25
M Filomena Botelho MEMBRANA DE DONNAN

MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

M Filomena Botelho

MEMBRANA DE DONNAN

Page 2: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Membrana de DonnanMembrana de DonnanDo mesmo modo que para os outros tipos de membranas, também neste caso da membrana de Donnan temos que impor condições

Condições impostas ao sistema• Trabalhamos no equilíbrio

• Membrana semi-permeável

• A membrana separa 2 soluções com características diferentes:• De um lado → a solução tem exclusivamente componentes

iónicos difusíveis através da membrana

• Do outro lado → a solução contém• Componente iónico difusível• Componente iónico não difusível através da membrana

• Não existe movimento de solvente• Consegue-se exercendo uma pressão, no compartimento que tem o

componente não difusível de modo a igualar a pressão osmótica →uso de um êmbolo

Page 3: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Consideremos 2 recipientes, separados por uma – membrana semi-permeável

M

[NaCl] = n

I II

[NaCl] = n

M

[Na+] = n

I II

[Na+] = n

[Cl-] = n [Cl-] = n

InicialmenteIgual concentração de cloreto de sódio (NaCl) dos dois recipientes Quando o NaCl se dissocia, fica igual a

concentração de cada ião nos dois recipientes A concentração

seria então de n

equilíbrio

Page 4: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Quando o equilíbrio é atingido, a diferença de potencial entre os dois lados da membrana, para cada ião, é dada pela equação de Nernst

M

[Na+] = n

I II

[Na+] = n

[Cl-] = n [Cl-] = n

Para o caso do sódio:

∆φDon (Na+) = ln RTF

[Na+]2

[Na+]1

Para o caso do cloro:

∆φDon (Cl-) = ln RTF

[Cl-]1

[Cl-]2

Inversão, porque para o caso do Cl-, o Z=-1

Page 5: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

M

[Na+] = n

I II

[Na+] = n

[Cl-] = n [Cl-] = n

Para o caso do sódio:

∆φDon (Na+) = ln RTF

[Na+]2

[Na+]1

Para o caso do cloro:

∆φDon (Cl-) = ln RTF

[Cl-]1

[Cl-]2Como:• pressão e temperatura constantes• diferença de potencial para cada ião igual no equilíbrio• RT/F constante

• Os cocientes entre as concentrações têm que ser iguais

∆φDon (Na+) = ∆φDon (Cl-) =[Na+]2

[Na+]1

[Cl-]1

[Cl-]2

Equação de Gibbs Donnan

Page 6: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

M

[Na+] = n

I II

[Na+] = n

[Cl-] = n [Cl-] = n

PosteriormenteAdiciona-se ao compartimento I um sal sódico de uma proteína de modo a que fique com uma concentração de P mol/cm3

Quando se adiciona ao recipiente I o componente não difusível (a proteína) as concentrações dos dois recipientes, logo no início, antes de ser atingido o equilíbrio, são diferentes

Após se ter adicionado o proteinato ao recipiente I, é necessário exercer-se sobre este compartimento uma pressão de modo a que a corrente de água, devida à diferença de pressão osmótica entre os dois recipientes, se verifique.

[NaP] = P

Page 7: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Uma vez adicionado o proteinato, este dissocia-se em dois componentes:

- um difusível (Na+)

- outro não difusível (proteína)

M

[Na+] = n

I II

[Na+] = n

[Cl-] = n [Cl-] = n

[NaP] = P

vão ocorrer movimentos de pequenos iões

(componentes difusíveis) através da membrana

não pode haver movimentos de solvente

existência de um componente não difusível (proteina)

Atingir novo equilíbrio

Por causa

do êmbolo M

[Na+] = n - x

I II

[Na+] = n + x

[Cl-] = n - x [Cl-] = n + x

[PZp] = P

[Na+] = PxZp

Page 8: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

M

[Na+] = n - x

I II

[Na+] = n + x

[Cl-] = n - x [Cl-] = n + x

[PZp] = P

[Na+] = PxZp

Após o equilíbrio, as concentrações nos dois recipientes serão:

