseqente aumento da populao e necessidade de mais espao (territrio) para continuar seu processo evolutivo.

    Para Vidal de La Blache e a escola francesa, a relao sociedade-natureza criava um gnero de vida, prprio de uma determinada sociedade.

    As idias geogrficas foram inseridas no currculo escolar brasileiro no sculo XIX e apareciam de forma indireta nas escolas de primeiras letras.

    Previa, como um dos contedos contemplados, os chamados princpios de geografia que tinha como objetivo enfatizar a descrio do territrio, sua dimenso e suas belezas naturais (VLACH, 2004)

    A institucionalizao da Geografia no Brasil, no entanto, se consolidou apenas a partir da dcada de 1930, quando as pesquisas desenvolvidas buscavam compreender e descrever o ambiente fsico nacional com o objetivo de servir aos interesses polticos do Estado, na perspectiva do nacionalismo econmico.

    Nas escolas brasileiras, a Geografia tinha um carter decorativo e enciclopedista, focado na descrio do espao, na formao e no fortalecimento do nacionalismo, com um papel significativo na consolidao do Estado Nacional brasileiro.

    Essa corrente terica e metodolgica conhecida como geografia tradicional.

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    Ao longo da segunda metade do sculo XX e originaram novos enfoques para a anlise do espao geogrfico

    a) degradao da natureza; b) s desigualdades e injustias; c) s questes culturais e demogrficas

    mundiais . O golpe militar de 1964:

    Essas leis tinham por finalidade adequar a educao crescente necessidade de formao de mo-de-obra para suprir a demanda que o surto industrial brasileiro, conhecido como milagre econmico, geraria tanto no campo quanto na cidade.

    Nos anos de 1980, ocorreram movimentos pelo desmembramento da disciplina de Estudos Sociais e o retorno da Geografia e da Histria.

    Com o fim da ditadura militar, a renovao do pensamento geogrfico, iniciada aps a Segunda Guerra, chegou com fora ao Brasil. As discusses tericas que ento se sobressaram centraram-se em torno do movimento da Geografia Crtica.

    Esse movimento adotou o mtodo do materialismo histrico dialtico para os estudos e para a abordagem dos contedos de ensino.

    No Paran, as discusses sobre a emergente Geografia Crtica, como mtodo e contedo de ensino, ocorreram no final da dcada de 1980 em cursos de formao continuada e discusses sobre reformulao curricular promovidos pela Secretaria de Estado da Educao, que publicou, em 1990, o Currculo Bsico para a Escola Pblica do Paran.

    Tal proposta apresentava uma ruptura no ensino da Geografia em relao chamada Geografia Tradicional.

    Ao propor uma anlise social, poltica e econmica sobre o espao geogrfico, o movimento da Geografia Crtica entendeu que a superao da dicotomia natureza-sociedade (Geografia Fsica e Geografia Humana) e das fragmentaes das

    abordagens dos contedos dar-se-iam pelo abandono das pesquisas e do ensino sobre a dinmica da natureza

    Organizaes financeiras internacionais, como o Banco Mundial, passaram a condicionar seus emprstimos a pases como o Brasil, implementao de polticas sociais e educacionais que atendessem aos interesses daquelas mudanas.

    Nesse contexto, ocorreram a produo e a aprovao da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB 9394/96), bem como a construo, a poucas mos, dos PCN (Parmetros Curriculares Nacionais).

    Entre as mudanas provocadas pelos PCN, destacam-se os contedos de ensino vinculado s discusses ambientais e multiculturais.

    preciso lembrar, contudo, que as questes ambientais e culturais estiveram inseridas no temrio geogrfico desde a institucionalizao da Geografia e foram abordadas de vrias perspectivas tericas, das descritivas s crticas. Portanto, apenas inseri-las no currculo, como contedos de ensino, no garante criticidade disciplina.

    Pode-se perceber que essa criticidade no aparece nos PCN, na medida em que a abordagem socioambiental enfatiza o determinismo tecnolgico e a sustentabilidade como formas de resolver os problemas causados pela racionalidade do modo de produo capitalista e a abordagem cultural destaca a idia de tolerncia e de

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    convivncia tranqila dos diferentes grupos sociais e culturais, mesmo que se apresentem desiguais.

    FUNDAMENTOS TERICO-METODOLGICOS DA GEOGRAFIA

    O conceito adotado para o objeto de estudo da Geografia o espao geogrfico, entendido como aquele produzido e apropriado pela sociedade, composto por objetos naturais, culturais e tcnicos e aes pertinentes a relaes socioculturais e poltico-econmicas. Objetos e aes esto inter-relacionados (LEFEBVRE, 1974; SANTOS, 1996b)

    A espacializao dos contedos de ensino, bem como a explicao das localizaes relacionais dos eventos (objetos e aes) em estudo, so prprios do olhar geogrfico sobre a realidade.

    Para situar as construes conceituais das diferentes linhas de pensamento geogrfico, destaca-se que os conceitos de paisagem e regio, por exemplo, foram inicialmente tratados pela chamada Geografia Tradicional, no final do sculo XIX. Da perspectiva terica dessa linha de pensamento, tinham um significado diverso do que dado a eles, agora, pela vertente crtica da Geografia.

    Atualmente, esse conceito foi ampliado e ressignificado pela vertente crtica da Geografia que o associa s relaes de poder da escala micro macro.

    O conceito de lugar discutiu-o em sua relao com o processo de globalizao da economia e, de algum modo, considerou seus aspectos subjetivos, com a ampliao da abordagem e nfase s potencialidades polticas dos lugares em suas relaes com outros espaos, prximos e/ou distantes.

    O ensino de Geografia deve assumir o quadro conceitual das teorias crticas dessa disciplina, que incorporam os conflitos e as contradies sociais, econmicas, culturais e polticas, constitutivas de um determinado espao.

    PAISAGEM

    idia de que aos povos das regies consideradas mais civilizadas caberia o direito e, ao mesmo tempo, o compromisso de explorar meios geogrficos distintos, distantes dos seus, beneficiando-se e levando benefcios aos povos menos civilizados das regies onde o homem ainda no sabia como fazer o meio revelar-se para si.

    O ensino assumiu o mesmo mtodo da pesquisa: estudar o espao geogrfico compartimentadamente.