Zp – valência da proteína

=[Na+]2

[Na+]1

[Cl-]1

[Cl-]2

Como novo equilíbrio foi atingido, podemos aplicar a equação de Gibbs-Donnan

[Na+]1 × [Cl-]1 = [Na+]2 × [Cl-]2No equilíbrio os produtos das concentrações do ião

difusíveis, para cada recipiente, é igual

Page 9: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

M

[Na+] = n - x

I II

[Na+] = n + x

[Cl-] = n - x [Cl-] = n + x

[PZp] = P

[Na+] = PxZp Após a adição da proteína e devido à electroneutralidade que tem que ser mantida nos dois recipientes, as concentrações ficam do seguinte modo:

No compartimento II

• [Na+]2

• [Cl-]2

Têm que ser iguais

No compartimento I

• [Na+]1 = [Cl-]1 + P × Zp

Page 10: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

M

[Na+] = n - x

I II

[Na+] = n + x

[Cl-] = n - x [Cl-] = n + x

[PZp] = P

[Na+] = PxZp

No compartimento II

• [Na+]2

• [Cl-]2

Têm que ser iguais

No compartimento I

• [Na+]1 = [Cl-]1 + P × Zp

Sendo assim, vem que:

[Na+]1 > [Cl-]1

[Cl-]2 > [Cl-]1

=[Na+]2

[Na+]1

[Cl-]1

[Cl-]2

[Na+]2 = [Cl-]2

[Na+]1 × [Cl-]1 = [Cl-]22

[Na+]1 > [Cl-]1

Page 11: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Voltando à equação de Gibbs-Donnan:

=[Na+]2

[Na+]1

[Cl-]1

[Cl-]2

[Na+]1 × [Cl-]1 = [Na+]2 × [Cl-]2

Resolvendo em ordem a [Na+]1, e como [Na+]2 = [Cl-]2, vem:

M

[Na+] = n - x

I II

[Na+] = n + x

[Cl-] = n - x [Cl-] = n + x

[PZp] = P

[Na+] = PxZp

[Na+]1 = [Cl-]1 + P.Zp

[Na+]1 × [Cl-]1 = [Na+]22

Como:

[Cl-]1 = [Na+]1 - P.Zp

vem:

[Na+]1 × {[Na+]1 - P.Zp} = [Na+]22

Page 12: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

[Na+]1 × {[Na+]1 - P.Zp} = [Na+]22

Continuando a resolver em ordem a [Na+]1, vem:

[Na+]21 - P.Zp [Na+]1 - [Na+]2

2 = 0x2 b x c

(P.Zp)2 + 4.[Na+]22[Na+]1 =

P.Zp ± √2

- Como a 2ª parcela do numerador é menor do que a primeira, uma das raízes é negativa;

- Só nos interessa a solução positiva, já que a concentração de [Na+]1 tem que ser um valor positivo

Page 13: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Podemos então, na equação do potencial de Donnan, substituir o valor de [Na+]1, aparecendo:

∆φDon (Na+) = ln = - lnRTF

[Na+]2

[Na+]1

RTF

[Na+]1

[Na+]2

P2.Zp2 + 4.[Na+]22∆φDon (Na+) = - ln P.Zp ± √

2 . [Na+]2

RTF

Equação do potencial de Donnan, quando se mistura um componente não difusível num compartimento (neste caso no I)

Page 14: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

P2.Zp2 + 4.[Na+]22∆φDon (Na+) = - ln P.Zp ± √

2 . [Na+]2

RTF

A partir desta equação podemos ver que:

a) Se [P . Zp] = 0 ∆φDonnan = 0

O potencial de Donnan é nuloi.é. Para que este tipo de potencial possa existir, é necessário haver iões para os quais a membrana seja impermeável

b) Se [P . Zp] ≠ 0 ∆φDonnan ≠ 0

Neste caso estabelece-se uma diferença de potencial através da membrana

Page 15: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Se quisermos saber qual a quantidade de iões que atravessam a membrana, podemos resolver de outra maneira

Vamos supor o mesmo esquema anterior, onde dois recipientes contendo igual concentração de [NaCl] se encontram separados por uma membrana semi-permeável

M

[Na+] = n

I II

[Na+] = n

[Cl-] = n [Cl-] = n

Podemos então considerar que a concentração inicial de cada ião, é n

M

[Na+] = n

I II

[Na+] = n

[Cl-] = n [Cl-] = n

[NaP] = P

Num dos lados da membrana (por exemplo no recipiente I) adicionamos um componente ionizável mas não difusível

Page 16: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Deste modo temos:

[Na+] = n - x

Lado I: Lado II:

[Na+] = n + x

[Cl-] = n - x [Cl-] = n + x

[P] = PZp

[Na+] = PxZp

[Na+]1 = n – x + P . Zp

Número de moléculas proteicas negativas em solução, devidas à dissociação das proteínas

Número de moléculas de proteína em solução

Número de cargas negativas com que cada molécula de proteína ionizada fica em solução

Page 17: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Do mesmo modo pela equação de Gibbs-Donnan:

[Na+]1 × [Cl-]1 = [Na+]2 × [Cl-]2

M

[Na+] = n - x

I II

[Na+] = n + x

[Cl-] = n - x [Cl-] = n + x

[PZp] = P

[Na+] = PxZp

Substituindo:

(n – x + P . Zp) (n – x) = (n + x)2

Desta equação, podemos tirar duas conclusões:

n + x = √(n – x + P . Zp) (n – x)1ª

n + x → média geométrica das concentrações dos microiões existentes no recipiente II

Page 18: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Resolvendo esta equação, vem:2ª

(n – x + P.Zp) (n – x) = (n + x)2

n2 – nx – nx + x2 + n P.Zp – x P.Zp = n2 + 2 nx + x2

- 4 nx + n P.Zp – x P.Zp = 0

x (4 n – P.Zp) = n P.Zp

x =(4 n + P.Zp)

n P.Zp Número de iões que passam a membrana, para se obter o equilíbrio, depois de se adicionar a proteína

Page 19: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

M

[Na+] = n - x

I II

[Na+] = n + x

[Cl-] = n - x [Cl-] = n + x

[PZp] = P

[Na+] = PxZp

Tudo se passa como se os:– Macroiões P repelissem os iões

do mesmo sinal para o outro lado da membrana e atraíssem os iões de sinal oposto

Cálculo das concentrações totais dos pequenos iões

Lado I: Lado II:

CI = [Cl-]1 + [Na+]1

CI = n – x + n – x + P.Zp

CII = [Cl-]2 + [Na+]2

CII = n + x + n + x

CI = 2n – 2x + P.Zp CII = 2n + 2x

Page 20: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

M

[Na+] = n - x

I II

[Na+] = n + x

[Cl-] = n - x [Cl-] = n + x

[PZp] = P

[Na+] = PxZp

Lado I:

Lado II:

d = CI - CII = 2n – 2x + P.Zp - 2n - 2x

CI = 2n – 2x + P.Zp

CI = 2n + 2x

A diferença entre as 2 concentrações é:

d = – 4x + P.Zp

Page 21: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Diferença entre as 2 concentrações

d = – 4x + P.Zp

como: x =(4 n + P.Zp)

n P.Zp

d = = CI - CII4 n + P.ZpP2.Zp2 Diferença de concentrações

em termos de microiões

Esta diferença tem um valor positivo, isto é:

d > 0 ∴ CI > CII

A concentração iónica dos pequenos iões do lado I é maior do que a concentração iónica do lado II, onde não há macroiões

d = – 4 + P.Zp(4 n + P.Zp)

n P.Zp

Page 22: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Esta diferença tem um valor positivo, isto é:

d > 0 ∴ CI > CII

A concentração iónica dos pequenos iões do lado I é maior do que a concentração iónica do lado II, onde não há macroiões

Significado:

Há um certo número de pequenos iões que não atravessam a membrana, correspondendo

d = CI - CII

a partículas não difusíveis

Desta maneira, há pequenos iões que se comportam como macroiões

Page 23: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Mas as partículas não difusíveis não são só estas.Há ainda, no recipiente I, a proteína.

A concentração total de partículas não difusíveis são:

p + d = P +4 n + P.Zp

P2.Zp2

Page 24: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

Pressões osmóticas

As pressões osmóticas dos dois comportamentos, estão relacionadas com as concentrações totais

π = RT C

Recipiente I: Recipiente II:

CI = n – x + P.Zp + n – x + P CII = n + x + n + x

CI = 2n – 2x + P.Zp + P CII = 2n + 2x

πI = RT CI πII = RT CII

πI = RT (2n – 2x + P.Zp + P) πI = RT (2n + 2x)

Page 25: MEMBRANA DE DONNAN - Universidade de Coimbra

∆π = RT ∆C

∆π = RT (p + d) 4 n + P.ZpP2.Zp2

∆π = RT ( )

ou

∆π = RT (2n – 2x + P.Zp + P - 2n - 2x)

∆π = RT (– 4x + P.Zp + P)