    No Brasil, a partir da dcada de 1980, com o movimento da Geografia Crtica, os conceitos de regio e de paisagem foram retomados, historicizados e ressignificados.

    Hoje, as teorias crticas da Geografia reconhecem a dimenso subjetiva da paisagem, j que o domnio do visvel est ligado percepo e seletividade, mas acreditam que seu significado real alcanado pela compreenso de sua objetividade.

    A paisagem percebida sensorial e empiricamente, mas no o espao, , isto sim, a materializao de um momento histrico. Sua observao e descrio servem como ponto de partida para as anlises do espao geogrfico, mas so insuficientes para sua compreenso. Por isso, o tratamento pedaggico a ser dado ao conceito de paisagem, na escola, deve ser o de par dialtico do espao geogrfico, de materialidade que no se auto-explica completamente.

    REGIO

    As regies so o suporte e a condio de relaes globais que de outra forma no se realizariam.

    Ao prosseguir sua argumentao, o mesmo autor afirma que no mundo globalizado onde as trocas so intensas e constantes, a forma e o contedo das regies mudam rapidamente.

    Cabe escola tratar esse conceito a partir das determinaes polticas e econmicas que formam e definem a longevidade das regies. Tal anlise rompe a abordagem tradicional que apresenta aos alunos uma diviso regional

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    cristalizada, muitas vezes ultrapassada, que no corresponde dinmica atual da constante (re)organizao dos espaos regionais.

    LUGAR

    O conceito de lugar busca incorporar sua dimenso subjetiva, mas acrescenta seu potencial poltico, numa abordagem terica e pedaggica que indica a possibilidade de os lugares assumirem-se como territrios.

    O lugar o espao onde o particular, o histrico, o cultural e a identidade permanecem presentes.

    no lugar que a globalizao acontece, pois, cada vez mais ele participa das redes e deixa de explicar-se por si mesmo.

    Alguns lugares se destacam economicamente por seus objetos e pelas aes que neles se realizam. Este o olhar sobre o lugar, como produtividade e rentabilidade oferecidas ao capital.

    Essa relao local-global traz, em suas contradies prprias, a possibilidade tanto de os lugares se tornarem refns dos interesses hegemnicos quanto de se contraporem a eles, o que organiza e fortalece a idia de poltica (relaes de poder).

    TERRITRIO

    Territrio um conceito ligado idia de relaes de espao e poder.

    No territrio, portanto, seja nacional, regional ou local, acontecer a relao dialtica de associao e confronto entre o lugar e o mundo (SANTOS, 1996b)

    Cabe hoje ao ensino de Geografia abordar as relaes de poder que constituem territrios nas mais variadas escalas, desde as que delimitam os microespaos urbanos, como os territrios do trfico, da prostituio ou da segregao socioeconmica, at os internacionais e globais.

    NATUREZA

    Natureza entendida como um conjunto de elementos naturais que possui em sua origem

    uma dinmica prpria que independe da ao humana, mas que, na atual fase histrica do capitalismo, acaba por ser reduzida apenas idia de recursos (MENDONA, 2002).

    Por sua vez, a idia de natureza como recurso ganha, atualmente, um elemento complicador: a crescente artificializao do meio, tanto na cidade quanto no espao rural.

    SOCIEDADE

    A sociedade em seus aspectos sociais, econmicos, culturais e polticos e nas relaes que ela estabelece com a natureza para produo do espao geogrfico. Ou seja, a sociedade produz um intercmbio com a natureza, de modo que a ltima se transforma em funo dos interesses econmicos da primeira.

    O ensino deve subsidiar os alunos a pensar e agir criticamente, de modo que se ofeream elementos para que compreendam e expliquem o mundo (CALLAI, 2001).

    Como espao privilegiado de anlise e produo de conhecimentos, a escola deve subsidiar os alunos no enriquecimento e sistematizao dos saberes para que se tornem sujeitos capazes de interpretar, com olhar crtico, o mundo que os cerca. Por isso, tarefa do professor e dos alunos terem uma atitude investigativa de pesquisa, recusarem a mera reproduo da interpretao do mundo, feita por outros, e assumirem seu papel de agentes transformadores da realidade.

    A funo da Geografia na escola desenvolver o raciocnio geogrfico, isto , pensar a realidade geograficamente e despertar uma conscincia espacial.

    CONTEDOS ESTRUTURANTES

    Dimenso econmica da produo do/no espao.

    Geopoltica

    Dimenso socioambiental

    Dimenso cultural e demogrfica

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    ORIENTAES PEDAGGICAS PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS

    SEED/DEB - PARAN

    GEOGRAFIA Roberto Filizola

    No princpio a Geografia fomentava o amor pela Ptria...

    A Geografia voltada para os Anos Iniciais pode desempenhar um importante papel no desenvolvimento das crianas, justificando, uma vez mais, sua presena e permanncia no currculo escolar. Nunca demais recordar que a Geografia Escolar, no Brasil ou na Europa, foi introduzida no currculo das escolas primria e secundria para desempenhar um papel intimamente associado classe dirigente: incutir nas novas geraes a ideologia do nacionalismo. No entender da classe dirigente, era necessria a construo da nao, do sentimento de pertencimento a um territrio e um povo comuns, que compartilhassem de um mesmo passado, de uma histria que fosse de todos. Foi no contexto do projeto de construo da nao, portanto, que a escola desempenhou um expressivo papel na reproduo da cultura, na difuso da idia de Ptria.

    Quanto aos contedos propriamente ditos, a escola primria lidava com aqueles saberes que possibilitassem a formao de valores ptrios. Assim, cabia Geografia desenvolver um trabalho pedaggico que assegurasse a reproduo de conceitos bsicos dos elementos formadores da paisagem natural, como os rios e as formas de relevo, alm de atribuir os nomes geogrficos a esses elementos. Dessa forma, as denominaes locais foram substitudas por aquelas criadas por instituies direta ou indiretamente ligadas ao poder. No caso brasileiro, coube ao Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro (IHGB) essa atribuio, em especial no sculo XIX; a partir de 1938, ano de sua criao, o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica desempenhou destacado papel nessa jornada.

    De outro lado, as aulas de Geografia tratavam de disseminar imagens e smbolos que reforassem a inculcao do nacionalismo patritico. o caso da utilizao de mapas, mas sobretudo do mapa do Brasil, decalcado nos cadernos dos alunos; dependurado nas paredes das salas de aula. Contedos, imagens e smbolos eram trabalhados de forma a consolidar a idia e o sentimento de uma ptria una e indivisvel.

    No era toa, portanto, que os alunos deviam memorizar os nomes de rios, de montes, de capitais estaduais, alm de terem na ponta da lngua informaes a respeito dos maiores e melhores, isto , dados estatsticos dos principais produtores industriais, de matrias-primas, de produtos agropastoris, etc. Os manuais de ensino de Geografia, com isso, apresentavam um vasto questionrio ao trmino de cada assunto, quando no eram constitudos to somente de perguntas e repostas, a serem decoradas e reproduzidas nas avaliaes.

    Cumpre recordar que durante os anos 70 e 80, a Geografia e a Histria integraram a rea de Estudos Sociais, o que representou um esvaziamento de seus contedos especficos. Ao trmino da dcada de 80 houve o retorno das duas disciplinas com a renovao de seus contedos, impulsionadas pela abertura democrtica e oxigenadas pelas respectivas cincias de referncia.

    Por que ensinar Geografia hoje?

    No passado, a Geografia Escolar serviu, em primeiro lugar, para a inculcao da ideologia do nacionalismo patritico nas novas geraes. A bandeira e o hino nacionais acompanham as delegaes e se misturam em meio aos torcedores onde quer que as competies se desenrolem. Na vitria ou na derrota, os smbolos nacionais so evocados, reforando os laos afetivos que parecem unir um a um os brasileiros. Contudo, essa comunho diz respeito ao campo do nacionalismo. No que tange a questes scio-econmicas, a sociedade brasileira mostra-se fraturada, cindida. nesse mbito que a Escola, e mais especificamente a Geografia Escolar, devem voltar suas atenes.

    As questes scio-econmicas de nosso pas so de grande monta, e retratam graves distores da distribuio da riqueza produzida, seja no campo ou na cidade. Portanto, as fortes desigualdades sociais reinantes no Brasil devem ser tomadas como uma espcie de pano de fundo na definio dos objetivos e finalidades do ensino da Geografia. s desigualdades sociais devem ser agregadas a diversidade tnico-cultural, to marcante na realidade do pas, mas to comumente desprezada e distorcida, gerando preconceitos. Em outras palavras, a lida com princpios e saberes no ensino da Geografia devem possibilitar avanos na direo de uma sociedade mais justa e igualitria, e na valorizao e no respeito s diferenas culturais. Trata-se de um compromisso tico, a ser

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    desenvolvido sem perder de vista o contedo geogrfico e seu encaminhamento metodolgico. Ou seja, no se trata, em absoluto, de trabalhar valores em si mesmos, em detrimento dos contedos escolares. Ao contrrio, no desenvolvimento do trabalho pedaggico que o professor, sistematizando o conhecimento, possibilita o enfrentamento das mais variadas questes da sociedade brasileira.

    O desenvolvimento de raciocnios geogrficos e a formao de uma conscincia espacial dizem respeito ao olhar geogrfico, maneira particular da Geografia de ler o mundo, de estudar a sociedade. De fato, a cincia geogrfica uma cincia humana, porm ao estudar a sociedade, busca compreender sua dimenso espacial. Isso significa tomar ou considerar o espao como um componente da sociedade. Nesse sentido, a Geografia no pode mais ser entendida to somente como o estudo da Terra, e sim como o estudo da organizao do espao pela sociedade humana. Essa conceituao revela dois aspectos muito importantes:

    que a disciplina escolar e a cincia de referncia guardam uma relao, mas que no deve, em hiptese alguma, significar uma superioridade da cincia sobre a disciplina escolar, tampouco uma subordinao desta ltima em relao primeira;

    que a seleo e organizao dos contedos so (ou deveriam ser) afetados por essa relao. Portanto, contedos, conceitos e temas ao serem eleitos para compor as

    As propostas curriculares de Geografia deveriam considerar os seguintes questionamentos : Isso que pretendo ensinar colabora para o desenvolvimento do raciocnio espacial, geogrfico? Ou: O espao enquanto componente da sociedade est sendo contemplado nesse estudo? O raciocnio geogrfico refere-se lida com diferentes tamanhos ou dimenses espaciais, melhor dizendo, ao trnsito e articulao entre eles. Ou seja, existem trocas e relaes entre o espao local e outros, mais amplos e mais distantes.

    O que e como ensinar: consideraes metodolgicas

    Perceber e reconhecer que o espao uma dimenso ou componente da sociedade, condio e meio para a sociedade ser o que , deve perpassar os contedos e as atividades escolares da Geografia. Desde h muito que a organizao e a seleo dos contedos em Geografia seguem um critrio cada vez mais questionvel e inconsistente. Na realidade, trata-se de um critrio que tambm uma metodologia, a

    metodologia dos crculos concntricos. Essa metodologia ou critrio determina que os estudos geogrficos devem partir do mais prximo para o mais distante, do conhecido para o desconhecido. O argumento o grau de amadurecimento das crianas. De fato, existem temas ou questes inapropriados para determinadas faixas etrias. Contudo, essa metodologia acabou gerando distores graves, o que resultou numa abordagem estanque e linear dos temas e contedos. o caso de citar os temas comumente desenvolvidos nos anos iniciais do ensino fundamental: famlia, escola, trajeto casa-escola, profisses, o entorno da escola... Aparentemente no haveria o que comentar, o que contrariar. At porque parece que esses temas se aliceram numa tradio cultural, tal o tempo que eles tm sido tratados nessa srie. Porm, tais temas ou recortes espaciais ficam fechados em si mesmos, isto , no so remetidos a outras dimenses espaciais. Esse procedimento metodolgico resulta em ao menos trs situaes que desfavorecem o desenvolvimento da criana, visto que:

    Os lugares, as localidades, no se explicam por eles mesmos.

    Abordagens scio-espaciais estanques impossibilitam o desenvolvimento do raciocnio espacial, esvaziam as possibilidades de formar um olhar crtico do e no mundo. Torna-se necessrio considerar a escolha de temas e problemas geogrficos que possibilitem, a um s tempo, respeitar o processo de expanso do horizonte geogrfico da criana e fortalecer seus laos afetivos e identitrios com o local. Contextualizar de forma problematizada tais temas deve ser uma prtica cotidiana de professores dos Anos Iniciais nas aulas de Geografia.

    Para uma compreenso mais elaborada do espao geogrfico, necessrio contemplar os estudos mais gerais, indo alm das abordagens muito particularizadas.

    Considerando que nos Anos Iniciais tambm compete Geografia promover uma alfabetizao geogrfica , ou seja, criar as condies para que as crianas leiam e interpretem o espao geogrfico, e desta forma ler e interpretar a paisagem e o lugar, o territrio e a regio , essa considerao sobre o ponto de vista do observador de fundamental importncia. Feita essas consideraes, resta tratar de sugerir aquilo que deve ser assegurado nos Anos Iniciais, apontar para os conhecimentos especficos a serem garantidos por meio da disciplina escolar em foco. Nesse caso, destacar os objetivos especficos no ensino da

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    Geografia pode representar um comeo de conversa. Ei-los:

    Preparar para um agir cotidianamente, de forma consciente, relacionado ao viajar, ao circular com segurana pelo espao, compreenso das informaes veiculadas pela mdia e demonstrao de interesse e preocupao pelo ambiente e pela alteridade.

    comum professores comentarem que a Geografia est no dia-a-dia das pessoas, que uma disciplina concreta e consegue, com muita facilidade, despertar o interesse dos alunos. Porm, no basta permanecer no discurso sobre o cotidiano. Faz-se necessrio organizar e encaminhar os contedos de tal modo que signifiquem um conjunto de saberes que possibilite agir no espao com conscincia. Isso significa dominar os referenciais do espao para nele circular sem se perder, ou seja, saber orientar-se. Afora isso, o contato com as diversas mdias, tais como a televiso, a Internet, as revistas, o jornal, demandam, cada vez mais, um posicionamento mais crtico a respeito das informaes que por elas circulam. Afinal, pesados jogos de interesses encontram-se em cena, o que exige um olhar atento de seus usurios.

    Preparar para o entendimento das localizaes, o que significa saber situar e situar-se no espao, seja por meio de mapas ou usando referenciais da paisagem e do lugar. Esse trabalho requer o uso da escala cartogrfica e, sobretudo, da escala geogrfica.

    Na primeira, a determinao de distncias e o clculo de reas so obtidos a partir de um mapa ou planta, envolvendo o conceito de proporo e a utilizao de meios diversos de orientao (bssola, astros...). Na segunda, trata-se de perceber a existncia de diferentes escalas de anlise, desde a local at a planetria, e reconhecer que elas caminham lado a lado e so de fundamental importncia para a avaliao das inmeras questes de carter espacial, como o agravamento do efeito estufa, a presena de uma transnacional, um deslizamento de encosta, um loteamento clandestino ou os conflitos envolvendo pases.

    Proporcionar a aquisio de conhecimentos bsicos seja da superfcie terrestre ou das sociedades humanas. Vale recordar que a Geografia surgiu, no passado remoto, como possibilidade de entendimento das diferenciaes de lugares, de paisagens, de reas, enfim. Afinal, a superfcie terrestre marcadamente diversificada, tanto nos seus aspectos fsicos como humanos.

    Cabe Geografia assegurar conhecimentos mnimos, porm fundamentais, para sua compreenso.

    A ttulo de sugesto, apresenta-se um rol de contedos bsicos para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, aos quais so associados conceitos imprescindveis no ensino da disciplina.

    O conceito de lugar diz respeito aos laos afetivos e identitrios que unem as pessoas aos seus espaos de vivncia. A casa e a rua, a escola e o local de trabalho, um templo ou espao religioso, uma praa, a associao dos moradores, dentre outros casos, podem ser citados. Como so esses lugares e o que nos une afetiva e identitariamente a eles so questes que devem mobilizar seus estudos. Alm disso, o lugar encontra-se no mundo, est ligado a ele por uma srie de aspectos, sejam eles econmicos, polticos, ou culturais. Isso refora a idia de que os espaos no se encontram isolados e devem ser percebidos nas suas relaes, o que eqivale a afirmar que de meu lugar compreendo o mundo. Embora possa aparentar, o conceito ou enfoque de lugar no se restringe aos primeiros dois ou trs anos do Ensino Fundamental, sendo merecedor de estudos ao longo de toda a escolaridade. Espaos mais prximos, de dimenso menos ampla, so costumeiramente considerados, mas em determinadas circunstncias o estado ou o pas so a referncia afetiva e identitria para toda a classe. Enfim, uma questo de escala de anlise (local, regional, nacional) e de propsito ou finalidade dos estudos.

    Antes de apresentarmos sugestes de contedos relacionados ao conceito de lugar, convm tratar do conceito de paisagem. Contemplar, descrever, analisar so exemplos de operaes mentais envolvidas com seu estudo. A princpio, a paisagem tudo o que os nossos sentidos captam, percebem. Da se afirmar que a paisagem forma e cores, como tambm odores, sons e tudo o mais que sentimos pelo tato. Contudo, um estudo mais sistemtico da paisagem requer a compreenso e o entendimento das razes que levaram uma paisagem a ser o que , envolvendo os estudos de sua construo. Assim, lugar e paisagem so dois conceitos que se entrelaam e auxiliam na compreenso de ambos.

    Vejamos, ento, alguns exemplos:

    As paisagens dos lugares de vivncia. Nesse caso, em geral voltado para os primeiros

    anos, casa, rua, escola, bairro so exemplos de dimenses espaciais a serem enfocados. O que as pessoas realizam nesses lugares, como surgiram,

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    onde ficam, por que a se localizam, como so e por que so assim so elementos mobilizadores que auxiliam na seleo e organizao de contedos mais especficos. Mas os demais anos tambm podem contemplar esses conceitos e ir alm, avaliando as mudanas e as permanncias das paisagens dos lugares. Eis novos exemplos: Mudanas e permanncias nos lugares e nas

    paisagens As mudanas e permanncias nas paisagens

    rurais paranaenses As paisagens de meu municpio j foram

    assim...

    Um outro importante conceito o de territrio, o qual possibilita o trato com as relaes de poder que se estabelecem no e pelo espao geogrfico. Desde h muito os grupos humanos necessitam exercer um controle sobre as parcelas do espao onde se encontram estabelecidos. Desde as mais remotas sociedades tribais at o moderno Estado nacional, o pas, as mais variadas formas de gesto e controle do espao existem. Em razo desse controle, limites e fronteiras sempre foram criados. Ultrapass-los como se fosse uma transgresso, algo como avanar o sinal vermelho. As fronteiras de um pas necessitam ser patrulhadas, o que demanda a instalao de postos, situados em locais estratgicos. Mas no podemos nos limitar apenas ao territrio nacional. Dentro dele existem muitos outros, nas mais variadas condies, e sendo controlados por diferentes grupos e atores sociais. Nesse sentido, uma associao de moradores que luta pelos interesses de seus associados, uma favela que nasceu a partir das necessidades de seus moradores, um acampamento de sem-terras so alguns dentre inmeros exemplos de territrios. Observe, uma vez mais, que os conceitos se imbricam, isto , lugar, paisagem e territrio se interpenetram, se sobrepem um ao outro. Assim, uma favela possui uma paisagem especfica, constitui o lugar das pessoas que nela vivem e com ela se identificam e um territrio, controlado e gerido por grupos que a se estabeleceram.

    Ao se estudar o territrio, uma srie de outros conceitos so abordados e sem os quais seu estudo torna-se invivel: poder, limites e fronteiras, ocupao e formao territoriais, usos do espao, conflitos, entre outros. Da que os temas e as dimenses espaciais envolvidas so bastante variadas, por exemplo:

    Invaso ou ocupao: a questo da moradia no Brasil

    Por que no centro tem e na periferia no? Vila, bairro, municpio...: as diversas formas de

    dividir o espao geogrfico.

    Resta comentar brevemente que o espao geogrfico resultado das maneiras como os grupos humanos se apropriam da natureza. Sendo assim, o espao , a um s tempo, um conjunto indissocivel de objetos geogrficos (cidades, plantaes, fbricas, moradias, florestas, rios, hidreltricas, etc.) e de aes humanas ou prticas sociais. Em outras palavras, no h espao sem sociedade, assim como no h sociedade sem espao. Isso significa dizer que a construo ou produo do espao obedece os interesses e necessidades dos grupos humanos que atuam nesse processo. Mais do que isso, nesse processo de produo, a sociedade assegura a sua reproduo, ela se perpetua. da que advm a idia de organizao do espao, ou seja, os objetos geogrficos so distribudos, ordenados ou arranjados de uma tal maneira que a vida possa fluir. Isso significa dizer que os bens materiais e imateriais, as idias, os valores so permanentemente criados e recriados em espaos especficos e necessitam de redes igualmente especficas para circular. nesse contexto que as fbricas se conectam aos mercados consumidores por meio das vias de transporte; valores financeiros e idias circulam pela rede mundial de computadores; matrias-primas partem de suas reas de produo para os locais onde possam ser processadas; pessoas se deslocam pelas mais variadas razes pelo espao geogrfico local, nacional e internacional. Portanto, trabalhar o espao geogrfico e sua produo, buscar compreender a lgica de sua organizao envolve a lida com conceitos diversos, como as atividades econmicas dos meios urbanos e rural, os meios e as vias de transporte e de comunicaes, o comrcio, os servios, as redes, as cidades e o campo, entre outros. Por outro lado, essa dinmica que envolve as relaes da sociedade humana e da natureza gera impactos sobre aquilo que entendemos por ambiente natural. Isso pressupe trabalhar noes do funcionamento dos elementos que formam os ambientes naturais. Destarte, clima, solos, atmosfera, cobertura vegetal, guas, rochas e formaes do relevo tambm integram os estudos geogrficos. Contudo, tais estudos no devem se dar por eles mesmos e sim na sua relao com a sociedade. At porque, uma montanha pode significar um estoque de matrias-primas ou uma paisagem turstica, assim como representar um smbolo cultural ou religioso. Alm disso, no enfoque geogrfico busca-se compreender as razes de sua distribuio pela superfcie terrestre. Afinal, tanto as montanhas como os tipos climticos ou de vegetao seguem padres especficos de distribuio. Compreend-los uma forma de ler e pensar geograficamente o mundo.

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    Feitas essas novas observaes, podemos apontar, tambm, como sugesto, outros temas que se seguem:

    Agricultura no Brasil; A produo rural familiar; Educar para o campo, educar para a cidade; Quem so, onde vivem e como vivem os brasileiros; As festas e o uso do espao geogrfico pelas pessoas; O tempo meteorolgico sempre muda; O mundo d voltas: os dias, as noites e as estaes do ano; nibus ou trem, barco ou avio: os transportes e a circulao de pessoas e mercadorias; Jornal, rdio e televiso aproximam povos e lugares; A rede de computadores e a circulao de informaes; Seja na feira ou no shopping center, as pessoas vo s compras!; Da plantao mesa, os alimentos percorrem muitos caminhos; Por que cuidar do ambiente?; Mapas, plantas e globos mostram a geografia dos lugares; Mapas e caminhos: a organizao de um roteiro.

    Quanto ao ltimo tema, convm um ltimo comentrio. Desde h muito tempo que o ensino de Geografia associado a mapas e globos terrestres. Criticado pelo seu uso mecnico, hoje proliferam estudos e obras que apontam para a formao de mapeadores conscientes e leitores crticos de mapas. Trata-se, portanto, de uma proposta de alfabetizao cartogrfica, com incio no 1 ano e sem data para se encerrar, envolvendo em particular a construo de legenda, bem como o desenvolvimento da lateralidade, uso de referenciais da paisagem e da orientao, alm do trabalho envolvendo proporo e escala. Embora esses elementos possam ser tomados como contedos, at porque a criana necessita apropriar-se desses saberes, a cartografia tida como uma das linguagens

    da Geografia. Isso significa afirmar que os mapas e plantas devem ser incorporados ao trabalho pedaggico das aulas da disciplina e utilizados cotidianamente em sala de aula. Cumpre destacar que o mapa permite que se tenha uma viso de conjunto dos espaos e que se opere importantes raciocnios geogrficos a partir de sua leitura e interpretao.

    Consideraes sobre a avaliao

    Considerando-se que avaliar estabelecer objetivos e viabiliz-los metodologicamente, no custa lembrar que a avaliao algo muito, mas muito mais amplo que a simples aplicao desse ou daquele instrumento de avaliao. Na realidade, trata-se de um processo, de um conjunto de procedimentos que inclui a escolha ou seleo criteriosa dos contedos, a organizao

    adequada dos recursos e meios didticos, a opo pela metodologia do ensino que melhor condiz com as peculiaridades da turma e com as especificidade dos contedos ministrados, a definio dos instrumentos avaliativos, bem como os critrios de avaliao a serem seguidos. Contudo, de nada adiantam esses procedimentos, se a unidade escolar como um todo no tiver clareza de seu projeto, mas de um projeto pedaggico que aponte para a avaliao da aprendizagem com funes bem definidas, dentre elas, a de aprofundamento da aprendizagem e de motivar o crescimento .

    Nesse contexto, que o contexto de uma avaliao contnua e diagnostica, necessrio frisar que a nota ou o conceito no podem ter um efeito coercitivo ou disciplinador. Ao contrrio, o ensino tem que apontar para a autonomia intelectual e moral das crianas. Sendo assim, no encaminhamento dos contedos, necessrio criar situaes que permitam a troca de pontos de vista entre as crianas e os professores. Sim ou no e certo ou errado devem ceder lugar a questionamentos relativamente simples, mas que conduzem a criana a uma explicao de seu raciocnio, a uma apresentao de seus argumentos.

    Trabalho em duplas

    Data de entrega: ___/___/2011 Valor: ______

    Faa uma anlise do texto das Diretrizes

    curriculares de Geografia para a Educao Bsica, comparando-o com o texto Orientaes pedaggicas para os anos iniciais do Ensino Fundamental, no que se refere ao histrico da disciplina.

    Por que devemos ensinar Geografia hoje?

    Quais as consideraes metodolgicas que devemos conhecer para no cairmos no tradicionalismo?

    Quais os fundamentos da avaliao em Geografia propostos no texto?

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    O que ensinar em Geografia do Paran

    Elencar uma lista de contedos, considerados como minimamente necessrios para que os alunos "conheam" a Geografia do Paran, pode ser tarefa fcil para o professor que acredita na "educao bancria". Para aqueles que aceitaram o desafio de refletir sobre sua prtica de ensino e assumir a pesquisa como princpio educativo, duas questes colocam-se para discusso:

    A compreenso de que no h inocncia na seleo de contedos de um currculo.

    A necessidade de problematizar os contedos escolares, essencial numa perspectiva de ensino apoiada na pesquisa, onde todos devem se sentir envolvidos e mobilizados para resolver o problema.

    Sobre a primeira questo, extremamente complexa e importante, no cabe neste estudo detalh-la, pois para isso seria necessrio discutir teoria do currculo. Apenas lembramos que os contedos escolares de uma disciplina so construes histricas, e polticas.

    A Geografia (escolar e acadmica) j teve posturas polticas bastante distintas, antagnicas at, manifestadas nos saberes que disponibilizou sociedade, por meio das publicaes cientficas e da seleo de contedos presentes nos livros e prticas didtico-escolares. Ora enfatizando a abordagem da dinmica da natureza, ora quase ignorando essa abordagem, a Geografia j se apresentou como "cincia dos lugares", "cincia de contato entre o natural e o social" e como "cincia humana". Para cada uma dessas auto-imagens e/ou identidade existe um posicionamento poltico e uma viso de mundo prprios.

    Temos, portanto, clareza da impossibilidade de neutralidade poltica quando organizamos uma seleo de contedos disciplinares e propomos uma determinada maneira de abordagem terico-metodolgica. Dessa perspectiva, acreditamos no ensino de uma Geografia que se prope a alfabetizar o sujeito para a leitura crtica do espao geogrfico.

    Desse ponto de vista e na tentativa de sugerir o que ensinar em Geografia do Paran, utilizaremos a expresso Contedos Estruturantes para nos referirmos aos saberes que identificam o campo de estudos de uma determinada disciplina escolar. A

    partir dos desdobramentos desses saberes em contedos escolares pontuais, fica garantida a abordagem do objeto de estudo daquela disciplina, em toda sua complexidade.

    Esses saberes - contedos estruturantes ou grandes temas - foram delimitando o campo de estudos da Geografia ao longo da construo histrica dessa disciplina. O surgimento, o desa-parecimento e/ou a ressignificao desses saberes esto relacionados com os diferentes perodos histricos e as transformaes sofridas pelo mundo."1

    Por exemplo, a natureza e a sociedade2 sempre foram consideradas temas fundamentais para a compreenso do objeto da Geografia, o espao geogrfico. No entanto, as nfases c as diferentes abordagens terico-metodolgicas dadas a cada um desses temas e relao estabelecida entre eles ressignificaram-nos mais de uma vez, permitindo diferentes leituras do espao geogrfico. Se, no incio do sculo XX, ainda era concebido ensinar a natureza separada do ensino da sociedade, desdobrando-as em contedos escolares pontuais (como estudo do relevo, do clima, da vegetao, por um lado, e estudo da composio populacional da sociedade, dos indicadores produtivos e econmicos. por outro), nos dias atuais essa abordagem deve ser superada. A Geografia de hoje fala da problemtica scio-ambiental3. entendendo que os estudos sobre a relao sociedade natureza devem se dar de forma no dicotmica. Isso porque, no atual perodo histrico, as aes humanas sobre a natureza so amplamente questionadas, discutidas e suas conseqncias podem afetar algumas delas

    1 Lembramos que no final dos anos 60 a Geografia

    tomou como contedo escolar o tema Universo. Naquele momento histrico, em que o Homem conquistava a Lua, esse contedo curricular dava Geografia escolar um vinculo maior com um saber acadmico de extremo valor cientfico/poltico. 2 Alguns autores consideram-nos conceitos

    estruturantes. Segundo Spsito (2004), na verdade, um contedo pode tornar-se conceito e vice-versa, de acordo com o olhar filosfico do momento em que for abordado. 3 Cabe destacar tambm a perspectiva cultural da

    geografia como um olhar para a relao sociedade-natureza.

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    imediatamente - todo o planeta.4 Dessa perspectiva, sugerimos,

    arbitrariamente, os seguintes contedos estruturantes para o trabalho com o ensino da Geografia do Paran.

    Relao de contedos estruturantes:

    A relao Sociedade-Natureza - explorao econmica - na ocupao do espao paranaense: a formao das macro-regies;

    Processo produtivo na organizao espacial do Paran Rural e Urbano;

    Aspectos demogrficos da organizao espacial do Paran;

    A questo scio-ambiental no Paran hoje.

    Esses contedos estruturantes devem ser permeados pelos conceitos de Sociedade e Natureza, Espao e Tempo, enquanto pares dialticos, numa abordagem que enfatize constan-temente a relao local-nacional-global.

    Algumas consideraes sobre as linguagens da Geografia

    A especificidade da Geografia diante das

    outras disciplinas o estudo da espacializao dos fenmenos, o que requer o uso de mais de um tipo de linguagem para apresentar os dados e expressar suas anlises.

    Inicialmente, eram as longas narrativas convivendo com a cartografia. Hoje, o espao geogrfico analisado em textos com embasamento filosfico, sociolgico e histrico que convivem com sofisticadas imagens de satlite. Em resumo, a Geografia sempre fez uso da linguagem da palavra e da linguagem cartogrfica (desde a pictrica at as derivadas de tecnologia de satlite).

    A questo que essas linguagens estabeleceram uma comunicao muitas vezes frgil entre si, na academia e, de maneira mais acentuada,

    4 Da mesma forma, grandes catstrofes naturais, nos

    dias de hoje, podem prejudicar um nmero muito maior de pessoas do que em tempos remotos. Assim, tanto o respeito para com a dinmica da natureza no sentido da sustentabilidade, quanto a preveno e a previso dos fenmenos naturais catastrficos devem estar na pauta de preocupaes da humanidade e na pauta de discusso do profissional de Geografia.

    na escola. FONSECA e OLIVA (1999) afirmam que h uma "bolha de incomunicabilidade" entre o profissional de Geografia que se dedica ao estudo da linguagem cartogrfica (imagem de satlite, fotos areas, mapas, etc.) e aquele que se dedica ao estudo da palavra, que se debrua sobre as renovaes tericas da Geografia.

    Na escola, essa incomunicabilidade entre as linguagens da Geografia manifesta-se na prtica pedaggica do professor e nos livros didticos que, via de regra, apresentam mapas e textos, mas no os colocam em dilogo. Em geral, os mapas (assim como as figuras, tabelas, fotos, desenhos) apenas ilustram o texto. Porm, as possibilidades de trabalho com mapas so muito mais amplas e podem servir, tambm, como um recurso problematizador de um contedo a ser desenvolvido.

    Como linguagem, os mapas explicitam e escondem coisas, e as projees cartogrficas portam discursos subliminares. Nem sempre (ou quase nunca) essa leitura cartogrfica crtica aparece associada ao texto do livro didtico. A reside a incomunicabilidade mencionada. Essa questo pode ser enfrentada pelo professor com o uso da cartografia como outra linguagem geogrfica - e no como uma mera habilidade tcnica da qual os alunos devem apropriar-se.

    Sabemos das dificuldades que se colocam para esse tipo de metodologia de ensino e duas merecem detaque: a formao inicial precria do professor nesse saber cientfico e pedaggico e o fato de os alunos chegarem s sries finais do Ensino Fundamental (6a a 9a sries) no alfabetizados para a leitura cartogrfica. Assim, o ensino de Geografia enfrenta dois tipos de entrave no que se refere a um trabalho significativo com a linguagem cartogrfica: primeiro, o aluno no sabe ler o mapa; segundo, o mapa no colocado em dilogo com o texto.

    Simielli (1999, p.95-97) nos orienta quanto ao que esperar da leitura cartogrfica dos alunos da Educao Bsica. Para a autora, com alunos de 1 a 5 sries inicia-se a alfabetizao cartogrfica. Nesse momento o aluno comear seu contato com a simbologia e com as tcnicas da elaborao de mapas (simples) para comear a l-los:

    Na 5 e 6 sries, o aluno vai trabalhar com alfabetizao cartogrfica e eventualmente na 6 srie ele j ter condies de estar trabalhando com anlise/localizao e com

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    a correlao. No ensino mdio, teoricamente o aluno tem condies para trabalhar com anlise/localizao, com a correlao e com a sntese. [ ... ] 1) Localizao e anlise - cartas de anlise, distribuio ou repartio, que analisam o fenmeno isoladamente. 2) Correlao - permite a combinao de duas ou mais cartas de anlise.

    3) Sntese - mostra as relaes entre vrias cartas de anlise, apresentando-se em uma carta-sntese.

    No quadro seguinte, a autora detalha de quais saberes o aluno deve apropriar-se, gradativamente, para que ao final da Educao Bsica seja um bom leitor de mapas. Observa-se que as aquisies a que a autora se refere so especficas da linguagem cartogrfica.

    Aquisies Simples Aquisies Mdias Aquisies Complexas

    Conhecer os pontos cardeais

    Medir uma distncia sobre uma carta com uma escala numrica

    Estimar uma altitude entre suas curvas hipsomtricas

    Saber se orientar com uma carta

    Estimar um ponto da curva hipsomtrica

    Saber utilizar uma bssola

    Encontrar um ponto sobre uma carta com as coordenadas ou com o ndice remissivo

    Analisar a disposio de formas topogrficas

    Correlacionar duas cartas simples

    Encontrar as coordenadas de um ponto

    Analisar uma carta temtica representando um s fenmeno (densidade populacional, relevo, etc.)

    Ler uma carta regional simples

    Saber se conduzir com uma planta simples

    Reconhecer e situar as formas de relevo e de utilizao do solo

    Explicar a localizao de um fenmeno por correlao entre duas cartas

    Extrair de plantas e cartas simples uma s srie de fatos

    Saber diferenciar declives Elaborar uma carta simples a partir de uma carta complexa

    Saber calcular altitude e distncia

    Saber reconhecer e situar tipos de clima, massas de ar, formaes vegetais, distribuio populacional, centros industriais e urbanos e outros

    Elaborar uma carta regional com os smbolos precisos

    Saber se conduzir com um mapa rodovirio ou com uma carta topogrfica.

    Saber elaborar um croqui regional simples (com legenda fornecida pelo professor)

    Saber levantar hipteses reais sobre a origem de uma paisagem

    Analisar uma carta temtica que apresenta vrios fenmenos

    Saber extrair de uma carta complexa os elementos fundamentais

    Fonte: SIMIELlI, M. E. A Cartografia no Ensino Fundamental e Mdio. In CARLOS, A. F. A. A Geografia na Sala de Aula. So Paulo: Contexto, 1999 (modificado).

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    Nossa proposta que o professor-pesquisador aproxime a linguagem cartogrfica da linguagem textual, terica, utilizando o mapa como instrumento de problematizao de um contedo. Sabemos que para isso o aluno dever estar alfabetizado para a cartografia. Mas, ainda que esse aluno s tenha se apropriado dos saberes (aquisies) simples, ser possvel ao professor elaborar um problema, a partir de uma determinada leitura cartogrfica, que o mobilize para a pesquisa de um determinado contedo.

    Quanto mais complexa for a capacidade de leitura cartogrfica dos alunos, mais poderemos pensar na utilizao da linguagem cartogrfica para alm da problematizao inicial do contedo, mas como forma final de apresentao dos resultados da pesquisa. Sendo assim, a alfabetizao/interpretao cartogrfica merece uma ateno especfica e constante no ensino da Geografia.

    Avaliao

    Historicamente, a avaliao vista por grande parte dos profissionais da educao como um momento delicado do processo ensino-aprendizagem. Porm, temos autores que fizeram belos trabalhos nos quais mostram, com clareza, a relao entre a avaliao e o autoritarismo.

    Cabe a ns trazermos para nossa prtica pedaggica reflexes daquela ordem e aproxim-la de

    nossos objetivos de ensino-aprendizagem como professores de Geografia.

    Destacaremos, neste tpico, apenas quatro reflexes iniciais sobre a avaliao:

    realizar a avaliao do aluno no conjunto da classe, mas valorizar tambm a prpria trajetria do aluno, considerando a diversidade de contextos sociais, familiares e individuais:

    ler resultados de desempenhos dos alunos, nas avaliaes, como ponto de partida para avaliar escola e o professor:

    valorizar vrios instrumentos de avaliao:

    ser coerente nos critrios de avaliao, relevncia dos contedos estruturantes e das categorias analticas.

    A partir de agora, apresentaremos uma tentativa de estabelecer relaes entre contedos estruturantes e critrios de avaliao para o ensino da Geografia do Paran. Nessas relaes pretendemos explicitar o que o aluno deve apreender cognitivamenre dos conceitos geogrficos presentes naquele contedo estruturante.

    Relao de contedos estruturantes e seus critrios de avaliao - Geografia do Paran

    Contedos estruturantes Critrios de avaliao

    Natureza e explorao econmica na ocupao do espao paranaense: a formao das macro-regies;

    - Entende como ocorreu, no processo de ocupao do territrio paranaense, a apropriao dos recursos naturais. - Compreende que a forma como a "primeira natureza" foi apropriada resultou em configuraes espaciais diferenciadas (macro-regies).

    Processo produtivo na organizao espacial do Paran Rural e Urbano;

    - Reconhece que os aspectos econmicos de uma sociedade capitalista influenciam a organizao do espao urbano e rural. - Identifica as diferenas, semelhanas e interdependncias na organizao dos espaos urbanos e rurais.

    Aspectos demogrficos da organizao espacial do Paran;

    - Entende que a mobilidade populacional reflexo de diferentes questes socioeconmicas e histricas. - Relaciona a mobilidade populacional com as tenses entre cidade-campo. - Identifica a diversidade tnico-cultural na organizao do espao.

    A questo scio-ambiental do Paran

    - Reconhece as interferncias econmicas e polticas nas aes ambientais positivas e negativas. - localiza, diferencia e analisa criticamente os espaos de preservao, conservao e degradao no Estado do Paran.

    Fonte: Tabela elaborada pelas autoras, baseadas na proposta do Currculo Bsico de Curitiba, 1991.

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    Lembramos que os contedos estruturantes podem ser desmembrados em muitos outros contedos especficos e Iocacionais, e que todos exigem critrios de avaliao correspondentes. Para tanto, cada regio do Estado pode dar, a partir desta tabela-sugesto, nfases diferenciadas aos contedos escolares que so mais significativos para abordagem da geografia local. Destacamos a importncia de que, ao elaborar uma tabela especfica, o professor deve ter como meta garantir a relao entre o local (sua regio, municpio. bairro) com espaos mais amplos (do estadual ao global) REFERENCIA: SCORTEGAGNA, Adalberto (org.) Paran: espao e memria. Curitiba: Ed. Bagozzi, 2005. P. 369-372; 386-391.

    ALFABETIZAO CARTOGRFICA: O USO DE MAPAS

    Adaptado por: Sandra Fagionato Ruffino, Slvia Martins e Andr Salvador

    Tpicos

    Introduo 1. Desenvolvimento das primeiras noes de referncia espacial (lateralidade) 2. Construo das primeiras representaes espaciais (o corpo) 3. Representando espaos conhecidos; 4. Construo de mapas bsicos 5. Elaborao de mapas temticos 6. Trabalhando com escalas 7. Orientao atravs de pontos cardeais

    Introduo

    Os mapas so representaes grficas do espao constitudas por 3 elementos bsicos:

    escala, projeo simbologia

    Resultam de um conhecimento acumulado de informaes e tcnicas desenvolvidas por uma sociedade. Esto presentes em Atlas, revistas, jornais e noticirios de TV, gabinetes de polticos e empresrios. So usados por economistas, urbanistas, engenheiros, militares e outros profissionais, bem como por turistas. So, portanto recursos bastante importantes para localizar, informar ou orientar-se no espao, desde que o indivduo saiba interpret-lo.

    A utilizao de mapas pressupe, por parte dos alunos, capacidade de abstrao, pois representam realidade atravs de smbolos. No uma tarefa simples, sendo necessrio desenvolver algumas habilidades e conhecimentos; atividades como pintar estados, pases e municpios, copiar mapas ou colocar nomes em rios so tarefas mecanicistas que no levam formao de conceitos da linguagem cartogrfica. Segundo Almeida (1994) esse trabalho de interpretao deve iniciar pela construo de seu prprio mapa com a codificao dos elementos do espao ao seu redor para, posteriormente ler os mapas feitos por outras pessoas.

    Dessa forma, para este mdulo propomos um trabalho a ser desenvolvido de forma lenta e gradual a fim de que os alunos construam as relaes espaciais, tomando conscincia do mundo fsico e social. No incio o aluno age como mapeador: representa a realidade fsica e social atravs de smbolos convencionados por ele e pela classe. Quando adquire a conscincia da representao, torna-se um usurio, aquele que l e inte